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MARIA FIRMINA DOS REIS

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Autor: Sérgio Barcellos Ximenes.

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__________________________________________

LINKS INTERNOS

Apresentação

A história de "Úrsula"

1. A história anterior ao lançamento (1857-1860)

2. O lançamento da primeira edição (1860)

3. A história posterior ao lançamento (1862-1967)

4. O primeiro período de obscuridade da autora (1860-1973 e 1911-1973)

5. A redescoberta de "Úrsula" (1967-1969)

6. A descoberta de outras produções de Maria Firmina (1973)

7. A primeira associação de Maria Firmina à condição de primeira romancista do


Brasil (1974)

8. A continuidade das pesquisas sobre Maria Firmina (1974-1975)

9. A publicação da segunda edição de "Úrsula" (1975)

10. O período de divulgação nacional de "Úrsula" (1975-1978)

11. O segundo período de obscuridade (1979-1985)


12. A "entrada" de Maria Firmina dos Reis na Academia (1986 -1987)

13. O lançamento da terceira edição do romance (1988)

14. O desenvolvimento de estudos sobre Maria Firmina (1989-2003)

15. As edições organizadas pela Editora Mulheres (2004 - 2009)

16. A primeira edição digital e gratuita de "Úrsula" (2017)

17. As edições comemorativas do centenário de falecimento de Maria Firmina (2017)

Edições digitais de "Úrsula"

______________________

A história do romance "Úrsula", de Maria Firmina dos Reis

Resumo

Tema: a história do romance "Úrsula" e de sua receptividade de público e crítica, até


a atualidade.

Primeira campanha de subscrição do romance: início em 17 de outubro de 1857,


no jornal maranhense "A Imprensa", ano I, número 40, página 3, segunda coluna
(campanha fracassada).

Publicação da primeira resenha: 17 de outubro de 1857 no jornal "A Imprensa"


(ano I, número 40, página 3, segunda coluna), com o título "Prospecto", assinada por O
Caixeiro d'Alfaiate.

Segunda campanha de subscrição: início em 18 de fevereiro de 1860, no jornal "A


Imprensa", ano IV, número 11 (campanha bem-sucedida).

Lançamento da obra: agosto de 1860.

Ano impresso na folha de rosto: 1859.

Número de páginas da primeira edição: 199.

Título de obra: "Úrsula ─ Romance original brasileiro".

Nome da autora: Uma Maranhense.

Primeiro anúncio da obra: 1º de agosto de 1860, no jornal "A Imprensa" (ano IV,
número 61, página 4, terceira e quarta colunas), no mesmo dia da publicação da segunda
resenha, no mesmo jornal e na mesma página (segunda coluna).

Resenhas da obra:

1857
. "A Imprensa", 17/10.

1860

. "A Imprensa", 1/8.

. "Jornal do Comércio", 4/8.

. "A Moderação", 11/8.

1861

. "A Verdadeira Marmota", 13/5.

Anúncios de "Úrsula" nos periódicos maranhenses: 50 no total, durante dois anos


e meio (de 18/2/1860 a 17/9/1862), a maioria deles em destaque e sem menção a outro
livro.

1860

. "A Imprensa": 18 e 22/2; 11 e 16/4; 1, 8, 15 e 18/8; 12 e 19/9; 3, 10, 17 e 27/10; 22,


24 e 28/11; 1, 22, 27 e 29/12.

. "A Moderação": 11/8.

. "Publicador Maranhense": 9, 10, 18 e 21/8; 3/9.

1861

. "A Imprensa": 3/2; 21, 27 e 30/3; 17/4; 11/5; 13/6; 31/7; 31/8; 12/10; 23/11; 4, 11,
21 e 26/12.

1862

. "A Imprensa": 2, 9 e 11/1.

. "A Coalição": 22/2; 8 e 15/3; 15/5; 17/9.

Menções adicionais a "Úrsula" no século XIX:

1867

. "Semanário Maranhense", 3/11.

1871

. "(A) Esperança" (MA).

. "O Espírito-Santense", 4/11.

Esta, a única menção a obras de Maria Firmina fora do Maranhão, na mídia do século
XIX.
1875

. "Publicador Maranhense", 16/11.

1900

. "Dicionário Bibliográfico Brasileiro", Sacramento Blake.

Menções a Maria Firmina (1900-1963):

1903

. "História da Literatura Brasileira - Tomo Segundo (1830-1870)", Sílvio Romero.

1913

. "Revista Tipográfica" (MA).

Observação: menção provável a "Úrsula".

1917

. Palestra "Celso Magalhães", de Fran Pacheco, na Academia Maranhense de Letras,


11/11/1917.

Observação: palestra proferida no dia do falecimento de Maria Firmina.

1918

. "Revista da Academia Maranhense de Letras", número 1, 1916-1918, estudo "Celso


Magalhães", de Fran Pacheco.

1922

. "O Jornal" (MA), artigo "Joaquim Serra", de Fran Pacheco, 28/10.

. Livro "O Maranhão no centenário da Independência: 1822/1922", José Ribeiro do


Amaral.

1929

. "Pacotilha" (MA), 7/11.

1954

. "As mulheres na literatura brasileira", artigo de Lúcia Miguel Pereira publicado na


revista "Anhembi", vol. XVII, número 49, em dezembro de 1954.

1957
. Livro "Fran Pacheco e as Figuras Maranhenses", de Joaquim Vieira Luz, estudo
"Celso Magalhães", de Fran Pacheco (lido na Academia Maranhense de Letras em 11 de
novembro de 1917).

1963

. Artigo da série "Quadros da Vida Maranhense", de Jerônimo de Viveiros, no


"Jornal do Dia".

Observação: única menção comprovada a "Úrsula", neste período.

1967

. Verbete "Maria Firmina dos Reis", "Dicionário mundial de mulheres notáveis", de


Américo Lopes de Oliveira e Mário Gonçalves Vianna.

Observação: menção provável a "Úrsula".

Primeiro período de obscuridade da autora: 1911-1973 (relativo ao Maranhão) e


1860-1973 (relativo ao Brasil).

Poucas menções ocasionais, sem nenhum destaque, em obras e artigos de leitura


restrita.

Redescoberta de "Úrsula" (1967-1969): encontro fortuito de um exemplar de


"Úrsula", entre 1967 e 1969, pelo escritor paraibano Horácio de Almeida, em um sebo
do Rio de Janeiro.

Período de pesquisa sobre o nome da autora de "Úrsula": a partir do ano da


descoberta do exemplar, também por Horácio de Almeida (ano decisivo não
especificado pelo autor).

Descoberta de outras produções de Maria Firmina (1973-1975): resultado de


pesquisas exaustivas do escritor José Nascimento Morais Filho na Biblioteca Pública
Benedito Leite, em São Luís (Maranhão); incluem contos, textos em prosa, poemas e
jogos de palavras.

Primeira menção de Maria Firmina em coletânea do século XX (1973): "Nossos


Céu Tem Mais Estrelas: 140 Anos de Poesia Maranhense", de Clóvis Ramos.

Primeira associação de Maria Firmina à condição de primeira romancista


brasileira (1974): artigo "A Primeira Romancista no Brasil", assinado por "Um
Acadêmico" e publicado nos "Anais do Cenáculo Brasileiro de Letras e Artes ― 1973",
com base em informações de Horácio de Almeida.

Publicação da segunda edição de "Úrsula" (1975): edição fac-similar promovida


por José Nascimento Morais Filho, com texto e prefácio aos cuidados de Horácio de
Almeida, em comemoração aos 150 anos de nascimento da escritora (segundo o
conhecimento da época).
Período de divulgação nacional de "Úrsula" (1975-1978):

1975

. "Homenagens à primeira romancista brasileira", jornal "Luta Democrática (Rio),


12-13/10.

. "Maria Firmina, a glória literária da mulher maranhense", jornal "O Globo" (Rio),
18/10.

. "Primeira mulher escritora do Brasil tem homenagens", jornal "Tribuna da


Imprensa" (Rio), 8-9/11.

. "A primeira romancista brasileira", Josué Montello, "Jornal do Brasil" (Rio), 11/11.

. "Maranhense é a primeira romancista", jornal "O Estado de S. Paulo", 11/11.

. "Maranhense foi a pioneira do romance", Eduardo de Maia, jornal "Diário de


Notícias" (Rio), 26/11.

. "Primeira Crítica ─ Úrsula", Marcílio Farias, "Jornal de Brasília", 5/12.

. Revista "Brasil Açucareiro", ano XLIV, volume LXXXVI, número 6, dezembro de


1975.

1976

. "La Primera Novelista Brasileña", tradução espanhola de "A primeira romancista


brasileira", de Josué Montello (1975), "Revista de Cultura Brasileña", número 41, Madri
(Espanha).

Observação: primeiro artigo sobre Maria Firmina publicado no exterior.

1977

. Livro "Apontamentos de literatura maranhense (uma abordagem contextual que


leva em conta os fatores políticos, sociais e econômicos)", Jomar Moraes.

. "História da Inteligência Brasileira, Volume II (1794-1855)", Wilson Martins.

. "História da Inteligência Brasileira, Volume III (1855-1877)", Wilson Martins.

. "Maria Firmina", jornal "Última Hora", Adonias Filho, 13/12.

1978

. Verbete "Maria Firmina dos Reis", "Dicionário Literário Brasileiro", segunda


edição, Raimundo de Menezes.

. Verbete "Maria Firmina dos Reis, "Dicionário de literatura. Literatura brasileira.


Literatura portuguesa. Literatura galega", Jacinto do Prado, terceira edição, Portugal.
1979

. "Revista da Academia Paulista de Letras", volume 36, número 96.

Segundo período de obscuridade da autora (1979-1985):

1981

. "Mulher brasileira: bibliografia anotada - volume 2", vários autores.

1982

. "Il Negro nel Romanzo Brasiliano" ("O Negro no Romance Brasileiro"), Giorgio
Marotti, Itália.

Observação: primeira menção do nome de Maria Firmina em livro de estudos


literários publicado no exterior.

1983

. "Do Bom Jesus a Jubiabá", entrevista de Giorgio Marotti sobre o livro "Il Negro nel
Romanzo Brasiliano", "Jornal do Brasil", 22/1.

1985

. "Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão", número 8.

"Entrada" de Maria Firmina dos Reis na Academia (1986 -1987):

1986

. "Um auto-retrato de mulher: a pioneira maranhense Maria Firmina dos Reis", Luiza
Lobo, revista "Letterature d’America" ano 7, números 29-30-31, 1986-87, Itália.

Observação: primeiro trabalho acadêmico de autor brasileiro centrado


exclusivamente em Maria Firmina dos Reis.

. Verbete "Maria Firmina dos Reis", Maria de Lourdes Ribeiro Brandão, em


"Mulheres do Brasil", terceiro volume.

. Texto sobre a autora na revista "Presença da mulher".

1987

. "Encantações: escritoras e imaginação literária no Brasil", tese de doutorado de


Norma de Abreu Telles (USP), 30/12/1987.

Observação: primeira defesa de trabalho acadêmico em que Maria Firmina ocupa


lugar de destaque.

. "Maria Firmina dos Reis", no livreto "A mulher negra tem história", Coletivo de
Mulheres Negras da Baixada Santista.
Lançamento da terceira edição do romance (1988):

. "Úrsula", Maria Firmina dos Reis, 3ª edição, organização, atualização do texto e


notas por Luiza Lobo, prefácio de Charles Martin, Presença Edições (RJ) e Instituto
Nacional do Livro (INL, Brasília).

Desenvolvimento de estudos sobre Maria Firmina (1988-2003)

1988

. "O Negro de Objeto a Sujeito", Luiza Lobo, "Jornal do Brasil", caderno "Ideias",
14/5.

Observação: primeira menção da importância de "Úrsula" em ensaio publicado em


jornal brasileiro.

. "A pioneira maranhense Maria Firmina dos Reis" (versão resumida), Luiza Lobo,
IV Jornada de Estudos Americanos da Associação Brasileira de Estudos Americanos
(Mariana, MG), 25-27/5.

Observação: primeira apresentação em público de um trabalho acadêmico sobre


Maria Firmina.

. "Sonhos e iluminações das mulheres loucas da literatura", Norma Telles, revista


"Escrita", ano XIII, número 39.

. "Maria Firmina, uma escritora mulata", Maria Lúcia de Barros Mott, estudo
publicado no livro "Submissão e resistência: a mulher na luta contra a escravidão".

1989

. "A pioneira maranhense Maria Firmina dos Reis", Luiza Lobo, "Revista de Estudos
Afro-Asiáticos", volume 16.

Observação: primeiro trabalho acadêmico sobre Maria Firmina publicado em revista


de estudos afros.

. "Escritoras negras resgatando a nossa história", Maria Lúcia de Barros Mott, Centro
Interdisciplinar de Estudos Contemporâneos/UFRJ.

. "Rebeldes, Escritoras, Abolicionistas", Norma de Abreu Telles, "Revista de


História", número 120 (janeiro-julho de 1989).

1990

. "Escritoras negras: buscando sua história", Maria Lúcia de Barros Mott, "A Mulher
na Literatura ─ Volume III", Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

. "Artimanhas nas entrelinhas: leitura do paratexto de escritoras do século XIX"


Zahidé Lupinacci Muzart, V Encontro Nacional da Anpoll, Recife (PE).
. "O negro na literatura maranhense", Luzia Navas-Toríbio, Academia Maranhense
de Letras (São Luís).

1993

. Um auto-retrato de mulher: a pioneira maranhense Maria Firmina dos Reis", Luiza


Lobo, no livro "Crítica sem Juízo".

. "O Negro de Objeto a Sujeito", Luiza Lobo, no livro "Crítica sem Juízo".

1995

. "Maria Firmina dos Reis, negra memória do Maranhão", Alfredo Souza Dorea,
"Cadernos do Ceas (Centro de Estudos e Ação Social)", "300 anos de Zumbi", Salvador
(BA).

1997

. "La opresión sexual y racial en Úrsula y A Escrava Isaura", Sara V. Rosell, no livro
"La Novela Antiesclavista en Cuba y Brasil, Siglo XIX" ("O Romance Antiescravagista
em Cuba e Brasil, Século XIX"), Madri (ESP).

1999

. Verbete "Maria Firmina dos Reis", no livro "Escritoras Brasileiras do Século XIX",
Zahidé Lupinacci Muzart, Florianópolis (SC).

2001

. "A escritura vanguarda de Maria Firmina dos Reis: inscrição de uma diferença na
literatura do século XIX", Cristiana Maria Costa de Oliveira, Faculdade de Letras da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

. Verbete "Maria Firmina dos Reis", "Enciclopédia de Literatura brasileira", segundo


volume, Afrânio Coutinho e José Galante Sousa, São Paulo.

2002

. "El melodrama romántico: La crítica al sistema patriarcal em 'Ursula' de Maria


Firmina dos Reis" ("O melodrama romântico: A crítica ao sistema patriarcal em
'Úrsula', de Maria Firmina dos Reis", Joan Torres-Pou, no livro "Aproximaciones a la
narrativa femenina del diecinueve en Latinoamérica" ("Aproximações à narrativa
feminina do século dezenove na América Latina").

