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EQ 883
Cinética das reações celulares
PARTE 2
Abril de 2020
Nesta etapa, será estudado o efeito de outros parâmetros além da concentração de substrato, no
crescimento celular e na síntese de produto.
- Oxigênio dissolvido – que afeta diretamente as células aeróbicas, facultativas e células animais.
- Temperatura
- pH
Para microrganismos
- Concentração de O2 dissolvido
aeróbios e facultativos
Para saber mais sobre biorreatores em escala piloto e seu sistema de monitoramento e controle de pH e
temperatura, acesse o link:
1
https://www.youtube.com/watch?v=0K1fFaD8K8w
EFEITO DA TEMPERATURA
Já é de conhecimento que cada tipo de célula possui uma temperatura ótima de crescimento.
Efeito da Temperatura
2
Efeito da Temperatura
39
42 33
Com o aumento da temperatura
em direção à T ótima de
k (h-1)
37 23
21 crescimento, a taxa de
47
30 crescimento dobra para a
23
19
17
elevação de cada 10 C.
15
48
13,5
1000/T (K)
dX ( - k’d) X
dt X – células viáveis
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Efeito da Temperatura
= A e-Ea/RT
k’d = A’ e-Ed/RT
Morte térmica é mais sensível às mudanças de temperatura, pelo maior valore da energia de ativação.
Efeito da Temperatura
O efeito ta temperatura também pode ser notado na síntese de produtos. Como exemplo, pode-se citar
a síntese de vacina recombinante contra a raiva (identificada como rRVGP – o r minúsculo índica que é
uma proteína recombinante, isto é, produzida a partir de outra célula na qual seria norlmalmente
produzida):
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Efeito da Temperatura
rRVGP (ng/mL)
A temperatura afetou
significativamente a
formação do produto
rRVGP: recombinant
rabies virus glycoprotein
Linha tracejada
Biorreator Wave
Sistema de controle e
monitoramento
Tempo (h)
DECARLI et al. Drosophila S2 cell culture in a Wave bioreactor: potential for Plataforma de operação, bolsa
scaling up the production of the recombinant rabies virus glycoprotein. descartável e sensores de pH,
Applied Microbiology and Biotechnology. 2018 temperatura e oxigênio dissolvido
Neste exemplo, foi utilizado um reator do tipo “onda”, que é uma bolsa que fica em uma
plataforma oscilante, para favorecer a mistura. Foi utilzado célula de inseto (drosófila) modificada para a
expressão da proteína recombinante, que será o antígeno para ser utilizado como vacina (rRVGP).
EFEITO DO pH
Efeito do pH
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Muitos organismos possuem mecanismos para manter o pH intracelular em nível constante na presença
de flutuações do pH do meio. Quando o pH difere do pH ótimo, os custos energéticos para as atividades
de manutenção aumentam.
Quando nitrato é a fonte de nitrogênio, H+ é consumido do meio para reduzir o nitrato a amônia e,
portanto o pH aumenta.
Desta forma, torna-se necessário controlar o pH do meio, pela adição de tampão ou de sistemas de
controle.
Efeito do pH
EFEITO DO OXIGÊNIO
O oxigênio também é um substrato importante e deve sempre ser analisado com critério em cultivos
aeróbicos.
Existe uma demanda de oxigênio requisitada pelas células aeróbicas, traduzida na taxa de utilização de
oxigênio (OUR ou Qo). Esta taxa refere-se à velocidade de consumo de oxigênio realizada pelas células.
Por outro lado, o oxigênio deve ser suprido e uma taxa de transferência de oxigênio (OTR). Neste caso,
aspectos de transferência de massa são importantíssimos, pois a solubilidade do oxigênio em meio
líquido é baixíssima. Normalmente, os processos fermentativos ocorrem em batelada para a fase
líquida. Como a solubilidade de oxigênio é baixa na fase líquida, é impossível realizar um cultivo
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totalmente em batelada para o oxigênio. Assim, gás é constantemente borbulhado na fase líquida, que
contém as células.
