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https://1drv.ms/u/s!Aj6kOBkyV630khcEvKdfnFl6K5aP?e=hcoacK
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Resumo
. Terceira publicação: "O Cruzeiro" (PE), 22 de março de 1831, número 64, páginas
1 a 4.
a) Rio, 1837: "A Voz do Profeta [obra de Alexandre Herculano], 1.ª e 2.ª séries,
seguida da Visão de um solitário de Itajuru", Tipografia J. Villeneuve e Comp. (anúncio
no "Jornal do Commercio", 14 de junho de 1837, ano XI, número 837, página 3, terceira
coluna).
b) Salvador (BA), 1839: "Folhinha d'Algibeira", Tipografia Bezerra e C. (anúncio no
"Correio Mercantil", 9 de janeiro de 1839, ano VI, número 7, página 2, terceira coluna).
. 1808: vinda ao Brasil com a comitiva de D. João VI; promoção a tenente da Guarda
Pessoal do rei.
. 1815: promoção a coronel da arma da Cavalaria (em adição aos outros cargos).
. 1824: publicação das "Instruções para uso dos oficiais do exército nacional e
imperial nos processos de conselhos de guerra".
. "Instruções para uso dos oficiais do exército nacional e imperial nos processos
de conselhos de guerra", 1824.
. "A Visão do Pico de Itajuru, achada entre os papéis de um solitário morto nas
imediações de Macacu, vítima das febres de 1829": 30 páginas; primeira publicação no
"Diário Fluminense", 24 de janeiro de 1831, número 17, páginas 2 a 4 (em "Artigos não
Oficiais").
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Apresentação
"A Visão do Pico de Itajuru", panfleto político anônimo divulgado no Rio de Janeiro
em janeiro de 1831, teve grande influência na vida nacional durante alguns anos.
Publicado inicialmente em jornais e depois lançado como folheto impresso, "A Visão do
Pico de Itajuru" relatava o sonho de um idoso que é tomado pelo cansaço ao subir até o
pico do Itajuru (formação rochosa situada na cidade mineira de Muriaé, a 1.580 m de
altitude). Sem ter ainda chegado a seu destino, tenta dormir um pouco, mas logo ouve
uma voz vinda do rochedo, passando a conversar com ela.
Do diálogo resulta um texto escrito pelo idoso, que teria sido encontrado pelo
(verdadeiro) autor do panfleto e publicado por este, integralmente.
O conteúdo de "A Visão do Pico de Itajuru" é profético. A voz conta ao idoso que
aconteceria inevitavelmente uma divisão fratricida entre os grupos políticos, caso os
cidadãos se levantassem contra o governo central, em busca de mais liberdade. Três
meses depois, em 7 de abril de 1831, D. Pedro I abdicava ao perder o controle da
situação política, abandonado pelo povo, pelos políticos e pelos militares, todos
desejosos de um governo mais liberal.
Tem início o período regencial da História do Brasil, marcado por várias revoltas e
tentativas de separação das províncias, em relação aos responsáveis pelo poder durante
a menoridade de D. Pedro II.
A história da descoberta do autor de "A Visão do Pico de Itajuru"
Primeiro, porque eu nem conhecia esse texto supostamente anônimo que, vim a
saber, gerou muita repercussão na política brasileira ao longo da década de 1830. Ao
capturar telas de romances anunciados na mídia do século XIX, destinadas a outro
artigo, apareceu entre os livros vendidos um tal de "Visão do Pico do Itajuru". O que
seria?
Novamente, como em outras situações, a certeza derivou não de uma fonte, mas da
combinação de informações presentes em duas ou mais fontes, ilustrando o "trabalho de
detetive" que caracteriza a pesquisa histórica.
"A Visão do Pico de Itajuru", um texto marcante da política brasileira na
década de 1830
http://memoria.bn.br/DocReader/706744/7257
http://memoria.bn.br/DocReader/706744/7258
http://memoria.bn.br/DocReader/706744/7259
http://memoria.bn.br/docreader/702501/113
http://memoria.bn.br/DocReader/778440/2023
http://memoria.bn.br/docreader/778440/2024
http://memoria.bn.br/docreader/778440/2025
http://memoria.bn.br/docreader/778440/2026
https://www.guiamuriae.com.br/guia-turistico/roteiro-belisario/pico-do-itajuru-em-
belisario/
https://archive.org/stream/desagravosdobra00coutgoog#page/n79/search/itajuru
Apesar de publicado em 1904, o livro de Loreto Couto teria sido concluído em 1757
(o autor faleceu em 1762).
"A Visão do Pico de Itajuru" foi impresso e vendido ao público ainda em 1831. Uma
busca no Catálogo Mundial de livros leva a três resultados que informam sobre a
presença do panfleto no acervo de 22 universidades internacionais.
http://www.worldcat.org/search?q=itajuru&qt=results_page
Outro resultado leva a uma cópia online, disponível somente a usuários registrados,
constante da Biblioteca Oliveira Lima, Parte 1: Panfletos:
https://www.gale.com/c/brazilian-and-portuguese-history-and-culture-part-i
http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/12459
Poucos dias depois, outro anúncio, agora no "Jornal do Commercio", informava que
o título da obra seria "A Visão do Pico de Itajuru".
