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Em relação aos fins, deve se conhecer vários, visados por aqueles que argumentam
como competidores e rivais encarniçados, sendo cinco: a refutação, o vício de raciocínio, o
paradoxo, o solecismo, e em quinto lugar reduzir o adversário à impotência, isto é, forçá-lo a
tartamudear ou repetirse uma porção de vezes; ou, então, produzir a aparência de uma destas
coisas sem a realidade.
Dois são os tipos de refutação, onde algumas dependem da linguagem usada e outras
são independentes da linguagem.
Das ambiguidades e anfibologias existem três variedades: a primeira quando o nome
ou a expressão significam propriamente mais de uma coisa, como a "águia" ou o "cão";
segunda quando, por hábito, os chamam assim; e o terceiro, que é quando palavras que em si
mesmas têm um só sentido e assumem um duplo significado ao combinar-se.
Em relação aos argumentos viciosos que são independentes da linguagem, há sete
espécies: os que relacionam com o acidente; o uso de uma expressão em sentido absoluto ou
não-absoluto, mas com alguma qualificação que diga respeito à modalidade, ao lugar, ao
tempo ou à relação; os que dependem da ignorância do que seja "refutação"; os que dependem
do consequente; os que dependem de pressupor o ponto originário que deve ser demonstrado;
apontar como causa o que não é a causa; e unir várias questões numa só.
Os argumentos viciosos vinculados ao acidente ocorrem sempre que se afirma que
um atributo qualquer pertence de igual modo à coisa em questão e aos seus acidentes. Os que
estão vinculados ao uso de uma expressão em sentido absoluto, ou a certo respeito e não de
maneira estrita, ocorrem sempre que se toma uma expressão usada num sentido particular
como se fora usada absolutamente.
Em relação à refutação, as que depende de tomar como causa o que não é uma causa
ocorre sempre que se insere no argumento algo que não é uma causa, como se a refutação
dependesse dele.
Percebe-se que os vícios de raciocínio vinculados ao acidente são casos evidentes de
"ignoratio elenchi" depois que se define a "prova".
A mesma definição deve valer também para a "refutação", só que aqui se menciona,
em acréscimo, a "contraditória", pois a refutação é uma prova da contraditória.
Aristóteles nota que o método correto é dividir as provas e refutações aparentes ou,
então, atribuí-las todas à ignorância do que seja uma "refutação" e tomar este fato como nosso
ponto de partida. Ele entende que é possível reduzir todos os vícios de silogismo apontados
acima a violações da própria definição do que é uma refutação ou argumento.
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ponto em que a doutrina de tal escola é paradoxal aos olhos da maioria, visto que em toda
escola há algum ponto dessa espécie.
A partir da ideia de que a refutação é de prolongar a argumentação, é difícil atender
ao mesmo tempo a muitas coisas; e para esse fim devem ser empregadas as regras elementares
que se estabelece.
Muitas vezes, uma forte aparência de refutação é produzida pelo mais sofistico de
todos os truques desleais usados pelos inquiridores. Isso ocorre quando, sem ter provado coisa
alguma, em vez de dar à sua proposição final a forma de uma pergunta, apresentam-na como
uma conclusão, como se tivessem provado que "tal e tal coisa não é verdadeira".
A refutação deve ser examinada a partir das discrepâncias da posição do oponente
quer com suas próprias afirmações, quer com os pontos de vista daqueles cujos atos e palavras
ele admite como retos e justos, e também daquelas pessoas que se supõe geralmente tenham
esse tipo de caráter, ou se assemelham a estas, quer com os da maioria ou da totalidade dos
homens.
Para Aristóteles, as vezes é preferível provar as coisas com plausibilidade a fazê-lo
com verdade, também às vezes deve-se dar solução aos argumentos de acordo com a opinião
geral e não de acordo com a verdade, visto se tratar de uma regra a ser observada, sempre que
enfrenta-se pessoas amigas de sofismar, tratá-las não como se estivessem refutando mas como
se apenas parecessem refutar: pois dizer que elas não provam realmente a sua tese, de modo
que nosso objeto, ao corrigi-las, deve ser o de dissipar essa aparência.
O Autor afirma que se alguém supuser que um argumento que gira em torno de uma
ambiguidade é uma refutação, o respondente não poderá escapar de ser refutado em certo
sentido, já que se tratando de objetos visíveis, é-se obrigado a negar o termo que se afirmou e
a afirmar o que se negou.
