Você está na página 1de 7

Capítulo 3

A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA mostrem, mas também os limites da tecnologia de


mapeamento e as necessidades e capacidades de
Autor: leitura de mapasde seus leitores. Uma deficiência do
Mark S. Monmonier autor em qualquer destas áreas pode conduzir a uma
interpretação incorreta do mapa pelos seus usúarios,
3.1 INTRODUÇÃO ou então o mapa pode ser ignorado, fato muito mais
comun do que imaginam os cartógrafos. Um
O “mapeamento”, que consiste dos exemplo frequente de não uso de mapas é o da
processos de desenho, compilação e impressão de ilustração em livros-textos, a qual solicita pouco
mapas, pode ser destinguido da cartografia que é o mais que uma rápida olhada o estudante que vê os
estudo de métodos de mapeamento e comunicação mapas como se fossem páginas a menos para ler.
através dos mapas. Esta diferenciação entre a
tecnologia (que se refer ao mapeamento) e e a arte 2) A mensagem pretendida pelo mapa pode
e ciência dos mapas (que é cartografia) não implica ser simples ou complexa. O importante é que ela
numa separação inerente aos papéis que precisa estar clara na mente do autor; cas o contrário,
desempenham. Mapeadores que tambem tomam o mapa será próvavelmente deficiente. Alguns dos
decisões sobre os métodos e objetivos são mapas menos efetivos ou aproveitáveis são aqueles
cartógrafos, mesmo que os cartógrafos não incluídos em artigos profissionais, livro-textos e
necessáriamente desenhem um mapa. Não informes oficiais, os quais são unicamente enfeites
obstante, isto indica que o conhecimento sobre a colocados simplesmente porque outros autores de
produção de mapas e o seu uso requer mais que a materia semelhante também usam mapas. Além
habilidade mecânica e artistica necessaria para disso, mesmo se um mapa é apropiado, a falha do
desenhar uma representação padronizada de uma autor em identificar precisamente o que o mapa quer
paisagem. dizer frequentemente conduz á inclusão de detalhes
alheios que servem somente para obscurecer a
mensagem. Da mesma forma, se a mensagem for na
3.1.1 Os Maiores Fatores da Comunicação realidade duas ou mais mensagens, é mais
Por Mapas apropriado fazer um mapa individual para cada uma
delas. Esta separação evita que se force a habilidade
O principal tema da cartografia é o do leitor em discernir as várias mensagens de um
processo da comunicação cartográfica. O mapa em mapa complexo.
si é apenas uma das considerações numa corrente
que começa numa imagem da realidade que 3) A técnica de mapeamento é importante
alguém deseja transmitir e culmina com os efeitos por várias razões óbvias. Algumas projeções, alguns
inteletuais ou fisicos do usuário do mapa. Os métodos de simbolização e graus de generalização
grandes fatores desta corrente são: são mais apropiados que outros em se tratando de
facilitar a comunicação cartográfica. Morrison
1) o autor do mapa (1971: 1-8), em um estudo de diferentes métodos
2) a intenção da mensagem do mapa para delimitação de isolinhas (linhas que unem
3) a técnica de mapeamento pontos de igual valor) interpoladas entre pontos
4) o leitor do mapa espalhados, mostra que existem várias fontes de
5) a mensagem recebida pelo leitor do erros possiveis: na coleta, gravação e manipulação
mapa dos 1) dados 2) no desenho e na reprodução 3) na
leitura e análise de mapas. Os erros produzidos
Os quatros primeiros componentes têm pelos métodos podem ocorrer em qualquer estágio
influência diferenciada na eficácia da comunicação entre a coleta e o ajuste de dados originais e o
cartogáfica, que está refletida no quinto fator. posicionamento do primeiro ponto do desenho final.
Em mapas de isolinhas, por exemplo a inexatidão
1) Os autores dos mapas podem ser pode resultar da seleção do tamanho da amostra,
escritores, propagandistas, editores de atlas, tipo da amostra e do modelo de interpolação usado
estudantes, educadores, decisores do governo, para estimar valores da superficie (em curvas de
empresários de informações geográficas ou qualquer nível) quando eles não tenham sido fornecidos nos
outra pessoa que tentar comunicar alguma dados originais (morrison 1971:12-13). Pelo fato de
imformação geográfica. Eles não precisão ser alguns métodos de mapeamentos serem mais
cartografos e nem sempre um cartógrafo está complexos e com maior possibilidades de absorver
trabalhando com eles. Como ponto de partida de erros que outros, a seleção de um procedimento
comunicação cartográfica, os autores devem saber especifico para generalização, classificação e
não somente o que eles querem que os seus mapas simbolização é outro fator na produção de erros
2