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/1676
Quatro dias depois saía outro anúncio no "Diário do Rio de Janeiro", novamente com
o título "A Visão do Solitário no Pico de Itajuru".
"Diario do Rio de Janeiro", 7/6/1831, número 5, página 2, primeira coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/12480
A longevidade da influência de "A Visão do Pico de Itajuru" pode ser constatada por
esta série de anúncios no "Correio Mercantil", em 1839. Oito anos após a publicação
original, a reedição da obra foi anunciada com destaque em três anúncios daquele
periódico.
"Correio Mercantil" (BA), 9/1/1839, ano VI, número 7, página 2, terceira coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/186244/847
"Correio Mercantil" (BA), 11/1/1839, ano VI, número 9, página 4, primeira coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/186244/856
"Correio Mercantil" (BA), 18/1/1839, ano VI, número 15, página 4, segunda coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/186244/880
A partir de 1837, o texto de "A Visão do Pico de Itajuru" passara a ser vendido como
complemento de "A Voz do Profeta", obra também visionária e política. Inicialmente,
"A Voz do Profeta" saiu no Brasil sem o nome do autor (o escritor português Alexandre
Herculano). A semelhança temática deve ter contribuído para a união dos textos, na
visão do editor.
"Jornal do Commercio", 14/6/1837, ano XI, número 837, página 3, terceira coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/8993
Assim como no caso da obra anônima brasileira, o texto de "A Voz do Profeta" teve
ampla divulgação na mídia nacional. Por se tratar de obra extensa, os jornais optaram
por destacar trechos importantes da peça profética portuguesa.
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/8835
"Jornal do Commercio", 2/5/1837, ano XI, número 97, página 1 (inteira) e página 2,
primeira e segunda colunas.
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/8863
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/8864
"Pharol do Imperio" (RJ), 6/6/1837, ano 1, número 62, página 3, segunda e terceira
colunas.
http://memoria.bn.br/DocReader/702846/247
"Pharol do Imperio", 15/6/1837, ano 1, número 69, página 1, primeira, segunda e
terceira colunas.
http://memoria.bn.br/DocReader/702846/273
http://memoria.bn.br/DocReader/029033_01/10612
http://memoria.bn.br/DocReader/029033_01/10625
Talvez estimulado pelo sucesso dos textos brasileiro e português, o jornal "O Sete
d'Abril", defensor de Pedro II, resolveu publicar o texto original "A Voz do Profeta
Brasileiro", em dois capítulos.
"O Sete d'Abril", 21/10/1837, número 494, página 4, segunda coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/709476/2103
"O Sete d'Abril", 25/10/1837, número 495, páginas 4 (segunda coluna) e 5 (primeira
coluna).
http://memoria.bn.br/DocReader/709476/2106
http://memoria.bn.br/docreader/709476/2107
O "Eco da Religião e do Império" publicou o mesmo texto no ano seguinte, em 5 e
17/1/1838.
http://memoria.bn.br/DocReader/824097/252
http://memoria.bn.br/DocReader/824097/253
http://memoria.bn.br/DocReader/824097/270
http://memoria.bn.br/DocReader/824097/271
http://memoria.bn.br/DocReader/824097/272
"Jornal do Commercio", 24/12/1838, ano XIII, número 288, página 3, última coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/10813
Quase um ano depois, o mesmo livro era anunciado com destaque em anúncios dos
dias 25, 27, 28 e 30/9/1839, e de 1/10/1839.
"Jornal do Commercio", 25/9/1839, ano XIV, número 225, página 3, última coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/11747
"Jornal do Commercio", 27/9/1839, ano XIV, número 227, página 4, segunda coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/11756
"Jornal do Commercio", 28/9/1839, ano XIV, número 228, página 4, segunda coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/11760
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/11768
"Jornal do Commercio", 1/10/1839, ano XIV, número 231, página 4, segunda coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/11772
Quase 30 anos depois, em 1868, o folheto ainda era anunciado com destaque,
acentuando-se o seu caráter profético: "Esta primorosíssima obra, publicada em 1829 e
reimpressa hoje, que predizia o futuro que se tem verificado, [...]".
