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Caso queira contribuir com este trabalho de pesquisa histórica que desenvolvo há
mais de quatro anos e compartilho gratuitamente, minha chave Pix é esta:
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Resumo
Tema: "No Ano de 2028", o conto do autor paraense Fernando de Castro publicado
em 1928, história que não faz parte da cronologia da ficção científica brasileira, gênero
ao qual pertence.
Única menção existente ao conto: resenha do também escritor (de ficção científica)
Epaminondas Martins, intitulada "... E nosso será o reino dos céus" e publicada na
revista "O Malho" em 23 de agosto de 1930.
Título original do livro de contos: "... e nosso será o Reino dos Céus! ─ Novellas
Brejeiras".
. Ano: 1928.
. Páginas: 157.
. Único exemplar conhecido: vendido em leilão online pela casa Levy Leiloeiro em 5
de junho de 2013.
. Profissão: Advogado.
. Obras de ficção: "... e nosso será o Reino dos Céus! ─ Novelas Brejeiras" (1928),
"Sal da Terra", romance (1960), "O Caminho dos Homens", romance (1962).
. Peças de teatro: "A Menina dos 20.000", "Casa da Viúva Costa", "As Mulheres São
Assim".
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LINKS INTERNOS
Apresentação
A resenha do livro
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Apresentação
Mas importante ainda: Epaminondas escreveu uma breve resenha sobre o livro, a
qual talvez venha a ser, para a história da ficção científica nacional, a única fonte de
informações disponível sobre a contribuição de Fernando de Castro a esse gênero
literário. Infelizmente, Epaminondas concentrou-se no livro como um todo e não tratou
do enredo do conto "No Ano de 2028".
A resenha do livro
Eis o texto da resenha de Epaminondas Martins, intitulada "... E nosso será o reino
dos céus" e publicada na revista "O Malho" em 23 de agosto de 1930.
***
Há ocasiões em que as ideias flutuam, por assim dizer, no ar, tanto no campo
científico como no literário. É comum verificar-se a descoberta de um planeta
simultaneamente por dois astrônomos, fatos semelhantes verificando-se com as
invenções, com as especulações químicas, biológicas ou de outra qualquer natureza. É
que avanços da civilização não são produtos deste ou daquele cérebro isolado, mas
conquistas do espírito humano. Onde o homem se julga criador, não é mais do que um
instrumento do gênio da espécie. As mesmas influências, no espaço e no tempo, que
atuaram sobre o cérebro de um para a concepção de uma ideia, atuaram sobre muitos
outros, e daí talvez as coincidências que tanto estranhamos e que muitas vezes podem
ser erroneamente classificadas de emulação, imitação e até mesmo plágio.
Aqui há uns três anos publiquei no "Correio de Manhã", entre as minhas primeiras
produções literárias, no "Suplemento" então dirigido pelo espírito de escol de Raul
Brandão, um conto intitulado "O extrato da alma'', que, ocupando todo o texto da
primeira página, ia terminar noutras [na verdade, em uma outra].
A ação se desenrolava no ano de... 3.001, num ambiente fantástico. O leitor ia ali
deparar uma civilização estapafúrdia em que haviam triunfado as várias utopias sociais
e estéticas que agitam a nossa época, e o protagonista não passava naquele meio
estranho de mera curiosidade antropológica. Poucas semanas depois o Sr. Berilo Neves,
numa revista carioca, iniciava uma série de contos nas mesmas circunstâncias e com
coincidências interessantíssimas que me faziam crer num desenvolvimento inteligente
da minha ideia. Pela mesma época mais ou menos, no Pará, segundo consta dum livro
que tenho presente, o Sr. Fernando Castro lançava à publicidade o conto "No ano de
2.028". O que nos assombra em tudo isso é a profusão de coincidências.
Essas reflexões faço-as agora ante o livro do Sr. Fernando Castro, a título de pura
curiosidade. Devia ter o Sr. Fernando uns dezoito anos de idade, e só agora vim
conhecê-lo pessoalmente, recebendo-lhe ao mesmo tempo o livro com uma dedicatória
amável.
