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1ª edição

Editora Skull
2018
Copyright © 2018 – Valentina Carter
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empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação, ou quaisquer outros, sem autorização
prévia, por escrito, da editora.

Esta é uma obra de ficção


Capa: Natalia Saj Revisão: Fernando Luiz Diagramação: Giovana C. Soares

Valentina Carter
Eu estou aqui / 1ª edição
São Paulo — SP, 2018

1 – Literatura Brasileira
Os costumes japoneses, citados no decorrer da história, foram baseados na
cultura asiática.
Ocorrendo mudanças para melhor se adaptar ao contexto.
Mason Carter

Sentado em um canto de uma movimentada cafeteria Starbucks, Mason


apreciava um cremoso e gelado Frapuccino. Ao rodar o copo entre os dedos
notou seu nome escrito, como de costume, mais abaixo dele havia um
número de telefone seguido pelo nome Marina. Ele ergueu seus olhos que
imediatamente encontram os da atendente que há pouco tempo atrás, lhe
trouxera seu copo e que visivelmente o tratara melhor que aos demais
clientes.
Mason sorri canto, ambos ficaram envolvidos pelo contato visual, ela
sorria para ele, se movimentava por de trás do balcão com graciosidade,
sempre lhe lançando olhares, sorrisos e piscadelas. Seus olhos a seguiam, ela
era muito bonita, um rosto simétrico, nariz perfeito e lábios carnudos, pelo
tamanho do seu coque ela deveria ter longos cabelos, será que eram crespos
ou lisos? Será que chegavam até sua cintura? Precisava ir falar com ela. Ele
se levanta da cadeira e então percebe um movimento com o canto do olho
esquerdo, alguém entrara na cafeteria. Ele se vira e a vê.
Ela vestia uma T-Shirt do Batman, shorts, cabelos longos ondulados e uns
óculos que era um pouco grande para seu delicado rosto, ela era linda e tinha
que admitir possuía um ótimo gosto para super-herói, havia se esquecido
completamente de Marina. Ele observa os movimentos da mulher
desconhecida, precisava ter o número dela, precisava saber seu nome.
Ela paga pelo seu café e aguarda ser chamada. Mason fica pensando em
formas de abordá-la sem parecer um desesperado, pois era exatamente assim
que se sentia no momento. Sem perceber, ele já estava se movendo em
direção a ela, estava alheio a tudo ao seu redor, só pensava no que diria, ele
se pergunta por que estava se sentindo meio nervoso, já fizera aquilo centenas
de vezes, então sem nem saber como ele e sua dama desconhecida se
esbarram no meio da cafeteria, seus copos de bebida se chocam e líquido
quente e gelado sujam as roupas de ambos.
— Shit — Exclama Mason olhando para sua camisa, toda coberta de café,
[1]

que escorria até sua calça e sapatos, impaciente ele fala: — Cuidado ao se
virar garota!
— Você que esbarrou em mim seu Kono baka. Você me deve um pedido
de desculpas. — ela o olhava irritada, ajeitando seus óculos grandes demais e
arrumando seus cabelos nervosamente.
— Do que você me chamou? — Ele não havia entendido nada do que
aquela anã havia dito não anã não, ele se corrige mentalmente, Hobbit
porque são menores que os anões.
— KONO BAKA— Dizia pausadamente com um tom de voz irritado. —
Você me deve um expresso e um pedido de desculpas.
— Entendo o que quer dizer e não fui eu que esbarrei em você, eu estava
atrás e você se virou do nada, então você me deve desculpas.
Aquela mulher o estava irritando com aquele tom.
— Uma ova que eu devo. Sempre chega perto assim das pessoas, hentai ? [2]

— Eu não estava tão perto assim, eu queria passar e você estava trancando
a passagem, você se virou e agora me deve desculpas e um Frapuccino novo.
— Argh, meu santo Skywalker— praguejava alto. — Quer saber seu
idiota, eu tenho mais o que fazer do que ficar aqui discutindo com um Kono
baka como você beleza? — Dizia furiosa, seus óculos escorregavam pelo
nariz e ela o colocava no lugar o tempo todo.
Mason a observava sair da cafeteria batendo fortemente os pés e toda suja
de expresso e Frapuccino, ele estava irritado, mas não podia deixar de rir ao
vê-la tão furiosa. Agora ele teria que voltar para casa e trocar de roupas. Olha
para si e suspira, seus sapatos novos estavam arruinados, a culpa era daquela
Hobbit. Ele pega o seu copo do chão, anota o telefone de Marina e sai da
cafeteria sem se importar com os olhares das pessoas que o observavam.

Mason entrava em seu apartamento às três horas da manhã, estava cansado,


o dia foi bem cheio no trabalho e sua noite foi bem agitada. Após o trabalho
ele ligara para a Marina e pode comprovar o que estava imaginando, eram
lisos, bem longos e chegavam até a cintura. Ele a levara para dançar onde não
permaneceu por muito tempo, a dança passou a acontecer em um quarto de
um Motel.
Parado na entrada do seu apartamento ficou pensando que algo estava
errado, estava quieto demais, colocou as chaves de seu carro na mesa ao lado
da porta chamando seu velho amigo.
— Gandalf? — falou de forma calma. — Hey my Litlle friend— Entrou na
cozinha. — Gandalf? — encaminhou-se até o quarto, não estava lá também.
Talvez esteja dormindo no escritório de novo. Enquanto pensava começou
a se despir seguindo para o banheiro, precisava de uma ducha.
Ao colocar sua calça de moletom e uma camiseta regata branca
encaminhou-se para a sala, escuta um miado baixo e estranho, no canto ao
lado do sofá encontra seu companheiro, um gato cinza com grandes olhos
amarelos.
— Hey Gandalf, você não foi me receber na porta, está tudo bem amigão?
— Gandalf mia e começa a se contorcer e a vomitar. — Gandalf! — Mason
exclama. — Você não está se sentindo bem, calma, amigo.
Gandalf vomita mais, então apressadamente Mason pega a lista telefônica
e procura a clínica veterinária mais próxima. Encontra uma há poucos
quarteirões dali. Ele disca e quando é atendido, a secretária diz que acabaram
de fechar e lhe passa o telefone da veterinária de plantão. Ele desliga o
telefone e disca para o novo número.

Luna Iasune
Luna acorda com os latidos de Mística e o toque de seu celular. Olha para
o relógio, são 03h45 da manhã. Pega o celular e atende sem ver quem é.
— Alô — Diz com voz meio sonolenta e bocejando.
— Alô, é o veterinário de plantão? — A voz é aflita e urgente.
Aquela era sua segunda noite como veterinária de plantão. Quando lhe
disseram que ela poderia começar a exercer essa função ficara bem animada a
ideia de poder fazer aquilo sozinha e com a confiança. Mas agora sendo
acordada naquela hora da madrugada, não se sentia tão animada.
— Sim, ela mesma — Luna se levanta e senta na cama.
— Ah doutora, meu gato está passando mal, está vomitando muito. Ele
estava bem hoje cedo. Você atende a domicílio?
— Sim atendo, me passa seu endereço que chego rapidinho aí — Ela se
levanta e se encaminha em direção ao closet. Pega uma camiseta do Star
Wars e uns shorts Jeans e começa a se vestir com o cliente na linha. O
homem lhe passa o endereço e ela anota.
— Acha que demora?
— Eu moro perto de você, chego em 10 minutos.
— Ok doutora, vou deixar avisado na recepção do prédio que você está
vindo.
Lua guarda seu celular na bolsa, pega sua maleta, e pensa em como aquela
voz lhe era familiar, levemente rouca e com um pouco de sotaque. Ela dirige
até o endereço e estaciona 10 minutos depois. Entra no prédio, pega o
elevador e segue para o número que lhe foi passado, bate na porta ainda meio
sonolenta.
Ela podia escutar o dono do gatinho andando de um lado para o outro no
apartamento e quando a porta se abre pode escutar a mesma voz de hoje mais
cedo.
— Você?!— Ele exclama.
— Só pode ser brincadeira — Luna fala ao erguer seus olhos e encarar seu
cliente.
— Não sabia que Hobbits também tinham formação médica— O idiota
ironiza dando um sorriso de canto.
— Onde está o gato? — Pergunta o encarando de forma séria, ignorando
sua provocação. Ele lhe da passagem e guia até o pobre bichano.
— Ele está assim desde que cheguei— Ele fala.
A veterinária se aproxima do gatinho amuado no canto da sala, acaricia sua
cabeça e o pega no colo escutando seu miado de dor o leva até o balcão da
cozinha.
— Olá menino, o que está acontecendo? Seu Kono baka contou alguma
piada ruim? — Ri baixinho enquanto acaricia o animal. Começando a
examiná-lo.
— Qual a cor do vômito dele? — Pergunta concentrada no que fazia.
— Ah amarelo e teve um verde.
— Bom — encara o Kono baka— Pela cor que me disse o vômito é biliar,
ou seja, vomitou tanto que não possui mais conteúdo no estômago, mas ainda
assim continua a vomitar. Sabe se ele ingeriu alguma coisa estranha? Algo
que não costuma comer ou alguma planta?
— Não tenho plantas aqui e ele não sai do apartamento. — Ele responde,
seu tom era preocupado, pelo menos se importava com a saúde do animal.
— Vou lhe dar um medicamento para parar o vômito e a náusea que ele
sente. — Aplica no bichano com uma seringa um medicamento de um
pequeno frasco que retirara de seu kit — Pronto mocinho, isso vai diminuir
as dores até amanhã — acaricia novamente o gatinho e sorri. — Amanhã
quero vê-lo novamente, por agora esse medicamento deve bastar e deixá-lo
dormir um pouco. — Devolve o gato para sua caminha na sala.
Ele se abaixa e acaricia seu amigo, que mia de volta em resposta, fecha os
olhos e ronrona.
— Pronto meu velho amigo, vai ficar tudo bem. — Ele fala com o bichano
que agora adormecia.
Nossa. Esse cara se importa mesmo com esse gato. Pensava enquanto o
observava acariciá-lo com carinho.
Depois de feito o seu trabalho ela se permite olhar sua decoração, olhou
tudo à sua volta e não acredita no que vê, não consegue evitar o sorriso. Na
sala havia uma majestosa estante coberta de livros, entre eles HQs de suas
séries favoritas, mais abaixo vários DVDs de filmes que eram seus favoritos e
vários Funkos do Star Trek, ela se vira na direção dele e o encara ainda
sorrindo.
— Obrigado doutora — ele agradece meio sem jeito.
— Luna Iasune — Estende a mão o cumprimentado.
— Mason Carter — ele diz apertando sua mão.
— Olá — Sorri para ele, e vê seus olhos encararem sua camiseta e erguer a
sobrancelha.
— Isso é camiseta que se vista? — Diz ele sorrindo de canto.
— Claro que é. — responde o encarando. — Melhor franquia de filmes do
universo.
— Suspeitava que fosse louca — ele ri — Agora tenho certeza, tem cara de
ser meio perturbada, Hobbit.
— Louca? — se aproxima de sua estante e pega o Funko do Spock. —
Louco é você por gostar dessa imitação barata. Star Wars é lendário, pelo
amor de Vader cara— Revira seus olhos.
— Que absurdo, mas nem em um milhão de anos. Star Trek é um clássico,
é o início de todo universo nerd, é perfeita e Spock — ele pega o Funko das
suas mãos. — Esse é o cara. — Coloca o Funko no lugar correto.
— Pelo menos tem um bom gosto para heróis — olhava para sua coleção
da Marvel e DC Comics. Passava os olhos por toda estante e ao chegar ao
final dela, encontra um exemplar de um livro, estava cheio de quotes, e
parecia ter sido manuseado várias vezes e ao retirá-lo do seu lugar fica
espantada. — Mentira que você leu Eldaria? — pergunta surpresa.
— Li qual o problema?
— Nunca conheci um cara que tenha lido, dizem ser muita menininha —
Sorri ao concluir. — Ah entendi, você é gay.
— O que? — ele engasga — Eu não sou gay, só gosto de ler fantasia, sou
eclético quando se trata de livros, leio todos os gêneros.
— Não tem problema cara eu respeito sua escolha — ri da sua expressão.
— Quem sou eu para julgar.
— Porque você está mexendo nas minhas coisas afinal? — ele pega o livro
das suas mãos e o coloca no lugar — E eu não sou gay.
— Talvez seja o preço de me acordar de madrugada e me xingar de Hobbit
na porta. — Sorri — Eu também tenho um exemplar, eu amo a escrita da
Valentina tanto quanto amo queijo.
— Ficou ofendida de ser chamada de Hobbit? Pelo menos eu te chamo de
algo que você sabe o que significa. — Ele ergue a sobrancelha. — Quanto
mais queijo melhor, pelo menos temos isso em comum.
— Sempre, muito queijo na borda e por cima. — O encara— Você não é
brasileiro né? Tem um sotaque diferente e às vezes erra algumas palavras.
— Não sou, sou americano do Texas. E não falo tantas palavras erradas
assim, já fui pior. — Ele abre um sorriso.
— Você tem uma bela coleção de DVDs.
— Obrigado, eu assisto muito, sou apaixonado por cinema.
— Eu também — volta sua atenção para os DVDs passando os dedos pelos
títulos, Star Trek, Senhor dos anéis, Batman, todas as temporadas de
Supernatural, sua série favorita, pega o Box da série nas mãos. — A fala sério
você curte? Você é de verdade, existe? — sorri. — Só falta dizer que tem um
Xbox e jogos online — O observa e começa a rir.
— Xbox não, mas tenho Playstation4.
— Ninguém me vence no play4.
— Isso porque nunca jogou comigo. Você está com fome? — Ele
pergunta.
— Morrendo.
— Venha, acho que tem bolo na cozinha, eu te dou o que comer. — Ele
passa por ela e segue para a cozinha com ela logo atrás o seguindo de perto.
Ao entrar no cômodo repara em como ela é enorme e muito bem equipada
e como não poderia faltar, ali também possuía alguns utensílios geek’s.
— Você é real ou estou sonhando? — brinca ao se sentar na cadeira da
mesa de quatro lugares no centro do cômodo.
— Por quê? Você costuma sonhar todas as noites com um cara como eu?
— ele sorri de canto e ergue a sobrancelha.
— Você é mesmo um Kono baka. Estava bom demais para ser verdade —
ela revirava seus olhos. É eu sei, é um péssimo costume, mas ele a estava
irritando com seu jeito debochado.
Ele sorri convencido, abre o forno retirando de lá um bolo de cenoura pela
metade e o colocando na mesa, em seguida pega dois pratos e garfos.
— Refrigerante, café, leite ou suco?
— Café — Diz ela já se servindo de bolo.
— Ótima escolha — Ele diz, dava para ver que era apaixonado por café, só
olhando para sua cafeteira cheia. Ele pega duas xícaras e serve.
— Nossa estou faminta, acho que depois vou me acabar em um
hambúrguer com muito queijo e bacon.
— Não são nem 5 horas da manhã — Bebe seu café.
— E daí? Virou a patrulha do lanche agora?
— É que eu faço isso às vezes — confessa ele. — Como a hora que dá
vontade — Ele bebe e corta uma fatia de bolo.
— Eu também, nada melhor do que acordar no meio da noite e comer
queijo. Cheddar, Suíço, Prato, Branco, simplesmente amo todos. — Se
levanta e abre sua geladeira.
Sentia-se estranhamente à vontade com aquele cara. Olha o conteúdo da
geladeira, estava lotada de coisa e fica feliz ao reparar que ele também era um
amante de queijo, pega uma pequena bandeja que havia lá, coloca na mesa e
começa a comer alguns, se deliciando a cada mordida.
— Pagamento pela consulta — Diz sorrindo.
— Como eu disse quanto mais queijo melhor — Ele a encara como se ela
fosse louca, tinha certeza. Estava se sentindo em casa e gostava da presença
dele, não era tão ruim assim afinal de contas. Ele se serve de outro pedaço de
bolo.
— Uhum — diz de boca cheia — Eu preciso ir, foi um prazer te conhecer
Mason Carter.
— Mas já? Não quer ver o que tem dentro dos meus armários? — Ele a
provoca.
— Eu dispenso, vai que você seja um desses pervertidos. — Ela o provoca
de volta.
— Você não faz ideia— Ele sorri.
— Eu realmente preciso ir — diz se levantando. — Tenho que trabalhar
logo cedo e preciso levar Mística para passear.
— Devo levar Gandalf amanhã na clínica?
— Porque não me surpreendi com o nome? — começa a gargalhar.
— Gandalf o cinzento, não há nome melhor para um gato cinza — ele
sorri. — Olha quem fala, tem um animal chamado Mística.
— Sim, Mason leve-o amanhã à tarde, verei como ele estará se sentindo —
já na sala olha para Gandalf. — Tchau Gandalf, espero te ver do lado negro
da força em breve. — Pega suas coisas e caminha até a porta. — Até mais
Mason.

Mason Carter
Parado na porta de seu apartamento observa o elevador se fechar e a levar
embora. Aquela mulher era louca, sua presença até que era agradável quando
não estava berrando e esbravejando com a roupa toda suja. Tinha que assumir
que tinha um bom gosto, exceto por Star Wars. Amanhã iria vê-la, mal podia
esperar, estava ansioso, queria saber mais sobre aquela doida, pois ele
também não era normal, mas sabe o que dizem né? Um louco reconhece o
outro.
Sorrindo ele fechou a porta e não conseguia parar de sentir que algo estava
para começar.
Dois anos depois
“Agora a diversão vai começar”
Anakin Skywalker

Mason Carter
— Não, não e não Mason — Diz Luna no meio de sua sala, com os braços
cruzados em frente ao peito.
— E qual o problema?
— Eu não gosto, poxa, você me conhece há dois anos, deveria saber que
prefiro ficar em casa. — Ela fecha a cara e arruma seus óculos no lugar.
— Ah Hobbit, é só uma volta, pense como se fosse uma experiência de
aprendizado. E você não vai estar sozinha, eu vou estar lá com você. — Ele a
encara sentado no sofá que ficava no meio da sala do apartamento de Luna.
— Já falei para parar de me chamar assim Kono baka— diz sorrindo. — O
primeiro rabo de saia que você se interessar, vai me deixar sozinha seu
pervertido.
— Eu? Jamais faria isso — o canto dos seus lábios se ergue em um sorriso
sarcástico.
— Sei. Eu não vou e ponto final.
Mason se levanta e vai em direção de sua amiga teimosa, ficando frente a
frente com ela. A TV atrás deles estava ligada, haviam terminado a terceira
temporada de Supernatural pela segunda vez.
— Lua, — Ele a chama por um de seus apelidos — você precisa sair.
Conhecer outras pessoas, conhecer outros caras. — Ele a segura pelos
ombros encarando seus olhos. — Você só sai comigo, acho que sou o único
homem com quem conversa.
— Isso não é verdade, tem o Luís lá do trabalho — Suspira.
— Quem é Luís mesmo? — Ele sorri a provocando, ele sabia muito bem
quem era, mas ela ficava levemente irritada quando ele lhe perguntava algo
que ela já havia respondido.
— Arghh. — Suspira e encara o rosto convencido de Mason com seu
sorriso irônico. — Se eu for só dessa vez, você vai me deixar em paz?
— Vou, prometo — ele sorri triunfante.
Mason observa sua irritação, ela estava totalmente desconfortável, sabia
que ela odiava esses lugares, mas seria bom trazer Lua um pouco para os
lugares que ele costumava frequentar pelo menos uma vez na semana.
Eles tinham muita coisa em comum, gostavam das mesmas coisas, dos
mesmos filmes, séries, livros, jogos, comidas, eles eram iguais em
praticamente tudo, exceto pelo gosto de sair e frequentar algumas baladas nos
finais de semana. Era um ótimo lugar para encontrar mulher, Lua sabia de
tudo isso, ele não tinha segredos com ela, era a única pessoa para quem nunca
mentira na vida, corrigindo, era a única mulher para quem nunca mentira, ele
se sentia confortável com ela.
— Vai ser bom Lua, vai ser divertido, eu vou estar lá, não há com o que se
preocupar — abre um enorme sorriso. — Vou te ajudar a encontrar um
homem, você precisa de um, deve estar cheia de... — ele tira as mãos de seus
ombros e gesticula com as mesmas em sua direção. — Cheia de teias de
aranha.
— Vá se foder Mason. — Diz revirando os olhos.
— Precisa de alguém que faça uma faxina aí embaixo — começa a rir. Ela
bate em seu ombro o empurrando.
— Vou me arrumar antes que eu desista dessa loucura.
— Mas é sério Lua você precisa extravasar — ele a encara. — Quando foi
à última vez que foi tocada mais intimamente?
— Mason!
— O que foi?
— Não vou falar sobre intimidade com você. — Diz ruborizando.
— Porque não? Eu conto sobre a minha para você.
— Posso me trocar? — Ela bufa.
— Fique à vontade — abre um sorriso. — Quer ajuda?
— ARGH! Eu odeio você — Da às costas para ele e segue até seu quarto.
— Sei que não é verdade, só está nervosa.
— Arghhh Mason — Ela bate à porta do quarto com força.
Mason começa a rir baixinho na sala, um dos seus maiores prazeres da
vida era irritar aquela mulher, se sentia triunfante, todo dia sempre conseguia,
era um dom, um talento que só ele possuía. Ele segue pelo corredor e
aproxima o rosto da porta de seu quarto.
— Lua? — chama ele — Eu vou para casa tomar um banho e trocar de
roupa, ok?
— Espero que se afogue na banheira, assim não terei que ir nesse lugar
ridículo.
— Eu venho te levar nem que seja em espírito — ele se afasta da sua porta
e vai embora, voltaria mais tarde para buscá-la.

Luna Iasune
Ao escutar o som da porta de abrir e fechar, estava certa de que Mason
havia partido. Ela vai até seu closet e encara suas roupas suspirando. O que
vou usar? Ela odiava balada, não era nada festeira, não sabia nem que tipo de
roupa se vestia para ir nesses lugares.
Ela vai até o banheiro, toma uma ducha rápida, seca seus cabelos
ondulados na toalha, e eles caem em suas costas, agora lisos. Vai até o closet
novamente, coloca um lingerie rosa, ela amava aquela peça, era confortável
parecida como uma camisola de linho com ligas e renda. Encarava suas
várias camisetas de super-heróis. Procura por uma roupa decente e encontra
um antigo vestido que sua mãe lhe presenteara uma vez em seu aniversário,
ele era preto com alças grossas, colado ao corpo e extremamente curto.
Encara sua imagem no espelho, ela odiava aquele vestido, nunca o usara,
ele servia nela, mas se sentia muito exposta, marcava cada curva de seu
corpo. Mesmo que sem sucesso, tenta puxar o tecido um pouco para baixo.
Ainda se encarando no espelho ela tira e coloca os óculos.
Com ou sem?
Ao chegar a uma decisão guarda seus óculos desengonçados e coloca suas
lentes de contato, faz uma maquiagem básica e calça seu salto alto.
Ela olha para o chão e vê sua cadela Misty sentada lhe encarando e
abanando o rabo.
— Eu sei Misty, estou ridícula — Vai até a sala e aguarda o Kono baka
que havia convencido ela de fazer aquilo. Oh Deus que termine rápido. Pensa
ela.

Mason Carter
Mason abotoa sua camisa jeans clara, encara o espelho do banheiro e tenta
dar um jeito em seus cabelos, mas havia alguns fios na parte da frente que
insistiam em cair em seus olhos, ele os penteia com os dedos colocando seu
cabelo para trás e sorri encarando sua imagem.
— Acho que está bom — Passa uma colônia e atravessa a casa
cantarolando, estava bem animado, era a primeira vez que Lua aceitava ir
com ele até uma casa noturna.
Acreditava realmente que seria bom pra Luna, ele estava disposto a
encontrar alguém para ela, nem que fosse por uma noitada.
Eles eram muito próximos, muito amigos, os melhores, nesses dois anos de
amizade ele descobrira em Luna alguém em quem confiar, um ombro amigo,
um refúgio. Eles criaram um laço bem forte, faria qualquer coisa para manter
o que tinham, não queria perdê-la. Ele contava tudo a ela, tudo sobre suas
conquistas, as histórias engraçadas e pervertidas, sabia que podia ser sincero
com ela e se sentia ótimo ao seu lado. Mas principalmente, o que mais amava
era provocá-la.
Pega suas chaves na mesa ao lado da porta, quando olha no chão ele
encontra Gandalf o encarando.
— Hey velho amigo — Gandalf mia em resposta e pisca seus grandes
olhos amarelos para ele. — Você acredita Gandalf que Lua aceitou ir dessa
vez — ele gesticula para suas roupas — E então, acha que estou bem assim?
Gandalf mia.
— Acha que devo tirar a barba? — ele recebe outro miado em resposta. —
É também acho que não, gosto assim — ele dá uma última olhada no espelho
na parede em cima da mesa. — Não me espere acordado Gandalf — diz
saindo pela porta do apartamento.
Mason ri de si mesmo, ele era louco, pedia dicas de moda para um gato,
mas às vezes achava que aquele gato o entendia. Ele destrava seu carro e
parte para a casa de sua amiga.

Olhava seu relógio, eram 22h30, ainda era cedo para chegar a uma balada,
não estava muito preocupado com o horário, estava ansioso, nervoso, feliz e
curioso. Ele estaciona o carro e segue para o apartamento dela batendo na
porta ao chegar.
Escuta Lua se aproximar da porta e abrindo-a com tudo, sentia seu
nervosismo e sua impaciência.
— Vamos logo Mason — Lua fica parada na porta aberta de seu
apartamento.
Mason estava em choque. Por alguns instantes ele se esqueceu de como se
respirava. Com a boca aberta e os olhos arregalados ele encarava a pessoa a
sua frente, tão semelhante para ele, mas ao mesmo tempo tão diferente.
Seus olhos não conseguiam evitar em fazer uma varredura pelo seu corpo,
a pessoa a sua frente não usava óculos grandes demais e desengonçados, na
verdade não usava óculos algum, seus cabelos eram lisos e longos, suas
curvas bem desenhadas pelo vestido preto super colado e curto, suas coxas
expostas, lisas e torneadas, sapatos pretos com salto a deixavam mais alta, ele
pisca várias vezes.
Onde aquela mulher estava se escondendo? Então é isso o que tem aí
embaixo.
— Mason? Oi? Acorda — ela estala os dedos o tirando do transe. —
Vamos ou não?
— Ahh, ahh — Ele se esquece das palavras. Aonde íamos mesmo?
Mason olha por cima de Lua e vasculha seu apartamento, como se
procurasse algo.
— O que está fazendo?
— Procurando minha amiga Luna Iasune, você a viu? Ela sabe que você
está na casa dela? — diz com um tom sério.
— Muito engraçado Kono baka, eu sei me vestir Mason.
— É, posso ver que sabe mesmo — Sua voz com um tom de surpresa e
diversão.
— Vamos logo acabar com isso — Fecha a porta atrás de si trancando-a,
quando ela se vira Mason tem seu braço estendido para ela.
— Deve bastar para o que vamos fazer hoje — Sorri a guiando até o
elevador, as portas se fechando e os deixando sozinhos em um espaço
limitado.
Mason não consegue evitar e encarar Lua novamente, com seus olhos ele
mede todo o seu corpo, sua masculinidade o traindo, por mais que na maioria
do tempo se mantinha forte às vezes era quase impossível, uma hora ou outra,
seu lado mulherengo acabava aparecendo.
Ahh senão fossemos amigos, você não estaria usando mais esse vestido.
Luna estava totalmente alheia de seus olhares. Mas a raiva e nervosismo
eram visíveis em suas feições.
— Você está mais alta Hobbit. Acho até que pode ser promovida para anã
— ele começa a rir baixinho.
— E você está mais chato. ōkii hentai — Ela falava em japonês às vezes,
[3]

sabia que ele detestava, pois não entendia nada.


— E você insiste com isso — ele cruza os braços no peito e bufa baixinho.
Lua não consegue evitar sorrir de canto. — Sabe que não entendo nada.
— Sei, por isso posso te xingar à vontade.
— Você é muito chata.
Luna tentava novamente abaixar a barra do seu vestido sem sucesso e
acaba revelando um pedaço de sua lingerie.
— Rosa hein? Boa escolha — Sem encará-la ele sorri.
— Me deixa em paz, Mason.
— Eu particularmente prefiro preta, mas todo mundo tem suas
preferências. — A porta do elevador se abre, revelando a recepção do prédio
que ela morava.
— Essa é a primeira e última vez que saio com você.
— Mas por quê? Achei que estávamos nos divertindo. — Já perto do seu
carro, ele abre a porta para que ela entre.
— Um de nós pelo menos.
— Ah Lua relaxa, vai ser divertido, você vai ver só. — Mason dá à volta
no carro e se senta no banco do motorista.
Lua estava nervosa, ela balança nervosamente sua perna esquerda, era uma
mania que tinha. Ela cruza a perna para parar os tremores, revelando sua coxa
torneada e um pedaço de sua lingerie, ela tenta cobrir aquela parte da sua
roupa de baixo.
Podia ouvi-la praguejar baixinho por usar aquele vestido. Ela repara que o
carro ainda não saíra do lugar, quando se vira para Mason ele encara aquele
pedaço rosa de tecido rendado, ergue seus olhos e encontram os dela, abre um
sorriso que somente ele sabia, e ela entende a combinação de sorriso e olhar.
— Tira uma foto, vai durar mais.
— Não preciso, pois, já te vejo todos os dias — coloca a chave na ignição
e dando partida.
— Mas não vestida assim.
— Isso é verdade, mas pelo menos agora, sei que tem algo abaixo daquelas
camisetas largas.
— Argh!Por todas as Horcruxes Mason eu poderia estar vendo o Despertar
da força agora.
— Aff Lua — Revira os olhos.
— Não começa. — Ela encosta-se ao banco frustrada.
— Prefere ver esse filme a minha companhia?
— Sinceramente? Prefiro.
— Sei que é da boca pra fora, só por isso vou poupá-la, está em um
momento de raiva, mas quando encontrar alguém, fizer sexo e extravasar, vai
me agradecer.
— Não vou fazer sexo com um estranho, Mason. Só aceitei sair para você
parar de me azucrinar.
— Minha querida Lua, a partir do momento que se sabe o nome de uma
pessoa ela não é mais uma estranha.
— Não funciona assim comigo.
Mason sabia que aquilo era completamente verdade. Luna era diferente,
era única, não era esse tipo de mulher, as que ele estava acostumado a sair,
ela era a Luna, essa era a definição, simples, era a Luna.
— Você acha que eu devo tirar a barba? — Ele sabia que esses assuntos
mais íntimos a deixam um pouco desconfortável, então decide mudar o
assunto.
— Ah não sei Mason.
— Quero sua opinião, você é sempre sincera.
— Já disse que não sei.
— É que Bárbara estava reclamando outro dia. Daí queria saber o que
achava.
Ele nota ela revirar os olhos instantaneamente.
— Sendo assim não tire a barba, fique com ela A expressão no rosto de
Luna muda imediatamente, sabia que ela não ia com a cara de Bárbara. Essa
que era a sua relação amorosa-companheira da vez, apesar de existir nenhum
rotulo como ele sempre dizia.
— Não entendo porque não gosta dela — Sua atenção está na avenida que
eles atravessam, um sorriso grande abre em seu rosto.
— Por que ela é uma patricinha metida a Barbie e te faz ser o Ken. —
Mason estaciona enfrente uma boate intitulada Fresh dancing. Pode ouvir ao
fundo a música Can’t stop the felling do Justin Tmberlake tocando. A porta
do passageiro se abre e Mason estende a mão para que ela e pegue, ela assim
o faz.
— Enfim, não vou tirar a barba, gosto dela assim.
Juntos eles se encaminham para a entrada da boate.
“Quando estou perto de você minha mente não é mais minha”
Anakin Skywalker

Luna Iasune
Ao entrar naquele enorme espaço, nota a decoração. Tudo era bem
colorido. A música invadia seus ouvidos, ela não conseguia ouvir seus
pensamentos. Mason com uma mão em suas costas a guia em direção ao bar.
No trajeto ela pode notar os olhares das mulheres para seu amigo, umas
fazem um sinal com a mão para lhe chamar a atenção sem nem ao menos
notá-la ao seu lado, outras bem mais oferecidas esbarram “sem querer” só
para tocarem nele e pedir desculpas com uma voz melosa.
Sempre soubera do efeito que ele tinha sobre as mulheres, pois afinal ela
era uma delas. Todas as vezes que Mason Carter adentrava pelo ambiente, era
inevitável não olhar para ele. Com seu porte confiante, seus ombros largos,
seus olhos azuis, carisma e seu sorriso fácil, todas as mulheres pareciam
sofrer os efeitos de algum tipo de feitiço.
Era como se quando ele surgia tudo ao redor perdesse a graça. E ele,
somente ele se destacava na multidão.
Já havia se acostumado com aquela atenção que ele recebia, bem, pelo
menos era o que dizia a si mesma todas às vezes. Mas sempre que se
deparava com uma situação dessas sentia-se completamente invisível, tanto
por ele quanto pelas caçadoras de gringos que pareciam sentir o cheiro de um
estrangeiro, solteiro e bem-sucedido a quilômetros.
Ela o vê pegar vários papeizinhos que acreditava ser os números de
telefones das tais caçadoras. Com certeza ela ia acabar largada no bar,
sozinha enquanto ele iria para casa com uma daquelas mulheres.
Mason Carter
A casa estava cheia, várias pessoas dançavam no meio da pista. Como de
costume havia muitas mulheres e enquanto se encaminhava ao bar ele podia
notar os olhares delas o cobiçando.
Geralmente era sempre assim que acontecia quando ele saia. Ia até uma
boate ou casa de shows, mulheres o olhavam e ele trocava olhares com as
mesmas, ele escolhia uma e pagava uma bebida, dançava e ia embora muito
bem acompanhado. A levava para um motel e lá a festa continuava. Estava à
caça esta noite como em todas as que saia, mas antes se preocuparia com sua
amiga, ele iria ajudá-la a se dar bem hoje, ou pelo menos tentar, pois só de
olhar para ela e ver sua expressão insatisfeita e sua total falta de interesse
sabia que seria uma tarefa difícil.
Enquanto atravessava o salão ele reparava nos olhares lançados de vários
homens ali na direção deles, não se sentia muito confortável. Eram tantos
olhares masculinos, que até conferiu a boate em si para confirmar se não
entrara na errada e acabara indo a alguma boate LGBT.
Notou que um cara se aproximava, seu olhar secava sua amiga, os homens
por onde eles passavam viravam suas cabeças na direção de Luna e a
olhavam, a mediam dos pés à cabeça.
Mason não sabia o porquê, mas se sentiu extremamente incomodado com
aquilo, completamente desconfortável com o jeito que eles a olhavam. Não
que ele não olhasse para as mulheres daquele jeito, mas aquela era Luna, sua
melhor amiga Luna e sim ele se sentia protetor. Então a aproxima mais de seu
corpo, puxando-a mais para perto de si.

Luna Iasune
Quando eles chegam ao bar Luna sentou-se em uma das cadeiras giratórias
e escuta seu amigo pedir ao barman uma garrafa de Tequila. O barman
prontamente coloca a garrafa a sua frente no balcão com dois copos, algumas
rodelas de limão e um pequeno recipiente com sal.. Ele abre a garrafa
enchendo o copo de ambos e coloca sal na borda do mesmo.
Tequila? Ótimo, como se eu bebesse isso.
Ela a olha sorrindo. Pega seu copo, então toma aquele líquido que desce
quente por sua garganta. Luna faz uma careta, nunca havia bebido mais que
uma taça de vinho no jantar ou uma taça de champanhe na virada do ano, mas
aquela noite precisava. Estava em uma boate, com um vestido que não tinha
nada a ver com ela, cercada por pessoas estranhas, mulheres
extravagantemente maquiadas e vestidas, ou melhor, extravagantemente
pouco vestidas, então porque não beber para completar aquela noite estranha?
Pegando a garrafa do balcão novamente torna a encher seu copo. Um, dois,
três, quatro, seis, oito shots de Tequila. No décimo terceiro ela já podia sentir
a força do Jedi dentro dela tomando conta de seu corpo. Estava rindo sem
parar, as luzes pareciam bem mais brilhantes do que se lembrava, o som
também bem mais alto, até a barba do barman parecia interessante e
ligeiramente engraçada. Um remix ao fundo da música Hear Me Now
começava a tocar, ela começa a balançar a cabeça acompanhando o ritmo, sua
garrafa quase no fim.
— Hey vai com calma Hobbit. — Seu amigo a repreende.
— Vê se não enche — Ela fecha a cara e torna a encarar o bar à sua frente.
— E então como vai ser? — ele vira seu copo de bebida. — Tem
preferência? Loiros, morenos, carecas, cabeludos ou ruivos? — Ele enche seu
copo mais uma vez.
Tenho, e que tal loiros sarcásticos, com sorriso irritante e lindos olhos
azuis que me tiram do sério? Era o que queria dizer, a bebida quente em seu
sangue estava começando a afetar sua mente. Pelo amor de todas as tropas
estelares, onde fui me meter?
Então para não perder o costume, vê de relance uma ruiva que mais parecia
uma prostituta do planeta Naboo se aproximar de Mason. Lua fingiu não
ligar, mas estava atenta a conversa dos dois.
— Oi fortão. — A ruiva fala com uma voz melosa até demais para o gosto
dela, ela vê seu amigo encarar a mulher e sorrir em sua direção.
E lá vamos nós.
— Hey my dear . [4]

— Olha temos um gringo aqui. — A prostituta de Naboo fala


manhosamente.
Claro. Até parece que ela não sentiu o cheiro de longe.
Mason tinha um leve sotaque quando falava em português e quando falava
na sua língua natal era quando terminava de lançar seu feitiço, ele tinha uma
voz levemente rouca e grave, as mulheres se derretiam e ele usava isso
sempre ao seu favor, até mesmo com Luna, quando queria alguma coisa dela.
— Diretamente do Texas — ele sorri — Posso te pagar uma bebida?
Vou acabar sozinha nessa merda de boate bebendo essa garrafa toda.
— Que tal uma dança primeiro? — A ruiva de farmácia filhote de Gollum
pergunta.
— Ótima ideia — Ele diz e se levanta.
Ela o sente se aproximar e dizer em seu ouvido.
— Lua se você não sorrir ou pelo menos fingir que está se divertindo
ninguém vai vir até você. Seja mais receptiva e não precisa transar com
ninguém se não quiser, mas pelo menos se divirta ok?
Ela o encara e sorri forçadamente, levanta seu copo em sua direção, como
se dissesse que estava tudo bem. Aquilo tinha sido uma péssima ideia. Ela o
vê suspirar e a encarar duvidosamente, ele a conhecia muito bem para saber
que ela não iria sair daquela banqueta.
— Pare de beber, já foi demais— Ela leva o copo a sua boca e vira de uma
só vez o conteúdo dele. — Eu vou dançar deveria fazer o mesmo — Ele é
puxado pela ruiva.
Lua larga seu copo vazio no balcão do bar e vira seu olhar para a pista de
dança. Lá estava ele dançando com a ruiva de farmácia, ambos com os corpos
colados. Ele sorria e falava em seu ouvido enquanto segurava sua cintura com
suas enormes mãos. A ruiva balançava os quadris com o ritmo da música.
Sou melhor dançando, ela pensa. O filhote de Gollum passa as mãos no
pescoço de Mason e Luna não consegue evitar e revira seus olhos. Seu amigo
a puxa pelo quadril fortemente, decidido como sabia ser e intenso.
Não conseguia desviar seu olhar das mãos dele, elas estavam por todo
lugar. Mãos grandes, hábeis, firmes e fortes.
Mãos podem ser fortes? Argh Luna. Por que está pensando nas mãos
dele? Ela desvia seu olhar.
— Olá gatinha, posso te pagar uma bebida? — Ela nota que um cara se
aproximou. Ele era moreno, com cabelos curtos, olhos castanhos escuros e
um rosto muito bonito. Sua camisa branca estava entreaberta revelando
pequenos pelos em seu peito definido. O DJ agora tocava à música Maps do
Marron 5.
— Acabei de beber— Ela responde ríspida e pouco receptiva. Então
novamente olha para Mason que agora estava beijando a vaca ruiva enquanto
ela se esfregava nele.
Sério isso? Deviam ser presos por atentado ao pudor.
— Mas seu copo está vazio — O cara se aproxima dela e seus ombros se
tocam levemente com a ponta dos dedos.
— Isso porque acabei de beber — Ela encarava seu amigo com certa raiva
por ter a arrastado para isso.
— Você me parece meio tensa — o cara sorri de canto para ela
sedutoramente. — Quer dançar? — ele passa os dedos por seu braço. — Seu
vestido é muito lindo. — Ele diz próximo de seu ouvido.
Ela estava prestes a negar seu convite para dançar, queria ir para casa,
estava tonta e tudo girava em sua cabeça, mas ela via Mason se divertindo e
praticamente transando com aquela mulher ali na pista de dança. Ela sabia
que seria daquele jeito, então encara o homem ao seu lado, não sabe se fora a
bebida ou a raiva de seu amigo ou mesmo os dois em uma mistura perigosa,
mas levanta-se de onde estava sentada e pega pelo braço do cara o arrastando
para pista de dança. Ele só tem tempo de colocar seu copo no balcão e a
segue sorrindo triunfante.
Ela fica frente a frente com o moreno e começa a se requebrar, adorava
dançar. Correção ela adorava dançar normalmente e não no meio de uma
balada com vários estranhos se esfregando ao redor.
Quando estava morando no Japão ela fazia aulas todos os dias depois das
aulas no ensino médio, lá os alunos eram obrigados a ter pelo menos uma
atividade extracurricular e então Luna escolheu a dança. Gostou tanto que
passou a frequentar um estúdio até se mudar para o Brasil para fazer
faculdade, depois nunca mais dançou.
Ela sente o homem a puxar pela cintura aproximando seu quadril. Ela
dançava sensualmente enquanto mordia seu lábio inferior, o álcool agindo em
suas veias. Ele se aproxima do ouvido dela.
— Qual o seu nome? — pergunta um pouco alto devido à música.
— Luna — O cara sorri.
— É muito bonito, eu sou o Pedro alias.
Ela passa as mãos por seu corpo balançando, e sente as dele passearem
pelo mesmo explorando suas curvas, ela então fica de costas e remexe seu
corpo colando ao de Pedro. Ele segura seu quadril e rebola com ela. Luna
passa as mãos por seus cabelos lisos e sente Pedro beijar sua nuca e ela sorri
com o contato.
— Você é muito bonita e muito gostosa também — Ele beija o lóbulo de
sua orelha esquerda.
Luna se vira para Pedro já bem perto dele. Morde o lábio do moreno, ainda
balançando ao som daquela música. Podia sentir as mãos de ele tocar seu
quadril na parte traseira. Normalmente ela afastaria quem a tocasse daquele
jeito, mas hoje não, hoje ela iria se divertir. Ela joga suas mãos em volta do
pescoço dele e rebola mais envolvida pela música.
Mason não quer que eu me divirta? Então é o que farei.

Mason Carter
Mason agora lambia o pescoço daquela ruiva que nem ao menos sabia o
nome. Não tinha parado para perguntar. Mas não havia problema ele teria a
noite toda para descobrir.
Ela mexia colada ao seu corpo com movimentos sensuais o excitando cada
vez mais. Nossa deve ser selvagem na cama. Ele pensa.
Queria prová-la, mas antes se preocuparia com Luna e foi aí que se
lembrou de sua amiga sozinha no bar. Merda. Havia se esquecido dela e
ainda colado à ruiva ele olha em direção ao bar onde a deixara. Ela não estava
mais lá, seu lugar agora preenchido por outras pessoas.
Mason olha ao redor em busca dela, passa seus olhos pela pista de dança.
Então um grupo de pessoas próximas a ele se afasta e para seu alivio a
encontra. Ela estava dançando, não podia acreditar. Luna Iasune dançando.
Sua pequena padawan aprendia rápido.
Ele abre um sorriso triunfante, o cara que dançava com ela beijava seu
pescoço. Mas ao olhar mais atentamente o sorriso que antes estava estampado
em seu rosto some ao ver quem era o cara que estava com sua amiga.
— Filho da mãe — Eles estavam bem próximos quando Mason se
aproxima abandonando a ruiva no meio da pista. Bate nos ombros de Luna.
— Vamos Luna, vamos embora.
— O que? — ela se vira para ele ainda abraçada a Pedro. — Ainda está
cedo Mason.
Sorri para ele, pelas suas bochechas coradas e seu tom animado demais
sabia que ela estava bêbada.
— E aí cara tudo bem? — Pedro encara Mason.
— Olá Pedro — Ele diz com um tom de voz sério.
— Vocês se conhecem? — Luna pergunta enquanto olhava os dois
homens.
— Sim, por isso vamos embora — Ele via o olhar de confusão na cara de
sua amiga.
— Mason e eu trabalhamos no hospital — Esclarece Pedro.
— Olha só temos mais um médico aqui — ela solta uma gargalhada como
se fosse a coisa mais engraçada já dita.
— Cara faz tempo que não saímos, devíamos marcar alguma coisa depois
— Ele segura na cintura de Luna a puxando para mais perto.
— Quem sabe um dia — olha para sua amiga. — Vamos Luna, agora! —
Diz ríspido.
— Espera aí cara, você a conhece?
— Somos amigos — Ele responde.
— Sei ahh Mason, amigos né? Que filho da mãe de sorte ter uma gostosa
dessa como amiga, você deve tirar sempre uma casquinha, não é? — Ele sorri
maliciosamente e dá uma leve tapinha no ombro de Mason.
Luna começa a rir e à música Feel So Close do Calvin Harris começa.
— Lua, vamos? — Faz menção de pegar o braço dela.
— Cara, deixe-a em paz — dizia Pedro. — Eu a levo para casa.
— Isso está fora de cogitação— Ele o olha, a insatisfação em seu rosto.
— Meu Deus! — Luna se exalta fazendo os dois a olharem. — Eu amo
essa música— Ela sai dos braços de Pedro e segue para o bar, subindo no
balcão, já muito bêbada e começa a dançar.
Mason encara aquela cena enquanto Pedro sorria e batia palmas para ela ao
som da batida. Ele podia ver todos os homens do bar a encararem com
desejo, então se aproxima e tenta tirá-la de lá de cima. Ela passava as mãos
em seus cabelos de olhos fechados balançava sua cintura de um lado para o
outro.
— Nossa cara, onde você a estava escondendo? — Pergunta Pedro.
— Lua, desce daí agora! — Mason a chama, ela, no entanto não o escuta.
— Isso aí galera — Ela grita — coloquem suas boquinhas no bar que a
primeira dose é por minha conta.
Todos ali aplaudem e vibravam. Vários homens inclinam a cabeça no bar
para que ela despeje em suas bocas o Gin da garrafa que segurava nas mãos.
Luna bebe um pouco no gargalo e se abaixa revelando de leve sua cinta liga
de renda rosa.
— Muito gostosa, nossa me dei bem hoje. Lembra Mason quando
competíamos e você sempre ganhava? Bom hoje quem vai ganhar sou eu—
ele morde os lábios a encarando com desejo evidente.
— Você não vai transar com ela Pedro — Ele dizia o encarando.
— Claro que vou, várias e várias vezes— Mason cerra os punhos.
Lua dançava com a garrafa na mão e distribuía mais doses a todos ali.
— Ela não é esse tipo Pedro.
— Ela parece ser exatamente esse tipo cara, olha só para ela.
— Vá encontrar outra garota Pedro.
Então Mason a escuta gritar.
— Pedro vem aqui receber sua dose — dizia bebendo ainda mais. Mason
tentava afastar as pessoas e tira-la dali. Seu amigo sorrindo vai
obedientemente a sua direção.
Mason imediatamente se coloca entre os dois.
— Já falei para sair de perto Pedro, ela não está disponível — Em seu tom
a raiva era nítida.
— Para mim ela parece muito disponível e receptiva — ele sorri. — Sai da
frente Mason — Choca seu ombro com o de seu amigo.
Luna larga a garrafa de Gin e como se já não bastasse começa a se despir
ali mesmo no bar. Os homens gritam para ela tirar tudo e Pedro se junta ao
coro.
— Tira tudo — Ele dizia a olhando com desejo enquanto ela abaixava o
zíper lateral do vestido. — Nossa eu vou foder com ela.
Aquilo foi à gota d’água. Mason empurra aquele filho da mãe. Como ele
ousava falar assim dela? A raiva o domina, ele fecha seus punhos e soca o
rosto de Pedro certeiramente, o fazendo tombar para o lado e em seguida leva
suas mãos até seu nariz que sangrava.
Com raiva ele se joga na direção de Mason e o agarra pela gola da camisa
dando um soco em seu queixo. Mason o segura pela cintura e o joga no chão
ficando sobre ele o socando novamente, ele perde os sentidos, estava movido
pela raiva, pelo ódio, queria acabar com a cara daquele cretino que depois
precisaria passar por uma consulta com um cirurgião plástico.
Toda a atenção que antes estava em Luna se volta para aquela briga. Uma
roda de pessoas se formava onde Mason e Pedro brigavam. Luna desce do
balcão do bar assustada e grita para eles pararem enquanto subia o zíper de
seu vestido, porém nenhum dos dois a escuta.
— Seu desgraçado — Mason pragueja. Ele continuava socando Pedro.
Dois seguranças aparecem e os separam. Mason é segurado pelo braço por
um deles.
— Fique longe dela seu cretino filho da mãe — Grita.
Pedro se levanta com ajuda de outro segurança, enquanto Luna vai até eles.
Os seguranças guiam os dois homens para fora da boate e ela os seguem.
— Vão brigar em outro lugar — Diz um dos seguranças os empurrando
para fora.
Mason vai para perto de sua amiga. O ar gélido da noite bate em seu rosto
fazendo um frio percorrer pelo seu corpo e eriçar os pelos dos seus braços.
Pedro estava com o nariz visivelmente quebrado e com um corte em sua
sobrancelha, enquanto Mason estava com o queixo dolorido e o lábio cortado
no canto inferior.
— Fique com sua putinha Mason, ela deve ser uma frigida mesmo, não
vale a pena — Mason faz menção de ir pra cima de Pedro novamente, mas
Luna entra no meio e o segura.
— Pare com isso Mason, não vale a pena. Deixe esse idiota aí e vamos sair
daqui— Ela segurava em seu peito com as duas mãos.
— Não se aproxime dela cara. NUNCA MAIS! — Pedro sorri e vai
embora pela calçada com a mão em seu rosto ferido.
Mason vê Pedro se afastar. Cretino filho da puta. Pensa ele. Então se vira
na direção de Luna e leva suas mãos até seus braços os esfregando.
— Você está bem Lua? Ele fez algo com você?
— Se eu estou bem? Qual seu problema Mason?
— Meu problema? Eu estava te defendendo, enquanto você dançava no
balcão da boate e distribuía bebidas grátis.
— Você me traz a contragosto para essa boate — ela soluça. —
Praticamente me joga para os homens — outro soluço — E quando
finalmente começo a me divertir, você briga e somos expulsos.
— Sim, eu trouxe você aqui para se divertir um pouco, para descontrair,
mas não com Pedro, ele não. Ele é um canalha.
— Igualzinho a você— Soluça novamente. Podia notar que ela estava meio
tonta, seu corpo pendendo para ambos os lados e podia ver a força que fazia
para encará-lo. Ele bem conhecia aquela expressão, ela devia estar na etapa
de visão dupla.
— Exatamente. Ele é em alguns aspectos parecido comigo, apenas alguns e
eu não quero alguém assim com você — ele suspira fortemente, ainda a
adrenalina corria em suas veias. — Ele e eu costumávamos sair e a gente
meio que disputava com quantas mulheres ficávamos.
— E daí Mason?
— E ele me disse hoje que você estava sendo contatada como uma das
conquistas dele.
— E daí? Seria uma transa casual, não é assim que você chama? — Ela
revira os olhos e leva as mãos ao topo do estômago, provavelmente por causa
de um enjoo.
— ARGH Lua, você está bêbada demais para entender o que digo. Com
tantos caras você foi ficar justo com Pedro.
Lua aponta para várias direções até apontar para a certa onde Mason
estava.
— Euuu, Nãooooo, estou bêbada — diz com uma voz arrasta. Ela começa
a rir achando graça dela mesma.
— Não devia ter trazido você — Suspira passando as mãos pelos cabelos.
— Jura?!
Ele a pega pelo braço, não conseguia aceitar, Luna sendo tocada por Pedro.
Aquele canalha, desgraçado, as coisas que ele dissera sobre ela o tiraram do
sério, ele simplesmente enlouqueceu, Luna não era aquele tipo de mulher, ela
era muito mais do que isso.
Sua amiga ria sem esforço nenhum, achava graça de tudo, ela encarava
seus pés, e ria, olhava suas mãos e ria, tudo para ela era motivo para rir. Ela
enxergava o mundo todo em dobro, as luzes eram mais brilhantes, tinham
cores mais vibrantes, a bebida amortecera seus sentidos, pelo menos era
assim que ele achava que ela estava.
— Vamos embora Lua. — Ele pede para o manobrista trazer seu carro e o
aguarda com ela ao seu lado. Ela tenta puxar o braço e tira-lo de sua mão,
mas sem sucesso.
— Ei baka, me laaaarga.
— Não solto não, pare de se mexer Lua, fique quieta.
— Mason, eu sou seu paaaii — Diz ela tentando imitar a voz do Darth
Vader e logo em seguida rindo.
Ele a coloca dentro do carro. Ao olhar o relógio consta que era 1 hora da
manhã. Luna não estava em condições de ficar sozinha, então teria que levá-
la para sua casa assim poderia ficar de olho nela.
— Uhuuuu, vamos dar uma voltaaa — Mason olha em sua direção e Lua
estava com a cabeça e braços fora do carro.
— Lua! — ele a puxa, a colocando sentada, fecha o vidro e o tranca para
que ela não abra novamente.
— Luaaa, Luaaa é meu apelido— Mais risos.
— Nossa Lua, você está muito bêbada — Ele não consegue segurar o riso.
Nossa o quanto será que ela bebera?
— Nãoooo caraaa eu já disse que eu não estou bêbada.
— Você já havia bebido antes?
— Claro que já, tomo sempre uma taça de champanhe no ano novo. — Ele
não consegue não rir.— Mas, nãoo estou bêbadaaa nãooo.
— Você não vem mais e se vier não desgrudarei de você. Eu fiquei longe
por 10 minutos Lua e olha o que aconteceu?!
— Yes Sir [5]
— ela finge anotar em um caderno imaginário.— Não
desgrudar do Mason— Fala.
Lua encara seu amigo agora em dose dupla por causa dos shots que
tomara. Ela o observa estacionar o carro no estacionamento, então movida
pela coragem que somente muita bebida lhe daria se levanta e se senta no
colo dele, cada perna de um lado do seu corpo. O tecido do vestido subira
mais alguns centímetros revelando sua cinta liga de renda rosa.
— Não desgrudar do Mason — Ela sorri para seu amigo, que a encarava
surpreso.
— Sim, isso mesmo, mas não nessa situação, não era o sentido que quis
dizer.
— Mason, você sempre foi bonito assim? — Ela diz se aproximando dele e
beijando seu pescoço.
— Então você me acha bonito? — ele sorri para ela. O toque dos lábios
dela na pele de seu pescoço o faz suspirar e sua pele se arrepiar — Lua não,
você está bêbada, não está pensando direito. — Diz ele a afastando um
pouco.
— Eu te acho sexy— ela aponta para o banco de trás do carro. — Hey, o
que quê é aquilo?
— Aquilo o que? — ele vira para trás e não vê nada de diferente. — Do
que você está falan...— Então quando volta à atenção para ela, ele é
surpreendido pelo toque rápido dos seus lábios com o dela. Ela lhe dera um
selinho.
— Eu beijei Mason, roubei um beijo. — Ela começa a rir.
Mason suspira, não acreditava que havia caído naquela brincadeira idiota,
o velho truque. Ele abre a porta do carro e sai dele com Luna em seu colo,
entrando no elevador que havia no estacionamento indo até o seu
apartamento. Quando abre a porta da sua casa Lua pula de seu colo e começa
a correr.
— Mason não me pegaaaa.
— Lua você bebeu algo além da garrafa de Tequila? Sei lá, algo do tipo,
energético ou quem sabe usou cocaína? Você está muito agitada. — ele a
observa correr, parando no meio da sala e arrancado seu vestido ficando
somente com a lingerie rosa. Ele se apressa em sua direção.
— Agora já chega mocinha — Diz a pegando pela cintura e a colocando
sobre seu ombro direito.
— Meu Deus Gandalf, socorro, ele vai me obrigar a dormir com ele.—
Gandalf estava sentado no braço do sofá encarando toda aquela cena com
uma cara engraçada.
— Ah claro que vou — ele a leva até o banheiro e a coloca de volta no
chão.
Ao fazer isso Mason tem uma visão maravilhosa, ele era bem mais alto que
ela então possuía uma visão privilegiada do seu decote, via também sua
lingerie super colada no corpo e um pedaço da sua calcinha. Ele sentia um
formigamento subir pelo seu corpo.
Arghh, essa garota me fez perder uma transa selvagem com aquela ruiva,
agora vou ter que ficar na vontade.
— Melhor você tomar banho primeiro Lua, ajuda.
Ela começa a correr no corredor e acaba entrando no quarto dele. Ao ir
atrás dela a pega novamente sem erguê-la do chão.
— Me largaaaa, não papai, Luna não quer banho — se debatia em seus
braços.
— Arghh, ok Lua, como quiser — ele suspira a soltando.— Vou pegar
uma roupa para você — ele entra em seu closet e procura uma roupa que ela
poderia usar.
Mason remexia em suas peças em busca de algo que não ficasse
exageradamente grande demais em seu corpo.
— Eu tenho shorts também, mas acho que vai ficar grande demais, então
essa camiseta é bem longa deve dar para você usar como camisola. — Mason
sai de seu closet com uma camiseta nas mãos e o encontra o quarto vazio. —
Lua? — Então escuta um barulho no banheiro.
Ao chegar até a porta ele encontra Luna de joelhos em frente do vaso
vomitando. Ela tossia e seus cabelos cobriam seu rosto. Ele vai até ela e puxa
o mesmo para trás os segurando até que termine.
— Isso Lua, coloca tudo pra fora. Vai melhorar — Ele acariciava suas
costas.
Lua vomitava muito. Quando ela termina, ele pega a toalha de rosto
umedecida e a limpa.
— Venha, vou te colocar na cama — Passa seus braços ao seu redor a
erguendo sem dificuldade do chão.
Mason a coloca delicadamentesobre o colchão, a cobre com um lençol, que
ela chuta pra longe, ele observa o pequeno pedaço de calcinha que se revela
quando sua camisola de renda sobe um pouco. Ele lhe oferece uma garrafa de
água que sempre deixava no criado mudo, ela a pega e bebe com avidez.
Com os olhos ele acompanha o caminho lento que algumas gotas de água que
escorrem pelo seu pescoço e entram em seu decote.
Luna lhe devolve a garrafa agora quase vazia, afunda a cabeça no
travesseiro, vira de lado e logo em seguida já estava dormindo
profundamente.
Mason a encara encolhida tão confortavelmente em sua cama e não
consegue evitar um sorriso.Vai até o closet troca de roupa, se encaminha até
o lado dela, pega o lençol que ela chutara mais cedo o colocando sobre seu
corpo a cobrindo. Inclina-se em sua direção e beija sua face.
— Boa noite Hobbit.
Ele pega o travesseiro ao lado dela e outro lençol. Apaga a luz do quarto e
antes de sair ele liga um pequeno abajur que se coloca direto na tomada,
sempre que ela dormia na sua casa ele o ligava, Luna tinha medo de escuro,
não conseguia dormir, assim como tinha medo de tempestades, de aranha,
palhaços e de amêndoas, ela era alérgica e uma vez quase morrera por causa
delas quando era mais nova. Isso eram algumas pequenas coisas que os anos
o ensinaram.
Ele se deita no seu grande sofá da sala, Gandalf logo em seguida vem para
perto dele, subindo no sofá e se aninhando em seus pés mia
confortavelmente.
— Boa noite, velho amigo. — Ele aperta o interruptor próximo ficando
completamente no escuro.
“Controle seus sentimentos para que eles não o controlem”
James T. Kirk

Luna Iasune
Luna acorda com pequenos raios de sol em seu rosto. Sentia sua cabeça
latejar mesmo antes de abrir os olhos, sua boca estava seca e sentia um
amargo na mesma. Isso é vômito?
Ao abrir os olhos eles varrem o ambiente, o reconhecia cada vez mais.
Cada móvel, a cor das paredes, alguns artigos geek espalhados. Aquele
claramente não era seu quarto, não se lembrava de como veio parar no quarto
e na cama do Mason.
Senta-se na cama com as mãos na cabeça. Argh, nunca mais vou beber, ela
pensa. Então o lençol que a cobri escorrega pelo seu tronco e ela vê que
estava usando somente sua lingerie. Com um salto ela sai da cama, olhando
para os lados desorientada, passa as mãos na cabeça tentando se lembrar de
como veio parar ali. Como havia parado quase pelada no quarto dele?
Então flashs da noite anterior passam por sua mente, se lembra de ter ido à
boate, se lembra de dançar e então se lembra de tirar a roupa no apartamento
de Mason e ele a olhando.
— AHHHHHHHH Não, não, não pode ser.
Aquilo não poderia estar acontecendo. Ela e Mason haviam dormido
juntos. Seu coração se acelera a cada instante mais. Como que ela poderia ter
perdido a virgindade, um evento tão importante na vida de alguém, e
simplesmente não se lembrar depois. Como havia sido? O que haviam feito?
Não conseguia nem lembrar se fora bom.
Em questão de segundos, Mason irrompe o ambiente, abrindo a porta com
tudo e correndo para dentro.
— O que foi? — Ele olha ao redor e encontra Luna no canto oposto ao
dele. Ela apressadamente pega o lençol de cima da cama e se cobre.
— Vira pra lá — Ela diz desesperada pra ele.
— Me virar? Por quê? — ele a encara. — Como se eu não tivesse visto
ontem.
— Ai meu Deus, Ai meu Deus — ela anda de um lado para o outro,
desesperada.
— O que foi Lua?
— A gente, a gente, argh Mason, você sabe. — ela o vê se abaixar e pegar
um pequeno tecido preto que estava nos seus pés e lhe estender, era seu
vestido. Ela o pega e se afasta dele rapidamente. — Vai pra lá Mason, não se
aproxime.
— A gente o que? — Ele a encara confuso e depois de alguns segundos
entende o que ela queria dizer.
— Anda, se vira logo. — Ela o vê bufar e se virar de costas para ela. Então
só assim solta o lençol e coloca seu vestido.
— Como está sua cabeça?
— Doendo — diz rispidamente. — Mason, não mude de assunto, você e
eu, ontem, você sabe — Ela sobre o zíper do vestido.
— Não Lua — ele começa a rir, ela observa seu tronco subir e descer ao
fazer aquilo e então ele se vira e a encara, o sorriso ainda em seu rosto. —
Não aconteceu nada. Você só bebeu muito e desmaiou na minha cama.
— Ahh graças a Deus — Ela leva as mãos ao peito em um gesto de alívio.
Obrigada meu pai por não me fazer estragar essa amizade, juro que nunca
mais vou beber. Falava consigo mesma.
— Mas...— ela tem seu sentimento de alívio interrompido por aquela
simples e curta palavra. Vira-se e o vê sorrindo de canto.
— Mas o que? Ai meu Deus do céu, o que eu fiz? — Ela arregala os olhos.
— Não aconteceu nada entre nós, mas não foi por falta de tentativa, de sua
parte é claro.
— COMO É QUE É? — ele se exalta.
— Você se jogou encima de mim Lua. Subiu no meu colo no carro, beijou
meu pescoço, chegou aqui começou a arrancar o vestido e ainda disse que me
acha bonito— Ela o encarava, e ele sorria com seu ar malicioso.
— Isso só pode ser brincadeira — ela tenta se lembrar, mas não conseguia.
— Não é — sorria. — Eu até que estava gostando desse seu lado.
— Meu santo protetor das galáxias, virei uma meretriz— ela começa a
chorar.
— Calma Lua, não é pra tanto — ele ria dela.
— Como assim calma, eu quase abusei de você.
— Pense pelo lado bom, foi comigo, imagine se fosse com algum estranho
— ele enxuga o canto dos olhos ainda rindo. — E eu afastei você, não deixei
que fizesse besteira.
— Isso sim é surpresa — ela enxuga uma lágrima. — O que mais eu fiz?
— Eu preso demais nossa amizade para estragá-la assim. — ele finge
pensar. — Ah deixe-me ver. Uma dúvida que tenho. Onde aprendeu a
dançar?
— Como? Quando? O que? — Ela arregala os olhos.
— Na boate você dançou na pista e nossa — sorri maliciosamente. — Que
movimentos eram aqueles. Eu quase perdi a linha e a agarrei lá mesmo.
Muito excitante.
Lua o encarava com a boca aberta, estava sem reação, sem palavras.
— Qual é Lua. Você sabe rebolar muito bem, uma dança sensual, devia se
sentir feliz com o elogio. Nossa acho que todos os caras que a olhavam
ficaram excitados, porque confesso que eu não tirei os olhos. — Sorri.
— Não acredito que fiz isso — Ela leva as mãos ao rosto.
— Confesso que nem eu.
— Só isso? Eu só dancei?
Ela nota ele a encarar por alguns segundos, parecia estar pensando no que
dizer e quando isso acontecia não era boa coisa. Mason sempre tinha
respostas na ponta da língua para qualquer coisa que o pergunte, era rápido
nisso, inteligente e as vezes irritante, quase nunca vencia uma discussão com
ele. Quando ele pensava demais para falar, ela já suspeitava.
— Ahh... Você dançou com um cara — ela repara na seriedade na sua voz.
Aquilo o incomodara? — Venha Lua vou lhe dar um remédio para sua
cabeça— ele dá às costas e sai do quarto.
— Com um cara? — ela o segue confusa. Ambos entram na cozinha e ela
pega o comprimido que Mason lhe entrega junto com um copo de água.
— Sim, mas nada aconteceu. Eu tirei a gente de lá, foi — suspira. — Uma
noite bem agitada.
Só isso? Ela esperando pelo pior e sua noite não passou de ficar abraçada
com uma garrafa de Tequila e de dançar com um cara?
— A culpa é toda sua — Dizia Luna.
— Minha? Eu mandei você não beber.
— Eu disse que queria ficar em casa e ver séries, mas você tinha que me
obrigar a ir— ela pela primeira vez naquele dia repara em seu rosto. Seu
queixo levemente avermelhado e seu lábio cortado. — E o que aconteceu
com seu rosto?
— Lua eu a levei lá só pra você se divertir e conversar com outras pessoas,
só para se socializar. — Ele leva a mão ao queixo que pela aparência deveria
estar incomodando — Ahh isso não foi nada.
— Me diz que você não tirou a gente de lá brigando Mason! — ele fica em
silêncio a encarando— MASON!
— Eu estava defendendo sua honra — Ela se aproxima e pega seu queixo
delicadamente.
— Minha honra o cacete — Ela examina o machucado, estava um pouco
ruim, mas se não cuidasse ficaria bem pior. Ela a escuta gemer quando toca
na região vermelha e levemente roxa.
— É sério Lua, aquele idiota estava se aproveitando de você.
— Espera — Ela vai até o banheiro e pega a maleta de primeiros socorros
que sabia que ele tinha, voltando até a cozinha e começa a cuidar do seu
machucado.
— Você sabe que sou médico né? — diz com seu tom irônico.
— Eu também sou — Ela se aproxima dele, concentrada em ajudá-lo.
— Sim doutora Luna — Abre um leve sorriso.
— Quieto — ela toca levemente seu lábio passando os dedos por ele e o
escuta novamente gemer baixinho. Ela não percebera o quão próximo estava
dele e passa antissépticos no corte com uma gaze.
Ela encara seu rosto seriamente concentrada e quando isso acontecia ela
mordia seu lábio inferior sem perceber. Passava levemente os dedos por
sobre o corte, sentindo a textura dos lábios dele que se entreabrem, enquanto
ele ficava imóvel. Sem encará-lo podia sentir que ele a observava, sentia seu
olhar sobre ela, mas estava focada no que fazia.
No canto de seus lábios nota um meio sorriso de quase imperceptível
surgir.
— Não tem graça Mason.
— O que?
— Brigar.
— Na hora até que é divertido.
— Nunca mais brigue por mim, nem por ninguém. Ouviu? — ela segura
seu rosto com suas pequenas mãos. — Me deixa ver como posso cuidar desse
meu amigo valentão.
Ela encarava seu rosto, seu queixo com áreas roxas, vermelhas e algumas
com tom amarelado, seu lábio inferior estava cortado, a barba rala não
escondia o machucado, mas o deixava com uma cara de badboy e que Deus a
ajude, ela achava extremamente sexy.
Céus Lua se concentre, é apenas o Mason. O Kono baka que insistiu em te
levar para uma balada estúpida, pensava ela.
O rosto de Mason era bem acentuado, sua barba rala perfeitamente
alinhada, era muito macia. Seus cabelos loiros escuros de comprimento
médio caíam sobre seus olhos azuis que com o bater da luz daquele cômodo
ficavam com um leve tom esverdeado. Seus lábios vermelhos e carnudos
agora com um pequeno corte sorriam revelando seus dentes perfeitos, um
sorriso tão bonito que a fez suspirar. Ele tinha um sinal de nascença na parte
esquerda de seu nariz, era pequeno, mas ela adorava secretamente. Luna se
pegou pensando em como seria beijar aquele pequeno sinal. Seus olhos a
encaravam e ela morde seu lábio e suspira.
Sentia-se tão bem com ele, ele era seu melhor amigo, confidente, aquela
pessoa que sempre esteve ao seu lado sempre que precisou.
Sabe aquele amigo que sempre sabe o que fazer e o que dizer? Que te
abraça quando você mais precisa e que entende seu silêncio? Essa era Mason
Carter e apesar de irritá-la às vezes, ou melhor, sempre, ela o adorava,
simples assim.

Mason Carter
Mason a observa deixando ser examinado. Seus dedos tocavam sua pele,
ela está concentrada em seu rosto. Ele sorri mais ao reparar que ela mordia o
lábio inferior, ela sempre fazia isso quando estava concentrada em algo ou
nervosa. Ele realmente achava que ela não percebia que fazia isso, mas ele
sempre reparava, como também sabia que ela tinha três pintas em suas
bochechas, duas na direita e uma na esquerda.
Ela ainda estava sem os óculos e seus cabelos levemente bagunçados agora
já voltaram ao seu formato ondulado natural. Ele não pode deixar de reparar
em como ela é linda. Eles estavam bem próximos, podia sentir o seu cheiro,
flores silvestres, aquele cheiro fazia parte dela. Toda vez que o sentia
lembrava-se de Luna, era inevitável.
Luna era sua melhor amiga, com quem ele sempre podia contar, eles se
viam praticamente todos os dias e quando não se viam eles trocavam
mensagens. Ela entrou na sua vida assim como Gandalf entrou na de Bilbo
Bolseiro, quebrou sua rotina e o fez descobrir que ele era capaz de fazer mais,
de viver mais, o fez ter aventuras, descobriu o que era ter alguém, ter uma
família, ter alguém para se preocupar e para se preocupar com ele. Ele não
conseguia ver sua vida sem ela. Tudo o que ele descobria, ou fazia, até
mesmo as bobagens, ela era a primeira pessoa para quem queria contar.
— Quietinho Kono— ela passa uma gaze com água oxigenada por seus
lábios sem tirar as mãos de seu rosto. Está tão próxima dele que podia ver sua
respiração afastar levemente os fios de sua franja.
Luna ergueu seus olhos para examinar e ver melhor se nada escapou. Então
seus lábios se entreabrem, um formigamento começa na sua região baixa.
Ela o encarava e ele retribuía. Ambos bem próximos um do outro. As
respirações se encontrando. Por um tempo que ele não soube dizer quanto,
ficaram daquela maneira, presos e concentrados um no outro. Ele sentiu uma
vontade estranha de se aproximar mais, de tê-la colada a ele, precisava
extinguir o espaço que havia entre eles. Então após esse tempo indeterminado
ele nota ela hesitar por alguns instantes para enfim se afastar.
— Pronto você vai sobreviver. — Diz guardando tudo de volta na maleta.
— Obrigado doutora. Eu ganho um biscoito agora? — sorri de canto. —
Eu sei sentar. — Ele nota o sorriso dela se abrir. Ele adorava estimular isso
nela. — Quer café?
— Talvez depois. Mason preciso ir pra casa, tomar um banho, me trocar e
esquecer que fiz o que fiz ontem à noite. Bom, pelo menos eu não te beijei
né?!— Ri nervosamente.
Mason fica em silêncio, ele se lembrava do leve toque de seus lábios no
dele, ele até sonhara com aquilo, mas é claro que jamais iria confessar. Ela
estava bêbada, não queria fazer aquilo, ele era somente o cara que estava ali
ao seu lado no carro. Ela não reagira muito bem quando pensou que eles
tinham tido alguma coisa ontem à noite, então achou melhor não falar nada,
guardaria aquela lembrança só para si junto com a cena dela dançando no
balcão do bar.
— É pelo menos não — ele fica de costas para que não veja a mentira em
seus olhos. Coloca um pouco de café e uma caneca. — Não quer tomar banho
aqui? Posso te emprestar uma roupa.
— Pode ser, mas depois preciso ir. Misty está sozinha e ainda não comeu.
Ela se levanta e vai de passos arrastados e um pouco bambos até o
banheiro, segurando sua cabeça com ambas as mãos.
Ele termina sua caneca de café e caminha até seu quarto, precisava
encontrar uma roupa limpa para Luna, depois tomaria um banho rápido. Ao
passar pela porta do banheiro a encontra entreaberta, lá dentro sua amiga
tomava banho e cantarolava.
Não olhe Mason, ele pensa enquanto soltava um suspiro. Dane-se há uma
mulher linda tomando banho em meu banheiro e eu sou homem, apenas uma
espiada, cogita em sua mente. Ela nunca vai saber, conclui. Ele coloca o
olho pela pequena fresta da porta e vê o contorno de seu corpo, sua silhueta e
o vapor que a rondava. Com a respiração ofegante ele passa as mãos
nervosamente nos cabelos.
Um arrepio percorre seu corpo, que reagia de uma forma diferente.
Liberava potentes drogas: Adrenalina, oxitocina, Noradrenalina, dopamina.
Viciantes, alucinantes e extasiantes.
Ele sai da frente da porta e se força a ir em direção ao seu quarto. Mason
seu idiota você só pode estar ficando louco. Começa a separar uma roupa
para Luna, suas mãos tremiam levemente. O corpo dele ansiava pelo toque
das pequenas mãos dela, ele sentia uma necessidade de tê-la em seus braços,
a mesma de apenas alguns instantes atrás.
Deve ser por que ontem fiquei na vontade, só pode. Um calor o invadia e
seu libido almejava o suor dela se mesclando ao dele.
Com movimentos apressados separa uma camiseta e um shorts de pijama
que já não o serviam mais. Escuta sua voz percorrer o corredor e chegar até
seu quarto ela estava pedindo a roupa que agora estava em suas mãos. Ele
aperta com força as peças e em sua mente a imagem de Luna sem roupa e
molhada se forma. Desejos e fantasias vão tomando sua mente. Cara estou
ferrado, pensa.
Ele se aproxima da porta do banheiro e coloca as roupas pela fresta e a
sente puxar as retirando de sua mão.
— Quer ajuda para se vestir?
— Não idiota.
— Que pena, mas eu quero quando for tomar banho.
— Então pede para a Bárbara. Aquela Barbie estilo Made in China. —
Escuta a irritação em sua voz.
— Essa sua obsessão por Bárbara me diverte — Ele diz rindo.
— Minha obsessão? Há há, há ta legal — Ironiza fechando a porta.
— Não demore, quero tomar banho também e tenho que estar no hospital
daqui duas horas. — diz batendo na porta do banheiro.
Pelo ponto de vista de Mason, uma eternidade se passa até que enfim ela
abre a porta e o encara enquanto ficava encostado na parede de frente para a
mesma com os braços cruzados em frente ao peito.
— Aleluia — Exclama ele desencostando da parede e indo em direção a
porta do banheiro. — Pensei que teria que ligar para o resgate.
— Pronto papai, todo seu — aponta o banheiro saindo da frente da porta
para que ele entre. Antes de a fechar ele se vira para ela e sorri.
— Vou fechar para você não me espiar. — Ele pisca pela fresca da porta a
fechando logo em seguida.
— Espera. O que? Você me espiou? — A raiva a tomando.
— Eu não disse nada disso — Ela o ouve rir lá dentro.

Luna Iasune
Bufando ela vai até a sala e se joga no sofá. Gandalf vem ao seu encontro e
pula em seu colo e é acariciado por ela.
Após um tempo ela o escuta desligar o chuveiro e abrir a porta, ela estica a
cabeça para o corredor e o vê sair do banheiro apenas com uma toalha na sua
cintura. Puta que pariu que visão. Seu corpo grande e seu abdômen que era
definido na medida certa, sem exageros, porém muito lindo, suas coxas
torneadas cobertas por seus pelos loiros escuros. Sente seu coração se
acelerar e sua respiração falhar.
Sacanagem isso, porque ele não poderia ser o tipo amigo gordo, nerd e
cheio de espinhas? Por que tinha que ser gostoso? E por que estou me
perguntando isso?
Ela fecha os olhos e encosta-se ao sofá pegando uma almofada e a
enfiando em seu rosto.
— Arghh — geme abafando o som. — Por que ele tinha que ser tão
gostoso Gandalf? —pergunta ao gatinho que tinha a cabeça para o lado como
se perguntasse, você está bem?
Mason se encaminha para a sala vestindo suas calças, meias e sapatos,
terminava de abotoar a camisa azul de mangas longas e a encara.
— E então, hoje vai ser o que? Flash ou Arrow?
— Na verdade nenhum. — ela se lembra do pedido de ajudar um amigo
para uma campanha que eles estavam organizando. — Preciso analisar uns
documentos com o Luís hoje.
— Humm, vai me trocar então? — Diz sentando ao seu lado.
— Não diria troca, diria um upgrade. — Ela ri alto.
— Muito engraçado —ele retira cinco pedaços de papéis com números
escritos —Hum, não me lembro do rosto de nenhuma delas — ao perceber
que papeis eram aqueles, Luna os retira rapidamente de suas mãos e corre até
a cozinha. — O que vai fazer?
— Já que não lembra, não tem problema se eu fizer isso — ela de frente
para a pia da cozinha o encara, ele a havia seguido. Ela liga a torneira e joga
os papéis com os números das vadias da noite passada na água e vê os
números borrarem e o papel se desfazer.
— Argh Lua, por que não posso me divertir hoje de noite? Já que vai estar
com o tal de... — Ele para e pensa. — Como é o nome dele mesmo? — Ele a
vê bufar e ele ri.
— Esse é seu castigo por me arrastar para aquela boate.
— Você que me deve, porque ontem era para eu ter tido uma noite
deliciosa e selvagem com uma ruiva muito gostosa.
— Sem mulheres. Bate uma como um pervertido normal —ela suspira e
cruza os braços — E eu não te devo, você não me deixou curtir com seu
amigo.
— Ele não é meu amigo e você seria só uma conquista para aquele idiota e
hoje todos os caras do hospital saberiam sobre você e viriam suas fotos na
cama daquele cretino — suspira irritado. — Não podia o deixar fazer isso
com você, você não merece isso Lua.
Ela suaviza sua expressão, ele como sempre cuidava dela. Ele a protegera
defendera sua honra, como ele dissera. Ela vai até seu encontro e o abraça
bem forte seu grande e firme corpo, aninhando sua cabeça em seu peito.
— Obrigada Kono. — ela sente suas mãos a envolverem e retribuir seu
abraço. — Você é o melhor amigo do mundo.
— E você é a melhor amiga do mundo — Ele beija o topo da sua cabeça.
Ela o amava. Como sempre ele fazia tudo por ela. Amava tê-lo por perto,
amava tê-lo como amigo. Mas uma das verdades que ele já lhe dissera era
que ela precisava de alguém, ela queria alguém. E sabia que não poderia
contar com Mason para isso. Ele não a olhava dessa maneira e isso ela teria
que se conformar.
— O que você acha do Luis? Acha que o aprovaria? — sorri ainda
abraçada a ele. — Pensei em convidar ele pra sair.
— Sair com Luís? Ah eu não sei Lua, não o conheço direito, acho que o vi
uma ou duas vezes. — Ele se afasta um pouco e a encara a segurando pelos
ombros. — Espera, você vai convidá-lo?
— Estive pensando e você tem razão Kono, está mesmo na hora de
arrumar alguém sabe, sinto falta de beijar, namorar, andar de mãos dadas pelo
parque. Maratonar séries, mas não assistir na verdade por que estaria beijando
e tocando alguém, dormir de conchinha e não dormir de conchinha, se é que
me entende, acordar e tomar café com essa pessoa. Luís gosta de mim eu
sinto que sim, então por que não?
— Lua, se ele quisesse sair com você já teria convidado — Não sabia o
porquê, mas sentiu que ele não havia gostado daquele discurso de beijar,
dormir, conchinha, Luis, todas juntas em uma mesma frase.
— Mason ele é muito tímido. Quer saber, vou convidá-lo, fazer um jantar
bem legal e quem sabe depois do jantar...— Ela sorri maliciosamente.
— Sem detalhes Lua, por favor.
— Porque não? Você me conta os seus.
— Sim, mas não todos os detalhes.
— Hum. Ele tem mãos grandes. Como seriam as mãos dele me segurando
aqui? — Ela coloca as próprias mãos na cintura.
— Não espere muita coisa. Se ele não consegue nem te chamar para sair,
você acha que ele vai ficar pelado na sua frente ou tirar suas roupas? Capaz
que demore mais dois anos só para conseguir que ele toque nessa sua cintura.
— Nossa você estraga mesmo — Ela revira os olhos e o vê sorrindo, sabia
que ele sentia prazer em irritá-la.
— Ok, vai ser bom você ter um sexo casual alguma vez — Nota a irritação
em sua voz.
Mas não era o que ele queria que eu fizesse? Encontrar alguém? Transar
com alguém? Então por que estava incomodado? Pensava enquanto o via se
afastar e pegar as chaves do carro.
— Vamos? Tenho que te deixar na sua casa antes de ir ao hospital. — Ela
concorda e recolhe suas coisas pelo apartamento dele.
Ao chegarem ao carro, Mason abre a porta para Lua e espera que ela entre,
para depois ir até o lado do motorista, entra e encara sua imagem no espelho
retrovisor, penteando os cabelos com os dedos.
— Merda — pragueja baixinho. — Esqueci de pentear o cabelo.
— Eu gosto dele bagunçado — Aff Lua, você não disse isso. Ela o vê se
virar em sua direção e sorrir. Lua sua baka, baka, baka e agora ele ia se
sentir.
— Gosto dos seus bagunçados também — Ele olha seus cabelos e ri.
Merda, também esqueci de pentear o meu. Ela coloca suas mãos nos dela e
tenta arrumar inutilmente. Ouve seu celular tocar e o pega dentro da pequena
bolsa, encara a tela e sorri.
— Oi Luis — diz Lua toda animada. — Nossa você não morre tão cedo,
estava pensando em você hoje — Ela vê Mason revirar os olhos.
— Nossa que ótima notícia — diz Luís do outro lado da linha. — Tudo
bem com você Lua?
— Tirando a dor de cabeça, estou bem e você?
— Estou ótimo, melhor agora — ele suspira — Ah Lua?
— Fala — Ela morde o lábio.
— Ahh, sei que hoje você não trabalha, mas será que pode vir me ajudar
em uma cirurgia de tarde? É uma cadela que foi atropelada e fraturou uma
das patas, precisarei colocar um pino, só que os outros veterinários estarão
ocupados e você tem mais experiência com cirurgias ortopédicas do que eu
— suspira — Posso abusar da sua bondade só hoje? — ele solta um riso
nervoso.
— Nossa que excitante — ela sorri ao ver a cara que Mason faz.
Pervertido.
— É super — Luís ri.
— Claro, eu posso te ajudar.
— Ahhhh Lua, muito obrigado de verdade, nossa que alívio — ri.
— Só preciso chegar em casa e trocar de roupa, chego em...— Lá olha o
relógio do carro de Mason — 30 minutos.
— Ah ótimo, eu espero você. Eu te pago o almoço hoje, não pense que
estou tentando comprar você com comida. Ah na verdade talvez esteja — ri.
— Bom está conseguindo — ela ri. — Depois precisamos analisar os
documentos sobre a campanha. Você e eu na minha casa hoje, com uma
garrafa de vinho?
— Ótima ideia. Eu levo a papelada e o queijo.
— Oba queijo. E eu não estou tentando te embebedar só pra você saber —
Ri.
— Ok Lua — risos. — Vou terminar de preparar a sala para a cirurgia. Te
vejo daqui a pouco.
— Tudo bem Luís. Até daqui a pouco — Ela desliga, percebe o olhar de
Mason sobre ela, eles estavam parados no semáforo.
— O que foi isso? — Pergunta ele.
— Isso o que? — O encara confusa.
— Nossa Luís estava pensando em você hoje — ele afina a voz tentando
imitá-la. — Você mudou até o tom de voz para falar com o cara — Começa a
rir.
— Eu não. E não menti, eu realmente pensei nele hoje até te falei.
— Ok. Mas você não fala desse jeito comigo — Começa a seguir o fluxo
de carros novamente.
— Mason, você já viu a bunda dele naquela calça apertada que ele usa? —
ele finge um gemido e ri. — Com certeza quero transar com ele.
— Nossa graças a Deus que nunca vi — franze o cenho. — Ok, vá em
frete então, se divirta com o vinho e queijo e sei lá mais o que ele vai levar —
ele faz a curva para esquerda e entra na avenida. — Se divirta com o Dr.
Bunda.
— Por que está zangado? Não era isso que queria? Que eu me arranjasse?
Só estou seguindo seus conselhos.
— Eu não estou zangado.
— Tá bom — ela sentia seu desconforto, o conhecia bem, e sempre que
estava zangado ele franzia a testa, formando pequenos vincos.
— Você está certa. Vai lá e se divirta e eu vejo o que faço com a minha
noite.
— Ligue para a filhote de Gollum, a sua transa da vez — Ela ironiza.
— É quem sabe eu faça isso mesmo.
— Ah Kono, provavelmente sem mensagens hoje pela madrugada ok?
— Sinto que vou perder minha amiga para aquele Mister Bumbum —
suspira.
— Claro que não, sempre vou estar aqui, sabe disso. Sou sua melhor amiga
pra sempre. — Amigos, sempre amigos.
— Quer que eu acompanhe você até lá em cima? — Diz ao estacionar na
frente do prédio dela.
— Não, pode ir. Não quero que se atrase doutor. Com certeza agora seu
consultório está cheio de mulheres para seus exames de ROTINA — ela
enfatiza a palavra.
— Sabe que não sou um pervertido no trabalho — Ele sorri ao encara lá.
— Sim, eu sei, mas elas são.
— Eu não sei por que você tem um ginecologista, se tem a mim — Sorri
maliciosamente.
— Por que acho que seria estranho, se você me examinasse e minha
ginecologista é ótima.
— Não melhor do que eu — Pisca.
— Convencido — Diz abrindo a porta e saindo.
— Lua?
— Oi — ela se vira e fica parada na porta.
— Ahh, se divirta hoje, de verdade — Sorri sem jeito. — Eu quero que
encontre alguém que mereça você.
— Valeu Kono — sorri. — E relaxa, ninguém vai tomar seu lugar de
melhor amigo, mas preciso ocupar o de namorado— Ela fecha a porta e o
escuta gritar pra ela.
— Ahh e não se esqueça da camisinha, não quero que visite a sua
ginecologista/obstetra tão cedo — Ri.
— Sim senhor, camisinha sempre. — Ela revira os olhos rindo.
— Te vejo amanhã Hobbit — Ele da partida no carro.
— Te vejo amanhã Kono — Ela se afasta do carro se aproximando da
entrada do prédio, o ouve buzinar em sua direção e observa seu carro se
afastar e virar a esquina.
“Naturalmente está acontecendo dentro da sua cabeça, mas por que é que isto deveria significar que não é verdadeiro?”
Alvo Dumbledore

Luna Iasune
Luís já esperava por ela na sala de cirurgia. O cão que constatou não ter
mais que dois anos, estava sedado e pronto para começarem. A anestesia foi
realizada, fazem a assepsia, colocam uma touca sobre os cabelos, máscaras,
luvas e jaleco e então dão início ao procedimento.
Duas horas e meia depois, Duque o cão Dinamarquês estava na sala de
internação, a anestesia logo ia passar e assim ele poderia começar o
tratamento e a recuperação.
Luís e Luna ao estabilizarem o animal, retiram suas roupas de cirurgia,
olham para o relógio. Nossa! Não é à toa que estou morrendo de fome. Isso
levou tempo.
— Nossa essa foi dureza — Ela diz após saírem da sala.
— Nem me fale, mas deu tudo certo — Luís lhe encara sorrindo. — Eu me
lembro de que te prometi um almoço.
— Estou faminta — ela sorri agradecida.
— Você escolhe o lugar, nada mais justo.
— Tudo bem — ela leva as mãos ao queixo pensando. — Que tal um
lanche?
— Hum pode ser.
— Vamos Mister Bumbum — Ela leva as mãos até a boca, acabara de
repetir o apelido que Mason dera para ele.
— O que? — Ele se vira para ela, os dois saindo pela porta da frente da
clínica.
— Nada — Ela caminha ao seu lado, tomba a cabeça para trás e observa as
costas de Luís e é claro o seu bumbum. É realmente um belo bumbum.
— Não, sério, você me chamou de alguma coisa. Mister o que?
— Não disse nada Luís, você deve ter entendido errado.
— Hum, então ta — Ele dá de ombros e juntos eles caminham até a
lanchonete a um quarteirão da clínica.
Ao chegar ao estabelecimento Luna pede para si um X-burguer com muito
queijo, batatas fritas e Nuggets. Para beber pegara um refrigerante grande e
para sobremesa uma torta de maçã. Ela nota Luís a encarando com uma cara
engraçada.
— Nossa, quando você disse que estava com fome, não estava brincando.
— Sorri ao caminhar com ela até uma mesa com a bandeja em mãos.
— Pois é, estou faminta demais, a cirurgia me drenou e também não estava
100% hoje pela manhã — diz ao se lembrar dos acontecimentos recentes. A
dor de cabeça ainda persistia.
— Sim verdade você disse que estava com dores de cabeça né? Melhorou?
— Um pouco — ela abocanha seu sanduíche. — E você? Alguma
novidade?
— Hum — diz mastigando as batatas fritas com muita mostarda. — Na
verdade não, meu fim de semana foi morto, só eu e Zeus. E você o que fez
nesse fim de semana?
— O que achei que nunca faria. Fui a uma balada e tomei um porre — ela
o vê encará-la sorrindo.
— Sério? Não consigo imaginar isso.
— Nem eu Luís acredite, mas em minha defesa eu fui obrigada. Eu
preferia mil vezes assistir séries na Netflix.
— Deve ter sido interessante. Nossa quem te convenceu a fazer isso? —
ele ria.
— Mason me convenceu — ela bufa. — Ele acha que eu deveria encontrar
alguém para mim e quis bancar o cupido. — Luís começa a rir.
— É bem cara de ele fazer isso — começa a comer seu lanche de frango.
— Não deveria ter ido e pra completar fomos expulsos por que segundo
Mason estava “defendendo minha honra” — ela faz aspas com os dedos.
— Ele brigou na boate?
— Sim — Ela revira os olhos enquanto comia batatas.
— Nossa Lua, seu fim de semana foi emocionante — ele sorri— E deu
certo? Encontrou alguém?
— Não. Preferia ter ficado com Misty.
— Mason apanhou?
— Um pouco — Ela começa a rir.
— Nossa, perdi isso.
— Hey Luís. Não conhecia esse seu lado sombrio — ainda rindo.
— É que Mason nunca se dá mal em nada, pelo o que você me conta, e
pensar nele apanhando é de certa forma engraçado.
Luís era um cara gentil, o primeiro amigo que fizera logo que começara a
estagiar na clínica há um pouco mais de dois anos atrás. Sua presença
transmitia uma energia calma, muito diferente da que estava acostumada a
receber com seu amigo irritante que com seu charme e sua habilidade de
convencimento fizeram com que ela fosse até aquela boate desprezível e
agora a cada pontada que sua cabeça dava a fazia lembrar que ela havia tirado
a roupa na frente dele e ainda se oferecido.
Pelas joias do infinito, Lua. Você nunca mais vai beber, ouviu bem.
NUNCA.
— Mas falando sério, queria que minha noite tivesse acabado diferente
sabe, sem álcool ou dores de cabeça. Se alguém pelo menos me convidasse
para sair, sabe um veterinário ou um biólogo de olhos azuis — ela brinca. —
Conhece alguém assim?
Hora de colocar o plano em ação. Passo um, chamá-lo para sair.
— Hum, talvez possa conhecer um ou dois — ri. — Não sabia que se
interessava por biólogos com olhos azuis, se eu soubesse antes teria falado
para o Diego lá do aquário — Ele ri e bebe seu refrigerante a encarando.
— Ahh eu adoro — ela sorri enquanto comia sua torta.— Principalmente
se eles têm um bumbum adorável, Diego tem?— Ah não sei, não fico
encarando a bunda de outros homens — ele a vê sorrir.— Mas se o que eu
ouvi há uns 15 minutos estiver correto, eu acredito que eu tenho um bumbum
adorável, sou biólogo e veterinário e tenho olhos azuis. — Ele sorri e suas
bochechas ficando levemente avermelhadas.
— Você tem olhos azuis? Nunca percebi — Ela sorri e abre mais ainda o
sorriso ao perceber ele corar, achava aquilo adorável.
— Sim tenho, então acho que me encaixo no perfil.
— Só falta me chamar para sair.
— Hum. Você sairia comigo um dia desses? Sei que já estamos saindo
nesse momento, mas sei lá, fazer algo que não seja de dia.
— Vou pensar — ela brinca. — Sobre o projeto. Você está com os
documentos para análise?
— Os documentos estão na minha casa, vou lá buscar antes de ir a sua e
também tenho que comprar queijo.
— Vou te esperar lá pelas 20 horas.
— Ok — ele sorri. — Então, ahh Mister bumbum? — ele começa a tomar
o sundae. — De onde tirou isso?
— Lugar nenhum — ela tosse, engasgando com um pedaço de torta.
Eu vou matar o Mason.
— Ok — ele ri. — Você ficou sabendo que talvez queiram que a gente
viaje em um fim de semana para dar palestras em uma cidade não muito
longe daqui?
— Nossa! Sério? Legal! Mas e Misty e Zeus?
— Então andei dando uma olhada no hotel que vamos ficar e parece que lá
eles aceitam animais.
— Legal! Não iria aguentar deixá-la sozinha um fim de semana inteiro.
Você sabe então que hotel nós vamos ficar? — então para ao se deparar com
um pequeno problema. — Vamos ficar em quartos separados? — ela o encara
corar de leve.
— Sim, parecem que reservaram dois quartos em um hotel bem chique,
não estão poupando despesas — sorri. — Parece que o hotel tem até águas
termais.
— Nossa! Isso lembra as casas de banho no Japão. Acho que vou gostar
dessa viagem.
— É mesmo, acho que vou me sentir muito bem lá, me sentir de certa
forma em casa. — Ele olha as bandejas de ambos vazios. — Então, acho
melhor a gente ir. Vou para casa tomar banho, pegar os documentos, comprar
o queijo e ir para sua casa.
— Tudo bem, mas antes — ela pega o celular e liga à câmera. — — Foto
pós-cirurgia, costume da clínica — Luna vai até seu lado, ficando bem
próxima dele. — Sorria Luís— Ela encosta sua cabeça em seu ombro e sente
o abraço dele.
Passo dois, proximidade.
Luís a abraça e movido por uma coragem que ela não sabe ao certo de
onde veio, pois era um cara muito tímido, ele beija sua testa e ela tira uma
foto.
Ele a acompanha até o carro e lá se despede. Mais tarde iria vê-la e estava
adorando isso.
Em seu carro Luna observa aquela foto, tinha realmente ficado muito boa,
o tipo de foto que a fazia pensar em como seria bom ter um namorado. Já
fazia seis anos que ela tivera um relacionamento sério. No mesmo instante
em que pensa nisso, balança a cabeça para afastar tais lembranças
desagradáveis.
Bom se fosse pra ser, com certeza ela pensaria em Luís para tal cargo. Ela
imaginava que ele seria um perfeito namorado. Sempre atencioso, gentil,
carinhoso, tudo o que muitas procuram por aí em um homem.
Vai até sua timeline do Facebook e posta a foto com a marcação e a
seguinte legenda: Momento cuti cuti — Com Luís Vasconcelos.
No trajeto até sua casa, seu celular vibra anunciando notificações no seu
Facebook. Quando para no segundo semáforo, pega o celular e dá uma rápida
olhada. Haviam 82 curtidas e alguns comentários e a maioria com segundas
intenções. Ela vê um comentário em especial da sua amiga lá da clínica.

Ela sorri e o semáforo abre, e assim continua seu caminho. Precisava se


arrumar e ainda passear com Misty antes de Luís chegar. Estaciona o carro
em frente ao seu prédio e novamente seu celular vibra, são mais notificações
do Facebook, mas agora havia um comentário de Mason, ela revira os olhos e
lê.
Estava demorando para ele dizer alguma coisa.
Lua suspira e logo em seguida responde, aquilo era bem típico de Mason,
ele a atormentava até nas redes sociais.

Lua recebe outra notificação dele segundos depois que posta à resposta.

Lua já no elevador responde, ele a estava irritando como sempre, ela não
sabia como, mas ele sempre tinha resposta pra tudo, sempre conseguia ter a
última palavra, ele sempre parecia encontrar o que dizer.

Lua aguarda a resposta de Mason, mas ele não escreve nada. Encara a tela
pelo o que pensa ser um minuto inteiro, e começa a sorrir, pela primeira vez
Mason não tivera resposta, ela o calara, ela não se aguentava de felicidade e
começa a andar saltitando pelo corredor do seu andar. Mas o sorriso logo
some de seu rosto quando uma nova notificação chega e claro que é do
Mason.
Arghh, como ele sempre tem resposta para tudo? Eu nunca vou ganhar?

Lua encara o celular com raiva, e logo se vê discando seu número. Ele
atende com sua voz rouca e sarcástica.
— Hello! Você está convidada para o meu aniversário de 80 anos mês que
vem.
— Você não consegue, não é?
— O que?
— Deixar de ser você— Ela destranca a porta da sua casa.
— É algo tão ruim assim?
— É quando sempre estraga meus momentos — Ela o escuta rir.
— Lua é piada interna, não vão entender.
— Eu entendi.
— Eu escrevi algo que só você e eu entenderíamos, é isso o que significa
piada interna— ele ri mais. — Essa é a graça da coisa. E qual seria a graça se
eu não fosse assim? Você teria uma vida tediosa.
No apartamento Luna é recebida por Misty que pulava nela e a cheirava.
— Oi meu amor, sentiu minha falta? — ela fala com sua labradora ainda
ao telefone. — Mason eu preciso ir, a gente se fala depois, ok? — Ela
acaricia Misty.
— Mas você nem conseguiu matar a saudades direito de mim, ou até
mesmo de brigar comigo direito.
— Mason eu preciso passear com Misty — diz pegando sua coleira. —
Depois tomar banho e preparar tudo para hoje à noite.
— Ah é verdade, hoje tem festinha com o doutor cuti cuti.
— Preciso ir ok — suspira. — Estou exausta e quero estar descansada
quando Luís chegar aqui.
— Ok — O escutava suspirar. — Coloque aquela sua blusa azul com um
leve decote, aquela sem manga, ah você sabe qual, você fica muito bem nela.
— Vai dar uma de estilista agora? Falei para você não passar muito tempo
com a Barbie, daqui a pouco você vai virar um metrossexual e comprar
milhares de cremes e produtos para o cabelo. — ela ri.
— Só estou tentando te ajudar, já que aparentemente as coisas são meio
lerdas com o doutor bumbum. — suspira. — Mas ok, faça o que quiser. Fique
sem roupa nenhuma, quem sabe assim ele pegue na sua mão — Ele ri.
— Tchau Mason — ela desliga na cara dele e bufa irritada. Guarda seu
celular e coloca a coleira em Misty e as duas partem para um passeio no
parque.

Depois do passeio com sua fiel amiga, Luna toma um banho demorado.
Saindo do banheiro se enrola em sua toalha e caminha até seu quarto, penteia
seus longos cabelos e escolhe um conjunto de renda vermelha, sim ela amava
renda. A parte de cima era semelhante a um crooper com alcinhas finas e
vermelho vintage.
Decide optar por uma saia com detalhes floridos bem simples e sua blusa
azul sem mangas e com o leve decote. Ta legal tinha que admitir que gostou
da sugestão do Kono baka, ela amava aquela blusa, mas iria usar ela porque
queria e não por que ele achou que ficaria melhor do que qualquer outra
roupa.
Antes de voltar para casa com sua cadela, havia passado no supermercado
e comprado vinho branco, algumas uvas e garrafas de água tonificada. Tinha
jurado não beber e estava disposta a cumprir.
Após se vestir passa seus olhos pelo apartamento recém-arrumado, tudo
estava perfeito. No balcão da cozinha descansava seu notebook e uma agenda
para ela anotar tudo o que eles decidiriam sobre o projeto. Agora era só
esperar a chegada de Luís.
Quinze minutos depois ela escuta leves batidos na porta e pulando do sofá
vai até a entrada de sua casa, toca a maçaneta sorrindo e então abre.
Luís estava lá com seu costumeiro sorriso gentil e com sua mochila sobre
um dos ombros. Na mão direita segurava um vinho tinto e na esquerda duas
sacolas com queijo e um bolo de chocolate com nozes.
— Oi —Ela o cumprimenta. —Entra.
— Olá − ele entra. —Com licença − Luís percorre seus olhos ao redor da
sala do apartamento de Luna. —Nossa uma bela casa que você tem aqui.
— Obrigada!
— Você gosta mesmo de super-heróis né? —Ele pergunta enquanto
observava a decoração.
— Pois é —Ela rir sem graça. —É um vício.
Fica meio sem jeito em vê-lo encarar sua decoração. Muitas pessoas
achavam que ela era louca por ter esse gosto e por decorar toda sua casa
assim. Então não costumava receber muitas visitas, fora as de Mason.
Principalmente em seu quarto que era considerado área restrita, quase como a
área 51 nos Estados Unidos, nem mesmo Mason havia entrado lá. Ele que era
o único que como ela era louco o suficiente para acompanhar seus gostos.
—Onde posso colocar tudo? —Ele gesticula com as sacolas na mão e o
vinho na outra.
Passo três. Indiretas.
—Luís Vasconcelos, está tentando me seduzir? —Lua pergunta olhando os
cinco tipos de queijo que ele escolhera o bolo e o vinho.
— Está funcionando? - Ele sorri constrangido.
— Talvez − ela pega as sacolas. — Vou colocar em cima do balcão da
cozinha.
— Espero que goste de nozes, não sabia o que escolher então peguei esse.
Lua coloca tudo sobre o balcão de mármore de sua cozinha. Vai até os
armários e pega duas taças de vidro e o abridor de garrafas, coloca tudo de
lado e vai à geladeira tirando de lá uma garrafa de água tonificada. Ela abre a
garrafa de vinho tinto suave e serve para Luís em seguida abre e toma sua
água.
— Olha ainda bem que não são amêndoas, sou alérgica, então você iria
comer essa maravilha — aponta para o bolo. — Sozinho— ela sorri sem
jeito. — Você trouxe os documentos?
— Aahhh sim peguei, mas confesso que quase me esqueci de pegá-los −
Ele bebe seu vinho.
— E o que viria fazer aqui então? — pergunta levando sua taça com água
aos lábios. — Tomar um pouco de vinho, comer alguns petiscos e te fazer
companhia.
Lua sorri para ele.
— Bom vamos começar?
— Sim — Luís pega seu notebook e os arquivos em sua mochila que
estava aos seus pés. Eles iriam palestrar em uma cidade vizinha sobre a
importância para a prevenção de parasitas nos animais, a doença em questão
escolhida foi à Leishmaniose. Precisariam preparar alguns slides para a
apresentação, Luna também pega seu notebook e junto com Luís o liga.
— Podemos começar falando sobre a prevenção do mosquito — ela lê
algumas das muitas pastas ali. — O que acha? — Endireita seus óculos.
— Ótima ideia, mas temos que fazer uma introdução ao assunto — Luís
abre o programa de slides e cria um arquivo.
— Sim claro e depois começamos a falar sobre o ministério da saúde do
Brasil e como eles cuidam do programa de controle da Leishmaniose canina,
para a proteção dos animais e pessoas — ela anotava tudo na agenda. — E
também sobre os testes realizados para detecção da doença.
— Isso seria ótimo — ele diz digitando em seu notebook. — Nervosa para
falar em público?
— Não, já fiz aula de oratória — ela digitava em seu notebook o
cronograma de atividades. — E você?
— Acha mesmo que irei falar em público? Acredito que nem bebendo essa
garrafa toda conseguiria, portanto eu irei observar e aplaudir — Ele sorri e
bebe outro gole de vinho.
— Boa tentativa, irá me ajudar a palestrar sim − diz sem tirar os olhos da
tela do seu computador. — Pensei também em incluir informações sobre o
hospedeiro da doença, os sintomas e tratamento.
— Concordo.
— Quer falar sobre as áreas endêmicas da doença?
— Sim, toda informação será útil.
— Okay − Ela anota tudo.
— Já andei escrevendo e pegando algumas referências que podemos usar,
te enviei um e-mail, você vai encontrar toda informação, não sei se ficou
bom, mas é um resumo de tudo.
— Pode ir preparando os slides enquanto verifico e preparo o roteiro?
— Sem problemas chefe. — Sorrindo Luís a encara concentrada e depois
vira seu olhar até a tela do seu computador, ainda com um sorriso nos lábios.
— Soube que irão disponibilizar o exame de sangue e distribuir vacinas
aos cães e panfletos aos moradores da cidade alertando sobre os riscos da
doença e sobre a prevenção.
— Também fiquei sabendo, estou muito feliz por fazer parte desse
movimento de conscientização e fica ainda melhor porque estou trabalhando
com você.
— Também gosto de trabalhar com você Luís— ela sorri. — Então
podemos finalizar tudo falando sobre a vacinação, explicarei como ela deve
ser feita, também irei ressaltar que a revacinação é anual o que acha? — Ela
bebe sua água tonificada e como alguns pedaços de queijo.
— Ótimo — Luís anotava tudo, digitando habilmente e rapidamente.
— Formamos uma boa equipe — Ela diz.
— Sim, com certeza formamos — sorri timidamente. — Sabe Lua você é a
pessoa com quem me sinto mais à vontade lá na clínica, gosto de ter você por
perto.
— Eu também gosto muito da sua companhia Luís— sorri para ele
gentilmente, , preparava o roteiro com carinho, pois estava feliz com aquela
iniciativa da prefeitura da cidade em que ia palestrar quem dera todas fossem
assim.
Se mantinha concentrada em todos os arquivos que lia. Informações sobre
a doença, tratamento e medicamentos a serem aprovados pela ABMVL
“Associação brasileira de medicina veterinária legal “ela mordia seus lábios a
cada arquivo que lia.
Após algum tempo em silêncio, Luis volta a falar.
— Não costumo comer tanto queijo assim — Ele pega outro pedaço de
queijo e leva a sua boca.
— Está brincando? É a melhor comida já inventada — Lua come da
bandeja um pedaço generoso enquanto deixava os arquivos de lado para se
deliciar.
— Não sou muito fã na verdade, mas gostei desse aqui em particular—
Luis come um pedaço de queijo encarando outro pedaço entre os dedos.
— Olha só, temos um amante de cheddar — Lua lembra-se de Mason
instantaneamente, cheddar era seu sabor favorito — Como vão as coisas no
aquário? — Ela pergunta terminando o roteiro, para mudar de assunto e tirar
Mason da cabeça.
— Hum... Vão bem, não tenho passado muito tempo lá, mas no geral sem
novidades. Semana que vem vão chegar novos animais então terei um pouco
de trabalho, eu e Diego no caso.
— Preciso ir lá qualquer dia. — Ela separava os arquivos já lidos em uma
pilha ao seu lado, então decide quebrar a promessa feita a si mesma e tomar
uma taça de vinho.
Só uma não faria mal, não é? Ela amava vinho, disse que jamais beberia
de novo, mas não estava em uma balada estava com Luís e ela confiava nele,
então se levanta e vai até o armário pega outra taça de vidro e a serve um
pouco da bebida.
— Precisa ir mesmo e eu até posso cogitar a ideia de deixar você nadar no
tanque das arraias - Sorri bebendo mais um gole de vinho.
— E eu ia adorar — Nota o copo de Luis vazio e o serve mais um pouco
da bebida enquanto ela comia algumas uvas.
— Eu disse que iria cogitar e não que permitiria a entrada da senhorita —
ele sorri e Luna faz biquinho. Luis ri baixinho. — Tudo bem você me
convenceu.
— Oba — ela o abraça e o sente rir constrangido, mas se deixou ser
abraçado por ela. Se afasta um pouco e fica a centímetros de seu rosto.
Luis fica um pouco tenso com aquela aproximação, ela podia notar.
Passo quatro. Contato.
Morde seus lábios, suas mãos agora descansavam na nuca de Luis.
— Você tem um cheiro bom — Ele diz a ela.
— Você também tem um cheiro muito bom.
— Acho que a bebida está me afetando um pouco — Sorri.
— Por quê? — ela chega seu corpo para perto do dele.
— É que normalmente não teria falado sobre seu cheiro e também não
estaria com vontade de falar outras coisas que se passam em minha cabeça no
momento, ainda não estou bêbado o suficiente para isso — ri baixinho.
— Então vamos te embebedar — Ela ri.
— Sabia que tinha sido um crime premeditado, você queria me embebedar
desde o início— sorri.
— Me processe — Ela gargalha.
Mística que estava até então deitada em sua grande caminha, larga seu
brinquedo de borracha e se aproxima sorrateiramente deles entrando bem no
meio e os separando, ela lambe o rosto de ambos e balança alegremente o
rabinho.
— Misty — Luna a repreende sorrindo e também escutava os risos de
Luís. Ele pega o brinquedo de Misty e pede para ela sentar, a mesma não
obedece, mas ele joga o brinquedo mesmo assim em direção ao corredor.
Mística corre aos pulos e latidos atrás do brinquedo, ela o pega com a boca e
o sacode de um lado para o outro vai em direção a sua caminha e se deita.
— Ela gosta de você — contesta Luna.
— Mas não me obedece nunca — ele ri.
— Nem a mim — estranhamente o único a quem Misty obedecia aos
comandos era Mason.
— Você me disse uma vez que Mason a ensinou, não sei como ele
conseguiu — Luis olhava para mística.
— Não me pergunte como é um dos grandes mistérios da vida, mas acho
que um teimoso entende o outro né?! — ela serve mais vinho aos dois. —
Saúde — Ela bate sua taça na dele.
— Saúde — ele dá um gole generoso. — Pensei que não fosse mais beber.
— Amo vinho.
— Então somos dois — O riso dos dois ecoava pela cozinha.
— Já está bêbado o suficiente para me dizer o que pensa? — Ele fica
vermelho, ela adorava quando ele ficava assim, era tão fofo.
— Curiosa doutora Iasune?
— Conhece o provérbio japonês que diz: Se pegar uma sombra que seja
embaixo de uma grande arvore?! Só estou aproveitando as minhas chances já
que você é tão tímido — ela bebe um pouco mais de vinho. — Se consigo
arrancar seis palavras em uma frase por vez suas me sinto vitoriosa.
— Não é fácil ser assim sabia? — ele sorri e bebe mais vinho. — Às vezes
é complicado ser tímido demais.
— Comigo não precisa ser — Ela termina sua taça e se aproxima dele.
— É eu sei que não e acredite com você eu me solto mais. — Eles já
estavam na metade da garrafa de vinho tinto.
— Então— ela sorri.— O que está pensando? — Ele encarava sua taça em
suas mãos.
— Em como você fica bonita nessa blusa azul, na verdade eu sempre te
achei bonita não importa como esteja.
— Você também não é nada mal e seu bumbum, nossa é uma coisa viu —
ela finge se abanar e começa a gargalhar.
— Sim sou o Mister bumbum como você havia mencionado — ele sorri.
Ela toca suavemente seus ombros com as pontas dos dedos. — Tenho que
confessar que quando me escolheram para fazer parte deste projeto, eu
indiquei você para me auxiliar.
Ela ergue a sobrancelha.
— Por quê?
— Por que eu queria trabalhar com você e não me sinto à vontade com
mais ninguém na clínica como me sinto com você — Só por isso?
— Eu também queria passar um tempo com você — ele sorri timidamente.
— Luis — ela agora o encarava. Ele ergue seus olhos, encontra os dela e
suspira. Lua toca seu rosto com as mãos. — Adoro quando você fica corado
— ela sorri, sentia-se à vontade com ele também e gostava de saber que Luis
se soltava mais ao seu lado.
— Você é a única que me disse isso — ri baixinho. — Nossa, acho que
tomei vinho demais — ela sorria, Luna se sentia atraída por ele e o que a
atraia ainda mais eram seus sorrisos retraídos e sua timidez escandalosa. Ela
sente o leve toque das mãos dele nas suas que descansavam em sua face.
— Luis conhece o provérbio japonês que diz: O miado do gato não atrai
camundongos?!
— Olha Lua estou meio zonzo então nas atuais circunstâncias eu não
conheço não — Ela o escuta rir.
— Significa mostre com atitudes e não apenas com palavras o que deseja
— ela se aproxima mais, estava novamente a centímetros dele e sente o toque
de uma de suas mãos no rosto, ele a acariciava de leve.
— Ou eu bebi um pouco além do que devia, ou então não havia reparado
que você possuía duas bocas — ele sorri.
— Tudo bem mocinho chega de vinho — ela pega a taça de sua mão. —
Então possuo duas bocas? — ela morde os lábios. — Qual delas você quer
beijar?
— As duas.
O cérebro de Luna enviava sinais de atração ao seu corpo que reagia com
vestígios de prazer, ela se aproxima mais e mais dele agora podia sentir seu
hálito quente e com cheiro de vinho próximo a sua bochecha.
Ele roça seus lábios no rosto dela, enquanto a sentia tocar seus ombros,
Luis se arrepia e seus lábios beijam sua bochecha se demorando um pouco.
Ela sobe suas mãos até sua nuca e passa seus dedos por entre seus cabelos.
Luna roça seus lábios aos de Luis com os olhos fechados.
A respiração de Luis fica ofegante, os desejos dela estavam se tornando
infindáveis. Eram como a sede de um homem que bebe água salgada, não se
satisfaz e a sua sede apenas aumenta. Luís fecha seus olhos e toma os lábios
de Luna para si, ele a beija timidamente, mas ainda assim com muito
significado, com sentimento.
Ela retribui o beijo, não era do tipo romântica, não era daquelas que se
apaixonavam fácil, bem pelo menos não mais, não cometeria esse erro
novamente. Podia até se encantar muito no começo, mas o maior desafio era
a manter encantada por muito tempo. Quando tudo fica previsível era
cansativo. Ela entreabre os lábios dando espaço para a língua de Luís que a
invade timidamente.
Passa os dedos por seus cabelos curtos bagunçando-os.
Ele separa seus lábios dos dela para tomar fôlego e a encara, os lábios de
ambos levemente vermelhos e inchados.
— Isso foi melhor do que eu imaginava.
Luna abre seus olhos sorrindo.
— Concordo.
— Queria fazer isso há tanto tempo — Ele sorri.
— Por que nunca fez?
— Não me lembro direito — ele sente seu rosto queimar de leve por causa
do álcool. — Mas acho que teve algo haver com medo de rejeição.
Ela sorria mais e se aproxima dele, com uma mão segurando sua nuca e a
outra apoiada na mesa, Luna não vê a taça de vinho na beirada e acaba
derrubando ela e o resto de vinho que havia nela em cima de Luis.
— Meu Deus! Desculpa Luís — ela se apressa para pegar um pano úmido
para limpar antes que manche mais.
Luis encara a camisa de pólo branca agora com uma mancha vermelha de
vinho enorme. Ele se levanta e passa as mãos pelo tecido.
— Droga, me desculpe sou uma desastrada.
— Tudo bem Lua é só uma camisa velha — Ele estende a mão para ela
com um movimento para ela não se preocupar. — Sério não tem problema.
— Olha tenho um ótimo tira manchas por que claro que isso sempre
acontece comigo — ela leva as mãos ao rosto. — Tire sua camisa eu irei
lavar — Ela se aproxima e pega na barra da camiseta dele e a ergue
levemente.
Isso sempre acontecia com ela já até perdeu as contas de quantas vezes
sujara Mason de vinho ou de qualquer outra substância liquida.
— Lua, sério não tem problema eu mesmo lavo — ele segura suas mãos
para que não tirasse sua camisa.
— Luis Vasconcelos tire já essa camisa — ela diz em tom autoritário. —
Vai querer mesmo discutir comigo?
— Nossa falando assim com toda essa autoridade acho que até fiz xixi nas
calças — notava que a voz dele estava um pouco lenta.
É. Ele com certeza bebeu demais.
— Então aproveite e as tire também, assim lavo as duas peças de uma vez
— ela gargalha.
Ele olha a camisa suja e a encara.
— Acho que só a camisa já basta — Ele suspira e retira sua camisa a
contragosto a entregando. — Aqui chefe.
Ela pega a camisa e encara o peito nu de Luís a sua frente coberta por pelos
escuros. Tinha que concordar que ele não somente tinha uma bunda bonita,
mas também um peitoral forte e em seu abdômen o contorno dos músculos
eram bem marcados.
— Não tem nenhuma camisa que me sirva aí não né?
— Acho que não, prefiro você assim — ela o encara e ele cora, nossa
como adorava quando ele fazia isso. — Espere aqui, eu já volto.
Luna vai até sua lavanderia, como morava na cobertura tinha essa regalia,
então não precisava ir até a comunitária do prédio. Coloca a camisa de Luis
na máquina junto com um pouco de sabão e o tira manchas, ela liga a mesma
e volta a cozinha.
— Prontinho logo ela vai está novinha em folha.
— Ok — ele coloca as mãos nos bolsos da calça evidenciando seus
músculos.
Luna desce seus olhos por seu abdômen musculoso na medida certa nem
muito grande nem muito pequena, as curvas de seus músculos eram
curvilíneas.
— Hum.
— O que foi?
— Nada— Ela secava seu abdômen com os olhos.
Luna achava que toda beleza é imperfeitamente bela. Jamais deveria haver
um padrão, pois toda beleza é exclusiva como um quadro de pintura, uma
obra de arte. Luis possuía uma beleza única tanto por dentro como por fora. E
ela tinha começado a achar que o vinho tinha sido uma boa ideia, ela podia
notar como ele estava mais relaxado, mais solto, achava que nunca o vira
daquela maneira. Também percebe na curvatura de seu peito e ombros que
ele possuía pequenas sardas espalhadas pelo seu corpo.
— Você tem sardas.
— Sim algumas.
Ela se aproxima e com a ponta dos dedos toca seu peito nu percorrendo
suas mãos por seu abdômen.
— São bonitinhas.
Luis suspirava ao seu toque, seus pelos se eriçam.
— Tenho uma ideia do que fazer enquanto sua camisa está sendo limpa.
— O que?
Ela vai até o balcão e pega uma caneta piloto daquelas que a tinta sai com
água, Luna olha para Luis com um sorriso sapeca no rosto.
— Vamos brincar de ligar pontinhos — eles sorriem um para o outro e ela
o puxa para sala. — Será que consigo algum desenho?
— Só espero que não seja tinta permanente.
— Acha que faria isso? — ela fingiu estar ofendida e logo depois sorri.
— Vai que você faça isso movida pelo vinho.
— Tomei menos que você.
Ela começa a desenhar no peito de Luis, passa a ponta da caneta nas
pequenas pintas que ali havia as unindo. A tinta preta da caneta formava
linhas em sua pele, Luna encara seu rabisco.
— Acho que se parece com uma folha.
Luis tenta enxergar do ângulo em que estava.
— Virei um caderno de desenhos.
— Sua vez — Ela lhe entrega a caneta.
— Você quer que eu desenhe em mim mesmo? — Ele a encara.
— Não, quero que desenhe em mim — Luna começa a desabotoar sua
blusa enquanto Luis a encarava. Ela joga a peça de roupa no chão ficando de
crooper. — Não foi dessa vez que me viu de sutiã.
— É uma pena, mas ainda assim é um grande avanço.
— Bobo, vai pode desenhar.
Luis se aproxima, seus dedos tocam seus ombros desnudos delicadamente.
Luna sente um leve tremor percorrer se corpo.
— Você é linda.
Ela sorrir de canto e então sente a ponta úmida da caneta tocar seu ombro e
fazer um caminho até seu braço.
— E aí Picasso? O que desenhou?
Luis começa a rir.
— Ou estou mais bêbado do que imaginava ou estou vendo coisas porque
realmente acho que você tenha uma coxinha de galinha no seu ombro.
A risada de Luna ecoa pelo apartamento. Ela pega a caneta de suas mãos e
fica atrás dele então encontra mais um grupo de sardas ali e começa a
rabiscar. Ela passa a caneta para cima e para baixo ligando todas as pintinhas.
— Você tem o símbolo do infinito.
— Nossa e você é melhor do que eu nisso.
— Sua vez.
Ele encontra mais um grupo de sardas em sua barriga e começa a desenhar
enquanto ela ria e se contraia — Isso faz cócegas — Dizia ao sentir a caneta.
— Acho que devo estar com fome porque agora achei uma pizza — ele ri.
— E não uma pizza qualquer é de calabresa.
— Virei um cardápio — seus risos invadiam o ambiente em que estavam.
— Luis você jantou? — ela ri.
— O vinho está contribuindo para tais desenhos.
Eles passam os próximos vinte minutos seguintes se rabiscando, Lua
formava vários desenhos desajeitados. Um trevo de quatro folhas, uma peça
de quebra cabeças que mais parecia um mapa e uma carinha feliz. Enquanto
Luis desenhava bolinhos, casquinhas de sorvete e outras comidas. Ele devia
mesmo estar com fome, pensa ela. Logo ambos estavam com os braços,
barrigas e costas totalmente rabiscadas.
— Me sinto um anúncio de fastfood.
— Me sinto uma lousa de uma criança.
— Acho que vou ver sua camisa — Ela vai novamente até a lavanderia, o
time da máquina havia parado como ela tinha programado. Luna pega a
camiseta de Luis novamente branca e sem manchas e então liga a secadora e
a enfia lá suspirando aliviada.
— Lua, acho que preciso me deitar, estou realmente zonzo— o escuto
gritar da cozinha.
— Tudo bem — ela grita da lavanderia, estava encostada na secadora —
Fique à vontade.
— Essa caneta não suja o sofá, não é?
— Luis não se preocupe está bem.
Depois de dez minutos a camisa de Luis estava limpa e devidamente
passada. Luna a deixa em cima da máquina de lavar e segue até a sala toda
animada e ansiosa do que fariam a seguir. Queria beijá-lo novamente, poder
provar o gosto da sua pele marcada por desenhos.
— Prontinho Luis — ela para no mesmo instante quando o encontra
dormindo tranquilamente no sofá e não consegue evitar sorrir, Lembrete para
o futuro. Álcool ajuda, mas Luis é fraco a ele.
Vai até seu quarto e pega um travesseiro e cobertor. Luna levanta com
cuidado a cabeça de Luís e arruma o travesseiro ali. Ela o cobre com o
cobertor e ainda sem sono ela volta a cozinha e começa a analisar os papeis
restantes do projeto, não sabe exatamente quando, mas acaba adormecendo
debruçada sobre o balcão.
Os sonhos de Luna são os mais loucos possíveis. No começo ela estava
beijando Luis em um lugar que parecia ser uma piscina. Seus lábios estavam
enroscados. Quando se afasta nota que boiando ao lado deles havia uma
bandeja com coxinhas de frango.
Ela se sobressalta ao ouvir alguém chamar seu nome e ao se virar encontra
Mason na beira da piscina vestido com seu jaleco, lindo como sempre. Ele
sorri atrevidamente para ela e lhe pergunta se está pronta para sua consulta e
quando olha pra baixo não encontra a água e sim o tecido de uma maca bem
confortável.
Mason se aproximava dela com sua pose de predador. Então o sonho se
transforma em um que tinha de vez em quando, mas que ultimamente estava
se tornando um pouco mais frequente. Mason se inclina e a coloca deitada,
ficando sobre ela que se ajeita na expectativa do que estava por vir. Seus
lábios se entreabrem e seu amigo se aproxima mais e então ela sente seu
corpo balançar.
— Lua, hey acorde — Luis diz com uma voz suave enquanto empurrava
de leve seu corpo.
— Hum— Ela se mexe.
Não acredito que sonhei com isso de novo. Dessa vez foi em uma maca.
Fala sério Luna.
— Vamos lá, acorde.
— Nem um beijinho de bom dia — ela diz sonolenta ainda de olhos
fechados. O calor do sonho ainda percorrendo o seu corpo.
Luis se abaixa e beija nos lábios delicadamente — Bom dia, você dormiu
aqui? Por que não foi para seu quarto?
— Na verdade nem me lembro quando peguei no sono — ela se levanta e
começa a se espreguiçar suas costas doíam um pouco.
— Você tem algo para dor de cabeça?
— Sim no armário do banheiro primeiro porta a esquerda — ela aponta o
corredor. — Vou preparar um café forte vai ajudar.
— Obrigado — ele vai até o banheiro.
Luna começa a organizar a cozinha guardando a pilha de papeis e ligando a
cafeteira quando escuta alguém bater na porta.
— Quer que eu atenda? — Luis diz voltando do banheiro com um frasco
de aspirina nas mãos.
— Sim, por favor — Ela diz enquanto preparava o café, seus cabelos
bagunçados e ainda de crooper vermelho.
Luis vai até a porta e abre e seus olhos encaram o grande homem a sua
frente.
— Bom dia Mason.
Às vezes as pessoas são tão bonitas! Não pela aparência física nem pelo que dizem só pelo que são.”
Dean Winchester

Mason Carter
— Bom dia Mason— Dizia Luis com a porta do apartamento aberta.
— Ah, bom dia seja lá qual for o seu nome — Mason aperta seus punhos,
encarando o homem a sua frente sem camisa, apenas com uma calça Jeans,
seu corpo estava coberto por linhas e rabiscos.
— É Luís, Mason você já me conhece.
— Ah é, tinha esquecido — ele passa por Luís entrando no apartamento.
— Lua?
— Na cozinha — ele a escutara gritar, Mason deixa aquele cara parado
diante dele e segue para cozinha, onde ela tomava seu café da manhã.
— Esse cara dormiu aqui? — dizia com certa rispidez.
— Bom dia para você também — Ela responde enquanto servia uma xícara
de café.
Luís aparece logo em seguida.
— Sim eu dormi aqui — Responde.
Mason o ignora. Mas então para contribuir com sua irritação ele vê sua
amiga ir até aquele cara sorrindo, ela o beija nos lábios delicadamente, e ele
retribui.
Mason se aproxima da cafeteira e se serve de café, sentando-se na cadeira
diante do balcão da cozinha e os observa. Pega uma fatia de bolo de nozes, ou
melhor, amêndoas. Será que Lua experimentou? Não, se tivesse provado ela
provavelmente não estaria tão bem assim. Ele nota o olhar do Dr. Nemo
sobre ele e sorri de canto levanta sua xícara na sua direção em cumprimento.
— Fiz torradas — Luna dizia a Luís.
— Ah que ótimo Lua, mas vou ter que ir — ele a olha tristemente. —
Preciso de um banho e depois sairei para correr com Zeus, além de tudo entro
muito cedo na clínica hoje — ele suspira. — Fica para depois — Sorri.
Mason revira seus olhos.
— Tudo bem, sua camisa — ela aponta o corredor que ia dar na
lavanderia. — Já está limpa.
— Tudo bem eu pego — ele vai até a onde ela indicara.
— Ah como assim Luís? Já vai tão cedo? Fique e tome café da manhã
conosco — Sorria Mason debochado sentado confortavelmente em sua
cadeira.
— Fica para próxima Mason — Ele diz surgindo novamente na cozinha já
vestido, Luís se aproxima de Luna e a beija novamente. — Até mais tarde.
— Luís.
— Sim? — diz já na sala.
— Sua mochila — Ela pega a mochila que estava encostada no balcão. —
Tomei a liberdade de fazer algumas ressalvas no cronograma da viagem e
palestra, se puder dar uma olhada depois — ela o abraça pela cintura.
— Obrigado, vou dar uma olhada — diz ele sem jeito e levemente corado.
— Adoro quando cora — diz ao vê-lo ficar vermelho.
Mason bufa. Acho que vou vomitar. Parece que entrei em uma série muito
ruim dos anos 80.
— Ok a gente se fala mais tarde — beija sua testa, coloca sua mochila
sobre o ombro esquerdo e sai pela porta.
Ele observava tudo, vê aquele cara sair e sua amiga caminha quase aos
pulos até a cozinha. Ela sorria feito boba como se tivesse acabado de ganhar
um sabre de luz do próprio Luke Skywalker.
Acho que não era bem do Luke o sabre de luz.
Ela estava usando um tipo de top vermelho muito curto deixando seu
abdômen despido assim como seus ombros, expondo um corpo que ele não
podia deixar de notar. Então depois de passar seus olhos por toda sua
extensão nota os mesmos rabiscos que Luis possuía no corpo de sua amiga.
— Lua que merda é essa no seu corpo? — ele tomba sua cabeça para o
lado, fazendo seus fios rebeldes caírem em seus olhos azuis.
— Sou um cardápio — brinca ela, pegando uma xícara de café e levando
aos lábios.
— Posso ver que é um cardápio. Ele tentou “literalmente” comer você.
— Não Mason — Ela cora. — Luís e eu brincamos de ligue os pontos com
as sardas do nosso corpo.
Ligue os pontos?
— Tudo bem você é um cardápio, mas e ele o que é? Uma lousa de alguma
criança de dois anos que mal sabe segurar uma caneta?
— Tipo isso — ela sorri era péssima para desenhar mesmo. — Kono
ontem à noite foi perfeita.
Mason suspira.
— Posso ver pela sua cara que sim. Ele tirou a camisa dele mais não tirou a
sua — aponta para ela.
— Não ele não tirou, eu meio que derramei vinho na camisa dele sem
querer e ela precisou ser lavada.
Mason ergue a sobrancelha.
— Ahhh o velho truque do vinho derramado— Ele ri.
— Eu realmente derramei, sabe como sou desastrada. Depois que ele tirou
a camisa eu sugeri que brincássemos — ela dá de ombros e sorri - Então uma
coisa leva a outra e você sabe né?! — sorria sapeca.
Por que estou tão irritado com isso? Eu disse pra ela se divertir.
— Nossa a noite deve ter sido boa mesmo. Gostei do top nunca o tinha
visto é novo?
— Você fala como se eu ficasse o tempo todo usando tops — ela revira os
olhos.
— Por mim ficaria — Ele sorri de canto. — Ah e não coma esse bolo, ele é
de amêndoas e não nozes como diz a embalagem — Ele aponta o seu pedaço
pela metade.
— Sério? Poxa ainda bem que não comi ontem à noite.
— Pois é, parece que seu doutorzinho está querendo te matar.
— Para vai, ele não sabia da minha alergia e na embalagem está escrito
nozes.
— Hum, estou vendo — ele olha algumas pastas espalhadas no balcão da
cozinha. — Que trabalharam muito ontem, então— ele ergue sua sobrancelha
e sorri maliciosamente. — Analisaram muitos documentos?
— Varias e várias vezes — ela devolve sua provocação.
Mason flexiona seu maxilar — Então você não demorou muito em sua
análise do “documento” dele, não é? — Ele faz aspas entre as mãos
ironizando — Deve ter sido rápido.
— Se engana o documento foi extenso — ela o encara com sua cara de
“hoje você não vi conseguir me irritar”.
— Aposto que o documento dele estava mais para arquivo morto — ele ri
e nota a expressão do rosto dela mudar um pouco. Sempre conseguia irritá-la
- Então ele te deu um trato? Por essa eu não esperava, mas se ele é tãooo
perfeito assim porque não te ofereceu carona agora pela manhã já que vão
para o mesmo lugar?
— Ele precisa medicar seu cão e entra cedo hoje, ao contrário de mim que
entro somente de tarde hoje.
— Sei, mas você não está cansada? Nossa então pelo visto a analise dele
em você deve ter sido bem curta pelo que vejo.
— O que você quer dizer com isso? — ela pergunta com um tom irritado.
— Ahh Lua acho que é meio explicativo e eu te considero uma mulher
inteligente — Mason bebe um pouco mais de café enquanto sorria.
Ela suspira irritada
— Não sou nenhuma dessas Barbie que costuma sair Mason. Luís gosta de
mim assim ta legal? — Diz já se irritando.
— Nunca disse que não gosto de você assim.
— Você não tem mais o que fazer não? Não devia estar trabalhando?
— Fiz plantão pela madrugada e hoje estou de folga, pensei, porque não
tomar café da manhã com minha amiga? Sai do hospital e vim direto para cá.
— E estragar meu dia pelo jeito.
— Nossa Luna — ele faz um ar de ofendido. — Não se trata assim um
amigo tão querido como eu. Eu só vim até aqui porque queria ver minha
melhor amiga e tomar café com ela.
— Não estou a fim de tomar café com você eu preciso mesmo de um
banho e ir para clínica.
— Se te deixar feliz posso desenhar em você — Sorri.
— ARGHHHH.
— Sou muito bom com as mãos — ele fica de pé.
— Sério Mason — ela suspira. — Preciso me trocar. — Diz encostada na
pia da cozinha.
— Tudo bem, nos vemos à tarde?
— Não, desculpe.
— Por que não?
— Vou sair com Luis— ele encarava seu rosto com atenção pra ver se
mentia.
— Nossa você vai sair novamente com o Dr. Extenso, agora fiquei
chocado, mas fala sério, foi você que o convidou, não foi? — ele se aproxima
de onde ela está com um riso em seus lábios.
— Sério isso? Seu propósito na vida é esse? Irritar-me? — Ela bufa.
Mason sorri
— Um deles pelo menos sim e eu sempre sou muito bem-sucedido nesse.
Ela revira os olhos.
— Mas bem que você gosta — Ele continua. — Sente minha falta, não é?
Quando não recebe sua provocação diária— ele passa seus olhos pela cozinha
e vê sua blusa azul sem mangas no encosto da cadeira. — Então resolveu
seguir meus conselhos e usar a blusa? Boa menina.
— O que? Claro que não Kono Baka— Ela olha sua blusa. — Acontece
que gosto muito dela e combinava com a saia.
Ele começa a rir adorava o jeito que ela ficava quando ele agia assim.
— Gosto dessa blusa, quem te deu tem muito bom gosto. Aliás quem foi
mesmo? — ele fingiu pensar. — Ahh é, fui eu. — Ele se aproxima mais um
pouco dela e seu olhar se fixa em algo em seu corpo.
— Arghhhh — Luna nota sua aproximação. — Mason o que você está
fazendo?
— Isso no seu ombro é uma coxa de frango? — Diz o encarando.
— É— Ela diz um pouco ofegante.
Mason encarava os desenhos em seu corpo.
— Tenho que admitir, Dr. Picasso até que sabe desenhar, só fiquei com dó
dele por sair daqui todo rabiscado com desenhos que mais pareciam ter sido
feitos pelos pés de uma pessoa com Parkinson — Ele começa a rir.
— Eu— ela suspirava. — Não sei desenhar.
— É eu pude perceber.
Ele ergue sua mão esquerda e leva até os cabelos de Luna, seus dedos
encostam-se aos fios macios de sua cabeça. O cheiro dela, aquele cheiro que
ele amava de flores silvestres penetra suas narinas, seus cabelos castanhos
escuros e sedosos deslizam por entre seus dedos, ele sente algo neles que lhe
chamou a atenção desde o momento que chegara ali. Então ele leva seus
dedos até o que o estranho objeto em questão e o tira de seus cabelos.
— Isso é queijo?
Lua estava até então com os olhos fechados e sua boca levemente
entreaberta, ela sentia as mãos de Mason tocar seu cabelo e massageá-los,
sem perceber ela havia se inclinado para frente, aquele simples gesto que
dizia tanta coisa e então o Kono baka pergunta se era queijo em seu cabelo?
Suspirando ela abre e ergue seus olhos para seu rosto, ele era muito mais alto
que ela e até para abraçá-lo ela precisava ficar nas pontas dos pés. — É acho
que sim — ela suspira e encara o pedaço de cheddar em suas mãos.
— Por que tem queijo no seu cabelo?
— As coisas ficaram tão pesadas ontem, sabe entre mim e Luis, que ao me
debruçar na mesa deve ter grudado algum pedaço.
— Nossa, pelo jeito Dr. Documento é selvagem — Diz erguendo sua
sobrancelha e sorrindo debochado.
— Você não faz ideia — Ela sorri de lado. — Kono ele disse que vai me
levar no tanque das arraias — dizia toda animada.
— Nossa que legal, como ele é atencioso — Ironiza se servindo de mais
bolo.
— Pois é, sempre quis entrar em um desses tanques. Ai Mason, nunca
pensei em namorar tão cedo, mas só consigo pensar em Luis para ocupar o
cargo caso acontecesse — Ela sorri.
— Fico feliz por você — Tentava disfarçar o desagrado em sua voz. —
Mas acho que isso talvez aconteça quem sabe no seu aniversário de 50 anos.
— Hoje você está mais irritante que o normal — Ela revira os olhos. — O
que aconteceu? Está com ciúmes é?
— O que? Eu com ciúmes de você? — ele ri.
— Ciúmes do Luis que não seria, ou seria? — ri.
— Já te contei várias histórias que comprovam que isso não é uma verdade
sobre mim. — Ele a vê suspirar frustrada. — Eu só gosto de te irritar Hobbit,
e hoje em particular eu ainda não dormi, então eu estou levemente mais
irritado, resolvi vir até aqui tomar um café com você pra me animar um
pouco.
— Besteira mesmo eu achar que estaria com ciúmes — ela vai até a pia e
umedece um pano. — Afinal de contas — Ela começa a passar o pano pela
sua pele de frente pra ele. — Somos apenas amigos, não é?
— É apenas amigos.
Ele encara o caminho que o pano percorre em sua pele branca quase
translúcida, vendo ela se arrepiar ao contato da água gelada.
— Se quiser eu posso te ajudar com isso.
— Pode limpar minhas costas? — ela ergue seu olhar. — Não consigo
alcançar.
Mason estende a mão para pegar o pano e ela lhe entrega. Quando ela fica
de costas ele afasta seus cabelos longos delicadamente, passando o pano
úmido por suas costas, não pode deixar de perceber em como sua pele era
macia.
Luna arfa com aquele contato e involuntariamente ela dá um passo para
mais perto dele. Mason com sua mão livre a segura pelo ombro.
— Então — diz ele enquanto encara algumas gotas de água que escorriam
do pano conforme ele ia passando com seus movimentos lentos, ele retirava
cada desenho com precisão. — Vai mesmo me trocar hoje pelo doutor
extenso?
A pele dela se arrepia, mas não por causa do pano e sim pelo toque das
mãos de seu amigo, o corpo dela se alimentava das emoções e sensações que
aquilo proporcionava.
— Hummmm — ela geme e não o responde, estava alheia ao mundo ao
seu redor.
— Lua? — Seu tom é suave e sua voz levemente rouca.
Ela estava de olhos fechados e corando, ele tinha que admitir que tocá-la
daquele jeito era muito bom. Poder sentir sua pele macia se arrepiar com os
movimentos lentos que fazia estava fazendo com que sentisse um
formigamento em uma região bem específica em sua virilha.
Suas mãos firmes e calejadas, provavelmente por manusear algum
aparelho ou instrumento cirúrgico por um longo período, a tocavam fazendo
pressão quando necessário um pouco mais de força para retirar um desenho.
Ela escuta seu nome ao longe, mas não sabe ao certo de onde vinha, uma voz
rouca e sexy a chamava.
— Pelo jeito está gostando — ele abre um leve sorriso e ri baixinho.
Ela escuta o comentário sarcástico e abre seus olhos. Ela recobra seus
sentidos e se afasta dele pegando o pano de sua mão.
— Eu não — Diz mordendo o lábio inconscientemente.
— É, pude perceber — Ri. — Se quiser posso fazer uma massagem. Como
já disse, sou muito bom com as mãos.
— Não enche Kono Baka, vê se me deixa em paz. Arghhhhh, eu odeio
você.
— Mentira — Ele sorri.
— Verdade — Ela o encara.
— Mentira — Ele dá um passo na sua direção.
— Verdade — Ela bate o pé no chão, reforçando o que dizia.
— Sei que gosta de mim — da outro passo em sua direção. — Até parece
que não se diverte comigo.
— Você me irrita toda hora — ela bufa. — E nem mais um passo — ele
ergue as mãos. — O que pensa que...Não... Mason sem cócegas — ela
conhecia aquele olhar misturado com aquele sorriso de menino levado.
Ele se aproxima cada vez mais e abre um sorriso.
— Não Mason, nem pense nisso — ela o repreende.
Mason percebe ela se afastar indo em direção a porta, então se apressa e a
agarra pela cintura sem dar tempo de ela fugir, e começa a fazer cócegas
embaixo do seu braço e barriga.
— Nãoooo — risos. — Kono — risos. — PARAAAAA. Por favor — Mas
seus risos e súplicas são em vão.
— Diz que é mentira então — Ele ri junto com ela.
— Não vou dizer — Ela ri alto.
— Diz que gosta de mim — Ele intensifica as cócegas.
— Nãooooo — riso histérico. Lua começa a se contorcer uma tentativa
inútil de fugir dele.
— Diz que é mentira.
— Mason — ri. — Paraaa Kono baka — ela sente sua barriga doer muito
de tanto que ria. — Ta bom, ta bom — ela não conseguia parar de rir. — É
mentira Mason, e eu gosto de você— ri. — Agora para, por favor.
— Boa menina — ele a pega em seus braços a erguendo do chão.
— Chato.
— Viu, não foi tão difícil assim — ele a coloca de volta no chão.
— Arghhh.
— E gosto você Hobbit — ri. — Então, aonde vai hoje com o doutor
documento extenso?
— Claro que gosta, não seria nada sem mim — Ela o provoca. — Não sei
aonde vamos, da última vez eu que escolhi.
— Você que não seria nada sem mim, já disse, sua vida seria um tédio—
sorrindo encosta na pia a encarando.
— Tediosamente boa.
— Não me faça ter que fazer cócegas em você de novo — sorri de canto.
Ela se aproxima dele, ficando na ponta dos pés seu nariz quase tocando o
queixo dele. Lua ergue o mindinho na direção dele, um sinal que sempre
faziam após uma discussão ou somente para lembrar-se da amizade que
construíram e que Mason não gostava, mas sempre fazia por que ele não
conseguia dizer não a ela.
— Melhores amigos para sempre?
— Para sempre Hobbit — ele a encara sorrindo e enlaça seu mindinho com
o dela, seu dedo quase cobrindo o dela. Ela olha o relógio que ficava na
cozinha e se exalta.
— Merda. Estou atrasada — corre pelo corredor indo em direção ao
banheiro. — Preciso tomar banho e você precisa descansar.
Sua amiga entra correndo no banheiro e ele escuta a mesma ligar o
chuveiro.
— Quer carona? — ele grita do corredor em frente a porta do banheiro.
— Não valeu, vou com meu carro mesmo — Grita lá de dentro.
— Porque não? Ta com medo que seu futuro namorado me veja com você?
— Não — diz saindo do banheiro limpa. — Preciso levar meu carro para
uma revisão.
— Ok, então a gente se fala mais tarde?
— Pode ser — ela entra no quarto.
— Hum Ok, então mais tarde te mando mensagem, agora vou para casa
dormir, estou morto — diz bocejando. — A não ser que alguém queira me
fazer companhia e dormir comigo bem juntinho — ele ri lá da sala.
— Quem seria essa pessoa? A Barbie? Tenho certeza que ela não iria
querer dormir.
— Não estava me referindo a Bárbara, uma noite que passa com o doutor
lesma e já fica meio devagar Hobbit.
— Mason, dá para parar com esses apelidinhos? — Ela sai de seu quarto e
segue em direção à sala. Ela para na sua frente. — E aí como está? — Ela
ergue os braços e dá uma volta.
— Nossa, vai onde assim? — Ele encara sua saia branca e sua camiseta
super coladas em seu corpo.
Nossa como ela está linda. Calma amigo. Repreendia seu formigamento.
— Bom Luis gosta de branco, é a cor favorita dele, sempre vejo vestindo
camisas e camisetas brancas. Será que ele vai gostar?
— Você vai trabalhar assim? — Ergue a sobrancelha.
— Vou. Qual problema? — Ela veste seu casaco e pega sua bolsa.
— Todas as veterinárias se vestem assim?
— Por quê? Quer atacar nossa classe agora?
— Acho que preciso visitar mais seu trabalho.
— Você ainda não respondeu. Acha que Luis vai gostar? — ela aperta o
botão do elevador.
— É, acho que talvez ele goste, não sei se temos o mesmo gosto.
— Tomara que goste Kono— ela sorri esperançosa dentro do elevador.
— Mas talvez ele demore um pouco para perceber, mas acho que vai
gostar.
— La vem você de novo — suspira.
— Lua aposto que você ri por dentro, acha que não vejo o leve sorriso que
dá?
Ela tenta disfarçar o sorriso, mas não adiantava ele já havia visto.
— Vou começar a visitar seu trabalho e vou levar Gandalf lá.
— À vontade, metade das meninas é noiva ou casada, se quiser apanhar
dos caras fica a seu critério. E você não vai levar Gandalf para outra médica,
me recuso a deixar, e eu não sorrio dos seus comentários.
Claro que sorri. Ele pensa.
— Mas e você Kono, gostou?
Mason a olha dos pés à cabeça, ela estava muito linda, e se permitia
pensar, ela estava muito gostosa, ahh Deus me de forças.
— Se não sorri dos meus comentários então do que sorri?
— Eu não sorrio.
— Sorri sim. Sei que gosta dos meus comentários sarcásticos.
— Quer parar Mason, anda me diga o que achou — ela o encara irritado.
Ela encara seus cabelos loiros bagunçados, seus fios rebeldes caindo sobre
seus olhos. Ela não evita e leva as mãos a sua cabeça e penteia aqueles fios
para trás, sempre fazia aquilo.
Mason sorri ao seu toque, ele amava quando ela fazia aquilo, sempre
arrumava seus cabelos, ele já havia desistido daquelas mechas.
— Eu gostei Hobbit — está linda como sempre, ele pensa.
— Legal — Ela tateia na bolsa seu celular. Quando o retira de lá, suas
chaves caem no chão, ela se abaixa de costas para Mason deixando seu
traseiro empinado.
Mason encara aquele traseiro redondo e do tamanho certo, e imaginou
como seria tocar ali, Mason pare com isso, mas que merda, ele desvia o olhar
e encara a porta do elevador.
— Que foi Kono, você ta bem? — diz ela após recolher as chaves e o
encará-lo novamente, seus olhos preocupados e ele levemente ofegante. —
Está pálido, deveria mesmo ir descansar.
— Também acho. Chegando em casa vou desmaiar na minha cama —
Sorri passando as mãos pelos cabelos.
— Doutor Carter trabalhou muito? — ela faz uma vozinha de bebê, que
sabia que ele odiava. — Ownn pobre Mason— ela aperta suas bochechas. Ela
o vê suspirar irritado e revirar os olhos. — Quem é o bom doutor?
— Lua, chega. Já deu.
— Ownn ficou zangadinho? — afina mais a voz. — Tia Luna vai te dar
um pirulito.
Mason sempre fora conhecido por suas respostas rápidas, seus
comentários. Era assim na faculdade também, ele sempre tinha algo a
comentar, algo a acrescentar. Luna achava aquilo irritante nele, pois era
difícil vencê-lo em uma discussão, na verdade era impossível.
Era instantâneo. Ele ouvia o que a outra pessoa dizia e imediatamente tinha
algo a dizer. Ao saber que isso irritava sua amiga e a deixava sem palavras,
sempre que possível fazia aquilo. Claro que não dizia tudo o que vinha a sua
mente, tentava filtrar ao máximo seus pensamentos irônicos, sarcásticos e às
vezes depravados, mas havia momentos como aquele que era difícil até
mesmo pra ele segurar a língua.
— Entre nós aqui você sabe quem pode dar um pirulito — ele sorri
debochado, ela se afasta ficando muito vermelha, e ele começa a rir.
— Não tinha necessidade desse comentário.
— Você que pediu por isso, sabe que odeio aquela voz que você insiste em
fazer. — Ele percebe o seu desconforto, ele suspira e cede. — Lua? — Ele se
aproxima e passa o braço pela sua cintura. — Me desculpe, eu não aguentei
segurar o comentário, eu me rendo, fui longe demais.
— Tudo — Tosse. — Bem — ela tremia um pouco, a mão dele em sua
cintura e as imagens indecentes de pirulito rodeava sua cabeça. Um abraço,
um olhar, um toque, um carinho. Coração acelerado, todas aquelas sensações
passavam por sua cabeça— Te vejo depois? — ele a guia até o carro e ela
abre a porta.
— Não sei você não vai sair com o doutor? Vai me trocar.
— Então te vejo amanhã. Mason já falamos sobre isso. Estou seguindo
seus conselhos e arrumei alguém. Vai ter que me dividir.
— É eu sei, já estou quase me arrependendo — ele fecha a porta dela. —
Nos falamos mais tarde Hobbit, te mando mensagem quando acordar da
minha hibernação.
— Tudo bem — ela da partida no carro. — Tchau Kono.
— Até mais Hobbit — ele se afasta do carro. — Divirta-se — Lhe dá uma
piscadela.