2003

. "Impacto de los Centros en el Currículo Educativo" ("Impacto dos Centros no


Currículo Educativo"), Dulcina Tereza Bonati Bordes, Edmar Henrique D. Davi e Jane
de Fátima S. Rodrigues, "Caderno Espaço Feminino", volume 10, números 12-13,
dezembro de 2003.
Quarta edição de "Úrsula" (Editora Mulheres, 2004):

2004

. "Úrsula" e "A Escrava", Maria Firmina dos Reis, organização de Zahidé Lupinacci
Muzart, atualização de texto e posfácio de Eduardo de Assis Duarte, Belo Horizonte
(MG), 2004.

Edição de "Úrsula" pela Editora O Dia (2008):

2008

. "Úrsula ─ Romance Afrodescendente", Maria Firmina dos Reis, Editora O Dia.

Quinta edição de "Úrsula" (Editora Mulheres, 2009):

2009

. "Úrsula" e "A Escrava", edição comemorativa dos 150 anos do romance,


atualização do texto e posfácio de Eduardo de Assis Duarte, Florianópolis (SC) e PUC
Minas (Belo Horizonte).

Primeira edição digital e gratuita de "Úrsula" (2017)

2017

. "Úrsula", Maria Firmina dos Reis, Editora Cadernos do Mundo Inteiro.

Edições comemorativas do centenário de falecimento de Maria Firmina (2017):

2017

. "Úrsula", Maria Firmina dos Reis, 6ª edição, apresentação e posfácio de Eduardo de


Assis Duarte, Editora PUC Minas (Belo Horizonte).

. "Memorial de Maria Firmina dos Reis ─ Prosa Completa & Poesia", Livro 01,
Editora Uirapuru, São Paulo.

Edições digitais de "Úrsula":

. Segunda edição da obra, fac-similar (1975), no site da Biblioteca Pública Benedito


Leite, de São Luís.

. O mesmo arquivo, no site Recanto das Letras.

. O mesmo arquivo no site Ebah (que exige conta).

. Texto original sem atualização, no site Github.

. Quarta edição da obra (2009), no site Scribd.

Nomes fundamentais na consolidação de Maria Firmina em nossa literatura:


Horácio de Almeida

. Descobridor do único exemplar conhecido da primeira edição de "Úrsula" (entre


1967 e 1969).

. Responsável pela primeira edição fac-similar do texto do romance (1975).

José Nascimento Morais Filho

. O maior pesquisador da obra e da vida da escritora.

. Organizador da publicação da segunda edição de "Úrsula" (1975).

. Autor da biografia "Maria Firmina ─ Fragmentos de uma Vida" (1975).

. Descobridor do único volume conhecido da primeira edição de "Cantos à Beira-


Mar" (1871), reeditado por ele em 1976.

. Responsável pela descoberta de poemas, textos, jogos de palavras e inúmeras


informações sobre a escritora, entre outras contribuições.

Luiza Lobo

. Introdutora de Maria Firmina na Academia, com o primeiro trabalho acadêmico


sobre a autora, em 1986.

. Primeiro brasileiro a publicar um trabalho acadêmico sobre Maria Firmina em


revista estrangeira ("Um auto-retrato de mulher: a pioneira maranhense Maria Firmina
dos Reis", revista "Letterature d’America", Itália, 1986-1987).

. Primeiro estudioso a ressaltar a importância de Maria Firmina em um ensaio


publicado em jornal ("O Negro de Objeto a Sujeito", "Jornal do Brasil", 1988).

. Primeiro estudioso a apresentar um trabalho sobre Maria Firmina em público ("A


pioneira maranhense Maria Firmina dos Reis", IV Jornada de Estudos Americanos da
Associação Brasileira de Estudos Americanos, Mariana, MG), em 1988.

. Primeiro estudioso a publicar um trabalho sobre Maria Firmina em revista de


estudos afros ("A pioneira maranhense Maria Firmina dos Reis", "Revista de Estudos
Afro-Asiáticos", volume 16), em 1989.

. Organizadora da segunda edição do romance (1988).

. Primeira atualizadora do texto de "Úrsula", em 1988.

. Primeiro escritor a publicar estudos sobre Maria Firmina em livro de crítica literária
("Crítica sem Juízo"), 1993.

. A mais antiga estudiosa da autora em atividade, com produções publicadas até


2015.
Zahidé Lupinacci Muzart

. Organizadora da edição conjunta de "Úrsula" (quarta edição) e "A Escrava" em


2004.

. Organizadora da edição conjunta de "Úrsula" (quinta edição) e "A Escrava" em


2009.

Essas duas edições difundiram o nome e a obra de Maria Firmina de maneira


definitiva.

__________________________________________

Apresentação

"Úrsula", o primeiro e único romance de Maria Firmina dos Reis, teve uma história
bem mais complexa do que a contada na maioria das páginas da Web, e essa história
será integralmente relatada neste artigo, abrangendo o período de 1857 a 2017.

A história de "Úrsula"

1. A história anterior ao lançamento (1857-1860)

Essa história pode ser lida em detalhes no artigo "O ano da primeira divulgação do
romance 'Úrsula', de Maria Firmina dos Reis", disponível nesta pasta do OneDrive,
subpasta Maria Firmina dos Reis.

Em resumo, não se conhece nenhuma informação sobre o processo e o período de


criação de "Úrsula", já que o "Álbum" de Maria Firmina, cujo conteúdo completo se
encontra no artigo "O 'Álbum' (o diário) de Maria Firmina dos Reis" (também
disponível na pasta), não trata dos próprios livros da autora.

1857 - A primeira campanha de subscrição

Sabe-se, entretanto, que em 17 de outubro de 1857 o jornal maranhense "A


Imprensa" (ano I, número 40, página 3, segunda coluna) publicou a primeira resenha do
romance, com o título "Prospecto", assinada por "O Caixeiro d'Alfaiate".

Ao final da resenha vinha a informação sobre a abertura do período de subscrição


para o livro.

O sistema de subscrição era um procedimento comum naquela época, desde os


primeiros periódicos literários publicados na década de 30 do mesmo século XIX. Os
subscritores iam a uma tipografia e assinavam em uma lista de nomes, assumindo o
compromisso de comprar o livro ou o jornal, antes mesmo de sua impressão. Quando
estes fossem lançados, os subscritores voltavam à tipografia para pagar o valor do
exemplar do livro ou da assinatura do jornal, e recebiam então o seu exemplar. Como
não havia editoras, as tipografias eram as empresas procuradas por jornalistas
independentes e escritores, desejosos de imprimir suas obras, e elas também faziam a
captação dos recursos necessários para essa fase de produção.

No caso de "Úrsula", a primeira campanha de subscrição fracassou. Uma boa parte


do insucesso pode ser atribuída àquela única resenha do romance, que terminava com o
jornalista solicitando aos leitores que "desculpassem" a escritora por sua, na visão dele,
canhestra tentativa literária.

1860 - A segunda campanha de subscrição

Em 18 de fevereiro de 1860, o mesmo jornal "A Imprensa" (ano IV, número 11)
anunciou o início de nova campanha de subscrição para a publicação do romance. Essa
segunda campanha, bem-sucedida, foi coroada com a publicação de um anúncio de
"Vende-se", em 1º de agosto de 1860, no mesmo jornal "A Imprensa" (ano IV, número
61, página 4, terceira e quarta colunas). Nesse dia e nessa mesma página (na segunda
coluna), deu-se a publicação da segunda resenha de "Úrsula", esta bem mais favorável à
escritora.

Portanto, o verdadeiro ano de lançamento de "Úrsula" é 1860, e não 1859, como está
impresso na folha de rosto da primeira edição. Esse descompasso entre ano impresso e
ano de venda de um livro não era incomum naquela época.

2. O lançamento da primeira edição (1860)

Esta é folha de rosto da primeira edição de "Úrsula".


"Romance original brasileiro" ou "Romance brasileiro" era uma fórmula utilizada
desde a década de 40 do século XIX para distinguir as criações nacionais das inúmeras
traduções ou adaptações de romances estrangeiros, que constituíam a maioria das obras
de ficção oferecidas em nosso país, naquela época.

Muitos "romances" nacionais não passavam de novelas ou mesmo contos. A própria


Maria Firmina veio a utilizar a expressão "Romance brasilienese" para "Gupeva", um
conto ou, no máximo, uma noveleta, publicada em 1861. Mas no caso de "Úrsula" tem-
se uma obra que, mesmo se lançada atualmente, seria de fato considerada um romance.

O pseudônimo "Uma Maranhense" revelava a intenção de Maria Firmina de se


preservar das possíveis críticas à sua ousada iniciativa literária: afinal, tratava-se de uma
mulher, negra, pobre, desprovida de instrução regular, moradora de uma pequena vila
(cerca de 10.000 habitantes), distante da capital São Luís, não integrada ao meio
artístico, lançando um romance crítico a uma instituição que estava na base da
sociedade e da economia de sua época (a escravidão dos negros para utilização deles
como mão de obra gratuita).
Das cinco resenhas conhecidas de "Úrsula", somente a primeira respeitou o desejo de
privacidade da autora. As outras quatro, publicadas à época do lançamento, revelaram o
seu nome completo aos leitores. Esses quatro resenhistas eram, obviamente, homens.

As resenhas saíram nestes jornais:

. "A Imprensa", 17 de outubro de 1857, ano I, número 40, página 3, segunda coluna.

. "A Imprensa", 1º de agosto de 1860, ano IV, número 61, página 4, segunda coluna.

. "Jornal do Comércio", 4 de agosto de 1860, ano III, número 61, página 2, terceira
coluna.

. "A Moderação", 11 de agosto de 1860.

. "A Verdadeira Marmota", 13 de maio de 1861.

A Tipografia do Progresso, situada em São Luís, imprimiu e depois divulgou e


vendeu os exemplares do romance. No total, 50 anúncios, a maioria deles em destaque e
sem menção a outro livro, divulgaram a obra de Maria Firmina durante dois anos e meio
(de 18/2/1860 a 17/9/1862) nos jornais maranhenses. Não se conhece nenhuma menção
a "Úrsula", nesta época, em qualquer publicação de outro estado brasileiro.

Estes são os dados sobre os anúncios (assim como as resenhas, mostrados em


imagens no artigo "O ano da primeira divulgação do romance 'Úrsula', de Maria Firmina
dos Reis", disponível nesta pasta).

. "A Imprensa": 18 e 22/2/1860; 11 e 16/4/1860; 1, 8, 15 e 18/8/1860; 12 e


19/9/1860; 3, 10, 17 e 27/10/1860; 22, 24 e 28/11/1860; 1, 22, 27 e 29/12/1860;

3/2/1861; 21, 27 e 30/3/1861; 17/4/1861; 11/5/1861; 13/6/1861; 31/7/1816;


31/8/1861; 12/10/1861; 23/11/1861; 4, 11, 21 e 26/12/1861;

2, 9 e 11/1/1862.

. "A Moderação": 11/8/1860.

. "Publicador Maranhense": 9, 10, 18 e 21/8/1860; 3/9/1860.

. "A Coalição": 22/2/1862; 8 e 15/3/1862; 15/5/1862; 17/9/1862.

3. A história posterior ao lançamento (1862-1967)

São conhecidas somente cinco menções a "Úrsula" no século XIX, após o


lançamento e a divulgação inicial do romance pela Tipografia Progresso.

1867 - "Seminário Maranhense" (MA)


Em 3 de novembro de 1867, o romance foi mencionado numa nota do "Semanário
Maranhense", a respeito da publicação do poema "Meditação", na página anterior do
jornal.

"Semanário Maranhense", 3/11/1867, ano I, número 10, página 8, segunda coluna,


penúltimo parágrafo.

http://memoria.bn.br/DocReader/720097/80

1871 - "Esperança" (MA) e "O Espírito-Santense" (ES)

Este autor encontrou, em 2017, a única menção ao livro de poemas "Cantos à Beira-
Mar" publicada em periódico não maranhense. Curiosamente, ela saiu em jornal do
Espírito Santo, "O Espírito-Santense", em 4 de novembro de 1871.

_______________

"Publicação. — Lê-se na Esperança do Maranhão:

"Com o título de Cantos à beira mar, vai publicar um volume de poesias a exmª sra
d. Maria Firmina dos Reis, inteligente professora pública da Vila de Guimarães, nesta
província.

"Esta distinta poetisa é já muito conhecida pelos seus trabalhos literários, que têm
corrido impressos, nos nossos jornais e no Parnaso maranhense; é também a autora do
romance original brasileiro Úrsula.

"D. Maria Firmina emprega as poucas horas, que sobram do seu elevado e afanoso
mister, na grandiosa missão do cultivo das musas.

"Nós a cumprimentamos."
"O Espírito-Santense", 4/11/1871, ano II, número 78, página 2, primeira coluna.

http://memoria.bn.br/docreader/217611/270

_______________

Como se pode constatar pelo texto, a nota foi reproduzida do jornal "Esperança", do
Maranhão, cujos exemplares não estão disponíveis para consulta online. E o romance
"Úrsula" também é mencionado na nota original.

16 de dezembro de 1875 - "Publicador Maranhense"

Na biografia da autora, José Nascimento Morais Filho conta que Maria Firmina doou
nesse dia um exemplar de seu romance ao Ateneu Maranhense, sociedade literária do
seu Estado, conforme nota do jornal "Publicador Maranhense". Esse exemplar não está
disponível para acesso online.

1900 - "Dicionário Bibliográfico Brasileiro"

O primeiro registro conhecido de "Úrsula" em livro deu-se no "Dicionário


Bibliográfico Brasileiro", obra de referência escrita por Augusto Victorino Alves
Sacramento Blake.
"Dicionário Bibliográfico Brasileiro", página 232, Augusto Victorino Alves
Sacramento Blake, Sexto volume, Rio de Janeiro, 1900.

http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/14856

Também foi o último registro no século XIX.

No século XX, até a década de 70, são conhecidas apenas nove menções a Maria
Firmina dos Reis, em livros ou publicações da mídia.

1903 - "História da Literatura Brasileira"

Maria Firmina é citada entre outros escritores que contribuíram para o "Parnaso
Maranhense", na página 390 do segundo volume da obra de Sílvio Romero.
"História da Literatura Brasileira - Tomo Segundo (1830-1870)", Sílvio Romero,
páginas 389 e 390, H. Garnier, Rio de Janeiro, 1903.

https://archive.org/details/historiadalitte00romegoog

1913 - "Revista Tipográfica"

José Nascimento Morais Filho, em sua biografia sobre a escritora, informa que o
artigo "A Imprensa no Maranhão: Jornais e Jornalistas", escrito pelo historiador José
Ribeiro do Amaral (1853-1927) e centrado no tipógrafo maranhense Belarmino de
Matos (1830-1870), cita a autora ao tratar da publicação "Semanário Maranhense":

"[...] a poetisa D. Maria Firmina dos Reis, que vive, também, em Guimarães, e que,
conquanto nonagenária conserva ainda grande lucidez de espírito".

Segundo Nascimento, o artigo saiu na "Revista Tipográfica" em 1913 (volume não


mencionado).