"Jornal do Commercio", 18/2/1868, ano 48, número 49, página 7, quinta coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_05/13357
Ainda em 1882 era possível encontrar nas livrarias o texto original de "A Visão do
Pico de Itajuru", incluído no livro "Visões primeira e segunda no rochedo de Itajuru,
seguidas das 3 parábolas do pobre solitário".
http://memoria.bn.br/docreader/103730_02/4291
"Gazeta de Noticias", 5/7/1883, ano IX, número 186, terceira coluna, em "Livros
Baratissimos".
http://memoria.bn.br/docreader/103730_02/5535
Outro título atribuído à obra, no ano seguinte (1884): "Visões do rochedo de Itajuru
vistas por um patriota antes do dia 7 de abril de 1831". Observe que a "2ª parte", escrita
após esse dia histórico, constava de boa parte dos exemplares oferecidos ao público, a
partir da década de 1860.
http://memoria.bn.br/docreader/103730_02/6917
Outro exemplo:
http://memoria.bn.br/docreader/103730_02/7964
Neste anúncio, "Gazeta de Noticias", 8/10/1886, ano XII, número 281, página 5,
primeira coluna do anúncio "Livros Baratissimos".
http://memoria.bn.br/docreader/103730_02/10996
Outro título para a mesma obra, no mesmo ano (1886): "Os pavorosos sonhos do
Itapiru ou a visão achada nos papéis de um solitário".
"Gazeta de Noticias", 8/11/1886, ano XII, número 312, página , quinta coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/103730_02/11149
"Gazeta de Noticias", 4/7/1889, ano XV, número 185, página 6, quinta coluna, em
"Livros Baratissimos".
http://memoria.bn.br/docreader/103730_02/15840
"Gazeta de Noticias", 25/7/1889, ano XV, número 176, página 3, quinta coluna, em
"Livros Baratissimos".
http://memoria.bn.br/docreader/103730_02/15803
http://memoria.bn.br/docreader/103730_02/4139
Neste texto de 1887, o autor fez referência à obra: "A descida dos mineiros e
paulistas, profetizada pelo Sonho do Itajuru, [...]".
http://memoria.bn.br/DocReader/232408/13
Os vários títulos da obra
Como se pode constatar pelos anúncios da seção anterior, essa obra política da
literatura brasileira recebeu títulos diferentes (alguns deles de responsabilidade do
anunciante). O dado é valioso para o trabalho de pesquisa: quantos mais caminhos
alternativos disponíveis para chegar ao material desejado, melhor.
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... Nesse tempo eu dificilmente trepava [subia] por um dos lados do Pico de ltajuru,
querendo vingar a sumidade [chegar ao pico] para dali estudar a situação das montanhas
e descobrir a marcha da natureza nas revoluções por que tem passado a superfície da
Terra.
Enquanto estive no bosque, a copa das suas árvores me abrigava do sol, e uma
aragem, que abanava as suas folhas, temperava o calor que a fadiga me fazia sentir. Mas
logo que cheguei ao fim daquela mata, achei-me com um rochedo empinado e ardente.
O Sol deixava cair a prumo os seus raios sobre a minha cabeça, e nem mais respirava a
aragem.
Diz-lhes que tu tens visto na Ibéria e na Bética [região da Península Ibérica] um povo
nobre e valoroso, depois de haver reconquistado a sua independência, recair debaixo de
um jugo humilhante porque os seus condutores lhe quiseram dar mais liberdade do que
ele podia comportar. Diz-lhes os desgraçados sucessos [acontecimentos] das tentativas
enérgicas da antiga Ausônia [região do Lácio, na Itália, cujo povo foi dizimado pelos
latinos em 314 a.C. após se opor a eles].
E eu respondi, dizendo:
— Ah! Minhas palavras serão para eles como o bronze que soa e o címbalo que
retine. Eles me dirão: "Tu nos falas de tempos passados e de terras separadas das nossas
pelo imenso mar. Que há, pois, de comum entre esses homens e nós, entre esses tempos
e os nossos?".
Eu volvi, dizendo:
— O povo está cheio de entusiasmo. Ele fará como o [a] áspide [espécie de víbora]
que fecha os ouvidos para não ouvir os acentos do encantador.
— O homem não conhece o futuro. Deus só é quem sabe o que trarão os anos que
ainda se não passaram.
E eu me levantei e abri os olhos. Achei-me então sobre uma alta montanha. Em torno
de mim desdobrava-se uma vasta planície que determinava de um lado o mar sem
limites. Lá se havia reunido um povo imenso, e a minha vista se tornou mais penetrante
que a do caracará, e eu podia ver e ouvir tudo o que fazia este povo.
Um navio se afastava da costa, e por isso toda a multidão saltava de alegria como
embriagados de júbilo, à semelhança de um escravo quando tem achado algum
diamante cujo preço lhe assegura a liberdade. Eles gritavam todos contentes e ao mesmo
tempo: — República ou morte —, e a sua voz retumbava como o estrondo do trovão, e
o eco das montanhas repetia — Morte, morte.