Observe que se o ar borbulhado no fermentador não estiver saturado com água, haverá alteração de
volume líquido no reator!!
Fonte: https://www.gelifesciences.com/en/us/solutions/bioprocessing/knowledge-center/7-factors-that-
affect-oxygen-transfer-to-cells-in-bioreactors
Desta forma, se a transferência de massa, traduzida na taxa de suprimento (OTR) não for suficiente para
atender a demanda de consumo de oxigênio pelas células (OUR), haverá limitação no crescimento das
células aeróbicas. Neste caso, o oxigênio pode se tornar o substrato limitante, seguindo o mesmo
comportamento visto anteriormente para qualquer outro substrato.
Além disso, dependendo da fase de crescimento que as células se encontram, a demanda de oxigênio
muda. Veja a figura abaixo:
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Fonte: https://www.gelifesciences.com/en/us/solutions/bioprocessing/knowledge-center/7-factors-that-
affect-oxygen-transfer-to-cells-in-bioreactors
Vamos fazer a análise em duas etapas: (i) demanda (OUR) e (ii) suprimento de oxigênio (OTR):
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Demanda de oxigênio pelas células (OUR ou ):
Diversos fatores influenciam na demanda de oxigênio: tipo de célula, fonte de carbono, fase de
crescimento.
Em cultura conduzida em batelada, o consumo de oxigênio pelas células não é constante e varia com o
tempo: o número de células e fase de cultivo. Normalmente a taxa de consumo de oxigênio alcança um
máximo nos estágios iniciais da fermentação quando a célula está na fase de crescimento exponencial.
Se o número de células aumenta ao longo de uma cultura em batelada a demanda por O2 também
aumenta.
Desta forma, a taxa de consumo de oxigênio (Qo ou OUR) é proporcional ao número de células:
Outros exemplos de unidades destes parâmetros podem ser visualizados na figura abaixo:
X
OUR q O2 X (2)
YX/O 2
onde:
qO2 = taxa específica de consumo de O2 (mgO2/g peso seco células h)
YX/O2 = coeficiente de rendimento do O2 (gpeso seco células/g O2)
X = concentração de células (gpeso seco células/L)
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A escolha do substrato pode alterar a demanda de oxigênio. Um exemplo é o metabolismo da glicose.
Neste caso, como o metabolismo é mais rápido, há um maior consumo de O2 (maior taxa de consumo de
O2).
Como mencionamos antes, o consumo de oxigênio depende da fase de crescimento em que as células
se encontram. Da mesma forma, pode-se avaliar a velocidade específica de consumo de oxigênio ao
longo do tempo de fermentação:
qo depende:
-da natureza bioquímica
do organismo
- do ambiente nutritivo
- da fase de crescimento
celular
Monitorar a taxa específica de consumo de oxigênio torna-se importante para estabelecer o tempo de
processo fermentativo crítico em que não pode haver falta no suprimento de oxigênio (isso irá
determinar aspectos de engenharia do biorreator).
Como mencionado anteriormente, o oxigênio disponível pode se tornar o substrato limitante caso o
fornecimento de O2 não seja apropriado. Assim, pode-se identificar a concentração crítica de oxigênio
dissolvido, onde para concentrações maiores não há limitação de crescimento. Observe a figura abaixo:
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O que ocorre se o nível de oxigênio dissolvido cai para um
limite crítico?
É dependente
-Região crítica onde há limitação de O2 Nesta
do tipo de
- Dependência aproximadamente linear situação o
células com a concetração de O2 (cinética 1a ordem)
oxigênio se
torna o
CO2 crítica Concentração de oxigênio dissolvido, CAL
substrato
O que fazer para para eliminar as limitações de oxigênio? limitante
O que ocorre se o nível de oxigênio dissolvido cai abaixo da concentração crítica (CO2critica)?