devidos aos métodos cartograficos. A decisão de com a articulação (habilidad verbal-oral), e com a
preparar um mapa pontilhado, que envolve o numeração (capacidade de usar números).
posicionamento de muitos pontos no desenho final, “Graficação” é o entendimento, habilidadede e
aumenta a probabilidade de produção de erros pelo capacidae de usar os aspetos visual-espacial
método. Além disso, erros de desenhos associados a (gráficos, mapas desenho, etc) que compõe parte da
simbolização inapropriados podem combinar com inteligência e comunicação humana. Blaut e Stea
erros de uma má escolha da projeção ou um “lay- (1974) reconheceram a capacidade que as crianças
out” desagradável do mapa, legenda e título, de três anos de idade possuem de fazer e usar mapas
impedindo a trasmissão de mensagem pretendida. eles recomendaram com insistência que o
terinamento formal com mapas deve começar
4) As proprias caracteristicas do leitor quando a criança começa a estudar.
fornecem um outro possivel obstáculo a
comunicação cartografica efetiva. Por exemplo pode Destes cinco fatores a personalidade (4) e a
surgir dificuldade do sistema nervoso humano habilidade do leitor de mapas são os aspetos menos
perceber corretamente o tamanho relativo dios controláveis da comunicação cartográfica. Ainda
circulos graduados e as diferentes tonalidades de mais que o entusiasmo e habilidade do usuário para
cinza para áreas sombreadas com simbolos a análise não pode ser aumentada facilmente pelo
diferentes. 0s cartografos precisam saber mais sobre mapeador. A experiência do usuário com o mundo
a função da percepção visual e sua relação com o real e as suas necessidades precisam pelo menos ser
desenho de mapas (Mcleary, 1970) alguns reconhecidas. Um mapa complexo destinado para
experimentos psicofisicos tentaran descrever uso por planejadores e outras autoridades
matematicamente as relações entre simbolos como familiarizados com sua cidade, será bem menos
estímulos no papel e as respostas que eles produzem entendida popr um cidadão comum, o qual, por
no cérebro, isto tem levado a recalibração dos exemplo, quer saber somente onde uma nova linha
tamanhos de circulos graduados para que os leitores de esgoto será construida e não seu diamêtro e
se aproximem mais da estimativas dos valores outras especificações de engenharia. Similarmente
numericos reais que os simbolos representam um atlas preparado para crianças escolares é melhor
(Flannery, 1971). Outros experimentos realizados avaliado pelos usuários em termos de melhoramento
por cartógrafos têm resultado em métodos para no entedndimento da terra pelos alunos do que pela
seleção de tons de cinza visualmente distintos, que impressões subjetivas dos educadores,
são usados em padrões de sombreamento para administradores e pais. Infelismente, muitas poucas
mapas coropléticos (Williams, 1958; Kimerling, pesquisas tem sido feitas sobre as necessidades dos
1975). Também a pesquisa cientifica foi aplicada ao usuários e as atuais mensagens advindas do mapas.
ajuste da densidade dos pontos em mapas Além disso, a aclamação por cartografos treinados
pontilhados para se alcançar um aperfeiçoamento na não é garantia de que um mapa seja o mais
estimativa de concentração relativas (Olson, 1977). satisfaório par os leitores pretendidos.
Ainda assim, a arecalibragem dos simbolos para
ajustar os erros na estimativa visual é somente um a 3.2 TÉORIA DA INFORMAÇÃO
parte da solução.
Desde que os mapas tem como objetivo a
5) O terinamento na leitura de mapas transmissão de informação, uma maneira util de
fornece uma outra solução para melhorar a estudar o processo de comunicação na cartografia é
mensagen recebida, (Olson 1975b) por exemplo, encontrada na téoria da informação. O sistema
deu aos seus entrevistados a opurtinidade de ver as generalizado de informação, (Figura 3.1)
suas respostas certas de testes sobre a densidade de originalmente diagramado por johnson e clare
pontos e a magnetudes de circulos graduados. Os (1961) e usado em diversos trabalhos recentes sobre
testes foram administrados antes e depois das comunicação cartográfica (Bord, 1967:673: Jolliffe,
sessões de treinamento e os resultados produziram (1974:176); Robinson e Petchenit, 1975:9) dá um
um apreciavél melhoramento na estimativa dos ponto de partida conveniente.
entrevistados. Pórem, a necessidade de educação
adequada em leituras de mapas é muito mais ampla. O jogo de articulações tal como estáno
Muerche (1974) pede um entendimento maior das diagrama pode ser utilizado para modelar qualquer
limitações dos mapas, para que decisões adversas ás tipo de sistema de fluxo de imformação, tal como
necessidades humanas e aqualidade do meio rádio, o discurso, os jornaise mapas. Seus pontos
ambiente não resultam da má aplicação de mapas inicial e final chamados de fonte e destino, são o
pelo mapeador ou leitor. Balchin (1976:34) originador e o receptor das mensagens, dos simbolos
apresenta um argumento para a educação mais ou dos sinais discretos que estejam circulando
completa sobre as leituras dos mapas e a atraves do sistema. Em seus níveis mais avançados,
“graficação” da populaçãograficação é um termo o objetivo da téoria da informação é expressar
inventado análogo com a alfabetização matematicamente a quantidade de imformação
(entendimento de palavras formados por letras), transferida de uma etapa a outra, dentro do sistema.