Eis que em toda a planície se fez um grande movimento. Os homens olhavam-se uns
aos outros, e muitos foram repulsados e reuniram-se logo fora daquela multidão. Eles
perguntaram: — Por que não quereis vós que nós sejamos convosco? Nós temos
participado dos vossos trabalhos, dos vossos perigos e das vossas esperanças. — E os
outros lhe responderam: — Vós não nascestes nesta terra: voltai à terra em que
nascestes, porque esta nos pertence. — E os estrangeiros disseram ainda: — Atendei
que não se vive da terra, e sim dos frutos que ela dá pelo trabalho do homem. Nós temos
comido o nosso pão, ganho pelo suor do nosso rosto. Consenti que fiquemos em vossa
terra. — E eles responderam: — Não, porque a terra em que nascemos é nossa. — Os
estrangeiros replicaram: — Mas nós temos esposado vossas filhas e vossas irmãs. Elas
têm nos dado filhos. — E foi-lhes dito: — Não, porque a terra em que nascemos nos
pertence. — Então os estrangeiros se ausentaram, mas suas mulheres e seus filhos os
seguiram.
Desde então se tornou maior a agitação. Havia um grande movimento entre o povo
aqui e ali, bem semelhante ao de uma caldeira quando ferve em caixão. E um grande
grito se ergueu — Igualdade ou morte — e ele retumbava como o estampido do trovão,
e o eco das montanhas repetia: — Morte, morte.
Os anciãos, que estavam sentados em suas cadeiras para julgarem, foram delas
lançados fora, e outros as ocuparam, dizendo: — Igualdade.
Aqueles que comandavam soldados foram postos nas fileiras, e os soldados passaram
a comandar, dizendo: — Igualdade.
Havia um homem rico: ele tinha muito ouro, prata e pedras preciosas porque havia
trabalhado por muitos anos. Os homens pobres, que sempre fugiram ao trabalho,
levantaram-se contra o rico, feriram-no, tomando-lhe as suas riquezas, dizendo: —
Igualdade.
Havia um velho que possuía muitos campos, bosques e rebanhos, e ele se acreditava
mais feliz pela posse de uma filha, a quem muito amava, do que por todas as suas
pingues [rendosas] herdades [propriedades rurais] Ela era formosa, a sua vista doce, os
seus negros cabelos desciam até aos seus joelhos, o seu porte era como o da palmeira, o
seu andar era ligeiro e engraçado como o voo do beija-flor, e o aroma do seu hálito era
como o das flores do ar num mato virgem.
E um mancebo [jovem] veio e disse ao velho: — Eu amo tua filha e quero que seja
minha mulher. — O velho lhe tornou: — Eu a nego a ti, não porque és pobre ou porque
teu pai se não sentava entre os anciãos do país, mas sim porque ela ama a outro jovem.
— E o mancebo levantou-se contra o velho: espancou-o, enrolou a mão nas tranças
negras da rapariga, arrastou-a à sua casa, dizendo: — Igualdade.
Assim, cada qual obrava o que bem lhe parecia porque faltam príncipes e juízes entre
o povo. E a agitação crescia na multidão, tanto que eu a vi dividir-se em diferentes
magotes [grupos numerosos], gritando: — A mim, os do Sul! A mim, os do Norte! A
mim, os das costas! A mim, os das serras! — E outros muitos gritos se ouviam,
separando-se toda a multidão em bandos separados.
Houve um destes que disse: — Nós temos trigo e gado, não nos importa o vosso
socorro. Deixai-vos estar em vossos tabernáculos porque não necessitamos de vós.
Houve outro que assim falou: — Em nossos campos correm regatos de mel e nós
colhemos o velo [a casca] das árvores ainda mais branco que o [pelo] das ovelhas.
Deixai-vos estar em vossos tabernáculos porque não necessitamos de vós.
Houve quem respondesse: — O mar nos sustenta com peixe, e os navios que
atravessam o profundo oceano nos trazem o que é necessário. Deixai-vos estar em
vossos tabernáculos porque não necessitamos de vós.
Houve enfim quem desta sorte se explicasse: — Nós temos ouro e diamantes, que
nos importa o mais? Deixai-vos estar em vossos tabernáculos porque não necessitamos
de vós.
Os Candores [Condores] baixaram o voo dos Andes pela parte do Oeste até às
margens do grande Rio do Norte e disseram: — As cabeceiras deste rio pertencem-nos,
logo o seu curso também deve ser nosso.
Os Urubus remontavam o seu voo das campinas do Sul até às fontes do seu grande
Rio e disseram: — Eis aqui as fontes do grande Rio. Ele é nosso, logo as suas nascentes
nos devem igualmente pertencer.
E os habitantes das ilhas, os das margens do Rio do Norte e os das nascentes do Rio
do Sul clamaram aos seus irmãos, estendendo-lhes as mãos e dizendo: — Lembrai-vos
que somos vossos irmãos, salvai-nos. — Mas outros responderam: — Nós estamos em
nossos tabernáculos, não necessitamos de vós. — E, entretanto, os diferentes magotes
disputavam entre si.