(pense antes de continuar a ler)
Haverá limitação no aumento do número de células (crescimento celular).
O valor exato de Ccrítico é específico para cada tipo de organismo e das condições ambientais e nutricionai
(em média é 5 a 10% da concentração de saturação).
Sob o ponto de vista dos requisitos da célula, a demanda de oxigênio depende de fatores como:
- tipo de célula;
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Fatores que afetam a demanda de oxigênio
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Suprimento de oxigênio para as células:
A análise do suprimento de oxigênio está associada ao conceito de transferência de massa entre fases. O
suprimento de oxigênio ocorre normalmente pelo borbulhamento de ar no caldo de fermentação
(normalmente pelo fundo do biorreator). A partir daí, enquanto a bolha de ar atravessa o meio de
fermentação estará ocorrendo transferência de massa da fase gasosa para a fase líquida. Somente
oxigênio dissolvido na fase líquida estará disponível para as células.
Como a solubilidade do oxigênio é baixa na fase líquida, a taxa de transferência de massa pode se tornar
um fator limitante. Esta baixa solubilidade indica que a força motriz para a transferência de massa é
baixa:
Relembrando o conceito de transferência de massa entre fases, existem diversas etapas que são
resistências. Veja os slides abaixo:
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Efeito da Concentração de O2 Dissolvido
• Processo de transferência de massa entre a fase gasosa e a
célula dispersa no meio de cultura
3 8
bolha 1 4 6
7
de gás célula
5
2
Interface gás-líquido
À medida que aumenta a distância entre os reagentes e sítios das reações, a TM ganha maior
influência e controla a taxa de conversão.
Se a TM de oxigênio é lenta, a taxa de metabolismo celular (demanda de oxigênio pelas células)
se torna dependente da taxa de fornecimento de O2 da fase gasosa limitação da taxa de
conversão biológica, isto é, pode limitar o crescimento.
O2 é um componente crítico para a fermentação aeróbia, pois sua solubilidade parcial na água
torna-se um limitante Necessidade de se estudar a TM de O2 através das interfaces gás-
líquido.
3 8
bolha 1 4 6
7
de gás célula
5
2
Interface gás-líquido
Transferência de O2:
Consumo de O2:
5. Película líquida em torno da célula
6. Resistência imposta pela membrana celular
7. Resistência à difusão do O2 no citoplasma
8. Velocidade de consumo de O2 (dominante)
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Revisão de TM entre fases (considerando interfaces):
são exemplos
gmol A/m3s de unidades
m/s m2/m3 mol/m3 típicas
Onde Rm é a resistência à TM
k reflete a contribuição de TM de todos os processos no sistema (que afetam a camada limite). Este
parâmetro depende da geometria, fluxos e propriedades dos fluidos. Deve ser medido
experimentalmente!
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TRANSERÊNCIA DE MASSA GÁS – LÍQUIDO
Sentido da TM de O2
Fase gasosa Filme gasoso Filme líquido Fase líquida
homogênea estagnado estagnado homogênea
CAG
CAGi
CALi
Fronteira entre
as fases CAL
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RESUMO DOS PRINCIPAIS ASPECTOS DE TRANSFERÊNICA DE MASSA ENTRE FASES:
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RELAÇÃO ENTRE OS COEFICIENTES LOCAIS E GLOBAIS DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA:
Fazendo A=O2
Transferência de massa G L
Assumindo que A é transferido da fase gás para a fase líquida – sem acúmulo – o que sai de uma fase
entra para a outra:
Onde
ou
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Portanto a taxa de TM pode ser expressa :
Importante:
Considerando que o O2 (A) é pouco solúvel na fase líquida A resistência a TM nesta fase é a limitante:
Portanto:
Esta equação pode ser utilizada para obtenção da taxa de transferência de oxigênio o gás para o
líquido!!
C*AL
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(C*AL – CAL) :
a (área interfacial/volume)
NA = kL a (C*AL – CAL)
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