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mais de quatro anos e compartilho gratuitamente, minha chave Pix é esta:
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Apresentação
A história de "Úrsula"
______________________
Resumo
Primeiro anúncio da obra: 1º de agosto de 1860, no jornal "A Imprensa" (ano IV,
número 61, página 4, terceira e quarta colunas), no mesmo dia da publicação da segunda
resenha, no mesmo jornal e na mesma página (segunda coluna).
Resenhas da obra:
1857
. "A Imprensa", 17/10.
1860
1861
1860
1861
. "A Imprensa": 3/2; 21, 27 e 30/3; 17/4; 11/5; 13/6; 31/7; 31/8; 12/10; 23/11; 4, 11,
21 e 26/12.
1862
1867
1871
Esta, a única menção a obras de Maria Firmina fora do Maranhão, na mídia do século
XIX.
1875
1900
1903
1913
1917
1918
1922
1929
1954
1957
. Livro "Fran Pacheco e as Figuras Maranhenses", de Joaquim Vieira Luz, estudo
"Celso Magalhães", de Fran Pacheco (lido na Academia Maranhense de Letras em 11 de
novembro de 1917).
1963
1967
1975
. "Maria Firmina, a glória literária da mulher maranhense", jornal "O Globo" (Rio),
18/10.
. "A primeira romancista brasileira", Josué Montello, "Jornal do Brasil" (Rio), 11/11.
1976
1977
1978
1981
1982
. "Il Negro nel Romanzo Brasiliano" ("O Negro no Romance Brasileiro"), Giorgio
Marotti, Itália.
1983
. "Do Bom Jesus a Jubiabá", entrevista de Giorgio Marotti sobre o livro "Il Negro nel
Romanzo Brasiliano", "Jornal do Brasil", 22/1.
1985
1986
. "Um auto-retrato de mulher: a pioneira maranhense Maria Firmina dos Reis", Luiza
Lobo, revista "Letterature d’America" ano 7, números 29-30-31, 1986-87, Itália.
1987
. "Maria Firmina dos Reis", no livreto "A mulher negra tem história", Coletivo de
Mulheres Negras da Baixada Santista.
Lançamento da terceira edição do romance (1988):
1988
. "O Negro de Objeto a Sujeito", Luiza Lobo, "Jornal do Brasil", caderno "Ideias",
14/5.
. "A pioneira maranhense Maria Firmina dos Reis" (versão resumida), Luiza Lobo,
IV Jornada de Estudos Americanos da Associação Brasileira de Estudos Americanos
(Mariana, MG), 25-27/5.
. "Maria Firmina, uma escritora mulata", Maria Lúcia de Barros Mott, estudo
publicado no livro "Submissão e resistência: a mulher na luta contra a escravidão".
1989
. "A pioneira maranhense Maria Firmina dos Reis", Luiza Lobo, "Revista de Estudos
Afro-Asiáticos", volume 16.
. "Escritoras negras resgatando a nossa história", Maria Lúcia de Barros Mott, Centro
Interdisciplinar de Estudos Contemporâneos/UFRJ.
1990
. "Escritoras negras: buscando sua história", Maria Lúcia de Barros Mott, "A Mulher
na Literatura ─ Volume III", Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
1993
. "O Negro de Objeto a Sujeito", Luiza Lobo, no livro "Crítica sem Juízo".
1995
. "Maria Firmina dos Reis, negra memória do Maranhão", Alfredo Souza Dorea,
"Cadernos do Ceas (Centro de Estudos e Ação Social)", "300 anos de Zumbi", Salvador
(BA).
1997
. "La opresión sexual y racial en Úrsula y A Escrava Isaura", Sara V. Rosell, no livro
"La Novela Antiesclavista en Cuba y Brasil, Siglo XIX" ("O Romance Antiescravagista
em Cuba e Brasil, Século XIX"), Madri (ESP).
1999
. Verbete "Maria Firmina dos Reis", no livro "Escritoras Brasileiras do Século XIX",
Zahidé Lupinacci Muzart, Florianópolis (SC).
2001
. "A escritura vanguarda de Maria Firmina dos Reis: inscrição de uma diferença na
literatura do século XIX", Cristiana Maria Costa de Oliveira, Faculdade de Letras da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
2002
2003
2004
. "Úrsula" e "A Escrava", Maria Firmina dos Reis, organização de Zahidé Lupinacci
Muzart, atualização de texto e posfácio de Eduardo de Assis Duarte, Belo Horizonte
(MG), 2004.
2008
2009
2017
2017
. "Memorial de Maria Firmina dos Reis ─ Prosa Completa & Poesia", Livro 01,
Editora Uirapuru, São Paulo.
Luiza Lobo
. Primeiro escritor a publicar estudos sobre Maria Firmina em livro de crítica literária
("Crítica sem Juízo"), 1993.
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Apresentação
"Úrsula", o primeiro e único romance de Maria Firmina dos Reis, teve uma história
bem mais complexa do que a contada na maioria das páginas da Web, e essa história
será integralmente relatada neste artigo, abrangendo o período de 1857 a 2017.
A história de "Úrsula"
Essa história pode ser lida em detalhes no artigo "O ano da primeira divulgação do
romance 'Úrsula', de Maria Firmina dos Reis", disponível nesta pasta do OneDrive,
subpasta Maria Firmina dos Reis.
Em 18 de fevereiro de 1860, o mesmo jornal "A Imprensa" (ano IV, número 11)
anunciou o início de nova campanha de subscrição para a publicação do romance. Essa
segunda campanha, bem-sucedida, foi coroada com a publicação de um anúncio de
"Vende-se", em 1º de agosto de 1860, no mesmo jornal "A Imprensa" (ano IV, número
61, página 4, terceira e quarta colunas). Nesse dia e nessa mesma página (na segunda
coluna), deu-se a publicação da segunda resenha de "Úrsula", esta bem mais favorável à
escritora.
Portanto, o verdadeiro ano de lançamento de "Úrsula" é 1860, e não 1859, como está
impresso na folha de rosto da primeira edição. Esse descompasso entre ano impresso e
ano de venda de um livro não era incomum naquela época.
. "A Imprensa", 17 de outubro de 1857, ano I, número 40, página 3, segunda coluna.
. "A Imprensa", 1º de agosto de 1860, ano IV, número 61, página 4, segunda coluna.
. "Jornal do Comércio", 4 de agosto de 1860, ano III, número 61, página 2, terceira
coluna.
2, 9 e 11/1/1862.
http://memoria.bn.br/DocReader/720097/80
Este autor encontrou, em 2017, a única menção ao livro de poemas "Cantos à Beira-
Mar" publicada em periódico não maranhense. Curiosamente, ela saiu em jornal do
Espírito Santo, "O Espírito-Santense", em 4 de novembro de 1871.
