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Resumo para a frequência de Direito da Atividade Administrativa

 Conceitos de Direito Administrativo


Conceito material

Devemos questionar-nos sobre o seguinte, de todas as adequações da Administração


Pública quais são as mais materialmente administrativas? Das funções do Estado
(Legislativa, Executiva, Jurisdicional, Política e Administrativa) quais são as mais
materialmente administrativas? Retirando os atos políticos, os atos legislativos e os atos
de direito privado, sobra os atos administrativos.

Conceito Formal da Administração Pública

As adequações têm formas através das quais a Administração manifesta a sua vontade
perante os particulares, nomeadamente:

 Regulamentos Administrativos: conjunto de normas jurídicas (gerais e


abstratas) emanadas pela Administração no âmbito do exercício da função
administrativa.
 Ato Administrativo: estatuição autoritária emanada por um órgãos
administrativo no uso de poderes de direito publico relativo a um caso individual
e/ou concreto e que visa produzir efeitos jurídicos externos, positivos ou
negativos.
 Contrato Administrativo

Conceito Organizatório:

Procura-se saber quem administra. A Administração Pública é constituída por pessoas


coletivas públicas. Estas pessoas coletivas públicas para atuar carecem de órgãos, que
por sua vez, precisam de ser incorporadas por Pessoas Físicas. As Pessoas Coletivas
Públicas têm um conjunto de poderes, a eles chama-se: atribuições (feixes
individualizados de interesses públicos, acometidos por lei às Pessoas Coletivas
Públicas). Os órgãos também têm um conjunto de poderes: competências (conjunto de
poderes/deveres ou poderes funcionais atribuídos por lei ou ato administrativo aos
órgãos de uma pessoa coletiva pública. As pessoas físicas ligam-se ao órgão através de
legitimação (nexo de ligação entre o titular e o respetivo órgão).

 Organização propriamente dita da Administração


Pública
Existe dois níveis de Administração Pública. Esses dois níveis são: a Administração
Estadual e a Administração Autónoma. O critério de distinção é que ao nível da
Administração Estadual procedem-se Interesses Públicos do Estado. Já ao nível da
Administração Autónoma prosseguem-se interesses públicos próprios de cada uma das
entidades que a constitui.

Assim sendo, a Administração Estadual divide-se em:

 Administração Estadual Direta: prossegue interesses públicos pelos órgãos do


próprio Estado.
 Administração Estadual Indireta: os interesses públicos são prosseguidos por
outras Pessoas Coletivas que não o Estado mas que este cria em função do seu
objetivo.

A Administração Autónoma tem poder de tutela, isto é, tem uma dupla vertente
nomeadamente fiscalizar a atuação do outro órgão. Assim, pode haver dois tipos de
fiscalização:

 Fiscalização da Legalidade: conformidade de uma atuação à lei.


 Fiscalização de Mérito: controlo da conveniência e da oportunidade da atuação.

Como referi anteriormente, a administração autónoma tem poder de tutela, e como


consequência existem várias Espécies de Tutela, como por exemplo:

 Tutela Inspetiva: é a possibilidade que o órgão tutelante tem de fiscalizar os


documentos e as contas do órgão tutelado. Este tipo de tutela é aceite entre nós.
 Tutela Sancionatória: poder que o órgão tutelante tem de aplicar sanções ao
órgão tutelado. É também aceite entre nós. As sanções têm limites, não podem
conduzir a exumação dos titulares dos órgãos tutelados, essa função cabe ao
Tribunal.
 Tutela Anulatória: possibilidade de poder que o órgão tutelante tem de anular
os atos praticados do órgão tutelado. É aceite entre nós.
 Tutela Revogatória: poder que o órgão tutelante tem de revogar os atos
praticados pelo órgão tutelado. Não é aceite entre nós, senão comprometeria a
autonomia.
 Tutela Substitutiva: é o poder que o órgão tutelante tem de se substituir ao
órgão tutelado na prática de um ato que este haja, ilegalmente, obtido.

 Regulamento Administrativo
O regulamente administrativo é o conjunto de normas jurídicas emanadas pela
Administração Pública no exercício da função administrativa e mediante um
procedimento próprio.

 Regulamento Administrativo e Lei, estes apresentam semelhanças, mas como


era de esperar também apresentam diferenças, assim como semelhanças temos:
 São ambos normas jurídicas e como tal, ambos são gerais e abstratos. Por
generalidade entende-se que têm destinatários indeterminados e
indetermináveis. Por abstração entende-se que ambos se aplicam
sucessivamente tantas quantas as vezes que se verificar o evento da vida
real neles prevista.

Como diferenças temos:

 A principal diferença surge ao nível orgânico: a lei é emanada por um


órgão legislativo, enquanto o regulamento é emanado por um órgão
administrativo. Dito por outras palavras, a lei é emanada ao abrigo da
função legislativa, enquanto o regulamento é emanado ao abrigo da
função administrativa.

 Regulamento Administrativo e Ato Administrativo, estes apresentam


semelhanças, mas como era de esperar também apresentam diferenças, assim
como semelhanças temos:
 Ambos são emanados pela Administração Pública e ambos no exercício
da função administrativa.

Como diferenças temos:

 A principal diferença é ao nível do procedimento, uma vez que o


Regulamento Administrativo e Ato Administrativo são emanados
mediante procedimentos administrativos distintos. O procedimento
tendente á obtenção de um regulamento administrativo encontra-se
previsto a partir do artigo 114º do CPA. O procedimento tendente à
obtenção do ato administrativo encontra-se no CPA a partir do artigo 58º.
 O Regulamento é geral e abstrato, enquanto o Ato é individual e ou
concreto. Individual porque um ou um conjunto de destinatários
determinados ou determináveis. Ele é concreto porque esgota todos os
seus efeitos numa única aplicação.

 Espécies de Regulamento Administrativo

 Internos ou Externos: os Internos são aqueles cujos efeitos se


produzem unicamente dentro da Administração Pública, por exemplo:
Circulares de Serviço. Os Externos produzem efeitos para fora da
Administração Pública, dando origem ao surgimento de relações
jurídicas entre esta e os Particulares (artigo 2º, nº1 – CPA). O código só
se aplica aos regulamentos externos e este podem, por sua vez, ser:
 Especiais ou Gerais: os Regulamentos Especiais destinam-se a
disciplinar as chamadas relações especiais de poder da
Administração Pública. O que são relações especiais? Circulações
em que os Particulares se encontram numa posição jurídica
especial face à Administração. Por exemplo: situações dos presos.
Por outro lado, os regulamentos podem ser gerais, isto é,
aplicáveis a toda a gente.

Por sua vez, os regulamentos gerais podem ser:

 Regulamentos de Execução ou Executivos: destinam-se a


pormenorizar determinadas leis, leis essas que têm expressamente de
referenciar no sentido de as tornar aplicáveis na prática. O que significa
que não são juridicamente inovadoras. Não criam direito. Estes
regulamentos administrativos são perfeitamente aceitáveis pelo nosso
ordenamento jurídico-administrativo (artigo 112º, nº 6 e 7 – CRP). Os
regulamentos têm que referenciar a lei que visam regulamentar.
 Regulamentos Independentes: os Regulamentos Independentes visam
regulamentar situações jurídicas pela primeira vez (de forma originária).
São inovatórios, ou sejam, criam direito novo. O artigo 112º da CRP
admite expressamente que a existência de regulamentos independentes.
Só que a CRP vem exigir determinados requisitos para a sua validade.
Tem de haver uma lei que fixe a competência subjetiva, a competência
objetiva e a forma dos mesmos. Os Regulamentos Independentes
dividem-se em duas espécies:

 Regulamentos Independentes do Governo: competência


subjetiva: o sujeito tem a capacidade de emanar este tipo de
regulamentos (artigo 112º, nº 6 e 7). E competência objetiva:
matérias que podem constituir o objeto (199º da CRP).Têm de
revestir a forma de Decreto Regulamentar: têm de ser publicados
no jornal do Diário da República.

