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Entrevista com José de Alencar

Livro: Lucíola
Alunas Rafaela Richter e Leticia Florindo

(Leticia)
Bom dia a todos. Hoje recebemos a ilustre presença do escritor José de Alencar. Como já
foi falado anteriormente de sua biografia, vamos nos aprofundar no livro Lucíola.
Bem, o senhor pode nos contar um pouco de sua história?
(Rafaela)
Sim. Lucíola é uma história contada por Paulo, através de cartas dirigidas à Sra. G.M.
onde ele conta a sua relação com Lúcia. Bem, G.M., além de ser uma personagem que teria
publicado as cartas de Paulo, serve de pseudônimo para a obra. Ela também nomeou o título da
obra como Lucíola como uma analogia entre o inseto Lucíola e a personalidade de Lúcia ao
comparar o “inseto noturno que brilha em meio à lama” à “pureza da alma de Lúcia, que ainda
existe apesar de ela estar num abismo de perdição”.
(Leticia)
É uma ideia interessante. Terminei o livro há alguns dias e é uma leitura fluida, que
chama demais o leitor. Devo dizer-lhe, senhor, que fiquei curiosa: de onde tirou a inspiração para
esse livro?
(Rafaela)
Não tive necessariamente uma inspiração para o livro. Desejava apenas que ele
retratasse a realidade do Rio de 1862.
(Leticia)
Sim, sabemos que sua obra foi muito refutada pelos moralistas. O que o senhor tem a
dizer sobre isso?
(Rafaela)
Creio que uma obra não pode ser considerada amoral se ela retrata de forma verdadeira
a sociedade.
(Leticia)
Pode nos dizer qual personagem você mais admira? E por quê?
(Rafaela)
Lúcia. Com certeza Lúcia. Apesar de Lucia ser uma cortesã de luxo, ela tem… a alma pura,
ela tem a inocência e os desejos de uma dama. Sempre que Paulo achava que a compreendia em
sua relação, Lúcia o surpreendia. Certa vez, revelou a ele seu verdadeiro nome, Maria da Glória,
substituído por outro após ser expulsa de casa. Ela guardou segredos, e verdades até a última
carta de Paulo. Escrevi-a de forma tão intrínseca, tão intensa que envolvi-me completamente em
seus sentimentos ao longo do livro.
(Leticia)
Sim, Lúcia não é um personagem a quem se deve subestimar. Quando começaram as
revelações de seu passado na reta final do livro até a última página…
O senhor pode explicar o que acontece no fim? E por quê?
(Rafaela)
Ah, o final… temos aquele passado da Lúcia, no qual ela precisou sacrificar sua inocência
para salvar a família, apenas para que seu pai a expulsasse de casa por isso. Não recorri a pontos
tão extremos, nada longe da realidade. Quando Lúcia e Paulo se apaixonam e vão morar em uma
casa, juntamente com a irmã de Lúcia, tem-se nada além do previsto: Lúcia engravida.
Contudo, ela sofre um aborto e se recusa a tomar remédio. Confessa seu amor
incondicional a Paulo e deseja morrer junto de seu bebê, para, como ela diz, “servir de caixão ao
filho”. A verdadeira face de Lúcia, a face escondida no semblante de cortesã é constantemente
oculta por quem ela PRECISOU ser para sobreviver. E acho que é isso que se deve levar do livro:
que não podemos julgar as pessoas pelo que são taxadas, mas pelo o que têm em suas almas.
(Leticia)
De fato, não devemos. Gostaria de agradecer por ter disponibilizado o seu tempo para
vir em nosso programa e falar um pouco sobre essa obra incrível que é Lucíola.

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