Capítulo 3
1

Figura 3.1 – Modelo de sistemas do communicação generalizada (baseado em Johnson e Klare, 1961)

Figura 3.2 – Modelo de Communicação Cartográfica (modificado de Jolliffe, 1974).

Para discussões sobre comunicação A capacidade de carga do canal pode


cartográfica, a téoria da imformação pode ser limitar a quantidade ou velocidade do fluxo de
mostrada para indicar varios lugares onde erros informação atravês do sistema. Fios comuns de
podem entrar no sistema; em vista disso, pode-se telefones, por exemplo, são geralmente adequados
então emprrender esforços para otimizar o uso de para transmição de comunicação verbal, mais não
mapas e cartas. pode arcar com sinais de alta frequência que um
computador digital emite. Neste caso, a velocidade
Quando uma mensagen, dentro do sistema de tranmissão deve diminuir ou a qualidadedo
percorre um caminho desde a fonte ao destino ela circuito deve ser melhorada, senão a mensagen
toma formas diferentes. A primeira mudança ocorre recebida terá falhas.
quando ela é transformada em código, como no caso Além disso, a mensagen torna-se mais
de uma idéia escrita na forma de uma série de letras dificil de ser recebida e decifrada se ocorremruidos
e pontos. Depois umtransmissor produz um sinal, tal como linhas cruzadas durante uma conversação
que é levado ao recptor por um cnal de telefônica. Em geral, ruido é um sinal indesejado
comunicação, tal como a radiação eletro magnética que pode ou não ser decifrado. O ruido pode ser
de rádio, as fibras nervosas dos olhos, os fios, etc. incoerente ou sem significado, como no caso de
após a mensagen ser recebida, o códigoresultante pequenos barulhos durante um telefonema, mas um
deve ser decifrado antes de ser levado ao seu ruido coerente pode tambem ocorrer. Sinais
destino. indesejados coerentes com sinal desejado são

