Você está na página 1de 2

Publicado em 1862, Lucíola fez parte do projeto Perfis de Mulher, do escritor romântico brasileiro José de

Alencar. O romance urbano, passado no Rio de Janeiro, gira em torno da paixão entre Paulo e Lúcia, uma
cortesã.

Resumo
Lucíola é um romance urbano que tem como cenário o Rio de Janeiro de meados do século XIX. O
narrador, o ingênuo Paulo, aterra na cidade em 1855, aos 25 anos, vindo de Olinda (Pernambuco).

Sem saber a profissão de Lúcia, Paulo apaixona-se a primeira vista quando esbarra com a moça no dia
em que chega na capital:

"— Que linda menina! exclamei para meu companheiro, que também admirava. Como deve ser pura a alma
que mora naquele rosto mimoso!"

Logo a seguir, na festa da Glória, Sá, seu melhor amigo, o apresenta aquela que o enfeitiçara. Pela
interação entre Paulo e o Sá na noite do baile percebe-se que Lúcia é uma cortesã, tendo, inclusive, sido
ex amante de Sá.

Lúcia, que de batismo chamava-se Maria da Glória, roubara o nome de uma amiga que falecera. A
escolha por uma vida de cortesã não foi voluntária: a jovem mudou-se com a família para a Corte e,
durante o surto de febre amarela em 1850, quase todos, exceto ela e uma tia, foram contaminados.

"Meu pai, minha mãe, meus manos, todos caíram doentes: só havia em pé minha tia e eu. Uma vizinha que
viera acudir-nos, adoecera à noite e não amanheceu. Ninguém mais se animou a fazer-nos companhia.
Estávamos na penúria; algum dinheiro que nos tinham emprestado mal chegara para a botica. O médico,
que nos fazia a esmola de tratar, dera uma queda de cavalo e estava mal. Para cúmulo de desespero, minha
tia uma manhã não se pôde erguer da cama; estava também com a febre. Fiquei só! Uma menina de 14
anos para tratar de seis doentes graves, e achar recursos onde os não havia. Não sei como não enlouqueci."

Com o desejo de dar suporte à família, Lúcia não consegue encontrar outra alternativa se não vender o
próprio corpo. Seu primeiro cliente foi um vizinho, o Couto, com quem manteve encontros quando tinha
apenas 14 anos. Esse homem convidou-a para ir à sua casa em troca de algumas moedas de ouro. O
pai, ao descobrir o rumo que a filha tinha tomado, a expulsa de casa.

Paulo e Lúcia passam a ter encontros regulares que acabam fortalecendo, cada vez mais, a relação entre
os dois. Após criarem certa intimidade, Lúcia conta a sua dramática história de vida. Já encantada por
Paulo, resolve abandonar a vida de cortesã e a muda-se com a irmã mais nova (Ana) para uma pequena
casa em Santa Teresa. A mudança representa uma mudança radical na vida da jovem, que estava
habituada a uma rotina de luxo:

Passávamos uma tarde a cavalo por Santa Teresa na direção da Caixa d'Água, quando vimos parado
defronte de uma pequena casa, reparada de novo, o Jacinto. Esse homem me atraía, pelo ímã irresistível de
Lúcia; e entretanto eu o detestava.

"— Pertence-lhe esta casa, Sr. Jacinto? disse-lhe Sá respondendo à cortesia.

— Não, senhor. Pertence a uma pessoa do seu conhecimento, a Lúcia.

— Como! Lúcia vem morar numa casa térrea e de duas janelas? Não é possível.

— Também eu não acreditei quando ela me falou nisso! Cuidei que estava brincando; porém é negócio
sério.

— Então comprou esta casa? — E mandou prepará-la. Já está mobiliada e pronta. Devia mudar-se hoje;
não sei que transtorno houve. Ficou para a semana!

— Está bem! São luxos de passar o verão no campo! Não lhe dou um mês que não esteja arrependida, e não
volte para a sua casa da cidade"
O casal vive momentos apaixonados em Santa Teresa, longe do passado de Lúcia. O desejo de deixar a
vida anterior para trás é tanto que Lúcia se desfaz do palacete que tinha na cidade, das joias e das
roupas de outrora.

Tudo corre na mais perfeita ordem até que a moça engravida, desestabilizando a relação do casal. Por
achar que o seu corpo era sujo, Lúcia não se acha digna de carregar um bebê.

O final da história é trágico: a moça morre grávida. Paulo, como bom homem que é, fica responsável
pelos cuidados da cunhada Ana até que ela se case.

Personagens centrais
Lúcia (Maria da Glória)

Órfã, com apenas dezenove anos, Lúcia é uma mulher bela e inebriante de cabelos negros, que enfeitiça
todos os homens a sua volta. Lúcia foi o nome de guerra adotado por Maria da Glória quando decidiu
tornar-se cortesã.

"Às nove horas ele fechava o livro, e minha mãe dizia: «Maria da Glória, teu pai quer cear». Levantava-me
então para deitar a toalha.

— Maria da Glória!

— É meu nome. Foi Nossa Senhora, minha madrinha, quem mo deu."

Paulo da Silva

Nascido em Pernambuco, o modesto Paulo muda-se para o Rio de Janeiro aos vinte e cinco anos em
busca de sucesso profissional na capital.

Ana

Irmã de Lúcia. Após a morte precoce de Lúcia, Ana passa a ser cuidada por seu cunhado, Paulo.

Melhor amigo de Paulo, responsável por apresentar Lúcia ao rapaz durante a festa da Glória.

Contexto literário
Lucíola é um típico exemplar do período romântico. Passado no Rio de Janeiro, é um romance urbano
que transparece os valores da sociedade brasileira do século XIX.

Narrado em primeira pessoa, o que vemos é a perspectiva do protagonista Paulo. Na obra de José de
Alencar encontramos um amor tão idealizado que purifica a cortesã e a faz desistir da vida devassa. Para
se ter uma ideia do nível de idealização lembramos a primeira vez que Paulo vê Lúcia:

"No momento em que passava o carro diante de nós, vendo o perfil suave e delicado que iluminava a
aurora de um sorriso raiando apenas no lábio mimoso, e a fronte límpida que à sombra dos cabelos negros
brilhava de viço e juventude, não me pude conter de admiração."

Fonte bibliográfica: Lucíola, de José de Alencar: resumo, personagens e contexto literário -


Cultura Genial

Você também pode gostar