Luna Iasune
Luna tinha terminado seu turno na clínica, ela mal tinha visto Luís aquela
manhã, pois estava com a agenda lotada de procedimentos, nem mesmo saiu
para almoçar comeu por lá mesmo. “Aquela” época do mês havia chegado e
ela não estava de bom humor. Pelo menos havia dito a Mason que sairia com
Luís, na verdade mentira que iria sair com Luis, pois afinal não haviam
marcado nada. Portanto não precisava se preocupar com seu amigo e suas
provocações diárias.
Ao chegar em casa ela joga sua bolsa no chão e tira seus sapatos, soltando
um gemido de prazer ao sentir a madeira fria em seus pés descalços. Sua
cadela vem ao seu encontro e pula em seu colo.
— Oi Misty não estou nos meus melhores dias garota — diz já sentindo as
dores da cólica.
Ela caminha lentamente pela casa indo em direção ao seu quarto. Troca de
roupa veste um short de moletom preto e uma blusa de alças branca, deita-se
na sua cama de barriga para baixo, as dores na região inferior de seu
abdômen estavam intensas e intermitentes, elas começavam a irradiar para as
costas e membros inferiores.
Contorce-se na cama de um lado para o outro, coloca uma almofada na
barriga e se encolhe, então escuta seu celular vibrar. Pega com dificuldade e
vê uma mensagem do Kono baka, suspirando ela lê.

Lua suspira pensou em deixar para lá e não


responder, mas sabia que ele insistiria se ela não respondesse. Ela digita:

Ela realmente sentia muita dor, odiava aquele período do mês sempre
ficava sensível demais e irritada demais, então magoava as pessoas e ela não
queria magoar Mason ou mesmo brigar com ele, sempre nessa “Época” ela se
mantinha afastada. Ela escuta seu telefone vibrar novamente e visualiza a
mensagem:

Arghhh ela resmunga e então digita:

Não ia ter jeito mesmo ela o responde:

Ela joga seu celular na cama, estava usando seu pijama surrado, se
contorcia de um lado para o outro na cama, não ia ter paciência para as
provocações de Mason sem falar que estava tão sensível que achava que se
emocionaria até com um comercial de sabão em pó.
Alguns incansáveis minutos de dor depois ela escuta a porta, suspirando se
levanta e caminha arrastada até lá.
— Falei que não estou me sentindo bem qual seu problema? — diz assim
que abre a porta e o encara.
— Eu que pergunto, por que tanta hostilidade? — Ele a olhava.
— Só quero ficar sozinha.
— Na verdade eu meio que já imaginava qual seria seu probleminha, é
sempre assim por isso eu passei na farmácia — ele estende a ela uma sacola
com o símbolo da farmácia estampada, dentro ela imaginou serem remédios
para dor.— Também passei em um supermercado e comprei isso — ele ergue
outra sacola que até então ela não havia notado, dentro tinha vários doces e
chocolates de suas marcas favoritas, ele fica parado sorrindo.
Lua suspira, ele a conhecia tão bem que às vezes chegava a se assustar. Ela
o puxa pelo braço o trazendo para dentro do apartamento, arranca a sacola de
doces de suas mãos e pega uma barra de Snickers, ela rasga a embalagem e
começa a comer se deliciando.
— Hummmm.
— Ok de nada — Ele vai até a cozinha e coloca tudo o que comprou em
cima do balcão. — Dr. Carter cuida de você.
Depois de ter devorado aquela barra ela caminha a passos lentos até sua
sala de estar e senta-se no sofá. Luna olha por sobre o ombro e vê seu amigo
se aproximar dela com um copo de água na mão esquerda e na direita um
comprimido anti-inflamatório. Ele a estende então pega e toma deixando o
copo vazio em cima da mesinha de centro a sua frente.
Mason volta à cozinha e quando volta para sala está com uma cerveja nas
mãos e um balde de pipoca.
— Com manteiga — ele lhe estende o balde.
Ela pega um punhado de pipoca e come.
— O que quer assistir? — Diz pegando o controle e ligando a TV, Luna
vasculhava seus favoritos na sua lista da Netflix.
Ele se senta ao seu lado e dá um gole em sua cerveja — Não sei o que você
quer ver?
Ela estava encolhida no sofá sua aparência era horrível e seu humor nem se
fala, mas Mason parecia não se importar e era isso que ela amava nele.
— Supernatural season quatro? — ela come mais um pouco de pipoca.
— Leu meus pensamentos, você quer beber algo?
— Não— Então Luna clica no primeiro episódio da quarta temporada da
série favorita deles.
Ela sabia que ele sabia que em certas épocas do mês ela ficava mais
irritada que o normal, nessas épocas ele procurava não ser causador de tanta
irritação. Uma vez no começo da amizade dos dois ele não tinha a menor
ideia de como ela ficava nessa época e a atormentou e ela ficara tão zangada
que parecia que se transformaria em um klingon vingativo e pularia no
pescoço dele e morderia sua garganta, porém era apenas naqueles dias que ele
a poupava e ainda assim mesmo naqueles dias ele ainda de vez em quando a
provocava, de alguma maneira sempre conseguia.
O tempo passa, eles estavam sentados naquele sofá e Luna já havia
devorado toda pipoca e doces, encolhida em seu cantinho ao lado de Mason
ela observava cada detalhe do episódio isso a fazia esquecer por alguns
instantes a dor que sentia. Em determinado momento do episódio três ela
começa a chorar.
Ele escuta o leve fungar de nariz e olha em sua direção — Ahh o que foi
Lua? Você está chorando?
— O selo — Ela funga. — Das testemunhas foi quebrado — Seu choro
intensifica. — E agora Lilith vai libertar Lúcifer — Ela sabia a temporada de
cor, mas era sempre assim no seu período especial do mês qualquer coisa a
fazia chorar ou ficar com raiva. — Os fantasmas estão atormentando eles —
Ela chorava descontroladamente.
Então escuta a risada de seu amigo, ele a puxa para perto de si e a abraça
forte.
— Venha aqui sua chorona.
Luna o encara sua visão embaçada por causa das lágrimas.
— Não tem graça Mason.
Ele lhe estende um pacote de doritos
— Pega, come um pouco.
Ela come alguns.
— Lua é claro que tem graça — Diz ainda rindo. — Você está chorando
por que Lúcifer vai ser libertado da jaula. — Ele agora mastiga alguns
salgadinhos.
— Porque Castiel não ajudou? Ele... Ele poderia ter ajudado — Ela não
conseguia parar de chorar — Calma Hobbit Sam e Dean já resolvem isso —
Ele coloca os braços por cima de seus ombros.
— Não antes de Lúcifer sair da jaula. Ele canta Highway the hell gosto
desta música.
— É uma ótima música mesmo, mas calma o que eu posso fazer para que
melhore? — se havia algo que ele não gostava era de ver mulheres chorando
e em particular aquela mulher que agora estava toda descabelada, pijama
largo e nariz vermelho.
Ela pega o controle da TV e desliga, não queria mais chorar e sabia que se
continuasse iria chorar a cada episódio, ela suspira — Já vai passar.
Mason olha a TV desligada
— É isso resolve o problema.
Ela se aninha mais em seu peito sentia seu perfume levemente doce, Luna
o abraça forte enquanto sentia-o acariciar suas costas.
— Então — Ele olha a TV desligada mais uma vez. — O que quer fazer?
— Ficar abraçada com você um pouquinho.
Mason suspira e permite que sua amiga o abrace, ele acariciava suas costas
devagar para acalmá-la, a sala emanava uma energia confortável e o cheiro de
flores silvestres invadia suas narinas, ele não consegue deixar de sorrir.
— Mason... — Ela não o encarava estava com a cabeça enfiada em seu
peito. — Você me acha bonita? — Agora me pergunte por que cargas d’água
ela havia feito aquela pergunta? Uma vez e só uma, Luna queria sair de seu
corpo naquele período e evitar sentir tudo aquilo.
— Ahh porque a pergunta? — nota a surpresa em sua voz.
Ela nunca havia perguntado a ele aquilo. Sente o corpo de seu amigo ficar
tenso, com certeza devia estar se fazendo milhares de perguntas, algumas do
tipo. Seriam os efeitos dos hormônios? Era uma pegadinha? Onde está a
equipe de TV? Ela o conhecia tão bem que podia até ouvir seus pensamentos.
— Só responde.
Ele suspira
— Mas é claro que acho você bonita Lua, você é — Ele pigarreia — Única
e linda do seu jeito. — Ela nota seu tom sincero. — Você é muito bonita.
— Hum.
— Agora quero que me responda, porque está me perguntando isso?
Aconteceu alguma coisa?
— Odeio essa época do mês.
Ele ri
— Lua you are beautiful ok? Você é perfeita — Sorri. — Se um cara não
consegue ver isso, ele não te merece — Ele limpa uma lágrima solitária que
escorria pela bochecha dela. — Nunca mude quem você é por ninguém.
Ela se aproxima dele estava quase em seu colo, mas não se importava, ela
só queria um pouco mais de carinho. Talvez bem lá no fundo Luna fosse mais
do que uma amiga para Mason, pena que ele não sabia disso, ou se sabia não
queria aceitar, ou queria, mas não falava nada e se ele não falava, bom ela
não podia fazer muita coisa, ou poderia, mas não devesse, ou devesse, mas
não conseguia e se não conseguia era justamente porque a falta de atitude
dele a limitava em apenas uma amizade. Ela suspirava. Porra de TPM e
sentimentos confusos e descompassados.
Luna se aproximava cada vez mais e sem perceber ela já estava em seu
colo, seu corpo se moldava perfeitamente ali. O molde pequeno do mesmo
era o encaixe perfeito no enorme e confortável colo de seu amigo.
— Não vou mudar, eu gosto do jeito que sou.
— Eu também gosto, meio lunática e facilmente irritável, mas ainda assim
gosto. — Ela sentia seu corpo tremer, quando ela se senta em seu colo, Luna
estava de lado com a cabeça apoiada em seu ombro esquerdo. Ele fica sem
saber o que fazer com suas mãos onde as colocar. Então depois de uma
discussão interna ele coloca delicadamente a mão esquerda em suas costas
próxima a cintura dela e a direita em sua coxa próxima ao joelho.
Luna estava alheia a tudo, dominada pelas emoções que sentia e pelo toque
leve das mãos dele em sua pele.
— Está com sono Hobbit?
— Um pouco — Mente.
Por dentro um turbilhão de emoções a dominava, não sentia sono e seu
choro havia ido embora dando espaço a outro tipo de sentimento, um
sentimento que ela mantinha guardado há dois anos e sempre que estava
naqueles dias, ela se mantinha afastada de seu amigo porque sabia que uma
hora ou outra os sentimentos a invadiriam como agora e ela não podia
arriscar estragar a amizade que eles tinham, mesmo assim ali estava ele e ela.
Porra de TPM.
O polegar de Mason acariciava sua coxa — A dor passou?
Ela balança a cabeça confirmando, passa as mãos pela cintura dele e
afunda-se mais ainda sua cabeça em seu peito.
— Doutor Carter cuida de você não te disse? — Ele ri e sua respiração
move alguns fios de cabelo da franja dela. — Sou um santo remédio.
Luna geme de satisfação, um gemido baixinho e rouco. Mason aperta seus
dedos um pouco em sua coxa.
Ela então o encara, estavam tão próximos novamente. Luna por favor, não
faz besteira, dizia sua consciência, mas seu coração dizia outra coisa e neste
momento ele a dominava.
Mason tira as mãos de sua coxa e leva a mesma até seu rosto, ele retira
uma mecha de cabelo rebelde do mesmo e coloca atrás de sua orelha.
Os olhos dela estavam inchados e suas bochechas estavam vermelhas. Os
lábios dela se entreabrem.
Ele entreabre os seus lábios.
Luna encarava aquela íris azul, poderia facilmente se perder na imensidão
que eram seus olhos.
Ela encara seus lábios. O que aconteceria se o beijasse agora? Pensa.
Morde vagarosamente seu lábio inferior e se aproxima mais.
Beijá-lo era tudo o que ela pensava, era tudo o que queria naquele
momento, ela queria beijá-lo com vontade, morder seus lábios e brincar com
sua língua.
Pare aí mesmo Luna você vai estragar tudo, se lembra de quem ele é? Seu
amigo, seu melhor amigo. Não pode se apaixonar pelo seu melhor amigo.
Você sabe que isso nunca dá certo. Sua consciência praticamente gritava.
Então o celular de Mason vibra e o toque de mensagem quebra o silêncio
que serpenteava aquele lugar e a tensão entre eles.
Lua leva um pequeno susto e se afasta havia sido despertada do transe.
Mason pisca várias vezes e vira sua cabeça em direção ao som.
Ela finalmente nota como estava, não sabia como tinha ido parar ali estava
tão entorpecida que nem ao menos percebeu o que ia fazer. Obrigada
universo por me impedir de fazer a maior besteira da minha vida, ela
agradece em pensamento.
Mason pega seu celular no bolso da frente de seu jeans e suspira a
contragosto ao ver o nome que piscava na tela.

Lua olha seu amigo e depois seus olhos percorrem a tela de seu celular.
— Pode ir Mason — Diz com o semblante sério.
Mason apenas encarava a tela, estava sério e parecia refletir sobre o que
faria. Lua não entendia o porquê da hesitação. Barbara era uma loira linda e
muito gostosa, era fatal, mas entre eles era somente sexo e nada mais. Um
chamava o outro quando estava a fim, nem sequer tinham um
relacionamento, ela não combinava em nada com ele, não gostava de ver
filmes, séries ou ler, era a típica patricinha rica. Mas segundo ele, eles não
precisavam ter afinidade em coisas do cotidiano, somente na cama. Então por
que ele hesitava?
Ele encarava a tela do seu celular lendo e relendo a mensagem, se ele não
estivesse com Luna teria pensado seriamente em ir até ela, mas após o que
rolou ali naquele sofá, ou melhor, o que ia rolar ou ele achava que ia, no seu
íntimo mais profundo do seu coração, queria que tivesse rolado. Ele tinha
ficado excitado com aquela situação sentiu coisas diferentes do que estava
acostumado a sentir, coisas essas que não sabia nomear. Não queria que
aquilo tivesse sido interrompido, mas por outro lado a mensagem de Barbara
foi um sinal, um sinal para ele parar antes que fizesse besteira, ele teria
estragado tudo e Luna não falaria mais com ele, ela sempre deixou bem claro
que eram só amigos e sempre que tinha a oportunidade ela ressaltava isso.
— Pode ir Mason ela encarava a TV desligada.
Ela vê seu amigo passar as mãos pelos cabelos, era uma mania que tinha
quando ficava nervoso, ansioso ou irritado.
Luna mordia seus lábios com certa força arrancando a pele ressecada deles.
E o vê digitar em resposta:

Ele desliga o seu celular e coloca novamente no bolso de seu Jeans.


— Não vai encontrar sua amiga?
— Hoje não, minha amiga muito mais que especial precisa de mim mais
do que ela — Sorri.
— Estou bem à dor já passou — Diz séria. — Pode ir Mason eu sei que
quer encontrá-la.
— Lua porque é tão teimosa? Eu quero ficar aqui com você, porque você é
mais importante para mim do que ela e garanto se eu quisesse mesmo ir eu
teria ido.
— Porque você é sempre tão insistente? Eu já falei KONO BAKA — ela
eleva sua voz. — Pode ir não me importo.
— Não entendo o motivo de tudo isso, eu simplesmente fiz de tudo para te
agradar hoje Luna e acabei de recusar ir me encontrar com a Barbara, para
ficar aqui com você e você age assim! — Ele a encarava sério.
— Eu não pedi para você vir aqui, aliás tentei fazer você desistir de vir. —
Fala ríspida. — Porque não deixa de ser estúpido e vai transar com sua
Barbie e me deixa em paz?
Os sentimentos dela estavam tão confusos que nem ousava mais dizer o
que sentia ela tinha medo de errar novamente.
Mason a encara, ela nunca havia falado com ele de tal forma, eles nunca
brigavam. Então ele concorda com a cabeça.
— É talvez você tenha razão, eu sou mesmo um idiota, um estúpido por vir
até aqui e por trazer remédio e tudo o que você mais gosta de comer, sou
mesmo um estúpido por me preocupar com você até porque você sabe se
cuidar sozinha, não é? — Ele se levanta pega seu casaco e o veste.— Sinto
muito, agora o estúpido aqui vai embora e você pode ficar aí com sua
teimosia e grosseria — Ele pega suas chaves.— Agora o estúpido aqui vai na
casa de alguém que realmente o queira, com minha estupidez e tudo — Ele
abre a porta da frente e sai.
Ela solta um suspiro forte, sua cadela se aproxima dela e late.
— O que? — ela olha para Misty. — Eu disse para ele ficar longe — Misty
então coloca a cabeça em seu colo e ela acaricia a cabeça de sua amiga
carinhosamente. — Eu sei Mística fui uma idiota completa.

Mason Carter
Uma hora depois Mason estava parado na porta do apartamento de
Barbara. Ele escuta seus saltos ecoarem em direção a porta — Melhorou? —
ela abre a porta com um sorriso nos lábios.
Ele não a responde simplesmente entre e a pega pela cintura beijando-a
intensamente sem nenhuma sutileza, suas mãos apressadas começam a tirar
suas roupas.
Ela sorria entre beijos.
— O que você tomou para melhorar tão rápido?
— Só pensei em você aqui sozinha e indefesa — ele beija seu pescoço.
Barbara gemia, ela coloca suas mãos com as unhas perfeitamente pintadas
de um vermelho intenso em seu pescoço.
Mason desabotoava sua camisa com pressa ficando com seu tronco nu, ele
a pega no colo indo em direção ao seu quarto e a joga na cama.
— You are insaciable baby— fala ela quando sente seu corpo se chocar
com o colchão macio de sua cama de casal. — Por um momento achei que
tivesse trocado tudo isso — aponta para seu corpo — Para ficar em casa
provavelmente com sua amiguinha.
— Jamais faria isso My dear — ele passa suas grandes mãos por seu corpo
apertando cada curva.
Ela sentia seu perfume, seu toque, seu calor. Tudo que exala do seu corpo.
Sentia ele colado a ela, ela clamava pelo toque de suas mãos.
Ela então se cala e se entrega ao momento de prazer. Mason agora a
possuiria, ela seria dele e ele dela.
“São nossas escolhas que revelam o que realmente somos muito mais do que as nossas qualidades.”
Alvo Dumbledore

Luna Iasune
Há dois dias ele não ligava para ela, sem mensagens ou notícias. Isso ai
Luna, parabéns sua idiota, estragou tudo, ele queria ficar sua imbecil não
queria ver a siliconada, ia ficar com você. Pensa ela sentada em seu
consultório. Era sua hora de almoço. Argh maldito período do mês, maldita
TPM. Magoara uma das pessoas mais importantes de sua vida, seu melhor
amigo.
Ela olha para o relógio que ficava em sua mesa, tinha algumas horas até
sua próxima consulta. Ela suspira se levantando da cadeira. Que se foda sua
dignidade, seu orgulho, iria pedir desculpas, afinal ela agira mal com ele.
Sai da clínica, pega seu carro, mas antes de seguir para o hospital onde ele
trabalhava, faz uma rápida parada em uma loja de artigos geek’s que abrira
recentemente a GEEK FREAK. Ela se apressa para chegar ao hospital, sabia
que esse era o horário que ele costumava almoçar, então precisava chegar
antes que ele saísse.

Mason Carter
Mason encarava sua papelada há uns 15 minutos, seu celular estava na
mesa próximo a sua mão direita. Nenhuma ligação de Luna, nenhuma
mensagem, nada em dois dias. Nesses dois anos nunca ficaram dois dias
inteiros sem se falarem. Várias vezes nessas 48 horas ele pegou o celular para
ligar pra ela, e em mais de uma vez clicara em seu nome na agenda de
contatos, mas nunca chegou realmente a discar.
Ele não havia gostado do jeito que ela falara com ele, ficara com tanta
raiva e principalmente triste. Porra! Ele escolhera ficar com ela, lhe fazer
companhia, mesmo ela estando com aquele humor do cacete. Levara todas as
porcarias que ela mais gostava de comer, isso deveria valer alguma coisa.
Levou remédio pra ela.
Sua mão descansa na mesa a caneta que segurava firmemente. Chega a
encostar seus dedos no celular, mas então às palavras idiota e estúpido
acabam voltando a sua mente e ele desiste. Ele olha o relógio no pulso e
suspira, tinha mais meia hora para poder ir almoçar, abaixa seus olhos e volta
sua atenção para os papeis a sua frente tentando se concentrar novamente.

Luna Iasune
Ao chegar ao hospital meia hora depois, Luna segue para o elevador, logo
na entrada ela vira um painel indicando que a área de ginecologia ficava no
terceiro andar do prédio. Então era pra lá que iria. Ela aguarda
impacientemente a porta do elevador abrir, seu pé batia no chão em ritmo e
quando a porta finalmente se abre solta um suspiro de alívio.
Ao erguer os olhos para as portas abertas, ela não consegue conter a
surpresa. Um rosto familiar a encara com a mesma expressão de surpresa
estampada, um rosto que era muito bonito antes de todos aqueles
machucados. Pedro nem parecia aquele moreno sedutor de algumas noites
atrás, seu rosto estava horrível, seu nariz com um curativo branco. Deve ter
quebrado, ela pensa. Em seu olho ela via uma mancha roxa grande e um
corte no lábio. Ela segura o riso sem dizer nada, o encara sai rapidamente do
elevador sem lhe dirigir a palavra.
Kono, você detonou ele. Pensa rindo dentro do elevador vazio.
Quando para no terceiro andar, o nervosismo volta. Será que ele iria
perdoá-la? Tinha que perdoar afinal a culpa fora da TPM e um ginecologista
deveria entender, não é mesmo? No amplo corredor daquele andar ela
procura pelo número do consultório de Mason, ao avistá-lo ela para em frente
à sua porta. Suas mãos hesitam por alguns instantes, mas então finalmente
bate.

Mason Carter
Mason retirava seu jaleco e o pendurava em seu cabideiro no canto da sua
sala. Pensava onde ele almoçaria naquele dia, quem sabe não comesse ali na
cantina do hospital mesmo, e então ele escuta as leves batidas na porta.
— Entre — ele diz sem encarar a porta. Com o canto do olho pode ver uma
pequena silhueta de alguém, então o cheiro vem até ele, um cheiro tão
familiar.
— Oi Mason — dizia Lua sem jeito quando ele se vira em sua direção e a
encarava em silêncio.
— Olá Luna — ele a encara com certa surpresa.
Não esperava que ela aparecesse, ela era um pouco orgulhosa demais pra
isso. Ele cruza seus braços em frente ao peito.
— Em que posso ajudá-la?
— Você não me ligou, achei que tinha sido sequestrado, estava quase
ligando para a polícia — ela morde seu lábio inferior, tentava descontrair.
— Estive ocupado esses dias — ele suspira franzindo a testa.
— Mason, eu...Eu...Queria me desculpar por aquela noite, não deveria ter
agido e falado como fiz — ela ajeita seus óculos em seu pequeno nariz. —
Me desculpa mesmo, não queria te magoar ou deixar você zangado, eu só
fiquei — ela faz uma pausa um pouco demorada. — Com ciúmes — ela
abaixa seu olhar e encara seus pés.
— Ciúmes? — ele ergue sua sobrancelha.
— É Mason, ciúmes, é normal entre amigos — suspira com leve irritação.
— Eu estava sensível e quando tudo passou e você não me ligou eu senti
saudades.
— Mas, eu escolhi ficar com você, não ia a lugar nenhum — Ele a encara
confuso.
— Eu sei — ela suspira. — Eu sei Mason, mas é que você entende como
funciona esse período do mês — ela sorri sem jeito pra ele e então se
sobressalta como se lembrasse de algo. — Tenho uma oferta de paz.
— Eu também tenho — Ele abre um sorriso de canto, aquele sorriso que
era típico dele.— Mas quero ver o seu primeiro.
De dentro da sacola da loja, Luna tira um boneco Funko do Star Trek, era
um Klingon, ela sabia que ele não tinha aquele na coleção.
— Por favor, Mason perdoa a Lua — ela lhe estende o presente fazendo
um biquinho tentando imitar a voz do Kinglon.
— Pensa que pode me comprar com esse boneco, seus olhinhos pidonhos e
biquinho? — ele dizia sem conseguir conter o riso.
— Não quer?
— Mas é claro que quero — ele pega o boneco das mãos de Luna. — É um
Klingon— a encara com uma cara que dizia, ficou maluca.
Ele suspira e sorri para ela lhe puxando para um abraço, se sentia em casa
em seus braços, em um lugar familiar e aconchegante.
Luna o abraça apertado de volta e ri baixinho em seu peito.
— Tudo bem Lua — suspira. — Me desculpe por não ter te ligado, eram
só os hormônios — ele ri.
— Só isso.
— Os hormônios e seu instinto assassino — Ele escuta a risada dela
abafada em seu peito.
— E qual sua oferta de paz? — ela afasta sua cabeça e o encara.
— É uma consulta gratuita — ele encara seus lindos olhos azuis e sorri de
canto.
— O que? — Diz arregalando os olhos.
Mason começa a gargalhar, os movimentos de seu peito a faziam tremer
acompanhando o ir e vir de seu tronco.
— Não tem graça Kono Baka.
— A sua cara sempre vale a pena.
— ARGHH— ela revira os olhos.
— Senti sua falta Hobbit.
— Também senti a sua Kono— Ela sai de seus braços e fica de frente pra
ele.
— Estou saindo para almoçar. Me faz companhia?
— Claro e você paga — sorri.
— E alguma vez foi diferente? — Ele abre a porta pra ela, trancando ao
saírem.
— Aliás, eu vi o que você fez com seu amigo. Nossa Mason, coitado.
— Você viu Pedro? Coitado nada, ele mereceu — ele a acompanha pelo
corredor. — Fazia tempo que queria fazer aquilo. E ele não é meu amigo.
— Tudo bem — ela ergue os braços em sinal de rendição. Mason coloca as
mãos em suas costas enquanto a guiava até o elevador. — Não conhecia esse
seu lado protetor. Se eu contasse isso a alguém pensariam que você é meu
namorado.
— Namorado? Amigos também protegem uns aos outros — Diz entrando
no elevador.
— Não daquele jeito. Relaxa nunca vai rolar algo entre a gente.
— Não mesmo, não daria certo.
— Você é meu melhor amigo, meu irmão mais velho e protetor — sorri
pra ele.
Argh, agora ganhei outro nome. Irmão. Ele pensa suspirando.
— Não daria certo mesmo, não sou nenhuma dessas modelos que você
costuma sair. Sou do tipo que prefere hambúrguer com muito bacon e não
essas dietas malucas que elas fazem.
— É isso é verdade. Da para perceber só olhando pra você — a porta do
elevador se abre no térreo.
— Está me chamando de gorda?
— Não — Ele ri. — Eu temo pela minha vida. Só quis dizer que você não
é magrela como elas.
— Ou seja, gorda. — Ela bufa irritada revirando os olhos.
— Eu não disse que é uma coisa ruim. Argh interprete como quiser.
— Estou começando a me arrepender em ter pedido desculpas.
— Não vou devolver o funko, já aviso.
— Pode ficar, detesto Star Trek mesmo.
— Ótimo! — Eles seguem para o estacionamento. — Ahh, onde você quer
ir almoçar?
— Vamos ao shopping, preciso passar em algumas lojas e comprar, um
biquíni, livros e uma lingerie — ela enumera com os dedos cada item.
— Biquini e Lingerie? — Ele olha em sua direção enquanto destrava o
carro e abre a porta pra ela.
— Ah então, você sumiu por dois dias e esqueci te contar. Luis e eu vamos
passar um final de semana fora.
O QUE? Grita em sua mente.
— Você e Luis? Os dois sozinhos em um fim de semana?
— Sim. Em um hotel maravilhoso. Nossa devia ter visto o panfleto, lá tem
águas termais, aceitam cães, nós vamos levar os nossos e ficarão em uma área
de lazer reservada somente pra eles.
PUTA QUE PARIU! E agora como competir com isso hein?
— Hum deve ser maravilhoso — Diz com ironia.
Ele não gostara daquilo, sentia algo lá no fundo que o incomodava, o que
seria? Ciúmes? Ele fecha a porta dela e se dirige para a do motorista entrando
no carro logo em seguida.
— Eu mal posso esperar Kono — Dizia animada sem notar a sua irritação.
— Nosso quarto é perfeito, nem acredito um final de semana inteiro naquele
hotel, vai ser maravilhoso. Um quarto só para nós dois.
— O fim de semana promete pelo jeito — Diz irritado ligando o carro.
— Pena que vai ser somente um fim de semana. A campanha que faremos
vai tomar muito nosso tempo.
Luna procurava fotos do hotel no celular e mostrava todas elas a Mason
super animada, não parava de sorrir.
— Nossa é tudo muito lindo. Veja essa piscina — Ela vira o celular pra ele
colocando em sua cara.
— Lua, estou dirigindo.
— Desculpa, é que estou bem ansiosa.
— Nossa não percebi — Ele ironiza.
— Pare de ser ranzinza. Aliás você é homem né?
— Até onde eu sei eu sou.
Mason liga o rádio para preencher o carro com outro som além da voz
animada de Luna falando sobre o fim de semana que teria com Luis. A versão
remix da música Bright Lights da banda HAEVN começa a tocar. Ele estava
viciado naquela música e começa a bater os polegares no volante no ritmo
dela.
— Disse que gosta de preto, você me ajuda a escolher uma lingerie?
— Eu? Escolher lingerie?
— É você. Você transa com uma mulher diferente toda noite, deve ter visto
varias.
— É por esse lado até que está certa — Sorri maliciosamente.
— Então me ajuda, quero que tudo saia perfeito — Ela morde os lábios.
Mason passa a mão nervosamente pelos cabelos, não diz nada apenas
encara a avenida e cantarola baixinho a letra da música.
— Você está viciado nessa música.
— Um pouco talvez.
Luna desliga o rádio e ele se vira pra ela instantaneamente. Ela pega o
celular e liga sua câmera.
— Por que fez isso?
Ela liga novamente o som colocando a música no início e começa a gravar
os dois.
— Vai Kono, me acompanhe — Ela começa a cantar baixinho.
— Lua por que está filmando?
— Por que sim, por que eu quero.
— Não vou cantar. Você pode colocar isso no YouTube e ganhar dinheiro
as minhas custas.
Lua começa a cantar o refrão da música, ela era tão contagiante que logo a
mesma aumenta o volume da sua voz.
♪♫
Bright bright lights, bright lights to guide me home Bright bright lights,
bright lights to guide me Bright bright lights, bright lights to guide me home”
♪♫

— Acha que eu faria isso? — pergunta rindo.


— Acho não. Tenho certeza — Ele encara a avenida, mas podia ver Lua
aproximar a câmera mais de seu rosto enquanto ela cantava. — Você sabe ser
chata quando quer — suspira, olha pra ela e a vê fazer um biquinho, — Você
é uma chata— ela continua cantando.
♪♫
“Your hands are high and floating through a darkened sky So many eyes
around you The distant sounds as neon sparks light up my heart I'm gonna
find a brighter day”
♪♫

Mason vencido por ela começa a cantar baixinho no início, mas com o
decorrer da canção, contagiado pela letra e melodia ele começa a se soltar e
logo se vê cantando com Luna a plenos pulmões no carro, sem se importarem
com a afinação.

♪♫
“You shut your heart and shut my door You shut your heart When I say
hold me, when I say hold me, when I see Bright lights to guide Bright lights
to guide Bright lights to guide Bright lights to guide me home”
♪♫

Quando a música termina Luna desliga a câmera, ambos riam da


performance. Ele tinha que admitir que fora divertido.
Antes que ela possa guardar seu celular na bolsa, escuta o mesmo tocar,
Luna olha o visor e o nome de sua mãe aparece. Coloca na viva voz e pluga
no painel do carro de Mason. Qual o problema de atender uma ligação de sua
mãe na viva voz ao lado dele? Bem até onde ambos podiam imaginar, não
havia nenhum problema, mas em alguns instantes veriam que não era bem
assim.

Luna Iasune
— Ohayo Mama — diz Lua animada ao atender ao telefone.
[6]

— Ohayo Luna, como vai meu amor?


— Vou muito bem mãe — ela se lembra do fuso horário. — Ah não é tarde
ai? — Sua mãe morava no Japão há muitos anos com seu padrasto.
— Não muito. Queria falar com você antes do próximo fim de semana fim.
— Por quê?
— Luna, já se esqueceu? Ano novo japonês meu amor, é no início da
semana que vem.
— Ai meu Deus — Luna leva à mão a testa. — Mama como pude esquecer
gomenasai.
— Tudo bem querida, só queria te desejar um feliz ano novo japonês
adiantado, porque você sabe como são as comemorações por aqui elas
sempre começam na semana anterior e tem os preparativos e oferendas, com
certeza estará bem corrido.
— Ai que saudades de vocês, de você e de papai e do festival em Okisawa.
— Eu sei querida, também sentimos saudades. Ahh você ficava linda
naquele kimono tradicional.
— Você também mama.
Escuta a risada harmoniosa de sua mãe. Então para seu desespero ela
pergunta.
— Ah e seu Kono baka, como é que ele vai?
Lua começa a ter uma crise de tosse, oh céus, ela disse aquilo mesmo?
Disse MEU Kono baka? Ela olha ao seu lado e vê Mason erguer a
sobrancelha enquanto dirigia e claro lá estava aquele sorriso de canto
convencido, que ela secretamente amava.
— Mama se está se referindo a Mason eu disse que ele é UM Kono baka e
não MEU Kono baka— sorri sem graça.
— Pensei que tivesse dito que ele era seu. Enfim você vai comemorar o
ano novo com ele? Só porque não está aqui não quer dizer que não possa
comemorar sei como adora essa época do ano.
— Não sei, até que não é má ideia. Sinto falta das comidas e brincadeiras
dos festivais.
— Deveria comemorar.
Então quando Luna pensa que não podia piorar sua mãe lhe pergunta.
— Então, continua sonhando com Mason?
Lua arregala os olhos, não, aquilo não estava acontecendo, ela pensa.
Escuta Mason prender uma risada.
— Não sei do que está falando mama — Diz toda sem graça.
— Como assim meu amor? Ligou-me a duas noites e disse que tinha
sonhado com ele — Sua mãe ria— Seu pai quase pega a parte da conversa
que você disse que queria brincar de médico e paciente com ele.
Luna cobre o rosto com as mãos e escuta a risada de Mason, ele não
conseguira se segurar.
— Querida, tem alguém com você ai?
— Infelizmente mama.
— Então não deixe essa pessoa ouvir nosso papo de mãe e filha — Ela ri.
— De todo modo, preciso desligar.
— Sim mama, eu também — Por toda tropa estelar alguém pode, por
favor, jogar uma estrela da morte na minha cabeça?
— Lua?
— Sim mama — suspira.
— Você já pensou, ah você sabe, pensou nele, daquele jeito?
— Wow Wow Wow — Ela grita. — Mama não me sinto confortável com
isso, com esse tipo de conversa — por que ela simplesmente não desligava?
— Mas querida você falou que na sema... — Luna desliga.
— Mas que coisa feia Lua, desligar na cara da própria mãe, você é uma
menina muito má — Mason diz sorrindo sarcasticamente. — Só porque o
papo estava bom.
— Cala a boca e dirige — Diz sem olhar pra ele.
— Então. Médico e paciente é?
— Ela entendeu errado.
— Eu já te ofereci uma consulta várias vezes — Ele ri.
— Eu disse que ela entendeu errado — Cruza os braços na frente do peito.
Isso não está acontecendo!
— Sei, entendo— Ele olha rapidamente em sua direção, ela estava muito
irritada e envergonhada. — Sou o SEU Kono baka?
— Eu disse que era UM Kono baka e não o MEU Kono baka— Ela revira
os olhos, sua voz saindo mais alta do que queria.
Céus queria ter uma daquelas bolsas enfeitiçadas da Hermione para me
enfiar dentro. Ela pensa.
— Então apenas saiba que a consulta ainda está de pé, faço até a domicilio
se quiser. Uma curiosidade, eu estava usando somente o jaleco? — sorri de
canto.
Lua não o responde, suava frio, balançava sua perna esquerda
nervosamente e mordia seu lábio inferior com força. Ela o vê finalmente
estacionar no shopping.
— Eu...É...Eu...Ta— não sabia o que dizer, ela pigarreia. — Chegamos,
aleluia — Ela abre a porta sem que ele desligue o carro e sai com a bolsa nas
mãos, a apertando com força contra o peito, como se sua vida dependesse
dela.
Lembrete para ela mesma, nunca mais atenda no viva voz uma chamada
com sua maior confidente ao lado do cara por quem sentia uma forte atração.

Mason Carter
Mason não consegue parar de rir. Então ela sonhava com ele. Por um lado,
ele gostou de saber, gostou de saber que não era o único que já sonhou com a
melhor amiga. Ele se aproxima dela coloca a mão em sua cintura e ambos
caminham em direção a entrada do shopping.
— Podemos ir naquela lá? — ela aponta para uma loja que ficava bem na
entrada do shopping.
Mason olha na direção em que ela aponta, era uma loja de sapatos, ele
suspira e confirmando com a cabeça seguem em direção da loja.
Luna vai direto à sessão de All star, ela olha cada modelo com os olhos
brilhando, parecia até criança na manhã de natal ansiosa para abrir os
presentes deixados pelo papai Noel.
Mason a acompanhava, sempre ao seu lado como uma espécie de protetor.
Ele vê a enorme prateleira da loja repleta de tênis, era apaixonado por aqueles
modelos All Stars assim como Luna, mais uma das milhares de coisas que
tinham em comum.
Ela havia pegado um modelo de cor preta com cadarços brancos e detalhes
em azul nas laterais. Ele a vê percorrer os olhos a procura de alguma
vendedora que a atendesse e é quando uma loira alta, bem vestida com seu
uniforme da loja seus cabelos bem arrumados e sorriso sedutor estilo modelo
da Victoria Secret passa direto por ela e vai em direção a Mason.
A vendedora sorri sedutoramente para ele.
— Posso ajudar? — Ela passa as mãos em seus cabelos loiros ignorando a
presença de Luna ali.
Mason abre um grande sorriso e seus olhos fazem uma varredura rápida
pelo corpo daquela mulher a sua frente.
— Claro, seria ótimo — Ele responde.
— Procura por algo em especial? — a vendedora se aproxima cada vez
mais.
— Sim gostaria de ver esse modelo aqui — Luna interfere já irritada com
aquela ceninha, mas ela é simplesmente ignorada como se não estivesse ali.
— Chegaram vários modelos novos — a vendedora se dirigi a Mason, e
ele sorri de canto para ela.
— Você tem o número quarenta e quatro — Ele pega o tênis que antes
estavam na mão de Luna. — Nesse modelo?
— Sim claro — A mulher toca em seu braço.
Mason já estava acostumado com aquele tipo de atenção. Era sempre assim
quando saía. Bastava um olhar da maneira certa, um sorriso na hora certa ou
as vezes não precisava de nada, as mulheres sempre vinham até ele. Claro
que havia algumas mais difíceis, mas no geral todas acabavam cedendo uma
hora ou outra.
Envolvido pelo olhar que a vendedora lhe oferecia, ele não nota a irritação
de sua amiga. Mas sente quando ela o puxa pelo braço e o abraça pela
cintura. E ele de início não consegue evitar olhar surpreso para ela.
— Gostou desse amor? — Ela pergunta em um tom de voz meloso em
seguida aponta para o par de tênis.
Mason fica sem reação no primeiro instante, nota que a vendedora que
antes dava em cima dele se afasta. Luna o abraçava forte na cintura colando
seus corpos. O que ela estava fazendo? Como assim, amor? Então ele nota o
desconforto em seus olhos e não pode deixar de gostar daquilo. Como essa
Hobbit era ciumenta.
— Ahh sim amor e você gostou de algo? — Ele entra na brincadeira,
queria ver até onde ela iria com aquilo, ele leva suas mãos a parte de trás de
suas costas e desce vagarosamente até a curva onde começava seu quadril e
aperta de leve aquela região.
Ela disfarçadamente levanta suas mãos para um pouco mais acima da sua
cintura.
— Vocês estão juntos? — A vendedora pergunta.
— Sim dois anos maravilhosos ao lado desse cara — Ela responde com um
sorriso convencido no rosto.
— Pois é — Mason responde. — Dois maravilhosos e fantásticos anos —
Ele sorri a puxando para mais perto, descendo suas mãos novamente e
tocando sua bunda.
Luna ergue suas mãos novamente, abrindo um sorriso maior nos lábios
dele.
— Eu irei pegar o modelo senhor — diz a loira seu tom de voz mudara e
agora ela estava na defensiva.
Mason aperta mais Luna contra seu corpo em um gesto de posse.
— Perfeito e não se esqueça de trazer o número 34 também, querida —
Luna fala debochadamente enquanto sentia o abraço de seu amigo.
— Pois não senhorita — diz a loira.
Mason sussurra.
— Ciumenta.
A vendedora se afasta meio decepcionada indo em direção ao estoque,
quando ela está longe o suficiente, Luna empurra Mason para longe com
certa raiva.
— Ciumenta nada — ela reclama. — Sou sempre ignorada.
— Você é uma péssima mentirosa Lua e perdeu a chance de ganhar um
belo desconto no tênis e eu perdi uma chance com aquela loira gostosa.
— Então vai atrás dela idiota, tenho certeza que ela não vai se importar se
você tem ou não namorada — Ela bufa e se dirigi a saída da loja a passos
largos.
Mason corre atrás dela — Lua espera... — Ele a puxa pelo braço.
— Me deixa em paz Mason. — Ela se desvencilha dele.
— Lua, pare com isso — Ele a puxa novamente. — O que está havendo?
Você nunca agiu assim antes.
— O que está havendo? Meu Deus — Ela suspira insatisfeita e
pressionando a ponta do dedo indicador em seu peito. — Vou dizer o que está
havendo Kono baka. É sempre assim quando saímos juntos, você é paquerado
e eu fico de lado, sempre sou ignorada enquanto você paquera essas vadias
metidas a Barbie que aposto que não sabem sequer a diferença entre o
Chewbacca e o Spock e depois você sempre acaba transando e se
vangloriando para mim, enquanto eu poso de boa amiga — Ela bufa irritada,
sua face levemente vermelha.
— Você nunca pareceu se importar — Ele passa as mãos pelos cabelos
encarando sua amiga.
— Uma hora cansa Mason.
— Qual o problema? Eu também poso de bom amigo.
— Mais aí é que está você não vê os homens se jogando para cima de mim,
vê? Claro que não por que toda vez que um se aproxima e você está comigo
acaba o amedrontando, ergue seu corpo enorme de homem das cavernas na
direção dele o assustando e não me venha com essa de que não faz isso
porque você faz e sempre com o discurso de que “Ele não é bom o suficiente
para você” — ela faz aspas com as mãos. — Enquanto eu fico aqui vendo
você pegar todas essas mulheres sem dizer nada ou sequer interferir.
Mason encara Luna, ela estava realmente chateada, e sim ela estava certa,
ele fazia aquilo mesmo. Sempre depois que saía com alguém ele lhe contava
sobre como fora, e se ela pedia detalhes ele contava também, mas porra ela
nunca havia dito que aquilo a incomodava.
Ela o tratava como melhor amigo e ele a tratava como melhor amiga, só
que agora vendo sua reação ele percebe que na verdade a tratava como
melhor AMIGO, no masculino. Ele coloca as mãos em seus ombros.
— Me desculpe Lua, você tem razão, é que você nunca havia dito nada a
respeito e sempre ria com minhas histórias inusitadas e também nunca
pareceu se incomodar com as mulheres com quem já fiquei — Ele suspira —
I’am Sorry.— Mason a encarava estava sendo sincero e esperava que ela
percebesse isso.
Ela suspira derrotada.
— I’ts okay .
[7]

— E realmente nenhum cara que se aproximou de você servia, mas eu não


espantei o Luis, bom pelo menos não ainda — ele sorri.
— Porque vocês ainda não se conheceram de verdade.
— E você tem um imã para idiotas, olha só quem é o seu melhor amigo —
sorri sem jeito, Mason percebe que alguma coisa está mudando dentro dele já
fazia um bom tempo. Sentia-se bem, ao mesmo tempo confuso, pensava em
Luna de uma forma diferente.
— Pois é né?! — Suspira e sorri. — Podemos pegar nossos tênis e ir
embora? Ainda preciso passar em duas lojas.
— Pode pegar o seu, na verdade eu nem ia comprar mesmo.
— Por quê?
— Era só um meio de descobrir o nome e telefone da vendedora, mas pode
pegar o seu eu vou comprá-lo para você como pedido de desculpas — sorri
sem jeito.
Ela revira seus olhos.
— Quer saber, esquece — Então ele a vê sair da loja.
— Argh, Lua o que foi agora? — Ele a segue para fora da loja.
— Nada, eu preciso de um biquíni e uma lingerie preta e de preferência
com cinta liga e meia calça.
Ele sabia que Luna se sentia à vontade para falar desses assuntos com ele,
bom pelo menos a questão das roupas e peças intimas, ela não tinha muitas
amigas com quem compartilhar aquilo, então ele meio que virou essa
“amiga”, mas apenas nesse sentido.
Oh céus, ele pensa podia até visualizar a cena dela vestida apenas com que
acabara de dizer. O canto de sua boca se ergue em um sorriso discreto. Pare
ai mesmo Mason, ela é sua amiga nada mais, ele se repreende.
— Não quer mesmo o tênis, aproveite que hoje estou bonzinho.
— Não tudo bem, depois eu vou à outra loja e compro, agora preciso
comprar o que te falei. Quero algo especial — Então ela completa. — Quem
sabe um salto vermelho para combinar — Diz em voz alta. — Olha acho que
prefiro isso a um tênis.
— Vai ser um passeio emocionante — Ele diz ironizando.
— Vem! — Ela o puxa pelo braço.
Mason é arrastado por ela por todo o shopping, eles olham as várias
vitrines. Aquilo parecia que não tinha fim. Quando ele pensava que havia
acabado e que finalmente ela escolhera uma para entrar, virava para ele e
dizia “Acho que vou olhar o outro corredor”.
Meu Deus, quantos corredores há nesse shopping? Pensava enquanto mais
uma vez era puxado pelo corredor. Quantas lojas de lingerie existem?
Eles param em frente da loja que ele achava ser a centésima de roupa
intima. E olhando para ele podia jurar que já encarara aquela vitrine pelo
menos umas quatro vezes, mesmo Luna lhe dizendo que não.
Assim que entram Mason percebe os olhares das vendedoras e clientes
para ele, ao olhar para sua amiga ela parecia não perceber, pois senão teria
escutado novamente o discurso de “eu poso de boa amiga”. Ela o arrastava
pela loja alheia a todos aqueles olhares cobiçadores.
— O que acha? — ela estende para ele uma camisola preta de renda com
babados.
Ele encara a pequena peça intima. Shit! Porque tinha que ser preta? Ele
tinha um fraco por lingerie preta.
Sua mente inevitavelmente imagina Luna usando aquela peça, ele sente um
leve arrepio, ela ficaria linda usando uma daquelas, mas então ele se lembra
de quem a veria usando aquela delicada peça de renda seria Luis e isso o
incomodou muito e não sabia o porquê, mas nas últimas semanas a
aproximação dos dois o deixava irritado. Será que Luna estava certa? Ele
sentia ciúmes? Não, não podia ser isso.
— Ah eu pensei que você havia mencionado que o Dr. Extenso gostava de
branco — Ele tosse para disfarçar sua perde momentânea da voz.
— E gosta, mas preto é bem mais sensual, não é?
Merda porque eu tinha que ter aceitado ajudar Lua com isso?
— Você sabe que sempre vou preferir o preto, é muito mais sexy e com
renda mais ainda, mas também acho que com a idade que terá quando isso
acontecer entre vocês essa peça não combinará mais — ele pega uma
camisola mais longa de tecido de algodão para senhoras de idade que
estavam ao seu lado e sorri de canto.— Essa ficaria melhor.
— Você não presta sabia?
— Eu sei disso — Ele sorri.
Luna pega a peça e segue até um provador. Enquanto ele espera do lado de
fora encostado na parede a frente.
— Mason... Pode me ajudar?
Ele ergue a sobrancelhas encarando sua amiga que colocara os olhos por
cima da porta.
— Não nesse sentido idiota — Ela bufa, conhecia bem aquele olhar. — O
feixe prendeu no meu cabelo, preciso que me ajude a tirar, to com medo de
puxar e estragar o zíper, por favor, Kono— diz lhe implorando.
Ele suspira. Não existia punição maior para um homem que ansiava em se
deleitar dos prazeres carnais e nem por um segundo poderia tocar naquela
mulher.
Muitos acreditam que existe inferno após a morte. Mason acreditava que não.
As punições são dadas aqui, e aqui cumprimos nossa sentença. Aquilo com
certeza era a sua sentença.
— Fecha os olhos — ela complementa quando ele após olhar para ambos
os lados se aproxima.
— Por quê? Já te vi de camisola quando ficou bêbada depois da nossa
saída.
— Argh, você tinha que lembrar?
Mason sorri de lado.
— Fecha logo os olhos e me ajuda a tirar isso.
— Ta legal Hobbit.
Ele entra no provador com os olhos fechados. Toca seus cabelos e procura
o feixe, não estava conseguindo achar então ele abre os olhos um pouco, ela
estava de costas não ia perceber. Mason passa as mãos delicadamente pelas
suas costas. Descobre que ela tinha covinhas na base das mesmas e sorri, logo
depois de notar aquilo ele vê que Luna tinha quatro pintas nas costas uma
atrás da outra bem alinhadas, nunca havia prestado atenção assim.
Logo mais acima, desenhado naquela pele macia, se surpreende ao
encontrar uma tatuagem. Era o capacete de um Stormtrooper, e faz um
esforço muito grande para não começar a rir.
— Terminou? — ela pergunta impaciente.
— Sim — Ele pigarreia, não havia percebido o quanto ficou distraído,
tanto que mal percebera quando arrumou o feixe daquela camisola de renda.
Produtos químicos voláteis exalavam do seu corpo, mexendo com sua
imaginação, ele tinha até medo dos pensamentos impuros que permeavam sua
cabeça naquele momento ao olhar rapidamente sua amiga vestindo aquela
peça intima minúscula, revelando curvas em seu corpo que ele se permite
pensar o quanto adoraria percorrer cada centímetro delas.
Pare de pensar nisso Mason, pare. Sua mente gritava. Ele pisca várias
vezes e sai do provador a deixando ali. Quando ela sai do provador ele a
encara com um sorriso divertido em seu rosto.
— Interessante essa sua tatuagem de Stormtrooper — Diz a provocando.
— Argh Kono baka você olhou?! — Diz irritada.
— Você acha que um homem que entra no mesmo provador que uma
mulher para ajudá-la a fechar uma peça intima ia mesmo ficar de olhos
fechados? Então, ainda não tinha visto essa tatuagem.
— Eu a fiz há dois dias.
— Por quê?
— Porque quis marcar minha devoção à tropa estelar na pele.
Ele cruza os braços e encosta-se à parede da loja novamente. Ele observa
sua amiga pegar suas coisas e pagar a peça junto com um biquíni também da
cor preta no caixa.
— Lanchonete? — ela pergunta com as sacolas nas mãos.
Logo na entrada os dois veem a promoção do dia onde coincidentemente
eles estavam distribuindo mini bonecos do Star trek. Mason arregala seus
olhos.
— Preciso para minha coleção.
— Boa sorte, olha só a fila para o lanche?! — ela aponta a enorme fila.
Ele se vira para ela.
— Você vai comigo pedir um lanche.
— Sem essa, não vou pagar esse mico.
— Lógico que vai e vai pagar comigo, não sou tão malvado assim a ponto
de te fazer pagar sozinha né?
— Argh, eu odeio essa imitação fajuta de Star Wars.
— Não me faça bater em você em público Lua, posso muito bem te dar
umas palmadas nessa sua bunda aqui mesmo — ele sorri maliciosamente.
Lua fica corada.
— Star trek é a perfeição e você vai assistir ao filme comigo. No cinema e
em 3D. Mas por hora você vai comprar o lanche comigo e me dar o seu
boneco.
Luna o encara ainda um pouco corada com seu último comentário sobre as
palmadas.
— Mais nem pensar, se eu vou pagar por essa merda quero ficar com o
brinde pelo menos.
— Você me fez escolher peças intimas com você, que tipo de homem faz
isso? Você me deve muito depois dessa.
Ela começa a rir.
— Ainda assim ficarei com meu brinde.
Suspirando ele fala.
— — Ok eu pago seu lanche e você me dá o seu boneco o que acha?
— Nem pensar você vai pagar e eu vou ficar com meu brinde.
— Mas você odeia Star trek— diz chateado.
— Eu te dou meu boneco se você compra para mim uma camiseta da nova
coleção Star Wars.
Ele começa a rir.
— Eu vou a uma loja de lingeries com você, pago seu lanche, você rouba o
boneco que por direito é meu e ainda tenho que te comprar uma camiseta? Do
Star Wars ainda por cima? Onde há justiça nisso? — Ele começa a gargalhar
na fila arrancando olhares das pessoas que ali estavam — Vocês mulheres
sempre dão um jeito de arrancar dinheiro de nós homens.
— Olha aqui — Ela diz rindo. — Eu te aturei quando você me fez assistir
essa série idiota, pela santa mãe de Vader vai querer ou não o boneco? É
pegar ou largar?
— Tudo bem — Ele suspira irritado. Mason paga ambos os lanches e
depois de comerem o dois caminham em direção a loja..
Luna escolhe uma camiseta branca com a máscara do Darth Vader
estampada bem no meio, Mason estava com uma cara de impaciência ao ver
sua amiga escolher a camiseta que ele iria comprar, ele a paga e a vê sair toda
feliz da loja com a sacola nas mãos.
— Para onde agora? — ele pergunta.
— Preciso voltar a clínica, Texano.
— É também preciso voltar minha agenda está lotada hoje — suspira. —
Que horas vocês partem no fim de semana?
— No final da tarde de sexta, amanhã.
Já no estacionamento ela guarda suas compras no banco de trás do carro de
Mason. O celular dele toca e ela olha de relance a tela e revira os olhos.
— Não vai atender texano?
Mason encara a tela e então atende.
— E aí, médico gostosão.
— Olá Barbie.
— Vamos sair na sexta? Ou prefere ficar mais uma vez com sua
amiguinha? — a voz dela era de desagrado ao telefone ele pode perceber.
— Barbie eu vou ficar com você e ela é minha amiga, não tem porque se
preocupar.
— Não estou preocupada.
— And I really want to see you hot body — ele pode escutá-la rir
baixinho, Mason tinha um sotaque americano que usava ao seu favor sempre
que podia, as mulheres adoravam.
— Perfeito te espero no meu apartamento my Love.
Ele concorda e então desliga seu celular o guardando no bolso da frente de
sua calça. Mason liga seu carro e parte precisava deixar Lua na clínica antes
de seguir para seu trabalho.
— Corpo quente é? — ela provoca.
— Não é educado ficar ouvindo as conversas alheias sabia?
Lua ri para disfarçar seu incomodo.
— É mesmo? Também não é educado espiar os outros trocando de roupa
Kono baka.
— Jamais faria algo assim — ele dirigia passando pelos semáforos. — E
hoje no provador não conta, lembre-se que você me chamou para ajudar —
ele rebate.
— Suki desu, itsu konran suro sutei Mason.
[8]

— Não entendi porra nenhuma do que disse Lua. Já falei para parar de
falar comigo em Japonês, sabe que me incomoda não entender. — Ele estava
concentrado na direção.
Ela ria, adorava ver a confusão em sua cara.
— Argh, não é justo você falar comigo em japonês sabe muito bem que
não entendo nada e eu falo em inglês, mas você entende tudo e ainda me diz
sei lá o que e depois fica me encarando sorrindo, aposto que fica me
xingando — ele bufa.
Lua solta uma gargalhada.
— Aprenda japonês como eu aprendi inglês, problema resolvido.
— Como se fosse fácil — ele suspira. — Já sofri para aprender o
português. Isso porque minha mãe é brasileira.
— Você ainda erra algumas palavras.
— Você me ajuda a corrigir, mas japonês nem traduzir você traduz só fica
ai rindo.
— Eu não rio.
— Está fazendo isso agora — Diz frustrado.
— Ta legal — ela nota seu incomodo. — Vou te dar uma trégua tudo bem?
— Não vai durar 24 horas aposto.
— Claro que vai Kono baka.
— Mais que porra Lua em dois anos você nunca me disse o que significa
Kono baka.
— Suki desu, itsu konran suro sutei — ela diz novamente.
— A trégua não durou nem dois minutos, me fala o que significa essa
porra de Kono baka.
— Não vai querer saber — Ela não parava de rir.
Mason suspira.
— Se você continuar assim não vou mais falar com você, porque não fala
assim com o doutor peixes quem sabe ele goste, pode até dizer que ele tem o
pinto pequeno que ele vai achar fofo, pois não vai entender.
— Quem sabe né? Quando falo isso em japonês para você, você meio que
ri. — Ela segura o riso.
Mason para o carro bruscamente.
— Pronto chegamos. — Estavam de frente a clínica de Lua.
Luna pega as suas sacolas no banco de trás e abre a porta do carro — Até
mais Kono baka
— Espere — Mason a chama de dentro do carro, ela para do lado de fora
ainda com a porta aberta.
Mason pega uma pequena sacola no banco de trás, uma que Lua não
reparara que estava ali, ele lhe entrega e ela pega.
— É para o Dr extenso usar para te seduzir. Para esquentar o clima, não sei
se ele tem uma a sua altura, então resolvi presenteá-lo — sorri e pisca.
Luna abre o pacote e começa a gargalhar, não consegue se segurar, dentro
da sacola havia uma cueca infantil do Darth Vader. Ela não sabia como ele
conseguia fazer isso, sempre a fazia rir, sempre a surpreendia, não imaginava
mais como seria sua vida sem aquele idiota.
— Você é um verdadeiro Kono baka mesmo, você é doido — ela ainda ria
com a cueca nas mãos.
— Faça uma boa viagem Hobbit. Qualquer coisa sabe que pode me ligar,
não importa o horário.
— Você não está se esquecendo de nada não?
— O que? Beijo de despedida? — sorri pra ela enquanto dava partida no
carro.
Luna se debruça no banco do carro se aproximando dele, coloca uma das
mãos em seus ombros, Mason acha muito estranha aquela aproximação, não
esperava por aquilo, em nenhum momento ele desvia seus olhos dos dela.
Com a mão livre ela a leva até sua cintura e no seu bolso da frente ela coloca
o mini boneco do Spock do lanche que ele havia pagado pra ela.
— Não pense besteira Kono baka, nem se me pagasse eu te beijaria — ela
sorri sem jeito, seus lábios muito próximos ao seu rosto.
— Eu? Pensar besteira? Imagina nem combina comigo isso — ele sorri.
— Não sou como as mulheres com quem fica, por isso nos damos bem,
você é meu melhor amigo.
Não, você não é como elas. Você é muito melhor, ele se pega pensando.
— Segredo para amizade entre homens e mulheres, ande com um cara que
pegue modelos gostosas — lhe oferece um sorriso malicioso.
— E que seja idiota.
— Mas um fato importante é que eu sou o seu idiota e você é a minha.
— Sou sua sim — sorri. — Amiga.
Por que aquela palavra o estava incomodando tanto? E ela insistia tanto em
lembrar a todo o momento.
— Entregue meu presente para Luis.
— Pode deixar.
— Boa viagem Hobbit.
— Sayonara kono baka.
Mason suspira enquanto a vê se afastar e entrar na clínica. Agora já chega
preciso saber o que significa kono baka. Decidiu que quando chegasse ao
hospital veria isso. Ele dá seta para sair e parte pela avenida.
Já em seu consultório ele liga seu notebook e abre a página do Google
Translate, seleciona o idioma e digita, Kono baka. Quando o significado
aparece na tela ele começa a rir, as grandes letras pretas brilham. KONO
BAKA, tradução mais próxima para o português GRANDE IDIOTA.
Mason logo em seguida pega o celular e digita uma mensagem para Luna.

Luna Iasune
Ao colocar seu jaleco Lua sente seu celular vibrar, ao pega-lo ela lê a
mensagem de Mason e ri, e digita de volta.
Lua guarda o celular sorrindo, ela iria sentir falta dele no fim de semana.
“A necessidade de encontrar outro ser humano com quem compartilhar a vida sempre me assombrou, talvez porque me dê bem comigo mesmo. Dito isso, desejo que sejam muito felizes
juntos, assim como sou comigo mesmo.”
Sheldon Cooper

Luna Iasune
Aquela tarde após sua ida ao shopping, Luna se encontrava terminando os
últimos preparativos para sua viagem. Ela e Luis partiriam amanhã pela parte
da tarde. Ela já tinha pegado os pôsteres, panfletos que mandaram fazer
falando da importância da prevenção da doença, nos panfletos também
diziam os possíveis tratamentos em caso de o animal contrair a mesma e a
parte que ela menos gostava o sacrifício caso a doença de agrave.
Costumava dizer que um médico veterinário deveria ser sincero em tudo e
deixar a par o dono para caso ocorra tal ato.
Quando seu expediente chega ao fim ela pega seu carro e parte para casa,
ainda precisava fazer sua mala e preparar Mística, sabia que sua labradora iria
amar o passeio ainda mais com Zeus ao seu lado, seu companheiro de
travessuras.
Na tarde sexta feira ela já estava pronta. Tinha ido a clínica de taxi com
Misty. Luna não teve tempo de ligar para seu amigo, estava ocupada demais
adiantando os laudos de alguns de seus pacientes, não queria deixar o
veterinário que iria ficar em seu lugar sobrecarregado.
Ela agora esperava a chegada de Luís, ele precisou passar antes no aquário
e depois em casa para buscar Zeus. Quando ela vê seu carro virar a esquina e
se aproximar abre um largo sorriso, Misty começa a dar pulos ao notar seu
amigo com a cabeça para fora da janela, o mesmo fica tão animado quanto
ela quando a vê. Luis coloca seu cão no banco traseiro e desce do carro, ele
beija o rosto de Luna delicadamente e pega sua mala a colocando no porta-
malas, abre a porta traseira e Misty pula para dentro, ela e Zeus lambem um
ao outro, animados. Ao entrar no carro pega seu celular e manda uma
mensagem a Mason.

Mason Carter
A tarde de Mason foi bem cheia, ele nem sequer teve tempo de olhar o
celular para saber notícias de sua amiga, a vontade de olhar a cada minuto era
exorbitante, mas não foi possível, como ele era ginecologista e obstetra além
de suas consultas rotineiras Mason havia feito dois partos naquela tarde do
quais um era de alto risco. Quando já havia terminado tudo eram 20:30 da
noite, ele suspira aliviado pega seu celular e sorri ao ver na tela o nome de
Luna. Havia enviado a algumas horas aquela mensagem, ainda devia estar na
estrada, seria legal ligar para ela? Ele pensa. Ou espero mais tarde quando o
Dr. Extenso estivesse tentando alguma coisa com ela? Ele se irrita com
aquele pensamento, não entendia o que estava acontecendo com ele o que era
aquilo que sentia? Ciúmes? Não é claro que não aquilo era apenas porque não
foi com a cara do doutorzinho dos peixes.
Ele sai de seu consultório e pega o elevador até o térreo, no
estacionamento ele destrava as portas de seu carro e entra soltando um
suspiro de alivio. Não iria ligar para Luna, e também não iria ficar em casa
reclamando que nem uma mocinha abandonada pelo rapaz no baile da escola.
Não. Ele iria sair. Com o celular nas mãos ele disca o número de Barbara.
— Hey Sweety — a voz melosa dela invade seus ouvidos.
[9]

— Hello my dear, aonde você quer ir essa noite? O doutor Carter é todo
seu.
— Podemos ir a uma nova boate que abriu, ela fica no centro e soube que o
DJ lá é incrível.
— O que você quiser Sweety.
— Você está onde?
— Estou saindo da clínica te pego às 23h?
— Perfeito honey.
Mason desliga o telefone e parte para casa. Quando finalmente para em
frente ao seu prédio meia hora depois ele pega seu celular e encara a tela,
pensativo. Não ia conseguir, precisava falar com aquela Hobbit e então
responde sua mensagem.

Ele sorri ao sair do carro, guarda o celular em seu bolso e segue para seu
apartamento e lá dentro o esperando encontra seu amigo Gandalf afiando suas
unhas no seu arranhador. Ele faz carinho no mesmo e segue até o banheiro,
precisava de um banho.

Barbara Bittencourt Barbara começa a se arrumar cedo. Vai até seu


enorme closet e prova mais de vinte modelos de vestidos, no final opta por
um preto tubinho que ficava colocado em seu corpo evidenciando suas
curvas. Ele tinha um grande corte V nas costas e seu busto era alinhado.
Escolhe seus sapatos altos de cor vinho da Prada e começa a escovar seus
enormes cabelos loiros. Sua maquiagem era bem sofisticada ela havia
destacado bem seus olhos e boca. Dona de uma beleza escultural ela usava e
abusava disso para conseguir o que queria principalmente dos homens.
Seu pai era dono de algumas empresas distribuidoras de café na região por
isso dinheiro nunca foi problema, ela gastava mais do que o necessário
principalmente em roupas e sapatos, admitia que aquilo era seu vício. Estava
sempre estampada nas capas de revistas nacionais e internacionais, pois além
de ter um pai rico era modelo de lingerie, assinara recentemente um contrato
de um ano com a marca Victoria Secret’s. Adorava se exibir principalmente
quando estava ao lado de Mason. Barbara o conhecera em uma das muitas
baladas que ia e sabia que ele era diferente com seu sotaque americano, sua
beleza quase tão chamativa quanto à dela, sabia assim que o viu que ele seria
mais do que apenas uma transa. Claro que não tinham nada sério, sempre
foram claros quanto a isso, mas ainda assim gostava de sua companhia.
Bom pelo menos ele estaria com ela e não com sua amiguinha sem graça
assistindo filmes idiotas de ficção cientifica.
Ela termina de se arrumar e aguarda no Hall do seu apartamento luxuoso a
chegada de Mason.

Luna Iasune
Luna e Luís chegam ao hotel sem problemas. A viagem tinha sido
tranquila e ela dormira quase o tempo todo, estava muito cansada, o percurso
até a aquela cidade tinha sido tranquilo, tirando uma ou duas paradas para
abastecer e para seus cães fazerem suas necessidades.
O hotel que se chamava Rei do sul era lindo. Sua fachada tinha um toque
rústico pintada de azul claro e branco, tinha enormes portas de vidro na
entrada e o saguão era de tirar o fôlego com esculturas e quadros nas paredes
de querubins e pinturas no teto.
A área de lazer para os animais ficava atrás da enorme construção, no
panfleto que pegaram na recepção dizia haver várias atividades para o
hóspede e seu melhor amigo. Luna achou aquilo incrível e depois da palestra
pensou em passear com sua amiga em alguns dos pontos turísticos da cidade.
O seu quarto e o de Luis ficavam ambos no quinto andar, logo que
entraram um funcionário do hotel os abordou indicando a direção do elevador
e colocando suas malas no carrinho, ele pega Misty e Zeus e entrega a outro
funcionário responsável pela área de lazer. Luna se despede de sua amiga e
faz um carinho no seu companheiro de travessuras, Luis faz o mesmo e
ambos veem seus melhores amigos serem levados, ela não podia deixar de
sentir certa tristeza por ficar longe de sua fiel companheira, mas ela sabia que
os dois tanto Misty como Zeus seriam bem cuidados.
Os dois então seguem para seu quarto. Quando estão na porta que ficava
um de frente para o outro, um detalhe que não contara para Mason, o deixara
pensar que iam ficar no mesmo quarto só para ver seu desconforto, Luis se
vira e pergunta: — Lua você gostaria de fazer alguma coisa depois do evento
comigo? — ele a olha sem jeito. — O hotel tem várias atividades bacanas.
— É... Tudo bem Luís.
— Ótimo, depois do evento podemos ir ao parque da cidade é um ponto
turístico bastante visitado segundo minha pesquisa.
— Vou adorar — ela sorri.
— Então boa noite Lua.
— Kowbawa Luís.
[10]

— Anata no Tami — ele sorri timidamente.


[11]

Luna o encara surpresa, quem diria ele era uma caixinha de surpresas não
imaginava que ele soubesse falar japonês, como se lesse seus pensamentos
Luis fala: — Dois anos de intercambio na província de Ishikawa.
— Onegai! Sempre quis visitar, mas nunca tive a oportunidade — ela sorri.
— Bom, está um pouco tarde então, até mais Luis — Diz abrindo a sua porta,
Luis assente e entra em seu quarto.
Lua tateia sua bolsa em busca do seu celular e olha a caixa de mensagens
ela sorri ao saber que Mason enfim havia respondido. Lendo aquela
mensagem ela decide provocá-lo e responde:

Sorrindo ela clica em enviar. Levanta-se e começa a procurar seu pijama


dentro das malas, ao finalmente encontrá-lo e vesti-lo ela escuta o bip do
celular, e sorri ao ver o nome de Mason na tela. Como ela queria ter visto a
cara dele ao receber a mensagem. Ao abrir o que ele enviara ela não segura
um leve grito de frustração, ahh como ele consegue?

Não teve tempo de pensar em uma resposta, pois logo em seguida ele
manda outra de suas provocações.

Argh, ela começa a digitar furiosamente e envia sua resposta.


Luna encara aquela última mensagem, aquilo a entristeceu, não gostava de
pensar em Mason e Barbara juntos, sempre que eles saiam ela ficava daquela
maneira, já dá para ter uma noção disso depois daquela cena em que brigara
com ele no dia que estava passando mal por causa da TPM. Ela não suportava
Barbara, ela era uma típica modelo patricinha, alta, linda, magra, rica, fútil,
vazia e pelo o que Mason já lhe dissera uma vez, era muito boa de cama.
Mas por outro lado Luna estava até que se divertindo.
Será mesmo que Mason acha que ela está dividindo um quarto com Luis e
transando com ele? Ela abre um sorriso e começa a rir deitada em sua cama
de solteiro, com seu pijama do Darth Vader largo e confortável. Sim ela havia
comprado uma lingerie preta, mas nem sabia se iria usar, quem sabe as coisas
entre ela e Luis esquentassem um pouco e ela fosse precisar, mas era só uma
remota possibilidade.
Aos 25 anos Lua ainda era virgem, sim ela era, mas não por falta de
oportunidade, por escolha mesmo, alguns acontecimentos do passado a
fizeram tomar essa decisão e era feliz dessa maneira. Estava focada em sua
carreira, e para falar a verdade nunca sentira realmente desejo por ninguém
até esbarrar em certo Kono paca. Ela após controlar seus sentimentos e
pensamentos responde à mensagem de Mason.
Ela aguarda alguns minutos, esperançosa por uma resposta de Mason, mas
não recebeu nenhum, ele nem havia visualizado a mensagem, deveria ter
saído mesmo com Barbara e por que ele não faria isso? Luna coloca o celular
de lado e liga a TV do quarto, procurando entre os canais algo para distraí-la,
logo ela cai no sono.

Mason Carter
Já pronto para sair Mason caminha até sala pegando suas chaves. Gandalf
o esperava ao lado da porta e mia quando ele passa.
— Acho que volto pelo amanhã Gandalf, se comporte. Nada de chamar
gatinhas na minha ausência — Gandalf o encara e mia em resposta, às vezes
ele realmente achava que aquele gato entendia o que ele dizia.
Vinte minutos depois ele estacionava na frente do prédio de luxo que
Barbara morava, podia vê-la o aguardando na frente digitando algo no
celular, aquela era uma cena típica, Barbie e seu celular eram inseparáveis.
Ele buzina para chamar sua atenção e então ela o vê, e desfila pela calçada,
muito gostosa com aquele minivestido preto. Céus como tenho um fraco por
preto.
Ao abrir a porta do carro Barbie entra e ainda digitando em seu celular e
reclama.
— Nossa, até que enfim, achei que tivesse esquecido. Sabe que detesto
esperar, meus Jimmy Cho não foram feitos para isso — diz ela se referindo
aos próprios sapatos. — Podemos ir?
— Desculpe o atraso Barbie e Jimmy — brinca ao olhar para os sapatos e
se aproxima dela para beijá-la, mas se sente ser empurrado de leve.
— Nada de beijo agora, senão terei que retocar o batom — ela se olha no
espelho do carro checando se estava tudo perfeito. — Tentei te ligar a tarde
toda onde você estava? Aposto que com sua amiguinha — ela suspira.
— Estava ocupado Barbie, estava trabalhando. Hoje foi bem corrido, fiz
dois partos essa tarde, um era de risco e o outro era de trigêmeos — suspira
ligando o carro. — E pare de implicância com Luna, somos apenas amigos eu
já te disse isso.
— Tanto faz, não sei o que vê naquela garota sem graça.
— Ela é — ele queria dizer tanta coisa sobre Luna, poderia falar durante
bastante tempo sobre ela, mas decide apenas dizer. — Diferente.
— Aff Mason, veterinária? Que nojo, deve ficar fedendo cachorro o dia
todo.
— Eu sou obstetra, não se incomoda com o cheiro de placenta? — ele ri
baixinho e logo vê a expressão séria de Barbie, Luna teria dado muita risada
com isso, ele pensa.
— Ai que nojo Mason, pare está me deixando enjoada.
Mason estaciona na frente da nova boate, ele sai do carro, entrega a chave
para o manobrista e abre a porta para Barbie sair lhe estendendo a mão.
— Reservei a área vip pra gente — ela diz ao sair do carro.
Porque isso não me surpreende? Ele pensa ao guiá-la para dentro.
A boate era incrível com decoração em tons de preto e vermelho, tudo um
pouco gótico, a música que tocava era uma da coleção de Calvin Harris.
Barbie dançava e bebia, ela amava beber quando saia para dançar. Ela
olhava para Mason que dançava junto com ela, seus corpos colados no meio
da pista, ela esfregava seu corpo no dele e podia ver o olhar que desejo que
ela lhe dava, suas mãos apertavam sua cintura e seus lábios lhe beijavam.
Depois que saíssem dali iria com ele até seu apartamento e lá teriam uma
noite de sexo que só Mason sabia como fazer. Ele sabia que ela não gostava
de ir ao apartamento dele, simplesmente por causa de Gandalf, ela odiava
animais e seu amigo peludo claro não gostava muito dela. Da última vez que
fora lá acabara com vários arranhões.
Mason sentia a música e os movimentos de Barbie contra seu corpo, ela
segurava um copo de alguma bebida na mão, Mason não era muito de beber
em boates, geralmente não bebia nada além de um copo de alguma coisa, pois
ele gostava de curtir a boate e as mulheres, e bêbado não conseguiria fazer
isso. Após algumas horas dançando e beijando Barbie ela decidiu que era
melhor eles continuarem a festa deles em outro lugar, já que as coisas
estavam esquentando entre eles.
Eles seguem até o apartamento de Barbie e lá podem finalmente se
entregar a dança que eles realmente queriam. Essa que começou na porta do
apartamento mesmo antes que eles entrassem, depois fizeram alguns passos
de dança na sala, e o ato foi transferido para outro palco, um palco grande,
macio e coberto por lençóis caros de linho. Durante a madrugada toda eles
transaram, hora selvagem e outras mais românticas.
Na manhã seguinte Mason acorda e tateia a cama ao seu lado, mas não
encontra ninguém, Barbie já devia ter levantado. Vira seu corpo na cama
ficando de barriga pra cima, procura no criado mudo o seu celular. O cômodo
estava escuro, podia ver que era dia através das cortinas, mas não sabia que
horas poderiam ser.
Ao acender a tela do seu celular vê que já passava das 11 horas da manhã.
Ele arregala os olhos, dormira demais, repassa sua agenda daquela manhã e
não se lembra de ter consulta alguma, tinha no fim da tarde apenas, era seu
plantão noturno. Ele vê a mensagem que Luna lhe enviara na noite passada, e
suspira, não queria nem pensar nela com o Dr. Aquaman. Decide se distrair
um pouco, para tirar aquela imagem da sua cabeça, ele abre o Facebook,
responde algumas mensagens, e então quando finalmente consegue esquecer
um pouco ele vê a foto que Luna acabara de postar.

Luna Iasune
Já passara da hora do almoço, Luna e Luis estavam acordados desde as 07
horas da manhã, a campanha tinha ocorrido muito bem. Nem sabia a
quantidade de cães abandonados que vira ao visitar um canil naquela manhã,
aquilo cortou seu coração.
Eles tinham acabado de voltar para o hotel e estavam sentados embaixo de
uma árvore em uma grande área verde reservada para piqueniques. Várias
crianças corriam com seus cães, e Luna observava Misty se divertindo com
Zeus não muito longe dali. Ela e Luis passaram comprar algumas coisas para
comer e agora ambos devoravam um hambúrguer.
— Acho que foi um dia muito bem-sucedido hoje — diz ele após engolir
um pedaço generoso do lanche.
— Sim foi ótimo, mas só fico triste com a quantidade de abandonos.
— Pelo menos eles têm a nós para ajudar, é uma das razões pela qual
viemos.
— É isso o que me conforta um pouco — ela sorri. — Luis que tal tirarmos
uma foto para comemorar o dia de hoje?
— Ótima ideia Lua — ele amassa a embalagem do lanche que terminara de
comer. Após se levantar e jogar em um lixo ali perto se senta ao lado dela. —
Vou sempre querer me lembrar desse dia, desse fim de semana na verdade —
ele sorri pra ela.
Lua sorrindo liga sua câmera frontal se aproxima de Luis colando seu rosto
ao dele.
— Sorria Luis — ela o vê abrir um sorriso muito bonito e sincero, então
tira a foto.— Agora sua vez de tirar.
Luis pega seu celular ligando a câmera, ele fica próximo dela novamente
sorrindo para a lente, então é surpreendido por um beijo de Luna em sua
bochecha e acaba tirando a foto daquela maneira. Ele abre a galeria e procura
pela foto, a mostrando para ela.
— Você ficou linda na foto, você é linda de qualquer maneira — sorri
timidamente. — Lua posso te perguntar uma coisa? Pode parecer atrevimento
meu, mas é — Pigarra, aquilo parecia o incomodar um pouco — O que você
tem com Mason?
Mason é meu amigo. Um amigo que me faz ter sonhos indecentes com ele e
que eu tenho muita vontade de beijar as vezes.
— Mason é meu amigo.
— É que sei lá, ele não pareceu muito feliz em me encontrar na sua casa
aquele dia que dormi la.
— Ele é assim mesmo Luis, chato desse jeito, mas ao conhecê-lo melhor
você acaba gostando dele, você se acostuma — ela dá de ombros.
— Ele vai muito na sua casa?
— Ahh, as vezes — ela diz desconfortável, na verdade nos vemos quase
todos os dias, ela pensa.
— Se ele é tão chato por que você anda com ele? Não tem opção?
— Ele é — ela para e pensa, tinha tantas coisas para dizer sobre ele. —
Diferente — ela diz simplesmente.
Ela nunca encontrou palavra melhor para descrever Mason, não podia dizer
que ele era incrível, divertido e que toda vez que estava por perto seu coração
pulava e também não podia dizer que estava apaixonada por ele.
Estou apaixonada por ele? Não viaja, claro que não. Estou?
— Humm — ele diz sem realmente entender o que ela queria dizer, então
se aproxima dela — Sabe Lua queria saber se hoje queria sair para jantar
comigo? Sabe, sair para conhecer a cidade.
— Nossa — diz surpresa. — Tudo bem, claro — ela sorri.
— Por que a surpresa?
— Você sempre foi tão tímido, sempre eu que te convidava para o almoço.
— Eu gosto muito da sua companhia e queria poder ter a oportunidade de
repetir aquele dia, o beijo e todo o resto — dizia timidamente.
— Vou adorar Luis — ela sorri.
— OK. Então passo no seu quarto lá pelas 18 horas pode ser?
— Claro, estarei esperando.
Lua pega seu celular e entra no Facebook, e posta duas fotos, uma deles
com Misty e Zeus que haviam tirado mais cedo e a foto de ambos com os
rostos colados.
— Vou conversar com alguém na recepção, ver se me indicam algum lugar
legal para te levar.
Luna coloca uma legenda nas fotos na sua Timeline. “Nada melhor do que
curtir um final de semana com a pessoa certa” Ela escreve. Marca Luis e
posta. Então ela e ele pegam Misty e Zeus e caminham até o hotel. No
caminho Luna nota que Luis digita algo em seu celular e no mesmo instante
que ele abaixa o mesmo e o guarda no bolso, ela recebe uma notificação.
Quando abre sua rede social se depara com um comentário muito fofo que ele
lhe enviara.

Luis deixa Luna em seu quarto, e parte para a recepção descobrir lugares
que poderia levá-la para sair. Em seu quarto Luna começa a procurar uma
roupa para aquela noite com Luis, será que iria precisar da lingerie?

Mason Carter
— Filho da puta — diz ao ver aquelas fotos.
Realmente não estava gostando daquilo. Ok ele assumia, estava com
ciúmes, mas era porque estava sentindo que iria perder sua amiga. Nada mais
do que isso, ele pensava.
Ele lê a legenda que Lua colocara e o comentário que Dr. Nemo fez. Então
tem uma ideia. Abre um largo sorriso que poderia muito bem ser visto no
rosto de uma criança travessa, estava faltando um comentário dele, mas não
por muito tempo.
Ele suspira sorrindo, como ele amava provoca-la, queria estar lá para poder
ver a cara de Luna. Então escreve outro comentário logo abaixo.

Ele não conseguia parar de rir. Luna ficaria louca com ele, piada interna
era tão divertido. Apenas dois minutos após seu último comentário Mason
sente o celular vibrar e quando olha a tela vê o nome de Luna. Ela estava
ligando pra ele, provavelmente para xinga-lo. Ele aperta o botão para atender
e com sua voz animada e com uma pitada de sarcasmo ele diz.
— Hello my dear friend . Como passou a noite?
[12]
“É inútil esperar por algo que você sabe que não vai acontecer.”

Rick Grimes Mason Carter

— Chikushou MASON! — Ela grita no telefone.


[13]

— Hey vai com calma Hobbit, good morning for you to. Já falei para parar
de falar em japonês comigo.
— Bom dia o cacete Mason. — ele bufa no telefone. — Que merda de
comentário foi aquele? Você vai apagar ele agora mesmo.
— É pelo visto a noite com Dr. Nemo não foi muito boa — ele para e finge
pensar. — Ahh, de que comentário está falando?
— Estou falando sério Mason, não se finja de bobo.
Ele começa a rir.
— Pelo amor de Bilbo Bolseiro, apague aquele comentário, ou eu juro que
vou até aí e queimo todos os seus HQ’s.
— AHHHH, está falando da foto — ele finge se lembrar. — Qual o
problema? É só um comentário inofensivo.
— Eu te conheço muito bem seu Kono baka, nada com você é inofensivo.
Sorte que Luis não entendeu. Mason Carter você me paga.
— Nossa, se ele não entendeu então my dear friend você está saindo com
um idiota — ele começa a rir muito na cama.
— Ai santo Luke me de forças — Ela suspira na linha — Mason pare de
rir, não tem graça.
— Não precisa se preocupar Hobbit — ele diz tentando parar de rir. — Se
ele não entendeu ninguém vai entender. Piada interna.
— Tomara pelo seu bem, meu Deus pelo amor das duas torres eu juro que
mato você seu ... Seu ...
— Nossa Lua sério, Dr. Extenso é muito lento — ele a escuta suspirar do
outro lado da linha. — Ah Lua qual é, foi divertido.
— Não Mason, não foi. Você está me ouvindo rir?
— Aposto que está rindo por dentro. Posso até visualizar você abrindo um
pequeno sorriso ao ler meu comentário sobre a cueca.
— Quer saber — ela levanta a voz. — VA SE FODER CARTER. Agora
se me der licença e tenho que me arrumar para mais tarde ir jantar. Luis vai
me levar para um restaurante bem chique e romântico, depois vamos ir até as
fontes termais. E amanhã estou voltando com ele para casa e nós, eu e Luis
vamos maratonar algumas séries no Netflix.
Mason fica sem palavras por alguns instantes. Como assim maratonar
séries na netflix? Isso era um lance deles e somente deles, se havia alguém
que poderia maratonar séries com Luna durante uma noite inteira esse alguém
era ele e não aquele Dr. Cabeça de peixe.
— Vão maratonar séries? — Ele abre um sorriso e diz com deboche. —
Vão ver o que? Downton Abbey? — Ele sabia que Luna detestava séries
daquele tipo, eles às vezes até tiravam sarro dessas séries de menininha. — É
bem a cara dele.
— Não sei qual, vou o deixar escolher. Quem sabe ele não me faz gostar
de Star Trek.
— Ele não tem cara de ter bom gosto— sua voz fica com um leve tom
irritado. — E você odeia Star Trek.
— Talvez com ele eu possa gostar, sabe ele vem me ensinando muita
coisa.
Ele aperta mais o aparelho em suas mãos com raiva.
— Ok façam o que quiserem, não me importo — Mas é claro que me
importo, pensa — Não é da minha conta mesmo.
— Exatamente, não é da sua conta.
— Eu também tenho planos para hoje — ele boceja. — Tenho que me
levantar, estou aqui deitado no quarto de Barbie, prometi levá-la para almoçar
hoje.
— Jura, vai sair com Barbie? — Ela faz uma voz melosa tentando imitar
Barbara. — Vão fazer o que? Compras?
— Eu fui às compras com você, por que não posso ir com ela? Quem sabe
não a ajudo escolher uma lingerie também.
— Aposto que não há um livro sequer no apartamento dela, a não ser
revistas de moda e um manual de como transar com caras em 10 passos —
ela estava irritada. — Quer saber você faz o que você quiser. Luis chegou
aqui, tenho que ir.
— Lua, sem drama, mas nem assistiu Downton Abbey e já está assim.
— Eu posso gostar da série.
— Essa eu duvido— suspira. — Vou levantar aqui, acho que ouvi Barbie
me chamando.
— Uiii Barbie — ela imita a voz falsa e melosa de Barbara. — Good luck
para você. Eu tenho que ir, Luis está impaciente.
— Uiii Dr. Vader e seu mini sabre de luz — Ele devolve sua provocação.
— Uii Barbie precisa do seu Ken. Um fato curioso é que o boneco Ken não
tem suas partes baixas.
— Uii Lua precisa alimentar seu peixinho, ele come quantas bolinhas de
ração por dia?
— A Barbie nem deve comer.
— Ahh é aí que você se engana Hobbit, ela come e posso dizer que a
comida dela é muito boa — diz com seu ar sarcástico a provocando, podia até
ver Luna toda vermelha agora.
— Arghhh, não quero nem ver seu rosto o resto da semana, ou sou capaz
de te esganar.
— Até mais tarde Lua. E não vem com essa que sei que está morrendo de
saudades minhas. Está presa aí com o Dr. Certinho.
— Tchau idiota — ela desliga na cara dele.
Ele começa a rir sozinho na cama, adorava irritá-la, era tão fácil. Luna se
deixava afetar pelos comentários dele. Como ele sentia falta dela, ela se
tornara rapidamente uma pessoa muito importante na sua vida, muito
presente nela. Agora quando finalmente ele iria poder vê-la no dia seguinte
quando voltasse de viagem, ela iria estar com Luis.
Ele tinha que admitir que aquilo o entristecesse um pouco, não gostava do
que estava acontecendo, estava perdendo sua amiga para aquele idiota.
Às vezes nós só damos valor às coisas quando nós as perdemos de alguma
maneira, só assim conseguimos ver a sua real importância em nossas vidas.
Era assim que Mason se sentia naquele momento. Sentia como se uma parte
dele estivesse faltando, como se houvesse perdido alguma coisa muito
importante e alguém o estivesse impedindo de trazê-la de volta, como se
tivesse sido roubado.
— Já acordou sweety— diz Barbara ao entrar no quarto cortando a linha de
pensamento dele. Ele já estava se vestindo — Estava falando com alguém?
— Ahh estava sim. Estava conversando com Pedro lá do hospital — ele
termina de colocar sua calça.
— Humm — ela o encara.— Que tal saírmos para comer algo? Conheço
um cinco estrelas ótimo aqui perto. Eles servem o melhor caviar da cidade e o
cardápio de vinho deles é ótimo.
Mason de costas para ela revira os olhos. Ah um hambúrguer agora seria
ótimo, ele pensa.
— Hum caviar.
— Ah sabia que ia gostar — diz animada. — Tem umas roupas suas no
closet, como é um cinco estrelas não se pode ir vestido de qualquer jeito.
— OK. Tenho que entrar no hospital às 18 horas, então tenho a tarde toda
para você — ele sorri de canto ao se virar para ela e a encarar.
— A tarde toda? Ótimo então depois nós podemos passar na loja nova da
Prada que abriu. A coleção deles está maravilhosa e depois passaremos na
Victoria Secret’ s.
Mason se aproxima de suas costas e pega suas mãos que descansavam na
lateral de seu corpo esguio.
— Sabe querida, eu estava pensando em fazer algo diferente hoje.
— Tipo o que? Ir ao clube jogar tênis?
— O que acha se depois nós voltarmos para sua casa, sentarmos no sofá e
víssemos algo na TV juntos. Algo mais casual, ficar juntinhos na sala — ele a
abraça por trás, afasta deus longos cabelos loiros e beija delicadamente seu
pescoço.
Não custava tentar fazer algo mais casual com ela.
— Sério isso?
— Sim, por que não? — Ele continua a beijar o pescoço dela, com seus
lábios roçando sua pele. Ele sobe pelo seu rosto chegando até sua orelha e
então da uma leve mordida em seu lóbulo. Ele a sente tremer de leve em seus
braços.
— Ta então, se é o que você quer. O que veremos? Desfiles, programas de
moda?
— Eu estava pensando em ver algum filme, deixo você escolher qualquer
um — ele diz em seu ouvido com sua voz levemente rouca e sedutora. — Só
nós dois no sofá — ele desce seus lábios até o pescoço dela novamente, sua
língua brinca e sua pele percorrendo um caminho até seu ombro, ele abaixa a
fina alça de seu vestido.
— Você sabe que não sou de assistir filmes — ela fecha os olhos ao sentir
suas caricias. — Podemos ver aquela série que você gosta, acho que são dois
irmãos dirigindo um carro velho totalmente fora de linha.
— Supernatural, podemos ver esse se quiser — ele sobe seus dedos pelos
braços dela os acariciando de leve.
Barbara geme baixinho, quase como um ronronado, ela arca a cabeça a
repousando no ombro de Mason, enquanto sente suas grandes mãos
acariciarem seu abdômen e seu corpo colar ao dela.
Beijava o rosto de Barbara intercalando entre sua bochecha e sua orelha —
Ah Barbie my dear está com fome?
— Sim, podemos ir? Preciso urgentemente de caviar — diz entre gemidos.
— Ok — diz com as mãos passeando e seu corpo e a boca colada ao seu
pescoço.
Barbara se afasta de Mason ainda ofegante e se olha no enorme espelho
que havia em seu quarto, ela estava dando os últimos retoques em sua
aparência. A alça de seu vestido estava levemente caída ela a levanta
colocando no lugar.
— O que acha Barbie? — Mason já havia terminado de se trocar, se afasta
um pouco para que ela possa ver suas roupas.
— Lindo e gostoso— ela responde sorrindo. — E como estou?
— Está linda my dear.
— Ótimo agora vamos Mason, estou faminta e preciso muito comer aquele
caviar e um bom salmão defumado.
Ele pega suas chaves na cabeceira da cama e os dois partem.

Luna Iasune
Luna estava deitada em sua cama, sozinha. Ela olhava furtivamente o teto
de seu quarto, faltava muito até às 18 horas, então decide fazer o que havia
dito a Mason, só que sem Luis. Ela iria até as fontes termais que havia no
hotel, precisava relaxar depois de uma ligação como aquela.
Ela veste seu biquíni preto e coloca um short de malha junto com uma
camiseta regata branca, em uma bolsa de praia ela coloca seu celular, pois
adorava tirar fotos e registrar cada momento, também leva protetor solar e
uma toalha. Passaria na área de lazer para ver Misty, já estava morrendo de
saudades.
Caminhava até as águas termais que ficavam na parte sul do hotel, ela vira
Misty brincando junto a Zeus e outros cães, seus tratadores jogavam bolas de
borracha e outros brinquedos para eles que corriam de um lado para o outro,
ela sorri ao ver sua amiga se divertindo. Então após constatar que sua amiga
estava bem segue para seu destino.
A água estava perfeita, morna e na medida certa. Luna mergulhava e surgia
por entre as águas satisfeita, aquilo era realmente relaxante.
— Hum... — Ela murmura.
Estava distraída tirando fotos dela mesma e a cada foto ela postava uma
legenda: Amo a natureza.

Quando ela estava prestes a guardar seu celular nota a presença de mais
alguém ali. E se sobressalta ao encontrar Luis parado diante dela a
observando.
— Oi Luis, quer entrar? Está ótima.
— Oi Lua eu adoraria, mas infelizmente não estou com roupa apropriada
para isso.
Vamos lá Luna, mantenha seu passo a passo. Onde parei mesmo? Quatro?
Cinco?
— E daí — ela sai da fonte e vai até ele. — Você pode ficar apenas de
bermuda depois vamos até o seu quarto e você troca. Vamos lá, por favor? —
Ela se aproxima e faz menção a tirar sua camiseta, e sorri ao notar que ele
também sorria.
— Ok — ele concorda e retira ele mesmo sua camiseta, deixando seu
abdômen a mostra.
Nossa ela não se cansava de ver aquele abdômen. Luna sabia que Luis
achava que não tinha um corpo muito bonito, mas puta merda que abdômen
perfeito, curvilíneo e definido nas partes certas, quase como se tivesse sido
moldado. Ela adorava o ver corar, achava aquilo um charme, sua timidez era
excitante.
— Vamos? — Ela lhe estende à mão e Luis a pega entrelaçando seus
dedos aos dela. — Agora é correr e pular, Luis pronto? — Ela não espera
resposta simplesmente o puxa correndo em direção as fontes.
Os dois sorrindo se jogam naquelas águas afundando e logo voltando à
superfície.
— Nossa que água maravilhosa, tinha razão Lua está perfeita — ele diz
jogando seus cabelos molhados para trás.
— Sim me lembra as fontes nas casas de banho japonesas, nossa adorava ir
até lá.
— Verdade as do Japão são excepcionais.
— Precisamos gravar um vídeo no Snap, me chama de doida, mas esse é o
momento perfeito — Ela pega seu celular que havia deixado de lado ao sair
das fontes e clica no ícone do Snapchat depois ela começa a gravar.
Ela vê Luis sorrir para câmera enquanto se aproximava dele.
— Sorria estamos no Snap — ela brinca enquanto filmava os dois e depois
a paisagem ao redor.
Ela beija o rosto de Luis com a câmera apontada para ambos, ele dá um
leve tchauzinho para a mesma. Luna termina de filmar, posta e guarda seu
celular. — Sempre tímido, não é?
— Sim um pouco, mas logo passa — ele sorri. — Esse lugar é mesmo
lindo.
— Sim é sim, pena que vamos embora amanhã no fim da tarde— ela faz
uma carinha triste.
— Uma pena mesmo por isso temos que aproveitar bastante nosso tempo
aqui — ele se aproxima mais dela.
Luna relaxa, ela gostava da companhia de Luis, e também gostou de beijá-
lo tinha que admitir. Ainda assim precisava deixar as coisas bem claras.
— Luis eu só queria que soubesse que eu não sou de ficar beijando
qualquer um na sala da minha casa sabe, e você é um cara muito legal e
digamos de passagem muito Kawaii eu não quero estragar nada do que já
[14]

temos então podemos ir com calma seja lá o que isso for?


— Eu não sou qualquer um Lua.
— Eu sei que não — ela sorri sem jeito. Seus corpos úmidos bem
próximos um do outro. Os olhos azuis de Luis estavam com as pupilas
levemente dilatadas, Luna encarava seus lábios enquanto o sentia roçar seu
nariz ao dela.
— Lua eu... — ela não o permite terminar aquela frase, Luna não se
aguenta e o beija. Os lábios quentes e receptivos de Luis faziam uma leve
pressão aos seus.
Ela o sentia beijar com carinho, aquilo era realmente incrível, boas mãos
dele agora estavam em sua pequena cintura e então ela coloca as dela nos
ombros dele apertando de leve. O beijo não tinha pressa ambos queriam
aproveitar o momento e sentir o gosto um do outro.
Uma das mãos dele sobe até sua nuca e a segura firmemente, ela leva suas
mãos até seus cabelos úmidos e os puxa delicadamente.
É interessante a força de atração entre dois corpos. O desejo que um
desperta no outro, chega a ser mais forte que sua própria mente, aquele desejo
faz seu sangue borbulhar e você se sente hipnotizado. Dois corpos são como
um vulcão em erupção. E não importa há quanto tempo eles se conhecem,
quando a sintonia entre os dois é despertada, a vontade tende cada vez a
aumentar mais. E já não adianta tentar manter a calma, a atração atrai, o
desejo crucifica e a entrega acontece.

Mason Carter
No restaurante Mason observava Barbara se deliciar com cada pedacinho
daquela gororoba, ele preferia mil vezes um belo hambúrguer.
— Preciso retocar a maquiagem — diz se levantando e indo ao toalete sem
esperar uma resposta dele.
Mason acena com a cabeça, mal havia tocado em seu prato. Estava
entediado, não gostava daquele tipo de restaurante e ainda para ajudar a
imagem de sua amiga sendo apalpada pelas barbatanas daquele cara não saia
da sua mente.
Para distrair um pouco ele pega o celular e vai até sua Timeline do
facebook, revira seus olhos com raiva ao ver as fotos de sua amiga e da
“Viagem perfeita” dela e claro lá estava o DR. Sunga infantil. Já de saco
cheio da felicidade deles ele fecha o aplicativo do facebook e entra no seu
Snapchat, ele gostava de seguir alguns blogueiros, as vezes se encontra coisas
interessantes e uteis nesses aplicativos.
Na sua página inicial ele vê uma atualização de Luna e contrariando todos
os seus instintos insistindo para ele não tocar ali ele aperta no ícone de sua
foto.
Um vídeo começa a rodar, e no mesmo instante sua vontade agora era de
jogar o celular contra a parede daquele restaurante. Ela o beija no rosto e ele
acena para câmera como um idiota apaixonado. Doutorzinho do caralho
pensa. Ele simplesmente desliga o celular não queria mais ver nada.
Nem percebe quando Barbie volta a mesa com seus saltos Loubotini
ressoando no piso de mármore daquele lugar.
— Algum problema? — Ela pergunta ao notar seu rosto sério.
— Não. Nenhum— ele força um sorriso.
— Já paguei a conta, podemos ir ver aquela série — diz pegando sua bolsa,
sem ao menos notar o ar de insatisfação dele.
— Você pagou? Porque fez isso?
— Porque eu quis — diz autoritária. — Podemos ir agora?
Ele suspira insatisfeito. Sabia que Barbie tinha seu próprio dinheiro e não
tinha limites em gastá-lo, mas ele era o homem ali então era de sua obrigação
pagar a conta, pelo menos era assim que fora ensinado.
Ele se levanta e a segue para fora do restaurante, pegando suas chaves com
o manobrista e abrindo a porta do passageiro para Barbie que entra sorrindo.
Ao entrarem no amplo Hall daquele luxuoso imóvel Mason vê Barbie jogar
ao lado da porta seus sapatos caros e ir em direção a TV, clica no ícone da
Netflix e procura furtivamente a série clicando no episódio um da primeira
temporada, ele se senta no sofá com ela ao seu lado e passa as mãos por seus
ombros.
Ok. Vamos lá. Não pode ser tão ruim assim. Ela pode gostar.
Vinte minutos de filme e ele já não aguentava mais ouvir as reclamações
dela.
— Não entendo nada.
Ele revira seus olhos — O que não entende?
— Se eles podem falsificar cartões de crédito porque não ficam em hotéis
luxuosos ao invés desses motéis baratos? Nossa e que carro horrível, não
acredito que o irmão mais novo deixou a faculdade para ficar enfiado dentro
de um carro percorrendo o país e comendo essas comidas de beira de estrada.
Nossa esses efeitos especiais são uma merda — ela não parava de falar.
Mason suspira contando até dez.
— Para eles não importa onde estão ou o que comem Barbie, o trabalho
deles é caçar, ajudar as pessoas e procurar pelo seu pai.
— Que horror se submeter a essa vida, sem dinheiro e correndo risco de
morte— ela bufa. — Precisamos mesmo ver isso?
— Dear é legal, você ainda está no começo e muita coisa ainda vai rolar—
ele dizia sem descolar os olhos da tela.
Ele a sente se aproximar e beijar seu pescoço e começar a lamber aquela
região e a desabotoar sua camisa, ele estava com o olhar fixo na tela da TV,
mas os beijos nada sutis dela começavam a despertar outra coisa nele.
Mason sente as mãos habilidosas de Barbie descer até o cós de sua calça e
em um movimento rápido ela estava em seu colo, com ambas as pernas de
cada lado do seu corpo.
— Vamos nos divertir à minha maneira agora — sorri maliciosamente.
— E de que maneira seria essa? — Ele desce suas mãos até a cintura dela.
— Você vai ver — ela começa a retirar sua camisa deixando a vista seu
peitoral definido, então começa a lamber aquela região descendo cada vez
mais.
Mason suspirava com seus olhos fechados.
— Isso é muito bom— ele sente suas mãos chegarem até seu cinto o
retirando, Barbara leva as mãos dele até a barra da sua blusa e Mason a retira,
deixando seus seios fartos a mostra.
— Muito bom.
Mason sorri levando sua boca até o bico rosado de seu mamilo, ele o
sugava avidamente enquanto ela jogava seu corpo para trás lhe dando total
acesso.
— Meu Deus— ela gemia em seu colo.
Mason intensifica os movimentos com seus lábios enquanto suas mãos
apertavam sua cintura.
— Isso aí texano — Ela geme.
Ele escuta aquele apelido e faz uma pequena pausa a encarando.
— O que houve? — Ela pergunta ao notar que ele havia recuado.
— What did you call me? [15]

— De Texano, você não veio de Dallas?


— Sim, mas é que nunca me chamou assim — ele sorri. — Fiquei surpreso
— outra pessoa o chamava daquela maneira.
— Onde paramos cowboy?
— Eu preciso de você Barbie — ele a beija. — Nós paramos quando você
estava cheia de prazer e sussurrando para mim sobre o quanto sou bom de
cama e o quanto meu pênis é gostoso.
— Não me lembro de ter dito isso.
— Eu me lembro bem My dear de cada palavra.
— Safado — ela sorri e volta a beijá-lo.
Mason sobe as mãos até a barra de sua saia e a ergue — É uma pena eu
ainda estar de calças, não acha? — Ele morde seu pescoço.
Barbara sorri se levanta e começa a desabotoar e retirar suas calças, ela
estava muito excitada e precisava dele, precisava sentir seu toque. Ele podia
sentir.
Ele a pega pelo braço a puxando para o sofá e ficando por cima dela —
Você é tão gostosa my dear — Dizia ele enquanto passeava suas mãos pelo
corpo dela.
— Adoro quando você fala com seu sotaque americano — Ela se contorce
com o peso de seu corpo.
— Eu sei — ele afasta sua calcinha e se posiciona na entrada quente e
úmida dela.
— Are you ready dear ?
[16]

Barbara sorri.
— Eu estou sempre pronta para você porque não me mostra seu lado da
força? — Ela pergunta.
Mason estranha aquelas palavras, ele estava com a cabeça por entre os
seios de Barbara, por um instante se levanta e encara o rosto da mulher ali
com ele que o excitava tanto. Porém não é Barbara que ele vê e sim sua
amiga Luna sorrindo atrevidamente para ele, assustado com aquela visão ele
se levanta bruscamente do sofá.
— It’s okay?— Ela pergunta ao sentir falta do seu toque.
— Eu preciso ir.
— O que? Por quê?
— Ah eu esqueci que tinha um paciente marcado para agora à tarde.
— Já mentiu melhor, Mason — Ela se levanta e se veste depois desliga a
TV.
— Não é mentira, Barbie eu tenho mesmo que ir, hoje ainda tenho plantão
— diz colocando suas calças.
Mason fica de costas para ela, não podia ser porque ele havia visto Luna?
Acreditava que devia ter sido por causa daquela frase que ouviu, não queria
admitir, mas estava com saudades daquela Nerd.
— Tudo bem eu preciso mesmo ir a manicure e depois ao Spa.
Mason já vestido se aproxima dela e a beija rapidamente sem encarar seu
rosto, ele pega suas chaves na mesa de centro da sala — Continuamos
amanhã Darling — Ele sorri e se dirigi até a porta — Bye, bye Honey — Ele
sai a deixando sozinha ali.

Luna Iasune
Luis e Luna ainda se beijavam, não sabia quanto tempo eles estavam ali,
mas parecia que nenhum dos dois queria ceder, paravam por breves
momentos para respirar e logo retornavam a se beijar.
O beijo começa a tomar intensidade e as mãos de Luis descem até os
quadris quase desnudos de Lua. Sentia suas caricias, mas não podia deixar de
ficar levemente nervosa com aquilo.
Como havia dito, ela gostava da companhia de Luis, ele era um cara bom e
gentil e ela sentia atração por ele, depois de muitos anos ele era o primeiro
cara com quem se permitia ter aquela proximidade. Em sua mente lembranças
de cenas antigas aparecem a fazendo recuar, então interrompe o beijo
nervosa.
— Melhor voltarmos, ainda tem um jantar para irmos, não é? — Diz sem
jeito.
Luis a encara — Sim temos — ele passa suas mãos pelo rosto dela
retirando alguns fios úmidos de seus cabelos do seu rosto delicado.
Lua caminha até a escada de acesso para fora das fontes seguida por Luis.
Pega sua toalha dentro da bolsa que deixou ali ao lado e começa a se secar.
Depois a oferece a Luis que a pega de bom grado, ela olha seu celular fora as
notificações no Facebook e Snapchat ela não tinha recebido nenhuma
mensagem ou sequer uma ligação do Kono baka, com certeza deveria estar
curtindo com a siliconada.
Só de imaginar uma cena como aquela, e de lembrar de todas as
mensagens que sempre postava em suas redes sociais ela decide dar o troco
nele, quem sabe não atrapalhava algo entre os dois. Com esse pensamento um
sorriso se estende em sua face. Abre sua agenda e liga para ele, enquanto
observava Luis se secar.

Mason Carter
Mason acabara de entrar em seu carro quando seu celular toca, ele vê a
foto de sua amiga na tela.
Fala sério. Ele pensa.
Ainda estava afetado por aquela visão no apartamento de Barbie. Ele
ficava na dúvida do que fazer, a saudade que tinha dela falou mais alto então
ele atende e espera escutar aquela voz que tanto amava.
— Ohayo Kono Baka.
— Hello.
— Sentiu saudades? — Ela brinca.
Merda como senti, ele queria dizer, mas o que sai de sua boca é diferente
— O que eu falei sobre falar em japonês?
— Gomenasaii, ops quer dizer foi mal — ela se corrigiu.— Sentiu ou não
minha falta?
— Você me conhece.
— Bom de acordo com uma marcação no facebook você está se divertindo
muito assistindo arquivo X com Sam e Dean Winchester, não sabia que
tinham trocado o nome da série Supernatural — ela começa a rir. — Como
alguém pode ser tão tapada, sério texano tirando o corpo bonito e o sexo o
que sobra?
Mason suspira, nem ele sabia na verdade.
— É só diversão Lua, ela me proporciona isso em todos os sentidos. Tentei
apresentar a série a ela, mas acho que não rolou.
— Bom vou ter que desligar agora, para Luis faz cócegas.
Ele a escuta sussurrar no telefone, o idiota devia estar com as mãos no seu
corpo.
— OLÁ DOUTOR DOCUMENTO EXTENSO — ele grita ao telefone.
Podia imaginar sua amiga afastando o aparelho da orelha e então escuta a
voz do doutorzinho dos peixes perguntando quem era e Luna respondendo
que era seu amigo.
— Mason a gente se fala na segunda ta bem? O Luis vai dormir na minha
casa no domingo à noite então provavelmente vou deixar o celular desligado.
Mason aperta seu celular com força — Mas pensei que íamos no cinema
no domingo quando voltasse — Ele estava indignado.
— Puts! Esqueci, marcamos para uma próxima? Podemos ver o filme no
próximo final de semana, mas agora preciso ir ta legal?
Mason não acreditava naquilo, ele havia sido realmente trocado por aquele
idiota e a culpa era toda dele, pois ele mesmo havia insistido para ela sair
com alguém, mas que porra, ele pensa.
— Ok, faça o que você quiser com o doutor escamas de peixe — Mason
desliga o telefone, joga o aparelho no banco do passageiro e da partida em
seu carro indo para seu apartamento.

Luna Iasune
Ela não sabia o porquê dele ter ficado chateado, ela sabia que ele havia
ficado pela forma que falou. Luna da de ombros e segue de mãos dadas até o
hotel com Luis.
— Quer dizer que vou dormir na sua casa?
Merda não achou que ele tivesse escutado, havia dito aquilo apenas para
provocar o Kono baka.
— Sim, porque você não quer?
— Eu vou adorar — ele beija seu rosto.
Luis a deixa na porta de seu quarto e segue para o seu, Luna o olha entrar e
fechar a porta atrás de si e então faz o mesmo, joga sua bolsa de lado e vai até
o banheiro precisava se trocar para o jantar.
Às 18 horas em ponto escuta batidas em sua porta, ela já estava pronta
fazia quinze minutos, usava um vestido vermelho sem mangas com um
pequeno decote em formato de V na frente, seu cumprimento ia até acima de
seus joelhos, seus cabelos estavam escovados para trás e ela usava lentes e
sapatos de salto.
— Linda como sempre — Luis a elogia assim que ela abre a porta.
— Obrigada, você também — ela o encara vestido com uma camisa branca
e jaqueta de couro preta, calça jeans e sapatos sociais.
Ela o vê se aproximar e tomar seus lábios delicadamente. — Vamos? —
Ele lhe oferece o braço e ela o pega sorrindo.
— Espera, eu vou deixar meu celular no quarto, não quero que ninguém
nos atrapalhe você está levando o seu, não é? — Ela pergunta abrindo a porta
do seu quarto e colocando o celular sobre a mesa ao lado da porta.
— Sim, o meu está em meu bolso.
— Aonde vamos? — Ela pergunta.
— O cara que trabalha na recepção do hotel me indicou um belo
restaurante italiano aqui perto, ele disse que lá é um ótimo lugar para levar
belas moças em um encontro romântico e antes que pergunte sim ele disse
exatamente com essas palavras — Sorri.
— Adoro massas, parece perfeito, podemos ir biólogo? — Lhe pergunta
animada.
— Claro, querida doutora.
Eles seguem até a saída do hotel e pegam um taxi.

Mason Carter
Tinha acabado de chegar em casa novamente após seu plantão. Gandalf
miava para ele desesperadamente, devia estar com fome como sempre, ele
coloca um pouco da sua ração favorita no seu potinho vazio de comida e
depois troca sua água, segue para o banheiro e toma um longo banho.
No chuveiro ele fica pensando no que acontecera com ele hoje mais cedo,
ele soca a parede do Box enquanto a água quente percorria seu corpo nu, só
podia estar ficando louco em menos de 48 horas já sentia tanta falta dela.
Ele desliga o chuveiro e pega uma toalha, após vestir sua calça, sem
camisa ele vai até a sala e se senta no sofá encarando seu celular que agora
estava na sua frente. Passa as mãos em seus cabelos úmidos nervosamente.
Gandalf se aconchega ao seu lado já alimentado.
Ele queria falar com ela, ele precisava não ia aguentar era mais forte do
que ele, então ele liga para ela.
Sério. O que está havendo comigo? É só um final de semana.
A primeira chamada cai na caixa postal, então ele tenta novamente. Mas
escuta a voz dasecretária eletrônica o encaminhar novamente a caixa postal.
— Shit — então ele envia uma mensagem a ela.

Ele envia sorrindo, porém, seu sorriso logo desaparece quando em dez
minutos a mensagem não tinha sido sequer visualizada.

Mensagem não visualizada novamente.

— É meu velho amigo — Mason joga seu telefone de lado e acaricia seu
gato.— Ela nos trocou mesmo — Gandalf mia tristemente.
“Eu sei que é injusto. Mas há um modo natural das coisas acontecerem, elas simplesmente têm que acontecer, é a reação em cadeia, se não acontecer como deve acontecer, há um
desequilíbrio.”
Dean Winchester

Luna Iasune
Após algumas horas de estrada eles finalmente estacionam em frente ao
prédio de Luna. Ela desce com Zeus e Misty, que praticamente a arrastam
para dentro do prédio, enquanto Luis descarrega o carro, carregando as malas
até o apartamento.
— Pronto Lua. Acho que tudo o que é seu está aqui— Coloca todas as
malas ao lado da porta.
— Então, o que planeja para hoje?
Após colocar seu celular no carregador ela sente as mãos dele ao redor de
sua cintura e abre um sorriso ao se virar pra Luis.
— Estava pensando, que tal ver série e depois cama?
— Hummm, séries? Gostei, qual quer ver?
— Você escolhe. Pode ligar a Netflix enquanto eu faço a pipoca — Ela
aponta em direção à sala.— Fique à vontade.
— Ok...— Diz relutante.— É que não sei seu gosto.
— Por que não me apresenta o seu gosto? — Beija sua face e vai até a
cozinha. Pega dois copos, um refrigerante na geladeira e em menos de cinco
minutos está de volta. Ela vê Luis sentado no sofá passando por várias listas
do aplicativo.
— Então eu gosto muito de séries com períodos históricos — Diz sem tirar
os olhos da tela. — E essa é a minha favorita — ele clica em um dos vários
ícones na tela, colocando no primeiro episódio da primeira temporada de sua
série.
Luna coloca tudo na mesa de centro da sala enquanto ouvia Luis falando.
Ao sentar no sofá ao seu lado ela olha finalmente para a tela e começa a rir
muito.
Filho da puta desgraçado, maldito Kono baka. Ela pensa. Como ele
conseguia? Na tela começava a abertura de Downton Abbey.
— O que foi? — Luis lhe pergunta confuso.
— Nada não, só me lembrei de algo — Professor Dumbledore me ajude,
ela suplica em pensamento.— Eu nunca vi essa.
— É maravilhosa — ele diz animado.
Minha diva Hermione esteja comigo e me ajude, pensa, mais uma vez
desejava ter aquela bolsa enfeitiçada. Pelas joias do infinito. Aí vamos nós.
— A história é incrível, os personagens são completos, a produção
maravilhosa, você tem que ver.
Luna bebericava seu refrigerante. Merda devia ter pegado algo mais forte.
Ela escuta Luis cantarolar baixinho a música de abertura, encosta-se ao sofá
se aproximando do seu corpo, logo sente seus braços passarem por seus
ombros e a puxarem mais para perto. Ai sangue de Unicórnio tem poder.
Suspira ao pensar.
Após dois episódios Lua se sentia completamente perdida, não estava
entendendo muita coisa, na verdade nem estava realmente tentando.
No terceiro episódio ela já não encontrava posição confortável no sofá, e se
movia o tempo todo. Realmente aquilo não é para ela.
No quarto episódio nota que Luis dormia ao seu lado. Se ele não aguentou
não seria ela a fazer aquilo. Levanta-se com cuidado para não o acordar e vai
até seu celular. Ao ligá-lo ela vê ligações de Mason perdidas e lê suas
mensagens. Procura seu nome na lista de contatos, vai até a cozinha e disca
seu número.

Mason Carter
Mason estava cansado de procurar algo para assistir, ele desliga as luzes e
se levanta, decidira que a melhor coisa a se fazer era dormir, na falta do que
fazer dormir sempre era uma ótima escolha.
Já próximo ao corredor nota um clarão invadir sua sala, era seu celular na
mesa de centro. Bocejando ele vai até o aparelho e vê o nome de Luna na
tela, desliza seu dedo pelo botão verde e atende.
— Olha só quem está viva. Pensei que tivesse sido engolida pelo Dr.
Baleia Azul.
— Você é clarividente ou algum tipo de bruxo?
— Hum, gosto de pensar que exerço certo poder sobre as mulheres — Diz
debochadamente.— Por que a pergunta?
— Porque acabo de ver Downton Abbey.
Mason começa a gargalhar no escuro de sua sala.
— Eu SABIAAA. Só podia ser — Ele ri mais.— E aí como foi?
— Não foi tão ruim assim.
— Até parece.
— Pensei que dormiria no primeiro episódio, mas consegui chegar ao
quarto episódio.
— Dr. Nemo não ficou citando as falas dos personagens ou cantarolando a
música de abertura?
— Bom...
— HAHAHA eu sabia — ele gargalha sozinho em seu apartamento.
Ele podia visualizar perfeitamente Luis fazendo isso. Citando falas
enquanto mudava a entonação da voz a cada mudança de humor do
personagem.
— Foi até que legal — Diz pouco convincente.— Ele dormiu, acho que no
episódio três.
— Ele deve saber a série décor, de trás para a frente.
— Não é tão ruim Mason — Ele a escuta suspirar.
— Você aguentou bem, estou impressionado.
— É interessante — Pelo seu tom sabia que ela estava mentindo, ela era
uma péssima mentirosa, às vezes ele a deixava pensar que o enganava.—
Sabe no episódio que vi tem um casal, eles eram bem próximos, depois se
apaixonaram, mas ele teve que ir para a guerra.
— E? Aonde quer chegar com isso? Está tentando me convencer que você
assistiu e não dormiu? Agora vou ter que ver os primeiros episódios para
saber se você não está me enganando.
— Só estou comentando Mason. Ele foi para guerra e ela fica sozinha, foi
bem triste.
— Então está desvirginada dessas séries tediantes. E agora vão ver
Gilmore Girls? — Ele provoca com um sorriso grande no rosto.
— Prefiro ver Star Trek para você ter noção.
— E teríamos visto hoje senão tivesse ficado vendo série de menininha.
— Aff Mason estou brincando. Até parece que veria Star Trek. Vou ter que
desligar, acho que ouvi Luis lá na sala. Vou levá-lo para minha cama.
— Aff, por favor, sem detalhes sórdidos. Comprou outra cueca temática ou
ele está usando a mesma há dois dias? Vou ver se encontro uma escrita
Downton Abbey.
— Mason qual o seu problema? Ciúmes?
— Eu com ciúmes de você? — Sim estou, ninguém mais faz maratonas
com você, ele pensa.— Não Lua, só amo te irritar.
— Tudo bem Kono baka — Suspira derrotada.
— Imagina. Eu com ciúmes de você, vocês podem fazer o que quiserem
não é da minha conta — Flexiona o maxilar.
— Ciúmes porque nunca deixarei você entrar na minha caverna senhor
mestre dos magos? — Podia ouvir sua risada, sabia que ela o estava
provocando, mas como Luna muito bem sabia Mason sempre devolvia
provocações e em todas as vezes que se lembre sempre vencia.
— Claro que não. Sua Dangeours and dragons deve ter muitos morcegos,
aranhas, teias, pode até ser encontre um urso, percevejos.
— Tchau Mason — Diz irritada.
— Dr. Aquaman terá um serviço para encontrar o caminho certo — Dizia
sarcasticamente.
— Agora é sério, chega Mason — Diz com tom autoritário.
— Vou dar um cortador de grama para ele de aniversário. Você sabe
quando que é?
— Pode, por favor, parar de falar disso.
— Você que começou — Ele ri com deboche.
— Que MERDA MASON — Ela eleva sua voz.— Só não vouaí agora e
faço o melhor boquete da sua vida porque somos amigos e estou com visita.
— Ahh essa eu pago pra ver. Eu estava indo dormir, mas posso esperar se
quiser.
Por um tempo há silêncio do outro lado da linha.
— Lua? — Silêncio. — Lua? — Sua voz adquire um tom sério.
— Preciso ir— ela diz finalmente e logo ele escuta o fim da ligação, ela
desligara na sua cara.

Luna Iasune
Luna estava envergonhada e triste. Se ele falava assim com ela imagina se
ele soubesse que ela ainda era virgem. Mason passara dos limites naquela
noite. Ela vai até a sala e vê Luis, ele ainda dormia.
— Hey biólogo — Ela se aproxima e mexe com ele para acordá-lo.—
Minha cama é mais confortável. — Ele abre os olhos e ela o vê sorrir ao vê-
la.
— Nossa — Boceja.— Que horas são?
— Já passa da uma da manhã. Vamos? — Ela lhe estende a mão.
— Nossa eu apaguei — ele se senta esfregando seus olhos.— Estou mega
cansado, dirigir cansa — Ele pega sua mão.— A sua cama deve ser
confortável mesmo — Ele ao se levantar a puxa uma pouco até sua direção.
— Me deixa vestir sua camisa? — Ela diz com seus lábios aos dele. Aquilo
era algo que sempre quis experimentar.
— Claro — Ele a retira e lhe entrega.
Luna retira sua camiseta e shorts na frente dele veste sua camisa que chega
até metade de suas coxas.
— Muito confortável assim — Ela sorri satisfeita.
— Sim, mas sem a camisa acho que é mais.
— Seu bobo — Ela sorri ao comentário.— Vamos? Venha descansar,
ambos estamos mortos.
Luna leva Luis até o segundo quarto e não ao dela realmente, sem chance
de o deixar entrar no seu quarto. Não com todo aquelas bugigangas Geek’s lá.
No quarto de hóspedes ambos se deitam embaixo das cobertas. Ela apoia
seu celular no criado mudo e o vê piscar várias vezes, quando vê não se
surpreende, são mensagens de Mason. Ele devia estar se perguntando por que
ela desligara na cara dele, ela visualiza todas, mas não responde uma sequer,
estava muito chateada para conversar com ele agora e não queria brigar,
amava demais aquele idiota.
Logo sente o braço de Luis a abraçá-la por trás na cama, o sente se
aproximar e colar seu corpo ao dela, aquilo era gostoso, nunca havia dormido
com ninguém assim.
— Boa noite Luis.
— Boa noite Lua — Ele beija sua nuca, sua voz bem sonolenta. Não
demora muito tempo e ela percebe sua respiração se desacelerar. Ele
adormecera, ela consta. Luna permanece acordada por mais um tempo, não
sabe quanto, depois sente suas pálpebras pesarem e tudo fica escuro.

Mason Carter
Deitado em sua cama Mason encarava o teto. Fica se perguntado por que
Luna agira daquele jeito, sabia que ela havia ficado chateada, só podia ser
aquilo, mas com o que? ARGHHH como mulheres são complicadas. O que
ele havia feito? Provocara ela como sempre fazia, na verdade ele respondeu a
sua provocação. Ele então pega seu celular, precisava entender.

Ele nota que ela visualiza, sorri aliviado, depois de alguns minutos não
obtém resposta então digita de novo.

Ele joga o celular de qualquer jeito no criado mudo. Não iria conseguir
dormir, não com Luna brava com ele.
As horas vão passando e Mason ainda estava encarando o teto, precisava
fazer alguma coisa. Arghh seu idiota, tinha que falar besteira. Não sabia ao
certo o que realmente dissera que a deixara daquela maneira, ele repassava as
conversas várias e várias vezes na cabeça. Olha o relógio, já passava das três
da manhã. Merda, ele pensa. Pelo menos tinha a noite toda para pensar e
tentar decifrar sua amiga Luna. Seria uma longa noite.
Sabia bem que mulheres ligavam bastante para aparência até mesmo uma
mulher como Luna. Sentia sua consciência pesava. Os dois sempre
brincavam um com o outro, mas aquilo do cortador de gramas devia ter sido
o estopim para sua raiva.
É talvez eu tenha ido longe demais.