E todos os homens dos diferentes magotes iam às ilhas para comprar armas e
levavam aos Leopardos ouro, diamantes, topázios, crisólitas [crisólita: mineral precioso
também chamado olivina ou peridoto], madeiras preciosas, mel coalhado e o velo das
árvores, enfim tudo o que possuíam porque queriam matar seus irmãos. Suas mulheres
lhes diziam: — Olhai que nossos filhos não têm que comer. Não compreis armas,
comprai antes fazendas de que nos possamos vestir. — E eles responderam: — Nós
vamos matar os nossos irmãos, e quando voltarmos vencedores nós vos daremos o que
pedis.
Então eles repousaram porque estavam fatigados, e eu olhei para o Norte onde se
formava uma nuvem, bem como se forma num vale quando o sol brilha depois de uma
grande chuva.
Ela crescia, crescia pouco a pouco, mas sem nunca cessar. E a multidão se assustou:
quis opor-se à inundação negra que avultava de mais em mais e que, recuando algumas
vezes como a vaga sobre a praia, voltava logo mais violenta e coberta de escumas. Ora
as escumas eram de sangue.
Do seio destas vagas negras ouviam-se estrondos semelhantes aos de cadeias que se
quebram, erguendo-se ao mesmo tempo uma voz que dizia: A liberdade ou a morte.
Esta voz retumbava mais que o estampido do trovão e o eco das montanhas, depois de
repeti-la por três vezes, dizendo: A morte, a morte, a morte, calou-se.
A onda negra engrossou e subiu. Igualou-se aos lugares que lhe ficavam a cavaleiro,
sobejou [estendeu-se] para mais 4 côvados [antiga medida de comprimento equivalente
a 0,66 m], mesmo aos mais altos montes, dobrou sobre eles. Eu olhei e todo o povo
havia já desaparecido.
O meu coração partiu-se de dor, eu caí de face sobre a terra, debulhado em lágrimas,
porque tinha visto perecer um grande povo.
— E eu lhe respondi:
— É isto o futuro?
— Eu não te obedecerei. Primeiro [Prefiro que] a minha língua ficará [fique] pegada
ao meu paladar do que eu diga [a dizer] estas coisas; a minha mão secará antes que as
escreva, porque tenho o coração afogado em tristeza e mágoa.
Eu me ergui e não vi mais nem a planície, nem a inundação negra. Eu estava na falda
[no sopé] dos bosques de Itajuru, o Sol descia ao seu ocaso, e eu dei-me pressa a chegar
a casa antes da noite, não querendo mais estudar as revoluções da natureza.
Eu caminhava lentamente, pensativo e triste, pois que me afligia o que vira. E,
chegando à borda do rio, à sombra das mangueiras, eis que vi um homem poderoso
entre os poderosos da terra, em cujo semblante se pintavam a bondade e a força. As suas
mãos estavam enlaçadas pelas de uma bela esposa entre as belas e em cujas faces
transluziam a ternura e as virtudes. Em torno deste par brincavam crianças de ambos os
sexos, em cujos brincos [jogos] se divisavam os cuidados de uma sábia educação e a
índole preciosa de que eram dotados pela natureza.
Pareceu-me neste momento que os Céus se haviam aberto sobre este lugar e que uma
Matrona [respeitável mãe de família], fulgurante pelos raios da eterna glória, me dizia:
— Eu tenho posto ante o Trono de Deus e protejo os meus filhos, o Pai dos meus filhos
e aquela que lhes faz as vezes de Mãe.
Então a paz se restituiu ao meu coração. Eu disse comigo mesmo: — O que tenho
visto sobre a montanha do Itajuru não é o futuro, é uma falsa visão que não deve causar
susto aos que sabem quanto o Céu nos protege e quanto pode a prudência contra as
tentativas de alguns loucos que pouco alcançam com a vista em roda [ao redor] de si.
Observação importante
A maioria das fontes afirma o anonimato do autor de "A Visão do Pico de Itajuru".