_______________
"Com o título de Cantos à beira mar, vai publicar um volume de poesias a exmª sra
d. Maria Firmina dos Reis, inteligente professora pública da Vila de Guimarães, nesta
província.
"Esta distinta poetisa é já muito conhecida pelos seus trabalhos literários, que têm
corrido impressos, nos nossos jornais e no Parnaso maranhense; é também a autora do
romance original brasileiro Úrsula.
"D. Maria Firmina emprega as poucas horas, que sobram do seu elevado e afanoso
mister, na grandiosa missão do cultivo das musas.
"Nós a cumprimentamos."
"O Espírito-Santense", 4/11/1871, ano II, número 78, página 2, primeira coluna.
http://memoria.bn.br/docreader/217611/270
_______________
Como se pode constatar pelo texto, a nota foi reproduzida do jornal "Esperança", do
Maranhão, cujos exemplares não estão disponíveis para consulta online. E o romance
"Úrsula" também é mencionado na nota original.
Na biografia da autora, José Nascimento Morais Filho conta que Maria Firmina doou
nesse dia um exemplar de seu romance ao Ateneu Maranhense, sociedade literária do
seu Estado, conforme nota do jornal "Publicador Maranhense". Esse exemplar não está
disponível para acesso online.
http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/14856
No século XX, até a década de 70, são conhecidas apenas nove menções a Maria
Firmina dos Reis, em livros ou publicações da mídia.
Maria Firmina é citada entre outros escritores que contribuíram para o "Parnaso
Maranhense", na página 390 do segundo volume da obra de Sílvio Romero.
"História da Literatura Brasileira - Tomo Segundo (1830-1870)", Sílvio Romero,
páginas 389 e 390, H. Garnier, Rio de Janeiro, 1903.
https://archive.org/details/historiadalitte00romegoog
José Nascimento Morais Filho, em sua biografia sobre a escritora, informa que o
artigo "A Imprensa no Maranhão: Jornais e Jornalistas", escrito pelo historiador José
Ribeiro do Amaral (1853-1927) e centrado no tipógrafo maranhense Belarmino de
Matos (1830-1870), cita a autora ao tratar da publicação "Semanário Maranhense":
"[...] a poetisa D. Maria Firmina dos Reis, que vive, também, em Guimarães, e que,
conquanto nonagenária conserva ainda grande lucidez de espírito".
O trecho faz parte de um longo estudo lido por Fran Pacheco em sessão pública na
Academia Maranhense, sobre o escritor homenageado Celso Tertuliano da Cunha
Magalhães. No livro supracitado, o texto vai da página 224 à 255. Esse estudo foi
publicado originalmente no primeiro volume da "Revista da Academia Maranhense de
Letras" (1916-1918).
"[...] Maria Firmina dos Reis, ainda viva, soterrada nas paragens vimaranenses,
vergando ao peso de 92 janeiros, de par com Ricardo Carvalho."
Maria Firmina faleceu exatamente no dia em que seu nome era mencionado de
passagem na Academia Maranhense ― aliás, a única menção conhecida à autora por
uma academia literária em sua época. Talvez se possa considerar essa menção uma
conquista que simbolicamente coroou a longa vida de nossa primeira romancista: o dia
em que saiu da vida para entrar na Academia.
1918
"[...] Maria Firmina dos Reis, que sucumbiu, com uns 93 janeiros, em 1918".
"O Jornal" (MA), 28/10/1822, ano VIII, número 1530, página 1, segunda coluna.
http://memoria.bn.br/DocReader/720593/8250
http://memoria.bn.br/DocReader/168319_02/28885
"O Imparcial", 3/10/1937, ano XII, número 5704, página 4, primeira e segunda
colunas, em "Figuras Maranhenses".
http://memoria.bn.br/DocReader/107646/20299
http://memoria.bn.br/DocReader/093874/12845
1922 - "O Maranhão no centenário da Independência: 1822/1922"
José Nascimento Morais Filho, em sua biografia sobre a escritora, informa que José
Ribeiro do Amaral cita a autora maranhense em seu livro "O Maranhão no Centenário
da Independência: 1822/1922", publicado em 1922, em três volumes. A citação se dá no
verbete POESIA:
Embora essa obra não seja mais encontrada, seus originais estão preservados na
Seção de Obras Raras da Biblioteca Pública Benedito Leite, em São Luís.
7 de novembro de 1929
"Pacotilha", 7/11/1929, ano XLVIII, número 2015, página, terceira coluna, quarto
parágrafo.
http://memoria.bn.br/docreader/168319_02/25100
1954
Capa do número 47
https://sebodomessias.com.br/revista/diversos/anhembi-n-47-volume-xvi.aspx#
Esse ensaio está reproduzido na coletânea "O Século de Camus: Artigos para jornal,
1947-1955", lançada em 2015 pela editora Graphia, com organização de Luciana
Viégas.
http://graphia.com.br/livros/camus.php
http://periodicos.unb.br/index.php/estudos/article/view/2038
1957
1963
"A [João Clímaco] Lobato [tido como o primeiro romancista maranhense] seguiu-se
uma moça, D. Maria Firmina dos Reis, professora pública de Guimarães, que editou em
1852 na tipografia do 'O Progresso' o romance Úrsula, magnificamente recebido pela
imprensa, e que depois inseriu 'Gupeva' na 'Juventude Maranhense'. Aquele livro é de
edição esgotada; nem os bibliófilos o possuem".
Destaquem-se os erros de informação sobre o ano (não 1852, mas 1860) e sobre o
periódico (tratava-se, na verdade, do "Eco da Juventude").
O livro "Quadros da Vida Maranhense" foi lançado em 1978 pela Fundação Cultural
do Maranhão (São Luís). Aparentemente, essa edição, de apenas 54 páginas, não traz o
artigo do "Jornal do Dia", nem reflete a longa série de artigos do pesquisador, publicada
em jornais do Maranhão.
https://books.google.com.br/books?redir_esc=y&hl=pt-
BR&id=Q_4JAQAAIAAJ&focus=searchwithinvolume&q=firmina
1967
Fonte: http://150.164.100.248/literafro/data1/autores/102/foteatualizadas8.pdf
https://oportunityleiloes.auctionserver.net/view-
auctions/catalog/id/1635/lot/546349/?url=%2Fview-
auctions%2Fcatalog%2Fid%2F1635%3Fpage%3D39%26sort%3D4%26dir%3D0%26it
ems%3D10
Portanto, esses dados permitem afirmar que, na prática, "Úrsula", como texto
literário, não foi conhecido fora do estado do Maranhão no período desde o seu
lançamento em 1860 até 1975, ano de lançamento da segunda edição do romance.