Apesar de ser o autor muito moço, o seu livro não é o que por aí chamam livros
"modernos", simplesmente porque não há livros "modernos" ou "antigos", há
simplesmente bons ou maus estilos. O Sr. Fernando de Castro é dos que não acreditam
em milagres. Para ele, a arte há de ser sempre um produto do talento conjugado ao
esforço e à cultura e ainda ao sacrifício, e é por isso que, lendo o seu livro, sinto
qualquer coisa que subjuga e fascina. Sente-se em todas as suas páginas que o autor tem
a preocupação de ser, e não de parecer. Não procura impressionar os basbaques com
pirotecnia barata. Os seus personagens não são títeres, mas vivem e palpitam nesse
tumulto de paixões que se chama sociedade. Nele, a originalidade não é sinônimo de
extravagância, nem produto da preocupação doentia de ser original. A originalidade
vive por si, independente da preocupação do autor, por lhe ser uma faculdade congênita.
Se em alguns contos a ideia ainda se perde nos meandros dos períodos peculiares à
juventude, em outros, provavelmente as últimas produções, vemo-la ressaltar viva,
maleável, materializada, por assim disser, com toda a sua pujança expressional.
E também pilhérico:
"― Maldito sejais, filhos perjuros. Fugi das minhas vistas! ― E recolheu-se ao Céu,
rindo desbragadamente, rindo, rindo, a bom rir".
De mais bem poucas vezes se vê um livro parecer tanto com o seu autor. No livro
como fora dele, o Sr. Castro é sempre o mesmo homem.
E a expressão é sempre medida, meditada, o seu riso autêntico é o mesmo riso que lá
deparamos, um sorriso discreto, sem exageros nem espalhafatos, o seu humorismo,
palestrando nada tem de cáustico nem de mordaz. Tudo bem equilibrado nesse jovem
beletrista. Com respeito ao vernáculo, afora alguns descuidos da revisão, não encara a
Gramática à maneira dessas nulidades eminentes que se rebelam e reproduzem a eterna
fábula da raposa e das uvas. Para ele, a D, Gramática merece todos os respeitos devidos
a uma senhora idosa e de boa família. Acha que revolução em arte ao invés de evolução
é o maior contrassenso, porquanto nós somos do nosso tempo como Camões foi do dele,
independentemente da nossa vontade.
Dentro do livro, como fora dele, a sua idiossincrasia nada tem de pessimista ou
amarga. Não tem nenhuma pretensão a destruir bastilhas ou inverter a ordem cósmica.
Não. Para ele, o mundo é isso mesmo que está aí; a vida, essa mesma fantochada
[palhaçada] que assistimos enojados ou divertidos: apenas deveria ser um pouquinho
melhor.
O Sr. Fernando deve prosseguir, deve continuar. Nada lhe falta: talento, esforço,
imaginação rica e proteiforme [que muda de forma].
Eu, que não creio em crítica literária, que detesto o elogio mútuo, sinto-me,
perfeitamente de acordo com as minhas convicções, na obrigação de vir publicamente
encorajá-lo, estimulá-lo. É que, apesar do profundo antagonismo que nos separa no
modo de cada um de nós encarar as coisas, há algo que nos une, nos aproxima,
solidariza e identifica — O sonho.
Epaminondas Martins.
O Malho, 23/8/1930, ano XXIX, número 1.458, página 69, primeira e segunda
colunas.
http://memoria.bn.br/DocReader/116300/74224
O livro "... E Nosso Será o Reino dos Céus!"
Na verdade, como vemos abaixo, "... e nosso será o Reino dos Céus!" é de 1928, um
ano após.
´
https://www.levyleiloeiro.com.br/peca.asp?ID=69799&ctd=143&tot=&tipo=
O livro, de 157 páginas, tem por subtítulo "Novelas brejeiras". O único exemplar
conhecido da obra foi arrematado em um leilão da casa Levy Leiloeiro em 5 de junho de
2013 (informações acima).
http://memoria.bn.br/DocReader/093718_04/6640
https://pt.wikipedia.org/wiki/Eneida_de_Moraes
http://www.jornalbeiradorio.ufpa.br/novo/index.php/2010/110-edicao-80--
fevereiro/996-vida-e-obra-de-eneida-de-moraes-
http://memoria.bn.br/DocReader/093718_04/6640
Obras de Fernando de Castro
Livros de ficção
Peças teatrais
http://memoria.bn.br/DocReader/028274_01/1845
Capa do livro
https://www.traca.com.br/livro/716147/sal-terra/
https://www.levyleiloeiro.com.br/peca.asp?ID=215873&ctd=179&tot=&tipo=
http://memoria.bn.br/DocReader/386030/61512
"O Jornal", 21/8/1960, ano XXXIX, número 12.257, página 20, última coluna (em
"Jornal Literário").