http://dictionnaire-journalistes.gazettes18e.fr/journaliste/013-laurent-angliviel-de-la-
beaumelle
http://www.virnot-de-lamissart.com/Angliviel-de-la-Beaumelle.html
http://memoria.bn.br/docreader/367737/614
"Diario do Povo" (Rio), 25/4/1868, ano II, número 96, página 4, primeira coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/622
"Diario do Povo" (Rio), 26/4/1868, ano II, número 97, página 4, primeira coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/626
"Diario do Povo" (Rio), 27-28/4/1868, ano II, número 98, página 4, primeira coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/630
"Diario do Povo" (Rio), 30/4/1868, ano II, número 100, página 4, primeira coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/638
"Diario do Povo" (Rio), 2/5/1868, ano II, número 102, página 4, quarta coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/646
"Diario do Povo" (Rio), 29/5/1868, ano II, número 123, página 4, primeira coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/730
"Diario do Povo" (Rio), 16/6/1868, ano II, número 137, página 4, primeira coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/786
"Diario do Povo" (Rio), 19/6/1868, ano II, número 140, página 4, segunda coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/798
"Diario do Povo" (Rio), 25-26/6/1868, ano II, número 145, página 4, terceira coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/818
"Diario do Povo" (Rio), 27/6/1868, ano II, número 146, página 4, primeira coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/822
"Diario do Povo" (Rio), 29/6/1868, ano II, número 148, página 4, quarta coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/830
"Diario do Povo" (Rio), 2/7/1868, ano II, número 150, página 4, quarta coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/834
"Diario do Povo" (Rio), 3/7/1868, ano II, número 151, página 4, quarta coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/838
"Diario do Povo" (Rio), 4/7/1868, ano II, número 152, página 4, quarta coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/842
"Diario do Povo" (Rio), 6-7/7/1868, ano II, número 154, página 4, quarta coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/850
"Diario do Povo" (Rio), 8/7/1868, ano II, número 155, página 4, segunda coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/854
"Diario do Povo" (Rio), 9/7/1868, ano II, número 156, página 3, quarta coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/857
"Diario do Povo" (Rio), 10/7/1868, ano II, número 157, página 3, terceira coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/862
"Diario do Povo" (Rio), 11/7/1868, ano II, número 158, página 4, terceira coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/866
"Diario do Povo" (Rio), 14/7/1868, ano II, número 160, página 4, quarta coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/874
"Diario do Povo" (Rio), 15/7/1868, ano II, número 161, página 4, quarta coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/878
"Diario do Povo" (Rio), 16/7/1868, ano II, número 162, página 4, quarta coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/882
"Diario do Povo" (Rio), 17/7/1868, ano II, número 163, página 4, segunda coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/367737/886
"Diario do Povo" (Rio), 18/7/1868, ano II, número 165, página 3, quarta coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/889
"Diario do Povo" (Rio), 20-21/7/1868, ano II, número 166, página 3, quarta coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/897
"Diario do Povo" (Rio), 22/7/1868, ano II, número 167, página 3, quarta coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/901
"Diario do Povo" (Rio), 25/7/1868, ano II, número 170, página 4, primeira coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/914
"Diario do Povo" (Rio), 29/7/1868, ano II, número 173, página 4, quarta coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/926
"Diario do Povo" (Rio), 30/7/1868, ano II, número 174, página 4, primeira coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/367737/930
Por ordem, o segundo autor creditado com a autoria foi o português Alexandre
Herculano, neste anúncio de 1886. Provavelmente, a confusão se deu por causa da
publicação do texto "A Voz do Profeta" (obra política escrita por Alexandre),
juntamente com o da "Visão do Pico de Itajuru", em 1837.
"Gazeta de Noticias", 8/10/1886, ano XII, número 281, página 6, primeira coluna do
anúncio "Livros Baratissimos".
http://memoria.bn.br/docreader/103730_02/10996
http://livrozilla.com/doc/955588/sem-t%C3%ADtulo-3
"Jornal do Commercio", 11/11/1836, ano XI, número 240, página 1, quarta coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/8313
"Jornal do Commercio", 11/11/1836, ano XI, número 240, página 2, segunda coluna,
último parágrafo.
http://memoria.bn.br/docreader/364568_02/8314
A palavra "explicou" poderia deixar alguma dúvida: Silveira Sampaio foi o autor da
obra ou somente quem a "explicou"? Ou o termo estaria se referindo à "introdução
analítica" do folheto?
A informação sobre as outras duas obras associadas a Antônio Manoel proporcionou
nova frente de pesquisa, e dela veio a confirmação de autoria:
"Hoje sai à luz 'O Gênio do Brasil' mostrando em cenas interessantes o espelho da
verdade para o desengano dos homens, feito pelo mesmo autor da 'Aparição do Pico de
Itajuru', com notas, e acrescentamentos, aonde o mesmo autor pede ao Público a
estimação desta pequena obra, tanta, como têm tido as outras".
http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/13170
http://memoria.bn.br/docreader/029033_01/10064
http://memoria.bn.br/DocReader/029033_01/10065
http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/221681
http://acervo.bn.br/sophia_web/info.asp?c=1217262
Vida pessoal
Silveira Sampaio casou-se com Maria Carlota de Sampaio Figueiredo Leite Lobo,
tendo como filhas Ana Emília de Sampaio Ribeiro e Maria Rita de Sampaio.
https://www.genealogieonline.nl/en/petroucic-genealogy/I376315.php
"Brasil Marcial, Síntese Histórica", Múcio Teixeira, Fascículo n.º 6, página 176,
Imprensa Nacional, 1903.
https://digital.bbm.usp.br/bitstream/bbm/4322/1/019064_COMPLETO.pdf
"Resumo da História do Brasil até 1828", H.L. de Niemeyer Bellegarde, Rio de
Janeiro, 1831.
https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=29104
https://books.google.com.br/books?id=LTRKAAAAcAAJ&lpg=RA24-
PP3&ots=bthJ64eWrK&dq=%22antonio%20manoel%20da%20silveira%20sampaio%2
2&hl=pt-PT&pg=RA24-
PP3#v=onepage&q=%22antonio%20manoel%20da%20silveira%20sampaio%22&f=fal
se
O site do Superior Tribunal Militar possui uma página dedicada a Silveira Sampaio,
que atuou como ministro daquela corte, de 1823 a 1833 (à época, o "Conselho Supremo
Militar").