 Regulamento da Administração Autónoma: competência


subjetiva: tem capacidade de emanar este tipo de regulamentos
todas as entidades autónomas (Regiões Autónomas, Freguesias,
Municípios). Competência objetiva: artigo 2º da Lei das
Autarquias Locais. Quanto à sua forma: as posturas municipais.
São instrumentos próprios e tem de ser publicados.

 Regulamentos Complementares: destinam-se a identificar quadros


jurídicos/ legislativos amplos como os traçados por leis de bases ou leis
quadro. Estes regulamentos não são aceites entre nós. Essa tarefa cabe à
lei.

 Factos Jurídicos no Direito Administrativo


O facto jurídico é um evento da vida real relevante para o Direito, pois produz efeitos
jurídicos. Esses efeitos jurídicos traduzem-se na constituição/ modificação/ extinção da
Relação Jurídica. Os factos jurídicos podem dividir-se em:

 Factos Naturais, por exemplo uma tempestade.


 Factos Humanos: quando na sua ocorrência se verifique a participação
humana. “São aqueles aos quais o Homem empresta a sua realidade
ôntica”. Exemplo: Servidão de Passagem. Os factos humanos, por sua
vez, dividem-se em:

 Involuntários: ocorrem independentemente da vontade humana,


por exemplo: a morte.

 Voluntários: só ocorrem em virtude da vontade do homem, por


exemplo: o casamento. Por sua vez, os voluntários podem ser:

o Atos Jurídicos Simples: os efeitos jurídicos do ato


acontecem independentemente da vontade funcional.
Exemplo: Homicídio.

o Atos Jurídicos Complexos (Negócios Jurídicos): só


existem se existir vontade humana. Consiste numa ou
mais declarações de vontade que produzem efeitos
jurídicos. Os negócios Jurídicos podem ser:

 Unilaterais: produzem os seus efeitos segundo


uma declaração de vontade. Além disso, geram
obrigações apenas para um das partes.

 Bilaterais: produzem os seus efeitos segundo duas


ou mais declarações de vontade. Além disso,
geram obrigações para ambas as partes.

 Influência do tempo no Direito Administrativo


 Usucapião

Forma de aquisição de um direito de propriedade. Fica dependente de dois critérios: a


posse e o decurso de tempo.

A posse mantida por um determinado lapso de tempo dá possibilidade ao possuidor de


vir a adquirir o direito de propriedade (não é automático). Funciona quer sobre bens
móveis quer sobre bens imóveis.

O decurso do tempo, os prazos de aquisição por usucapião vai desde os 3 aos 20 anos.
Para os bens móveis, o prazo mínimo é 3 anos e o máximo 6 anos. Para os bens
imóveis, o prazo mínimo é 10 anos e o máximo 20 anos.

Não é automático, tem de ser invocado. Isto interessa ao direito Administrativo para
responder a duas questões: Será que a Administração Pública pode usucapir bens dos
Particulares? Sim. Os Particulares podem usucapir bens da Administração Pública? A
Administração Pública tem bens de domínio público. Esses estão fora de questão mas
também tem bens dos particulares. Esses já podem usucapir.

 Imemorial
Figura jurídica próxima da Usucapião mas que não titula nunca a possibilidade da
aquisição do direito de propriedade por parte de quem o invoca. Existe diferenças claras
entre a usucapião e o imemorial, a primeira diferença é que no imemorial nunca existe a
aquisição do direito de propriedade, e a segunda diferença é em termos do decurso do
tempo, isto é, o tempo para invocar o imemorial é superior ao da usucapião (para o
imemorial são necessários 30 anos). O imemorial pode ser invocado:

 Pela administração pública: pode invocar o imemorial contra o particular para


obrigar o particular a tolerar o uso de um determinado bem seu que de outra
forma não seria tolerado.
 Por particulares: podem invocar para obrigar a administração pública a tolerar
o uso de um determinado bem do domínio público que de outra forma não seria
tolerado.

 Funcionário Putativo

Surge no sentido de funcionário aparente.

Existem três tipos de funcionários:

 Funcionário público (de direito)


 Funcionário putativo

 Funcionário de facto: é aquele que exerce funções da administração pública


sem qualquer ato de nomeação. Só ocorre em situações de calamidade pública
onde a administração não possa desenvolver em tempo útil as suas funções.

Para que a administração contrate um funcionário é necessário existir um concurso


publicado no jornal, depois as pessoas candidatam-se, avalia-se os requisitos e por fim,
existe a decisão. Mas, neste procedimento podem existir irregularidades\ilegalidades
que podem afetar a decisão, e por isso a decisão final pode ser ilegal, isto é, apresentar
vícios, a ilegalidade conduz á inexistência, invalidade e irregularidade. As invalidades
podem ser de duas espécies: nulidade e anulabilidade.

As principais diferenças entre a nulidade e a anulabilidade são as seguintes:

 Quanto á tempestividade: a nulidade é invocável a todo o tempo, a


anulabilidade tem um prazo para invocação (no direito administrativo o prazo
para a invocação é de 3 meses- art.58º do CPTA).
 Quanto á legitimidade: a nulidade pode ser invocada por qualquer interessado,
enquanto a anulabilidade só pode ser arguida por aqueles em cujo interesse a lei
estabeleceu a anulabilidade (no direito administrativo esta regra sofre alguma
alteração).

 Quanto á sanação: a anulabilidade é sanável por confirmação e decurso do


tempo, enquanto a nulidade é insanável – art.134º do CPA diz-nos que a
nulidade pode também ser sanável.

 A nulidade é de conhecimento oficioso enquanto a anulabilidade não é.


 Quanto aos efeitos: os atos anuláveis produzem todos os seus efeitos, até serem
anulados. Os atos nulos não produzem efeitos. Não produzem os efeitos
jurídicos a que tendem podendo produzir outros efeitos jurídicos e materiais.

Essas ilegalidades transferem-se para a decisão final, por exemplo o A foi contratada
mas se houve ilegalidade e a decisão foi inválida então se o ato que nomeou o A for
nulo A é funcionário putativo porque o ato que o nomeou, não foi susceptivel de lhe
criar o estatuto. Como consequências disto se for suscitada e anulada a questão da
nulidade no prazo de um ano o sujeito A deixa de efetuar as funções e tem de restituir
todo o vencimento que recebeu. Mas, neste tempo ele como funcionário putativo
praticou atos, será que devem ser também anulados? Não, apesar de ir embora os atos
praticados por ele mantêm-se válidos: 1º por segurança jurídica, 2º porque seria
impossível anular todos os atos. Se a questão da nulidade for invocada passado 5 anos o
senhor A passa a ser funcionário público, se estiver de boa-fé (isto é, que desconheça da
nulidade do ato que o nomeou), ou seja, neste caso a nulidade também é sanável.