Luna Iasune
Luna acorda um pouco desorientada. Olha ao redor e se lembra que
naquela noite não dormira em seu quarto, ela sente as mãos de Luís ao redor
da sua cintura e se aninha um pouco mais ali permanecendo por alguns
minutos no calor de seus braços.
Os acontecimentos da noite anterior invadem sua mente. Mason havia ido
um pouco além demais com suas provocações.Por um lado, ela não o culpava
se ele falava coisas daquele tipo com ela era porque nunca contou ser virgem
para ele, o que aconteceria se contasse? Ele provavelmente pararia de
conversar com ela como antes, iria medir as palavras ou não falar
simplesmente, não iria se abrir como antes.
Ou talvez não. Estamos falando de Mason Carter.
Ela suspira e com cuidado se desvencilha dos braços de Luis, na ponta dos
pés ela sai do quarto e caminha até a cozinha.
No caminho avista Misty e Zeus que dormiam aconchegados na enorme
almofada de sua cadela.
Luna prepara como diria sua mãe “Um café da manhã para campeões” com
panquecas de banana, torradas e suco de frutas frescas. Ela não tinha muito o
costume de cozinhar. Quando não comia fastfood geralmente quem
cozinhava era Mason, mas a ocasião merecia. Ela havia dormido com um
homem na mesma cama, não do jeito que algumas pessoas podem interpretar,
mas já era um começo.
Ela se serve de uma fornada de muffins de baunilha e coloca em sua xícara
um pouco de café, tudo para tentar se distrair, mas a conversa te tivera com
Mason e as coisas que ele lhe disse não saiam da sua cabeça.
Melhor ser Chewbacca que um Kono baka. Ela pensa na última mensagem
dele antes de abocanhar outro muffin, suspirando deixa seu bolinho pela
metade no balcão e vai até sua estante, pega um enorme livro sobre
microbiologia e o abre na página marcada, se sentando no balcão e o
colocando no colo.
Não adiantava ficar pensando nas asneiras que aquele idiota havia dito para
ela. Para Mason Luna era apenas um “camarada” do qual ele adorava
atormentar, nas palavras dele amava a atormentar. Suspirando arruma seus
óculos e começa a ler enquanto tomava seu café.
Enquanto passava pelas páginas de seu livro ela escuta barulhos vindos do
corredor. Luis havia acordado, o nota surgir na porta que dava acesso ao
corredor e que dividia o mesmo espaço entre a cozinha e a sala.
— Bom dia Lua — Ele se aproxima a abraça por trás e beija sua nuca
sentindo o cheiro que seus cabelos exalavam.
— Bom dia Luis — Ela sorri.
— O que está lendo? — Conceitos de microbiologia — Ela responde se
esticando para pegar um pouco mais de calda para suas panquecas.
— Hum, assunto muito interessante.
— Fiz panquecas de banana, você gosta?
— Sim eu adoro — Sorri para ela se servindo de uma.
— Tem suco de frutas frescas também se quiser — Ela aponta para a jarra
de suco a sua frente.
— Parece tudo muito bom, não sabia que cozinhava — Ele se serve um
pouco de suco em um copo de vidro.
— Quem você acha que prepara os biscoitos para o pessoal da clínica no
natal? — Ela sorri.
Luis a olha devolvendo o sorriso.
Uma energia confortável paira sobre eles, mas então ambos escutam a
porta e são tirados do transe. O porteiro teria ligado para ela avisando. A não
ser que seja o idiota de seu amigo, mas era muito provável que não, era cedo
ele deveria estar no hospital.
— Eu atendo — Luna diz já se levantando.
— Não tudo bem lua, você está comendo deixa comigo— ele se
encaminha até a porta.
— Valeu — Ela agradece e volta a ler seu livro.

Mason Carter
Ele não consegue evitar um gemido insatisfeito ao encarar o homem que
abria a porta.
— Bom dia Mason.
Fala sério. De novo isso? Revirava os olhos. Sinto que já vi essa cena.
Mason encara aquele doutorzinho dos peixes com um olhar pouco
amigável, ele estava sem camisa de novo, parecia até que ela se
desmaterializava quando aquele idiota estava com Luna. Mason muda seu
semblante e sorri debochadamente para ele.
— Bom dia, eu vim ver a Lua ela ta aí? — Diz esticando sua cabeça e
olhando por sobre o ombro de Luis.
— Ela está tomando café.
Ele ergue sua sobrancelha e escuta a voz da amiga gritar lá de dentro.
— Eu estou aqui, Luis pode o deixar entrar.
Mason da um empurrãozinho em Luis e entra no apartamento dela.
— Dá licença pequena sereia — Ele diz quando passa pela porta e caminha
até onde sua amiga estava.
— Me procurando? — Ela diz friamente sem encará-lo.
Seus olhos percorrem pelo corpo dela e então ele descobre onde a peça de
roupa perdida de Luis estava.
Ele nota seu tom frio e se sente ainda mais culpado, ela estava sentada em
frente ao balcão da cozinha. Qual o problema desse cara com as camisas?
Ele pensa.Sua amiga fecha o livro que lia e se levanta. A camisa não cobria
nem metade de suas coxas. Seus olhos seguem cada movimento que ela faz
indo da cozinha até sua estante e colocando o livro na parte alta, ficando na
ponta dos pés e esse movimento faz a camisa levantar levemente deixando a
mostra sua calcinha de renda, dando a ele um vislumbre novamente de seu
corpo. Seu queixo levemente caído, ele devia estar com uma cara de idiota.
Como logo eu, nunca havia reparado nessa bunda?
— O que você quer Mason? — Ela pergunta o tirando do transe.
— Eu...— Pigarreia.— Vim te ver, desculpa esqueci que estava
acompanhada.
Ele vê Luis ir para perto de sua amiga e a envolver com seus braços a
trazendo para junto do seu corpo e apertando sua cintura levemente com suas
mãos. Mason flexiona o maxilar, com toda certeza não havia gostado
daqueles dedos a apertando.
Sério Mason. Qual o seu problema?
— Se não for urgente pode esperar estamos ocupados — Diz Luis a
Mason.
— Luis se você não se importar poderia levar Misty e Zeus para dar uma
volta eles precisam fazer suas necessidades — Ela sorri se virando para ele.
Revirando seus olhos Luis concorda a solta e pega seu cão e o dela
colocando a guia. Para surpresa de Mason, Luis sai do apartamento sem sua
camisa.
Será que ele assinou algum contrato que o manda ficar sem camisa por um
período de tempo? Ele pensa que é quem, Jacob Black? Ele bufa irritado e
tenta ignorar o fato que ele sabe o nome completo do lobisomem do
Crepúsculo.
— Vamos!O que você quer Mason?
Ela estava impaciente ,ele podia ver.
— Eu na verdade vim pedir desculpas Lua — Pedir desculpas era sempre
um pouco difícil para ele. Era algo que não tinha muita prática, mas odiava
saber que tinha deixado sua amiga chateada.
— Por?
Sabia que ela sabia o motivo do seu pedido de desculpas. Mulheres e sua
habilidade de fazer os homens se sentirem mais culpados.
— Sinto que fui longe demais ontem sobre aquela conversa de... — ele
pigarreia.— Caverna e cortador de grama, a verdade é que fui um idiota e
você tem toda razão em se zangar comigo, não deveria ter dito o que disse
sinto muito — ele solta o ar havia falado rápido demais quase atropelando as
palavras.
Não conseguia decifrar o que ela estava pensando pelo seu rosto
impassível.
— Quer saber? QUE SE FODA MASON! — Ela grita. — Você acha que
eu sou apenas uma nerd sem atributos, não é? Durante muito tempo isso não
me incomodou de verdade, mas ontem aquilo que disse foi a gota d’água. —
Ela cruza seus braços.
Não deixa de notar seus óculos um pouco grandes escorregar levemente
pelo seu nariz. Sua testa se franzir e seus lábios ficarem como pequenas e
finas linhas.
Ela é linda até mesmo zangada. Ele pensava. Foco! Sua consciência
gritava.
— Você acha que não sou bonita o suficiente? Que não tenho nada a
oferecer? Que sou a garota com amigos homens, mas nenhum namorado, não
é? Por que não tenho os atributos certos — Ela abaixa sua cabeça derrotada.
Merda. Ele odiava ver ela se menosprezar assim ela era linda do jeitinho
que era.
— Não quero que seja como elas Lua, você é mais do que isso— Diz sem
jeito, aquela roupa dela não o ajudava a se concentrar.— Eu... Eu nunca disse
que te achava sem graça.
— Não com todas as palavras — Ela diz.
— Lua, por favor... — Ele se aproxima dela, mas ela o interrompe.
— Olha eu desculpo você Kono baka.
— Desculpa? — Ele a encara.
— Não quero perder sua amizade, ela é muito importante para mim. Só
maneire nas brincadeiras ok? Não precisa ser Kono baka o tempo todo — Ela
sorri de lado.
Nossa como ele sentiu falta daquele sorriso.
— Sua amizade também é importante para mim. Prometo aliviar um pouco
e sobre não ser idiota o tempo todo, não garanto, mas vou tentar.
— Você é meu melhor amigo Mason.
— E você é minha melhor amiga.
— Claro que sou.Quem mais te suportaria assim? — Ela sorri.
— Isso é verdade às vezes nem eu mesmo me suporto.
— Verdade? Nossa não sei como consegue — Diz em tom brincalhão.
— Desculpe se te magoei Lua, não foi minha intenção.
Ele nota o movimento dela e logo sente seu abraço.
— Senti saudades, texano. — Ela afunda seu rosto no peito dele.
— Também senti a sua — Diz a envolvendo com seus braços e inalando
aquele cheiro de flores silvestres que vinha de seus cabelos castanhos.—
Nem pense em viajar novamente com o doutor Nemo e me deixar sozinho
aqui — Diz a apertando.
— Não garanto. — Ela o solta.
— Está proibida — Ele afrouxa seus braços e a encara.— Nem pense que
eu esqueci o cinema.Você vai ver o filme do Star trek comigo e vai usar as
orelhas do Spock.
— Sem chances de usar aquelas orelhas ridículas.
Ele sentia seu corpo próximo ao dela sua respiração serpenteava a parte
inferior de seu queixo. Mason sentia uma energia o invadir. Nunca havia
sentido aquilo e quando ela se afasta ele instintivamente sente falta do calor
de seu corpo tão bem encaixado em seus braços. Mas que merda está
acontecendo comigo?
— Mason? — Ela o chama.
Sendo tirado novamente do seu transe pela sua voz.
— Sim?
— Lembra do que minha mãe falou naquela ligação?
— Sobre você sonhar comigo? — Ele sorri a provocando.
— ARGH estava demorando — ela cruza seus braços.
Mason começa a rir — Tudo bem — ergue suas mãos se rendendo.— O
que tem aquela ligação?
— O início das festividades do ano novo japonês começa hoje e eu queria
saber se você não quer comemorar comigo?— Diz sem jeito.
— E o doutorzinho dos peixes? Ele vem?
— Não. Eu queria comemorar com você, Luis já conhece os costumes,
queria apresentar a você.
Ele sorri — As oito?
— Arigatô Neco baka — Ela diz.
[17]

— O que eu falei sobre o japonês? — Ele revira seus olhos — Preciso ir


agora, ainda tenho que ir trabalhar— Diz indo até a porta.— Te vejo a noite?
— Sayonara Kono baka — ela sorri da sala.
Ele não pode deixar de sorrir de volta.
— Bye, bye Hobbit — Fecha a porta ao sair.
“Eu me lembro de tudo ao seu respeito. Você que nunca prestou atenção.”
Petta Mellark

Luna Iasune
Depois que Mason saiu do apartamento ela se pegou pensando em tudo o
que havia acontecido no intervalo de quarenta e oito horas. A viagem com
Luis, o beijo, a aproximação de ambos, as conversas e agora aquilo, as
sensações que sentiu ao abraçar seu amigo. Luna tentou se convencer que era
apenas saudades daquele idiota do qual amava. Mas seu subconsciente sabia
bem que não eram apenas saudades.
Naquela manhã não iria a clínica, como havia feito a palestra, ficado fora
três dias e adiantado seu trabalho na sexta feira ela estava de folga o que foi
muito oportuno já que precisava sair e comprar tudo para preparar uma noite
digna de um verdadeiro ano novo japonês. Ela toma uma rápida ducha e veste
um short jeans rasgado com uma blusa de lã vermelha onde no meio dela
estava escrito Plataforma nove três quartos. Faz um coque em seus cabelos
após penteá-los, coloca seus óculos e pega sua bolsa.
Dirigiu-se até o bairro japonês que havia na sua cidade e compra toda
decoração e ingredientes para preparar um jantar com comidas típicas
japonesas.
Comprou várias luminárias e duas lanternas de papel, também havia
comprado algo especial em uma loja, o presente a ser dado no final da noite
como era de costume.
Assim que chegou a casa com as mãos cheias de sacolas ela tratou de
preparar primeiramente o jantar que consistia em arroz, sushi, sashimi,
gyudon que era uma simples tigela de carne com arroz, cebola e molho
adocicado, tempura de legumes e Kare Rice, com um toque especial que sua
avó lhe ensinara. Para sobremesa preparou três de seus doces favoritos
Mochi, manju e sorvete de feijão vermelho que geralmente era comido com
cobertura de amendoim, e com certeza sua sobremesa favorita do mundo
inteiro.
Depois de deixar o jantar pronto ela parte para decoração, afasta todos os
móveis deixando um espaço aberto no meio do seu apartamento onde espalha
várias almofadas pelo chão, sua mesinha de centro que antes ficava em frente
à TV agora estava no meio do seu apartamento, a mesma estava coberta com
uma toalha com estampa de cerejeira branca e vermelha. Nela todas as
comidas que Luna preparara descansavam enquanto ela pendurava várias
luminárias vermelhas e brancas ao redor da sala, tudo a luz de velas com uma
música de fundo tradicional japonesa calma e lenta.
Ela deixou tudo ao estilo japonês sem cadeiras uma mesa pequena de
madeira fundida com uma garrafa de vinho branco, sem talheres iriam comer
com os famosos pauzinhos de madeira que se chamavam Hashis, teria que
ensinar a Mason como usar.
Com as mãos na cintura encara tudo pronto se sentindo orgulhosa pelo
trabalho bem feito e não pode deixar de sentir saudades de sua casa do outro
lado do mundo. Ficava pensando qual seria a reação de seu amigo,
principalmente para o que havia preparado no terraço do prédio.Sua cadela
estava sobre os cuidados de sua gentil vizinha, ela queria ficar apenas com
ele, queria ficar mais à vontade com seu amigo.
Ele iria conhecer melhor os costumes que ela tanto amava e apesar de Luna
não ser japonesa de raízes e sim brasileira ela havia ido ainda jovem ao Japão
quando sua mãe se casou com um importante CEO, por isso adotou aqueles
costumes para si, ela se considerava mais japonesa do que brasileira, pois
adorava tudo lá e lá havia sido seu lar durante sua adolescência.
Mais cedo naquele dia ela havia recebido pelos correios uma encomenda
trazida direto do Japão enviada de sua mãe, um vestido vermelho florido
estilo Kimono tradicional com um pequeno detalhe na perna esquerda, um
rasgo que ia um pouco mais acima do começo de sua coxa, sem mangas e
apertado na cintura.
Assim que visualiza sua imagem de corpo inteiro no espelho escuta alguém
bater na porta, ao olhar o relógio vê que eram exatamente 20 horas.
Estrangeiros e sua pontualidade.
Com a ansiedade e o nervosismo tomando seu corpo ela parte até a porta
talvez com um pouco de pressa excessiva. Para na frente da mesma, solta um
longo suspiro tentando controlar sua respiração e com um sorriso abre a porta
para seu convidado.
Ao encarar a figura do outro lado viu que tentar controlar seus batimentos
e respiração seria impossível. Mason estava incrivelmente lindo. Usava uma
camisa branca junto com um blazer escuro bem alinhado e que suas mangas
ficavam mais justas no braço, evidenciando seus músculos. Seus cabelos
loiros estavam penteados para trás e algumas mechas, aquelas que ele
detestava, caiam sobre seus olhos azuis incríveis. Luna conteve a vontade
enorme de levar as mãos até lá e colocar suas mechas no lugar.
— Ogaridasai Mason-Senpai — ela o saúda após o que pensa ter passados
[18]

alguns bons segundos o observando.


Luna percebe seu amigo a olhar de cima a baixo meticulosamente e não
consegue não corar com aquela breve analise.
Com um sorriso atrevido no rosto ele a provoca.
— Não sabia que era uma festa do pijama, não trouxe o meu tem problema
ficar de cueca?
Ela revira seus olhos para disfarçar sua vergonha ao imaginar ele de cueca
no meio de seu apartamento.
— Chama-se Kimono e é uma veste tradicional japonesa e não nada de
cuecas, nós vamos comer Mason pelo amor de Deus — ela diz em tom sério,
mas logo sorri.
— Era exatamente em comer que estava pensando ao sugerir ficar de cueca
— sorri atrevidamente de canto dando ênfase a palavra comer.
Ahh como amo esse sorriso de canto, ela pensa.
Quando seu amigo faz menção a passar pela porta Luna o impede coloca as
mãos em seu peito e o olha com suas sobrancelhas erguidas.
— O que foi? — Ele pergunta confuso.
— Tire os sapatos — Ela aponta para seus pés.
Mason suspira e retira seus sapatos ficando apenas de meias — E agora?
— Ele os pega.
— Deixe ao lado da porta — Ela aponta para o cantinho onde descansavam
seus sapatos em cima de um pequeno tapete azul marinho.
Ele faz o que ela diz — Agora posso entrar?
— Pode — Ela sorri retirando as mãos de seu peito e dando passagem.—
Traz má sorte entrar calçado em casa, no Japão diz que as impurezas da rua
não devem entrar em nossa casa isso acabaria com a harmonia.
Seu amigo estava parado ao lado dela no hall da porta encarando a
decoração da casa.
— Nossa você teve um serviço e tanto arrumando tudo isso — Ele passeia
seus olhos por todo apartamento dela.— Por que não me chamou? Poderia ter
ajudado.
— Eu quis fazer tudo sozinha, valeu à pena no final eu gostei do resultado.
— Diz sorrindo com as mãos em sua cintura. — O que tem nas sacolas? —
Ela pergunta as notando pela primeira vez desde que ele chegara.
— Presentes— Diz sem jeito.
— Oba! — Ela exclama animada.
— Um eu irei te dar já e o outro apenas no final da noite — ele pega uma
das sacolas enquanto deixa a outra ao lado da porta que sua amiga acabara de
fechar.
— Também tenho um presente para você, mas só após o jantar.
Seu amigo passa uma das mãos nos cabelos enquanto a outra segurava
firmemente a sacola. Aquilo era nervosismo?
— Então... — Mason fala.— Eu estava pensando como é ano novo
geralmente as pessoas usam esse período para pensar no ano que tiveram e
agradecer por tudo, não é? Também pensamos sobre tudo que fizemos de
errado e sobre o perdão. Eu fiquei pensando e não achei nenhum
arrependimento que tenho com você, nesses últimos dois anos você só trouxe
coisas boas em minha vida Lua, mas então me lembrei de algo mal resolvido
entre nós.
Ele sorri passando as mãos em seus cabelos novamente. Sim ele estava
nervoso.
— O motivo de estarmos nós dois aqui hoje e não me arrependo disso, foi
quando tudo mudou, acho que estávamos no lugar certo na hora certa — ele
sorri e abre a sacola de papel em suas mãos.— Esse é meu pedido de
desculpas, já que não aceitou a consulta gratuita — sorrindo de lado Mason
tira da sacola um copo de café expresso do Starbucks escrito na lateral com
caneta preta a palavra Hobbit, ele estende o copo para ela sem jeito.
Luna sorri com aquele gesto. Há duas espécies de chatos no mundo, os
chatos propriamente ditos e os chatos de nossos amigos, aqueles que
amávamos de coração, Mason estava categorizado na segunda opção ela não
sabia como seria sua vida daqui para frente sem ele, sem sua amizade,
concorda mentalmente com suas palavras “Lugar certo, hora certa” ela pega o
copo de café e coloca no balcão da cozinha segundos depois voltando para
onde ele estava e se jogando em seus braços.
— Adorei Kono — diz sorrindo enquanto afundava a cabeça em seu peito
inalando aquele cheiro amadeirado que tanto sentiu falta.
Ela o sente a envolver com seus enormes braços a abraçando apertado, e
não consegue segurar um gemido de prazer abafado.
Ele beija o topo de sua cabeça
— Você ainda me deve um Frappuccino.
— Pode deixar que vou resolver isso — ela sorri se afastando de seus
braços.— Com fome?
— Sempre — ele sorri ainda com as mãos na cintura dela.
Ela o guia até a mesa de centro. Luna se senta em uma das enormes
almofadas espalhadas ao redor da mesa e faz um sinal para que ele faça o
mesmo, que se senta à sua frente.
— Nossa não conheço nem metade dessas comidas aqui — ele ri
apontando para aquele pequeno banquete.
— Bom nós temos Sushis, sashimis, Sukiake, ramen, Gyodon, kare Rice e
de sobremesa Mochi e manju. — Ela aponta cada uma das comidas
nomeadas. — Quase esqueci, tem sorvete na geladeira.
— De que sabor? — Mason pega o vinho e o abre colocando a bebida em
duas taças e a oferecendo uma.
Luna pega a taça com a bebida e toma um gole — Sorvete de feijão
vermelho — ela responde.
Mason ergue sua sobrancelha — Sorvete de feijão? Nossa deve ser
delicioso — Ironiza bebendo um pouco de vinho.
— Hey prove primeiro — ela faz bico.
— Claro, tem sempre um pouco desse sorvete no meu congelador quando
sobra do jantar.
— Primeiro não é feijão normal e sim um feijão vermelho fermentado,
você vai gostar — ela sorri.
— Veremos — diz tomando mais um gole de vinho. — Tem uma ordem
para começarmos a comer?
— Primeiro vamos agradecer, junte suas mãos como se fosse fazer uma
oração assim— Luna ergue suas mãos acima do peito em sinal de
agradecimento e vê seu amigo copiar seus movimentos — Agora abaixe a
cabeça em sinal de respeito e repete comigo ITADAKIMASU ! [19]

Mason faz como a amiga o indicara a olha de relance com a cabeça baixa,
e tenta repetir o agradecimento da melhor maneira que conseguia.
Bom pelo menos ele havia tentado né? Ela pensa sem conseguir segurar o
risinho.
— Sinto que seu riso seja por causa da minha mais perfeita pronúncia —
sorri.
— Você foi bem — ela ergue seu olhar para ele.— Agora pegue seus
hashis e pode começar a comer — sorri pegando seus pauzinhos e
começando a se servir.
Ela o nota encarar seus Hashis como se fossem coisa do outro mundo, logo
ele tenta fazer como ela e começa a se servir.
Depois de um tempo o observando com sua dificuldade ela diz — Mason a
comida é para se pôr no prato e não na mesa.
— Você ainda não percebeu que meu propósito e fazer uma bagunça para
você limpar? — Ele diz debochadamente lutando com os Hashis.
Ela sorri de lado.
— Argh cadê os garfos Lua? É sério vou acabar comendo com as mãos —
ele bufa.
— Espera eu vou te ensinar como se usa — ela se levanta e vai até ele, se
posiciona atrás e pega sua mão da qual segurava os pauzinhos, ela a envolve
com a dela, sua boca bem próxima ao seu ouvido então começa a explicar o
uso dos Hashis.— Você pressiona seu polegar aqui e seu indicador bem aqui
— ela leva os enormes dedos de seu amigo aos locais onde ele deveria pegar
nos Hashis, sua respiração batendo frente a sua nuca.
Seu cheiro penetrava suas narinas, a envolvendo, podia sentir o calor que a
pele dele emanava. Ela não conseguia se concentrar nos próprios
ensinamentos, sentia seus batimentos se acelerarem e sua voz por um
segundo treme.
O que está acontecendo? Ela pensa.
— Depois... — ela continua sua explicação.— É só apertar e pegar a
comida assim viu?
Com um pouco de dificuldade Luna o vê pegar a comida e colocar em seu
prato.
— Relaxa a prática leva a perfeição — ela sorri e volta ao seu lugar.
Seu amigo não diz nada, apenas se serve da melhor maneira possível,
tentando pegar a comida com suas mãos que agora possuíam uma leve
tremulação. O silêncio que surgiu após o efeito daquele contato paira sobre
eles por alguns minutos.
Os dois se deliciam com aquela comida maravilhosa. Luna sentia tanta
falta do Japão, aquilo era como estar em casa. Nada comparado à comida de
sua mãe é claro, mas ainda assim era muito boa a nostalgia que aquilo
causava.
— Isso está muito bom — Mason elogia de boca cheia, quebrando o
silêncio.
— Muito — ela diz pegando uma porção de Gyodon e Sukiake.
Mason vai se servindo de tudo o que havia na mesa. — Depois de
comermos vamos jogar — ela diz tomando um gole de seu vinho.
Mason ergue sua sobrancelha — Tem haver por acaso com alguém tirar
alguma peça de roupa? — Se servia mais vinho e completava a taça de sua
amiga.
— Mason, pode, por favor, não estragar meu ano novo? É o primeiro longe
de meus pais — ela bebe seu vinho.
Fazia seis anos que voltara ao Brasil para estudar e todo final de ano
sempre dava um jeito de ir passar com seus pais, mas aquele em especial não
conseguira conciliar com a folga do trabalho.
Mason suspira — Tudo bem, mas seria um bom jogo — Bebe seu vinho e
pega uma porção de Sushi — Falou com seus pais hoje? — Diz comendo um
pouco daquela iguaria.
— Sim — ela diz em tom tristonho.— Sinto tanta falta deles que às vezes
penso em voltar— ela termina seu prato e pega um pouco de Mochi, gostava
muito daquele doce.
Mason mastiga sua comida um pouco devagar como se estivesse pensando
seriamente sobre algo que ela dissera.
— Hum, você... — ele engole.— Pensa em voltar?
— Por que não?! — Ela da de ombros. — Lá é meu lar.
Ele abaixa seus olhos para seu prato e para disfarça o possível, incomodo?
ele pega um dos doces que ela havia mencionado o levando até a boca.
— Quem sabe um dia eu possa voltar, não é? — Ela termina sua taça de
vinho.
— É quem sabe— sorri tristemente.
Ao perceber seu sorriso Luna tenta amenizar o clima — Sorvete? — Ela
oferece já se levantando e indo até a cozinha.
Pega o pote no congelador junto com duas colheres, vai até seu amigo e se
senta ao seu lado — Você nunca me falou dos Estados Unidos, sente
saudades? Nunca pensou em voltar? — Ela abre o pote e o entrega uma
colher.
Mason suspira pegando o talher.
— Claro que sinto saudades, já pensei nisso por muito tempo, mas não sei
Lua. Não tem mais nada lá para mim tudo o que tenho está aqui, meu
trabalho está aqui, minha mãe está aqui — ele faz uma pausa e a encara. —
Eu não sinto mais que aquele lugar seja meu lar.
— Entendi— ela começa a despejar a cobertura no sorvete pegando uma
colherada generosa e levando a sua boca. — Hum... — geme em satisfação.
— Sua vez.
Mason encara aquela coisa com cor e cheiro esquisitopara ele. Suspirando
enche sua colher e leva a boca, e instantaneamente ele franze. Sua cara não é
das melhores, sua sinceridade excessiva não permitia que ele disfarçasse.
— Sério Kono baka — ela vê a careta que ele fazia.— Podia pelo menos
tentar disfarçar Ele engole com dificuldade aquele negócio— Lua isso é
horrível — ele diz já bebendo um pouco de vinho para tirar o gosto.
— Está louco — diz já na metade do pote.
Mason coloca sua colher de lado — Sério? Quem faz um sorvete de feijão?
— Só o melhor sorveteiro do mundo — ela sorri com a boca cheia não
sabia quando comeria de novo já que era muito difícil de encontrar no Brasil.
Tinha sido sorte ela achar os ingredientes para fazer a receita caseira ensinada
pela avó de seu padrasto. — Não entendo como pode não gostar disso, mas
ter se deliciado com tripas de boi — ela aponta o Karen Rice por que era isso
que eram, tripas de bois embebidas em molho.
Mason arregala seus olhos e encara seu prato, Luna se diverte com sua
cara.
— Está quase na hora — ela diz se afastando e indo até a cozinha, onde
pega uma pequena caixinha preta embaixo do balcão e vai em direção ao seu
amigo.— Vamos?Está tudo pronto lá em cima — ela indica a escada de
acesso ao terraço que ficava do lado de fora da janela de seu apartamento.
Mason pega sua sacola que estava ao lado da porta e a segue.

Mason Carter
Ao chegar ao terraço tudo estava escuro, ele não via nada além das luzes
distantes da cidade, as estrelas e da grande lua no céu.
Sem aviso várias lâmpadas se acendem revelando um local aconchegante,
amplo e muito bem decorado. Mason não consegue esconder a surpresa, Luna
transformara aquele local sem graça que ele já vira várias vezes em um lugar
totalmente mágico, parecia ter sido enfeitiçado, pequenas lanternas japoneses
pendiam por todo lugar, iluminando tudo ali, parecia que as luzes estavam
flutuando dando um efeito totalmente mágico e com um sorriso no rosto ele
não consegue deixar de comparar com o grande salão de Hogwarts.
— Nossa está muito lindo — ele sussurra mais para si mesmo.
Ao se virar e procurar por Luna ele a vê sentada em um colchão que até
então não havia reparado, ela sorri para ele e com um gesto o chama para se
sentar ao seu lado.
Um ótimo lugar para se deitar com uma mulher linda, com um vestido
curto e um rasgo na lateral. Ele pensa.
— Agora a melhor parte — ela sorri mais ao vê-lo se aproximar.
Na cabeça de Mason várias coisas passam, várias perguntas sem resposta,
váriasdúvidas, vários anseios, desejos, expectativas, imagens de sonhos
passados e de sonhos futuros que com certeza teria com aquela visão de Luna
praticamente deitada em um colchão rodeada por luzes de pequenas lanternas
o convidando para se juntar a ele.
Será que ela estava sugerindo alguma coisa? Será que queria subir um
degrau na relação deles? Será que finalmente aceitara todas as indiretas que
ele havia dado nesses anos?
Desde o momento em que a vira naquele café ele sabia exatamente o que
queria dela. Ele queria transar com ela, sempre quis, era seu objetivo ao
tomar a decisão de se aproximar e tentar pegar o número dela naquele dia,
mas vocês sabem muito bem o que na realidade aconteceu, as coisas nem
sempre acontecem da maneira que queremos, a vida sempre nos pega de
surpresa.
Ele sempre que tinha uma oportunidade lhe lançava uma indireta, às vezes
bem direta, mas Luna, ele não tinha muita certeza do porquê, mas ela sempre
se desviava delas ou mandava ele parar de brincar ou simplesmente as
ignorava ou não as entendia.
Com o tempo ele deixou aquilo de canto, não iria forçá-la a nada, se
tornaram muito próximos e já que ela não parecia muito interessada em ter
nada mais com ele além de amizade, resolveu seguir em frente com suas
conquistas e ter Luna ao seu lado nem que como apenas amiga, pois afinal tê-
la como amiga era muito melhor do que não ter.
— Está pronto? — Ela pergunta no momento em que ele se joga no
colchão ao seu lado.
— Pronto para que? — Ele abre um sorriso malicioso de canto.
— 3 ... 2 — ela diz sorrindo olhando para o relógio. — 1 — então vários
fogos de artifício começam a percorrer seu caminho até o céu e colorindo a
noite com uma explosão de cores variadas. — Eu os programei — ela mostra
um pequeno controle em sua mão esquerda.
Ele encara o céu maravilhado, realmente ela pensara em tudo.
— Akemashiteometogozaimasu kono baka — ela diz sorrindo o olhando.
[20]

— Não me peça para repetir isso — ele brinca tirando sua atenção do céu e
voltando para o rosto super animado de Luna e sentiu exatamente como o céu
sobre ele, tranquilo no começo, mas a partir do momento em que ela lhe sorri
sente seu coração explodir liberando uma porção de cores, o iluminando e o
aquecendo, levando toda escuridão para longe.
Ela se aproxima dele se debruçando sobre seu corpo. Finalmente, ele pensa
e abre um belo sorriso.
Atrás da cabeça de Luna ele pode ver os últimos fogos de artifício
explodirem, aquela com certeza era uma das visões mais lindas que tivera na
vida, mas logo a vê voltar a sua posição original com duas lanternas maiores
nas mãos.
Ela só pegou duas lanternas não ia fazer nada com você seu idiota, seu
sorriso some dando lugar a uma expressão curiosa.
— Mason levanta vai — ela segura uma das lanternas entre as mãos
enquanto se sentava sobre suas pernas.
Ele pega uma das lanternas de papel ao se sentar e gira o objeto entre as
mãos, logo pega um pedaço de papel e um lápis que ela lhe oferece.
— Nós vamos escrever um desejo que queremos que se realize e então
soltamos as lanternas.
— Só um desejo?
— Só um, é a regra.
Mason encara aquele pequeno pedaço de papel, o que poderia pedir? Não
havia muitas coisas que ele desejasse que acontecesse, ele tinha praticamente
tudo o que queria. Após alguns instantes escreve com sua caligrafia curvada e
firme “TÊ-LAS SEMPRE AO MEU LADO”. Ele não consegue deixar de
pensar em sua mãe, estava lhe devendo uma visita naquela semana.
Quando termina de escrever ele dobra o papel o colocando dentro da
lanterna.
— Agora você acende bem aqui — ela mostra o pequeno pavio. Ele
acende ambas — Eleve sobre sua cabeça e solte — ele faz isso e quando a
solta eles ficam observando as duas lanternas se distanciarem através do céu
escuro.
— Bom agora para completar nossa noite — ela sorri ainda mais.—
PRESENTES.
— Podemos fazer isso ano que vem? — Diz ainda olhando as lanternas no
céu.
— Claro Kono eu ia adorar — Mason olha em sua direçao e sorri, sem
malicia ou deboche apenas um sorriso— Agora me de meu presente.
— Então — ele pega de dentro da sacola uma caixa quadrada preta com
um laço vermelho no topo.— Hoje fui no bairro japonês aqui da cidade e
entrei em uma loja de presentes, a vendedora não falava quase nada em
português e muito menos em inglês — suspira, suas mãos tremiam um pouco.
— E tentei explicar da melhor maneira possível o que iríamos fazer hoje e ela
me indicou esse presente — ele ergue um pouco a caixa em suas mãos.— Já
que não entendo nada da cultura japonesa e como achei bonito, espero que
você goste, se não gostar posso te dar o endereço da loja e você vai brigar
com a vendedora.
Ele lhe estende a caixa.
— Happy new year Hobbit — ele diz quando ela pega o embrulho.
A expectativa dele era grande, não sabia se ela iria gostar, nunca dera nada
a ela que não fosse do universo geek, mas achava que aquela noite merecia
um presente diferente ao que ele estava habituado a dar. E quando acha que
não pode ficar mais nervoso e ansioso ele escuta Luna gargalhar, gargalhar é
pouco ela estava quase se contorcendo de tanto rir e com uma das mãos
segurava sua barriga com o embrulho aberto e encarando o que havia dentro.
— O que foi? — Ele se aproxima um pouco sua cabeça tentando olhar o
conteúdo da caixa.
— Aiiii minha barriga — ela enxuga o canto dos olhos, ela ria muito.
— Ótimo que esteja se divertindo, mas será que dá para me explicar? —
Ela continua rindo da sua cara.— Sério Lua eu vou embora se não parar.
— Eu — ela segura o riso.— Sabia que me amava, mas tanto assim — ela
retira um dos vários tsurus de origamis vermelhos de louça que havialá
dentro.— Mason um homem presenteia uma mulher com origamis vermelhos
— segura o riso.— Na cultura japonesa significa que você me ama e também
que quer me pedir em casamento — ela não se segura e ri mais.
— Filha da mãe de vendedora japonesa — ele a encara surpreso e leva
ambas as mãos ao rosto se jogando no colchão.
— Acho que ela pensou que eu fosse sua namorada.
— Eu não acho eu tenho certeza disso.
— Fico lisonjeada com o pedido.
Com as mãos ainda em seu rosto ele dizia as palavras idiota em sua cabeça
repetidas vezes e então começa a rir de si mesmo.
— Calma kono, espero que você tenha comprado as alianças.
Ela tirava sarro dele.
— Pelo menos agora eu serei o SEU kono baka — diz ele sorrindo agora a
encarando ao se lembrar das palavras da mãe dela na ligação.
— Tudo bem, parou aí mesmo não vamos começar.
— Qual é Lua, é brincadeira.
— Perdoo você só pelo fato de ter me pedido em noivado bonitinho.
— Você ainda não disse se me aceita — sorri.— Me lembre de nunca mais
dar origamis vermelhos para ninguém.
— Vou pensar — ela pega a caixinha que trouxera pra cima.— Agora meu
presente, anda estende seu braço.
Ele faz o que ela manda e estende seu braço direito. Ela retira da caixa em
suas mãos uma pulseira masculina de couro escuro, a coloca em seu pulso,
era muito bonita, o presente coube perfeitamente então passa os dedos em
uma região do couro revelando algo escrito em o que ele imaginou ser em
japonês.
— O que está escrito aqui? — Pergunta ele observando o misterioso
escrito.
Ela fica em silêncio por alguns segundos como se hesitasse.
— Amizade verdadeira — diz finalmente.
Ele tira sua atenção rapidamente da pulseira e vê uma Luna com um
grande e orgulhoso sorriso lhe encarando.
Arghh lá vem aquela palavra de novo, amizade, sempre amizade, ele
pensa.
— É muito bonita Lua, gostei muito — ele sorri meio sem jeito.
Ela encaixa seu dedo mindinho ao dele.
— Agora promessa de ano novo — ela se aproxima mais, seus joelhos
encostando nos dele.— Eu Luna Iasune prometo ser sua melhor amiga para
sempre.
Ele tem a sua atenção a aquele pequeno gesto, seu dedo quase cobrindo o
dela, ele podia ver que realmente ela não havia aceitado as centenas de
indiretas, e aquilo o entristeceu um pouco. Sentia os fogos de artifício em seu
peito irem se apagando um a um. Ergueseus olhos e os deposita nos dela, de
um azul tão vivido, bem mais azuis que os dele e cheios de luz.
— Tenho que dizer também?
— Não quer ser meu amigo?
— Pensei que eu fosse seu noivo — ele sorri de canto.
— Não, você daria muito trabalho — Ela ri baixinho.— E suas amiguinhas
me matariam.
Ele não se aguenta e ri de seu comentário.
— Ok — Suspira.— Eu Mason Carter prometo ser seu — ele faz uma
breve pausa, suspira novamente e continua.— Melhor amigo para sempre.
Só serei isso mesmo, é só o que ela quer que eu seja, ele pensa.
— Mason? — Ela desenrosca seus dedos, e a vê ficar um pouco tensa,
parecia que estava tomando coragem para dizer alguma coisa.
Ok isso é ridículo, pare de ter esperança, ele se repreende.
— Algumas vezes na vida você encontra um amigo especial. Alguém que
mude sua vida, simplesmente por estar nela. Alguém que te faz rir até você
não conseguir mais. Isso é amizade, a verdadeira. Quando estou pra baixo o
mundo parece escuro e vazio, e você aparece e me coloca pra cima e faz com
que tudo fique claro e se ilumine ao meu redor. Você é meu melhor amigo do
mundo inteiro e eu amo ter você na minha vida, amo sua companhia, até
quando você é insuportável e irritante. Sua amizade é muito importante pra
mim.
Involuntariamente Mason ergue sua mão direita e acaricia o rosto de Luna,
ele a vê inclinar a cabeça para o lado aproveitando um pouco mais o seu
toque, ela sempre fazia aquilo, ele sabia cada detalhe de tudo o que ela fazia,
ele é um homem muito observador principalmente quando o assunto é Luna
Iasune.
— Obrigado Lua, você também é muito importante para mim. Eu não sei o
que faria sem você, você apareceu em um momento difícil da minha vida—
ele suspira ao pensar na mãe.
Era uma mulher muito doente e a apesar de Luna nunca tê-la conhecido ela
sempre o ajudava quando ele se sentia deprimido pela situação da mãe.
— Você transformou os meus dias tristes e solitários. Eu confio em você
mais do que em qualquer pessoa no mundo, você é a única mulher para quem
nunca menti na vida, sou sempre sincero com você e gosto que você sempre
seja sincera comigo — com seu polegar ele limpa uma lágrima solitária que
escorria pela bochecha dela.— Você é como o raio de sol que ilumina e
aquece um dia nublado e triste de inverno, aquele sol que mesmo aparecendo
rapidamente seu brilho e calor fazem valer a pena o dia, te mantém
revigorado e aquecido pelo dia todo. Nossa. Fiquei espantado comigo mesmo
agora.
— Melhores amigos para sempre? — Ela sorri com seus olhos marejados.
— Melhores amigos para sempre — Ele sente o abraço de Luna e com
carinho ele acaricia suas costas.
Ahh Lua por que você é tão lenta às vezes?
Ela se afasta de seus braços e se deita no colchão encarando o céu agora
limpo. Ele se deita a seu lado, logo a sente se aproximar e deitar a cabeça em
seu peito se aninhando nele.
— O que achou do ano novo japonês?
— Eu adorei e você? Me sai bem?
— Tirando o presente inusitado — Ela ri.— Você foi ótimo.
— Há alguma chance de você um dia esquecer isso?
— E você há alguma chance de esquecer que sonhei com você?
— Claro que não — ele acaricia suas costas.— Espere, você realmente
sonhou comigo?
Ela fica em silêncio e mesmo não vendo seu rosto sabia que ela devia estar
corada.
— Se você quiser meu jaleco está no carro — ele a provoca rindo.
— Só sonhei uma vez Mason, mas não irei contar detalhes.
Ele começa a rir seu peito subindo e descendo acelerado, a cabeça dela
seguindo aqueles movimentos.
— Quer parar?
— Relaxa Lua — ri mais.— Na verdade fico lisonjeado.
— Por quê? Você nem sabe como foi — ela vira seu rosto para encarar o
dele.
— Fico lisonjeado porque eu estava nos seus pensamentos e não deve ter
sido ruim porque senão você chamaria de pesadelo e não de sonho — ele
encosta seu queixo em seu peito para poder encará-la.
— Arghhh. Você vai pagar por isso — ela diz irritada.
— Vou esperar ansiosamente — sorri de canto.
— Ah é mesmo? — Ela aproveitando que ele está deitado, fica sobre os
joelhos e começa a fazer movimentos frenéticos embaixo dos braços dele e
pelo abdômen fazendo cócegas, ela sabia que ele detestava aquilo.
— Pare LUA — seu corpo se contraía ao toque dos dedos dela.— Pare
sabe que odeio isso — ele ria se contorcendo no colchão.
— Kono baka.
— Pare — ele estava ofegante de tanto rir, com um movimento rápido ele
segura seus pulsos tirando suas mãos do contato com seu corpo.
— Me solta Kono baka— ela tentava se libertar de suas mãos, mas ele era
bem mais forte do que ela.
Ele levanta seu corpo do colchão e a derruba de costas sobre o mesmo,
sempre segurando seus braços, posiciona seu corpo sobre o dela elevando
seus braços acima de sua cabeça.
Seu rosto estava próximo ao dela, seu nariz a centímetros do dela, as
pontas de seus cabelos roçavam sua testa, fazendo cócegas sobre sua pele.
Mason sente uma eletricidade percorrer seu corpo, ele encarava seus olhos
azuis não conseguia decifrá-los, parecia um misto de surpresa, medo e um
pouco de desejo talvez. Sentia seu hálito quente se misturar com o dele, seu
coração batia muito acelerado quase saindo de seu peito, com certeza ela
devia o estar sentindo bater, pois as batidas eram frenéticas.
— Sério Mason me larga — ela diz com uma voz sussurrada quase como
um gemido.
Beija ela Mason, beija, beija logo, era tudo o que ele conseguia pensar,
esse era o seu coração dizendo o que fazer. Pare com isso Mason, não faça
isso, pare de ser idiota essa mulher acabou de lhe dar uma pulseira da
amizade, você espera que ela vá querer alguma coisa? Essa era sua razão lhe
dizendo o que fazer. Mason sempre se considerou um homem muito mais
racional que emocional. Então faz a única coisa que deveria fazer em uma
situação como aquela, ele solta seus pulsos e sai de cima dela, se sentando de
costas para ela.
Mason idiota, quase estragou tudo. O que estava pensando em fazer?
Ele passa o polegar pelo escrito em japonês de sua mais nova pulseira de
couro. Sentia como se ele havia ganhado um lembrete permanente de qual era
seu lugar.

Luna Iasune
Ele era seu amigo e além de tudo era Mason Carter, e Mason não era do
tipo de cara que se apegava, ele era um galanteador, sempre com uma mulher
diferente, e sempre compartilhando com ela suas aventuras noturnas, e esse
era o maior medo dela, um deles pelo menos, de contar como se sentia e ele
passar uma única noite com ela e depois a rejeitar por não querer nada sério e
sólido.
Ela se senta e encara seu largo tronco de costas pra ela, podia ainda sentir o
formigamento em sua pele nos locais onde ele a tocara, onde seus cabelos
tocaram. Por um momento achou que ele fosse beijá-la e ela teria deixado.
— Ta tudo bem Kono? — Consegue finalmente dizer.
— Sim está. Por quê? — Seu tom é sério.
— Ah você quer dormir comigo? — Ela o escuta tossir e ele se vira para
encará-la, abre aquele sorriso de canto que sempre a derretia por dentro e
levanta uma das sobrancelhas.— Quer?
— Se você perguntar para um cara um dia e ele disser não, tenha certeza
ele é gay.
— Que fofo, mas não é isso o que quis dizer. O que quero saber é se você
quer dormir aqui hoje, pois já passa da uma da manhã.
— No seu quarto?
— Claro que não, aqui — ela gesticula com os braços mostrando o colchão
onde estavam sentados.
— Hum parece um ótimo lugar — ele olha ao redor.— Você quer que eu
vá buscar cobertores?
— Não tudo bem — ela se vira e pega de um canto do colchão dois
cobertores.— Como você disse eu pensei em tudo.
— Nunca mais cometerei o erro de te subestimar.
— Bom mesmo — ela sorri abrindo um dos cobertores e depois o puxa
para que ele se deite.
— Espera Lua, vai amassar minha camisa — ele se senta novamente.
— Então tira — ela brinca com ele. Mas para sua surpresa ela vê aquele
sorriso novamente e os dedos de seu amigo começam a desabotoar a camisa.
— Mason! — Diz em reprova.— Era brincadeira.
— Até parece que nunca viu um homem sem camisa — ele se levanta,
retira a camisa se deitando e se cobrindo.— Já tirei, se não quer ver, feche os
olhos.
— Ok se vai ficar confortável, eu também vou, vire pra lá, não olhe — ela
tomada por uma coragem se levanta e retira seu vestido vermelho, revelando
seu conjunto de calcinha e sutiã pretos.
— Mais confortável que um vestido? — Ele diz com os olhos fechados
como ela pedira.
Ela coloca sua roupa de canto e se deita rapidamente se cobrindo, antes
que Mason decida desobedecer e abrir seus olhos.
— Adoro preto — ela escuta seu comentário, arghh sabia que ele havia
olhado, afinal aquele era Mason.
— É eu sei, já me disse isso — diz irritada.
Ele estava com metade do peito descoberto, deitado sobre seus braços atrás
da cabeça, podia ver alguns pelos que desenhavam o seu peitoral definido.
Nossa como ele é lindo, queria tanto enroscar meus dedos naqueles pelos,
era tudo o que ela conseguia pensar.
— Hoje foi muito bom — diz tentando tirar sua atenção de seu peito
exposto.
— Sim foi mesmo, deveríamos repetir novamente — ele encarava o céu.
— A comemoração ou acabar praticamente nus no mesmo colchão?— Ela
brinca.
— A segunda parte é claro, muito mais interessante — ela pode ver seu
sorriso se alargando em seu rosto.
— Melhor eu me vestir, não é?
— Por quê? — Ele vira seu rosto pra ela.
— Eu não sou especialista, mas acho que amigos não fazem esse tipo de
coisa.
— Não somos como os outros.
Sentia suas bochechas queimarem. Aquela havia sido uma péssima ideia.
— Se quiser eu vou embora.
— Não tudo bem Kono— ela queria tanto ficar ali com ele. Desejava
encostar nele, percorrer seus dedos pelo seu peito, desenhar as linhas de seu
rosto, acariciar aquela barba que tanto amava, poder puxar de leve seus
cabelos, mas também queria sentir as mãos dele em sua pele, queria poder vê-
lo por inteiro e principalmente queria que ele a visse. — Kono? — Ela o
chama.
— Sim Hobbit.
— Se você olhar eu olho — ela morde seus lábios, ergue seus olhos e
encara os dele confusos.
— Do que você está falando?
Ainda com a mesma coragem ela retira sua coberta revelando seu corpo, vê
sua expressão de surpresa e pode jurar que o viu prender a respiração. Ela
estava sobre a análise minuciosa de seus olhos. Ela não consegue decifrar seu
olhar será que era desejo que via ali?
— Nossa — ela o escuta seu sussurrar escapar de seus lábios.
— Eu posso olhar também? — Ela cora sobre o olhar faminto de Mason.
— Pode — com um movimento rápido ele retira a coberta sobre ele.
Meu Deus do céu. Ele era um homem grande, seu peito era definido e seu
abdômen era desenhado, não era tão definido como um viciado em academia,
mas ainda possuía curvas revelando os músculos, parecia ser firme ao toque e
assim como em seu peito, alguns pelos percorriam aquela região guiando um
caminho até o um lugar que as calças que ele vestia escondiam. Ao descer os
olhos ela pode ver o V que se formava perto de sua virilha e sentiu um desejo
enorme em tocar ali.
— Se quiser não precisa ficar só olhando, pode tocar.
Ela não sabe por que, mas viu seu corpo o obedecendo. Sério Lua? O que
está fazendo? O desejo de tocá-lo era maior do que o seu bom senso.
Ela encosta seus dedos em seu peito o acariciando, enlaçando os dedos em
seus pelos loiros escuros, escuta ele soltar um gemido baixo que a ínsita mais.
Começa a passar levemente as unhas pelo seu peito, a pele dele era macia e
quente.
— Mason?
— Sim Lua.
— Pode tocar minha cintura se quiser — Ela sussurra para ele, sua voz
falhando um pouco.
Ele se vira na direção dela e logo sente sua mão grande com uma pele um
pouco áspera apertar sua cintura e puxar de leve na direção dele. Sua mão
passa pelas suas costas chegando até a base de seu quadril. Ela não consegue
segurar um gemido baixo.
Eles estavam próximos, o peito dele subia e descia rapidamente quase se
encostando ao dela. Os desejos de Luna já ultrapassavam o limite permitido.
Ela o desejava como um fumante deseja um cigarro em local proibido.
Desejava como um surfista deseja uma onda no período de ressaca. Desejava
pacificamente frenética. Desejava indecentemente. Desejava intimamente.
— Lua? — Ele a chama em meio ao que ela pensou ser um gemido.
— O que?
— Por que você quis que eu a visse? — A voz dele era baixa e um pouco
mais rouca que o normal. Ela sentia seu olhar pesar sobre ela.
— Não sei — ela suspira.— Acho que só queria provar que sou — ela
suspira novamente ao sentir os dedos dele apertarem um pouco sua pele.—
Que posso ser como as mulheres com que sai, que sou bonita, que tenho
algum atrativo.
— Você não é como as mulheres com que saio Lua. Não queira ser como
elas, eu já te disse uma vez, você é perfeita do jeito que é, você é única.
— Acho melhor — ela sentia sua razão voltando, até que era bom, pois
não queria cometer nenhuma besteira, não queria que ele cometesse uma
besteira.— Melhor a gente ir dormir né?— Ela novamente não conseguia ler
sua expressão, não sabia o que ele poderia estar pensando.
Ela se afasta quebrando o clima que os envolveu, se afasta para evitar fazer
besteira. Que coisa Lua acabou de fazer um discurso de amizade e de lhe
dizer que é uma pulseira da amizade. Merda, ele é Mason Carter, o cara que
conta todas as suas aventuras, tudo o que faz com as mulheres, o cara que
sempre dizia que não queria nada sério, que não queria relacionamento
nenhum e principalmente ele é seu melhor amigo e você sabe que isso pode
não ser muito bom.
Ele podia ser seu melhor amigo, mas na situação que eles estavam agora
sentia que havia ultrapassado um pouco, mas ainda dava para voltar atrás
antes que fosse tarde demais.
Ela se cobre novamente com o cobertor e o vê fazer o mesmo, ele ainda
parecia com o olhar meio perdido, seus movimentos eram lentos.
— Melhor a gente dormir Kono.
— É Hobbit, é melhor mesmo — ela repara na mudança de seu tom, estava
sério e não a olhava, encarava novamente o céu sobre eles.— Você trabalha
amanhã?
— Sim o dia todo. Por quê?
— Só curiosidade — ele suspira.— Estava pensando, você quer ir no
cinema comigo amanhã?
— Quer me agarrar no cinema Kono? — Ela tenta trazer o Mason
brincalhão de volta.
— Não e também você não deixaria.
— Quem sabe — Ela tenta descontrair o ambiente que ficara sério de
repente.
— Nós íamos sempre ao cinema e faz um tempão que não vamos juntos.
— Pode ser, podíamos ver um filme de terror — Ela nota um sorriso abrir
em seu rosto, suspira aliviada.
— Eu estava pensando em ver o novo filme do Star Trek, ainda está
passando.
Ela revira os olhos, Aff ele não esqueceu desse filme ainda?
— Eu sei que você revirou os olhos Hobbit — ele diz ainda sem encará-la.
— Aff Mason — suspira.— Sério?
— Vai comigo ou não? — Ele se vira em sua direção as mechas de seus
cabelos caem sobre seus olhos.
— Ok eu vou com você, mas vou com minha jaqueta do Star Wars.
— Se você quiser apanhar dos fãs de Star Trek — aquele sorriso aparece
novamente.
— Você me protege, não é?
— Quem disse? Serei o primeiro na fila para te bater.
— Não podem me bater eu uso óculos — ela ri e escuta o riso dele
preencher o ambiente.
— Sim Hobbit eu a protejo, sempre.
— Kono eu acho que vou vestir meu pijama, estou com muito frio.
— Quer entrar? Daí você dorme na sua cama.
— Não, deu trabalho demais para arrumar tudo isso aqui para não
aproveitar depois.
— Então você tem duas opções. Pode ir colocar um pijama mais quente ou
se aconchega mais perto de mim e eu te abraço.
— Vou pegar um pijama e já volto — ela diz rapidamente, não queria nem
pensar em como seria dormir abraçada com Mason daquele jeito.
— Por que não me surpreendo? — Diz sorrindo.
— Você me conhece bem.
— Bem até demais.
Ela se levanta enrolada no cobertor, pega seu vestido do chão e desaparece
pela escada de acesso voltando para o apartamento, lá vai até seu quarto e
pega um pijama de calça e blusa de manga longa do Darth Vader.
Ao seguir para o telhado ela avista seu amigo, ele havia pegado no sono,
dormia tão tranquilo, tão lindo, as mechas sobre seus olhos, seu peito subia e
descia relaxadamente, bem diferente de alguns minutos atrás. Ela se deita ao
seu lado, beija sua testa e sussurra em seu ouvido — Boa noite Mason Carter
— Se enrola na coberta e sente o sono a envolvendo alguns instantes depois,
sentia suas pálpebras pesarem e enfim adormece.

Mason Carter
Mason antes de abrir os olhos sente os raios de sol em seu rosto, não era
quente demais ainda era o típico ar gélido da manhã. Ao abri-los pode ver o
pequeno pedaço de um tímido sol atrás de uma nuvem, devia ser bem cedo.
Ele dormiu tão tranquilamente aquela noite.
Ao inalar o cheiro da manhã sente aquele odor que tanto amava, flores
silvestres, abre um sorriso antes mesmo de virar a sua cabeça e encontrar uma
Luna adormecida. Ela dormia profundamente, tão linda, eles nunca haviam
dormido juntos na mesma cama, aquilo era novo para ele, a felicidade não
cabia dentro de seu peito. Minha Hobbit, ele não consegue evitar esse
pensamento, que para muitos poderia ser um pouco possessivo, mas para ele
ela era dele, mesmo que em segredo assim como ele era o Kono baka dela.
A noite passada fora algo muito diferente, vê-la daquela maneira, tão
exposta, linda, aquele corpo não saia de sua cabeça, suas curvas, ela não era
magra demais era perfeita, tudo do tamanho certo, sua pele macia e arrepiada
ao seu toque, emanava um calor confortável. Foi preciso se controlar muito
para não a agarrar ali mesmo, quase havia feito besteira de novo, já não
bastava ter quase beijado ela.
Ele se deita de lado e se permite observá-la mais um pouco, ele amava
tanto o que eles tinham, não havia mentido na noite anterior, Luna realmente
trouxera brilho e cor ao seu mundo, com ela ele se sentia em casa, por isso
tinha muito medo de perdê-la. Luna não parecia querer nada com ele além de
amizade, apesar de todas as indiretas que já havia dado naqueles anos e as
que ainda dava, ela sempre dava um jeito de desviar do assunto.
Ele leva a mão até seu rosto e coloca uma mecha atrás de sua orelha, ao
fazer isso algo em pulso chama sua atenção, é a pulseira que ela havia lhe
dado, ele encara aquelas palavras em japonês. AMIZADE VERDADEIRA,
aquela maldita palavra. Ele retira a mão do rosto de sua amiga e se levanta do
colchão, ele tinha que ir embora, seu plantão começava cedo naquele dia.
Pega sua camisa e a veste, teria que passar em sua casa tomar banho
primeiro, se trocar e cuidar de Gandalf. Em uma mesa ali perto ele pega um
pedaço de papel, um muito parecido com o que Luna lhe dera na noite
passada para escrever seu desejo, e escreve um bilhete para ela. Sempre que
ele dormia na casa dela ou ela na dele e ele precisava ir embora antes dela
acordar deixava um bilhete.
Não quis te acordar. Tive que ir embora, meu plantão começa bem cedo.
Muito obrigado pela noite, me diverti muito, tirando a parte do sorvete de
feijão. Te vejo mais tarde, nada de fugir do seu compromisso comigo hoje
Hobbit.
Assinado Mason, seu noivo de mentirinha.
Ele coloca o bilhete encima do travesseiro dele, fica de joelhos e beija a
face de sua amiga.
— Até mais Hobbit.
Desce as escadas e vai embora.
“Pudim! Às vezes dar uma de louco funciona.”
Dean Winchester

Luna Iasune
Luna acorda momentos depois, com raios de sol iluminando sua face. Seus
olhos demoram um pouco para se acostumar com a luz daquele ambiente,
seus cabelos agora soltos estavam espalhados pelo colchão macio, ela sorri ao
se lembrar dos acontecimentos da noite anterior de tudo o que compartilhou
com seu amigo.
Ela tateia com a mão o lado onde Mason havia adormecido e fica surpresa
ao encontrá-lo vazio.
— Mason? — Ela o chama ficando sentada logo em seguida.
Esfrega suas mãos em seus olhos e percorre os mesmos pelo local. Ele
havia ido embora, suspirando ela olha na direção em que ele dormira e
encontra um pequeno papel ali dobrado. Ela o pega e o abre, nele letras
cursivas explicavam o porquê da sua ausência, Mason sempre fazia isso,
sempre deixava um bilhete para ela caso precisasse sair e ela adorava era uma
coisa só deles.
Por que ele não me beijou ontem quando estava tão próximo de mim? Ela
pensa, talvez fosse à hora de arriscar, talvez depois de ontem esteja na hora
de elevar o patamar de relacionamento que tinham, afinal ela vira desejo nos
olhos dele ou não?
Ela tinha que assumir que o que estava sentindo por ele, na verdade o que
sentia havia um tempo era algo parecido com amor, não amor de amigo, e
sim o outro tipo.
Tinha certeza que aquele jeito descontraído e irritante que ele tinha a
haviam conquistado. Ela sentia muita atração por ele e não podia mais negar
e para sua felicidade quando ele a tocou, quando suas mãos quentes e rústicas
a tocaram ela pode ver lampejos de desejo em seus olhos azuis, isso era um
bom sinal certo? Ele a desejava assim como ela o desejava pelo menos ela
achava que sim. Não custava tentar não é mesmo?
Era difícil saber quando Mason falava sério ou não, suas indiretas nada
sutis a faziam pensar que poderia haver um fundo de verdade por trás
daquilo, ela sempre se desviava de todas ou fingia não entender, mas a
verdade era que entendia apenas não compreendia, se ele queria algo a mais
não deveria mostrar através de atos? E tudo bem ele sempre a abraçava e a
beijava no rosto só que Luna achava que aqueles gestos eram apenas gestos
de amizade e carinho, estaria ela errada?
E sim para que saibam foi um amor à primeira vista, apesar dela não ter
percebido na época. Quando os dois se conheceram Luna sentiu coisas que
até então estavam adormecidas, ela havia se apaixonado de forma irreversível
por Mason Carter no momento em que ele começou a ser presente em sua
vida, ela soube que nunca mais seria a mesma.
Já havia sofrido no passado por achar amar uma pessoa errada e por muito
tempo se culpara daquele desalento, mas quando o seu olhar se cruzou ao
dele naquela fila do Starbucks ela soube mesmo que por meio segundo que
havia de alguma maneira ele podia ser o cara certo.
Mas como fazer para ele notar que ela era uma possibilidade? O que ela
poderia fazer para que ele a visse com outros olhos? Como faria para que ele
tirasse a imagem Luna melhor amiga e substituísse por Luna mulher?
Com a cabeça apoiada nas mãos ela refletia sobre o que faria. Então com
um estalo, algo lhe vem à mente. Do que Mason gostava em uma mulher?
Como eram as mulheres que ele gostava? E se eu tentar agir como elas?
Acho que posso chamar sua atenção.
Bom que seja, estava decidido ela iria arriscar, não podia mais reprimir o
que sentia. Mas a questão era, como ele reagiria?
Após ter terminado seu horário na clínica Luna segue para casa, ela não
havia almoçado direito, o motivo? Ela decidiu ao invés de comer que iria ao
salão de beleza. Lá escovou seus cabelos domando seus cachos rebeldes nas
pontas, cortou um pouco a franja a deixando de lado, pagou para alguém a
maquiar, depois disso foi a sua costumeira ótica e pediu a vendedora um
novo par de óculos com um design mais moderno que se encaixava melhor ao
seu rosto.Ela se sentia diferente outra mulher, uma mulher que talvez Mason
gostasse.
Ao chegar em sua casa vê uma mensagem de seu amigo no seu celular.
A mensagem havia sido enviada a pouco, ela olha seu relógio de pulso
eram 07h45, ou seja, tinha que correr para se arrumar e se preparar
mentalmente para o que estava por vir.
Calma Luna você só precisa dizer o que sente, ela pensa, mas não era tão
fácil assim.
Enquanto se arrumava após o seu banho se pega pensando em tudo o que
ocorrera ontem à noite e em como agiria dali para frente. Está na hora de
parar de se enganar, dizia seu coração e ele estava certo, Mason enviava para
seu corpo doses de prazer ao tocá-la, ela estava viciada nele. Bastou aquele
toque mais íntimo e ela fora marcada por ele.
Não tinha experiência na doce arte da sedução aliás não tinha experiência
em nada quando o assunto era algo mais íntimo ou até mesmo Mason Carter.
Melhores amigos, amigos e sempre amigos. Lembra que não deu certo na
primeira vez. Sua consciência teimava em lembrá-la — Está na hora de
mudar esse rótulo — ela diz calando a voz da razão e pela primeira vez
seguindo seus instintos e seja o que Deus quiser.
Não custa tentar.
Depois de já ter se vestido escolhendo um vestido cinza colado ao seu
corpo de alcinhas que iam até o meio de suas coxas e também uma jaqueta de
couro com o símbolo de Star Wars bordado ao lado esquerdo do peito ela
pega seu celular e envia a resposta para a última mensagem de seu amigo.

Ela clica em enviar. Nada de Kono baka hoje e que a força esteja comigo,
pensa.

Luna estava nervosa ela escuta


seu celular vibrar novamente e seu coração se acelera, será que havia feito
bem em enviar aquela mensagem? Com certeza ele iria achar bem estranho.
Ela lê a resposta de Mason e sorrindo do emoticon safado no final da
mensagem digita:

Ela logo recebe uma resposta.

Tudo bem, essa foi bem direta por isso ela hesita ao enviar, espera dois
segundos, três, cinco... Vamos lá Lua, ela se encoraja e trêmula clica em
enviar.

Mason Carter
Uhura te espera ansiosa para abraçá-lo? Mason já estava em seu carro
enquanto lia aquela mensagem, ele começa a rir sozinho, ria muito, certeza
que Luna devia estar brincando com ele só podia ser, ao fundo como sempre
à musica Bright lights que ultimamente tem feito parte de sua rotina diária
tocava.
Ele envia a mensagem assim que chega à portaria do prédio dela. Parado
na recepção Mason encara o porteiro Paulo enquanto ele assistia a um jogo de
futebol na TV, Mason não era muito fã de futebol apesar de ter nascido no
Texas lar do futebol americano, aquilo nunca pareceu realmente interessante
para ele, mas às vezes quando não havia nada passando ou quando não
maratonava com Luna ele dava uma espiada no canal de esportes.
— Chuta logo essa bola vaiiiii! — Paulo gritava para a TV.— Que idiota,
chuta logo para grande área — ele bate na sua perna indignada com o
desempenho do seu time.
Com o canto de olho ele observa a porta do elevador se abrir e quando se
vira.
Sabia que era impossível, mas sentiu como se o seu coração por alguns
segundos tivesse parado de bater e como em um rompente voltassem a bater
fora de compasso, seus olhos percorrem sua pequena silhueta dos pés à
cabeça. Ela estava linda, maravilhosa e muito, muito gostosa com o vestido
cinza que iam até metade de suas coxas, seus tênis e até mesmo com a jaqueta
de couro do Star WarsPuta merda como posso ser somente amigo de alguém
assim?
Mason abre seu sorriso enquanto ela se aproximava.
— E aí capitão? — Ela o cumprimenta sorrindo.
Mason a encara ainda com um sorriso bobo no rosto, então ele vê o
símbolo naquela jaqueta de couro que ela usava e muda de expressão
fingindo estar ofendido.
— Até tu Uhura? Como pôde fazer isso com o seu capitão? — Ele se
aproxima dela e a abraça, suas mãos envolvem sua cintura em um gesto
apertado.
Ele sentia suas mãos agarrarem sua cintura fortemente e o puxar para mais
perto de seu corpo, Mason era muito mais alto que ela por isso Luna precisou
ficar na ponta dos pés então sussurra para ele: — Eu fui para o lado negro da
força capitão, porque não vem me salvar?
Mason se afasta um pouco para encará-la e sorri de canto — Pode deixar
um capitão nunca abandona sua tropa e devo dizer Lua que esse vestido lhe
cai muito bem —Obrigada Mason — Ela o agradece gentilmente.
Ele lhe estende o braço — Vamos tenente?
— Sim capitão — ela bate continência para ele.
Ele sente suas mãos envolverem seu braço e com um aceno de despedida
para Paulo, o segurança que ainda estava concentrado demais em seu jogo
eles partem para o estacionamento.

Luna Iasune
Seria ridículo dizer que Lua em seus plenos 25 anos procurou na internet
antes de sair de casa “como paquerar e ser mais atrevida”? Vulgo, “como se
tornar uma mulher que Mason pegaria”.
Eles já estavam de frente para o carro de Mason e seu nervosismo já
começava a dar indícios, ele abre a porta do carro para ela sorrindo.
— Sua nave Tenente.
Lua esbanja seu melhor sorriso — Que cavalheiro obrigado — diz
entrando no carro e sentando-se no banco do passageiro.
— Eu sempre abro a porta para você, nunca reparou Hobbit?
— Acho que não, bom anda gatinho precisamos chegar cedo quero
comprar muitas guloseimas — Gatinho? Sério Lua? Se antes ele a achava
estranha pode apostar que agora ele tem certeza.
— Ahh Lua? Ta tudo bem?
— Tudo bem, melhor impossível — ela sorri.
— É que não sei. Você parece excessivamente feliz para quem vai assistir
Star Trek e até agora não me chamou de Kono baka — ele ergue sua
sobrancelha.
— Bom... — ela pensa no que leu na internet, primeiro passo sempre sorria
e ela sorriu.— Nunca mais saímos juntos para o cinema e estou animada.
Ele continuava com sua sobrancelha erguida como se não tivesse caído
naquela desculpinha fajuta dela.
— Ahh, ok então — sorri meio desconfiado.
Mason fecha a porta do carro e da volta no veículo se sentando ao seu lado
no volante.
Luna o encara enquanto ele girava a chave na ignição. Segundo passo
sempre procure mostrar um pouco de pele, homens gostam. Issoé o que dizia
o tal site, então ela retira sua jaqueta deixando a mostra seus ombros quase
nus apenas com as alcinhas finas de seu vestido cinza a mostra, se inclina
para frente evidenciando seu decote.
Ele estava evitando contato visual enquanto saia da vaga com seu carro,
contudo no mesmo site dizia o que fazer se isso acontecesse, quem o
escreveu deve ser mesmo expert. Terceiro passo contato físico, ela se inclina
em sua direção e arruma seus cabelos de lado seu decote ficava ainda mais
evidente.
— Acho que deveria cortar só um pouco seu cabelo Mason — diz
arrumando os fios no lugar.
— Está dizendo que meu cabelo está feio? — Ele pergunta sorrindo.
— Claro que não seu cabelo é lindo — ela desce suas mãos até a nuca dele.
— Só acho que deveria aparar um pouco, você mesmo disse isso quando foi
lá em casa.
— É talvez faça isso mesmo e talvez tire a barba também — diz tentando
se concentrar na rua.
— Gosto de sua barba e gosto quando ela roça em minha pele — Quarto
passo: seja direta. Luna não era assim, não sabia o que dizer ou fazer sua
perna começara a tremer de leve, mas ela segura ao máximo para não
demonstrar nervosismo.
— Finalmente tenho uma confissão, sempre suspeitei que gostasse da
minha barba — ele sorri maliciosamente ainda sem olhar para ela.
— Não foi bem uma confissão, eu só nunca mencionei.
— Ok, gosta que ela toque sua pele? — Ele olha finalmente em sua direção
por alguns segundos e depois volta seu olhar para a avenida sorrindo.
— Gosto muito — ela sorri de canto.
— Argh agora é sério Lua o que está acontecendo? Está curtindo uma com
minha cara? — Ele ri baixinho. — Você está muito gentil comigo e isso é
incomum.
— Só estou sendo eu mesma, não tem nada demais acontecendo. Eu estou
feliz de irmos ao cinema, gosto de sua companhia Mason.
— Nossa se for sempre assim vou te levar ao cinema todos os dias — ele
sorri.
— E eu vou adorar ir todos os dias com você — ela lhe devolve o sorriso.
Ao longe eles avistam a entrada do shopping.
— Podemos dar uma passada na loja de doces primeiro e comprar alcaçuz,
seu doce favorito o que acha? — Ela odiava aquelas balas, mas o quinto
passo dizia sempre agradar. E ela estava seguindo aquilo à risca.
Ele sorri de um jeito malicioso — Está tentando me agradar?
Bingo. Está funcionando.
— Estou, gosto de mimar você às vezes — Ela se arruma em seu assento e
cruza suas pernas revelando parte da coxa, esperava mesmo que aquilo desse
certo e apesar do nervosismo se sentia extremamente excitada com os breves
olhares intensos que ele lhe dava.

Mason Carter
Ele tentava a todo instante se manter concentrado na rua, mas quando ela
se inclinava e deixava seu decote à mostra era quase impossível não olhar.
Argh merda, ele pensa. Luna nunca agira daquela forma com ele, o que ela
pretendia com aquilo? Até parecia que ela o queria e isso era algo para se
suspeitar porque nunca acontecera.
Quando ela se arruma em seu assento e cruza suas pernas deixando a
mostra parte de suas coxas Mason não consegue segurar o gemido baixo ao
olhar rapidamente àquela região exposta. Ele fica pensando nos vários
porquês para ela estar agindo daquela maneira.
— Hum, acho que já sei. Você fez alguma coisa errada, não é? Por isso
está sendo gentil para que eu não brigue ou te xingue em um futuro próximo.
— Não Mason — ela acaricia sua nuca.
Mason sentia suas caricias leves e depois pequenos apertos na região de
seu pescoço.
— Você está tenso... Dia difícil no trabalho?
— Sim, hoje foi bem puxado precisei fazer um parto com complicações,
mas deu tudo certo no final — ele relaxa seu pescoço, como aquilo era bom,
não evita um sorriso e outro gemido escapam de seus lábios.
— Está gostoso? — Ela falava bem próxima dele.
Mason suspira — Muito — ele agora procurava uma vaga no
estacionamento do shopping.
Ela continuava a massageá-lo então mais um gemido de satisfação, aquilo
era muito bom, ele não queria confessar, mas estava começando a ficar
excitado apenas com aquele simples toque. Merda, Deus só pode estar me
testando.
Ele estaciona seu carro ainda um pouco atordoado.
— Você é boa nisso Hobbit.
— Obrigado, você está muito tenso capitão — ela leva sua outra mão a
parte inferior da sua nuca e a massageia.
— Seu capitão teve um dia duro hoje — ele sorri de olhos fechados. Na
verdade a palavra duro poderia muito bem ser usada para definir uma região
bem específica no momento — Assim fico mal-acostumado e até parece que
está tentando me conquistar Hobbit e me seduzir— ele ri baixinho.
— Daria certo se tentasse?
Ele sorri com aquele sorriso típico dele — Quem sabe.
— E se eu fizesse isso — ela sobe em seu colo ficando de frente para ele.
— E isso — ela beija seu queixo.— E isso?— Ela massageia sua nuca.
Mason fica realmente surpreso, ela só podia estar brincando com ele,
jogando com ele, o provocando. Ahh Hobbit esse jogo pode ser jogado por
dois, ele pensa e repousa uma de suas mãos em sua coxa e a outra em sua
cintura.
— Então diria que você deveria parar de beber Tequila— ele sorri.— Eu te
levei para o mau caminho, bastou uma única balada e você já ficou viciada
em bebida.
— Acha que estou bêbada?
— É uma das opções — Sorri e sobe sua mão que antes estava na sua coxa
para sua cintura.
Ele a vê se inclinar para mais perto e prende sua respiração, ela sorria de
uma forma estranha e excitante.
— Estou completamente sóbria e também — ela sussurra em seu ouvido.
— Estou sem calcinha.
Ele a vê se afastar pegar sua jaqueta que estava ao seu lado e abrir a porta
do motorista saindo do seu colo.
Por alguns breves segundos ele fica parado olhando para o local em que
antes ela estava, toma fôlego soltando sua respiração. Puta que pariu ele
realmente estava excitado.
Ele espera mais alguns instantes para descer do carro, aquele calor que
emanava dele estava começando a se dissipar e após mais um minuto que
pareceu uma eternidade ele suspira e desce do veículo.
Ela o aguardava parada não muito longe já vestida com seu casaco. Ele
trava o carro ainda um pouco atordoado, suas mãos tremiam um pouco, sua
cabeça estava a mil.Oque fora aquilo? Estava muito confuso, O que deu
nela? Eram as perguntas mais frequentes. Algo estava errado, aquilo não era
normal Luna estava agindo de uma forma muito estranha. Eles andam lado a
lado pelo estacionamento calado e como ela dissera eles param na loja de
doces primeiro.
— Se você não está bêbada. O que foi aquilo no carro? — Ele consegue
finalmente dizer após saírem da loja.
— Nada.
— Ah ta, claramente aquilo não foi nada — ele solta uma risada irônica.
— Você me toca o tempo todo por que não posso te tocar também?
— Sim, mas não daquele jeito, aquilo foi... — suspira.
— Aquilo foi o que?
Extremamente excitante. Involuntariamente leva sua mão até a região da
sua virilha para verificar se estava tudo no lugar e tamanho certo.
— Ahh diferente, um pouco estranho talvez — Maravilhoso, excitante,
poderia ser preso por atentado ao pudor se fizesse o que eu tinha vontade,
ele pensa, mas não diz.— Ah sei lá Lua, diferente — ele passa as mãos
nervosamente pelos cabelos.
Ao chegarem ao cinema a fila para a bilheteria era enorme, o local estava
lotado, eles vão para o fim da fila e aguardam.
Não demora muito e dois caras ao passar por eles lançam olhares nada
discretos em Luna, a medem da cabeça aos pés e para piorar ainda fazem
comentários que na opinião de Mason eram completamente desnecessários.
— Nossa cara por uma dessa eu mudava para o lado negro da força e
largaria Star Trek — comenta com seu amigo o cara com a camiseta com o
rosto do Spock estampado.
— Nossa gata, me chama de Jedi que eu te mostro meu sabre de luz — diz
o outro com a camiseta com a nave da Enterprise estampada, logo em seguida
ambos riem.
Mas que idiotas, ele pensa ao mesmo tempo em que revira seus olhos,
então para seu total espanto ele escuta uma risada de sua amiga, sério? Ela
achara engraçado?
Mason se aproxima mais de sua amiga passando o braço pela sua cintura,
seus dedos a apertando, ele nota os olhares assustados dos dois nerds em sua
direção como se pela primeira vez o tivessem notado, ele os encara, seu olhar
firme de reprovação com seu maxilar flexionado. Hora de bancar o macho
protetor, o irmão mais velho protetor, ele se corrige em pensamento.
Os dois caras se afastam sem lançar mais um único olhar que seja na
direção de Luna, que para o espanto de Mason estava quieta, não reprovara
sua atitude e ao encará-la viu que ela o olhava e havia um sorriso em sua
face, como se ela estivesse satisfeita pelo o que acabara de acontecer.
Sério aquela mudança repentina estava o deixando um pouco preocupado,
será que ele estava sonhando? Será que ele entrara em algum universo
paralelo? Será que estava sobre efeito de algum alucinógeno? Tinha que
haver alguma explicação.
Logo seus pensamentos são cortados pelo esbarrar de um corpo nele, ao
virar na direção de sua distração ele encontra uma moça vestida com uma
camiseta muito parecida com a dele, encara seu belo rosto sorrindo pra ele,
sim ela era bonita, mas não tanto quanto a sua outra companhia, o motivo de
seus devaneios de alguns segundos atrás, ou da sua ereção, na verdade nem
chegava aos pés de Luna.
— Me desculpe, é que está meio cheio — ela lhe diz com um sorriso que
pelos anos de experiência que ele havia adquirido, lhe indicavam segundas
intenções.
Ele se espanta ao ouvir que na verdade Luna responde a menina antes que
ele possa ter a chance de pensar em uma resposta.
— Tudo bem, não tem problema.
— Acho que você está no filme errado — ela aponta para o casaco de sua
amiga.
— Não, eu estou no certo. Só não gosto muito, vim apenas para
acompanhar.
A moça desconhecida que conversava com Luna ignora seu comentário
final e volta sua atenção para ele.
— Legal você trazer sua irmã mais nova para o cinema — ele não acredita
no que acabou de ouvir, sabia que sua amiga ficaria muito irritada com esse
comentário.
— Ela veio me fazer companhia — ele retira a mão da cintura dela a
libertando de seus dedos firmes. — Fã do Spock pelo jeito — ele aponta sua
camiseta.
— Vida longa e próspera — ela lhe diz sorrindo.
— Vida longa e próspera — ele faz o tão famoso sinal da série separando
os dedos de uma das mãos.
— Muito longa — ela diz ao imitar o sinal que Mason fizera.
— Você não faz a ideia de quão longa— ele sorri de canto.
— Bom eu já vi o filme está incrível, mas — ela passa a mão pelos cabelos
negros.— Me liga se quiser ver novamente — ela coloca um papelzinho nas
mãos dele, ele a encara com um sorriso de canto, ele gostava dessas mulheres
atiradas, mas só por uma noite, eram ótimas para se divertir.
Naquela noite, porém não estava muito interessado nesse tipo de mulher,
aquela noite ele estava com Luna, sua linda Luna, e ela não era como as
outras e isso era o que mais gostava nela, apesar de estar meio estranha
naquele dia, ela era sincera não mentia pra ele só para agradá-lo como sabia
que algumas faziam, fingiam gostar de coisas que na realidade detestavam,
diziam o que não queriam dizer, mas fazem porque acham que ele quer ouvir,
mas não sua Luna, ela jamais fazia isso com ele, nunca tentava agradá-lo a
força, ela era diferente, única, vibrante, maravilhosa, linda.Melhor parar por
aqui, ele poderia ficar horas dando adjetivos a ela.
Ele segura o pequeno pedaço de papel entre os dedos e o guarda no bolso
de sua calça.
— A propósito meu nome é Nora.
— O meu é Mason.
Ela sorri e lhe oferece uma piscadela sedutora. — Bom filme para você e
sua irmã — e se afasta deixando os dois para trás.
— O que foi Hobbit? — Diz ao encarar a cara de sua amiga, ela realmente
parecia muito irritada.
— Hobbit o cacete Kono baka — pronto aí está sua Lua de volta, abre um
sorriso ao ouvir aquele apelido que ela lhe dera.— Dois caras passam por
mim e você banca o macho alfa. Uma vadia vem me confunde com sua irmã
e da encima de você descaradamente e você ainda me pergunta o que foi?
— Mas eu não dei encima dela — ele da de ombros ao dizer.
— Não? − Ela engrossa sua voz na tentativa de imitá-lo.— Você não faz
ideia de quão longa — ela então afina a voz imitando a de Nora.— Me liga se
quiser ver novamente.
— Ah Lua, se eu quisesse dar encima dela, não seria assim.
— Foda-se — ela cruza os braços na frente do peito.
— Você está com ciúmes de mim? — Ela a puxa pela cintura.
— Sou sua irmã mais nova, esqueceu? — Ela o afasta.— Vai se ferrar
Kono baka.
— Qual o problema? Você mesma disse que eu sou seu irmão mais velho
protetor — ele a encara com a sobrancelha erguida.
— Quer saber, me da essa pipoca aqui — ela pega o balde cheio de pipoca
que haviam comprado antes de entrarem na fila e ele segurava.
— O que houve com a simpatia e o capitão?
Ele a vê vasculhando o local estava em busca de alguma coisa, Luna comia
a pipoca distraidamente.
— Segura aqui — ela joga o balde de volta em suas mãos, retira o casaco.
— Eu já volto — então antes que ele tivesse a chance de perguntar ela se
afasta, e vai em direção aos cartazes dos filmes onde havia um cara olhando
os lançamentos de costas para onde ele estava.
O que ela vai fazer? Ele pensa ao encarar a cena com curiosidade.
Luna Iasune
Não acredito que vim ver esse filme idiota.
Era tudo o que ela conseguia pensar enquanto conversava com Mason,
pensava nisso e em como aquela garota era uma vaca, desesperada, atirada, e
ainda estava mais irritada por estar tentando chamar a atenção de seu amigo
de uma forma muito parecida. Aquela menina deve ter lido o mesmo site que
ela.
Então ela vasculha o local em busca de alguém, queria mostrar a aquele
Kono Baka irritante que ela também poderia chamar a atenção, que de certa
forma ela também tinha algum poder, mesmo que pequeno, com os homens.
Ao passar os olhos pelo lado do cinema onde ficavam os cartazes dos
lançamentos, ela vê um cara, estava de costas, mas estava sozinho, não havia
ninguém próximo a ele. Ela encontrara seu alvo, entrega o balde a Mason e se
afasta indo em direção ao solitário cavalheiro.
As mãos suavam um pouco, nunca havia feito aquilo antes, então se
lembra do que também lera no site e esbarra “sem querer” no cara.
É realmente aquela menina havia lido o mesmo site ou talvez quem sabe
não o escrevera?!
— Me desculpa — ela se apoia no braço do cara e sorri sem jeito.
— Tudo bem, não tem problema — ele devolve o sorriso, era um homem
bonito, cabelos pretos, olhos verdes, sorriso muito bonito, sem malicia,
diferente do seu amigo.
— Me empurraram sem querer enquanto eu passava.
— É ta lotado aqui hoje — ele lhe estende a mão.— Sou Gabriel.
— Sou Luna — ela aperta sua mão, pele bem macia, diferente da de
Mason. Arghh Luna pare de comparar o cara com aquele Kono baka. Ela se
repreende.— Olhando os lançamentos. Está decidindo o que vai ver? — Ela
puxa assunto, Gabriel sorria para ela.
Assista isso Kono baka, eu também tenho meus truques. Ela se segurava
muito para não se virar e olhar a reação de seu amigo.
— Ah estou sim, são muitos lançamentos. Na verdade, estou esperando
meu namorado voltar, ele foi ao banheiro — ele sorri.— E você?
NAMORADO, ela havia escutado direito?
Ela não sabia o que dizer, não estava contando com isso, na verdade nem
imaginara que isso poderia acontecer e para piorar tudo ela podia ouvir a
risada de seu amigo. Merda ele ouviu tudo, afinal não estava muito distante
de onde ele estava.
— Estou com meu amigo — ela aponta para onde Mason estava na fila e
pela primeira vez desde que decidira exercer aquele plano absurdo de tentar
seduzir um cara no cinema, ela o observa.
Ele ria da cena com o balde de pipoca na mão, o casaco dela em seu ombro
e com a mão livre comia o conteúdo do balde como se apreciasse um filme.
Mason acena para o cara, e para piorar escuta Gabriel soltar um suspiro
seguido pela palavra “Nossa”, e encarar Mason com os olhos arregalados lhe
devolvendo o aceno.
Ah qual é, sério isso? Até os homens eram afetados. Será que existe
alguém no mundo que não ache Mason Carter bonito? E gostoso, ela
acrescenta depois. Ela precisava sair dali.
— Me desculpe pelo empurrão.
— Sem problemas — diz sem tirar os olhos de Mason.
— Foi um prazer conhecê-lo — ela sai dali sem esperar pela resposta.
Ela entra na fila novamente sentindo o olhar de seu amigo sobre ela.
— Acho que não deu muito certo.
— Sem comentários. Não quero ouvir nada a respeito disso.
— OK — ele segura o riso e come mais pipoca.
— Devia ter ligado para Luis e quem sabe saído com ele.
— Minha companhia é muito mais divertida. Você mesma disse que
gostava da minha companhia ou já se esqueceu. Foi naquele momento lá no
carro — ele sorri maliciosamente.
— Tinha razão eu estava sobre o efeito de alguma substância — Ela bufa
irritada — Kono baka só quero ver esse filme idiota e ir embora.
— Lua, confesso que senti saudades desse apelido idiota.
— Não enche Kono — Ok talvez tudo aquilo fosse uma idiotice. Onde
você estava com a cabeça Lua? Seguir dicas de um site idiota, tentar seduzir
Mason, Aff ridículo.
Ela olha para o balde de pipoca quase vazio, então pela primeira vez
naquela noite vê algo no pulso direito de seu amigo, era a pulseira que ela lhe
dera.
— Você está usando.
— É claro que estou você me deu.
“Amizade verdadeira”. Lembrava do que havia lhe dito que estava escrito.
Mal sabia ele o que na verdade aqueles símbolos escondiam.
— Sabe Mason depois que eu me casar, você ainda vai ter um lugar
especial no meu coração. Vou levar nossa amizade para a vida inteira. Kono
baka super protetor.
Era melhor desistir, ela não conseguiria fazer ele a enxergar com outros
olhos, tentara aquela noite, mas parecia que não ia dar certo, talvez fosse
melhor assim, talvez fosse para os dois serem amigos mesmo, talvez ela
nunca fosse mais do que isso para ele. Fizera o que aquele site idiota
mandara, e até agira como as mulheres com que ele estava acostumado a sair
em algumas partes, mas nada, N.A.D.A dera certo, eles estavam na estaca
zero. Era melhor ter ele como amigo do que não ter de maneira alguma, era o
que sempre dizia a si mesma como consolo e se por dois anos aquilo bastara
para acalmá-la acreditava que conseguiria por mais alguns anos, tipo o resto
de sua vida.
Talvez estivesse sonhando alto demais. Tinha que cair na real e ver o que
estava ao seu alcance.
— Te digo o mesmo Hobbit — ele pega mais pipoca do balde.— Se um
dia eu for me casar.
— Ou seja, nunca.
— É talvez esteja certa
A fila começa a se mover.
— Relaxa, você será padrinho do meu e vai poder pegar as madrinhas.
— Ótimo, adoro madrinhas — sorri de canto.— Mas pelo menos você se
casará e eu poderei escolher o seu marido a dedo.
— Que droga, já vi então que vou ficar para titia — então ela tem uma
ideia, não sabia por que não havia pensado nisso antes.— E se você e Luis se
conhecessem melhor, tipo um jantar? Você veria como ele é um cara legal e
como bom irmão mais velho que é daria sua permissão e eu poderia pedir ele
em namoro.
— Você quer namorar Dr. Extenso? — O seu ar convencido e malicioso se
fora de seu rosto, dando lugar a um Mason irritado com sobrancelhas
franzidas.
— Quero.
— Nossa o fim de semana foi bom mesmo — ela o vê encarar a fila do
cinema e depois o relógio.
— Foi sim. Nós nadamos nas fontes termais, ele me beijou, fomos jantar e
ele me beijou novamente e o resto você já sabe.
— Que ótimo que se divertiu — diz com a boca cheia de pipoca.— Eu e
Bárbara também nos divertimos muito.
— A claro, com certeza vendo arquivo X com Sam e Dean — ela ri.
— Não estava me referindo a esse tipo de diversão.
— Você sempre transa com ela, isso não é novidade.
— Eu a provoco, ela é receptiva então consequentemente sim transamos
bastante. Na verdade, não dialogamos muito.
— Então você aceitaria jantar com a gente?
— Eu jantar com você e Luis? — Ele finge pensar no assunto. — Ahhh
não muito obrigado — come mais pipoca.
— Qual é Mason vai ser legal — ela suspira ao dizer.— Se quiser leve a
siliconada com você.
— Você quer jantar comigo e com Bárbara? — Ele ri.— Certeza que você
bebeu hoje. Se a prova de você encima do meu colo no carro não foi o
suficiente agora essa não tem como negar.
Ela sente sua face queimar com aquele comentário, não acreditava que
havia feito aquilo.
— Ah Mason, por favor.
Ela o vê virar na sua direção, avaliava seu rosto, ele sempre fazia aquilo
quando estava considerando algum pedido dela, aquilo era bom sinal. Ela faz
um pequeno biquinho e cara de pidona.
— É importante pra mim que você goste dele.
— Você realmente quer que eu converse com Luis? Tem certeza? Você me
conhece melhor do que ninguém Lua — dizia em tom de aviso.
— Ele é diferente. Gosta do Japão assim como eu e adora sorvete de feijão
vermelho. É gentil e educado, me trata super bem e cuida de mim às vezes na
clínica — ela sabia que devia estar com um sorriso bobo no rosto, Luis era
sim uma ótima pessoa e uma companhia maravilhosa, mas não conseguia
pensar em mais nada em comum que poderiam ter.— E eu preciso saber se
meu melhor amigo do mundo inteiro o aprova.
— Você está querendo dizer que eu não sou gentil, educado e que não te
trato bem?
— Não é isso Mason — ela morde os lábios.— Eu quero tentar algo com
ele, ser mais do que amiga dele — Já que você é idiota o suficiente para não
perceber que queria algo com você, ela pensa.
— Entendo — diz simplesmente.
Ela o vê passar a língua pelos lábios e inconscientemente abre os dela.
— Ok se é importante pra você eu vou jantar com vocês, quer mesmo que
eu leve Bárbara?
Ela encara seus lábios, via que eles se mexiam, mas não prestava a atenção
em seu som apenas no seu movimento.
— Lua?
Ela queria tanto sentir o sabor e textura deles.
— Planeta terra chamando — ele sorria.— Capitão para tenente.
— Desculpe o que você disse? — Ela enfim desperta de sua nuvem de
sonhos molhados com Mason Carter.
Era como nos sonhos dela, quando estava quase saciando seus desejos
mais profundos, mais ocultos e proibidos ela acordava e se via sozinha em
seu quarto. Nem em sonho você é possível pra mim, ela pensa.
— Eu disse que eu vou jantar com vocês, se minha presença é tão
importante assim, eu vou.
Mas ela não consegue dizer nada, pois logo em seguida ele pega uma
mecha de seu cabelo e o coloca atrás da orelha.
— Gostei do que você fez com o cabelo.
Ela fecha os olhos ao seu toque e inclina a cabeça um pouco mais na
direção de sua mão, gostava tanto do contraste do seu toque um pouco áspero
de suas mãos a pele macia das bochechas dela, então de repente não sente
mais aquele contato e ao abrir os olhos vê que ele voltara a comer a pipoca do
balde.
— Acho que vamos ter que comprar outra, a porta nem abriu e já está
quase acabando, porque essa fila é uma lerdeza.
— É — ela pega o celular do bolso do casaco e olha o relógio. Falta pouco
para a tortura começar Como se pela primeira vez o universo conspirasse ao
seu favor naquela noite, a fila começa a andar. Logo estaria no conforto do
seu lar e tentaria apagar aquela noite terrível de sua memória.
— Ótimo. Vamos poder terminar logo com isso.
— Com o que? — Acabar com a tortura de ver esse filme, Aff Mason que
necessidade tem isso? Não tem nada demais assistir isso só para descobrir
que Kirk faz merda, a nave é atacada e ele e Spock salvam a tripulação e no
final todos seguem rumo ao destino final com a Enterprise.
— Você já assistiu?
— Não. Apenas chutei, porque são todos iguais.
— Vai ser divertido, pelo menos você tem minha companhia e não está
pagando pela sessão.
Ela fica em silêncio, realmente não queria ver aquele filme.
— Ah Lua, vai você disse que gostava da minha companhia — ele bate de
leve em seus ombros.
— Tudo bem — ela suspira e ambos entram na sala.
Após quase três horas daquela tortura eles finalmente saem da sala.
Meu Deus parecia que nunca teria fim. Ela pensa — Como você sabia?
Você assistiu Lua só pode, sacanagem, você assistiu sem mim — Ele dizia
com uma leve irritação na voz.
— Eu não. Por que eu assistiria sozinha?
— Então como você me explica saber o filme inteiro?
— Eu disse, são todos iguais. Eu chutei.
— Lua você é uma péssima mentirosa.
— Por que eu assistiria essa merda de filme?
— Não sei, então você viu na internet.
Ela abre a boca para lhe responder, mas ouve seu nome ser dito por uma
voz que conhecia muito bem.
— Oi Lua — ela vê sua amiga Gisele lá da clínica se aproximar.
— Oi Gi.
— De novo no cinema?
— Pois é vim acompanhar meu amigo — Gisele volta sua atenção para
Mason que lhe estendia a mão abrindo aquele sorriso que as mulheres,
incluindo Lua, amavam.
— Olá Gisele, sou Mason.
— Olá prazer Mason — ela sorri paraele.— Você não parece muito feliz
Lua pensei que adorasse cinema o filme não foi bom ou você veio forçada?
— Gisele brinca.
— Sim, tive que arrastá-la, mas acabou cedendo aos meus encantos —
Mason responde por sua amiga.
— Quais filmes vieram ver?
— Star Trek.
— Nossa, mas de novo Lua?
Luna arregala seus olhos, logo que sua amiga e Mason começam a falar
sobre o filme e quando Gisele lhe faz aquela pergunta não consegue evitar
uma tosse seca.
— Como assim Gi? Eu nunca vi esse filme — ela pode sentir o olhar de
Mason sobre ela, sentia que usava o anel do poder e o olho de Sauron a
observava.
— Como não? Eu te vi na semana passada na estreia com um Combo de
fãs.
— Acho que se enganou eu vim no cinema aquele dia, mas não para ver
Star Trek.
— Ah entendi — ela olha para Mason e depois para ela e da uma leve
piscada, sabia que a amiga havia entendido e percebido seu desconforto, mas
também sabia que outra pessoa muito observadora havia reparado.
— Na estreia com um Combo de fãs?— Mason pergunta.
— Fui ver outro filme Kono— ela nota ele estreitar seus olhos em um
olhar desconfiado.
— Ok, se você está dizendo.
Eles se despedem de Gisele e seguem para o estacionamento.
— Até parece que ia trair Vader— ela fala enquanto caminham até a vaga
do carro. Ele abre a porta para ela e logo da à volta e se senta no lado do
motorista.
— Eu até que gostei do filme — ele da partida no carro.— Mas achei meio
fraco comparado com os outros sabe. Fiquei sabendo que os fãs estão meio
infelizes e dizem que até que na estreia do filme alguns saíram reclamando.
— Nossa kono, você tinha que ter visto a cara de decepção dos fãs com a
atuação do Chris Pine, sinceramente o Kirk dele nesse filme estava uma
mer...— Então ela para de falar quando percebeu o que ele tinha acabado de
fazer e que ela caíra feito um patinho.
— Ahhhhhh eu sabiaaaa.
— Arghhhh Mason.
— Você veio sem mim, na estreia Lua — ele estava visivelmente chateado.
— Nossa Lua sacanagem, sabia o quanto eu queria vir ver, só não vim porque
estava vendo uma maneira de te convencer a vir comigo.
— Ah Kono baka, eu estava aqui no shopping sem ter o que fazer e
coincidentemente era a estreia então decidi ir ver como era. Mas eu odiei.
— Confesso que fiquei chateado — ele dirige pelo amplo estacionamento.
— Ah Mason, poxa eu te dou o meu balde de pipoca personalizado e o
boneco que os primeiros vinte da fila receberam.
— Não está ajudando Lua — agora ele estava irritado.
— E se eu te der... — Ele olha para ela com a cara fechada.— Melhor eu
calar a boca.
— É melhor mesmo — ele volta à atenção para a rua.
Ela percebe seu movimento mais rápido que o normal e ele liga o rádio, é
ele realmente ficara irritado com ela. Logo a melodia da música Live like
we’re dying do cantor Kris Allen começa a tocar.
— Nossa até que enfim mudou de música — ela tenta mudar de assunto.
— Achei que era hora de parar de te torturar, então só temos o rádio hoje.
E essa música não é tão ruim assim, a letra é muito boa.

♪♫
“Sometimes we fall down and can't get back up we're hiding behind skin
that's too tough how come we don't say I love you enough till it's too late, it's
not too late”
♪♫

Ele cantarolava baixinho a letra e tamborilava os dedos no volante.


— Você achou que era hora de parar de me torturar e eu achei que era a
hora de esquecer a calcinha — ela ri. Oh céus havia dito aquilo mesmo? Aff
Lua cale a boca. Na verdade, ela não estava exatamente sem calcinha, mas
vestira uma peça tão pequena que poderia ser considerada inexistente.
— Então é verdade mesmo? Você veio com esse microvestido sem
calcinha? — Ela nota seu sorriso malicioso nos lábios a deixando mais
envergonhada ainda.— No meio de um monte de nerds tarados que a metade
deve ser virgem.
♪♫
“We only got
86 400 seconds in a day to
turn it all around or throw it all away
we gotta tell 'em that we love 'em
while we got the chance to say
gotta live like we're dying”
♪♫

— Mason qual o problema em ser virgem?


— Ah não há problema nenhum em ser virgem. É que, sei lá, eu me referi
a aqueles nerds tarados, a maioria não tem nem coragem de falar com uma
mulher, de chegar perto de uma e ficam lá as olhando de um jeito estranho e
pervertido. É só ir até a mulher e conversar, dizer oi, sei lá, não é tão difícil,
claro que no início é, mas depois se acostuma.
— Claro que para você é fácil — ele se mexe no banco com desconforto
pela sua quase inexistente peça íntima. Argh nunca mais vou seguir dicas de
sites.
— Por que acha que é fácil? Você acha que também não fico nervoso?
— Se você fica não demonstra, disfarça bem e você nem se esforça, as
mulheres praticamente pulam encima de você, como se você fosse o último
recurso em um deserto.
— Não é tão fácil assim às vezes, depende da mulher e sim as mulheres na
maioria das vezes facilitam — ele sorri.— Mas é porque eu demonstro
confiança e não receio ou medo de falar com elas. É uma coisa que se
aperfeiçoa com os anos.
— Que ciência, nem somos tão complicadas assim.
— Imagine se fossem.
— Enfim o que quero dizer é que apesar de ser um idiota metido, você até
que é bonito, então elas são atraídas. Você tem todas as mulheres que quer a
seu dispor. Para alguns é fácil para outros não.
— Então me acha bonito é? — E lá estava aquele sorriso convencido de
novo, ele não a olhava, estava focado na avenida em que estavam.
— É né, sabe que sou sincera.
— Isso é verdade, um dos motivos pelo qual gosto de você.
— Nunca vi nenhuma mulher dizer não para você, exceto eu claro, mas
isso é diferente.
— O que eu posso fazer — ele da de ombros.— Tenho um charme natural.
Ela revira os olhos.
— Então o que vamos fazer amanhã?
— Nossa que grudento você — ela ri.— Não sente falta da siliconada?
— Ah sinto geralmente de noite. Mas tudo bem se não quiser sair comigo,
quem sabe eu vá sozinho no cinema e veja um filme sem você.
— Nossa agora me magoou. Por favor, me diz que quando conversamos
tarde da noite você não está digitando e transando com ela.
— Claro que não, geralmente faço isso quando ela já dormiu.
— Nunca mais falo com você. Que nojo — ela faz uma careta.— E quanto
ao cinema, você iria sozinho, mas sairia acompanhado e iria para um motel,
depois de transar com ela me ligaria ou iria à minha casa e me contaria de
como foi, contaria algo engraçado sobre sua noite e me diria que não lembra
nem o nome dela.
— Nossa quem vê eu sempre faço isso.
— Você faz — ela cruza os braços em frente ao peito.
— Talvez.
— Você faz — ela insiste.
— Ta bom Lua, eu faço, feliz agora?
— Acho que vou sair para dançar amanhã — ela realmente estava
pensando no assunto, na verdade pensara em sair com Luis à parte da dança
surgiu depois.
— Você? Dançar?
— Abriu uma boate nova não muito longe da minha casa.
— Vai com quem?
— Com Luis claro.
— Ah claro, e vão dançar o que, valsa? — Ele ri.— Não consigo imaginar
Luis na balada.
— Você pode se surpreender. Ou melhor, eu ainda não limpei o terraço
posso chamá-lo para ver as estrelas. Acha que ele vai gostar?
— Acho que sim Lua, provavelmente vai gostar.
Luna se lembra daquela noite, as coisas que disseram, que compartilharam,
o momento em que pensou que ele a beijaria o lugar se tornara de certa forma
especial para ambos, sempre se lembraria de Mason lá.
— Ah sei lá, agora pensando melhor você não acha que aquele lugar se
tornou nosso lugar especial? Ia ser estranho levar ele lá depois daquele dia.
— O terraço é seu Luna — seu tom era sério.— Pode levar quem você
quiser lá.
— Você não gostou de ficar lá?
— É claro que gostei, já te disse isso — ele suspira.— Foi muito bom.
— Então não acha que se tornou especial para nós? Como um lugar secreto
ou algo do tipo — ela o encara curiosa.
— Especial em qual sentido?
Especial porque de alguma forma mesmo que por um breve minuto eu
senti que você também me queria mais do que amigo. Ela pensa.
— Ah Kono, especial — ri nervosamente.— Se tornou especial no sentido
que fortaleceu nossa amizade — não era muito bem o que queria dizer, mas
foi o melhor que conseguiu encontrar com a pressão que ele estava fazendo
com aquela pergunta.
— Sim Lua — ele suspira.— É nosso lugar especial.
— E é só nosso Kono.
Ele se vira pra ela quando finalmente o carro para, haviam chegado ao
prédio dela. Luna aproxima seu corpo do dele e beija sua bochecha. Ela sente
seu corpo se estremecer com o toque, ao se afastar percebe que ele passa uma
das mãos pelo braço como se sentisse frio.
— Está com frio?
— Um pouco.
Luna se aproxima mais e leva seus braços ao encontro dos dele que ainda
seguravam firmemente a direção, começa a massagear aquela região de leve
esfregando suas mãos como que para aquecê-lo.
— Engraçado — ela o escuta dizer.
— O que?
— Você Lua.
— Eu? — Ela o encara confusa.
— Uma hora está gritando comigo, me xingando e me chamando de Kono
baka e depois fica toda carinhosa.
— Você desperta o pior e o melhor em mim — o encara sorrindo.
— Um dos meus vários talentos.
— Achei que fosse uma característica de melhor amigo no começo.
— E agora?
— Agora eu sei que é de você mesmo, sua personalidade, despertar o
doutor Jekyll e o senhor Hyde que existe em mim.
— Nossa me senti poderoso agora.
— Não se acostuma Kono eu a maioria do tempo sou a parte boazinha.
— Queria ver o lado do mal como deve ser — ele finge pensar.
— Selvagem — ela ri.
— Coitado do Luis.
— Não o ouvi reclamar.
— Não ouviu porque ele é tímido, ele não fala.
— Ah Mason ele falou tanto quanto estávamos a sós, ou melhor, ele
gemeu.
— Arghh, agora estou com a cena de Dr. Nemo gemendo de prazer na
minha cabeça. Argh credo que nojo. Obrigado Lua por ser a causadora do
meu pesadelo dessa noite.
— De nada— sorri convencida.— Ele ficou tipo, nossa isso Lua, assim vai
não para — ela engrossava a voz e ria.
— Aff Lua pare ou vou começar a dizer o que Bárbara diz pra mim.
— Deve ser algo do tipo, anda logo com isso que preciso ir à manicure —
ela tentava imitar a voz da siliconada.
Ele não se aguenta e começa a rir e logo ambos estão gargalhando no
carro.
— Você é louca.
— E você me adora. Nossa como deve ser você gemendo?
— Me diz você, já sonhou comigo — sorri de canto.
— Esquece isso Mason — ela suspira, fecha a cara e se afasta voltando à
posição inicial no acento.— Você não estava gemendo no meu sonho.
— E como é que eu estava?
— Arghhhh, se quer tanto saber do sonho nós estávamos conversando —
ela o encara séria.— Não me lembro sobre o que, mas em certa parte você
acariciava meu braço e bochecha só isso.
Logo depois pulei encima de você e transamos no sofá da minha sala,
acordei ofegante e excitada, mas isso vou guardar só para mim.
— E qual foi sua reação?
— A mesma de sempre quando você me faz carinho.
— Fecha seus olhos, o canto da sua boca se levanta discretamente e inclina
sua cabeça na direção da minha mão?
— Eu não faço isso — diz com espanto.
— Sou um cara observador — ele da de ombros.
— Eu não faço isso — diz com firmeza.
— Ok, se você está dizendo que não.
Luna coloca a mão na porta do passageiro e a abre.
— Te vejo amanhã Kono, boa noite — ela se vira para sair e para ao ouvi-
lo chamar seu nome.
— Lua?
— Fala — diz ao se virar.
Ele passa as mãos pelos cabelos, não conseguia decifrar o seu olhar, não
sabia o que ele poderia estar pensando.
— Obrigado pela companhia, mesmo você tendo visto o filme antes de
mim — lança um sorriso nervoso. — Obrigado por me suportar — ele se
aproxima um pouco dela.
— Te suporto há dois anos Mason.
— Então deve ser nomeada santa.
Ela ri, ele tinha esse poder sobre ela, um dos vários na verdade, ele sempre
a fazia rir, mesmo quando estava irritada demais ou triste demais, parecia que
mesmo ele sendo irritante na maior parte do tempo ele sempre tinha a coisa
certa a dizer, era um dom dele e ela amava isso, uma das várias coisas que o
tornava especial.
— É sério Lua — ele leva a mão até sua face a acariciando de leve.—
Obrigado.
Ela fecha os olhos, sente seu lábio se erguer no canto em um discreto
sorriso e inclina a cabeça para o lado em direção a mão dele. Merda eu
realmente faço isso e nunca havia percebido.
Ainda com os olhos fechados ela sente uma aproximação, sente o hálito
quente de seu amigo em sua bochecha e logo em seguida sente leve roçar de
sua barba em sua pele e o toque sutil e quente de seus lábios. Ela
inconscientemente leva suas mãos até sua camisa e a segura de leve, não
queria que ele se afastasse.
Ela estava ofegante, sentia um formigamento em sua região baixa soltando
um gemido rouco.
— Eu gosto quando sua barba toca minha pele — ela aperta mais seus
dedos no tecido da camisa dele, sentia os nós dos mesmos doerem com a
força que estava exercendo.
— Eu sei você me disse hoje — Sentia seus lábios em seu ouvido enquanto
ele falava.
Ela o sente afastar de seu rosto, ao abrir os olhos encontrou os dele
encarando-a.
— Mason — ela sussurra. Ela podia ver a dúvida em seus olhos, parecia
perdido, confuso, ele parecia estar pensando em todas as hipóteses, em todos
os passos.
Invadida por um misto de sensações Luna encosta sua testa na dele. Ela
sente as grandes mãos dele tocarem as dela que ainda seguravam sua camisa,
ele as puxa a fazendo soltar.
— Acho melhor você ir Hobbit. — Ele segurava seus pulsos e a encarava.
— Por quê?
— Porque eu não quero que se arrependa depois. Não quero estragar o que
temos.
— Tudo bem Mason, já devia saber que seria diferente comigo — Ela
empurra a porta meia aberta do carro, sai a fechando com força atrás de si.
Era como sua mãe sempre dizia. Talvez as pessoas não me decepcionem,
talvez seja eu que espero muito delas.
Ela entra em seu prédio e vai direto para o elevador, precisava tirar àquela
roupa, aquela calcinha idiota, aqueles sapatos, aquilo tudo havia sido uma
péssima ideia.
Não chora, por favor, por favor. Ela suplicava, sentia as lágrimas
chegando, mas queria estar no conforto da solidão de seu apartamento para
libertá-las.
Sabia que não devia ter tido esperanças. Mason jamais vai me ver de outra
maneira, somos amigos, apenas isso, você mesma havia dado aquela pulseira
para ele.
Ao entrar em seu apartamento, Misty vem em sua direção imediatamente
aos pulos e latidos, ela acaricia a cabeça de sua cadela. Não conseguia mais
segurar, ela se senta no chão e chora, sente as lágrimas rolarem por sua face.
É assim que se vive, errando e aprendendo. Se decepcionando para se
proteger. Se machucando para crescer. Chorando para sorrir. A gente cai uma
vez, para aprender a se levantar. Ela havia tomado um tombo feio naquela
noite, então decidiu que não tentaria novamente. Amigos seriam sempre
amigos e a cada segundo tentaria deixar isso claro para ele e lá no fundo para
ela, tentaria se convencer.
Embora seu coração estivesse doendo agora, aquilo logo iria passar, não
iria lamentar até porque nada havia acontecido, a amizade estava intacta e
apenas ela sofria com a dor da rejeição. Mason nunca olharia para ela como
olha para as outras. Ele nunca a desejaria, suas provocações não passavam
disso, apenas provocações.
Ela pensa em Luis, ele sim a olhava do jeito que ela desejava que Mason a
olhasse. Ela chorava sentada no hall de seu apartamento, Misty estava com a
cabeça em seu colo e lambia suas mãos como que para acalmá-la.
Então decide pegar as rédeas da sua vida e seguir em frente, ainda teria a
amizade de Mason. Mas agora seria diferente iria investir em quem realmente
a queria, afinal de contas, apesar das decepções e do coração partido é cedo
demais para dizer que não vale a pena tentar de novo com outra pessoa.

Mason Carter
Mason fica sentado em frente ao prédio de Luna um bom tempo depois que
ela saíra.
Merda, ele bate no volante com força, idiota, argh seu burro. Ele dizia a si
mesmo.
Por que ele simplesmente não a beijava? A tomava nos braços e a beijava,
era simples não era? Ele mesmo havia dito que era. Ele dissera aquilo para
ela, que era fácil chegar perto de uma mulher, que era uma habilidade
desenvolvida com os anos, aquilo era verdade.
Ele se sentia à vontade para fazer aquilo com qualquer mulher, era fácil,
simples, uma habilidade que ele dominava, era mestre naquilo. Ele chegara a
um ponto que nem era necessário muito esforço, as mulheres vinham até ele.
Mas qual era seu problema com Luna?
Ele simplesmente não conseguia, as regras não se aplicavam a ela, pois
como ele havia dito antes, Luna era especial, era única.
Ele a provocava sempre, sempre que tinha uma oportunidade mesmo que
pequena e breve ele lhe lançava uma indireta, ela levava na brincadeira na
maior parte das vezes e ele se aproveitava disso. Ele podia falar tudo o que
realmente queria fazer, ou dizer com um tom de ironia e uma pitada de
sarcasmo e ela não suspeitaria.
Luna sempre parecia se esquivar de suas provocações e nunca dava brecha,
mas naquela noite, ela estava diferente, até parecia que ela o desejava, mas
aquilo nunca havia acontecido antes e ele pensou que ela estava brincando
com ele. Mas aquela não era sua Hobbit, sua Luna, parecia ser outra pessoa
na maior parte do tempo e aquilo o incomodou e muito, ele não a queria
daquela maneira. Não entendia o porquê de tudo aquilo, do modo como agia
e falava com ele.
Ele não iria mentir e dizer que havia não sentido nada, é claro que sim, por
várias vezes Luna o excitara naquela noite. Ele a desejava muito, queria
explorar cada pedaço de seu corpo, queria descobrir e beijar cada centímetro
de sua pele. O lado mulherengo de Mason adorara ver aquela Luna mais
atrevida e se não se segurasse teria arrancado aquele minivestido e tirado a
prova se ela estava realmente sem sua calcinha. Mas o lado Mason Carter
amigo, protetor e amante secreto, não queria que ela agisse dessa forma, não
queria que ela fosse como as outras.
A beleza de Luna era realçada pela sua inocência em certos assuntos, sua
peculiaridade, sua animação pelas coisas pequenas, o seu jeito excêntrico de
ser, aqueles óculos enormes, o seu amor e dedicação por tudo o que lhe
interessava, pelo jeito único que ela sorria, pelas suas três pintas em suas
bochechas, pelas covinhas na curva do seu quadril, pelo calor e paz que ela
causava dentro dele, pelos olhos expressivos, pelo jeito que ela o tocava
quando arrumava seus fios rebeldes, pelo arrepio que ela sempre causava em
sua pele quando o tocava ou esbarrava nele, pelo seu cheiro de flores
silvestres e o fato dele suspeitar que ela usava aquele shampoo porque ele
gostava. Ela era única para ele, nenhuma outra mulher se igualava.
Mas outro fato era que ela o deixava confuso, hora ela parecia que o queria
e logo em seguida lhe dava uma pulseira da amizade verdadeira e começa a
falar sobre Luis, sobre todas as coisas que haviam feito, em como ele era
maravilhoso, falava sobre casamento e namoro e o que planejava fazer com
ele, ela falava tanta coisa sobre Luis que às vezes ele meio que se desligava
da conversa. Então por isso talvez a ordem das coisas estivesse alterada.
Mason encara a pulseira em seu braço direito, o indicativo de onde era o
seu lugar, onde era seu limite, a sua identificação na vida de Luna, aquele
pequeno pedaço de couro era seu passado, presente e futuro. Ele esfrega o
rosto, passando seus dedos por seus cabelos logo depois ao chegar a essa
infeliz conclusão.
Melhores amigos, era isso o que ele era o irmão mais velho e protetor,
então tentaria ao máximo seguir com aquilo, pelo bem de Luna.
“Você faz aquilo que acha que tem que fazer”
Obi-Wan Kenobi

Luna Iasune
Após a falha tentativa de Luna na noite anterior e de seu pequeno surto na
entrada de casa ela agora se encontrava deitada em sua cama sem ânimo para
levantar, no relógio de seu despertador marcavam 06h45 da manhã, naquele
dia ela começaria seu turno cedo na clínica, mas ainda assim não tinha animo.
Passou quase toda noite acordada pensando, rolava de um lado para outro e
muitas vezes ela acabava se levantando e andando pelo seu apartamento.
Como lidar com aquilo tudo? Ela não sabia, mas havia prometido a si mesma
que nunca faria algo como aquilo novamente. Agora iria cumprir sua
promessa e dar-se uma chance com Luís, quem sabe ela até poderia chegar a
amá-lo.
Luis era um cara legal, gentil, bonito e a tratava muito bem, apesar de a
única coisa que eles tivessem em comum fosse a paixão pelo oriente. Ela
estava convencida de que se o conhecesse mais e convivesse mais com ele
uma hora acabaria se apaixonando.
Muitas vezes naquela confusão de sentimentos ela se sentia perdida em
meio a um vendaval que a carregava para longe, não sabia como agir ou falar
e isso refletiu em Mason, ele nunca a vira daquela forma e provavelmente
havia ficado confuso também.
— PORRA LUNA! — Ela grita consigo mesma.— Pare de inventar
desculpas para ele, os sinais estavam claros como água e ele a afastou,
dispensou, deu um pé na bunda e todos os outros adjetivos — ela falava
sozinha em seu quarto.
Tudo acontecendo ao mesmo tempo, ela estava confusa demais para
entender. Difícil definir se a "paixão" é realmente simples paixão. Ou se algo
maior está por trás.Não dá mais para voltar atrás e desfazer ou mudar tudo o
que aconteceu ontem à noite. Barreiras foram quase ultrapassadas.
— Lua você precisa parar de agir assim, de ser confusa, de confundir as
pessoas e principalmente parar de SE CONFUNDIR! — Ela se repreende.
Se levanta e caminha até seu closet pegando a primeira roupa que aparece
em seu caminho e seguindo para o banheiro, tomaria um banho rápido e se
trocaria para depois ocupar sua mente com trabalho, nem sequer olharia seu
telefone tinha medo de fraquejar e acabar ligando ou mandando mensagem
para ele e ela precisava de um tempo, um tempo para si.
O dia passou rápido até demais, Luna se negou a sair para almoçar ao
contrario ela ficou na clínicaaté muito tarde e pegou o máximo de consultas e
procedimentos possíveis para manter sua mente serena. Nem sequer uma
única vez aquele dia olhou seu celular.
Preciso de tempo, preciso de tempo, ela ficava repetindo em sua mente.
Amigos, somos amigos ele deixou isso bem claro, ela pensava e apesar de se
mantiver ocupada uma vez ou outra sua mente vagava até Mason, seu cérebro
a traia constantemente a fazendo pensar em o porquê ele a rejeitou já que na
noite do ano novo no terraço seus olhos indicavam outra coisa, indicavam
que ele a desejava. Será que ela havia interpretado mal?
Suspirando ela olha para o relógio de parede em seu escritório, tinha
acabado de terminar vários laudos de alguns de seus pacientes e agora os
organizava em suas devidas pastas.
Depois de quinze minutos organizando seu consultório ela parte para casa
só queria tirar aquela roupa e sapatos se deitar no seu amplo sofá e assistir
séries até tarde, sem preocupações ou estresse.
Já em casa após aquele dia cansativo ela jantava tranquilamente sentada no
balcão de sua cozinha com uma tigela de cereais. Seu celular estava ao seu
lado quando ela escuta um BIP, era uma mensagem, Luna revira seus olhos
não queria falar com ninguém pelo menos não hoje, mas a curiosidade dela
sempre falava mais alto e quando já tinha percebido a tela estava
desbloqueada e o nome de Luis aparecia na mesma, sorrindo sem jeito ela lê
a mensagem de seu amigo:
Ela fica encarando aquela mensagem por alguns minutos antes de
responder, realmente não estava com muita vontade de sair ou de ter
companhia, mas pensando bem ela havia prometido a si mesma dar uma
chance a Luis e ali estava a oportunidade era quase como se o destino
estivesse dando uma mãozinha ou ele simplesmente não aguentava mais vê-la
se auto depreciar daquela forma.

Lua desce do balcão deixando


de lado sua tigela de cereal pela metade e então responde:

Ela envia a mensagem e espera pela resposta enquanto colocava a tigela de


cereal na lava louças. Luna olha sua cadela de relance que estava comendo
avidamente.
— Argh Misty por que as coisas precisam ser sempre complicadas
comigo? — Sua cadela a olha rapidamente e volta a comer. Depois de longos
minutos sem resposta enfim seu celular apita novamente.
Depois de mais ou menos duas horas que foi o combinado com Luis ela
esperava na porta da boate. Vestia um vestido preto que ia até metade de suas
coxas onde as mesmas eram cobertas por uma meia calça de renda preta, seu
vestido era de mangas curtas que iam até o começo de seus ombros, ela
estava com os cabelos soltos e penteados para trás e seus sapatos altos
também da cor preta.
Ela nota seu amigo se aproximar e sorri ao vê-lo.
— Oi — Ela o cumprimenta com um beijo no rosto.
Lua o encarava, ele estava simples, mas sofisticado, com sua jaqueta de
couro preta, sua camiseta branca e sua barba por fazer, sua calça Jeans escura
e suas botas dando um ar totalmente de badboy um típico garoto problema
que ela sabia que ele não era, mas que mesmo assim o deixava muito sexy.
— Como está Lua? — Ele pergunta para ela já seguindo para a entrada da
casa noturna.
— Estou bem — ela sorri sem jeito, não ela não estava bem, mas ia ficar.
A música alta invadia seus ouvidos e a distraiam de seus pensamentos que
sempre iam em direção a Mason e ao seu toque e a sua rejeição, argh pare de
pensar nele, pare, pare! Ela vai até o bar junto com Luis.
— Toma alguma coisa? — Ela se vira para seu amigo que agora se
recostava no balcão do bar.
— Você escolhe — ele responde.
Luna sabia que Luis, assim como ela, não era de beber por isso ela opta por
algo leve então pede duas mimosas de laranja com pouco álcool. O barman
prepara a bebida e depois as entrega. Luna passa seus olhos pelo local, as
luzes serpenteavam pela pista de dança e um DJ comandava a mesa com
vários mixes de músicas eletrônicas.
A música Don’t do cantor Ed Sheeran começa a tocar e Luna sorrindo
deixa sua bebida de lado, olha para Luis e o puxa pelo braço até a pista de
dança.
— Vem — diz já indo para o meio da pista. — Amo essa música— Diz em
seu ouvido.
Ela o nota hesitar por alguns instantes.
— É só me seguir — Luna coloca as mãos de seu amigo na sua cintura e
enlaça seus braços envolta de seu pescoço, ela começa a balançar de um lado
para o outro devagar o guiando com seu corpo colado ao dele.
Ele estava bastante travado no começo, mas logo ela o sente se soltar. Luis
seguia seus movimentos lentos no começo e agora um pouco mais rápidos,
suas mãos seguravam com firmeza sua cintura. Ela o puxa para um lugar
mais afastado de todos aqueles corpos que dançavam ao ritmo do DJ.
Ela fica de costas e suas mãos passam por seu corpo enquanto sentia Luis
se aproximar cada vez mais. Luna acelera seus movimentos e sente ser virada
bruscamente.
Agora uma música lenta começa a tocar e ela desacelera e aproximando
seu rosto do pescoço dele, sentindo também suas mãos a envolverem. Ela
sentia sua rigidez e a respiração quente de Luis em sua orelha a fazendo
suspirar.
Leva suas mãos até a nuca dele e aperta levemente enquanto se afastava
um pouco para encará-lo. Luna não sabia se era a música ou a bebida ou a
rejeição recente ou os três, ela só sabia que queria beijá-lo e assim o fez.
O beijo era calmo, ambas as línguas procurando uma a outra, o sabor de
ambos se misturando então o beijo se intensifica, Luna morde o lábio inferior
de Luis e uma urgência vai surgindo enquanto a língua dele abria caminho
pela boca dela.
Ela passava as mãos em seus cabelos bagunçando seus fios, sentia sua
barba por fazer de encontro a sua pele e sorri entre beijos, por um momento
eles se esquecem de onde estavam.
Luna solta um gemido, ele beijava muito bem e se permite desfrutar
daquele momento, ela então corta o beijo um pouco ofegante e seus lábios
vão em encontro ao pescoço dele inalando o cheiro de lavanda de sua
colônia.
— Hum... — Ela murmura e escuta ele soltar um gemido baixo quase
inaudível por causa da música alta. — Luis... — ambos agora estavam
parados.
— O que Lua? — Ele diz próximo ao seu ouvido.
— Quer sair daqui?
— Eu ia te perguntar a mesma coisa — Sorri.
— Vamos... — Ela o guia para fora da boate.
— Para sua casa, ou para minha? — Ele pergunta já fora da boate.
— A minha está mais perto — Risos.
Os dois agora aguardavam o manobrista com o carro de Luis.
Eles passam apressados e rindo pela portaria, a porta do elevador se fecha
e Luna pode notar que Luis estava inquieto, ele batia os pés impacientemente
no chão.
Quando chega a porta do seu apartamento ela coloca a chave na fechadura
e assim que a porta se abre ele a segura pelo braço a puxando na sua direção e
a beija já sem um pouco sua costumeira timidez.
Luna entra sem olhar para nada ao redor, o beijava com olhos fechados,
desfrutando de cada sensação, ela o guia até a sala apenas confiando na sua
memória para que não tropeçassem em nada. Joga sua bolsa ao lado da porta,
aperta seu corpo contra o dele e gemidos escapam de ambos.
Ele a puxava para o sofá e Luna cai em cima dele sorrindo, suas mãos
percorriam seu corpo, ávidas, ela queria sentir seu perfume seu toque e seu
calor. Os minutos que se seguiram eram repletos de beijos sensuais e
ardentes, ela o joga de lado fazendo-o se sentar e sobe em seu colo passando
uma perna de cada lado do seu corpo. Ela o beijava sofregamente enquanto
retirava sua jaqueta e camisa.
Sentia suas firmes mãos apertarem suas coxas e depois de o ajudar a tirar
sua jaqueta a jogando para longe junto com sua camisa. Luna retira a faixa de
seu vestido sem deixar de beijá-lo.
Sua roupa agora subia até o começo de suas coxas, ela mordia o lábio
inferior dele enquanto descia o zíper de seu vestido.
— Ah... Ah Lua eu não posso acreditar que estejamos fazendo mesmo isso
— ele diz interrompendo o beijo.
— Shhh Luis — ela volta a beijá-lo.
Retira seu vestido por seus ombros deixando à mostra seu sutiã azul
marinho de renda, ela sente as mãos cálidas de seu amigo passar pela renda
de sua peça intima.
— Luís... — ela arfa.
— Ahh Lua, tão linda — ele diz com desejo.
Luna não estava se sentindo nervosa quanto ao que acontecia ali ela estava
inebriada e cheia de desejo, o toque macio de Luis era acalentador e ela sabia
que com ele não precisava ter medo por que ele passava uma segurança a ela
que Mason jamais passava.
Sim claro que Mason a protegia sempre, cuidava dela, ela sabia que com
ele estaria sempre segura. Só que quando estava com ele um turbilhão de
emoções transpassava seu corpo e ao pensar em atingir o patamar que era a
seletividade sexo, ela se sentia inerte a suas emoções. Não se sentia 100%
segura de se entregar de corpo e alma para ele. Por mais que ela desejasse e
às vezes até sonhasse com isso, ele a deixava nervosa, talvez por ele ser
sempre seguro de si, superconfiante, por já ter feito aquilo várias vezes e ela
não ter feito uma única vez se quer ou por ele ser seu melhor amigo.
Era diferente o que sentia com Luis, era um sentimento seguro e com ele
ela sempre tinha certeza de tudo. Ela sabia o que ele queria, diferente de certo
texano.
Quem sabe eu consiga sentir por Luis o mesmo que meu coração sente por
Mason. Ela pensa.
Quando falamos em virgindade, logo pensamos em sexo, e a partir do dia
que o experimentamos, o mundo parece perder seu mistério maior. Não
somos mais virgens, que grande ilusão de maturidade.
Virgindade é um conceito um tanto mais elástico. Somos virgens antes de
voltar sozinhos do colégio pela primeira vez. Somos virgens antes do
primeiro gole de vinho. Somos virgens antes de conhecer Nova York. Somos
virgens antes do primeiro salário. E podemos já estar transando há anos e
permanecermos virgens diante de um novo amor.
Por mais que já tenhamos amado e odiado, por mais que tenhamos sido
rejeitados, descartados, seduzidos, conquistados, não há experiência amorosa
que se repita, pois são variadas as nossas paixões e diferentes as nossas
etapas, e tudo isso nos torna novata.
Ela sentia sua região baixa pulsar, enquanto ele a deitava gentilmente
ficando por cima, Luna enlaça suas pernas em volta da cintura de Luis o
trazendo para mais perto.
Ele se debruça sobre ela a fazendo sentir seu membro rígido na parte
inferior de sua virilha, ela solta um gemido de prazer enquanto ele a envolvia
em mais um beijo calmo e cheio de desejo. Equando estão totalmente
envolvidos pela tensão cheios de desejos prontos a serem liberados que eles
escutam a campinha tocar.
“Hogwarts deveria ensinar como entender a cabeça das mulheres, seria mais útil do que as aulas de adivinhação.”
Harry Potter

Mason Carter
O celular estava na mesa de centro da sua sala, o pequeno aparelho
Smartphone era o ponto focal de Mason a mais de 30 minutos.
Sem sinal algum de Luna o dia todo, ele não esperava realmente que ela
fosse ligar ou mandar mensagem, mas também não conseguia parar de olhar
o tempo todo, um simples sinal de vida que fosse, seja em alguma rede social,
mas nada aparecia e ele sabia que aquele sumiço repentino poderia ser
resumido em apenas uma simples frase.
MASON É UM IDIOTA.
E ele não tinha dúvidas que agira como um.
Não conseguira dormir direito naquela noite. No seu trabalho tentou usar
toda a força que ainda restava em seu corpo para conseguir se concentrar,
ainda bem que não houvera cirurgia naquele dia. Ele tentara se ocupar com
trabalho para não se lembrar de Luna, mas era impossível. Um cheiro familiar
que fosse, uma voz parecida, ou uma mulher com corte de cabelo igual
sempre o levavam para a noite anterior.
Não era à toa que Luna estava chateada com ele, ela devia estar se sentindo
rejeitada. Deus sabe o quanto queria beijar ela, sentir o sabor de seus lábios e
sua língua afiada com a dele. Então por que ele não havia feito isso? O que o
impediu?
Essas eram as perguntas que rodeavam sua cabeça a quase 24 horas.
O fato de ela estar realmente muito estranha naquela noite contava. Ele
gostava de mulheres atrevidas, ah como gostava, mas Luna não era assim, o
que ele gosta nela são suas peculiaridades, o seu jeito excêntrico de ser, era o
que mais o encantava e aquela mulher de ontem não era a mulher que ele
desejava.
Pela primeira vez em muito tempo, Luna o deixara sem reação, ele não
sabia o que fazer e aquilo era incomum pra ele, mulher era um assunto que o
deixava bem à vontade, ele se tornara o mestre da conquista, como seus
amigos da faculdade o chamavam, mas ontem ele se sentira com 13 anos
novamente tomando coragem para conversar com Patrícia Jones, perdido,
esquisito, tímido, sem saber o que fazer e procurando algum lugar para fugir.
E era o que ele havia feito, ele fugira, dissera para ela ir embora. Também
dissera pelo o que se lembra, que não queria que ela se arrependesse e que
não queria perder o que eles tinham, o que não deixa de ser verdade.
Como ele sabia bem Luna era uma mulher confusa, e o estava
confundindo. Ela nunca em todos esses anos demonstrara querer nada com
ele, de repente do nada ela age daquela maneira. Ele tinha a impressão de que
ela não sabia o que queria, às vezes parecia que queria ficar com Dr.
Aquaman, ontem pareceu que queria ficar com ele, e às vezes parecia que não
quer ficar com ninguém, só curtir uma maratona de alguma série com seu
irmão mais velho e melhor amigo Mason.
— Arghh mulheres são tão complicadas — Ele diz ao apoiar a cabeça nas
mãos enquanto apoiava os cotovelos nos joelhos, tirando pela primeira vez o
contado visual do celular.
Ele tentava entender, procurava qualquer motivo que fosse, precisava
procurar um nome para o que estava acontecendo dentro dele. Por que tudo
mudara de repente? O que aconteceu nessas últimas semanas que o está
levando a loucura? Por que simplesmente não a beijou? Não era o que ele
queria fazer no dia em que a conheceu?
Ainda se lembrava bem daquele dia, quando ele a vira entrar na cafeteria,
foi até ela com a intenção de pegar o seu número, levá-la para sair e depois
claro dormir com ela, como ele sempre fazia, mas a vida é engraçada e toma
caminhos que nunca esperamos, eles se tornaram amigos e o tempo e a nítida
impressão que Luna passava de que não queria nada com ele além de
amizade o fizeram desistir do seu objetivo inicial.
Ele havia sugerido que ela saísse com outros caras, que se divertisse, havia
sido ideia dele, só que ele não pensou que aquilo o incomodaria tanto, não
contava com essa reação, não pensou que fosse sentir tanta falta dela assim,
sem ela ele se viu sozinho.
Ok talvez nenhum desses argumentos fosse válido para o que havia feito,
mas para ele em sua cabeça aquilo tudo fazia sentido.
Ele dizia a si mesmo que o ciúme era por sentir que estava perdendo sua
amiga e companheira, só podia ser. Mas agora sentado em sua sala e
refletindo sobre tudo o que já passara e sobre os olhos observadores de certo
gato cinza, Mason se pega fazendo perguntas que nunca antes passaram por
sua mente.
Será que por trás desse ciúme que ele estava sentindo, desse incomodo que
se tornava crescente em seu peito não havia algo a mais perdido ali dentro?
Será que não havia algo que ele não estava enxergando? Será que ele estava
se enganando? Será que aquele incomodo na verdade tinha outro nome?
Mason é tirado de suas profundas reflexões pelo miado longo e levemente
tristonho de Gandalf, ele ergue seus olhos e encontra seu velho amigo
sentado de frente para ele, no meio da mesa de centro o encarando com seus
grandes olhos amarelos e ao lado de sua pata esquerda estava o celular de
Mason.
— O que foi Gandalf? — Ele escuta o miado de resposta, seu amigo
parecia meio inquieto. Gatos ficavam impacientes? — Gandalf não me olhe
assim, ontem foi muito estranho — suspira.— Queria poder ter um vira
tempo agora.
Outro miado.
— Ela não quer falar comigo, está triste e não tiro sua razão. Eu a rejeitei
Gandalf — eleva um pouco a voz.— Da para imaginar isso? Ela
provavelmente está me odiando. O que eu poderia fazer, ela me pegou de
surpresa, ela nunca em todo esse tempo demonstrou querer nada e de repente,
BOOM, joga tudo de uma vez.
Ele vê seu amigo felino o encarando e piscando seus grandes olhos,
prestando atenção no que ele dizia. Céus ele realmente estava ficando doido,
estava mesmo sozinho, estava desabafando com um gato, ele chegaria a
terceira idade sozinho e com uma penca de gatos sentado em uma cadeira de
balanço e escovando seus amigos peludos.
— Chega. Preciso é de um bom banho — ele se levanta irritado, pega seu
celular e vai em direção decididamente ao banheiro, deixando para trás
Gandalf e seus olhos acusadores.
Já lá dentro retira sua roupa, e abre o aplicativo de músicas do seu celular,
música o ajudava a se distrair do mundo, dos seus problemas. Clica na pasta
de músicas recomendadas para ele naquele dia, ele sempre dava uma olhada,
sempre procurando por novidades. Começa a passar os olhos pelas
indicações.
— Ah só pode ser brincadeira.
Na pasta se encontrava músicas como Sorry, Apologize, Please don’t leave
me, Sorry is not good enough, The only exception, Some on like you,
Thinking of you, eram as primeiras de muitas. Ele sai da pasta de sugestões,
iria na playlist dele mesmo. Ao clicar a música de Beyonce começa a tocar e
enche o cômodo com seu ritmo acelerado e animado, ele passa para próxima
música e começa Britney Spears, logo em seguida Miley Cyrus.
— Mas o que aconteceu com minha playlist? — Aquilo tinha o dedo de
Luna certeza, ela mexera e adicionara as músicas dela.
Assim seria difícil não pensar nela e em toda situação, será que nem no
banho teria paz?
Ele começa a passar pelas músicas rapidamente a fim de encontrar alguma
da sua playlist original. Então finalmente encontra Linkin Park, seria ele
mesmo, impossível pensar em alguma coisa com Bleed it out a todo volume.
Ao sair do chuveiro, secar os cabelos e enrolar uma toalha pela cintura,
Mason vai até o espelho do banheiro que ficava logo a cima da pia, o mesmo
se encontrava todo embaçado pelo banho quente que ele tomara, ele passa a
mão pela superfície lisa e molhada, revelando sua imagem logo a sua frente.
Ele se encarava, cabelos um pouco longos demais, molhados e jogados
para trás, na sua barba não muito grande ainda encontrava algumas gotículas
de água, seus olhos com olheiras causadas pela falta da noite de sono e pelo
cansaço que fora aquele dia, ele estava esgotado.
Ele apoia as mãos na pia, uma de cada lado, segurando a sua borda. Sabia
que iria ter que falar com ela, não poderia fugir para sempre, afinal ele lhe
devia desculpas, pelo menos uma explicação.
Mas o que ele diria a ela? Como começaria uma conversa como essa? Será
que não estava na hora dele tentar? Tentar lhe explicar o que ele estava
sentindo? Bem, tentar explicar a ela enquanto ao mesmo tempo ele procurava
entender. Será que não era tarde demais? Será que se ele explicasse e a
fizesse entender ela de alguma forma o perdoaria? Pelo menos beija-la e
saciar essa vontade crescente dentro dele, mas será que valia a pena correr o
risco de perder algo tão valioso como a relação que eles tinham?
Mason você só vai saber tentando. Ele pensa.
Estava decidido, ele iria vê-la, conversaria com ela, lhe imploraria perdão.
Mas precisava ir com um discurso meio que pronto.
Ele encara sua imagem no espelho, tomando uma expressão decidida e
logo vendo a preocupação, indecisão e nervosismo tomar a sua face.
Como deveria começar?
— Hobbit— ele começa, mas logo se corrige.— Não, ela está brava
comigo, chamá-la de Hobbit não vai ajudar — ele pigarra e se encara de
novo.— Lua, eu talvez tenha agido como um idiota — ele para e diz irritado
consigo.— TALVEZ? Que talvez Mason, você foi um idiota. O maior idiota
do mundo, um verdadeiro KONO BAKA— Um Kono baka com letras
garrafais, em negrito, itálico, sublinhado e com luzes neon piscando
rapidamente ao redor como em um letreiro animado.
Ele aperta seus dedos na borda da pia.
— E agora eu estou brigando comigo mesmo e se referindo a mim em
terceira pessoa — ele passa as mãos nervosamente no rosto.— Agora me
tornei o Smeagol— ele suspira frustrado e ao virar a cabeça na direção da
porta, lá estava seu acusador, dois olhos amarelos piscando e o encarando.
— Sem julgamentos Gandalf — ele aponta o dedo indicador para seu
amigo peludo como que o ameaçando.
Outro miado, dessa vez com um tom mais inocente.
Ele volta sua atenção para o espelho novamente.
— Vamos lá Mason — puxa o ar enchendo seus pulmões e depois o
soltando.
— Lua eu agi como um idiota e provavelmente nada do que eu diga seja o
suficiente para me explicar, talvez não haja explicação, talvez meus
argumentos não sejam válidos. Eu vim até aqui para me desculpar com você,
mesmo que você não me desculpe, mas eu precisava fazer isso, eu lhe devia
isso — ele passa a mão pelos cabelos.— Por mais que seja difícil para eu
admitir, confesso que fiquei perdido, eu não sabia o que fazer, você estava
tão...— estranha, ele pensa.— Diferente. Eu não sei os motivos pelo qual a
levaram agir daquela maneira, você sabe que gosto muito de você e as coisas
que mais gosto são as que te tornam diferente das outras, esse seu jeito único.
Você mais do que ninguém sabe o quanto gosto de mulheres atiradas, mas
esse é o Mason mulherengo, idiota e às vezes cretino e você não merece
alguém assim, não merece esse Mason e sim o Mason que você conhece, o
que cuida e está sempre ao seu lado, aquele que apenas você conhece e mais
ninguém. O Mason que está na sua frente nesse momento.
Ele faz uma pausa e fica surpreso pelas coisas que diz, aquilo realmente
saíra de dentro dele, ele sentia aquelas coisas. Era como se tivesse aberto uma
porta no fundo de seu peito, uma porta que há muito tempo estava trancada e
a chave perdida, e de lá de dentro ele encontrou e libertou essas palavras e
sentimentos. Então tomado por aquele sentimento incomum, aquele que ainda
não conseguia nomear e que de pouco tempo para cá havia reparado na sua
presença em seu íntimo, ele continua seu discurso.
— E se você estiver disposta a me aceitar e me perdoar — suspira.— Eu
quero lhe dar esse Mason. Quero ser esse Mason para você.
Ele sorri ao pensar que ele de uma forma que nunca havia reparado, ele
queria aquilo, ele aceitaria se ela estivesse disposta. Ele queria dar uma
chance e também queria que ela lhe desse uma chance. Nunca estivera em um
relacionamento antes, ele não estava pedindo ela em namoro ou algo do tipo,
ele estava lhe pedindo uma chance, uma chance para lhe provar que ele
poderia ser um homem para ela, que poderia ser mais do que seu amigo. Ele
estava disposto a tentar. Mas será que ela também estaria?
Ele fora cego todo esse tempo, não conseguira ver o que estava bem
embaixo do seu nariz. Às vezes precisamos ser acordados a força. Vira na
direção da porta onde seu amigo ainda estava.
— Você acha que está bom? — Recebe um miado em resposta. — É já é
um começo — ele sai do banheiro e passa por Gandalf, indo em direção ao
closet em seu quarto.
Ao sair já vestido com uma calça moletom preto e uma camiseta lisa
branca, da de cara com Gandalf deitado em sua cama e embaixo de sua pata
direita se encontrava o celular de Mason, que ele jogara ali antes de se trocar.
— Você acha que devo falar com ela hoje? — Gandalf mia. Mason se
aproxima de seu amigo e pega seu celular, o horário aparece na tela, eram
22h25.— Ok você venceu.
Ele coloca o celular no bolso, pega a primeira blusa que vê. Não iria ligar
se ia tomar uma decisão como aquela, dizer aquelas coisas, teria que fazer
pessoalmente. Na sala pega sua chave e é seguido por um gato aparentemente
animado. Sério aquele gato o estava deixando preocupado.
Ao colocar a mão direita na maçaneta a manga da sua blusa sobe alguns
centímetros e ele vê um pedaço da sua pulseira de couro, aquela maldita
pulseira, o lembrete diário de seu lugar na vida de Luna, a algema que o
prendia nessa posição.
Ele suspira irritado, se ele estava disposto a tomar um passo como aquele,
precisava tentar esquecer o significado daquele inocente acessório. Mason
leva as mãos até ela a retirando de seu pulso e guardando no bolso da calça
logo em seguida. Pode parecer ridículo, mas ele se sentiu mais leve.
Fecha a porta ao sair e pega o elevador até do estacionamento do prédio.
No caminho vai tentando se lembrar das palavras que havia dito no
banheiro, sua perna tremia um pouco, Mason, fala sério? Agora suas pernas
tremem quando fica nervoso? Ele pensa.
Alguns minutos depois para na frente do prédio de Luna e entra, passando
pela recepção rapidamente, então escuta a voz do porteiro Paulo o
cumprimentar.
— Boa noite Dr. Carter— Paulo se levanta da sua cadeira ao vê-lo adentrar
o prédio com pressa, a pequena televisão como sempre ligada no canal de
esportes.
— Boa noite Paulo — diz com pressa.— Lua está em casa?
— Está sim senhor — ele solta um pigarro.— Mas está com visita.
— Visita?— Ele franze seu cenho.
— Sim senhor.
— Eu vou subir — ele não espera a resposta ou algum comentário do
porteiro, simplesmente parte para o elevador com seus passos firmes e o
maxilar flexionado.
Quem poderia ser? Afinal existiam vários tipos de visitas, bastava saber
qual delas era a que sua amiga estava recebendo.
Ele para na frente na porta de Luna e hesita por alguns segundos, sua
respiração estava acelerada, suas mãos suavam e estavam gélidas.
Calma Mason você consegue. É só dizer aquilo que ensaiou. Ele dizia para
si mesmo mentalmente em uma tentativa de se acalmar.
Ele ergue seu punho cerrado o parando muito próximo da porta e muda de
ideia, abaixa o braço e com toda calma que ele fingia ter, aperta a campainha.
“A verdade ilumina a mente, mas nem sempre traz felicidade ao seu coração.”
Star Wars a guerra dos clones

Luna Iasune
Luna estava envolvida com todas as sensações que seu cérebro transmitia
para seu corpo, ela estava embriagada pelos toques e caricias de Luís. Seus
beijos quentes e sensuais a envolviam e a despiam de seus pudores
lentamente.
Na quietude daquele apartamento entre sussurros e gemidos esvaindo-se de
prazer, Luna se vê sendo interrompida quando escuta o toque de sua
companhia.
Ela suspirava frustrada e também pode escutar o gemido irritado de Luis.
— Merda — ela o escuta dizer. — Você não vai atender não é Lua? —
Pergunta.
Ela escuta novamente a companhia.
— Quer saber. Deixe que toque— ela o puxa para mais um beijo cálido.
Agora a insistente visita indesejada bate na porta, ela geme insatisfeita.
— Lua? Você está em casa? — Diz a voz atrás da porta.
Conhecia bem aquela voz, fazia parte de sua vida e de seus sonhos há mais
de dois anos. Às vezes um minuto sequer era capaz de destruir vinte e três
horas e cinquenta e nove minutos, ela tinha conseguido com sucesso o evitar
durante quase todo aquele dia e justo agora ele aparece?
— Kono baka inconveniente — fala ficando sentada no sofá e afastando
Luis.
— Ahh eu não acredito nisso — ela vê Luis passar as mãos em seu cabelo
irritado.
Novamente bate na porta agora com um pouco mais de urgência.
Ela se levanta com raiva pega a camiseta de Luís e a veste.
— Luis eu já volto ok? — Ela beija rapidamente seus lábios, então se
encaminha até a porta e a abre.
Luna encontra seu amigo e encara aquele sorriso que ela tanto amava, céus
como só olhar para ele a afetava tanto, ele usava uma calça preta de moletom
e uma camisa lisa branca que evidenciava seus músculos braçais e seu
peitoral, seus cabelos levemente bagunçados ela conteve o impulso de
arrumá-los ao lembrar o que ele havia interrompido. Ele passa os olhos por
todo corpo dela que não evita corar. — Pijama interessante — sua voz invade
seus ouvidos e a faz o encarar.
— Estou no meio de um lance aqui, o que você quer Mason? — Diz
cruzando seus braços.
— Preciso conversar com você — ele faz menção de entrar, Luna olha para
sala onde Luis se encontra e o impede colocando as mãos em seu peito e o
empurrando de leve.
— Não é uma boa ideia, isso não pode ficar para amanhã?
— Na verdade não — ele insiste. — De quem é essa camisa? Não me
lembro de ter esquecido nada meu aqui.
Que pretensioso achar que eu usaria algo dele, ela pensa.
— Olha Mason eu realmente não posso falar agora — ela diz em um tom
de voz firme.
— Preciso mesmo conversar com você hoje Lua — havia suplica em seus
olhos, parecia que ele tinha algo importante a dizer.— Preciso dizer antes que
eu perca a coragem e desista, ou que seja tarde demais− ele aperta o pacote
que havia em suas mãos e que ela ainda não notara.
Luna abre a boca para dizer algo, mas nenhum som sai, Mason estava
inquieto e seus olhos imploravam a ela para deixá-lo entrar, então quando
estava quase desistindo e cedendo a suplica de seu amigo, ela sente a
aproximação de mais alguém atrás dela, Luis abre a porta revelando-se para
Mason, ele estava sem camisa e apenas de cueca.
— Cara ela já disse que está ocupada e você está atrapalhando, podem
muito bem conversar amanhã— ele diz ríspido.
— Amanhã conversamos Mason — ela diz ao recuperar sua voz e sente
Luis a envolver.
Ela vê que seu amigo encarava com fúria o homem que a abraçava e
sinceramente não entendia o porquê, ele mesmo a havia afastado.
— Lua, preciso mesmo falar com você, agora — diz ao se virar novamente
para ela e afastar seus olhares de Luis.— Por favor.
— Não Mason! — Ela se altera.— Será que não da para desgrudar de mim
um dia sequer? — Diz com raiva, ele a rejeitara e agora quer sua companhia?
Kono baka...
Ela nota seu cenho franzir e suplica deixar seus olhos e dando lugar a
irritação e desapontamento, ele a encara bem nos olhos e diz com sua voz
firme.
— Ótimo, então se divirta aí com o doutor cérebro de peixe e foda-se o que
eu tenho para dizer. Porque aparentemente não é importante para você — ele
olha para Luis.— Não agora pelo menos, não mais.
Luna o vê dar dois passos largos e parar, Mason se volta para ela e entrega
o saco de papel que havia em suas mãos.
— Pode ficar com isso — ele diz irritado e assim que ela o pega ele parte.
Luna fecha a porta e coloca o pacote em cima da mesa que ficava ao lado
da porta.
— Me desculpe por isso Luis — ela se vira para ele com uma cara
tristonha.
— Qual o problema dele?
— Sinceramente eu já desisti de tentar entender o Mason — ela solta outro
suspiro longo. — Sinto muito.
— Tudo bem Lua a culpa não foi sua, foi dele, Mason é o problema. Ele é
sempre assim?
— Geralmente não, mas ultimamente está mais irritante do que o normal.
— Lua você não acha que ele possa estar com ciúmes?
Ela solta uma risada sarcástica — Ciúmes? De mim? Luis, Mason tem
todas as mulheres que quiser à disposição.
— Falo sério Lua, aquilo — ela o vê apontar para porta.— Foi estranho.
— Olha Luis, ele mesmo admitiu que não pensa em mim como algo a mais
e que nem sequer tenho atributos para isso. — Ela ri sem jeito.
— Então ele é mesmo um idiota, olhe só para você Lua é linda é perfeita.
— ele a olha com certa devoção.— Como pode aguentar esse cara? Por que
anda com ele?
— Ele é legal depois que você o conhece Luis— ela agora estava um
pouco incomodada pela forma como Luis falava de seu amigo, mesmo depois
de tudo ela ainda o defendia.
Porque era verdade Mason era um amigo maravilhoso, durante esses dois
anos ele sempre esteve com ela, sempre a animou em seus dias tristes, a
aturou em seus dias de TPM, a fazia rir quando ninguém mais conseguia ou
às vezes não dizia nada só ficava lá fazendo companhia porque sabia que o
que ela precisava era seu silêncio e Deus sabia o quanto ela o amava talvez
mais do que deveria.
— Nossa e ainda iremos jantar, duas horas com Mason Carter vai ser tão
divertido— ele diz ironicamente.
Luna estava deveras surpresa com esse lado irônico que Luis revelara.
— Você vai estar comigo e irei te recompensar — ela sorri e se aproxima
dele o abraçando, Luna envolve seus braços na cintura de Luis e aperta
levemente de encontro ao seu corpo.
— Ele me odeia — Luis continua.— Por que tenho que conversar com ele
ou sequer ser amigo dele?
— Por que ele é meu amigo, ele faz parte da minha vida e não quero que
ele nos atrapalhe, acredite Luis ele faria isso.
— Por quê? Por que ele sempre faz isso?
— Luis, Mason tem o que gosto de chamar de “síndrome do super-
herói”— ela sorria.— Ele acha que precisa me proteger de tudo e de todos, se
sente responsável por mim e age como meu irmão mais velho ou até mesmo
meu pai.
— Por que você o trata como se ele fosse, você o deixa fazer essas coisas
— diz exasperado.
— Agora a culpa é minha? — Ela se afasta.
— Não foi isso que quis dizer — ele a abraça novamente e acaricia suas
costas. — Ele é isso para você? Somente um irmão?
— Claro, meu melhor... — ela hesita por um instante.— Meu melhor
amigo.
— Quer continuar de onde paramos? — Ela sente as mãos dele descerem
até a barra da camiseta que vestia.
— Acho melhor darmos por encerrada essa noite — ela se distancia. —
Acho que não estou mais no clima.
— É verdade, concordo. Parabéns para Mason então.
— Deixa eu te devolver sua camiseta— ela vai até a sala com Luis logo
atrás ambos vestem suas roupas, Luna o acompanha até a porta, Luis se vira
para ela e a beija nos lábios.
— Jantar amanhã? Com o meu futuro melhor... — ele pigarreia.— Amigo
Mason?!
— Sim — ela sorria gentilmente.— Com seu futuro amigo.
— Irá ser somente nós?
— Ele vai levar uma amiga modelo — ela revira os olhos já se arrependida
de sugerir que ele levasse aquela Barbie Made in China.
— Bem típico — Luis sorri.— Mason com uma modelo.
— Pois é, só espero que ela seja mais inteligente que a última com quem
ele andava, ela achava que golfinho era um peixe e não um mamífero.
Os dois começam a rir.
— Nossa, onde ele encontra essas mulheres? — Luis ria de forma
engraçada.
— Acho que no site desesperadas.com — ela gargalha.
— Ok Lua eu vou te deixar dormir e eu vou dormir também preciso me
preparar para amanhãà noite. — Ele beija sua testa.
— Tudo bem, nos vemos no trabalho?
— Não, desculpe vou precisar ficar o dia todo no aquário, que horas passo
para te buscar?
— Eu te mando o endereço Luis e te vejo lá.
— Por favor, me diz que não vai me deixar sozinho com ele— ela o vê a
olhar suplicante.
— Vou precisar fazer algumas coisas antes Luis. Não vai ser tão ruim eu
juro logo, logo eu vou estar lá. — Ela o vê suspirar e o acompanha.
— Ok Lua te vejo lá me mande o endereço e horário — ele acaricia seu
rosto mais uma vez.
Ela sorria — Boa noite.
— Boa noite, Lua.
Ela o vê ir em direção ao elevador e fecha a porta decepcionada com o
rumo daquela noite.
— Argh Mason Carter! — Ela grita para si mesma com raiva, anda de um
lado para o outro na sala de seu apartamento, roía freneticamente suas unhas,
mordia seus lábios arrancando a pele e os machucando e então depois do que
pareceram horas, ela decidetirar satisfações.