https://www.stm.jus.br/o-stm-stm/memoria/biografia-ministros-desde-
1808/item/4662-biografia-32
1819
http://biblioteca2.senado.gov.br:8991/F/?func=item-
global&doc_library=SEN01&doc_number=000482013
1824
. "Instruções para uso dos oficiais do exército nacional e imperial nos processos de
conselhos de guerra", 1824.
http://www.iict.pt/pequenanobreza/arquivo/Doc/t8s2-03.pdf
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/viewFile/18593/15613
http://www.redalyc.org/pdf/1933/193332875015.pdf
1835
http://acervo.bn.br/sophia_web/info.asp?c=1217262
As obras políticas de Antônio Manoel da Silveira Sampaio
Além desse único exemplar à venda no site Abebooks, há outro constante do acervo
da Biblioteca Nacional de Portugal. Este possui 32 páginas e foi impresso na
Typographia Fidedigna, em Pernambuco, também em 1831.
http://catalogo.bnportugal.pt/ipac20/ipac.jsp?profile=
https://www.abebooks.com/first-edition/Appari%C3%A7%C3%A3o-extraordinaria-
inesperada-velho-venerando-rosseiro/192693390/bd
http://acervo.bn.br/sophia_web/info.asp?c=944134
http://acervo.bn.br/sophia_web/info.asp?c=1209340
http://acervo.bn.br/sophia_web/info.asp?c=1587072
"O Catálogo da Coleção Varnhagem " traz o título do folheto à página 45.
http://livrozilla.com/doc/955588/sem-t%C3%ADtulo-3
https://archive.org/details/inventariodosliv00cant/page/n5
http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/12444
http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/12459
Em 11 de junho do mesmo ano, uma reimpressão da obra veio com "um aditamento",
revelando que o interesse pelas ideias do autor continuava forte no público.
"Diario do Rio de Janeiro", 11/6/1831, número 8, páginas 1 (última coluna) e 2
(primeira coluna).
http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/12491
http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/12492
Um mês depois, o editor do jornal mineiro "O Amigo da Verdade" informava que o
texto de "Aparição Extraordinária" havia sido publicado em outro jornal de São João del
Rei, "O Amigo da Verdade". Uma informação adicional importante: segundo o editor,
teria havido um processo criminal contra os tipógrafos responsáveis pela obra.
"Astro de Minas" (São João del Rei, MG), 9/7/1831, ano , número 565, páginas 3
(segunda coluna) e 4 (primeira coluna).
http://memoria.bn.br/DocReader/709638/1846
http://memoria.bn.br/pdf/849901/per849901_1829_00001.pdf
http://memoria.bn.br/DocReader/709638/1859
http://memoria.bn.br/DocReader/709638/1891
http://memoria.bn.br/DocReader/815721/15
http://memoria.bn.br/DocReader/815721/16
http://memoria.bn.br/DocReader/815721/16
http://memoria.bn.br/DocReader/029033_01/3829
"Diario de Pernambuco", 10/10/1831, número 215, página 6, primeira coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/029033_01/3837
http://memoria.bn.br/DocReader/029033_01/3896
http://memoria.bn.br/DocReader/029033_01/3982
http://memoria.bn.br/DocReader/029033_01/3989
http://memoria.bn.br/DocReader/749958/824
http://memoria.bn.br/DocReader/749958/825
http://memoria.bn.br/DocReader/749958/826
http://memoria.bn.br/DocReader/749958/827
http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/13074
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/2291
http://memoria.bn.br/DocReader/364568_02/2292
http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/13126
http://memoria.bn.br/DocReader/186244/115
Segundo Alexandre Marciano de Paula, o periódico "O Unitário" (1838-1839), de
Ouro Preto (MG), também publicou essa obra de Silveira Sampaio em setembro e
outubro de 1839. Como o texto se refere a "acontecimentos iniciados com o Sete de
Abril", trata-se da "Aparição Extraordinária", já que "A Visão" comunicava a profecia
sobre o que iria acontecer caso D. Pedro I se tornasse um imperador fraco.
https://www.ufsj.edu.br/portal2-
repositorio/File/pghis/DissertacaoAlexandreMarciano.pdf
http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/12589
"Astro de Minas" (São João del Rei, MG), 18/7/1831, número 569, página 1,
primeira coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/709638/1926
http://acervo.bn.br/sophia_web/info.asp?c=644919
http://acervo.bn.br/sophia_web/info.asp?c=766706
A atribuição realizada no necrológio de Antônio Manoel da Silveira Sampaio, unindo
seu nome a "O Gênio do Brasil" e a "O Doutor da Roça", poderia ser contestada, neste
caso e no caso do anúncio de 12/7/1831 no "Diário do Rio de Janeiro" ("Pelo mesmo
autor da Aparição do Velho ao Roceiro [...]", a qual também seria obra de Silveira
Sampaio), por três indícios, que as ligariam a José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-
1838), o Patrono da Independência do Brasil.