Capítulo 3
2

também chamados de distorções, um termo mapa depende, em parte, daquilo que o autor sabe
quedescreve un som de má qualidade de um rádio da realidade. “Ruido da realidade” descreve a a
ou o resultado de olhar dentro de um “espelho do imformação estranha (ou errônea) que pode ser
riso” numparque de diversões. Estes tipos são introduzida na ligação entre o undo real e o autor do
algunsdos mais óbvios; todos sistemas de mapa. Este ruído é total ou parcialmente contrariado
comunicação apresenta distorções (Young, 1971:7). pelo filtro de dados que ignora os detalhes
irrelevantes.
Um aparelho que rejeita certos sinais (tal
como as ondas do rádio do canal não escolhido) Este trabalho de filtragem poderá ser fito
enquanto aceita os outros, é chamado de filtro. Os pelo autor do mapa que vˆo mundo real
filtros podem filtrar algus ruidos ou simplificar seletivamente ou por uma agência de coleta de
sinais mais complexos. Eles não são restritos apenas dados, tais como o departamento de censosdea
ao rceptor. Por exemplo, um codificador de voz tem fundação IBGE, que publica, documentos
uma unidade analisaora com uma série de filtros que apresentados uma versão da realidade necessária
decompõe os sinais verbais em bandas de frequência limitada e possivelmente com preconceitos.
diferentes, antes da transmisão através de um canal Obviamente, esta parte do diagramada Figura 3.2
que os leva para um sintetizador que refaz estes poderia ser muito mais elaborada, mas qualquer
sinais, transformando-os em voz (Pierce, 1961:136- amplificação desta etapa seria mais apropriada
137). O resultado é um som que, frequentemente se deixada para as discussões de métodos cientificos e
parece com uma caricatura da fala original, mas planejamentos de pesquisas do que para a
assim mesmo é reconhecivel. Então o modelo de um cartografia.
sistema de comunicação generalizado (Figura 3.1)
pode ser mais complexo com a adição de filtros uma O que o autor diz ao cartógrafo é filtrado
outra modificação no modelo reconhece que o ruido pelo que ele proporio entende ser o significado do
ou distorções podem entrar num sistema de mapa. Um autor que não esteja certo sobre o
comunicação em qualquer lado do canal primário, significado ou o propósito do mapa transmite um
desde que todas mensagens transmitidas, excesso de “ruido do autor” ao sistem Um autor que
codificadas, ou recebidas sejam sinais que circulam não esteja totalmente consciente das limitações da
atraés de canais. cartografia pode optar pelo uso de um mapa, quando
alguma outra forma de comunicação seria mais
3.3 UM MODELO DE COMUNICAÇÃO efetiva. Quando o autor e o cartográfo não são a
CARTOGRÁFICA mesma pessoa, também pode haver problemas
decorrentes da transferência de instruções
O diagrama de um fluxo de sistema imprecisas.
generalizado de comunicação pode se tornar bem
mais significativo para a cartografia se o número de Além disso o cartografo está em
etapas é aumentado e filt ros são adicionados (como desvantagem se não estiver ciente do tamanho final
na Figura 3.2), ampliado de um diagrama do mapa reproduzido considerando que o tamanho
desenvolvido por Jolliffe (1974). do mapa é um elemento importanta na escoha das
melhores generalizações e simbolização.
Com expressão do estrago emtrânsito ou no Finalmente, um autor ignorante da capacidae
uso do mapa (o principal canal de comunicação), o inteletual ou sensorial do leitor pode elaborar um
ruido entra no sistema das interfaces entre as etapas mapa visualmente complexo demais para sedr
adjacentes do siatema. No uso de um modelo de emtendida.
comunicação por mapas deve-se reconhecer que
algumas das pessoas ativasa no processo O cartográfo pode confundir a mensagem,
cartográfico fazem um papel duplo dentro do adicionado ao “ruido do desenhista” o letreiro
contexto da téoria de informação. Por exemplo, o pode ser muito pequeno par se ler;os simbolos
autor do mapa, é ao mesmo tempo, a fonte da podem não ser de fácil diferenciação para o leitor;o
intenção do mapa e o codificador que escolhe mapa pode ter um arranjo relaxado ou cores que não
simbolos de mapas e um transmissor que os combinam, distraiindo assim o leitor. Usualmente
posiciona no papel ou material plástico de desenho. um mapa que prende a atenção de um leitor pouco
O usuário do mapa é o receptor, o decifrador e o interresado pode ser muito insipido ou banal. Outros
destinatário. tipos de ruido do desenhista são os erros resultantes
dos métodos de desenho já mencionados no iten 2.2
3.3.1 COMUNICAÇÃO NA CONFEÇÃO DE esses, como todos os ruidos, são quae
MAPAS universalmebnte imdesejados. Pórem um filtro pode
exercer influéncias tanto positivas como negativas
Mesmo que a mensagen tem origem na do lado positivo, um filtro de desenho pode
realidade (ver a Figura 3.2) a fonte do contéudo contribuir para uma comunicação efetiva, através da
inteletual do mapa é o autor. A ideia contida no remoção de detalhes desnecessarios que que de

