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8º ANO – CRÔNICA

PROFESSORA ANGELICA

O que é crônica?
Crônica é o tipo de texto que aborda acontecimentos do dia a dia em uma narração curta e situa-se entre o jornalismo
e a literatura. Muito encontrada nos meios de comunicação como revistas, jornais e rádios, tem como objetivo fazer uma
análise crítica das situações cotidianas, possibilitando ao leitor uma reflexão sobre aquele assunto.

Por ter um texto mais simples e ser utilizada para descrever fatos do cotidiano, a crônica facilita a aproximação do leitor,
como uma conversa entre amigos, tornando a leitura leve e divertida. Em geral, as crônicas tratam de temáticas comuns sobre
assuntos que estão na “boca do povo”, apresentando uma crítica de forma objetiva, sem muitos detalhes e, muitas vezes, fora
dos padrões textuais que estamos acostumados.

Em resumo, a crônica pode ser entendida como um retrato verbal particular dos acontecimentos urbanos e, embora não seja
uma regra, a crônica relata de forma diferenciada as ocorrências, seja de forma artística, em tom crítico ou com humor.

Características 
 Escrita em textos curtos e de fácil compreensão;
 Possui linguagem despojada e simples;
 Narra situações do cotidiano;
 O uso de poucos personagens ;
 Caráter crítico sobre comportamentos e situações;
 O uso do humor crítico, irônico e sarcástico;
 Segue um tempo cronológico determinado.

Para que serve uma crônica?

Por ter caráter jornalístico e apresentar textos que narram e refletem o cotidiano, as crônicas servem para fazer uma crítica
com a intenção de causar reflexão no leitor sobre determinado assunto. Os bons cronistas são aqueles que conseguem
perceber, no dia a dia de suas vidas, impressões, ideias ou visões da realidade que não foram percebidas por todos.

CRÔNICA: O PADEIRO
       RUBEM BRAGA

  Geralmente as crônicas tratam de assuntos do cotidiano. Rubem Braga escreveu diversas crônicas sobre
assuntos aparentemente simples, mas sempre com uma visão especial. A crônica a seguir, foi escrita em 1.956,
fala de dois tipos de trabalhador, de como eles trabalhavam há sessenta anos. Conheça o olhar do cronista a
respeito.
        Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do
apartamento – mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos
jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é bem uma greve, é o lockout, greve dos
patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com
pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.
        Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me
lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento
ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:
    
    --- Não é ninguém, é o padeiro!
        Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo?
        “Então você não é ninguém?”
        Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a
campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que
vinha lá de dentro perguntando quem era: e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “não é ninguém,
não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não era ninguém...
    Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que
estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros,
fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma
passagem pela oficina – e muitas vezes saía levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal
ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.
        Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que
levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o
meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a
lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; “não é ninguém, é o padeiro!”.
        E assobiava pelas escadas.

Interpretação do texto:

1 – Quem escreveu a crônica? E em que ano foi escrita?

2 – Qual o título da crônica? E fala sobre que tipos de trabalho?

 3 – Qual era o trabalho realizado pelo cronista? Qual o nome dessa profissão?

4 – Retire das características das crônicas 3 que estão presentes na crônica O Padeiro.

5 - O padeiro se chateava se as pessoas diziam “Não é ninguém, é o padeiro!”? Que parte do texto mostra isso?
     
6 – O cronista diz que sua profissão tem semelhanças com a de padeiro. Quais são elas?
     
7 – Segundo o texto, o padeiro gostava de sua profissão? Como você chegou a essa conclusão?

 8 – Para você, o padeiro é “ninguém”? Explique.


     
9 – O que seria a “greve do pão dormido”?
       

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