Algumas afirmações disseminadas na Web sobre a influência de "Úrsula" na produção
de autores brasileiros não se sustentam, à vista desses dados: influência pressupõe
conhecimento; como não houve conhecimento, não poderia haver influência.
É importante ressaltar que a maioria das menções anteriores ao final desse período
mencionava a "poetisa", e não a "romancista" Maria Firmina dos Reis, certamente
porque a atividade poética da escritora marcou bem mais, pela presença nos jornais
maranhenses, do que a sua atividade de romancista.
http://primeiraleituraenergisa.com.br/v2/livros/horacio-de-almeida-em-quadrinhos/
https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-695645963-brejo-de-areia-horacio-de-
almeida-1-edico-autografado-_JM
_________________
Faz coisa de seis ou oito anos [ou seja, entre 1967 e 1969] comprei um lote de
livros, entre os quais vinha uma pequena brochura, que me despertou atenção. A bem
dizer, foi por causa dessa brochura que adquiri os livros em apreço. A folha de rosto
assim rezava:
O Livro não trazia assinatura alguma. Consultei Tancredo [de Barros Paiva, autor
de "Achegas a um dicionário de pseudônimos", 1929], e outros dicionários de
pseudônimos e nenhum me revelou quem fosse "Uma Maranhense'. Pensei em
Sacramento Blake, mas só podia consultá-lo se tivesse o nome da autora, que era então
para mim uma incógnita. Fui ao índice do seu Dicionário [Bibliográfico Brasileiro],
levantado por Estados da Federação, obra bem curiosa de Otávio Torres, Salvador,
Bahia. Percorrendo a relação dos escritores maranhenses, encontrei Maria Firmina
dos Reis, que Sacramento Blake apresenta como autora do romance Ursula.
_________________
http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/227315
Página 66.
_________________
Estava decifrado o enigma, mas o livro continuou sem leitura. Passados alguns
anos, achei por bem fazer um trabalho para os Anais do Cenáculo [Brasileiro de Letras
e Artes] sobre um tema que me pareceu interessante. Cogitava de saber qual o primeiro
romance escrito no Brasil por uma mulher.
https://catalog.loc.gov/vwebv/holdingsInfo?searchId=20778&recCount=25&recPoint
er=9&bibId=1298674
______________________
______________________
"Maria Firmina ─ Fragmentos de uma Vida", José Nascimento Morais Filho,
Governo do Maranhão, São Luís, 1976.
Também em 1973, o poeta e pesquisador Clóvis Ramos publicou o livro "Nosso Céu
Tem mais Estrelas ─ 140 Anos de Literatura Maranhense", no qual citou erroneamente
a autora maranhense como "Maria Emília dos Reis":
"Nosso céu tem mais estrelas: 140 anos de literatura maranhense", Clóvis Ramos,
Editora Pongetti, Rio de Janeiro, 1973.
https://books.google.com.br/books?redir_esc=y&hl=pt-
BR&id=H7AtAAAAYAAJ&focus=searchwithinvolume&q=maria+em%C3%ADlia
Em sua antologia seguinte, "Nossas Várzeas Têm Mais Flores: Poetas Modernos do
Maranhão" (1975), Clóvis realizou a devida correção:
"Nossas Várzeas Têm Mais Flores ─ Poetas Modernos do Maranhão", Clóvis
Ramos, Fundação Cultural do Maranhão, 1975.
http://www.harpyaleiloes.com.br/peca.asp?ID=214311
_______________________________
Em artigo publicado na Revista das Academias de Letras, n.º 77, 1970, intitulado
Raridades Bibliográficas, Horácio de Almeida fez uma pergunta que continua sem
resposta. Indagava dos entendidos em bibliografia qual o primeiro romance de mulher
brasileira publicado no Brasil.
São decorridos três anos e nem mesmo como curiosidade literária a pergunta
mereceu dos estudiosos a atenção que seria de esperar. Dar de ombros a tão magna
questão como a que procura fixar, em nosso país, o ponto pioneiro no desenvolvimento
das letras femininas não é atitude que corresponda ao grau de cultura já alcançado ou
que pretendemos ter.
Para não dizer que o silêncio continua tumular foi quebrado certa vez numa roda de
livraria. Disse um ilustre escritor que a questão não é de alta indagação, pois o primeiro
romance de mulher brasileira era Aventuras de Diófanes, de Teresa Margarida da Silva
e Orta.
Com efeito, é o primeiro romance de mulher brasileira, mas a pergunta continua sem
resposta, porque não foi escrito nem publicado no Brasil. Teresa Margarida da Silva e
Orta, nascida em São Paulo, era irmã de Matias Aires Ramos da Silva de Eça e tanto ela
como o irmão deixaram nome nas letras. Em menina, acompanhou os pais que se
mudaram para Portugal e nunca mais voltou ao Brasil. Por lá publicou o seu livro
Aventuras de Diófanes, em 1752, oculta sob o pseudônimo de Dorotéa Engrássia
Tavareda Dalmira, romance que se enreda na fábula e já fazia bocejar os retóricos de
seu tempo.
Teresa Margarida foi de fato a primeira romancista do Brasil, mas não foi a primeira
no Brasil.
O que interessa no caso é saber qual o romance que primeiro surgiu no Brasil, escrito
por mulher. De punho masculino, aponta-se a Moreninha, de Joaquim Manoel de
Macedo, que ocupa o primeiro lugar. Qual o de punho feminino? Romance e não
tradução de romance, como fez Nísia Floresta, em 1850, na relação que nos dá
Sacramento Blake.
Não deixa de ser estranho o silêncio que pesa sobre tão memorável questão. Diante
disso, arrisco-me a uma resposta, só para abrir os debates. Ainda que venha a ser
contestado, sairá ganhando a literatura brasileira com a luz que se projetar sobre o
assunto.
Curioso será dizer que a primeira romancista no Brasil surgiu em uma província do
Norte [à época] e não no Rio de Janeiro, como poderia parecer óbvio. A nosso ver, o
Maranhão é a terra privilegiada. Foi lá, numa pequena cidade de interior, que uma
mulher, de nome ainda hoje obscuro, galgou posição como precursora entre as que se
firmaram depois na gestação do romance brasileiro. Úrsula é o nome do romance que
temos como o primeiro lançado no Brasil por uma mulher. A autora, temerosa da
crítica, oculta-se no anonimato, como mostra o frontispício do livro, textualmente
transcrito:
Formato pequeno, in 12.º, 198 páginas e mais o índice das matérias em uma página
sem numeração. Encobre-se a autora com o manto de Uma Maranhense, mas o seu
nome é Maria Firmina dos Reis, segundo informa Sacramento Blake (Dicionário
Bibliográfico Brasileiro, v. 6, p. 232).