11 de novembro de 1917 - Academia Maranhense de Letras

A terceira dessas menções pertence a um artigo do escritor [Manuel] Fran Pacheco


(9/3/1874-17/9/1952), português nato que passou grande parte de sua vida no
Maranhão. Trata-se do simples registro do nome da autora entre os colaboradores do
"Seminário Maranhense", acompanhado de breve comentário e reproduzido no livro
"Fran Pacheco e as Figuras Maranhenses", de Joaquim Vieira Luz (Livros de Portugal
S. A., Edições Dois Mundos, Rio de Janeiro, 1957), na página 237.

"Fran Pacheco e as Figuras Maranhenses", de Joaquim Vieira Luz, página 237,


Livros de Portugal S. A., Edições Dois Mundos, Rio de Janeiro, 1957.

O trecho faz parte de um longo estudo lido por Fran Pacheco em sessão pública na
Academia Maranhense, sobre o escritor homenageado Celso Tertuliano da Cunha
Magalhães. No livro supracitado, o texto vai da página 224 à 255. Esse estudo foi
publicado originalmente no primeiro volume da "Revista da Academia Maranhense de
Letras" (1916-1918).

No trecho acima, lê-se:

"[...] Maria Firmina dos Reis, ainda viva, soterrada nas paragens vimaranenses,
vergando ao peso de 92 janeiros, de par com Ricardo Carvalho."

Curiosamente, a sessão transcorreu em 11 de novembro de 1917.

"Fran Pacheco e as Figuras Maranhenses", de Joaquim Vieira Luz, página 224,


Livros de Portugal S. A., Edições Dois Mundos, Rio de Janeiro, 1957.

Maria Firmina faleceu exatamente no dia em que seu nome era mencionado de
passagem na Academia Maranhense ― aliás, a única menção conhecida à autora por
uma academia literária em sua época. Talvez se possa considerar essa menção uma
conquista que simbolicamente coroou a longa vida de nossa primeira romancista: o dia
em que saiu da vida para entrar na Academia.

A Academia Maranhense havia sido fundada em 10 de agosto de 1908, tendo como


um dos fundadores justamente o orador Fran Pacheco.

1918

Publicação na "Revista da Academia Maranhense de Letras", número 1, 1916-1918,


do estudo referido logo acima ("Celso Magalhães"), de Fran Pacheco.

"Fran Pacheco e as Figuras Maranhenses", de Joaquim Vieira Luz, página 224,


Livros de Portugal S. A., Edições Dois Mundos, Rio de Janeiro, 1957.

28 de outubro de 1922 - "O Jornal"

O mesmo Fran Pacheco registraria uma informação diferente sobre a autora, em


1922, no artigo "Joaquim Serra", em nova menção ao "Semanário Maranhense":

"[...] Maria Firmina dos Reis, que sucumbiu, com uns 93 janeiros, em 1918".
"O Jornal" (MA), 28/10/1822, ano VIII, número 1530, página 1, segunda coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/720593/8250

Ressalte-se que o livro "Figuras Maranhenses", a fonte do artigo reproduzido no


jornal, não é o mesmo que "Fran Pacheco e as Figuras Maranhenses", de Joaquim Vieira
Luz. Aparentemente, o livro de Fran Pacheco jamais foi publicado, como sugere esta
observação no artigo "A Semana Carioca (15 a 22 de março)", publicado no jornal
"Pacotilha" em 1936:
"Pacotilha", 2/4/1936, ano LI, número 498, página 5, terceira coluna, em "A Semana
Carioca (15 a 22 de março)".

http://memoria.bn.br/DocReader/168319_02/28885

Em 1937, a Mesa da Assembleia Legislativa do Maranhão recebeu um abaixo-


assinado subscrito por dezenas de intelectuais daquele Estado, solicitando que o
governo do Maranhão entrasse em negociação com Fran Pacheco para a publicação do
livro "Figuras Maranhenses".

"O Imparcial", 3/10/1937, ano XII, número 5704, página 4, primeira e segunda
colunas, em "Figuras Maranhenses".

http://memoria.bn.br/DocReader/107646/20299

Mas em 1949 nada havia mudado:

"Diário de S. Luiz", 17/3/1949, ano V, número 1255, página 8, segunda coluna,


quarto parágrafo, em "Fran Paxeco e a Medicina Maranhense".

http://memoria.bn.br/DocReader/093874/12845
1922 - "O Maranhão no centenário da Independência: 1822/1922"

José Nascimento Morais Filho, em sua biografia sobre a escritora, informa que José
Ribeiro do Amaral cita a autora maranhense em seu livro "O Maranhão no Centenário
da Independência: 1822/1922", publicado em 1922, em três volumes. A citação se dá no
verbete POESIA:

"Maria Firmina dos Reis há pouco falecida já nonagenária".

Embora essa obra não seja mais encontrada, seus originais estão preservados na
Seção de Obras Raras da Biblioteca Pública Benedito Leite, em São Luís.

7 de novembro de 1929

Em 1929, o jornal maranhense "Pacotilha" informou, em sua Retrospectiva, que o


poema "Nênia ─ A Sentida Morte de Raymundo Marcos Cordeiro", de Maria Firmina,
havia sido publicado em 9 de setembro de 1881 em "O País. A data correta é 7 de
setembro.

"Pacotilha", 7/11/1929, ano XLVIII, número 2015, página, terceira coluna, quarto
parágrafo.
http://memoria.bn.br/docreader/168319_02/25100

1954

As coletâneas de fontes sobre Maria Firmina disponíveis na Web apontam também


para o ensaio "As mulheres na literatura brasileira", de Lúcia Miguel Pereira, publicado
na revista "Anhembi", vol. XVII, número 49, dezembro de 1954, São Paulo.

Capa do número 47

https://sebodomessias.com.br/revista/diversos/anhembi-n-47-volume-xvi.aspx#

Esse ensaio está reproduzido na coletânea "O Século de Camus: Artigos para jornal,
1947-1955", lançada em 2015 pela editora Graphia, com organização de Luciana
Viégas.
http://graphia.com.br/livros/camus.php

Eis o trecho relevante do ensaio, reproduzido por Constância Lima Duarte:


"Arquivos de mulheres e mulheres anarquivadas: histórias de uma história mal
contada", Constância Lima Duarte, "Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea",
número 30, Universidade de Brasília, 2007.

http://periodicos.unb.br/index.php/estudos/article/view/2038

1957

Registro da menção de passagem a Maria Firmina no estudo "Celso Magalhães" (lido


por Fran Pacheco na Academia Maranhense de Letras em 11 de novembro de 1917 e
citado acima), na página 237 do livro "Fran Pacheco e as Figuras Maranhenses", de
Joaquim Vieira Luz (Livros de Portugal S. A., Edições Dois Mundos, Rio de Janeiro,
1957).

1963

Segundo José Nascimento Morais Filho, em 1963 o historiador Jerônimo de Viveiros


lembraria a escritora em artigo da série "Quadros da Vida Maranhense", no "Jornal do
Dia" (data não especificada):

"A [João Clímaco] Lobato [tido como o primeiro romancista maranhense] seguiu-se
uma moça, D. Maria Firmina dos Reis, professora pública de Guimarães, que editou em
1852 na tipografia do 'O Progresso' o romance Úrsula, magnificamente recebido pela
imprensa, e que depois inseriu 'Gupeva' na 'Juventude Maranhense'. Aquele livro é de
edição esgotada; nem os bibliófilos o possuem".

"Maria Firmina ─ Fragmentos de uma Vida", José Nascimento Morais Filho,


Governo do Maranhão, São Luís, 1976.

Destaquem-se os erros de informação sobre o ano (não 1852, mas 1860) e sobre o
periódico (tratava-se, na verdade, do "Eco da Juventude").

O livro "Quadros da Vida Maranhense" foi lançado em 1978 pela Fundação Cultural
do Maranhão (São Luís). Aparentemente, essa edição, de apenas 54 páginas, não traz o
artigo do "Jornal do Dia", nem reflete a longa série de artigos do pesquisador, publicada
em jornais do Maranhão.
https://books.google.com.br/books?redir_esc=y&hl=pt-
BR&id=Q_4JAQAAIAAJ&focus=searchwithinvolume&q=firmina

1967

Por último, as fontes na Web indicam também o "Dicionário mundial de mulheres


notáveis", de Américo Lopes de Oliveira e Mário Gonçalves Vianna, página 1114, Lello
& Irmão Editores, Porto (Portugal), 1967.

Fonte: http://150.164.100.248/literafro/data1/autores/102/foteatualizadas8.pdf
https://oportunityleiloes.auctionserver.net/view-
auctions/catalog/id/1635/lot/546349/?url=%2Fview-
auctions%2Fcatalog%2Fid%2F1635%3Fpage%3D39%26sort%3D4%26dir%3D0%26it
ems%3D10

O autor não conseguiu acesso ao trecho relevante.

Como se percebe, as nove alusões à autora maranhense foram esparsas e registradas


em textos de leitura especializada. E apenas a de 1963 mencionou, com certeza, o
romance de Maria Firmina.

Portanto, esses dados permitem afirmar que, na prática, "Úrsula", como texto
literário, não foi conhecido fora do estado do Maranhão no período desde o seu
lançamento em 1860 até 1975, ano de lançamento da segunda edição do romance.
Algumas afirmações disseminadas na Web sobre a influência de "Úrsula" na produção
de autores brasileiros não se sustentam, à vista desses dados: influência pressupõe
conhecimento; como não houve conhecimento, não poderia haver influência.

No próprio Maranhão, não se conhecem estudos que apontem a influência de Maria


Firmina, como escritora, ou do romance "Úrsula", na produção de algum outro escritor
daquele estado.

4. O primeiro período de obscuridade da autora (1860-1973 e 1911-1973)

Pode-se considerar que o período inicial de obscuridade de Maria Firmina, em


termos de Brasil, durou desde a sua estreia na literatura, em 1860, até os anos 70 do
século XX.
A mera menção de "Úrsula" e de outras duas obras ("Cantos à Beira-Mar" e "A
Escrava") no consagrado "Dicionário Bibliográfico Brasileiro" de Sacramento Blake
nada significou em termos concretos, devido à impossibilidade de acesso aos textos.

Em termos de Maranhão, esse período perdurou desde a última breve menção a


Maria Firmina num jornal maranhense, em 1911, por ocasião de uma visita de cortesia
do governador do Estado à professora adoentada, até a primeira metade da década de
70, quando José Nascimento Morais Filho começou a divulgar suas descobertas sobre a
autora.

É importante ressaltar que a maioria das menções anteriores ao final desse período
mencionava a "poetisa", e não a "romancista" Maria Firmina dos Reis, certamente
porque a atividade poética da escritora marcou bem mais, pela presença nos jornais
maranhenses, do que a sua atividade de romancista.

5. A redescoberta de "Úrsula" (1967-1969)

O nome importante desta fase é Horácio de Almeida (21/10/1896 - 5/6/1983).

Intelectual paraibano, Horácio de Almeida foi dicionarista, historiador, jornalista e


político. Um dos dez fundadores da Academia Paraibana de Letras, teve sua vida
contada em quadrinhos por Bruno Gaudêncio (roteiro) e Américo Filho (ilustração).

http://primeiraleituraenergisa.com.br/v2/livros/horacio-de-almeida-em-quadrinhos/

Uma das obras do escritor.


Livro autografado por Horácio de Almeida.

https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-695645963-brejo-de-areia-horacio-de-
almeida-1-edico-autografado-_JM

Ele mesmo nos conta a história da descoberta de um exemplar da primeira edição de


"Úrsula", no formato brochura, ao garimpar livros antigos em um sebo do Rio de
Janeiro.

_________________

Faz coisa de seis ou oito anos [ou seja, entre 1967 e 1969] comprei um lote de
livros, entre os quais vinha uma pequena brochura, que me despertou atenção. A bem
dizer, foi por causa dessa brochura que adquiri os livros em apreço. A folha de rosto
assim rezava:

Ursula / Romance Original Brasileiro / Por Uma Maranhense / San'Luis / Na


Typographia do Progresso / Rua Sant'Anna, 49 ―1859.

O Livro não trazia assinatura alguma. Consultei Tancredo [de Barros Paiva, autor
de "Achegas a um dicionário de pseudônimos", 1929], e outros dicionários de
pseudônimos e nenhum me revelou quem fosse "Uma Maranhense'. Pensei em
Sacramento Blake, mas só podia consultá-lo se tivesse o nome da autora, que era então
para mim uma incógnita. Fui ao índice do seu Dicionário [Bibliográfico Brasileiro],
levantado por Estados da Federação, obra bem curiosa de Otávio Torres, Salvador,
Bahia. Percorrendo a relação dos escritores maranhenses, encontrei Maria Firmina
dos Reis, que Sacramento Blake apresenta como autora do romance Ursula.

_________________

O índice mencionado por Horácio de Almeida é este:

http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/227315

Este foi o caminho seguido por Horácio de Almeida:


Página 61.

Página 66.

Continuando com o relato de Horácio de Almeida.

_________________

Estava decifrado o enigma, mas o livro continuou sem leitura. Passados alguns
anos, achei por bem fazer um trabalho para os Anais do Cenáculo [Brasileiro de Letras
e Artes] sobre um tema que me pareceu interessante. Cogitava de saber qual o primeiro
romance escrito no Brasil por uma mulher.

As investigações feitas me levaram ao romance Ursula, de Maria Firmina dos Reis,


dado a estampa em 1859. Antes, ninguém apontara outro. O que vale, no caso, é
romance e não tradução de romance, como fez Nísia Floresta, em 1850, na relação que
nos dá Sacramento Blake.
"Ursula, Romance Original Brasileiro", por Uma Maranhense, Edição fac-similar,
Rio de Janeiro, 1975, em "Prólogo por Horácio de Almeida", páginas IV, V e VI.
Cópia digitalizada pela Biblioteca do Congresso dos EUA.

https://catalog.loc.gov/vwebv/holdingsInfo?searchId=20778&recCount=25&recPoint
er=9&bibId=1298674

Uma observação: Sacramento Blake errou ao considerar "Dedicação d'Uma Amiga"


como uma obra traduzida. Trata-se de um legítimo romance de autoria de Nísia,
previsto para ter quatro volumes, mas que, por algum motivo, chegou a um final abrupto
no segundo volume. Somente por isso a obra de Nísia Floresta não pode ser considerada
o primeiro romance nacional: ela é, sim, o primeiro romance inacabado da literatura
brasileira.

6. A descoberta de outras produções de Maria Firmina (1973)

O nome importante desta fase é José Nascimento Morais Filho.

A esse escritor, poeta e pesquisador maranhense o Brasil deve no mínimo 90%


daquilo que se conhece atualmente sobre Maria Firmina.

Conta Nascimento Morais, na biografia "Maria Firmina ― Fragmentos de uma


Vida":

______________________

MARIA FIRMINA DOS REIS

Descobrimo-la, casualmente, em 1973, ao procurar nos bolorentos jornais do século


XIX, na Biblioteca "Benedito Leite", textos natalinos de autores maranhenses para
nossa obra "Esperando a Missa do Galo".