Mason Carter
Mason fecha a porta de seu apartamento com mais força do que deveria,
joga as chaves na mesa ao lado da porta e parte direto para seu quarto, se
jogando na cama e encarando o teto pouco iluminado pela luz que entrava da
lua pela fresta da cortina.
Ele havia chego tarde demais. Em seu peito, seu coração batia acelerado,
seu maxilar ainda estava flexionado, os punhos cerrados, não relaxara desde
que havia se deparado com aquela cena.
Ele havia chego tarde demais.
Essa frase era repetida em sua mente várias vezes, Luna não queria nada
com ele, ela havia brincado com ele.O que você estava prestes a fazer? Ele
pensa.
Ele havia implorado a ela que o ouvisse e por uma fração de segundo ele
achava que tinha visto o olhar e a guarda de Luna ceder, mas então surge na
porta aquele cara vestindo quase nada. Quem atende a porta de cueca? Nem
ele fazia esse tipo de coisa. Por que ele nunca usava uma camisa?Naquele
momento toda a esperança que ele tinha se foi, sentiu as palavras sumirem e
se esconderem atrás daquela porta recém-aberta, mas mesmo assim ele
insistiu novamente, se manteve firme e forte em pé na porta e então ela lhe
disse aquelas coisas, o mandou embora e sua guarda se desfez em vários
pedaços, como cacos no chão que devem estar ainda jogados em frente a
porta dela. Era como se ela tivesse jogado um balde de água fria nele e a
chama em seu peito se apagasse.
A esperança, determinação, coragem e o sentimento desconhecido se
foram e deram lugar a raiva, ciúmes, tristeza e ao desapontamento.
Em menos de 24 horas e ela já estava se agarrando com Luis no meio da
sala, então a noite anterior, as coisas que aparentemente ela queria, as coisas
que confessara, não significaram nada, ela apenas estava com desejo por ele.
Mas ele não devia ficar muito espantado com isso, ele mesmo vivia fazendo
isso com as mulheres, sempre que tinha vontade saciava seu desejo. Ele caíra
no próprio jogo, ela fez com ele o que ele fazia, e ela mais do ninguém sabe,
ela havia tido um ótimo professor.
Ele sente o colchão da cama ceder um pouco com o peso de algo que
acabara de subir, logo ele vê dois olhos brilhantes se aproximar e ele solta um
longo suspira. Estava demorando. Ele pensa.
— Cheguei tarde demais — Ele escuta o miado triste de seu amigo e o
sente se esfregar na lateral de seu corpo e em seguida se deitar colado a ele.
— Não tive nem a chance de fazer meu discurso. Ela não quis ouvir —
Escuta outro miado e Mason desce o braço direito que estava atrás da sua
cabeça e começa a acariciar seu amigo felino.
— Ela provavelmente está lá tendo uma aventura subaquática — suspira.
— Eu só queria uma chance Gandalf.
Então como se o destino sorrisse para ele, seu celular começa a vibrar no
bolso da sua calça. Ele pega o aparelho e o nome de Luna brilha na tela.
Ótimo agora ela vai brigar comigo certeza. Ele pensa.
Mas certa satisfação aparece em seu peito, se ela estava ligando para ele é
porque não estava de amasso no sofá com Luis, e isso abre um pequeno
sorriso em sua face. Ele começa a sentir pequenas fagulhas da chama em seu
peito e junto com ela uma pequena ponta da esperança.
Um pouco antes do último toque ele aperta o botão verde na tela, leva o
aparelho até o ouvido e com uma voz despreocupada e com certa alegria, que
ele de fato sentia, cumprimenta sua amiga.
— Hello my dear friend.
— QUERIDA AMIGA O CACETE SEU KONO BAKA — ele a escuta
gritar no telefone.
— Nossa Lua por que tanta raiva?
— O que você queria? QUE MERDA MASON.
— Ahhh agora você pode falar comigo.
— Não por vontade própria — ela suspira irritada.— PORRA MASON,
tem noção do que você fez? Você me fez perder todo o tesão — ele abre um
sorriso maior.— Você só pode ser da Sonserina, com toda certeza.
— Para sua informação não sou da Sonserina. Sempre fui e sempre serei
Corvinal.
— Ah claro Corvinal, a casa que você queria aposto, deve ter forjado o
teste, só para cair nessa casa. Quando na verdade é da Sonserina e ainda deve
ser parente dos Malfoy, atormentando a vida de todo mundo.
— Ah claro forjei um teste das casas de Hogwarts, claro porque azul é a
minha cor, combina comigo, combina com meus olhos — ele diz com ironia.
— Aff Lua, claro que não, os testes sempre dão a mesma coisa e já tenho até
meu registro no site oficial. E você aposto que é da Grifinória só porque é a
casa do Harry Potter.
— O fato de ser da Grifinória não tem nada a vercom Harry Potter. E por
que estamos falando das casas de Hogwarts?
— Foi você que começou — ele solta um breve riso.— Então adivinhei
que é da Grifinória.
— Argh Kono baka o que você queria? Não acredito que foi até minha
casa para falar das casas de Hogwarts.
— Não, não era sobre isso — ele solta um suspiro. Vamos lá Mason. Mas
antes que ele possa dizer algo ela o interrompe.
— Não sei qual seu problema Mason. Você passa anos me dizendo que
preciso de alguém, que preciso sair e quando encontro o que você faz? Tenta
sabotar.
— Eu não tentei sabotar nada Lua e sim eu queria que você saísse, mas não
com esse idiota do Luis. Ele... ele ...— Procure argumentos. Mason, vamos
lá, pensa.— Ele não serve para você — Aff é tudo o que consegue encontrar?
— Eu nunca atrapalhei você quando estava com a siliconada que não sabe
a diferença entre Spock e Vader ou Supernatural e Arquivo X. Eu escutava
você quando falava dela, nunca disse que ela não servia pra você mesmo
sabendo que merece coisa melhor — ela faz uma pausa a voz dela estava
falhando, Oh merda eu a magoei de novo.— Não pode simplesmente ficar
feliz por mim?
— Ah claro Lua que estou feliz por você. Não percebe minha felicidade
genuína? — Diz com irritação, merda Mason pensa direito antes de falar.
Ele se repreende mentalmente — Lua me desculpe por isso, é só que ... Que
... ARGH.
— Se ele não serve então quem serve?
Mason fica paralisado, não sabia o que responder, ela o pegou de surpresa
de novo. Ele queria muito dizer que ele servia.
— Não sei Lua, não sou casamenteiro, mas Luis é um IDIOTA.
Sabia que seus argumentos não eram válidos, nem ele sabia o porquê dizia
que Luis não era bom para ela quando na verdade ele era perfeito, ele é que
não servia , só a magoaria, era um idiota, um cretino. MAS QUE MERDA
MASON, VOCÊ ESTÁ COM CIUMES. Eu com ciúmes? Ele passa a mão com
irritação pelo rosto.
Sim estou com ciúmes. Quero que ela me escolha, quero provar que posso
ser um homem de verdade para ela é por isso que implico com Luis.
Mas agora lá estava ele no telefone, sem voz para dizer tudo o que queria,
ouvindo Luna fungar do outro lado da linha. Merda ela está chorando,
parabéns Mason, magoara a pessoa mais importante da sua vida, de novo.
— Lua. Eu... — ele é interrompido novamente.
— Por que você nos interrompeu? — A voz dela era triste e falhava em
algumas sílabas, aquilo cortou o coração dele.
— Eu não sabia que estava com visita. Se tivesse me avisado, não teria
aparecido, mas você não falou comigo o dia todo.
— Sério? Não sabia? Eu falei com Paulo e ele me disse que te avisou.
— É Lua ele disse, mas existem vários tipos de visitas. Como eu iria
adivinhar que significava que você estaria transando com Dr. Vader bem no
meio da sua sala?
— Só pelo simples fato de eu não estar sozinha você deveria ter ido
embora.
— Então não posso te ver enquanto recebe visita?
— O que você queria Mason diga logo. Estou cansada demais para brigar
com você.
— Por que quer saber agora?
— Vai dizer ou não?
— Você quer realmente ouvir seu amigo, ou está sendo forçada para isso?
— Eu quero ouvir — ela suspira.
Ótimo Mason vamos lá faça seu discurso. Ele pensa ao sentar na cama e
tomar fôlego e endireitar seu corpo.
— Eu fui até aíporquê ...— suspira, passa a mão nos cabelos e no rosto.
Vamos Mason diga.— Lua eu queria conversar com você — solta um pigarro.
— Sobre ontem — ele faz uma pausa e logo continua a falar, seu tom
levemente nervoso.— Lua eu sei que nada do que diga é o suficiente para me
desculpar, os acontecimentos da noite passada tomaram conta da minha
cabeça o dia todo, eu não consegui dormir e nem trabalhar direito porque eu
precisava falar com você, me desculpar e te dizer algumas coisas...— então
ela o interrompe.
— Mason.
— Não Lua me deixa terminar.
— Não Mason — ela suspira.— Tudo bem, olha você estava certo em
fazer o que fez. Eu apenas fui impulsiva, nem me lembro do porque fiz
aquilo. Não deveria ter agido daquela forma, não era eu. Você não quis
estragar nossa amizade e eu agradeço por ter me impedido de cometer a
maior burrada da minha vida — faz uma pausa retoma o fôlego e continua.—
Também não quero estragar nossa amizade porque você é importante para
mim, importante na minha vida, você é meu melhor amigo e quero que faça
parte da minha vida para sempre.
Maior burrada da minha vida? De todo discurso essas palavras eram as
que ele mais lembrava, as que lhe feriram.
— Melhores amigos para sempre? — Ela lhe pergunta.
Mason você a perdeu, ela não quer nada com você, ontem foi somente um
ato de impulsividade, apenas isso.
— Mason?
Ele não sabia a quanto tempo ficou em silêncio, ele simplesmente não
encontrava a sua voz.
— Mason?
— Sim Lua, amigos para sempre — diz ao finalmente ter forças, aquelas
palavras nunca doeram tanto, eles sempre diziam um ao outro, mas daquela
vez era diferente, aquelas palavras o cortaram por dentro e novamente suas
fagulhas, a pequena chama que estava ressurgindo foi apagada e a porta
recém-aberta foi fechada e trancada, talvez fosse melhor jogar essa chave
fora.
— Ótimo Kono.
— Ótimo — Ele diz sério, solta um pigarro e diz mudando de assunto —
Você abriu o saco que te dei?
— Saco? — Faz uma pausa, ele pode até visualizá-la cerrando os olhos e
levando os dedos aos lábios pensando — Ahhh ainda não, tinha me
esquecido. Espera vou abrir agora.
Ele escuta ela se movimentar pelo apartamento e logo em seguida mexer
no saco de papel que ele mais cedo trouxera um presente pra ela, ele fizera
uma parada na Starbucks que havia no meio do caminho e lá pedira um
Expresso forte, como ela gostava e pedira para o rapaz magrelo atrás do
balcão escrever na lateral do copo com caneta preta ME DESCULPA POR
SER UM KONO BAKA.
— É uma oferta de paz — Ele diz.
— Ahh Mason — Ela solta uma risada baixa— Obrigada, você realmente é
um Kono Baka. Mas é o melhor do mundo — Ele escuta a voz dela suavizar,
ela devia estar sorrindo podia até imaginar e aquela imagem formada em sua
cabeça o faz abrir um sorriso.
— De nada Hobbit. Me desculpe por ser um idiota na maior parte do
tempo. Eu não gosto de magoar você, nem de te deixar triste ou fazê-la
chorar. Você significa muito para mim e eu ... eu ...
— Você o que Mason?
— Eu gosto muito de você — Diz enfatizando a palavra “muito” — Nunca
se esqueça disso. Você é muito importante para mim.
— Tudo bem Kono você também é muito importante para mim — Ela
suspira — Acho que vou dormir.
— Good night my dear Hobbit.
— Sayonara oregana paca. Ahh não se esqueça do jantar amanhã Kono—
Então ela desliga.
Mason encosta o aparelho na testa e em seguida o coloca no criado mudo,
tira sua jaqueta que ainda vestia e a coloca pendurada atrás da porta e volta a
deitar na cama.
Maior burrada da minha vida, ele repetia mentalmente as palavras de
Luna.
Eu perdi você Lua. Ele diz a si mesmo.
Ele a havia perdido, mas nem havia começado a jogar, nem havia feito
nada, ele fora até lá com essa intenção, lhe mostrar que ele era uma
possibilidade, que ele aceitaria ser uma possibilidade pra ela, ser um homem
pra ela se ela estivesse disposta em aceitá-lo. Mas pelo visto ela já havia
escolhido e determinado qual era o lugar dele.
Mason desce o braço para acariciar Gandalf que se aconchegara em sua
coxa, seu amigo peludo não havia miado e nem feito nada após a ligação de
Luna, de uma forma bizarra Mason sabia que seu amigo sabia que ele
precisava somente do seu silêncio.
Esse gato é estranho. Ele pensa.
Enquanto acariciava seu amigo, Mason sente algo em sua coxa, algo dentro
do seu bolso para ser específico. Ele coloca a mão dentro do bolso e retira de
lá sua algema de couro. Fica encarando aquele acessório por algum tempo,
passava o polegar pelo escrito em japonês.
— Talvez esse seja o meu lugar — Ele encara as palavras escritas — Será
que ela mudaria de ideia Gandalf? — Escuta um miado rápido e preciso — É
quem sabe.
Ele coloca a pulseira ao redor do seu pulso direito e a amarra novamente.
— Por enquanto serei o que ela quer que eu seja.
“É possível cometer nenhum erro e ainda assim perder. Isso não é uma fraqueza, isto é a vida.”
Mestre Yoda

Luna Iasune
Não se sabe há quanto tempo após aquela ligação Luna encarava o copo de
café expresso que ele dera como pedido de desculpas. Ela o girava em sua
mão observando cada palavra escrita com caneta preta.
Desculpe, desculpe, desculpe.
Desculpar pelo o que exatamente? Por um breve momento ela achou que
Mason diria tudo aquilo que desejava ouvir a um tempo. Tudo estava confuso
em sua cabeça e em seu coração. Por um lado, ela o queria como amigo, mas
por outro desejava se sentir amada por ele.
Como a vida é engraçada não é mesmo? Nós seres humanos só desejamos
aquilo que jamais poderíamos ter.
— Como queria que você soubesse o que se passa dentro de mim, mas ao
mesmo tempo eu mesma me sinto confusa e tenho medo — Ela fala para si
mesma e logo em seguida escuta um latido.
Sua amiga peluda que agora despertara de seu sono vinha em sua direção
com seus grandes olhos amendoados e brilhantes.
— Ah Misty por que a vida não pode ser simples? — Mística late e encosta
sua cabeça no colo de Luna. — Tento fugir disso que sinto eu realmente tento
Mística, mas parece que sempre que avanço dois passos algo me faz regredir
três — Mais um latido.
Ela acaricia a cabeça de sua cadela e sorri ao sentir seu focinho molhado
encostar na sua mão. Lua coloca suas duas mãos no rostinho de sua amiga e
faz um carinho afobado.
— Você tem sorte garota, sorte de não ser humana e estar à mercê desses
sentimentos malucos.
Sua cadela afasta-se e a encara com sua cabeça de lado, logo depois fica
em pé apoiada em suas patas traseiras enquanto as dianteiras estão em cima
do balcão perto de seu telefone ela latia enquanto balançava seu rabo
freneticamente.
— O que? Não posso ligar para ele menina, o que iria dizer? Eu acabei de
falar que não espero nada além de amizade, eu sou uma idiota — Ela cobre
seu rosto com as mãos e então sente as lambidas de consolo de sua amiga —
Vem vamos dormir amanhã o dia vai ser longo.
Desce de sua cadeira e caminha até o seu quarto acompanhado de uma
cadela nada satisfeita. Podem dizer que ela era louca quanto a isso, mas às
vezes achava que Mística entendia melhor sobre relacionamentos do que ela.
No dia seguinte Luna é despertada pelo toque de seu celular, o alarme
marcava 10h42 da manhã, ela havia apagado mesmo, ainda bem que hoje ela
entraria apenas as no período da tarde na clínica.
Ela sai do seu quarto e segue pelo corredor a passos lentos indo em direção
a cozinha. Prepara um café forte e algumas torradas. Coloca a comida de sua
amiga e troca sua água para depois se deliciar com sua enorme xícara de café.
Seus pensamentos novamente vão em direção a duas noites atrás.
Não quero que se arrependa depois, essas foram as palavras dele, as
palavras que agora não saiam de sua mente. Maior burrada da minha vida,
essas foram as minhas palavras, ela pensa.
Sinceramente ela não sabia mais o que sentia em relação a tudo. Estava
confusa, distraída. Todos esses abalos vêm de uma só vez, ela se achava
errada para todos e todos errados para ela e sim aquilo realmente era um
pensamento confuso.
Sentia-se estranha, não se reconhecia.
— Não sei se conheço as pessoas assim tão bem ou é mais uma vez só um
sonho. — Dizia a si mesma. Ultimamente a realidade estava entranha no seu
inconsciente e ela não conseguia mais discernir. Quando pensava que estava
dormindo, um choque a trazia até a realidade e acredite o mundo dos sonhos
era muito melhor.
Como esperava que Mason a entendesse se nem ela mesma se entendia?
Não queria que ele participasse dessa confusão que era sua mente, mas
Luna era egoísta de não o deixar ir. Esperava queaquilo passasse com o
tempo e que não se tornasse um ciclo, que ela olhe para trás e veja só o mar, e
não a onda a puxando sem chão para apoiar.
Por que ele achou que me arrependeria? Ela pensa. Quer dizer o que iria
acontecer ali?
Luna é tirada de seus pensamentos pelo toque de seu celular, na tela o
nome e foto de sua mãe piscava. Ela suspirava fazia muito tempo que não
falava com sua mãe e se recrimina por não ter sequer pensando em ligar
antes.
— Ohayo Mama — Lua atende ao telefone sorrindo.
— Ohayo minha flor.
Ela sorri ainda mais ao ouvir seu antigo apelido.
— Tudo bem mamãe? Não é meio tarde aí— Lua se lembra novamente do
fuso horário no Japão agora seriam exatamente 23h00.
— Tudo sim e só estou ligando agora por que o dia foi bastante agitado
aqui estamos quase no final de fevereiro lembra?
— Claro, como pude esquecer as festividades o Neco no hi, não é?
— Sim o dia do gato está agitado este ano, lembra de quando você queria
resgatar todos os gatinhos abandonados no distrito de Tóquio e homenageá-
los?
Luna escuta a doce risada de sua mãe.
— Sim eu me lembro bem — Ela sorri — Papai nunca me deixou ter um
gatinho.
— Sabe bem que ele é alérgico, mas ele te deu a Mística.
— Sim e fiquei muito feliz — Ela suspira.
— Ta tudo bem?
A voz de sua mãe se torna preocupada, ela sempre sabia quando algo a
incomodava.
— Mais ou menos.
— Quer me contar?
Então Luna desabafa com sua mãe como sempre fazia quando estava com
ela, contou sobre o cinema o ano novo e sobre ontem, contou sobre Luis e em
como para ela ele era a pessoa certa, mas que seu coração não pensava como
sua cabeça, contou suas inseguranças e temores e também contou em como
agira com Mason o quão rude havia sido e que agora não sabia o que fazer
em relação a tudo. Ela escuta sua mãe suspirar e após uma longa pausa sua
mãe diz: — Florzinha você sabe que eu te apoio em tudo, não é?
— Sim Mama.
— Te apoiei quanto a sua decisão de estudar no Brasil apesar de não a
querer longe, te apoiei em seguir os passos de seu pai e te apoiei quando me
contou sobre o fim do seu outro namoro.
Luna estremece com aquela terrível lembrança, o dia em que ela fugiu o
dia em que foi covarde o suficiente para largar tudo e fugir.
— Sim mama eu sei.
— Olha querida eu sei que foi difícil para você sair tão jovem do Brasil e
sei o quanto sua adaptação aqui foi difícil e o quanto sofreu quando seu pai
morreu, fiquei feliz quando aceitou Yuri como membro de nossa família e se
bem me lembro no começo você não gostou muito de eu estar me casando
novamente.
— Eu sei mama. Yuri é como um pai para mim, mas o que isso tem a ver
com o que te contei?
— Exatamente querida isso tem tudo a ver, você nunca foi muito adepta a
mudanças, nunca se arriscou o suficiente para saber o que ia acontecer, Luna
você está presa demais ao passado, o fato dele também ter sido seu melhor
amigo e vocês não terem dado certo não quer dizer que com Mason ou Luis
irá acabar da mesma forma.
Luna suspira como sempre sua mãe estava certa.
— Eu sei mama só que é difícil para mim eu gosto muito do Luis ele é
gentil e bom para mim, mas Mason ele — Ela faz uma pausa — Ele me faz
sentir viva.
— Tudo bem minha flor me responda. Quando está com Luis o que sente?
— Sinto que com ele possa ser feliz e apesar de ainda não o amar como ele
merece sinto que um dia eu acabe amando, ele é a certeza de um
relacionamento seguro sabe.
— E o que sente quando está com Mason?
— Não sei, me sinto confusa, sinto meu mundo ficar caótico e
desordenado, mas não de uma forma ruim fico perdida e odeio isso. Tudo é
imprevisível com ele.
— Hum...
— Mama, me diz o que fazer, por favor?
— Querida você precisa olhar a situação como um todo, precisa enxergar
além de suas inseguranças.
— Não sei como fazer isso.
— Claro que sabe— Ouve sua mãe suspirar — O que você espera de um
relacionamento?
— Espero ser amada, compreendida e acima de tudo espero sentir-me
segura.
— Você sente isso quando está com Mason?
— Não tudo isso, sinto um pouco de tudo, mas me sinto insegura quando
estou com ele, com Mason eu nunca tenho certeza de nada, tudo é novo, é
uma surpresa. Ele me confunde e eu o confundo ainda mais. Eu sinto tanta
coisa ao mesmo tempo.
— E quando está com Luis?
— Sinto que com ele possa ser feliz e que com ele a ideia de um
relacionamento me deixa confortável.
— Então aí está sua resposta.
Luna sorria como sempre sua mãe era a melhor de todas as conselheiras.
— Mas como um último conselho minha querida, às vezes na vida um
relacionamento seguro não é o que precisamos, às vezes tudo o que
precisamos é de um pouco de turbulência, nada é certo quando se fala de
amor, todo dia é uma surpresa.
— Obrigada mama.
— Pelo que florzinha?
— Por ser minha mãe.
— Eu te amo querida.
— Também te amo mama.
— Agora preciso ir estou muito cansada.
— Tudo bem, sayonara.
— Sayonara watashi no hana.
[21]

Luna desliga o seu telefone, agora estava um pouco mais convicta depois
daquela conversa com sua mãe, agora de uma vez por todas ela iria parar de
se confundir em relação à Mason, iria deixar tudo para trás ele era seu amigo,
seu melhor amigo e assim iria ficar.

Barbara Bittencourt — Não acredito que esteja me arrastando para isso


— Ela dizia frustrada ao chegar naquele local. Um Grill que ficava no centro
da cidade, chamado Na brasa. Ele segurava sua mão enquanto ela mais uma
vez arrumava seus cabelos.
— Ah Barbie é apenas para nos conhecermos melhor e você sabe que Lua
é minha amiga e faz parte da minha vida, queria que vocês se entendessem e
ela quer apresentar com quem está saindo.
Ela revira seus olhos os dois se aproximam da entrada daquele restaurante
que ela constatou não serem sequer quatro estrelas.
Bárbara estava impecável como sempre no seu vestido na cor branca de
marca, seus cabelos loiros perfeitamente alinhados acima dos ombros e sua
maquiagem perfeita assim como as unhas que estavam pintadas de um vinho
intenso. Seus sapatos Prada faziam barulho ao andar por aquele piso de
cerâmica.
Ela era uma das modelos mais requisitadas da atualidade e sentia orgulho
disso estava sempre em catálogos de lingerie, campanhas de marcas famosas
e desfiles internacionais. Ela adorava ser o centro das atenções, nunca na vida
algo lhe fora negado não existia a palavra “Não” em seu dicionário sempre
conseguia tudo o que queria e os homens sempre caiam aos seus pés. Então
da para imaginar a raiva que sentia ao ser arrastada para lá, estava cansada de
ter que ouvir sobre essa garota da qual Mason sempre falava.
Ela sente um leve puxão e um beijo estalado em seu rosto.
— Você é linda e muito gostosa — Ela o escutava dizer ao seu ouvido e
esboça um sorriso de lado.
Mason era o amante perfeito, não tinham nada sério, mas ela já cogitou
essa possibilidade. Só que ele estava sempre falando dessa garota sem sal que
chama de melhor amiga.
Como um homem com essa aparência pode andar com uma mulher como
ela? Barbara contesta mentalmente.
— Thank’s honey .[22]

Ela aguarda na entrada do Grill enquanto Mason dava seus nomes à


atendente, Bárbara saca seu Iphone de sua bolsa Chanel e vai até seu
Instagram, ela estava sempre conectada nas mídias sociais, postando fotos
para seus mais de trezentos mil seguidores.
— Bárbara, Bárbara! — Ela a escuta chamarem seu nome e se vira, vindo
em sua direção ela vê três homens segurando máquinas fotográficas se
aproximarem, ela sorria, como sempre eles a seguiam por onde andava. Claro
queseguia, ela sempre postava onde estava indo com a certeza de que
apareceriam e ela mais uma vez seria o destaque do local.
O dono dessa espelunca que me agradeça depois.
— Uma foto, por favor? — O homem do meio que aparentava ter trinta e
poucos anos, o observa posicionar a câmera em sua direção e os outros o
seguem.
Com toda elegância ela vai até eles e coloca a mão em sua cintura posando
para as câmeras e logo a enxurrada de flashes começam.
— Bárbara é verdade que está namorando? — Um dos fotógrafos a
perguntava e ela apenas sorria fazendo mais uma pose.
— Ele é o felizardo? — O fotografo da esquerda pergunta a ela ao apontar
para Mason que ainda conversava com a recepcionista sem dar atenção a cena
que rolava, e ela continua a sorrir.
— Como foi à campanha em Milão? — Ela apenas sorria e se exibia para
os flashes que vinham em sua direção.
— Podemos tirar uma foto com seu namorado? — Ela então vê ali uma
oportunidade de mostrar a aquela que dizia ser amiga dele que ela estava ali
para ficar e que melhor forma de mostrar isso se não aparecendo nos jornais
ao lado dele e com a notícia de que ele era seu namorado.
— Venha Mason ou eles não nos deixarão em paz — Ela o puxa e posa ao
seu lado.

Mason Carter
Mason estava falando com a recepcionista. Ele informa seu nome e o de
sua adorável acompanhante e lhe é indicado onde a mesa deles ficava.
O lugar era do tipo que Luna gostava, aquele lugar era a cara dos dois, um
típico Grill americano a decoração mais rústica, mas sem deixar a desejar na
sofisticação e elegância, o clima aconchegante com iluminação mais baixa e
havia até um karaokê ao fundo onde uma mulher cantava afinadamente.
Ele escuta Barbie o chamar e logo vê todo aquele alvoroço de câmeras e
flashes.
— Venha Mason ou eles não nos deixarão em paz.
Mason suspira e se sente ser puxado por ela. Bárbara era uma ótima
amante, ela era perfeita na verdade, tinha tudo o que um homem desejava em
uma mulher pelo menos fisicamente, porque de intelecto não podia dizer o
mesmo, mas com ela era só diversão, apenas sexo, um escape para sua
solidão. Entre eles não havia mais nada além, estavam fazendo aquilo há
alguns meses e ela o divertia, primeiramente porque ele ria das barbaridades
que ela dizia, ainda seria difícil esquecer que Sam e Dean agora trabalhavam
no Arquivo X, mas a diversão maior ocorria na cama.
Não nega que ficou espantado quando Luna sugeriu que ele trouxesse
Barbie para esse jantar e por um tempo ele cogitara a hipótese de não trazê-la,
mas depois de uma reflexão que não durou nem dez minutos após a conversa
que ele e Luna tiveram ao telefone ontem tarde da noite, ele decidira que a
levaria, claro que para ter companhia e não ficar de vela no jantar com o lindo
casal maravilha, mas a levou principalmente porque Luna não gostava dela.
Ele é arrastado por ela até onde os fotógrafos estavam, ela o posiciona ao
seu lado e passa sua mão pela cintura dela e sorri.
Ah que saco! Pensa.
— Ele é modelo? — Mason escuta um dos homens ali perguntar, mas
antes que responda Bárbara intervém.
— Bem que poderia ser — Ele a escuta rir.
Depois de várias fotos ele a vê fazer um sinal de já chega e nota os homens
saírem satisfeitos com o recente material.
Os dois caminham até a mesa e ele se senta seguido por ela.
Mason a nota pegar novamente seu celular e revira seus olhos, olha para
seu relógio de pulso para checar às horas.
Será que vai demorar? Pensa.
— Então vou conhecer a famosa Luana?
— É Luna my dear.
— Tanto faz — Diz sem tirar os olhos do aparelho em suas mãos.
Mason percebe uma movimentação na entrada do restaurante e ergue seus
olhos esperançosos, imaginava ser sua amiga, mas para sua decepção era Luis
que acabava de chegar e se dirigia até eles.
Ahh que ótimo, ele suspira.
— Boa noite — Mason o vê cumprimentar todos ali.
— Boa noite — Ele nota Bárbara se levantar e analisar de cima a baixo o
doutorzinho dos peixes. Ele beija a face dela e se vira para Mason com a mão
estendida.
— Olá Mason.
— Oi Luis, que bom que vestiu alguma roupa, cadê a Lua?
— Ela precisou passar em um local antes de vir para cá.
— Hum... — Murmura insatisfeito.
— Então você deve ser a Bárbara, não é? — Mason agora encarava a
conversa daqueles dois.
— Sim isso mesmo, vejo que ouviu falar de mim.
— Ahh claro já vi alguns de seus trabalhos.
Quem diria. Luis um pervertido que olha fotos de mulheres de lingerie na
internet.
Mason a vê olhar no seu pequeno espelho de bolso e depois sorri para ele.
— Mason My Love podemos pedir?
— Ahh My dear se quiser você pode, vou esperar mais um pouco — Ele
da um dos seus famosos sorrisos de lado.
— Tudo bem eu espero você honey.
O silêncio se instala na mesa, ele mexia impacientemente no cardápio
enquanto Bárbara e Luis olhavam seus aparelhos celulares.
Hobbit onde você se meteu?!
Meia hora depois Mason é o primeiro a vê-la, o primeiro a notar sua
presença naquele ambiente. Ela estava linda não consegue conter o sorriso,
seus olhos se grudaram na sua imagem e por mais que ele tentasse não
conseguia desviar, ele foi enfeitiçado. Seus cabelos caiam perfeitamente um
pouco sobre seus olhos quase como se fossem postos ali propositalmente. Ela
tinha um leve sorriso em seus lábios que ele nota se abrir mais ao avistá-lo e
com toda graça que possuía ele a vê se encaminhar em sua direção.
Instantaneamente ele se levanta para puxar sua cadeira, mas quando estava
prestes a fazer o movimento ele nota que Luis estava fazendo aquilo. Era ele
que sempre fazia isso e não Luis. Ele se incomoda um pouco ao perceber que
talvez daquele momento em diante Luis é que faria aquilo e não ele.
Argh ela veio aqui com Luis e não comigo, ele pensa ao se sentar
novamente.
Será uma longa noite, pensa suspirando.

Luna Iasune
— Desculpem o atraso, oi Neco — Ela se aproxima de Luis e beija seus
lábios levemente.
— Está linda querida— Ela escuta o elogio vindo dele e ruboriza.
— Nossa agora podemos pedir? — Lua se vira na direção da voz
levemente irritada e se depara com uma loira muito bonita e elegante que
estava na mesa e sorri forçadamente.
— Você deve ser a silico... — Ela se corrigiu rapidamente — A Bárbara,
prazer em te conhecer.
— Muito prazer e você deve ser a Luana não é mesmo?
— É Luna — Ela força ainda mais seu sorriso, odiava quando erravam seu
nome e pode perceber que aquilo fora proposital.
— Já ouvi muito falar de você.
— Engraçado eu não ouvi quase nada sobre você — Lua provoca e pode
notar a tosse seca de seu amigo no fundo da mesa, sorrindo ela se acomoda
no seu lugar ao lado de Luis.
— Acho que podemos pedir não é mesmo? — Diz Mason mudando de
assunto.
— Ótima ideia estou faminto. — Ela sente Luis entrelaçar seus dedos aos
dela.
— Também estou com fome — Lua escuta Bárbara comentar enquanto
olhava para Mason.
— Posso ver que sim, é tão magra — Provoca a loira.
— Gosto de me cuidar, deveria fazer o mesmo, queridinha.
Luna suspira lentamente. Calma Lua conte até dez... Um, dois, três... Ela
tentava se acalmar.
— Lua não é gorda — Ela sorri ao ouvir a interferência do seu amigo. Ele
estava mais bonito do que o normal naquela noite e a olhava por cima do
cardápio, lhe oferecendo um olhar de cumplicidade, mas seu sorriso logo
desaparece quando Bárbara solta um comentário hostil.
— Mas também não é magra.
Controle-se, não vai adiantar nada você socar a cara dessa vadia, pensa e
volta sua atenção a Luis. Foca em Luis.
— Como foi o seu dia Luis? — Pergunta interessada.
— Ahh foi ótimo — Ela sente Luis envolver seus ombros com os braços
— Meio corrido e o seu?
— Foi bem agitado também a senhora Rodrigues levou a Fluffy hoje a
clínica para sua consulta de rotina e ela não parou de ir até seu consultório,
aquela gata te ama.
Os dois riem.
— Eu amo aquela gata.
— Agora fiquei com ciúmes — Ela faz biquinho.
— Ah Lua não fique, só a vejo uma vez ao mês — Ela o vê brincar e logo
em seguida beijar seu rosto.

Mason Carter
Ele revirava seus olhos a cada palavra gentil que saia da boca de sua
amiga, ela flertava consideravelmente com Luis e ele não estava aguentando
aquilo, então propositalmente ele interrompe aquela azaração.
— Então Luis soube que você não é daqui da cidade é de onde?
Era a primeira vez que Mason se dirigia a ele desde que haviam chegado e
não deixou de perceber que Luna mal havia dito oi a ele sempre encarando
aquele doutorzinho cabeça de peixe.
— Ahh sim sou do Sul, Porto alegre para ser mais exato. Mudei para cá
quando consegui o emprego no aquário e depois de alguns turnos na clínica
conheci Luna acho que faz quase três anos que nos conhecemos não é Lua?
— Hum, você tem família? — Ele interrompe sua amiga mais uma vez.
— Sim, tenho duas irmãs mais novas, elas moram no Japão quando meu
pai se divorciou da minha mãe ele se casou com uma japonesa e teve minhas
irmãs. Agora todos moram lá e eu — Faz uma breve pausa — Bem eu preferi
ficar no Brasil apesar de ter feito residência lá por dois anos.
— E não pretende voltar?
Mason escuta a tosse seca de Lua e sorri.
— Um dia quem sabe, mas não para morar. Mas confesso que sinto falta
delas.
— Entendo. É uma pena— Ele diz a última parte baixinho.

Luna Iasune
Luna estava animada parecia que seu amigo estava interessado em
conhecer Luis melhor, lhe fazia aquelas perguntas particulares, bom até ele
insinuar que ele deveria ir embora, Luis talvez não houvesse percebido, mas
ela sim conhecia seu amigo bem demais.
— Eu acho que poderíamos ir juntos Neco — Ela fala antes de ser
novamente cortada.
— Seria uma ótima ideia— Ela encara o sorriso tímido de Luis.
— Você tem medo de avião Lua — Ela pela primeira vez naquela noite se
vira para Mason.
— Luis me abraçaria, afinal como acha que cheguei aqui?
— Eu sei que foi de avião, mas se não me engano você havia me dito que
quase desmaiou — Ela vê aquele olhar provocativo e a erguida de
sobrancelha que só ele sabia dar.
— Isso porque ninguém me abraçou.
— E quanto a Augusto? O Senhor de setenta anos que você agarrou no
avião com medo da aterrissagem?
Luna suspira com raiva e o olha com seu olhar de “Você me paga Kono
baka”, ele lhe lançava seu sorriso de canto com seu ar convencido, ele sabia
como irritá-la, tinha o dom para isso, mas nossa como ele ficava lindo com
aquele sorriso.
Agora ela pode ver Mason se aproximar daquela Barbie e acariciar sua
mão sobre a mesa.
— Então Bárbara— Ela se dirigiu a figura loira. — Como é a vida de
modelo? — Nota a expressão da siliconada mudar se tornando mais animada.
— Ótima! Festas, viagens, fotos e compras têm coisa melhor?
— Ver o Bilbo Bolseiro encontrar Gandalf? Isso com certeza não têm
preço — Ela olha para Mason, sabia que ele entenderia.
— Perdão quem? — Ela vê a confusão no rosto da loira.
— Bilbo Bolseiro... Hobbit...
— Isso é um filme? Eu não assisto muitos filmes, meu trabalho me faz
viajar constantemente.
— Sei... — Ela encerra aquela conversa assim que vê a garçonete se
aproximar.
A garçonete, uma senhora que aparentava ter cinquenta anos e usava um
uniforme com avental estilo anos cinquenta sorri para todos na mesa.
— Olá pessoal o que vão querer? — Luna a vê pegar seu bloquinho de
anotações no bolso do avental e balançar sua caneta.
— Eu vou querer um salmão grelhado com salada Ceaser — Luis faz seu
pedido.
— Eu quero uma salada sem azeite, sem vinagre e com molho à parte —
observa o pedido sem graça de Barbara.
Então ela e seu amigo em uníssono pedem: — Vou querer um hambúrguer
triplo com muito bacon e queijo extra com fritas acompanhando.
Os dois se entreolham enquanto a garçonete anotava tudo.
— Por favor... — Ela dirigiu-se a garçonete — Na porção de batatas dele o
queijo deve ser cheddar, ele ama cheddar — ela sorri para Mason.
— O hambúrguer dela faça malpassado ela odeia as partes queimadas —
Ela o vê dizer as instruções de seu jantar. — Ela diz que a carne perde seu
sabor.
— Perde mesmo.
Ele a conhecia como ninguém os outros poderiam até gostar de Mason,
mas ela o amava, ele era o único que conseguia fazê-la rir de verdade. O
único que ia embora, mas ela tinha certeza que voltaria porque ele sempre
volta. E seu coração se tranquilizava, porque sabia que sempre poderia contar
com alguém e esse alguém era Mason Carter, ela sabia que poderia pedir
qualquer coisa a ele que ele daria um jeito e faria.
Ele a acompanhava em todos os lugares, já saiu com ela com alguns
amigos na pizzaria uma vez todos se divertiam muito com ele porque ele é
naturalmente engraçado e gente boa e sabe todos os assuntos do mundo,
sempre tem algum comentário ou uma opinião sobre qualquer coisa. E todo
mundo o adorava.
— Mais alguma coisa? — Luna tem sua atenção voltada à garçonete nem
havia prestado atenção que encarava Mason por tanto tempo.
— As batatas dele se puderem fazê-las bem crocantes sabe quase fritas
demais ia ser ótimo.
— Nada de maionese no lanche dela — Ele complementa.
— Vocês se conhecem bem. Há quanto tempo namoram? — Luna tosse
com a pergunta da garçonete enquanto anotava tudo.
— Ahh — Ela não conseguia falar e olha para seu amigo com um olhar
suplicante e claro que ele percebe e intervém por ela.
— Ela não é minha namorada.
— Algo para beber?— A garçonete dizia sem interesse na explicação.
— Então gente como vai ser quem paga a primeira rodada? — Luna
pergunta a todos e mais uma vez é respondida por Mason.
— Hobbit, sabe como podemos resolver isso? — Ela o encara sabia
exatamente o que ele estava propondo.
— Pedra, papel, tesoura, lagarto e Spock? — diz ao se referir ao jogo da
série The Big Bang Theory, uma das favoritas dos dois. — Exatamente.
— Vai perder Kono baka — Ela sorri para ele.
— Do que ela te chamou? — Luna escuta Barbara se pronunciar pela
primeira vez desde os pedidos.
— É japonês — Ela responde.
— Ela me chamou de idiota — Luna sorri para seu amigo ao escutar sua
explicação.
— Você a deixa te chamar assim? — Ela revira seus olhos, aquela
siliconada não entendia.
— Há dois anos, já me acostumei.
— Kono vamos jogar?
Ela vê Bárbara arrumar os cabelos de Mason e aquilo a entristeceu ela era
que sempre fazia aquilo. E quando a loira fala que não conhecia esse jogo não
pode deixar de franzir o cenho. Ela olha para Luis que também dá de ombros.
Como eles não conheciam esse jogo? Pensa.
— Fala sério que vocês não conhecem esse jogo? — Ela os encarava
surpresa. — É muito simples: pedra, papel, tesoura, lagarto e Spock olhem só
— Ela começa a explicar — Tesoura corta papel, papel cobre pedra, pedra
esmaga lagarto, lagarto envenena Spock, Spock esmaga tesoura, tesoura
decapita lagarto, lagarto come papel, papel refuta Spock, Spock vaporiza
pedra e como sempre pedra quebra tesoura — Ela explica o jogo
detalhadamente fazendo sinais com as mãos.
Luis e Bárbara pareciamnão entender nada, então ela se vira para Mason
afim de uma demonstração com o punho fechado ela diz — Quem perder
paga a rodada de bebidas pronto Kono?
— Vai preparando a carteira Hobbit.
Então os dois colocam seus respectivos símbolos. Luna faz o símbolo do
lagarto enquanto Mason faz o da pedra e um gemido de derrota escapa de
seus lábios.
— Pedra esmaga lagarto — Ela o escuta se vangloriar.
— Droga! — Diz insatisfeita.
— Lua você sempre coloca lagarto em pelo menos oitenta por cento das
vezes.
Os dois riem.
— Tudo bem então, o que vamos beber? — Ela se dirigiu a todos ali.
— Um bloody Mary — Era o pedido de Bárbara, nota seu amigo se
aproximar da siliconada e passar os braços por sobre seus ombros magros.
— Vou querer uma cerveja — Luis se pronuncia.
— Eu vou querer um copo grande de Coca-Cola com gelo e limão —
Disse Luna.
— E eu vou querer o mesmo que Lua, só que sem o limão — Ele se dirige
a garçonete que ainda estava ao lado da mesa e anotava tudo.
— Ele não gosta de limão — Ela diz a ninguém em particular.
— Não gosto de limão na bebida — Ele a corrige sorrindo.
A garçonete anota tudo, pede licença e sai.
— Acho que vai demorar — Diz Luis — O lugar está lotado.
— Preferia ir ao Let-de-Petit — Bárbara se referia a um restaurante francês
que Luna nunca sonhara em entrar, era o melhor da cidade e muito além de
seu orçamento.
— Nunca fui nesse restaurante — Lua dizia a Barbie — Mas sempre quis,
ele é muito difícil de conseguir reserva.
— Consigo rapidinho o Chef é meu amigo — A siliconada diz com seu ar
superior.
— Sério? Que maravilha, amo a culinária francesa — escuta Luis dizer
animado.
— E comer pernas de rã ao invés de um hambúrguer? Não obrigada —
Comenta Luna.
— Lua a culinária francesa é a melhor do mundo — Luis se dirige a ela
enquanto acaricia seus ombros delicadamente.
— Nossa, mas não é mesmo — Diz Mason enquanto revirava seus olhos
— Prefiro um bom hambúrguer gorduroso.
— Com muito queijo — Completa Lua.
— Quanto mais queijo melhor, sabe que sempre lhe disse isso — Ele sorri
para ela — Muito bem padawan.
— Pada... O que? — Luis encara Mason com curiosidade.
— Guerreira em treinamento — Explica Lua sem desviar os olhos de seu
amigo.
— Ou também pode ser parabatai.
— Isso parabatai. Meu irmão, meu amigo.
Ela nota um leve desconforto em seu amigo, aquelas palavras o afetaram e
ela não entendia o porquê. Então volta sua atenção a Luis afinal ele era seu
assunto naquela noite, seu alvo.
— Então Luis — Ela olha para o homem do seu lado esquerdo — Você já
namorou sério? — Era hora de tentar fazê-lo enxergar o que ela queria, jogar
o verde, como sua avó dizia, para colher o maduro.
— Ahh já sim, mas faz muito tempo — Ele solta um riso nervoso, ela não
encarava Mason, mas podia sentir seus olhos sobre ela, parecia até que podia
ver ele erguendo aquela sobrancelha, Foco Lua, ela pensa — E você? — Ele
lhe devolve a pergunta e a olha nos olhos.
— Já sim, uma vez no Japão, mas não deu muito certo — Ela encerra o
assunto não queria falar sobre aquilo e volta o foco — Espero que sua
experiência não tenha sido traumática.
— Não — Ele ri sem jeito — Eu e ela ainda somos amigos — Ela se
aproxima dele e passa a mão pelos cabelos lisos e escuros. Ela escuta um
pigarro e logo em seguida escuta Mason se dirigir a Luis novamente.
Mais que merda Kono.
— Então Luis soube que você gosta de Downton Abbey — Luna o encara
com uma leve expressão de raiva, ela conhecia muito bem seu amigo e sabia
mais do que ninguém sobre seus dons para provocação e entendia suas
indiretas.
— Ah sim sou muito fã é uma série maravilhosa, minha favorita — Diz
animado, ele não entendia o sarcasmo por de trás das perguntas de Mason, ela
tinha certeza que ali naquela mesa só ela entendia — Você já assistiu?
— Não, deve ser horrível — Diz ele ao pegar o copo de sua bebida que a
garçonete acabara de trazer.
— Não diga isso Mason, ela é legal eu gostei, você deveria assistir —
Luna entra na conversa.
— Você diz isso porque não deu uma chance cara — Dizia Luis — É
ótima.
— Legal Lua? É mesmo? — Mason a encara olha para Luis e explica —
Lua odeia séries assim, ela gosta mais de séries sobrenaturais e de ficção
cientifica.
Kono baka!
— O começo confesso que é bem arrastado, mas depois quando você
conhece os personagens você começa a gostar — Ela diz sem jeito.
Merda não consigo mentir para esse Kono baka, ela pensa. Ela havia dito
a ele que havia gostado, mas claro que mentira e como sempre ele sabia
disso.
— Hum então me diga o nome de um personagem, o seu favorito — Só
pode ser brincadeira, ele a estava provocando. Ele sabia que ela quando não
gostava de uma série ou filme ela não se apegava aos personagens a ponto de
nem se lembrar dos seus nomes.
Merda Lua, vamos lá, lembre-se de algum apenas um. Ela procurava em
sua mente, alguma lembrança daquela série.
— Lady Mary — Diz ela com rapidez, se sentia feliz consigo mesma por
lembrar-se daquele nome. Obrigada Deus.
— Não precisa assistir a série para conhecer Lady Mary — Escuta seu
amigo dizer.
— É a minha favorita também — Ela nota um Luis bem animado se virar
na sua direção.
— Mary é um nome muito comum é claro que uma série britânica teria
uma Mary — Mason contesta — Ótimo chute.
— Mason a série é um drama de época, se passa na fictícia propriedade
rural Downton Abbey, onde vivem os Crawley, uma família aristocrática e
seus criados. É nesse cenário e com esse elenco central que grandes
acontecimentos históricos, serão lembrados e envolvem os personagens.
Entendeu?— Ela termina seu depoimento satisfeita consigo mesma, sorria
convencida para seu amigo que sentava a sua direita, mas claro que aquilo
não duraria muito tempo, como sempre seu amigo tinha um comentário.
— Entendi — Ela o vê abrir aquele lindo sorriso de canto — Você fez o
dever de casa.
— Claro que não. Eu assisti a série — Diz irritada enquanto agradecia aos
céus por ninguém ter reparado que ela utilizara a ferramenta de pesquisa e
digitara em seu celular alguns momentos antes DOWNTON ABBEY.
— Ok se você está dizendo — Ele a encarava e dava de ombros, mas sabia
pelo seu olhar que ele não havia acreditado nela.
Ela repara que a mão de seu amigo acariciava a coxa exposta de Bárbara.
Aff quem usa um vestido tão curto como esse? Suspira irritada. E como se
isso não fosse o suficiente seu amigo agora se aproximava daquela siliconada
de quinta categoria e beija seus lábios e ela retribui. Ah Kono baka, não me
provoque. Ela se aproxima de Luis que voltara sua atenção para algo no
celular e beija sua bochecha e em seguida beija uma região próxima ao
ouvido.
— Neco que tal de sobremesa sorvete de feijão vermelho?
— Aqui tem essa sobremesa? — Ele pergunta enquanto digitava.
— Não. Mas na minha casa tem — Ela abre um sorriso de canto, tentando
fazê-lo como Mason fazia.
— Hum que delícia. Você vai levar na clínica para a gente comer amanhã?
— Diz enquanto guarda o celular no bolso.
— Vou Luis — Luna suspira. Será que não soou como um convite? E para
piorar ela escuta um riso contido de Bárbara. Por Lord Voldemort, será que
não dou uma dentro?
— Nossa que ótimo — Ele diz animado — Aquilo é maravilhoso, já
provou Bárbara?
— Não como doces — Diz simplesmente. Luna percebe que ela mesma
não era a única que queria sumir dali, Bárbara parecia bem insatisfeita. Pelo
menos em algo nós concordamos.
Ela olha ao redor e nota ao fundo um Karaokê e ninguém estava cantando
nele. Talvez quem sabe uma abordagem mais clara seja suficiente. Ela pensa.
— Não sabe o que está perdendo — Ela escuta Luis dizer a Bárbara.
Nota aquela presença loira e falsa se aproximar de seu amigo e cochichar
algo em seu ouvido e ele lhe dizia algo de volta, ambos riam. Com certeza o
assunto deveria ser a tentativa nada bem-sucedida de Luna ao convidar Luis
para ir até sua casa. Mas infelizmente ela escuta a última parte do que Barbie
dissera.
— Não o culpo, olha só para ela, tão sem graça— Dizia Barbie com
desdém aos sussurros com Mason.
Seu amigo franze o cenho e se vira na direção de sua acompanhante que
agora está entretida com algo em seu celular, ela o encara por alguns
instantes, ele parecia bem irritado com o último comentário, ele abre a boca
para responder Barbie, mas percebe que Luna o está encarando e se vira para
ela. Que por sua vez tenta desviar o olhar com rapidez, mas sabia que ele
notara.
— Então Neco — Ela faz a primeira pergunta que vem a sua cabeça para
mudar de assunto e tirar a atenção de seu amigo que agora a encarava —
Você pretende namorar sério novamente?
Merda o que acabou de perguntar Lua? Não tinha mais nada além disso?
Sério?
— Ah claro — Sorri sem jeito — Quem não quer encontrar alguém
especial? — Ele pega sua cerveja a bebe.
Toma um longo gole de sua Coca, suas tentativas não estavam
funcionando. Luis parecia alheio a elas, enquanto Mason entendia todas,
podia ver seus olhares, e ouvir suas risadas contidas ou até mesmo via um
riso se formar em seus olhos, claramente ele estava se divertindo, todos
pareciam se divertir menos ela que tentava o tempo todo lançar uma indireta
para Luis. Mason tinha razão Luis era muito lento ás vezes.
Bom era isso ou ele não queria nada além do que sexo sem compromisso
com ela, mas isso não parecia coisa de Luis então ela ficava com a primeira
opção. Ele era lento.
Ela olha novamente em direção ao karaokê no canto do estabelecimento, a
comida ainda não chegara, ela ponderava sobre o que faria, como daria sua
última tentativa.
Volta sua atenção para mesa, Mason encarava o ambiente enquanto sua
mão descansava na coxa de Barbie que por sua vez estava com espelho em
mãos e encarava sua imagem enquanto retocava sua base. Perto dela Luna se
sentia o patinho feio, ela tinha que concordar que Barbie era linda, loira, alta,
elegante, com um belo sorriso, rosto feito para os fotógrafos e claro um corpo
estonteante, não tinha como competir com alguém assim.
Ela estava decidida, iria até aquele canto da sala, subiria naquele palco e
diria não abertamente, mas com uma canção, quem sabe assim daria certo.
Ok última tentativa da noite, respire Lua você consegue, Daenerys
Targaryen rainha dos dragões me ajude.
Ela se levanta e tem a atenção de Mason e Luis sobre ela.
— Eu já volto Luis — Ela se afasta da mesa e vai em direção ao karaokê.
Ao subir no palco sentia suas mãos tremerem um pouco ao pegar o
microfone e com a mão livre passa seu dedo por sobre os nomes das músicas,
em pouco tempo encontra a perfeita, iria ser aquela, a letra era um pouco
além do que ela pretendia, mas deveria bastar pelo menos para fazê-lo
entender aonde ela queria chegar.
Ela seleciona a canção, escuta as primeiras notas da música do cantor
Bruno Mars surgirem pelos alto falantes, algumas pessoas se viram na sua
direção, uma luz central iluminava o palco, quando se aproximava o
momento que deveria começar a cantar nota mais olhares curiosos com seu
desempenho, ela aperta mais o microfone em suas mãos e solta a voz quando
o momento certo chega.

♪♫

“It's a beautiful night


We're looking for something dumb to do
Hey baby
I think I wanna marry you”
Ela encara nos olhos do seu alvo, ele a olhava com divertimento, os olhares
das outras pessoas ali, algumas que ela conseguira olhar, a encaravam com
sorrisos, eles estavam receptivos com sua performance. Ela suspira aliviada e
continua.
“Is it the look in your eyes
Or is it this dancing juice?
Who cares, baby
I think I wanna marry you”

♪♫

Ela se movia pelo palco um pouco mais relaxada, reparava nos olhares e
nos sorrisos das pessoas ao redor e algumas delas até cantavam junto, então
seu olhar cai sobre a última pessoa que gostaria de encarar em um momento
como aquele.
Mason tinha um sorriso em seu rosto, parecia surpreso, na verdade ela
estava surpresa até agora não sabia de onde viera aquela coragem. Nossa
como ele era lindo, ele possui um sorriso muito contagiante, quando Mason
sorria ele não o fazia somente com os lábios ele sorria por inteiro, sua
expressão mudava, seu corpo relaxava, seus ombros caiam, mas o mais
marcante eram seus olhos que eram de um tom de azul mais escuro que o
dela, mas quando ele sorria eles pareciam se iluminar.
Luna seu foco não é ele, foco, FOCO. Ela se repreendia e corta o contato
visual com seu amigo e o joga sobre Luis que também sorria para ela.
Durante boa parte da canção ela se mantém focada nele, andava pelo palco,
sorria para ele, acenava para ele e até uma hora mandou beijo para ele
enquanto continuava a cantar.

♪♫
“It's a beautiful night
We're looking for something dumb to do
Hey baby
I think I wanna marry you”
♪♫

Então ela comete o erro novamente, não consegue evitar seus olhos e
coração a traíram, ela olha nos olhos agora não mais brilhantes de Mason e
sim tristes e tem um apagão na sua mente se esquece do que cantava.

Mason Carter
Ela cantava lindamente e ele estava surpreso, não sabia que ela cantava tão
bem, estava tão relaxada e solta no palco, e ele sorria maravilhado, por alguns
instantes ele notou que ela o encarava enquanto cantava, mas logo a percebe
desviar o olhar e jogar toda sua atenção em Dr. Bob Esponja e por mais que
ele soubesse o que ela estava fazendo, por mais que soubesse que o objetivo
ali era Luis ele não pode deixar de se sentir entristecido, aquela atenção que
sua amiga dava a aquele idiota e a letra da música que ela decidira dedicar a
ele foi o suficiente para tirar aquele sorriso de seu rosto.
Nossa agora não tem como ele não entender, mais claro que isso só
desenhando. Ele pensa.
— Nossa que ridículo — Ele escuta Barbie reclamar — Não acredito que
ela esteja fazendo isso. Aff Mason isso é tão brega.
Ele decide ignorar seu comentário, ás vezes ignorar Bárbara era o melhor a
se fazer. Ele continuava a assistir sua amiga em um ato desesperado para
fazer aquele lerdo do Luis entender que ela queria que ele a pedisse para ter
algo mais sério.
Quando Luna estava quase no fim da música ela coloca seus olhos sobre
ele novamente e repara que ela analisa algo em seu rosto e quando tem que
voltar a cantar a letra ela não continua parecia que havia esquecido a canção.
Ele vê uma ponta de desespero surgir em seu rosto, deveria estar
procurando pela letra da música em sua mente confusa, o acompanhamento
tocava, mas ela não cantava então no fim da música ela entra e canta a última
estrofe.

♪♫
“Is it the look in your eyes
Or is it this dancing juice?
Who cares, baby
I think I wanna marry you”
♪♫

Todos ali aplaudem seu desempenho, ela realmente tinha sido maravilhosa.
— Nossa agora ele tem que entender pelo amor de Deus, ninguém é tão
lerdo assim — Ele escuta Barbie sussurrar para ele.
— Acho que ele não é tão idiota a ponto de não entender essa — Ele
sussurra de volta.
Luna se aproxima da mesa deles e pelo caminho agradecia algumas
pessoas que a parabenizavam. Assim que ela se senta a garçonete chega com
o pedido deles.
É Mason já era você perdera para aquele idiota, depois disso não havia
como. Era tudo o que ele pensava.
— Nossa Lua você estava maravilhosa — Luis dizia a ela animado — Não
sabia que cantava tão bem— Ele se aproxima e lhe da um selinho.
— Obrigada e então? O que me diz? — Ela encara Luis, esperançosa.
— Então o que? — Ele toma o último gole de sua cerveja.
— Luis — Luna suspira — Eu tentei ser sutil, mas eu estava pensando se
você não estaria afim de ter algo mais sé... — Então ela é impedida de
terminar.
— Quem pediu o salmão com salada? — Pergunta a garçonete.
— Fui eu — Luis estende o braço e pega o prato o colocando na sua frente.
— Outra salada — Ela serve Bárbara — Um hambúrguer malpassadopara
você — Ela coloca o prato na frente de sua amiga Luna — E o outro para
você — Sorri na direção de Mason.
— Obrigado — Mason sorri de volta.
Ele agradecera aquela mulher por vários motivos. O primeiro por ter
trazido a comida, ele estava faminto. Segundo por ter servido a comida. E em
terceiro por ter impedido que sua amiga terminasse aquela frase e passasse
vergonha ou não ali na mesa. Mas para seu descontentamento Luis parece
não esquecer que Luna estava para dizer alguma coisa.
— O que você estava dizendo Lua? — Ele leva um garfo com peixe até a
boca.
— Ok mais uma vez — Ela suspira.
Por favor, não faça isso, ele suplicava mentalmente. Mason se lembre do
que ela quer que você seja, ele suspira irritado e passa o polegar
involuntariamente pela algema de couro em seu pulso.
— Luis você não acha que a gente poderia ter algo mais sé...— Então
como se os céus tivessem escutado sua suplica, Luna é interrompida
novamente só que agora pelo grito animado de Bárbara.
— Aiii Mason — Ela bate delicadamente em seu ombro — Nossa foto
chegou a mais de cem mil curtidas.
Ele nota sua amiga bufar insatisfeita e se encostar-se à cadeira,
aparentemente ela desistira de completar aquela frase e Luis agora estava
atento ao entusiasmo de Barbie e ao seu salmão.
Mason pega seu hambúrguer com as mãos e sorri ao mordê-lo. Sabia que a
felicidade que sentia por dentro por Luna não ter conseguido completar
aquela frase não era certo, afinal eram amigos e ele sabia que ela estava
frustrada e chateada pela lentidão de Luis, mas ele se permitiu curtir um
pouco sua felicidade.
— Nossa, mas já? Não faz nem 40 minutos que estamos aqui — Disse
Mason após engolir o pedaço de carne.
— Já sim e estão perguntando de você, querem saber o nome do meu
namorado e se é modelo.
Mason para a mordida no meio e escuta Luna engasgar com um pedaço do
lanche dela e perguntar logo em seguida.
— Namorado? — Ela olhava de Mason para Bárbara.
— Ahhh nossa querem saber se sou modelo, que loucura até parece — Ele
morde novamente seu lanche ignorando a primeira parte do que ela disse.
NAMORADO? De onde ela arranjou essa?
— Por que a surpresa honey? Você poderia ser sim modelo. Acredite disso
eu entendo.
— Só disso que entende pelo jeito — Luna comenta, mas pela expressão
que faz logo em seguida ele achava que ela pensara e dissera em voz alta sem
querer. Bárbara a encara e lhe diz.
— Pelo menos meu NAMORADO entende indiretas — Ele a nota lançar
um sorriso triunfante para Luna.
Sua amiga se cala e come suas batatas com raiva.
Mason tentava entender de onde Bárbara tirara que eles eram namorados, o
que eles tinham era sexo sem compromisso somente isso, tinha sido bem
claro quando eles começaram com aquilo. Ele nunca fizera nada que ela
entendesse que eles tinham algo a mais. Enquanto procurava em sua mente
indícios de que ele demonstrara o contrário sente seu celular vibrar e ao tirá-
lo do bolso se depara com uma mensagem de Luna.
Ele a escuta soltar um riso e logo em seguida Luis vira na direção dela e
pergunta.
— Algum problema Lua?
— Ah nada não Luis, só trabalho e me lembrei de uma piada — Ela diz
sem jeito.
— Qual? — Luis lhe pergunta com interesse.
Mason ri baixinho ao notar o desconforto de sua amiga, ela não esperava
por aquela pergunta.
— Verdade Lua, qual? — Mason diz para ela, aquela situação estava
pedindo por aquilo — Adoro piadas.
— Ahh— Ele encarava sua amiga, ela buscava desesperadamente por
qualquer piada que viesse na sua cabeça, ele não consegue evitar se divertir
com aquilo.
— Tudo bem — Ela leva os dedos ao queixo pensando — Quantas
mulheres são necessárias para fazer Spock sorrir?
Quando ninguém a responde ela continua.
— Nenhuma, pois ele não possui sentimentos humanos.
Nossa essa é horrível, ele pensa, mas ri não somente pela piada, mas
também pelo desconforto de sua amiga com a situação. Barbie e Luis
estavam ambos em silêncio e encaravam Mason que começara a rir.
— Essa é tão ruim que rio pela sua tentativa — Mason diz enquanto ria —
Tenho uma melhor Hobbit — Ele larga o hambúrguer e diz — Por que Luke
esconde seus livros?
— Por quê? — Escuta sua amiga perguntar.
— Porque ele não quer que a princesa Leia — Ele escuta sua amiga
gargalhar e ri junto com ela.
— Vocês dois são doidos — Ele escuta Luis comentar enquanto mastigava
seu peixe.
— Concordo — Diz Barbie ao colocar seus talheres de lado e limpar sua
boca com o guardanapo.
— OK Hobbit você ganhou essa. Você com certeza fez a pior piada do
mundo.
— Eu sei eu sou invencível.
— Menos Hobbit — Ele bebe um gole de sua Coca — Eu sou invencível
em pedra, papel, tesoura, lagarto e Spock — Ele sorri de canto na sua
direção.
— Ponte para capitão, não interessa eu sou invencível mesmo assim.
— Capitão para tenente, você vai pagar minha bebida do mesmo jeito —
Sorri de canto.
Por um instante só havia os dois naquela mesa, ele se esquecera
completamente de Luis e Barbie e acreditava que Luna também, sorriam um
para o outro. Se conheciam tanto que às vezes ficava espantado. Não reparara
que estavam tão próximos, ele sem perceber inclinara seu corpo na direção de
sua amiga e ela fizera o mesmo.
Algo ao redor deles mudara, o clima estava diferente e era tão difícil
resistir a aquilo, era uma sensação de familiaridade, algo confortável,
acolhedor e por um tempo eles se deixaram envolver, esquecendo tudo e
todos, mas como que para avisar que ele havia ido longe demais com aquela
aproximação o universo fizera o favor de lhe avisar, a duas mesas ao lado o
garçom derruba uma taça de vidro no chão despertando ambos do transe,
dissipando aquele clima que os rondava e os trazendo de volta. Ele a nota se
afastar dele primeiro, ela desvia o olhar dele encostando-se à cadeira.
— Vou ao caixa pagar as bebidas — Ela diz enquanto de levantava e
pegava sua bolsa.
Mason balança a cabeça para afastar os vestígios do clima incomum que
ele participara com sua amiga e se aproxima de Barbie depositando a mão em
sua coxa.
— Quer beber mais alguma coisa?
— Não eu estou ótima, aqui nem ao menos serve Bourbon — Revira os
olhos insatisfeita — Preciso ir ao Toalete— Ela se levanta e se afasta.
Não muito tempo depois Luna volta à mesa e se senta ao lado de Luis que
até então estava calado sozinho na mesa com Mason que também não fazia
questão de puxar assunto com aquele cara.
— Sabe essa época do ano no Japão é linda — Ele comenta com Luna.
— Sinto saudades de lá— Dizia sua amiga — Bons tempos. Nossa nessa
época lá é perfeito, os festivais.
— A decoração, as comidas — Ele sorria — Tudo lá é perfeito. Nossa
posso até sentir a sensação de estar lá.
— Posso até sentir o gosto do manju — Luna apoia os cotovelos na mesa e
a cabeça nas mãos sonhadoramente.
— Queria muito voltar pra lá, mas aqui tenho minha vida, meus amigos, o
trabalho e tem você também.
Mason suspira e revira os olhos. Nunca desejou tanto a presença de
Bárbara até aquele momento. Ver a mulher com quem você sente atração
passar a noite toda tentando fazer outro cara perceber que quer que ele a peça
para ter algo sério e depois ambos ficam sonhando com coisas que Mason
jamais vira na vida, aquilo tudo não era algo muito agradável.
— Nossa imagina Luis, passear pelo templo de Aomori — Ela sorria —
Podemos ir aos festivais, você pode me dar origamis.
Se ele é lento para sacar que ela quer que ele a namore, imagine até sacar
que ela quer que ele lhe de origamis e que fiquem noivos. Mason pensava
consigo.
— Pois é Lua seria maravilhoso, pois eu nunca fui lá.
Nossa se for nesse ritmo de Luis, com toda essa lentidão eles vão ficar
noivos quando Lua completar 60 anos.
— Anata ga watashi — Luna dizia.
[23]

— Com toda certeza — Respondia Luis rindo.


Nossa como queria ter aprendido japonês.
— Sonogo, wareware wa, bichi no eu de neru koto ga deki . [24]

— Não seria má ideia — Luis passa delicadamente os dedos pelo rosto


dela.
Observação. Me matricular em uma escola de japonês amanhã mesmo.
— Não vamos esquecer o sorvete — Ela sorri para Luis.
— Ah claro, amanhã te mando uma mensagem para você não se esquecer
de levar na clínica.
Mason segura o riso. Correção, quando ela tiver 60 anos não, acho que
uns 80 anos talvez.
— Sweety, preciso ir agora, podemos? — Bárbara diz ao seu lado, ele nem
percebera ela se aproximar — Tenho uma sessão de fotos amanhã bem cedo.
— Ok — Ele se levanta, aqueles acessos de lentidão de Luis estavam
divertidos, mas teria que levar Barbie embora. E ir embora e deixar o casal
maravilha para trás também não era má ideia — O jantar foi maravilhoso, me
diverti bastante — Ele sorri de canto para Luna.
Ahhh e como me diverti. Ele pensa.
— Boa noite a todos — Ele vai até Luna e beija sua bochecha sua barba
roçando sua delicada pele. Ok talvez eu tenha deixado a barba roçar por
mais tempo do que deveria — Boa noite Hobbit.
Estende a mão para Luis e a aperta.
— Boa noite Dr. Flash.
Sim tinha sido uma referência ao homem mais rápido do mundo, mas no
caso de Luis não era bem assim.
— Até mais Mason — Luis o encarava confuso — Foi um prazer em
conhecê-la Bárbara.
— O prazer foi todo meu Luis — Ela olha para sua amiga — Até mais
Luana, obrigada pelo convite — Ela pega a mão de Mason e o arrasta para
longe daquela mesa e fora daquele lugar— Kitten acho melhor nossa noite se
encerrar por aqui, quando disse que tenho sessão de fotos amanhã cedo quis
dizer bem cedo, então tenho que ter uma ótima noite de sono e sabemos bem
que quando você dorme lá em casa você não me deixa dormir — Eles
chegam até o carro e entram.
— Ok my dear, sem problemas — Ele não tinha a intenção de ter nada
com Barbie naquela noite, ele não estava no clima e também porque ele
mesmo iria entrar no hospital amanhã cedo.

Luna Iasune
— Luis. Acho que também vou indo. Gostei muito de hoje.
— Eu também Lua, pena que acabou cedo.
Não de minha parte. Ela pensa.
— Pois é. Vamos sair no fim de semana?
— Ótima ideia — Ele beija seus lábios.
— Acho que vou nessa Neco. A gente se fala — Ele a acompanha para
fora do grill.
— Sério Lua até que me diverti hoje. Mason estava aparentemente
comportado.
É você nem imagina. Mason comportado? Ah claro.
— Como eu disse ele é um cara legal quando o conhece.
— É até que não foi tão ruim como eu imaginava que seria — Eles param
na frente do carro de Lua.
— Boa noite Neco, nos vemos amanhã — Beija seus lábios.
— Boa noite Lua — Ele retribui o beijo e espera ela entrar no carro antes
de se afastar e ir ao dele.
Algumas horas mais tarde Luna ainda estava acordada, simplesmente não
conseguia dormir, estava exausta, mas sua mente trabalhava a todo vapor. O
que havia feito de errado? Como era possível ele não ter nem se quer
percebido nada? Será que percebera, mas preferira fingir que não?
Ela estava sentada em seu sofá e assistia pela milésima vez Star Wars.
Ainda vestia a roupa que fora ao restaurante, desde que chegara estava no
mesmo lugar. Pensava nas tentativas fracassadas que tivera, pensara na
notícia de Mason e Bárbara namorando, bom ela não tinha certeza afinal ele
não havia confirmado e nem negado. Mas não deveria se incomodar com
aquilo, só que ela se incomodava e isso a estava irritando.
Depois daquela noite Luna chegara a triste conclusão de que nós nem
sempre ganhamos de primeira, mas não havia tentado uma vez, tinham sido
VÁRIAS indiretas, e todas elas ela perdera. A única pessoa que ela queria
que entendesse simplesmente parecia alheia e imune a todas elas e a outra
pessoa, aquela que ela não deveria estar se preocupando ou se importando
com quem namorava ou não, essa pessoa captava todas.
Ela nota uma luz se acender e se iluminar ao seu lado no sofá era seu
celular e na tela piscava uma mensagem de nada mais nada menos do que
Mason.
Oh céus por quê?

Vou simplesmente ignorar ele desiste uma hora. Mas logo recebe outra.

Ela visualiza todas, mas não responde não estava a fim de conversar com
ninguém. Só queria a companhia de Luke Skywalker. Mas como ela bem
sabia Mason não desistiria tão fácil e logo escuta seu celular vibrando
novamente só que agora algo diferente aparecia na tela. Mason estava ligando
para ela.
Ela pensa sinceramente em não atender, não estava com paciência para as
piadas de Mason. O celular para de tocar e logo começa de novo. Ele não iria
desistir. Ela suspira e no quinto toque atende.
— Oi.
— Sabia que estava acordada. Por que não responde minhas mensagens?
— Estava vendo TV.
— Me deixa adivinhar, Star Wars episódio 4?
— Como você sabe?
— Eu te conheço Hobbit. Sei que o episódio 4 é seu filme da fossa e o seu
favorito de todos da série.
É ele realmente a conhecia. — Você está bem Hobbit? — Ela o escuta
dizer, seu tom de voz estava suave, sem o costumeiro sarcasmo.
— Sim — Ela mente.
— Você é uma péssima mentirosa senhorita Iasune — Ele ri baixinho —
Quer conversar?
Ela pondera aquelas palavras. Não queria conversar sobre aquele fracasso
de noite. Bem pelo menos achava que não, mas ao ouvir a voz de seu amigo,
a única pessoa no mundo que a conhecia tão bem quanto sua mãe, ela ficara
na dúvida se realmente não queria.
A verdade era que ela precisava conversar, precisava de seu amigo,
precisava de um ombro para chorar, precisava de alguém que a fizesse rir até
mesmo de si mesma, e quem melhor para fazer tudo isso do que o homem
que estava conversando com ela ao telefone e que ligara tarde da noite
simplesmente para perguntar se ela estava bem.
— Sim — Ela segura o choro — Eu quero.
— OK, estou ao seu dispor — Ele faz uma breve pausa e logo em seguida
pergunta — Quer que eu vá até aí?
— Quero muito — Sente uma lágrima escorrer pela sua bochecha.
— Ok me de 15 minutos.
— Me encontre no terraço Kono.
— Ok te encontro lá Hobbit.
“É difícil esperar por algo que talvez nunca aconteça, mas é mais difícil abrir mão quando isso é tudo que você quer”
Sam Winchester

Mason Carter
Ao chegar na porta do apartamento de Luna, Mason pega a chave que ela
escondia debaixo do tapete, um lugar muito clichê e ele já pedira pra ela
trocar o esconderijo, mas como ele podia comprovar agora ela não o ouvira.
Quando entra tranca a porta atrás de si e faz carinho em Misty que viera
correndo em sua direção.
— Hey girl— Passa as mãos em sua cabeça — Sua mãe precisa de
companhia hoje, ela teve uma noite não muito boa — Ela lambe sua mão e
ele segue até o terraço onde combinara de se encontrar com sua amiga.
O ar gélido da noite corta suas bochechas, ainda bem que vestira um
casaco por cima de seu pijama, a noite estava bem diferente do aquele dia que
passara horas ali com ela, no céu não se via nenhuma estrela e a lua estava
escondida por detrás das nuvens.
Nota que ela ainda não havia retirado toda decoração do ano novo,
algumas lanternas ainda pendiam e eram responsáveis pela iluminação e no
canto esquerdo ele avista o grande colchão que ele deitara e dormira e bem no
centro dele estava Luna ainda vestindo seu vestido vermelho, ela se sentara
de costas para a entrada do terraço e estava alheia à sua presença. Estava sem
nenhuma blusa ou coberta e pela posição que se encontrava sentada encolhida
deveria estar com frio.
Ele olha ao redor e bem no canto ao lado onde ele estava havia um
cobertor que ele suspeitava ser o mesmo que usaram naquela noite, ele o pega
e caminha até a direção de sua amiga colocando a coberta por sobre seus
ombros e se sentando ao seu lado.
— Hey Hobbit — Ele abraça passa seu braço por sobre seus ombros e a
puxa na sua direção — Dr. Carter chegou para cuidar de você.
— Qual meu problema? — Ela pergunta sem encará-lo, seu olhar estava
perdido, estava longe.
— Como assim?
— Eu só posso ter nascido com defeito.
Mason solta uma risada.
— Não tem graça Mason — Diz ela virando pela primeira vez em sua
direção.
— Lua não há nada errado com você.
— Tem sim, não é possível. Eu nunca vou ficar com ninguém — Solta um
suspiro.
— Hey Lua olhe pra mim — Ela olha, e pela primeira vez pode ver seus
olhos, mais azuis do se é possível e levemente vermelhos, ela havia chorado
— Não há nada errado com você. É Luis, ele não sabe o que está perdendo,
não vê o que tem bem na frente dele. É lesado demais para enxergar. Não tem
porque alguém não querer algo mais sério com você.
— Não Mason a culpa é minha, eu deveria ter sido mais direta.
— Mais direta? Como? — Ele ri — Levar o padre e as alianças até o
restaurante?
— Eu nunca vou encontrar um cara legal, nunca vou encontrar um cara
gentil e que tenha coisas em comum comigo, porque eu sou uma garota nerd
que ama ler, sincera e que não liga para aparências, a garota que tem vários
amigos homens e nenhum namorado, a esquisita — Suspira derrotada — A
vida toda sempre foi assim.
— Sabe que não é verdade, você não é esquisita.
— Sou sim. Mason que mulher prefere ficar em casa e comer besteiras,
lendo gibis ao invés de sair e se divertir? — Ela tira a atenção de seus olhos e
encara o nada à sua frente.
A mulher perfeita faz isso, ele pensa ao abrir um sorriso. — Agora eu sei
por que você namora a Barbie.
— Eu não namoro a Bárbara.
— Ela sim é uma mulher, perto dela eu sou apenas um acessório.
— Mulheres como a Bárbara não são para relacionamentos Lua, já te disse
isso. Você é única, é perfeita do jeito que é, se um cara não consegue ver isso
é porque ele não te merece. Não seja como a Bárbara.
Ele encara sua amiga, ela estava realmente muito triste mais do que ele já a
vira estar antes. Ela precisava de seu amigo e ele como sempre estava lá.
— Só estou cansada de ficar sozinha.
— Você não está sozinha — Ele sorri e a aperta mais seus ombros — Tem
a mim para atormentar sua vida.
— Mason, é diferente.
— Eu e ela não estamos namorando, não sei por que ela disse aquilo. Mas
nós já conversamos e resolvemos esse pequeno mal-entendido.
Ele realmente não sabia de onde Bárbara havia tirado aquilo. Após saírem
do restaurante eles tiveram uma conversa séria no carro no caminho até o
apartamento dela. Ele lhe perguntara se não havia sido claro quando eles
começaram a sair, e ela havia lhe dado de ombros indiferentemente e tentava
lhe convencer de todos os benefícios que teriam se os dois dessem um passo
a mais na relação, que eles eram perfeitos juntos e que aquilo era inevitável
que nasceram um para o outro e então porque não resolver de uma vez e dar
um nome ao que eles tinham.
Claro que ele após estacionar, saiu do carro e abriu a porta para ela que
entendeu que ele havia aceitado, que o havia convencido. Mas aquilo não
aconteceria, ele a acompanhou até a porta do prédio e lhe dissera que era
melhor eles não se verem mais, pois ela não estava sabendo separar e que eles
não dariam certo juntos porque tudo o que combinavam era no sexo e
somente sexo não faz um relacionamento, porque estar em uma relação com
alguém era muito mais do que isso e que provavelmente ela nunca entenderia.
Beijara seu rosto e fora embora para sua casa.
— Tanto faz se estão ou não, você vai continuar transando com ela mesmo.
— Se incomoda que eu transe com Bárbara? — Ele franzia seu cenho.
— Não — Diz com firmeza.
— Às vezes parece que se incomoda.
— Não eu só — Ela suspira — Só fico enjoada quando fala dela.
— Barbara é só diversão, só sexo. Não vou me casar com ela, então não se
preocupe em ter que passar o resto da vida convivendo com ela — Ele agora
esfregava sua mão no ombro de Luna por sobre a coberta — Não me casaria
com ela nem que ela cantasse Bruno Mars em um karaokê — Ele solta uma
risada.
— Eu me sinto sozinha Kono, eu sei que tenho você, sua amizade e
companhia, mas a solidão que eu sinto é diferente.
— Eu também me sinto assim, sei o que quer dizer.
— Não você não sabe — Ela o encara novamente — Todas as noites você
tem alguém ao seu lado mesmo que só para uma transa. Sinto falta de ser
tocada, Arghh sinto falta de ter alguém.
— Eu não transo todas as noites, não sou Superman ou algo do tipo. Uma
brisa passa por eles e o cheiro de Luna penetra em suas narinas, mas estava
diferente um fato que ele não conseguiu deixar de perceber a noite toda, ela
mudara de perfume não estava cheirando a flores silvestres como de costume.
— Por que trocou o seu perfume? — Ele decide perguntar.
Ele nota sua amiga deixar os ombros caírem e inclinar seu corpo para se
deitar no colchão.
— Eu só quis mudar um pouco— Ela confessa e Mason a fica encarando,
agora estava completamente deitada.
— Flores silvestres me lembram de você — Ele diz — Eu gosto desse
cheiro — Diz ao se deitar ao seu lado e encarar o céu escuro como ela fazia.
— Mason — Ela faz uma pausa um pouco longa que ele pensou que havia
desistido de continuar, mas depois de um tempo ela prossegue — Se você
não fosse meu amigo — Outra pausa, mas dessa vez mais curta — Você
tentaria algo comigo?
BOOM! Por essa ele realmente não esperava de jeito nenhum, ela nunca
havia lhe perguntado aquilo antes. Ele permanece em silêncio por um tempo,
estava medindo e escolhendo as palavras que diria, estava tentando se decidir
se dizia a verdade ou se mentiria. Ele nunca mentira para ela então decidira
que aquela não seria a primeira vez.
— Sim — Diz com sinceridade, ainda encarava o céu sobre eles.
— Como? — Ele percebe ela virar o rosto na sua direção, mas ele se
mantém firme olhando para a frente.
— Como assim? — Ele diz finalmente.
— Como me paqueraria?
Ele solta uma risada e deixa o sorriso se estender pela sua face.
Ok. O que eu faria?
— Ah primeiro eu perceberia suas indiretas — Ele escuta o riso de sua
amiga e fica feliz consigo por tê-la feito rir — Eu procuraria saber o que você
gosta, faria essas coisas com você, faria até coisas que eu não gosto, te daria
coisas que você gosta, eu faria tudo para te fazer rir pra que eu possa ouvir
seu riso e ver seu sorriso. Eu riria das suas piadas ruins, roçaria minha barba
no seu rosto só porque sei que você gosta, compraria todas as coisas que
gosta de comer — Ele para de falar e pensa sobre o que acabara de dizer, ele
realmente faria todas essas coisas por ela.
Na verdade, eu já faço aquelas coisas para ela, há dois anos na verdade.
Cara como fui cego.
— Mas você já faz essas coisas Mason.
— É talvez eu faça — Diz ainda sem compreender como que ele podia
fazer tudo aquilo e só agora perceber que ele fazia de tudo para agradá-la e
que talvez o fizesse não somente por ela ser sua melhor amiga, mas porque
talvez algo estivesse escondido em seu íntimo um desejo, um sentimento,
uma vontade que pra ele eram desconhecidos.
— Bom se você me paquerasse e eu aceitasse pegaria na sua mão — Ele a
sente encostar seus dedos gelados e colocar sobre a sua mão que descansava
na lateral do seu corpo — Entrelaçaria meus dedos — Ela o faz — Me
aproximaria — Ela vira o corpo na direção dele e levanta o tronco se
apoiando no cotovelo.
Ele sente um arrepio percorrer sua coluna, vira a cabeça na direção de
Luna e encara seus olhos lindos e expressivos. Com a mão livre ele não se
segura e a leva até o rosto delicado dela, coloca sua palma cobrindo seu
ouvido e com o polegar acaricia sua bochecha e para sua felicidade ele a vê
fazer aquela sequência de movimentos que ele lhe dissera uma vez. Ela fecha
os olhos ao seu toque, e inclina seu rosto em direção a sua mão.
— Você está fazendo isso Hobbit.
— Eu sei — Diz com os olhos fechados.
— Eu disse que você fazia isso quando eu toco seu rosto.
— Talvez eu faça mesmo — Ela abre os olhos e lhe encara com um
pequeno sorriso nos lábios. Ela era tão linda e estava tão perto.
Ela entreabre os lábios. Beija ela Mason, seu coração mandava. Não faça
isso Mason, seu cérebro mandava.
Como ele queria beijá-la agora, não só agora, na verdade o tempo todo,
mas naquele momento, seus olhos, sua linguagem corporal, sua boca estava
pedindo por um beijo. Não sabia se era o certo a se fazer em um momento
como aquele. Luna estava triste, chateada e se sentia sozinha, vulnerável, será
que se ele a beijasse ele não estaria se aproveitando dela? Não estaria se
aproveitando da situação? Será que ela não o estava usando novamente e
querendo apenas preencher o vazio e a solidão que sentia naquele momento?
— Se eu não fosse seu amigo — Não acreditava no que iria perguntar, mas
não resistiu — Você me deixaria beijá-la agora?
A surpresa passa pelos olhos de sua amiga, ela avaliava seu rosto, devia
estar buscando algum sinal de brincadeira talvez para justificar a sua
pergunta, mas ela não encontraria, pois ele falara sério, era algo que ele
realmente queria a resposta.
Depois de um tempo em que ambos se encaravam em silêncio ela
finalmente lhe responde.
— Sim — Suspira — Sim Mason eu deixaria.
— Nossa eu nunca desejei tanto não ser seu amigo — Abre um sorriso de
canto.
— Bobo — Ela sorri e se deita ao seu lado se aninhando perto de seu
corpo.
Ele acariciava seus cabelos.
— Eu realmente sinto falta do cheiro de flores.
— Mason? — Ele a escuta chamar.
— Sim Hobbit.
— Eu acho que não quero ser sua amiga hoje.
BOOM! Outra surpresa. Será que aquilo se tornaria um hábito? Ele fica
chocado com o que acabara de ouvir, ele a sente levantar seu rosto de seu
peito e o encarar, ele olhava pra ela, a confusão com certeza devia estar
estampada em seu rosto. Ela dissera aquilo mesmo?
— Nem minha irmã? — Ela nega com cabeça.
Sentia seu coração bater acelerado, estava levemente ofegante, não
conseguia acreditar no que acabara de ouvir, será que estava sonhando?
— Kono?
— Sim Lua.
— Você vai me beijar agora? — Nota suas bochechas ficarem vermelhas
com aquela pergunta, e ele abre um sorriso, não um de seus costumeiros
sorrisos de canto, mas sim um sorriso.
— Você quer que eu a beije? Eu posso?
Então para a sua alegria ela confirma com a cabeça. E dentro dele sente
uma explosão de sentimentos, uma explosão de cores, era como se fogos de
artifícios estourassem em seu peito e ele não notara o quanto queria aquilo até
aquele momento, até aquele simples movimento de confirmação com a
cabeça que ela lhe dera.
Ele ergue seu corpo e a empurra sutilmente para o lado a deitando
novamente de frente para o céu. Com seu braço esquerdo ele apoia ao lado
dela segurando o seu peso enquanto a outra mão ainda repousava em sua
face.
Ele sentia seu corpo tremer, uma corrente elétrica passava por toda sua
extensão. Ao se inclinar sobre ela aproximando seus rostos ele vê as pontas
de seus cabelos rebeldes roçarem a pele da testa dela e nota o efeito de seu
toque por sobre a pele dos seus ombros, braços e pescoço, ela estava
arrepiada.
Mason desce seus lábios e beija seu queixo e sem pressa faz um caminho
de beijos pelo seu maxilar. Não queria beijar apenas seus lábios, ele queria
desfrutá-la por inteiro.
— Ah Lua, não sabe o quanto imaginei isso — Sua voz estava com uma
rouquidão maior do que o normal.
Ele afasta os lábios de sua pele, seu hálito quente bate em sua bochecha a
beijando naquele local, beijando seu lóbulo em seguida e fazendo um
caminho de beijos até seu pescoço.
Quando seus lábios tocam a pele sensível da curvatura de seu pescoço ele a
escuta soltar um gemido baixo e aquilo faz com que intensifique seus beijos.
Seus lábios se abrem mais, ele provava a sua pele, provava seu sabor e era
bom, era muito bom, viciante até. Enquanto a devorava sua mão direita
afastava o cobertor que a cobria e passeia a mesma pelo seu corpo,
começando por seu abdômen, depois seguindo pela lateral de seu corpo,
desce mais as mãos encontrando sua coxa exposta e aperta seus dedos ali não
conseguindo segurar um gemido rouco, misturado com um gemido de alívio,
de desejo, um gemido acumulado por todo esse tempo.
Ele lambia, sugava e beijava a pele de seu pescoço, em seguida desce os
lábios pela sua clavícula, deixando um caminho úmido até o decote de seu
vestido, beijava seu colo e o contorno de seus seios, sua mão que acariciava e
apertava sua coxa agora subia por dentro da barra do vestido, chegando até a
lateral do seu quadril.
O desejo fervia em seu sangue, pulsava por seus membros o dizendo o que
fazer, ele não estava no controle, seu toque pulsava por sua pele a arrepiando,
seu corpo todo a desejava, todo ele pulsava por ela, seu coração pulsava por
ela e principalmente a região de sua virilha pulsava por ela.

Luna Iasune
Dentre todos os sentimentos dos quais conseguia pensar e enfileirar
cuidadosamente na prateleira, era justo amor o que sentia por ele. Meu Deus
era isso? Ela o amava.
— Mason— Ela gemia seu nome.
— Hobbit — O escuta gemer de volta.
Luna agarra fortemente sua camisa o puxando mais para si ela sentia seu
hálito quente passar por toda a pele do seu pescoço e colo. Sabia que aquilo
era errado que se continuasse ultrapassaria a linha tênue da amizade, o limite
que ela mesma impôs, mas Mason era a resposta aos seus desejos ela o queria
não só para matar o tempo ou para preencher as horas vazias de seus dias
monótonos, ele preenchia a necessidade que ela tinha, ele era o que mais
desejava.
Sentia suas habilidosas mãos percorrerem sua coxa e se contorce levando
sua virilha de encontro a dele e logo em seguida os gemidos de ambos se
misturam ao ar da noite, preenchendo todo aquele local.
Ela precisava loucamente matar aquele desejo, era como se um fogo a
consumisse por dentro a razão era lentamente queimada pela lenha da
emoção.
Queria acariciar sua pele, queria beijá-lo, queria sentir seu perfume se
fundir ao dela. Se os sentimentos dela falassem neste momento estaria
sussurrando ao ouvido dele a excitação que sentia.
A cada beijo, a cada sugada que ele dava em sua pele uma nova sensação
surgia, ela nunca havia experimentado algo tão bom quanto aquilo, estava
inerte a tudo ali, a mão de Mason subia cada vez mais a barra de seu vestido
ele apertava com seus dedos a sua pele. Aquilo não era nem perto que sentira
com Luis em seu sofá algumas noites atrás. Aquela era a verdadeira
excitação.
O nervosismo começara a ser presente e então com um lampejo sua mente
se torna clara, ela não podia, não devia continuar com aquilo ele era seu
melhor amigo, mas como dizer não aos desejos que tanto guardou, como
dizer não a todas aquelas sensações que ele a fazia sentir.
Luna então sente o couro da pulseira esbarrar em uma região em particular
na lateral da sua coxa, uma que possuía uma marca de seu passado. Então as
lembranças a transportam por breves segundos para uma noite a seis anos
atrás, isso arrepia sua pele e ela o afasta.
“Eu queria que você calasse essa matraca, nem sempre temos o que queremos.”
Dean Winchester

Luna Iasune
— Espera, espera! — ela o empurra.
Então seu amigo a encara confuso.
— O que foi?
— Eu... Eu... — Luna se levanta ficando de pé, se caminha até o parapeito
do terraço e apoia suas mãos nas grades de proteção, as luzes da cidade
tamborilavam e ela se mantinha concentrada na figura dos arranha-céus a sua
frente.
— O que Lua?
— Olha nós não devíamos — Ela suspira — Não devo — mais um suspiro
— Não devíamos.
— Mas, você disse que queria e eu queria qual o problema Hobbit?
— Melhores amigos Mason, esse é o problema.
— Você não se cansa de lembrar-se disto, não é?
— Por que é o que somos e eu não deveria, nós não deveríamos — Ela
fecha seus olhos e suspira novamente derrotada não sabia nem o que dizer—
Por favor, me deixa sozinha.
— Mas, Lua... — Ela sente a aproximação dele — O que nós dissemos
agora a pouco, sobre não querer ser mais amigos...
— Esquece isso Mason, eu estava carente e isso me levou a dizer essas
coisas.
— E tudo o que falei agora a pouco, as coisas que fiz? Nada disso importa?
Luna se sentia perdida, sim ela era confusa e sua mãe estava certa o tempo
todo ela tinha medo, medo de arriscar e medo de aquilo acontecesse
novamente, uma vez já havia sido o suficiente e não suportaria que o erro se
repetisse ali.
— Eu quero beijar você Luna, MAIS QUE MERDA! — Ela se assusta ao
vê-lo elevar a voz com frustração.
— Pare de querer me beijar — Ela pede, mas sabia muito bem que não
havia verdades em seu pedido.
— Acha que já não tentei? — Luna o escutava bufar e respirando fundo se
vira para ele.
— Eu só não quero ver você envolvido na confusão que é minha mente,
Kono eu não quero te machucar e me conheço bem o suficiente para saber
que se continuássemos eu acabaria machucando você, isso é inevitável.
— Você não pode me machucar Lua, geralmente sou eu que faço isso.
Ela não podia permitir que aquilo continuasse, não podia arriscar mais uma
vez se envolver com seu melhor amigo. Havia aprendido há muito tempo
atrás, seis anos para ser exata, que aquilo não daria certo.
— Sou muito confusa e você é importante demais para mim, não ia
suportar te machucar, você não é o tipo de homem que arrisca algo sério e eu
não sou o tipo de mulher que aceita um relacionamento sem rótulo — Ela o
encara — Eu sei que a Bárbara não era o seu ideal, mas quantas mulheres
você já dispensou? Quantas que talvez pudessem ser o ideal e você sequer
deu uma chance? Por que comigo seria diferente?
— Porque você é diferente das outras, Lua. E eu acho que você é o meu
ideal.
— Mason— Ela leva suas mãos até as têmporas e as massageia — Um
relacionamento não se baseia só naquilo que temos em comum ou no que
fazemos juntos entende? Estar em um relacionamento é mais que isso. É
sempre estar ao lado de quem se ama e dizer eu te amo e eu sinceramente não
acho que esteja pronto para isso Kono — Você acha que não sou capaz de
amar alguém?
— Lógico que acho que sim, mas existem vários tipos de eu te amo e ao
que me refiro esse do qual eu sei que você não está pronto para dizer, não
ainda, e acredite quando estiver não será para mim que dirá.
— Por que você tem tanta certeza disso? Por que acha que nunca diria isso
a você? — Luna o sente cada vez mais próximo e então se afasta novamente
indo em direção oposta a ele.
— Por que eu te conheço Kono e muito bem, eu sou importante para você
certo? — Ela pergunta, mas não espera sua resposta — Só que o meu nível de
importância em sua vida é de uma forma amiga e isso que você sente não
passa de desejo, atração é apenas carnal vai passar, não confunda as coisas
Mason eu sou a confusa aqui lembra?!
Seu coração estava uma bagunça, por um lado Luna o queria loucamente,
mas por outro lado ela tinha dúvidas, medo de se decepcionar novamente, a
culpa não era dele.
— Não acho que me conheça tão bem assim — Suspirando passa as mãos
nos cabelos e em seguida esfregar o rosto — Lua você não sabe o que se
passa dentro de mim, você nem ao menos quer tentar, você não me vê como
uma possibilidade nunca me viu e nem vai me dar a chance de mostrar que eu
posso sim ser o seu ideal, eu admito que não sei o que estou sentindo porque
para mim é tudo novo— Ela o nota fazer uma pausa, parecia estar pensando
nas palavras que diria — Eu já senti tesão, desejo e prazer com outras
mulheres, mas com você Lua é diferente e nunca foi segredo que eu te acho
linda, eu posso afirmar que com você não é somente simples desejou, assumo
que não sei o nome disso, mas estou disposto a descobrir se você me der uma
chance.
Luna sente a mão de ele tocar as suas, enquanto ele falava. Ela se vira
ficando de costas para ele, os seus dedos estavam entrelaçados aos dela em
um encaixe perfeito. Estava ficando difícil assimilar cada palavra proferida
por ele.
Mason havia aparecido em sua vida como o pequeno príncipe em seu
asteroide, com aquela voz que sempre a provocava, com seu jeito diferente,
com seu sorriso único, mas a constatação veio quando ela se lembrou da frase
que a raposa havia dito ao pequeno príncipe “Você é responsável por aquilo
que cativas” ele a havia cativado de uma forma meio estranha e
surpreendente e durante dois anos ela vinha tentando se enganar dizendo a si
mesma que não sentia nada além da amizade.
Ela queria dar uma chance, Deus era testemunha do quanto queria, mas o
seu passado, aquele do qual ela vinha fugindo, sempre voltava a sua mente
quando ela pensava em avançar, tinha medo de tomar a decisão errada e mais
à frente perceber o quanto havia se decepcionado. Ela queria dizer sim, mas
sabia muito bem que nem tudo eram flores e com Mason a incerteza sempre
pairaria entre os dois então ela simplesmente decide fazê-lo desistir. O que
esperar de alguém que nem ao menos sabe o que sente por você?
— Nossa— Ela solta sua respiração vagarosamente enquanto soltava a sua
mão ainda entrelaçada a dele — Olha você nem ao menos sabe o que está
sentindo e isso... — Ela o encara e aponta para seu peito — esse diferencial
que diz sentir não passa de uma coisa chamada complexo ao ouvir não, você
nunca ouviu tais palavras de uma mulher e quando finalmente as ouviu de
mim desencadeou essa reação.
E para piorar a sua decisão, para piorar a dor que sentia por dizer aquilo a
ele, ela nota seu olhar, perder o brilho e seu rosto antes relaxado e seu sorriso
haviam sumido e uma expressão rígida agora tomava conta de seu lindo
rosto.
— Mason, preciso que entenda que você é realmente muito importante
para mim e que sua amizade, a nossa amizade é importante demais a ponto de
arriscar ter algo mais sério e tudo acabar.
— Me deixa beijar você Lua, me deixa provar que está errada— Ela o
sente a envolver.
— NÃO! — Ela grita e o empurra.
Quando o encara podia ver o quanto sua atitude o surpreendeu, mais uma
vez ela havia sido levada há seis anos.
— Não posso fazer isso, sua amizade é importante demais para arriscar
perder.
— Amizade— Ela o escuta repetir com ironia aquela palavra — Você está
fugindo, está com medo de tentar algo a mais e acabar gostando, mas o que
mais me entristece é que com o Luis você não é assim, com ele você não tem
medo de arriscar — Ele a encarava com firmeza e ela podia sentir a dor em
suas palavras — Lua agora a pouco você me fez essa pergunta então agora
sou eu que a faço. Qual o meu problema? — Ele apertava os punhos na
lateral do corpo — Por que comigo é diferente?
Aquela discussão não havia sentindo, os argumentos dela não eram sequer
válidos, sim ela estava fugindo só que era orgulhosa demais para admitir.
— Com o Luis eu sinto certo conforto que não sinto com você, com você
tudo é muito novo e todo dia eu sinto uma nova sensação e não estou
acostumada ao novo gosto de ser monótona.
Os ombros dele caem, ele a encarava, havia tanto em seu olhar, mas os
sentimentos dominantes com certeza eram a tristeza e a decepção, aquela
cena cortara o coração de Luna, ela nunca havia visto seu amigo daquele jeito
e doía mais ainda ao saber que ela era a responsável por aquele olhar, por
aquela dor e confusão que ele sentia. Pronto Luna satisfeita agora?
Ele após um tempo corta o contato visual com ela, não sabia quanto tempo
ficaram em silêncio, ela não sabia mais o que dizer, não sabia o que fazer, ela
machucara seu amigo. Quando o silêncio já estava se tornando ensurdecedor
Luna o vê erguer seus olhos para ela e sua voz preenche o ambiente.
— Ok Lua parece que você já fez sua escolha — Ela o vê se afastar em
direção a saída.
— Mason espera — Ela caminha até ele — Por favor, não podemos voltar
a ser o que éramos? Tudo era tão mais fácil. Não quero perder você, foi o que
desejei aqui no ano novo — Ela confessa.
— Eu também desejei isso quando soltei aquele balão — Ele se vira pra
ela próximo à saída.
— Era uma lanterna.
— Foda-se, nem que fosse uma bexiga — o vê passar as mãos em seus
cabelos um gesto que sempre fazia quando nervoso— Na maior parte das
vezes eu não sei como agir com você Lua, não sei como quer que eu aja e não
sei o que faço agora estou em um impasse interno.
— Eu admito que sou confusa, chata, sensível, dramática, inconstante,
aquela com sentimentos efusivos que não banca a perfeita e você me conhece
melhor do que ninguém e também estou em um impasse.
— Se você quiser que eu vá embora Lua eu vou é só dizer, mas se quiser
que eu fique que finja que nada disso aconteceu eu finjo, se quer que sejamos
apenas amigos nós seremos, mas se quiser que eu a beije — ele se aproxima
— Eu a beijarei a noite toda como nunca foi beijada — Luna abaixa seu
olhar, mas logo sente a ponta dos dedos de Mason tocar seu queixo e fazê-la
encará-lo — Eu falei sério antes, todas aquelas coisas que lhe disse deitado
ali naquele colchão nesse lugar que se tornou apenas nosso. Só preciso que
me diga o que quer. Preciso que você me diga o que fazer, o que você quer de
mim. O que você quiser que eu seja eu serei.
Então havia chegado o momento onde tudo seria posto as claras e por mais
que quisesse sentir seus beijos cálidos algo a impedia.
— Parte de mim quer que finjamos que nada disso aconteceu — Ela afasta
seus dedos — Parte de mim quer que você fique, pois é muito importante em
minha vida, outra parte de mim a parte que tenho medo ela quer ser beijada e
tocada por você e eu estou no meio de um dilema entre minha razão e minha
emoção. Não quero te perder, mas não posso arriscar algo a mais, quero sua
amizade e ao mesmo tempo não quero só a sua amizade entende? — Ela após
uma pequena pausa continua — Minha razão diz que devo ficar na amizade e
é ela que quero ouvir no momento.
— Se quer que eu seja somente seu amigo Lua eu serei, mas já digo que
não será fácil. Pelo menos não para mim.
— Eu sei Kono eu sei— Ela sorri sem jeito, também não será fácil para
mim, pensa — Dorme comigo?
Ela escuta Mason suspirar.
— Por que quer que eu fique?
— Por que se vamos voltar a ser o que éramos ou pelo menos tentar você
precisa colaborar, sempre que fico pra baixo você dorme aqui e me faz
companhia.
— Não sei se é uma boa ideia Lua.
— Por favor, fica— Ela sorri para ele, mas a expressão dele não muda.
— Tem certeza que depois de tudo quer que eu fique?
— Tenho sim, podemos ficar aqui no terraço — Ela o nota pensar a
respeito, tinha certeza que ele estava ponderando o que ela havia pedido.
— Ok eu fico, como seu amigo Lua— Ela o nota soltar um longo suspiro
— Sabe Lua as mulheres com quem saio são só diversão e você não é assim.
Você é uma mulher confusa e está me confundindo — Ele solta um riso
baixo — Às vezes parece receptiva a mim e no momento seguinte se retrai.
Durante todo esse tempo eu me segurei para não ultrapassar a linha que
criamos e Deus sabe o quanto eu não queria ser seu melhor amigo agora, mas
ao mesmo tempo eu não me arrependo de ser. Eu faria tudo de novo, viveria
tudo de novo mesmo que para tê-la somente como amiga, mesmo eu
querendo que você me dê uma chance de provar que posso ser um Mason
diferente, mesmo eu querendo tocá-la ou beijá-la a força em vários
momentos, e eu somente não o fiz porque sabia que ia ficar brava comigo, eu
abriria mão de tudo isso só para tê-la em minha vida mesmo que tendo
somente sua amizade. E é o que estou fazendo agora.
Ela ouve suas palavras, mas se mantém em silêncio, não sabia o que dizer
a ele, nada do que dissesse poderia ajudar e com isso o silêncio paira sobre os
dois novamente, nenhum deles sabia o que dizer e aquilo era totalmente
novo, estranho e incomum para ambos. Mais uma vez é Mason quem quebra
o silêncio barulhento.
— E então o que fará a seguir?
— Do que está falando?
— Sobre Luis — Ele coloca as mãos no bolso da calça — O que vai fazer
para que ele entenda suas abordagens nada discretas?
Ele estava mudando de assunto, estava tentando fingir que nada havia
acontecido, estava fazendo o que ela pedira, estava sendo seu amigo Mason,
mas ela podia ver o quanto estava sendo difícil para ele, para qualquer outra
pessoa ele teria enganado muito bem, mas não ela, não Luna.
— Quem sabe desenhar não ajude ou talvez um teatro de fantoches.
— Eu não sei ainda. Não sei o que pensar.
— Sabe o que você precisa?
— O que?
— Que eu te leve a uma balada — Ele abre um sorriso sem jeito, bem
diferente dos quais ela estava acostumada.
— Nem pensar, aquela foi a primeira e última vez que fui com você.
— Você estava bêbada. Ninguém dá ouvidos a uma bêbada.
Ele estava tentando descontrair o conhecia bem, estava tentando mudar o
foco, mudar de assunto.
Nota as mechas rebeldes dele e arruma seus cabelos.
— Por que não corta Kono baka? Você sempre diz que vai cortar— Ela
coloca uma mexa atrás da orelha dele.
— Porque gosto quando você os arruma— Luna suspira.
Kusuri isso vai ser mais difícil do que pensei.
— Estou exausta — Ela afasta as mãos rapidamente. Agora ela mudava de
assunto.
Afasta-se de Mason e se deita no colchão se cobrindo logo em seguida. Ela
o nota relutar por um tempo, mas logo vai até ela e se deita ao seu lado e
encara o céu.
— Boa noite Kono.
— Boa noite Hobbit— E essa é a última coisa que ela o escuta dizer.
Luna fecha seus olhos, porém demora a pegar no sono imaginando o que
teria acontecido se tivesse se dado uma chance. Bom agora era tarde, Mason
era seu amigo e era melhor ele continuar sendo assim. O medo do passado
logo volta fazendo com que cerre seus olhos com força. Após um tempo
sente suas pálpebras pesarem e se entrega ao sono.

Mason Carter
Após um tempo ele nota a respiração de sua amiga se tornar mais relaxada
e ritmada, ela havia adormecido.
Ele não sabia o que estava fazendo ali, não sabia o porquê havia ficado.
Sabia que era melhor ter ido embora, mas não conseguiu, não conseguiu dizer
não a ela. Talvez fosse um idiota mesmo.
Mesmo depois de tudo o que dissera de todas as coisas que estavam
enterradas nele, coisas das quais nem ele mesmo sabia que estavam lá,
mesmo o que rolara, as caricias e os beijos dele, mesmo depois de tudo isso
ela fizera a sua escolha, e como sempre não era ele.
Então era essa a sensação, é assim como se sente ao ser rejeitado. Ele
estava decepcionado não com Luna, bem não somente com ela, a maior parte
de seu desapontamento era consigo mesmo, talvez ele tivesse alimentado
aquela esperança dentro dele, talvez tivesse tirado conclusões precipitadas,
talvez cometesse um erro, talvez a abordagem que usara tivesse sido a errada.
Talvez possa soar meio convencido, mas a verdade era que ele nunca
sentira aquilo antes, pois nunca havia sido rejeitado, Luna tinha razão em
uma coisa, ele nunca ouvira um não antes.
Qual era o problema com ele? Por que Lua não lhe dava a chance de
provar que pode ser diferente? Que talvez o jeito errado deles fosse o certo,
que talvez ambos pudessem se surpreender.
Ele sabia que ela estava com medo de tentar, não sabia o que havia
acontecido com ela no passado, mas meio que não lhe interessava não se
importava, porque o que quer que tenha acontecido à fez ser quem ela era,
havia a feito vir até aquela cidade.
Mas quem havia dito que ele mesmo não estava com medo? Ele estava
apavorado, nunca havia se sentido daquela maneira antes, tudo aquilo era
estranhamente novo, e aquelas sensações, o desconhecido o deixavam com
medo, mas ele estava disposto a desvendar o desconhecido, então se ele
estava por que ela não poderia estar também?
Horas se passaram, disso Mason tinha certeza, pois acompanhava o
movimento da lua pelo céu escuro, esse que combinava com ele naquele
momento, sem estrelas e coberto por nuvens densas e acinzentadas, as cores
haviam ido embora. Ele não conseguia dormir, seu corpo estava cansado, mas
sua mente estava eletrizada, seus olhos estavam cansados, mas não conseguia
relaxar e fechá-los.
De repente uma frase de sua série favorita, Supernatural, favorita de Lua
também, ele se corrige mentalmente, vem em sua mente.
“Se deu certo ou não, não importa, o que importa é que eu tentei e fui o
mais longe que pude.”
Aquela frase o fez refletir, ele havia realmente tentado e não dera certo,
mas tentara e não se arrependia de tê-lo feito, mas o pior de tudo, a triste
verdade que ele deveria aceitar a verdade que ele teria que encarar e seguir
em frente era que aquele momento era o mais longe que iria alcançar, era o
mais longe que chegaria.
É nem sempre temos o que desejamos. Ele pensa consigo, olha para o lado
e observa Luna dormir, tão serena, tão linda, ele permanece por um tempo
daquela maneira, só a observando, olhando ela inalar e soltar o ar, o
movimento ritmado e sutil que sua respiração exercia sobre seu corpo.
Aquilo seria difícil, ser somente amigo dela, mas ele havia lhe dado sua
palavra que ele seria o que ela quisesse que ele fosse, ele havia prometido e lá
estava ele deitado ao seu lado, olhando-a dormir.
Ele ficava repetindo uma frase em sua mente, um pensamento que ele tinha
de vez em quando, um pensamento que ele tentava convencer a si próprio que
seria o suficiente, mas agora mesmo repetindo aquela frase mentalmente ele
tinha dúvidas se seria o suficiente para ajudá-lo como das outras vezes
haviam sido. Uma frase que por muito tempo fora o seu conforto, que
impedira dele cometer besteira e estragar a amizade dos dois.
É melhor tê-la como amiga do que não a ter de maneira nenhuma. Disse
mais uma vez em sua cabeça e com um longo suspiro fecha seus olhos.
“Eu não finjo ser uma pessoa que não sou apenas não faço coisas que vou me arrepender depois”
Wolverine

Luna Iasune

Luna acorda com o som dos carros lá embaixo na avenida e o barulho das
buzinas. O dia estava levemente nublado quase como se o universo estivesse
ligado aos seus sentimentos.
Ela olha em volta, a noite de ontem havia sido intensa, só em pensar de
Mason a deixava inquieta e mexia com ela. Luna se sentia como Pedro
Petticrew quando sua lealdade ao lorde das trevas foi testada.
Já era confusa o suficiente sozinha. Porra, ela pensa, por que a vida não
pode ser simples e descomplicada?
Poderia fechar os olhos para as coisas que não queria ver, mas não podia
simplesmente fechar os olhos para as coisas que sentia. Aquilo era
impossível.
Ela se levanta e arruma seus cabelos, olha em volta e fica surpresa ao notar
que seu amigo já não se encontrava mais ali. Será que tinha ido embora assim
que ela adormecera?
Como ele mesmo já havia dito ia ser difícil ser apenas amigo dela.
No começo Luna até poderia imaginar os dois juntos. Mason tomava todo
o espaço em seus pensamentos, um único beijo, abraço ou caricia que fosse já
desencadeava um misto de sentimentos. Quando estava com ele Luna passava
por sensações inexplicáveis, mas então logo em seguida as dúvidas surgiam,
será que daria certo? Ela tinha andado pensando em ter um tipo de amizade
colorida, sabe? Aquele amigo-namorado, aquele que você pode contar
sempre, até mesmo quando você está carente, aquele amigo diferente, mais
especial e “beneficiado” que os outros, mas não sabia se daria certo, poderia
ser “amorizade”.
O problema é se vira amor. O amor por vezes destrói, machuca, e então a
amizade seria perdida para sempre, e o que um dia foi amizade o amor
acabara destruindo. A questão é será que valia à pena arriscar?
Com Mason tudo era uma grande bolha de incertezas, ela sabia que ele
sempre estaria com ela nos momentos difíceis, não valia à pena arriscar o que
tinham por algo que um dia acabaria mal, pois afinal de contas Mason é o
tipo de cara que não se apega e nunca quer nada sério.
Era difícil pensar em um relacionamento com seu melhor amigo e não
lembrar de seu passado. Momentos que compartillhara com uma pessoa que
pensara ser a certa, mas infelizmente descobrira, de uma maneira não tão
legal, o quanto podemos nos enganar com a idealização de alguém. Dez anos
atrás havia caído nessa armadilha, um simples sorriso e sua vida nunca mais
fora a mesma. Aquele dia foi o nascimento de uma Luna medrosa e confusa.

Flashback dez anos atrás.


Luna já estava morando no Japão a mais ou menos dois meses e ainda não
tinha se acostumado com a rotina, os costumes eram muito diferentes e pôr
fim a escola era bastante dura.
As aulas tinham seis horas de duração, o intervalo era bastante curto, as
regras eram rígidas e ela, bom, ela não se encaixava nos padrões por ser
estrangeira.
Na maioria das vezes almoçava sozinha. Luna precisava se dedicar muito
mais que os outros alunos já que começara a aprender japonês.
Naquele dia de verão ela havia sido designada por seu Sensei a levar
alguns documentos até a secretaria, como ela fazia parte do corpo estudantil
não poderia negar tal pedido.
Sempre seguida de olhares e burburinhos nos corredores sabia exatamente
o que falavam dela.
“Olhe só a nova aluna ela é tão esquisita”.
Esses eram a maioria dos comentários. Por um tempo não ligou, mas agora
estava ficando até difícil respirar.
A pilha de papeis que levava cobria toda sua extensão, ela estava quase
chegando ao seu destino quando tropeça e acaba caindo espalhando toda
aquela papelada no chão. Luna se auto xinga enquanto se abaixa para pegar
as folhas é então que ela vê uma mão surgir e começar a ajudá-la.
Erguendo seu olhar ela encontra um lindo rapaz, diga-se de passagem, ele
não parecia com os outros, não parecia ser japonês e ela sabia disso porque
seus traços denunciavam descendência coreana. Ele sorrira para ela
gentilmente. Até agora esse tinha sido o sorriso mais sincero que recebera
desde sua chegada, não era como os sorrisos falsos educados que os outros a
ofereciam, não, esse era verdadeiro.
O garoto tinha cabelos pretos com um corte moderno, estavam um pouco
bagunçados, mas ainda assim estava perfeito, sua boca era bonita e bastante
convidativa, ela não pode deixar de encarar aquela região e notara que ele
havia percebido, pois seu lindo sorriso aumentou gradativamente.
Ela desvia seu olhar e pega o restante das folhas caídas ali, o garoto se
levanta ao mesmo tempo em que ela.
— Cuidado — Ele fala gentilmente.
— Gomenasai — Luna se desculpa.
— Está tudo bem, precisa de ajuda? — Ela o vê tirar todo o material
impresso de suas mãos.
— Não eu... Posso levar isso — Diz com dificuldade.
— Você não fala muito bem o japonês não é Luna? — Ela o encara
confuso, como ele sabia seu nome?
— Como... Como...
— Como sei o seu nome? — Ela o nota sorrir ainda mais ao completar sua
frase. Era oficial Luna amava aquele sorriso.
— É difícil não saber o nome da garota nova que é assunto entre os alunos.
— Ahh — Ela fala enquanto caminha ao seu lado.
— Se quer saber você é bem interessante — O garoto sorri de lado
enquanto para bem em frente à secretaria da escola.
— Arigato pela ajuda — Ela o agradece e pega os papeis, suas faces agora
estavam levemente coradas.
— Nandemo — Ela o escuta dizer e logo se afastar.
Ela nem sequer teve a oportunidade de perguntar seu nome. Luna encara a
silhueta de o garoto ir cada vez mais longe, ela não sabia quem ele era, mas
sabia que precisava descobrir.

Dias atuais.
Ela afasta tais lembranças e se levanta indo em direção ao seu apartamento.
Mason não havia deixado bilhetes, ele sempre deixava, mas a falta do bilhete
não a surpreendia.
Depois de ontem, das coisas que disse o que você esperava? Ela se
repreende, talvez fosse melhor assim, mas a falta do bilhete fez seu coração
fraquejar.
Pare com isso Luna é só a porra de um bilhete, sua consciência dizia.
Ela dá uma última olhada para o terraço. Teria que limpar aquilo em breve,
traços do ano novo que teve com ele, quando tudo começou a ficar difícil.
Luna entra em seu apartamento após descer as escadas de acesso ela toma
um banho rápido, por sorte não estava atrasada para o trabalho. Tinha tempo
suficiente para passear com Misty no parque. Ela se lava e depois troca de
roupa, escolhe um moletom de Hogwarts e uma calça jeans desbotada,
amarra seus cabelos em um coque, assim que sai do quarto encontra Misty
com a coleira na boca à sua espera. Garota esperta, lua pensa, ela sabia
exatamente o que viria a seguir então colocando a guia em sua coleira parte
para seu passeio.
O dia ainda se mantinha nublado, o clima estava agradável, Misty corria e
brincava com um graveto velho que encontrara. Luna estava sentada em um
banco com um copo descartável de café preto que havia comprado ali
próximo, ela observa sua cadela se divertir, sua vida parecia tão simples,
comer, dormir, brincar e comer novamente.
— Labradora sortuda — Ela diz para si mesma.
Ela beberica o seu café e observa o movimento do parque, pessoas
correndo e passeando com seus cães, vendedores de balões e algodão doce,
crianças brincando, típica cena de uma manhã.
Ela minutos depois sente a aproximação de alguém e com um gesto
discreto nota um senhor de terno e gravata com um chapéu de aba curta se
sentar ao seu lado, ele abre o seu jornal alheio a presença de Luna,
provavelmente devia estar indo para o trabalho e decidiu ler um pouco antes
de seu horário rotineiro, ela constatou.
O homem levanta o jornal cobrindo seu rosto e é quando bem na sua frente
na coluna social do jornal uma foto salta a seus olhos.
Era Mason junto a Bárbara, ele estava com a mão em sua cintura e sorria,
mechas de seu cabelo caiam sobre seus olhos e bem em cima das fotos com
letras em destaque estava escrito:
Filho da mãe! Ela se levanta bruscamente do banco e assobia para sua
cadela que corre em sua direção deixando de lado seu brinquedo de madeira.
Luna coloca a coleira em sua amiga e segue para casa, nem sabia por que
tinha ficado alterada ao ver aquela notícia, quer dizer eles eram amigos não é
mesmo?
Ao chegar em casa Luna retira seus tênis com um rápido movimento das
pernas, segue até a cozinha e nota que o aparelho celular de seu amigo
descansava no balcão, e consta que ele o esquecera.
Movida pela curiosidade ela o pega e liga a tela, havia duas mensagens de
voz das quais pertenciam a siliconada ela então clica na primeira mensagem.
— Good Morning Kitten, estou morrendo de saudades quando vem me
ver? — A voz manhosa dela ecoa pelo cômodo.
Ela suspira fortemente enquanto clica na segunda mensagem — Não sei o
que deu em você ontem à noite Love. Mas eu te perdoo, o sexo é ótimo, não
vale a pena desperdiçar algo assim, não vamos rotular estava bom do jeito
que estava, não é? Te espero hoje aqui em casa my Love estarei usando
aquela peça de roupa que tanto ama tirar, kisses.
Aquilo tinha sido o suficiente, ela larga o celular sobre o balcão. Depois de
tudo o que ele lhe dissera ontem, todas aquelas palavras e sobre ela ser seu
ideal. Depois de tudo, mesmo assim ele iria se encontrar com aquela
siliconada.
Cai na real Lua, sua razão gritava, ele só queria transar com você, tudo
aquilo havia sido lampejo de desejo acumulado, ele mesmo admitira não
saber o que sentia.
Aquele era Mason Carter e ele não iria mudar. Ainda assim ela sentia seu
peito comprimir, sim ela o havia magoado e não podia sequer sentir raiva por
ele procurar consolo, mas acontece que o que ela sentia era uma raiva
descomunal.
Um coração partido faz parte da vida não é? No meu caso, partido duas
vezes. Ela pensa.
Se apaixonar pelo melhor amigo faz parte. Ter uma melhor amiga faz
parte, e ter milhões de outras também. Chegar em casa chorando por um dia
no trabalho não ter dado certo faz parte. Brigar com seus pais por coisas
fúteis, acordar com uma espinha, ouvir mil e uma besteiras da sua amiga faz
parte. Cair e tropeçar, ver e chorar, sentir e sorrir, assistir e emocionar, crer e
receber, errar e perder, amar e quebrar, tudo isso faz parte.
Ninguém está salvo, não se deixe criar barreiras para vida que está aí fora,
porque a vida não é e nunca vai ser boa com você. Então, cabia a ela deixar
tudo o mais confortável possível.
Não podia se deixar abater por aquilo, mas também não desejava ver
Mason tão cedo. Após um tempo decidindo o que fazer ela simplesmente se
arruma para o trabalho e ao descer na portaria entrega o celular digamos
“Recém-formatado” do seu amigo a Paulo, ela o instruiu a devolver ao dono
quando ele aparecesse e que se perguntasse por ela avisasse que havia saído
mesmo ela estando em casa e sem questionar Paulo acena com a cabeça.
Luna então segue até o estacionamento entra em seu carro e parte para a
clínica.