 Caducidade e Prescrição

Ambas têm a ver com o decurso do prazo e do tempo sem que exista o exercício de um
direito. A diferença é que a caducidade extingue-se não só a possibilidade de exercício
de direito como o próprio direito. A prescrição extingue-se só a possibilidade de
exercício de direito.

 Influência do espaço no Direito Administrativo


Tem a ver com a fixação das competências de determinados órgãos da administração
pública.

 Ato administrativo
O ato administrativo é uma estatuição autoritária, emanada por um órgão da
administração pública no uso de poderes de direito administrativo relativa a uma
situação individual e ou concreta e que visa produzir efeitos jurídicos externos positivos
ou negativos (art.120º do CPA).

Estatuição autoritária porque é uma decisão da administração pública, é uma decisão


unilateral da administração pública, é um ato de autoridade. È inovador (cria direito
novo).

Emanada por um órgão da administração pública porque trata-se de pessoas


coletivas.

 Elementos de Atos Administrativos

1. Emanado por Pessoas Coletivas Públicas

2. Emanado por um Órgão integrado pela Administração Pública: há determinados


atos que embora praticados por órgãos que na se integram na Administração Pública
são, ainda assim, considerados atos administrativos por via da referência contida na
parte final do numero 1 do artigo 2º do CPA (atos em matéria administrativa).

3. No uso de Poderes de Direito Administrativo: só se pode ter um ato administrativo


se o preceito jurídico em causa for emanado no exercício da função administrativa.

4. Relativo a uma situação individual e ou concreta: o ato administrativo é individual


porque tem um ou um conjunto de destinatários determinados ou determináveis. Por
outro lado, ele é concreto porque esgota todos os seus efeitos numa única aplicação.

5. O ato administrativo visa produzir efeitos jurídicos externos, positivos ou


negativos: os externos: ato da administração pública que só será ato administrativo se
os seus efeitos se projetarem para fora da Administração Pública interferindo em esferas
jurídicas dos particulares (artigo 120º, nº1). Serão positivos se no caso concreto criarem,
modificarem ou extinguirem uma relação jurídica ou uma situação jurídica, por
exemplo, uma coima (criou a obrigação jurídica de pagar). Serão efeitos negativos se
verificar-se-ão quando através da pratica do ato administração nada daquilo acontece
(criar, modificar ou extinguir) uma relação jurídica e é fixada uma posição jurídica
subjetiva ao particular, por exemplo: indeferimento. Não se pode confundir estes efeitos
positivos ou negativos com efeitos desfavoráveis e favoráveis. Efeitos favoráveis
traduzem-se numa vantagem ao particular, exemplo: licenciamentos. Já os efeitos
desfavoráveis traduzem-se numa desvantagem ao particular, por exemplo: a coima.

 Autorizações Permissíveis: tem como pressuposto o Particular. Ele é titular do


direito em causa e solicita à Administração que remova um obstáculo ao
exercício desse direito.
 Autorização Constitutiva: o particular não é titular do direito, assim, a
Administração tem que criar o direito, atribuí-lo ao Particular e proporcionar o
seu exercício. É no âmbito das autoridades constitutivas que surgem as
concessões.

 Coercibilidade do ato administrativo: tem a ver com a possibilidade que a


Administração tem em determinadas circunstâncias excecionais de executar os
seus atos sem recurso prévio ao Tribunal e eventualmente fazendo uso da força –
Executoriedade.

 Conformação do conteúdo do ato administrativo: as cláusulas acessórias do


ato administrativos aparecem previstos no artigo 121º do CPA. Este artigo
enuncia três espécies de cláusula:

 Condição: cláusula acessória através da qual a Administração Pública


faz depender a produção ou cessação dos efeitos jurídicos da ocorrência
de um facto/ um evento/ acontecimento futuro ou incerto.

 Termo: cláusula acessória através da qual a Administração Pública faz


depender a produção de efeitos ou a sua cessação de um ato
administrativo da fixação de um determinado caso futuro mas certo.
 Modo: cláusula acessória através da qual a Administração Pública
impõe ao particular o cumprimento de um encargo (ónus) como
pressupostos da obtenção de uma vantagem.

 Procedimento Administrativo
O procedimento administrativo encontra-se presente no artigo 1º - CPA.E trata-se de um
conjunto ordenado de atos que podem ser atos jurídicos e materiais tendentes à
emanação de um ato administrativo. O procedimento administrativo tem três fases:

1. Fase Preparatória:

É aquela em que se reúnem todos os meios de prova que hão-de sustentar a


decisão. Divide-se em três subfases:

 Iniciativa: tem a ver com a forma que se pode iniciar ou abrir um


procedimento administrativo. A iniciativa Procedimental pode ter duas
espécies: Pública ou Particular. O procedimento será de iniciativa pública
sempre que for um órgão da administração a suscitar a sua abertura. Será
de iniciativa particular sempre que a sua abertura for determinada por um
particular. A iniciativa pública pode ainda dividir-se em:

 Heterónoma ou propriamente dita: o procedimento é iniciado


por um órgão diferente do que tem a competência para decidir.

 Iniciativa oficiosa: o procedimento administrativo é iniciado


pelo próprio órgão que tem competência própria para decidir.

O Instrumento típico através do qual o Particular suscita a abertura de um procedimento


é o requerimento. No caso da iniciativa pública heterónoma é a requisição.

O requerimento do particular tem de preencher determinados requisitos que estão


previstos no artigo 74º do CPA. Se não se verificar esses requisitos há sanções (76º do
CPA). Assim, os requisitos são:

 O requerimento dos particulares deve ser apresentado por escrito, no


entanto, a lei por vezes admite a apresentação oral dos requerimentos.
Nessas circunstâncias, o órgão da administração pública pela qual é
apresentado o requerimento deve reduzi-lo a termo.
 O requerente indique o órgão requerido (art.74º a) do CPA). Em
primeiro lugar o requerente pode/deve dirigir ao órgão competente, se
isto acontecer o regulamento determina o dever de decisão por parte da
Administração Pública (artigo 9º, nº1). O prazo para a decisão começa a
contar a partir do dia útil a seguir ao da entrada do requerimento. O prazo
para a conclusão do procedimento está previsto no artigo 58º, isto é, tem
90 dias para decidir, estes 90 dias são contados em dia uteis (72º). Mas,
pode acontecer que um órgão que não seja competente para a tomada de
decisão. Nestas circunstâncias divide-se em duas situações:

 1ª Situação: Particular dirige o requerimento a um órgão que


embora incompetente se encontra na estrutura da pessoa coletiva
com atribuições no âmbito da matéria a decidir (incompetência
relativa). Nesta circunstância, a solução legal é: (artigo 34º) o
órgão incompetente deve remeter oficiosamente o requerimento
ao órgão competente informando disso o particular.

 2ª Situação: o Particular redige o requerimento a um órgão que


não faz parte da estrutura da Pessoa Coletiva com atribuições na
matéria (situação de incompetência absoluta). Neste caso, a
solução é a seguinte (artigo 34º), o órgão incompetente deve
devolver o requerimento ao Particular com a indicação do órgão
competente.

 O requerente deve identifica-se referindo o nome, profissão, estado civil e


residência (art.74º b) do CPA). Neste caso, o artigo 76º prevê 3 sanções:

 Suprimento Oficioso: sempre que a Administração Pública poder suprir


a deficiência, pode fazê-lo. Administração Pública deve convidar o
Particular ao Suprimento: chama o Particular e fá-lo suprir.