http://memoria.bn.br/DocReader/110523_06/6291
"Diario de Noticias", 24/8/1960, ano XXXI, número 11.588, página 14, última
coluna (em "Encontro Matinal").
http://memoria.bn.br/DocReader/093718_04/6512
"Tribuna da Imprensa", 29/8/1960, ano XII, número 2229, página 8, terceira coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/154083_02/2589
A matéria abaixo permite saber que o romance vendeu 618 exemplares no dia do
lançamento, na livraria São José, centro do Rio de Janeiro ─ um feito considerado para
a época, tratando-se de escritor desconhecido.
"Correio Braziliense", 1/10/1960, ano CLII, número 137, página 8, sexta, sétima e
oitava colunas.
http://memoria.bn.br/DocReader/028274_01/1845
"Correio da Manhã", 27/12/1960, ano LXII, número 20,785, página 2 (do "Segundo
Caderno"), segunda coluna (em "Escritores e Livros").
http://memoria.bn.br/DocReader/089842_07/13814
https://paginas.uepa.br/seer/index.php/sentidos/article/viewFile/1476/869
https://www.estantevirtual.com.br/livros/fernando-de-castro/sal-da-terra/3431034283
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https://www.levyleiloeiro.com.br/peca.asp?ID=176946&ctd=874&tot=&tipo=
Livro: O Caminho dos Homens, de Fernando de Castro, autografado pelo autor,
1962, Ed. Irmãos Pongetti, com 410 páginas.
http://www.harpyaleiloes.com.br/peca.asp?ID=557721
"Correio da Manhã", 27/11/1962, ano LXII, número 21.367, página 2 (do "Segundo
Caderno"), segunda coluna (em "Escritores e Livros").
http://memoria.bn.br/DocReader/089842_07/34795
"Correio da Manhã", 1/12/1962, ano LXII, número 21.371, página 2 (do "Segundo
Caderno"), coluna (em "Teen-Age").
http://memoria.bn.br/DocReader/089842_07/34890
A nota abaixo informa que o romance é centrado em uma família e enriquecido por
amplo repertório de lendas amazônicas.
"Diario Carioca", 16-17/6/1963, ano XXXV, número 10.816, página 20, segunda
coluna (em "Os Livros").
http://memoria.bn.br/DocReader/093092_05/13193
"Revista do Livro", setembro de 1964, ano VII, número 26, página 312, primeira
coluna (em "Bibliografia Brasileira Corrente").
http://memoria.bn.br/DocReader/393541/6923
Alguns trechos da história são reproduzidos abaixo, em site temático sobre Lambari,
a Cidade das Águas Virtuosas, em Minas Gerais.
http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=36961
Resenha do livro
http://memoria.bn.br/DocReader/089842_07/37894
https://www.estantevirtual.com.br/livros/fernando-de-castro/o-caminho-dos-
homens/1943636528
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"Correio da Manhã", 28/6/1963, ano LXII, número 21.543, página 2 (do "Segundo
Caderno"), primeira coluna (em "Escritores e Livros").
http://memoria.bn.br/DocReader/089842_07/41138
Coincidências acontecem... em número de três
No mesmo ano em que o autor paraense lançava o seu livro de estreia (1928), com o
conto "No Ano de 2028", a atriz e cantora italiana Pierrette Fiori exibia-se em um teatro
de Pernambuco. No programa, um esquete intitulado "No Ano 2028", cujo tema era o
mesmo dos contos de Epaminondas Martins, Berilo Neves ("O amor, um caso clínico",
transcorrido no ano de 2028) e Fernando de Castro: o domínio da sociedade futura pelas
mulheres.
"Jornal Pequeno" (Recife, PE), 16/1/1928, ano XXX, número 12, página 6, primeira
coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/800643/43135
"Jornal Pequeno" (Recife, PE), 17/1/1928, ano XXX, número 13, página 6, primeira
coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/800643/43141