Mason Carter
Ele estava ficando irritado com aquela situação, aquilo só podia ser
brincadeira.
— Paulo fala sério! — Ele segurava com força no balcão da recepção do
prédio onde Luna morava — É impossível uma coisa dessas, três dias Paulo,
TRÊS DIAS! — Ele elava a voz.
— Sinto muito Dr. Carter, mas a senhorita Luna está com a agenda
ocupada, todos os dias chegando tarde e saindo cedo.
Mason encarava aquele porteiro baixinho, sabia que era mentira, aquilo
nunca acontecera antes, ela o estava evitando, mas ele não compreendia o
porquê daquela situação, não fazia sentido, ele ficara com ela, mesmo depois
de tudo o que dissera ele escolhera ficar por mais que fosse um sacrifício.
Ele havia dormido lá com ela, abrira seu coração, dissera coisas que nunca
pensara em dizer para alguém, pediu ajuda a ela para descobrir o que sentia,
ele havia implorado para beija-la. Sério isso Mason? Você é ridículo. Mas o
fato era que havia feito aquilo, e nada foi o suficiente para fazê-la mudar de
ideia, ela havia feito sua escolha.
Aquilo não faz sentido, por que está brava comigo Lua? Ele se
questionava.
— Ok Paulo — Suspira irritado— Diga a ela que estive aqui — Ele pega a
chave do bolso e roda entre os dedos— De novo.
Sem dizer mais nada ou esperar por uma resposta de Paulo ele deixa o
prédio e entra em seu carro.
Ele procurava algo em sua mente, alguma coisa que pudesse ter feito, mas
não conseguia se lembrar de nada, se tinha alguém para ficar chateado com
algo, aquela pessoa era ele. Ele repassava aquela noite em sua mente,
repassava aquela manhã. O que havia feito de errado?
Naquela manhã ele acordara atrasado, muito atrasado na verdade. Ao abrir
os olhos e ver o sol brilhar sobre eles, se sentou assustado, pegara seu celular
ao ver o horário se levantou correndo, era pra ele ter começado seu plantão há
15 minutos, ao ficar de pé olha sua roupa, estava de pijama teria que passar
na sua casa e se trocar.
Ele lembra de ter dado um beijo rápido no rosto de sua amiga adormecida,
agora se lembrara que não lhe deixara bilhete, não tivera tempo, apenas
desceu até o apartamento, foi até a cozinha onde havia deixado a chaves do
carro no balcão e saiu.
Naquele dia atrasara suas consultas em mais de uma hora e por conta disso
saíra muito além de seu horário do hospital, mas logo que saiu fora direto
para casa de Luna, para lhe explicar o porquê de ter saído sem avisar, de ter
sumido sem notícias.
Quando chegou à portaria, Paulo o fiel escudeiro de sua amiga, veio em
sua direção dizendo que Lua não estava em casa e que mandara lhe entregar
uma coisa, então estende o celular dele em sua direção, nem havia notado que
passar o dia todo sem ele. Ao ligar seu aparelho sua irritação só aumenta, não
havia nada nele, nenhuma foto, música, contato, tudo havia sido apagado.
Mason achara incomum sua amiga não estar em casa uma hora daquelas, mas
acabou indo embora.
E assim se passaram três dias, ele ligara várias vezes, havia lhe mandado
inúmeras mensagens, fora até sua casa milhares de vezes e em todas elas
Paulo dizia que ela não estava. No começo ele acreditou, um pouco relutante,
mas acreditou. Mas aquela era tipo a centésima vez que ia até lá só naquele
dia e assim chegou à conclusão de que ela o estava evitando e mesmo agora
depois repassar todos os acontecimentos mais uma vez enquanto dirigia até
sua casa, Mason não conseguia entender o que acontecera, não via o que
havia feito de errado.
Luna devia estar bem sem ele, com certeza devia estar com Dr. Pequena
sereia, o senhor perfeição, senhor certinho, a escolha de Luna. Novamente é
levado para aquela noite no terraço, as palavras que leh dissera ainda doíam
dentro dele, a ferida estava cicatrizando, mas ainda estava aberta o suficiente
para doer, sabia que seria um processo um pouco lento, não seria fácil, mas o
que ele poderia fazer, não iria forçá-la a nada, jamais tiraria a escolha dela.
Argh queria ter a mutação de Wolverine e ter uma super-regeneração.
Por alguns instantes naquela noite ele pensara que Luna sentia algo por ele,
ele podia jurar ver algo em seus olhos, sentir em sua voz, ele havia visto
como ela reagira ao toque de suas mãos, língua e lábios. Mas talvez tivesse se
enganado, talvez fosse o que ela dissera, carência.
Ele passara esses três dias se ocupando o máximo possível, fizera inúmeras
horas extras no hospital e quando não estava trabalhando, nas poucas horas
que restavam de seu dia ou estava vendo TV ou dormindo. Ele não queria que
as coisas entre eles mudassem, bem ele queria, mas Luna não fora muito
adepta dessa mudança, ele não queria que mesmo depois daquilo que
acontecera a relação entre eles mudasse e por ele não mudariam, havia
prometido que seria apenas seu amigo, mas o que diabos acontecera com
Lua? Por que ela estava agindo daquela maneira? Por que não queria falar
com ele?
E ao pensar que sua irritação não pudesse piorar, ele escuta um bip do seu
celular, pega o aparelho esperançoso pensando que poderia ser Luna, mas
solta suspiro irritado ao ver que mais uma vez era Bárbara. Desde o jantar ela
vinha lhe mandando mensagens, dizendo que havia sido um erro, que ela o
perdoava, que queria vê-lo, que sentia saudade. Ele não respondera nenhuma
daquelas mensagens, ignorava todas, uma hora ela se cansaria. Como que não
podia entender que estava tudo acabado entre eles? Ele havia terminado com
ela e sabia que aquele era o problema de aceitação de Barbie, ele havia feito e
não ela, mas não iria voltar atrás, já havia tomado sua decisão.
Ele aguardava o semáforo abrir, tamborilava os dedos no volante, sua
mente estava a mil, estava cansado, irritado, chateado e machucado, nem
prestava atenção na música que tocava e preenchia o interior do carro.
Ao olhar para direita avista uma floricultura de esquina e bem na frente
pode ver tulipas em exposição. Sabia bem quem gostaria daquelas flores. Ao
invés de seguir em frente e ir para casa, ele vira à direita e estaciona próximo
aquela loja, compra um buque de tulipas vermelhas as colocando com
cuidado no banco de passageiros ao seu lado.
Ele pegara toda aquela tarde de folga com a intenção de visitar Luna ou de
descobrir o seu paradeiro, mas agora havia outro destino em sua mente, sabia
muito bem aonde iria. Seu coração precisava de um pouco de conforto.
“É sobre o que você acredita. Eu acredito no amor e apenas o amor pode salvar o mundo”
Diana Prince

Melissa Carvalho
— Muito bem senhora Carvalho, pronta? — A médica do hospital do qual
Melissa tratava seu câncer à pergunta já com a sala de radioterapia à sua
espera.
— Sim doutora— Ela responde com um fraco sorriso no rosto. Aquela já
tinha sido sua segunda radioterapia na semana, isto sem contar as sessões de
quimioterapia, suas taxas sanguíneas estavam baixas e ela sentia todo tipo de
náusea e cansaço.
A médica pede para que uma de suas enfermeiras a leve até a sala para
então começar o procedimento. A radioterapia pela qual passava era estéreo-
táxica o que permitia que fosse concluída em um curto espaço de tempo,
várias doses eram aplicadas a cada cinco dias na semana onde a maioria delas
era focada no tumor em si que se localizava na parte inferior do fígado, uma
parte que infelizmente era inoperável, portanto só restavam as rádios e
quimioterapias para tentar diminuir o dano.
Era assim sua rotina diária, quimioterapias seguidas muitas vezes de
radioterapias, três remédios diferentes três vezes ao dia.
Recentemente a pedido do seu filho ela começara uma nova droga que não
funcionava na maioria dos casos de câncer avançado, mas que por milagre
funcionaram com ela. Durante um tempo as dores foram diminuindo e o
tumor parecia ceder dando a Melissa uma fina esperança de continuar viva ao
lado do seu amado filho.
Bom isso até a semana passada quando as dores retornaram e sua médica a
informara que infelizmente o tumor havia aumentado. Ela não contou a seu
filho sobre isso, não queria alarmá-lo, além do mais sabia que seu tempo
estava acabando e não pode deixar de pensar em como chegara até aquele
momento.

Flashback 29 anos atrás.


Melissa estava sentada na cozinha do alojamento da sua universidade de
pedagogia no Texas. Ela folheava o jornal a procura de um emprego de meio
período que a ajudasse com as despesas do campus, pois mais cedo sua mãe
ligara para informar que estava passando por dificuldades financeiras no
Brasil e que por isso precisaria cortar custos, tais como a taxa de pagamento
do seu alojamento.
Ela estava no último ano, por isso não poderia dar-se ao luxo de perder seu
alojamento. Melissa sabia da situação da mãe, ela era de uma família simples
do interior e sua mãe uma costureira e mãe solteira, que sempre fizera tudo
para que sua filha tivesse oportunidades melhores na vida.
Havia sido um enorme sacrifício a mandar para fora do país, pelo menos
não precisou se preocupar com os custos das mensalidades da Universidade.
Sempre foi seu sonho se formar no exterior, e quando em sua antiga escola no
ensino médio ela ouviu falar de um programa sobre a educação e sistema
pedagógico no exterior, ela se esforçou e recebera a feliz notícia de que havia
conseguido a bolsa e com isso as despesas das mensalidades estavam
garantidas. Mas agora ela estava por sua conta.
No jornal vários anúncios de emprego aparecem, porém nenhum ficava
perto da faculdade ou sequer eram de meio período. Quando já estava quase
sem esperanças um anuncio em especial, um que lhe chamou atenção, pois
além de pagar muito bem envolvia crianças. O casal procurava uma babá de
meio período para cuidar do seu filho pequeno, bom salário e também boa
localização. Ficava em uma fazenda nos arredores de Dallas próxima a Texas
Unitech University, era perfeito.
Ela pega seu telefone e liga para lá marcando uma entrevista para daqui a
dois dias, animada com a possibilidade de um novo emprego ela pega seus
livros e parte para sua aula.

Dias atuais.
Após terminar sua radioterapia ela parte para sua casa que ficava no centro
da cidade, seu filho a comprara para ela com todo conforto que se poderia
imaginar, além de também disponibilizar uma enfermeira particular que
passava todos os dias com ela. Ele sempre a visitava e levava suas flores
favoritas, passavam horas conversando sobre tudo.
Ao chegar em casa Maria, sua enfermeira e amiga, uma moça de mais ou
menos 24 anos, muito bonita com seus cabelos longos e negros, sua pele
branca quase translucida e um belo sorriso gentil a ajuda a se deitar, ela
sempre a acompanhava as consultas e cuidava da sua alimentação e muitas
vezes de sua higiene pessoal.
Quando se encontrava debilitada demais, a garota era sempre gentil e
quando seu filho a visitava não podia deixar de notar que ela sempre ficava
por perto, bom, Melissa desconfiava que entre eles já havia acontecido algo,
se estivesse errada pelo menos tinha a certeza de que Maria queria que aquilo
realmente acontecesse, porém como uma boa profissional preferia não
comentar.
— Irei preparar um lanche está bem? — Ela pergunta se certificando de
que Melissa estaria bem sozinha por alguns minutos.
— Sim Maria pode ir — Melissa sorri e encosta-se ao seu recém-arrumado
travesseiro.
— Ótimo, volto em vinte minutos com seus remédios — Ela diz saindo do
quarto.
Melissa olha pela enorme janela do cômodo e escuta o farfalhar das folhas
da árvore que ficava em seu quintal. No começo de seu tratamento ela
adorava sentar-se na sombra daquela árvore e ler um bom livro. Hoje em dia
com todos os procedimentos médicos e remédios que a deixavam
constantemente exausta aquilo já não era mais possível.

Flashback 29 anos atrás.


Melissa se encontrava na entrada da casa, ou melhor, da mansão da qual
seria entrevistada para o emprego. A fazenda era enorme. Os donos eram
Emily e Roger Carter. A família Carter era conhecida por suas enormes
propriedades e criações de cavalos puro sangue juntamente com gado que
abastecia metade dos abatedouros do Texas.
— Senhorita Carvalho? — Os pensamentos de Melissa são cortados pela
voz simpática de mulher que dizia seu nome.
Melissa se vira em direção à voz e encontra uma mulher loira bastante
elegante com cabelos compridos que se dirigia a ela, a mulher estava
descendo as escadas que davam acesso ao segundo andar da enorme casa.
— Sim, muito prazer. Melissa Carvalho — Ela a cumprimenta quando a
mulher para poucos metros dela, Melissa estende sua mão e a loira à pega
com um sorriso gentil no seu rosto.
— Sou Emilly Carter, é um prazer conhecer você — Ela diz em um tom
deveras cortês. — Como deve saber senhorita Carvalho meu marido e eu
somos pessoas bastante ocupadas e nosso filho tem um pouco mais de um
ano, não posso submetê-lo a viagens exaustivas que constantemente fazemos
e também não posso deixá-lo sozinho. Mason é uma criança bastante inquieta
e um pouco bagunceira e precisa de supervisão.
— Eu entendo senhora Carter e posso garantir ser a pessoa certa para o
trabalho.
— Nós já entrevistamos duas outras candidatas, porém nenhuma delas me
agradou ou ao meu filho até agora, o que você teria a nos oferecer? Que
diferencial teria das outras?
Melissa pensa na sua resposta.
— Bom. Além de estar no último ano de pedagogia eu me dou muito bem
com crianças e sou bastante paciente, tenho certeza que me daria muito bem
com seu filho.
— Veremos, eu irei apresentar você ao meu pequeno Mason, poderia me
acompanhar? — Emily aponta para o lado sul da casa onde ficava o que
Melissa suspeitava ser o jardim.
As duas mulheres seguem por uma ampla área até chegarem ao jardim
onde se encontrava uma bela piscina quase de tamanho olímpico com
proteção nas laterais, uma churrasqueira clara e um playground construído
especialmente para o filho com escorrega, gangorra e balanço.
— Mason! Querido venha aqui conhecer uma amiga da mamãe — Emily o
chama e logo Melissa nota um vulto loiro surgir de trás do escorrega.
O garotinho tinha cabelos loiros até os ombros da cor de sua mãe, porem
seus olhos eram diferentes dos de Emily, eles eram azuis enquanto os de sua
mãe eram castanhos mel. Ele segurava na sua mão esquerda uma nave
Enterprise da série Star Trek e sorria com os bracinhos levantados a procura
de colo, Emily o pega e se vira para Melissa.
— Olá Mason — Melissa o cumprimenta, o garotinho a avalia por alguns
instantes com seus olhos percorrendo sua face e logo ela o nota abrir um
sorriso para ela e lhe estende seu brinquedo.
— Trek, Trek! — Ele fala lhe mostrando sua nave.
— Sim, é uma bela nave, sabe o Spock é um cara muito legal — Ela sorri e
logo o garotinho se anima.
— Ele gostou de você senhorita Carvalho — Emily sorri
esperançosamente, sua expressão parecia de alívio, com certeza já havia
entrevistado muitas outras candidatas e como era havia comentado seu
pequeno Mason parecia não ter gostado das outras, sendo assim ela também
não gostara.
— Por favor, me chame de Melissa, senhora Carter.
— Bom, Melissa eu também gostei de você o emprego é seu se quiser,
começaria amanhã mesmo, está interessada?
Melissa sorri.
— Sim eu agradeço muito — Diz sem conter sua empolgação.
Mason que agora saíra dos braços de sua mãe puxava a barra da saia de
Melissa, ele queria que ela a seguisse e assim ela o fez. Mason a levou a
passos apressados até onde se escondia, revelando vários outros brinquedos
espalhados naquela área todos do universo Star Trek, sorrindo ambos
começam a brincar, ele fingia ser o comandante Kirk e Melissa o Spock, ela
sentia que logo amaria aquele garotinho.

Dias atuais.
— Prontinho Melissa — Ela é tirada de seus devaneios por Maria que
agora entrava em seu quarto com uma bandeja com sopa e ao lado seus
remédios.
— Obrigado Maria — Melissa sorri enquanto pegava o frasco com sua
dose diária de medicação.
— Depois que tal um pouco de TV? — Sua enfermeira pergunta — Faz
tempo que não sai desse quarto a não ser para ir ao hospital.
— Seria ótimo, eu vou adorar — Ela diz após tomar seus remédios.
— E seu filho. Ele vem te visitar hoje?
Melissa nota a forma como ela pergunta sobre ele, é com certeza ela se
interessa por ele, ela pensa.
— Acho que sim faz tempo que ele não vem.
— Que bom! — Ela se exalta — Quer dizer que bom que você vai vê-lo,
não é? — Maria desconversa.
— Sim Maria que bom mesmo — Melissa sorri com malícia.
— Bom eu vou arrumar a cozinha, você fica bem sozinha?
— Claro, pode ir só vou terminar de tomar essa sopa e a chamo para me
levar à sala de TV ok?
— Tudo bem — Maria mais uma vez sai do quarto deixando Melissa à
mercê de suas lembranças.

Flashback 29 anos atrás.


Melissa já estava trabalhando para família Carter a mais ou menos cinco
meses e não podia estar mais feliz, ela havia criado um enorme vínculo com
Mason e Emily se tornou sua grande amiga assim como Roger que apesar de
ser um homem fechado na maioria do tempo era gentil e nunca a tratou mal.
— Lissa! Lissa! — Mason a chamava.
— Fala anjinho? — Ela responde o chamando pelo apelido que o dera.
— Vida prospera e longa — Dizia com a língua um pouco enrolada
enquanto tentava fazer o sinal de mãos com suas pequenas mãozinhas e
quando não consegue faz biquinho insatisfeito.
— Anjinho eu vou te ensinar é assim — Ela afasta seus dedinhos — Vida
longa e prospera capitão Kirk — Ela faz cócegas em sua barriguinha
arrancando risinhos.
Melissa sabia assim que olhou para aquele garotinho que o amaria e assim
aconteceu, ela o amava como se fosse seu filho, amava os momentos que
passava com ele, as brincadeiras e até mesmo as birras que ele fazia quando
não queria comer legumes.
— Lissa! Olha pra mim — Ele gritava do escorrega.
— Estou olhando anjinho — Ela sorria ao vê-lo descer várias vezes, aquela
tarde havia sido maravilhosa cheia de risadas e brincadeiras. Lembranças que
guardaria para sempre.

Dias atuais.
Melissa já havia terminado sua sopa e agora Maria a ajudava a se levantar,
juntas as duas caminham lado a lado até a sala e sua enfermeira liga a TV
onde se passava um reality Show qualquer.
— Precisa de algo? — Maria pergunta.
— Pode pegar um copo de água para mim Maria? — Melissa a pede um
pouco ofegante, era frustrante como aquela pequena caminhada do quarto até
a sala de TV a havia cansado.
— Sim eu já volto — Ela diz indo rapidamente em direção a cozinha.
Sozinha na sala e com a TV ligada ela se permite desfrutar daquele
pequeno momento do qual não sentia tanta dor assim.
— Olha só quem está aqui na sala— Ela escuta aquela voz com um tom
sempre animado que ela amava.
Ela se vira para a voz apaziguada e gentil que sabia a quem pertencia, ela
sorri para ele enquanto seu filho estendia para ela um buque de tulipas
vermelhas suas flores favoritas.
— Como vai mamãe? — Ele beija sua testa.
— Olá meu anjinho.
“Por que está tão triste?”
Coringa

Melissa Carvalho
— Olá meu anjinho — Melissa encara seu filho, sentada na poltrona da
sala.
— Como tem passado? — Ela o escuta perguntar após beijar sua testa e se
sentar à sua frente.
— Bem, na medida do possível— Ela suspira e pega o buque de flores das
quais ele lhe oferecia— E você meu bem? — Pergunta enquanto colocava o
buque de tulipas na mesinha de centro.
Ela percebe que ele hesita ao ouvir sua pergunta, conhecia seu filho bem
demais e sabia que algo o incomodava.
— Brigou com ela não é mesmo?
— O que? — Ela o vê encará-la.
Ela sabia que seu filho estava tenso, podia notar o seu cenho franzido e só
existia um motivo para isso e esse motivo tinha nome e endereço.
— Mason— Ela o questiona, seu tom levemente reprovativo, então ela o
escuta soltar um grande suspiro. — Tudo bem me conte o que você fez?
— Por que eu tenho que ter feito algo? — Ela o nota ergue suas
sobrancelhas em desafio.
— Você não fez?
Melissa o vê se encostar-se à poltrona.
— Na verdade eu não sei, acho que brigar não é a palavra certa.
Ele encarava seus dedos que repousavam nos braços da poltrona.
— Gostaria de conhecê-la um dia, ou melhor, logo, não sei quanto tempo
mais terei — Sorri docemente.
— Ahh mãe não diga tal coisa, a senhora vai ficar bem e quem sabe eu não
a traga aqui um dia para que possa conhecê-la.
Ela sabia que aquilo era uma vasta tentativa de animá-la, porém tinha
noção de que seu tempo estava se esgotando, a doença a consumia a cada dia
e a cada dia ela sentia-se definhar lentamente, mas mantinha a expressão
calma sabia que Mason não estava pronto para vê-la partir.
— Não quero mais você falando tal coisa hein mocinha? — Ela então sorri
para ele.
— Está bem. — Ela suspira mais uma vez captando o cheiro fresco das
flores — Você não me contou o motivo da sua preocupação. Será que terei
que adivinhar? — Ela tossia e então leva seu lenço até a boca abafando o som
e escondendo as finas cutículas de sangue que manchavam o pequeno pano.
— Mãe é meio complicado— Ela o escuta bufar — Eu e Lua somos
apenas amigos e ela deixou isso bem claro.
— Ela te rejeitou, foi isso? — Melissa o vê concordar com um aceno. —
Sinto muito querido.
Ela mais uma vez tosse então esticasse até a mesa de centro e bebe um
pouco da água que Maria trouxera.
O câncer um dia a iria levar e Melissa sabia bem disso, ela apenas
lamentara não ter feito tudo o que podia por seu filho. A cada dia estava mais
fraca, as doses de medicamentos estavam insuportáveis e a dor sequer
passava apesar da doxorubicina e fluxoridine mais conhecida como FUDR
tomada diariamente para a diminuição das dores, elas mal passavam tornando
assim as idas frequentes ao hospital longas e tediosas.
— Talvez querido ela goste de você só não perceba.
— Isso é pouco provável — Ela o escuta rebater.
— Ou talvez seja você que não perceba isso, sempre foi meio lerdo quando
o assunto é relacionamento.
— Até tu Brutus? — Ela sorri acompanhada do som dá risada dele.
— Tire a prova dos nove meu bem, tente mais uma vez e não desista.
— Prova dos nove?
— Às vezes esqueço que não está familiarizado com certos dizeres
brasileiros — Ela ria.
— Vocês se dariam super bem, iriam me infernizar. Pensando bem mudei
de ideia a senhora não irá conhecê-la.
Os dois riem juntos.
— Ahh não, agora quero realmente conhecer essa menina. — Ela leva seus
dedos até seu queixo e pensa — Por que não leva flores para ela, toda mulher
ama ganhar flores.
— Não sei. Talvez seja melhor ela ficar com esse Luis mesmo.
— Mason Carter desistindo é isso?
— Não sei que flor ela gosta ou se é alérgica.
— Do que ela gosta então?
— De tudo o que eu gosto, resumindo ela é minha versão feminina.
Tirando a parte de ser mulherengo.
— Então ela é perfeita — Ela o encara com um sorriso nos lábios — Sabe
o seu pai sempre dizia que quando você encontra sua metade suas mãos se
encaixam perfeitamente.
— Mãe a senhora é uma romântica.
Ela dá de ombros.
— Enfim mamãe não acho que flores sejam a solução, já fazem três dias
que não nos falamos e ela nem responde minhas ligações ou mensagens.
Disse que havia sido um erro e que deveríamos ser somente amigos e aquilo
me doeu tanto que não sei explicar — Ele abaixa seu olhar encarando suas
mãos novamente — Eu pensei que ela houvesse percebido que queria algo a
mais do que a amizade. Eu não entendo, eu fiz o que ela pediu disse que seria
só seu amigo e agora ela não fala comigo há três dias.
Melissa o encara.
— Tente entender o lado dela anjinho vocês são amigos a o que? Dois
anos? Mesmo ela sentindo algo a mais fica difícil e eu acredito que ela sinta
mesmo algo a mais só não sabe como demonstrar ou tem medo. Vocês
sempre foram melhores amigos e de repente ela pode ter se assustado ao vê-
lo tentando mudar esse título, nós mulheres encaramos os sentimentos de
forma diferente. — Ela sorria — Eu não criei você para desistir assim tão
fácil além do mais estando apaixonado.
Ela o vê erguer o olhar e a encará-la incrédulo, será possível que depois de
todo esse tempo ele ainda não havia chegado a tal constatação? Homens. Ela
pensa.
— Apaixonado?
— Sim, toda vez que fala dela você sorri, quando brigam você sempre fica
triste e quando não se veem passam horas no telefone ou mandando
mensagens um para o outro, você a protege, se preocupa com ela, isso é amor
meu bem.
Ela sorria ao ver o olhar confuso de seu filho, sabia que ele um dia
perceberia a verdade que estava estampada em sua cara.
— Apesar de não a conhecer pessoalmente sei que ela nutre sentimentos
por você, eu pude ver no olhar dela naquela foto.
— Foto?
— Mariaaaaaa! — Ela grita com certa dificuldade e logo em seguida sua
enfermeira aparece de avental na sala — Pode trazer o jornal que guardei em
meu quarto? — Ela nota Maria concordar e depois ruborizar ao ver seu filho
ali sentado.
Quando retorna, segurava uma edição impressa do jornal e a entrega com
um sorriso no rosto que ela sabia ser voltado ao seu filho, logo em seguida
ela sai deixando-os mais uma vez a sós.
— Veja como ela o olha — Ela lhe entrega o jornal.
— Essa não é ela mamãe — Melissa o encara confusa ao ver folhear o
papel. — Essa é Bárbara.
— Bárbara? Achei que fosse Luna sua amiga, nem li a notícia apenas
constatei — Claro que ela havia lido e visto o nome da modelo ao lado de seu
filho, mas às vezes é necessário dar uma ajuda a esses homens que parecem
não entender o óbvio.
— Ela acha que somos namorados, mas não temos nada sério e Lua a
detesta e...
Melissa o nota cortar a frase e antes mesmo dele falar ela já imaginava o
que tinha ocorrido. Melissa com dificuldade se estica e dá um leve tapa na
cabeça de seu filho, ela sempre fazia isso quando ele não conseguia ver a
resposta que estava bem à sua frente.
— Aí, mãe — Ela o vê esfregar a nuca.
— Entendeu agora?
— Shit!
— Ai Mason o que vou fazer com você?
— Você acha que é isso mesmo? Ciúmes?
— Tenho certeza, ela deve ter visto a foto e achou que você não falava
sério com ela sobre seus sentimentos.
— Mas mãe ela disse que seriamos apenas amigos.
— Ela está com ciúmes querido, você nunca agiu por impulso quando
sentia ciúmes dela?
— Às vezes sim.
— As pessoas têm reações diferentes e a dela foi se afastar. — Ela o nota
se levantar da poltrona.
— Acho que tenho alguém para visitar.
— Concordo, mal posso esperar para conhecê-la — Ela lhe oferecia um
dos seus sorrisos gentis.
— Sim, a senhora vai. Preciso ir mãe te mantenho informada — Ela o vê
devolver seu sorriso. — Eu te amo.
— Também te amo agora Let’s GO e Mason?! — Ela vê seu filho se virar
já na porta. — I’am Here — Ela diz gentilmente àquelas palavras que eram
tão deles, palavras que significavam que ela estava ali e que nunca deixaria
de estar, palavras de conforto que afastaram a escuridão de dias passados,
palavras que tinham muito significado para ambos.
— I Know — O escuta responder e logo em seguida partir.

Mason Carter
APAIXONADO?
Isso era o que passava em sua cabeça desde o momento que sua mãe lhe
dissera aquilo, não se lembrava de quase nada da conversa depois daquela
palavra inesperada. Será que era isso? Aquele era o nome que vinha
procurando? Aquele era o nome para o sentimento desconhecido em seu
peito? Era AMOR?
Depois de tanto tempo refletindo e buscando por respostas, buscando por
um nome, todo aquele sentimento, aquele turbilhão em seu peito, aquilo tudo
se resumia em uma única e simples palavra?
Ok ele sabia que o amor poderia ser tudo, mas menos simples. Já perdera
muitos de seus amigos na faculdade para o amor, homens que diziam amar a
liberdade se entregaram de corpo e alma a ele no momento em que ele surgiu,
já vira muita gente se machucar por causa dele, mas também já vira muita
gente se transformar e se curar por causa dele.
O amor para ele era uma incógnita, afinal ele nunca o sentira, nunca se
apaixonara por ninguém antes, nunca encontrara alguém que o fizesse sentir.
Então como saber? O que era o amor?
Mason entra em seu carro com aquelas perguntas martelando sua cabeça,
se senta no banco do motorista onde fica por um tempo, não sabe ao certo
quanto, mas ele não estava com pressa, não conseguia sair, seu cérebro
sempre racional e ligado em fatos estava em um momento de busca,
procurando uma definição, tentando entender a extensão dos seus
sentimentos por Luna.
OK, vamos começar pela definição mais básica. Ele pensa.
Se formos olhar no dicionário a definição de amor é:
1. Forte afeição por outra pessoa.

Sim eu sinto isso por ela. Ele enumerava com os dedos da mão.
2. Atração baseada no desejo sexual.

Com certeza sinto isso por ela. Ele solta uma risada.
3. Demonstração de zelo.

Sim sou bastante cuidadoso com ela, talvez um pouco demais.


4. Relação amorosa.

É isso não tenho, mas não me importaria.


5. Atração sexual entre espécies animais.

Ok chega, pare. Já está de bom tamanho. Ele diz após os cincos dedos de
sua mão se encaixarem para cada definição que sua mente encontrara.
O amor não é tão simples que possa ser enumerado com os dedos de uma
mão, mas ele sabia que se procurasse mais definições talvez todas ou pelo
menos 90% delas se encaixassem.
Ele passa a mão nervosamente pelos cabelos e se olha pelo retrovisor.
— Ok Mason. O que é o amor para você? — Esquece o dicionário.
Não pode ser tão difícil assim, você deve saber alguma coisa sobre isso.
Então quando seus dedos terminavam de percorrer o caminho pelos fios de
seu cabelo, ele encara a ponta de seus dedos.
Quando você faz algo para outra pessoa simplesmente por que ela gosta,
como por exemplo, não cortar o cabelo por que ela gosta dele assim ou por
que você goste de sentir seus dedos sobre eles. Usar o mesmo perfume todos
os dias só por que você sabe que aquele é o cheiro favorito da pessoa.
Quando a pessoa faz as coisas que você gosta, apenas pelo simples fato de
você gostar. Quando as necessidades da pessoa se sobrepõem as suas.
Quando a companhia dessa pessoa é importante para você mesmo ela estando
com o pior dos humores, isso é amor.
Amor é o que te faz sorrir quando você está cansado, quando seu dia foi
horrível, mas então quando a outra pessoa aparece, ela o ilumina, afasta todas
as nuvens escuras e traz consigo o brilho e a luz.
O amor é uma junção de sentimentos conflitantes, é calmo e tempestuoso,
é leve e denso, é simples e complicado, é pacífico e exaltado, é confortável e
incomodo, é surpreendente e previsível, é o caminho para casa e ao mesmo
tempo um caminho desconhecido. E tudo isso Mason sentia dentro de si. Mas
uma coisa não era conflitante a respeito do amor e era que ele nos torna
melhores, faz com que sempre busquemos por coisas boas tanto para nós
quanto para a pessoa amada.
Ele se lembra de uma aula em particular de filosofia que assistira na
faculdade, uma matéria que era obrigatória em pelo menos um semestre.
Lembra da professora um pouco excêntrica dizer algo sobre o amor, ele não
sabia como e nem sabia o porquê se lembrava daquilo, daquelas palavras,
mas agora ali naquele carro as palavras dela vieram em sua mente como se
estivessem guardadas lá esperando o momento certo para fazerem sentido.
Ela dissera que você só saberá realmente o que é o amor, quando lhe
perguntarem sobre ele e você não pensar em uma definição e sim em um
nome.
E apenas um nome vinha em sua cabeça, a dona de seus pensamentos, sua
salvação e perdição, seu desejo mais profundo, mesmo quando ele não sabia
que era aquilo que sentia, que era ela que ele queria, mas lá estava aquele
sentimento recém despertado, mas ao mesmo tempo um antigo sentimento só
esperando o momento certo e a pessoa certa para acordá-lo.
Com todas aquelas conclusões que ele chegara, ele começa a rir dentro do
carro. Para quem passasse na rua e o visse daquela maneira, rindo sozinho e
encarando o retrovisor, pensariam que era louco, mas talvez fosse, afinal
ninguém é totalmente normal. Como já dizia o gato da Alice, nós somos
todos loucos por aqui.
Puta merda, eu amo aquela mulher. Ele pensava enquanto ria de si mesmo.
Ria de felicidade, de alivio, de frustração e pela sua burrice e lentidão para
perceber aquilo. Argh quando se trata de sentimentos sou muito Luis, lento e
perdido. Mas o que posso fazer? Nunca senti isso antes.
Quem diria Mason Carter apaixonado, se seus amigos da faculdade o
vissem agora não acreditariam naquilo, iriam tirar sarro e dizer que até ele
fora fisgado por aquele laço forte e implacável que era o amor. Ele suspeitava
que era o lobo solitário, o único do seu grupo de amigos que ainda estava
conseguindo fugir das garras daquele sentimento. Bem, agora não mais, a
alcateia estava desfeita e agora era a vez do alfa sofrer com aquele
sentimento.
OK o que faço agora?
Suas mãos seguram o volante com firmeza.
Minha mãe dissera para comprar flores, talvez funcione. Mas qual flor?
Ele coloca a chave na ignição dando a partida logo em seguida, o rádio é
ligado automaticamente e uma música que ele havia conhecido recentemente
começa a tocar. Era Unpack your heart do cantor americano Phillip Phillips.
Qual flor ela deve gostar? Ele pensava enquanto passava pelas ruas.
A única flor que ele conseguia pensar quando se referia à Luna, eram as
flores dono daquele cheiro que ele tanto amava, o cheiro que sempre que
sentia lembrava dela. Flores silvestres ou como são conhecidas também como
flores do campo. Ele abre um largo sorriso. Pronto comprarei um buque de
flores do campo.
Enquanto isso a música continuava.

♪♫
“Show me something the rest never see Give me all that you hope to
receive Your deepest regret dies with me”
♪♫

Ele para na mesma floricultura que esteve a alguns momentos antes para
comprar flores para sua mãe. Ao entrar pede para a atendente preparar um
grande buquê com as melhores flores do campo que ela tinha e assim ela o
fez. Ele coloca o arranjo no banco ao lado do motorista, entra em seu carro,
aperta com firmeza o volante.
— Vamos lá Mason, não deve ser tão difícil, chegou a conclusão de que o
que sente é amor, já é um grande passo — Ele liga o carro novamente e segue
para o seu destino.
Bem, só pode ser amor.

♪♫
“Bring your secrets, bring your scars Bring your glory, all you are Bring
your daylight, bring your dark Share your silence
And unpack your heart”
♪♫

Ele estava nervoso, nunca havia feito aquilo antes. Se lembra de vários
filmes de romance que já assistira na sua vida e o mocinhos dos filmes
faziam parecer que era tão fácil, chegar na mulher amada e se abrir, mas a
verdade é que não é fácil dizer para alguém que você a ama, ainda mais
quando você não tem a certeza se vai ser correspondido, a incerteza é a pior
parte, se você não tiver cuidado ela te consome.
As mulheres acreditam que é o homem que tem que dizer essas palavras
por primeiro, mas não entendem como é difícil para eles também, claro que
para alguns é mais fácil do que para outros, mas homem é tudo igual, quando
se trata de sentimentos são coisas um pouco difíceis pra eles. Para que um
homem diga tais palavras tenham certeza de que ele passou por vários
debates internos.
Quando um homem ama, muitas vezes ele fala mais com um olhar, um
gesto, um movimento, uma expressão do que a fala propriamente dita.
Alguns homens têm a facilidade de se expressar com a fala, mas na maioria
dos casos são mais retraídos e tímidos na frente de uma mulher. Mas ele vai
falar, mesmo que trema e gagueje, vai dar um jeito de falar.
Quando um homem ama verdadeiramente uma mulher, ele lembra de tudo
que se refere a ela, seu aniversário, sua cor preferida, sua comida preferida,
os lugares que gosta de ir, o que gosta de ouvir, sabem quando ela precisa
mais de seu silêncio do que uma frase de apoio, pode até dar a mancada de
esquecer o presente, o que é uma falha grave, mas isso não significa que ele
não a ame.
Aquilo não era fácil para ele, não sabia o que faria, chegaria lá e já jogaria
tudo pra cima dela? Não aquilo não ia dar certo, tinha que ir com calma,
entregaria as flores primeiro e depois tentaria guiar um diálogo ou faria um
breve discurso, ele ainda estava decidindo isso. Mas iria tentar, lá ia ele de
novo, mesmo depois de Luna dizer que queria só sua amizade e de afastá-lo
por três dias seguidos, ele tentaria e seguia até sua casa pela milésima vez.
Não acreditava que Luna o afastara por causa daquela foto idiota, ele
dissera para ela que não havia nada mais entre ele e Bárbara. Ele temia que a
amizade deles mudasse que ela não fosse a mesma de antes, mas no momento
em que ele tocou sua pele com seus lábios ele soube que não haveria volta.
Mas se a amizade deles um dia mudasse ou acabasse não seria ele o causador,
ele lutaria até o final pelo o que eles tinham.
Mason estaciona em frente ao prédio de Lua, olha no relógio eram quase
18h30 e era Sexta-feira, o que significa que se Luna não tivesse saído para
uma balada ou uma festa, o que duvidava muito, ela estaria em casa, pois nas
sextas ela trabalha somente até metade da tarde.
Ele puxa o ar e o solta, pega o buquê no banco ao seu lado. Ok Mason
relaxa, na hora você vai arranjar uma maneira de dizer. Chegou a hora dele
fazer o que aquela música que ouvira a pouco dissera, unpack your heart,
esvazie o seu coração.
“Eu não aprendo. Tenho esse defeito.”
Peter Quill

Mason Carter
Mason passa apressado pela portaria do prédio com o buquê em mãos.
Paulo ao vê-lo se levanta correndo e o acompanha com passos rápidos
tentando alcançá-lo.
— Ahh Dr. Carter — Diz um pouco sem fôlego pela corrida — A
senhorita Luna não está em casa.
— Sem essa Paulo — Ele chega ao elevador e aperta o botão — Eu vou
subir. Ela não pode fugir de mim para sempre — A porta se abre, ele entra e
se vira encarando o porteiro baixinho parado do outro lado da porta — Se
quiser avise ela que estou subindo — A porta se fecha deixando Mason
sozinho no interior do elevador.
Ao chegar em frente à porta do apartamento de Luna, Mason para e
respira, suas mãos estavam levemente suadas, ele as esfrega na calça jeans
escura que vestia.
Ok Mason você consegue, não deve ser tão difícil assim. Muita gente faz
isso. Ele dizia a si mesmo.
Ele ergue seu punho direito passa pelos cabelos para arrumá-los, suspira e
com o mesmo punho bate na porta. E como ele suspeitava ela estava em casa,
pois pode ouvi-la se aproximar, pegar a chave e abrir a porta.
Ela o encara do outro lado da porta com surpresa e uma leve irritação,
deveria estar pensando em como punir Paulo por causa daquilo, ela segura a
porta aberta com a mão e continua o encarando sem dizer nada.
— Olá Lua — Ele abre um sorriso.
— O que você quer Mason? — Não era somente sua cara que demonstrava
irritação sua voz também.
— Posso entrar?
— Não.
— Lua, por favor.
— O que você veio fazer aqui Mason?
— Preciso de um motivo para vir te ver? — Ele arqueia um pouco a
sobrancelha.
Ele a vê suspirar e sua mão ainda segurava a porta, era nítido que ela não o
queria ali Vai ser mais difícil do que eu pensei.
Ele desvia os olhos dos dela e solta um suspiro, ergue a mão que segura as
flores e lhe estende.
— Eu vim te trazer isso — Ele a olha novamente.
Ela solta a porta e pega o buquê e encara as flores por alguns segundos e
nesses segundos ele pode ver sua guarda e rigidez ceder.
— São bonitas — Mas o breve momento em que ele pensou que sua amiga
estava baixando a guarda se foi e logo seus olhos ficam firmes novamente e
sua pose rígida.
— São as suas favoritas.
Ela se mantém calada, mas visivelmente irritada. Ele solta um pigarro e
começa a falar.
— Então Lua, além de te trazer essas flores eu vim até aqui por outro
motivo. Nesses três últimos dias eu tive bastante tempo para refletir sobre nós
e... — Ele faz uma pausa. Oh céus isso é difícil— Uma pessoa que é muito
importante pra mim me fez ver que... — Outra pausa — Me fez ver que eu...
Ah... — Passa a mão nos cabelos — Eu sei que você pediu para sermos
somente amigos, mas o caso é que Lua eu... — Então ela o interrompe.
— Você deveria levar flores para a sua NAMORADA— Agora um pouco
de raiva podia ser visto em seu olhar.
Sério? Ela está preocupada com isso? Não notou que eu ia dizer algo
importante?
— Lua — Ele solta um suspiro — Eu já disse que ela não é minha
namorada, não a vejo e nem falo com ela desde o jantar. Eu disse que depois
do jantar terminei com o que ela achava que a gente tinha. Por que não
acredita em mim?
— Porque você é MASON CARTER — Eleva um pouco a voz — O
mentiroso.
Então com o buquê que estava em suas mãos começa a bater nele, proferia
golpes certeiros em seu peito, cabeça e braços, as pétalas das flores agora
forravam o chão entre eles.
— KONO BAKA— Bate novamente — Enganador de mulheres.
— Lua! Pare! Está ficando doida — Ele se defendia dos golpes dela,
cobria o rosto com as mãos — Eu nunca menti para você Lua. Você é a única
pessoa em quem confio — Após o buquê estar completamente destruído e as
flores sem nenhuma pétala restante, Luna joga o que sobrou encima dele — E
porque você vai acreditar naquilo, em uma matéria de jornal e não vai
acreditar em mim? É uma coluna de fofocas, sabe que metade dessas coisas
são mentiras, não passam disso, de fofocas.
— Porque te conheço há dois anos e sei seu histórico completo com as
mulheres.
Ele aperta os punhos ao lado do corpo e a encara.
— Lua eu jamais faria isso com você, jamais menti para você.
— É o que você faz Mason, você engana as mulheres, você as ilude e
depois que não quer mais você as descarta. Ainda bem que eu não deixei que
continuasse o que queria fazer comigo naquela noite, pois eu seria a próxima
Bárbara.
As palavras dela o atingem em cheio no peito. Já ouvira dizer que o amor
dói, nunca sentira o amor e nem a sua dor, mas agora ali em pé na porta ele
podia dizer que sentia os dois e tudo no mesmo dia, ele conhecera em tão
pouco tempo o lado bom e o lado ruim daquele sentimento.
Por um tempo ele não soube o que dizer, sabia que em parte ela estava até
que certa. Ela conhecia seu histórico completo com as mulheres desses
últimos dois anos, mas na visão dele, ele não iludia as mulheres, pois ele
nunca prometera nada a elas.
Quando ele ficava com alguém deixava bem claro que era somente sexo.
Mas ele nunca pensou no que aquilo significava para a mulher em questão, a
maioria das que ele teve alguma relação nesse período de tempo não se
importavam com as condições que ele impunha, mas ele sabia que uma parte
das mulheres nutria certa esperança, e no final acabavam se iludindo e ele
podia ver claramente isso depois do que acontecera com Bárbara.
Ele sente aquela dor se tornar irritação e a irritação se tornar raiva dentro
de si. Ele aperta os punhos com mais força e sua expressão muda, soltando
um riso sarcástico e enquanto encarava sua amiga.
— Sabe Lua eu não entendo você. Sabe o que acontece? — Ele continuava
a encarando e ela se mantinha calada — Você não sabe o que quer. Por que
você se importa com isso? Eu não sou apenas seu AMIGO? Não é isso o que
você me pediu para ser? Você deixou isso bem claro, SOMENTE seu
AMIGO, nada mais. Mesmo eu tendo implorado para você, disse que queria
somente minha amizade, e eu fiz o que? Eu fiquei lá com você, dormi lá,
você tem noção do que me pediu? Eu fiz o que você queria que eu fizesse e
eu nem sei por que eu fiquei. Eu fui embora no dia seguinte às pressas por
que acordei super atrasado.
Então outra frase agora de Shakespeare vem em sua mente, uma frase que
também ouvira na aula de filosofia. Céus de onde estão vindas essas frases?
Nem sabia que eu havia prestado atenção nessas aulas.
“Amor é quando você tem todos os motivos para desistir de alguém, mas
não desiste”
Mas que merda de aula de filosofia, porcaria de professora, maldito
Shakespeare, se ele não tivesse morrido eu o matava.
— Então me diga por que se importa se eu namoro alguém ou não? — Ele
flexionava o maxilar e franzia a testa — Me diga Lua!
— Quer saber você tem toda razão. Eu nem sei por que estou brava — Ela
cruza os braços a frente do peito — Você pode namorar com quem quiser
assim como eu.
— Então vai ser assim? — Seu coração martelava em seu peito — Mesmo
depois de tudo você ainda diz não?
— Não rolou nada entre a gente Mason, muitos amigos ficam confusos.
Aquilo foi somente um momento de carência, um erro, um descuido.
Cara como isso dói.
— OK — Ele mantinha seu olhar firme ao dela — Que bom que podemos
esclarecer tudo — Ele passa a mão nos cabelos novamente — Que ótimo —
Ele começa a se afastar da porta — Sabe Lua eu devo ser um idiota mesmo,
devo ser muito burro. Eu vim até aqui, lhe trouxe flores e tentei colocar pra
fora o que há dentro de mim, mas como sempre você não quer me ouvir, está
mais preocupada com o que lê em uma coluna de fofoca do que na minha
palavra — Ele repara os olhos dela ficarem vermelhos e marejados — Você
não se importa com o que eu tenho pra dizer, pra você eu não sou nada além
do cretino mulherengo, você entre todas as pessoas eu pensei que me
enxergasse de verdade, mas pelo jeito me enganei quanto a isso também.
Ele segue até o elevador e aperta o botão.
— Então foda-se o que eu tenho pra dizer, não é? Espero que você seja
feliz com o peixinho dourado que você chama de Luis — Ele aguardava a
porta se abrir — Por que não liga pra ele e marca um encontro em uma
capela, com padre e os convidados, quem sabe assim ele entenda dessa vez
— A porta se abre e ele entra.
Quando a porta estava quase se fechando completamente ele coloca a mão
na fresta para que ela se abra. Luna ainda estava no mesmo lugar, lhe
encarando, sua expressão agora era indecifrável.
— Sabe Lua eu vim te dizer uma coisa, mas aparentemente você não quer
ouvir, você como sempre tira suas conclusões precipitadas e quando essas
conclusões se referem a mim, você sempre pensa no pior, você só consegue
ver o pior de mim e anula todas as coisas que faço por você. Então eu espero
que o que eu sinto um dia passe, porque você não sente o mesmo e agora eu
tenho certeza disso — A porta se fecha deixando Mason sozinho dentro do
elevador de novo.
Isso dói pra cacete. A rejeição, lá estava ela novamente, só que agora
muito bem acompanhada por um coração despedaçado.
Mais uma vez ele fracassara em seu objetivo, mais uma vez ela o
interrompera, e como aquilo o irritava. Quando ela começou a falar aquelas
coisas para ele, ele perdera a cabeça, a irritação tomou conta do seu corpo e
todo aquele sentimento bom dentro de si fora transformado.
— Hobbit teimosa, cabeça dura — Falava sozinho lá dentro — Sou um
idiota, burro, estúpido — Argh eu odeio o amor.
A porta se abre e ele parte apressado para fora daquele prédio. Ao passar
pela recepção escuta Paulo dizer.
— Até mais Dr. Carter.
— Adeus Paulo — Então passa pela porta e segue até seu carro.

Luna Iasune
Então era isso. Ela encara as pétalas de flores espalhadas no corredor, Luna
havia feito o que sempre fazia, ela o havia afastado, se queria que ficassem só
na amizade ela conseguiu, ou melhor nem sabia se ainda existia uma
amizade.
Luna sua idiota, sua Kono baka você estragou tudo outra vez. Ela pensa.
Por que você sempre faz isso? Por que sempre afasta quem você ama?
Ela queria mudar sua índole, sua vida talvez, quem sabe. Queria mudar o
rumo das coisas, sair da rotina. Acordar para a vida que está aí. Aproveitar
todos os minutos restantes, fazer o que julgar certo e depois quem sabe ainda,
sofrer as consequências.
Não sabia se estava perto ou longe demais, se pegou o rumo certo ou
errado das coisas que fez ou cometeu. Sei lá, ela apenas seguia em frente,
vivendo dias iguais de formas diferentes.
Nessas setenta e duas horas que passara o evitando, ela pode refletir
melhor sobre as coisas, como por exemplo, um pombo quando machuca sua
asa, pede ajuda, ou pelo menos demonstra pedir, a gente o ajuda, cuida dele,
da água, comida, se apega, e logo depois ele tem que voltar a vida dele
novamente. São iguais às pessoas, muitas delas, chegam a nossas vidas, e
logo depois somem, sem dar notícia, sem dar explicação e era disso que tinha
medo, ela se auto sabotava tinha medo de tentar novamente, ela havia
descoberto naquela época que quem ama por dois sofre por três e embora a
vida seguisse seu fluxo natural indo sempre para frente Luna não conseguia
não olhar para trás.
Ela sabia exatamente o que sentia, sabia que gostava dele e queria ter algo
a mais, mas o medo de seu passado torna a se repetir, ou melhor, o medo de
Mason descobrir e ficar diferente eram muito maiores, pode parecer besteira,
mas sempre fora algo que ela não podia controlar.
A verdade era que eles não tinham nada além da amizade. Pode até parecer
que tinham, mas não tinham. Eles brigavam, discutiam e se tratavam como se
houvesse algo, mas não havia. Passavam horas no telefone, a madrugada
juntos, a maior parte do tempo grudado. Ele dizia “vem ficar aqui comigo”, e
ela ia. Luna dizia “fica mais um pouco”, e ele ficava, sempre ficava. Quando
um se afastava do outro, ambos diziam, “por favor, volta”, e eles voltavam.
O mundo dizia para que eles admitissem que existia algo ali, mas eles não
admitiam. Nem para si mesmos. Porque Luna e Mason não têm nada, e não
tendo nada, não há o que admitir certo? E por mais absurdo que possa parecer
eles não eram um do outro, mas ainda assim pertenciam um ao outro.
Por que não dá uma chance Lua? Por que não se arrisca? Sabe o quanto
ele é importante para você, sabe que ele não lhe magoaria, então por que
disse aquelas coisas? Arghh a culpa era dos ciúmes, Kusuri. Por que tem
tanto medo, eles são duas pessoas completamente diferentes, Mason não é
como ele.
Ela sentia seus olhos lacrimejarem à medida que ele se afastava e quando o
clique do elevador soou pelo corredor e ela não via mais seu amigo ali, o
desespero lhe tomou, ela precisava fazer alguma coisa, então sai correndo
pisando nas pétalas do buquê que ele trouxera.
Luna corre até o elevador, se fosse rápida talvez o alcançasse. Aguarda
impacientemente, quando a porta se abre praticamente pula para dentro e
seleciona o botão do térreo.
— Anda logo — Apertava o botão freneticamente — Fecha logo porta —
A porta se fecha e ela aguarda ansiosamente até o destino final.
Quando a porta se abre ela encontra Paulo no meio da recepção olhando
para fora do prédio.
— Paulo! — Ela o vê se assustar com o grito que ela dá ao dizer seu nome
— Cadê o Mason?
— Ele já foi senhorita, acabou de sair com o carro — Ele aponta lá para
fora.
Luna corre até a calçada e avista o carro de Mason virando a duas esquinas
e sumindo de vista.
— Merda!
Ela corre para dentro novamente e estende a mão para o porteiro.
— Paulo me dê assuas chaves.
— O que?
— As chaves do seu carro — Ela faz um gesto apressado com a mão —
Anda Paulo estou com pressa, me empresta seu carro.
Ele coloca a mão no bolso e estende a chave para ela meio receoso, ela a
pega com rapidez e segue até o estacionamento do prédio. La embaixo aperta
o botão do alarme em busca no carro de Paulo, não sabia qual era então
percorre um bom pedaço do grande estacionamento sempre apertando o
botão, e logo vê um Gol azul escuro a uns quatro carros de distância dela,
entra apressada e parte atrás de seu amigo.
— Por favor, Deus que não tenha trânsito — Suplicava ao entrar na rua.
Ela dirige pelas ruas indo em direção ao apartamento dele.
Por favor, por favor, esteja indo para lá, ela pensa.
Isso tinha que acabar já era hora de deixar tudo para trás, já era hora de
pensar no futuro e não no passado e Mason era o seu futuro, ela não
conseguia pensar em mais ninguém. O idiota da fila da Starbucks, quem
diria, ela pensa novamente enquanto tamborilava nervosa os dedos no
volante.
— É isso ai eu vou dizer a ele, vou dizer que o amo — Lua falava consigo
mesma— E que podemos ser muito mais que amigos e se ele ainda me
aceitar vou passar o resto dos meus dias compensando o fato de ter sido a
maior idiota e covarde do universo eu até viro uma Treker por ele. — Calma
lá Luna não é para tanto, ela sorri com a sua linha de pensamento.
Ela chega ao seu prédio e adentra a portaria, ela estava vazia, então pega o
elevador e segue até o apartamento de seu amigo apressada.
Bate na porta desesperadamente, mas não escuta nada, bate novamente, e
nada e para completar ela estava sem o seu celular, então se encosta à porta,
escorregando até se sentar no chão e resolve esperar por ele, uma hora ele
tinha que aparecer, não é?
Uma hora depois.
Ahh qual é Mason.
— Aonde você foi Kono?!
Luna ainda estava lá o esperando. Chega ela estava cansada de esperar ali
sentada, ela se levanta frustrada, onde ele poderia estar a essa hora?
Será que foi encontrar-se com a Barbie? Não pode ser, ela afasta aquele
pensamento.
— Mais que merda Mason! — Diz ao entrar no elevador e descer.
Saindo do prédio alheia a tudo ela entra no carro que estacionara quase no
meio fio da calçada, sua cabeça latejava e ela estava cansada, mais
psicologicamente e emocionalmente do que fisicamente e quando finalmente
chega ao seu prédio e entrega as chaves do carro ao seu amigo porteiro, sobe
até a quietude da sua casa, Luna se permite afundar no sofá. Ela fecha os
olhos e pensa nas palavras ditas por ele. Luna não o havia deixado terminar.
Porra sua idiota por que não o escutou? Por que você nunca escuta? Ela
se repreende, então o seu celular que descansava na mesinha de centro
começa a tocar com um aviso de mensagem.
Ela rapidamente fica sentada na esperança de ser seu amigo, mas quando
encara a tela o nome que aparece é diferente. Um número desconhecido,
Luna clica em cima da mensagem e então a lê.

Ela reconhece o apelido e ele lhe causava dor e medo, ele estava no Brasil
e não sabia como, mas havia conseguido o número dela.
Seu peito começa a comprimir e Luna aperta com força o celular na mão,
logo uma enorme falta de ar a atinge. Ela sentia que já não estava mais ali,
seu corpo fora transportado para longe, sentia-se em perigo, tremia, ela mais
uma vez estava perdendo o controle de seu corpo. Não sabia há quanto tempo
estava ali, seu coração palpitava forte era quase uma taquicardia.
Ela se encosta com dificuldade no sofá.
— Não, não, não pode ser — Falava consigo mesma. Misty sua cadela se
aproxima ao notar seu estado alterado, encosta o nariz molhado nas mãos de
Luna.
Ela estava apavorada não podia evitar, achara que tinha se livrado dele há
muito tempo e agora aqui estava ele lhe mandando mensagem como se fosse
um velho amigo. Novamente seu celular toca e novamente havia uma
mensagem. Com os dedos trêmulos ela clica.

Ele não ia desistir e Luna sabia muito bem disso, sabia como ele podia ser
persuasivo.
Não isso não está acontecendo não agora, por favor. Ela suplicava em
silêncio, sentia uma lágrima escorrer pela sua face.
— Tudo bem, e daí que ele está aqui no Brasil?! Ele pode não estar na
mesma cidade não é Misty? — Ela encara sua amiga agora sentada ao seu
lado, nem havia percebido quando ela subira no sofá. — Ele pode estar
blefando e apenas me atormentando — Dizia com medo — Não tem como
ele me achar — Ela tentava se convencer, mas a verdade era que Luna sabia
que ele poderia achá-la se ele quisesse.
Medo, inseguranças, desconforto, mais medo. Ela sente tudo à sua volta
girar. Era uma crise de pânico que a arrematava a mesma crise que tivera
naquele dia, não havia como prever aquilo.
Calma Lua, calma. Ela dizia em pensamento respirava e soltava o ar
devagar, seu coração acelerado ia logo voltando ao normal, mas a dor de
cabeça persistia.
Você está segura Luna, ele não pode te machucar.
Mais uma vez repetia pra si, tentava se acalmar enquanto se afundava entre
as almofadas do sofá, mas no fundo Luna sabia que ele não desistiria tão
fácil, precisava estar pronta, preparada pra tudo e acima de tudo não poderia
contar a Mason sobre isso, precisava deixá-lo fora desse assunto, apenas ela
poderia resolver seu passado e como temia ele havia voltado para assombrá-
la.
“A vida é só uma serie de merdas com alguns rápidos intervalos comerciais felizes”
Deadpool

Luna Iasune
Após ter recebido aquelas mensagens e ter se acalmado, Luna se pega
pensando em como resolveria toda aquela situação. Ele estava no Brasil e ela
sabia que não importa onde estivesse ele sempre daria um jeito de achá-la,
mas depois de todo esse tempo ela achou que ele tivesse desistido.
Fugir não era mais uma opção, ela tinha construído uma vida no Brasil,
tinha emprego, amigos e o mais importante Mason estava aqui e ela não
suportaria a ideia de deixá-lo para trás.
Mas o passado é algo em que não se pode fugir por muito tempo ou você o
enfrenta ou segue sua vida sendo atormentada por fantasmas de lembranças
dolorosas sejam elas quais forem. Ela precisava de uma vez por todas
enfrentá-lo, no fundo Luna sabia que isso ia acontecer, apenas manteve-se
esperançosa quanto a não acontecer.
Ele era implacável e quando queria algo ele conseguia.
A cabeça dela doía e apesar de já ter tomado um analgésico a dor ainda
permanecia ali como um lembrete de que precisava resolver logo aquilo tudo.
Ela imaginava várias maneiras de sair daquela situação sem envolver seu
amigo nisso.
Claro que agora depois de tudo Mason nem deveria querer olhar na cara
dela e por um lado isso até que foi bom pelo menos por enquanto era melhor
ele se manter afastado até tudo estar resolvido.
Como ele pode fingir daquela forma quando estávamos no Japão? Ela
pensa.
Talvez por que estivesse apaixonada na época, talvez por que estivesse tão
cega que não era capaz de perceber os claros sinais.
Engraçado como tudo acontece não é mesmo? Quem diria que a muito
tempo atrás o garoto por quem foi apaixonada seu primeiro namorado e amor
voltaria e ao invés de sentir felicidade ela sentisse pavor. Há dez anos quando
estava ao seu lado se alguém lhe contasse isso ela riria, pois não acreditava
que ele fosse capaz de fazer o que fez.
Mas acontece que ele fez, ela pensa novamente e naquele dia algo dentro
dela havia se fechado.
Os sinais estavam bem claros e eu não percebi.
Luna não queria, mas acaba pensando mais do que deveria nele, seu
primeiro contato e até seu primeiro beijo, ela passa as mãos em seus lábios e
se lembra do quanto gostava de ser beijada por ele.
As pessoas que mais amamos são geralmente as que mais nos
decepcionam, mas pensando bem, molduras boas nem sempre disfarçam
quadros ruins.
Ela se arrependia todos os dias de ter depositado tanta confiança nele, de
ter contado seus segredos e magoas, de ter feito planos para o futuro com ele,
de achar que o conhecia, de achar que ele a amava, ela esperou demais dele,
sonhou demais, criou expectativas demais e isso resultou em uma enorme
ferida.
Sakura, Sakura, Sakura.
Aquele apelido idiota que não saia de sua cabeça e aquelas lembranças que
agora estavam invadindo sua mente sem pedir permissão.

Flashback 9 anos atrás.


Luna havia desembarcado de sua visita à América na noite anterior, havia
ido visitar o campus de Yale com sua turma em um programa de estágio para
jovens e promissores estudantes.
No dia seguinte se levantara contente e depois de vestir seu uniforme e
tomar café da manhã seguira o caminho de sempre até seu colégio, estava
animada, pois o veria, veria seu melhor amigo.
Sim o garoto que a ajudou se tornou seu melhor amigo, ele era um ano
mais velho que ela e por isso estavam em classes diferentes, mas isso nunca
os impediu de almoçar sempre juntos ou de passar todos os intervalos juntos
e irem sempre para casa juntos.
Naquele dia Luna havia saído mais cedo de suas aulas rotineiras, ela tinha
atividades no seu clube que precisava cumprir para sua grade curricular.
Precisava ir para casa e trocar de roupa, tirar esse uniforme e vestir algo mais
confortável para então seguir até o segundo prédio do seu colégio onde se
localizava os clubes de atividades extracurriculares e a sede do corpo
estudantil.
Quando estava bem próxima dos portões de saída ela o avista no mesmo
lugar de sempre encostado na parede perto das grades do portão com sua
gravata folgada e seus livros na mão, cabelos desgrenhados quase como se
aquilo fosse proposital, um sorriso em seu rosto logo aparece quando ele a vê
e como sempre ela retribuía.
— Olha só quem apareceu— Ela o vê estender suas mãos para pegar seus
livros — Me dê — Ele pega sem esperar resposta.
— Oi senpai — Luna entrega de bom grado seus livros — Que mandão,
não é?
— Um defeito ou uma qualidade?
Ela dá de ombros.
— Sentiu minha falta?
— E como não sentir Sakura? Essa escola não é a mesma sem você.
— Claro que é. Eles sempre têm um reserva a quem possam atormentar na
minha ausência.
— Mas para mim não é a mesma coisa e eu não me referia a te atormentar
e sim a sua companhia.
— Quer dizer que o aluno mais popular do colégio Seiko se sentiu
sozinho? As meninas não te distraíram?
Ela escuta sua risada baixa, como amava aquele som.
— A companhia delas não me importa — Luna o vê a encarar e sorri
levemente.
— Por que não? Elas te deixam ganhar sempre no fliperama né? Por isso
você não precisa se esforçar.
Ela o vê virar a cabeça em sua direção — Elas são todas iguais.
— Bom estamos no Japão, então praticamente todo mundo é igual — Luna
solta uma gargalhada.
— Vou fingir que não ouvi isso.
Ela sente as mãos dele a guiarem pela rua lateral.
— Vamos eu encontrei um caminho melhor para sua casa é mais rápido.
— Por que não o de sempre?
— Por que esse é melhor — Ela é guiada pelo atalho — Vamos Sakura,
não confia em mim?
— Claro que sim senpai.
— Então vamos! Mudar um pouco às vezes sair da rotina é bom.
— Senpai— Ela o chama.
— Sim Sakura?!
— Sabe quando disse que queria cursar história na América?
— Me lembro bem por quê?
— Eu meio que desisti — Luna diz sem jeito.
— Por quê? Teve algo haver com sua viagem?
— Tem tudo a ver com a viagem, as pessoas de lá são fúteis e os caras
infantis — Luna não parava de pensar no tal presidente da fraternidade que
visitou, no apelido idiota que ele tinha e na falta de cordialidade dele. — Eu
acho que prefiro tentar outra coisa.
— Como assim infantis? Alguém lhe fez algo?
— Tinha um cara. Nós fomos a uma festa de fraternidade na sede dos
buldogs e esse cara— Ela pensa — Sei lá Senpai era um idiota — Um garoto
que se auto intitula o mestre de alguma coisa não merece respeito, ela pensa.
— Que cara? E por que você foi a uma festa de fraternidade? — Ela nota
seu tom de voz mudar.
— Acompanhei a Sayuri.
— Sabe que ela não é boa companhia.
— Tudo bem, lá pelas tantas já havia ido embora e eu sai quando um idiota
tentou me beijar.
Ela podia ver que ele estava ficando irritado, era sempre assim quando
Luna falava de outros garotos perto dele.
— Sakura você foi até lá para conhecer o campus e não para ir a festas de
fraternidades com americanos bêbados e imbecis.
— Eu sei, mas todo mundo foi e eu não queria ficar sozinha no alojamento.
Ela notava sua postura ficar rígida e ele apertava os livros com força em
seus braços.
— Não faça isso de novo, eu nem sei por que você anda com a Sayuri ela
te deixou sozinha no momento em que encontrou um cara. Esses lugares não
devem ser frequentados sozinhos poderia ter acontecido algo.
Luna sorria ao notar seu semblante preocupado, ela amava a forma como
ele cuidava dela.
— Talvez senpai ela achasse que era hora de eu me arrumar sabe,
encontrar alguém.
— Namorar? E ela achou que uma festa de fraternidade fosse um ótimo
lugar para isso?
Encara o céu azul, ela estava com as mãos para trás segurando a barra de
sua saia.
— Na cabeça da Say sim.
— Já disse que ela não é boa companhia e quanto a namorar— Luna sorri e
mais uma vez, ela iria escutar um sermão sobre como os garotos eram idiotas
naquela idade — Por que tem que encontrar alguém na América? Por que não
aqui?
Para sua surpresa ela não ouvira um sermão e por alguns segundos pensa
na resposta.
— Por que não acho que aqui alguém se interessa por mim.
— E quanto a mim?
Luna para de andar e o encara, ela fica um pouco surpresa com aquela
pergunta tão repentina, gostava dele mais do que ele imaginava, porém não
sabia se era correspondida até aquele momento.
— Agradeço a oferta senpai, mas não precisa fingir gostar de mim, você já
me protege demais e eu até aguento o terror de suas admiradoras e alias você
é meu melhor amigo lembra? — Ela sorri sem jeito e torna a encarar o céu.
— Quem disse que quero fingir?
Luna leva seus olhos até os dele.
— Gomenasai senpai eu acho que não entendi.
— Sakura não é segredo que gosto de você, nunca fui claro quanto a isso?
Ela o vê se aproximar, seu coração agora pulava em sua caixa torácica.
— Por que acha que quero fingir?
— Eu não sei, quer dizer você é o aluno mais popular do colégio e olha só
para mim eu não me encaixo, sou muito diferente— Ela abaixa seu olhar.
— Claro que se encaixa.
Luna podia sentir sua aproximação, ela o vê de relance colocar seus livros
e os dela na mureta ao seu lado e com uma das mãos ela o sente erguer seu
rosto. Seu sorriso estampava em seu rosto alinhado perfeitamente e com uma
das mãos livres ele colocava uma mecha solta de cabelo atrás da orelha dela.
Ele com a outra mão a puxa em sua direção e ao sentir ser puxada para tão
perto ela se permite encarar seus lindos olhos pretos como a noite.
— Eu vou beijar você. — Ele afirma.
— Que... Que mandão — Sua voz falhava.
Ele aproximava cada vez mais seu rosto do dela e então sente seus lábios
se unirem aos dele, eram tão quentes e doces, ela leva uma de suas mãos ao
seu peito e repousa a palma suavemente ali e então ela se via abrindo espaço
em sua boca para a língua dele.
Podia sentir ele a segurar com firmeza, uma mão em seu rosto e a outra em
sua cintura. Luna sentia borboletas no estômago e suas pernas estavam cada
vez mais trêmulas, temia que quando ele a soltasse ela caísse, mas sabia que
ele a seguraria.
Depois de um tempo, não sabia o quanto ela sente os lábios dele se
afastarem e um vazio invade seu peito.
— Isso pareceu fingimento para você?
— É... Eu... Eu... Você... — Não conseguia falar, aquilo havia sido muito
intenso.
Ela o nota sorrir, as faces de Luna estavam vermelhas e naquele momento
ela chegara à conclusão de que estava apaixonada por seu melhor amigo e um
alívio a invade por saber que ele correspondia.
Luna o vê pegar novamente os livros na mureta e em seguida a mão dela.
— Vamos embora. Se demorarmos mais um pouco seu pai vai me matar
Luna aperta sua mão e o puxa novamente o impedindo de continuar.
— Senpai— Ela o vê se virar
— O que?
— Esse foi meu primeiro beijo — Ela diz meio sem jeito.
— É eu imaginei. E como foi?
— Foi... Muito bom — Luna desvia seu olhar para a mureta.
— Também gostei muito — Ela o sente puxar e juntos continuam o
caminho até a casa dela.
Alguns minutos depois ele a deixa bem na porta de sua casa entrega seus
livros e deposita um suave beijo em seus lábios, ela nunca iria se cansar
disso, de beijá-lo.
— Então namorada te vejo hoje à noite? Quer sair para comer algo?
— Prometi ajudar um colega com uma prova de cálculos, espera você disse
namorada?
— Disse— Diz ele com seu tom despreocupado — Você é minha
namorada. Quem você vai ajudar?
— Um garoto do primeiro ano, sou parceira de estudos dele, vamos até o
café de sua família em Kamikawa.
— Hum... OK. Que horas você vai?
— Depois do jantar
— Ótimo passo aqui às 18h30.
Ela o vê se afastar, nem sequer deu a chance de resposta. Ela diria que não
precisava que não demoraria mais que duas horas, mas como sempre ele fazia
o que queria e quando ele colocava algo na cabeça não havia nada que o
fizesse mudar de ideia.
Ela o vê lançar-lhe um de seus costumeiros sorrisos e uma das suas
famosas piscadelas — Se acha que vou deixar minha namorada andar sozinha
a noite e ainda ir até o distrito de Kamikawa está muito enganada.
Ela o vê atravessar a rua sorrindo.
— Outros caras podem até deixar, mas eu não, não minha namorada.
Luna o vê dobrar a esquina com um aceno de despedida.
Que mandão, ela pensa, mas era o seu namorado mandão, ele queria
apenas a proteger certo? Não é isso que fazem todos os namorados? Ela agora
tinha um namorado que também era o seu melhor amigo, muitas pessoas não
tem essa sorte. Tudo estava perfeito.
Ela permanecia no mesmo local, minutos depois dele ter partido, tudo
agora parecia encaixar perfeitamente e ela estava muito feliz.

Dias atuais.
Luna sentia seu coração apertado em seu peito, ela se levanta e vai até a
cozinha, não havia recebido nenhuma outra mensagem e isso foi um alívio,
achava que não suportaria uma terceira.
Ela abre a geladeira e pega uma garrafa de água com gás, depois vai até o
balcão da cozinha e encosta-se sobre seus cotovelos, bebe um longo gole de
sua água e abaixa a cabeça entre os braços, a tristeza e a raiva eram viciantes,
um sentimento que não ia embora fácil, não como a facilidade que chegava.
Agora ela só sentia dor e saudade, tinha saudades de Mason como queria
que ele a abraçasse agora, como queria ouvir sua voz murmurar que tudo ia
ficar bem e que ele estaria ali sempre ao seu lado.
Por muito tempo Luna viveu com medo, medo que ele voltasse, à verdade
era que ela queria morrer, ela queria matar essa dor que agora sabia que a
acompanharia por todo aquele dia.
Luna não sabia o que fazer, mas decidira há muito tempo não mais se
abater, ela não podia impedir que a tristeza batesse sua porta, mas podia
impedir que ela se transformasse em uma hóspede.
Ela termina sua água deixando a garrafa vazia sobre a mesa, olha em volta
da cozinha como se procurasse a resposta para seus problemas, ao seu lado
descansava um suporte de guardanapos no formato de um trem onde ao lado
dele estava escrito o número da plataforma nove três quartos.
Então antes que sua mente a carregue de volta para o passado, Luna escuta
o toque de seu celular e por alguns segundos ela congela.
Será que é ele?
Ela não conseguia se mover, suas mãos tremiam e suavam frio. Ela com
toda força que ainda restava em seu corpo faz seus pés se moverem a
contragosto. Na porta da cozinha avista o celular no sofá na sala, a tela
brilhava e o aparelho vibrava e tocava uma música. Ela vai em direção ao
aparelho com cautela.
Ao se aproximar, consegue ver o nome escrito na tela e para seu alivio era
um nome conhecido, mesmo não sendo quem ela queria tanto ainda sim fica
muito feliz com aquela ligação, ela pega o celular e atende.
— Oi Luis — Diz soltando um suspiro de alívio.
— Oi Lua — Ela escuta a voz calma e amistosa do outro lado da linha—
Tudo bem? Sua voz está estranha.
— Tudo bem, só com uma leve enxaqueca. Nada demais.
— Que bom — Ele solta uma breve risada — Estava pensando, nós não
nos vimos nesses últimos dias por causa da correria então será que você
estaria livre agora? — Sem tom muda um pouco, ele parecia nervoso — É
que fiquei com vontade do sorvete de feijão vermelho — Ele ria
nervosamente — E já que o sorvete está aí com você, será que eu talvez não
poderia ir até aí?
Luna demora um pouco para responder, ainda estava sobre o efeito do
desespero e medo que sentira a alguns minutos atrás. Ela precisava se
concentrar na conversa, estava fazendo um esforço para aquilo, precisava se
focar na voz de Luis. Ela pensa um pouco sobre a proposta dele e pensa que
talvez não fosse uma má ideia conversar com alguém, distrair a cabeça.
— Claro Luis — Tenta abrir um sorriso e diz com uma voz animada e para
ela soara um pouco falsa, mas ele não iria reparar — Por que não, vai ser
muito bom.
— A ótimo — Solta um suspiro aliviado — Mas você está sozinha né ou
Mason está aí?
— Estou sozinha Luis — Ela se senta no sofá — Não vejo Mason há um
tempo — Ela mente.
— Nossa por quê? Vocês brigaram?
— Não — Faz uma pausa — Ele provavelmente está com alguém ou
ocupado, não sei.
— A é a namorada dele tinha me esquecido. É Bárbara não é mesmo?
— Sim Luis — Diz ela com tristeza, a cena de Mason na porta e ela
batendo nele volta a sua mente juntamente com as coisas que ela lhe dissera
— Bárbara.
— Então eu vou até aí, nós tomamos sorvete e conversamos pode ser?
— Claro, vou deixar avisado na portaria.
— Ok Lua. Chego em 30 minutos.
— Ok Luis até daqui a pouco — Então desliga o telefone.
Luna começa a limpar a bagunça que havia feito, pega todas as pétalas de
flores espalhadas pelo chão e algumas que estavam no corredor, pega o
arranjo de flores que agora eram somente caules sem vida pela falta das
flores, joga tudo no lixo. Vai até o banheiro, lava seu rosto, ela estava muito
pálida e sua expressão e ombros caídos transmitiam como ela estava por
dentro. Para disfarçar aquele abatimento, Luna passa uma leve camada de
maquiagem em sua face, penteia os cabelos e se encara novamente no
espelho e abre um sorriso. Não se sentia como ela, não estava nada bem, mas
por enquanto iria bastar. Talvez fosse o suficiente para tomar sorvete com
Luis.
Ela sorria de frente para o espelho, quem não a conhecesse bem diria que
ela estava normal, que não havia nada errado. Mas havia uma pessoa, duas na
verdade, que quando a olhasse seus olhos a entregariam e seu sorriso não
seria convincente. Uma dessas pessoas era sua mãe e a outra ela acabara de
magoar e de expulsar de sua casa.
Merda Mason, para onde você foi?
Ela vai até a sala e pega seu celular novamente e liga para seu amigo.
Bem não sei mais o que ele é. Ela pensa.
E como era esperado ele não atende e a ligação cai na caixa postal, como
das outras vezes e quando ela escuta o bip para que ela deixe um recado ela
decide fazer algo que das outras vezes não tivera coragem.
— Oi sou eu! Provavelmente você não quer me ouvir e eu não te culpo por
isso Kono. Eu mesma não ia querer depois do que eu falei. Sobre hoje eu...—
Ela suspira — Eu sinto muito mesmo. Você mais do que ninguém sabe como
sou insegura e inconsequente às vezes. E às vezes eu simplesmente travo
quando o assunto é sentimento e você. Não necessariamente nessa ordem —
Ela solta um riso nervoso — Mason eu pensei muito e eu — Faz uma pausa
— Eu gosto muito mesmo de você, o que temos é lindo e eu só queria poder
dizer que eu quero...
Ela faz outra pausa. Argh por que é tão difícil falar sobre isso com ele? Ela
pensa.
— Eu sinto muito Kono, eu estou agora sentada na sala e quando você foi
embora eu fui atrás de você e esperei na frente da sua porta por mais de uma
hora. Para onde você foi? — Ela solta um pigarro, sua voz estava falhando
um pouco — Olha eu sei que sou confusa e que te confundi mais de uma vez,
mas acho que o que estou tentando dizer é que estou disposta a tentar se ainda
me quiser. Eu vou estar aqui para você — Ele enxuga uma lágrima que rolava
pela sua bochecha — Acho que é isso Kono, me desculpe.
Ela desliga o telefone e o coloca ao seu lado no sofá e poucos segundos
depois ela escuta uma batida na porta. Ela arruma sua postura, verifica se sua
maquiagem não borrara por causa da lágrima, abre um sorriso que ela não
queria dar e recebe Luis.
— Olá Lua — Ela o vê dizer com um sorriso simpático no rosto e um
buquê de rosas nas mãos.
— Oi Luis — Ela pega o buquê que ele lhe estendia — Muito obrigada,
são lindas — Diz ao inalar o odor maravilhoso daquelas flores.
Ai Deus mais flores. Ela pensa e inevitavelmente se lembra do buquê que
Mason lhe dera, ela dissera que era lindo, mas na realidade era maravilhoso e
por alguns instantes ela sentiu sua guarda baixar e quase desistira de ficar
brava com ele, ela amava flores do campo e ele acertara ao dizer que eram
suas favoritas, ele sempre acertava. Às vezes ela achava que ele a conhecia
melhor do que ela mesma.
Ela balança sua cabeça para afastar aqueles pensamentos e os
acontecimentos daquela noite, e ela não sabe quanto tempo ficara na porta
encarando as flores que Luis lhe dera, mas logo ela o escuta perguntar.
— Posso entrar?
— Ah claro — Solta uma risada — Pode — Ela abre mais a porta e lhe da
passagem.
Luna vai até a cozinha e começa a procurar um vaso para as flores e
percebe ser seguida por Luis.
— Eu adorei as flores, são muito bonitas.
— Não sabiam quais eram as suas favoritas, então decidi ir pelo básico —
Ele abre um lindo sorriso — Rosas vermelhas são sempre uma ótima escolha.
— São sim — Ela enchia o vaso com água.
Ao se virar ela vê que Luis encarava algo e quando ela segue seu olhar vê
que ele encara a lixeira da cozinha em que havia o buquê destruído do
Mason.
— Por que tem flores no lixo?
— Luis se importa se não falarmos sobre isso? — Ela o encara suplicante e
coloca o vaso no meio da mesa da cozinha.
— Tudo bem, se não quer falar no assunto — Ela repara que seu tom se
entristece um pouco e a expressão dele o denunciava, ele deveria saber a
quem pertenciam aquelas flores.
— Pega as colheres pra mim na segunda gaveta Luis, por favor.
Ele vai até o local indicado e pega três colheres enquanto Lua abria o
congelador e retirava de lá o pote de sorvete, aquela maravilha doce e gelada
que ela tanto amava.
Luis serve o sorvete em dois potes e entrega a Luna uma colher e se senta
ao seu lado na cadeira da cozinha. Quando ela e ele colocam uma colherada
de sorvete na boca, ambos soltam gemidos de satisfação, eles se olham e riem
daquele prazer e amor que ambos sentiam por aquela sobremesa.
— Nossa isso está muito bom — Ele dizia enquanto colocava mais sorvete
na colher — Senti tanta falta disso.
— Eu também senti, aqui é muito difícil de encontrar — Ela come mais —
É difícil até de encontrar os ingredientes. É simplesmente a melhor
sobremesa do mundo. Como pode alguém não gostar?
— Conhece alguém que não goste? — Diz ele com a boca um pouco cheia
de sorvete.
— Mason odeia.
— Por que não me surpreendo — Ele ri baixinho.
Luna abre um sorriso, ela gostava da companhia de Luis, ele era calmo e
lhe trazia paz ao ambiente em que estava, era sutil, discreto, era relaxante, um
pouco diferente de certa pessoa.
Ela gostava de conversar com ele, era engraçado como a alguns dias atrás
ela estava enlouquecendo, querendo fazê-lo entender que ela o queria, mas
agora ela não tinha mais certeza se era aquilo que ela queria. Ela não queria a
calmaria ela queria a tempestade, a presença estimulante e os comentários
sarcásticos e irritantes de um texano.
— Então Luis gostou do jantar? Não tivemos a oportunidade de conversar
depois daquele dia.
— Pois é fiquei muito atarefado no aquário — Ele servia mais sorvete em
sua taça — Ah gostei sim foi — Ele faz uma breve pausa, parecia estar
procurando uma palavra — Interessante.
Ela não entende o que ele dissera, não entende por que escolhe aquela
palavra para descrever aquela noite. Ela mesma não usaria aquela palavra,
achava que talvez a palavra APAVORANTE ou quem sabe CANSATIVA
expressassem melhor.
— Lua — Ele pousa a colher, solta um pigarro e se vira para ela.
— Sim Luis — Ela faz o mesmo.
— Alguns acontecimentos daquela noite me fizeram refletir muito nesses
dias.
— É mesmo?
— Eu talvez possa estar errado, mas percebi alguns sinais — Ele pigarra
novamente — Vindos de você, não se intencionais ou não, mas eu vi.
— Ai Luis você demorou tanto para entender.
— O que? Aquilo tudo foi intencional?
— Sim foi — Ela solta uma risada — Mas você parecia não entender.
Achei que com a música a letra em si você fosse entender aonde eu queria
chegar.
— Eu percebi Lua, mas é que...— Ele pausa e puxa o ar — Você me
conhece Lua, sabe como eu sou, esse meu jeito retraído e você ficou fazendo
e dizendo aquelas coisas na frente de todos, dando indiretas e até cantando. A
verdade é que eu fiquei nervoso.
— Tudo bem Luis, confesso que eu acho que forcei um pouco a barra.
— É forçou um pouquinho — Solta um riso nervoso — E ainda na frente
de pessoas que não conhecia, na frente de Mason que ficava me encarando
com aquela cara, aquele sorriso irônico, fiquei mais nervoso ainda, e devo
confessar que ele me deixa nervoso, parece que está sempre me avaliando,
procurando alguma coisa.
— Mason avalia qualquer pessoa e principalmente qualquer cara que
chegue perto de mim ele é protetor demais — Ela lhe dá um sorriso sem jeito
— Mas tudo bem eu meio que forcei a barra, me desculpa se eu o constrangi.
— Tudo bem Lua — Lhe oferece um sorriso caloroso — Já foi — Ele pega
a mão que Luna descansava encima da mesa — Ainda não sei por que você é
amiga dele. Mas apesar de tudo, acho que ele deve ser um bom amigo, senão
você não andaria com ele e é bom ter alguém que te proteja, mas.. — Ele
acaricia sua mão com o polegar — Eu queria ocupar essa posição, quem sabe
poder proteger você.
Será que entendi direito?
— O que você quer dizer com isso? — Ela arregala os olhos.
— Eu queria poder cuidar de você, queria poder beijar você sempre em
qualquer lugar sem preocupação, com você me sinto mais confortável — Ela
o nota se aproximar dela — E eu juntei toda minha coragem, e vim até aqui
lhe dizer que eu entendi suas indiretas bem diretas, não sou tão lento assim —
Ele ri de si mesmo — E que talvez nós possamos, sei lá, ser namorados
mesmo que seja no futuro, mesmo que você não queira colocar esse título
agora para o que temos eu não me importo em esperar.
To ferrada. O que vou dizer a ele? Ai Armada de Dumbledore me ajude.
— Ah Luis.. — Ela lhe lança outro sorriso sem jeito — Você é um cara
incrível, você é maravilhoso — E agora Darth? O que você faria além de
sufocar ele até a morte? — Eu realmente não estava esperando por isso —
Solta um riso nervoso e nota ele sorrir para ela.
Ele se aproxima mais e acaricia seu rosto.
— Eu gosto de você Lua.
— Luis — Ela pega sua mão a retirando do seu rosto. Não é justo com ele
continuar com aquilo. Ela pensa — Você é maravilhoso, gentil, você seria o
namorado perfeito e qualquer garota no universo seria extremamente sortuda
em ter você ao seu lado — Ele a encarava com curiosidade com um leve
sorriso nos lábios. Deus vai ser difícil.
Ela suspira e encara seus olhos azuis.
— Mas eu acho que talvez eu...— Então ela corta a frase ao ouvir o seu
celular tocar na sala. Ok agora tenho mais alguns minutos, graças a tropa
estelar fui salva. Ela se levanta.
— Eu já volto Luis, vou atender e já continuamos — Ela vai até a sala e
atende o celular sem olhar quem era — Alô!
Quando ela escuta a voz do outro lado e entende o que ela lhe dizia, seu
mundo desaba, seu coração se acelera.
Meu Deus, o que ele fizera? O que aconteceu com ele? Para onde ele havia
ido? Como aquilo acontecera? Era tudo o que ela conseguia pensar, nem
percebera a ligação chegar ao fim, ela tinha certeza que não havia se
despedido do homem do outro lado da linha. Ela não conseguia pensar em
nada, coloca o celular no bolso e começa a procurar pela sua bolsa e pelas
chaves do carro.
— Merda!! Por que nunca acho quando preciso? — Ela andava pelos
cômodos.
— O que foi Lua? — Ela escuta Luis lhe perguntar parado na porta da
cozinha, ele a observava correr pelo apartamento.
— Não acho minha bolsa e nem minhas chaves.
— Estão aqui na cadeira da cozinha — Ela corre e passa por ele — O que
foi? Estou ficando preocupado.
— Eu preciso ir Luis. Desculpe-me, mas continuamos essa conversa outra
hora pode ser? — Ela com a bolsa e chaves na mão passa por ele a abre a
porta da sala.
— Ok Lua sem problemas — Ele vai até ela e sai pela porta e juntos vão
até o elevador — Mas pode me dizer o porquê dessa correria? O que houve?
— É o Mason — Sua respiração estava acelerada juntamente com seu
coração, suas mãos tremiam — Ele está no hospital.
“Eu sei como você se sente neste momento. Mas eu lhe prometo, apesar do mundo parecer um local escuro e assustador, haverá luz”
Jim Gordon

Mason Carter
Enquanto dirigia pelas ruas Mason não tinha certeza de mais nada. Não
sabia o que ele e Luna eram, não sabia o que seriam, não sabia quem ele era e
nem o que faria a seguir, a sua frente ele via somente a incerteza, a dúvida e
dentro de si ele sentia dor, raiva e tristeza.
Ele nem prestava atenção para onde ia, apenas entrou carro e partiu sem
olhar para trás. No banco ao seu lado estava seu celular, que havia tocado
várias vezes e quando ele olhara na tela vira o nome de Luna, mas não queria
falar com ela, não estava pronto ainda, estava com a cabeça muito quente e
sabia que acabaria falando besteira então era melhor se acalmar primeiro, mas
ela continuava ligando.
Por que está me ligando? Não dissera tudo o que queria? Não terminara
de me explicar onde era o meu lugar?
Ele em algumas das vezes cogitara a ideia de atender, o que ele podia
fazer, ele amava aquela mulher e queria que a situação entre eles se
resolvesse, mas ele se lembrava do que ela lhe dissera, lembrara da sua
tentativa fracassada de lhe dizer que a amava e que queria ser algo a mais pra
ela, e por conta desses pensamentos e sentimentos ele sempre acabava
desistindo e colocava o celular de volta no banco.
Não vou atrás dela, talvez seja melhor assim, talvez o meu lugar seja esse,
talvez seja melhor desistir e tentar esquecer.
Ele liga o rádio, música o ajuda a relaxar e a esquecer de seus problemas,
ele estava precisando disso agora, esquecer. Seria ótimo se ele tivesse uma
varinha agora para poder usar o feitiço Obliviate, mas como varinhas não
existiam e nem magia ele teria que ficar com a música mesmo.
Logo que a música começa Mason se arrepende segundos depois, no carro
o som da versão remix de Bright Lights da banda Haevn preenche o carro.
Imediatamente sua mente o leva até aquele dia em que Luna filmara ambos
cantando aquela música.
Mas que merda, por que quando eu preciso de paz nunca consigo? Essa
música não vai me ajudar a esquecer de nada.
Ele passa para a próxima e sua raiva se intensifica, Unpack your heart do
Phillip Phillips começa.
Mas será que não tem uma música sequer aqui que não me lembre ela?
— Quer saber, não haverá música — Ele desliga o rádio com irritação —
Pronto, resolvido.
Ele para em um semáforo, e pela primeira vez olha ao redor, não sabia qual
era o nome daquela rua, nem o bairro em que estava, ele olha no relógio do
carro e percebe que vagara sem rumo por mais de 40 minutos.
Ótimo! Agora estou perdido.
Ele olha melhor ao redor em busca de qualquer coisa que o indicasse onde
estava. Ele via várias lojas e bastante gente circulando por ali, então
acreditava que estava no centro da cidade, mas não o centro que ele conhecia,
deveria estar no velho centro.
OK já é um começo, acho que consigo sair daqui.
Enquanto aguardava o semáforo que parecia decidido em não abrir, Mason
olha para as lojas próximas a ele e na esquina ao seu lado havia uma livraria
bem antiga, que na vitrine estava um aviso de promoção em destaque.
LIVROS DE SHAKESPARE PELA METADE DO PREÇO.
Só pode ser brincadeira. Shakespeare não.
O semáforo se abre e os carros que estavam atrás de Mason começam a
buzinar para que ele se mova e assim ele faz. Um tempo depois ele encontra
uma rua conhecida que levava até uma avenida familiar a ele.
Ótimo! E agora? Pra onde eu vou?
— Pra casa?
Não! Ainda não estou pronto para sentir dois olhos amarelos e acusadores
sobre mim. Sério acho que dei o nome errado para aquele gato, acho que o
nome Sauron seria melhor. O olho que tudo vê.
— Beber então?
Não é uma ideia ruim. Ele pensa.
Mas dentro de si sabia que aquilo não ajudaria, sabia que aquilo não era o
que ele precisava naquele momento. A bebida poderia resolver os problemas
momentaneamente, mas assim que seu efeito passava tudo voltava e na
maioria das vezes a dor vinha pior do que antes e agora acompanhada por
dores na cabeça e no estômago e do arrependimento.
Então para onde eu vou? Questionava-se enquanto dirigia pela avenida.
Ele não parava de se fazer aquela pergunta, pela primeira vez estava sem
rumo, não sabia aonde ir, e a pessoa para quem ele geralmente corria não o
queria em sua casa.
Ele precisava de consolo, precisava de alguém que o ajudasse a entender,
alguém que o fizesse enxergar o que ele não conseguia ver, alguém que o
apoiasse, alguém que estivesse lá quando ele caísse, que o ajudasse a
levantar, e ele só conseguia pensar em uma única pessoa. Não queria ficar
sozinho e sabia que enquanto tivesse aquela pessoa que vinha em sua mente,
ele jamais estaria.

Melissa Carvalho
Melissa ainda estava sentada em sua poltrona na sala, na TV passava o
jornal da noite, logo que terminasse ela iria pedir para que Maria a levasse
pra cama, ela estava exausta e as dores haviam aumentado
consideravelmente. Ela olha no relógio ainda não podia tomar outro
analgésico, fazia pouco tempo que sua enfermeira lhe dera um.
Ainda não recebera notícias de seu filho desde que ele saíra, acreditava que
eles deveriam ter se resolvido e Melissa abre um largo sorriso ao pensar nessa
possibilidade.
Ela queria que seu filho fosse feliz, como toda mãe, só lamentava não estar
mais presente quando ele se casar ou tiver seus próprios filhos. Mas ainda
assim era grata por ter conhecido ele e por ter cuidado dele tão veemente.
Melissa não conhecia a amiga de Mason, mas ele falava tanto sobre ela que
sentia como se a conhecesse e por esse fato sabia que um amava o outro, eles
só precisavam de um empurrãozinho, principalmente seu filho que por
incrível que pareça com toda aquela confiança tinha dificuldade de
compreender seus sentimentos. Mas ao julgar que já fazia duas horas que ele
saíra e até agora nada dele, ela imaginava que tudo estava em seu devido
lugar.
Pela janela ela vê as luzes dos faróis de algum veículo estacionar em frente
à casa. Quem pode ser a essa hora? Ela se pergunta em pensamento. De
costas para a porta de entrada ela escuta a mesma se abrir e ser fechada com
um pouco de força a mais do que deveria e logo vê a imagem de seu filho
percorrer a sala e se sentar na mesma poltrona ao seu lado que havia estado
há duas horas.
— Anjinho? O que houve? — Ela diz com preocupação em sua voz.
Mason olhava para a TV, sua postura e seu cenho franzido indicavam que ele
estava muito irritado. Seus cabelos bagunçados evidenciavam que ele havia
mexido neles.
Ele não a responde e continua a encarar a TV à sua frente, ela sabia que ele
não estava prestando a atenção no jornal.
— E sua amiga, ela... — Então ele a interrompe.
— Disse tudo mamãe. AMIGA, nada mais — Diz com rispidez.
A esperança e felicidade que havia dentro de si se abalam, não dera certo
pelo que ele falava. Melissa queria muito que seu filho encontrasse alguém,
mas não poderia ser qualquer pessoa ela o conhecia e sabia o quanto ele era
especial, ele poderia ter esse jeito mulherengo, mas ela conhecia o interior de
seu filho e sabia que Luna também.
Mason sempre cuidara dela mesmo ela não sendo sua mãe biológica. Ele
nunca a abandonou sempre a ajudou e esteve ao seu lado, ele era um menino
muito especial e hoje era um homem, que sempre lhe trouxe orgulho e que
nunca a decepcionara. E ela o amava como se fosse seu filho por que na
verdade ele era seu filho e sabia que ele a amava como se fosse sua mãe.
— Eu desisto mãe, é melhor assim — Ela nota ele pegar o celular do bolso,
olhar para a tela e logo em seguida desligar e guardar.
— Não querido, não faça isso. Você encontrou o amor e não se pode
desistir desse sentimento — Ele ergue os olhos e a encara — Você a ama?
— Sim — Diz após uma pausa.
— Então não desista. Você precisa ser paciente, precisa tentar entender
melhor Luna, mesmo que seja difícil no começo, por que vai ser. Amar não é
fácil, por isso que somente os fortes o fazem, somente eles amam de verdade.
Amar alguém é uma batalha diária, mas é uma batalha que vale a pena ser
travada. E você querido, meu anjinho é muito forte, você já passou por
muitas coisas na vida, perdeu muitas coisas— Ela nota a expressão dura de
seu filho se suavizar e seu semblante se tornar um pouco triste — Você disse
a ela que a ama?
— Não importa mais mãe.
— Você disse?
— Não — Ela solta um suspiro — Não tive a chance, ela não quis me
ouvir só ficou brigando comigo e batendo com o buque em mim — Ele olha
para suas mãos — Eu me irritei e fui embora, vaguei sem rumo por um tempo
então decidi vir até aqui e lhe dizer que ela só quer minha amizade.
— Querido ela está confusa.
— Ela me deixa confuso — A encara novamente — Pare de defender ela
mamãe.
— Não estou defendendo ninguém. Só estou tentando ajudar. Ela sentiu
ciúmes por causa da foto então isso prova que ela sente algo além de
amizade.
— Está defendendo ela sim.
— De tempo ao tempo — Ela sente a tosse chegando então pega seu lenço
do bolso — E se ela quiser sua amizade, seja o melhor amigo dela como já
faz, não foi você que me disse que era melhor tê-la como amiga do que de
maneira nenhuma? — Ela tosse mais.
— Eu sei mãe, mas é que é difícil — Ele pega o celular na mão novamente
e encara a tela o guardando de volta.
— É ela no telefone?
— Sim, mas não quero falar com ela agora, preciso esfriar a cabeça e
depois eu a escuto, ela me mandou uma mensagem de voz.
— Querido — Ela tosse de novo — Eu sei que tê-la por perto no início vai
ser difícil, mas nunca se sabe o que o destino nos reserva.
— Se ela quiser um amigo eu serei, como venho fazendo, mas eu farei isso
com dor, por que agora eu sei o nome do que eu sinto, mas eu jamais a
abandonaria mãe é que agora eu estou irritado, furioso, mas já passa, só
preciso de um tempo e dos conselhos da minha mãe — Ele sorri tristemente
para ela.
— Venha aqui meu anjinho — Ela abre os braços para ele.
— Só preciso esfriar a cabeça — Ele se levanta e vai até ela, fica de
joelhos a sua frente e a envolve em um abraço — Eu te amo mãe.
— My Litlle Angel — Ela o acalenta — Eu também te amo querido. Se
você não fosse tão mulherengo, talvez ela acreditasse em você de primeira —
Diz com tom de brincadeira.
— O que posso fazer? Tenho fraco por mulheres — Ele solta uma risada
após seu comentário.
— Como se diz aqui no Brasil, se conselho fosse bom não se dava se
vendia. Já o havia alertado sobre essa vida de playboy metido a Al Capone.
— As mulheres gostam de mim, tenho um charme natural — Ri
novamente.
Melissa acaricia os cabelos de seu filho, ela o amava tanto que não havia
explicação. Amor que não mede forças para defender, é capaz de sentir dor
sem doer, de chorar sem entristecer, de alegrar-se com suas vitorias e chorar
em suas derrotas e nas suas perdas.

Flashback 25 anos atrás.


Melissa brincava com seu pequeno Mason no seu quarto. Ele já havia
completado cinco aninhos e ela já havia se formado na universidade.
No começo ela enviou vários currículos para escolas elementares da região
de Dallas, mas não obteve resposta então Emily sua grande amiga e mãe de
Mason a ofereceu um emprego de babá por tempo integral que pagava mais
do que o salário de professora e ela de bom grado aceitou, não saberia como
deixar para trás o garotinho de olhos azuis e cabelo loiro cumprido, ela já o
amava como um filho.
Os dois agora estavam deitados no chão, Mason brincava com sua coleção
de dinossauros que ganhou de seu pai quando ele voltou de viagem do
Oriente. Melissa tinha em suas mãos um livro de sua escritora favorita Jane
Austen, ela observava Mason brincar e sorrir com suas janelinhas na boca.
— Anjinho você já guardou seu dente?
— Sim Lissa será que a fada do dente vem me ver?
— Claro meu amor e com certeza vai deixar um dólar de baixo do seu
travesseiro. — Ela sorria para ele.
— Um dólar inteirinho Lissa? — Ela o vê se animar.
— Sim, mas isso só vai acontecer se você for para cama no horário certo
tudo bem?
— Tudo bem Lissa vou ser bonzinho prometo.
Melissa o vê voltar a brincar distraidamente com seus dinossauros de
pelúcia enquanto ela volta seu olhar para o livro.
Ela não poderia estar mais feliz com o emprego, depois da morte de sua
mãe no ano passado Melissa havia ficado só e a família Carter gentilmente a
abrigou em sua casa dando um quarto bem ao lado de seu anjinho do qual ele
visitava todas as noites em que chovia forte e trovejava. Os dois iam para
debaixo da coberta e Melissa lia para ele contos de jornada nas estrelas até ele
dormir.
A relação dos dois era linda e Melissa sabia que não era perfeita, mas fazia
de tudo para ver Mason sorrir, na maioria das vezes eram apenas eles dois
com Emily e Roger sempre viajando a negócios.
Ela prometeu que o protegeria de tudo e todos, sempre ao seu lado. Estava
lá quando ele aprendeu a andar de bicicleta sem rodinhas, estava lá quando
ele caiu à primeira vez e arranhou seu joelho. Melissa não suportou vê-lo
chorar, aquilo partira seu coração. Ela cuidou de seu pequeno machucado e
lhe deu o beijinho que ele gostava de chamar de beijinho que cura por que
segundo ele sempre que ela proferia beijos em seus machucados recém
cuidados a dor passava.
Ela é tirada de seus devaneios quando Emily entra um pouco nervosa no
quarto.
— Mamãe! Mamãe! — Ela nota Mason pular de alegria — Vem ver minha
coleção de dinossauros.
— Agora não querido preciso falar com a tia Melissa tudo bem?
Melissa nota as mãos de Emily tremer, ela parecia nervosa e sua postura
estava estranha, a mulher elegante que sempre conhecera não estava mais
presente ali.
— Podemos conversar? — Melissa acena com a cabeça e logo em seguida
é puxada por Emily para o canto superior do quarto.
— Senhora Carter está tudo bem? — Ela vê Emily soltar um enorme
suspiro, seus olhos estavam marejados e ela olhava de seu filho para Melissa
o tempo todo.
— Lembra da conversa que tivemos por telefone há algumas semanas
atrás, que se algo acontecesse comigo e Roger você protegeria nosso filho?
— Sim eu lembro — Era realmente um pedido estranho, o que poderia
acontecer? Eles eram ricos e poderosos, mas naquela noite ela lembrava bem
das palavras proferidas por Emily e o fato de ter feito prometer sair dali com
Mason sem questionar quando chegasse à hora.
— Bom a hora é essa Melissa, preciso que saia desta casa com meu filho
agora mesmo. — Melissa a escuta dizer em um tom firme ela parecia segurar
as lagrimas.
— Mas por quê? O que aconteceu? — Ela estava ficando preocupada.
— Por favor, não faça perguntas apenas tire meu filho daqui! — Ela eleva
sua voz.
Mason vai até elas e levanta seus bracinhos pedindo colo a sua mãe e ela o
nega indo em direção ao closet e tirando de lá uma mala pronta com
pertences que ela acreditava ser de Mason.
— Nessa mala tem tudo o que precisa roupas, passaporte, seus brinquedos
favoritos e alguns documentos.
— Não quero ir mamãe quero ficar e brincar.
As duas veem o garotinho cruzar seus braços rentes ao peito com uma
carinha insatisfeita.
— Apenas obedeça, Mason — Emily o repreende.
— Não entendo senhora Carter o que houve onde está o senhor Carter?
— Por favor, não pergunte sobre nada — Ela sente as mãos de Emily
apertar as suas — Faça o que digo, por favor, por favor. — Ela agora estava
chorando sua voz era mais que uma súplica, estava repleta de angustia e
medo e Melissa apenas concorda com a cabeça.
— Sim senhora — Ela consegue dizer.
— Obrigada Melissa — Ela vê Emily tirar de dentro de sua bolsa um
envelope — Aqui está tudo o que precisa, papeis de contas bancarias feita em
seu nome com uma quantia considerável, documentos de Mason, poupança
para a faculdade quando ele completar o ensino médio e a escritura de uma
casa em Bridgeport, Connecticut. Lá vocês poderão recomeçar.
— Realmente não entendo por que não pode vir conosco?
— Preciso ficar e apoiar Roger. Sabe Melissa o amor exige sacrifício, todo
mundo que ama um dia terá que fazer escolhas, chegará o dia em que é
preciso fazê-las e o meu dia chegou — Ela tenta enxugar as lágrimas sem
muito sucesso, pois logo mais lágrimas caem — Mason querido vem cá —
Ela a vê abraçar forte seu filho, as lágrimas rolavam por seu rosto e só então
percebe que Mason também chorava. — Preciso que vá agora com a tia
Melissa, promete para a mamãe que vai ser um bom garoto e que vai
obedecer a Lissa em tudo certo?
— Não mamãe — Ele a afastava — Quero ficar com você e com a Lissa,
por favor.
— Querido a mamãe precisa ficar com o papai, promete para mim que vai
ser um bom menino?
— Sim mamãe— Melissa agora também chorava.
— Ótimo! Eu te amo meu amor agora vocês precisam ir. Você e tia
Melissa vão viajar — Ela sorri para ele.
Ela vê Emily o abraçar mais uma vez e empurrar os dois pelo enorme
corredor em direção a saída dos fundos.
— Preciso que vão embora no seu carro Melissa, ele já está pronto e
quando saírem da propriedade não olhe para trás ok?!
— Sim.
Melissa não sabia o porquê de tudo aquilo, o medo e a angustia emanava
de Emily. Mas ela havia concordado proteger Mason então o pega no colo,
ele chorava muito abraçado ao seu pequeno Spock de pelúcia que havia
pegado em seu quarto. Emily coloca a mala no banco traseiro e Mason na
cadeirinha, ela dá mais um beijo em sua testa e fecha a porta.
— Cuide dele e não deixe que ele esqueça quem é e de onde veio — Ela
dizia em tom de despedida e Melissa sabia que aquela seria a última vez que
a veria — Se tudo der certo eu os encontrarei na casa em Bridgeport — Ela
vai até Melissa e a abraça com força — Eu acredito que pessoas especiais
surgem na vida com um propósito e o seu é o de salvar meu filho — Emily à
solta olha uma última vez para Mason dentro do carro e sorri pra ele, logo em
seguida desaparece pela porta por onde eles saíram.
Com o coração partido ela entra em seu carro e da partida deixando a
mulher que tanto admirava para trás.
— Tudo bem anjinho vai ficar tudo bem. I’m here Okay? I’m here — Ela
lhe dizia olhando pelo retrovisor. Agora ela era responsável por aquele
menininho e ela era tudo o que ele tinha.
Mason apenas chorava e concordava com a cabeça enquanto via a figura
de sua mãe cadê vez mais longe. Quando estavam a uma distância
considerável, Melissa nota uma enorme nuvem de fumaça negra no céu vindo
da Fazenda Carter.

Dias atuais.
— I’am here anjinho — Ela diz àquelas palavras que tanto significavam
para eles desde tudo.
— I know — Ela o escuta responder.
— Pode me ajudar a ir até a cama anjinho? Os remédios estão começando
a fazer efeito. — Ela pede sentindo um pouco da tontura rotineira causada
pelos medicamentos.
Ela sente seu filho passar seus braços por sua cintura e pernas a pegando
no colo, ele a leva a passos lentos até seu quarto.
Ela tossia, sentia sua garganta se fechar a cada tosse seca que dava.
Melissa sente um gosto ferroso em sua boca e logo em seguida sua tosse é
acompanhada de sangue sujando todo o lenço que usava para disfarçar seu
estado.
Seus pulmões começam a apertar e ela geme de dor nos braços de seu
filho, a tontura aumenta e mais tosse, dor seguida de engulhos e por fim uma
quantidade considerável de sangue sai de sua boca deixando uma mancha no
chão.
— Mariaaaaaaa!
Ela escuta seu filho gritar, sua voz era preocupante e temerosa.
— Mãe? Mãe?
Ela mal podia ouvi-lo a dor não a deixava prestar atenção em mais nada ela
só conseguia ver vultos que serpenteavam sua visão turva.
— Senhor Carter o que aconteceu?
Melissa começa a cuspir sangue e mais sangue, estava sufocada sua
consciência ia escapando de seu corpo aos poucos.
— Abre a porta vou levá-la ao hospital, agora!
Ela só conseguia distinguir a voz de seu filho em meio a toda aquela dor
que parecia a esmagar de dentro para fora.
— Mason... Anjinho... — Ela consegue falar em meio a gemidos de dor,
sentia ser levada para fora o ar da noite bate em sua face. — Você precisa...
Precisa falar com ela... Não a deixe — Ela novamente fecha seus olhos com
dor — Não a deixe ir embora... — Ela começa a perder a voz, todo seu corpo
tremia.
— Calma mãe eu vou levar você ao hospital vai ficar tudo bem.
Ela sabia que ele só a estava confortando, sabia que essa hora chegaria.
Melissa não tinha arrependimentos, ao contrário se ela pudesse viver sua vida
novamente faria tudo de novo apenas para estar ao lado de seu filho.
Suas pálpebras pesam e ela logo perde a consciência nos braços de Mason.

Mason Carter
Mason a coloca no banco de trás e Maria a ajuda deixando-a confortável,
ele logo corre para frente e entra ligando o carro e dando partida.
Ele sai com o carro a toda velocidade, dirigia freneticamente pelas ruas,
passa os sinais vermelhos, decidira que só pararia quando chegasse ao seu
destino. Ele não sabe como, mas logo estaciona no hospital deixando seu
carro de qualquer jeito, ele sai de lá e pega sua mãe que agora estava
inconsciente. O medo em seu interior aumenta não suportaria perdê-la, não
agora.
Ele entra com ela em seus braços na recepção do hospital gritando,
implorando que alguém o ajudasse.
Logo dois enfermeiros de plantão aparecem com uma maca onde ele a
deita cuidadosamente. Ele os acompanha até certo ponto, Mason é impedido
de entrar quando os enfermeiros adentram o CTI do hospital.
Obrigado a ficar na sala de espera ele se senta em uma das cadeiras com as
mãos sobre o rosto.
— Senhor Carter precisa de mim para mais alguma coisa?
— Eu... Eu... — Não conseguia sequer falar com Maria, ela os
acompanhara até ali — Preciso que vá para a casa dela e prepare algumas
roupas não acho que ela sairá hoje daqui — Diz em um tom de voz
preocupante.
— Tudo bem — Ele a vê ir embora.
Alguns incontáveis minutos depois Mason escuta uma voz familiar o
chamar.
— Familiares de Melissa Carter?
Uma médica de aparência jovial com cabelos castanhos presos em um
coque e segurando uma prancheta o chama.
— Olá doutora Fernandes — Ele a cumprimenta e se levanta de onde
estava sentado.
— Mason? Oi você é parente da paciente?
— Sim, como está minha mãe? — Ele pergunta já temendo o pior.
— Bom...— Ela faz uma pausa.
— Juliana seja sincera comigo, não me esconda nada — Ele conhecia
Juliana Fernandes há muito tempo, desde que ele começara a trabalhar
naquele hospital, conhecia muito bem seu potencial então sabia que sua mãe
estava em ótimas mãos.
— Mason — Ela suspira — O quadro dela no momento é estável, porém
fizemos uma rápida bateria de exames e constatamos que o câncer se
espalhou por toda parede torácica e pulmões, temo que o tratamento intensivo
não vá mais funcionar, nós só a exporíamos a mais dor e cansaço o que não
seria bom tendo em vista seu estado — Ele vê a doutora Fernandes folhear os
papeis em sua prancheta. — Tudo o que podemos fazer agora é dar o máximo
de conforto a ela, eu sinto muito — Ele a sente tocar seu ombro.
O mundo de Mason desaba. Ele encarava Juliana, aquele rosto amigável e
familiar. Não podia ser verdade.
Não, não, não.
O que ele faria sem ela? Ela estivera presente em todos os momentos de
sua vida, cuidara dele, o criara, lhe dera a melhor educação, amor e agora ele
não podia salvá-la. Suas pernas estavam bambas e sua visão estava ficando
escura e embaçada pelas lágrimas que já não controlava. Ele logo se apoia na
cadeira ao seu lado. Seu coração agora doía, ele via que Juliana falava com
ele, mas ele não ouvia nada.
— Você entendeu?
— O... O que? — Ele gagueja.
— Ela quer vê-lo, irei permitir por alguns minutos conhece os
procedimentos.
— Sim.
Ele sente mais uma vez Juliana tocar seu ombro e indicar a sala indo com
ele até lá.
— Apenas alguns minutos Mason conhece bem o protocolo — Ela sai da
sala o deixando na privacidade que aquele lugar permitia.
Ele entra no quarto de sua mãe, ela estava tão tranquila apesar de estar em
um hospital. Oxigênio a ajudava a respirar e em seu braço um acesso fora
feito onde soro era injetado em sua veia.
— Mãe— Sua voz vacila, sentia seus olhos arderem.
— Não chore anjinho — Ele a escuta dizer com dificuldade, sua voz não
era mais que um fino sussurro.
— A senhora vai ficar bem, vai passar — Ele se aproxima dela e pega sua
mão levando até o seu rosto.
— Precisa ser forte tudo bem — Ele a sentia acariciar seu rosto — Vá atrás
dela Mason diga que a ama.
— Não vou deixá-la! I Will stay here.
— Go after her, tell her that you Love her! I’II be fine.
Ele solta um longo suspiro cansado.
— Ok mãe eu farei isso. Agora por favor descanse.
— Não se preocupe comigo querido, eu vou ficar bem aqui.
Ele pensa em tudo o que aconteceu, em todas as coisas que passara na sua
vida e não consegue ver um momento sequer que sua mãe não tenha feito
parte dela, ele sabia que ela não era sua mãe de verdade, mas isso não o
impedia de amá-la como tal.
Ele nunca pensara em como seria sua vida sem ela, mesmo depois que ela
fora diagnosticada, a esperança sempre fizera parte dele, sabia que o tipo de
câncer que ela tinha era grave, mas a ciência sempre avançava e ele sempre
estava em busca de novos tratamentos e drogas experimentais e tudo dera
certo por um tempo, quase seis anos para ser exato.
— Mason você precisa ir agora.
Ele escuta a voz de sua amiga médica, ela segurava a porta que dava
acesso ao quarto e então ele se despede mais uma vez de sua mãe que agora
pegara no sono.
Ele estava esgotado, cansado, suas mãos estavam frias e suavam, a ficha
ainda não caíra, ele estava sob o efeito da adrenalina, mas sentia ela passando
aos poucos, não havia comido nada desde que almoçara naquele dia, mas não
conseguiria comer agora, sua cabeça rodava e seu estômago não seria bem
receptivo a nada.
— Quando ela for transferida para um quarto no andar de cima poderá
ficar o tempo que quiser, nós vamos cuidar bem dela tudo bem?
Ele assente.
— Obrigado por tudo Juliana.
— De nada, agora se me der licença tenho relatórios a entregar. — Mason
a vê se afastar.
Ele coloca as mãos em seus bolsos tateando a procura de suas chaves. Que
merda! Mais essa agora, shit!
Não encontrava suas chaves e nem seu celular em lugar nenhum, olhava ao
redor para ver se não deixara cair no chão, mas nada, não estavam em lugar
algum.
MERDA! Onde estão essas malditas chaves? Perdi até o celular, como que
pode isso?
Ele tenta se lembrar, mas não conseguia essa última hora era um borrão em
sua mente, não se lembra nem de ter saído da casa de sua mãe e muito menos
de ter ido parar ali. Ele então decide ir fazendo o caminho por onde viera para
ver se encontrava caído em algum lugar.
Ele caminhava, não estava achando então acreditava deveria ter deixado
cair lá fora, era a última opção, ele se encaminha até a saída do hospital
quando a tontura o invade novamente. Mason se apoia na porta e logo é
abordado por um funcionário do hospital.
— Doutor Carter? — Ele vê o homem com uniforme de zelador o chamar.
— Sim, sou eu.
— O senhor está bem?
— Não muito, estou um pouco tonto e com ânsia, mas vou ficar bem, só
preciso achar minhas chaves. — Ele diz sentindo uma enorme dor de cabeça
o invadir junto com lágrimas involuntárias.
— Tem alguém que possa ligar para levar o senhor para casa? Creio que
não possa dirigir neste estado senhor...
— Não... Não tem ninguém — Ele interrompe o homem. Sua cabeça
latejava, sua visão estava ficando turva.
Para completar a noite só falta eu desmaiar agora.
— Tem certeza?
Ele só conseguia pensar em uma pessoa naquele momento, mas não sabia
se seria o certo chamá-la.
— Na verdade — Ele diz com certa dificuldade, sentia seu estômago se
revirar — Tem uma pessoa. Se importa de ligar para ela pra mim, não sei
onde o meu celular está, eu acho que o perdi, não encontro nem minhas
chaves do carro — Ele se sentia desorientado, realmente não seria bom ele
dirigir daquela maneira ou acabaria ele mesmo indo parar no hospital ou pior
ainda, faria com que outra pessoa viesse parar ali.
— Claro doutor — Ele coloca a mão do bolso e retira de lá e liga o próprio
celular - Só dizer o número.
Ele diz o número do celular dela e aguarda o homem falar.
— Alô aqui é do hospital central, estou ligando por que preciso que a
senhorita venha buscar Mason Carter... — Uma pausa — Ele não está nada
bem senhorita... — Mais uma pausa — Isso... tudo bem... obrigado.
Ele vê o homem desligar e guardar novamente seu celular no bolso.
— Prontinho doutor, ela já está vindo por que não se senta um pouco?
Mason o obedece indo com dificuldade e sendo ajudado por aquele gentil
senhor em direção a sala de espera.
“Dias ruins são necessários para que os dias bons possam valer à pena”
Dean Winchester

Mason Carter
A dor de cabeça era intensa. Mason sentia a dor percorrer da sua nuca até a
parte de trás dos seus olhos. Ele ainda não acreditava que aquilo tudo estava
acontecendo.
Bem que dizem que notícias e acontecimentos ruins nunca vinham
desacompanhados. Ele pensa.
Uma atrás da outra. Primeiro foi Luna e o desastre que tentar lhe dizer que
a amava, e agora sua mãe passara mal e ainda recebera a notícia de que não
havia mais nada a ser feito, a medicina não podia fazer mais nada por ela, os
médicos haviam desistido.
Ele entendia o lado dos médicos, claro que sim, sabia que não era bem
assim que funcionava, não era fácil para o médico dar uma notícia como
aquela, dizer que ele não podia fazer mais nada, o sentimento de impotência
era o pior de todos, pois muita confiança era depositada naquele profissional,
os familiares e o paciente dependiam dele, os médicos eram os responsáveis
pelas vidas naquele hospital.
Para um médico em primeiro lugar sempre é o bem-estar do paciente e no
caso de sua mãe o tratamento só pioraria, ele entendia tudo isso como
médico, mas não como filho. Como filho ele queria gritar, queria chorar,
queria implorar para que fizessem alguma coisa, qualquer coisa, não poderia
ver sua mãe daquela maneira, não conseguiria sem ela.
Melissa sempre fora uma mulher cheia de vida, ela sempre estava disposta
a tudo quando ele era criança, participava de suas brincadeiras, de suas
travessuras, se fantasiava com ele no Halloween, acampava com ele no
quintal da casa, assistia por horas Star Trek com ele, ela além de sua mãe era
sua amiga, sempre a admirara, era uma mulher muito forte, ela o criara, dera
tudo a ele, lhe ensinara tudo, ele se tornara o homem que era por causa dela e
ele a amava muito, mas não era somente amor era mais do que isso era
gratidão, ele devia sua vida a ela, afinal ela o salvara.
Mason ainda permanecia na sala de espera do hospital, estava sentado com
a cabeça apoiada em suas mãos, seus dedos enterrados em seus cabelos,
mantinha seus olhos fechados, pois a claridade estava piorando a sua dor de
cabeça.
Como isso é possível? Como nossa vida pode mudar tanto em menos de 24
horas?
Em um intervalo de um dia Mason descobrira vários sentimentos novos,
novas sensações.
Ele descobrira como era amar alguém, descobrira a maravilha que era
aquele sentimento, sentir como se seu coração batesse somente por uma
pessoa. Descobrira também o lado ruim desse sentimento, a dor do amor, a
dor da rejeição, a dor da desconfiança, esse lado era tão intenso que era capaz
de anular mesmo que por alguns minutos todo o lado bom, e era capaz de
fazer você questionar a si mesmo se valia a pena sentir o lado bom mesmo
correndo o risco de sentir o lado ruim novamente. Descobrira a dor da perda,
o desespero de ver alguém que você ama muito, alguém que você se importa,
sofrer e você não poder fazer nada por ela, apenas assistir e implorar aos céus
que a de mais uma chance.
O que eu vou fazer sem ela? Por favor, por favor, não quero ficar sozinho.
Inevitavelmente após ter aquele pensamento, Mason se recorda que
costumava dizer isso pra sua mãe, ele era criança e fora logo que eles
chegaram à casa nova em Bridgeport, ele se lembra de sentir muita falta de
sua mãe Emily, tinha sérios problemas para dormir e chorou por muitas
noites seguidas e sua mãe Melissa sempre o confortava todas as noites, lhe
dizendo que ele jamais ficaria sozinho, que ela estava lá e que sempre estaria
e ele acabava dormindo em seus braços.
Ele não tinha muitas lembranças de sua infância em Dallas, e nem de seus
pais, às vezes tinha alguns sonhos com os dois, ou se lembra de coisas que ele
não tinha certeza se realmente aconteceram ou se era fruto de sua
imaginação. Mas havia um sonho que era bem frequente até nos dias de hoje.
Ele estava em um lugar que ele acreditava ser seu quarto e sua mãe Emily
falava com ele, não se lembrava de sua voz, mas havia algo marcante nela
que ele jamais esqueceria e eram seus olhos, era de um tom de castanho
lindo, cor de mel, mas no sonho eles estavam vermelhos e lágrimas lavavam
sua face, ela falava muito com ele, mas ele nunca se lembrava de muita coisa,
as únicas coisas que se lembrava, as únicas que conseguia ouvir eram ela
dizendo que o amava e que era pra ele ser um bom menino.
Era possível sentir tanta falta de alguém que você nem ao menos conheceu
direito?
Alguém que deveria ser a pessoa mais importante da sua vida, mas tudo a
que ela se resume para você não é nada mais do os seus olhos e algumas
simples palavras e sorrisos tristes.
Ele nem sabia se aquilo acontecera de verdade, mas parecia ser tão real, ele
se lembra de que ela acariciava seu rosto, passava as mãos pelos seus cabelos,
ao pensar naquela lembrança parecia que podia até sentir seu toque, seus
dedos passearem por sua bochecha e nossa poderia estar ficando louco, mas
jurava que ele a ouvia chamar seu nome agora mesmo.
— Mason! — Ele ouvia ainda com os olhos fechados, sentia mãos em seu
rosto.
Nossa é tão real.
— Mason! — Ele escuta novamente, mas agora em um tom que era uma
voz muito familiar e podia jurar que não era sua mãe falando, aquela voz
pertencia à outra pessoa. — Mason! Ai graças a Vader, estava tão
preocupada.

Ok essa não é mesmo minha mãe. Ele pensa.


Ele abre os olhos ainda meio desorientado e sente a luz feri-los, ele coloca
as mãos em frente aos mesmos para diminuir a claridade e pouco a pouco um
rosto muito familiar vai criando forma em sua frente.
Luna estava ajoelhada a sua frente, suas mãos seguravam seu rosto,
estavam geladas, sua expressão era uma mistura de alívio, desespero e medo.
Ela falava muita coisa, seus lábios não paravam de se mexer, mas ele não a
ouvia com clareza, ainda seu foco e atenção não estavam totalmente
recuperados, por fim ele foca em seus olhos e o que ela lhe dizia começa a
fazer sentido.
— Você não faz ideia do meu desespero quando aquele homem ligou, eu...
Eu...Não sabia o que fazer, fiquei tão desesperada que até me perdi no
caminho — Ela não parava de falar, era sempre assim quando estava nervosa,
era uma matraca — Eu vim pensando no pior Kono, passou tanta coisa na
minha cabeça achei que te perderia, quando cheguei aqui me disseram que
você não estava se sentindo bem e que estava na sala de espera, nossa senti
tanto alívio em saber que nada grave havia acontecido com você...— Então
faz uma pausa somente para tomar fôlego e logo retorna.
Meu Deus, ela não vai mais parar de falar? Ai minha cabeça!
— E sua mãe? Como ela está? Ai Kono, eu sinto muito, ela vai ficar bem,
logo vai sair daqui... — Então ele a interrompe.
— Lua, por favor, chega. Está me deixando com mais dor de cabeça ainda.
— Me desculpe — Ela morde seu lábio inferior e retira as mãos de seu
rosto— Venha Kono vou te levar para casa.
Ele se levanta e a segue até seu carro que igualmente como ele fizera, ela
estacionara de qualquer jeito ocupando duas vagas e meia. Ele entra no carro
e logo estão deixando o estacionamento.
Mason não prestava atenção para onde Luna o levava, ele permanecia em
silêncio, a dor em sua cabeça persistia e as luzes dos faróis o incomodavam.
Por um bom tempo tudo o que se ouvia dentro do carro era o silêncio
constrangedor e ensurdecedor, várias vezes ele reparava que Luna olhava em
sua direção, ela deveria estar pensando em algo para puxar assunto, ela
odiava o silêncio.
— Você quer eu te deixe na sua casa? — Enfim ela pergunta.
— Sim, por favor, — Após uma pausa ele finalmente responde.
— Mason... — Ela começa a dizer após um suspiro.
— MERDA! — Ele a interrompe.
— O que houve? — Ela pergunta assustada.
— A chave da minha casa está junto com a chave do carro.
— E onde está sua chave do carro?
— Eu não sei, eu não sei — Dizia ele com o olhar perdido, dizia mais a si
mesmo do que a alguém — Eu não sei aonde coloquei — Ele passa as mãos
no rosto — Aonde eu enfiei o celular? Não me lembro de ter tirado ele do
bolso — Ele coloca a mão sobre a coxa esquerda apalpando seu bolso.
— Calma Kono, tudo bem, eu vou te levar para a minha casa e amanhã
procuramos suas chaves e seu celular — Ela coloca sua mão sobre a dele em
um ato para acalmá-lo— Eu estou aqui Kono, vai ficar tudo bem.
Ele sente sua mão gélida ficar sobre a dele, seu toque era confortável, a
pele dele se arrepia a aquele simples contato, ele queria tanto sentir aquele
toque em outros lugares, queria sentir a pele suave de seus dedos percorrerem
pelo seu braço, seu peito, seu abdômen, mas ele sofria ao pensar que aquilo
talvez nunca acontecesse.
Pode parecer um absurdo, mas ele sentia que aquele toque o fez voltar seu
foco para o carro, para o lugar onde estava, ele vira seu rosto na direção ao
dela, ela estava concentrada no trânsito. Ele a amava tanto que doía, e doía
mais ainda por saber que ela nunca seria dele.
— Sim amanhã procuramos — Ele diz ao voltar seu rosto para frente.
Nenhum dos dois disse mais nada após aquilo.
Depois de alguns minutos Luna abria a porta da própria casa. Mason se
senta no sofá, a tontura ainda está presente juntamente com sua dor de
cabeça, ele solta um gemido de dor ao se sentar e leva as mãos até a cabeça.
— Calma Kono, irei pegar um analgésico— Diz sumindo para dentro da
cozinha.
Mas que merda! Ele pensa ao encostar-se no sofá.
Um tempo depois ele sente Luna se sentar ao seu lado, ele olha para ela e
pega o copo de água e o remédio que ela lhe estendia, ele toma e lhe devolve
o copo.
— Obrigado — Ele apoia os cotovelos nas pernas e encara suas mãos, logo
sente Luna acariciar suas costas.
— Agora que parece estar mais calmo — Ela começa dizendo com uma
voz calma — Você pode me dizer o que houve?
— Minha mãe está morrendo — Ele diz simplesmente — Ela tem câncer
há alguns anos e não há mais nada a ser feito.
— Eu... eu... — Ela gaguejava — Eu sinto muito Kono.
Ele sente os braços dela o envolver em um abraço reconfortante e ele se
deixa ser abraçado por ela, não sabia o quanto precisava daquilo até aquele
momento.
— Eu estou aqui Mason — Ela lhe dizia em seu ouvido — Sempre estarei
aqui — Ele sente seus olhos arderem e logo sente uma lágrima escorrer pela
sua face — Shhh Kono está tudo bem — Ela o abraça mais forte.
— Minha mãe costuma me dizer isso — Ele diz em tom sério— I’m here
Mason, i’m here, i’m here — Seu tom de voz ia se alterando conforme dizia
— Como se isso mudasse alguma coisa.
— Calma Kono está tudo bem.
— Não Luna, não está — Ele eleva a voz.
— Mason se acalme — Diz se afastando dele — Ela não gostaria de te ver
assim. Precisa ser forte.
— Me acalmar? Pra que? — Ele se levanta do sofá — Estou cansado disso,
cansado de me dizerem isso, estou cansado de me acalmar.
Ela o encarava surpresa, ele nunca agira daquela maneira com ela, na
verdade com ninguém, ele nunca perdia totalmente o controle.
— OK — Diz ela em um tom calmo se levantando do sofá e atravessando
a sala — Quer se irritar? Ótimo— Ele a vê ir até a estante e pegar um vaso e
lhe entregar.
— Pra que isso?
— Quebra, desconte sua raiva em alguma coisa, mas não em mim.
Ele a encarava incrédulo. Aquilo era sério? Ela me deu um vaso para
quebrar?
— Luna — Ele solta um riso sarcástico — Você não entende, não sabe
como é — Ele passa a mão livre pelos cabelos — Minha mãe tem câncer há
seis anos — Ele a encarava e ela lhe devolvia o olhar — Viemos ao Brasil,
por que ela queria passar o resto da vida que ainda lhe restava no seu lar, no
seu país e eu a trouxe pra cá, havia acabado de terminar a faculdade, não
queria vir, queria que ela ficasse por lá e se tratasse lá mesmo, mas ela
insistiu e disse que ela viria sozinha e eu claro não poderia deixá-la vir
sozinha e ainda por cima doente — As lágrimas desciam pela sua face, uma
atrás da outra ele não conseguia segurar.
Ele odiava chorar e principalmente odiava que os outros o vissem daquela
maneira, vulnerável.
— Você não sabe o quanto é difícil pra mim — Ele elevava a voz
novamente — Eu sou médico Luna, MÉDICO! E não posso fazer nada, não
posso ajudá-la em nada. Aquela mulher é tudo pra mim, é tudo o que eu
tenho e eu não posso fazer porra nenhuma por ela, só posso ficar ao seu lado
e vê-la morrer — Ele passa a mão nervosamente no cabelo e apertava com
força a outra ao redor do vaso que ainda segurava — Os exames dela
indicaram que há metástase pelo corpo todo, não querem mais aplicar a
quimioterapia nela, tudo o que resta agora é esperar.
Ele andava de um lado para o outro na pequena sala, sentia mais lágrimas
chegarem e escorrerem, sua visão estava ficando embaçada por elas, suas
mãos tremiam e sentia seu peito doer, era tanta raiva dentro de si, tanta
decepção e lá estava o sentimento de impotência.
— Eu sou médico Luna e não posso fazer merda nenhuma pela minha
própria mãe, de que adianta essa profissão? De que adianta tudo isso? Ela é
tudo o que eu tenho, sem ela eu não seria nada, sem ela eu não existiria, não
estaria aqui, ela me salvou, devo minha vida a ela — Ele a encarava — Me
salvou e eu não posso fazer o mesmo por ela.
Era tanta dor, seus ombros estavam pesados e por causa de tanto peso seu
corpo cai e ele fica de joelhos no meio da sala, chorava como nunca chorara
antes, sentia uma dor sem igual.
— Eu não posso viver sem ela, não consigo — Ele abre os dedos que
seguravam o vaso e o mesmo cai no chão e rola para o lado, logo em seguida
suas mãos caem na lateral de seu corpo.
Ele sente Luna se aproximar, se ajoelhar e o abraçá-lo novamente.
— Você precisa ser forte Kono — Diz em seu ouvido.
— Eu estou cansado de ser.
— Então não seja — Ela o abraça mais forte — Chore Kono, coloca tudo
para fora.
— Eu não quero ficar sozinho— Diz com a voz mais rouca que o normal.
— Você não vai.

Luna Iasune
Ela não sabia o que fazer, o que dizer só o que poderia fazer era abraçá-lo.
Ela repetia várias vezes que tudo ia ficar bem, mas a verdade era que Luna
não sabia se realmente tudo ficaria bem.
Ele chorava em seu ombro e ela podia sentir as lágrimas quentes molharem
sua blusa. Odiava ver Mason daquela maneira tão vulnerável e triste, nem
sequer parecia o Mason que conhecia sempre alegre e risonho, não, aquele
Mason era diferente, era triste, raivoso e perdido.
Luna acariciava seus cabelos com a mão esquerda enquanto a direita
repousava em suas costas o envolvendo em seu abraço caloroso. Seu coração
batia tão forte que parecia que iria sair pela boca.
Lá estava ela nos braços do homem que amava incapaz de dizer-lhe uma
palavra de conforto.
Luna acreditava que o sentimento que sentia por Mason ia muito além do
amor. E como ela sabia disso? Bom assim que recebeu o telefonema
imaginava as piores, mil coisas passaram por sua cabeça a caminho do
hospital e a toda hora ela repetia no carro que nada de ruim poderia ter
acontecido com ele. Não suportaria se ele estivesse machucado, em parte por
que seria culpa dela por tratá-lo daquela maneira e em parte por que se algo o
acontecesse jamais teria a chance de dizer que o amava, se bem que depois de
tudo não achava que aquilo fosse possível.
Ela o amava com todas as letras, palavras e pronuncias, o coração dela
implorava, suplicava para que parasse de mentir para si mesma dizendo que
só queria sua amizade.
Luna podia sentir as lágrimas chegando aos seus olhos, ela o abraçava forte
como se sua vida dependesse daquilo.
O afasta e encara seus olhos que antes tinham um brilho alegre agora
estavam apagados cobertos por uma tristeza que ela jamais achou que veria.
— Ei olha para mim Kono, você não está sozinho me entendeu?! — Ela
agora leva suas mãos ao seu rosto e acaricia sua face com ambas.
— Como pode ter certeza disso?
— Eu estou aqui — Ela dizia, ela volta seu olhar brevemente para a
pulseira de couro que estava envolta do pulso dele.
Ao voltar sua atenção para os olhos tristes e para a face lavada pelas
lágrimas de Mason, ele a estava encarando, ambos muito próximos um do
outro, a respiração entrecortada dele se misturava a dela. Luna desce uma das
mãos vagarosamente pelo seu braço, tocando delicadamente a pulseira em
seu pulso.
— Eu estou aqui — Repete ela.
Nada era mais lindo que seus lábios que agora não conseguia parar de
encarar, toda a sala agora parecia girar e seu cérebro mandava sinais claros
para seu corpo de que aquilo em que pensava não era uma boa ideia, sinais
dos quais ela se negava a obedecer. Suas mãos tremiam um pouco e podia
sentir que Mason também estava envolvido naquele misto de sensações.
O desejo de Luna estava preso dentro dela, trancafiado bem fundo no seu
ser, ele não se manifestava em palavras ditas ou escritas, mas ele estava ali
sempre presente, sempre esperando à hora certa, ileso e faminto.
Se eu apenas pudesse beijá-lo. Ela pensa já se aproximando, levando seus
lábios em direção aos dele.
É então que ela o vê virar seu rosto um pouco para o lado, mas o suficiente
para que seu nariz se encoste levemente em sua bochecha.
O que você ia fazer Lua? Não é hora para isso. Sua mente gritava. Ele
estava frágil e claro seria errado se aproveitar disso. Luna sua idiota.
Mas no fundo ela estava decepcionada por saber que tinha culpa total e
irrefutável em ele a afastá-la.
Ela não conseguia parar de pensar em seus sentimentos e aquilo até podia
ser egoísta de sua parte, mas ela não podia evitar deixar de pensar que se
talvez houvesse dado uma chance tudo seria diferente.
— Gomenasai — Ela diz.
[25]

— Pelo quê Lua?