Embora participasse ativamente da vida intelectual maranhense publicando livros


ou colaborando quer em jornais e revistas literárias quer em antologia ─ "Parnaso
Maranhense" ─ cujos nomes foram relacionados em nota, sem exceção, por Sílvio
Romero, na sua "História da Literatura Brasileira", registrada no "cartório intelectual"
de Sacramento Blake - o "Dicionário Bibliográfico Brasileiro" ─ com surpreendentes
informações, quase todas ratificadas por nossa pesquisa, Maria Firmina dos Reis, lida
e aplaudida no seu tempo, foi como que por amnésia coletiva totalmente esquecida, o
nome e a obra!...

______________________
"Maria Firmina ─ Fragmentos de uma Vida", José Nascimento Morais Filho,
Governo do Maranhão, São Luís, 1976.

Imediatamente, ainda em 1973, Nascimento Morais conseguiu divulgar sua


descoberta através da antiga Agência Meridional de Notícias (primeira agência nacional
de notícias em nosso país, atualmente conhecida como D. A. Press). Sua entrevista para
o jornal maranhense "O Imparcial" em 11 de novembro de 1973 recebeu divulgação nos
jornais nacionais dos antigos Diários Associados, do empresário Assis Chateaubriand.

Também em 1973, o poeta e pesquisador Clóvis Ramos publicou o livro "Nosso Céu
Tem mais Estrelas ─ 140 Anos de Literatura Maranhense", no qual citou erroneamente
a autora maranhense como "Maria Emília dos Reis":

"Nosso céu tem mais estrelas: 140 anos de literatura maranhense", Clóvis Ramos,
Editora Pongetti, Rio de Janeiro, 1973.
https://books.google.com.br/books?redir_esc=y&hl=pt-
BR&id=H7AtAAAAYAAJ&focus=searchwithinvolume&q=maria+em%C3%ADlia

Em sua antologia seguinte, "Nossas Várzeas Têm Mais Flores: Poetas Modernos do
Maranhão" (1975), Clóvis realizou a devida correção:
"Nossas Várzeas Têm Mais Flores ─ Poetas Modernos do Maranhão", Clóvis
Ramos, Fundação Cultural do Maranhão, 1975.

http://www.harpyaleiloes.com.br/peca.asp?ID=214311

Página 153 do livro.

7. A primeira associação de Maria Firmina à condição de primeira romancista


do Brasil (1974)

Os nomes importantes desta fase são os de Horácio de Almeida e de um acadêmico


desconhecido, que assinou o artigo publicado nos "Anais do Cenáculo Brasileiro de
Letras e Artes ― 1973", mencionado por Horácio de Almeida em seu prólogo para a
segunda edição de "Úrsula".

O artigo, baseado em informações de Horácio de Almeida, tem por título "A


Primeira Romancista no Brasil". Por se tratar de um texto de importância histórica (a
primeira apresentação da obra pioneira de Maria Firmina ao público do século XX) e
por ser breve, ele será reproduzido a seguir.

_______________________________

A PRIMEIRA ROMANCISTA NO BRASIL

Em artigo publicado na Revista das Academias de Letras, n.º 77, 1970, intitulado
Raridades Bibliográficas, Horácio de Almeida fez uma pergunta que continua sem
resposta. Indagava dos entendidos em bibliografia qual o primeiro romance de mulher
brasileira publicado no Brasil.

São decorridos três anos e nem mesmo como curiosidade literária a pergunta
mereceu dos estudiosos a atenção que seria de esperar. Dar de ombros a tão magna
questão como a que procura fixar, em nosso país, o ponto pioneiro no desenvolvimento
das letras femininas não é atitude que corresponda ao grau de cultura já alcançado ou
que pretendemos ter.

A triste verdade é que ninguém esboçou um arremedo de resposta. Nem mesmo


Adalzira Bittencourt, autora do Dicionário Bio-Bibiográfico de Mulheres Ilustres do
Brasil. Estranho silêncio dos literatos brasileiros em reivindicar para a cultura feminina
o romance que primeiro circulou no Brasil, saído da pena de uma mulher. Trata-se de
pesquisa literária que interessa, de modo geral, aos estudiosos em assuntos
bibliográficos, particularmente às mulheres intelectuais que enchem de livros os balcões
das livrarias.

Para não dizer que o silêncio continua tumular foi quebrado certa vez numa roda de
livraria. Disse um ilustre escritor que a questão não é de alta indagação, pois o primeiro
romance de mulher brasileira era Aventuras de Diófanes, de Teresa Margarida da Silva
e Orta.

Com efeito, é o primeiro romance de mulher brasileira, mas a pergunta continua sem
resposta, porque não foi escrito nem publicado no Brasil. Teresa Margarida da Silva e
Orta, nascida em São Paulo, era irmã de Matias Aires Ramos da Silva de Eça e tanto ela
como o irmão deixaram nome nas letras. Em menina, acompanhou os pais que se
mudaram para Portugal e nunca mais voltou ao Brasil. Por lá publicou o seu livro
Aventuras de Diófanes, em 1752, oculta sob o pseudônimo de Dorotéa Engrássia
Tavareda Dalmira, romance que se enreda na fábula e já fazia bocejar os retóricos de
seu tempo.

Teresa Margarida foi de fato a primeira romancista do Brasil, mas não foi a primeira
no Brasil.

O que interessa no caso é saber qual o romance que primeiro surgiu no Brasil, escrito
por mulher. De punho masculino, aponta-se a Moreninha, de Joaquim Manoel de
Macedo, que ocupa o primeiro lugar. Qual o de punho feminino? Romance e não
tradução de romance, como fez Nísia Floresta, em 1850, na relação que nos dá
Sacramento Blake.

Não deixa de ser estranho o silêncio que pesa sobre tão memorável questão. Diante
disso, arrisco-me a uma resposta, só para abrir os debates. Ainda que venha a ser
contestado, sairá ganhando a literatura brasileira com a luz que se projetar sobre o
assunto.

Curioso será dizer que a primeira romancista no Brasil surgiu em uma província do
Norte [à época] e não no Rio de Janeiro, como poderia parecer óbvio. A nosso ver, o
Maranhão é a terra privilegiada. Foi lá, numa pequena cidade de interior, que uma
mulher, de nome ainda hoje obscuro, galgou posição como precursora entre as que se
firmaram depois na gestação do romance brasileiro. Úrsula é o nome do romance que
temos como o primeiro lançado no Brasil por uma mulher. A autora, temerosa da
crítica, oculta-se no anonimato, como mostra o frontispício do livro, textualmente
transcrito:

Úrsula — Romance Original Brasileiro ― Por uma Maranhense — San'Luis — Na


Typographla do Progresso, 49 — 1859.

Formato pequeno, in 12.º, 198 páginas e mais o índice das matérias em uma página
sem numeração. Encobre-se a autora com o manto de Uma Maranhense, mas o seu
nome é Maria Firmina dos Reis, segundo informa Sacramento Blake (Dicionário
Bibliográfico Brasileiro, v. 6, p. 232).

Nasceu na cidade de São Luís em 1825 e foi professora de primeiras letras em São
José de Guimarães, Maranhão, onde morou largos anos de sua vida. Cultivou a poesia e
publicou Cantos à Beira Mar, Úrsula e um outro romance intitulado A Escrava. Este
último parece ter saído somente em folhetim, nos jornais da terra. Se era parenta de
Sotero dos Reis, como o nome indica e a inteligência faz supor, não cabe aqui
destrinchar esse problema, que é mais da economia dos maranhenses. Também não há
lugar aqui para falar do mérito do romance, que se enquadra ao tempo dos mancebos
castos e das donzelas tímidas, tão afeitos aos suspiros amorosos.

A Biblioteca Nacional não possui o romance Úrsula, mas um exemplar dele, em bom
estado de conservação, poderá ser visto na biblioteca de Horácio de Almeida, que foi
quem nos forneceu notas e sugeriu a execução deste trabalho. A Biblioteca do
Maranhão igualmente não o tem. Por lá o escritor Nascimento Morais Filho anda
pesquisando dados, segundo informa a imprensa local, para demonstrar que Maria
Firmina dos Reis é a primeira romancista do Maranhão. Advirta-se que foi a primeira no
Brasil. Até prova em contrário, tenha-se Úrsula como o primeiro romance de autoria
feminina publicado no Brasil. Não há notícia de outro antes de 1859.

Com a palavra, agora, para um pronunciamento sobre o assunto, o bibliófilo Plínio


Doyle ou quem queira entrar no debate.

Um Académico

_____________________

Abaixo, as imagens relativas ao artigo original.


"Anais do Cenáculo Brasileiro de Letras e Artes ― 1973", março de 1974, páginas
72-74, Rio de Janeiro, GB, 1974.

O Acadêmico introduziu o texto informando sobre um artigo de Horácio de Almeida


publicado na "Revista das Academias de Letras, n.º 77, 1970", o qual ainda não foi
encontrado nas pesquisas.
Capa do número 81 da revista.

https://www.estantevirtual.com.br/fenixliber/diversos-autores-revista-das-academias-
de-letras-n-81-255910309

8. A continuidade das pesquisas sobre Maria Firmina (1974-1975)

O nome importante desta fase é, novamente, José Nascimento Morais Filho.

No artigo publicado nos "Anais do Cenáculo Brasileiro de Letras e Artes ― 1973", o


Acadêmico informava que o meio intelectual já conhecia, à época, o esforço do
pesquisador maranhense na busca por informações e textos relativos a Maria Firmina
dos Reis. Horácio de Almeida morava no Rio de Janeiro, e Nascimento Morais em São
Luís.

"Por lá o escritor Nascimento Morais Filho anda pesquisando dados, segundo


informa a imprensa local, para demonstrar que Maria Firmina dos Reis é a primeira
romancista do Maranhão."

Tendo conhecimento tanto da entrevista de Nascimento Morais em 1973 quanto do


artigo assinado pelo Acadêmico, Antônio de Oliveira (1911-2003), membro da
Academia Maranhense de Letras, entrou em contato com o pesquisador para informar
que conhecia o romance e também o seu feliz proprietário (Horácio de Almeida).
Faltava convencer o escritor paraibano, residente no Rio de Janeiro, a ceder o
exemplar para a publicação. A ponte coube ao escritor maranhense Guimarães Martins
(famoso por ter comprado os direitos dos textos e letras do poeta Catulo da Paixão
Cearense). Este convenceu Horácio de Almeida a enviar uma fotocópia do exemplar de
"Úrsula" a Nascimento Morais.

Posteriormente, Horácio de Almeida viria a doar esse exemplar valioso ao governo


do Estado do Maranhão.

Também nesse ano de 1974, os jornais maranhenses transcreveram as matérias


publicadas pela Agência Meridional de Notícias, ressaltando a importância da
descoberta do pesquisador.

Enquanto isso, Nascimento Morais continuava a buscar informações sobre a autora


maranhense, lendo pacientemente página a página os exemplares dos periódicos
disponíveis na Biblioteca Benedito Leite.

9. A publicação da segunda edição de "Úrsula" (1975)

Os nomes importantes desta fase são, novamente, Horácio de Almeida e José


Nascimento Morais Filho.

Nesse ano é afinal publicado o romance "Úrsula", em edição fac-similar preparada e


prefaciada por Horácio de Almeida.
Folha de rosto do exemplar comprado por Horácio de Almeida.

http://www.cultura.ma.gov.br/portal/sgc/modulos/sgc_bpbl/acervo_digital/arq_ad/20
150722152956.pdf
Folha de rosto da cópia digitalizada pela Biblioteca do Congresso dos EUA.

O livro tem 198 páginas e foi impresso pela Gráfica Olímpica Editora Ltda.

Nascimento Morais também publicou a introdução de sua biografia sobre Maria


Firmina em jornais (não especificados) de São Luís, nos dias 11 de outubro e 11 de
novembro de 1975.

A publicação de "Úrsula" fez parte das comemorações oficiais do sesquicentenário


de nascimento de Maria Firmina dos Reis, em 11 de outubro daquele ano, que incluiu
um carimbo comemorativo dos Correios, uma medalha de Honra ao Mérito instituída
pela Prefeitura de São Luís (desenho criado por Antônio de Jesus Garcês), a decretação
do Dia da Mulher Maranhense em homenagem à escritora e a inauguração de um busto
representativo de Maria Firmina (esculpido por Flory Gama), entre outras festividades.
Sabe-se hoje que a romancista nasceu, na verdade, em 11 de março de 1922.
Como as festividades foram relatadas no livro "Maria Firmina ─ Fragmentos de uma
Vida", também publicado em 1975, deduz-se que este livro veio a sair somente no final
desse ano.

No prólogo da segunda edição de "Úrsula", Horácio de Almeida prenunciava o


lançamento da biografia de Maria Firmina:

"Quem muito vem trabalhando para perpetuar a sua memória na terra natal é o
acadêmico Nascimento Morais Filho, que não descansa na tarefa de reunir fragmentos
para um volume da obra completa da autora, em edição atualizada".

Curiosamente, a breve resenha da primeira edição moderna de "Úrsula", publicada


no prefácio escrito por Horácio de Almeida em 1975, reproduziu a atitude crítica
impiedosa do primeiro resenhista do romance, em 1857. Segue-se o texto.

_________________________

Os horizontes em que exerce a ação do livro são demasiados limitados. Uma prosa
árida, jungida a preocupações escorreitas, como era moda, ressoa através de duzentas
páginas. Aqui e ali, como uma pedra de tropeço, topa o leitor com uma palavra fora de
uso, exumada dos clássicos. No mais, carece o romance de outros requisitos, como o
colorido das descrições, a fixação dos costumes, a espontaneidade do estilo coloquial.
Com relação ao coloquial, predomina o tratamento de vós entre todos os personagens,
até mesmo os mais humildes, os escravos, que não claudicam nas formas verbais.
Porventura não são também artificiosas as obras literárias dos tempos românticos?

A autora vai além e não consente que o drama de amor, em que implanta a ação do
livro, tenha consumação. Mata um a um todos os personagens, antes do tempo. Úrsula,
a principal figura do romance, morre assassinada, juntamente com o noivo, na hora em
que a vida lhe palpita felicidade, quando sai do altar para o abraço nupcial.

O noivo é um bacharel cheio de bacharelice, que morto não faria falta. No entanto,
Úrsula ama-o, com aquele amor clorótico [desbotado] dos tempos românticos. As cenas
de amor e de ódio, que no livro se sucedem, acontecem sem qualquer preparação
psicológica.

Cabe, todavia, a Maria Firmina dos Reis o privilégio até então inédito nos anais da
literatura brasileira de produzir o primeiro romance no Brasil, como pioneira da seara
feminina, sem influência alienígena, onde um escravo, por seu caráter, por sua alma
branca, ocupa lugar de destaque no plano da obra.

A glória é também do Maranhão, terra já afamada pela safra imensa de valores


humanos com que abasteceu o Brasil no século passado, para maior esplendor do
pensamento brasileiro no campo da literatura.
"Ursula, Romance Original Brasileiro", por Uma Maranhense, Edição fac-similar,
Rio de Janeiro, 1975, em "Prólogo por Horácio de Almeida", páginas VI, VII e VIII.

Cópia digitalizada pela Biblioteca do Congresso dos EUA.