Nasceu na cidade de São Luís em 1825 e foi professora de primeiras letras em São
José de Guimarães, Maranhão, onde morou largos anos de sua vida. Cultivou a poesia e
publicou Cantos à Beira Mar, Úrsula e um outro romance intitulado A Escrava. Este
último parece ter saído somente em folhetim, nos jornais da terra. Se era parenta de
Sotero dos Reis, como o nome indica e a inteligência faz supor, não cabe aqui
destrinchar esse problema, que é mais da economia dos maranhenses. Também não há
lugar aqui para falar do mérito do romance, que se enquadra ao tempo dos mancebos
castos e das donzelas tímidas, tão afeitos aos suspiros amorosos.
A Biblioteca Nacional não possui o romance Úrsula, mas um exemplar dele, em bom
estado de conservação, poderá ser visto na biblioteca de Horácio de Almeida, que foi
quem nos forneceu notas e sugeriu a execução deste trabalho. A Biblioteca do
Maranhão igualmente não o tem. Por lá o escritor Nascimento Morais Filho anda
pesquisando dados, segundo informa a imprensa local, para demonstrar que Maria
Firmina dos Reis é a primeira romancista do Maranhão. Advirta-se que foi a primeira no
Brasil. Até prova em contrário, tenha-se Úrsula como o primeiro romance de autoria
feminina publicado no Brasil. Não há notícia de outro antes de 1859.
Um Académico
_____________________
https://www.estantevirtual.com.br/fenixliber/diversos-autores-revista-das-academias-
de-letras-n-81-255910309
http://www.cultura.ma.gov.br/portal/sgc/modulos/sgc_bpbl/acervo_digital/arq_ad/20
150722152956.pdf
Folha de rosto da cópia digitalizada pela Biblioteca do Congresso dos EUA.
O livro tem 198 páginas e foi impresso pela Gráfica Olímpica Editora Ltda.
"Quem muito vem trabalhando para perpetuar a sua memória na terra natal é o
acadêmico Nascimento Morais Filho, que não descansa na tarefa de reunir fragmentos
para um volume da obra completa da autora, em edição atualizada".
_________________________
Os horizontes em que exerce a ação do livro são demasiados limitados. Uma prosa
árida, jungida a preocupações escorreitas, como era moda, ressoa através de duzentas
páginas. Aqui e ali, como uma pedra de tropeço, topa o leitor com uma palavra fora de
uso, exumada dos clássicos. No mais, carece o romance de outros requisitos, como o
colorido das descrições, a fixação dos costumes, a espontaneidade do estilo coloquial.
Com relação ao coloquial, predomina o tratamento de vós entre todos os personagens,
até mesmo os mais humildes, os escravos, que não claudicam nas formas verbais.
Porventura não são também artificiosas as obras literárias dos tempos românticos?
A autora vai além e não consente que o drama de amor, em que implanta a ação do
livro, tenha consumação. Mata um a um todos os personagens, antes do tempo. Úrsula,
a principal figura do romance, morre assassinada, juntamente com o noivo, na hora em
que a vida lhe palpita felicidade, quando sai do altar para o abraço nupcial.
O noivo é um bacharel cheio de bacharelice, que morto não faria falta. No entanto,
Úrsula ama-o, com aquele amor clorótico [desbotado] dos tempos românticos. As cenas
de amor e de ódio, que no livro se sucedem, acontecem sem qualquer preparação
psicológica.
Cabe, todavia, a Maria Firmina dos Reis o privilégio até então inédito nos anais da
literatura brasileira de produzir o primeiro romance no Brasil, como pioneira da seara
feminina, sem influência alienígena, onde um escravo, por seu caráter, por sua alma
branca, ocupa lugar de destaque no plano da obra.
__________________________
http://memoria.bn.br/DocReader/030678/59769
18 de outubro de 1975
http://acervo.oglobo.globo.com/
http://memoria.bn.br/DocReader/154083_03/21784
11 de novembro de 1975
___________________________
Desta vez, ao que parece, Nascimento Morais Filho ergueu tão alto a voz
retumbante que o pais inteiro o escutou, na sua pregação em favor de Maria Firmina
dos Reis. Há quase dois anos, ao encontrar-me com ele na calçada do velho prédio da
Faculdade de Direito, na Capital maranhense, vi-o às voltas com originais da
escritora. Andava a recompor-lhe o destino recatado, revolvendo manuscritos,
consultando jornais antigos, esmiuçando almanaques e catálogos, como a querer imitar
Ulisses, que reanimava as sombras com uma gota de sangue.
E a verdade é que, no dia de hoje, Maria Firmina dos Reis dá pretexto a estudos e
discursos, e conquista o seu pequeno espaço na história do romance brasileiro — com
um nome, uma obra, e a glória de ter sido uma pioneira.
Tudo quanto se sabia, sobre Maria Firmina dos Reis, antes dos estudos dos dois
pesquisadores maranhenses, cingia-se a um verbete do sexto volume do Dicionário
Bibliográfico Brasileiro, de Sacramento Blake. A escritora nasceu em São Luís, a 11 de
novembro de 1825, e foi professora de primeiras letras no interior do Maranhão. Sem
indicação das datas de publicação, Sacramento Blake relaciona três livros de sua
autoria: um de poesias, Cantos à Beira-Mar, e dois romances: Úrsula e A Escrava.
Orientado por uma indicação de Reis Carvalho, que suponho ler lido no seu estudo
sobre a Literatura Maranhense, constante de um dos tomos da Biblioteca Internacional
de Obras Célebres, lembro-me de ler compulsado na Biblioteca Nacional, ao tempo da
administração de Rodolfo Garcia, o primeiro desses romances, pertencente à coleção
Teresa Cristina. Mais tarde, tendo ali voltado para consultá-lo, com vistas a uma
informação que Viriato Correa me solicitara, já não mais o encontrei.
Vejo agora, por uma informação de Horácio de Almeida, que se trata a maior
raridade bibliográfica das letras maranhenses.
Encontrou-a Horácio de Almeida, há uns seis ou oito anos, num lote de livros velhos,
e adquiriu-a. Sobre esse exemplar, por ele doado ao Maranhão, fez-se agora uma
edição fac-similar, destinada a comemorar o sesquicentenário de nascimento da
escritora.
Por seu lado, Nascimento Morais Filho descobriu um romance indianista de Maria
Firmina das Reis, Gupeva, publicado em 1861 num periódico maranhense, Eco da
Juventude.