Ela o escutava perguntar, sabia que ele havia entendido aquela palavra,
mas não sabia o que dizer.
Desculpe-me por ser uma péssima amiga, pelas flores, por não ter deixado
você terminar de falar, por não admitir que te amo, por ser uma covarde e
ter medo.
Era o que ela queria dizer, porém ela não diz absolutamente nada,
simplesmente não conseguia dizer nada, ela tinha tanto a se desculpar, mas as
palavras não saiam e então continua em silencio por um bom tempo até que
ele após um suspiro cansado se levanta e o quebra.
— Posso tomar um banho?
— Claro Kono eu... Eu vou preparar o quarto de hóspedes para você tudo
bem? — Ela se levanta e caminha pelo corredor, podia o sentir vindo atrás
dela e enquanto ele entrava no banheiro, ela seguia até o fim do corredor indo
em direção ao quarto e logo adentrando naquele espaço que somente Mason
utilizava toda vez que dormia lá.
Lá tinha uma cama de casal e um pequeno closet do qual haviam
disponíveis alguns lençóis de cama e cobertor. Luna podia escutar o barulho
do chuveiro ecoar pelo corredor, enquanto isso ela pegava os lençóis extras e
forrava a enorme cama. Tudo parecia perdido, naquele momento ela não
sabia o que fazer, ela ainda estava abalada com as mensagens recebidas e
logo quando tinha resolvido assumir aquilo que sentia.
Talvez aquilo não fosse para ser e por mais que Luna agora quisesse
insistir, o tempo dela havia acabado ela havia tido inúmeras chances durante
esses dois anos de amizade e desperdiçara todas elas.
Ela estava envolta de tantos pensamentos que nem percebera seu amigo
parado bem na porta.
— Lua?
Ela é despertada por sua voz
— Já deixei tudo pronto, mas se quiser tem cobertor extra no armário —
Dizia apressada — Boa noite Kono — Ela fala enquanto passava por ele.
— Lua?
— Sim? — Ela percebe ele entreabrir os lábios várias vezes, sua postura
rígida, parecia querer dizer algo, mas estava relutante.
— Boa... Boa noite... — Ele diz por fim e então logo em seguida ela o vê
entrar no quarto e fechar a porta.
Ela suspira e caminha até seu quarto aonde sua cadela descansava ao lado
da cama.
— Oi menina — Misty vem recebê-la, havia ficado trancada todo esse
tempo — Desculpe não ter te tirado daqui meu amor prometo que saímos
cedo amanhã para um passeio ok? — Ela escuta um latido, por sorte em seu
quarto também havia água e comida para sua cadela já que na maioria das
vezes sua amiga a fazia companhia no seu refúgio.
Ela se deita na sua cama e coloca seu braço por sobre sua face, sentiu um
enorme peso afundar a cama e em seguida lambidas frenéticas, Luna abraça
sua cadela que parecia entender que ela precisava daquilo então se aconchega
ao seu lado.
Tudo havia começado com uma amizade que virou amor, que virou dor,
momentos felizes haviam se tornado recordações e a dor a assombrava. Ela
sabia que não dormiria bem naquela noite, precisava compelir o desejo de
sair daquele quarto e ir até onde ele estava e dizer tudo o que havia em seu
peito.
Você foi à grande culpada. Ela pensava. Agora não podia nem sequer o
confortar sobre sua mãe.
Não sabe quanto tempo ela ficou ali abraçada a sua amiga peluda, não sabe
quando começou a chorar e a se lamentar em ter sido covarde e por fim não
sabe quando adormeceu.
“Eu tenho um plano de ataque. Ataque”
Tony Stark

Mason Carter
Mesmo antes de abrir os olhos Mason sabe que amanheceu, ele sente o
cheiro de café sendo feito, ele amava aquele cheiro, para ele o dia começava
realmente quando ele era envolvido pelo cheiro de café.
Quando abre seus olhos suspira aliviado pela dor de cabeça ter passado, se
senta na cama e esfrega o rosto com as mãos, logo em seguida passa as
mesmas pelos cabelos e só então que olha ao redor e imediatamente
reconhece aquele quarto, ele sabia muito bem onde estava.
Alguns segundos após acordar e de reconhecer o ambiente as imagens dos
acontecimentos da noite anterior voltam a sua mente e sente o peso em seus
ombros voltarem. Com toda certeza aquela fora a pior noite que já tivera,
claro que a pior que ele consiga se lembrar. A dor ainda estava em seu peito,
comprimindo seu coração e o sufocando apertando seus pulmões e traqueia.
Ele precisava ir até o hospital vê-la, tinha que saber sobre ela, alguma notícia.
Ele involuntariamente leva as mãos até o bolso da calça para pegar seu
celular e se depara com dois problemas, o primeiro ele estava sem suas
calças, pois a retirara para dormir e o segundo e o mais importante e
problemático de todos era que mesmo que estivesse vestindo sua calça de
nada adiantaria, pois havia perdido seu celular.
Puta merda Mason. Ele se repreende em pensamentos.
Ele olha encima do criado mudo onde podia ser encontrado um pequeno
relógio e nele podia ser visto os ponteiros marcarem 7h55. Ainda era muito
cedo para visitar os pacientes do hospital e mesmo ele sendo médico e
funcionário de lá nada adiantaria, pois além dele trabalhar em outro andar e
em um setor completamente diferente havia também um protocolo a ser
seguido por todos.
Então decide se levantar e quando faz isso sente uma leve tontura e uma
pequena pontada da dor de cabeça que estava ali à espreita, precisava de
outro analgésico antes que a dor decida voltar. Ele sabia que Lua guardava
alguns remédios no armário do banheiro então era pra lá que iria.
Lua, ele pensa soltando um suspiro logo em seguida.
Ela o vira daquele jeito ontem à noite, nunca ninguém o vira daquele jeito
antes, teria que se desculpar, teria que sair desse quarto e encará-la, mas não
seria fácil, uma hora eles teriam que se ver e se falar após aquela briga que
tiveram ontem, claro que ele não teria imaginado que quando esse momento
chegasse seria em uma situação daquelas e após acontecimentos como
aqueles. Ele se aproxima da poltrona que havia no canto do cômodo e pega
sua calça e camisa que colocara ali ontem antes de se deitar.
Ele abre a porta e atravessa o corredor indo direto para o banheiro, lava seu
rosto, penteia os cabelos com as mãos e abre o armário em busca de mais um
analgésico, ao encontrar coloca em sua boca e o engole. Pega uma escova de
dente que ele deixara na casa dela uma vez, para que quando ele dormisse lá
tivesse sua própria escova, como já fizera várias outras vezes. Ao terminar de
se arrumar ele encara sua imagem no espelho, seus cabelos sempre uma
bagunça, ele já havia desistido deles. Seus olhos estavam inchados e olheiras
um pouco escuras podiam ser vistas, ou seja, o que ele via não era nada bom,
era a imagem do cansaço.
Ao fazer uma varredura pelo seu rosto seus olhos agora focavam seus
próprios lábios, e se lembra da noite anterior quando podia jurar que Luna
encarava aquela região, pode ver em seus olhos o que ela pretendia, pelo
menos ele acreditava que tinha visto, mas alguns fatos da noite anterior
estavam borrados como se houvesse uma neblina em sua mente, mas por um
instante pensou ter visto Lua tomar a decisão em fazer o que ele achava que
ela pretendia e a viu se aproximar dele.
Ele estava tão cansado, estava acabado na verdade, cansado de levar uma
atrás da outra, estava mais triste do que se podia imaginar, estava
decepcionado consigo mesmo e com a equipe medica que confiara para
cuidar da sua mãe, estava com raiva de si mesmo por ter escolhido aquela
área da medicina para seguir e não uma área que pudesse ser mais útil para o
estado em que sua mãe se encontrava, como por exemplo, seguir na área de
Oncologia.
E ao ver Luna se aproximando dele, ele não entendia o porquê ela queria
fazer aquilo, por que ela queria beijá-lo, por que ela achara que aquele
momento era o melhor para aquilo. Ela mesma estava cansada de dizer, e ele
de ouvir, onde ela o queria, onde era o lugar dele na vida dela, mas então ela
se aproxima para beijá-lo, ele já não entendia mais nada, Luna estava dando
um nó na sua cabeça.
Aquele ato dela somado a aquele momento após tudo o que eles já
passaram, após tudo o que ela já lhe dissera, pra ele significavam que ela
estava com pena dele, que ela se sensibilizou pelo seu estado, fazendo com
que ela o quisesse beijá-lo apenas para consolo, apenas pra isso e mais nada.
Ele se sentiu mais vulnerável ainda e não gostou de ser um objeto de pena,
ele não precisava da pena dela e nem a de ninguém, não a queria. Então isso
fez com que ele virasse o rosto por alguns poucos centímetros, mas o
suficiente para que ela não encontre o seu destino e nem conclua seu
objetivo.
Ele passa uma última vez as mãos pelos cabelos e sai do banheiro indo em
direção a cozinha de onde aquele cheiro maravilhoso vinha e onde ele poderia
encontrar uma pessoa que pelo o horário e pelas coisas que encontra na mesa
quando entra na cozinha, ele sabia que ela também não conseguira dormir
direito.
Luna estava de costas para a porta e batia com as mãos uma massa, na
mesa havia pães de tamanhos variados, geleia de morango, duas canecas,
manteiga, queijos e o café que estava sendo passado na cafeteira, sabia o
quanto ela gostava de cozinhar, as vezes não era muito bem sucedida o que
fazia que na maioria das vezes ele que ficasse encarregado da comida, mas
mesmo assim ela dizia que a relaxava. Após um tempo ele a observando ela
ainda estava alheia à sua presença.
— Bom dia — Ele finalmente diz quebrando o silêncio e a vê virar em sua
direção por um breve momento antes de voltar sua atenção para a massa que
batia.
— Bom dia — Ela responde.
Ele olha para as roupas que vestia, um top preto que deixava seu abdômen
a mostra, um shorts branco de moletom um pouco largo em suas coxas, um
tênis roxo de corrida e seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo.
— Saiu para correr? — Ele pergunta ainda parado na porta.
— Sim, estava devendo uma corrida para Misty — Agora ela colocava
parte da massa na máquina própria para fazer waffles.
— Então pelo jeito não conseguiu dormir.
— Na verdade não consegui, já fiz várias coisas hoje — Ela enfim se vira
pra ele — Já liguei na clínica e pedi que me substituíssem hoje, sai pra correr,
brinquei com Misty e também passei em um lugar e lhe comprei isso — Ela
então pega um copo de Frapuccino da Starbucks que ele ainda não reparara
que estava ali ao lado dela na bancada da pia — Eu estava te devendo um —
Ela sorri pra ele meio sem jeito.
Ele pega o copo nas mãos e encara o escrito em caneta preta na lateral que
dizia Kono, e o canto de sua boca se ergue em um movimento sutil quase
imperceptível, ele estava sorrindo, ainda era um sorriso bem discreto e
tímido, mas ainda assim era um sorriso, aquele simples ato dela fora o
suficiente para rachar as paredes que se ergueram ao seu redor e deixar um
feixe de luz entrar e iluminar parte da escuridão que estava em seu coração.
— Sim você estava devendo mesmo — Ele a encara com aquele sutil
sorriso em seu rosto.
Presentear o outro com café se tornou algo deles, um presente muito bobo
e insignificante para muitos, mas que para eles era um ato de carinho e
também uma lembrança de como eles chegaram até ali, o laço da amizade
deles, do carinho e cuidado que sentiam e tinham um pelo outro.
— Obrigado Lua — Ele diz após alguns segundos de pausa.
— De nada — Ele volta sua atenção para a máquina de waffles e a abre
retirando de lá uma massa crocante e dourada.
— Não Lua — Ele a encarava — Obrigado e não estou me referindo
somente ao Frapuccino e sim a tudo — Ele a vê se virar em sua direção e o
encarar com um olhar um pouco confuso.
— Tudo bem Mason. Era o mínimo que poderia fazer por você, você
sempre me ajuda em muitas coisas, sempre está do meu lado. Então que tipo
de melhor amiga eu seria se não fizesse o mesmo?
Ele olha para o copo em suas mãos e após um suspiro cansado ele diz.
— Me desculpe por ontem, eu simplesmente perdi o controle.
Ela coloca mais massa na máquina e ainda sem lhe dizer nada vai até a
geladeira e tira de lá um suco e o coloca na mesa.
— Tudo bem Mason, foi um dia difícil e foi estressante o que você passou.
Todo mundo perde o controle uma vez na vida, não se preocupe — Ela diz
sem o encará-lo, ela estava um pouco distante parecia estar medindo as
palavras e pensando com muito cuidado antes de dizê-las — Depois podemos
procurar suas chaves e celular tudo bem?
— Sim seria ótimo — Ela se vira novamente em sua direção e o encara
ainda meio sem jeito.
Ele solta um suspiro e fica parado na porta da cozinha com o copo nas
mãos, e lá estava o silêncio novamente, a sua presença estava se tornando
frequente entre eles nos últimos dias e aquilo era completamente incomum
pra eles, o clima ali naquele cômodo se tornou diferente do que ele se
lembrava e o qual ele estava acostumado, eles não sabiam o que dizer um ao
outro e uma nuvem de constrangimento pairava sobre eles.
— Eu vou deixar você tomar seu café — Ela retira mais um waffle da
máquina e a desliga da tomada logo em seguida — Vou estar ali na sala —
Ela se encaminha em sua direção e passa por ele.
— Lua? — Ele a chama e vira para encará-la.
— Diga Kono — Ela para e lhe diz ainda de costas.
— Nós estamos bem?
Ele a vê se virar para ele com um sorriso em seu rosto, sabia o quanto ela
estava se esforçando para dar aquele sorriso, podia ver, ele a conhecia e sabia
que não era um sorriso totalmente sincero.
— Sim Kono, estamos bem — Solta um suspiro e relaxa um pouco seu
corpo.
— Me desculpe Lua.
— Pelo o que?
— Por ontem, por ter gritado com você, por ter feito aquela cena na sala,
por ter te atrapalhado e feito você ir me buscar — Ele faz uma pausa — Me
desculpe por ter feito você se preocupar, por ter feito você chorar — Ele roda
o copo entre os dedos — Mas mesmo assim — Ele a encara — Obrigado por
estar lá quando eu precisei.
— Mason tudo bem. Sou sua melhor amiga e não foi nada, sério — Ela
abaixa seus olhos e encara o chão — Obrigada por ter pensado em mim, fico
muito feliz — Ergue seus olhos novamente pra ele — Olha tome seu café,
conversamos sobre isso depois, você deve estar cansado e com fome, eu vou
esperar aqui na sala está passando De volta para o futuro.
— Eu gosto desse filme.
— Eu sei, eu também gosto.
— Então o filme é mais importante do que conversar com seu melhor
amigo? — Ele a provoca, tentava descontrair um pouco, tentando fingir assim
como Luna de que tudo entre eles estava bem, mas na verdade estava
mentindo para si mesmo e ele sabia disso, mas não custava tentar.
Ela não o responde, mas ele pode jurar que viu um leve sorriso em sua face
antes dela se virar e ir até a sala, ele a segue e logo pode ouvir um suspiro
irritado de sua amiga quando ela encara a TV e vê que o filme já havia
acabado e agora outro começava e ele sabia que ela odiava aquele tipo de
filme.
— Droga! Cadê o controle? — Ele a escuta dizer enquanto American Pie
passava na tela.
— Nossa toda essa pressa para assistir American Pie? Prefere isso do que
conversar comigo?
— O que? Sem chances de ver esse filme. Um filme sobre universitários
americanos idiotas, grande filme — Ela diz irritada enquanto vasculhava pela
sala em busca do controle da TV.
— Vou ignorar a parte sobre americanos idiotas — Ele solta uma breve
risada — E por que não quer ver esse filme? Qual o problema?
— Por que se quisesse ver pornografia eu veria sozinha e não com você.
Ahhhh achei — Diz triunfante ao encontrar o controle.
— Qual o problema de eu ver com você? Tem vergonha de mim Hobbit?
— Seu sorriso se estende mais em sua face, tinha esquecido em como amava
provocar aquela mulher, pode parecer loucura, mas era até que relaxante, ele
se sentia bem fazendo aquilo, dava a sensação de que eles estavam bem,
mesmo quando sabia que aquilo não era verdade, mas sabia que com algum
esforço e dedicação eles poderiam voltar a ter a amizade deles de volta.
— Mason sem chance de termos esse papo — Ela diz ao se afundar no
sofá.
— Que papo? — Ele se senta ao seu lado e toma um gole do seu
Frapuccino.
— Acreditaria se eu contasse que nunca vi um filme... É... Um filme...
Você sabe... Com cenas muito mais ilícitas do que o normal — Suas
bochechas adquirem um tom de vermelho.
— Nunca viu um filme pornô? — Ele arqueia uma sobrancelha — Mas
American Pie não é pornô, é uma comedia com algumas cenas e alguns
palavrões.
— Eu sei que não é um filme pornô, mas é o jeito deles, o jeito do filme,
ah Kono você sabe que não curto filmes assim, sobre universitários e sexo —
Quando ele pensa que sua face não pode mais ficar vermelha é que se
surpreende ao notar que existem mais tons de vermelho que ele imaginava —
Podemos mudar de assunto?
— Por que não gosta de falar sobre esses assuntos Hobbit? Sente vergonha
de mim?
— Não Kono não é isso eu apenas não gosto ok — Ele sempre notava que
ela ficava inquieta quando alguns assuntos surgiam entre eles, mas sabia que
sua amiga era tímida em determinadas situações então não se preocupava
muito com aquilo.
— Ok — Ele diz após rir da situação e do evidente desconforto de sua
amiga — Sobre o que quer falar então?
— Você nunca me falou sobre sua faculdade — Ela cruza as pernas no
sofá e se vira para ele.
— Pensei que você não quisesse mais falar sobre pornografia— Então ele
começa a rir, ele não aguentou segurar aquele comentário, ria principalmente
da cara que ela fez, a cara dela sempre valia a pena.
Ele ria muito e sentia como se fizesse muito tempo, até mesmo dias que
não ria daquele jeito, e tinha quase certeza absoluta que fazia todo esse tempo
mesmo.
— Por que eu não estou surpresa.
— É brincadeira Hobbit — Ele enxuga o canto do seu olho esquerdo com
os dedos — Ok sobre o que quer saber?
Luna abre a boca para perguntar algo, mas é interrompida pelo toque do
seu celular, ele nota sua amiga se enrijecer um pouco, seu olhar fica sério, ela
pega o celular que se encontrava na mesa de centro, ele nota ela hesitar um
pouco antes de encarar a tela e quando o faz seus ombros relaxam e ele não
pode deixar de reparar que aquilo fora estranho.
— Alô! — Escuta sua amiga dizer — Eu que pergunto. Quem é?
Ela ouvia a outra pessoa e então os olhos dela caem sobre ele.
— Sim ele está aqui comigo. Se puder deixar tudo na recepção do hospital
mais tarde levo ele até lá para buscar — Enquanto o encarava ela ia abrindo
um sorriso sutil — Ok muito obrigada — Ela desliga.
— Quem era? Estavam falando de mim?
— Boas notícias— Ela começa a dizer animada — Maria a enfermeira da
sua mãe está com seu celular, seu carro e suas chaves e vai deixar na
recepção do hospital, mistério resolvido.
— Mas como que ela está com as minhas coisas? — Por que não me
lembro disso? Ele pensa e então como em um estalo ele se lembra — Merda!
Eu pedi para ela ir até a casa da minha mãe pegar algumas roupas e coisas
para ela — Ele suspira irritado se encostando no sofá — Como que eu
esqueci disso? Como que ela iria até a casa da minha mãe se não fosse com
meu carro?
— Ta tudo bem Kono, você não estava pensando direito ontem — Ela se
arruma no sofá virando o corpo completamente na sua direção — Agora me
conte como era na faculdade?
Nossa a faculdade, fazia um bom tempo que não pensava sobre o período
que passou por lá. Seus amigos, a fraternidade, os campeonatos, as aulas,
tirando as de filosofia é claro, sentia até que falta de tudo aquilo.
Passara ótimos momentos naquele lugar, fizera grandes amigos, conhecera
muita gente. Ele buscava algo em suas lembranças que pudesse compartilhar
com Luna. A maioria das pessoas que descobriam que ele era americano e
que fizera faculdade por lá, queriam saber se era como nos filmes e ele
sempre dizia que era, pois era mesmo, havia muitas festas praticamente todos
os dias, mas era de sua escolha participar ou não.
— Vai Kono me conte sobre a faculdade em Dallas — Ela interrompe seus
pensamentos — Soube que as faculdades de medicina de lá são bem
avançadas. Você estudou em qual? Na South western ou em alguma
faculdade cristã tipo a A & M University?
— Você acha que tenho cara de ter frequentado uma faculdade cristã? —
Ele abre um sorriso de canto.
— Não tem mesmo — Ela abre um sorriso que não deixa de notar como
ela ficava linda sorrindo — Você provavelmente seria expulso, mas a maioria
das universidades de Dallas é cristã.
— Provavelmente nenhuma faculdade cristã me aceitaria, mas eu não
estudei em Dallas — Ele toma outro gole do seu Frapuccino.
— Sério? — Ela pergunta com curiosidade — Estudou onde então?
— Sim eu apenas nasci em Dallas e passei parte da infância por lá —
Toma outro gole — Eu me formei em Yale em Connecticut.
— Eu já visitei o campus de Yale uma vez.
— Sério? — Agora era a vez dele de perguntar com interesse — Por quê?
— É uma longa história.
— Sabe que são minhas favoritas, cheias de detalhes.
— Quando eu estava no último ano do ensino médio lá no Japão, quatro
dos melhores alunos foram escolhidos para fazer uma viagem, e os nossos
senseis queriam nos apresentar o programa de intercâmbio para os estudantes
para assim ampliar nossas opções de Universidades — Ela faz uma pausa —
E naquela época eu gostava muito de História e em Yale tem um dos
melhores cursos de História do mundo. Quando chegamos lá nossa minha
animação só aumentou, o campus era lindo e os edifícios estudantis
inspirados em Oxford me deixaram fascinada. Tudo estava perfeito até um
cara convidar meu grupo para uma festa em uma fraternidade, a sede dos
Buldogs a maior fraternidade masculina e a mais conhecida senão me
engano, a você provavelmente conhece já que estudou lá.
E como conheço aquela fraternidade, conheço muito bem e ela tem razão
era a maior fraternidade masculina, era a mais disputada e a que dava as
melhores festas. Ele pensa.
— Bom quando chegamos nos deparamos com uma típica festa de
faculdade. Havia bebidas, algumas pessoas com baseados, muitos homens e
claro muita mulher, mas o auge foi quando um idiota que eu acredito ser o
presidente da fraternidade, porque todos o tratavam como um rei, eu nem
sequer vi o rosto dele, pois ele estava sempre cercado por mulheres. Os
amigos dele nem o chamavam pelo nome o chamavam de “rei da conquista”
— Diz fazendo as aspas com os dedos — Eu sai de lá sem nem conseguir
aproveitar a festa, deixei meu grupo lá e voltei para meu alojamento que o
campus nos disponibilizou e foi ali no meio de tanta futilidade que eu decidi
que Yale não era pra mim que os Estados Unidos não era pra mim.
— Você deve estar querendo dizer mestre da conquista — Ele a corrige e
começa a rir. Isso vai ser interessante.
— Você o conhece?
— Claro que sim, ele era conhecido por todos do campus, era bem
requisitado em festas, fazia muito sucesso com as mulheres, alguns caras até
lhe pediam conselhos, as mulheres diziam que era um cara muito bonito e
apesar de tudo isso ele era uma boa pessoa, tinha um ótimo papo e era bem
inteligente — Ele tinha um ar de divertimento em seu rosto.
— Fala sério Mason o cara deve ser o maior idiota, quem se autonomeia o
mestre da conquista?
— A culpa do nome não foi dele, começaram a chamá-lo assim e sempre
que podia ele pedia para que não o chamassem, mas sabe como é — Ele
avaliava sua expressão — Eu sempre participava das festas dos Buldogs,
então eu com certeza deveria estar nessa festa que você foi.
— Sério?
— Sim Hobbit, quem diria nós já supostamente nos vimos há muitos anos.
— Bem aposto que ele agora deve ser tipo amante de alguma dondoca por
aí.
— Ou então ele deve ser um ótimo médico — Ele sorri de canto ao ver a
expressão surpresa de sua amiga — Aposto que você não sabia que ele
cursava medicina.
— Medicina? Apostei com minha amiga Sayuri que ele deveria cursar
artes, teatro, educação física ou algo do tipo.
— Artes? Por quê?
— Ah sei lá, medicina parece ser difícil demais para um cara como aquele,
mas se bem que dizer que ele cursava artes pode ser um insulto para as
pessoas desse curso.
— Nossa para alguém que nem viu a cara dele, você reparou demais nele
— Seu sorriso se estende — Aposto que estava com ciúmes das mulheres no
colo dele.
— Eu? Com ciúmes? Por favor Mason! Eu nem vi a cara dele e jamais me
rebaixaria e agiria como aquelas mulheres — Ela cruza os braços rentes ao
peito — Aposto que ele é um filhinho de papai e nem queria estar na
faculdade, quem sabe filho de político que só liga para o próprio umbigo.
— Sobre a família dele acho melhor não fazer pré-julgamentos — Ele
aperta um pouco o copo de Frapuccino nas mãos. Não podia culpá-la por
dizer aquelas coisas, ela não sabia nada sobre a família dele e realmente ele
era um idiota na faculdade — E ele era muito inteligente, era o melhor da
turma de medicina.
— Você era amigo dele?
— Sim eu era e ainda sou e posso lhe dizer que ele é um cara muito legal.
Acho até que vocês se dariam muito bem, aposto que se tornariam grandes
amigos.
— Não me imagino amiga de um cara desses e ele com certeza não deve
saber a diferença entre o Chewbacca e um Klingon.
— Ah tenha certeza, ele sabe bem a diferença.
Cara aquilo era tão divertido.
— Ele é geek? — Ela lhe pergunta surpresa e curiosa.
— Sim e muito, você até ficaria espantada o quanto ele é.
— Sério Mason? — Ela diz animada, mas logo muda sua postura e tenta
disfarçar seu então recente interesse.
— Por que o julga como sendo um mauricinho, idiota e fútil?
— Ah sei lá Kono, acho que pela forma como ele tratava as garotas na
festa ou talvez o fato de todos venerarem ele.
— E como ele as tratava?
— Tipo elas estavam todas rodeando ele, pareciam fazer tudo o que ele
queria e duas estavam sentadas em seu colo e ele dava atenção a todas e elas
nem ligavam.
— Então você o viu pelo jeito, não se lembra do rosto dele?
— Eu não vi quase nada dele, vi partes do rosto, mas não me lembro como
ele era — Ela franze o cenho com certeza estava tentando se lembrar daquele
dia — Não lembro, mas ele provavelmente devia estar com o rosto enfiado
no decote de uma delas, por que em nenhum momento consegui ver seu
rosto. Nossa Kono ainda não acredito que era amigo dele, quer dizer você é
muito legal para andar com um cara como aquele, tirando que também é
mulherengo, aprendeu com ele na faculdade?
— Pode se dizer que aprendi algumas coisas na faculdade.
Sério Lua você andou muito com Dr. Flash.
— Então não se imagina sendo amiga de um cara assim? — Ele lhe
pergunta novamente, o sorriso estava em seu rosto e ele se divertia muito
com aquela situação.
— Não sem chances, nem em um milhão de anos — Ela desliga a TV já
que os dois não estavam mais prestando atenção mesmo — Ah qual é Kono
você deveria ser um geek muito legal até conhecer ele né? Depois ele te
ensinou a ser mulherengo e então te transformou em um geek escroto.
— Eu sou um geek escroto? — Ele arqueia uma sobrancelha.
— Você gosta de Star Trek Kono — Ela o encara como se aquilo
explicasse tudo, ele continua com a sobrancelha erguida para ela e levava as
mãos ao peito como se ela o tivesse ferido — Ok talvez tenha me expressado
mal, mas enfim espero nunca mais ver aquele cara de novo.
Se ela soubesse. Ele pensa enquanto abria um sorriso.
— Ah quanto a isso já não posso garantir — Ele não se aguenta e começa a
rir.
— Por quê? — Ele nota ela tombar a cabeça levemente para o lado e o
encarar confusa.
Aquilo só faz com que sua risada se intensifique aquilo era muito
divertido. Sério Dr. Nemo infectou a Luna com sua lentidão.
— Ah Hobbit — Ele ainda ria — Você me diverte — Ele podia sentir a
barriga doer por causa das suas risadas — Eu não posso garantir, pois você
mesma disse que o quer em sua vida pra sempre e até disse que ele vai ser
padrinho dos seus filhos — Ele tenta se controlar e aos poucos para de rir e
sua respiração se normaliza, mas encarava a confusão que se espalhava pelo
rosto de sua amiga.
— Mas Kono eu nunca disse isso para ninguém exceto pra você...— Então
ela para a frase e arregala os olhos e sua boca se contrai formando um
pequeno “O”.
E então ele começa a rir de novo.
— AH MASON! — Ela eleva sua voz irritada — Era você o tempo todo
seu KONO BAKA! — Diz ao jogar uma almofada em sua direção e depois
dar uma tapa em seu ombro — Por que não me disse logo de cara seu idiota,
seu KONO BAKA de marca maior — Ela pega outra almofada e joga em sua
direção.
Ele se defendia dos ataques das almofadas voadoras.
— Só queria saber o que diria sobre ele, ou melhor, sobre mim — Ele solta
outra risada seguida por um sorriso provocador de canto.
— Vai se ferrar seu imbecil, você me fez de idiota, quer saber não quero
mais ser sua amiga — Ela cruza os seus braços irritada e faz um biquinho.
— Mas por que a raiva? Não fiz nada demais — Ele a encara — Vai
acabar com a nossa amizade por dizer uma coisa que eu já sei? Que você me
acha um idiota.
— Você me fez de boba.
— Eu não. Jamais faria isso — Ele sorri para ela — Só estava curioso. E
como você pode ver as pessoas mudam, eu já fui muito pior, hoje sou quase
um santo — Ele com o sorriso no rosto se encosta no sofá e vira o corpo um
pouco na direção de Luna.
— Não acredito que era você — Ela leva as mãos até a boca — Por favor,
me diz que você não ficou com minha amiga Sayuri.
— Acha mesmo que eu vou me lembrar?
— Espero realmente que o cara que ela passou a viagem toda de volta
falando não seja você, se eu não estou enganada ele tinha uma tatuagem
élfica no braço — Ele a vê lançar um rápido olhar para seu braço — Acho
que não deve ser você.
— Tatuagem élfica? — Ele finge pensar — Interessante quem seria nerd o
suficiente para ter uma tatuagem élfica?
— AH NÃO — Ela cobre o rosto com as mãos e ele solta outro riso.
— Agora você vai ter que me dizer o que ela falou de mim. Ela então falou
a viagem toda sobre o cara com a tatuagem élfica?
Aquilo estava mais do que interessante. Ele estava precisando daquilo,
daquele momento com Luna.
— Gostei desse nome. Tem uma pegada de mistério, pode até ser o nome
de um livro. “O CARA DA TATUAGEM ÉLFICA” ou quem sabe um livro
erótico.
— Mason você sabe quantas horas de viagem são da América até o Japão?
Um dia! — Ela lhe mostra o dedo indicador — Um dia inteiro e ela só falava
desse cara, que ele era lindo, gostoso e que seu amigo lá de baixo era...— Ela
para de falar de repente e cobre a boca com as mãos.
— Lindo, gostoso e o que mais Hobbit?
— Nada — Ela diz sem jeito corando — Podemos mudar de assunto?
Cara era é linda até quando está constrangida, na verdade ela é linda
sempre, de bem vestida com aquele seu vestido curto preto até mesmo com
seu largo pijama do Darth Vader.
— Ok se te deixa mais à vontade apesar de eu estar curioso com o final
dessa frase então vou ter que ficar imaginando como ela termina — Ele a vê
suspirar aliviada — Mas sua amiga Sayuri me deu ótimos adjetivos, então
acredito que esse que você não quer me dizer também seja um ótimo
adjetivo, ou quem sabe um prazeroso adjetivo, um grande adjetivo ou talvez
um forte adjetivo.
A cada palavra que ele dizia Luna ia adquirindo um tom novo de
vermelho.
— Ou quem sabe todos eles juntos formando uma rígida frase — Mason
abre aquele sorriso de canto que era só dele.
— Ah...Ah...— Ele vê sua amiga perdida com as palavras, devia estar
pensando em qualquer coisa para mudar de assunto — Você nunca me
perguntou como era a escola no Japão.
— Ok. Então como era a escola no Japão?
— Rígida — Ela tosse — Quer dizer — Solta um pigarro — Era severa.
— Mas você gostava de lá — Ele nota seu completo desconforto, mas não
conseguia evitar provocá-la mais, era mais forte do que ele — Então você
gosta de coisas rígidas? Quer dizer, gosta de coisas severas?
— Mason lá nós estudávamos muito, tínhamos nossa própria mochila
padrão chamada Randoseru, comíamos sempre em sala de aula com nossos
senseis, nada de tingir o cabelo ou pintar as unhas, nada de brilho labial,
celulares, éramos responsáveis pela limpeza da nossa sala, tínhamos seis
horas de aula fora os clubes obrigatórios. Foi bem difícil no começo, não me
encaixava nos padrões por ser estrangeira.
Meu Deus, onde ela estudava? No exército?
— Uau e você gostava disso? Vocês não tinham vida, sei lá é meio
esquisito. Nos Estados Unidos nós também tínhamos que fazer aulas extras,
participar de clubes, mas fora isso o resto era tudo normal.
— Lá as coisas são diferentes, eles presam a disciplina.
— Muito estranho, eu com certeza estaria ferrado.
— Foi difícil no começo não vou negar, me adaptar, mas meu melhor
ami...— Então ela fica em silencio e prossegue após alguns segundos — Um
estudante de lá me ajudou — Ela solta um suspiro.
— Seu melhor amigo — Ele completa a frase por ela — E vocês se
relacionaram, certo?
Pelo jeito com que ela falou sobre ele, como mudou de assunto e também
sua expressão corporal, ele podia concluir que eles tiveram algo ou se não
tiveram um dos dois queriam ter tido.
— O que? — Ela o encara assustada — Não, claro que não. Era só mais
um estudante.
— Qual é Lua, você sabe que mente mal, sabe que não pode me enganar.
— Você está com fome? — Ela se levanta — Esse papo me deu muita
fome, acho que vou até a cozinha comer aqueles waffles — Ela já se
atravessava a sala — Você quer também?
— Acho que também quero — Ele se levanta e a acompanha.
Ele decide deixar aquele assunto de lado, podia ver que ela não queria falar
sobre aquilo, mas conhecia Luna e sabia que por mais que ela estivesse
tentando fingir, aquele melhor amigo do passado fora importante na sua vida
e pelo jeito que ela ficou ao falar dele e como também desviava do assunto
ele suspeitava que ele a afetara, mas não de uma forma positiva. Quando ela
estivesse à vontade ela se abriria para ele.
Na cozinha ela coloca geleia de morango em seu waffle e da uma generosa
mordida. Ele coloca o copo quase vazio de Frapuccino na bancada ao lado da
pia e pega um pedaço de queijo prato o levando até a boca.
— Eu posso ver? — ela lhe pergunta de repente.
— Ver o que? — Ele diz sem entender.
— A tatuagem élfica — Ela vê o sorriso no canto da boca dele se erguer
novamente e logo completa — É que Sayuri falou tanto que fiquei curiosa, e
não acredito que nunca notei — Ela passava mais geleia em seu waffle com
movimentos rápidos e distraídos.
— Você nunca notou por que me viu sem camisa uma única vez e me
pergunto como é que você não notou.
— Aquela vez não conta porque estava escuro e eu estava sem meus
óculos.
— Então quer ver agora por que está enxergando melhor? — Ela não lhe
responde, continua a colocar mais geleia naquele waffle. Por Deus daqui a
pouco ela vai passar geleia na toalha da mesa— Tudo isso só por que Sayuri
atiçou sua curiosidade? — Ele se serve de mais um pedaço de queijo — Ah já
entendi. Quer me ver sem camisa senhorita Iasune? — Ele vê os olhos dela se
erguerem rapidamente em sua direção.
— É só levantar a manga, não precisa arrancar a camisa.
— É senhorita sabe tudo, isso daria certo se eu estivesse de camiseta, mas
como pode ver estou com uma camisa manga longa.
— Então me mostra outra hora em outra oportunidade — Ela enfia mais
um pedaço do waffle na boca.
— Aff Lua pare de ser tão certinha, é puritana agora? Como se não tivesse
visto um homem sem camisa antes.
AFF! Ela já viu até Luis sem camisa e aquele cara tem problemas com
essa peça de roupa, ele tem problema em não usar essa peça. Então ele
começa a desabotoar a camisa.
— Espera o que você está fazendo? — Ela lhe pergunta assustadamente
quando ele já está na metade dos botões.
— Me preparando para me juntar a tropa estelar. Hobbit é meio óbvio,
estou tirando a camisa.
— Não precisa me mostrar agora — Ela o vê desabotoar o último botão.
— Vou mostrar minha tatuagem, você que pediu.
— Não estou tão curiosa assim que precise ser feito agora.
— Lua segundo sua incrível história sua amiga Sayuri te deixou curiosa e
isso faz o que sete anos? Então porque não acabar logo com a sua curiosidade
— Ele percebe que seus olhos não o encaravam, ela estava nervosa, mas
aquilo não fazia sentido para ele, ele pega a barra da camisa que estava
totalmente aberta e a retira ficando com o tronco completamente nu— Lua é
só uma camisa e você já me viu sem ela uma vez. Pare de drama.
Então seus olhos de um tom de azul vívido e maravilhoso se erguem para
ele e vão brevemente sobre o encontro dos dele. Ele estava parado no meio da
cozinha com a camisa nas mãos, e nota aqueles olhos que ele tanto amava
descer de seu rosto e percorrer a extensão do seu tronco minuciosamente, ela
o media, o avaliava, olhava tudo demoradamente e sobre aquele olhar ele não
pode deixar de sentir um calor percorrer seu corpo e se alojar na região da sua
virilha, o olhar dela era intenso e ele podia jurar que vira desejo neles.
Se ela demorar muito, logo terá uma surpresa quando olhar para o meio
das minhas pernas.
— Pronto. Foi difícil ver um homem sem camisa? — Ela ainda o encarava
e abria os lábios como se quisesse dizer algo, mas sua voz não saía.
— Nossa — Ele pode a ouvir dizer baixinho sem tirar os olhos dele.
— Me sinto sobre avaliação.
Aquilo fora o suficiente para quebrar a hipnose que Luna sofrera, ela
desvia o olhar dele e pega um pedaço de waffle.
— Eu já vi outros homens sem camisa, pessoalmente e em filmes.
— Então por que ficou nervosa quando me viu desabotoando a minha? —
Ele move dois passos em sua direção e ela se levanta da cadeira, colocando o
prato agora vazio na pia.
— Não fiquei nervosa — Ela se vira decidida em sua direção.
— Mentira — Ele da mais dois passos. Ao redor de Luna parecia existir
uma área gravitacional própria ao qual ele estava sendo atraído
involuntariamente naquele momento.
— Me mostre logo essa tatuagem Kono — Ela encarava seus olhos.
Ele dá mais dois passos e pode vê-la se retrair um pouco. Ao chegar bem
próximo a ela, ele ergue o braço direito aonde na parte interna na região do
seu bíceps podia ser vista uma escrita em élfico.
Ele nota sua amiga encarar aquela região e erguer sua mão direita e
encostar seus dedos em sua pele e passar por toda extensão da tatuagem
delicadamente.
— O que significa?
— É o nome dos meus pais — Ele diz em um tom baixo, seus olhos não
conseguiam parar de encarar as pontas dos dedos dela percorrer sua pele.
— Você nunca falou sobre eles Kono — E para infelicidade de Mason ela
retira seus dedos, mas pode ainda sentir seu toque por tempo depois. Ela se
afasta dele e se senta no balcão da cozinha.
— Não sou muito de falar sobre eles e também você nunca me perguntou
— Ele estende a camisa com as mãos e a veste, mas a deixa aberta, pega um
morango que havia na fruteira ao seu lado e o come.
— Estou perguntando agora — Ele se mantém calado — Seu pai como ele
era?
Ele pensava sobre sua pergunta, buscava em sua mente alguma lembrança
de seu pai, mas não vinha nada. Ele não gostava de falar sobre a família, não
que tivesse uma família ruim ou uma infância horrível, não era nada disso,
ele sempre fora amado, mas era que o passado de sua família possuía alguns
espaços em branco e aquilo o incomodava, então como ele não tinha o poder
de preencher aquelas lacunas ele preferia não pensar sobre aquilo.
— Eu na verdade não me lembro muito dele — Ele diz depois de um
tempo — Ele morreu quando eu era pequeno.
— Eu sinto muito Kono — Ela lhe diz com carinho.
— Tudo bem Lua isso foi há muito tempo — Ele encosta-se à bancada ao
lado de onde ela estava sentada.
— Deve ter sido difícil, um menino crescer sem um pai.
— Sim no começo foi, mas minha mãe se esforçou muito e fez o melhor
que ela pode.
— O que seus pais faziam?
— Meu pai era fazendeiro, herança de família, ele possuía muitas cabeças
de gado, tinha muitos cavalos todos puro sangue, a fazenda tinha força e
nome, era a mais conhecida de todo o estado do Texas, a fazenda era enorme
e possuía muitas tradições. Meu pai era o melhor no que fazia — Ele solta
um suspiro, sabia daquelas coisas, pois Melissa as contara pra ele e também
por algumas pesquisas que fizera no decorrer dos anos — Minha mãe era
médica, mas abandonou a profissão quando se casou com meu pai e decidiu o
acompanhar e administrava a fazenda com ele.
— Não sabia que Melissa era médica — Ela diz surpresa.
— Não ela não é — Então a confusão volta ao seu olhar.
— Como assim? Você acabou de dizer que sua mãe era médica.
— E minha mãe era, mas minha mãe Emily — Ele desvia o rosto do de sua
amiga e agora encara seus dedos que brincavam distraidamente com alguns
botões de sua camisa aberta, ele nunca dissera aquilo para ninguém antes,
mas ele confiava em Luna mais do que em qualquer outra pessoa no mundo e
um dia ela teria que saber e ele teria que contar a alguém.
— Kono não estou entendendo.
— Melissa não é minha mãe de verdade. Ela me criou desde eu tinha um
ano, mas ela era minha babá na época e a partir dos meus cinco anos ela se
tornou minha mãe.
O silêncio paira sobre eles, ele sabia que Luna aguardava que ele
continuasse e assim ele faz.
— Meus pais Emily e Roger Carter morreram em um incêndio quando eu
tinha cinco anos, toda a fazenda fora destruída e segundo a polícia meus pais
não conseguiram sair.
— Então é isso o que você quis dizer ontem de noite sobre Melissa ter
salvado você?
Ele a encara surpreso não se lembrava de ter dito aquilo.
— Eu disse isso?
— Disse.
— Sim Lua é o que eu quis dizer — Ele faz uma pausa, falar sobre aquilo
era realmente difícil para ele.
Ele tinha tanta vontade de saber o que realmente acontecera com seus pais,
mas o caso já fora encerrado há anos e mesmo ele tendo pesquisado a
respeito e conversado com alguns policiais da época e todos eles indicarem
que havia sido um incêndio acidental ele não acreditava naquilo sabia que
deveria haver alguma coisa a mais, mas simplesmente ainda não conseguira
descobrir.
Logo eu saberei. Afirmava com convicção.
— Melissa me tirou de lá a tempo, salvou minha vida e como meus pais
eram filhos únicos e não havia nenhum parente vivo Melissa se tornou minha
mãe. A polícia da época encerrou o caso como um incêndio acidental, mas eu
acredito que há muita coisa por trás disso.
— Por que diz isso? Acha que a polícia está mentindo?
— Eu não sei Lua. Mas sei que deve ter mais coisas envolvidas, por que
uma semana antes minha mãe Emily pediu que Melissa cuidasse de mim se
algo acontecesse a eles e no dia do incêndio Emily já tinha tudo pronto,
papeis da minha guarda, minhas malas, dinheiro em uma conta, uma casa
nova, minha mãe sabia que algo iria acontecer, então é por isso que acredito
que tem muito mais para descobrir.
— Nossa Kono eu nem consigo imaginar uma coisa dessas, eu...eu... sinto
muito. Você ainda busca o que aconteceu?
— Durante todos esses anos eu venho pesquisando, mas sempre acabo
caindo no mesmo lugar. Eu queria tanto saber o que houve, e se eles foram
mortos por alguém, por quem? E por que? É o meu maior desejo, pode
parecer besteira, mas eu sinto que se eu descobrir meus pais poderão
descansar em paz— Ele suspira e a encara com um sorriso triste nos lábios —
Vamos deixar isso tudo para lá, não quero mais falar sobre isso.
Ela desce da bancada da cozinha e o envolve em um abraço de consolo.
— Tudo bem Kono, não precisamos mais falar sobre isso — Ele escuta sua
voz abafada ela o abraçava com força — Obrigada por confiar em mim e me
falar um pouco sobre eles.
O sorriso antes triste de Mason agora se transforma em um mais relaxado,
mais confortável, ele passa os braços ao redor dela retribuindo seu abraço, ele
poderia ficar daquele jeito por muito tempo que não se importaria, ele fecha
os olhos e puxa o ar com o nariz inalando o seu cheiro e logo seu sorriso se
abre mais, ele sente aquele odor familiar que ele tanto amava, e agora ele se
sentia em casa.
Eles permanecem naquela posição por um tempo, um ligado ao outro, os
braços de ambos se encaixando perfeitamente ao contorno do corpo um do
outro. Eles apertam mais o abraço, ambos não queriam que aquele momento
acabasse, não queriam se separar, tudo o que eles queriam era que o tempo
congelasse. Mason passa uma das mãos delicadamente pela extensão dos
cabelos dela. O silêncio estava lá novamente, mas dessa vez era diferente, era
outro tipo de silêncio, um mais confortável, mais protetor e não o
constrangedor, incomodo e ensurdecedor de antes.
Ambos sabiam que o outro não precisa de palavras ditas nem escritas e sim
palavras em gestos, como um abraço, um leve acariciar, um sorriso contido,
um toque de pele, um coração acelerado, aquele silêncio de agora era o
silêncio necessário, o silêncio do consolo, o silêncio da cumplicidade.
Então alguém bate na porta e ambos se assustam um pouco com aquele
som repentino, a magia que os envolvia se dissolve quase que imediatamente,
Luna se afasta dele sem encará-lo e se dirige até a porta e ele podia ver a
tensão em seus ombros, ela estava preocupada com alguma coisa, mas ele
não sabia o que poderia ser. Quando ele passa pela porta da cozinha, Luna já
havia aberto a porta e do outro lado dela ele avista Paulo que entregava um
pacote para ela, após a troca de alguns agradecimentos, ela fecha a porta e vai
até a mesa ao lado da mesma e da gaveta retira uma tesoura.
— O que é isso? — Ele pergunta ao se aproximar.
— Eu ainda não sei...— E quando ela olha o remetente ela arregala os
olhos e solta um grito de felicidade — MASON!!! Eu vou surtar, ai meu
Deus olha isso.
— O que foi Lua? De quem é?
— Olha o remetente — Ela lhe entrega a caixa.
Ele olha o local indicado por ela e quando reconhece o nome escrito ele
igualmente arregala os olhos.
— No way! — Diz ele em choque — É sério isso? Ela te mandou um
presente?
— Ai Mason me dá, me deixe abrir — Ela pega o pacote de suas mãos —
Nem acredito nisso a Valentina, Kono a Valentina!!!
— Lua como você conseguiu isso?
— Há seis meses enviei uma carta para a caixa postal dela, mas nunca
pensei que ela fosse me responder — Ela abria animada a caixa, parecia uma
criança no dia de natal abrindo os presentes.
Quando ela abre a caixa eles notam que em seu interior há outro pacote
bem embrulhado e uma carta e é por ela que eles começam, Luna pega a carta
a abre, as mãos dela tremiam ela o olha e lhe estende a carta.
— Kono leia você, eu não consigo.
Ele pega a carta de suas mãos e a lê em voz alta.
Querida Luna
Sabe qual foi a minha reação ao receber uma carta escrita à mão?! Exato
deve ser a mesma reação de surpresa que você deve estar tendo ao receber a
minha carta. Bom eu agradeço pelo carinho e eu li sua pequena resenha
sobre “O reino de Eldaria” e adorei! Também sou muito fã do Eldan e da
Elvira.
A maioria dos meus fãs me manda críticas e resenhas por correio
eletrônico, mas você foi diferente e para uma garota diferente nada mais
justo do que mandar junto com esta pequena carta um presente para você e
seu amigo Mason do qual mencionara também gostar do meu livro, espero
que ele esteja lendo isso junto com você e se a resposta for sim. Olá Mason
tudo bem com você Padawan? Sei que os dois possuem um exemplar de
Eldaria, mas ainda sim tomei a liberdade de enviar um par de livros com
dedicatória. Estou enviando meu mais novo lançamento. Espero que gostem
e tenho certeza que Evan e Odete vão fazer vocês dois se apaixonarem.
Um beijo e que a força esteja com vocês!
Valentina C.
Quando ele termina de ler ergue seus olhos para sua amiga que
anteriormente se encontrava completamente em choque agora rasgava com
rapidez o pacote em busca do tal livro novo que ela enviara.
— Hobbit, a Valentina te mandou uma carta e ainda o novo lançamento
dela — Ele mesmo não acreditava naquilo, aquela era uma autora que ambos
gostavam muito e podia dizer que fora uma das razões pelas quais eles se
tornaram amigos depois que Luna visitara a casa dele há dois anos para
cuidar de seu gato doente.
Quando ela termina de abrir o pacote dois livros podem ser vistos e dentro
deles havia um autógrafo e uma dedicatória um no nome de Luna e o outro
no nome de Mason.
— Ela te mandou um também — Ela estende o dele em sua direção.
— Isso é surreal — Ele vira o livro e começa a ler a sinopse e constatou
que se tratava de um romance— Valentina escreveu um romance — Diz
perplexo — Aff Valentina o que houve com você? — Ele folheava o livro.
— É não faz muito seu estilo.
— Não me acha um cara romântico?
— Não mesmo — Ela admirava o livro, seus olhos brilhavam de excitação
e quando o olha o mais lindo sorriso pode ser visto — Ai Kono não acredito
nisso! — O final da frase saindo quase como um grito — Estou tão feliz —
Então para sua surpresa Luna vai até ele e pula em seus braços, enlaçando as
pernas ao seu redor, ele coloca o livro dele na mesa ao lado da porta para que
a segure melhor.
— Nossa Lua me lembre de sempre te dar livros — Ele brinca.
Ele escuta a risada dela e seu coração não pode deixar de se acelerar, ali
estava ele com a mulher que ama em seus braços, mas que nunca seria dele.
Ele sentia ondas elétricas percorrerem seu corpo, ela agora o encarava e ele a
encarava de volta, os dedos dela pressionam um pouco a pele de sua nuca.
— Imagina se a Valentina escreve um livro sobre nós? — Ela diz animada
e um pouco sonhadora.
— Um livro sobre nós? — Ele ri de seu comentário — E o que ela
escreveria sobre nós? Nossa vida não daria um livro.
— A seria muito legal, imagina personagens como nós, ou então quem
sabe um desenho animado ou até mesmo um HQ ou anime.
— Você é doida.
— Diga o que quiser Kono, eu tenho o novo livro da Tina e autografado e
com dedicatória tem noção disso?
— Não disse que é doida em um sentido negativo — Abre um sorriso —
Então achei interessante a ideia do anime e como seria? Algo no estilo de
Pokémon? Ficaria legal.
— Pokémon? Eu seria uma ótima mestre Pokémon — Ela para e pensa por
alguns segundos — Gostei, seria alguém bem poderosa a melhor dos
melhores.
— Na verdade tinha pensado em você ser um Pokémon e eu o seu mestre
claro.
— Mas não vai mesmo se eu vou ser um Pokémon você também vai.
— Não, você é o Pokémon e eu serei o seu mestre — Ele podia ver ela se
irritando. Meu Deus como aquilo era fácil— Eu imagino você do tipo
Jigglypuff, é irritante e adora cantar para uma plateia— Ele sorri
ironicamente.
— Eu não sou irritante!
— Sabe consigo até imaginar Luis como um Pokémon na nossa história,
ele seria mais como um Goldeen, não — Ele se corrige — Ele com certeza
combina mais com o Magikarp, meio devagar, nada, nada, nada e não sai do
lugar — Ele não se aguenta e ri.
Luna olha bem séria para ele e reponde.
— Se ele é o Magikarp você seria tipo Brock que sempre corre atrás da
enfermeira Joy seu Kono mulherengo — Ela o encara com um olhar
desafiador — Mas já que todos vamos ser pokemons então acho que você
seria o Charizard, cabeça dura e muito teimoso.
— Está querendo dizer que eu sou... Como se diz em português? — Ele
franze o cenho pensando — Quente?
Ele nota as bochechas dela corarem e seu olhar se desprender do dele por
alguns instantes e como já era previsto por ele, ela muda de assunto.
— Por que você implica tanto com Luis?
— Por que...— Ele faz uma pausa, ele sabia a resposta para aquela
pergunta, mas nunca dissera em voz alta— Por que ele tem algo que eu nunca
terei.
— E o que seria? — Ela ergue seu olhar novamente e encara o dele.
— Você sabe a resposta para essa pergunta.
— Na verdade eu não sei, eu deveria saber?
Os dedos dele que enlaçavam sua cintura aperta sua pele com um pouco
mais de força, ele a encarava intensamente e ela não desviava o olhar, a
respiração dele fica alterada, seu peito subia e descia um pouco mais rápido
que o normal e seu coração parecia que batia em seu pescoço.
— Ele tem o coração de uma pessoa que eu queria que batesse por mim,
pois o meu bate por ela — Ele sobe uma de suas mãos e as pontas de seus
dedos encontram a pele macia e quente das bochechas avermelhadas dela,
então ele acaricia aquela região com delicadeza.
Meu Deus, como eu quero beijá-la. Ele pensa enquanto ao mesmo tempo o
seu polegar roça sutilmente nos lábios dela.
Luna fica em silêncio e ele nota que a respiração dela e seu tronco também
se moviam em descompasso, eles estavam presos pelo clima que os envolvia,
o mesmo misto de sensações que ambos sentiram no restaurante na noite do
jantar.
Por um momento não havia mais nada além deles, não havia mais nenhum
som além da respiração ofegante deles. Ele sente uma das mãos de Luna se
desprender de sua nuca e deslizar vagarosamente, passando pelo seu pescoço
e descendo pelo seu peito, os dedos dela roçavam timidamente aquela região,
ela parecia com medo, parecia apreensiva. Sente a ponta de seus dedos
brincarem com alguns dos pelos loiros que cobriam a extensão do seu tronco
e aquilo desperta nele um arrepio, um formigamento que ele sente percorrer
pelo corpo todo. Logo em seguida ela encosta completamente a palma de sua
mão no meio de seu peito para sentir os batimentos de seu coração
enlouquecido.
Mason estava envolto por todas aquelas sensações que ela lhe
proporcionava, com o canto do olho pode ver a manga da sua camisa descer
alguns centímetros e o acessório que o impedira de agir várias vezes, pode ser
visto. Seus olhos se desprendem dos dela por um instante e ele agora
encarava aquela pulseira de couro, ou como ele gostava de pensar, aquela
algema de couro que exibia com símbolos em japonês as palavras que o
aterrorizaram em alguns momentos.
Por um tempo ele hesita, ele fica na dúvida se deveria agir, seu olhar fica
revezando várias vezes da pulseira para o rosto de Luna.
Mason o que você tem a perder? Beija-a logo. Dizia seu coração. Mason
não faça isso, ela vai afastá-lo de novo, ela já disse o que você é para ela,
por que é tão cabeça dura? Essa era sua razão. Ele acreditava ser um homem
bem racional, mas pela primeira vez ele escolheu ouvir seu coração.
Quer saber... Ele pensa.
— Foda-se — Ele diz em voz alta e então leva seu rosto na direção do dela
e enfim seus lábios colidem em um encaixe perfeito.
Ele lhe dá um beijo sutil, Mason tentava manter o controle. Por dentro seu
coração saltava em seu peito, ele sente o corpo de sua amiga se enrijecer a
primeiro instante, mas com o tempo vai relaxando em seus braços, o corpo
dele tremia e a mão que antes estava no rosto dela agora se encontrava na
nuca que involuntariamente apertava e a puxava em sua direção como que em
um ato para que ela não se afaste dele e ele sorri ainda em seus lábios quando
ele a sente fazer o mesmo em sua nuca.
Depois de um tempo seus lábios se descolam e ele se afasta o suficiente
para olhar os olhos dela, eles estavam embriagados, entorpecidos, e então ela
abre um sorriso e ele faz o mesmo e logo seus lábios de encaixam novamente,
mas dessa vez o que antes era sutil agora atingia um nível mais desesperado,
mais intenso, a língua dele abre espaço em seus lábios e a invade e ele não
consegue evitar um gemido rouco de alívio. Ele aguardara tanto por aquilo,
não sabia a intensidade do seu desejo por ela até aquele momento.
Ele move alguns passos e logo as costas dela encontram a superfície gélida
da parede, aquilo arrepia a pele dela que ele pode sentir em seu toque, retira a
mão que ainda apertava sua cintura e agora a segurava pela coxa deslizando
sua palma por toda aquela região, seus lábios sem se desgrudarem por um
momento sequer, suas línguas agora sentiam a textura uma da outra em uma
dança ora lenta ora frenética.
Eles permanecem daquela maneira se entregando, se beijando por um bom
tempo, seu corpo prensa o dela, ele não conseguia parar de beijá-la, ele
aguardara tanto tempo por aquilo que agora recuperava o tempo perdido e a
recompensava por todos os beijos não dados.
Mason descola seus lábios, mas sem se afastar e agora beijava suas
bochechas, seu queixo, até chegar a seu pescoço, onde ele prova o seu sabor.
— Eu amo o seu pescoço, sempre imaginei como seria beijá-la aqui,
mordê-la, sugar a sua pele — Diz com a voz rouca pelo prazer que dominava
seu ser, enquanto fazia tudo o que lhe dizia.
Luna não diz nada, tudo o que consegue fazer é soltar um gemido e o
apertar suas pernas com mais força o trazendo para mais perto.
— Lua? — Ele a chama entre um gemido.
— Sim... — Sua voz era baixa— Sim Kono?
— Podemos ir... — Ele beijava seu pescoço — Para um local...— Descia
seus lábios até seu colo — Mais confortável? — Ele beijava agora o contorno
de seus seios, enquanto pressionava mais o quadril contra seu corpo.
Ela não diz nada, apenas a sente concordar com a cabeça, então sem perder
mais tempo do que já perderam, ele se encaminha pelo corredor com ela seus
braços, seus lábios agora encontrando os dela novamente. Mason para em
frente à porta do cômodo que ele sabia que era o quarto dela, abre, entra e
fecha a porta com um leve chute, se dirige até a grande cama Queen size a
deitando vagarosamente no centro dela.
O ambiente estava um pouco escuro as cortinas cobriam boa parte da
janela evitando que a luz do sol adentrasse o local.
Ele se afasta um pouco para admirar a mulher que ali deitava e lhe
encarava com um sorriso tímido de volta. Ele a queria tanto, a desejava tanto,
ela era tão linda, tão perfeita e seu coração quase explodia ao pensar que ela
seria dele.
Mason se aproxima dela com passos lentos, sua camisa aberta dava total
visão de seu tronco nu, ele se ajoelha na cama se deitando ao seu lado e se
debruçando sobre ela logo em seguida.
Ele apoia uma mão ao lado da cabeça dela e com a outra acaricia toda a
extensão da sua coxa, adentrando com a mesma por debaixo da barra de seu
short um pouco largo. Ele a beijava, lambia, mordia e sugava sua pele, suas
mãos estavam em todas as partes, o desejo era crescente dentro dele, sua pele
ardia por ela, seu coração pulsava por ela, seu corpo tremia por ela, seus
lábios desejavam os dela, sua boca soltava gemidos roucos por ela.
Ele sobe mais a mão em sua coxa, chegando até o elástico de seu short, ele
coloca os dedos por dentro e o desce poucos centímetros, então seu
movimento é interrompido pela mão de Luna que segurava seu pulso.
— O que foi? — Ele sobe o rosto e a encara surpreso.
— Mason eu...— Seu olhar era confuso, era perdido, era nervoso — Eu...
Eu...Nunca... — Ela tentava lhe dizer algo, mas gaguejava, ele a encarava
sem entender.
— Você o que?
— Ahh...Eu nunca fiz... Eu sou... — Ela morde o lábio inferior —
Mason...Eu...
Então mesmo sem ela completar o que estava querendo dizer ele entende,
sabia o que a estava preocupando, ele pode ver isso em seus olhos
suplicantes, ansiosos, tímidos e nervosos. Ela era virgem, e aquilo faz com
que ele abra um leve sorriso de canto, ela nunca estivera com ninguém, nem
mesmo com Luis, eles nunca chegaram a realmente ficar juntos, ela seria dele
e ele seria o primeiro dela, aquilo era uma responsabilidade, a primeira vez de
alguém era muito importante, tinha que ser especial, com paciência e
cuidado.
Ele nunca transara com uma virgem antes, mas naquele momento ele não
se importava com isso, ele a teria pela primeira vez e ela o teria pela primeira
vez, então podemos dizer que ambos eram virgens naquele momento, ambos
eram virgens um do outro.
Ele a teria finalmente e abre um sorriso maior ao pensar que ela sempre o
teve.
Você vai ter que ir com calma Mason, não pode simplesmente despejar
todo esse desejo que sente. Você será o primeiro homem dela e para uma
mulher isso é muito importante. Ele dizia a si mesmo.
Ele retira o pulso da mão firme dela que o apertava e leva até seu rosto o
acariciando. Ele nota suas feições relaxarem ao seu toque e ela abrir um
tímido sorriso.
— Eu não vou fazer sexo com você Lua.
Ao dizer aquilo ele vê a confusão voltar aos olhos de sua amada.
— Não vai? — Seu tom de voz era preocupado.
— Não — Ele sorri carinhosamente para ela, seus dedos ainda acariciando
sua delicada pele — Não vou transar com você.
— Eu não entendo Kono — Diz confusa.
— Lua — Ele beija seus lábios delicadamente, um simples toque carinhoso
— Eu vou fazer amor com você — Ele a encara novamente e vê o sorriso
dela se abrir e seus olhos ficarem um pouco marejados. Se inclina em sua
direção e abocanha seus lábios em um beijo quente e apaixonado.
“Apenas confie em alguém que consiga ver essas três coisas em você: A dor por trás do seu sorriso. O amor por trás da sua raiva. A razão por trás do seu silêncio.”
Harley Quinn

Luna Iasune
Não podia acreditar que aquilo realmente estava acontecendo. Ela sentia
suas mãos em sua cintura, a conexão, o seu toque e cheiro a embriagavam.
Sentia um formigamento e uma eletricidade atingir seu corpo em camadas
lentas e prazerosas.
Sentia suas mãos se entrelaçarem as dele em um encaixe perfeito.
— Mason— O chamava entre beijos.
— Sim Lua?
Ela podia sentir suas mãos cada vez mais próximas da sua feminilidade.
— Nós ultrapassamos a linha tênue, não tem mais volta — Ela se contorcia
nos lençóis de sua cama.
— Pro inferno a linha, I don’t care.
— Hai Mason — Ela dizia em japonês.
— Ahh Lua continuo sem entender porra nenhuma, mas gostei.
O beijo vai ficando cada vez mais feroz como se ambos desejassem liberar
o desejo contido há muito tempo em seus corpos. Ela levava suas mãos
vagarosamente até seus ombros erguendo um pouco seu corpo e com as
mesmas ela retira sua camisa entreaberta a deslizando por sobre os mesmos.
Luna encara o homem à sua frente quase despido, ela não podia conter o
desejo que sentia por ele, naquele momento tudo o que queria era passear sua
língua por seu corpo e provar daquela pele, e saborear sem pressa.
Ela queria beijá-lo, tocar-lhe e marcar-lhe, nunca havia sequer sentindo
isso por ninguém.
Luna sente Mason pegar sua mão e levar até suas calças a fazendo tocar a
região de sua virilha.
— Não sei como fazer isso— Ela dizia ofegante.
— Shhh eu te ensino — Dizia ele entre beijos quentes, ela sente seus lábios
irem até seu ouvido e com sua voz rouca ele sussurra — O seu corpo dirá o
que fazer, relaxe, esqueça-se do resto e se foque em mim, em nós.
Ela podia ver o sorriso em seu rosto quando ele se afasta e a encara, então
ela aperta levemente aquela região rígida o fazendo fechar os olhos e gemer
alto. O quarto agora era preenchido por gemidos sôfregos e ansiosos de
ambos.
Luna leva suas duas mãos até o seu cinto o retirando e logo em seguida
abrindo os botões da calça Jeans que ele vestia, Mason a encarava parecia
medir suas ações e ela podia ver que ele se continha ao máximo, ele pega sua
mão direita e a coloca por dentro de sua cueca Box.
— Me toque Lua. Sinta o quanto eu a desejo.
Ela podia notar em sua voz o desejo e paixão, Lua aperta aquela região e
massageia com cuidado, realmente não sabia o que fazer ela apenas deixava
ser guiada por seu corpo.
Eram apenas ela e ele naquele quarto, sedentos um pelo outro, sua boca
agora se aproximava da dela com desejo, carinho, calor, sem palavras apenas
com gestos e nada mais era necessário.
Tudo o que ela queria era que seus corpos se tornassem um só
compreendendo um ao outro descobrindo novas sensações. Suas mãos se
entrelaçavam e ela podia sentir a pressão que ele fazia em seu corpo, as bocas
respirando uma na outra sem perda de tempo eles estavam exalando o que
sentiam, transpirando desejos, respirando tesão e sussurrando gemidos.
Luna solta à mão que ele prendia no topo de sua cabeça e a leva até sua
calça a retirando juntamente com sua cueca, agora ela podia ver seu membro
rígido bem à sua frente e com um pouco de vergonha ela desvia o olhar, mas
logo é acalmada por ele, a voz de Mason estava doce e mansa.
— Calma Lua eu estou aqui tudo bem? — Ela sente seus dedos irem até
seu queixo em um toque delicado a fazendo se virar para ele — Eu estou aqui
com você — Seus olhos presos aos dela — Não precisa ter medo de mim.
Ela apenas assentia. Confiava nele mais do que em qualquer outra pessoa.
Ela podia sentir que estava no lugar certo ali junto dele, entregue. Aquilo que
eles faziam, que ele lhe ensinava e ela experimentava, era completamente
novo, nunca sentira aquilo por ninguém antes, era muito diferente do que já
provara até mesmo com Luis por quem achava que era apaixonada.
Aquele momento com Mason não poderia ser descrito com outra palavra
além de mágico, eles estavam cheios de desejo um pelo outro, que guiava
seus corpos, mas mesmo assim faziam tudo ao seu tempo, com calma, sem
pressa, com paciência. Aquilo era fazer amor, um desejo arrebatador entre
duas pessoas que se amam, mas despejado com carinho.
Mason agora retirava seu top com movimentos lentos e sensuais a
deixando com os seios amostra.
— Tão linda e tão perfeita — Ele dizia com a voz embargada de prazer.
Suas enormes mãos percorriam o colo de Luna até chegar aos seus seios
massageando-os delicadamente. Ele beijava seu pescoço e percorria com a
língua um caminho úmido até o bico de seu mamilo já enrijecido e com a
língua podia sentir ele a excitar.
Suas mãos passeavam por sua coxa enquanto ele se encaixava no meio de
suas pernas com cuidado. Ela sentia o calor de sua língua em seu corpo e se
contorcia mais e mais sentindo sua região ficar úmida à medida que era
tocada e beijada por ele. Luna passava as mãos em seus cabelos rebeldes
enquanto enlaçava sua cintura com as pernas o puxando para si.
— Eu a desejo tanto Lua.
E ela também o desejava, mais do que ele podia imaginar tudo o que queria
agora era senti-lo.
— Anata ga kitai shimasu[26]— Ela sorria.
— Acho que terei que entrar em uma aula de Japonês.
Ela sorri.
— Posso te ensinar — Dizia acariciando a pele da sua nuca.
— Seria um prazer, e em troca posso te ensinar coisas a serem feitas a dois,
uma troca de favores o que acha?
— Acho que você só tem papo Kono.
— Não me provoque Lua — Dizia enquanto sua língua brincava na pele de
seus seios, subindo pela extensão de seu colo até encontrar seus lábios
novamente.
A voz de Mason agora era como um rugido, ela o havia despertado, sabia
disso ao sentir seus beijos mais uma vez urgentes e sedentos e ela
correspondia chupando sua língua com sofreguidão.
Ela sente o guiar a mão esquerda dele novamente para dentro de seu short
e não pode evitar se retrair.
— Confie em mim Lua, apenas se deixe levar.
Ela suspira e relaxa, o sente tocar sua fenda com delicadeza, sentia um
misto de emoções a invadir, ele a beijava enquanto acariciava sua fonte de
calor com movimentos circulares.
— Por favor — Ela sentia seus dedos entrarem lentamente naquela região
e isso a fazia agarrar com força suas costas deixando ali pequenos arranhões.
— O que você quer Lua?
— Eu... Eu quero... — Ela gemia não conseguia falar, estava envolta de
uma energia forte e que a todo instante a sugava cada vez mais para dentro de
uma nuvem de prazer.
— Você me quer dentro de você? — Ele sussurrava a pergunta em seu
ouvido e logo em seguida sugando seu lóbulo.
— Sim— Ela responde e então o vê se levantar.
Ele agora retirava o resto de suas roupas e de dentro do bolso de sua calça
Mason retirava um pacote laminado, Luna o vê rasgar com seus dedos hábeis
e logo em seguida colocar o preservativo.
Ele se aproximava dela como um animal de sua presa e com calma agora
puxava para baixo o seu short junto com a calcinha a devorando com os
olhos.
— Isso pode doer um pouco— Seu tom de voz tinha um tom preocupado.
— Tudo bem — Dizia com um pouco de nervosismo e ansiedade — Eu
confio em você.
Então ela o sente se posicionar entre suas pernas, seus olhos sem se
desprender dos dela em nenhum instante, a envolvendo com seu olhar e por
alguns instantes se esquece da possível dor que sentiria, não se preocupava
mais com aquilo, ela o queria, o desejava, ansiava por ele. Ela sente uma
pressão em sua feminilidade e ele a invade sem pressa, ambos soltavam
gemidos altos de prazer.
Luna notara que ele se continha a todo instante, ela mordia seu ombro com
um pequeno desconforto enquanto o sentia entrar e sair de dentro dela, mas
logo a dor é substituída por prazer.
— Ahh Lua isso é muito bom. Será que você é quietinha ou adora gritar?
Por que não descobrimos.
Ele a provocava sentia cada parte do seu corpo ser consumida por uma
chama que se alastrava, cada vez mais sentia seus movimentos se tornarem
mais e mais apressados, ele a puxava cada vez mais para si enquanto apertava
seus seios com uma mão e com a boca sugava o outro.
— Argh Mason— Ela solta um gemido alto.
— Eu te machuquei? — Ela o vê erguer sua cabeça e encarar seus olhos
azuis.
— Tá tudo bem.
— Prometo tomar cuidado — Soltava um riso nervoso — É que eu a
desejo tanto Lua e às vezes fica difícil me controlar.
— Me faça sua Mason de todas as maneiras possíveis — Agora os seus
movimentos se tornavam apressados enquanto ele intensificava os dele.
Aquilo parecia um jogo, ambos disputando o limite do prazer, sentindo o
fogo que emanava dos seus corpos sôfregos e sedentos um pelo outro.
Ela sente que ele descia suas mãos pela lateral de seu corpo agora
apertando suas nadegas e em um movimento rápido e sem sair de dentro dela
ele a rola a fazendo ficar sobre ele.
Luna não sabia bem o que fazer então começa a rebolar em seu colo.
— Isso Lua.
Ela o escutava dizer com um desejo eminente em sua voz e apertando mais
suas nádegas a cada gesto que ela fazia.
Ela aumenta seus movimentos, Luna sentia que não ia aguentar por muito
tempo. A forma como ele a tocava e a observava, sua face transbordando de
prazer, suas mãos em seus seios acariciando-os e não pode deixar de notar
que elas os cobriam completamente, pareciam do tamanho certo, tudo nele
era certo.
— Kono eu vou... Eu vou... — Ela não se aguenta e libera todo seu prazer,
podia sentir que logo ele também chegaria ao ápice e como imaginava o vê
soltar pequenos espasmos e gemidos de satisfação.
— Nossa eu devo ser louco — Diz ofegante.
— Por quê? — Ela pergunta com curiosidade.
— Porque eu gosto quando me chama de idiota — Ele abre um sorriso e
ela solta uma risada gostosa.
Luna para seus movimentos estava suada e cansada, ela logo em seguida
cai ao seu lado ofegante.
— Nossa isso foi... Foi... — Ela suspira nem sequer conseguia completar
uma simples frase.
— Isso foi muito bom— Ela o escuta dizer agora ele estava deitado de
lado.
Luna olha para baixo e vê algumas gotas de sangue no lençol e logo sente
um desconforto na região pélvica.
— Está tudo bem?
Ela o via seguir com o olhar — Sim só sinto um leve incomodo.
— Isso já vai passar— Ele acariciava sua cintura — Acredite no seu
médico — Ele abre aquele sorriso que ela tanto amava.
— Depois do que fizemos não muda o fato de que você não vai ser meu
ginecologista.
— Um dia a convencerei disso. Sabe que posso ser bem persistente.
Ela leva sua mão até seu rosto e passa a mesma pela sua extensão, passa
seus dedos pela sua barba, lábios passam a ponta deles pelo contorno do seu
nariz e afasta suas mechas rebeldes da frente de seus olhos azuis e seu sorriso
se estende mais naquele rosto que ela guardaria para sempre em sua memória.
Ela guardaria aquele momento para sempre.
— Nunca fiz amor com ninguém antes — Ela o escuta dizer.
— E qual a diferença? — Ela o nota pensar por alguns instantes e então o
escuta dizer.
— Fazer amor é diferente do que transar, você não faz amor com qualquer
pessoa é diferente— Ele brincava com as pontas dos dedos pela pele quente
do abdômen dela — Você deposita confiança na pessoa da qual decide se
entregar, você se doa para a outra pessoa de corpo e alma e por um tempo não
é só você ali, não sou só eu, ali é criado o nós.
— Obrigada Kono.
— Pelo o que?
— Por confiar em mim— Dizia timidamente, aquele era um lado dele do
qual ela não conhecia e que ela adoraria conhecer melhor, sabia que nunca se
cansaria dele.
— Não Lua eu é que agradeço por me deixar ser o primeiro, pela sua
confiança — Ele deposita delicadamente seus lábios sobre os dela.
— No fundo eu sempre soube que seria você Mason, é uma das pessoas
que eu mais confio no mundo e apesar de ter demorado e de minha mente ser
confusa, apesar de tudo o que já nos aconteceu, eu sei que posso sempre
contar com você não importa quando ou onde eu sei que você sempre estará
lá para mim.
Ela sorria para ele ambos com as mãos entrelaçadas, Lua se inclina e o
beija, seus lábios colidem encaixando-se perfeitamente.
— Mason o que aconteceu aqui— Ela interrompe o beijo.
— Foi maravilhoso — Ele a interrompe.
— Sim foi, mas eu queria ir com calma tudo bem?
— Tudo bem, vamos começar do início, como todo bom início de
relacionamento que tal se a chamasse para um encontro de verdade? Um
jantar e daí eu não ligaria no dia seguinte só para não pensar que estou com
saudades ou desesperado para vê-la novamente.
— Duvido que não me ligue — Ela brinca.
— Mensagens não contam como ligação — Ele a adverte.
Ela o beija novamente e sente ser puxada para cima dele, o beijo se
intensifica, Mason devorava seus lábios e ela amava isso, podia sentir toda
sua intensidade e aquilo fazia despertar cada célula de seu corpo.
— Já estou pronto para próxima rodada — Dizia ele entre seus lábios e
Lua podia sentir algo embaixo dela mais especificamente na região do quadril
criar vida.
— Me dá um desconto Kono foi minha primeira vez— Ela lhe dá um
último beijo e escorrega logo em seguida seu corpo para o lado.
— Vai ter que se acostumar com meu apetite Hobbit — Ele agora
acariciava sua barriga, passando a palma aberta da mão que cobria
praticamente toda aquela região — Kono? — Ela diz meio sonolenta.
— Sim Hobbit.
— Obrigada por derramar café em mim aquele dia.
— Obrigado por estar de plantão naquela noite.
— Devemos agradecer ao Gandalf então?
— Faço isso todos os dias.
Luna agora bocejava.
— Agora descanse Hobbit.
O sente a envolver em um abraço, beijar sua testa e sorrindo fecha seus
olhos e se deixa ser envolvida pelo sono.
“Você é meu. Meu como eu sou sua. E se morrermos, morremos. Todos os homens têm que morrer, Jon Snow. Mas, primeiro, vamos viver.”
Ygritte

Mason Carter
Ainda com os olhos fechados Mason sente o cheiro que ele tanto amava e
seus lábios se estendem em um sorriso. Ele abre seus olhos e se depara com
uma Luna totalmente adormecida deitada sobre seu peito, ele com certeza
poderia se acostumar com aquilo.
Suas mãos vão até os cabelos dela e os acaricia de leve, seu corpo coberto
por um fino lençol que ele colocara sobre ambos logo que ela adormecera.
O que vai ser da gente agora? O que somos? Eram perguntas que
passavam por sua mente.
Ele ainda não acreditava no que tinham feito há algumas horas atrás, se ele
não tivesse acordado com ela em seus braços teria pensado que fora apenas
um sonho, um sonho maravilhoso e muito real.
O que eles fizeram fora maravilhoso, perfeito, Mason nunca se sentiu tanto
no lugar certo em toda sua vida, nunca se sentiu tanto em casa. Se ele
fechasse os olhos podia sentir cada toque dela, podia sentir o seu gosto em
sua boca, podia sentir sua pele roçar a dele e esses pensamentos já eram o
suficiente para causar um calor e formigamento em seu corpo, que se
encaminhava para uma região muito específica na altura do seu quadril.
Legal. Estou excitado. De novo.
Ele sente ela se mexer em seus braços e agora ele podia ver seu rosto, tão
linda e tranquila enquanto dormia, sua franja caindo um pouco sobre seus
olhos, os cabelos que haviam se soltado do rabo de cavalo agora estavam
bagunçados, seus lábios levemente entre abertos, ele acaricia sua bochecha
macia com o polegar.
Havia tantas coisas que ele queria fazer com ela, havia tanto a ensiná-la.
Enquanto faziam amor Mason pensara em várias coisas que seus anos de
experiência ensinaram e teve que se segurar muito para não perder o controle.
Ele a desejava tanto, havia tanto acumulado dentro dele que ele tinha
vontade de fazer tudo de uma vez e só não o fizera por três motivos. Primeiro
era a primeira vez dela, então teria que ir com calma. Segundo ela se cansou e
logo pegou no sono e terceiro ele teria várias outras oportunidades para lhe
ensinar.
Quem sabe não ensino uma nova posição mais tarde. Ele pensa com
sorriso no rosto e desejo em seu corpo.
Quem sabe depois que voltar do hospital. Então interrompe seu
pensamento.
MERDA! O hospital! Minha mãe!
Ele ergue um pouco seu tronco para olhar o relógio do Darth Vader que
Luna tinha no criado mudo, não consegue enxergar direito os ponteiros, o
quarto estava um pouco escuro demais, mas quando ele olha para a janela que
ainda estava coberta pelas cortinas, pode ver que era de dia e isso lhe passa
certo alivio. Ele precisava ir visitar sua mãe.
Ele tira com cuidado Luna de cima de seu peito e a coloca sobre o
travesseiro, precisava ver que horas eram. Coloca os pés ao lado da cama e
pisa em algo que reconhece ser sua cueca, ele se levanta e a veste.
Encaminha-se até a janela abrindo um pouco as cortinas, deixando um feixe
de luz iluminar aquele cômodo. Quando se vira podia ver Luna ainda
dormindo, o lençol quase revelando seus seios, ele queria tocá-los
novamente, sentir sua maciez, seu peso e gosto.
Calma Mason, se controle.
Ele desvia o olhar e encara o relógio que agora seus ponteiros podiam ser
vistos e eles marcavam 12h35, ele suspira aliviado, o horário de visita ainda
nem começara só daqui à uma hora e meia.
Ele esfrega seu rosto com as mãos e quando as tira da frente é que ele nota
a decoração do quarto da Luna, ele nunca havia entrado lá, por todo lado
decoração geek era vista, relógio do Darth Vader, alguns quadros do Star
Wars, Harry Potter e Supernatural, ela tinha uma flâmula da casa da
Grifinória, o tapete era do r2d2 e do outro lado do quarto de frente pra ele
haviam várias prateleiras cobertas com a coleção de bonecos Funko dela.
Ele dá à volta na cama e se aproxima das prateleiras, havia muitos e muitos
bonecos, ele mesmo possuía vários, mas Luna com certeza tinha mais, eram
de vários filmes e séries que ele sabia que a amiga gostava, mas ela não
possuía um de cada, não, ela tinha a coleção completa de cada série e ainda
todas as versões de cada boneco, como por exemplo o Coringa ela tinha sete
deles cada um com uma roupa diferente.
Mason olha cada funko e nota que Luna ainda organizava por ordem
alfabética.
E eu achando que era louco por funkos.
A atenção de Mason é levada até uma região específica da segunda
prateleira, ao lado dos bonecos do Supernatural ele vê um grupo de funkos
que ele nunca pensou encontrar ali, ele vê o Spock, o Kirk e a Uhura.
Mas que merda é essa? Lua com funkos do Star Trek? O mundo só pode
estar acabando, o apocalipse zumbi já começou? Será que enquanto dormia
entrei em algum tipo de universo paralelo?
Ele pega o Spock em suas mãos, ele tinha um igualzinho aquele, ele
começa a rir baixinho. Ela gosta do Star Trek em segredo. Ele pensa e então
escuta a voz sonolenta de Luna o chamar.
— Mason?
Ele se vira para ela com Spock ainda em suas mãos.
— Então você gosta do Star Trek — Diz com a sobrancelha arqueada, um
sorriso irônico nos lábios e vira o boneco para ela.
— O que? — Ela arregala os olhos — Claro que não!
— Lua por que não admite simplesmente?
— Eu... Eu... Estava guardando para um amigo meu — Ele a vê se sentar
na cama puxando o lençol para se cobrir.
— Ah para um amigo seu, interessante. Para quem? Dr. Flash? — Ele solta
um riso sarcástico — Acho que ele nem vai saber quem é e se for para mim,
você sabe que já tenho esses.
— Não é para ele e nem para você — Dizia nervoso, seu tom de voz se
tornando irritado— Eu não tenho só você de amigo ta legal?
— Hum interessante. Então me diz o nome desse seu amigo que vou
parabenizá-lo pelo bom gosto.
Ele vê sua amiga abrir a boca e fechá-la várias vezes, mas não saía nada,
ela não tinha resposta e se não tinha resposta era por que era mentira e ele
podia ver que ela sabia que ele notara que ela mentia e isso a estava deixando
um pouco irritada.
Ai como sou bom nisso. Objetivo daquele dia concluído com sucesso.
Ele coloca Spock em seu lugar e se aproxima de Luna que agora tinha os
braços cruzados em frente ao peito e seus lábios em um bico irritado. Ele fica
de joelhos na cama e se engatinha até ela e a vê encarar seus movimentos.
— Sabia que era secretamente apaixonada pelo Star Trek — Ele beija sua
orelha e seu lóbulo — Não tem como não ser — Faz um caminho de beijos
pela lateral do seu pescoço e em seguida faz o caminho de volta só que agora
com a língua — Que coisa feia Lua, traindo Luke Skywalker — Ele criava
um caminho de beijos até os lábios dela.
— Muito engraçado Mason — Ela o empurra antes que ele chegue aos
seus lábios, se levanta enrolada no lençol — É feio mexer nas coisas dos
outros — Dizia irritada indo até seu armário.
Mason fica ajoelhado na cama a seguindo com os olhos e fica irritado
consigo mesmo por não ter sido rápido o bastante para ter puxado aquele
lençol.
Luna abre uma porta de seu armário e quando faz isso um dos cabides do
fundo se arrebenta e a roupa que havia nele cai no chão, era uma roupa de
cosplay e Mason reconhece a qual personagem ela pertencia e então ele cai
na gargalhada, rindo tanto que deita na cama.
— Merda! — Ele a escuta dizer, ela pega a roupa enrola de qualquer jeito e
joga dentro do armário o fechando logo em seguida — Isso não é meu — Diz
sem jeito.
— Nossa Lua não precisa admitir nada — Dizia tomando fôlego — Lord
Vader já sabe que você ama a “imitação fajuta” de Star Wars? — Ele diz
fazendo as aspas com os dedos.
— Não amo não! — Ela segura o lençol com força — E já disse que não é
meu.
— Ahh claro que não é seu — Ele se senta na cama ainda rindo — Seu
“amigo” deve ter esquecido a roupa da Tenente Uhura aqui.
— Vai se ferrar Kono paca!
Ela vai até outra porta do armário tirando de lá um conjunto de lingerie
preta, ela fica de costas para ele deixando o lençol escorregar lentamente pelo
seu corpo até cair no chão, revelando suas costas lisas, sua cintura curvilínea,
suas nádegas arredondadas na medida certa.
A risada de Mason cessa quase que instantaneamente e seus olhos
analisavam, devoravam e decoravam cada pedaço daquela pele lisa e macia
que ele queria provar cada vez mais e mais.
Como ela é gostosa! God eu amo lingerie preta!
Ela começa a vestir aquela pequena peça intima, com movimentos lentos e
sensuais. Ela o estava provocando e ele sabia disso, só que ela ainda não
sabia com quem estava mexendo.
Ele queria agarrá-la naquele instante, queria arrancar aquela lingerie e lhe
ensinar novas coisas, provar cada pedaço do seu corpo e explorar cada canto.
Quando ele se levanta e começa a ir até seu encontro é que ele nota algo que
nunca vira antes, nem mesmo há algumas horas atrás enquanto se
entregavam, na lateral da coxa esquerda de Lua próximo ao seu quadril havia
uma cicatriz.
— O que houve aqui? — Ele toca com a ponta dos dedos aquela região que
possuía um tom de pele diferente ao resto de seu corpo e ele sente sua amiga
se retrair e o olhar assustada.
— Não... Não foi nada — Ele a nota ficar um pouco ofegante — Foi só um
machucado que fiz quando estava no Japão — Ela agora voltava sua atenção
para o armário e vasculhava com pressa em busca de uma roupa.
— Hey Lua — Ele se posiciona em suas costas e seus braços deslizam
lentamente pelos dela em um toque carinhoso chegando até suas mãos,
parando os seus movimentos ansiosos — É claro que foi alguma coisa —
Nota que ela ficara nervosa por causa daquele assunto — Mas é uma cicatriz
e isso significa que é passado — Ele dizia com os lábios próximos ao seu
ouvido.
Ele nota o corpo dela relaxar ao seu toque.
— Todos nós temos nossas cicatrizes Lua. Eu acredito que cicatrizes são
feitas para nos lembrar como chegamos até aqui, como nos tornamos quem
somos.
— E se a gente não quiser se lembrar do passado?
— Isso é impossível. Nosso passado sempre estará lá em nossa mente, mas
é você quem escolhe se deixar afetar por ele ou não — Ele afasta seus
cabelos e beija seu ombro — Eu não sei o que aconteceu pra você ter essa
marca, mas ela fez você chegar até aqui, fez você ser quem é — Agora seus
lábios beijavam suas costas — E eu não queria que você fosse diferente.
Suas mãos escorregam pela lateral do corpo dela com suavidade enquanto
seus lábios roçavam pela pele de suas costas descendo cada vez mais,
passando pelas suas nádegas e ele acaba se ajoelhando, passa o polegar por
toda extensão da cicatriz, leva sua cabeça até mais próxima dela e com seus
lábios beija aquela marca.
Luna se vira ficando de frente para ele que ainda permanecia de joelhos,
ele levanta seu olhar e encontra o dela. Sentia suas mãos acariciar seus
cabelos afastando as mechas da frente dos seus olhos. Ele sente suas mãos
irem até seus ombros e o puxar de leve, ele se levanta ambos presos pelo
contato visual.
Não se lembra quem beija quem, quem se aproxima primeiro, mas agora
eles estavam provando os lábios um do outro, ele a segura pela cintura a
puxando mais para junto dele. O beijo se intensificava e ele desce suas mãos
até as nádegas dela as apertando.
Sente as mãos de Luna que estavam em seu peito o afastar, desgrudando
suas bocas, ele encara seus lábios vermelhos, levemente inchados e úmidos.
Sorriem um para o outro, mas ela possuía um tipo de sorriso diferente nos
lábios, era sedutor e logo ele a sente o empurrar o guiando de costas em
direção à onde ele sabia que ficava a cama.
Ele sente sua panturrilha bater na ponta da cama, ela com as mãos em seus
ombros o empurra pra baixa o fazendo se sentar e depois deitar. Sua rigidez
era evidente em sua cueca e ele a nota encarar aquela região por alguns
segundos e depois lentamente se debruçar e ficar sobre ele, cada perna
encaixada em um lado de seu corpo se sentando em sua virilha.
Ela desliza as mãos pelo seu peito, suas unhas o arranhando de leve. As
mãos dele acariciavam suas coxas e subiam até sua cintura. Luna vestia
somente aquela pequena peça intima preta, então ele reconhece aquela peça,
era a que ele a ajudara a escolher no shopping.
— Olha só — Ele sobe suas mãos até seus seios e os acaricia por sobre o
sutiã — Olá velha amiga.
— Ela estava te aguardando. — Ela lhe dá um sorriso convencido.
— Eu amo lingerie preta, e você é muito linda — Suas mãos passeavam
pelo seu corpo — Perfeita, mas prefiro sem lingerie nenhuma — Ele escuta a
risada dela, ele amava aquele som — Posso te contar um segredo, já que eu
descobri o seu?
— Pode falar— Diz após um suspiro.
— Eu meio que tenho em casa junto com os outros bonecos um funko do
Darth Vader — A risada dela se intensifica.
— Ninguém resiste ao lado negro.
— Mas devo dizer que não é meu — Ele diz com um tom sério — É de um
amigo, sabe aquele mesmo seu amigo dono do cosplay da Uhura que está no
seu armário — Ele abre um sorriso sarcástico.
— Você é mesmo um Kono baka, não há melhor nome para te definir.
— Então— Seus dedos vão até o elástico de sua calcinha a abaixando
alguns centímetros — Já que não há mais segredos entre nós — Ele brinca —
Que tal você brincar com meu sabre de luz, me mostrar seu lado negro da
força enquanto temos uma vida longa e próspera?
Luna se inclina e beija seus lábios que logo escorregam para seu pescoço,
ele solta um gemido de prazer e a segura pelas nádegas, ele a sente lamber a
pele do seu pescoço e descer pelo seu peito.
— Nossa para alguém que a menos de cinco horas era virgem, você está se
saindo muito bem — Diz ofegante.
— Eu tenho um ótimo professor — Ela diz em sua pele.
— Nossa nunca pensei que um dia te ouviria me elogiando — Ele fecha os
olhos e aproveita o momento sentindo aquela mulher lhe excitar mais do que
ele achava possível.
— Quem disse que é a você que me refiro? — Ele solta um riso e abre seus
olhos e a vê descendo mais pelo seu abdômen.
— Pelo que eu saiba, antes de mim você não teve nenhum outro professor
e também você me disse que nunca viu nenhum filme pornô ou como prefere
dizer filmes com cenas mais ilícitas que o normal.
— Ahh Kono você realmente acredita em tudo o que falo não é mesmo?
— Então é uma frequentadora de sites pornôs? — Ele a sente lamber seu
abdômen.
— Me diga você já que tem um vasto conhecimento neste assunto.
— Eu acho que não, pois não consigo imaginar você vendo algo assim e
também porque está imitando os movimentos que eu fiz com você há
algumas horas. Então posso concluir que eu sou o professor ao qual se refere.
— Você por acaso fez isso? — Ela desce mais seus beijos se aproximando
da cueca, acaricia sua rigidez com as mãos e em seguida a beija por cima da
cueca.
Ele fecha os olhos e solta outro gemido, seu peito subindo e descendo
rapidamente.
— Não nunca fiz isso, pois não sou gay e você pelo que reparei é uma
mulher e não possui um pênis — Ele diz após outro gemido rouco, seus
lábios se estendem em um sorriso sarcástico — Mas o resto eu fiz.
— Ahh Kono sempre com uma resposta na ponta da língua — Ela beija
novamente aquela rigidez — Consegue falar seu eu fizer isso?
Ela abaixa sua cueca e repete o que estava fazendo só que agora sem o
tecido a atrapalhar. Ele sente seus lábios tocarem sua masculinidade, ela
proferia lá vários beijos e ele não aguenta segurar outro gemido.
— Sabe que eu posso provocar você o dia inteiro com minhas respostas —
Ele diz de olhos fechados — É um talento.
— Isso... — Ela beijava aquela região mais uma vez — Merece... — Outro
beijo — Um... — Mais um beijo — Castigo.
Então para infelicidade de Mason, ele sente o peso dela sair sobre seu
corpo e quando abre os olhos a vê indo em direção a porta.
— Hey! Aonde você vai? — Ele se senta na cama.
— Tomar um banho — Diz indo apressada, passando pela porta. Quando
ele se levanta e chega até a porta do quarto ele a vê fechar a do banheiro.
Mason bate na porta.
— Lua! Sacanagem isso — Ele encosta a testa na porta — Me deixa tomar
banho com você então.
— Nem pensar — Ele escuta sua voz do outro lado — Tem banheiro no
quarto de hospedes e já que você é tão experiente, deve saber o que os
homens fazem no banho para aplacar certos desejos, então boa sorte em usar
as mãos — Ele ouvia sua voz divertida.
Damn! Ele pensa, ela estava se divertindo e ele estava com raiva por ela tê-
lo deixado naquela situação, mas não evita de rir da sua resposta.
Ele volta para o quarto dela para pegar suas roupas que estavam espalhadas
no chão, vai até uma das laterais da cama e pega sua calça, quando se ergue é
que pela primeira vez nota o lençol da cama.
— LUA!— Ele elava a voz e vai até a porta do banheiro de novo — Eu
não acredito que nós fizemos amor da cara do Chewbacca!
Ele a escuta gargalhar lá dentro.
— Star Wars sempre em primeiro lugar — Ela diz — E como diria meu
velho amigo chewie “RHAWAKARG” — E começa a rir de novo.
Isso só pode ser brincadeira, justo o Chewbacca.
— E acho que você não reparou que a decoração do quarto de hospedes é
do Flash— Ela lhe diz.
Argh agora o Flash, não podia ser outro herói, tinha que ser justo um que
ele se lembra de Luis?
— Sério, trate de tirar esses lençóis ou vamos fazer amor em qualquer
outro cômodo menos no seu quarto. Vou te dar lençóis novos.
— Mason você sabe o quanto foi difícil encontrar o lençol do Chewbacca?
— Vai ficar mais difícil ainda quando eu descobrir aonde você comprou —
Ele a escuta rir e logo ligar o chuveiro, então ele volta para o quarto dela,
veste sua calça e encara aquele cômodo e uma luz vem até sua mente como
em um estalo, ela decidira castigá-lo e ele achava que ela merecia um
também por tê-lo deixado na mão.
Você me paga Hobbit.
Mason sabia o quanto Luna era perfeccionista com suas coisas e
principalmente com seus bonecos que estavam todos organizados por ordem
alfabética, perfeitamente enfileirada nas prateleiras. Ele abre um sorriso que
poderia muito bem ser visto no rosto de uma criança travessa.
Encaminha-se até as prateleiras e troca praticamente todos os funkos de
lugar, misturando todos eles, misturando entre as séries, filmes e desenhos
animados, sabia o quanto isso enlouqueceria sua amiga. Pega alguns bonecos
e os esconde pelo quarto e no centro da cama bem na cara do Chewbacca ele
coloca o Spock.
Acho que ela vai gostar dessa nova decoração.
Satisfeito com seu trabalho em irritar sua amiga mais um pouco, Mason se
dirige até a cozinha, arruma a mesa e prepara um novo café, sabia o quanto
Luna estaria com fome e quem sabe eles não poderiam repor as forças para
depois gastá-las novamente.
Escuta o chuveiro ser desligado e a porta do banheiro se abrir.
Quanto tempo será que vai demorar para ela notar?
Ele escuta os passos apressados dela pelo corredor.
Ele olha no relógio da cozinha e começa a contar e exatamente cinco
minutos depois ele escuta o seu grito.
Até que não demorou muito. Ele pensa enquanto ria na cozinha.

Luna Iasune Ela estava feliz, muito feliz finalmente havia admitido para
ela mesma o que sentia por ele, Mason era perfeito para ela, no fundo Luna
sabia que sua primeira vez seria com ele como já havia dito há poucas horas
atrás.
Ela sabia enquanto se entregava de corpo e alma para ele que tudo mudaria
a partir do momento em que decidiu seguir adiante com aquilo, sabia que
tudo mudaria, a relação deles seria diferente e por incrível que pareça pela
primeira vez ela não estava com medo de arriscar porque sabia que Mason
sempre estaria ali não importasse como.
Preciso contar para ele sobre mim. Ela pensava, realmente era chegada à
hora de contar, mas ela não sabia como.
Luna se deixava ser envolvida pela corrente de água quente que caía sobre
seu corpo, ela pensava várias maneiras de contar sobre seu passado, afinal ele
contara sobre o dele e ela sabia que tinha sido difícil para Mason falar no
assunto.
Não eu preciso resolver isso sozinha.
Ela temia que se ela descobrisse não a aceitasse mais, no fundo o medo
ainda a dominava e a deixava à mercê de decisões tolas como a de guardar
aquilo para si. Ela leva suas mãos até a parte em sua coxa onde era marcada.
Aquela cicatriz era um lembrete do que a havia acontecido, um triste
lembrete de dias sombrios dos quais ela teimava em fugir.
Não é a hora certa de contar. Luna decide-se por guardar segredo até que
tudo se resolva, ela sabia que Mason no momento estava sobrecarregado e
aquilo só estragaria tudo.
Ela se permitiu voltar a horas atrás quando podia sentir suas mãos
percorrendo seu corpo, o modo como a acalmava com sua voz e o gosto de
seus lábios que permanecia nos lábios dela mesmo depois do beijo. O jeito do
qual beijou sua cicatriz a fazendo relaxar tão doce e gentil, as palavras dais
quais dissera sobre como aquilo a havia tornado quem ela é hoje e por um
lado ele tinha razão, a forma como ele descobriu seu segredo sujo sobre ser
uma “simpatizante” de Star trek e em como brincou com o elástico da
calcinha que ela vestira apenas para provocá-lo.
O que somos afinal? Um tipo de amigos com benefícios? Amizade
colorida? Ou éramos mais do que isso agora?
Ela pensava a cada instante enquanto se banhava, sabia que Mason não era
do tipo de cara que se relacionava sério com alguém, mas as coisas ditas por
ele enquanto faziam amor mostrava que ele queria algo a mais então como
saber se o que tinham era diferente? No fim ela sabia que ambos se
pertenciam, então por hora aquilo teria que bastar.
Ela termina seu banho e veste seu roupão amarra uma toalha seus cabelos
molhados e destranca a porta do banheiro.
Ela achara que o encontraria na porta pronto para atacar e quando vê o
corredor vazio se decepciona um pouco. Bom isso até entrar em seu quarto
onde cinco minutos depois de uma varredura encontra todos os seus Funkos
totalmente desorganizados e o Funko do Spock bem em cima da cara do
chewie em sua cama denunciando o autor daquele crime.
— MASOOON! — Ela grita, Luna odiava desorganização havia levado
séculos para arrumar aquilo tudo por ordem alfabética e por ordem
cronológica de filme e seriado, agora estava tudo misturado.
A passos largos Luna vai até a cozinha onde escutara sua risada.
— Sim Lua? — Ela o escutava responder como se nada tivesse acontecido.
— Você me paga! Vai arrumar tudo do jeito que encontrou está me
ouvindo?! — Ela dizia sabia que agora suas faces estavam vermelhas como
um tomate.
— Não sei do que está falando Lua— Ela o via sorrir cinicamente.
— Você não sabe?! — Perguntava com ironia — Tudo bem então. Depois
de tudo— Ela sorri para ele um sorriso travesso e logo se encaminha para
fora da cozinha indo em direção a sua estante de livros, podia sentir que ele a
seguira curioso. — Acho que você não vai querer isto— Ela procurava por
seus HQS um volume em especial sabia que ele ia gostar por esse motivo o
havia comprado em um leilão na internet.
— Shit isso é mesmo sério? — Ela podia ver que ele encarava aquele
volume de HQ em suas mãos como uma criança encarava uma barra de
chocolate.
— Esse é um volume raro da edição Star trek e sim como pode ver está
autografado por nada mais nada menos que Leonardo Nimoy, o Spock. Você
vai arrumar toda aquela bagunça ou eu vou fazer picadinho desse HQ está me
ouvindo?
— Lua, por favor, não. Essa não é você não é mesmo? É o doutor Nemo
sobre efeito da poção polisuco, não é?
Ela sorria e por pirraça começava a abrir o lacre da embalagem da qual
envolvia o HQ, sabia que se abrisse não seria mais tão rara.
— Não ouse abrir esse lacre — Ela o escutava dizer indo em sua direção
— Lua, por favor, para agora.
— Mais um passo e eu vou dobrar a folha! — Ela o via erguer suas mãos
em rendição parando a poucos metros dela.
— Ok, its okay darling— Ela o escutava dizer em seu sotaque.
— Nem adianta usar esse sotaque comigo Kono.
— Eu sei que você adora, só não admite — Ela o via sorrir de canto,
aquele sorriso que tanto amava e por um instante ela quase cede, mas logo
volta a sua postura rígida — Eu sei que você gosta secretamente como ama as
orelhas do Spock mais do que a voz rouca do Darth Vader.
Aquilo tinha sido a gota d’água parecia seu esporte favorito irritá-la. Do
qual Mason era medalhista de ouro.
— Eu gosto é? — Ela começava a tirar o lacre da edição do HQ — Olha só
tão frágil o que aconteceria se eu deixasse cair?
— Nem pense nisso Hobbit, NO! Please, stop, please![27]— Lua o
escutava dizer nervoso — O que preciso fazer para que você pare?
— Você vai arrumar todos os meus funkos como estava e se ousar fazer
aquilo novamente eu juro que queimo essa edição está me ouvindo?
— Arrumar tudo?
— Tudo!— Dizia firmemente.
— Ok com sua ajuda eu arrumo.
— Sozinho! Acho que precisa de mais um incentivo Kono — Agora ela
retirava o HQ do lacre de proteção.
— OK TUDO BEM! — Ela o escutava gritar a fazendo parar seus
movimentos. — Eu arrumo mais tarde, agora abaixe esse HQ com calma.
— Pelo amor de Deus Mason é só uma revista super rara autografada pelo
já falecido Leonardo Nimoy, pensando bem. Ela fica comigo até você
terminar de organizar tudo.
Luna agora devolvia aquela edição para o lacre.
— O que? Nem pensar ela é minha você me deu!
— Eu dei? Não estou me recordando disto.
Ela o via estender as mãos para que ela lhe entregasse o HQ.
— Eu vou deixar você me dar no meu aniversario só me entregue para que
eu guarde de volta no lugar onde você a pegou. Posso me aproximar agora?
— Acha mesmo que sou tão boba assim? — Lua agora abria uma gaveta
na parte de baixo de sua estante a única que possuía chave ela coloca o HQ
ali e logo em seguida tranca com a chave que se encontrava dentro da mesma.
— Agora você pode — Ela o respondia enquanto colocava a chave dentro de
sua corrente envolta do pescoço.
Lua nota a postura de Mason relaxar ele se aproxima a passos lentos dela e
envolve sua cintura com seus braços.
— Sabe que teria o prazer de arrancar isso do seu pescoço, não é?
— Sei, mas não vai.
— Obrigado Lua— Ela o vê sorrir e como ela amava aquele sorriso.
— Arrume toda a bagunça que fez e estamos quites — Ela agora repousava
suas mãos em seu peito.
— Não pelo HQ, mas por fazer parte da minha vida.
Luna sorri. Sabe aquela pessoa que você vê em todos os lugares, mesmo
sabendo que ela está longe? Que você nem consegue pegar no sono de tanto
pensar nela antes de dormir? Que seus amigos ficam de saco cheio de ouvir
falar dela, e que se bobear sabem tudo sobre ela de tanto você falar? Que
todos os dias da semana, mês e ano sem ela são comuns e com ela são os
melhores? Que todas as músicas que falam de amor, mesmo as mais bregas,
você lembra-se dela? Que quando fala besteiras você ri? Que quando sente o
cheiro dela você delira? Pois é naquele momento Luna constatara que aquela
pessoa da qual se referia era ele.
— Preciso me trocar agora tudo bem? — Ela lhe dá um selinho rápido. —
Pode colocar ração para Misty? — Ela o pedia já saindo dos seus braços e
indo em direção ao corredor.
— Ahh Lua eu te a...
— O que? Disse alguma coisa Kono? — Ela vira-se para ele quando o
escuta hesitar.
— Eu te ajudo com a Misty
— Legal, eu vou me vestir. — E então ela desaparece no corredor indo em
direção ao quarto.
Ela troca de roupa rapidamente e penteia seus cabelos opta por uma calça
jeans colada e uma blusa com estampa de alien cinza de mangas curtas. Luna
passa um batom bege em seus lábios, estava faminta e ainda teria que levar
Mason ao hospital, será que conheceria a mulher que o criara?
E se ela não gostar de mim? Pensa. Tudo bem Lua fique calma vai dar
tudo certo, talvez nem a conheça hoje.
Ela sai do seu quarto e o encontra sentado no sofá encarando a gaveta
trancada com o objeto de seu desejo lá dentro ele até parecia Daenerys
Targaryen quando encarava seus dragões.
— Mason? — Ela o chama enquanto se aproximava e parava a sua frente.
— Sabe senhorita Iasune— Ela via Mason a medir com os olhos e logo em
seguida se levantar, ele acariciava seu rosto e seus ombros com as mãos ela
sentia seus dedos descerem vagarosamente por seus braços — Você foi uma
pessoa muito má e isso que fez há poucos minutos foi um ato criminoso então
— Ela o sente envolver seus punhos com as mãos e os erguer sobre sua
cabeça a encostando na estante atrás deles. — Tem o direito de permanecer
calada, tudo o que disser poderá e será usado contra você no tribunal — Ela
estava seria e o encarava sorrir sentia seus lábios indo em direção ao seu
ouvido beijando seu lóbulo — Você agora está sob julgamento e olha só eu
sou o juiz — Ela sente seus beijos na região de seu pescoço — Mas... — Ele
roçava seus lábios indo em direção ao seu ouvido — Posso deixar você bater
o martelo — Luna engole seco ao ouvir aquilo as últimas palavras em duplo
sentindo juntamente com um tom de voz sedutor e uma pontada de ironia.
Ela sabia que efeito ele queria causar, mas tudo o que sentiu foi uma
sensação de impotência até sua fome havia passado. Sentia a pressão de seus
dedos em seus pulsos.
— Mason, por favor, me solta— Ela tentava soltar seus punhos não podia
evitar as lembranças que a invadiam naquele instante.
— O que foi? — Ela nota ele se afastar e a encarar — Fiz algo de errado?
— Não... É que eu... Não gosto de ser pega de surpresa... — Luna agora
apresentava certa inquietação, seu coração batia um pouco forte ela solta um
grande suspiro.
Ela sabia que Mason havia notado que algo não estava certo, ele analisava
seu rosto por alguns instantes. Com uma das mãos ele colocava uma mexa de
seu cabelo atrás da orelha.
— Me desculpe se fiz algo que não gostou, eu só estava brincando com
você — Ela agora o sente soltar-se dela — Tem certeza que está tudo bem
Hobbit? Sabe que pode confiar em mim, não é?
Ela sabia que sim, mas não estava pronta ainda não naquele momento.
— Está tudo bem eu só fui pega de surpresa só isso — Ela desconversava
— Podemos ir ao hospital pegar suas coisas agora se quiser, o que acha?
— Sim podemos, na verdade Hobbit já está quase no horário de visitas e eu
irei ver minha mãe, estava pensando se não queria ir comigo?
Por todo povo que habita as muralhas do Norte.
Ela sentia sua mão esquerda ainda em seu rosto e com a outra mão livre ele
encostava a dela como um pedido para segura-la que Lua alegremente
atendeu envolvendo assim sua mão a dele.
— Eu? Tem certeza? Depois dos origamis, conhecer a mãe é o próximo
passo para casamento — Ela brincava, tentava disfarçar seu nervosismo.
— Quem sabe assim você poderá finalmente dizer a sua mãe que eu sou o
seu Kono paca — Ela agora o vê abrir um sorriso provocador — Ah espera
você já disse isso — Antes mesmo dela responder sente ser beijada por ele.
— Quer ir ou não Hobbit? — Ele a beijava novamente entrelaçando seus
dedos aos dela.
Lua nunca se cansaria daquilo, de ser beijada por ele, mesmo Mason a
provocando e se ele queria que ela conhecesse sua mãe por ela tudo bem o
que poderia acontecer? Tirando o fato dela não gostar de mim? Ela afasta
aquela linha de pensamento.
— Tudo bem então eu vou.
— Ok só me deixa tomar um banho rápido primeiro?
— Legal eu acho que vou comer alguma coisa e te espero.
Luna o segue com o olhar ele vai até o banheiro que ficava no corredor de
frente para seu quarto, ela segue até a cozinha e pega uma maçã podia notar a
porta aberta do cômodo onde Mason se encontrava e como se seus pés
tivessem vida própria ela segue até lá parando bem em frente a ele.
O observava tirar suas calças e logo em seguida sua cueca ficando
completamente nu, nunca ia se cansar disto também, de observá-lo. Ela media
com os olhos toda extensão de seu corpo enquanto abocanhava a Maçã em
suas mãos. Luna sabia que ele sabia que ela o observava.
— Sinto que estou sendo avaliado.
Ela mais uma vez morde sua maçã, Luna vê Mason se virar para ela
ficando frente a frente, seu torço nu com aqueles pelos loiros escuros do qual
ela adorava tocar agora a mostra, o V que se formava em seu abdômen e
delineava um caminho até sua virilha eram muito convidativos aos seus
olhos.
— Quer tomar banho de novo?
— Por mais que seja tentadora a ideia, melhor você se apressar ou o
horário de visitas vai terminar.
— Falta meia hora para o horário de visitas começarem e ele se estende
durante toda a tarde até às 18 horas e acredito que nesse meio tempo eu já
tenha terminado de tomar banho, a não ser que você tenha outros planos em
mente e queira usar praticamente todo esse tempo comigo.
Ela sabia o que vinha em seguida aquele comentário e lá estava ele
novamente o sorriso sarcástico estampado em seu rosto.
— Boa tentativa Kono — Ela o observa ligar o chuveiro e entrar no Box.
— Vou terminar meu café da manhã ou da tarde. — Luna segue pelo
corredor antes que possa mudar de ideia.
— Não pense que pode fugir de mim o dia inteiro Hobbit, sabe que sou
persistente e paciente me aguarde mais tarde— Ela o escutara gritar do
banheiro.
Mas no momento tudo o que pensava era que iria conhecer a mãe dele,
como se comportar? O que dizer? Será que ia gostar dela? E se não gostasse?
O que aconteceria? Mason não poderia ficar contra a mulher que o salvara e
criara e ainda mais doente. Nervosa ela prepara uma xícara forte de café
precisava de forças.
Ai meu santo Vader me ajude.
É quando ela termina sua enorme xícara escuta o chuveiro ser desligado,
daqui a pouco conheceria Melissa. Como ela era? Ela nem sequer sabia do
que ela gostava ou o que não gostava e se de repente Lua falasse besteira?
Tudo bem Lua você é forte pertence a casa Lannister, apenas siga seus
instintos e seja o que Vader quiser.
“Às vezes passamos a vida procurando alguém que sempre esteve ao nosso lado”

Luna Iasune Depois de saírem do apartamento de Luna eles se


Peter Quill

dirigiam até o hospital.


Ela estava nervosa e tinha que admitir que aquela situação era no mínimo
estranha, olhar para Mason Carter e dizer que ele estava indo apresentar uma
garota a sua mãe era tão difícil de acreditar quanto acreditar na existência do
pé grande.
Ele quase nunca falava dela com Luna, mas ela suspeitava que ele sempre
falava de Luna para ela, o que era uma desvantagem.
Ela não sabia o que eles eram, ainda não haviam tocado no assunto. E se de
repente ela me perguntar se estamos namorando? Ela pensava o que iria
responder? Sim, não ou talvez? Qualquer que fosse sua resposta correria o
risco de pressioná-lo.
E se ele não quiser nada sério? E se eu não estiver pronta para uma
relação mais aberta? E se Mason se cansar de mim?
E se. Essas eram as duas palavrinhas, bem simples, apenas três letrinhas
inocentes que a estavam atormentando.
No banco do carro ela se remexia a todo instante enquanto ele dirigia,
mexia em seus cabelos, balançava sua perna e mordia com tamanha força
seus lábios que começara a feri-los.
E ainda havia uma questão a ser resolvida. Desde aquelas mensagens Lua
não havia tido notícias dele, por alguns momentos ela ficou aliviada, talvez
ele só quisesse assustá-la ou talvez nem fosse ele já que o número era
desconhecido e Sakura é um nome comum, não é? Foi apenas coincidência
aquele ser o apelido que ele lhe dera há muito tempo. Mas no fundo Luna
sabia que era ele e sabia que um dia seu passado viria à tona, tantas
lembranças, tantos momentos guardados no fundo de sua alma, trancafiados e
esquecidos.
Luna queria poder atirar seu passado em um abismo e não se inclinar para
ter a certeza que ele estava morto, mas agora de que adiantaria se lamentar?
Não tinha uma máquina do tempo para voltar e desfazer todas as suas
escolhas, não tinha o poder de alterar o passado e se tivesse talvez não o
fizesse, por que se alterado ela não tinha a certeza de que estaria com Mason.
Quando se fala em história as pessoas têm o costume de se refugiar em
seus passados, é nele que se pensa encontrar um começo para tudo certo?
Mas Luna era diferente ela fugia do seu por que sabia que se continuasse a
viver aquele dia em sua mente enlouqueceria.
Era muita coisa para assimilar naquele momento.
— Está nervosa Hobbit?
Luna o escutara perguntar, claro que ele notaria seu nervosismo mesmo
com ela tentando disfarçar.
— Um pouco— Ela dizia com a voz um pouco tremula. Qual é Lua não é
para tanto não é mesmo? Ela pensava.
Mas é claro que era e apesar de Mason não saber, aquilo era um passo
enorme a ser dado na relação dos dois seja lá qual fosse.
Será que se fosse o contrário ele estaria nervoso? Ela ri de si mesma,
estávamos falando de Mason Carter e claro que ele não ficaria nervoso, ele
era bem comunicativo, as pessoas sempre gostavam dele e Lua poderia
apostar que ele até diria comentários sarcásticos para ambos os seus pais e só
de pensar nesta ideia ela cogita nunca apresentar Mason a eles, pois Yuri seu
padrasto sendo conservador não iria achar aquilo nada engraçado, mas por
outro lado sua mãe ela riria, pois sabia como Mason era e isso graças às horas
de conversa que Luna tivera com ela ao telefone.
— Relaxa Hobbit — Ela agora sentia suas mãos acariciando com leveza
sua coxa — É só a minha mãe e ela vai gostar de você.
E tudo que Lua faz é acenar positivamente com a cabeça ao perceber que
estavam se aproximando do hospital.
Após estacionarem o carro Luna demora alguns segundos para descer,
conta até cinco abre a porta e respira o ar daquela tarde fechando a porta do
carro atrás de si. Agarrava a alça de sua bolsa como se aquilo lhe desse força,
como se a bolsa fosse a pedra filosofal e ela Nicolau Flamel.
Os dois caminham até a entrada do enorme edifício de mãos dadas e após
Mason ir à recepção e pegar suas chaves e aparelho celular ele se volta para
ela sorrindo e ambos caminham pelo corredor que dava acesso à área em que
a mãe dele estava.
Não pode deixar de notar que todos ali a encaravam e principalmente as
mulheres, essas que lhe lançavam a todo o momento olhares que ela podia
jurar ser de raiva.
— Mason por que as pessoas estão nos encarando como se fossemos um
exército de Westeros? — Ela perguntava curiosa e logo em seguida escuta
sua risada.
— Não sei. Eu acho que por que estou segurando a mão de uma mulher
muito linda.
Ela sabia o que ele estava fazendo, Mason estava se esquivando e a
elogiando, mas Lua sabia o porquê de todos aqueles olhares.
— Ou talvez por que você seja um mulherengo e transou com metade do
hospital e agora essas mulheres querem me matar.
— É você que está dizendo e não eu— Ela o escuta rir novamente e então
solta sua mão.
— Qual é Mason não consegue se controlar? — Luna agora levava seus
braços até o peito cruzando bem em frente ao seu busto.
— Eu não transei com metade do Hospital, não misturo esse tipo de coisa
com meu ambiente de trabalho e posso lhe dizer que não foi por falta de
tentativa da parte delas — Ela agora o vê parar e puxar sua mão para junto
dele novamente, ambos parados naquele corredor — Então acredito que não
tenha com o que se preocupar, os olhares raivosos devem ser porque agora
elas estão vendo ao meu lado o real motivo para ter as rejeitado — Luna o
sente se aproximar, ela ainda mantinha o olhar duvidoso em sua face — Qual
é Hobbit é com você que estou agora, era com você que estava a algumas
horas trás e é com você que quero estar mais tarde, você está nervosa, mas
não há motivos para isso tudo bem?
Luna sentia suas mãos tocarem seus ombros e relaxa, realmente o
nervosismo a estava afetando. Ela sabia que Mason era profissional então
talvez aquilo fosse apenas o medo falando mais alto.
— Ok — Ela responde e ambos voltam a seguir pelo corredor dobrando a
esquerda da sala de materiais médicos.
— Está preocupada com o que ela vai pensar de você?
— Um pouco, talvez— Lua respirava devagar tentava a todo instante se
manter calma.
— Não se preocupe minha mãe já gosta de você.
Ela sorri com ele ao seu lado sabia que tudo daria certo, era com ele que
Lua queria ficar.
Sua atenção agora era voltada ao comportamento dele, no seu ambiente de
trabalho por onde passava Mason era cumprimentado e ele sempre era gentil
aos cumprimentos, acenava e sorria cordialmente e todos, tanto pacientes,
como funcionários demostravam respeito e admiração por ele.
Lua se pega pensando que já passara por aquela mesma situação só que em
um ambiente diferente em uma época diferente e com uma pessoa diferente.
Sua mente divaga a levando para longe em direção há sete anos no passado.

Flashback 8 anos atrás.


Já fazia um ano desde que Lua havia começado a namorar, no começo sua
família se mostrou receosa quanto ao relacionamento dela, nas palavras de
sua mãe “Ele não inspirava confiança”. Ela sabia que sua mãe e padrasto
eram muito protetores e por isso fazia o possível para provar que seu
namorado era o cara ideal.
Com o passar do tempo e à medida que o relacionamento avançava, seus
pais pareciam estar cedendo e após um ano de namoro eles finalmente o
haviam aceitado.
Lua não podia estar mais feliz, tudo nele a fazia sorrir e apesar de às vezes
ser um pouco mandão ela o amava incondicionalmente.
Ele a havia feito desistir de suas aulas de dança no clube, segundo ele “Não
gostou da forma que o seu parceiro a tocou” e apesar de amar dançar ela o
amava ainda mais por isso cedeu, afinal amar é isso, não é? Ter que ceder em
algumas coisas?!
Era uma tarde calma e Luna estava na estação de trem de Shibuya, havia
acabado de chegar e esperava impaciente seu namorado. Estava com muitas
saudades, desde a formatura dele. Sem ele ela se sentia sozinha.
Estava quase se formando por isso precisaria de um estágio para completar
sua grade e para ficar mais perto dele se candidatou ao programa de estágio
da empresa do pai dele e hoje ele a levaria para conhecer as instalações.
Ela só esperava estar bem vestida, escolhera uma saia preta um pouco
acima dos joelhos, meias pretas que iam até abaixo do mesmo e uma blusa
sem mangas listrada com uma jaqueta jeans azul clara para completar o look.
Ela também esperava que mais uma vez ele não implicasse com isso.
A estação de trem estava cheia e Luna estava um pouco nervosa, pois
achava que devido às circunstâncias conheceria o pai de seu namorado, era
estranho ele nunca o mencionar, talvez aquela tenha sido a oportunidade
perfeita.
Muitas coisas em sua vida haviam mudado, ela começou a conhecê-lo mais
profundamente sabia que ele era cuidadoso só que sua possessividade em
alguns momentosa deixava um pouco nervosa.
Ele era seu primeiro namorado deveria ser assim mesmo? Afinal o ditado
popular diz quem ama cuida, não é?
Durante uma de suas muitas conversas Lua havia mencionado não estar
pronta para o grande passo, pelo menos não ainda, mas que queria que fosse
com ele queria que ele fosse seu primeiro em tudo.
E como o namorado incrível que era concordou de bom grado esperar a
hora certa. Porem nada o impedia de tentar sempre com gestos apressados, e
todas às vezes Luna conseguia desviar, não estava pronta, mas às vezes ela
permitia seu toque atrevido, ela o amava e era muito difícil dizer não a ele.
Ela é tirada de seus pensamentos quando o avista com as mãos no bolso da
calça social, seguia em sua direção e quando para a poucos centímetros dela
ele a analisa dos pés à cabeça.
— Oi senpai.
Ele se aproxima e a puxa para um beijo.
— Olá minha Sakura, está linda como sempre.
— Obrigada.
— Não acha que está saia esteja um pouco curta demais?
Ela suspira afastando-se dele e passando as mãos para arrumar sua saia.
— Senpai qual é?! Não está nada curta.
— Por que você não está vendo do meu ponto de vista e aqui do meu ponto
de vista está muito curta.
— Você sempre diz isso. Eu acho que está perfeita.
— Perfeita se estivéssemos apenas eu e você, mas por ora deve servir não
há tempo para você se trocar.
— Quer parar. Mesmo se houvesse tempo eu não trocaria.
— Claro que trocaria.
Ela o vê falar com certa ironia, Lua o sente entrelaçar seus dedos nos dela e
a puxar para fora da estação desviando das pessoas ao redor deles.
— Vamos a pé ou de carro?
— De carro Sakura, mas que pergunta né?!
Quando já estão fora da estação Luna avista um carro de linha preto com
vidros escuros e ao seu lado um homem que devia ser o motorista vestido
com um terno alinhado preto os aguardava.
— Hiro nos leve a empresa e rápido.
Ela escuta seu namorado falar e logo em seguida entrar no carro sem olhar
para o senhor que abrira a porta traseira para eles. Ela sorria gentilmente e
com um aceno de cumprimento entra em seguida.
— Devia ter sido mais gentil — Ela o sente a envolver com seu braço.
— Com quem? Hiro? Ele é pago para isso, para dirigir e mais nada. Não
precisamos ser amigos.
Ela suspira. Luna cruza suas pernas fazendo sem querer a saia subir alguns
centímetros.
Ela olhava pela janela a paisagem, estava na época das cerejeiras a sua
época favorita, as ruas estavam enfeitadas com pétalas de rosas e folhas das
arvores que estavam a desabrochar.
Ela sentia seu namorado a tocar com a ponta dos dedos na parte exposta de
sua coxa, passeando delicadamente seus dedos naquela região.
— Então— Ela o escuta bem próximo do seu ouvido — Sakura a empresa
do meu pai. Tem certeza disso?
— Claro! — Ela se vira para ele permitindo mais uma vez seu toque —
Tenho assim vamos ficar mais tempo juntos, você não quer isso também?
— Mas é claro que quero — Ela o vê sorrir com seus olhos fixos em seus
dedos que passeavam em sua pele-Quer ficar perto de mim?
Ela sente suas mãos avançarem, elas ainda não estavam na zona de perigo,
portanto ela se permite desfrutar de seu toque suave a acalentador.
— Você sabe que sim, eu te amo.
— Eu sei que você me ama, eu só queria outra prova disso.
Seus dedos agora subiam mais revelando a pele arrepiada e nua dela.
Corrige sua postura e se afasta um pouco dele.
— Que prova seria? — Pergunta nervosa.
O sente a puxar para si e segurar firmemente em seus ombros evitando que
ela fuja.
A mão que antes passeava com delicadeza agora estava esparramada em
sua coxa bem próxima de sua nadega.
— Por que sempre me afasta? Sabe muito bem a que prova me refiro.
— Kiro— Ela tira sua mão daquela região — Eu... Eu não estou pronta.
Ela o vê suspirar irritado, já cansara de ter aquela conversa.
— Por que não? Tem algum problema comigo?
— Você é perfeito.
— Tem algum outro cara na jogada?
— Não tem outro cara, por que sempre acha que tem? — Ela dizia
tristonha. — Lembra quando disse que me amava e que iria esperar? — Ela
se afasta um pouco mais agora suas costas estavam coladas na janela do
carro. — Se realmente me ama vai saber esperar.
Ela o vê se encostar-se ao banco de couro, sua expressão era de raiva.
Odiava discutir com ele.
— Só não sei por que esperar tanto se diz que me ama.
— Por favor, não fica chateado — Ela pega sua mão — Só não me sinto
segura ainda.
— Não se sente segura comigo?
Luna o vê elevar a voz e puxar sua mão da dela.
— Não tem nada a ver com você, mas que saco! — Era a primeira vez que
ela gritava com ele.
E pode notar pelo seu rosto que não gostara nada daquilo.
— Está irritada? Então imagina como estou e em como me sinto por que é
sempre assim. Não entendo Luna se diz que me ama por que não podemos
transar? Por que tanta insegurança, eu sei que você quer tanto quanto eu
então qual é o problema? Agora você se acha no direto de estar irritada
ótimo?
Ela o vê chamá-la de Luna, ele nunca a chamara assim desde que se
tornaram amigos. Por um lado, ela sabia que ele tinha razão, mas Lua não
achava que era à hora para isso. Talvez tivesse sérios problemas.
Ela o amava e ele a ela então por que não conseguia ir adiante?
— Você me chamou de Luna — Era tudo o que conseguira dizer.
— É o seu nome, não é?!
— Você nunca me chamou assim— Ela desvia seu olhar — Não queria
gritar senpai eu só... Só não gosto de ser pressionada.
— Nós estamos juntos a mais de um ano e você insiste em esperar.
Lua sentia as lagrima chegarem.
— Sakura... Por que tem tanto medo? Tem medo de mim?
— Não eu... Não tenho medo é que é tudo novo para mim... — Ela
suspirava— Talvez devesse encontrar outra garota uma que não seja tão
complicada — Ela segurava seu choro, a ideia de terminar o que tinham a
matava por dentro.
— Você quer que eu faça isso?
Ela o escuta perguntar. Será que era o fim?
— Talvez devesse.
— Eu não vou. Você é minha Sakura. MINHA!
Ela o vê se aproximar mais uma vez e pega sua mão à fazendo o encarar.
— É que às vezes é difícil para mim e acabo ficando irritado. Eu te quero
tanto.
Sua voz mudara agora estava dócil e gentil.
— Eu sei e acredite quando digo que eu também quero.
— Quando você me afasta desperta uma irritação em mim e me sinto como
se não confiasse em mim totalmente e então a irritação vira raiva.
— Prometo não te afastar novamente senpai, gomenasai.
Luna o beija delicadamente e então sente o carro parar, o motorista abre a
porta e ela encara o enorme prédio a sua frente.
— Pronta?
— Estou.
— Sakura seja bem-vinda a Teikoku Hanaro.
Ela é guiada por ele até a porta giratória e em seguida até o hall de entrada.
Luna observa maravilhada a magnitude daquele edifício.
— A melhor empresa de investigação particular não só do Japão, mas de
todo o mundo, nós prestamos serviços em vários outros países.
Alguns funcionários passam por eles e cumprimenta com um aceno
profissional seguido da palavra senhor.
Ele passava por todos sem dizer sequer uma palavra apenas apontava para
as coisas que queria que Luna visse.
Ela o observava e observava seu comportamento perante aos funcionários
ele era totalmente diferente de quando estava a sós com ela. Sua postura era
rígida e sua voz à medida que falava se tornava mais séria.
Talvez por que aqui seja seu ambiente de trabalho e ele deva manter uma
postura profissional, afinal tudo isso em breve o pertenceria. Ela pensa.
— Alguma chance de conhecer seu pai hoje?
— Quer conhecê-lo? Por quê?
— Você nunca me fala dele.
— Não há muito o que dizer.
Ele a guia até um dos elevadores e ao entrarem Lua o vê pressionar o botão
do andar 42 tinha muitos andares,88 para ser exata.
— Meu pai é o CEO bem respeitado, irmão do ministro da Coréia Choi
Hanaro. Deixe me ver o que mais— Ela o nota pensar — Sempre muito
ocupado e com pouco tempo para família, acho que é isso.
— Andei lendo sobre aqui, soube que o treinamento dos funcionários
envolve aulas de arte marciais e manuseio com armas. O que exatamente os
estagiários fazem?
— Os estagiários ficam sob supervisão de um funcionário treinado,
dependendo da área que escolher trabalhar como, por exemplo, o setor de
investigação eles ficam responsáveis pela parte burocrática preencher
documentação e fazer relatórios semanais das atividades. A questão das artes
marciais não é qualquer um que acompanha o ritmo, nós oferecemos aulas,
mas uso de arma de fogo é obrigatório. Tudo legalizado.
— Acho que vou gostar daqui — Lua sorria para ele e envolve seus braços
por dentro do paletó. — E você senpai poderia me ensinar Kendô.
— Não sei se aguentaria o ritmo, eu pratico desde os quatro anos.
— Sou mais forte do que pareço.
— Olha você irá estagiar a não ser que seja funcionário está fora de
cogitação.
— Não podemos quebrar um pouco as regras? — Ela pergunta sapeca e
logo em seguida fica na ponta dos pés para beijá-lo.
— Às vezes é bom quebrar um pouco, mas não vou deixar você manusear
uma arma comigo dentro da sala.
Luna solta um riso — Hai Kiro-kun — Ela diz seu nome em forma de
respeito.
A porta do elevador se abre e o andar de investigação é revelado, ela vê
várias pessoas, homens e mulheres andarem de um lado para o outro com
papeis em mãos indo de mesa em mesa.
— É isso o que quero — Ela o escuta dizer — Quero ficar nesse setor, uma
hora convenço meu pai.
Os dois estavam parados no amplo corredor que dava acesso a sala
investigativa, quando escutam uma voz ao fundo, ela suava fria e forte e Lua
podia a ouvir proferir o nome de seu namorado.
— Kiro!
Ela podia ver seu namorado suspirar profundamente como se não quisesse
estar ali.
Quando ambos se viram Luna avista um homem de meia idade muito
elegante vindo na direção deles, ele usava um terno que parecia muito caro,
tinha cabelos um pouco grisalhos nas laterais e com nenhum fio fora do lugar
e seu rosto era exatamente como sua voz rígido, irritado e com um ar de
reprovação. Ela podia notar traços de Kiro no rosto daquele homem e logo
constatara que aquele era o pai dele.
— Estava me procurando pai? — Lua permanecia calada escutava apenas a
voz de ambos os homens.
— Sabia que o encontraria aqui. Por que não estava na sua mesa quando
fui te procurar? — O homem ignorava a presença de Lua ali, estava
concentrado apenas em Kiro.
— Fui até a estação de trem buscar minha namorada, papai — Lua notava
que o tom de voz de seu namorado era firme como o de seu pai os dois se
entreolhavam presos a um contato visual iminente.
Ela pode ver o homem a encarar de relance finalmente a percebendo ali e
com toda cordialidade ela o cumprimenta com um aceno educado.
— Ohayo senhor Hanaro. — Ela dizia cordialmente.
— Ohayo. — Porem o cumprimento que recebera foi um tanto seco e
distante.
Ele a estava medindo, podia sentir seu olhar a analisando.
— Quando eu te dou uma mesa em minha empresa... — Ele agora se
voltava para Kiro — Eu espero que esteja nela quando for à sua procura, tudo
isso será seu um dia Kiro e no mínimo espero comprometimento de sua parte.
Lua sabia que em parte a culpa era dela por pedir uma visita então decide
interferir a fim de amenizar aquela situação.
— Gomenasai senhor Hanaro a culpa foi minha, eu pedi para que ele me
buscasse na estação e me mostrasse às instalações da empresa.
O homem nem sequer a olhou ou prestou atenção em suas explicações
apenas disse com sua voz autoritária.
— Venha, vamos ao nosso andar — Ele começara a andar na direção do
elevador sem demora. — Pode trazer sua amiga também.
— Raisensu senhor Hanaro, o senhor talvez conheça meu padrasto ele
[28]

também é CEO das empresas Iasune Corp. — Ela dizia enquanto seguia
aquele homem e seu namorado a passos apressados até o elevador.
— Você é filha do Yuri? O herdeiro da indústria química?
— Sim senhor. — Lua dizia com um sorriso gentil em seu rosto. Agora
todos estavam dentro do elevador.
— Sim eu o conheço na verdade eu conheço mais o seu avô do que seu pai.
Ela notara a aproximação daquele homem até Kiro, ele falava em seu
ouvido em um tom baixo, Lua podia jurar que ouvira dizer as palavras
herdeiro e muito bem meu filho. Logo em seguida ela o vê proferir tapinhas
no ombro de seu namorado.
— Então senhorita Iasune o que a fez querer conhecer minha empresa?
— Estou interessada no programa de estágios senhor.
— Interessada no meu programa de estágios — Ele repetia suas palavras.
— Sim eu mandei meu relatório para análise de um de seus antigos casos
sobre o desaparecimento de uma garotinha na província de Oksawa e se me
permite senhor acho que seus investigadores deixaram passar o fato dela ter
se perdido nas redondezas do templo Otera — Dizia com orgulho aquilo que
havia estudado, Luna havia passado horas debruçada sobre aquela pilha de
arquivos para enviar a fim de uma vaga.
— Está questionando a eficiência de meus funcionários? — Ela se
assustara um pouco com aquela pergunta.
— Absolutamente não senhor, apenas fiz uma pequena observação. Diga-
me a encontraram? Não estava muito clara a conclusão do caso no arquivo.
— Sim nós a encontramos, mas infelizmente era tarde demais.
— Entendo — Lua se sentiu triste ao pensar na dor dos pais em ter sua
filha de cinco anos perdida e depois encontrada sem vida.
— Então está interessada no setor de investigação? — Ela é tirada de seus
devaneios pelo som de chegada do elevador.
Ambos agora caminhavam por um amplo espaço repleto de janelas todo
trabalhado em mármore, eles param em frente a uma enorme porta de
madeira talhada onde tinha escrito NOBURO HANARO CEO. Então seu
nome era Noburo, que significava mestre da ciência e dos mistérios, ela não
podia deixar de sorrir era um nome digno da pessoa a sua frente.
— Sim eu estou, acha que Kiro poderia ser meu mentor? — Agora o
homem dava espaço para que ela e seu namorado adentrassem na sala.
— Kiro não é um funcionário aqui pelo menos não ainda e muito menos
investigador.
— Sou melhor que muitos deles lá em baixo — Agora pela primeira vez
desde que saiu do elevador Lua escutara a voz de seu amado.
— Só é mentor quem trabalha no setor investigativo e Kiro ainda está no
início de sua faculdade.
— Pai eu posso ser um investigador até assumir seu lugar o senhor sabe
que sou capaz.
Lua o observava.
— Qual curso pretende seguir senhorita?— Lua escutara a pergunta e sem
hesitar responde.
— Direito criminal — Ela na verdade havia escolhido este curso por
insistência do namorado o que mais queria era estudar medicina veterinária e
seguir os passos de seu pai.
— Um advogado a mais é sempre bom, meu filho teve influência em sua
escolha de curso?
— Não senhor — Ela mentia.
— Onde pretender cursar? — Ele fazia perguntas bastante objetivas.
— Pensei no primeiro momento em Harvard, também me inscrevi em uma
faculdade no Brasil.
— HARVARD! — Ela agora ouvia a voz incrédula de seu namorado, se
ela iria ceder ele também deveria.
— Sim Senpai— Dizia receosa.
— Achei que estudaria na mesma universidade que estudo — Ele se virava
para ela e sua cara não era nada boa. — E como assim Brasil? Fica do outro
lado do mundo.
— Kiro eu só mandei algumas recomendações ainda vou precisar passar
pelo exame de admissão.
— Quando pretendia me contar?
— Estava esperando o momento certo senpai— Ela sabia que ele detestava
ser surpreendido.
Lua vê Noburo arrumar alguns papeis na enorme mesa, ele colocava tudo
em uma pasta de couro preta e logo em seguida de dentro da mesma saca seu
celular.
— Keiji, diga a Kieko que na segunda ela terá uma nova estagiaria no setor
criminal... Exato do programa para novos talentos... Não ela ainda está no
ensino médio... Ok... — Ela o vê desligar o aparelho e colocá-lo dentro da
pasta novamente.
Lua havia conseguido seu estágio e estava feliz porque finalmente teria
mais tempo com Kiro.
— Vamos ver como se sai senhorita Iasune.
— E quanto a Kiro? — Ela perguntava esperançosa, gostaria que aquele
homem visse o potencial de seu filho assim como ela via.
— Ele pode auxiliar você em seu tempo livre — Luna o via pegar sua
pasta — Agora se me der licença tenho uma reunião no 82° andar e gostaria
que meu filho participasse — Novamente seu olhar era duro e rígido.
— Vou levar Lua até a saída e te encontro em dez minutos pai — Logo em
seguida o homem sai com sua postura impecável.
Sozinhos, agora Lua seguia Kiro até a saída do prédio, quando ambos já
estão no estacionamento ela decidiu quebrar aquele silencio.
— Desculpe por não contar sobre a universidade. — Dizia meio tristonha.
— Não preciso de ajuda com meu pai Sakura e você ainda teve a audácia
de não me contar que pretendia estudar em outro país. Pensei que quisesse
ficar comigo o que aconteceu com o “Para sempre?”
— Eu ainda vou ficar com você Senpai, tudo o que planejamos vai se
concretizar. — Ela dizia um pouco chateada com aquele comportamento. —
Eu tento ser uma boa namorada eu cedo em praticamente tudo, nos clubes
extracurriculares, nos passeios e até na escolha do curso tudo para ficar perto
de você, porque não pode ceder também?
— Só não quero ficar longe de você Sakura e pensar em você do outro lado
do mundo... Longe de mim... Isso me deixa perdido não vou estar lá para te
ajudar ou proteger.
— Eu não preciso de proteção, não mais.
— Eu quero que fique aqui comigo — Ela o via a puxar pelo braço a
fazendo encostar-se em seu peito. — Eu estudo em uma boa universidade a
melhor em todo Japão.
— Porque é sempre como você quer? — Ela encara aqueles olhos negros
difíceis de decifrar.
— Você acha isso? Acha que é sempre assim? — Ela lhe dá de ombros.
Lua o sentia a apertar seu braço e aquilo estava começando a machucar.
— Kiro você está me machucando. — Ela o sente afrouxar mais suas
mãos.
— Como quer que eu me sinta sabendo que não posso confiar em você —
Dizia com certa raiva. - Não gosto nada disso Sakura não gosto de ser
ignorado e você está fazendo isso, se esqueceu de sua promessa? De ficarmos
juntos?!
Lua sentia seu coração apertar ela estava com raiva e triste, neste momento
tudo o que ela queria era sair dali. Luna nunca havia dado indícios de que ele
não pudesse confiar nela, ao contrário ela ignorava os avisos que vinham
sobre ele, ela sempre lhe dava o benefício da dúvida.
— Você me ama? — Ela o escuta perguntar.
— Claro que sim Senpai! — E ela o amava mais do que a si mesma.
— Então vem comigo, quero que seja minha e que confie em mim, eu não
conseguiria ficar longe de você, de viver em um lugar que você não estivesse.
— Sua voz agora era doce e gentil. Ele percorria seus lábios por toda a face
dela fazendo um caminho de beijos que iam de seus lábios até seu ouvido.
— Eu te amo Kiro, você é meu namorado, melhor amigo e amor. — Lua
toca sua face sabia que não deveria fazer o que estava prestes a fazer, mas
não conseguia dizer não para ele — Olha eu fico com você senpai bem aqui,
vou para a mesma universidade que você, vamos ficar juntos para sempre.
Ela o vê abrir um sorriso radiante o mesmo sorriso que sempre abria
quando conseguia o que queria.
— Boa menina.
Os dois agora se aproximam do carro com o motorista que a aguardava.
— Hiro leve a senhorita Iasune de volta a estação — Ele dizia firmemente
enquanto Lua adentrava o banco traseiro do carro e da janela ela o escuta
dizer — Eu te amo, agora tenho que ir, nos vemos na segunda estagiaria.
— Também te amo até segunda.
E então ela escuta o carro dar partida e a figura do seu namorado ficar cada
vez mais distante.