Capítulo 3
3

alguma maneira permanecem até essa etapa. Do obtido através dos sentidos, precede a cognição, na
lado negativo, por exempol, o filtro de desenho pode qual o cérebro se torna suficientemente ciente dos
remover demasiados detalhes geográficos deixando objetos ou simbolos para identifica-los e para
o leitor com um estrutura locacional inadequada. também iniciar umas ação.
Sempre é necessário lembrar que o leitor deve ter o
necessário par relacionar os simbolos ao seu Uma pessoa que toca num fogão quente,
conhecimento da realidade. por exempol percebe calor através de um reflexo
nevrrálgico na ponta dos dedos os quais enviam a
Na etapa de impressão, o ruido de mensagen ao cérebro. Quando a cognição ocorre,
reprodução pode distorcer ainda mais a mensagem. apessoa retira rapidamente a mão queimada e emite
As chapas de cores podem estar for a de registro, uma palavra de exclamação. Quando se faz a leitura
produzindo assim uma má colocação das cores de um determinado mapa, o sensor visual do leitor
diferentes o que frequentemente se vê em pode percepbefr a magnetude relativa de um circulo
propagandas coloridas nos jornais. A impressão mal proprocional representando um valor para a cidade
feita também inclui a perda de palavras durante a de São Paulo. A cognição ocorre quando o leitor
elaboração da chapa (por exempol quando os rotulos começa a olhar mais para o norte para encontrar o
descolam e caem fora do desenho) ou o uso de papel circulo que simboliza o Rio de Janeiro, uma outra
demasiado poroso para reter linhas finas de tinta. cidade principal de região sudeste. Na comunicação
Um bom cartógrafo entenderá as limitações do cartográfica estes dois processos são tão
processo de impressão e examinará as provas da entrelnçados que o termo percepção é aplicado, por
gráfica. conveniência, a todos os atos de observação de
A etapa da impressão não tem filtro de reprodução;o simbolos e a estimativa se seus tamanhos, cores e
uso de muito pouca tinta para reproduzir uma formatos cognição, é, portanto reservado para todos
imagen nitida pode ser tratada como outra forma de atos de reconhecimento espacial nos quais estes
ruido de reprodução. simbolos adquirem significados em termos de lugar
ou padrão.
3.3.2 COMUNICAÇÃO NA INTERPRETAÇÃO
DE MAPAS O ruido perceptivo pode enganar o leitor
de mapa ppor alterar, por exemplo, o tamanho
A diferenciação de etapas na comunicação relativo aparente de um circulo. As áreas dos
cartográfica é menos óbvia depois do mapa ter sido circulos maiores são neste caso, visualmente
imopresso. O principal receptor éo sensor visual subestimadas em relação as áreas dos circulos
(olho) do leitor do mapa, mas as atitudes em relação menores. Os filtros perceptivos atuam
tanto ao mapa em questão quanto aos mapas em temporariamente para filtrar marcas num mapa
geral influenciarão a eficácia com que o leittor quando dois ou mais simbolos tais como circulos
examina o mapa. Se o mapa não for interresante ou proprorcionais sobrepostos, estão em comflito.
se o leitor é indiferente ou repelido pelo mapa este Outro exemplo de um filtro perceptivo é o
pode ser examinado superficialmente ou nem ser fenómeno de Figura-fundo onde um fundo se
examinado. A inteligência e o nivel de sobressai dos detalhes do ambiente (ou fundo) que o
conhecimento do leitor também afetará sua rodeia e com que reparte o campo visual (ver Figura
habilidade em decifrar o mapa, mas a complexidade 3.3). um contraste de tonalidade ruin num mapa
do interrelacionamento destes conceitos sugere sua branco e o preto é simplesmente um erro de desenho
consideração como um só fator. que pode confundir o aparecimento da figura em
contraste com o fundo (Dent, 1972b) nos mapas a
Finalmente chega a mensagen ao destino cores, as diferenças em coloração, brilhoe
que é a compreensão da realidade pelo leitor como tonalidade geralmente facilitam a diferenciação da
resultado do estudo do mapa. A separação entre figura e do fundo. Estes mapas policromáticos (em
esses quatro estágios da interpretação de cartas na core), portanto, podem conter uma maior variedade
linha inferior da Figura 3.2 é confusa devido á de simbolos e mais imformações do que os desenhos
retroalimentação (feedback), que ocorre quando o monocromáticos. Mas mesmo o mapa em cores
leitor responde a um simbolo do mapa e depois pode ser complexo demais para uma filtragen
decide onde irá continuar seu estudo do mapa. Para peceptual se for mal desenhado ou se o autor
uma discussão mais detalhada do uso de mapas e colocar muitos tipos diferentes de informação num
comunicação cartográfica veja a publicação de mesmo mapa. A capacidade efetiva do mapa com
Robison e Petchenik (1976). um canal de comunicação é então repreimido pelos
limites do filtro perceptivo do leitor.
A percepção e a cognição envolvidas na
leitura de mapa. A percepção que é o conhecimento

Capítulo 3
1

Figura 3.3 – Má (a esquerda) e boa (á direita) diferenciação entre a figura (dos círculos para populações de
cidades) e o fundo (de divisas municipais).