 Indeferimento liminar: o requerimento não chega a ser apreciado em


termos de mérito, é logo indeferido por questões de forma.

 Instrução: esta é a fase em que se recolhem todos os elementos e meios de


prova necessários à tomada da decisão. O CPA trata esta matéria a partir do
artigo 56º. Este tem por epígrafe o princípio do Inquisitório. O princípio do
Inquisitório é o princípio norteador de toda a instrução do procedimento e
enunciando, nos termos do artigo 56º, merece os seguintes reparos.

 A Administração Pública tem a possibilidade de recolher os meios de


prova necessários e convenientes à boa tomada de decisão. A
Administração Pública tem a obrigação de procurar obter tais meios de
prova. É necessário diligenciar, no sentido de obter, os meios de prova
necessários à decisão. No entanto, há determinados procedimentos
administrativos em que cabe ao Particular exclusivamente a produção da
prova. Por outro lado, o facto de a Administração Pública ter a obrigação
de procurar os meios de prova não significa que o Particular fique
alheado de o fazer. Ao abrigo de um Princípio Geral de Colaboração
entre este e a Administração Pública, este deve igualmente carrear o
procedimento de todos os meios de prova que dispõe (artigo 7º).

 A possibilidade da decisão da Administração recair sobre coisa diferente


da que é pedida pelo Particular. Primeiro, a Administração Pública tem
que decidir sobre o pedido do Particular, e além disso, pode efetivamente
decidir sobre coisas diferentes desde que haja uma coneção ou um
pedido do Particular. Para além de decidir sobre coisa diferente, pode
decidir sobre uma coisa ampla, tal poderá acontecer que sempre que há
decisão seja oponível uma cláusula acessória do ato administrativo. As
cláusulas acessórias do ato administrativo são as seguintes: condição,
termo e modo (encargo) – artigo 121º.

Os atos administrativos podem revestir diversas naturezas:

 Pareceres

São opiniões de carácter técnico-jurídico emitido em regra por órgãos consultivos da


Administração Pública acerca da conveniência, da prática de um determinado ato
administrativo. Os pareceres podem ser:

 Facultativos ou Obrigatórios: um parecer será obrigatório sempre que a lei


exija a sua solicitação no âmbito de um determinado procedimento
administrativo. Será facultativo sempre que, embora não resulte de imperativa
legal, o órgão decisor, ainda assim, o solicite para fundamentar a sua decisão
(artigo 98º). Os pareceres obrigatórios podem ser:

 Vinculativos ou não vinculativos: serão vinculativos quando determinaram em


absoluto a decisão final. Por outro lado, no âmbito dos não vinculativos,
independentemente do sentido do parecer, o órgão decisor continua com
liberdade para decidir, no entanto, se decidir num sentido diverso do parecer há
uma necessidade acrescida de fundamentação da decisão (artigos 98º e 99º).

No caso de a lei exigir um determinado procedimento a solicitação de um parecer sem o


caraterizar entende-se que se trata de um parecer obrigatório não vinculativo. Os
pareceres só serão vinculativos se a lei expressamente o disser:

 1ª Questão: se a lei exigir um parecer como trâmite Procedimental e o órgão


decisor não o solicitar decidindo ainda assim, então temos uma ilegalidade que
se projeta no ato administrativo respetivo. Neste caso, trata-se de uma
ilegalidade (vício) na estatuição do ato administrativo respeitante ao
procedimento e que gera a anulabilidade dos termos do artigo 136º do CPA.
 2ª Questão: se num determinado procedimento, a lei prevê a solicitação de um
parecer que é vinculativo e o órgão decisor decidir num sentido diverso a
parecer voltamos a ter uma ilegalidade. Este vício situa-se de novo na estatuição
do ato administrativo mas é agora, relativo ao conteúdo.

 Audiência: o CPA prevê em dois artigos duas audiências de interessados, assim


aparecem previstos no artigo 59º e artigo 100º. Diferenças entre os dois artigos:
 A audiência prevista no artigo 59º corresponde a uma faculdade que, a
administração tem de querer ouvir os interessados. Ao contrário, no
artigo 100º, a realização da audiência é uma obrigação legal da
Administração Pública, significa que as obrigações estão previstas na lei.
A Administração tem que proporcionar ao Particular o exercício do
direito da audiência.
 A audiência prevista no artigo 59º é móvel no procedimento, significa
que pode realizar-se em qualquer fase do procedimento. Já a audiência
do artigo 100º tem um momento certo no procedimento, após a
conclusão da instrução e antes de proferida a decisão final.

 O conceito de interessados é tendencialmente mais amplo no


artigo 59º, uma vez que, acaba por ser a própria administração a
preencher o conceito de interessado. Já o conceito de Interessado
no artigo 100º resulta da lei, que serão os destinatários da
decisão.

 A não realização da audiência prevista no artigo 59º não dá lugar


a qualquer consequência jurídica, já a preterição da realização da
audiência fora nos casos previstos na lei, dá lugar à ilegalidade
da decisão final.

 Exceções à realização do direito de audiência (artigo 103º)

O artigo 103º prevê duas circunstâncias diversas que podem levar à não realização de
audiência:

 Exceção que resulta diretamente da lei (artigo 103º/1):

a) Quando a decisão for urgente;

b) Quando comprometer a execução do ato administrativo, significa que se a


Administração facultasse ao Particular o direito à audiência, isso poria em causa a
utilidade da execução.

 Exceção em que a Administração afasta a realização de audiência (103º/2):

a) Se o particular já tiver sido ouvido no procedimento acerca de todos os seus


elementos e meios de prova, a Administração pode dispensar o exercício do direito de
ausência.

b) Situações em que se preveja que a pretensão do Particular vai ser interiormente


deferida.

Há uma terceira situação que não aparece no artigo 103º/2 mas que, ainda assim se
entende possibilitar a dispensa do direito de audiência:

c) No caso de a decisão final ser absolutamente vinculada.


 Consequência da Preterição Ilegal do exercício do Direito à Audiência

Se a Administração Pública não facultar ao particular o exercício do direito de audiência


fora dos casos previstos no artigo 103º e ainda assim, vier a decidir, então o ato
administrativo final padecerá de uma ilegalidade. Os vícios do ato administrativo podem
levar a três tipos de consequências diversas:

 Inexistência
 Invalidade

 Irregularidade

As invalidades revestem duas espécies:

 Nulidade

 Anulabilidade

A consequência jurídica, do caso, acima referido, é a anulabilidade, isto porque os


vícios do ato administrativo apuram-se em função dos elementos da estrutura do mesmo
ato administrativo. Assim, pode-se ter vícios no sujeito, no objeto ou vícios na
estatuição. Sendo que, o elemento estatuição tem quatro elementos distintos:

 Fim
 Procedimento

 Conteúdo

 Forma

No caso da preterição ilegal do exercício do direito de audiência tem, então, um vicio na


estatuição do ato administrativo e que respeita ao procedimento, isto porque, a
realização de audiência, é um limite Procedimental e como tal, legalmente exigido
significando a sua omissão uma quebra no procedimento administrativo. Em regra, a
consequência será a anulabilidade, nos termos do artigo 136º. Há autores para quem o
direito de audiência dos interessados e um direito fundamental ou pelo menos análogo
aos direitos fundamentais. Para estes autores a preterição do exercício do direito à
audiência levará à nulidade do ato administrativo por violação do previsto da alínea d)
do número 2 do artigo 133º do CPA. Este direito de audiência é não um direito
fundamental, em regra, mas sim, uma decorrência do Principio da participação dos
Particulares na tomada da decisão administrativa. Assim sendo, não é possível integrar
as situações previstas na tal alínea d), nº2 do artigo 133º, conduzindo à mera
anulabilidade. No entanto, há situações em que deve entender-se que a preterição ilegal
do exercício do direito de audiência deve excecionalmente conduzir à nulidade, são as
seguintes:

 Procedimentos Disciplinares

 Procedimentos Sancionatórios
Porquê? Em primeiro lugar, são os procedimentos mais gravosos para os Particulares e
nestes procedimentos significará a violação do princípio do contraditório. Assim,
acontecendo estas situações serão passiveis de integrar a alínea d), nº2 do artigo 133º do
CPA, devendo para o efeito aí ler-se violação do conteúdo essencial de um direito
fundamental Procedimental.