Cinco anos antes da publicação de Úrsula, que era assinado apenas com esta
indicação: Uma maranhense, no lugar do nome de seu autor, tinham saído no Rio de
Janeiro as Memórias de um Sargento de Milícias, também sem nome de autor, apenas
com esta indicação: Um brasileiro (1854). Maria Firmina dos Reis ter-se-ia inspirado
nesse recurso de Manoel Antônio de Almeida? Se o fez, só aí o imitou, porque o estilo
de seu livro, marcadamente romântico nos tipos e na urdidura, destoa da singeleza e do
realismo das Memórias de um Sargento de Milícias.
No dia de hoje, o seu busto será inaugurado na Praça do Panteon, em São Luís. A
cidade que lhe serviu de berço ressarce a dívida que tinha para com ela e todos nós
ignorávamos. E é de justiça reconhecer que isto se deve à pertinácia, ao espirito de
pesquisa e ao metal da voz de Nascimento Morais Filho.
http://memoria.bn.br/DocReader/030015_09/131021
El nombre de Maria Firmina dos Reis, sin una explicación de su vida y de su obra
que la hicieron memorable, nada dirá al lector. Incluso los estudiosos que se aplican a
desentrañar los textos fundamentales de nuestra cultura quedarán en silencio, el ceño
fruncido, sin saber a fin de cuentas de quién se trata. Maria Firmina dos Reis, nacida
hace poco más de ciento cincuenta años. ¿Y qué?
Esta vez, según parece, Nascimento Morais alzó tan alto la voz que hizo retumbar en
el país entero el nombre de Maria Firmina dos Reis. Hace ahora poco más de dos años,
al encontrarme con él a la puerta de un viejo edificio de la Facultad de Derecho de la
capital maráñense lo vi que andaba a vueltas con unos originales de la escritora. Trataba
de reconstruir su destino recatado, revolviendo manuscritos, consultando periódicos,
desmenuzando almanaques y catálogos, como queriendo imitar en Ulises, que
reanimaba a las sombras con una gota de sangre.
Y la verdad es que hoy Maria Firmina dos Reis es tema de estudios y discursos y
ocupa su pequeño espacio en la historia de la novela brasileña con su nombre, su obra y
su gloria singular de haber sido una pionera en las letras de Brasil.
Maria Firmina dos Reis es, realmente, la primera novelista brasileña. Porque si bien
hay el antecedente de Teresa Margarida da Silva e Orta, hermana de Matias Aires,
autora famosa de las Aventuras de Diófanes, libro publicado por primera vez en Lisboa
en 1752 con el seudónimo de Dorothea Eugrassia Tavareda Dalmira, bajo el modelo de
las Aventuras de Telémaco tal y como sugiere su título ese libro no constituye materia
específica en cuanto a su autor se refiere, y por otra parte, como bien señala Antonio de
Oliveira, no es un libro de temas brasileños.
Todo lo que se sabía de Maria Firmina dos Reis antes de los estudios de estos dos
investigadores marañenses se limitaba a una breve nota en el sexto volumen del
Dicionário Bibliográfico Brasileiro, de Sacramento Blake. La escritora nació en São
Luiz do Maranhão el 11 de noviembre de 1825 y fue profesora de primeras letras en una
escuela del interior de aquel Estado. Sin indicar fechas de publicación, Sacramento
Blake registra tres libros de Maria Firmina: Cantos à Beira Mar, Poesías y dos novelas,
Úrsula y A Escrava.
Orientado por una indicación de Reis Carvalho en su Literatura maranhense, que
forma volumen en la Biblioteca Internacional de Obras Célebres, recuerdo haber
manejado en la Biblioteca Nacional la primera de esas novelas, perteciente a la
colección "Teresa Cristina". Cuando, más tarde, volví allí para consultarlo de nuevo con
vistas a una información que Viriato Correa me había pedido, ya no encontré ese libro.
Y ahora veo, por una información de Horacio de Almeida que se trata de la mayor
rareza bibliográfica de las letras marañenses.
La adquirió Horacio de Almeida hace unos diez años formando parte de un lote de
libros viejos. Sobre ese ejemplar, que ha donado a la Biblioteca de Maranhão, se hizo
una edición facsímil destinada a conmemorar los ciento cincuenta años del nacimiento
de la escritora.
Por otro lado, Nascimento Morais Filho descubrió una novela indianista de Maria
Firmina titulada Gupeva, publicada en 1861 en el periódico maráñense Eco da
Juventude.
Dice Maria Firmina en el prefacio de Úrsula: «Pobre y humilde libro es éste que os
presento, lector. Sé que pasará entre la indiferencia glacial de unos y la sonrisa burlona
de otros, y aun así quiero darlo a luz. No es la vanidad de adquirir nombre lo que me
ciega ni es el amor propio del autor. Sé que poco vale esa novela porque ha sido escrita
por una mujer y mujer brasileña de educación mediocre y sin el trato y la conversación
de los hombres ilustres que aconsejan, discuten y corrigen; mujer de una instrucción
deficiente, que apenas conoce la lengua de sus padres, poco leída y con un caudal
intelectual casi nulo. ¿Por qué la publicas entonces?, preguntará el lector. Como una
tentativa, y mejor aún, por ese amor materno que no conoce límites y todo lo disculpa
—defectos, achaques o deformidades del hijo— y que gusta de adornarle y presentarse
con él en todo lugar, mostrándolo a sus amigos y conocidos para verlo mimado y
acariciado.»
Cinco años antes de la publicación de Úrsula, libro que era firmado apenas con la
indicación "Una maranhense", había salido en Rio de Janeiro las Memorias de um
Sargento de Milicias, también sin nombre de autor, con esta indicación apenas: "Um
brasileiro" (1854). ¿Se inspiraría Maria Firmina en ese recurso de Manoel Antônio de
Almeida? Si así lo hizo sólo en eso le imitó, porque el estilo de su libro, netamente
romántico en los tipos y en la urdimbre de la historia, difiere de la simpleza y el
realismo de las Memorias de um Sargento de Milicias.
http://memoria.bn.br/docreader/008109/4647
11 de novembro de 1975
http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19751111-30869-nac-0012-999-12-
not/busca/Maria+Firmina+Reis
26 de novembro de 1975
_______________________
A maranhense Maria Firmina dos Reis foi a primeira mulher brasileira a escrever um
romance, genuinamente brasileiro, com a publicação, em 1858, do romance Úrsula.
Quem descobriu o fato foi o escritor paraibano Horácio de Almeida e até então
acreditava-se que a pioneira havia sido a paulista Teresa Margarida da Silva e Orta ou a
poetisa Nísia Floresta, do Rio Grande do Norte.