Dias atuais.
Sua mente volta ao seu estado normal quando ela sente os movimentos de
ambos pararem, Mason encarava a porta a sua frente e logo o nervosismo de
Luna retorna, ela o vê abrir a porta e sorrir, ficara encolhida atrás dele apenas
observando no primeiro instante.
— Bom dia mãe, como está? — Ela o escuta perguntar e afasta-se um
pouco de seu esconderijo nada secreto e observa a mulher ali sentada sobre a
cama.
Ela era linda, um lenço estava sobre sua cabeça cobrindo toda ela,
elegantemente ela usava um pijama do hospital que mais parecia ter sido
desenhado especialmente para ela, seus olhos eram gentis e Luna a escuta
responder com uma voz calma e acolhedora.
— Olá anjinho, estou muito melhor.

Melissa Carvalho Melissa estava sentada na cama do hospital, tinha


acabado de acordar e a enfermeira havia aplicado uma dose de morfina para
diminuir as constantes dores em seu corpo. Ela ainda continuava a tomar seus
remédios só que agora eles eram injetados em seu soro, os médicos a haviam
alertado sobre parar com a quimioterapia e radioterapia e ela sabia que seu
tempo estava acabando.
Melissa não tinha medo da morte, um dia ela acabaria chegando de uma
forma ou de outra ela só tinha medo de deixar seu filho sozinho e pelo que se
lembra ao sair daqui ele não estava muito bem.
Sua enfermeira Maria contara sobre seu pedido para buscar alguns
pertences e sobre uma ligação que tivera, pelo que sabia Mason estava com
sua amiga o que a deixou aliviada e pensativa.
Será que tinham se acertado? Ela esperava que sim, talvez nem demorasse
muito a descobrir, pois assim que termina sua linha de pensamento, ela vê seu
filho entrar em seu quarto acompanhado de uma bela jovem de cabelos
castanhos e olhos azuis.
E constatara que tudo estava bem porque pela cara dele os dois finalmente
haviam se acertado.
Esse é meu garoto! Ela pensa.
E após alguns comprimentos Melissa agora era finalmente apresentada a
mulher que roubara o coração do seu anjinho.
— Mãe essa é Luna e Luna essa é minha mãe Melissa — Ela o notara
sorrir.
A mulher que antes parecia nervosa e encolhida agora se aproximava com
cuidado e no fundo Melissa sabia o porquê de seu nervosismo, ela queria
dizer que não havia motivos para isso porque se Mason a amava Melissa
também.
— Muito prazer senhora — Melissa a via estender sua mão para ela e
gentilmente ela a pega sorrindo.
— Então você é a famosa Luna não é mesmo? A mulher da qual meu filho
não parou de falar esses últimos dois anos?! — Ela sorria.
— Acho que sim— Melissa a via ruborizar.
— Agora entendo o porquê ele derrubou café propositalmente em você,
apenas para te ver de perto e devo dizer que ele tinha razão quanto a isso,
pois você é linda — Ela sorri para ambos notara seu filho ficar sem jeito
provavelmente por ter revelado seu segredo sujo.
Melissa observava os olhares lançados entre Lua e seu filho um misto de
surpresa e divertimento.
— Mason isso é verdade? — Ela agora a ouvia perguntar.
— Ahh, não foi bem assim né?! Não derramei café propositalmente —
Agora seu filho passava as mãos em seus cabelos. Por isso para se divertir
decidi mais uma vez interferir.
— Mas anjinho você mesmo me contou animado sobre esse encontro
inusitado e em como aquela garota na fila era linda e tudo o que queria era
ouvir sua voz. — E então ela gargalha ainda segurava a mão de Lua que
agora se sentara ao seu lado na cama, podia também ouvi-la gargalhar junto
dela.
— Meu Deus Mason! Não podia agir como uma pessoa normal tipo “Oi
prazer você é linda, pode me dar seu número?”
Melissa apenas observava agora, queria ver como seu astuto filho sairia
dessa, estava feliz. Aquela mulher o fazia feliz.
— É que antes de nos esbarramos eu já havia reparado em você e estava
apenas pensando em um jeito de te abordar, podemos dizer que foi o destino.
— E então mais uma vez Melissa o vê arrumar seus cabelos com as mãos.
— Você é muito estranho sabia disso Kono?
— Nada de normal vem de uma pessoa que é fã de Star Trek — Melissa
dizia com um sorriso em seu rosto.
— Concordo senhora Carvalho, prefiro Star wars — Ela escutava Lua a
responder.
— Já gostei dela anjinho. — Então as duas soltam um risinho de
cumplicidade.
— Argh agora as duas irão ficar contra mim, assim não dá. E acho bom
não falarem mal do Spock.
— O homenzinho com orelhas de duende? — Ela nota Lua segurar o riso.
— Prefiro o Luke — Luna dizia.
— Eu também prefiro.
Melissa nota seu filho bufar e sentar próximo a elas em uma poltrona ao
lado direito do quarto.
— Tá legal, chega, por favor.
— Ficou zangadinho? — Ela ouvia Luna perguntar.
— Sabe como fico quando falam do Spock!
— Como pode sua mãe ser Wars e você ser Treker?
— Tentei trazê-lo para nosso lado querida, mas não obtive sucesso, ele é
um desgarrado.
Seu filho agora estava emburrado, mas ela não podia deixar de se divertir.
Deus nunca lhe dera a chance de conceber um filho, mas ele lhe dera a
oportunidade de ser mãe e de ter a capacidade de amá-lo mais do que a si
mesma e hoje ela tinha a infinita certeza de que se partisse seu filho seria
amado por aquela mulher que segurava sua mão. O que sentiam era
verdadeiro e sincero.
— E como vocês dois estão? Como dizem os jovens hoje em dia... — Ela
fingia pensar — Estão ficando, certo? — Notara a postura de ambos
mudarem.
— Mamãe, nós estamos indo com calma a pedido de Lua — E agora
Melissa a encarava e a via desviar seus olhos.
— Mas você fala o tempo todo dela anjinho.
— Ele fala? — Agora Luna a encarava novamente e ela parecia curiosa.
— Mamãe! — Ela é interrompida — Tem coisas que um filho conta para
mãe que deveria ficar entre nós.
Melissa se inclina e sussurra para Luna, uma história sobre Mason, sua
mão e o nome dela sussurrado. O quarto fica por alguns segundos em silencio
total que logo e rompido pela gargalhada alta de Luna seguida por Melissa.
— Quando isso aconteceu Mason? — Luna não formulava uma frase
direito e Melissa podia ver que ela tentava se controlar para não rir
novamente.
— Eu... Não me lembro, mamãe deve ter sonhado.
Ele estava sem jeito uma coisa rara de se ver, pois seu filho quase nunca
ficava assim.
— Tenho câncer e não amnésia, me lembro bem disto.
As duas os vê se afundar mais na poltrona.
— Fico feliz que esteja aqui Luna — Ela era sincera ao dizer que estava
feliz.
— Eu também.
— Quer saber sobre o sonho erótico que meu anjinho me contou sobre
você e em como você estava vestida de Uhura? — Ela agora via seu filho
ficar em sinal de alerta. — Foi assim...
— NÃO! — Ele praticamente gritara.
— Ahh eu quero ouvir senhora Carvalho, não ligue para o que ele diz —
Lua segurava sua risada e Melissa sabia que aquele era um assunto do qual
nem deveria ter sido tocado.
- Acho que chega de histórias por hoje.
Ambas riem do estado envergonhado de Mason.
— Outra hora então... — Melissa piscava para Luna.
— Não conto mais nada à senhora Mãe! — Ele bufava.
A dor começara a se tornar presente agora e aquele curto momento de paz
estava para passar, ela tosse e nota olhares preocupados tanto de seu filho
quanto de sua companheira. Ela se deita na cama com cuidado soltando a
mão de Luna.
Uma leve dor de cabeça começava a surgir juntamente com algumas dores
musculares, Melissa já havia adquirido com o passar do tempo certa
tolerância a dor, mas com sua doença em estágio final aquilo começava a se
tornar insuportável.
— Olhe só para vocês dois, como dizem... Um casal geek.
— Descanse um pouco agora mãe.
— E você anjinho vá trabalhar eu sei que tem deveres a cumprir.
— Posso adiar e ficar aqui com a senhora.
— Não Kono ela tem razão, se quiser eu fico com ela já que estou de folga
hoje.
— Tudo bem anjinho pode ir, Luna e eu vamos compartilhar mais
histórias.
— Não vou demorar tenho apenas três pacientes para ver e depois venho
aqui para comermos algo juntos tudo bem? — Melissa o via ir ao ouvido de
sua mais nova amiga e sussurrar algo que constatou ser indecente aos seus
ouvidos, pois Luna ficara vermelha.
— Comporte-se mamãe — Ela o via se dirigir até a porta.
— Eu sempre me comporto.
E então ele sai logo após mandar um beijo para ambas.

Luna Iasune Parecia que o nervosismo tinha sido em vão, assim que Lua
se apresentou, o ambiente ficara mais leve, as duas haviam se identificado e
ela gostou de saber que existia alguém que conseguia fazer Mason Carter
sentir vergonha e não pode deixar de aproveitar aquele momento talvez o
único que fosse ter.
— Esse meu filho não tem jeito — Ela escuta Melissa a tirar de seus
pensamentos — Me fale sobre você querida?
Lua pensa por alguns instantes, não havia muito a contar sobre ela.
— Bom sou bem comum. Eu morava no interior em uma pequena fazenda
de Minas até os meus treze anos.
— Olha só Mason também vivia em uma fazenda. Seus pais eram donos de
algumas terras, mas infelizmente uma fatalidade os levou e desde então cuido
do meu anjinho. Ele te contou essa história?
— Sim ele me contou — Luna se pega pensando em como ouvira a
história de Mason há poucas horas e imaginou como havia sido difícil para
ele viver sem os pais, imaginou um menino de olhos azuis perdidos, ele teve
sorte em encontrar alguém como aquela mulher para criá-lo.
Ela escutava Melissa tossir — Quer que eu pegue um pouco de água
senhora Carvalho?
— Sim e me chame de Melissa querida. — Aquela mulher era muito
gentil, seu estado era injusto.
Lua vai até o frigobar disponível no quarto e pega uma garrafa de água
mineral logo em seguida ele entrega a mesma a Melissa que toma alguns
goles e a devolve.
— Seus pais. Eles ainda moram na fazenda?
Lua suspirava — Não meu pai ele... Ele morreu em um acidente de carro e
minha mãe ela vendeu a fazenda quando se casou com um CEO japonês,
depois disto nos mudamos para o Japão e fiquei lá até completar meus 19
anos que foi quando retornei ao Brasil para estudar.
Ela se lembra de como foi difícil ouvir a notícia da morte de seu pai e de
como o enterro havia sido doloroso. Dizer adeus nunca foi tão difícil em sua
vida.
— Sinto muito querida deve ter sido difícil para você lidar com isso.
— Tudo bem, já faz muito tempo.
— Seu padrasto é bom para você?
— Sim ele é bom para mim e minha mãe, pagou meus estudos nas
melhores escolas japonesas e me apoiou quando quis voltar para cá, apesar de
minha mãe ser contra.
— Deveria ir visitá-los meu bem, família é muito importante, sabe eu só
tenho Mason e ele a mim então fico feliz que ele a tenha encontrado.
Lua ficara tocada com as palavras daquela mulher, ela tinha uma aura
gentil e amorosa, não era justo podia ver como Melissa a encarava sem
falsidades. Apesar da doença ela ainda possuía amor e carinho em seu
coração outras pessoas simplesmente se entregariam ao caos naquela situação
onde nem os médicos estavam esperançosos, mas aquela mulher não estava
nem um pouco abalada ela não temia a morte, sua força era admirável.
— Quem sabe um dia... — Ela sorria sem jeito, voltar ao Japão não era lá
uma ideia que a agradava, apesar das saudades que tinha havia motivos
suficientes para Luna evitar aquele lugar.
As horas iam se passando e as duas compartilhavam cada vez mais
histórias e Luna ficou muito feliz em conhecer um pouco mais sobre Mason,
ele era muito fechado em relação a sua vida então não podia deixar de
transparecer sua felicidade ao ter informações sobre ele.
Ela gargalhou com as histórias contadas por Melissa e dava risadas
frenéticas quando a escutou contar sobre a namoradinha de colégio dele e em
como ela pegou os dois sem roupa no quarto dele. Lua também falava de sua
vida no Japão das viagens em família a Tóquio, da comida, dos costumes e
Melissa parecia bem interessada naquilo tudo. Ela escutou a história de como
Melissa havia sido diagnosticada com câncer e em seu desejo de morrer em
seu país.
— E então já não possuo mais segredos? — As duas agora escutavam a
voz de Mason preencher o ambiente, Lua nem notara que já havia passado
tanto tempo desde sua saída.
— Só acho— Ela se virava para ele — Que deveria ter trancado a porta
quando levou sua namoradinha de colégio para seu quarto.
Ela sente sua aproximação, Mason a beijara no rosto e logo em seguida
beijava sua mãe.
— Ele nem sequer esperou a casa estar vazia Luna eu peguei os dois
pelados não é mesmo rapazinho? — Luna escutara o tom brincalhão de
Melissa para com Mason.
— Mãe! Depois não sabe por que nunca trouxe alguém para te conhecer.
O relógio de parede no quarto de hospital marcava 17h45min Lua
lembrava que o horário de visitas iria até às 18 horas, ou seja, ela só tinha
mais quinze minutos.
Ainda não havia comido desde que levantara a não ser aquela maçã, seu
estomago agora estava completamente vazio e se conhecia bem Mason era
melhor ela estar alimentada para mais tarde.
— Vamos comer alguma coisa no refeitório do hospital Hobbit?
— Sim, por favor— Ela lhe dizia com gratidão, às vezes Lua suspeitava
que Mason pudesse ler pensamentos.
— Mamãe descanse amanhã volto para visita-la tudo bem? — Ela o vê ir
até sua mãe e beijar carinhosamente sua testa.
— Sim anjinho — Ela sorria — E Lua venha me visitar sempre que quiser
está bem?
— Pode deixar eu venho sim e quero ouvir todas as histórias que ainda tem
para me contar.
— Será um prazer contar cada uma delas querida.
As duas se entreolham com cumplicidade.
— Vamos Hobbit? — Lua o escutava chamar.
— Sim vamos — Ela dá um forte abraço em Melissa e sai do quarto
acompanhada por Mason.
Os dois caminham de mãos dadas até o refeitório do hospital, ela adorava
aquela sensação se sentia segura perto dele, ela não queria amar ninguém
além dele. Era muito fácil sair com várias pessoas ao longo da vida difícil
mesmo era entender que poucas dessas pessoas iriam te aceitar como você é e
te fazer feliz é difícil ocupar o coração de alguém e Luna estava feliz por
saber que a vaga em seu coração estava preenchida há muito tempo.
“Essa é a sua chance, a chance de conquistar.”

Luna Iasune Depois de ontem Luna tinha certeza de que tudo na


Professor Henry Pym

sua vida havia mudado quem diria que ela iria se render aos seus desejos, que
iria perder a virgindade com Mason Carter, se lhe dissessem isso há dois anos
ela com certeza iria rir e muito. O dia anterior ela não encontrava palavras
para descrever, primeiro ela havia parado de se enganar e finalmente ela e
Mason haviam dado um passo na relação deles e depois havia conhecido a
mãe dele, por quem estava completamente encantada.
Após ele terem comido no hospital, Luna voltara pra sua casa enquanto ele
voltou para seus afazeres, haviam combinado de se encontrarem de noite na
casa dele para jantar e assistir a nova temporada de The Walking Dead, que
como todos podem imaginar não deu muito certo, se eles assistiram um
episódio completo era muito, ela não conseguia parar de beijá-lo e ele não
conseguia ficar longe dela, como ele havia prometido ela não conseguira
escapar dele e de sua presença estimulante o dia todo.
A noite fora maravilhosa, ele sempre gentil e carinhoso intercalando com
momentos ávidos e intensos, ela achava que não era possível ser melhor do
que a primeira vez dos dois, mas claro que Mason sempre provava que ela
estava errada, eles haviam feito amor novamente e ela tinha a certeza de que
nunca se cansaria dele.
Agora Luna suspirava na copa da clínica em que trabalhava, ela estava no
horário do almoço e olhava o tempo todo no relógio, contando os minutos
para poder ir embora e vê-lo, ele ainda não havia ligado para ela.
Calma Luna não seja neurótica, você o viu hoje de manhã. Ela dizia a si
mesma. E ele te disse que estaria muito ocupado hoje.
Ela continua a comer sua salada desejando que o tempo voasse e é quando
suas duas amigas entram na cozinha para ambas poderem almoçar.
— Oi Lua! Tudo bem? — Pergunta Gisele toda animada.
— Oi Gi, tudo sim. Como foi seu fim de semana?
— Foi ótimo. Meu namorado e eu fomos à cachoeira e foi perfeito. E o
seu?
Ao se lembrar de seus últimos dias Lua não consegue evitar abrir um
sorriso.
— Pela cara dela foi ótimo — Diz Lucia a mais nova veterinária da clínica.
— Ah gente... — Lua sentia suas bochechas queimarem.
— Você saiu? — Pergunta Gisele.
— Não, mas estive muito bem acompanhada.
— Você estava meio que saindo com Dr. Vasconcelos, não é? — A
primeira lhe pergunta.
— Sim, mas meio que não deu muito certo — Lua se lembra que ainda não
havia terminado a conversa com Luis, sabia que teria que conversar com ele
agora mais do que nunca.
— É uma pena, ele é uma ótima pessoa.
— E com uma bela bunda — Lucia comenta e todas riem do seu
comentário.
— Lucia você é casada — Lua diz.
— Mas não sou cega né. O que posso fazer? — Diz com um sorriso
atrevido.
Luna observa suas amigas se sentarem e aproveitarem seu almoço, ela
amava aquele ambiente de trabalho, fazia o que amava e com pessoas tão
comprometidas e apaixonadas quanto ela. Então os comentários e risadas se
cessam quando uma música começa a tocar preenchendo a cozinha. Todas
ficam paradas ouvindo aquele som, Luna reconhece que música era aquela,
era o refrão de Sexy and I know it da banda LMFAO.
Mas de onde está vindo essa música? Ela se perguntava. E depois de
alguns instantes é que repara que aquele som vinha dela, para ser mais
específico vinha de dentro do bolso da sua calça, era o seu celular.
Mas que merda é essa?
Quando ela pega o celular não consegue evitar revirar seus olhos e
suspirar. Por que não me surpreendo? O nome Kono paca estava escrito na
tela, Lua podia ouvir as risadas de suas amigas, e percebera que ambas a
encaravam, a comida que ambas comiam havia se tornado menos
interessante. Ela aperta o botão verde e antes que diga qualquer coisa escuta a
voz de Mason do outro lado da linha toda animada.
— Olá Hobbit— Pela sua voz ela podia jurar que ele sorria — Por favor,
me diz que você está em um lugar público e que todo mundo ouviu o seu
novo toque de celular.
— Você é um idiota sabia? — Ela percebe que também sorria.
— Mas como diria sua mãe eu sou o SEU idiota.
— Você nunca vai se esquecer disso não é mesmo?
— Claro que não. Nem conheço sua mãe, mas sei que ela me amaria.
— Nossa você é MEU? Que sorte a minha — Ela ironiza.
— Claro que sim, aposto que muitas queriam estar no seu lugar — Ela
escuta sua risada e então ela mesma ri.
— Posso imaginar, então o que você quer Kono?
— Você fala assim, mas aposto que está com saudades minhas.
Nossa e como estou. Na verdade, estou morrendo de saudades.
— Onde você está Hobbit?
— Na clínica almoçando.
— Tem mais gente aí com você? Eu acho que estou ouvindo vozes.
Lucia e Gisele entre uma garfada e outra cochichavam sempre lançando
olhares pra Lua ao telefone.
— Sim tem umas amigas minhas aqui comigo.
— Nemo ta aí?
— Não. Na verdade, faz um tempo que não o vejo.
Não o vejo há 36 horas para ser mais exata.
— Hum... Que bom.
— Kono você quer parar. Ele é um cara muito legal e é um grande amigo.
— Ok. Toquei na ferida. Não falarei mais nada sobre esse assunto — Ela o
escuta suspirar — Eu não liguei para conversar sobre Luis.
Luna notava suas amigas comerem seus almoços sem desgrudar os olhos
dela, como se assistissem a algum Reality Show.
— Então me diz o porquê me ligou?!
— Eu liguei primeiramente para lhe dizer que... — Ela o escuta fazer uma
breve pausa — Que eu senti saudades — Agora ele soltava um breve riso —
Não se acostuma não — Ela ouvia sua voz em tom de brincadeira.
— Você sempre sentiu saudades só não admitia.
Ai meu Deus ele sentiu minha falta. Ela pensava enquanto seu coração
dava saltos em seu peito.
— Você é muito convencida. Está andando demais comigo — Ele ri —
Muito bem padawan.
— É sério Lua, eu realmente estou com saudades — Seu tom se torna mais
carinhoso, sem a pontada da costumeira ironia — Pena que não consegui ir
almoçar com você hoje, aqui está uma loucura. Agora que eu consegui uns 15
minutos de folga e desci até a cantina para comprar algo para comer.
— Tudo bem Kono, eu entendo.
— Então estava pensando em recompensar o almoço perdido de hoje.
— É mesmo?
— Já que — Ele soltava um pigarro — Estamos meio que começando
algo, eu estava pensando se você... — Ele pausava, ela acreditava que ele
estava buscando as palavras certas, mas nota algo em sua voz. Aquilo era
nervosismo? — Se talvez você gostaria de sair comigo hoje? Não sair como
sempre fazemos, sair de verdade em algo tipo como um... — Ele fazia outra
breve pausa — Tipo um encontro.
— Mason Carter está me chamando para sair? É sério isso? O fim do
mundo está próximo? — Ela dizia com o maior sorriso que já dera na vida.
— Pois é sinta-se lisonjeada, olha só o destino está sorrindo para você — E
lá estava aquela ponta de ironia de volta.
— Idiota, só por causa desse seu comentário a minha vontade é de recusar.
— Você é tão facilmente irritável — Ela o escuta rir do outro lado e aquilo
faz com que ela se irrite um pouco mais.
Meu Deus ele realmente tem um dom.
— Eu amo te irritar, confesso que é bem divertido. Amo isso em você —
Ela não lhe diz nada ele controlava sua risada e continua — Qual é Lua, é
brincadeira. Você me conhece melhor do que ninguém para saber disso.
Ela se permanece em silêncio. Tudo o que prestara atenção era em uma
pequena palavra que ele lhe dissera, uma palavrinha com apenas três letrinhas
e muito significado. A palavra AMO.
— OK — Ele diz vencido — Se isso ajuda. Sim Hobbit eu estou te
chamando para um encontro.
— Então você ama é? — Ela diz finalmente.
— Terá que sair comigo para descobrir.
— Por favor, me diga que você está em um local público e alguém te ouviu
dizer isso — Ela devolve sua provocação.
— Na verdade estou, e tem muita gente ao meu redor e estou sobre alguns
olhares profundos e altamente mortais.
— Aposto que olhares femininos.
Ela o escutava rir.
— É você que está dizendo Hobbit.
— Tudo bem Kono, você venceu eu saio com você. Que horas pretende e o
que tem em mente?
— Acho que passo na sua casa lá pelas 20h30, pois ainda tenho algumas
coisas para acertar sobre hoje de noite. Depois desse horário serei todo seu.
— Tudo bem, estarei te esperando.
— Se dessa vez você quiser ir sem calcinha também não acharei ruim e
prometo não te afastar dessa vez.
Então ela se engasga com o suco que levara até a boca. Ele disse aquilo
mesmo?
— Ta tudo bem Hobbit?
— Ta — Ela pigarreia para retomar sua voz e sente suas faces queimarem
mais — Está sim.
— Ok, então deixaremos para mais tarde. Você provavelmente está
vermelha agora e suas amigas devem estar te olhando e se perguntando com
quem está conversando.
Ela ergue seus olhos até suas amigas e pode notar o olhar de curiosidade na
face de ambas e com toda certeza também encaravam as bochechas escarlates
de Luna. Como ele sabe?
— Você ainda não me disse o que achou do seu toque personalizado.
— Bem a sua cara. Colocar uma música cuja letra tem teor sexual seu
Kono baka pervertido.
— Pra você sempre se lembrar de mim — Ele brincava— Viu como
também sei ser romântico.
Luna olhara para o relógio na parede a sua frente, ela tinha que voltar a
trabalhar, na verdade estava dois minutos atrasada.
— Preciso ir Kono. Então nos vemos de noite?
— Sim Hobbit. Eu vou te buscar ok? — Sua voz se suaviza — Ponte para
tenente. Também preciso ir.
— Tenente para capitão. Nos vemos mais tarde — Ela nota os olhares
estranhos de suas amigas. Sim ela sabia que aquele gesto não era normal, mas
não ligava ela tinha Mason para compartilhar seus momentos de loucura.
— Vou esperar ansioso. Até mais Hobbit.
— Até mais Kono.
Então ela desliga e encara suas amigas que possuíam sorrisos enormes em
suas faces.
— Me diz que você estava conversando com aquele seu amigo que
encontrei no shopping quando vocês foram ao cinema? — Gisele lhe
pergunta.
Luna não consegue dizer nada apenas abre um sorriso sem jeito.
— EU SABIAAAAAA!— Ela praticamente grita — Então ele é a
companhia a qual se referiu?
Balançava a sua cabeça confirmando.
— Assim que eu os vi eu soube, era evidente a química que vocês tinham.
— De quem vocês estão falando? — Lucia interrompe as duas.
— Do amigo gostoso da Lua.
— Gostoso quanto? — Lucia perguntava com aquele sorriso atrevido nos
lábios.
— Digamos que muitooooooo gostoso, um deus grego — Ela ri.
— Sério? Esse eu quero ver! — Ela pega seu celular — Vamos Lua me
diga o nome dele, vou pesquisar tudo sobre esse tal deus gostosão. Qual o
nome dele?
— Mason Carter — Lua diz pela primeira vez após o término da ligação.
Ela vê Lucia digitar avidamente em seu celular provavelmente no
aplicativo do facebook enquanto Gisele a acompanhava de perto. Então a
amiga rastreadora arregala seus olhos e abre um enorme sorriso.
— Meu Deus Lua! Onde você o estava escondendo? Nossa Gi quando
disse que era gostoso você não exagerou. Que homem lindo. Lua onde
compro um desse? — Todas riem.
Luna ouvia os comentários de suas amigas a cada foto que viam de Mason,
ela sabia o quanto ele era realmente bonito e ela tinha que confessar, ela sabia
o quanto ele era gostoso, não culpava as amigas por acharem isso também.
— Nossa Lua você tirou a sorte grande — Dizia Gisele com os olhos
vidrados na tela do celular — Olha essa foto dele sem camisa, e olha essa
dele em algum tipo de festa, deve ser na faculdade ele parece um pouco mais
jovem aqui.
— Nossa até ele tomando café é sexy — Lucia comenta.
— Isso porque você está noiva Lucia, imagina se não.
— Lua ele trabalha com o que? — Lucia pergunta.
— Mason? Ele é ginecologista e há pouco tempo atrás se tornou obstetra.
— Ou seja, ele conhece melhor o seu corpo do que você mesma e sabe
muito bem aonde colocar as mãos — Gisele sorria com malícia e Lucia a
acompanha.
— É talvez ele saiba mesmo — Lua sorri e sabe que ficou ainda mais
vermelha.
— Olha tem uma foto de vocês dois aqui — Lucia lhe diz — Aonde foi
tirada? — Ela vira a tela revelando uma foto que Lua tirara deles no ano
passado.
— Nós fomos à Comic-Con ano passado.
— Feitos um para o outro — Ela escutara Gisele dizer.
Então o riso de todas é interrompido por alguém que abre a porta. Luna
nota Luis encará-las com um lanche nas mãos.
— Ah desculpe se interrompi — Ele diz sem jeito — Podem continuar —
Ela o vê sorrir para todas em especial para ela e fechar a porta atrás de si ao
sair.
Ela tinha que falar com ele, não podia ficar adiando mais, Luis não merecia
aquilo.
— Meninas eu vou voltar ao trabalho — Ela se levanta — Bom almoço
para vocês — Ela vai até a porta.
— Tudo bem Lua. Bom trabalho para você — Lucia lhe sorri — Agora
deixa a gente aqui babando nas fotos do seu médico sexy.
Ela solta uma risada antes de fechar a porta e ir pelo corredor até parar em
frente de uma sala que ela sabia ser o consultório de Luis. Ela suspira, conta
até dez e bate na porta.
— Entre — Ela escuta a voz de Luis do lado de dentro.
— Oi Luis — Diz Lua ao entrar e fechar a porta.
Ela o observa erguer seus olhos de seu notebook e sorri ao vê-la, ele se
levantava e caminhava em sua direção.
— Oi Lua. Como você está? — Ele beija seu rosto. Lua recua um pouco e
se surpreende por se sentir desconfortável com aquela aproximação.
— Eu estou bem — Ele diz sem jeito — Luis nós precisamos conversar.
— Aconteceu alguma coisa? Eu fiz alguma coisa? — Ele a encara
surpresa.
— Não Luis, você não fez nada é só que... — Ela suspira. Isso vai ser
difícil. Ela pensa — É só para terminar a conversa que começamos aquela
outra noite em casa.
— Ah sim — Ela o via acenar para que ela ocupe uma cadeira e em
seguida ele se sentava ao seu lado — Por falar nisso, está tudo bem com
Mason? A última vez que nos vimos você foi até o hospital para vê-lo.
— Ele está bem, foi só um susto a mãe dele é doente e passou mal — As
pontas de seus dedos brincavam desconfortavelmente com os botões de seu
jaleco branco— Na verdade é sobre isso que queria conversar.
— Sobre o que? Mason?
Tudo bem Luna você consegue.
Ela encara seus olhos azuis confusos. Ai Diana princesa de Themyscira me
ajude.
— Luis eu te acho um cara muito legal. Você é muito gentil, carinhoso e
qualquer garota teria muita sorte em te ter ao seu lado — Ela pega
delicadamente sua mão.
— Mas... — Ela o escuta dizer.
Luna sabia que tinha que dizer, não adiantaria nada encher ele de
esperança, não era justo com ele, ele não merecia. Luis era como um rio
calmo, sempre seguia seu curso sem surpresas. Mas todos sabiam, e agora ela
também, que o que ela precisava era de um mar agitado, cheio de ondas e
surpresas e Mason era esse mar.
— Mas... — Ela continua— Não acho que eu seja a garota certa.
— Eu sabia que ia dizer isso — Ela o vê suspirar e olhar para sua mão que
estava na dela.
— Sabia?
— Eu suspeitava — Ela o vê a encarar e agora seu sorriso havia sumido e
seu semblante era decepcionado e meio perdido — Mas por que Lua? Por
causa do jantar?
— Não foi por causa do jantar Luis — Sentia sua perna esquerda tremer —
É que... Eu não sei — Lord Vader o que eu falo?— Eu gosto muito de você
Luis apenas acho que nós não fomos feitos um para o outro.
— É por causa do Mason, não é?
Ela não consegue dizer nada, mas sabia que seu silêncio havia lhe
entregado.
— Você me disse que eram somente amigos.
— E éramos, é só que... — Ela é interrompida por ele.
— Sabe na verdade eu sempre suspeitei que ele quisesse alguma coisa com
você, era visível que ele estava com ciúmes de nós, e eu não me importei,
mas o fato é que eu não contava que você também gostasse dele.
— Nada disso foi planejado Luis.
— Você não precisa me explicar nada Lua — Ela o sentia retirar a mão da
dela — Você gosta dele há quanto tempo?
— Eu acho que desde sempre, só confundi os sentimentos, eu estava me
enganando e por isso estou te contando por que não acho justo ficar com você
gostando de outra pessoa, você merece coisa melhor Luis, alguém muito
melhor do que eu.
— Sabe Lua eu gosto muito de você e entendo o que quer dizer, de
verdade — Ele a encara com um leve sorriso triste nos lábios — E fico feliz
por estar sendo sincera comigo, aprecio muito isso, mas não vou negar que eu
queria que você me escolhesse.
— Eu sinto muito Luis. Só acho que você mereça alguém que esteja ao seu
lado por inteiro e não pela metade como eu, agora vejo que estava fazendo
isso— Ela abaixa seus olhos com vergonha de encará-lo— Eu também gosto
muito de você Luis é um homem maravilhoso e um grande amigo.
— Hey Lua — Ela prende seu olhar no dele novamente — Tudo bem. Eu...
Eu... — Ela suspeitava que ele procurasse o que dizer — Eu espero que seja
muito feliz e por mais que eu não seja muito fã do Mason, é visível que ele
gosta de você e espero que ele a mereça, porque você merece a melhor
pessoa, merece todo amor, carinho e respeito — Ele lhe dava um sorriso —
Eu mesmo estava preocupado em não poder te dar tudo o que você merece,
então eu realmente espero que Mason te faça feliz.
— Obrigada Luis — Ela beija seu rosto — Muito obrigada.
— Lua — Ela o escuta chamar e então encara seus olhos azuis — Ainda
somos amigos, certo?
— É claro que sim — Ela retribui o sorriso.
— Ok, então acho que você vai querer uma surpresa que eu te trouxe.
— O que? — Ela pergunta com curiosidade.
— Duas dicas ele está no congelador da cozinha e é a melhor sobremesa
do mundo.
— Ahh não acredito — Ela dizia muito animada — Você fez?
— Pode se servir à vontade, eu tentei fazer ontem depois que sai da sua
casa, não ta perfeito, mas serve — Eles se levantam ela o abraça e ele retribui
o abraço que Lua lhe dava.
— Obrigada Luis— Ela se afasta dele e vai até a porta — A gente se vê
depois — Ela lhe da um último sorriso que ele retribui e após um aceno dele
ela fecha a porta atrás de si e vai até a cozinha roubar um pouco da melhor
sobremesa do mundo.
A tarde passou extremamente devagar, Luna mal podia se aguentar de
ansiedade. Iria sair com Mason, mas não como sempre saia, ele a chamara
para um encontro, iriam sair como um casal, ela não sabia o que esperar de
Mason, sabia o quanto ele a surpreendia na maior parte das vezes, mas ainda
não conhecia muito bem esse outro lado dele o lado romântico, o lado Mason
namorado. Se é que ela poderia pensar nele dessa maneira, com esse rótulo.
O que ele havia preparado? O que ele tinha em mente para aquela noite?
Jantar e depois passeio pelo parque da cidade? Não isso não é muito a cara
dele. Jantar, cinema e depois casa? Ela não tinha a menor ideia do que a
aguardava, e isso só aumentava sua ansiedade.
Depois do seu horário enfim terminar na clínica ela parte para casa. Ao
chegar é logo recebida por Misty. Ela olha no relógio ainda tinha algumas
horas até Mason chegar, então decide pegar a guia de sua cadela e dar uma
volta no quarteirão como sempre fazia.
Por dentro seu coração parecia que iria explodir de ansiedade. Eu vou a um
encontro com Mason. Ela não conseguia parar de pensar, estava tão feliz que
até podia jurar que a sua própria voz em sua mente era extremamente
animada.
Ao voltar para casa Luna corre para o banheiro onde toma um demorado e
relaxante banho, lava seus cabelos e todo seu corpo. Já limpa se encaminhada
enrolada em uma toalha para seu quarto e abre seu armário, tentando se
decidir o que usaria, ele não dissera para onde iriam então não tinha muita
noção de que tipo de roupa usar, não sabia se precisava usar algo bem formal
ou não.
Seus lábios se comprimem enquanto encarava todas aquelas roupas, ela já
havia experimentado várias que agora se espalhavam pelo chão, pela cama e
na cadeira de sua escrivaninha. Nunca ligou muito para a aparência e sabia
que Mason não ligava muito, ele nesses anos já vira ela vestida de todas as
maneiras mais desleixadas possíveis, por isso ela amava aquele idiota
irritante, mas aquele era o primeiro encontro oficial deles. Então o que usar?
Luna então opta por algo uma linha uma pouco mais formal do que ela
estava acostumada, escolhe uma saia preta colada, que claro havia sido
presente da sua mãe, que ia até metade de suas coxas, uma blusa de manga
longa com algumas listras horizontais, coloca meias pretas que iam até acima
das suas coxas e o sapato de salto alto da mesma cor.
Ela se olha no espelho e particularmente gosta do que vê, fica satisfeita,
sua mãe ficaria muito orgulhosa. Então escuta alguém bater na porta.
Ok , respira, calma é só o Mason. Ela diz para si mesma enquanto ia até a
porta da sala.

Mason Carter Mason se encarava no espelho do banheiro enquanto


abotoava sua camisa azul marinho. Ele encarava seu reflexo sorrindo, estava
muito animado e ansioso para aquela noite.
Fazia muito tempo que não saia em um encontro de verdade, a última vez
que se lembra ele estava no primeiro ano da faculdade e aquilo na verdade
nem poderia ser considerado um encontro, não durou nem uma hora e logo já
estavam no seu quarto em seu alojamento. Na verdade, enquanto refletia
sobre aquilo ele chegara à conclusão que ele nunca havia tido um encontro de
verdade na vida. Então após se lembrar disso a tensão e o nervosismo
começam a dar seus primeiros sinais.
Ele passara a tarde toda ajeitando alguns assuntos para aquela noite, tinha
preparado algo que ele achava que ela iria gostar, bem ele esperava que ela
gostasse. Mas agora com o nervosismo aumentando em seu ser, ele já não
tinha mais certeza se ela iria, ele nunca havia feito aquilo antes, nunca se
preocupara em preparar algo para ninguém em toda sua vida. Então só pelo
seu esforço já contava como vários pontos positivos, não é?
Aff Mason Carter nervoso? Ele tinha certeza que muitos adorariam ver
aquela cena.
Calma Mason, pelo amor de Deus é só a Lua, você a conhece melhor do
que ninguém, sabe tudo o que ela gosta e não gosta, então relaxa.
Ele inala e solta o ar para se acalmar, passa a mão uma última vez nos
cabelos e encara seu rosto com a barba um pouco mais curta, ele havia
retirado os pelos irregulares e há ajeitara um pouco, feliz com sua imagem e
com a roupa que vestia, vai até a sala pega suas chaves e se despede de um
Gandalf sonolento em sua caminha.
Enquanto dirigia pela avenida imagens do dia anterior ainda eram muito
frescas em sua memória. Tudo fora surreal, maravilhoso e intenso. Ele como
muitos sabem era muito um fã de carteirinha do sexo, já dormira com várias
mulheres no decorrer da sua vida, já sentira vários níveis de prazer, ele
achava o sexo algo extremamente maravilhoso e essencial, mas o que ele
provara ontem com Lua, aquilo era muito melhor do que já havia provado,
aquilo fora diferente.
Eles haviam se entregado, se renderam a um desejo acumulado, eles
haviam feito amor e ele tinha certeza de que não se cansaria daquilo.
Após sair do trabalho e de encontrar Lua em seu apartamento para uma
maratona de séries que não havia dado muito certo, ele a havia
experimentado novamente, só que dessa vez lhe ensinara um novo jeito que
se encaixara perfeitamente ao sofá em que eles se encontravam.
Ele pensou após a primeira vez que o que sentia, toda aquela tensão e
prazer, era culpa dos anos de desejo acumulado, mas após a terceira vez, isso
mesmo terceira vez, uma vez na sala, outra depois quando foram tomar banho
e outra naquela manhã, ele chegou à conclusão de que Lua era a mulher certa
pra ele e que ela se acostumara muito fácil com seu ritmo.
A cada vez que a beijava era uma nova onda de eletricidade e calor que
percorria seu corpo, cada vez que a tocava o arrepio de sua pele o excitava, a
cada gemido que ela dava o fazia sentir mais sede por ela e ao que ele pode
constar ela sentia o mesmo por ele.
Ele estaciona na frente do prédio dela.
Calma, é só a Lua, vai dar tudo certo.
Ele sai do carro e se dirige para o elevador após passar pela portaria e dar
um cumprimento para um Paulo totalmente imerso em um jogo de futebol ele
se encaminha até o último andar daquele prédio, para na frente do
apartamento dela e então bate na porta.
Quando ele a escuta se aproximar da porta, da mais uma checada em sua
camisa, passando as mãos pelos cabelos.
Ok eu assumo que estou um pouco nervoso.
— Oi — Ele escuta Luna dizer ao abrir a porta.
E por alguns instantes ele se esquece de como se fala e até de como
respira, ela estava linda, maravilhosa e claro muito gostosa, Mason faz uma
varredura demorada pelo corpo dela e pisca rapidamente algumas vezes.
— Oi — Ele diz recobrando o dom da fala — Está muito linda Hobbit.
— Você também — Ela diz após fazer o mesmo pelo corpo dele.
— Me sinto sobre análise — Ele se aproximava dela com um sorriso de
canto, a envolve pela cintura e sente as mãos dela repousarem sobre seu
peito.
Ele a puxava para mais junto de seu corpo, leva seu rosto até ela,
envolvendo seus lábios em um beijo apaixonado e intenso.
O que essa mulher fez comigo? Não consigo ficar perto dela sem beijá-la.
Ele afasta seus lábios os roçando em suas bochechas logo em seguida, seu
hálito quente e mentolado arrepiando sua pele macia, ele roça os mesmos nos
lábios dela os envolvendo em um outro beijo lento, ele queria provar seu
sabor, a língua dele invade seu espaço brincando com a dela e então ele
escuta um gemido de satisfação vindo dela.
Ele fica levemente ofegante, sente o desejo percorrer seu corpo e comandar
suas mãos em sua cintura colando seus corpos.
— Melhor irmos ou não sairemos daqui — Ela dizia após interromper o
beijo.
— Estraga prazer — Mason sorri e a encara.
— Vamos Kono, teremos tempo para isso mais tarde — Ela lhe dá um
sorriso de canto que ele não deixa de notar o quanto ela ficava sexy.
— Sabe que irei cobrar isso — Ele arqueia sua sobrancelha — Eu não
esqueço fácil.
— Aliás— Ela abria um sorriso provocante — Eu não estou usando
calcinha— Ela soltava uma risada baixa.
Céus ela está me testando. Vamos você consegue seja forte.
— É melhor irmos mesmo, antes que eu a pegue no colo e a tranque no
quarto, onde só sairemos amanhã — Suas mãos descem alguns centímetros e
aperta suas nádegas.
Luna retirava suas mãos e seguia em direção ao elevador, ele a observava
apertar o botão e quando a porta se abre ela entra e sorri para ele.
— Você não vem?
Ele nota naquele momento que suas pernas também se esqueceram de
como se movem. Mason tenta controlar sua respiração e depois de alguns
segundos a segue.
— É necessário muito esforço — Ele dizia após a porta se fechar deixando
somente os dois naquele local com espaço restrito — Muito esforço mesmo
para não te agarrar aqui mesmo.
— Controle-se Kono, não acho dois anos de repressão fossem muito — Ela
sorri.
— Ah pode ter certeza que é muito — Ele se aproxima dela e deposita um
beijo em seu pescoço — Está tão cheirosa Hobbit — Ele inala mais o odor de
sua pele — Amo esse cheiro silvestre.
Estou viciado nessa mulher.
— Mason — Ela chama entre um gemido quando sente os lábios lascivos
dele tocarem sua pele— É melhor você parar — Solta outro gemido.
— É tão bom poder fazer o que realmente quero com você — Seus lábios
sobem vagarosamente até seu ouvido — Poder te beijar quando eu quero —
Ele passeia suas mãos pelos braços dela — Poder tocar você como quero.
Uma de suas mãos desce e encontra a lateral do quadril dela e enfim toca
sua pele exposta da sua coxa.
— Ah Hobbit — Diz em seu ouvido e com sua outra mão a leva até a parte
de trás de sua cintura bem na curva do seu quadril.
Ambos estavam envolvidos pelo momento, todo aquele clima que os
rondava, ele sentia que o ar naquele local ia ficando rarefeito, pois seu peito
parecia que ia explodir, seu coração batia acelerado e o ar lhe faltava.
Eles são tirados do transe que os envolvia pelo som da porta do elevador se
abrindo e informando que havia chegado ao seu destino. Ele se afasta e a
encara abrindo o sorriso único dele. Lua suspira e passa nervosa a mão em
seus cabelos que estavam levemente fora do lugar. Ele estende a mão para ela
que a pega sem hesitar.
— Infelizmente temos que ir Hobbit. Logo voltamos e continuamos de
onde paramos — Ele lhe oferece uma piscadela.
Ele entrelaça os dedos nos dela e juntos deixam o prédio, entrando no carro
dele logo em seguida.
— Você não me disse aonde vamos — Ela lhe diz assim que ele fecha a
porta do motorista.
— Não disse?
— Não.
— É que quando eu te convidei eu não havia me decidido aonde te levaria,
só sabia que queria sair com você — Ele da partida no carro — Decidi
depois.
— Então aonde vamos?
— Bem... — Ele começa dizendo com um tom um pouco divertido — Eu
estava pensando em fazer três paradas, nessa noite de encontro com Mason
Carter.
— Três paradas? — Ela lhe pergunta curiosa.
— Sim vamos dizer que são três etapas.
— Aonde vamos? Você vai fazer como o cara do filme “Um amor para
recordar”, me levar para jantar e realizar minha lista de desejos antes de
morrer? — Ele a escutava rir.
— Não Lua, não vou transformar isso em um romance de Nicholas Sparks
— Ele abre um amplo sorriso — Vamos dar um passeio, fazer um tour. A
primeira etapa desse encontro é o lado Luna da força. Vamos chamar essa
etapa de VOCÊ.
— Ok — Ela diz com um pouco de desconfiança — E onde seria isso?
— Primeiro faremos um passeio pelo Japão.
Ele escuta o grito animado dela e nota que ela também dava pulinhos de
alegria no banco do passageiro.
— Sério?
— Sim Hobbit— Ele ri com sua animação.
Ele sem tirar os olhos da avenida, sente ela se aproximar e beijar sua
bochecha.
— Sabia que ia gostar.
— Eu não gostei, eu amei Kono.
Ele apoia uma mão na coxa a acariciando com o polegar. Aquilo era algo
que ele já quisera fazer, mas nunca pode.
— Kono?— Ele a escuta chamar.
— Sim Hobbit? — Ele diz manobrando para estacionar.
— Como está sua mãe?
— Ela está bem — Ele diz após um suspiro— Está estável, sem melhora e
nem piora.
— Ela vai ficar bem Kono.
Ele balança com a cabeça em afirmação e nota que Lua finalmente
reparava que eles haviam parado ela olhava ao redor e é quando ela vê o
restaurante logo a frente.
Ele havia conseguido uma reserva naquele local, fora difícil, mas após
alguns contatos ele enfim conseguira. Era um restaurante que abrira há alguns
meses, era tipicamente japonês, um dos melhores de todo país, quando Luna
vira aquele lugar ela lhe implorara para que ele a levasse, mas nunca dera
tempo e também nunca conseguira uma mesa. Então quando ele estava
pensando sobre a noite que eles teriam, por que não começar por um lugar
que ele sabia que ela iria amar.
— Não acredito que me trouxe aqui — Ela olhava pela janela.
— Você já havia me pedido, então reservei uma mesa para nós — Ele sai
do carro e abre a porta para ela — Gostou?
— Eu amei — Diz ao pegar sua mão.
— Vamos senhorita Iasune? — Ela sorrindo se deixa ser guiada por ele até
o restaurante.
Lá dentro ele diz seu nome para a atendente e após a confirmação da
reserva, ambos são guiados por um simpático garçom até o lugar deles e
como seu contato havia prometido, a mesa deles ficava em um local mais
reservado e um pouco distante da multidão que lotava aquele restaurante.
A mesa era rodeada por pequenas lanternas japonesas, que Mason não
pode evitar lembrar-se da noite do ano novo que passaram juntos, era uma
mesa com apenas duas cadeiras, na parede atrás era visto o papel de parede
delicado com pinturas de cerejeiras e a iluminação era mais baixa, um local
próprio para casais.
A decoração do restaurante era todo temático e de muito bom gosto, era
elegante e mantinha um ar de restaurante cinco estrelas. Ambos se sentam e
olham o cardápio que o garçom lhes oferece.
— Será que eles servem sorvete de feijão vermelho? — Lua diz animada
enquanto seus olhos passeiam pelo cardápio.
— Nem pense nisso Hobbit - Diz ele sem tirar os olhos do próprio
cardápio. Seus olhos vagavam por aqueles nomes que ele nem sequer
reconhecia.
Ele ergue seus olhos rapidamente e pode vê-la fazer um biquinho pidão,
ele ignora aquele ato e seu olhar volta para o cardápio.
— Como você conseguiu uma reserva tão rapidamente?
— A esposa do dono desse lugar é minha paciente e digamos que ela gosta
do seu médico.
Ele nota o olhar de sua amiga.
— Relaxa Hobbit, ela não gosta de mim do jeito que está pensando —
Então em uma tentativa para mudar de assunto ele lhe diz - Tudo isso eu
comi na sua casa?
— Sim quase tudo, menos o Yakitori e Okonomiyaki.
— E o que são? De coisas normalmente comestíveis eu espero — Ele olha
para ela sobre o cardápio.
— Okonomiyaki é uma espécie de panqueca contendo uma variedade de
ingredientes e Yaki significa grelhado. Portanto você escolhe seus
ingredientes para compor o Okonomiyaki e o Yakitori são pedaços de frango
em um espeto grelhado na brasa.
Ele escutava atentamente a aula que ela lhe dava sobre comida japonesa
como se aquilo fosse à coisa mais natural no mundo.
— Você é muito nerd às vezes, uma sabichona.
— Você que perguntou — Ele a ver lhe dar de ombros — Eu acho que de
uma porção de Nikuman e Takoyake. E você?
— Ahh — Ele procurava pelo cardápio o nome da comida que ele nem
lembrava mais — Eu vou querer, sushi, sashimi e esse yaki alguma coisa.
Vou com uma refeição básica para não ter surpresas como naquela noite de
ano novo.
— Yaki o que? Yakisoba? — Ela segura o riso.
— Você sabe muito bem que não — Ele busca no cardápio o nome — O
outro Yaki. Ahhh. O Yakitori — Ele fecha o cardápio e coloca a sua frente.
— Bela pronuncia — Ele a escuta dizer.
— Eu estou tentando, não é fácil. Ajudaria se tivesse apoio.
Ele faz um gesto para chamar o garçom que vem imediatamente, Mason
pede um vinho branco para ele, que anota prontamente e então ele escuta Lua
fazer os pedidos conversando com o cara em japonês e ele parecia entender
tudo e anotava, ele se afasta os deixando sozinhos novamente.
— Sabe seria muito engraçado se o garçom fosse brasileiro e não
entendesse nada do que você disse — Ele solta uma risada — E então você
passaria vergonha, confesso que seria uma cena muito engraçada e
gratificante de se ver.
— Um restaurante japonês com um garçom que não fala a língua?
— Mas poderia acontecer, nem todo restaurante italiano tem um garçom
que saiba falar a língua — Ele a provocava.
— Não havia pensado nisso.
— Seria engraçado, estou visualizando a cena nesse momento.
— Bom felizmente esse sabia falar. Acho que vai gostar da surpresa que
pedi para incluir no seu prato.
— Se você pediu aquele treco de feijão, vai ter vindo sem calcinha à toa.
— É mesmo? — Ela ergue seu pé para fora de seu salto e delicadamente
por debaixo da mesa ele sentia o leve roçar na sua coxa— É uma pena.
— Não conhecia esse seu lado Hobbit — Ele diz após soltar um baixo
gemido.
— Você não conhece muitos lados meus Kono.
— E você vai me apresentar? — Ele inclina mais o tronco por sobre a
mesa diminuindo a distância entre eles.
— Acho que hoje não, acredito que você não iria querer já que acabou de
expressar seu desejo de não o conhecer.
— Eu disse que isso aconteceria se você pedisse aquela sobremesa em
específico. Então isso significa que você pediu aquele treco de feijão?
— Vai ter que descobrir.
— Sabe de uma coisa? — Dizia com o olhar preso aos dela, ambos
envolvidos pelo contato visual.
— O que? — Ela estende sua mão e arruma os fios rebeldes do cabelo
dele.
— Eu acho que estou me simpatizando por aquela sobremesa esquisita —
Ele passa levemente as pontas dos dedos pela pele do seu pulso.
— Não vale voltar atrás com a palavra texano.
— As pessoas mudam Hobbit — Ele a sente estremecer ao seu toque.
— Queria muito te beijar agora, mas acho que seriamos expulsos — Ela
começa a rir.
— Se a gente conseguisse se controlar e ficasse somente em um beijo
contido e inocente.
— Acho que não rola — Então ele nota a mudança repentina de sua amiga,
antes ela estava toda relaxada e sexy, agora algo a preocupava parecia prestes
a lhe perguntar algo que ela não queria — Kono posso te perguntar uma
coisa?
Nossa acertei em cheio, acho que vou tentar a sorte na loteria.
— Claro que sim.
— Quando estávamos no terraço no ano novo— Ela faz uma pausa e
suspira — E você prendeu meus braços, por que você não me beijou?
Ele toma um gole do vinho que o garçom verdadeiramente japonês acara
lhe trazer e servir.
— Um dos motivos foi esse — Ele então ergue um pouco seu braço e
afasta a manga da camisa revelando a pulseira de couro.
Ela o encara em silêncio.
— Eu queria tanto ter beijado você aquele dia, você não sabe o quanto me
segurei e eu teria beijado se não fosse por isso e pelo significado que ele tem.
Pensei que não quisesse nada comigo.
— Kono eu estava confusa com o que sentia na época, na verdade ainda
meio que estou — Soltava um riso nervoso — Não sei o que vai acontecer
daqui para frente e não me leve a mal, eu gosto muito de você e gosto do que
sinto no momento, gosto de ter algo a mais, mas é tudo novo pra mim.
— Eu também gosto de ter algo a mais com você e eu esperei por isso por
dois anos, mesmo eu sem saber que era isso que eu precisava e queria — Ele
pega sua mão sobre a mesa — Não precisa ter medo Lua, vamos passar por
isso juntos, vamos descobrir isso juntos, eu prometo não magoar você, vou
me esforçar para ser o melhor pra você, pra ser o que você merece ter.
— Mason — Ela suspira — Foram dois anos, dois anos ouvindo você se
gabar de suas conquistas e durante esse tempo você nunca demonstrou que
queria algo a mais, algo mais solido, me desculpe pelo meu medo e
insegurança.
— Ok — Ele toma outro gole de vinho — Discurso justo — Ele se encosta
à cadeira e a encara — Eu agia desse jeito porque você sempre deixou claro
onde era meu lugar, apenas seu amigo. Então depois de um tempo eu comecei
a te tratar como uma. Só que como não tenho muitos amigos por aqui, na
verdade não tenho nenhum, eu acabava contando tudo para você, sei que lhe
contei muita coisa, mas é que confio em você, você é a única pessoa para
quem nunca menti.
— Eu sei é só que — Ela retira sua mão da dele — Eu compreendo, mas
Mason é diferente quando você está do outro lado, tenho medo que um dia
você acorde e descubra que se cansou de mim e aí nem amigos poderemos
ser mais. Não acha que estamos indo rápido demais?
— Rápido demais? — Ele solta uma risada — Lua, dois anos para um
beijo.
Ele suspira e encara sua amiga.
— Lua, entenda uma coisa, eu quero isso, eu desejei isso— Ele se
aproxima e pega sua mão novamente — Eu jamais me cansarei de você. Eu te
trouxe para um encontro, planejei uma noite e eu nunca fiz isso para ninguém
na vida, nunca.
— Só não quere te perder, seja lá o que isso for não quero que isso acabe.
— Se depender de mim isso nunca vai acabar.
— Promete Kono?
— Prometo Hobbit.
O garçom chega com os pedidos e os serve, quando o prato de Mason é
colocado em sua frente ele nota alguns pedaços generosos de carne que ele
suspeitava ser de cordeiro, aquilo deveria ser a surpresa que Luna incluíra.
— Graças a Deus não é feijão — Ele suspira aliviado, pega seus hashis e
quando coloca a carne na boca tem a confirmação — Humm eu amo
cordeiro.
— Andou treinando como usar os hashis?
— Tive uma boa professora — Ele sorri para ela e com a boca um pouco
cheia diz — Hum isso é muito bom.
— Sim — Diz com a boca cheia — Me lembra um pouco minha casa,
sinto saudades — Ela pega um pouco do prato dele para experimentar.
A conversa entre eles diminui ambos se deliciando com a comida servida,
um roubando coisa do prato do outro, ele pegando toda cenoura da salada
dela que ele sabia que ela odiava e ela pegando todo pepino que ele detestava.
— Posso pedir sorvete? — Ela lhe após terminarem toda a comida servida.
— Não — Ele limpa a boca com o guardanapo — Podemos ir? Ainda
temos mais duas paradas.
— Uma porção pequena e juro que não te peço mais — Ela lhe abre um
belo sorriso. Era muito difícil dizer não a ela as vezes.
— Ok — Suspira vencido — Mas pequeno, por que senão não vai sobrar
espaço para o que vamos fazer a seguir — Ele a adverte que confirma com a
cabeça.
Ele chama o garçom e ela pede uma pequena taça da sobremesa que ela
tanto amava.
Dez minutos depois o garçom trás em uma pequena taça de vidro onde em
seu interior podia ser visto a sobremesa gelada muito bem decorada.
— Feliz agora?— Ele não consegue não sorrir para aquela cena a animação
dela é contagiante.
— Muito — Ela diz segundos antes de colocar a colher na boca. Quando
enfim termina ela lhe diz sorridente — Agora podemos ir.
Ele estende a mão para o garçom e lhe pede a conta, ele a paga e então eles
partem daquele local.
— Obrigada por me trazer aqui Kono. Eu me senti por algumas horas em
casa.
— De nada Hobbit — Ele abre a porta do carro para ela.
Era bom aquela sensação de estar em seu lar, sentia saudades do seu país
as vezes e sabia o quanto Lua também sentia, então ele decidira naquela noite
matar a saudade de ambos, claro que com o que ele tinha ao seu alcance.
Aquele era o restaurante mais tipicamente japonês de todo país, então de
certa forma era como se ele a tivesse levado até o Japão.
— E agora aonde vamos? — Ele a escuta dizer quando se senta no banco
do motorista.
— Agora a segunda parada da noite — Ele da partida e sorri — Essa
parada é o meu lado Kinglon do encontro, então vamos chamar essa etapa de
EU.
“— Eu te amo.
— Eu sei.”
Princesa Leia e Han Solo

Luna Iasune — Ai meu Deus! — Ela exclamava — Você vai me levar a


uma boate de Stripper?! — Então Lua começa a rir.
— Não duvide.
— Isso é sério? — Ela dizia com um crescente pânico na voz e logo em
seguida escuta a risada dele.
— Acha mesmo que te levaria para um encontro e logo em seguida para
uma boate de stripper?
— Analisando bem o seu perfil eu acho possível que sim — Ela dizia um
pouco receosa como havia dito antes Mason era um mar turbulento e cheio de
surpresas, às vezes boas e outras vezes nem tão boas assim.
— Não sou tão idiota assim— Ele sorria de canto, um sorriso que Lua
conhecia bem— Iria sozinho — Ele a provocava.
— Então por que todo esse esforço para me levar em um encontro? —
Dizia irritada, o ciúme começava a ser presente. — Aquelas stripper com
certeza são mais baratas — Ela cruzava seus braços — A propósito foi lá que
conheceu a Bárbara?
Então ela o escutara rir, um riso provocador e triunfante com certeza havia
notado seus ciúmes o mesmo ciúmes que Lua às vezes insistia em esconder.
— Olha só o lado Lua ciumenta começando a ser presente.
— Não tem graça seu Kono Baka hentai e não é ciúmes ta legal — Ela
bufava — Argh você tem mesmo que estragar tudo, não é?
— Se eu quisesse ir lá não sairia com você Hobbit. Lua, pensei que
estivesse acostumada com minhas ironias.
E ela estava seu tom de voz agora soava como um pedido de desculpas, ela
suspirava fortemente não conseguia ficar com raiva dele nem por cinco
minutos inteiros.
— Antes você não havia ido para cama comigo e era fácil de relevar— Ela
balançava sua perna freneticamente era sempre assim quando estava nervosa
ou com raiva.
Logo ela sente as mãos dele tocarem sua coxa delicadamente, o calor que
ele emanava através de sua pele em contado com a dela era instigante e Lua
logo estremece ao senti-lo, ela é invadida por sensações descompassadas. O
que você fez comigo Mason? Ela pensava.
— Lua relaxa, eu estou só brincando. Não vamos estragar essa noite
brigando por algo que você acha que eu faria. Eu estou com você agora
Hobbit e se quisesse outra pessoa não teria todo esse trabalho de planejar este
encontro. Se faço isso aqui é por que quero e se beijo você ou faço amor com
você é por que quero. Eu quero estar com você Lua então fica calma —
Agora ele sorria para ela.
— Odeio isso — ela constatara soltando mais um longo suspiro.
— Odeia o que?
— Droga Mason eu odeio não sentir raiva de você, odeio esse sorriso de
canto e odeio quando me toca porque você sabe o que isso me causa e tira
proveito.
— Você acha que tiro proveito? — Ela o escutava perguntar com ironia
enquanto acariciava sua coxa, seus dedos cada vez mais invadiam o espaço
por dentro de sua saia.
A respiração de Luna se acelera gradativamente, ela sentia seus dedos
subirem cada vez mais e não contem um gemido.
— Mason — Diz o advertindo — Quer parar, por favor?!
E mais uma vez ele lhe dá aquele sorriso de canto irritantemente lindo. Ela
se endireita no banco do passageiro a fim de recuperar sua sanidade que
digamos de passagem é quase impossível perto dele.
— Sério aonde vamos? Se não é uma boate onde está me levando? — Ela
o vê estacionar em uma rua perto do centro da cidade, onde se localizava um
bairro comercial do qual nunca tinha visto.
— Hobbit... Bem-vinda aos Estados Unidos da América.
Ela olha confusa pela janela do carro para onde ele apontava e do outro
lado da rua havia uma loja mais especificamente uma Candy Dinner daquele
estilo anos 80 com direito a um balcão de doces para a clientela se servir e
garçonetes ao estilo tempos da brilhantina bem rústica e acolhedora.
Mason abre a porta e Luna pula de lá de dentro animada, ela encarava uma
típica doceria americana, uma que poderia ser vista em todos os cantos do
país. Os dois caminham de mãos dadas até o estabelecimento.
— Um cantinho dos Estados Unidos com direito a todos os doces que amo
— Ele lhe dizia — Quando vi esse lugar lembrei imediatamente de casa, por
que existe uma idêntica a essa por lá. É um pedaço do meu país — Ela o
notava encarar aquele lugar com um sorriso no rosto e claramente o seu
semblante poderia ser descrito com apenas uma palavra, saudade — E depois
do jantar vem a sobremesa.
Luna assim que entra no local caminha direto ao balcão de doce onde pega
uma sacola de papel e logo começa a enchê-la de doces, alcaçus, e em um
prato que pede a uma atendente ela se serve de pedaços enrubescidos de
cheesecake e torta de abobora.
- Você tem que provar a torta de maçã, no cardápio diz que é a típica torta
do norte do Texas e devo dizer que é idêntica à de lá — Ela nota ele servir de
alguns doces - Eu encontrei esse lugar por acaso e me matei de comer aqui é
uma doceira e cafeteria tipicamente americana e cada doce que comia me
levava de volta para casa, até meus pais.
Ela estava com um alcaçus na boca quando se vira para ele, sua voz meio
triste ao mencionar seus pais então ela decide amenizar um pouco aquele
clima.
— Você veio aqui e não me chamou? — Perguntava com uma falsa
irritação.
Eles se sentam em uma mesa logo após Mason pegar seu pedido no balcão
ela o observa pedir um pedaço de Apple pie enquanto ela se deliciava com os
doces.
— Te trouxe agora — Dizia com a boca cheia. — Hum... É igual ao que
minha mãe fazia.
— Sim você me trouxe, mas antes veio sozinho e isso não vai ficar assim.
Lua faz um sinal para a garçonete que sorrindo vai até eles com seu bloco
de papel já em mãos.
— Por favor, pode me trazer um cheesecake de morango completo uma
Apple pie com muitos biscoitos sortidos?
A garçonete anotava tudo em silêncio e logo em seguida com um aceno
sai.
— Você vai pagar tudo isso. Considere um castigo por não ter me trazido
antes. — Ela lhe mostrava a língua.
— Se eu vou pagar você terá que comer tudo isso Hobbit— Ele lhe dizia
em tom autoritário.
— E eu com certeza vou!— Ela sorria para ele como se tivesse aceitado o
desafio.
A garçonete chega com uma enorme bandeja, trazendo o que Luna pedira.
Tudo bem talvez eu tenha exagerado, ela pensa olhando toda aquela
quantidade de comida.
— Duvido que consiga comer tudo isso. — Ela o vê apontar para os pratos
com um ar triunfante.
— Está me subestimando?
— Claro que não, longe disso eu tenho certeza que não consegue. — Ela o
via dar de ombros.
Então com toda sua destreza Lua começa a devorar seu cheesecake e logo
em seguida sua Apple pie, doce por doce aos poucos vão sumindo da mesa,
ela parava entre uma mordida e outra para respirar, mas logo voltava ao
trabalho até que por fim termina tudo aquilo que pedira. Ela encavara Mason
completamente satisfeita ao ver seu olhar de surpresa estampado na sua cara.
— Fico me perguntando para onde tudo isso vai— Ele arqueava suas
sobrancelhas.
— Nunca mais me subestime quando o assunto for comida, Kono.
— Melhor eu terminar o meu antes que você decida atacá-lo. — Ele a dizia
enquanto escondia seu pedaço de torta com as mãos.
— Acho bom mesmo— Ela sorri.
— Mas se quiser morder a mim, eu iria adorar.
Mason sabia bem como chamar a sua atenção, com seu sorriso nada
discreto e cheio de malicia.
— Talvez eu ainda tenha espaço para isso — Ela lhe devolvia sua
provocação.
— Amo torta de maçã, mas a minha favorita com certeza é Pumpkin pie ou
torta de abóbora — Com uma garfada ele se serve de um pedaço generoso —
Hum... Muito bom — Diz de boca cheia — Sabe abóbora é uma palavra
estranha.
— Não é não. Pumpkin é estranho.
— Ok — Ela o vê refletir — Ambas podem ser meio esquisitas, mas
Pumpkin é muito mais divertida de se pronunciar.
Ela começa a rir e sente seu estômago pesar um pouco. Ok com certeza
exagerei.
— Mais divertida? — Ela soltava outro riso — Quantos anos você tem
Kono?
— Desculpa mulher madura que dorme na cama com lençol do
Chewbacca. Não pense que esqueci, vou lhe dar um lençol novo.
— Não vai mesmo, não vou tirar o Chewie.
— Veremos — Ele se serve de mais torta.
— Então... — Lua suspirava de barriga cheia, tentando mudar o rumo
daquela conversa— Para onde vamos a seguir? Você me disse que eram três
paradas.
— Agora sim, nós iremos a uma boate de stripper!
Luna arregala seus olhos — Isso é sério?
— Venha Hobbit — Ela o vê levantar-se — Antes que você ataque a
comida dos outros clientes.
Luna se levanta com certa dificuldade e suspirando o vê pagar a conta e a
conduzir novamente para o carro.
— Sério Mason aonde nós iremos? — Ele não lhe dizia nada apenas entra
no carro logo em seguida dela.
— Então... — Após dar partida ele finalmente fala — Nós passamos pelo
seu país e também pelo meu.
— E agora?
— Aguarde e verá— Ele dirigia pelas ruas com um sorriso no rosto.
— Você anda com mistério a noite toda Kono.
— Curiosa?
— ONEGAI Mason! — Ela lhe implora.
— Calma, já estamos chegando — Ela o vê estacionar em uma vaga alguns
minutos depois.
Era uma rua que ela conhecia muito bem, mas não sabia o porquê estava
ali naquele horário, ali também era uma rua cheia de pontos comerciais, com
várias lojas, mas todas fechadas.
Ela observava Mason descer do carro, dá à volta, abre a porta para ela e lhe
estende a mão ajudando-a a descer.

Mason Carter A noite estava indo muito bem, até agora nada dera errado,
tudo dentro do planejado, inclusive o horário. Ele havia combinado com seu
outro contato, o contato importante para essa terceira etapa, que estaria em
um determinado horário ali e ele chegara dois minutos adiantados, então pode
se disser que estava tudo sobre controle.
Luna aparentemente estava gostando do que ele lhe preparara, e até ele
estava surpreso por ter pensado naquelas coisas, pois nunca havia feito aquilo
antes, era um amador quando o assunto era encontro romântico.
A parte mais difícil daquela noite fora pensar na terceira etapa, não tinha a
menor ideia de onde levar a Lua, em que lugar poderia levá-la que
simbolizassem eles dois, então durante um de seus atendimentos daquela
tarde a ideia surgiu, se fosse um desenho animado com toda certeza a
lâmpada se acenderia sobre sua cabeça. E ele ficou surpreso por não ter
pensado naquilo antes. Qual lugar no mundo os simbolizaria mais do que
aquele lugar?
— Então... — Ele começa a dizer após fechar a porta do carro —
Recapitulando — Ele pigarra e pega sua mão — Nós já visitamos o Japão e
os Estados Unidos. A primeira etapa foi VOCÊ, a segunda fui EU e para a
terceira... — Ele faz uma pausa e a guia pela calçada, parando um pouco mais
à frente do carro estacionado — Bem, vamos chamá-la de NÓS.
Ele estende a mão indicando o estabelecimento à frente deles e nota sua
amiga encarar aquele lugar com curiosidade.
— Uma cafeteria? — Ela lhe diz após alguns segundos.
— Não é uma cafeteria comum, é “A cafeteria”— Ele apontava animado
para a loja fechada e escura a frente — É a Starbucks onde nós nos
conhecemos.
— Sim eu reconheço Kono — Ela abre um sorriso.
— Onde o NÓS começou a existir.
— Sim, mas Mason — Ela o encara com dúvida— Está fechada.
— Lua você às vezes é tão negativa— Ele suspira — Achou que eu te
traria até aqui para ficar encarando a fachada?
— Eu amei a surpresa Kono, mas confesso que não entendo o porquê
estamos aqui.
Argh Lua com certeza foi infectada pelo vírus da lentidão de certo homem
peixe.
Mason se encaminha até a porta e de seu bolso retira um molho de chaves.
Ele testava na fechadura várias chaves diferentes e sente a aproximação dela
e seus olhos furtivos sobre ele.
— O que foi? — Diz ele sem olhá-la.
— Isso é legal? — Diz preocupada — Me diz que não roubou essas chaves
Mason.
— Hobbit cadê seu espírito aventureiro?
Sinto-me como Gandalf agora, estimulando, implorando e praticamente
arrastando Bilbo parar de ser monótono e seguir em uma aventura.
— Eu não roubei nada — Ele enfim encontra a chave certa e abre à porta
— A gerente me deu as chaves.
— Ah que bom, espera... — Ela diz o seguindo de perto para dentro — A
gerente te deu?
Eles entram naquele local e Mason fecha a porta atrás de si, digita a senha
no painel de controle ao lado.
— Alicia a gerente é paciente minha, ela está grávida e me devia um favor,
então aqui estamos — Ele encontra o interruptor acendendo a luz em seguida,
mas somente uma luz no centro.
E iluminado pela luz podia-se ver uma mesa com um pequeno vaso com
flores silvestres dentro.
— Mason? — Ela o chama.
— Sim?
— O que significa isso?
— Eu estava pensando naquele dia em que te vi pela primeira vez e em
como aquele dia fora decisivo e importante em nossas vidas, quando eu a vi
entrar por aquela porta eu pretendia fazer outra coisa e não jogar café em
você — Ele pega sua mão e a guia até o local iluminado — A verdade é que
eu fiquei tão hipnotizado em você que nem percebi minhas pernas se
moverem na sua direção.
Lembro-me de praticamente tudo daquele dia.
— Você com aquela camiseta do Batman, com aqueles óculos que eu amo
tanto que são maiores do que seu delicado rosto — Ele passa a ponta dos
dedos pela sua face macia — Às vezes fico pensando, será que se aquele dia
fosse diferente, se o nosso encontro fosse diferente, nós estaríamos aqui hoje?
— Você se lembra daquele dia? De tudo? — Lhe diz com um sorriso.
— Sim — Ele sorria — Como poderia esquecer — Diz se virando um
pouco e apontando para uma mesa ao fundo — Eu estava sentado ali. Estava
bebendo meu frappuccinoe quando me levanto vejo um movimento na porta e
você entrando — Diz ficando de frente pra ela novamente e com uma de suas
mãos a segura pela cintura e com a outra coloca o cabelo atrás da orelha —
Me lembro de te achar linda e principalmente que você tinha um ótimo gosto
para super-heróis.
Ele sentia seu coração dar batidas descompassadas em seu peito, suas mãos
tremiam um pouco com alguns pulsos elétricos que começavam a passear
pelo seu corpo. Céus como eu amo essa nerd. Eu a amo.
— Também me lembro que fiquei um pouco nervoso — Ri sem jeito —
Ficava pensando no que eu poderia te dizer para te convencer a me dar seu
número e isso era novo pra mim, por que não costumo ficar nervoso e quando
percebi que estava nervoso fiquei mais nervoso ainda — Ela escuta sua
risada, seus olhos eram mais brilhantes embaixo daquela única fonte de luz
— E por causa de tudo isso não percebi que estava me movendo e quando dei
por mim nós estávamos nos trombando.
— E se nós não tivéssemos nenhum café nas mãos e eu tivesse me virado e
esbarrado em você — Ela se encosta mais em seu corpo — E então eu olharia
pra você e pensaria que nunca tinha visto olhos de um tom de azul tão bonito
antes — Ela arruma as mechas de seus cabelos que insistiam em cair sobre
seus olhos — Eu lhe pediria desculpas e sorriria.
— Eu pediria desculpas e diria que a culpa era toda minha, eu sorriria pra
você e a olharia nos olhos e pensaria que eram os olhos mais lindos que havia
visto na vida, então faria um elogio para sua camiseta, diria algo sobre o
Batman, na verdade eu faria um elogio até se fosse o Darth Vader só para
chamar sua atenção.
— Eu agradeceria o elogio e fazia sinal que ia sair.
— Eu te chamaria para tomar um café comigo e abriria outro sorriso para
te conquistar com meu charme — Ele brinca.
— Então eu agradeceria e diria que estava atrasada para o trabalho e
francamente seu sorriso não é tão galante assim — Ela lhe provoca com um
sorriso convencido.
— Não é? Então você não se sente afetada quando eu sorrio? — Ele abre o
seu convencional sorriso de lado.
— Claro que não — Ele desvia o olhar de seu rosto corando um pouco.
— Ok — Ele solta um riso — Se você diz Hobbit. Amo quando suas
bochechas ficam com esse tom — Ele passa delicadamente o polegar pela
pele corada a fazendo olhar para ele.
— Eu te odeio— Seu olhar encontrando o dele.
— Sabe que mentir não é seu forte, não é? — Ele leva o rosto em sua
direção, roçando seus lábios nos dela.
— Sabe nunca pensei que um insulto como Kono baka fosse combinar
tanto com você, na verdade eu sempre achei que você fosse um hentai, mas
Kono combina mais.
Seus lábios encontram os dela em um beijo lento que se intensifica
rapidamente, ambos sedentos um pelo outro. Lua é a primeira a quebrar o
encaixe dos lábios e se afasta tomando fôlego, seu corpo tão colado ao dele
que ele podia jurar sentir seu coração bater apressado em seu peito.
— Kono — Diz ofegante — O que você faria depois? — Ela o encara —
Depois que eu dissesse que estava atrasada.
Mason estava exatamente igual a ela, seu coração batia enlouquecidamente
em seu peito e o ar lhe faltava um pouco.
— Eu diria que era apenas um café e que seria rápido e perguntaria o seu
nome — Diz um tempo após normalizar sua respiração.
— Eu insistiria que estava atrasada.
— Então lhe pediria seu número para que pudéssemos tomar em outra hora
mais tranquila.
— Não costumo dar meu número a estranhos.
— Eu me apresentaria e diria que a partir do momento que se sabe o nome
de uma pessoa ela passa a não ser mais uma estranha.
— Essa não é a filosofia que você usa quando quer transar? — Ela abre um
sorriso.
— É uma ótima filosofia e bem versátil, serve para várias situações.
— Então você queria transar comigo desde o início? — Ela o provoca
agora com um sorriso convencido.
— Isso é algum segredo ou novidade para você?
Ele nota seu sorriso antes convencido se transformar em algo mais
carinhoso e caloroso e logo sente suas mãos acariciarem a pele de seu rosto.
— Sabe Hobbit acho que prefiro jogar café em você, combina mais com a
gente e não sei por que você está se fazendo de difícil.
— Fala sério Kono, você me ama, admita — Ele nota o tom de brincadeira
em sua voz.
— E você?
— Eu o que? — O encara com leve surpresa em seus olhos.
— Admite que me ama? — Um leve toque de malicia podia ser visto no
sorriso que ele lhe oferece.
— Ahh... — Ele notava seu desconforto — Nossa... — Soltava um riso
nervoso — Ahh...
Ele percebe seu desconforto, vê que ela estava nervosa, perdida, e com
certeza buscava algo para dizer, mas a coragem lhe faltava, seja a resposta
boa ou ruim.
Por favor, que seja a resposta boa. Ele implorava. Ela vai ficando mais
tensa. Ok Mason não adianta forçá-la a isso.
— Sente-se Hobbit — Ele indica a mesa com o vaso de flores.
— O que vamos fazer? — Ela lhe pergunta com certo alivio na voz.
— Vamos terminar de celebrar nossa noite de encontro com Mason Carter
com um item muito importante para nós — Ele a vê se sentar e o encarar
curiosa.
— E qual seria?
— Um bom e forte café — Então ela lhe oferece a mais carinhosa das
risadas e o mais confortante sorriso.
Ele se encaminha até o balcão, Alicia sua paciente dissera que deixaria
uma caneca de café quente na cozinha para eles ao lado de dois copos com o
emblema da loja e quando Mason passa pelo balcão encontra tudo
exatamente como ela dissera.
Ok Mason você precisa dizer a ela o que sente ou pelo menos tentar.
Calma respira várias pessoas fazem isso todos os dias então você também é
capaz. Até Darth Vader amou alguém, inclusive Spock, uma pessoa
completamente desprovida de sentimentos humanos, beijou e amou a Tenente
Uhura. Então nada está perdido.
Pega a cafeteira e serve os dois copos, o cheiro era maravilhoso, ao pegar
os copos pode sentir o calor do líquido através das paredes dos mesmos, pega
uma caneta que encontra ali ao lado e escreve algo na lateral de um deles, em
alguns segundos ele estava novamente na recepção e ia em direção a mesa,
colocando um café em frente à Luna.
— Vamos repor nossas energias para podermos gastá-las depois — Ele
sorria de lado, lhe oferecendo uma piscadela e nota Lua corar ao seu
comentário.
Sério amo quando ela cora, fica mais linda é um toque especial.
— Sabe Lua a resposta eu acho que é sim — Ele se senta ficando de frente
para ela.
— Para o que?
— Eu admito.
— Admite o que? — Ela toma um gole do seu café e ele nota que ela não
vira o que ele lhe escrevera, na verdade estava com a mão encima.
— Tem muitas coisas em você que eu amo — Agora ele toma um gole do
liquido quente em suas mãos.
— Isso eu sei, você ama me irritar, ama meus óculos, ama quando fico
com vergonha. Já me disse isso.
— Sim de fato, mas é que você pediu para que eu admitisse então eu fiz.
Cara isso é difícil.
— Ah tudo bem Kono — Ela dá de ombros — Também tem várias coisas
em você que eu gosto.
— Gosta?
Ele não estava esperando por aquela palavra, na verdade estava esperando
outra com um significado um pouco mais profundo do que aquela e ele não
deixa de ficar levemente triste por não a ouvir.
Mason está tudo certo, é só uma palavra e a palavra GOSTO não é tão
ruim assim.
— Mason está tudo bem?
Merda, ele pensa. Ela deve ter percebido que me afetei, vamos lá Mason
arrume essa pose. Ele solta um pigarro e endireita a postura.
— Sim está tudo bem — Ele gira o copo entre seus dedos.
Mason você precisa dizer.
— Sabe Lua — Dizia ainda encarando o copo nas mãos — Eu não a culpo
pela sua insegurança, o seu medo que sente de mim, nesse tempo que nos
conhecemos eu não fui o melhor exemplo de um homem que leva um
relacionamento a sério, na verdade eu nunca fui um homem de
relacionamentos — Ele erguia seus olhos e encarava os dela — Eu entendo o
seu receio, o fato é que todos esses anos eu vivi assim, levei essa vida,
sempre evitando que as pessoas permanecessem nela e por muito tempo eu
fui feliz assim — Ele faz uma pausa e após um longo suspiro continua — O
que eu não contava era que esse estilo de vida é muito solitário e que na
verdade nem é uma vida, eu vi meus amigos se apaixonarem se casarem,
construírem uma família e eu no mesmo lugar, fazendo o de sempre.
Ok , você está indo bem, continue, não desista não.
— Eu me vi sozinho e percebi que viver sem se apegar é um caminho
perigoso e solitário a se seguir, então eu decidi deixar as pessoas se
aproximarem mais de mim e foi quando te encontrei e você de hora pra outra
se tornou alguém crucial na minha vida e eu descobri o que realmente é viver.
Eu deixei você entrar e em pouco tempo você tomou conta de tudo dentro de
mim. Eu confesso que demorei a perceber o que sentia por você de verdade,
não sou muito com relacionamentos — Ele ri nervosamente.
Vai Mason diz logo, pare de enrolar.
— O fato é que, Lua — Fazia uma pausa — Ahh... — VAI DIZ, sua
consciência gritava — Lua — Ele pousa o copo de café e a encarava decidido
— O que estou querendo te dizer... — Merda, é mais difícil do que pensei.
À medida que ele dizia aquelas coisas para ela, nota os olhos dela ficar
marejados e o tom de sua íris se tornar mais azul do se era possível imaginar
e um sorriso leve e carinhoso podia ser visto em sua face.
Antes que Mason possa prosseguir com seu discurso e enfim dizer à
palavra que estava presa dentro de si, Luna se levanta, dá a volta na mesa e se
aproxima dele, virando seu corpo em sua direção e se encaixando no meio de
suas pernas, coloca as mãos no rosto dele, uma de cada lado o segurando.
— Não precisa dizer mais nada Kono — Nota mais água se juntar em seus
olhos — Eu entendi e a verdade é que... — Seu sorriso aumenta e após um
breve suspiro ela continua — Eu também te amo Mason— E enfim as
lágrimas que pendiam em seus olhos caem, deixando um caminho úmido em
suas bochechas.
Ele não podia acreditar no que acabara de ouvir, ele solta o ar que nem
sabia que prendia e abre o maior sorriso que se lembra de ter dado na vida,
um sorriso diferente dos que dava costumeiramente, aquele sorriso era
sincero, sem malicia ou sarcasmo, era o sorriso da felicidade.
— Me ama mesmo eu te irritando, sendo chato e insuportável na maior
parte das vezes?
— Sim Kono, eu amo — Ele vê mais lágrimas rolarem e as limpa com os
polegares — Eu amo toda a sua extensão, amo seus defeitos e suas
qualidades, amo cada pedacinho do seu corpo, amo seus cabelos rebeldes e
amo arrumá-los, amo suas tentativas para me fazer rir quando estou para
baixo, amo suas provocações, seus comentários irônicos e sarcásticos, amo
seu sorriso de lado, eu te amo Mason e sei que o amor é uma via de mão
dupla, é um passo grande e que me deixa um pouco nervosa, mas que se foda
isso, eu quero amar você e quero ser amada por você e está na hora de parar
de me enganar e admitir pra mim mesma e pra você.
Mason sorria abertamente, por fora era o reflexo exato de como se sentia
por dentro, ele estava muito feliz, extremamente feliz, ouvir aquelas palavras
de uma pessoa tão importante para ele era uma sensação sem igual. Aquelas
palavras eram verdadeiras, tinham significado, tinham emoção e vinham de
uma mulher que ele também amava.
— Lua — Ele enxuga sua última lágrima — Eu te amo — Ele solta um
suspiro de alivio, enfim dissera e se sentia mais leve — Eu te amo Hobbit, eu
amo tudo em você, eu amo seu cheiro, e amo o fato de que você talvez o use
só por que eu gosto — Suas mãos descem até sua cintura e segurando —
Amo seus óculos enormes e desengonçados, , amo seu amor pelo trabalho,
amo sua preocupação para com as pessoas, amo seu sorriso, e também
quando acaricio seu rosto e você inclina a cabeça mais na minha direção, amo
quando tem uma ideia e seus olhos brilham de excitação, amo o fato de ser
facilmente irritável, amo quando cora a algum comentário meu, amo o fato de
ter confiado em mim para ser seu primeiro, amo o fato de não ser uma
modelo magrela que conta cada caloria que ingere — Ele solta uma risada e
ela também — Amo sentir seus dedos pelos meus cabelos quando os arruma,
e eu posso ficar aqui a noite toda te contando o que eu amo em você, pois eu
amo tudo Lua, tudo — Ele a puxa mais para perto — Eu amo você Hobbit.
— Sinto tanto ter demorado dois anos para admitir o óbvio.
— Sinto ter demorado todo esse tempo para cair na real e perceber que não
poderia ser mais ninguém, que era você o tempo todo, que era você por quem
eu esperava sem saber.
Ela encosta sua testa na dele.
— Mas valeu à pena cada momento e eu faria tudo de novo — Ele diz com
o rosto próximo ao dela.
— Eu te amo Kono — Diz com os olhos fechados.
— Eu te amo Hobbit — Diz ao fazer o mesmo e fechar seus olhos.
Por um tempo mais nada é dito, ambos ficam naquela mesma posição,
ficam naquela aproximação, o silêncio toma conta daquele estabelecimento, e
apenas a respiração deles podia ser ouvida. Ele ora inspirava e ela expirava,
ele ora expirava e ela inspirava.
E é Mason que enfim corta aquele momento, tomando os lábios dela para
si os devorando, o beijo é lento e ao mesmo tempo intenso, desesperado e
calmo, com desejo e amor. Ele sente as mãos dela saírem de seu pescoço e
subirem até seus cabelos os bagunçando.
— Eu não me canso de beijar você — Ele diz entre seus lábios.
Afasta mais as pernas a encaixando perfeitamente ali, suas mãos descem de
sua cintura e agora apertavam e a puxavam pelas nádegas.
— Poderia ficar assim a noite toda — Diz ele enquanto descia seus lábios
em caminho até a pele do pescoço dela — Sabe outra coisa que eu amo?
— O que? — Ela pergunta ofegante entre um gemido quando ele morde
levemente a pele do seu pescoço.
Ele se afasta e a encara, e nota os olhos dela cheios de desejo voltar seu
foco para ele.
— Eu amo o fato de você ser observadora, às vezes é até exagerada, seu
olhar clínico sempre atento, mas...— Ele suspira — Confesso que essa
habilidade está me decepcionando um pouco ultimamente.
— Por que diz isso? — O encara confusa e sorridente.
— Por que você nem viu que tem algo escrito no seu copo de café.
Ela sorri mais, com certeza por notar que não havia reparado mesmo, por
ter deixado algo despercebido. Ela estica o braço e pega seu copo do outro
lado da mesa, ela gira o copo entre os dedos e a surpresa pode ser vista
estampada em sua face.
— Sim — Ela o olha — Mil vezes sim — Diz toda animada, seu rosto se
aproxima do dele o beijando com animação e amor.
— Ufa que alivio — Solta um riso em seus lábios.
Enquanto o beijo vai criando força, Lua pousa o copo com as palavras
escritas em preto na lateral: QUER NAMORAR COMIGO?
Mason enlaça sua cintura com seus braços, flexionando seus músculos, a
língua de ambos em uma dança lenta e seus lábios em disputa por território.
— Acho que essa noite de encontro merece uma quarta parada — Ele diz
entre beijos.
— Sério? — Diz em seus lábios — O que tem em mente Dr. Carter?
— Eu só estou na dúvida no destino dessa quarta etapa.
— Quais seriam as opções?
— Temos duas — Ele separa seus lábios e a encara — Minha casa ou a sua
— Lhe oferece um sorriso de canto.
— Não importa para onde iremos, eu só quero sentir você de novo, se bem
que eu acho que a sua casa é mais perto.
— Então vamos para minha casa.
Ele nem bem terminara de falar direito e sente Lua o puxar da cadeira e se
encaminhar na direção da porta. Ele digita a senha do alarme e tranca a porta
por onde entraram mais cedo.
No carro enquanto dirigia ele sentia as mãos da Lua sempre em contato
com o corpo dele de alguma maneira, ora ela massageava sua coxa, ora sua
virilha, a cada momento que passava com ela descobria uma nova Lua.
E essa com toda certeza é a Lua atrevida.
No último semáforo até a casa dele, Mason sente Lua subir sua mão até sua
nuca e a massagear, mas nada de massagem inocente e sim uma totalmente
sensual Ele sente sua pele se arrepiar e geme satisfeito.
— Ahh Hobbit estou amando esse seu lado.
Ela continua com os movimentos em sua nuca e com a mão agora livre
Mason acaricia a coxa dela, seus dedos entrando alguns centímetros por
debaixo da sua saia, puxando vagarosamente a meia preta para baixo
expondo sua pele.
Agora é o gemido dela que pode ser ouvido no carro e Mason com aquele
som, a mão dela em sua nuca e a dele apertando o interior da sua coxa, sente
uma região muito específica de sua virilha arder e apertar um pouco o zíper
da sua calça.
— Quero conhecer todos esses seus lados escondidos — Ouve outro
gemido dela — Mas nesse momento estou mais interessado nessa Lua sexy e
atrevida — Sorri com malicia.
— Essa Lua que consegue fazer você gemer assim? — Ela retira a mão da
sua nuca e a deposita em sua coxa muito próxima da região do seu zíper e ele
inevitavelmente solta um gemido rouco e baixo.
— Exatamente essa — Então enquanto tentava manter seu foco na rua que
dirigia ele sente sua retirar sua mão — Por que parou? — Diz com leve toque
de desapontamento.
— Kono? — Ela se senta no banco ficando com o corpo de frente para ele
— Como conseguiu a chave da cafeteria? Você disse que a gerente te devia
um favor, que favor você fez para ela ficar te devendo?
Mason a nota encará-lo com curiosidade, que sabia que sua amiga tinha de
sobra, mas também pode notar algo suplicante em seus olhos como se
quisesse dizer. Por favor, me diz que não transou com ela.
— Ah conheço esse olhar Hobbit — Ele sorri e volta sua atenção para a
rua — E eu te disse que ela é uma paciente minha e também sabe que não sou
um pervertido no trabalho — Agora em seu sorriso havia malicia — Só fora
dele.
— Tudo bem, mas o que você fez para ela ficar devendo algo? — Sua
expressão se torna brincalhona — Doou seu sêmen para uma inseminação
artificial? — Então ela começa a rir.
E como sempre ele não poderia deixar de provocá-la, tinha coisas,
momentos com Lua que imploravam por alguma provocação ou resposta
afiada.
— Às vezes fico espantado com seu poder de dedução — Ele ri e escuta a
risada dela cessar imediatamente.
— Como assim? — Pergunta com espanto.
— Ela até queria fazer do modo natural, se é que me entende — Sorri de
canto sem olhar para ela — Mas eu sugeri doação de esperma.
— COMO É QUE É? — Escuta a voz da sua amiga quase como um grito
— MASON! — Ela grita — SEU CRETINO.
E diante da reação da sua amiga, tudo o que ele conseguia fazer era rir e ria
muito.
— POR QUE ESTÁ RINDO? QUER DIZER QUE VOCÊ VAI SER PAI?
COMO? QUANDO?
— Lua — Ele tentava controlar o riso — Depois de dois anos convivendo
comigo e você ainda cai em uma história como essa? — Ele enxuga o canto
dos olhos — Achou mesmo que eu fiz isso? Posso ser idiota as vezes, mas
não sou burro.
— Eu te odeio — Suspira com raiva, senta normalmente no banco e
encosta-se ao mesmo — Não acredito que cai nessa.
— Você pode me odiar, mas me ama mais — Ele nota ela o encarar com o
canto dos olhos — Ah Hobbit sabe que amo te irritar, as vezes é impossível
segurar. É tão fácil.
— Fique sabendo que agora meu único desejo é de ir para casa, deitar na
cama e dormir, sem brincadeiras hoje — Ele nota ela cruzar os braços em
frente do peito.
— Até parece, no primeiro beijo no pescoço e você não resiste — Ele leva
a mão novamente até a barra da sua saia e acaricia a pele da coxa — Acha
que não sei os seus pontos fracos Hobbit? — Ele a escuta suspirar.
Ela retira a mão dele e sem o encarar lhe diz.
— Sou capaz de resistir.
— É mesmo? — Ele arqueia a sobrancelha.
Eles chegam até o prédio de Mason, ele atravessa o estacionamento do
mesmo e para o carro em sua vaga. Ele move o tronco até a direção dela,
segura seu rosto com uma das mãos e encaixa seu rosto na curva do pescoço
dela, sua língua entra em ação brincando em sua pele, provando o sabor e
textura, com seus lábios ele faz um caminho úmido até o seu ouvido sugando
seu lóbulo devagar.
Ele sente sua amiga resistir no começo, mas segundos após o contato de
seus lábios com a pele delicada de seu pescoço a sente se render, ficar
ofegante e soltar baixos gemidos, quase inaudíveis.
— Vamos subir Hobbit ou vai mudar de ideia?
— Eu te odeio sabia? — Sua voz não mais alta que seus gemidos.
— Eu sei — Diz em seu ouvido — Mas eu te amo.
— Acho que nunca vou me cansar de ouvir isso.
— E eu nunca vou cansar de dizer — Ele retira seu rosto daquele local e a
encara.
Ele vê Luna abrir a porta do carro, fechá-la e se debruçar na janela. Então
sem aviso ela sai correndo pelo estacionamento, aperta o botão do elevador
freneticamente.
Ele sai apressado do carro, apertando o alarme enquanto saia correndo na
direção dela, vê a porta do elevador abrir, ela entrar e se fechar rapidamente,
quando ele enfim chega dá de cara com ele já completamente fechado, olha
para a esquerda e vê a escadaria. Ele morava no décimo andar, então não
demoraria muito para chegar lá correndo e é o que ele faz, sobe em disparada
pelas escadas, correndo o máximo que consegue. Quando chega ao andar de
destino, ele escancara a porta de emergência e nota que Lua ainda não havia
chego, vai até o elevador e quando para na porta escuta o bip do mesmo e
quando a porta se abre ele dá de cara com uma Lua muito surpresa.
Ele coloca os braços um de cada lado bloqueando a passagem dela.
— Acho que te alcancei — Ele estava bastante ofegante, mas não impedia
de abrir um sorri de canto.
— Acho que sim.
Ele vai até ela, passando seus braços um de cada lado do seu corpo e
carregando no colo a erguendo como se não pesasse nada.
— Vamos para casa Hobbit — Ele a carrega pelo corredor, parando em
frente ao seu apartamento, retira a chaves do bolso da calça e o destranca —
Sabe agora quero mesmo conversar com minha Hobbit sexy, atrevida e sem
calcinha.
Ele imagina que ao ele dizer aquilo, ela se lembra que estava sem sua peça
intima e começa a puxar a saia que agora estava quase toda erguida revelando
parte do seu quadril.
— Mason eu estou realmente sem calcinha — Diz puxando mais a sua
saia.
Ele entra em sua casa, com o calcanhar bate na porta a fechando atrás de si.
— Não tem problema Hobbit, para o que iremos fazer não precisará dela
— Aquele seu sorriso costumeiro e sua marca registrada ficam estampados
em seu rosto.
Com ela nos braços atravessa a sala e toda a extensão do corredor,
entrando em seu quarto no final do mesmo onde se dependesse dele só
sairiam no dia seguinte.
“Não importa o quão insano você é. Existe sempre alguém para completar sua insanidade”

Luna Iasune Três dias, incontáveis beijos e vários eu te amo depois.


Harley Quinn

Três dias haviam se passado desde o encontro Mason havia preparado para
ela, três dias dos quais ela viveu com ele momentos de plena felicidade e
amor.
Ela não conseguia acreditar que aquilo realmente havia acontecido, Mason
nunca demonstrou querer estar em um relacionamento e quando ele admitiu
nunca ter planejado um encontro antes, Lua se sentiu feliz por ser a primeira
pessoa da qual o fez mudar de ideia.
Eu te amo se tornou a frase favorita de Lua, ela dizia para ele sempre que
tinha a oportunidade. Dizia eu te amo ao se despedir, dizia ao encontrá-lo e
dizia antes de dormir aconchegada em seus braços, dizia enquanto fazia amor
com ele, a todo o momento e a cada vez aquilo só melhorava, nada era
monótono com ele, Mason era selvagem e gentil ao mesmo tempo quando
ambos estavam se fundindo, ela sentia a todo instante a entrega dele e seu
amor por ela e isso só lhe dava mais vontade de dizer essas três palavras.
Tudo estava indo tão bem que Lua suspeitara que aquilo pudesse ser um
sonho, um sonho do qual ela não queria acordar. Não havia mais recebido
mensagens indesejadas ou sequer notícias, ela havia procurado por seu
paradeiro, mas não tivera sucesso, então talvez nem tenha sido ele.
Com aquilo praticamente resolvido ela enfim podia relaxar, Lua tinha tudo
o que uma garota precisava para ser feliz, ela tinha o emprego dos sonhos, o
namorado dos sonhos e para completar tinha a sogra dos sonhos que por sinal
havia melhorado parcialmente deixando ela e Mason felizes e esperançosos.
Lua agora havia saído de sua casa e estava dirigindo em direção ao
apartamento dele, depois de um turno puxado na clínica e uma breve parada
para o almoço ela decidira ir para casa tomar um banho relaxante e cuidar de
sua cadela para logo em seguida seguir ao apartamento de seu namorado.
Mason e namorado. Ela pensava parada no ultimo semáforo que antecedia
o prédio dele. Quem diria que essas duas palavras formariam uma frase
completa em minha boca.
Ela sorria estava levando para ele um bolo de chocolate com morangos que
comprara no caminho, o HQ que comprara de aniversario que por sinal era
hoje e como ele já sabia o que ganharia não havia motivos para surpresa.
Bom exceto uma em especial que ela também havia trazido na bolsa e sabia
que ele iria gostar.

Ela chega ao seu prédio estaciona e se encaminha ao elevador após um


cumprimento com o porteiro do prédio.
Sem cerimônias ela entra em sua casa com a chave reserva que ele a havia
fornecido, ela podia escutar o barulho do chuveiro e fica parcialmente tentada
a ir lá e é quando seu celular vibra. Lua o pega em seu bolso de trás e nota
uma notificação de mensagem sem identificação ela fica paralisada entre o
hall de entrada do apartamento e a sala e com seus dedos trêmulos ela clica
no ícone abrindo a mensagem.

Lua termina de ler a mensagem e com as mãos trêmulas ela deixa seu
celular cair no chão, seu coração agora estava acelerado sua garganta se
fechava e medo e fúria a invadem.
Fui burra ao pensar que não era ele ou que ele ao menos houvesse
desistido, ela pensava.
Uma parte dela queria correr para os braços de Mason e contar toda a
verdade sobre seu passado, queria contar que nem sempre fora essa pessoa
que ele conhece, mas ela temia contar toda aquela terrível parte de seu
passado, uma parte obscura da qual queria esquecer, Lua não queria arriscar o
que tinha e se ele não a entendesse e se ele passasse a olhá-la com desprezo?
Não suportaria isso. Seu coração implorava para que ela confiasse que ele
não a deixaria, mas sua razão sempre retraia essa possibilidade.
Logo Lua escuta um miado e em seguida sente um leve esfregar em suas
pernas. Ela olha para baixo e encara Gandalf o gatinho de pelos acinzentados
ao seu lado lhe encarando com aqueles grandes olhos amarelos, ele mia
novamente, um miado carinhoso e pisca seus grandes olhos. Ela se abaixa e
lhe faz um carinho atrás das orelhas e é recebida com um ronronar e um roçar
de seu focinho na palma da sua mão. Ela se levanta, respira fundo e adentra o
apartamento silencioso onde só se podia escutar o barulho do chuveiro.
Com passos lentos ela vai em direção a cozinha, guarda o bolo na geladeira
e depois segue para o corredor que dava acesso ao quarto de Mason, lá ela
deixa ao lado da cabeceira de cama o HQ que comprara e sua bolsa e é
seguida por Gandalf o tempo todo, ela deixa o cômodo e segue em direção ao
banheiro.
Lua passa em frente a porta onde ficava o escritório de Mason, a mesma
estava entreaberta e como já é de se esperar sua curiosidade sempre falava
mais alto, apesar de ser amiga de Mason há dois anos nunca havia entrado de
fato ali.
Ela abre devagar a porta e observa o ambiente. Tinha uma enorme estante
repleta de livros de medicina e ficção cientifica, ela passa os dedos por todos
os volumes, observa que ali há vários porta-retratos alguns na enorme mesa
de madeira onde descansava seu notebook e maleta com instrumentos
médicos e também na estante onde ela se aproximara.
Fotos de Mason quando mais novo, um garotinho de olhos azuis e cabelos
loiros compridos, havia fotos dele com Melissa e dele com um casal que
imaginara ser Emily e Roger, seus verdadeiros pais, havia fotos dele com
alguns amigos em um bar universitário e também fotos dele e Melissa em sua
formatura agora um pouco mais velha e ele com a barba rala. Ela pega aquele
porta-retratos e observa seu namorado ao lado de sua mãe. Não se lembra de
ter visto Mason um dia se quer sem a barba e tinha que admitir que ele
também era muito bonito sem ela, mas ela o preferia do jeitinho que estava
agora.
Quando o guarda no lugar ela vê que ao lado havia m pequeno boneco de
pelúcia meio surrado e velho do Spock, reconhecera ele, pois Mason
segurava o mesmo boneco na foto com seus pais, ela sorri ao pensar nele
brincando com aquele brinquedo quando mais novo.
Novamente ela passeia seus olhos pelo cômodo e para sua surpresa Lua
nota que ali em um canto escondido, repousando em um apoio havia um
violão.
Ela vai até o instrumento e o pega, com cuidado passa suas mãos pelas
cordas e dedilha algumas notas.
O sol está um pouco desafinado, ela pensa. Ela sabia disso por que há
muito tempo seu falecido pai a havia ensinado o básico para se tocar um
violão.
Por um instante ela se permite relaxar, não sabia o que faria em seguida,
precisava enfrentar aquela situação e a todo instante ela tentava entender o
porquê Kiro ainda não havia desistido, depois de todos esses anos.

Mason Carter Mason havia terminado seu banho ele pega uma toalha e
enrola em sua cintura, passa as mãos em seus cabelos molhados os jogando
para trás.
A manhã na clínica havia sido estressante, não para nenhum segundo até
uma hora atrás quando enfim voltou para casa, comera algo rápido e fora
tomar um relaxante banho. Havia marcado mais tarde com sua namorada para
continuarem a assistir, ou pelo menos tentar assistir, o resto da nova
temporada de The Walking Dead, ele não era muito fã de filmes e séries com
zumbis, mas como Lua gostava ele assistia com ela por companhia.
Namorada. Ele pensa. Quem diria, eu tenho uma namorada. Ele sorri ao
encarar seu reflexo no espelho do banheiro. Lua fora a única pessoa com
quem teve a vontade de lhe dar esse título e ele nunca se sentiu tão vivo e
feliz em toda sua vida.
Ele com o mesmo sorriso no rosto abre a porta do banheiro e anda pelo
corredor indo até seu quarto e no instante em que dá seu segundo passo
naquele lugar ele escuta o som de um instrumento, em especifico o som de
um violão sendo dedilhado e então ele é guiado até seu escritório.
Ao parar em frente a porta ele encontra Lua de costas para ele e se permite
observa-la, ela dedilhava algumas notas distraidamente, as vezes parando e
afinando as cordas e em encima da mesa ele avistava seu amigo peludo,
Mason se encosta-se à porta e após ela guardar o violão ele fala.
— Você invade minha casa e ainda tortura meu gato? — Dizia com ironia.
Ele a observa se virar e com um sorriso que surgia em seus lábios ela o
respondia.
— Não estava torturando ninguém, aliás não sabia que tocava Kono.
— Toco um pouco, quer dizer não sou nenhum rock star e também faz
tempo que não toco.
— Quem diria Mason Carter um estudioso da música, um homem culto —
Ela o provoca.
— Eu sempre fui culto e estudioso, esqueceu que eu sou médico e que
tenho muitos livros?
— Poucos do Star Wars devo dizer.
— Eu disse livros Lua, com conteúdo — Ele sorri de canto.
Ele se aproxima dela, podia ver seu olhar medir cada parte de seu corpo,
ela nem deve ter prestado atenção no que dissera sobre Star Wars. Ele a
escuta suspirar enquanto passeava seus olhos por todo seu abdômen ainda um
pouco úmido.
Ele a vê morder seus lábios inferiores, podia ver o desejo em seus olhos,
agora ele estava com o corpo quase colado ao dela e mesmo antes de seguir o
olhar dela ele sabe que algo em sua virilha estava ganhando vida, ela nem
havia feito nada e ele já estava excitado. Sua presença o excitava, apenas seu
olhar o deixava com desejo.
Estou ferrado com essa mulher. Olha só o que ela fez comigo.
Sentia as mãos de Lua tocar delicadamente aquela região agora totalmente
despertada da sua virilha, ambos presos pelo desejo evidente em seus olhares.
— Olha quem apareceu para brincar— Ele a escuta dizer com malicia.
Mason sorri e estremece ao sentir seu toque, ele a olha nos olhos — Ele
adora brincar com você — Sua voz estava um pouco rouca e seu membro não
demora a ficar totalmente ereto deixando um volume considerável na toalha.
— É mesmo?
Ele sentia seus movimentos acelerarem.
— Sim muito — Ele mantinha o contato visual com Lua — Ahh Hobbit —
Ele começara a ficar ofegante.
Mason passa seus braços ao redor da pequena cintura dela a trazendo para
mais perto.
— O que aconteceria se eu parasse?
— Ahh Hobbit não me provoque — Mason sentia os movimentos dela
cessarem.
— Ou o que?
— Ou serei obrigado a tomar medidas drásticas.
Ele escuta sua gargalhada e logo em seguida ela se afasta alguns
centímetros dele, Mason a pega pelo braço sabia que ela sairia correndo se
tivesse a oportunidade. Suas costas agora estavam coladas ao seu peito.
— Lua você me chamou para brincar — Ele pressionava seu quadril sobre
sua ereção, podia a ouvir gemer baixinho.
Ele agora descia suas mãos pela lateral do corpo dela, com sua mão
esquerda ele aperta seu abdômen a puxando cada vez mais para si. Mason
sentia Lua jogar sua cabeça para trás a deitando em seu ombro. Ele com a
mão que pressionava aquela região desciam seus dedos vagarosamente
passando por seu umbigo e encontrando o botão da calça que ela vestia.
Mason o abre e continua a descer seus dedos enquanto gemia em seu ouvido,
um gemido rouco, ela estava ofegante e com os olhos fechados, ele beijava
seu pescoço e sua língua brincava com sua pele.
Ele amava ouvir os gemidos que ela pronunciava, adorava o som que saía
dos lábios dela quando estava excitada e amava quando gritava seu nome em
meio aos espasmos que seu corpo produzia enquanto faziam amor.
— My dear... I want you so much every day, every minute, every second.
A medida que falava Mason descia seus dedos até encontrar seu objeto de
desejo, a feminilidade dela que estava quente e úmida, pronto para ele.
— Amo quando fala com o seu idioma e esse sotaque— Ele a sentia se
contorcer.
— Eu sei e é por isso que falo. Faço tudo para te satisfazer — Ele sentia
uma onda de prazer o invadir ao ouvir um pequeno grito escapar de Lua.
Mason continuava suas caricias naquela região quente— Tem certeza que
não quer brincar comigo? — Ele intensifica seus movimentos.
— Vai ter que fazer melhor do que isso Kono.
Ele insere um de seus dedos dentro dela enquanto chupava seu pescoço.
Mason a sente se mover rapidamente ficando de frente para ele e logo em
seguida o beijando ferozmente. Ele correspondia com paixão e urgência.
— Isso é injusto — Ele diz ao descolar seus lábios e a encarar — Você
ficar aí me observando e encarando meu corpo, não acha que também mereço
um pouco desse prazer? — Ele erguia suas sobrancelhas para ela.
Então ele a vê retirar a calça ficando apenas com sua blusa e uma calcinha
de renda, ele encarava aquele corpo por alguns segundos, ali parado no seu
escritório e em seguida retira a blusa dela revelando seus seios nus. Mason a
puxa e beija seu pescoço novamente, ele adorava beijar ali e com seus lábios
ele percorre um caminho úmido de beijos indo em direção ao seu ombro
deixando ali pequenas mordidas, suas mãos apertando a circunferência macia
e perfeita que eram seus seios.
— Kono eu já disse que te amo hoje? — Ele podia sentir seu corpo emanar
calor de encontro ao dele.
— Sim, mas não me importo de ouvir novamente — Ele sorria em sua
pele.
— Eu te amo.
Mason a segura com suas mãos a erguendo sem dificuldades e a sentia
enlaçar as pernas dela na sua cintura, sua mão direita descansava em sua coxa
enquanto a esquerda apertava seu quadril, ele sai do escritório e caminha em
direção ao seu quarto.
Ele a deita gentilmente na sua cama e fica sobre ela a beijando
ardentemente.

Luna Iasune — Espera — Ela o afastava


— O que? — Lua podia notar sua frustração.
— Tenho uma surpresa para você aniversariante — Ela sabia que ele se
esquecera daquela data era sempre assim.
— Ahh Lua isso pode esperar— Ela o via apoiado em seus cotovelos a
encarar.
— Eu já volto — Ela dizia já se levantando e pegando sua bolsa.
O escutava gemer de frustração enquanto se deitava de barriga para cima.
Lua sai do quarto e corre para o banheiro com sua bolsa e de lá de dentro
ela retira uma vestimenta nada comum que sabia que ele iria gostar.
— Sabe quando sua mãe contou sobre o sonho que você teve comigo? —
Ela dizia indo em direção ao quarto e escuta a risada dele preencher o
cômodo.
— Você não fez isso Hobbit!
Ela aparece na porta do quarto dele vestida com o vestido vermelho e
colado da Tenente Uhura, a roupa não cobria nem metade de suas coxas e
tinha um enorme decote na frente onde seus seios eram bem destacados e ao
lado do seu peito o símbolo da frota estelar do Star Trek estava bordado.
Podia ver Mason se apoiar sobre seus cotovelos e a encarar.
— Muito melhor do que no meu sonho.
— Ponte para capitão — Ela citava o comando da tenente.
— Capitão para tenente, sobe aqui!— Apontava para seu colo — Como no
meu sonho e fique em cima de mim — Ele praticamente ordena e ela obedece
imediatamente subindo em seu colo.
Lua o beija avidamente enquanto sentia as mãos de Mason percorrer todo
seu corpo.
— Pelo jeito seu amigo ainda não foi buscar a roupa de cosplay dele. Ele
sabe que você a está usando pra isso? — Ele dizia em seus lábios sorrindo.
Por Vader, será que ele nunca vai esquecer isso?
— Você deveria se concentrar na sua missão capitão — Ela aproxima de
seu ouvido — Como bem sabe um líder é julgado não pelo comprimento do
seu reinado, mas pelas decisões que toma.
— Eu estou completamente concentrado na minha missão — Ela sente as
mãos dele deslizarem de sua cintura e agora apertar suas nádegas — Focado
em meu objetivo — Sentia uma das mãos dele escorregar vagarosamente para
debaixo da barra do seu vestido.
— O que você fez no sonho? — Ela perguntava entre beijos.
— Muita coisa.
— Agora vai poder realizá-las.
— É meu presente de aniversário?
— Pode se dizer que sim ou prefere o HQ que está na sua cabeceira?
— Não posso ter as duas?
— Você é muito ambicioso sabia?
— Sempre fui — Ela escuta sua risada — E sei minha tenente sexy que
você está doidinha para roubar aquela HQ de mim.
Ele também nunca vai esquecer que eu meio que gosto do Star Trek.
— Se eu quisesse aquela velharia eu nem teria mostrado a você.
Ela sentia ambas as mãos dele passarem por debaixo daquele pequeno
uniforme o erguendo deixando suas nádegas a mostra, ela sentia Mason bater
de leve algumas vezes naquela região e isso a faz gemer de prazer.
— Não tem problema Hobbit, ou melhor, minha Uhura eu deixo você
segurá-la por alguns minutos e a observá-la pelo plástico fechado — Ele
erguia mais seu vestido o deixando enrolado em sua cintura — Eu divido
com você.
— Vai me deixar ver a página 14 onde dizem que tem uma ilustração do
Spock?
— Vou pensar no seu caso com carinho.
Lua começa a rebolar em seu colo levando suas mãos até a toalha que
ainda o cobria, ela a retira e joga de lado.
— No sonho eu te apertava assim — Ela sentia Mason agarrar seu traseiro
com um pouco de força.
Ele erguia seu vestido por completo agora o retirando por sobre sua
cabeça. Ela sentia seus dedos passarem pelos seus mamilos e depois pelo
elástico da sua calcinha, Lua já não aguentava mais precisava dele, Mason
havia se tornado sua droga e naquele momento ela precisava de sua dose
diária.
— Quer, por favor, tirar logo ela e fazer amor comigo?
— No meu sonho você não estava com tanta pressa Hobbit.
Ela é jogada de barriga para cima na cama sentia o peso do corpo dele
sobre o dela, ele beijava seus lábios, queixo e pescoço. Mason descia seus
lábios por seus ombros e pela curva de seus seios descobertos, por seu
abdômen até chegar a sua calcinha e com os dentes ele a retirava
vagarosamente, posicionando logo em seguida sua cabeça por entre as pernas
de Lua.
Ela o sentia afastar suas pernas e lamber vagarosamente sua região quente,
sua língua brincava em sua abertura e logo em seguida Lua o sente sugá-la.
Aquilo era novo, ele não havia feito antes, aquela era a novidade da vez,
Mason sempre lhe ensinava algumas coisinhas novas. Ele apertava suas coxas
enquanto gemia para ela.
Ela o vê subir sua cabeça enquanto ela se contorcia de prazer, ele beijava
seu corpo com desejo, subindo seus beijos lentamente.
— Mason... Por favor... — Ela implorava.
— Hobbit... I Love you so much.
Lua gemia cada vez mais alto, suas pernas agora apertando sua cintura
fazendo com que sentisse seu membro tocar sua pele.
Lua sentia como se flutuasse nos braços dele nada existia ali apenas eles
dois. Ela o vê erguer sua mão em direção ao criado mudo e pegar da gaveta
um pacote laminado e logo em seguida colocar o preservativo ficando
novamente por cima dela.
— Ahh você é tão linda…— Ele lhe dizia.
Ela então sente Mason a invadir sem aviso, ela o sentia dentro dela e a
cada estocada ela gemia alto de prazer, acompanhada por ele. Seu coração
estava a mil por hora e seu corpo estava entrando em combustão, toda sua
pela formigava, ela sentia seus toques, seus beijos tudo em Mason a
enlouquecia.
Sentia-o intensificar seus movimentos, algumas pessoas pensam que
encontrar um amor verdadeiro é encontrar uma pessoa perfeita, que saiu de
seus sonhos e que se encaixava perfeitamente em todos os aspectos de sua
vida. Esse é um grande erro e a principal razão para o fim de tantos
relacionamentos.
Um amor verdadeiro é aquele que resiste ao teste do tempo. É ter ao seu
lado não a pessoa perfeita e sim uma pessoa que conheça todas as suas
imperfeições e ainda assim continue amando você do mesmo jeito, a aceite
do mesmo assim mesmo.
Um amor verdadeiro é saber que existem algumas incompatibilidades e
alguns gostos totalmente diferentes, é enfrentar desafios e dificuldades de
mãos dadas por que quem ama de verdade sabe que os dois juntos são muito
mais fortes que separados.
Ela podia sentir a paixão que emanava do corpo de Mason, ela chega ao
seu ápice à medida que sentia seus movimentos se tornarem urgentes. E logo
em seguida sente os espasmos que vinham dele e em seguida o sente se
aliviar dentro dela.
Ele continuava sobre ela, podia sentir seu peito subir e descer de encontro
ao dela seus cabelos rebeldes antes molhados e agora úmidos caiam por sobre
seus olhos, ela nota uma gota de suor escorrer pelo seu nariz e cair em sua
bochecha esquerda, ele a encarava.
Ambos estavam satisfeitos e felizes, sorriam um para o outro.
— Nossa— Ela dizia ofegante.
— Nossa— Ela o vê repetir. — Fica cada vez melhor. Eu já te disse que te
amo hoje?
— Já, mas adoro quando diz.
— Eu te amo Lua.
Lua passa as mãos por seus cabelos arrumando-os. Ela o puxa e o beija
delicadamente.
— Eu te amo Kono baka.
— Eu te digo um apelido carinhoso e você me chama de idiota?!
— Meu idiota— Seu semblante agora mudava ficando sério— Mason? —
Ela o chamava reunindo toda coragem que possuía dentro de si.
Não posso mais mentir para ele.
— Sim Hobbit?
— Se você soubesse algo ruim de mim. Algo que aconteceu comigo, você
ainda me amaria? — Ela perguntava apreensiva.
— Claro que sim Lua, não tem como não te amar, mas por que a pergunta
Hobbit?
— Eu... Preciso... Eu... — Ela suspirava — Por nada Kono — Lua desvia
seu olha do dele mais uma vez ela cedia ao medo. Lua sua covarde.
— Sei que quer me contar algo, mas não vou pressioná-la, me conte
quando estiver pronta tudo bem? Quando quiser se abrir eu estarei aqui para
ouvir.
— É complicado— Sua covarde! Ela se repreendia em pensamento.
— Não importa o que aconteceu Lua, isso não vai mudar o que sinto por
você, eu te amo.
Lua suspirava, odiava esconder as coisas dele, sim ela era uma covarde não
iria suportar se ele a olhasse de maneira diferente quando descobrisse, era
algo que ela ainda não aceitava direito que havia acontecido, então se
perguntava se ela mesma não aceitava como que outros aceitariam?
— Kono você pode tocar alguma coisa para mim no violão que está em seu
escritório?— Dizia mudando o foco da conversa.
— Para você rir de mim? — Ele a provocava.
— Não eu quero muito te ouvir tocar, vai Mason, por favor, toca algo para
mim? — Ela lhe dava um olhar pidão.
— Hum — Ela o nota refletir sobre aquele pedido por alguns instantes —
Ok — Ele enfim cede.
Ela se levanta animada da cama e veste sua calcinha e logo em seguida
uma camiseta de Mason que pega no seu armário.
— Não precisa colocar toda a roupa para isso — Ela o vê se levantar da
cama e a observar.
— Se eu não fizer isso você não vai prestar atenção no que toca.
— Isso provavelmente seja verdade — Ele pega a cueca do chão e a veste
— Eu só colocarei a cueca, deixarei o resto do corpo a mostra para que você
preste a atenção em mim e não no que eu toco, pra não se decepcionar, por
que faz muito tempo que não toco nada, estou enferrujado.
— Venha namorado — Ela estende a mão para ele sorrindo.
— Ok namorada — Ele pega a sua mão e juntos saem do quarto com os
dedos entrelaçados.

Mason Carter Puta merda! O que eu vou tocar? Ele pensava levemente
preocupado enquanto acompanhava Lua até o escritório. Ele pega seu velho
violão tudo com movimentos lentos para ganhar tempo. Sua mente fervilhava
em busca de alguma música, qualquer música, mas a única que vinha era
“parabéns pra você”.
Ok pensa, deve ter alguma coisa.
Ele não havia dito pra Lua que não tocava há algum tempo para parece
humilde, ele realmente não tocava há algum tempo. Ele ganhara aquele
violão de sua mãe Melissa no seu aniversário de 16 anos, ela lhe ensinara a
tocar algumas músicas, ela tocava muito bem aquele instrumento, e depois
ele fora aprendendo sozinho algumas outras.
É como andar de bicicleta, bem pelo menos é o que dizem.
Enquanto andava pelo corredor, ou melhor, corredor da morte como ele
agora imaginava, ia com o instrumento nas mãos em direção a sala e seu
cérebro se esforçava. Quando ele era adolescente e quando estava na
faculdade ele era muito bom no violão e tinha que confessar que ajudara a
ficar com algumas meninas, afinal várias tem uma queda por músicos.
Será que esse ditado só vale para bicicletas?
Agora algumas músicas vinham, mas nenhuma que fosse própria para se
tocar para a namorada, nada muito romântico. Ele acreditava que I don’t love
you da banda My chemical romance, Back to hell da ACDC e Numb da
Linkin Park não eram músicas que Lua iria querer ouvir após fazer amor com
seu namorado.
Mas que merda Mason, claro vai lá e toque Metálica para ela ou quem sabe
Marilyn Manson após vocês terem feito amor. Ele se senta no sofá da sala
com um suspiro. Será que Lua se importaria de ouvir “parabéns pra você”?
A última vez que se lembra de ter segurado aquele violão e o tê-lo tocado
fora a mais um menos um ano, ele tentara reproduzir uma música que havia
escutado no rádio e da qual gostara muito, era Not Alone do cantor Darren
Criss. Ele ergue seu olhar para Lua e a encontra com algo no olhar que o
deixa mais nervoso ainda, era um olhar animado e esperançoso e seu sorriso
era radiante.
Vamos lá Mason, deve ter alguma música aí em algum lugar que você
possa cantar para ela, mas tem que ser algo romântico. Meu Deus, onde está
meu repertório romântico?
Então a música que ele tocara pela última vez, aquela que ele tentara
reproduzir após ouvir no rádio, vem a sua mente e a letra preenche seu
coração e então percebe o quanto ela combinava com o momento, com eles e
o que sentiam. Ele fecha os olhos e deixa a melodia escorrer pelos seus
dedos, fazendo eles se movimentarem pelas cordas. Ele toca o início da
música preenchendo o cômodo, suas mãos tremiam um pouco e no começo
seus dedos não era tão firme nas cordas, ao abrir os olhos ele encontra uma
Lua com um brilho no olhar e um sorriso caloroso e então ele começa a
cantar.
♪♫

“I've been alone


Surrounded by darkness
I've seen how heartless
The world can be”

♪♫

Mason nunca pensou que amaria alguém tão intensamente assim, ela lhe
mostrara o amor que ele não conhecia, era um amor que não via defeitos e
que todas as características não passavam de peculiaridades. Aquela letra
nunca significara tanto pra ele, se a história deles fosse um filme aquela com
certeza seria a música deles, a trilha sonora de ambos.

♪♫

“Baby, you're not alone


Cause you're here with me
And nothing's ever gonna bring us down
Cause nothing can keep me from lovin' you
And you know its true
It don't matter what'll come to be
Our love is all we need to make it through”

♪♫

A sua voz fluía rouca e suave pela sua garganta, de tempos em tempos ele
olhava para Lua e sorria para ela, podia ver seus olhos marejados, uma fina
camada de lágrimas se formar, e ele soube que ela sentia o que ele sentia,
aquela música era deles. Não importa o que aconteça nada mudará o que ele
sente e que o amor era tudo o que eles precisavam para passar pelas
dificuldades e superar as diferenças.

♪♫

“Cause you're here with me


And nothing's ever gonna bring us down
Cause nothing, nothing, nothing can keep me from lovin' you
And you know it's true
It don't matter what'll come to be
You know our love is all we need
Our love is all we need to make it through”

♪♫

Então ele finaliza, encara seus dedos sobre as cordas e ergue seus olhos
para a mulher que amava. E então ele encara seu olhar, ela chorava e ao
mesmo tempo sorria, seu coração bate um pouco mais acelerado, ele se sente
aquecido por dentro e o mais importante de tudo, ele se sente amado.
— Estava tão ruim assim que você até chorou? — Ele brinca.
— Foi perfeito — Ela estende sua mão e toca sua face o acariciando.
— Depois não quer que eu seja convencido — Ele sorri — Você fica
elevando minha autoestima.
— Vou para de te elogiar então e começar a te xingar seu Kono baka.
— Não precisa Kono paca já está de bom tamanho e é sempre bom ouvir
um elogio seu — Ele coloca o violão de lado e se aproxima dela.
Lua o puxa para si e o envolve em um abraço forte, ele sentia suas
lágrimas molharem seu ombro, a música realmente a havia afetado.
— Kono eu te amo muito — Ele escuta sua voz em seu ouvido — Nunca
se esqueça disso ok?
— Eu sei Lua e eu também te amo — Ele afasta seu corpo um pouco do
dela para que ela o encarasse — Eu te amo muito minha Hobbit, minha
Uhura, minha Lua, minha namorada, meu amor.
— Não importa o que aconteça saiba que sempre te amarei — Ela passa as
mãos pelos cabelos dele.
— Do que você está falando Lua? — Ele a encara com curiosidade —
Nada vai acontecer com você ou comigo. Eu estou aqui com você e não vou a
lugar algum — Ele pega sua mão — I’m here Hobbit.
— I know — Ele a vê responder seu olhar agora um pouco triste e
preocupado.
— Sabe que pode confiar em mim, não é? Pode me contar o que te
perturba quando estiver pronta.
— Sim eu sei Kono— Ela se aproxima dele e beija seus lábios —
Obrigada por estar aqui.
Confia em mim Lua. Diga-me o que aconteceu com você. Ele implorava
em pensamento.
— Feliz aniversário Kono — Seus lábios nos dele.
— Obrigado Hobbit. Eu tinha esquecido.
— Eu sei, sempre esquece. Mais tarde podemos comer o bolo que eu
trouxe.
— Sim com toda certeza, mas antes temos uma sessão de zumbis para
assistir.
— Então vamos começar logo, estou ansiosa para continuação do episódio
em que paramos — Ela pega o controle da TV e abre o aplicativo da Netflix.
Ele se ajeita no sofá, encosta na confortável almofada, abre seus braços
para que Lua se deite sobre seu peito e então a abraça.
— Preparado Kono?
— Sim Hobbit, quanto antes começarmos mais cedo terminaremos — Diz
após um longo suspiro.
E então para felicidade da Lua e não tanto para Mason o episódio começa e
ambos permanecem assim aconchegados, encaixados perfeitamente por
várias horas vendo um episódio atrás do outro, era muito bom senti-la em
seus braços e ter que assistir por horas zumbis na TV era um preço baixo a se
pagar, mas ele tinha que confessar que em determinado episódio começa ficar
interessante pra ele, até que o sono chega os carregando para longe.

Luna Iasune Lua o havia esperado adormecer ela encarava a tela da TV


onde o episódio cinco da nova temporada agora se iniciava, Mason dormia
profundamente abraçado a ela e a todo instante ela se pegava pensando que o
que tinham era bom demais para que ela desistisse.
Então ela se desvencilha com cuidado de seus braços e segue até a cozinha
na ponta dos pés, Lua pega seu telefone e encara novamente aquela
mensagem, ela lia e relia várias e várias vezes, o medo era constante a raiva
estava presente na medida em que lia cada palavra digitada por aqueles dedos
sujos que um dia a tocaram. Ela sai da sua pasta de mensagens e digita um
número no seu teclado, pelo o fuso horário deveria ser um pouco tarde no
Japão, mas ela precisava de repostas.
Após três toques uma voz feminina invade os ouvidos de Lua.
— Ohayo?!
— Saeko? Sou eu Luna.
— Luna? Watashi no kami ! [29]
Lua a escutara exclamar ambas agora iniciavam uma conversa em japonês.
— Quanto tempo Luna.
— Eu sei, como você vai?
— Bem e você? O Brasil é tudo o que esperava?
— Sim o Brasil é um ótimo país, eu estou te ligando por que preciso de
uma informação.
— Pode falar?
— Você ainda trabalha na Hanaro?
— Gomenasai Luna eu sai no ano passado.
Lua solta um grande suspiro, Saeko talvez fosse sua última esperança de
obter informações.
— Saeko... Você tem notícias do Kiro?
— Hum... Soube que ele assumira os negócios do pai e agora faz
constantes viagens a América.
— Acha possível que ele esteja no Brasil?
— Como eu disse Luna sai há muito tempo não tenho acesso a esse tipo de
informação.
— Tudo bem arigatô Saeko.
[30]

— Não há de quê Luna ligue mais vezes.


— Sim claro sayonara.
Lua desliga seu telefone e o joga sobre a bancada da cozinha, não ficaria
surpresa se mesmo trabalhando lá sua antiga colega não obtivesse tal
informação e quanto a procurá-lo por conta própria no Brasil?! Kiro sabia
muito bem cobrir seus rastros. Aquilo era um jogo de gato e rato para ele e
Lua sentia que estava sendo atraída apara a armadilha que ele preparara.
Ela estava refém de seus próprios medos e isso a tornava sequestradora de
seus próprios sonhos, o seu medo residia em um sofrimento do passado que
agora causada dor no presente e possivelmente afetaria seu futuro.
Não sabia há quanto tempo estava ali pensando no que fazer a seguir,
perdida em pensamentos e em memórias dolorosas Lua é despertada por um
abraço caloroso, por um instante ela achou que fosse ele, que finalmente a
havia encontrado, seu corpo imediatamente se retrai repelindo aquele abraço,
assustada ela empurra o dono daqueles braços com um pouco de força e ao
virar-se ela se deparava com Mason e ele a encarava surpreso.
Merda! Ela pensava.
— Calma Hobbit sou eu — Ele a dizia e tentava a acalmar — Por que fez
isso?
— Me desculpa Kono eu estava meio aérea — Ela sorria sem jeito —
Estava em outro lugar.
— Por que você me empurrou? Está tudo bem?
— Você só me pegou desprevenida só isso — Ela sabia que tinha sido uma
desculpa boba, a forma como Lua o havia empurrado não era por um sustinho
qualquer e sim seu corpo se defendendo do perigo eminente que achara que
sentia.
Ela o observava franzir sua testa e seus olhos apertarem levemente em
sinal de desconfiança.
— Você disse que estava longe, onde estava?
— Não importa — Lua mordia seus lábios com força os ferindo, ela sentia
o gosto ferroso de sangue em sua boca.
Ela o vê dar um longo suspiro, Mason se aproximava dela cautelosamente.
— Você não está mais lá, aonde quer que seja, agora você está comigo —
Lua o sentia envolver suas mãos em sua cintura encaixando seus dedos na
circunferência um pouco acima do quadril — Está tudo bem Hobbit eu estou
aqui — Agora ela sentia seus lábios em sua testa — Só queria que fosse um
pouco mais aberta comigo, mas tudo bem eu sei que quando chegar a hora
certa você irá.
Ela só não sabia quando seria a hora certa ou se mesmo essa hora um dia
chegaria.
— Eu... Preciso de um banho Kono estou um pouco cansada, você vem?
— Eu pensei em comermos juntos o bolo que você comprou para mim,
meu aniversario ainda não acabou, temos alguns minutos, mas se quiser
tomar um banho primeiro pode ir na frente só vou tomar uma água para
recompor as energias que você tirou de mim e já te acompanho — Ela via
surgir em seus lábios o sorriso de canto que tanto amava.
— Tudo bem — Ela diz ainda um pouco sem jeito e em seguida
desaparece no corredor.

Mason Carter Mason tinha que admitir que aquilo fora muito estranho,
nunca vira Lua agir daquela maneira antes. Ela estava escondendo algo, não
estava segura com o que quer que tenha acontecido no seu passado no Japão.
Primeiro fora aquela cicatriz e agora ela o empurrara e ele pode jurar ter visto
pânico em seu olhar.
Porque não confia em mim Lua?
Ele se perguntava várias vezes enquanto tomava um copo da água que
guardava na geladeira. Ela devia estar tensa muito antes de olhar para ele.
Mas o que ela estava fazendo antes de eu chegar? Ele refletia encarando
aquele cômodo e é então que avista o celular de Lua, ele estava encima da
bancada e ligado.
Será que ela vira algo no celular que a deixara assim?
Com a mão direita ele pega aquele aparelho com a tela desbloqueada e
nota que a pasta de mensagens está aberta. La dentro ele encontra várias
mensagens dele, de Gisele, até de Luis, o que o faz revirar os olhos por
alguns instantes, mas é um número na verdade que lhe chama atenção, em
seu celular marcava como número desconhecido e havia três mensagens, ele
hesita por alguns instantes, mas enfim clica naquela sequência de números e
visualiza a mensagem mais recente que por sinal fora recebida naquele
mesmo dia.
Merda de japonês! Ele pensa ao notar o idioma que a mensagem fora
escrita. Mason passava os olhos por sobre as palavras tentando reconhecer
alguma, ele sabia algumas palavras básicas daquele idioma, coisas pequenas
que Lua o ensinara há tempos atrás.
Ele reconhece as palavras Olá, Brasil. Sério amanhã mesmo vou procurar
um professor particular de japonês. Então seus olhos param sobre duas
palavras que ele reconhecia, ele franze seu cenho diante daqueles dizeres.
Mas que merda é essa?
Seus olhos focavam as palavras que significavam SAUDADE e
QUERIDA.
“Qualquer um dos pesadelos que eu tenha no futuro, não passam de sonhos comparados com aquilo que eu já vivi.”