Em resumo, se a Administração Pública não facultar ao particular o exercício do direito


de audiência fora de umas situações previstas no artigo 103º, o ato administrativo
correspondente será um ato anulável nos termos do artigo 136º, a menos que a mesma
violação ocorra em procedimento disciplinar ou sancionatório, casos em que o ato
administrativo será nulo (133º, nº2, d).

2. Fase Constitutiva (fase decisória)

A administração decide aqui. Em regra finalizada a instrução e depois de realizada a


audiência (nos casos em que esta é necessária) a administração realiza o ato.

Em regra, o ato administrativo é praticado de forma expressa e escrita no entanto, há


situações excecionais em que isto não acontece: declarações anómalas da administração,
são: os atos implícitos, atos tácitos e atos silentes.

 Atos implícitos: ocorre quando a administração pública passa de imediato à


execução material de uma decisão sem que tenha havido previamente um
momento declarativo. A decisão coincide com a execução, não há a
comunicação (por notificação). Nestas circunstancias em que a administração
passa imediatamente para a execução do ato considera-se que nesta execução é
implícita a decisão. A prática de atos implícitos é excecional. Só se admitindo
em situações de urgência. O particular não tem hipótese de travar a execução
(15º do CPA). O Particular notificado pode impugnar o ato administrativo. No
caso dos atos implícitos não consegue impugnar a decisão mas pode impugnar as
ações materiais de execução.
 Atos tácitos: resulta de uma ilação (presunção) de uma determinada decisão
administrativa que se retira da prática de um outro ato administrativo. É uma
declaração por ação da administração.

 Atos silentes: resulta de uma omissão relevante de pronúncia da administração


pública. Requisito para a formação do ato silente:

 É preciso que exista um requerimento por parte do particular.

 O requerimento tem de recolher todas as condições legais,


nomeadamente ter sido dirigida ao órgão competente.

 É preciso que na situação concreta exija o dever da decisão por parte da


administração.

 É preciso que expire o prazo para a decisão.


 É preciso que a administração se paute pelo silêncio (não decida) –
sempre que isto se verifique tem-se um ato silente.

O ato silente pode assumir duas espécies diferentes: deferimento ou


indeferimento. A regra em caso de silêncio da administração é a do
Indeferimento tácito – 109º CPA. As situações de Deferimento tácito
aparecem previstas no artigo 108º e eventualmente, em legislação avulsa.
Assim, face a uma situação em que se tenha formado um ato
administrativo temos que começar por ver se o mesmo é suscetivel de se
integrar numa das situações previstas no artigo 108º. Se sim, então,
tratar-se-á de um deferimento. Caso contrário, tratar-se-á de um
indeferimento – 109º. O 108º prevê no seu numero 3 uma serie de
situações nas quais indubitavelmente e sem que seja necessário
caraterizar materialmente a situação à lugar ao deferimento tácito. Não
cabendo a situação no número 3 do artigo 108º e segundo alguns autores
haverá lugar ao indeferimento tácito. No entanto, esta solução é
manifestamente redutora do âmbito do artigo 108º fazendo letra morta o
número 1 do mesmo. Se não couber no número 3 deve ainda procurar
enquadrar-se na situação no número 1.Prevê o número 1 que se o ato em
causa depender de aprovação ou autorização há que caraterizar
materialmente a situação concreta para concluirmos a sua integração ou
não nesse preceito. É necessário saber se estes termos (aprovação e
autorização) aparecem no seu sentido formal ou material. No número 1
do 108º, estes conceitos aparecem na sua vertente material, significando
que cabem neste número, as situações em que o particular já é titular do
direito em causa, apenas necessitando que a Administração remova um
obstáculo ao exercício desse mesmo direito.

3. Fase Integrativa de Eficácia (fase eventual)

Não é mais que a aptidão do ato administrativo para produzir efeitos jurídicos. Assim,
ou o ato administrativo está apto para produzir efeitos ou não está. A primeira regra é: o
ato administrativo começa a produzir os seus efeitos logo que é praticado (artigo 127º/1/
1ª parte).

A fase integrativa de eficácia é uma fase eventual do procedimento administrativo e só


existirá nas situações previstas na 2ª parte do número 1 do artigo 127º, ou seja, quando a
sua eficácia é deferida.

Independentemente de qualquer outra formalidade, o ato administrativo encontra-se


apto a produzir os seus efeitos no final da fase constitutiva. Estes efeitos em regra,
produzem-se apenas para o futuro. A eficácia pode ser, no entanto, imediata o que
significa que o ato administrativo começa a produzir efeitos no momento em que é
praticado.

 Eficácia Deferida: o ato administrativo começa a produzir efeitos num


momento posterior ao da sua prática. Nestas circunstâncias tem-se a Fase
Integrativa.
 Eficácia Instantânea e Duradoura: é instantânea quando o ato administrativo
produz todos os seus efeitos num único momento, por exemplo: licença de
construção. A duradoura verifica-se quando os efeitos do ato administrativo se
prolongam no tempo para além do momento da sua produção, por exemplo:
concessões.

 Eficácia Retroativa: nada tem a ver com a eficácia deferida: o ato


administrativo produz efeitos ex tune. Ao nível da eficácia ex tune tem-se os
seguintes fenómenos:

 Retrodatação: ocorre quando um ato administrativo deveria ter sido


praticado num determinado momento, mas por motivo imputável à
Administração Pública não o foi, vindo a ser praticado no momento
posterior. Nestes casos, os efeitos do ato administrativo apenas se
produzem no momento da sua prática mas contam-se a partir do
momento em que ele devia ter sido praticado.

 Retrotração: o ato administrativo é praticado num determinado


momento mas não começa imediatamente a produzir os seus efeitos,
vindo a produzi-los num momento posterior. No entanto, os efeitos vão
contar-se a partir do momento constitutivo do ato. Estas são as situações
em que o procedimento administrativo respetivo carece de uma fase
integrativa da eficácia porque a produção dos efeitos do ato fica
dependente da posterior ocorrência de um facto ou ato jurídico que a
suscitem.

 Verdadeira retroatividade: o que caracteriza a retroatividade é o facto


de os efeitos do ato administrativo se projetarem para momento anterior
ao seu próprio momento constitutivo afetando assim, relações ou
situações jurídicas previamente constituídas.