Horácio de Almeida fez a descoberta por acaso, em 1962, quando comprou o livro
Úrsula, por Cr$ 10.00, num grego que negociava com livros usados no Rio. O romance
chamou a atenção do escritor paraibano porque era assinado simplesmente por "Uma
maranhense". Com a curiosidade espicaçada, começou e pesquisar, fuçando tudo quanto
era biblioteca e documentos públicos. No fim de 13 anos, descobriu a identidade da
autora.
Maria Firmina dos Reis era professora primária na cidade de Guimarães, no interior
do Maranhão, onde morou a vida toda. Nasceu em 1825, em São Luís. Escandalizou a
população de Guimarães quando formou uma turma mista, numa escolinha fundada por
ela. Além de Úrsula, a pioneira escreveu ainda um livro de poemas, Cantos à beira mar
e outro romance, A Escrava. Há pouco, Maria Firmina teve seu busto inaugurado na
Praça do Panteon, em São Luís. Agora, Horácio de Almeida alimenta o plano de
escrever a biografia da primeira romancista brasileira.
"Diário de Notícias" (Rio), 26/11/1975, ano XLVI, número 16.471, página 12.
http://memoria.bn.br/DocReader/093718_05/41439
25 de dezembro de 1975
http://www.letras.ufrj.br/posverna/mestrado/NascimentoJC.pdf
Dezembro de 1975
Por fim, uma nota na revista "Brasil Açucareiro", também em dezembro de 1975,
noticiou o lançamento de "Úrsula" no Rio de Janeiro.
________________________________
LIVROS
http://memoria.bn.br/DocReader/002534/51433
1977
Como se pode perceber nesse único trecho extenso disponível no Google Books,
Jomar considerava a autora uma "poetisa medíocre" e uma "ficcionista desimportante",
afirmando que ela não possuía, "nos limites da literatura maranhense, a significação que
recentemente pretenderam atribuir-lhe". Obviamente, a crítica destinava a José
Nascimento Morais Filho, principal divulgador de Maria Firmina.
"Apontamentos de literatura maranhense (uma abordagem contextual que leva em
conta os fatores políticos, sociais e econômicos)", página 136, Jomar Moraes, Serviço
de Imprensa e Obras Gráficas do Estado (SIOGE), São Luís (MA), 1977.
https://books.google.com.br/books?redir_esc=y&hl=pt-
BR&id=K68tAAAAYAAJ&focus=searchwithinvolume&q=recentemente+pretenderam
http://www.letras.ufrj.br/posverna/mestrado/NascimentoJC.pdf
13 de dezembro de 1977
http://150.164.100.248/literafro/data1/autores/102/MariaFirminaFontesnova.pdf
25 de dezembro de 1977
Também em dezembro deste ano, no dia 25, o jornal maranhense "O Imparcial"
noticiou a repercussão internacional da novidade literária no artigo "Maria Firmina é
notícia em francês", de Pedro Braga dos Santos.
http://150.164.100.248/literafro/data1/autores/102/MariaFirminaFontesnova.pdf
1978
O verbete respectivo:
"Dicionário Literário Brasileiro", segunda edição, Raimundo de Menezes, páginas
570 e 571, Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, 1978.
1979
As três obras editadas por José Nascimento Morais Filho tornaram-se exemplares
cobiçados por bibliófilos, para desespero de estudiosos e historiadores que se viram
impedidos de realizar trabalhos sobre elas e de divulgar a obra de Maria Firmina.
1981
Fonte: http://150.164.100.248/literafro/data1/autores/102/foteatualizadas8.pdf
http://www.fcc.org.br/conteudosespeciais/bibliografiaanotada/arquivo/biblioanotada2
14x21.pdf
1982
"Il negro nel romanzo brasiliano", de Giorgio Marotti, Bulzoni Editore, Itália, 1982.
https://www.ibs.it/negro-nel-romanzo-brasiliano-prima-libri-vintage-generic-
contributors/e/2560007355209
O Google Books permite acesso limitado à obra, mas pelos trechos pode-se deduzir
que a autora é citada no capítulo "Gli Incerti Inizi" ("Os Inícios Incertos").
https://books.google.com.br/books?redir_esc=y&hl=pt-
BR&id=dDctAAAAYAAJ&focus=searchwithinvolume&q=ursula
https://books.google.com.br/books?redir_esc=y&hl=pt-
BR&id=dDctAAAAYAAJ&focus=searchwithinvolume&q=maria+firmina
Primeiro uma afirmação de Marotti sobre o tema do livro: "[...] toda a literatura
[brasileira] sobre o negro ― com a única exceção de Jorge Amado ― é a expressão de
uma típica mentalidade patriarcal".
"Pionieri: gli italiani in Brasile e il mito della frontiera", Pierro Brunello,
Donzelli Editore, Itália, 1994.
https://books.google.com.br/books?id=oxfNco4YZJoC&lpg=PA79&ots=YJiMxPE_
nx&dq=%22il%20negro%20nel%20romanzo%20brasiliano%22&hl=pt-
BR&pg=PA79#v=onepage&q=%22il%20negro%20nel%20romanzo%20brasiliano%22
&f=false
"O romance 'Úrsula' de Maria Firmina dos Reis: Estética e ideologia no romantismo
brasileiro", Juliano Carrupt do Nascimento, dissertação de Mestrado em Letras
Vernáculas, UFRJ, junho de 2009.
http://www.letras.ufrj.br/posverna/mestrado/NascimentoJC.pdf
A tradução de Juliano:
"Os escravos descritos em Úrsula fazem parte da seguinte regra: Túlio é o escravo
bom, mesmo depois de ser liberto escolhe continuar a servir Tancredo, seu novo senhor;
Susana é a boa velha negra, a mãe preta, que se sacrifica para salvar sua senhorinha."
http://www.letras.ufrj.br/posverna/mestrado/NascimentoJC.pdf
http://acervo.jorgeamado.org.br/item/208011047081
"Il Negro nel Romanzo Brasiliano" foi traduzido como "Black characters in the
Brazilian novel" ("Personagens Negros no Romance Brasileiro"), por Maria O. Marotti
e Henry Lawton, em 1987.
https://catalog.hathitrust.org/Record/000840383
https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/41MmI-
bSDxL._SX323_BO1,204,203,200_.jpg
https://www.estantevirtual.com.br/imbroglio/giorgio-marotti-il-negro-nel-romanzo-
brasiliano-328693140
http://memoria.bn.br/DocReader/030015_10/56711
1985
1986
https://blogluizalobo.wordpress.com/
https://pt.scribd.com/document/124422847/Nossa-Nenzinha
"Mulheres do Brasil (Pensamento e Ação)", Terceiro Volume, Ala Feminina da Casa
de Juvenal Galeno, Secretaria de Cultura e Desporto, Fortaleza (CE), 1986.