Um homem não distingue os sentidos de uma anfibologia não fica claro se ele foi ou
não foi refutado, e, como nas argumentações se tem o direito de distinguir, é evidente que
conceder simplesmente a coisa perguntada sem fazer distinção alguma é um erro, de modo
que, senão o próprio homem, pelo menos o seu argumento parece ter sido refutado.
Uma vez que certas refutações são geralmente consideradas como tais, embora não o
sejam em realidade, do mesmo modo certas soluções serão consideradas como tais, sem que o
sejam realmente.
Sempre que, de duas coisas, se admite geralmente que se uma delas é verdadeira, a
outra também o é necessariamente, ao passo que, se a segunda é verdadeira, não é necessário
que a primeira também o seja, deve-se, se perguntados sobre qual das duas é verdadeira,
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conceder a menor: pois, quanto mais numerosas forem as premissas, mais difícil será deduzir
delas uma conclusão.
Ademais, das refutações que se originam da ambiguidade e da anfibologia, algumas
contêm uma pergunta com mais de um sentido, enquanto em outras é a conclusão que se pode
entender com diferentes significados. Sempre, pois, que os vários sentidos residem na
conclusão, não ocorre nenhuma refutação, a menos que o sofista assegure também a
contraditória da conclusão que pretende provar.
O Autor entende ser evidente de que maneira se devem solucionar aquelas refutações
que dependem da divisão e da combinação de palavras: porque, se a expressão significa coisas
diferentes quando dividida e quando combinada, assim que o oponente formula a sua
conclusão deve-se tomar a expressão no sentido contrário.
No que diz respeito aos argumentos, uma regra, geral, ao tratar com argumentos que
dependem da linguagem, é que a solução sempre segue o oposto do ponto em torno do qual
gira o argumento. Mas se o argumento depende de um acento agudo, a solução é um acento
grave; e se de um acento grave, é um acento agudo.
Se o argumento depende de uma ambiguidade, pode-se resolvê-lo usando o termo
oposto, por exemplo: se notar de repente que está se chamando alguma coisa de inanimada, a
despeito de nossa negação anterior de que ela o seja, deve-se mostrar em que sentido é viva;
se, pelo contrário, a declara inanimada e o sofista prova que é viva, deve dizer em que sentido
é inanimada.
No que tange o enfrentamento dos argumentos que giram em torno do acidente, uma
mesma e única solução é universalmente aplicável. Pois, como há incerteza sobre se um
atributo deve ser aplicado a uma coisa quando ele pertence ao acidente da mesma, e como em
alguns casos se admite geralmente e se afirma que ele pertence ao sujeito, enquanto em outros
casos se nega que lhe pertença necessariamente, deve, assim que se formulou a conclusão,
replicar a todas elas por igual que tal atributo não pertence necessariamente ao sujeito.
Não há impedimento para que o mesmo argumento contenha vários defeitos ou
falhas, mas não é a exposição de todas essas falhas uma por uma que constitui uma solução,
pois é possível demonstrar que se inferiu uma falsa conclusão sem, contudo, indicar de que
ela depende, como no caso do argumento com o qual pretende provar a impossibilidade do
movimento.
Imperioso dizer que os argumentos que dependem de uma expressão que é válida de
uma coisa particular ou sob um aspecto, num lugar, de uma maneira ou relação particulares,
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porém não absolutamente válida, podem ser resolvidos examinando-se a conclusão à luz da
sua contraditória para ver se é possível que tenha sido afetada de uma dessas maneiras.
Em relação às refutações que dependem de postular e pressupor o ponto originário a
ser provado, isso não se deve conceder ao que pergunta se sua maneira de proceder é
evidente, mesmo que se trate de uma opinião geralmente aceita, mas deve-se dizer-lhe a
verdade. Deve-se fazer ver que o ponto foi concedido sob a impressão de que ele não
tencionava usá-lo como premissa, mas para raciocinar contra ele, da maneira oposta àquela
que se adota na refutação de questões secundárias.
No que diz respeito às refutações em que o argumento depende de alguma adição,
deve-se ver se, mesmo quando retirada esta, a conclusão continua sendo absurda.
Em caso afirmativo, o que responde deve frisar esse fato e dizer que concedeu o
acréscimo, não porque acreditasse nele e sim no interesse do argumento, mas que seu
oponente não fez nenhum uso dele para o seu argumento.
Por fim, em relação aos solecismos, o que parece produzi-los; o método de lhes dar
solução se tornará manifesto no decurso dos próprios argumentos. Os argumentos desta
classe, pois, não provam o solecismo, mas apenas parecem fazê-lo, e pelo que acabamos de
dizer se vê com clareza não só por que parecem fazê-lo mas também de que maneira deve ser
enfrentados.