10. O período de divulgação nacional de "Úrsula" (1975-1978)

Pela primeira vez, desde 1860, o nome de MFR transpunha as fronteiras do


Maranhão e ganhava o Brasil.

12-13 de outubro de 1975

A pesquisa na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional revela que o primeiro


jornal fora do Maranhão a noticiar o lançamento de "Úrsula" foi a "Luta Democrática",
do Rio de Janeiro, na edição de 12-13 de outubro de 1975.

__________________________

HOMENAGENS À PRIMEIRA ROMANCISTA BRASILEIRA

Numerosas solenidades assinalarão o transcurso do sesquicentenário de nascimento


da escritora, poetisa e benemérita maranhense Maria Firmina dos Reis, considerada a
primeira romancista brasileira. Nascida a 10 de outubro de 1825, filha da tradicional
família Sotero dos Reis, Maria Firmina escreveu, muito jovem, o romance "Úrsula",
com o pseudônimo da "Uma Maranhense".

Aqui no Rio de Janeiro, o "Grêmio Catullo da Paixão Cearense" promoveu, sob a


direção do escritor também maranhense Guimarães Martins, breve reunião cultural, em
que proferiu conferência sobre aspectos da vida e da obra da homenageada.

As principais festividades, porém, se realizarão em São Luís do Maranhão, no dia 11


de novembro próximo, sob o patrocínio do Instituto Histórico e Geográfico daquele
Estado e coordenação do poeta Nascimento Morais Filho. Naquela data, será
inaugurado o busto em bronze de Maria Firmina, obra do escultor Flori [Flory] Gama,
devendo ocorrer, também, por iniciativa da "Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos", o lançamento de um carimbo comemorativo, em solenidade a que deverá
comparecer o governador Nunes Freire.

"Luta Democrática", 12-13/10/1975, ano XXII, número 6905, página 7, terceira e


quarta colunas.

http://memoria.bn.br/DocReader/030678/59769

18 de outubro de 1975

A seguir, em 18 de outubro, o jornal carioca "O Globo" publicou um breve texto


intitulado "Maria Firmina, a glória literária da mulher maranhense", em que se via uma
foto de José Nascimento Morais Filho, em suas entrevistas para a biografia da escritora
(o conteúdo é acessível somente mediante pagamento).
"O Globo", 18/10/1975, edição matutina, Caderno "Cultura", página 38, última
coluna.

http://acervo.oglobo.globo.com/

8-9 de novembro de 1975

Em novembro, a "Tribuna da Imprensa", também do Rio, repetiu o texto da "Luta


Democrática", acrescentando-lhe um último parágrafo:

"O único exemplar do romance 'Úrsula' é de propriedade do escritor Horácio de


Almeida, que o cedeu ao governador Nunes Freire, e do qual foi feita em 'fac-símile'
uma edição especial e comemorativa".
"Tribuna da Imprensa" (RJ), 8-9/11/1975, número 8005, página 5, segunda e terceira
colunas.

http://memoria.bn.br/DocReader/154083_03/21784

11 de novembro de 1975

O texto mais importante, entretanto, saiu no "Jornal do Brasil" em 11 de novembro


daquele ano, escrito pelo acadêmico maranhense Josué Montello.

___________________________

A primeira romancista brasileira.

No dia de hoje, transcorre o sesquicentenário de nascimento de Maria Firmina dos


Reis. Este nome, isolado no papel, sem uma explicação da vida e da obra que o
tornaram memorável, nada dirá ao leitor comum. Também os estudiosos, que se
debruçam sobre os textos fundamentais de nossa cultura, ficarão em silêncio, de
sobrancelhas contraídas, sem saber ao certo de quem se trata. Maria Firmina dos
Reis? Nascida há 150 anos? E daí?

Dois pesquisadores maranhenses, Antônio de Oliveira e Nascimento Morais Filho,


são os responsáveis pela ressurreição literária de Maria Firmina dos Reis: o primeiro,
falando em voz baixa, como é de seu gosto e feitio: o segundo, falando alto,
ruidosamente, com uma garganta privilegiada, graças à qual, sem esforço, pode fazer-
se ouvir no Largo do Carmo, em São Luís, à hora em que se cruzam os automóveis,
misturando a estridência de suas buzinas e de seus canos de descarga ao sussurro do
vento nas árvores da praça.

Desta vez, ao que parece, Nascimento Morais Filho ergueu tão alto a voz
retumbante que o pais inteiro o escutou, na sua pregação em favor de Maria Firmina
dos Reis. Há quase dois anos, ao encontrar-me com ele na calçada do velho prédio da
Faculdade de Direito, na Capital maranhense, vi-o às voltas com originais da
escritora. Andava a recompor-lhe o destino recatado, revolvendo manuscritos,
consultando jornais antigos, esmiuçando almanaques e catálogos, como a querer imitar
Ulisses, que reanimava as sombras com uma gota de sangue.

E a verdade é que, no dia de hoje, Maria Firmina dos Reis dá pretexto a estudos e
discursos, e conquista o seu pequeno espaço na história do romance brasileiro — com
um nome, uma obra, e a glória de ter sido uma pioneira.

Maria Firmina dos Reis é, a rigor, a primeira romancista brasileira. É a [trecho


omitido] Teresa Margarida da Silva e Orta, irmã de Matias Aires, autora famosa das
Aventuras de Diófanes. Este livro, como se sabe, saiu pela primeira vez em Lisboa, em
1752, assinado com o pseudônimo de Dorothea Engrassia Tavareda Dalmira. Moldado
pelas Aventuras de Telêmaco, conforme nos sugere o seu título, não constitui matéria
pacífica, quanto à sua autoria. Por outro lado, assinala Antônio de Oliveira, não é um
livro brasileiro, quanto ao seu assunto.

Tudo quanto se sabia, sobre Maria Firmina dos Reis, antes dos estudos dos dois
pesquisadores maranhenses, cingia-se a um verbete do sexto volume do Dicionário
Bibliográfico Brasileiro, de Sacramento Blake. A escritora nasceu em São Luís, a 11 de
novembro de 1825, e foi professora de primeiras letras no interior do Maranhão. Sem
indicação das datas de publicação, Sacramento Blake relaciona três livros de sua
autoria: um de poesias, Cantos à Beira-Mar, e dois romances: Úrsula e A Escrava.

Orientado por uma indicação de Reis Carvalho, que suponho ler lido no seu estudo
sobre a Literatura Maranhense, constante de um dos tomos da Biblioteca Internacional
de Obras Célebres, lembro-me de ler compulsado na Biblioteca Nacional, ao tempo da
administração de Rodolfo Garcia, o primeiro desses romances, pertencente à coleção
Teresa Cristina. Mais tarde, tendo ali voltado para consultá-lo, com vistas a uma
informação que Viriato Correa me solicitara, já não mais o encontrei.

Vejo agora, por uma informação de Horácio de Almeida, que se trata a maior
raridade bibliográfica das letras maranhenses.

Encontrou-a Horácio de Almeida, há uns seis ou oito anos, num lote de livros velhos,
e adquiriu-a. Sobre esse exemplar, por ele doado ao Maranhão, fez-se agora uma
edição fac-similar, destinada a comemorar o sesquicentenário de nascimento da
escritora.

Por seu lado, Nascimento Morais Filho descobriu um romance indianista de Maria
Firmina das Reis, Gupeva, publicado em 1861 num periódico maranhense, Eco da
Juventude.

A edição fac-similar de Úrsula permite-nos agora aprofundar, à luz de um de seus


textos, que parece ser o mais importante que lhe saiu da pena, o talento literário da
escritora.
Diz Maria Firmina dos Reis, abrindo o seu livro: "Mesquinho e humilde livro é este
que vos apresento, leitor. Sei que passará entre o indiferentismo glacial de uns e o riso
mofador de outros, e ainda assim o dou a lume. Não é a vaidade de adquirir nome que
me cega, nem o amor-próprio de autora. Sei que pouco vale este romance, porque
escrito por uma mulher, e mulher brasileira, de educação acanhada e sem o trato e a
conversação dos homens ilustrados, que aconselham, que discutem e que corrigem, [;]
com uma instrução misérrima, apenas conhecendo a língua de seus país, e pouco lida,
o seu cabedal intelectual é quase nulo. Então por que o publicas? perguntará o leitor.
Como uma tentativa, e mais ainda por este amor materno, que não tem limites, que tudo
desculpa — os defeitos, os achaques. as deformidades do filho — e gosta de enfeitá-lo e
aparecer com ele em toda parte, mostrá-lo a todos os conhecidos e vê-lo mimado e
acariciado."

Cinco anos antes da publicação de Úrsula, que era assinado apenas com esta
indicação: Uma maranhense, no lugar do nome de seu autor, tinham saído no Rio de
Janeiro as Memórias de um Sargento de Milícias, também sem nome de autor, apenas
com esta indicação: Um brasileiro (1854). Maria Firmina dos Reis ter-se-ia inspirado
nesse recurso de Manoel Antônio de Almeida? Se o fez, só aí o imitou, porque o estilo
de seu livro, marcadamente romântico nos tipos e na urdidura, destoa da singeleza e do
realismo das Memórias de um Sargento de Milícias.

Amadeu Amaral, no estudo que consagrou à literatura da escravidão, no seu livro


Letras Floridas (Rio, 1920). lembra que o "principal introdutor do negro em nossa
literatura foi o maranhense Trajano Galvão". O poema que lhe daria essa precedência
intitula-se O Calhambola, incluído no livro Sertanejas (Rio, 1898), datado de 1854.
Outra de suas poesias, A Crioula, escrita no ano anterior, não tem o sentido de
contestação que caracteriza O Calhambola.

Enquanto prosseguem as buscas nas bibliotecas públicas e particulares, no sentido


de localizar-se um exemplar de A Escrava, de Maria Firmina dos Reis, já se pode
assinalar, pela leitura de Úrsula, que a romancista maranhense tem também
precedência na fixação do problema do negro escravo na ficção nacional, quando
descreve a separação de mãe e filho cativos, no capitulo consagrado à preta Susana.

Situada entre a geração de Gonçalves Dias e a de Aluisio Azevedo, nos quadros do


Maranhão literário, Maria Firmina dos Reis reflete a atmosfera provinciana, no seu
gosto das letras, e é isso que explica, a despeito da precariedade de recursos
intelectuais, que ela própria reconhece na introdução de Úrsula, a sua vocação e a sua
obra. Convém assinalar que, embora nascida em São Luís, a romancista viveu no
interior do Maranhão, como professora de primeiras letras, afastada de todos os
estímulos possíveis, e ali morreu, já nonagenária, sem qualquer ruído de glória à sua
volta.

No dia de hoje, o seu busto será inaugurado na Praça do Panteon, em São Luís. A
cidade que lhe serviu de berço ressarce a dívida que tinha para com ela e todos nós
ignorávamos. E é de justiça reconhecer que isto se deve à pertinácia, ao espirito de
pesquisa e ao metal da voz de Nascimento Morais Filho.

"Jornal do Brasil", 11/11/1975, ano 85, número 217, página 6.

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_09/131021

A versão espanhola do artigo saiu na "Revista de Cultura Brasileña" (número 41,


páginas 11 a 114), publicada em Madri (Espanha), no ano seguinte, em junho de 1976.
Cortou-se apenas o parágrafo final do texto do "Jornal do Brasil".
_________________________

LA PRIMERA NOVELISTA BRASILEÑA

Por JOSUE MONTELLO

El nombre de Maria Firmina dos Reis, sin una explicación de su vida y de su obra
que la hicieron memorable, nada dirá al lector. Incluso los estudiosos que se aplican a
desentrañar los textos fundamentales de nuestra cultura quedarán en silencio, el ceño
fruncido, sin saber a fin de cuentas de quién se trata. Maria Firmina dos Reis, nacida
hace poco más de ciento cincuenta años. ¿Y qué?

Dos investigadores en el Estado de Maranhão, Antonio de Oliveira y Nascimento


Morais Filho, son los responsables de la resurrección literaria de Maria Firmina dos
Reis: el primero hablando en voz baja, como es su estilo, y el segundo hablando alto,
ruidosamente, con una garganta privilegiada, gracias a la cual y sin mayor esfuerzo
puede hacerse oír en el Largo do Carmo, en la ciudad de São Luiz, a esa hora en que
cruzan automóviles mezclando la estridencia de sus bocinas y sus tubos de escape al
susurro del viento en los árboles de la plaza.

Esta vez, según parece, Nascimento Morais alzó tan alto la voz que hizo retumbar en
el país entero el nombre de Maria Firmina dos Reis. Hace ahora poco más de dos años,
al encontrarme con él a la puerta de un viejo edificio de la Facultad de Derecho de la
capital maráñense lo vi que andaba a vueltas con unos originales de la escritora. Trataba
de reconstruir su destino recatado, revolviendo manuscritos, consultando periódicos,
desmenuzando almanaques y catálogos, como queriendo imitar en Ulises, que
reanimaba a las sombras con una gota de sangre.

Y la verdad es que hoy Maria Firmina dos Reis es tema de estudios y discursos y
ocupa su pequeño espacio en la historia de la novela brasileña con su nombre, su obra y
su gloria singular de haber sido una pionera en las letras de Brasil.

Maria Firmina dos Reis es, realmente, la primera novelista brasileña. Porque si bien
hay el antecedente de Teresa Margarida da Silva e Orta, hermana de Matias Aires,
autora famosa de las Aventuras de Diófanes, libro publicado por primera vez en Lisboa
en 1752 con el seudónimo de Dorothea Eugrassia Tavareda Dalmira, bajo el modelo de
las Aventuras de Telémaco tal y como sugiere su título ese libro no constituye materia
específica en cuanto a su autor se refiere, y por otra parte, como bien señala Antonio de
Oliveira, no es un libro de temas brasileños.

Todo lo que se sabía de Maria Firmina dos Reis antes de los estudios de estos dos
investigadores marañenses se limitaba a una breve nota en el sexto volumen del
Dicionário Bibliográfico Brasileiro, de Sacramento Blake. La escritora nació en São
Luiz do Maranhão el 11 de noviembre de 1825 y fue profesora de primeras letras en una
escuela del interior de aquel Estado. Sin indicar fechas de publicación, Sacramento
Blake registra tres libros de Maria Firmina: Cantos à Beira Mar, Poesías y dos novelas,
Úrsula y A Escrava.
Orientado por una indicación de Reis Carvalho en su Literatura maranhense, que
forma volumen en la Biblioteca Internacional de Obras Célebres, recuerdo haber
manejado en la Biblioteca Nacional la primera de esas novelas, perteciente a la
colección "Teresa Cristina". Cuando, más tarde, volví allí para consultarlo de nuevo con
vistas a una información que Viriato Correa me había pedido, ya no encontré ese libro.

Y ahora veo, por una información de Horacio de Almeida que se trata de la mayor
rareza bibliográfica de las letras marañenses.

La adquirió Horacio de Almeida hace unos diez años formando parte de un lote de
libros viejos. Sobre ese ejemplar, que ha donado a la Biblioteca de Maranhão, se hizo
una edición facsímil destinada a conmemorar los ciento cincuenta años del nacimiento
de la escritora.