 Pseudo retroatividade: os efeitos do ato administrativo projetam-se


para trás do seu próprio elemento constitutivo, pela natureza jurídica do
ato em causa. Efeito disto é a anulação.

Independentemente de qualquer formalidade do ato administrativo começa então a


produzir efeitos logo que é praticado. Tem-se duas circunstâncias especiais:

Há situações em que o ato administrativo só começa a produzir efeitos depois de


comunicado ao particular.

 Formas de comunicação dos atos administrativos aos Particulares

 Notificação: não é em regra condição de eficácia dos atos administrativos, ou


seja, os atos administrativos produzem efeitos mesmo não sendo notificados ao
particular, no entanto, e excecionalmente a notificação pode funcionar como
condição de eficácia no caso de os atos recetícios. Os atos recetícios são aqueles
que só assumem relevância jurídica quando conhecidos pelos particulares
porque lhes impõe deveres ou obrigações.
 Publicação: quando obrigatória é condições de eficácia dos atos
administrativos, assim os atos sujeitos por lei por publicação só produzem
efeitos após serem publicados.

 Situações de suspensão de eficácia do ato administrativo

A eficácia pode suspender-se das seguintes formas:

1. Através da aposição de uma condição suspensiva: significa que, sempre que a


Administração Pública, dentro dos limites da lei, pode consagrar no conteúdo do ato
administrativo uma condição suspensiva os efeitos do mesmo ato só irão produzir-se no
momento da ocorrência do evento condicionante encontrando-se suspenso até mesmo
esse momento.

2. A posição de um termo inicial: esta circunstância os efeitos do ato ficarão suspensos


até ao momento temporal previsto no termo.

3. Utilização de um meio Procedimental ou processual: que tenha por objetivo obter


a suspensão dos efeitos do ato: pedido de suspensão da eficácia do ato administrativo.

4. Utilização de um meio que Procedimental ou processual: que não tenha por


objetivo a suspensão da eficácia mas que por via da lei alcança essa suspensão:
apresentação de reclamação ou recurso hierárquico necessários.

5. Sempre que a lei prevê.

 Formas de cessação da eficácia

1. Verificação de uma condição resolutiva.

2. Verificação de um termo final.

3. Caducidade do ato administrativo.

4. Revogação do ato administrativo.

5. Anulação do ato administrativo.

6. Sempre que a lei preveja.

 Revogação VS Anulação

Quer uma quer outra podem ser parciais levando à substituição.


A anulação dos atos administrativos tem por base critérios de ilegalidade. A revogação
tem por base critérios de mérito.

A anulação produz efeitos retroativos. A revogação em regra produz efeitos prospetivos.


Quem pode anular? O próprio autor do ato, o superior hierárquico do autor do ato e o
Tribunal. Quem pode revogar? O próprio autor do ato, o superior hierárquico do autor
do ato desde que este ultimo não o tenha praticado no uso de competências exclusivas,
ou seja, para que possa revogar o superior hierárquico tem que ter também competência
para praticar o ato em causa. Porque não pode o Tribunal revogar? Por uma questão de
funções/ competências. Diriam que o poder judicial estaria a ter poder administrativo.

 Força Jurídica do Ato Administrativo


Quando se fala em força jurídica do ato administrativo procura encontrar-se uma
característica genérica presente em todos os atos administrativos que traduza a
necessidade da sua a catação por parte dos particulares.

Nesta sede a doutrina começou por adiantar como característica genérica dos atos
administrativos a Executoriedade. Significa isto que, a Administração Pública pode
executar os seus próprios atos fazendo uso inclusivamente da força (coercibilidade)
independentemente do recurso a um Tribunal. Esta ideia tem por base um chamado
privilégio de execução prévia. No entanto, hoje em dia não se aceita a existência deste
privilégio merecendo inclusivamente a expressão as seguintes críticas:

 Não pode aceitar-se que a Administração se encontre numa posição privilegiada


em relação ao particular.
 A expressão em causa parece indiciar que a administração pública pode executar
os seus atos mesmo antes de os declarar, o que, tirando algumas exceções (atos
implícitos), não correspondente à realidade.

Mas, e para além disso, a Executoriedade falha enquanto caraterística genérica dos atos
administrativos porquanto existem muitos atos da administração que, das duas uma:

 Ou não precisam de qualquer execução para produzirem todos os seus efeitos


uteis;
 Ou nem sequer são suscetiveis de serem executados (não admitem uma
execução);

Face ao “falhanço” da Executoriedade como característica genérica dos atos


administrativos (e como tal como característica que pudesse traduzir a sua força
jurídica) a doutrina adiantar um outro conceito ao qual atribuiu essa função: a
Executividade. Esta significa que o ato administrativo é um titulo que funda
diretamente uma execução judicial.

No entanto, e mais uma vez, esta característica não é pelas mesmas razões da anterior,
uma característica genérica dos atos administrativos.

Em seguida a doutrina veio referir um conceito de Exequibilidade, esta significa a


necessidade de um ato administrativo ser executado para produzir todos os seus efeitos
uteis. Assim, há atos administrativos exequíveis e atos não exequíveis. Os primeiros
carecem de uma execução para produzirem todos os seus efeitos uteis. Os segundos ou
não precisam dessa execução para produzirem os seus efeitos, ou nem sequer pela sua
natureza admitem qualquer execução. A exequibilidade não se traduz, enquanto mera
suscetibilidade em qualquer prerrogativa de força jurídica dos atos administrativos.

Portanto, mais uma vez falha enquanto característica genérica dos atos administrativos.

A característica que traduz a força jurídica do ato administrativo é a imperatividade


que resulta do facto de o ato administrativo ser uma estatuição autoritária, e trata-se de
um ato de autoridade jurídica inovador, unilateral e que se impõe aos particulares
independentemente da sua vontade.

Para que um ato administrativo seja um ato exequível é preciso que seja susceptivel de
ser executada e mais, que careça de o ser para poder produzir os seus efeitos. Assim o
ato administrativo que não esteja nessas condições será sempre não exequível e, como
tal, sempre não executivo e sempre não executório. Ou seja, os atos administrativos não
exequíveis nunca serão executivos nem executórios.

Para que um ato administrativo possa ser executivo possa ser executivo é preciso que
seja exequível e que se encontre a produzir os seus efeitos, isto é, é preciso que se
verifique a sua eficácia. Nessas circunstancias o ato administrativo poderá então fundar
diretamente uma execução judicial.

Para que um ato administrativo seja executório é precise que:

1. Se trate de um ato administrativo exequível;

2. Que seja eficaz;

3. Que imponha obrigações aos particulares;

4. Que os particulares resistam ao cumprimento das obrigações.

5. Que a lei expressamente preveja a Executoriedade.

Daqui se retira que a característica inicialmente apontada pela doutrina como traduzindo
a força jurídica do ato administrativo é, hoje em dia, verdadeiramente excecional.

 Elementos da estrutura do ato administrativo


 Sujeito

Sujeitos do ato administrativo são, em regra, as Pessoas Coletivas Públicas. Embora,


existam situações em que possam aparecer particulares a praticar atos administrativos
quando estejam encarregados do exercício de funções públicas. Estas Pessoas Coletivas
Públicas têm um conjunto de poderes que resultam da individualização de determinados
interesses públicos e que são designados por atribuições. As Pessoas Coletivas Públicas
são compostas por órgãos, os quais, por sua vez, têm um conjunto de poderes/ deveres
ou poderes funcionais, que tomam a designação de competência.