https://books.google.com.br/books?id=cN1GAAAAYAAJ&q=%22cantos+%C3%A
0+beira-mar%22&dq=%22cantos+%C3%A0+beira-mar%22&hl=pt-
BR&sa=X&ved=0ahUKEwihupztxp7ZAhXHCpAKHUIBDIQ4ChDoAQg8MAY
1987
https://books.google.com.br/books?id=wcwrAAAAYAAJ&redir_esc=y
30 de dezembro de 1987
Também nesse ano, Norma de Abreu Telles defendeu o primeiro trabalho acadêmico
em que Maria Firmina ocupava papel de relevo, em sua tese de doutorado em Ciências
Sociais, na Faculdade de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo: "Encantações: escritoras e imaginação literária no Brasil".
https://sapientia.pucsp.br/handle/handle/18403
https://www.intermeioscultural.com.br/encantaes
"O romance 'Úrsula' de Maria Firmina dos Reis: Estética e ideologia no romantismo
brasileiro", página 29, Juliano Carrupt do Nascimento, dissertação de Mestrado em
Letras Vernáculas, UFRJ, junho de 2009.
http://www.letras.ufrj.br/posverna/mestrado/NascimentoJC.pdf
A terceira edição de "Úrsula", com 162 páginas, saiu pela Presença Edições, do Rio
de Janeiro, em coprodução com o Instituto Nacional do Livro (INL), de Brasília.
"Úrsula", Maria Firmina dos Reis, 3ª edição, organização, atualização do texto e
notas por Luiza Lobo, prefácio de Charles Martin, Presença Edições (RJ) e Instituto
Nacional do Livro (INL, Brasília), 1988.
http://www.elfikurten.com.br/2015/06/maria-firmina-dos-reis.html
1988
http://memoria.bn.br/DocReader/030015_10/164076
http://memoria.bn.br/DocReader/030015_10/164077
Esse estudo seria reproduzido no capítulo 16 do livro de ensaios "Crítica sem Juízo",
publicado por Luiza em 1993 (páginas 205 a 211, Francisco Alves, Rio de Janeiro).
25-27 de maio
http://livrozilla.com/doc/1032324/maria-firmina-dos-reis-fontes-de-consulta-
almeida--hor%C3%A1ci...
1988
Texto completo
http://www.normatelles.com.br/as_mulheres_loucas_da_literatura.html
https://books.google.com.br/books?redir_esc=y&hl=pt-BR&id=-
G7aAAAAMAAJ&focus=searchwithinvolume&q=maria+firmina
https://d1pkzhm5uq4mnt.cloudfront.net/imagens/capas/_641df3a76b914b6f361f4f51
a2ff31f30135cfe3.jpg
1989
https://blogluizalobo.wordpress.com/
https://books.google.com.br/books/about/Escritoras_negras_resgatando_a_nossa_his.
html?id=9UUtAAAAYAAJ&redir_esc=y
Texto completo
http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/18593/20656
Ou:
http://www.normatelles.com.br/Rebeldes-Escritoras-Abolicionistas.html
"Revista da História", número 120.
http://3.bp.blogspot.com/-
2ruGIqmakh0/VglY4nFEuSI/AAAAAAAAX4I/rzQCNBzHXxs/s400/R01_CAPA2OK
_RH120.jpg
1990
Nesse ano, Maria Lúcia de Barros Mott publicaria o ensaio "Escritoras negras:
buscando sua história" (provavelmente o mesmo estudo do livreto publicado em 1989),
em "A Mulher na Literatura ─ Volume III", organizado por Nádia Battella Gotlib e
publicado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte
A obra fez parte de uma série de livros que registraram os trabalhos acadêmicos
apresentados nos Encontros Nacionais da Associação Nacional de Pós-Graduação e
Pesquisa em Letras e Linguística (Anpoll), e contava com o apoio da Fundação Vitae.
Resenha
http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/cp/article/view/1036/1044
http://www.amulhernaliteratura.ufba.br/Documentos/Boletim%20do%20GT1990.do
cx
Texto completo
https://periodicos.ufsc.br/index.php/travessia/article/view/17202/15776
Em sua monografia "O negro na literatura maranhense", lançada pela Academia
Maranhense de Letras (São Luís, 1990), Luzia Navas-Toríbio empreendeu um extenso
estudo sobre a obra de Maria Firmina.
https://books.google.com.br/books?id=hK8tAAAAYAAJ&q=%22cantos+%C3%A0
+beira-mar%22&dq=%22cantos+%C3%A0+beira-mar%22&hl=pt-
BR&sa=X&ved=0ahUKEwiInuOW6YTZAhUJj5AKHZozAR0Q6AEITzAJ
1993
No livro de ensaios "Crítica sem Juízo" (Francisco Alves, Rio de Janeiro) Luiza
Lobo publicou "Um auto-retrato de mulher: a pioneira maranhense Maria Firmina dos
Reis", (capítulo 18, páginas 222 a 238).
No mesmo livro, como já foi mencionado, saiu o ensaio "O Negro de Objeto a
Sujeito" (capítulo 16, páginas 205 a 211), publicado no "Jornal do Brasil" em 14 de
maio de 1988.
Novembro de 1995
https://cadernosdoceas.ucsal.br/index.php/cadernosdoceas/pages/view/questoes
1997
No livro "La Novela Antiesclavista en Cuba y Brasil, Siglo XIX" ("O Romance
Antiescravagista em Cuba e Brasil, Século XIX"), Sara V. Rosell estudou, entre outros
romances desse subgênero, "Úrsula", de Maria Firmina.
"La Novela Antiesclavista en Cuba y Brasil, Siglo XIX", de Sara V. Rosell, Editorial
Pliegos, Madri (ESP), 1997.
http://www.pliegoseditorial.com/index.php?route=product/product&product_id=182
"'A Escrava Isaura': La justicia divina como garantía entre el orden público y el
privado", página 74, Ana Miramontes, "Revista Iberoamericana", volume LXX, número
206, Universidade de Pittsburgh, 2004.
https://revista-
iberoamericana.pitt.edu/ojs/index.php/Iberoamericana/article/download/5584/5732
Tradução:
"No livro 'O Romance Antiescravagista em Cuba e Brasil, Século XIX', Sara V.