Por otro lado, Nascimento Morais Filho descubrió una novela indianista de Maria
Firmina titulada Gupeva, publicada en 1861 en el periódico maráñense Eco da
Juventude.

Dice Maria Firmina en el prefacio de Úrsula: «Pobre y humilde libro es éste que os
presento, lector. Sé que pasará entre la indiferencia glacial de unos y la sonrisa burlona
de otros, y aun así quiero darlo a luz. No es la vanidad de adquirir nombre lo que me
ciega ni es el amor propio del autor. Sé que poco vale esa novela porque ha sido escrita
por una mujer y mujer brasileña de educación mediocre y sin el trato y la conversación
de los hombres ilustres que aconsejan, discuten y corrigen; mujer de una instrucción
deficiente, que apenas conoce la lengua de sus padres, poco leída y con un caudal
intelectual casi nulo. ¿Por qué la publicas entonces?, preguntará el lector. Como una
tentativa, y mejor aún, por ese amor materno que no conoce límites y todo lo disculpa
—defectos, achaques o deformidades del hijo— y que gusta de adornarle y presentarse
con él en todo lugar, mostrándolo a sus amigos y conocidos para verlo mimado y
acariciado.»

Cinco años antes de la publicación de Úrsula, libro que era firmado apenas con la
indicación "Una maranhense", había salido en Rio de Janeiro las Memorias de um
Sargento de Milicias, también sin nombre de autor, con esta indicación apenas: "Um
brasileiro" (1854). ¿Se inspiraría Maria Firmina en ese recurso de Manoel Antônio de
Almeida? Si así lo hizo sólo en eso le imitó, porque el estilo de su libro, netamente
romántico en los tipos y en la urdimbre de la historia, difiere de la simpleza y el
realismo de las Memorias de um Sargento de Milicias.

En el estudio que consagró a la literatura de la esclavitud en su libro Letras Floridas


(Rio, 1920), Amadeu Amaral recuerda que el principal introductor del negro en la
literatura brasileña fue el maráñense Trajano Galvão. El poema que le daría esa
precedencia se titula O Calhambola, que incluye en su libro Sertanejas y que está
fechado en 1845. Otra de sus poesías, A Crioula, escrita un año antes, no tiene el
sentido contestatario que caracteriza O Calhambola.
En tanto prosiguen las pesquisas en bibliotecas públicas y particulares para localizar
un ejemplar de A Escrava, de Maria Firmina dos Reis, ya es legítimo afirmar por la
lectura de Úrsula que la novelista maráñense tiene también precedencia al insertar el
problema del negro esclavo en la ficción nacional cuando describe la separación de la
madre y del hijo cautivos en el capítulo dedicado a la negra Susana.

Situada entre la generación de Gonçalves Dias y de Aluísio de Azevedo en el cuadro


del Maranhão literario, Maria Firmina dos Reis refleja la atmósfera provinciana en su
gusto por la literatura y es esto lo que explica, a despecho de ciertas limitaciones de
recursos intelectuales que ella misma reconoce en la introducción de Úrsula, su
vocación y su obra. Conviene señalar que, si bien nacida en la ciudad de São Luis, la
novelista vivió en el interior de Maranhão como profesora de primeras letras, alejada de
todos los estímulos posibles y que allí murió, cumplidos ya los noventa años, sin rumor
alguno de gloria literaria en torno suyo.

http://memoria.bn.br/docreader/008109/4647

11 de novembro de 1975

Também em 11 de novembro de 1975, o jornal "O Estado de S. Paulo" tratou da


novidade literária na matéria "Maranhense é a primeira romancista" (artigo acessível
somente mediante pagamento).
"O Estado de S. Paulo", 11/11/1975, página 12, antepenúltima coluna.

http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19751111-30869-nac-0012-999-12-
not/busca/Maria+Firmina+Reis

26 de novembro de 1975

Em 26 de novembro, ainda em 1975, foi a vez do "Diário de Notícias", na coluna


"Diário das Letras", com a matéria "Maranhense foi a pioneira do romance", de Eduardo
de Maia.

_______________________

A maranhense Maria Firmina dos Reis foi a primeira mulher brasileira a escrever um
romance, genuinamente brasileiro, com a publicação, em 1858, do romance Úrsula.
Quem descobriu o fato foi o escritor paraibano Horácio de Almeida e até então
acreditava-se que a pioneira havia sido a paulista Teresa Margarida da Silva e Orta ou a
poetisa Nísia Floresta, do Rio Grande do Norte.
Horácio de Almeida fez a descoberta por acaso, em 1962, quando comprou o livro
Úrsula, por Cr$ 10.00, num grego que negociava com livros usados no Rio. O romance
chamou a atenção do escritor paraibano porque era assinado simplesmente por "Uma
maranhense". Com a curiosidade espicaçada, começou e pesquisar, fuçando tudo quanto
era biblioteca e documentos públicos. No fim de 13 anos, descobriu a identidade da
autora.

Maria Firmina dos Reis era professora primária na cidade de Guimarães, no interior
do Maranhão, onde morou a vida toda. Nasceu em 1825, em São Luís. Escandalizou a
população de Guimarães quando formou uma turma mista, numa escolinha fundada por
ela. Além de Úrsula, a pioneira escreveu ainda um livro de poemas, Cantos à beira mar
e outro romance, A Escrava. Há pouco, Maria Firmina teve seu busto inaugurado na
Praça do Panteon, em São Luís. Agora, Horácio de Almeida alimenta o plano de
escrever a biografia da primeira romancista brasileira.
"Diário de Notícias" (Rio), 26/11/1975, ano XLVI, número 16.471, página 12.

http://memoria.bn.br/DocReader/093718_05/41439

25 de dezembro de 1975

O "Jornal de Brasília", nesse dia, publicou o artigo "Primeira Crítica ─ Úrsula",


escrito por Marcílio Farias, no qual se destacava o pioneirismo de Maria Firmina
"O romance 'Úrsula' de Maria Firmina dos Reis: Estética e ideologia no romantismo
brasileiro", Juliano Carrupt do Nascimento, dissertação de Mestrado em Letras
Vernáculas, UFRJ, junho de 2009.

http://www.letras.ufrj.br/posverna/mestrado/NascimentoJC.pdf

Dezembro de 1975

Por fim, uma nota na revista "Brasil Açucareiro", também em dezembro de 1975,
noticiou o lançamento de "Úrsula" no Rio de Janeiro.

________________________________

LIVROS

A direção de BRASIL AÇUCAREIRO foi distinguida com vários convites para


lançamentos de livros, no Rio de Janeiro, respectivamente, no dia 1º do corrente, pela
Editora José Olympio e Manchete, que realizaram a festa do novo romance do escritor,
Josué Montello, "Os Tambores de São Luís"; da Editora Civilização Brasileira, dia 4,
quando apresentou o livro de Joaquim Inojosa, intitulado, "Os Andrades e Outros
Aspectos do Modernismo"; além dos volumes, "Fronteiras Sangrentas" (Heróis do
Amapá) da autoria de Silvio Meira; e, finalmente, "Ursula" (Romance Original
Brasileiro) edição fac-similar, 1975, com prefácio do escritor paraibano, Horácio de
Almeida, obra rara, da autoria de Maria Firmina dos Reis, que data de 1859, a primeira
edição.
"Brasil Açucareiro", dezembro de 1975, ano XLIV, volume LXXXVI, número 6,
página 12, primeira coluna.

http://memoria.bn.br/DocReader/002534/51433

1977

O acadêmico maranhense Jomar Moraes (1940-2016) abordou brevemente a obra de


Maria Firmina no livro "Apontamentos de literatura maranhense".

Como se pode perceber nesse único trecho extenso disponível no Google Books,
Jomar considerava a autora uma "poetisa medíocre" e uma "ficcionista desimportante",
afirmando que ela não possuía, "nos limites da literatura maranhense, a significação que
recentemente pretenderam atribuir-lhe". Obviamente, a crítica destinava a José
Nascimento Morais Filho, principal divulgador de Maria Firmina.
"Apontamentos de literatura maranhense (uma abordagem contextual que leva em
conta os fatores políticos, sociais e econômicos)", página 136, Jomar Moraes, Serviço
de Imprensa e Obras Gráficas do Estado (SIOGE), São Luís (MA), 1977.

https://books.google.com.br/books?redir_esc=y&hl=pt-
BR&id=K68tAAAAYAAJ&focus=searchwithinvolume&q=recentemente+pretenderam

O crítico Wilson Martins abordou brevemente a obra de Maria Firmina em sua


"História da Inteligência Brasileira", no volume II, referente ao período 1794-1855
(página 320), e III, referente ao período 1855-1877 (página 94). Os dois livros foram
lançados em 1977.
Capas das reedições da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

O trecho do volume III:


"O romance 'Úrsula' de Maria Firmina dos Reis: Estética e ideologia no romantismo
brasileiro", Juliano Carrupt do Nascimento, dissertação de Mestrado em Letras
Vernáculas, UFRJ, junho de 2009.

http://www.letras.ufrj.br/posverna/mestrado/NascimentoJC.pdf

"Daciz, ou a jovem completa" é uma história com menos de 20 páginas. "Dedicação


de uma Amiga" é um romance inacabado. "A filósofa apaixonada" (e não "A filósofa
por amor", uma história estrangeira) não passa das 40 páginas. E "Lição a meus filhos",
como reconhece o autor, é um conto em versos. Nenhum deles é um romance inteiro.

13 de dezembro de 1977

O acadêmico Adonias Filho escreveu um artigo intitulado "Maria Firmina" no jornal


"Última Hora", do Rio de Janeiro, em 13 de dezembro de 1977 (ano 27, número 8.118).

Maria Firmina dos Reis─ Fontes novas, site Literafro.

http://150.164.100.248/literafro/data1/autores/102/MariaFirminaFontesnova.pdf

25 de dezembro de 1977

Também em dezembro deste ano, no dia 25, o jornal maranhense "O Imparcial"
noticiou a repercussão internacional da novidade literária no artigo "Maria Firmina é
notícia em francês", de Pedro Braga dos Santos.

Maria Firmina dos Reis─ Fontes novas, site Literafro.

http://150.164.100.248/literafro/data1/autores/102/MariaFirminaFontesnova.pdf
1978

No ano seguinte, em 1978, Maria Firmina tornou-se verbete no "Dicionário Literário


Brasileiro" de Raimundo de Menezes, em sua segunda edição (páginas 570 e 571,
Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro). A primeira havia sido lançada em 1968,
antes da divulgação das obras da autora.

O verbete respectivo:
"Dicionário Literário Brasileiro", segunda edição, Raimundo de Menezes, páginas
570 e 571, Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 1978.

Várias fontes apontam para um verbete sobre Maria Firmina no "Dicionário de


literatura. Literatura brasileira. Literatura portuguesa. Literatura galega", de Jacinto do
Prado, terceira edição, volume 2 de 3, L - S, Livraria Filgueirinhas, Porto (Portugal),
1978.
https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-760662871-dicionario-de-literatura-3-
vols-jacinto-do-prado-coelho-_JM

1979

A "Revista da Academia Paulista de Letras" divulgou o nome de Maria Firmina e sua


obra na página 94 da edição de número 96 (volume 36), em 1979.
https://books.google.com.br/books?redir_esc=y&hl=pt-
BR&id=Z2YmH1VjX90C&focus=searchwithinvolume&q=firmina

11. O segundo período de obscuridade (1979-1985)

Passada a fase de divulgação do novo lançamento de "Úrsula", teve início um novo


período de obscuridade para Maria Firmina, devido a razões bem simples: (1) a edição
em fac-símile apresentava, obviamente, o texto original da história, em português
antigo, situação que não incentiva a compra ou a leitura por parte dos ditos leitores
comuns; (2) o livro, lançado por iniciativa governamental, dependeu da divulgação na
mídia para a vendagem, não tendo por trás de si uma estratégia de divulgação própria
das grandes editoras; (3) ao ser esgotada a primeira edição, ele se tornou praticamente
indisponível aos leitores, num tempo em que não havia o recurso a sebos online; e (4)
não houve nenhuma reedição de "Úrsula" a partir desse momento.

As mesmas razões explicam o baixo impacto do lançamento de "Cantos à Beira-


Mar", o livro de poemas de Maria Firmina descoberto e lançado por Nascimento
Morais, também com o texto original da obra publicada em 1871. Nesse caso, uma
quinta razão pode ser apontada: o livro foi lançado somente no Maranhão (em 1976).
Não se encontra, nas edições dos jornais pesquisados acima, sequer uma menção ao
lançamento da segunda edição de "Cantos à Beira-Mar", valendo a mesma constatação
para a biografia escrita por José Nascimento Morais Filho: "Maria Firmina ─
Fragmentos de uma Obra", lançada em 1975. Ambos os títulos não chegaram ao
conhecimento dos leitores dos grandes centros.

As três obras editadas por José Nascimento Morais Filho tornaram-se exemplares
cobiçados por bibliófilos, para desespero de estudiosos e historiadores que se viram
impedidos de realizar trabalhos sobre elas e de divulgar a obra de Maria Firmina.

1981

Nesse período (1979-1985), a primeira menção brasileira a Maria Firmina apontada


nas fontes se encontra na página 345 de "Mulher Brasileira, Bibliografia Anotada 2",
obra publicada em 1981.

Fonte: http://150.164.100.248/literafro/data1/autores/102/foteatualizadas8.pdf

"Mulher brasileira: bibliografia anotada - volume 2", Elba Siqueira de Sá Barreto,


Esmeraldo Vailati Negrão, Fernando Correa Barone, Fúlvia Rosemberg, Madalena
Sofia Mitiko Wada, Maria Machado Malta Campos, Maria Lúcia de Barros Mott e
Regina Pahim Pinto, primeira edição, Fundação Carlos Chagas e Editora Brasiliense,
1981.

http://www.fcc.org.br/conteudosespeciais/bibliografiaanotada/arquivo/biblioanotada2
14x21.pdf
1982

A primeira menção do nome de Maria Firmina em livro de estudos literários


publicado no exterior está registrada em "Il Negro nel Romanzo Brasiliano" ("O Negro
no Romance Brasileiro"), de Giorgio Marotti, estudioso italiano da literatura brasileira.

"Il negro nel romanzo brasiliano", de Giorgio Marotti, Bulzoni Editore, Itália, 1982.

https://www.ibs.it/negro-nel-romanzo-brasiliano-prima-libri-vintage-generic-
contributors/e/2560007355209

O Google Books permite acesso limitado à obra, mas pelos trechos pode-se deduzir
que a autora é citada no capítulo "Gli Incerti Inizi" ("Os Inícios Incertos").
https://books.google.com.br/books?redir_esc=y&hl=pt-
BR&id=dDctAAAAYAAJ&focus=searchwithinvolume&q=ursula
https://books.google.com.br/books?redir_esc=y&hl=pt-
BR&id=dDctAAAAYAAJ&focus=searchwithinvolume&q=maria+firmina

Dois trechos da obra se encontram disponíveis em outras fontes.