Quando está vendo o mapa em geral o são posiveis e prováveis, especialmente se o leitor é
leitor pode sentir-se desconfortavel entendiado, ignorante a respeito do assunto do mapa ou da
distraido, ou pouco interressado no que o mapa está região. Assim o ruido de interpretação pode
tentamdo mostrar. Neste caso o ruido de vigilancia obscurecer o significado desejado. Além disso,
entra no processo de comunicação e muita porque os processos mentais envolvidos nesta etapa
informação útil, incluisive todo o significado do são puramenta cognitivos, a compreensão crescente
mapa, pode perder-se por causa da pouca atenção do leitor sobre a realidade pode muito bem exceder
dada ao mesmo. Num caso e extremo, o filtro a que o autor do mapa esperava (Robinson e
atitudinal do leitor pode fazer com que o mapa seja Petchenik, 1975, 11-12). Então, qualquer pesquisa
completamente ignorado. As atitudes podem ser de usuários prove um laço de retroalimentação
tanto positivas como negativas e desenpenham (feedback) para medir a efetividade deste sistema de
papéis importantes em todos as formas de comunicação, deve reconhecer que um aumento na
comportamento (1947) elas são um aspeto compreensão ou na confusão da realidade após o
importante da comunicação cartografica. uso do mapa pelo leitor, não vem necessariamente
Obviamente as atitudes positivas com respeito aos apenas do mapa.
mapas devem aumentar a probabilidadde que a
mensagen pelo autor do mapa alcance seu destino. Este modelo de comunicação cartografica,
ainda que seja inadequado em sua descrição das
As atitudes negativas, que impedem a operações mentais que acompanham a leitura de
comuniç podem estar além do controle do autor do mapas, pode servir para salientar alguns dos pontos
mapa; porém, em alguns casos, um mapa com um fortes e fracos dos mapas como canais de
desenho cativante pode superar uma atitude negativa comunicação. Apesar de que o autor do mapa e o
e prender a atenção do leitor. cartografo têm controle sobre o conteúdo dos mapas
e da composição gráfica, eles devem estar cientes
Dant (1975) referiu-se a este problema, e das limitações perptuais do leitor do contrario
Petchenik (1874)? Empregou pares de objetivos poderão exigir demasiado desse último. Eles devem
bipolares, tais como “útil…obstruidor”, para eliminar complexidades desnecessárias e tentar
determinar a atitude do leitor em relação aos mapas. despertar o interrese através da mensagem mapeada.
Sua abordagem pode ajudar cartógrafos a identificar Muito frequentemente os mapas são mal feitos, sem
as formaS mais efetivas de mapas (comunicativas) apelo, ou mal integrados com os textos que os
para leitores interresados. acompanham, poderá oleitor ser condenado por
ignor este tipo de mapas? Dentro de certos limites,
Na etapa de decifração (no destino), os os mapas, devem ser interessabntes tanto quanto
simbolos que não são relevantes á tarefa de leitura corretos.
de mapas em particular são ignorados. Aqui o filtro
de interpretação permite ao leitor ignorar as As interpretações incorretas são
imformções que são menos significantes e juntar provaváveis consequências da má leitura dos mapas,
feições que são mais úteis, fazendo uma da má habilidade de sua analisé, e também da falta
interpretação mais significativa. No entanto os erros de compreensão dos processos geograficos

Capítulo 3
2

associados com os fenómenos mapeados. Quando


estas interpretações incorretas são postas em ação, o
resultado pode ser sério. Não somente fará com que
por exemplo os motoristas se percam, se confundam
e, possivelmente, provoquem acidentes, mas
também o planejamento do espaco e decisões
militares baseadas em leituras errôneas de mapas
podem causar graves custos social, econônomico,
politico e humano. Portanto, não é surpreendente
que os geografos e os dêem militares uma grande
enfase ao treinamento e á pesquisa sobre a leitura de
mapas. Não deveria o nosso sistemas educacional
fazer o mesmo? Por serem os mapas indispensáveis
para muitas tarefas, educadores de todos os niveis
deveriam ser sensiveis a esta necessidade básica. O
publico tem o direito de saber quando e como usar
mapas.

Capítulo 3

Você também pode gostar