Estas são, em regra, fixadas por lei e podem aferir-se em função dos seguintes critérios:
competência em razão da matéria, competência em razão do território, da hierarquia, do
tempo e competência do valor.

Para exercitar as competências dos órgãos administrativos estes carecem de ser


encarnados por pessoas físicas. Ao nexo de ligação efetiva entre um órgão e o seu titular
(órgão singular) ou titulares (órgão colegial) chama-se legitimação.

A legitimação é pressuposto da possibilidade da tomada de decisão por parte do sujeito


do ato administrativo.

 Objeto

È a realidade fisicamente jurídica que vai sofrer os efeitos do ato administrativo. O


objeto do ato administrativo podem ser coisas (demolição da parte), pessoas
(nomeação), ou outros atos administrativos (anulação, revogação, suspensão do ato
administrativo).

 Estatuição

A estatuição do ato administrativo corresponde à decisão propriamente dita e divide-se


em quatro sub elementos:

 Fim do ato administrativo: o fim corresponde ao interesse público a acautelar


no caso concreto. Naturalmente que, nesta circunstância existirá sempre uma
ponderação face ao interesse particular no âmbito da decisão. O fim apura-se em
função da comparação entre os chamados pressupostos abstratos e pressupostos
concretos do ato administrativo.
 Procedimento do ato administrativo: encontra-se no artigo 1º do CPA
(referencia às fases do procedimento administrativo).

 Conteúdo do ato administrativo: é constituído pelo conjunto de transferências


jurídicas que o ato visa alcançar, ou seja, traduz-se nos seus efeitos jurídicos.

 Forma do ato administrativo: a forma não inclui não só a maneira como


aparece expressa a vontade da Administração Pública, mas também as
formalidades. Estas formalidades incluem as exigências de fundamentação:
justificação e motivação (artigo 124º CPA). A justificação: é a forma mais típica
de fundamentação dos atos administrativos vinculados (só há uma resolução
possível para a Administração). Em relação a estes a Administração cinge-se à
prova da conformidade do ato face à lei.

No caso do atos discricionários (têm uma grande margem de manobra, pois há várias
decisões possíveis), para além da justificação é ainda necessário que a Administração
proceda à motivação: significa isto que a Administração tem que apontar as razões que a
levaram a adotar uma determinada decisão e não uma outra qualquer que no caso
concreto também seria possível.

 Requisitos da validade e vícios correspondentes


 Sujeito

È composto por Pessoas Coletivas Públicas que têm de ter atribuições que são requisito
para elaborar atos administrativos. Se faltar atribuições à Pessoa Coletiva Pública da
qual emana o ato administrativo, então teremos um vicio relativo ao sujeito e que
conduz à nulidade do ato administrativo (artigo 133º, nº2, alínea b).

Consequências da existência de um vicio no ato administrativo

 Inexistência jurídica: esta consequência é determinada pelo facto de não existir


um dos elementos da estrutura do ato administrativo. Nestas circunstâncias não
chegam sequer a conformar-se um ato administrativo.
 Invalidade do ato administrativo: as invalidades podem revestir duas espécies:
a nulidade e a anulabilidade. Em direito administrativo a regra em termos das
igualdades é a anulabilidade (artigo 135º). Excecionalmente, encontram-se
previstos no artigo 133º e naturalmente, em legislação avulsa as situações
suscetiveis de sancionamento com a nulidade.

 Mera irregularidade: neste caso, embora o ato administrativo padeça de uma


ilegalidade esta não é suficiente para determinar a sua invalidade dado que, o ato
e os seus efeitos seriam exatamente os mesmos, independentemente do vício.

Esta opção decorre de um Princípio de Aproveitamento máximo do ato administrativo,


dando lugar eventualmente à retificação do ato afetado por tais ilegalidades.

Assim, para que um ato administrativo preencha todos os requisitos de validade, carece
de ser praticado por um órgão com competências na respetiva matéria. A competência
dos órgãos administrativos pode aferir-se em função de vários critérios, ou seja, em
função de matéria, da hierarquia, do território e em razão do tempo. A incompetência do
órgão gera em regra a anulabilidade do ato administrativo.

No entanto, a incompetência em razão do território conduz à nulidade do ato


administrativo. A falta de legitimação leva à anulabilidade do ato administrativo. Tem-
se duas faltas:

 Falta de quórum: dá lugar à nulidade do ato administrativo, nos termos do


133º/2/g).
 Falta de autorização: para a falta de autorização constitutiva da legitimação da
capacidade de agir, nestas circunstancias o ato será anulado.

Há um vício relativo à usurpação de poderes culminado com a nulidade nos termos da


alínea a) do número 2 do artigo 133º. A usurpação de poder ocorre sempre que a
Administração Pública apareça a praticar um ato administrativo em matéria que seja da
competência de um órgão que prossiga uma das funções do Estado que não a função
administrativa/ executiva.

 Objeto

Tem de ser possível/ determinado/ idóneo/ lícito:

 Possível: o objeto tem de ser fisicamente possível, ou seja, tem de existir e ser
susceptivel de apreensão nos termos gerais de direito e tem de ser legalmente
possível em abstrato, tem de ser susceptivel de sofrer os efeitos jurídicos de um
ato administrativo.
 Determinado: ou seja, ele é presente ou determinável.

 Idóneo: trata-se de saber em concreto se um determinado objeto pode sofrer os


efeitos de um determinado ato administrativo.

 Lícito.

A negociação destes requisitos do objeto conduz à nulidade do ato administrativo


(133º/2/c).

 Estatuição

Curva-se em quatro subelementos

 Fim: é o interesse pelo que se visa prosseguir no curso concreto, implica


sempre, ponderação do interesse público com o interesse que o particular quer
fazer valer no procedimento. Para se apurar do fim do ato administrativo temos
que recorrer à lei onde se fixa os chamados “pressupostos” abstratos (constam da
previsão legal).Estes pressupostos abstratos têm que coincidir e/ os pressupostos
concretos (factos do vicio real verificados no caso concreto) para que se possa
atingir o fim consagrado naquela norma. Condição de legalidade ao nível do fim
será então a coincidência entre os pressupostos concretos e os pressupostos
abstratos. Se essa coincidência não se verificar e, ainda assim, a administração
alcançar o fim previsto na norma então exigirá um vício no fim. Esse vicio
conduz em regra à anulabilidade do ato administrativo. Há, no entanto, uma
situação de vício no fim que, pela sua gravidade é suscetível a conduzir à
nulidade. Carência absoluta de base legal.

 Procedimento: existirá vício no procedimento sempre que for pretendido algum


tramite Procedimental legalmente exigido para a conformação do ato
administrativo. Os vícios no procedimento levam, em regra, à anulabilidade do
ato administrativo. Também aqui existem situações que, pela sua gravidade
parecem concluir à nulidade do ato. Exemplo: preterição ilegal do direito de
audiência nos procedimentos disciplinares e sancionatórios. Diferente dos vícios
no procedimento, são os vícios nos atos procedimentares. Estes vícios são
tratados como vícios no conteúdo.
 Conteúdo: corresponde ao conjunto de transformações jurídicas que o ato
administrativo visa alcançar. Requisitos de validade do conteúdo são:

1. Possibilidade jurídica do conteúdo.

2. A determinação do conteúdo.

3. A inteligibilidade do conteúdo.

4. A licitude do conteúdo.

A negação destes requisitos dará lugar, em regra, à anulabilidade do ato administrativo.