Primeiro uma afirmação de Marotti sobre o tema do livro: "[...] toda a literatura
[brasileira] sobre o negro ― com a única exceção de Jorge Amado ― é a expressão de
uma típica mentalidade patriarcal".
"Pionieri: gli italiani in Brasile e il mito della frontiera", Pierro Brunello,
Donzelli Editore, Itália, 1994.

https://books.google.com.br/books?id=oxfNco4YZJoC&lpg=PA79&ots=YJiMxPE_
nx&dq=%22il%20negro%20nel%20romanzo%20brasiliano%22&hl=pt-
BR&pg=PA79#v=onepage&q=%22il%20negro%20nel%20romanzo%20brasiliano%22
&f=false

O segundo trecho consta da dissertação de mestrado de Juliano Carrupt, já abordada,


na página 81.

"O romance 'Úrsula' de Maria Firmina dos Reis: Estética e ideologia no romantismo
brasileiro", Juliano Carrupt do Nascimento, dissertação de Mestrado em Letras
Vernáculas, UFRJ, junho de 2009.

http://www.letras.ufrj.br/posverna/mestrado/NascimentoJC.pdf

A tradução de Juliano:

"Os escravos descritos em Úrsula fazem parte da seguinte regra: Túlio é o escravo
bom, mesmo depois de ser liberto escolhe continuar a servir Tancredo, seu novo senhor;
Susana é a boa velha negra, a mãe preta, que se sacrifica para salvar sua senhorinha."

http://www.letras.ufrj.br/posverna/mestrado/NascimentoJC.pdf

A obra de Giorgio Marotti é destacada com uma página no site do Acervo da


Fundação Casa de Jorge Amado.

http://acervo.jorgeamado.org.br/item/208011047081

"Il Negro nel Romanzo Brasiliano" foi traduzido como "Black characters in the
Brazilian novel" ("Personagens Negros no Romance Brasileiro"), por Maria O. Marotti
e Henry Lawton, em 1987.

https://catalog.hathitrust.org/Record/000840383
https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/41MmI-
bSDxL._SX323_BO1,204,203,200_.jpg

Um exemplar do livro italiano na Estante Virtual

https://www.estantevirtual.com.br/imbroglio/giorgio-marotti-il-negro-nel-romanzo-
brasiliano-328693140

Em 21 de janeiro de 1983, o "Jornal do Brasil" publicou uma entrevista com o autor,


sobre o seu livro.
"Jornal do Brasil", 22/1/1983, ano XLII, número 287, Caderno B, página 11, matéria
"Do Bom Jesus a Jubiabá".

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_10/56711

1985

A "Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão", provavelmente na


edição de número 8 de 1985, publicou um extenso artigo sobre Maria Firmina, da
página 87 (pelo menos) à 92.
https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&id=WAosAAAAYAAJ&dq=%22cantos+%C3%A0+beira-
mar%22&focus=searchwithinvolume&q=%22maria+firmina%22

12. A "entrada" de Maria Firmina dos Reis na Academia (1986 -1987)


O nome importante desta fase é o da professora, ensaísta, romancista e pesquisadora
Luiza Lobo.

1986

O prenúncio do final do segundo período de obscuridade foi marcado pelo primeiro


trabalho acadêmico brasileiro sobre a escritora maranhense: "Um auto-retrato de
mulher: a pioneira maranhense Maria Firmina dos Reis", publicado na revista trimestral
"Letterature d’America" (Tuttamerica, ano 7, números 29-30-31, 1986-87, páginas 71 a
86, editora Bulzoni, Roma, Itália).

https://blogluizalobo.wordpress.com/

Também em 1986, mais precisamente em setembro, Maria Firmina tornou-se verbete


do terceiro volume do livro "Mulheres do Brasil" (páginas 367 a 385), em texto escrito
por Maria de Lourdes Ribeiro Brandão.
"Cândida Maria Santiago Galeno ─ Nossa Nenzinha", Gisela Paschen
Schimmelpfeng (organizadora), Secretaria de Cultura, Turismo e Desporto de Fortaleza
(Ceará), 1988.

https://pt.scribd.com/document/124422847/Nossa-Nenzinha
"Mulheres do Brasil (Pensamento e Ação)", Terceiro Volume, Ala Feminina da Casa
de Juvenal Galeno, Secretaria de Cultura e Desporto, Fortaleza (CE), 1986.

Ainda em 1986, a revista "Presença da mulher", da União Brasileira de Mulheres


(São Paulo), destacou em uma de suas edições, na página 185, a obra de Maria Firmina.
"Presença da mulher", Edições 1-17, Editora Liberdade Mulher, São Paulo, 1986.

https://books.google.com.br/books?id=cN1GAAAAYAAJ&q=%22cantos+%C3%A
0+beira-mar%22&dq=%22cantos+%C3%A0+beira-mar%22&hl=pt-
BR&sa=X&ved=0ahUKEwihupztxp7ZAhXHCpAKHUIBDIQ4ChDoAQg8MAY

1987

No ano seguinte, um livreto de 41 páginas do Coletivo de Mulheres Negras da


Baixada Santista, intitulado "A mulher negra tem história", biografou brevemente várias
pioneiras negras brasileiras, entre elas Maria Firmina (na página 30).
"A mulher negra tem história", Alzira Rufino, Nilza Iraci e Maria Rosa Pereira,
edição do Coletivo de Mulheres Negras da Baixada Santista, Rio de Janeiro, 1987.

https://books.google.com.br/books?id=wcwrAAAAYAAJ&redir_esc=y

30 de dezembro de 1987

Também nesse ano, Norma de Abreu Telles defendeu o primeiro trabalho acadêmico
em que Maria Firmina ocupava papel de relevo, em sua tese de doutorado em Ciências
Sociais, na Faculdade de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo: "Encantações: escritoras e imaginação literária no Brasil".

https://sapientia.pucsp.br/handle/handle/18403

A tese viria a ser publicada em livro pela Editora Intermeios, em 2012.

https://www.intermeioscultural.com.br/encantaes

13. O lançamento da terceira edição do romance (1988)

O nome importante desta fase também é o da professora, ensaísta, romancista e


pesquisadora Luiza Lobo.

Por ocasião do centenário da Abolição da Escravatura, em 1988, Luiza organizou a


primeira edição atualizada de "Úrsula".

Como vimos no prólogo da edição fac-similar do romance, Horácio de Almeida


restringiu-se a uma análise superficial da obra, sem encontrar maiores méritos na
iniciativa literária de Maria Firmina. Já para a edição de 1988 foi convidado o
intelectual negro norte-americano Charles Martin. Responsável pela introdução "Uma
Rara Visão de Liberdade" (páginas 9 a 14), Charles destacou a inovação literária
representada pela técnica de dar voz a um personagem negro, deixando que ele próprio
contasse a sua história de vida, assim como o tratamento dos negros como seres
humanos, e não como coisas ou mercadorias.
Um trecho da introdução:

"O romance 'Úrsula' de Maria Firmina dos Reis: Estética e ideologia no romantismo
brasileiro", página 29, Juliano Carrupt do Nascimento, dissertação de Mestrado em
Letras Vernáculas, UFRJ, junho de 2009.

http://www.letras.ufrj.br/posverna/mestrado/NascimentoJC.pdf

Luiza encarregou-se da atualização e das notas de comentário ao texto.

A terceira edição de "Úrsula", com 162 páginas, saiu pela Presença Edições, do Rio
de Janeiro, em coprodução com o Instituto Nacional do Livro (INL), de Brasília.
"Úrsula", Maria Firmina dos Reis, 3ª edição, organização, atualização do texto e
notas por Luiza Lobo, prefácio de Charles Martin, Presença Edições (RJ) e Instituto
Nacional do Livro (INL, Brasília), 1988.

http://www.elfikurten.com.br/2015/06/maria-firmina-dos-reis.html

14. O desenvolvimento de estudos sobre Maria Firmina (1988-2003)

O lançamento da terceira edição do romance estimulou, ainda que timidamente, a


realização de vários estudos sobre a obra de Maria Firmina. Esse período vai até o
lançamento da quarta edição de "Úrsula" (em 2004), que se tornou um marco na
divulgação nacional da escritora.

1988

Em 1988, Luiza Lobo também seria o primeiro estudioso a ressaltar a importância de


Maria Firmina em um ensaio publicado em jornal. "O Negro de Objeto a Sujeito" trata,
em seus três primeiros parágrafos, do romance "Úrsula". O texto saiu no Caderno
"Ideias" do "Jornal do Brasil", em 14 de maio de 1988, nas páginas 6 e 7.
"Jornal do Brasil", 14/5/1986, ano XCVIII, número 36, páginas 47 (o início acima) e
48.

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_10/164076

http://memoria.bn.br/DocReader/030015_10/164077

Esse estudo seria reproduzido no capítulo 16 do livro de ensaios "Crítica sem Juízo",
publicado por Luiza em 1993 (páginas 205 a 211, Francisco Alves, Rio de Janeiro).

25-27 de maio

O primeiro trabalho acadêmico apresentado em público, sobre Maria Firmina,


também teve a autoria de Luiza. Tratava-se ainda de "A pioneira maranhense Maria
Firmina dos Reis", lido em versão resumida na IV Jornada de Estudos Americanos da
Associação Brasileira de Estudos Americanos, em Mariana (MG).

http://livrozilla.com/doc/1032324/maria-firmina-dos-reis-fontes-de-consulta-
almeida--hor%C3%A1ci...

1988

Novamente Norma Telles, no estudo "Sonhos e iluminações das mulheres loucas da


literatura", publicado na revista "Escrita", abordaria a personagem Úrsula, agora no
contexto de seu trágico destino.

Texto completo

http://www.normatelles.com.br/as_mulheres_loucas_da_literatura.html

"Sonhos e iluminações das mulheres loucas da literatura", páginas 22 a 26, revista


"Escrita", ano XIII, número 39.

Ainda em 1988, o livro "Submissão e resistência: a mulher na luta contra a


escravidão", de Maria Lúcia de Barros Mott (Editora Contexto, São Paulo), marcou a
estreia da escritora maranhense como tema de ensaio publicado em livro. O título:
"Maria Firmina, uma escritora mulata".

https://books.google.com.br/books?redir_esc=y&hl=pt-BR&id=-
G7aAAAAMAAJ&focus=searchwithinvolume&q=maria+firmina

https://d1pkzhm5uq4mnt.cloudfront.net/imagens/capas/_641df3a76b914b6f361f4f51
a2ff31f30135cfe3.jpg
1989

No ano seguinte ao da edição da versão atualizada de "Úrsula", Luiza Lobo


publicaria o ensaio "A pioneira maranhense Maria Firmina dos Reis", na "Revista de
Estudos Afro-Asiáticos", do Centro de Estudos Afro-Asiáticos do Conjunto
Universitário Cândido Mendes (Fundação Ford, volume 16, p. 91-102).

https://blogluizalobo.wordpress.com/

Também em 1989, Maria Lúcia de Barros Mott publicou, pelo Centro


Interdisciplinar de Estudos Contemporâneos/UFRJ (Rio de Janeiro), "Escritoras negras
resgatando a nossa história", um estudo de 16 páginas em que a autora tratou, entre
outras autoras, de Maria Firmina.

https://books.google.com.br/books/about/Escritoras_negras_resgatando_a_nossa_his.
html?id=9UUtAAAAYAAJ&redir_esc=y

No estudo "Rebeldes, Escritoras, Abolicionistas", publicado na "Revista de História",


número 120 (janeiro-julho de 1989, páginas 73 a 83), Norma de Abreu Telles voltaria a
considerar a obra de Maria Firmina, agora centrada no romance "Úrsula" e no conto "A
Escrava".

Texto completo

http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/18593/20656

Ou:

http://www.normatelles.com.br/Rebeldes-Escritoras-Abolicionistas.html
"Revista da História", número 120.

http://3.bp.blogspot.com/-
2ruGIqmakh0/VglY4nFEuSI/AAAAAAAAX4I/rzQCNBzHXxs/s400/R01_CAPA2OK
_RH120.jpg

1990

Nesse ano, Maria Lúcia de Barros Mott publicaria o ensaio "Escritoras negras:
buscando sua história" (provavelmente o mesmo estudo do livreto publicado em 1989),
em "A Mulher na Literatura ─ Volume III", organizado por Nádia Battella Gotlib e
publicado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte

A obra fez parte de uma série de livros que registraram os trabalhos acadêmicos
apresentados nos Encontros Nacionais da Associação Nacional de Pós-Graduação e
Pesquisa em Letras e Linguística (Anpoll), e contava com o apoio da Fundação Vitae.

O livro de 1990 baseou-se nos trabalhos do IV Encontro Nacional, realizado em


1989. Portanto, este último é o ano da primeira divulgação do ensaio de Maria Lúcia.
https://www.estantevirtual.com.br/sebotraca/ana-lucia-almeida-gazolla-e-nadia-
batella-gotlib-o-a-mulher-na-literatura-a-mulher-na-literatura-3-volumes-221614145

Resenha

http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/cp/article/view/1036/1044

Programação do Encontro Nacional de 1989

http://www.amulhernaliteratura.ufba.br/Documentos/Boletim%20do%20GT1990.do
cx

Ainda em 1990, Zahidé Lupinacci Muzart abordou a obra de Maria Firmina no


estudo "Artimanhas nas entrelinhas: leitura do paratexto de escritoras do século XIX"
para discussão no V Encontro Nacional da Anpoll, realizado em Recife (PE).

Texto completo

https://periodicos.ufsc.br/index.php/travessia/article/view/17202/15776
Em sua monografia "O negro na literatura maranhense", lançada pela Academia
Maranhense de Letras (São Luís, 1990), Luzia Navas-Toríbio empreendeu um extenso
estudo sobre a obra de Maria Firmina.
https://books.google.com.br/books?id=hK8tAAAAYAAJ&q=%22cantos+%C3%A0
+beira-mar%22&dq=%22cantos+%C3%A0+beira-mar%22&hl=pt-
BR&sa=X&ved=0ahUKEwiInuOW6YTZAhUJj5AKHZozAR0Q6AEITzAJ

1993

No livro de ensaios "Crítica sem Juízo" (Francisco Alves, Rio de Janeiro) Luiza
Lobo publicou "Um auto-retrato de mulher: a pioneira maranhense Maria Firmina dos
Reis", (capítulo 18, páginas 222 a 238).

O artigo, homônimo do lançado em 1986, correspondia a uma refundição dos dois


trabalhos anteriores já mencionados, como explica Luiza na página 236 do livro.

No mesmo livro, como já foi mencionado, saiu o ensaio "O Negro de Objeto a
Sujeito" (capítulo 16, páginas 205 a 211), publicado no "Jornal do Brasil" em 14 de
maio de 1988.

Novembro de 1995

"Maria Firmina dos Reis, negra memória do Maranhão" é o título do estudo de


Alfredo Souza Dorea publicado em "Cadernos do Ceas (Centro de Estudos e Ação
Social)", na edição especial intitulada "300 anos de Zumbi", em Salvador (BA).
"Maria Firmina dos Reis, negra memória do Maranhão", Alfredo Souza Dorea,
página 11 à 18, "Cadernos do Ceas (Centro de Estudos e Ação Social)", "300 anos de
Zumbi", novembro de 1995, Salvador (BA).