Rossell [o sobrenome correto é Rosell] leva a cabo um estudo comparativo entre o
romance de [Bernardo] Guimarães e 'Úrsula' (1859), de Maria Firmina dos Reis, uma
autora que permaneceu desconhecida no Brasil até a década de 1970. Maria Firmina dos
Reis foi uma mulher mulata que se dedicou ao magistério e à literatura, o que, somado
às suas ideias abolicionistas, lhe valeu a marginalização extrema, assim como sua
exclusão da história da literatura".
O título do capítulo a que se refere esse trecho é "La opresión sexual y racial en
Úrsula y A Escrava Isaura" (páginas 141 a 178).
http://deacademic.com/dic.nsf/dewiki/2497410
1999
O verbete "Maria Firmina dos Reis", escrito pela própria Zahidé, ocupou da página
264 à 284, contando com excertos de "Úrsula", do "Álbum" (o diário da escritora
maranhense) e de "A Escrava", além do poema completo "Sonho ou Visão?".
2001
Dois anos depois, Cristiana Maria Costa de Oliveira defendeu a sua dissertação de
Mestrado em Teoria Literária intitulada "A escritura vanguarda de Maria Firmina dos
Reis: inscrição de uma diferença na literatura do século XIX", na Faculdade de Letras
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
"O romance 'Úrsula' de Maria Firmina dos Reis: Estética e ideologia no romantismo
brasileiro", páginas 26 e 27, Juliano Carrupt do Nascimento, dissertação de Mestrado
em Letras Vernáculas, UFRJ, junho de 2009.
http://www.letras.ufrj.br/posverna/mestrado/NascimentoJC.pdf
2002
Tradução:
http://mellenpress.com/book/Aproximaciones-a-La-Narrativa-Femenina-Del-
Diecinueve-En-Latinoamerica/4716/
https://www.amazon.com/Aproximaciones-Narrativa-Femenina-Diecinueve-
Literature/dp/0773473076
https://books.google.com.br/books?redir_esc=y&hl=pt-
BR&id=ELwOAQAAMAAJ&focus=searchwithinvolume&q=melodrama+romantico
2003
Texto completo
http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/270043
Dezembro de 2003
A menção é breve: "[No final do século XIV] Era editado Úrsula, a primeira novela
abolicionista brasileira escrita por uma mulher negra".
http://www.seer.ufu.br/index.php/neguem/issue/view/15
De 2004 a 2017, mais de 50 estudos sobre Maria Firmina, muitos deles centrados
exclusivamente na autora maranhense, foram apresentados em universidades brasileiras.
Esses estudos podem ser visualizados e baixados desta pasta no OneDrive:
https://1drv.ms/u/s!Aj6kOBkyV630imfaW5IMMsaEe5Yl?e=ShegI2
2004
A quarta edição de "Úrsula", agora com o acréscimo do conto "A Escrava", saiu em
2004, com atualização de texto e posfácio de Eduardo de Assis Duarte. O posfácio
intitula-se "Maria Firmina dos Reis e os primórdios da ficção brasileira". O livro tinha
281 páginas.
"Úrsula" e "A Escrava", Maria Firmina dos Reis, organização de Zahidé Lupinacci
Muzart, atualização de texto e posfácio de Eduardo de Assis Duarte, coedição da
Editora Mulheres (Florianópolis, SC) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de
Belo Horizonte (MG), 2004.
Essa edição, em conjunto com a seguinte, em 2009, trouxe de vez "Úrsula" para o
meio acadêmico.
O texto do posfácio
https://web.archive.org/web/20040919113126/http://www.editoramulheres.com.br/ur
sulaposfacio.htm
https://web.archive.org/web/20040919113349/http://www.editoramulheres.com.br:8
0/ursulaorelha.htm
2008
A editora O Dia, do Rio de Janeiro, lançou nesse ano uma edição quase desconhecida
de "Úrsula". Intitulada "Úrsula ─ Romance Afrodescendente", tinha 168 páginas. Dela,
só temos acesso a essas informações do site Skoob:
https://www.skoob.com.br/ursula-82623ed91178.html
Não se tratando da mesma edição da Editora Mulheres, essa seria na verdade a quinta
edição de "Úrsula". A edição seguinte, também da Editora Mulheres, seria a sexta, e a
edição comemorativa lançada em 2017 seria, na verdade, a sétima, e não a sexta.
2009
A quinta edição (oficialmente) de "Úrsula" e "A Escrava", uma coedição da Editora
Mulheres com a Pontifícia Universidade Católica de Belo Horizonte, também teve
atualização do texto e posfácio de Eduardo de Assis Duarte. Com 279 páginas, tratava-
se de uma edição comemorativa dos 150 anos do romance. Na verdade, como vimos
antes, "Úrsula" foi lançado em agosto de 1860.
"Úrsula" e "A Escrava", edição comemorativa dos 150 anos do romance, atualização
do texto e posfácio de Eduardo de Assis Duarte, Editora Mulheres (Florianópolis, SC) e
PUC Minas (Belo Horizonte, MG), 2009.
http://portal.pucminas.br/pucinforma/materia1.php?codigo=5773
Texto do posfácio
https://nuhtaradahab.wordpress.com/2012/02/01/maria-firmina-dos-reis-ursula/
Ou:
http://www.passeiweb.com/estudos/livros/ursula
O ano de 2017 ficará marcado como o início de uma nova era no acesso às obras de
Maria Firmina dos Reis, por vários motivos.
http://cadernosdomundointeiro.com.br/livro-ursula.php
https://www.editora.pucminas.br/obra/ursula
https://www.lojaeditorauirapuru.com.br/livros/literatura-adulta1/memorial-de-maria-
firmina-dos-reis/
***
Em resumo, em 2017 pela primeira vez os brasileiros tiveram acesso a todas as obras
de Maria Firmina dos Reis, em versão atualizada. Essa situação contrasta com o número
de trabalhos acadêmicos sobre a autora. De 1989 a 2017 houve um grande
desenvolvimento de estudos sobre Maria Firmina (mais de 50 no total), mas nesse
período o público leitor ficou privado do pleno conhecimento das produções da
escritora maranhense.
http://www.cultura.ma.gov.br/portal/sgc/modulos/sgc_bpbl/acervo_digital/arq_ad/20
150722152956.pdf
http://static.recantodasletras.com.br/arquivos/5656766.pdf
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAhPUUAH/ursula-pdf-ed-2017#
Nesta página, o mesmo texto original (sem atualização) está disponível online:
https://github.com/odanoburu/ursula/blob/master/v1.0-ursula.md
Aqueles que assinam o site Scribd podem ler a edição de 2009 do romance neste
destino:
https://pt.scribd.com/document/359136174/Ursula-de-Maria-Firmina-dos-Reis