"... que atribui-se ser produção da sábia inteligência do conselheiro José Bonifácio de
Andrada e Silva, de saudosa memória".
"Correio Mercantil", 14/12/1838, volume III, número 627, página 3, terceira coluna
(início na segunda coluna, em "Folhinha para o Anno de 1839").
http://memoria.bn.br/DocReader/186244/791
O segundo indício de uma autoria diversa seria a expressão "velho venerando", uma
das alcunhas aplicadas eventualmente a José Bonifácio, em seu período de vida.
1823
https://books.google.com.br/books?id=mcdeAAAAcAAJ&pg=PA22&dq=%22douto
r+da+ro%C3%A7a%22+imperador&hl=pt-
PT&sa=X&ved=0ahUKEwjv8cGhtbvdAhVGkJAKHZT4AQYQ6AEIKDAA#v=onepa
ge&q=%22doutor%20da%20ro%C3%A7a%22%20imperador&f=false
O texto integral pode ser lido nesta página do site Tiro de Letras, do jornalista José
Domingos de Brito.
http://www.tirodeletra.com.br/entrevistas/JoseBonifacio.htm
1824
Repare como José Bonifácio, nesta carta de 1824, sugere que o texto sobre o Dr. da
Roça seja impresso em Londres (os quatro panfletos políticos foram impressos no Rio
de Janeiro).
"A independencia e o imperio do Brazil; ou, A independencia comprada por dous
milhões de libras sterlinas e o Imperio do Brazil com dous imperadores no seu
reconhecimento, e cessão: seguido da historia da Constituição politica do Patriarchado,
e da corrupção governmental, provado com documentos authenticos", Alexandre José
Mello Moraes, página 268, Typographia do Globo, 1877.
https://books.google.com.br/books?id=mdU5AQAAMAAJ&dq=%22dr.%20da%20r
o%C3%A7a%22&hl=pt-
PT&pg=PA268#v=onepage&q=%22dr.%20da%20ro%C3%A7a%22&f=false
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-06032012-103436/pt-br.php
"José Bonifácio, primeiro Chanceler do Brasil", página 386, João Alfredo dos
Santos, Fundação Alexandre de Gusmão, Brasília, 2017.
http://funag.gov.br/loja/download/435-
Jose_Bonifacio_primeiro_Chanceler_do_Brasil.pdf
Primeiro, o necrológio afirma de modo seguro que a autoria das três obras (e,
portanto, também da quarta, a "Aparição") pertence a Silveira Sampaio. Não há nome
do autor do necrológio, mas por sua extensão e grau de detalhes tratava-se obviamente
de alguém com amplo conhecimento da vida e da obra do militar e escritor.
Segundo, nos dois textos de José Bonifácio não há o sentido mágico de "aparição
extraordinária": trata-se apenas de diálogos transcorridos em contexto natural. O autor
não empregou os artifícios marcantes do fantástico e da profecia para dar força a seus
argumentos.
Terceiro, em seu primeiro e único texto publicado com o personagem Doutor da
Roça, José Bonifácio utilizou o pseudônimo "Tapuia". Silveira Sampaio não usou
pseudônimos em sua obra política.
Quarto, neste mesmo texto, o autor cita a sua família, que estaria sendo perseguida,
demonstrando que a motivação para escrevê-lo baseou-se, pelo menos em boa parte, em
uma questão pessoal:
Não há nada semelhante nos dois textos conhecidos dos quatro panfletos políticos.
Quinto, não há nenhum trabalho ou texto a respeito de José Bonifácio que associe
esse político a qualquer um dos panfletos. E Bonifácio é um personagem cuja vida
recebeu um grau de escrutínio muito maior, pelos historiadores, que a do quase
desconhecido Silveira Sampaio.
http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/12948
http://memoria.bn.br/DocReader/709530/1892
O anúncio seguinte relaciona a obra com "A Visão do Pico de Itajuru".
"Hoje sai à luz 'O Gênio do Brasil' mostrando em cenas interessantes o espelho da
verdade para o desengano dos homens, feito pelo mesmo autor da 'Aparição do Pico de
Itajuru', com notas e acrescentamentos onde o mesmo autor pede ao público a estimação
desta pequena obra, tanta como têm tido as outras".
http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/13170
Dois anos depois, um anúncio de "Livros à Venda", no mesmo jornal, oferecia "O
Gênio do Brasil" entre vários outros.
"Diario do Rio de Janeiro", 18/9/1834, número 15, página 2, segunda coluna, em
"Livros á Venda".
http://memoria.bn.br/DocReader/094170_01/16260
http://acervo.bn.br/sophia_web/info.asp?c=1601455