O estudo está liberado para consulta apenas para membros cadastrados de


instituições universitárias.

https://cadernosdoceas.ucsal.br/index.php/cadernosdoceas/pages/view/questoes

1997

No livro "La Novela Antiesclavista en Cuba y Brasil, Siglo XIX" ("O Romance
Antiescravagista em Cuba e Brasil, Século XIX"), Sara V. Rosell estudou, entre outros
romances desse subgênero, "Úrsula", de Maria Firmina.
"La Novela Antiesclavista en Cuba y Brasil, Siglo XIX", de Sara V. Rosell, Editorial
Pliegos, Madri (ESP), 1997.

http://www.pliegoseditorial.com/index.php?route=product/product&product_id=182

A nota de rodapé reproduzida abaixo faz parte de um estudo de Ana Miramontes


sobre o romance "A Escrava Isaura" (1875), de Bernardo Guimarães:

"'A Escrava Isaura': La justicia divina como garantía entre el orden público y el
privado", página 74, Ana Miramontes, "Revista Iberoamericana", volume LXX, número
206, Universidade de Pittsburgh, 2004.

https://revista-
iberoamericana.pitt.edu/ojs/index.php/Iberoamericana/article/download/5584/5732

Tradução:

"No livro 'O Romance Antiescravagista em Cuba e Brasil, Século XIX', Sara V.
Rossell [o sobrenome correto é Rosell] leva a cabo um estudo comparativo entre o
romance de [Bernardo] Guimarães e 'Úrsula' (1859), de Maria Firmina dos Reis, uma
autora que permaneceu desconhecida no Brasil até a década de 1970. Maria Firmina dos
Reis foi uma mulher mulata que se dedicou ao magistério e à literatura, o que, somado
às suas ideias abolicionistas, lhe valeu a marginalização extrema, assim como sua
exclusão da história da literatura".

O título do capítulo a que se refere esse trecho é "La opresión sexual y racial en
Úrsula y A Escrava Isaura" (páginas 141 a 178).

http://deacademic.com/dic.nsf/dewiki/2497410

1999

Nesse ano deu-se o lançamento de "Escritoras Brasileiras do Século XIX", obra de


fôlego organizada por Zahidé Lupinacci Muzart e lançada pela Editora Mulheres
(Florianópolis, SC).

O verbete "Maria Firmina dos Reis", escrito pela própria Zahidé, ocupou da página
264 à 284, contando com excertos de "Úrsula", do "Álbum" (o diário da escritora
maranhense) e de "A Escrava", além do poema completo "Sonho ou Visão?".

Foto das páginas 264 e 265.

"Escritoras Brasileiras do Século XIX ─ Antologia", Zahidé Lupinacci Muzart


(organizadora), Editora Mulheres e Editora da Universidade de Santa Cruz do Sul
(EDUNISC), Florianópolis, SC, 1999.

2001
Dois anos depois, Cristiana Maria Costa de Oliveira defendeu a sua dissertação de
Mestrado em Teoria Literária intitulada "A escritura vanguarda de Maria Firmina dos
Reis: inscrição de uma diferença na literatura do século XIX", na Faculdade de Letras
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Um trecho da dissertação de 104 páginas:

"O romance 'Úrsula' de Maria Firmina dos Reis: Estética e ideologia no romantismo
brasileiro", páginas 26 e 27, Juliano Carrupt do Nascimento, dissertação de Mestrado
em Letras Vernáculas, UFRJ, junho de 2009.

http://www.letras.ufrj.br/posverna/mestrado/NascimentoJC.pdf

Nesse mesmo ano, a edição revista da "Enciclopédia de Literatura brasileira", obra de


Afrânio Coutinho e José Galante Sousa (coedição Global Editora, Fundação Biblioteca
Nacional e Academia Brasileira de Letras), dedicou a Maria Firmina um breve verbete
na página 1357 do segundo volume.
Foto da página 1357

"Enciclopédia de Literatura brasileira", Afrânio Coutinho e José Galante Sousa,


coedição Global Editora, Fundação Biblioteca Nacional e Academia Brasileira de
Letras, São Paulo, 2001.

2002

"O melodrama romântico: A crítica ao sistema patriarcal em 'Úrsula', de Maria


Firmina dos Reis" é o título do quarto capítulo do livro "Aproximaciones a la narrativa
femenina del diecinueve en Latinoamérica" ("Aproximações à narrativa feminina do
século dezenove na América Latina"), de Joan Torres-Pou. O capítulo vai da página 44
à 48.

A apresentação do site, no site da editora The Edwin Mellen Press.

"Torres-Pou has analyzed a diversified array of 19th-century women writers from


various parts of the Americas: Argentina, Bolivia, Brazil, Cuba, Dominican Republic,
California, and Texas. These are authors who made groundbreaking contributions to
several genres of Hispanic letters but whose writings, even those that were well received
in their day despite the obstacles the writers faced as women, have largely been ignored
by succeeding generations."

Tradução:

"Torres-Pou analisou uma gama diversificada de escritoras do século XIX, de várias


partes das Américas: Argentina, Bolívia, Brasil, Cuba, República Dominicana,
Califórnia e Texas. São autoras que ofereceram contribuições inovadoras a vários
gêneros das letras hispânicas, mas cujas obras, mesmo aquelas que foram bem recebidas
em seus dias, apesar dos obstáculos então enfrentados por essas escritoras por serem
mulheres, foram amplamente ignoradas pelas gerações posteriores".

http://mellenpress.com/book/Aproximaciones-a-La-Narrativa-Femenina-Del-
Diecinueve-En-Latinoamerica/4716/
https://www.amazon.com/Aproximaciones-Narrativa-Femenina-Diecinueve-
Literature/dp/0773473076
https://books.google.com.br/books?redir_esc=y&hl=pt-
BR&id=ELwOAQAAMAAJ&focus=searchwithinvolume&q=melodrama+romantico

2003

A tese de doutorado em Teoria e História Literária (Literatura Brasileira) intitulada


"Palavra e Sedução ─ Uma Leitura Dos Prefácios Oitocentistas (1826-1881)", de
Germana Maria Araújo Sales, tratou, entre outros, do prefácio de "Úrsula". Ela foi
apresentada ao Departamento de Teoria Literária, do Instituto de Estudos da Linguagem
da Universidade Estadual de Campinas.

Texto completo

http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/270043

Dezembro de 2003

A última menção conhecida, antes do lançamento da quarta edição de "Úrsula",


consta do estudo "Impacto de los Centros en el Currículo Educativo" ("Impacto dos
Centros no Currículo Educativo"), escrito por Dulcina Tereza Bonati Bordes, Edmar
Henrique D. Davi e Jane de Fátima S. Rodrigues, e publicado no volume 10 do
"Caderno Espaço Feminino", números 12-13.

"Centros" refere-se a centros de estudo da mulher e de gênero.

A menção é breve: "[No final do século XIV] Era editado Úrsula, a primeira novela
abolicionista brasileira escrita por uma mulher negra".

"Caderno Espaço Feminino", volume 10, número 12-13, Instituo de História da


Universidade Federal de Uberlândia (MG), dezembro de 2003.
Capa do número.

http://www.seer.ufu.br/index.php/neguem/issue/view/15

De 2004 a 2017, mais de 50 estudos sobre Maria Firmina, muitos deles centrados
exclusivamente na autora maranhense, foram apresentados em universidades brasileiras.
Esses estudos podem ser visualizados e baixados desta pasta no OneDrive:
https://1drv.ms/u/s!Aj6kOBkyV630imfaW5IMMsaEe5Yl?e=ShegI2

15. As edições organizadas pela Editora Mulheres (2004 - 2009)

O nome importante desta fase é o de Zahidé Lupinacci Muzart.

O "empurrão" definitivo para o conhecimento de Maria Firmina e de suas obras


"Úrsula" e "A Escrava" deveu-se à Editora Mulheres, fundada por Zahidé Lupinacci
Muzart, Elvira Sponholz e Susana Funck em 1995.

2004

A quarta edição de "Úrsula", agora com o acréscimo do conto "A Escrava", saiu em
2004, com atualização de texto e posfácio de Eduardo de Assis Duarte. O posfácio
intitula-se "Maria Firmina dos Reis e os primórdios da ficção brasileira". O livro tinha
281 páginas.
"Úrsula" e "A Escrava", Maria Firmina dos Reis, organização de Zahidé Lupinacci
Muzart, atualização de texto e posfácio de Eduardo de Assis Duarte, coedição da
Editora Mulheres (Florianópolis, SC) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de
Belo Horizonte (MG), 2004.

Essa edição, em conjunto com a seguinte, em 2009, trouxe de vez "Úrsula" para o
meio acadêmico.

O texto do posfácio

https://web.archive.org/web/20040919113126/http://www.editoramulheres.com.br/ur
sulaposfacio.htm

Texto da orelha do livro

https://web.archive.org/web/20040919113349/http://www.editoramulheres.com.br:8
0/ursulaorelha.htm

A resenha do romance, escrita por Constância Lima Duarte e publicada na "Revista


Estudos Feministas", pode ser lida e baixada no destino do link abaixo.
http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=38113219

2008

A editora O Dia, do Rio de Janeiro, lançou nesse ano uma edição quase desconhecida
de "Úrsula". Intitulada "Úrsula ─ Romance Afrodescendente", tinha 168 páginas. Dela,
só temos acesso a essas informações do site Skoob:

"Úrsula ─ Romance Afrodescendente", Maria Firmina dos Reis, Editora O Dia,


2008.

https://www.skoob.com.br/ursula-82623ed91178.html

Não se tratando da mesma edição da Editora Mulheres, essa seria na verdade a quinta
edição de "Úrsula". A edição seguinte, também da Editora Mulheres, seria a sexta, e a
edição comemorativa lançada em 2017 seria, na verdade, a sétima, e não a sexta.

2009
A quinta edição (oficialmente) de "Úrsula" e "A Escrava", uma coedição da Editora
Mulheres com a Pontifícia Universidade Católica de Belo Horizonte, também teve
atualização do texto e posfácio de Eduardo de Assis Duarte. Com 279 páginas, tratava-
se de uma edição comemorativa dos 150 anos do romance. Na verdade, como vimos
antes, "Úrsula" foi lançado em agosto de 1860.

"Úrsula" e "A Escrava", edição comemorativa dos 150 anos do romance, atualização
do texto e posfácio de Eduardo de Assis Duarte, Editora Mulheres (Florianópolis, SC) e
PUC Minas (Belo Horizonte, MG), 2009.

http://portal.pucminas.br/pucinforma/materia1.php?codigo=5773

Texto do posfácio

https://nuhtaradahab.wordpress.com/2012/02/01/maria-firmina-dos-reis-ursula/

Ou:

http://www.passeiweb.com/estudos/livros/ursula

16. A primeira edição digital e gratuita de "Úrsula" (2017)

O ano de 2017 ficará marcado como o início de uma nova era no acesso às obras de
Maria Firmina dos Reis, por vários motivos.

O primeiro deles: no início do ano, a Editora Cadernos do Mundo Inteiro


(exclusivamente digital) lançou a primeira edição digital do texto atualizado de
"Úrsula". A obra, com 166 páginas, é oferecida gratuitamente na Web. Não há
informação sobre a identidade do atualizador do texto.
"Úrsula", Maria Firmina dos Reis, Coleção Acervo Brasileiro, Volume 2, Editora
Cadernos do Mundo Inteiro, 2017.

http://cadernosdomundointeiro.com.br/livro-ursula.php

17. As edições comemorativas do centenário de falecimento de Maria Firmina


(2017)

Duas edições comemorativas do centenário do falecimento de Maria Firmina foram


programadas para o segundo semestre: "Úrsula ─ Romance" (contendo também o texto
do conto "A Escrava"), pela Editora PUC Minas, e a primeira edição das obras
completas da autora, lançada pela Editora Uirapuru.

A edição da PUC Minas, com apresentação e posfácio de Eduardo de Assis Duarte,


foi lançada em 31 de outubro de 2017.
"Úrsula", Maria Firmina dos Reis, 6ª edição, apresentação e posfácio de Eduardo de
Assis Duarte, Editora PUC Minas (Belo Horizonte, MG), 2017.

https://www.editora.pucminas.br/obra/ursula

Já a editora Uirapuru lançou o primeiro volume do "Memorial de Maria Firmina dos


Reis", título das obras completas da autora, em edição impressa no mês de dezembro do
mesmo ano.
"Memorial de Maria Firmina dos Reis ─ Prosa Completa & Poesia", Livro 01,
Editora Uirapuru, São Paulo, 2017.

https://www.lojaeditorauirapuru.com.br/livros/literatura-adulta1/memorial-de-maria-
firmina-dos-reis/

Outro lançamento no segundo semestre de 2017 completou o leque de opções


oferecidas ao leitor: um livro reunindo "Cantos à Beira-Mar" (a obra poética de Maria
Firmina, de 1871) e "Gupeva" (a noveleta publicada em três jornais do Maranhão, a
partir de 1861).
"Cantos à Beira-Mar e Gupeva", Maria Firmina dos Reis, Academia Ludovicense de
Letras, São Luís (MA), 2017.

Nos dois casos (o livro de poemas e a noveleta) trata-se da primeira edição


atualizada. A obra pode ser adquirida por meio de solicitação à Livraria AMEI, de São
Luís, usando-se o e-mail amei.osfl@gmail.com. O exemplar custa R$25,00, e o envio
por encomenda normal, R$10,00.

***

Em resumo, em 2017 pela primeira vez os brasileiros tiveram acesso a todas as obras
de Maria Firmina dos Reis, em versão atualizada. Essa situação contrasta com o número
de trabalhos acadêmicos sobre a autora. De 1989 a 2017 houve um grande
desenvolvimento de estudos sobre Maria Firmina (mais de 50 no total), mas nesse
período o público leitor ficou privado do pleno conhecimento das produções da
escritora maranhense.

Foi necessário que um evento fortuito (o centenário do falecimento) estimulasse a


publicação de seus trabalhos para que, afinal, a obra de Maria Firmina chegasse a todos,
democraticamente.
Antes tarde do que nunca.
Edições digitais de "Úrsula"

Além da edição digital atualizada da Editora Cadernos do Mundo Inteiro, os leitores


contam com várias opções online para ler "Úrsula".

A segunda edição da obra, fac-similar, organizada por José Nascimento Morais


Filho, está disponível para download gratuito no site da Biblioteca Pública Benedito
Leite, de São Luís:

http://www.cultura.ma.gov.br/portal/sgc/modulos/sgc_bpbl/acervo_digital/arq_ad/20
150722152956.pdf

O mesmo arquivo pode ser baixado do site Recanto das Letras:

http://static.recantodasletras.com.br/arquivos/5656766.pdf

Ou do site Ebah (que exige conta):

http://www.ebah.com.br/content/ABAAAhPUUAH/ursula-pdf-ed-2017#

Nesta página, o mesmo texto original (sem atualização) está disponível online:

https://github.com/odanoburu/ursula/blob/master/v1.0-ursula.md

Aqueles que assinam o site Scribd podem ler a edição de 2009 do romance neste
destino:

https://pt.scribd.com/document/359136174/Ursula-de-Maria-Firmina-dos-Reis

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