O conteúdo do ato administrativo pode ser vinculativo ou discricionário conforme a
classificação da sucessão que em cada caso, a lei determina. Assim, se a lei não deixa
qualquer margem à administração pública, então o conteúdo do ato diz-se vinculativo.
Se pelo contrário, a lei deixar margem de liberdade à administração, no que toca à
conformação da decisão, então o ato diz-se discricionário. É neste âmbito que rege a
possibilidade de o ato administrativo apor clausulas acessórias ao ato administrativo:

1. Conceito

2. Termo

3. Modo

4. Reserva

 Forma: corresponde à maneira pela qual a administração aparece a sua vontade


e incluiu não só a forma do ato propriamente dita (em regra, expressa e escrita)
mas também as formalidades do ato administrativo. Certas formalidades,
importa realçar a fundamentação do ato administrativo (artigo 124º e 125º). As
exigências de fundamentação podem ser de duas espécies:

1. Justificação

2. Motivação

O critério de distinção passa pela vinculatividade ou discricionariedade inerentes, agora,


há necessidade de fundamentação, assim, no caso dos atos vinculados apenas se exige
que o a administração prove a conformidade do ato administrativo.

Já, no caso dos atos discricionários se exige a justificação mas, exige-se também a
motivação, ou seja, a administração tem ainda que dizer porque razoes tomam uma
determinada decisão e não uma outro qualquer que, no caso concreto também lhe seria
possível tomar.
Os vícios de forma conduzem, em regra, à anulabilidade. No entanto, em casos de
carência absoluta de forma legal onde se inclui a falta de fundamentação, a sanção para
o vício é o da nulidade.

 Formas de reação dos particulares contra os atos


administrativos
As possibilidades que os particulares têm de reagir contra os atos administrativos ilegais
passam por impugnação dos mesmos quer perante a Administração Pública quer perante
os Tribunais. Consequentemente teremos impugnações administrativas e impugnações
judiciais.

 Impugnação administrativa: são de duas espécies: reclamação e recurso


hierárquico, cujos regimes gerais aparecem previstos nos artigos 161º e ss e 166º
e ss do CPA respetivamente. O que carateriza a reclamação é o facto de o
particular impugnar o ato administrativo perante o próprio órgão que o praticou.
Ao contrário no âmbito do recurso hierárquico o particular aparece a impugnar o
ato administrativo para o mais alto superior hierárquico do órgão que o praticou.
Estas impugnações são em regra facultativas o que significa que não funcionam
como condição de acesso ao contencioso administrativo. No entanto, há que
notar que a apresentação de uma reclamação ou recurso hierárquico nestes
termos não suspende os eventuais prazos para a respetiva impugnação judicial.
Há, porém, situações excecionais em que estas impugnações administrativas são
obrigatórias (sempre que a lei o determine). Nestas situações o particular antes
de proceder a uma eventual impugnação judicial tem necessariamente que
apresentar uma reclamação ou recurso hierárquico. Após a decisão sobre a
impugnação administrativa em causa o particular poderá então sim, e se lhe
interessar, apresentar a correspondente impugnação judicial. Nestes casos os
prazos para apresentação desta última ficam suspensos, só se começando a
contar a partir da decisão sobre a impugnação administrativa.
 Impugnação judicial: a impugnação de ato administrativo perante os tribunais
faz-se mediante um processo próprio previsto no código de processo nos
tribunais administrativos (CPTA) que é apresentada perante um tribunal próprio:
Tribunal administrativo. Neste âmbito o CPTA prevê como forma de reação
contra estas decisões da administração um ação especial de impugnação de ato
administrativo (art. 46º/2/a) cuja tramitação se há-de desenvolver nos termos dos
artigos 50º e seguintes do mesmo código. Esta ação especial parte do
pressuposto da existência de uma ou mais ilegalidades que afetam o ato
administrativo a impugnar e pode ter três objetivos diversos: a declaração da
inexistência jurídica do ato administrativo; a declaração da sua nulidade ou a
declaração da sua anulação.

Nos dois primeiros casos a apresentação da ação especial de impugnação do ato


administrativo não depende de prazo (art. 58º/3/a do CPTA). Já no caso de o particular
pretender a anulação do ato administrativo terá que intentar a ação num prazo de 3
meses. As sentenças emanadas pelo Tribunal Administrativo no seguimento destas
ações são de execução obrigatória por parte da administração pública e podem revestir
duas naturezas jurídicas distintas:
1. No caso de sentença que declare a inexistência jurídica ou a nulidade do ato
administrativo, a mesma revestirá natureza declarativa (isto porque se entende que o ato
administrativo em causa não produziu efeitos jurídicos no inicio).

2. No caso da sentença que anula o ato administrativo fala-se de sentença com efeitos
constitutivos dado que é por via da sentença que o ato administrativo cessa a produção
dos seus efeitos. Mas os efeitos desta sentença são retroativos. Fala-se ainda dos efeitos
ultra constitutivos da sentença anulatória dos atos administrativos querendo com isso
significar que:

a) A Administração Pública fica impossibilitada de praticar um novo ato administrativo


que produza os efeitos do ato administrativo anulado.

b) A Administração Pública fica obrigada a repor a situação material que existia á data
da prática do ato administrativo anulado.

c) A Administração Pública fica obrigada ainda a repor (aquilo a que se chama situação
hipotética ou virtual) a situação material que existiria à data da anulação do ato
administrativo. Se este não estivesse entretanto a produzir efeitos – clausula
indemnizatória.

 Reserva de Derrogação
A oposição de uma reserva de derrogação permite à Administração Pública no caso da
prática dos atos administrativos constitutivos de direitos para os particulares vir em
momento posterior a fazer cessar os efeitos desses mesmos atos.

O particular tem direito à fundamentação do ato administrativo, nos termos do artigo


124º. A fundamentação/ exigências de fundamentação do ato administrativo são de duas
espécies:

 Justificação: é exigida (no âmbito do artigo 123º, 124º e 125º) ao nível da


prática dos atos administrativos vinculados e traduz-se na prova da
conformidade do ato à lei. No âmbito dos atos discricionários, para além da
justificação exige-se ainda a motivação, porque a Administração tem que
fundamentar a opção por uma das diversas soluções que poderia ter adotado.

 Motivação

 Revogação Vs. Anulação

Revogação Anulação
Tem por fundamento a “inconveniência Baseia-se na invalidade do primeiro ato.
atual” dos efeitos de um ato
administrativo anterior.
Efeitos ex nume cessam a eficácia do ato Efeitos ex tume destrói efeitos do ato
anterior prospectivamente. desde a sua prática.

Implica o exercício de função Implica exercício de função de controlo


administrativa ativa (dispositivo). (fiscalização).

Incide sobre atos de eficácia duradoura Incide sobre qualquer ato administrativo –
enquanto eficazes ou atos de eficiência 139º e 140º CPA
instantânea enquanto não sejam
executados.

Pode ser determinado a todo o tempo. Tem de ser efetuada dentro do prazo da
respetiva impugnação contenciosa – 141º
ou até à resposta da entidade
administrativa demandada.

Pode revogar atos administrativos os Tem competência para anular atos


órgãos que tiveram competência administrativos os órgãos que tiveram
dispositiva sobre a matéria tratada no ato poderes de controlo ou fiscalização.
de revogar.

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