GamoraLuna Iasune Lua estava parada em baixo do chuveiro, não sabia


quanto tempo, mas achava ser muito, pois sentia a pele de seus dedos
começarem a enrugar. Enquanto a água percorria seu corpo ela pensava em
várias maneiras de sair daquela situação sem prejudicar ninguém,
especialmente Mason fugir como da última vez não era uma opção, ela não
queria ter que deixar tudo que mais amava para trás novamente, não queria
ter que deixá-lo. Ela podia sentir o gosto salgado de suas lagrimas misturadas
a água do banho e é quando percebera que Mason ainda não havia aparecido.
Ela desliga o chuveiro e pega um roupão de banho, seca seus cabelos com
uma toalha os deixando soltos e levemente úmidos. Encarava seu reflexo no
espelho e ela mesma não se reconhecia parecia que não dormia há dias.
Vamos lá Lua nada vai acontecer com você ou com quem você ama. Ela
tentava se convencer enquanto se dirigia para fora daquele cômodo indo em
direção a cozinha.
Encontra Mason no mesmo lugar que o deixara e parecia que algo o
incomodava, sua expressão era séria, ele estava distraído, pois nem havia
percebido ela se aproximar.
— Kono eu já acabei, podemos comer o bolo agora — Ela sorria
gentilmente para ele.
— Acho que não estou com vontade Luna.
Ela o via colocar o copo que estava em sua mão esquerda na bancada e em
seguida avançar a passos apressados em direção ao quarto.
Lua podia sentir que ele estava estranho. A forma fria como agiu com ela,
aquele não era o Mason que conhecia, ele nunca a tratou assim e o fato de
chamá-la de Luna denunciava isso.
Ela o vê estender o seu celular que nem percebera que estava com ele em
sua direção.
— Você esqueceu isso — Ela o ouvia dizer friamente.
Que estranho. Pensava então um estalo vem a sua mente Será que ele viu
algo em meu celular que não gostou? Será que ele havia lido minhas
mensagens? Ela afasta essa linha de pensamento, mesmo que tivesse visto
estavam em japonês e pelo que Lua sabia Mason não entendia a escrita
japonesa.
Lua pega seu celular das mãos dele e o segue em direção ao quarto.
— O que está fazendo? — Ela perguntava com curiosidade ao vê-lo vestir
uma calça de pijama.
— Vestindo um pijama.
— Mas você sempre dorme de cueca — Dizia confusa — Kono o que
aconteceu?
— Não aconteceu nada, não posso dormir de calça? — Falava
rispidamente.
— Por que está me tratando assim? Mason o que aconteceu?
— Nada Luna eu só estou cansado.
— Pare de me chamar de Luna! Você está distante qual é, eu te conheço
Mason, por favor, conversa comigo.
— Ahh agora você quer conversar? — Ela o ouvia perguntar ironicamente
com sua voz elevada.
— Nós sempre conversamos — Ela o falava um pouco assustada com seu
tom de voz.
— Não Luna. Você esconde algo e não quer me dizer — Ele apontava para
ela.
Então era isso, o motivo de sua raiva proeminente, ela achava que havia
encerrado tudo aquilo, mas pelo jeito Mason não.
— Meu Deus novamente esse assunto? Não tenho nada a dizer.
— Você é uma péssima mentirosa — Ela via a sua expressão irritada —
Por que não pode confiar em mim?
— Eu confio, achei que isso não importasse para você. Por que de repente
toda essa curiosidade?
— Que não importasse? Inacreditável — Lua o vê jogar seus braços para
cima. — Acha que não me importo com você?
— Não foi isso que quis dizer.
— Acho melhor melhorar seus argumentos por que me pareceu exatamente
isso que quis dizer, você não confia em mim.
— Não é questão de confiança. — Ela começara a se chatear.
— Então o que é?
— Não há nada a ser dito, está no passado e lá deve continuar.
— Sério? Ficou no passado? Tem certeza?
— Pode me dizer por que todo esse interesse repentino? Há pouco tempo
você não ligava para isso e agora me repreende por não contar como se fosse
uma garotinha mimada.
— Luna você confia ou não em mim?
Ela fica em silêncio, não era questão de confiar ou não, ela confiava em
Mason mais do que qualquer outra pessoa, a questão ali era o medo que
sempre a assolava.
— Seu silêncio já me diz tudo.— Suspirava irritado, ela via a mudança de
sua expressão e postura, aquele Mason ela não conhecia — Por que está
comigo Luna? Por que aceitou namorar comigo? Você pelo visto não confia
em mim o bastante, então por que está aqui?
O medo fazia com que as pessoas tomem decisões burras, as palavras de
Mason a atingiam como uma bala de canhão.
— Mason. É complicado — Ela suspirava fortemente.
— Nós vamos mesmo começar algo assim? Sem confiança? De sua parte
claro por que eu confio em você.
— Por que sempre tem que estar a par de tudo? — A raiva a invadia,
odiava tocar naquele assunto. — O que aconteceu ficou para trás, você não é
meu pai, não precisa saber de tudo ainda mais uma coisa tão insignificante
que aconteceu há muito tempo, uma coisa que nunca esteve entre nós até
agora.
— Você é minha NAMORADA, PORRA! E eu vejo que isso não ficou
para trás.
— POR QUE NÃO PODE ESQUECER ISSO! — Ela gritava.
— Eu me preocupo com você, me importo com você e vejo o quanto isso
te afeta, DAMNLUA você tem uma cicatriz na coxa e quando a toquei você
entrou em pânico isso era evidente em seus olhos e agora antes de você tomar
banho me empurra com medo em seus olhos!— Ela o vê suspirar fortemente
— O que quer que tenha acontecido a afeta e consequentemente me afeta por
que estamos juntos agora.
— Começo a pensar que estarmos juntos não foi uma boa ideia. — Lua se
arrepende ao dizer aquilo quase no mesmo segundo, pois a dor e confusão
podem ser vistas passar pelos olhos dele.
— Então não quer estar comigo? Arrepende-se?
— Sim eu quero — Ela apertava seus punhos junto ao corpo. Merda, por
que disse isso?
— Eu queria apenas que você me deixasse fazer parte de sua vida por
completo como você faz da minha.
— Você faz Kono só que tem uma parte de mim que não gosto de
mencionar certos acontecimentos passados. Olha essa discussão está
encerrada Mason não quero mais falar disso estamos entendidos? — Ela lhe
perguntava firmemente.
Lua escuta sua risada irônica, mas não a costumeira que ela amava aquela
era fria e raivosa.
— Foda-se — Ela passava por ela saindo do quarto e indo novamente na
direção da cozinha.
Por Vader Lua! Você nunca vai aprender?
Ela permanece por um tempo no mesmo lugar, não sabia o que fazer, não
sabia o que dizer mais a ele, ele estava com raiva dela e ela não o culpava.
Mas por que ele não podia deixar aquele assunto de lado? Apenas fingir que
não havia nada, como era antes dela mencionar alguma coisa, por dois anos
ele ficou sem saber e era ótimo daquela maneira.
Ela se sentia pressionada e odiava aquilo. Não entendia o porquê daquela
mudança repentina, estava tudo bem. O que havia acontecido?
Eu odeio brigar com ele. Lua você sabe que ele não tem culpa. Então
porque é tão teimosa?
Suspirando irritada consigo mesma, com a situação e até com Mason ela se
encaminha a passos largos até a cozinha.
Quando adentra aquele cômodo o encontra sentado na bancada da pia com
um prato nas mãos, ele comia um pedaço do bolo de aniversário que ela havia
lhe comprado.
— O que está fazendo?
— Comendo meu bolo de aniversário — Ele dá mais uma garfada — É
meio óbvio.
— Kono — Suspira — Me desculpe tá legal. O que você quer saber?
— Porque quer me contar agora? — Ele dizia sem olhar para ela, estava
concentrado em sua fatia de bolo.
— Porque eu confio em você Mason.
Ela escuta uma risada irônica sair dos lábios dele. Argh como aquilo
irritava às vezes.
— Você quer parar com ironia uma vez na vida? — Ela cruza os braços na
frente do seu peito.
— Meio difícil depois de te ouvir dizer isso — Ela o vê enfiar um morango
inteiro na boca.
Ela vai até ele e retira das suas mãos o prato o colocando ao seu lado na
bancada, ele após um suspiro a olha nos olhos.
— Eu confio em você Kono, é só que esse assunto é desagradável para
mim.
— Você acha que para mim foi fácil falar sobre meus pais?
— Eu sei que não foi, por isso eu acredito que posso lhe contar algumas
coisas que queira saber.
— Porque você mudou de ideia se há cinco minutos estava totalmente
contra isso?
— Porque você tem razão — Ela sente seu peito se apertar — Isso ainda
me afeta.
Encosta-se no balcão da cozinha ficando ao lado dele. Aquela realmente
não era uma conversa fácil, era algo que com os anos tentava esquecer
desesperadamente e por conta disso era assunto que não gostava de falar.
— Pergunte o que quiser.
Ela não olhava para ele, encarava o nada a sua frente, era incapaz de olhar
nos olhos dele porque saberia que ele podia lê-los. Acreditava que estava
pronta para qualquer pergunta que ele fizesse.
Mas por favor, não pergunte sobre Kiro. Suplicava em silêncio.
— Sabe Lua — Escutava sua voz com aquele sotaque que tanto amava
preencher o ambiente e quebrar o silêncio depois de um tempo — Falar sobre
meus pais é difícil pra mim, além da minha mãe Melissa somente você sabe
que ela não é minha mãe de verdade — Ele faz uma pausa e pelo canto do
olho Lua pode notar que ele também encarava o vazio a sua frente — Nunca
contei a ninguém, só a você.
Ela sentia o peso das palavras dele, a verdade nelas.
— Eu realmente quero isso, eu quero o nós — Outra longa pausa — Eu me
entreguei de corpo e alma a isso e quando você foi tomar banho eu me
deparei com uma situação que eu duvidei de você e fiquei aqui pensando se
você também estava nisso comigo, se realmente você estava por inteiro e eu
me odiei por pensar tal coisa de você.
— Uma situação? — Aquelas palavras lhe despertam, ela se desencostava
da bancada, ficando a sua frente.
— Quando você voltou, eu ainda estava com tudo isso na cabeça — Ele
continuava ignorando a pergunta dela — Estava completamente irritado e fui
um pouco rude com você, mas a verdade é que eu me senti enganado e eu
pensei que em todas as pessoas do mundo você seria a última a me causar tal
sensação — Ele que encarava suas mãos agora erguia seu olhar pra ela.
Ela vê nos olhos dele aquilo que ele acabara de descrever, vira ira,
confusão e decepção e foi então que ela descobriu que também podia ler seu
olhar.
— Lua você realmente está disposta a me contar o que eu perguntar?
— Sim Mason.
— Ok — Ele hesita por alguns segundos e então faz uma pergunta que a
surpreende completamente — O que significa Sakura?
Lua arregala os olhos, suas pupilas dilatam, seu peito se comprime e o ar
lhe falta.
De onde ele tirou essa palavra?
Suas mãos tremiam um pouco, na verdade seu corpo todo tremia.
— Nunca mais re... Repita esse nome — Dizia alterada.
— Porque não? — O escutava dizer enquanto o via descer da bancada.
— Não chegue perto de mim — Dizia em pânico, era inacreditável o que
somente um nome era capaz de fazer com ela.
— Calma Lua — Ele ergue os braços em rendição — O que foi que eu
disse?
— Sak... Sa...— Ela tenta se acalmar inalava e exalava o ar com mais
calma — Sakura significa flor de cerejeira.
— Ok — Ele dá um passo em sua direção — E porque as palavras
saudades e querida estão antes dela?
Ela o encara sem entender como ele sabia daquilo, a mensagem estava toda
em japonês, é então que entende o que havia acontecido, Mason havia olhado
a mensagem em seu celular e entendido algumas palavras.
De todas as outras palavras que lá havia, ele tinha que entender justo
essas?
— Você viu meu celular — Ela afirmava.
— Eu... Eu... — Ele leva às mãos à cabeça esfregando seus cabelos
nervosamente — Eu fiquei preocupado com você, como o modo que agiu
comigo me empurrando daquele jeito.
— Não acredito que fez isso — Dizia irritada.
— OK LUA! — Elevava um pouco a voz — Eu sinto muito ok? Mas Lua
aquilo não foi normal e quando vi seu celular ligado na bancada e a pasta de
mensagens aberta eu pensei que talvez você tivesse visto algo que tenha te
deixado assim, então peguei seu celular e olhei, vi algumas mensagens com
esse número desconhecido e vi que estavam em japonês, então não entendi
nem 90% do que estava escrito, se eu reconheci foram três palavras, eu acho
e justo essas três palavras que me deixaram assim.
— Não tinha o direito — Dizia irritada — É minha privacidade.
— Ah claro e com a minha privacidade você não se importou quando me
devolveu meu celular sem nenhum contato, foto, música e mensagens — Ele
franzia o cenho — Eu tinha contatos importantes lá Lua, coisas do trabalho.
— Foi diferente — Cruza os braços rentes ao peito.
— Não Lua! Não foi. E eu estou lhe pedindo desculpas pelo o que eu fiz.
— Aquelas mensagens não são importantes — O seu desconforto era
evidente em sua postura e a mentira em seus olhos.
— Se não são importantes porque você está assim na defensiva? Nunca
agiu assim comigo.
— ARGH! MASON! — Elevava sua voz.
PORQUE ELE NÃO CONSEGUE ESQUECER ISSO?!
— Elas são...— Ela buscava alguma maneira de escapar, não queria pensar
nele, falar sobre ele. Olhava desesperadamente ao redor em busca de alguma
coisa — São...De alguém do meu passado.
Soltava o ar aliviada ao dizer. Por favor, não me pergunte quem. Ela
suplicava em pensamentos enquanto o encarava.
— Quem?
Ela fica em silêncio. Não sabia como contar aquilo, não sabia o que dizer a
ele. Eram coisas que ela queria esquecer, coisas que por anos tentou não
lembrar e por muito tempo fora bem-sucedida.
— É daquele seu amigo que uma vez mencionou?
— Sim — Ela finalmente diz — São de alguém que quero esquecer.
— E ele te chama por aquele apelido?
— Costumava chamar — Ela estava com a cabeça baixa e podia ver os pés
de Mason a sua frente.
Ela se recordava das inúmeras vezes que amou ouvir aquele apelido e se
recriminava porque mesmo depois de muito tempo ainda sentia na pele dos
arrepios que a sua voz lhe causava ao chamá-la assim.
Seus pensamentos são cortados ao notar o movimento dos pés de Mason ao
dar mais um passo em sua direção cautelosamente.
— Eu... Eu...— Sentia sua garganta se apertar, não conseguia mais dizer
nada sobre ele, não queria falar sobre. Porque tudo não poderia voltar ao que
era há meia hora?
Porque não levei o celular comigo?
Em meio ao seu desespero e tristeza ela não percebe Mason se aproximar
mais, apenas o sente a envolver com seus braços firmes em um abraço forte.
— Tudo bem Lua — Dizia próximo ao seu ouvido — Eu não sei o que ele
fez, mas sei que não foi algo bom e eu o odeio por isso — Sente suas mãos
descerem por suas costas.
Ela estava submersa em lembranças que insistiam em voltar, coisas que
pensara ter esquecido há muito tempo, em um instante ela não estava mais
naquela cozinha e sim correndo.
Sentia o vento gélido daquela noite em seu rosto, de sua boca uma fina
fumaça, causada pelo contraste de seu hálito quente com o ar gelado, saía no
ritmo acelerado da sua respiração. Não sabia aonde ir estava perdida, não
conhecia aquele lugar, tudo o que sabia era que precisava correr e escapar
dali.
Ele vai me pegar, ele vai me pegar. Era o que ela pensava a todo instante,
ela enfim encontra um lugar para se esconder, não estava muito segurava,
mas precisava recuperar o fôlego e então sente dois braços firmes a pegar por
trás a tirando dali.
Medo.
Insegurança.
Raiva.
Tudo isso se passava dentro dela, todos esses sentimentos aglomerados
agora vindos à tona.
— Me larga KIRO! — Ela gritava e se debatia.
— Calma Lua — Ela escutava uma voz — Eu não sou ele— Ela reconhece
aquela voz o seu tom preocupado e aquele sotaque que amava.
Então abre os olhos e encontra Mason a encarando há alguns centímetros
dela, seu olhar era um misto de susto, preocupação e confusão.
— Eu... Não queria — Lágrimas involuntárias rolam por sua face — Eu
sinto muito Mason. Eu não queria.
Mason se encosta novamente na bancada da pia cruzando os braços a sua
frente.
— Assim fica difícil Lua — Ele pausa e esfrega seus cabelos rapidamente
— Eu estou tentando, mas...— Ela o interrompe.
— Eu o amava Mason — Enfim confessa, dizia aquilo em voz alta pela
primeira vez em anos e para sua surpresa escuta ele lhe dizer: — Eu sei — A
encarava com carinho e seu olhar faz com que tenha forças para continuar.
— Ele foi meu primeiro amor, meu primeiro beijo, ele era tudo para mim.
— E também foi sua maior decepção — — Ela se pega concordando com
a cabeça.
— Ele me machucou e a ferida ainda dói.
— Me deixa te ajudar Lua — Escuta sua súplica — Eu posso fazer isso.
— Por favor, Mason, eu preciso ficar sozinha — Sem esperar uma resposta
ou de lhe dar tempo de responder ela sai daquele cômodo indo até o quarto
onde troca rapidamente de roupa, pega sua bolsa retornando à sala passando
em frente à cozinha.
— Você vai embora? — O escutava dizer e sem se virar sabia que ele
estava na porta da cozinha e se encaminhava em sua direção.
— Já disse que preciso de um tempo.
— Você vai realmente deixar esse idiota cretino afetar a gente?
— Você não entende — Se virava bruscamente em sua direção — Eu
preciso de um tempo Mason.
— Mesmo depois de tudo, do que eu disse, eu implorei para você Lua, para
você me deixar ajudar e mesmo assim você escolhe me deixar aqui? Justo
hoje?
— Isso é difícil. Ta legal! Acha mesmo que eu quero isso? Entenda Mason,
você não pode me ajudar, ninguém pode, já tentaram e falharam — Ela
cuspia aquelas palavras pra ele — Sinto muito eu não consigo ser tão aberta
quanto você, mas é assim que eu sou — Ela abre os braços — E se não
consegue entender isso, se não consegue aceitar isso, talvez não devêssemos
seguir em frente — Lágrimas desbotavam em seus olhos — Sabe o quanto foi
difícil finalmente me entregar pra você? Sabe como foi difícil sequer tocar no
nome dele?
— Você acha que não aceito você do jeito que é? — Ele balançava
sutilmente a cabeça.
— Sinto muito, não consigo.
— Sabe qual é o problema Lua? — Agora a raiva era vista em seus olhos,
olhos que ela amava e achava os mais lindos mundo, agora estavam
diferentes, estavam quase negros — Não é o que ele fez que você não aceita e
sim não ter enxergado antes dele fazer, você confiou nele, mas eu te digo Lua
— Ele elevava a voz — EU NÃO SOU ELE, jamais te machucaria e pensei
que isso estivesse bem claro pra você, mas pelo visto não — Ele apertava os
punhos na lateral do corpo — Eu sei o quanto isso é difícil pra você, mas
todos nós temos nossas cicatrizes, feridas do passado que ainda estão abertas,
acredite eu entendo isso — Ele faz uma pausa e agora a tristeza toma seu
olhar — Eu estou aqui, lhe pedindo, implorando que me deixe ajudar, que me
dê uma chance, por que eu sei que nós juntos somos mais fortes, então estou
lhe pedindo que fique aqui comigo.
— Ele era meu melhor amigo Mason, pois isso ficava receosa e com medo
de me entregar a você — Ela larga a bolsa no chão — Mason eu sei que você
não é como ele. Ele me deixou marcas profundas e dolorosas, marcas que
carregarei para sempre comigo querendo ou não.
— Lua eu já te disse isso, eu amo quem você é, e eu não me importo de
você ter tido outra pessoa no passado, você sabe muito bem que eu já tive,
mas é o nosso passado que faz ser quem somos hoje e eu amo você, sem
mudar nada, sei que o que ele fez você carregará para o resto da vida, do
mesmo jeito que eu vou carregar a morte repentina e suspeita dos meus pais
— Ele mantinha o corpo firme — E quanto a ele estar de volta, e daí? Antes
você estava sozinha Lua, agora tem a mim — Ele soltava um longo suspiro
— Olha eu nem sei mais o que estou pedindo— Ele aponta para ela e a bolsa
— É uma decisão que não cabe a mim fazer.
— Você não o conhece como eu.
— Eu não me importo — Ele recolhe o prato do balcão o colocando na pia,
pega o bolo e o devolve na geladeira, apaga a luz e sai pelo corredor.
— Claro que se importa senão não estaríamos tendo essa conversa.
— Essa conversa não é para conhecê-lo, não é essa minha intenção e sim
conhecer você — Ela o vê entrar no banheiro enquanto seguia seus passos
apressadamente — Eu apenas queria uma entrega sua, queria algo que pensei
que eu já tinha.
Lua o via de cabeça baixa com as mãos apoiadas na beirada da pia sua
expressão corporal totalmente rígida.
— Você quer saber o que dizia a mensagem? Ele está com saudades e
deseja me ver, ele me chama de Sakura porque nos conhecemos na época das
cerejeiras.
— Você respondeu a mensagem?
— Não — Respondia apenas.
Ele lava o rosto com a água da torneira, depois o nota por alguns segundos
hesitar, parecia que queria dizer algo.
— Então vai me deixar em pleno meu aniversário? Vai embora assim?
— Por que você se importa com isso? Você não comemora seu aniversário
mesmo, não se importa com essa data, se eu não te trouxesse bolo você não
faria nada — Seu tom de voz estava um pouco alto despejando essas palavras
sobre ele.
Ele não se move, mas sua expressão se torna triste e ela se matava por
dentro por dizer essas coisas a ele, por ser a causadora daquelas expressões
que ele lhe mostrava, percebeu o quanto aquelas palavras o atingiram.
— Sabe por que nunca comemoro meu aniversário? — Ele encarava seu
reflexo — Eu finjo que esqueço.
— Por quê?
— Meus pais foram enterrados nesse dia, bem pelo menos os caixões
vazios deles foram — Ele apertava as laterais da pia — Eu só não acho um
dia para muita comemoração.
Ela engole em seco. Kusuri Lua porque não calou a boca?
— Kono...— Sua voz sai envergonhada. Via a força que ele estava
fazendo, via seus olhos ficarem vermelhos, ele estava se segurando para não
desabar na frente dela.
— Eu não sabia.
— Então se não sabe é melhor não dizer nada — Diz rispidamente.
— Kono eu sinto muito.
— Esquece Lua — Ele sai do banheiro com passadas fortes.
Não sabia o que fazer, não sabia aonde ir, não sabia se o seguia ou não, não
sabia se ele a queria ali. Estava parada no meio do corredor, ela vira quando
ele saiu do banheiro lágrimas que ameaçavam a escapar, Lua só tinha visto
Mason assim quando sua mãe passara mal e ela detestara aquilo.
Não queria ter feito aquilo, ter-lhe dito aquelas coisas, não queria que
aquela noite acabasse daquela maneira, mas o que ela poderia fazer? Aquilo
estava gravado em seu sangue, então como sempre fizera quando o problema
era grande demais para encarar, ela foge. Vai até a sala, pega sua bolsa do
chão, abre a porta da frente e parte. Kiro novamente a manipulava, mandava
em sua vida, ela ainda não estava livre de sua influência e se perguntava se
um dia estaria.
Ela esperava o elevador no corredor, sempre olhando em direção a porta do
apartamento de Mason, e quando ela escuta o bip e em seguida a porta se
abrir ela entra de coração partido por deixá-lo sozinho. Mas se ela não
conseguia encarar o problema do seu passado, como que poderia contar a ele?
Se ela não aceitava como poderia esperar que outra pessoa o fizesse?

Mason Carter Aquele dia realmente não estava indo como ele imaginara.
Tudo estava indo muito bem, maravilhosamente bem na verdade, Lua estava
lá com ele mais um ano em seu aniversário. Não gostava de comemorar
aquela data como dissera a ela, ele fingia que ela não existia, mas Lua nunca
deixava passar em branco e ele gostava de saber que ela se lembrava dele e se
preocupava em lhe comprar um bolo e lhe dar presentes, não se importava
que ela lhe fizesse tais coisas, pois ela amava aniversários e a animação dela
perante essa data era tão contagiante que ela era a única pessoa com quem se
permitia se sentir relaxado e feliz naquele dia.
Mas então os problemas começaram e a maldição daquela data enfim se
manifesta o tirando até aquela única alegria que ele se permitia sentir.
Quando ele vira a mensagem no celular dela e compreendera aquelas poucas
palavras, sentira algo que nunca havia sentido, como lhe dissera se sentira
enganado, sentia que Lua mentira para ele, e tudo aquilo misturado com o
peso que aquela data tinha sobre ele, era praticamente insuportável dentro do
seu peito. Sentia o aperto em seu coração, o peso e precisara se sentar e era
onde agora se encontrava.
Sentado em sua cama ele tentava entender o porquê Lua sentia tanta
dificuldade em se abrir com ele, ele sempre achara que tinha sua confiança,
sempre achara que ela nunca mentira, pois ele não fazia aquilo, nunca mentira
sobre nada, talvez o erro dele fosse que esperava que as pessoas sempre o
tratassem como ele as tratava, talvez fosse por ter esperado muito dela. Sabia
que algo muito ruim deveria ter acontecido no passado de Lua com Kiro, mas
ele não queria saber o que ele fizera, bem na verdade queria e muito, mas ele
não lhe perguntara aquilo por ser algo difícil para ela, tudo o que queria era
que ela o visse como parte dela, queria que os visse como um nós e não mais
como indivíduos separados.
Pra Mason quando se decide estar em um relacionamento com alguém
você tem que estar por inteiro, acreditava que a base de tudo era a confiança e
por mais que Lua dissesse que ela confiava nele, ele não conseguia ver
aquilo, não se sentia parte de um nós, não naquele momento pelo menos, não
que ele tivesse muita experiência no assunto, mas imaginava que deveria ser
assim. Pela primeira vez desde que conheceu Lua ele duvidou dela e aquilo
estava acabando com ele.
A gente pensa que conhece uma pessoa, se abre, a deixa entrar em seu
mundo, pensa que ela confia em você do mesmo jeito que você nela, mas
então se depara com a dúvida. Depara-se com o grande e terrível SE.
Enquanto sua cabeça refletia sobre aquela noite e a tentava compreender
Mason escuta o pior som que poderia ter ouvido a noite toda. Ele escuta a
porta da frente se abrir e fechar, então soube que ela havia ido embora.
Como se aquele som fosse um tiro iniciando em uma corrida, as lágrimas
que lutava para segurar começam a escorrer, caindo de seus olhos e
molhando suas bochechas e se perdendo nos pelos da sua barba. Aquilo doía
muito, doía ao perceber que ele não era o suficiente, que o amor dele não era
o suficiente para fazê-la se abrir e confiar.
Ele sabia que era algo difícil para ela, entendia isso e não a julgava pelo
medo que ela sentia. Aquele cara devia tê-la decepcionado demais, a deixara
com profundas marcas, também sabia que não havia sido correto olhar seu
celular, mas pensava agora que se ele não o tivesse feito talvez nunca
soubesse sobre aquilo, pois suspeitava que ela nunca contasse sobre Kiro
enquanto ainda estivesse viva.
Talvez fosse egoísmo dele por pensar que se ele se abrira ele também
merecia o mesmo. O que lhe contara também era complicado pra ele, não
gostava de falar sobre o passado da sua família, mas lhe contara,
compartilhara coisas que nunca havia feito antes, falara sobre seus pais, o
pouco que sabia sobre eles, falara sobre as suspeitas que possuía sobre a
morte deles, contara até por que nunca comemorava o aniversário.
Ao lembrar-se disso mais lágrimas caem, chorava silenciosamente em seu
quarto, e se lembrava que todo o ano nessa época Melissa o levava para
visitar o tumulo dos seus pais em Dallas, eram um ritual que tinham. Melissa
nunca o deixou esquecer-se de onde viera e quem era. Fazia agora quase seis
anos que não visitara mais aquele lugar. Melissa sabia o quanto ele não
gostava de comemorações nesse dia, então todos os anos lhe fazia um
pequeno bolo ou torta e lhe deixava escolher algo como presente e ele sempre
lhe pedi para levá-lo até Dallas visitar o que antes fora o grande patrimônio
da sua família e o lugar onde seus pais descansavam.
Sozinho em seu apartamento ele nunca sentira tanta falta de seu país, de
sua casa. Nunca quis tanto estar em outro lugar em toda sua vida. Queria
poder voltar no tempo e viver com sua mãe na casa deles em Bridgeport.
Depois de um tempo seu choro cessa e ele enfim se levanta, vai até a sala
tranca a porta, apaga as luzes, vai até seu quarto, fecha a porta, não antes de
Gandalf, seu fiel guarda costas, entrar. Ele retira a calça que a pouco vestira,
não gostava de dormir de pijama, preferia ficar somente com a cueca, se
sentia mais confortável. Entra embaixo da coberta e fica encarando o teto
escuro do quarto, iluminado somente pela fraca luz da lua que vinha da
janela.
Segundos depois sente Gandalf subir na cama e se aconchegar ao seu lado,
colando seu corpo peludo no dele. Mason abaixa seu braço e o acaricia com
mão. Eles se mantinham em silêncio, amava isso naquele gato, ele sempre
parecia saber o que Mason precisava.
— Feliz aniversário pra mim Gandalf — Diz no escuro e escuta um miado
leve e baixo em resposta.
“Às vezes precisamos de um choque para perceber o que realmente importa.”
Kara Joel

Luna Iasune Lua havia saído com seu carro, mas não fora para casa, ficou
dirigindo pelas ruas da cidade durante duas horas. As pessoas ainda dormiam
e o céu estava escuro, porém sem estrelas como se ele compartilhasse a dor
que havia em seu peito. Ela dirigia pelas avenidas sem rumo, sua mente
estava confusa, na verdade sempre fora e quanto mais ela acelerava mais dor
sentia. Os nós de seus dedos estavam brancos tamanha era a força com que
apertava o volante. Talvez essa fosse a razão de nunca se envolver com
alguém, nunca ter se entregado totalmente a alguém. Essa dor é insuportável.
Quando isso finalmente aconteceu com Mason uma parte dela se sentiu
livre, só que a questionar sobre seu passado a lembrava o quanto ainda estava
presa, era como se sentisse as amarras em seus pulsos a puxando e a
machucando. Não era fácil, havia sido doloroso e traumático. E ela encarava,
ou melhor, ela não encarava aquilo como devia.
Por que ele tinha que ver as mensagens? Pensava. Se tivesse apagado ou
levado o celular com ela nada disso estaria acontecendo, a raiva estava
presente, afinal era sua privacidade que ele invadira, ele a pressionara a falar
e Lua odiava isso odiava ter que fazer algo que não queria, não iria se
submeter a isso novamente. Por muito tempo deixou suas escolhas serem
feitas por outra pessoa, deixou sua vida ser guiada por outra pessoa.
Enquanto ainda dirigia sem rumo pelas ruas da cidade adormecida, sentia
uma necessidade imensa de gritar, precisava colocar toda aquela dor e
frustração para fora e é exatamente isso o que faz. Com toda força que
conseguia de seus pulmões ela gritou, deixando sua voz ecoar pelo interior do
carro até seu fôlego se esgotar.
Mason tem razão. Ela se pega pensando.
Ela não sentia raiva de Mason, ela sentia raiva de si própria. Por não
perceber quem Kiro era a tempo, estava cega demais, apaixonada demais e
manipulável demais. Existe momentos na vida que é quase impossível conter
nossa revolta em relação a algo, se ela pudesse voltar no tempo faria tudo
diferente. Sequer falaria com ele naquele corredor.
Como queria pegar essas lembranças, dor e raiva colocá-las dentro de um
envelope e mandá-las para longe. Ela pensava, estava cansada de tudo isso.
Era uma madrugada fria, queria estar nos braços dele agora o consolando
pelas duras palavras que dissera e sendo consolada por ele, como sabia que
ele faria. Havia dias bons dos quais Lua sequer pensava sobre isso e havia
dias ruins dos quais ela passava pensando no que a tinha acontecido, sentia
angustia por não contar nada. Lua dizia que o tempo todo que não sentia
nada, mas eram apenas mentiras criadas por sua mente, ela sentia desprezo,
medo, ou seja, o que ela sentia apenas mantinha escondido na parte mais
profunda de seu coração e agora esses sentimentos estão ressurgindo, mas
aquilo tinha que parar.
Depois de um tempo dirigindo, relembrando, pensando nos próximos
passos, decidi voltar. Não queria perde-lo e ela sabia que se aquilo
continuasse o perderia e isso doeria mais do que qualquer outra coisa. Lua se
recusava a deixar-se ser mais uma vez manipulada, aquilo precisava ter um
fim.
Ela dá à volta na rodovia principal, nem notara que havia ido para tão
longe.
Depois de vários minutos se encontrava parada no estacionamento do
prédio dele, reunia toda coragem que tinha para entrar lá, rezava para que ele
não a rejeitasse por ter fugido, clamava agora por seus beijos e perdão havia
sido uma idiota e não tirava a razão dele de se chatear.
Isso tudo é culpa sua falava para si mesma.
Lua sabia que precisava enfrentar aquilo, então ela pega toda a coragem
que conseguira reunir, sai do seu carro e caminha até o apartamento de
Mason, passando pela portaria e pegando o elevador.

O apartamento estava escuro e silencioso, ela usara a chave que ele lhe
dera deixa sua bolsa perto da entrada e segue pelo corredor.
Ao abrir a porta do seu quarto, Lua o encontra deitado em sua cama com
Gandalf ao seu lado, ambos iluminados apenas pela luz da lua que entrava, o
gatinho a avista levanta suas orelhas em alerta e solta um leve miado
anunciando que Lua estava ali.
Ela vai até os dois e afunda seu peso no colchão, não sabia se ele estava
acordado, sentada de costas para Mason ela começa a falar.
— Sei que não vai ser o suficiente, mas eu sinto muito— Ela faz uma
pequena pausa — Eu te amo Mason não sei o que faria se te perdesse.
— Por que você voltou?
Ela notara sua voz fraca e tristonha e se xingava por ser ela a causadora
daquilo tudo.
— Por que não suporto ficar longe de você.
— Você vai ficar? — Sua voz quase uma súplica.
— Sim eu vou — Ela encarava suas mãos no escuro — Eu não sei o que há
comigo Mason, não entendo porque não consigo falar — Ela não conseguira
segurar as lágrimas — Ele me magoou tanto — Sua voz estava trêmula —
Sofri cada minuto, cada dia e os dias depois daquele — fungava, suas
lágrimas banhavam seu rosto— Tudo era perfeito e então ele... Fez... Eu não
pude fazer nada — Ela sentia seu corpo tremer.
— Não precisa me dizer o que ele fez, eu não quero saber.
Lua não conseguia encontrar o ar para preencher seus pulmões.
— Não consigo respirar — Ela dizia com dificuldade sentia seus
batimentos cardíacos acelerarem.
— Deita aqui comigo — O escuta pedir.
Ela o vê retirar com cuidado Gandalf de cima da cama e a puxar para junto
de seu peito. Lua se aconchega em seus braços como uma garotinha ferida,
seu corpo tremia tanto que parecia estar muito frio.
Ela sentia as mãos dele se moverem em seus braços a acalentando.
— Me desculpe — Ele lhe diz.
Por que ele estava pedindo desculpas? Eu é que deveria pedir — Pelo o
que? Você só estava preocupado.
— Eu não devia ter invadido sua privacidade e nem gritado com você.
— Você estava preocupado comigo, no seu lugar eu faria o mesmo.
— É só que hoje não é um dia muito bom — Ela o escuta o nariz dele
fungar, suspeitava que ele estivesse chorando ou havia chorado.
— Não, não é, tirando a parte que me vesti de tenente claro — Ela tentava
amenizar o clima que se instalara.
Podia ouvir a risada fraca dele.
— Melhor presente que poderia ter me dado hoje.
— Sinto muito por tudo.
— Tudo bem Hobbit, eu meio que pressionei você. Mas ainda bem que
voltou porque hoje eu não gosto muito de ficar sozinho.
Sentia a dor em suas palavras. Compreendia o que ele sentia. Perder os
pais daquela maneira e ainda permanecer anos no escuro sem saber o porquê,
imaginava que deveria ser a pior das dores. A da incerteza.
— I’am Here .
[31]

— I know, eu te amo Hobbit.


— Eu também te amo Kono baka.
O silêncio se instala por alguns minutos, ela encarava o escuro do quarto e
achava que Mason havia dormido, mas então ela tem certeza que ele devia
estar mergulhado em lembranças, pois ele lhe surpreende entrando em um
assunto que sabia que ele não gostava de tocar.
— Sabia que minha mãe era ginecologista?
— Meu pai era veterinário. — Lua nunca havia falado abertamente sobre
seu falecido pai. Era uma ferida já cicatrizada só que ainda doía.
— Ela amava crianças.
Ela o escutara dizer com carinho, Mason amava seus pais apesar de não ter
tido muito tempo com eles, mesmo não sabendo muito sobre eles.
— E você? — Ela lhe pergunta.
— Eu gosto de crianças e você?
— Eu gosto muito, não na verdade eu amo, sinto desejo em ser mãe um
dia.
— Um dia também quero ser pai apesar da ideia me deixar um pouco
nervoso.
Ela suspirava em seu peito, sentia-se um pouco mais relaxada.
— Você pode dormir com minha camisa como sempre faz?
— Você quer que eu durma?
— Sim, prometo não atacar você.
Sorrindo ela se levanta e pega a camisa que estava jogado no chão. Lua
retirava sua calça jeans e sua blusa de costas para Mason, ela veste a camisa
dele que não ia nem até metade de suas coxas então após se trocar ela volta
para o lugar onde pertencia nos braços dele.
— Confesso que minha camisa fica melhor em você.
Lua sorria aconchegada, o sentia a puxar cada vez para mais perto logo em
seguida beijando brevemente a curva de seu pescoço.
— Eu meio que escolhi minha profissão para me sentir mais próximo da
minha mãe — Ela o escuta suspirar — Sei que pode parecer besteira, mas
fazia sentido quando escolhi qual área seguir. É como se eu estivesse
continuando algo que ela não teve a chance.
— Ser veterinária não foi minha primeira opção.
— Não consigo imaginar você sendo outra coisa Hobbit.
— Nem sendo uma investigadora no setor criminal?
— Muito menos isso. Era o que você queria fazer?
— Era o que ele queria que eu fizesse — Ela sente Mason acariciar
carinhosamente suas costas — Para ficarmos perto um do outro.
— E você fez isso?
— Por um tempo sim. Eu o amava e isso me fazia ser facilmente
manipulável por ele.
— Não consigo imaginar você sem o cheiro de cachorro — Ela agradecia
silenciosamente por forçá-la a dizer mais nada, estava deixando ela se soltar
ao seu tempo.
— Obrigada — Ela ri — Eu acho. Não consigo imaginar seus dedos seu o
cheiro de placenta — Ela devolve sua provocação.
A risada dele ecoa pelo quarto.
— Me lembro quando contei a ele sobre ir para a América, nossa ele ficou
muito bravo e me convenceu a ficar com ele.
— Lua ele é um cretino filho da mãe, não vale a pena que sofra por ele,
não vale a pena perder seu tempo pensando nele, ele não merece.
— Você tem razão. Então vamos falar de outra coisa.
— Hobbit qual era o nome do seu pai?
— Ele se chamava Heitor.
— Posso fazer outra pergunta?
Ela o escutava pedir com cautela.
— Sim.
— Por que você usa o sobrenome do seu padrasto?
— Bom quando nos mudamos para o Japão minha mãe teve um casamento
cívico com meu padrasto e nas leis japonesas uma mulher que já tenha sido
casada e possua filhos ao se casar novamente todos os integrantes da família
precisam adotar o sobrenome do conjugue para garantir cidadania, pelo fato
de sermos estrangeiras precisávamos do visto permanente então eu adotei de
bom grado o sobrenome Iasune.
— Lá as coisas são meio estranhas.
— Não diria estranhas, diria disciplinadas.
— Estranhamente disciplinadas, melhorou?
Lua sorri de lado ele parecia também ter relaxado.
— Sua mãe não sente saudades do Brasil?
— Sim às vezes, mas seu coração está com Yuri e onde ele estiver ela
estará.
— Eu a entendo.
Ela apenas dá de ombros — Yuri é um bom homem, demorou um pouco
até chamá-lo de pai, ele sempre me apoiou.
— Quando ela vem te visitar? Queria muito conhecê-la.
— Eu não sei Kono, mas vocês se dariam bem já o meu padrasto duvido
muito. — Ela continha sua risada.
— Por quê?
— Mason— Ela solta um risinho contido — Meu padrasto é muito
tradicional, ele segue os costumes ao pé da letra, é muito ligado as regras e
etiqueta e muito rígido quando o assunto sou eu, acho que pelo fato de não ter
tido outros filhos e você bem — ela procurava as palavras certas para defini-
lo — Você é irônico até quando não tenta ser, imagina se meu padrasto
descobre que fui para cama com você antes do casamento? Ele surtaria, não
quero causar um infarto no homem que minha mãe ama.
— Acha que não sei ser versátil?
— Seu versátil é muito diferente do dele.
— Você contou a sua mãe sobre nós Hobbit?
— Claro que sim nos mínimos detalhes.
— Todos os detalhes? — Ela podia ouvir sua voz surpresa. — Quão
profundos foram seus detalhes?
— Bom digamos que eu contei até mesmo sobre “Você é quietinha ou
adora gritar? Vamos descobrir” — Ela fazia aspas com as mãos.
— Não acredito que disse isso a ela. Sua Hobbit pervertida!
A risada livre e descontraída de ambos preenche o quarto e o clima que
antes estava pesado se suaviza.
— Não vai querer saber sobre quando eu a contei sobre se você era grande
ou não.
— Contou até isso para sua mãe? Aposto que você não encontrou palavras
que descrevessem a magnitude.
— Eu não descrevi você foi meu primeiro não tenho experiência e nem vi
outros para comparar- — Ela decide provoca-lo um pouco — Ela me disse
que é mito o que dizem sobre os japoneses, quer ouvir?
— Pênis de japoneses não é um assunto que me chame a atenção.
— Ai meu Deus Mason!— Ela sente suas bochechas pegarem fogo — Não
acredito que disse isso, agora estou pensando em pênis de japoneses.
— Prefiro que pense no meu.
— Mason! — Ela pensa que suas bochechas vão explodir.
— Você que começou — Ela o vê se virar pra ela — Amo te deixar
constrangida, mas fico pensando como que você conversa com a sua mãe
sobre isso, se esconde embaixo da cama ou quando cora se esconde embaixo
da coberta como agora?
— Com minha mãe é diferente.
— Tenho até medo de perguntar sobre o que mais você conversa com a sua
mãe— Ela escuta sua risada.
— Tenho uma curiosidade Kono. Por que tem tanto fascínio pelo meu
pescoço?
Isso era algo que ela sempre pensara em perguntar, mas nunca havia tido a
oportunidade.
— Nunca ninguém me perguntou isso antes.
— É que é o lugar onde você mais me beija depois dos meus lábios. Se
fosse pálido desconfiaria que fosse um vampiro.
— Acho que é por que o pescoço é uma parte sensível do corpo, uma
região delicada e quando a beijo ali você solta gemidos que eu amo ouvir e eu
meio que sempre tive certa fascinação por pescoço, todo mundo tem uma tara
por alguma coisa a minha é o pescoço.
— Sabe que olhando seu porte você não seria um vampiro, seria um
lobisomem — Ela o sentia novamente beijar seu pescoço e solta um baixo
gemido de satisfação.
— Acha que combinaria mais com o estilo lobo?
— Sim e você até me lembra um em especial que protagoniza uma série
que gosto.
— Aquele que você acha gostoso?
— Vou utilizar meu direito de ficar em silencio.
— Quem cala consente, não precisa confessar Hobbit eu sei que você acha.
Aliás qual a sua tara?
— Gosto de barba
— Por isso nunca tiro a minha.
— Até por que se tirasse eu não iria mais para cama com você até ela
crescer.
— Não tem curiosidade de me ver sem ela?
— Não! — Ela dizia com firmeza, Lua amava aquela barba e amava
quando ele a beijava e sentia seus pelos roçarem em sua pele.
— Ok, senti uma ameaça.
— É bom mesmo — Ela sorria, amava o clima que os rondava, era
confortável e estava ajudando a ambos a se abrir e compartilhar sobre o
passado — Me fale sobre os Estados Unidos agora.
— O que quer saber?
— Humm...— Ela buscava alguma coisa para lhe perguntar, queria
conhecer Mason por inteiro, saber tudo sobre ele, cada detalhe do Mason
antes dela aparecer na sua vida — Você se fantasiava de Kirk no Halloween?
— Não me fantasiava de Spock é claro, de super-heróis — Ele começa a
rir — Minha mãe geralmente me fantasiava de Thor porque eu sou loiro e
quando criança tinha os cabelos mais compridos.
— Sua mãe é muito criativa.
Ela ria muito e ele também, passar aquele tempo com ele deitados lado a
lado apenas conversando, era maravilhoso e sentia a nuvem negra sobre
ambos se dissipando, era como Mason dissera para ela, ele podia ajudar e ele
estava fazendo isso naquele momento.
— No seu país vocês comemoram dia de Ação de Graças né?
— Sim é bem tradicional, tão importante quanto o natal. É um feriado com
muita comida, minha mãe sempre fazia um banquete para nós dois,
comíamos peru e farofa por dias — Pelo tom de sua voz ela sabia que ele
sorria ao contar.
— Está me dando fome. Você colocava leite e biscoitos para o Papai Noel?
Ela o vê se levantar da cama e ir em direção a porta.
— Sim eu colocava sempre quando criança — O escuta gritar do corredor.
Minutos depois ela o vê voltar com dois pratos nas mãos e neles uma fatia
de bolo para cada. Ela pega um dos pratos e ambos ficam sentados na cama
se deliciando com chocolate amargo e morangos, o favorito de Mason como
ela bem sabia.
— Mason você nunca mais visitou o túmulo dos seus pais?
Com seus olhos acostumados a aquela pouca luminosidade, agora ela via
as coisas com um pouco mais clareza e o vê encarar o pedaço de bolo no seu
prato enquanto mastigava antes de responder.
— Desde que eu vim para o Brasil nunca mais fui lá. Mas antes disso eu
visitava todos os anos nessa época com a minha mãe.
— Melissa nunca se casou ou teve filhos?
— Ele teve uns três namorados que eu me lembre e um deles foi sério, ele
até morou com a gente na minha adolescência. Eu gostava dele, minha mãe
até havia contado para ele que eu era tipo adotado, eles estavam tentando
construir uma vida juntos e então minha mãe descobriu que ela não pode ter
filhos e ele meio que não aceitou muito bem.
— Que babaca.
— Ele é. Sua mãe não teve mais filhos por escolha ou porque nunca deu
certo?
— Acho que ela ficou tão feliz com o resultado da primeira vez que
decidiu que uma estava de bom tamanho.
— Convencida.
— Realista — Ele a encarava sorrindo — E também por que Yuri passou
por uma cirurgia há muito tempo e não pode mais ter filhos.
— Ta explicado, se eles tivessem a chance — Ele ria dela — Teriam
tentado para poder fazer o serviço direito dessa vez.
— Bem que você gosta de brincar com esse erra aqui né.
— Com certeza, porque a minha perfeição completa a sua não tão perfeita
assim — Ele abre o seu costumeiro sorriso de canto.
Ela revira os olhos e come mais um morango do seu prato e o nota se
inclinar em sua direção se aproximando dela.
— Sabe nunca beijei alguém com gosto de chocolate antes.
— Sinto muito eu só comi os morangos.
— Sabe que é minha fruta favorita — Ele se inclina mais.
Pega o prato das suas mãos colocando o dele e o dela no criado mudo ao
lado, ele estava bem perto, sua respiração batia em seus lábios, ela fecha os
olhos e inspira o aroma do seu hálito doce.
— Sabe também nunca beijei alguém com gosto de morango antes — Ela
sente o roçar de seus lábios nos dela e em seguida sente o encaixar
perfeitamente e com a língua invadir seu interior. Ela abre mais seus lábios se
permitindo ser invadida.
Ela correspondia seus beijos e leva as mãos até os cabelos bagunçados de
Mason enterrando seus dedos neles.
Ela o escuta gemer entre seus lábios.
— Amo quando faz isso — ele lhe dizia.
Ela sente suas mãos firmes a pegarem pela cintura a empurrando de leve
para fazê-la deitar. Ela sentia o pesar do seu corpo sobre o dela, o toque
carinho de suas mãos em suas coxas e seus beijos úmidos se intensificarem.
— Eu gosto tanto de beijar você.
— Eu também — Ela afasta as mechas dele que cobriam parte de seus
olhos as jogando para trás.
— Hobbit? — O escuta chamar.
— O que? — Perguntava levando as mãos em encontro ao seu peito, o
sente colocar a mão por dentro da camiseta que ela vestia.
— Porque você esperou tanto tempo para transar com alguém?
Ela interrompe o beijo afastando o rosto dele. Aquilo era um assunto do
qual nunca falava, tinha seus motivos, e esse motivo tinha um nome, quatro
letras para ser mais exato.
Ela pensa em quanto tempo fora covarde, pensava em todas as coisas que
se negara fazer por causa dele, oportunidades que perdera, a vida que poderia
ter tido se não o permitisse tomar conta da sua vida. O tempo que perdia
tendo medo de perder as pessoas que ama só ocupava o tempo que Lua
poderia estar vivendo com elas. Se você passar muito tempo tendo medo de
perder os outros acabará perdendo a si próprio, que era o que havia
acontecido com ela, Kiro tomara conta de sua vida, lhe tirara a própria
identidade, ela fazia somente o que ele queria que ela fizesse.
— Não foi nada eu só achava que não era a hora certa — Aquilo não era
mentira, mas também não era totalmente verdade. E como sempre ela sabe
que Mason percebera.
— Desculpe se toquei em um assunto delicado.
— Ta tudo bem Kono. Eu só nunca me senti à vontade exceto com você —
E também com Luis, ela pensa. Mas era diferente, na época ela achava que
poderia amar Luis, que ele era o cara certo.
É certo quando dizem que a pessoa certa para nós está sempre ao nosso
lado, é a pessoa que menos esperamos, basta virar a cabeça e ver, mas na
época com Luis ela estava olhando para o lado errado.
Mason aproxima seu rosto beijando seus lábios com carinho, sai de cima
dela e se deita ao seu lado na cama.
— Obrigado por confiar em mim. Eu acho que nunca fui o primeiro de
ninguém na vida, pelo menos eu acho que não.
— Se formos consultar a sua lista de mulheres que já passaram por sua
cama iríamos passar a noite aqui.
Ela escuta sua risada rouca.
— Não é assunto para se falar com a namorada, apesar de você já saber
boa parte das minhas histórias.
— Sim eu sei. Como aquela morena que você dispensou quando ela queria
que você conhecesse os pais dela — Ela começa a gargalhar, ela daria tudo
para ter visto a cara dele naquele dia.
— Nem me lembre disso. Você conhece a pessoa em uma festa, transa com
ela e no dia seguinte você apresenta para seus pais? Onde há sentido nisso?
— Queria tanto ter visto a sua cara. Ela acordou e foi tipo, mãe, pai esse
aqui é o cara com quem transei ontem à noite — Ela ria tanto que sentia sua
barriga doer.
— Não foi muito diferente disso.
— Vai Kono me conta a sua pior transa. Foi quando sua mãe te pegou com
a namoradinha do colégio?
— Aquela vez nem conta, não fizemos nada, não deu tempo.
Ela vira a cabeça na sua direção, o encarava contra a luz da lua e aguardava
a história que ele contaria. Ela não via sua expressão, suas feições estavam
encobertas pelo escuro do quarto.
— Eu acho que uma das minhas piores foi na faculdade. Ela era uma líder
de torcida.
— Claro que era — Ela revira os olhos — Vamos lá me dá um B, me dá
um A, me dá um K, me dá um A. Vai Kono baka!! — Dizia com movimentos
ensaiados que havia visto em filmes, ela se contorcia de rir e escuta a risada
dele.
— Ela era muito bonita e todos os caras de várias fraternidades queriam
ficar com ela, mas nenhum havia conseguido. Eu apenas fui até ela em uma
festa e conversei com ela, usei meu charme natural, a fiz rir e ela foi ficando
mais confortável. Então a convidei para ir até um lugar mais tranquilo e ela
aceitou, praticamente me arrastou para fora da festa — Ela escutava com
atenção, queria saber até onde essa história iria — A cara dos meus amigos
da fraternidade era a melhor parte, bem a única parte que valera a pena na
noite, ninguém acreditava que eu tinha conseguido.
— Claro que você iria conseguir — Ela revira os olhos — E o que houve?
Ela não soube torcer direito?
— Na verdade ela torcia demais.
— Como assim? Não entendi — Ela levanta um pouco o tronco se
apoiando nos cotovelos.
— Ela era extremamente barulhenta, mas não do jeito sexy, ou dando
gemidos e gritinhos como você faz que é muito excitante, mas ela não, ela
gritava e literalmente torcia, ela era líder de torcida até na cama.
— Ai meu Deus — Começa a gargalhar novamente, caindo de costas na
cama — O que você fez? Agora estou imaginando como foi.
— Eu fui até o fim, mas pense como foi difícil, o maior sacrifício que já
fiz. ARGH Hobbit porque teve que me lembrar disso, eu tinha esquecido.
— Mas e depois?
— Não houve nada, eu a levei embora e fui dormir. Acho que fiquei surdo
no dia seguinte e fiquei sem pegar líder de torcida por um longo tempo.
— Ok Kono, vou te contar uma coisa, mas não é para rir — Ela se
endireita na cama, suspira fundo. Não acredito que vou contar isso, pensava
— Eu saí com um cara uma vez na faculdade e ele era muito bonito, estilo
modelo perfeito. Fomos a um restaurante e estava indo tudo bem, até que ele
pediu para ver meu pé, literalmente, ele tinha fetiche por pés. Ele ficava
olhando como se fosse o santo Graal, mas essa não foi a parte esquisita, ele
tirava fotos dos pés das garotas na faculdade e guardava em um álbum.
— Meu Deus — Agora era a vez dele de gargalhar— Que estranho, como
tem gente doida por aí. Pelo menos ele não gritava no seu ouvido VAI
BULDOGUES!!
— Ela gritava?
— Eu disse que fiquei surdo no dia seguinte.
— Conheci um cara muito arrogante uma vez e me apaixonei por ele.
Posso dizer com toda certeza que ainda o amo.
— Então disputo seu coração com alguém?
— Claro que não, meu amor por ele é bem maior. Mesmo ele sendo
sarcástico e irônico e mesmo ele as vezes agindo como um vampiro e adorar
meu pescoço e praticamente ter me atacado na sala de casa.
— Me acha arrogante Hobbit? — Ela o vê erguer sua sobrancelha.
— Claro que não senhor perfeito.
— Acredite já fui pior.
— Quer dizer que solto gemidos e gritinhos sexys?
— Você não solta?
— Não sei, não presto atenção.
— Ahh Hobbit você solta e é muito excitante — Ele deita de lado e
começa a acariciar o abdômen dela por debaixo da camiseta, afundando a
cabeça na curva do seu pescoço.
Lua solta um gemido baixinho quase como um ronronado, não conseguia
resistir era mais forte do que ela, esse desejo de sempre o deixar sem
resposta, mesmo sabendo que nunca conseguiria. Ela inclina-se um pouco se
aproximando do seu ouvido e fala baixinho.
— Vai Buldogues — E começa a rir.
— Há alguma chance de você se esquecer disso?
— Não mesmo.
Ai meu Deus será que finalmente consegui? Deixei Mason Carter sem
saber o que dizer? Sem alguma resposta rápida ou provocação.
— Então preciso conferir uma coisa.
Ele sai de cima dela indo até a ponta da cama. Ela o olhava com
curiosidade pegar um de seus pés o olhando bem de perto.
— Nossa não é que ele tem razão, olha só esse pé, é digno das passarelas e
do book dele — Ele analisava seu pé perto dos olhos — Olha só que
alinhamento perfeito dos ossos do Tarso, incrível, sexy — Ele dobra o dedão
dela — Olha só essa articulação, perfeita — Ele passa o polegar pelo
calcanhar — Olha a curvatura desse calcanhar, ângulo perfeito, nossa acho
que tenho um novo fetiche.
Porque meu Deus? Porque nunca consigo? Uma vez só é pedir muito? Está
ainda para nascer alguém que vá deixar esse homem sem uma resposta.
— Ai Kono quer largar o meu pé — Ela o chutava levemente tentando se
livrar de suas mãos. Ele se engatinha na direção dela.
— Você realmente tem um belo pé, não quero nem saber mais do seu
pescoço — De joelhos ele coloca um braço de cada lado do seu corpo.
— Talvez eu abandone a fantasia sexy da tenente e passe a adotar pom
pom.
— Nem pense nisso Hobbit, se você quiser fazer amor comigo — Ele
inclina a cabeça e ela sente as pontas dos seus cabelos roçar em sua testa. Ela
o empurra ficando por cima dele, se sentando com uma perna de cada lado no
quadril dele.
— Acho que eu daria uma ótima líder de torcida.
— E eu daria um ótimo ortopedista.
— Não daria não. Porque assim você não saberia tocar uma mulher a não
ser nos pés delas.
— Então você pensa que você seria prejudicada por isso?
— Eu e metade da população feminina da cidade.
— Lá vem você de novo com essa história de metade da cidade, já disse
que aqui é muito grande — Ele começa a subir as mãos por debaixo da
camiseta dela — Acho que ¼ é melhor — Sorri sarcasticamente.
Ela solta um gemido ao sentir suas mãos subirem vagarosamente pelo seu
corpo, arrepiando sua pele.
— Então eu sei onde tocar? — Ele massageia seus seios.
— Não se gabe — Ela inclina se inclina para trás tirando as suas mãos a
contragosto descendo do seu colo voltando ao seu lado na cama.
— Se você se sentiria prejudicada é porque você gosta do que eu faço.
— Você é muito chato às vezes.
— Eu sei você não cansa de dizer.
— Tem uma coisa que queria saber Kono. O exato momento em que soube
que sentia algo a mais por mim.
— Acho que na noite do ano novo japonês, você começou a se aproximar
de Luis só que na época eu não reparei nisso, eu achei que era apenas ciúmes
de amigo, mas depois de uma sessão de terapia com um gato cinza eu percebi
que talvez o que eu sentia tinha outro nome— Ele faz uma pausa — E você
quando percebeu que sente algo por mim?
— Acho que sempre senti, mas só admiti para mim mesma no jantar de
casais que fomos com Luis e Bárbara.
— Naquele dia que fui à sua casa e você me atacou com as flores eu fui até
lá para dizer que te amava.
— Eu sei.
— Mas enfim já passou e olha para a gente agora, deu tudo certo até dando
errado— Ele descansa a mão em sua barriga — Só fiquei com um leve
trauma de buque de flores, mas nada que uma longa e bem demorada sessão
de beijos e caricias não resolva.
— Eu cobro caro por sessão. Sabe minha coleção de HQ do The Walking
Dead está incompleta.
— Terei o maior prazer em completar a sua coleção — Sorri de canto —
Literalmente muito prazer. Prepare a sessão porque vou cobrar. Amanhã
mesmo vou comprar umas 10.
— Então vou te dar uma amostra grátis — Ela fica sobre ele novamente e
começa a beijar seu pescoço, peito e abdômen, brincando com sua língua em
sua pele. O escuta soltar um gemido rouco.
— Está ficando difícil manter a promessa de não atacar você.
Ela desce mais chegando até o elástico da sua cueca.
— Ah Hobbit isso é tortura.
Então ela para, fazendo o caminho de volta até o pescoço dele. Envolvida
por seu abraço ela se deita sobre ele encaixando sua cabeça embaixo do seu
queixo.
— Se essa for a amostra grátis, quero só ver a sessão completa — Ele
acaricia suas costas — Mas hoje não precisa fazer mais nada se não quiser,
está ótimo ficar assim com você, conversando, compartilhando, beijando.
— Você está bem Kono?
— Sim — Solta o ar cansadamente — É só que hoje não é um bom dia, só
isso, quero ficar aqui assim com você.
— Eu sei.
— Mas não se preocupe. Amanhã voltará tudo ao normal. Então aproveite
descansar hoje. Por que não vou te deixar dormir amanhã.
— Você não tem jeito.
— Já disse Hobbit sua vida seria tediosa sem mim.
— Tediosamente boa.
— Até parece, sentiria minha falta no primeiro dia.
— Como você sentiu a minha quando viajei?
— Claro. E apesar de você não dizer eu sei que sentiu a minha.
— Claro que não estava distraída nadando com Luis.
— Vai jogar isso na minha cara? — Ela ri — Então se prefere nadar com
Luis o que está fazendo aqui?
— Luis é só um amigo Kono. Não precisa ter ciúmes.
— EU também era.
— Não, você era meu melhor amigo. Então chega de ciúmes.
— É só que não sei por que você tem tanta dificuldade em assumir que
sente a minha falta.
Eu sinto o tempo todo quando não estou ao seu lado.
— Eu senti a sua falta Mason, senti muito. Sinto sua falta até quando vou
ao banheiro, cinco minutos longe é como cinco anos.
— Só cinco? Pra mim parecem cinquenta — Ela vê seu sorriso brincalhão.
— Eu te amo sabia? — O sorriso que lhe oferecia era enorme.
— Eu sei e você sabia que te amo?
— Sim. É tão bom ficar aqui conversando com você Kono — Ela acaricia
seus cabelos.
— Sobre o que você quer falar agora?
Ela encarava seus olhos que mesmo com a pouca luz possuíam um brilho
único. Eu amo esses olhos, ela pensa.
— Você me fez lembrar-se do trovão.
— Trovão?
— Sim, ele era o meu cavalo lá na fazenda, ele era teimoso.
— Está me comparando com um cavalo?
— Hey ele era um puro sangue e difícil de domar, nem me lembro quantas
vezes cai dele tentando montá-lo. Claro que montar você é mais fácil — Ela
sorri com malicia.
— Sou difícil de domar?
— Às vezes — Ela vê seu sorriso malicioso aumentar em seu rosto.
— Tenho que dizer que você é boa na montaria.
Lua se sentia nostálgica, era o que aquela conversa com Mason estava
fazendo com ela, a estava libertando aos poucos, revelando coisas da sua vida
para ele enquanto ele fazia o mesmo.
— Vocês eram próximos? Você e seu pai.
— Muito — Ela sente seus olhos imediatamente ficarem marejados. Sinto
tanta falta dele — Ele era especial, quando aconteceu o acidente não consegui
acreditar.
— Sinto muito Hobbit — Ela sente seus braços se apertarem ao seu redor
— Você se lembra de coisas sobre ele? Quer falar sobre ele?
Ela deixa suas lembranças virem, deixa ser tomada pela emoção, pela
imagem de seu pai, seu sorriso sempre simpático e seus olhos muito azuis,
então sente uma lágrima quente escorrer pela bochecha.
— Todas as noites quando ele voltava do trabalho sentávamos na varanda
depois do jantar, ele sempre comprava chocolates para sobremesa e dividia
comigo sempre me dando o pedaço maior — Ela sorri — No meu aniversário
de 11 anos ele me deu trovão, ele era um potrinho, meu pai sabia que eu ia
adorar cuidar dele.
— Ele devia ser um ótimo pai.
— Ele era o melhor.
— Eu quero ser assim um dia. Um bom pai. Estar presente na vida do meu
filho, lhe ensinar coisas, ter um filho que me ame como você o ama.
— Tenho certeza que vai ser um excelente pai.
— Obrigado — Ela sabe que esse assunto o deixava assim, mais sério e
triste — É estranho pensar que não lembro de quase nada do meu pai, não
lembro da voz dele, dá risada dele, do que gostava de comer, a única coisa
que me lembro é que ele amava café, quando fecho os olhos e tento pensar
nele tudo o que vejo são mãos segurando uma xícara generosa de café, se
fechar os olhos agora posso até sentir o cheiro.
— Você puxou isso dele.
— Sim isso e os olhos.
— Os mais lindos que já vi — Ela agora deitava de lado e acariciava seu
rosto, passando os dedos pelos fios da barba.
— Isso é frustrante, tudo o que sei do meu pai é que ele gosta de café. Eu
tenho mais lembranças da minha mãe, bem pelo menos eu acho que são
lembranças, não sei se são coisas que imaginei ou criei quando criança.
— Está tudo bem Kono — Ela o acalentava ao notar sua voz ir ficando
cada vez mais séria — Eu estou aqui.
— Você viveu com seu pai, você teve uma vida com ele, teve a
oportunidade de amá-lo, tem lembranças dele, você riu com ele.
— Sim tive 12 anos maravilhosos com ele, mas não quer dizer que a dor
foi menor, quando ele morreu não conseguia nem visitar seu tumulo.
— Não estou dizendo que sua dor é menor que a minha, pois eu era criança
e não sabia o que era a morte, mas você viveu com ele — Ela vê uma lágrima
solitária escorrer pela lateral do seu rosto e ela limpa com o dedo indicador.
— Ele ainda está comigo Kono, assim como os seus estão sempre com
você, bem aqui — Ela toca o centro do seu peito.
— Eu sei — Ele coloca sua mão sobre a dela — Só queria ter algumas
lembranças deles. Ter o que contar sobre meu pai na escola no dia dos pais
ou poder levar alguém naqueles eventos idiotas de “dia do pai na escola”.
— Não posso dizer que sei como é isso, Yuri sempre me acompanhava no
Japão, era como se meu pai o tivesse colocado no caminho da minha mãe, ele
é muito bom para ela.
— Eu te digo Hobbit, crianças são do mal quando querem, eu era o único
da minha turma que não tinha pai e que não sabia nada dele — Ele suspira —
Isso era uma merda.
— Queria ter estado lá com você.
— Você provavelmente me odiaria, com oito anos meninos e meninas não
se gostam e você também teria uns três anos de idade, só estaria preocupada
em babar nos brinquedos, comer e dormir.
— Hey! — Ela bate em seu ombro.
— Mas é verdade temos uma diferença de idade Hobbit.
Não conseguia nem imaginar como deveria ser Mason quando criança.
Pegava-se imaginando como foi a transformação de uma inocente criança
com cabelos loiros correndo pelo corredor da escola e triste por não ter um
pai para apresentar, para o Mason pegador e mestre da conquista da
universidade que um dia ela ouvira falar.
— Nossa Kono agora pensando eu não acredito que não te reconheci,
depois de te ver na festa da fraternidade — Então ela para de falar
bruscamente.
— O que? Você me viu? Você tinha me dito que não.
— Talvez eu tenha meio que ocultado uma parte. Mas esquece.
— Não Hobbit agora pode me contar.
— Eu não vi você Kono, você sabe a história.
— Não Lua pare com isso e me conte. Será que terei que te dar umas
palmadas?
— Até parece que vai dar.
Antes que ela perceba, ele ergue sua mão esquerda e lhe profere um tapa
não muito forte em sua nádega, mas forte o suficiente para fazê-la levar um
susto, ele a pegara de surpresa.
— Aiii!!!
— Eu disse que daria. Sou um homem de palavra. Agora conta Lua.
— Não há nada para contar.
— Qual é Lua. O que você quer que eu faça?
Aí está a sua chance Lua, parecia que podia ouvir Deus lhe dizendo.
Aproveita garota. Se tinha uma coisa que Lua sabia muito bem sobre Mason
era que ele possuía uma curiosidade quase tão grande como a dela e que
também não gostava de ser desafiado.
— Hummm — Ela pensava. Ah Kono quero que você passe vergonha por
todas as vezes que me deixou constrangida — Que tal uma dança sensual?
— Nem pensar. Outra coisa.
— Isso não é negociável.
— Não vou dançar Lua.
— Tudo bem então nunca vai saber.
Ela nota Mason ficar inquieto na cama. Será que ele vai ficar bravo quando
descobrir que não nada além do que o topo de uma cabeça com cabelos
loiros?
— Você é má quando quer.
— Eu? Só estou negociando.
— Não é negociação quando você não quer negociar o preço.
Ele se senta na cama inquieto e ela o acompanha.
— Vai Lua me conte. Por que está se fazendo de difícil? Foi algo que
aconteceu a anos.
— Se aconteceu a anos porque você quer saber?
— Porque é algo que eu não sei e me envolve então me diz respeito.
— Mason relaxa, você só tem que rebolar — Ela ria da sua cara.
Isso é muito divertido.
— Porque quer tanto que eu dance? É um fetiche seu? Sonhou comigo
dançando?
— Se te deixar mais confortável eu coloco dinheiro na sua cueca.
— Só se você dançar comigo.
— Não eu já me fantasiei de Uhura.
— Ahh então você sonhou comigo assim, e quer que eu realize o seu sonho
como você fez comigo.
Por Vader, como ele consegue? Meu triunfo não pode durar nem cinco
minutos? Como que ele consegue ter essas respostas na ponta da língua?
— E eu estava como? De jaleco?
— Nunca vai saber — Ela sente suas bochechas queimarem. Ela realmente
já tivera um sonho com ele assim, sentia calores só de lembrar.
— Minha querida Hobbit só pelo tom das suas bochechas eu posso dizer
que eu já sei — Ele abre aquele sorriso que acabava com ela, então sente seus
lábios envolverem os seus.
Mais um ponto para Mason, não vou nem perder o tempo contando todas
as vezes que ele acha uma resposta, eu com certeza perderia a conta.
Ela sente seus lábios devorando os dela e suas mãos subirem de suas coxas
até tocarem seus seios e os massagear.
— Mason esse truque não vai adiantar.
— Não é um truque, só estou beijando você — Ela solta um gemido.
Vamos Lua seja forte, você consegue.
— Seu gosto é muito bom — Ele lhe dizia.
Lua estava tremula, sentia as mãos dele passearem por seu corpo.
— Você é muito gostosa Hobbit — Ele ergue a camiseta dele que ficava
larga no corpo dela a retirando pela cabeça — Acho que prefiro que você
durma assim hoje — Ele envolve seu mamilo com os lábios.
— Achei que hoje não era um bom dia para isso — Ela gemia cada vez
mais.
— E não é. Como eu disse só estou beijando minha namorada.
— Kono — Ela geme ao agarrar seus cabelos os puxando levemente.
— Nós estamos apenas conversando, então fazemos uma pausa e nos
beijamos, voltamos a conversar de novo, e depois nos beijamos mais um
pouco.
Mais um gemido escapa de seus lábios.
— Você não tem noção de como isso é bom.
Ela estava ofegante e seu corpo o queria desesperadamente, mas sabia que
aquele dia não era o momento para isso, ainda assim a região em sua virilha
começa a ficar úmida a medida que sua língua brincava e provocava seus
mamilos. Um desejo ardente pulsava em seu ser, ela adorava a língua dele,
tanto sendo usada para lhe dar prazer quanto para dar suas respostas certeiras
e afiadas, isso as vezes a irritava, mas amava isso nele o tornava único e
muito sexy.
— Mason. Vamos voltar a conversar.
— Então Hobbit uma dúvida— Dizia ainda em seus seios — Você não
quis estudar em Yale por quê?
— Não fui estudar em Yale por que...— Ela estremece, se lembrava do dia
que contara para o Kiro que queria estudar em outro país — Por que ele não
deixou que eu partisse.
Ele para seus beijos e a encara confuso.
— Mason desculpa, eu não queria falar sobre ele.
— Tudo bem, prefiro que você fale sobre ele, não me incomoda — Ele
acaricia seu rosto. Ela fecha seus olhos por alguns segundos aproveitando seu
toque — Então — Ele começa a dizer — Você viu meu rosto — Ele beija
seus lábios com delicadeza.
— Só conto se você dançar.
— Conta se for por vídeo game?
— Não. Quero uma dança sensual, com música e a peças de roupas no
chão.
— Acha que não tenho coragem?
— Tenho certeza que não tem.
— Está me desafiando?
— Estou. Mas eu sei que você não fará isso, então já venci.
— Não cante a vitória antes da hora.
— Mason você é só papo, admita você nunca faria isso.
— Ok quais são as regras?
— Isso é sério? — O encara surpresa.
— Você só vai saber se me disser as regras.
Venci. Homens, não gostam de ser desafiados.
— Eu quero uma dança sensual. Coloca uma música e dança enquanto tira
a roupa.
— Então é só isso? Você quer um strep tease.
— Sim.
Ela nota Mason pensar no assunto. Ele a encarava e depois de alguns
segundos abre o maior sorriso de canto que ela já o vira dar, com certeza
havia pensado em alguma coisa, em sua cabeça cheia de sarcasmos e ironias
ele maquinava alguma cosia.
— O que eu ganho com isso?
— Só vai saber quando fizer.
— Não, isso não vale, temos que deixar o prêmio estipulado. Porque afinal
isso não é uma negociação? — Ele arqueia a sobrancelha.
Quando eu vou aprender que estou mexendo com Mason Carter?
— O que você quer?
— Quero que você dance pra mim, que faça um strep tease.
Merda Lua. Porque você perguntou?
— Eu já me vesti de Uhura.
— Você me perguntou o que eu quero.
— ARGH Mason — Diz irritada — OK. Ta legal.
— Você topa? — Pergunta com a mesma surpresa com que ela perguntara.
— Topo — Diz a contragosto.
Um dia ele acaba esquecendo-se disso. Pensava esperançosa.
— Essa eu quero ver, acho que vou dançar só para ter o prazer de vê-la
tirar a roupa.
Ele se inclina sobre ela a fazendo deitar na cama.
— Seu eu não dançar serei prejudicado?
— Se você não dançar digamos que a pista de pouso estará fechada para a
sua Enterprise por um tempo.
Ele afasta rapidamente o rosto da curva do pescoço dela e a encara.
— O que? É uma penalidade muito alta. Lua isso não vale.
— Não posso fazer nada são as regras.
— Repito você é má quando quer.
— E começa hoje. E seria mais maldade ainda se eu ficasse assim — Ela
retira a calcinha que vestia ficando totalmente nua deitada ao seu lado.
— Você mexeu com o homem errado Hobbit.
Ele se aproxima do ouvido dela e lhe diz com sua voz rouca e com aquele
sotaque que amava.
— Depois que eu dançar, eu quero que você dance pra mim, mas tem que
ser muito sensual. Nada daquelas danças de Hobbits encima da mesa com
canecas de cerveja na mão, quero uma verdadeira dança de mulher, que sabe
o que quer, quero que nesse dia você me dome. Você vai estar no comando
— Ele beija seu lóbulo com carinho e ela estremece.
— Mason eu vou me divertir bastante.
— Você acha que eu não vou me divertir?
— Vou pensar no que fazer com você.
— Você acha que eu já não pensei?
— Você tem uma mente pervertida eu não duvido.
— OK então fechado. Prepare esse traseiro pra rebolar bastante.
Ela puxa seu pescoço para lhe dar um beijo e sente o peso do corpo dele
cair ao seu lado.
— Mason quando eu te conheci você morava a quanto tempo no Brasil?
— Uns três anos e meio. Eu vim após terminar a faculdade, logo que
minha mãe me contou sobre a doença dela, eu não queria vir e nem que ela
viesse, queria trata-la por lá, mas ela queria passar o fim da sua vida no país
em que nasceu então eu vim junto, não ia deixa-la sozinha. Me lembro do dia
que ela me contou, era semana do Natal e eu voltei para casa das férias da
faculdade, eu ia terminar o último semestre do curso. Foi uma semana bem
difícil — Ele suspira — Mas sobrevivemos.
Ela via a dor retornar em seus olhos, seu olhar perdido e sabia que ele
estava revivendo aquele dia.
— Queria até que ela morasse comigo, mas ela não quis. Disse que eu era
um homem adulto, que eu precisava de privacidade e que nenhuma mulher
iria me querer se soubesse que ela morava comigo — Ele solta uma breve
risada.
— Isso porque você só saía com mulheres fúteis.
— Nem todas as mulheres entendem Lua e também eu não queria nada
sério com nenhuma delas, nada sério que chegasse ao ponto de eu precisar
explicar sobre a minha mãe.
— Tem algo que queira saber sobre mim? — Ela sentia que ele podia
perguntar qualquer coisa que ela lhe contaria.
— Qual era seu sobrenome antes de mudar para o do seu padrasto?
— Muniz.
— Muniz — Ele repete com seu sotaque e ela nunca ouvira um som tão
bonito ao alguém dizer seu nome — E você quer saber algo sobre mim?
— Acho que agora não me vem nada em mente, acho que já sei tudo sobre
você.
— Nossa agora me senti um homem sem mistérios. Sabe acho que vou
voltar ao estilo de antes, na faculdade eu usava cabelo curto e nenhuma
barba. O que acha?
— Se fizer isso termino com você.
Nem pense nisso seu KONO BAKA. Se fizer isso eu te mato.
— Nossa relação é tão frágil assim?
— Mason você é um homão da porra se cortar o cabelo será só um homem
bonito.
— O que significa ser um homão da porra?
— Quer dizer que você é gostoso, puta que pariu Mason você é gostoso
demais — Ela lhe confessava — Você é bonito sem ela, pelo o que vi na foto
no seu escritório, mas com a barba você é muito mais bonito.
— Nunca pensei que esse dia chegaria — Ele sorri em triunfo.
— Não começa.
— Eu fazia sucesso na faculdade com esse estilo.
— Sim, mas o que acharia se eu cortasse meu cabelo e começasse a usar
lentes de contato e jogasse os óculos fora?
— Você não seria minha Lua.
— Viu só é a mesma situação.
— Ok depoimento válido.
— Além disso, se você tirasse, eu não transaria mais com você até ela
crescer.
— Meu Deus você vai adorar ficar fazendo essas greves, espero que não se
torne um hábito.
— Pode apostar.
— To ferrado.
— Mason se você tirar essa barba ou cortar o cabelo não chego nem perto
de você.
— Ok, já entendi o recado.
— Bom mesmo. Fique avisado.
— Você quer me contar mais alguma coisa sobre você. Fique à vontade.
Ela abaixa seu olhar. Vamos lá Lua você está se saindo bem, sabe que
pode confiar nele.
— A cicatriz que eu tenho ela...— Ela suspira tomando coragem — Eu
ganhei quando...— Vamos lá Lua, ela se encorajava. Começa então a sentir
ânsia, o seu peito ia se apertando novamente, aqueles sentimentos estavam
tomando conta dela — Ele... eu estava com medo, e havia sangue...— Sua
voz começa a se alterar, tudo girava, sua mente a carregara até aquela noite
— Eu pensei.. que ele ia... eu confiava nele...— Lagrimas borravam sua vista,
seu estômago se revirava, não queria pensar nele, ela podia ver seu sorriso,
podia ver o sangue, sentia o gosto daquela noite gelada.
Então se levanta correndo, precisava ir até o banheiro, precisava vomitar a
ânsia era insuportável. Ela corre pelo corredor e entra no banheiro, ao fundo
ela escuta a voz preocupada de Mason. Ela se ajoelha no banheiro e despeja
todo o conteúdo do seu estômago na privada.
Ela o escuta chegar ao cômodo, sente sua presença ao seu lado e mãos
pegarem os seus cabelos e acariciarem as suas costas.
— Ta tudo bem Hobbit, tudo bem — Dizia com voz mansa.
Era sempre assim quando se lembrava de detalhes como aquele de sua
cicatriz. Ela queria contar, queria muito, confiava em Mason, mas o medo e a
vergonha a impediam. A verdade era que as vezes Lua sentia nojo dela
mesma, havia travado uma luta diária, onde muitas vezes era a vilã, era a
culpada, se culpava por não ter visto antes, por ser tão ingênua, tinha nojo
daquele homem, mas não conseguia se livrar dele.
— Naquele dia no Japão — Ela tentava continuar — Eu estava com...—
Sente seu estômago dar um giro em sua barriga.
— Não precisa me contar nada agora Lua.
— Você não precisa ver isso — Dizia ajoelhada e nua. Estava com raiva e
triste, sentia-se vulnerável e odiava isso, a Lua de anos atrás voltando, tão
assustada que fugiu.
— Eu estou aqui com você Lua — Ele acariciava suas costas — Por favor,
me deixe ajudar.
— Kiro me machucou — Aquilo finalmente sai e fora tudo o que
conseguira dizer.
— Eu sei. Eu sei Hobbit— Ele permanecia ao seu lado ajoelhado a
reconfortando — Ele não vai mais fazer isso.
— Promete? — Ela se afasta do vaso e vira o rosto na sua direção.
— Ele não vai mais te machucar — Ele repetia convicto.
Ela se afasta da privada e pula em seus braços e ele a envolve em abraço
bem apertado.
— Eu estou aqui Hobbit. Você não está sozinha. Foi isso o que me disse
naquela noite que minha mãe passou mal e agora eu as repito para você. Me
deixa ajudar você, deixa eu preencher esse vazio que ele deixou, assim como
você preenche a cada dia mais o meu.
— Ele está aqui — Ela chorava — Ele voltou.
— Ele não está aqui, eu estou. Por favor, me deixa ajudar você.
Ela não diz nada apenas acena com a cabeça em confirmação.
— Obrigado — Ele encosta sua testa na dela.
— Você não precisava ver isso.
— Eu não me importo, você já me viu da mesma maneira.
— Você conseguiu falar, eu não.
— Mas as pessoas têm tempos diferentes, elas são diferentes e apesar de
sermos muitos parecidos, somos muito diferentes. Tivemos vidas diferentes,
realidades diferentes, mas elas nos trouxeram até aqui — Ele solta um riso
baixo — No chão do meu banheiro.
Ela começa a rir. Eu amo esse homem.
— Ah claro porque faz muito sentido.
— Pense dessa maneira, se o destino não tivesse nos trazido aqui, você não
teria me conhecido, não estaria na minha casa, no meu banheiro e seus
cabelos estariam sujos de vômito.
— Meu herói.
— Super Mason.
— Meu Deus Mason, essa foi horrível — Sua risada aumenta e ela o escuta
se juntar a ela.
— Eu sei, mas fez você rir então ela serviu para o seu propósito.
Eu realmente amo esse homem.
— Acho que vou trocar meu nome para Mason Kent. O que acha?
— Prefiro Mason Skywalker.
— Mas nem morto. Mason Kirk soa melhor.
— Que horror, parece nome de remédio para tosse.
— É meu aniversário, então me agrade e concorde comigo.
— Já não é mais seu aniversário. São mais de uma da manhã.
— Na verdade são quase cinco da manhã. Você trabalha amanhã cedo
Hobbit?
— Não só de tarde. E você?
— Também não. Isso significa que podemos ficar a manhã toda deitados e
abraçados naquela cama. E quem sabe conversar mais um pouco.
— Vai ser muito bom. Mason acho que vou me limpar agora.
Ele se levanta e estende sua mão para que a pegue e assim ela faz e ele a
ajuda se levantar.
— Vou esperar você lá fora — Beija sua testa e sai.
Sozinha no banheiro ela escova seus dentes, lava bem o rosto. Seus olhos
estavam muito inchados e vermelhos. Como que ele pode me amar? Mason
sempre a surpreendia em todos os aspectos da palavra.
Ela sai do banheiro, já mais recomposta e parecida com ela mesma. Entra
no quarto e se deita na cama, Mason ainda não estava ali. Ela fecha seus
olhos e com um suspiro sente seus olhos pesarem e sua respiração se acalmar.
Havia sido uma noite cheia de emoções, boas e não tão boas assim. Então
quase que imediatamente sem que ela perceba ela cai no sono.

Mason Carter Encostado na porta do quarto com os braços cruzados em


frente ao peito, ele a observa dormir. Ela estava tão em paz, tão linda. Aquela
noite fora cheia de altos e baixos. Começara muito bem, passando pela zona
do incrivelmente bem, seguindo para não tão bem assim, chegando ao
péssimo, depois ao perigoso, e subindo novamente para o bom, incrível
chegando ao excepcional.
Luna lhe confiara coisas que sabia o quanto era difícil para ela, vira o
pânico em seus olhos, em sua postura, em sua voz e aquilo o deixava
arrasado. A raiva toma conta de si quando ele pensa no que aquele cretino
pode ter feito com ela. Será que ousara tocar nela? A forçara? Batera nela?
Ele sente seus punhos se fecharem em suas mãos e suas unhas ferirem um
pouco a pele da sua palma. Não sabia o que ele poderia ter feito, mas só de
pensar pelo o que Lua passara seu estômago se revira e começa a arder.
Ele havia prometido a ela que Kiro jamais a machucaria de novo e iria
cumprir isso, se dependesse dele Kiro jamais encostaria nela, antes ela estava
sozinha hoje ela tinha a ele.
Ele se encaminha até sua amada, se inclina e beija sua face com carinho.
Aquela noite fora especial para ambos, fora uma noite de cumplicidade, de
partilha, ele finalmente que ela se entregara e permitira construir um NÓS,
ele se sentiu parte de algo.
Ele ouvira atentamente tudo o que Lua queria lhe contar, e deixou que
fluísse, que a conversa se seguisse. Ela disse sobre seu pai e ele sobre os dele,
falaram sobre a faculdade, sobre conquistas do passado, falaram sobre eles.
Aquilo fora novo, ficar deitado ao lado de uma mulher completamente nua e
ele igualmente nu e não fazer nada, apenas conversar e beijar, conversar mais
um pouco e provocar.
Então isso é ter uma namorada. Pensava ao encarar ainda inclinado a
mulher a sua frente. Ele amara aquilo, aquele compartilhamento, poderia ser
assim todos os dias, que ele não se importaria.
Calma , pelo menos em algumas dessas noites tem que rolar alguma coisa
além de conversa né.
Ele dá a volta na cama, entra embaixo da coberta e se aconchega nas costas
dela, colando seus corpos e a abraçando por trás. Começa a seguir o ritmo da
respiração dela, calma e ritmada, escuta um resmungo satisfatório vindo dela
e a sente a apertar seus braços ao seu redor. Com um sorriso nos lábios,
abraçado com a mulher que ama, seguindo o ritmo de sua respiração, seus
olhos começam a pesar e o sono logo o carrega para longe.
Antes que ele mergulhasse no mundo dos sonhos o último pensamento
lúcido que tem é que enfim ele começara a viver e que queria passar o resto
da vida abraçado com aquela mulher.
“A sua loucura combina com minha loucura. Bastante”

Luna Iasune Acorda com o som das buzinas dos carros que passavam
Deadpool

frenéticos na avenida, ela ainda meio sonolenta olha para o relógio que ficava
na cabeceira da cama e ele marcava meio dia e meia, ela havia dormido
demais. A noite anterior fora cheia de emoções das quais ela não estava
sabendo lidar. Aquela tinha sido a primeira briga real dos dois, a primeira vez
que o viu levantar a voz para ela.
Ela se espreguiça e logo sente falta do calor de seu corpo, ele não estava no
lugar de sempre.
— Mason? — Ela o chama se sentando na cama ainda sonolenta, a luz
agora embaçava sua visão deixando-a um pouco turva.
Ela levanta, estava nua então veste sua calcinha e uma camisa de Mason.
A passos arrastados segue até a sala, chama por ele, mas ele também não
está lá. Esfrega seus olhos e quando os abre se depara com uma nova
decoração, a mesa de centro já não estava no lugar de sempre e em seu lugar
havia uma única cadeira, os sofás estavam afastados e as cortinas
permaneciam fechadas, os raios do sol por trás delas deixavam o cômodo
com uma iluminação aconchegante. No primeiro momento ela acha aquilo
um pouco estranho, então seu olhar para sobre um papel que está colocado na
cadeira e nele dizia: Reservado para a senhorita Luna Muniz Iasune.
Junto do papel havia um controle remoto também com um bilhete escrito:
Aperte o play.

Mason Carter Não acredito que vou fazer isso!


Pensava enquanto andava de um lado para o outro em seu escritório. Ele
olha para a roupa que vestia e ri de si mesmo, nunca se imaginou fazendo
aquilo na vida.
Meu Deus, o que estou fazendo? Dançar?!
Ele já havia dançado várias vezes antes, mas sempre em locais públicos e
com mais gente dançando ao redor, mas nunca para uma única pessoa e ainda
arrancando a própria roupa enquanto dançava sensualmente. Ele sabia dançar,
mas aquilo era novo e não sabia como ia se sair.
Será que ela já acordou?
Ele perguntava a cada minuto. Ao acordar há uma hora atrás, ele pensara
sobre tudo o que fizeram na noite anterior, toda a conversa que tiveram, as
coisas que compartilharam, e então enquanto tomava um banho relaxante ele
teve aquela ideia da qual estava quase desistindo. Ele pensara que aquilo
poderia animá-la, realizar aquilo que ele sabia que era um desejo dela, lhe
presentear por confiar nele, por se abrir para ele um pouco mais. Mas ele
tinha que confessar que estava ficando levemente nervoso. Ele se achava
completamente ridículo em pensar em fazer algo assim.
Será que dá tempo de ir até a sala e arrumar tudo de volta no lugar?
Aquilo era algo que ele já se perguntara várias vezes, e todas as vezes que
chegava a tocar na maçaneta, ele pensava em como ela iria gostar daquilo,
pensava no sorriso e no som da sua risada que daria e claro que também
pensava no prêmio que receberia, que era ela fazendo a mesma coisa e a
junção de tudo isso o fazia mudar de ideia sempre.
Será que ela vai demorar a acordar? Pensava ao olhar para o relógio pela
milésima vez em menos de 10 minutos. Ele interrompe seu andar ao ouvir um
miado e ao se virar para a direita encontra os olhos grandes e amarelos do seu
amigo peludo. Gandalf o encarava com um ar divertido enquanto abanava seu
rabo vagarosamente.
Gatos podem sorrir?
— Gandalf nem vem com essa cara — ele o repreende.
Ele escuta seu miado inocente em resposta e o vê com um único
movimento saltar e pousar precisamente sobre a mesa do seu escritório,
ficando bem de frente para ele.
— Não acredito que vou fazer isso. Ela que nunca duvide do meu amor por
ela.
Mason você não precisa fazer isso para provar que a ama. Isso é ridículo
até mesmo para você.
— Chega! Vou arrumar aquela sala — diz decidido indo até a porta.
Antes que pegue na maçaneta ele escuta um som que era uma das últimas
coisas que queria ouvir naquele momento, ele escuta a voz doce e sonolenta
de Lua o chamar e logo em seguida escuta seus passos arrastados pelo
corredor, ele encosta o ouvido na porta e presta a atenção em todos os sons
que ela faz.
Merda Mason, agora é tarde demais.
Depois de um tempo ele escuta a música invadir o apartamento. Ele se
afasta da porta, passa as mãos pela sua roupa as alisando, endireita seu corpo
e escuta algo arranhar a porta na parte de baixo, ao seguir o som com seu
olhar encontra Gandalf com as patas na porta. Ele arruma sua postura, respira
fundo, estava quase chegando a hora certa para sua entrada.
Ok Mason é só ir até lá e se divertir, dançar como acha que deve ser feito.
É só se divertir que ela também fará isso. Você sabe dançar, vamos lá
confiança.
Ele rapidamente joga suas preocupações para bem longe e com um sorriso
de canto em seus lábios e a confiança em seu porte, ele pega a maçaneta, a
gira e com o som da música mais alto em seus ouvidos, ele sai do cômodo e
vai em direção a sala.

Luna Iasune Lua desconfiada daquilo tudo decide se sentar na cadeira e


ver no que ia dar, ela clica no play e a música do LMFAO, Sexy And I know
it começa a tocar.
— Eu não acredito nisso — ela dizia rindo.— Ele não vai mesmo fazer
isso vai? — Ela escutava a introdução da música.
E quando a introdução termina que ela avista Mason surgir do corredor que
dava acesso a sala vestido como um médico, ele usava uma calça jeans
apertada que evidenciava as curvas de seu traseiro e coxas, um jaleco branco
completamente abotoado e sobre ele um estetoscópio descansava em volta de
seu pescoço.
No seu rosto ele trazia um sorriso desenhado de lado e seus olhos tinham
um brilho que acompanhava o mesmo estilo do seu sorriso.
Lua arregala seus olhos enquanto levava sua mão a boca a cobrindo.
Vader me belisca que isso não pode estar acontecendo. Ela pensava sem
desgrudar os olhos dele, sequer acreditava no que via.
Sua expressão de surpresa só o fazia alargar mais o sorriso de lado em seus
lábios, o olhar dele era calculado e ele a encarava diretamente nos olhos.
A música tocava, as pupilas de Lua estavam dilatadas e ela não conseguia
falar, sua mão ainda cobria sua boca enquanto Mason parava a sua frente.
Ela o vê dançar ao ritmo da música, começava a mexer o quadril rebolando
perfeitamente, Lua sabia que ele dançava bem, mas não tão bem assim, ele
esbanjava sensualidade. As pernas dela tremiam na cadeira e ele não podia
ver, mas ela mordia seus lábios nervosamente. Ele movimentava seu tronco
fazendo seus quadris seguirem acompanhando seu ritmo.
Lua via Mason se aproximar sem deixar de dançar e colocar no pescoço
dela o estetoscópio que antes estava no dele, logo em seguida a oferecendo
uma piscadela.
— Ai. Meu. Deus — ela dizia pausadamente.
— O que eu não faço por amor — ela o escutava dizer ainda inclinado
sobre ela.
Ela segurava sua risada fortemente, enquanto o via se afastar.
Com movimentos lentos de suas mãos, Lua o observa dançar ainda no
ritmo da música, ele começava a desabotoar o seu jaleco levando seu corpo
de um lado para o outro balançando sua cintura.
— Tira tudo! — Ela dizia animada como se estivesse em um verdadeiro
show de Strep tease A risada dele chegava aos seus ouvidos, mas ela só
conseguia prestar atenção no movimento de seu corpo.
Ele desabotoava botão por botão sensualmente, deixando sua camisa a
mostra. A camisa era branca e um pouco mais justa deixando evidentes seus
músculos do braço e peitoral.
Ele agora ficara de costas e deslizava por seus ombros flexionados o jaleco
que usava e o jogando a direção dela. Lua o pega no ar, a qualquer momento
ela esperava acordar, só podia estar sonhando. Ele realmente sabia dançar e
seu corpo chamativo a estava deixando excitada. Cada músculo do seu corpo
flexionado seguindo os movimentos da música enquanto ele rebolava o
quadril para ela e Deus a ajudasse seu traseiro era realmente tentador.
Queria muito apertar esse traseiro. Ela apertava o jaleco em suas mãos,
imaginando ser aquela parte do corpo dele.
Agora já sem o jaleco ele começava a retirar sua camisa branca, que ela só
percebera agora ser de manga longa, ele abria cada botão a olhando
provocativamente e com seu tronco exposto ele desliza a mesma por seus
braços a jogando de lado.
Lua o via levar suas mãos a cabeça passando as mãos por seus cabelos
enquanto fazia movimentos em ondas com seu corpo.
O cheiro que seu corpo exalava a deixava fora de si, sua segurança fora do
normal, o movimento de seu corpo a deixava sem palavras e o que ela queria
era que a música acabasse para que ela pudesse desfrutar dele.
Ela o vislumbrava descer as mãos por seu peito, as mesmas percorriam
cada curva de seu abdômen indo em direção ao V em seu quadril e chegando
ao início de sua calça.
Lua admirava o descer de suas mãos até sua calça, ela incisivamente
aproxima seu corpo ficando quase na ponta da cadeira que estava, seus olhos
estavam desejosos e ela na expectativa.
O desejo em seus olhos era evidente e claro que Mason percebera. Lua
percebe seu caminhar lento até ela ficando a poucos centímetros a fazendo
engolir seco, ele estendia para ela ambas suas mãos e quando ela as pega
sente as mesmas serem levadas de encontro ao seu peito nu e logo em
seguida sentia o leve deslizar delas por toda sua extensão, ele guiava suas
mãos esfregando por todo seu corpo. Lua começava a transpirar e um leve
ofegar escapa de seus lábios.
Quando ele leva as suas mãos até o cós de sua calça ela não aguenta e
começa a desabotoá-la rapidamente. Ela abria o botão e abaixava seu zíper
revelando sua cueca Box de cor branca.
— Nossa como eu te amo Kono! — Dizia encarando a cueca a sua frente.
— Depois do que estou fazendo se não me amasse eu desistiria — ele
sorria para ela.
Lua o contempla retirar suas calças encarando a região de sua virilha
faminta, ela passava a língua por seus lábios enquanto ele se afastava
rebolando lentamente. Podia ver o quanto ele estava se divertindo. Tudo
aquilo parecia uma brincadeira para ele.
Mason fica novamente de costas para ela rebolando seu tronco, Lua então
profere uma tapa em seu traseiro sorrindo.
— Sempre quis fazer isso — ela admite suas bochechas adquirindo um
tom novo de vermelho.
— Sabia que não resistiria.
— Agora só falta uma peça — dizia ansiosa.
Ela balançava suas pernas de um lado para o outro como uma garotinha.
— Uma peça que está louca para que eu tire.
— Com certeza.
A música avançava para o verso final. Mason fica de frente para ela e com
os mesmos movimentos lentos e sensuais ele começa a requebrar seu quadril
muito próximo de seu rosto, coloca ambos os polegares no elástico da única
peça que faltava, desce alguns centímetros e a cada estrofe da música que
avançava ele descia um pouco mais, então para a tristeza de Luna à musica
acaba e ele para retirando seus dedos do elástico.
— Merda Mason! — Ela mordia seus lábios com força— Na melhor parte.
— Até agora eu estava brincando — ela o via se afastar e estender sua mão
mais uma vez de encontro a ela.
Lua a pega se levantando da cadeira com seu auxilio. Ele encarava com
intensidade.
— Agora chega de brincadeiras, vamos fazer algo mais sério. Esse foi só
para diversão.
Ela o vê pegar o controle do rádio, apertar o botão e outra música começa,
agora mais lenta.
“Existem dois tipos de seres no universo: aqueles que dançam e aqueles que não dançam”
Drax

Luna Iasune Ela escutava atentamente a música que tocava e conhecia


muito bem ela, era a música dele, o seu vício, só que agora em uma versão
mais lenta e ela diria mais sensual, no rádio o som de Bright Lights da banda
HAEVN em sua versão original começa a tocar.
Sentia as mãos de Mason a puxarem de encontro ao seu peito e ela inalava
seu cheiro, um misto almiscarado de perfume masculino entrava pelas suas
narinas e a deixava inebriada. Na ternura envolvente que irradiava aquele
momento Lua sentia-se livre e passiva.
Depois de tudo o que ambos haviam passado naquela noite conturbada ela
constatara que brigas e desentendimentos infelizmente estarão presentes,
afinal de contas eles possuíam personalidades diferentes, mesmo gostando
das mesmas coisas. Mas após as brigas vinham as reconciliações, momentos
de descontração como esse e cá entre nós se reconciliar após uma briga com
aquele homem é totalmente maravilhoso. Agora ela namorava Mason Carter
e ela já devia estar acostumada que ele era uma caixinha de surpresas.
Ela sente as mãos firmes e experientes envolverem sua cintura, descerem
pela curva do seu quadril e enfim chegando até suas nádegas que com uma
leve força a puxava mais para seu encontro, colando seus corpos por
completo. Juntos eles começam a dançar no ritmo da música lenta e sensual,
o corpo dela sendo guiado pelo dele. Seus olhos sem em nenhum momento se
desgrudar um do outro.
O quadril dele forçava o dela a seguir o ritmo da batida, rebolando. Ela
sentia o calor emanar do corpo dele, sentia o clima sobre eles e
principalmente sentia seu olhar sobre ela, medindo, desejando e a devorando.
Diante tudo isso ela ficava cada vez mais ofegante e suas bochechas coravam
sobre a pressão daquele olhar.
Ela sentia seu coração bater desenfreado em seu peito, ela ainda se
surpreendia com as sensações que ele causava. Toda vez que ele a tocava,
que ele a olhava com ternura e desejo, ela sentia como se aquela fosse à
primeira vez.
Seus olhos não desgrudavam dos dela. Eles estavam mais escuros de um
azul cobalto intenso e suas pupilas estavam levemente dilatadas assim como
as dela. Ambos envolvidos por aquele momento, pela música, pelas
sensações ocasionadas por seus toques. À sala parecia girar e o tempo parecia
ter parado ao redor deles, como se o universo compartilhasse com eles aquele
momento intenso.
Depois de um tempo ela vê Mason se afastar, descolando seus corpos do
qual ela sente falta imediatamente. Ele dá à volta lentamente pelo seu corpo
se aproximando ao parar a suas costas. Ela não consegue se mover, está
completamente sem reação e presa a ele. Os dedos dele logo tocavam sua
nuca afastando seus cabelos e beijando aquele local sensível que
inevitavelmente causam arrepios por todo corpo de Lua a fazendo soltar um
baixo gemido.
Mason colocava as mãos uma de cada lado do corpo dela, apertando as
laterais dos quadris, puxa em sua direção unindo seus corpos novamente,
rebolando com ela no ritmo da música, ele esfregava a região da virilha dele
nas nádegas dela e pode sentir uma rigidez lhe pressionar.
As mãos dele passeavam pelo abdômen dela por debaixo da camiseta larga
que ela vestia, sentia uma pressão das mesmas em sua pele que ardia e se
arrepiava por ele. Ela fecha os olhos e suspira fundo, sentia suas faces
queimarem e seu corpo trêmulo e Lua podia jurar que ela só conseguia ficar
em pé por que ele a segurava.
Sentia o apertar daquelas mãos firmes na pele do seu abdômen e rebolando
com ela, eles descem um pouco na direção do chão e logo sobem na posição
original, fazendo isso por mais algumas vezes. Aquelas mãos deslizam
subindo pelo seu corpo tocando seus seios livres e os massageando a fazendo
soltar um gemido trêmulo e um pouco mais alto dessa vez.
Subindo mais suas mãos ele retira a camiseta que ela vestia por sobre sua
cabeça, ele a mantém com os braços pra cima, deslizando suas mãos
vagarosamente sobre os mesmos. Segura seus braços novamente e com
movimentos lentos os coloca apoiados na cadeira do meio da sala.
— Mason — ela enfim consegue dizer algo, sua voz fraca quase como um
sussurro cheio de desejo.
Com as mãos em suas costas ele empurra delicadamente o corpo dela a
inclinando pra frente.
— Sim Lua — ele a inclina mais, esfrega suas mãos pela extensão das
costas dela chegando até as laterais do seu quadril onde posiciona as mãos
uma de cada lado a segurando com firmeza.
— O que está fazendo? — Perguntava ofegante.
Então ela o sente pressionar e esfregar a região de sua virilha em suas
nádegas, rebolando no ritmo perfeito da música, sentia também sua
masculinidade completamente rígida.
— Dançando.
Ela soltava outro gemido baixo murmurando palavras que nem ela sabia
quais eram.
— O que está achando dessa experiência minha sexy Hobbit?
— Diferente— ela não conseguia pensar direito. Os efeitos dele sobre ela
estavam nebulizando seus pensamentos racionais.
— Só isso? — Ela o sente se inclinar sobre seu corpo e segurar seus seios
firmemente a puxando para cima novamente e com a voz rouca diz em seu
ouvido.— Acho que eu merecia um elogio melhor, pelo esforço e vergonha
que passei — Ele sugava seu lóbulo e o sente guiar seu corpo atravessando a
sala.
— É difícil pensar direito — dizia com os olhos fechados.
— Posso te ajudar a escolher algumas palavras se quiser.
Ele a encostava na parede e ela se assusta um pouco ao sentir a superfície
gelada e lisa da mesma colar na frente do seu corpo.
— Mason — ela murmura seu nome baixinho ao sentir a pressão do corpo
dele sobre a dela, sente sua região ficar úmida ao ouvir os gemidos dele e seu
membro pressionar seu quadril.
— Que tal a palavra...— cola seus lábios em seu ouvido. — Excitante ou
sexy? — Ele beijava sua nuca. — Ou prazeroso — beijava seu ombro.— Ou
todas elas juntas?
Ele coloca a mão direita dele entre o abdômen dela e a parede, a deslizando
até tocar sua feminilidade a massageando por cima do tecido da calcinha.
— Kono, por favor — ela suplica entre gemidos.
— O que você quer?
— Eu quero você.
— Mais uma coisa que temos em comum — ele prensa mais seu corpo na
parede e ela escuta sua voz rouca com seu sotaque mais evidente em seu
ouvido.— Capitão para tenente.
— Tenente — ela solta um breve gritinho.— Para... Para... — estava
ofegante demais.— Capitão.
— Já que eu já dancei para você, peço permissão para pousar.
— Concedida.
— Graças a Deus — ela solta uma breve risada.— Sabe o que é
engraçado?
Ela apenas nega com a cabeça.
— A música já acabou faz tempo e ainda estamos aqui dançando.
Luna só então percebera que tudo estava silencioso, a música havia
cessado, mas eles ainda estavam envolvidos e empertigados pelo o efeito
causado por ela.
— Você é tão linda Hobbit— ele envolve a pele do seu pescoço com seus
lábios famintos.— Nossa como eu amo esse pescoço.
— Eu também amo seus lábios nele.
Ele a vira bruscamente ficando finalmente frente a frente e sem hesitação
ou aviso ele toma seus lábios nos dele os devorando com intensidade, que
Lua retribuía da mesma maneira. Ela sente os dedos dele brincarem no
elástico da sua calcinha e imediatamente ela leva suas mãos aos cabelos dele
enfiando seus dedos até encostar-se ao couro cabeludo. O ouve soltar um
gemido em seus lábios.
Ela acolhia seus beijos em seu corpo, podia sentir o doce sabor do amor
que ele emanava. Seu corpo suava não conseguia resistir a ele tamanho era o
desafio, ela parecia que segurava uma bomba e seu pavio estava aceso prestes
a explodir. Sua imaginação despertava, ela imaginava o que viria a seguir, o
coração estava agitado, disparado, muitas emoções em apenas um ser não
dava para conter o ímpeto, os seus toques acabavam levando-a ao prazer,
luxuria, amor e outras sensações das quais ela não conseguia achar um nome
no momento.
— Kono. Quero te sentir Mason bem juntinho de mim, sua pele colada à
minha, seu beijo no meu corpo descobrindo com cuidado e carinho, cada
parte de mim. Eu quero você muito e a muito tempo. Por favor, me faça sua
agora — ela lhe implorava.
Ele a virava novamente e desce um caminho de beijos pelas suas costas até
chegar a sua calcinha a retirando com seus dedos apressados, sente seus
lábios sobre a pele de suas nádegas, sente sua língua a explorando.
Involuntariamente ela empina seu quadril mais na direção dele.
— Eu vou te fazer minha — ele a virava novamente ficando frente a frente.
— Mas eu gosto de ver seu rosto, gosto de ver seus lábios gritarem meu
nome, gosto de ver a expressão que seu rosto faz quando geme aos meus
toques e beijos, gosto de ver o desejo em seus olhos.
— Eu te amo tanto que às vezes chega a doer.
— Então compartilhamos da mesma dor — então ele a beija com fervor,
depois de alguns instantes ele se afasta dela.
Ele vai até o corredor sumindo nele, voltando alguns segundos depois com
um pacote laminado nas mãos. Ela o vê retirar a cueca e colocar a camisinha
em seu membro rígido, se aproximando dela logo em seguida.
— Onde paramos? — Com um sorriso de lado ele toma seus lábios
novamente.
Suas mãos estavam em todos os lugares, ele a tocava como nunca pensara
ser possível. Ela agarrava seus ombros enquanto ele a pressionava na parede.
Sente suas mãos apertarem suas coxas e a erguer do chão rapidamente como
se ela não pesasse quase nada a colocando em seu colo e trançando as pernas
dela ao seu redor.
— Quero que você chame meu nome — dizia com sua voz rouca
embargada de prazer.— Aquele nome que é somente seu — beija seu ouvido.
— Mason...— ela murmura seu nome lentamente com seus lábios secos e
seu corpo receptivo.
— Não... — ele gemia. — O outro nome — sentia seus lábios sugarem seu
pescoço.
— Kono— o escuta gemer mais.
— Eu gosto quando me chama assim. Porque ele é exclusivo seu, só você
me chama assim e somente eu recebo esse apelido de você.
— Kono— ela gemia.— Por favor — ela implorava, suplicava, implorava,
ela não aguentava mais.
Ele toma seus lábios e com a mesma fome e sede ela retribui e o sente
encostar suas costas na parede gelada com força. Apertando suas pernas ao
seu redor ela o convidava para entrar.
Sente se posicionar embaixo dela e com um único movimento ele invade
sua região úmida. Ela o sentia se movimentar dentro dela, seu membro rígido
se movimentando freneticamente e brincando com sua feminilidade. Ela
gemia o nome dele, sussurrava que o amava a cada estocada. Soltava gritos
de prazer misturados a gemidos, sua pele quente e suada.
— Minha Lua — ele provava sua língua.— Isso é muito bom. Geme mais
— pedia ele entre os próprios gemidos.
Ela agarra seus cabelos novamente, estava inerte, sentia ondas de
eletricidade a invadirem. Luna gritava, gritava seu nome sem se importar com
o tom, gritava com doçura e prazer, tinha certeza que os vizinhos podiam
ouvir, mas não dava a mínima. Ela sentia algumas gotas do suor dele molhar
seu corpo se misturando ao dela.
— Puta merda Kono— ela o nota apoiar as mãos na parede enquanto
entrava com mais força.— Isso é incrível.
O agarra e leva sua boca até o ombro nu dele, proferindo leves mordidas,
sua língua passando pela sua pele sentindo seu gosto salgado.
— Seu gosto é viciante — ela dizia.
— Lua eu — ele colocava o rosto na curva do seu pescoço.— Eu não sei
você, mas eu estou com muito tesão — ele entrava e saía dela com
movimentos rápidos, precisos e fortes.
— Eu também estou — ela cola seus lábios no ouvido dele.— Nossa
Kono, adoro quando você fode com força — ela imediatamente sente seu
rosto arder de vergonha, não sabia de onde havia tirado aquela palavra.
Por Vader, estou ficando doida? Só pode ter enlouquecido! Ela pensava.
Sim eu enlouqueci como não fazer isso com um homem desses. E está
gostoso, ele é muito gostoso e ele fode gostoso. Ai meu Deus estou ficando
pervertida que nem ele.
Ela sente que aquelas palavras o estimularam mais, porque logo em
seguida ele profere estocadas mais fortes elevando mais o corpo dela na
parede.
— KONO!— Ela sente sua região quente ficar extremamente molhada.
— Lua eu não vou aguentar por muito tempo.
Luna prendia fortemente suas pernas ao redor de seu corpo o impedindo de
se afastar, ela queria mais, queria sentir cada centímetro do corpo dele, o
queria por inteiro, queria o ouvir chegar ao seu ápice enquanto ela chegava ao
dela.
Ela arranha suas costas, sentia que seu ápice estava muito perto, os
gemidos de ambos se misturavam naquele cômodo. Seus corpos estavam
unidos e seus suores eram os mesmos, os movimentos dele aumentam e Lua
não se aguenta e com o nome dele em seus lábios ela chega ao seu ápice,
seguido por ele alguns segundos depois.
— Puta merda — ela o escuta dizer. — Ele estava ofegante e com os
movimentos do seu quadril já cessados se apoia na parede e assim como ela
tenta controlar sua respiração.
Luna sentia suas pernas se afrouxarem ao seu redor, seus músculos ainda
sofrendo alguns espasmos assim como os dele.
— Isso foi... — ele não termina a frase, os movimentos rápidos do seu
peito não o deixavam.
— Incrível — ela por fim completa, tentava controlar as batidas do seu
coração.
— Tenho uma dúvida Hobbit.
— Qual seria?
— Onde você aprendeu a falar aquilo? Começou a ver filmes com cenas
mais explicitas do que o normal? — Ele cita o nome do qual ela usara para
definir filmes pornográficos.
Mas é um Kono baka mesmo.
— Você conseguiu estragar o clima — dizia ela rindo do comentário dele.
— É só você dizer aquelas palavras de novo que o clima volta rapidinho —
ela vê seu sorriso de lado.
— Qual? — Ela sussurra em seu ouvido.— Que gosto quando você me
fode? Ou quando imploro para que me foda com força? — Sua face cora
ligeiramente.
Meu Deus Lua, o que está havendo com você?
— As duas — escuta o gemido dele.— Minha Hobbit sexy atrevida e
agora devassa.
— Kono baka.
— Então você gosta com força?
— Não é exatamente a força de um Jedi, mas serve.
— Agora você estragou o clima.
O riso de ambos preenche o cômodo silencioso.
— Isso foi maravilhoso Kono— ela acaricia seus cabelos.— A primeira
dança, a segunda e isso o que acabamos de fazer — sente suas faces quentes.
— Sim foi — ele beija seus lábios delicadamente.— Meus vizinhos devem
ter adorado também — ri contra seus lábios.
— Não acredito que gritei daquele jeito, ai meu Deus que vergonha Mason
— ela esconde seu rosto no peito dele.— Nunca mais saio desse apartamento.
— Não se importe com eles, porque eu não me importo e eles nem devem
ter escutado. Eu amo o fato de você não ser silenciosa.
— Achei que detestasse as barulhentas.
— Isso é diferente Hobbit. Aquela que te contei, o problema não era o
barulho, era como ela fazia o barulho e as coisas que ela dizia — ele beija a
curva do seu pescoço.— Sempre achei gemidos altos e alguns gritos, dados
da maneira correta claro, muito excitantes. É muito gostoso, você não gosta
quando as vezes escapa uns gemidos de mim?
Ela apenas concorda com a cabeça ainda em seu peito.
— Vamos tomar um banho? Estamos bem suados — ela enfim o encara.
— Amo fazer amor no chuveiro.
— Quem disse que você vai?
Ela pula do seu colo, passa por debaixo dos braços dele e corre em direção
ao banheiro, escuta os passos apressados dele pelo corredor atrás dela, Luna
entra no box correndo e vira a tempo de o ver fechar a porta atrás de si
trancando ambos lá dentro.
— Você não aguenta não depois do que acabamos de fazer — ela o
provoca.

Após saírem do chuveiro e de Mason provar que realmente ela teria que se
acostumar com seu apetite, ele passa na frente da porta do seu escritório e se
lembra de algo que queria que ela visse pega sua mão e entra com ela naquele
cômodo.
— O que foi Mason?
— Quero te mostrar uma coisa — eles param no meio do escritório. — Eu
adicionei uma foto nova a minha coleção. Sabe que só coloco as realmente
importantes pra mim.
— Onde? — Ela vasculha o ambiente.
— Segunda prateleira da estante no lado direito Luna leva seu olhar até
onde ele indicara e sorri ao encarar aquela foto. Era a foto dos dois no
aniversário dele do ano anterior.
— Não acredito que emoldurou essa foto.
— Lembra de quando tiramos?
Claro que lembro, lembro como se fosse ontem.
— Me deixa pensar — ela fingia levando o dedo teatralmente até seu
queixo. — Claro que lembro!
— Meu aniversário do ano passado, você tinha tentado fazer um bolo para
mim — ela o escutava rir. — Ainda bem que esse ano você comprou.
— O bolo não estava tão ruim. Eu lembro que pela primeira vez escutei
você dizer que não queria ir a uma balada e olha que eu me ofereci para ir
junto com você e mesmo comigo insistindo você estava convicto a não ir.
— É nessa época do ano eu gosto de ficar em casa com quem realmente
importa e quando você foi embora Hobbit eu visitei a minha mãe.
— Kono eu poderia ter ido com você sabia?!
— Ah — ela o observa dar de ombros.— Eu não gostava de falar nisso e
ainda não gosto.
Tudo bem Lua sinal vermelho!
— Bom pelo menos dessa vez o bolo ficou ótimo.
— O do ano passado nem deu para comer, tinha um gosto estranho e
quando eu disse isso você Hobbit jogou metade dele em mim. Então peguei a
outra metade e joguei em você e Puffa melhor foto do mundo. — Lua o via
apontar para o porta retratos na estante.
— Uma foto comigo suja é a melhor foto? — ela perguntava.
— Corrigindo uma foto com nós dois sujos de merengue.
— Em minha defesa eu li a receita só me atrapalhei com o açúcar.
— Você colocou sal— ela escutava novamente sua risada.— Tem certeza
que não era para ser uma torta salgada?
— Tudo bem confesso que nas primeiras quatro tentativas não saiu como
planejado e eu acabei quase colocando fogo na cozinha, mas na quinta eu
consegui, bom mais ou menos.
— E eu te amo por tentar — ela recebe dele um beijo rápido em seus
lábios.
— Até que estava gostosa.
— Estava muito boa — ela o vê sorri e a beijar novamente.
— Eu te amo por mentir, na verdade estava uma merda.
Os dois gargalham.
Lua nunca imaginou que seria possível amar alguém tanto assim, achava
que nunca o amaria como antes, mas Mason sempre provava que ela estava
errada. Sua risada para, quando ela se lembra de sua amiga no seu
apartamento sozinha, esquecera completamente dela.
Argh sou uma péssima dona.
— Kusuri , eu preciso ir.
[32]

— Para onde?— Ela o via encarar confuso.


— Para casa, eu preciso cuidar da Misty e hoje é dia de banho.
— Eu já disse a você que pode trazer ela aqui sempre que quiser Hobbit.
— Para ela não deixar o coitadinho do Gandalf em paz?!
— Gandalf é tranquilo.
Ambos escutam um miado faceiro que vinha da porta.
— E ela me obedece sabe disso, aliás eu sou o único que ela obedece.
— Kono da última vez o pobrezinho do Gandalf ficou embaixo do sofá o
tempo todo, ela é muito agitada.
— Sim, mas eles precisam se acostumar um com o outro não acha?
— Por quê? Não é como se fossemos morar juntos.
Lua percebe que ele estava levemente nervoso, será que disse algo que não
agradou?
— Ahh, sim nós não moramos juntos, mas nos vemos todos os dias e todos
os dias dormimos na casa do outro eu só pensei que... — ela o encarava
passar as mãos em seus cabelos algo que só fazia quando nervoso.— Eu
pensei que se... Que a gente se vê todo dia então por que eles não?!
Tudo bem aquilo não tinha o menor sentido.
— Você quer levar o Gandalf na minha casa? — Perguntava confusa.
— Se você quiser que eu leve.
Mais um miado é ecoado pelo cômodo onde estavam.
— Tudo bem eu trazer a Misty de vez em quando, ela é um cão, mas
Gandalf é um gato e não está acostumado a novos ambientes.
— Sim só que de vez em quando não faria mal, sabe uma mudança de ares.
— Só ia ser estressante, Mason eu sou veterinária acredite não faria bem
ao Gandalf.
— Ok Hobbit já entendi você não o quer na sua casa e reluta em trazer a
Misty aqui, só esquece o que eu disse tudo bem?!
Ela suspira, não sabia o que o havia irritado, porque esse interesse em seus
animais conviverem juntos? Tudo bem que agora eles estavam juntos, mas
expor um gato como Gandalf a novos ambientes seria demais para o animal,
ela só estava pensando no bem dele então por que Mason estava chateado?
— Olha... Eu trago a Mística aqui, que tal se nós dormíssemos aqui hoje?
Tudo bem para você não é Gandalf? — Ela pergunta ao gato parado na porta
que mia em resposta. — Acho que isso foi um sim.
— Sim ele disse que tudo bem o miado de não é diferente e não me olhe
assim eu apenas sei a diferença dos miados dele.
— Então mais tarde eu a trago depois de sua ida ao pet.
— Afinal de contas Hobbit por que o nome Mística?
— Quando eu a ganhei ela tinha uma pelagem diferente era mais clara e
com o tempo foi ficando escura como uma transformação da mística do X-
men.
— Bem original nunca conheci ninguém que deu esse nome para seu
animal.
— Eu sou única!
— Com toda certeza.
— Meu padrasto me deu ela quando vim pra cá — ao passar novamente os
olhos na estante dele, encontra entre os porta-retratos uma foto de Mason
com Gandalf no colo— E Gandalf onde você o arranjou?
— Eu o encontrei há uns quatro anos. Estava saindo do hospital e chovia
muito. Quando cheguei do lado do meu carro nos estacionamento eu escutei
um miado e quando vi tinha um gato saindo debaixo do meu carro, ele se
sentou do meu lado e ficou me encarando, claro que achei bem estranho, eu
tentei espantá-lo, mas sem sucesso, então eu o ignorei e quando abri a porta
de trás para colocar minha mala ele pulou pra dentro, eu o peguei e coloquei
pra fora e ele entrou correndo de novo, fiz isso umas três vezes, então acabei
desistindo. Entrei no carro e fiquei encarando ele dormindo tranquilamente
no banco do passageiro, levei para casa, comprei comida pra ele e jurei pra
mim mesmo que iria no dia seguinte arranjar algo para fazer, dá-lo pra
alguém ou algo do tipo, mas você pode imaginar que não fiz nada disso.
— Ele te escolheu.
— Pode-se dizer que sim — Ele encara a bola de pelos cinza na foto— Ele
é o primeiro bicho de estimação que tenho, nunca gostei de gatos na verdade,
mas Gandalf é especial.
Ele escuta um miado e logo nota dois olhos amarelos abertos encarando
ambos da porta.
— Mas hoje eu amo você Gandalf, eu não gostava de gatos antes — então
seu amigo lamber suas patas despreocupadamente.
— Eu gosto dele e acho que combina com você, não imagino você tendo
nenhum outro animal.
— Eu amo esse gato — Ele solta um suspiro.
Ela encarava o homem à sua frente e por breves minutos esquece o que
tinha que fazer. Ele andava pelo corredor e ela claro que escolheu ficar atrás
para que pudesse, digamos, apreciar a vista de um belo e perfeito traseiro.
— Sabe que não podemos ficar pelados o dia todo fazendo amor, não é?
— Sim eu sei — Lua o escutava suspirar.— Mas quando não estivermos
eu estarei beijando, acariciando e rindo com você — ela o vê sorrir de lado e
pegar sua mão.
— Nunca paramos em um beijo — Lua o sente a puxar até a cozinha.
— Beijar você é viciante — ele caminhava até a geladeira para se servir de
um pouco de água.
Ele é lindo até bebendo água.
— Vou cozinhar enquanto você se troca e vai ver a Misty.
Ela caminha até o quarto pegando suas roupas pelo caminho. Ele a estava
provocando, ela sabia bem o poder que Mason tinha sobre seu corpo, esse
corpo fraco que não consegue resistir a ele.
Luna retirava seu roupão, ela faz um coque alto em seus cabelos agora
úmidos e depois veste suas roupas indo à cozinha para pegar o resto de suas
coisas.
Quando ela chega fica totalmente paralisada com o que vê. Mason estava
apenas com um avental cobrindo a parte da frente de seu corpo deixando seu
traseiro perfeito a mostra. Seu peitoral nu subia e descia tranquilamente
enquanto ele picava e cortava ingredientes para a refeição que iam comer. As
mechas de seus cabelos caiam por sobre seus olhos e um sorriso de canto
surge em seus lábios.
— Puta merda! — Ela diz o admirando.
Estou ferrada!
“Alguém tem que cuidar de você bola de pelo”

Mike Wazowski Luna Iasune — O que foi? — Ela o escutava perguntar com um
ligeiro tom de inocência em sua voz.
— Nada...
Merda, merda, merda...
Luna o observava picar cada ingrediente com maestria, as mechas de seu
cabelo caiam inconstantemente em seus olhos, ela o devorava com o olhar
passando por todo seu corpo e medindo cada centímetro.
Nossa que homem, que corpo e que traseiro, ela pensava enquanto
tombava sua cabeça para o lado.
— Prefere queijo gouda ou gorgonzola?
Ela admirava a forma como ele cozinhava, admirava seus cabelos, seu
peito, o rigor de seus músculos quando cortava alguma coisa, ela nem sequer
o ouvia.
— Hobbit? — Ele se virava para ficar de frente para ela a privando daquela
visão.
Luna é despertava de seu transe agora conseguindo finalmente encara-lo
nos olhos.
— Fala... — ela o responde novamente não permanecendo com o contato
visual, não podia controlar seus olhos pareciam ter vida própria e logo ela se
via encarando seu corpo.
— Prefere queijo gouda ou gorgonzola? Para o molho sabe?!
— Eu... Concordo com você — ela nem saberia dizer com o que
concordava só conseguia o admirar vestindo aquele avental preto.
Porra não tem como ficar mais sexy que isso.
— Tudo bem eu escolho então.
— Eu te amo.
Ela o vê virar de costas novamente expondo seu traseiro nu, os músculos
de suas costas e braços tencionavam-se à medida que ele cozinhava.
— Eu sei disso — ela escuta sua risada baixa após jogar os ingredientes na
panela.
Ela encarava cada movimento que ele fazia, a forma como se movia
enquanto cozinhava. Ela sentia que começara a ficar úmida, como ele fazia
isso? Como era possível? Naquele momento Lua tinha certeza de que não
importava mais o que ele a perguntasse ela não saberia responder, pois seu
corpo estava em modo automático, sua alma havia saído do seu corpo por
breves momentos.
— O que tem em mente para sobremesa Hobbit?
— Com certeza.
— Banana? — Ele a perguntava ainda de costas.
— Claro isso ai!
— Então quer que eu te ofereça banana?
Ela passava constantemente a língua por seus lábios.
— Eu sei— Luna simplesmente não conseguia acordar.
Era uma visão é tanto um homem como ele cozinhando, com toda aquela
confiança, ainda mais sem roupas e coberto apenas com um avental, pode se
dizer que é o sonho de toda mulher. E à medida que ele se movimentava o
corpo de Luna ficava sôfrego, ela queria ir até lá, queria arrancar aquele
avental e fazer amor com ele novamente no chão daquela cozinha.
O cheiro do que preparava invade suas narinas a fazendo despertar, ela
agora sentia sua aproximação.
Mason estava parado bem à sua frente com aquele sorriso patenteado que
sempre exibia em seu rosto, ele pegava com calma ambas as mãos dela
fazendo as mesmas deslizarem pela lateral do corpo dele. Lua abria e fechava
a boca várias vezes, nada saia, sua voz sumira, ela tentava segurar um gemido
que estava contido no fundo de sua garganta. Agora ela sentia suas mãos
serem levadas até o traseiro dele permanecendo lá uma mão em cada nádega.
— Kusuri— ela escuta sua risada e isso a desperta.
— Sei que queria tocar, vá em frente.
Ela contém o desejo de apertar com suas mãos aquela região, pois sabia
que se o fizesse se renderia por completo.
— Preciso ir ver minha cadela — Com o resto de força que ainda possuía
ela afasta suas mãos.
— Você precisa, mas não quer. O que acha se eu dançar só de avental para
você?
Eu adoraria, ela pensava. Por Vader Lua CONTROLE-SE!
— Agor... Agora não, deixa para próxima.
Ela beija rapidamente sua bochecha esquerda, precisou ficar na ponta dos
pés para alcançá-la.
— Tchau Mason eu volto em uma hora.
— Até daqui a pouco.
Ela praticamente corre até a porta antes que mude de ideia.

Luna após trocar de roupa já em seu apartamento agora esperava


pacientemente sua fiel amiga terminar a refeição que ela colocara. Ela havia
optado por um vestido azul claro com uma leve marcação na cintura
alinhando suas curvas. Ele era solto mais abaixo de seu quadril e seu
cumprimento ia até o começo de seus joelhos, quando Mística termina de
comer ela coloca a guia em sua amiga e calça seus all stars pretos.
— Pronta para um passeio de carro?
Ela observa sua amiga animada latir freneticamente.
— Hoje vai ser diferente, vamos dormir fora garota, tudo bem para você?
Agora Mística estava aos pulos e latidos ficando apoiada nas duas patas
traseiras enquanto as suas patas dianteiras repousavam no peito de Lua.
— Vou considerar isso como um sim!
Ela pega alguns pertences de Misty e uma roupa a mais junto com o seu
pijama e o de sua cadela, Lua colocava tudo em uma ecobag com estampa do
Star Wars e caminha para fora de seu apartamento trancando tudo.
Após deixar sua cadela no pet shop ela segue ao apartamento de seu
namorado, estava morrendo de fome mal podia esperar para comer a comida
que ele preparara.
A comida que ele preparou usando somente um avental do qual eu queria
arrancar e...
Ela chacoalha sua cabeça várias vezes afastando aquele pensamento. Após
quarenta e cinco minutos tentando não pensar em Mason vestido daquela
forma ela entra no apartamento dele com a chave que ele lhe dera, logo Luna
sente o cheiro de massa a invadir guiando seu corpo até a cozinha.
Mason não estava lá e nem na sala então após uma rápida conferida nas
panelas ela segue para o quarto dele.
O encontra vestindo sua calça jeans, seu dorso ainda amostra.
Graças a Deus, posso resistir a um peitoral nu eu acho.
— Olha só quem voltou — ela o encarava sorrindo. — Estava quase
comendo tudo sozinho — Ela o vê fechar o zíper de sua calça.
Ela joga suas coisas em cima da cama e o nota se aproximar para dar uma
conferida no que trouxera.
— O que é tudo isso?
— Meu pijama, o brinquedo favorito de Mística e uma roupa para o
trabalho.
— Onde está Misty?
— A deixei no pet shop, mais tarde poderemos ir pega-la.
— Está linda nesse vestido Hobbit— ela o nota a observando, passando
seus olhos pela extensão do seu corpo.
— Obrigada, agora se não se importa podemos comer?
— Sim, com certeza — ele estende sua mão, Lua a pega e seguem até a
cozinha, onde o estômago dela ronca ao sentir aquele cheiro maravilhoso, se
tinha uma coisa que Mason fazia muito bem era massa, amava quando ele
cozinhava para ela.
— Pode pegar os pratos para mim Hobbit?
Lua vai até o armário tirando de lá dois pratos, enquanto Mason vai até a
geladeira e retira de lá uma garrafa de coca cola bem gelada. Nada combina
melhor com macarronada do que aquele refrigerante.
Com a mesa posta Lua vai logo se servindo de uma grande porção de
massa.
— Sugoiiii Itadekimasu! — Ela pega os talheres e começa a devorar tudo
que pusera em seu prato.
— Não entendi porra nenhuma do que disse — ele se sentava a sua frente.
— Hum... Ryõri imasu.— Ela dizia. — Watashi wa koi ni ochita to
omoimasu por essa macarronada.
Ela agora terminava sua segunda porção, já se servindo da terceira.
— Meu Deus Lua você está com fome hein?! — Ela o escutava dizer,
Mason ainda estava na metade do seu primeiro prato. — Não sabia que era
tão bom assim na cozinha.
— E não é!— Ela mente. — Mas estou faminta então mesmo que isso
fosse aquele bolo que fiz no seu aniversário eu o comeria sem dó.
— Ok, um agradecimento seria bom do tipo obrigado Mason por cozinhar
para mim e por fazer o prato que tanto amo.
Ela suspirava — Obrigada Kono por cozinhar para mim o prato que mais
amo — Então volta sua atenção ao seu prato.
— De nada Hobbit.
Ela termina seu terceiro prato, mas ainda continuava com fome. Fazer
amor tantas vezes deveria ser proibido.
— Você ainda vai comer isso? — Ela apontava para o prato dele.
— Ahhh — Ele estendia seu prato em sua direção.— Pode pegar.
Ela avança em seu prato e em questão de minutos termina sua refeição.
— Meu Deus Lua você realmente esgotou suas energias — ela o encarava
arquear suas sobrancelhas — Ou melhor, eu gastei.
Com a barriga cheia, Luna encosta-se na cadeira satisfeita e se agradecia
mentalmente por ter colocado um vestido, pois se estivesse de calça jeans
com toda certeza iria precisar abrir os seus botões.
— O que quer fazer agora?— Ela lhe pergunta.
— Tenho um lugar para ir — ela o vê encarar o relógio da cozinha.— As
16:30 tenho que visitar uma paciente, ela deu à luz a gêmeos ontem e preciso
ir para checar se está tudo bem, ver como ela está, mas só tenho ela para
visitar depois de preencher alguns documentos no meu consultório e fazer
alguns relatórios estou livre.
— Posso ir? Queria visitar sua mãe estou morrendo de saudades dela.
— Ahh claro você pode vir, ela me disse que também está com muitas
saudades suas — Mason saía da cozinha indo em direção ao seu quarto. —
Só vou terminar de me vestir então podemos ir — Ela o escutara gritar, sua
voz ecoando pelo corredor.
Ela sai da cozinha e na sala se joga no sofá. Minutos depois ele surge
usando uma camisa branca e calçando seu sapato social.
— Vamos? — Ela confirmava com a cabeça.— Espera, estou esquecendo
algo.
Ele desaparece novamente pelo corredor a deixando sozinha na sala,
quando ele retorna estava segurando seu jaleco branco do qual ela encarava
com um sorriso sapeca.
— Não se anime Hobbit não vou dançar agora — Ele percebera seu olhar
divertido e como sempre não perdia a oportunidade.
— Que droga — ela ironizava.
Lua estava com muitas saudades de Melissa, não havia tinha muito tempo
em sua agenda para visita-la e isso a deixava triste, pois gostava de conversar
com ela. Por isso iria aproveitar aquela visita ao máximo.
— Estou com muitas saudades de sua mãe, mal posso esperar para
conversarmos.
— Você vai fazer mais perguntas constrangedoras sobre mim a ela, não é?
— Com certeza.
— Você ama saber meus podres do passado.
— Não quero saber as coisas constrangedoras das quais passou elas são um
bônus. O que realmente gosto de saber é sobre sua vida antes de me
conhecer, sua vida vazia e triste porque ambos sabemos que ela só ficou
cheia de cor quando me conheceu— Dizia com um ar convencido e um
sorriso de canto.
— Sério Hobbit você está andando muito comigo — ele ria enquanto abria
a porta do carro para ela.— Mas acho que precisa melhorar esse sorriso, não
está 100% Mason Carter.
Ela suspirava enquanto entrava no carro se sentando no banco do
passageiro, Lua mantinha o olhar a sua frente enquanto Mason dava a volta e
se sentava no lado do motorista, dando partida no carro. Ele acariciava sua
coxa com uma mão enquanto a outra segurava o volante.
Quando chegam ao hospital ela o vê cumprimentar alguns funcionários na
entrada, como se costume, mas agora algo mudara. Eles não somente
cumprimentavam seu namorado e sim a ambos. Alguns deles pareciam já ter
decorado seu nome e lhe ofereciam sorrisos gentis e havia um deles que uma
vez cometera o engano de chamá-la de senhora Carter e naquele dia não fora
diferente. Foi estranho a primeiro instante, mas ela acabara não se
importando.
Quando o elevador chega os dois entram acompanhados de mais duas
pessoas que cumprimentam Mason brevemente. Luna vai para o fundo
daquele pequeno espaço seguido por Mason, ele um pouco mais atrás dela e é
quando as portas se fecham que ela sente o toque atrevido de seu namorado,
suas mãos brincando com a pele por baixo de seu vestido na parte traseira.
Ela começara a estremecer olhava em volta preocupada de alguém os ver.
Ele mantinha a postura profissional, como se nada estivesse acontecendo
enquanto sua mão subia pela pele de seu quadril disfarçadamente.
Olhava para frente enquanto ele apertava uma nádega dela. Luna suspirava
fortemente tentando disfarçar seu estado, ela abraçava com força a sua bolsa,
podia notar sua aproximação e em seu ouvido o escuta sussurrar.
— Pena que tenha mais gente aqui dentro — dizia voltando a sua posição
original encarando a sua frente indiferentemente.
Ela aproxima-se dele e sussurra de volta — Por favor, para — tentava a
todo custo conter os gemidos que se agrupavam em sua garganta.
Ele agora brincava com o elástico da sua calcinha enquanto ela inspirava e
expirava fortemente controlando ao máximo as sensações que estava
sentindo.
Sério esse andar nunca vai chegar? Onde estamos indo afinal para o
Olímpio visitar Zeus?!
A porta do elevador finalmente se abre e as pessoas que ali estavam saem,
fechando a porta logo em seguida e quando isso a acontece o vê abrir um
largo sorriso. Enquanto ela soltava sua respiração devagar.
— Você é maluco!
— Ninguém percebeu e você tem que assumir que foi muito excitante —
ele retirava a mão daquela região e ficando de frente para ela.
— Você é uma péssima influência para mim.
— Nunca disse o contrário— ele inclinava seu rosto em sua direção
roçando seus lábios aos dela.
Lua enrosca seus dedos em seus cabelos e ele então abocanha seus lábios,
ele soltava gemidos baixos quando ela puxava seus cabelos, Lua adorava
fazer isso.
— Kono... — ela gemia baixinho, sabia que ele adorava aquilo, podia
ouvi-lo gemer em resposta.
— Se fizéssemos o que estamos com vontade de fazer, amanhã mesmo
seriamos celebridades por esse hospital por aqui tem câmeras.
— Como se você já não fosse— Ela colava seu corpo a dele.
— Digamos que tenho um grau elevado de popularidade.
Lua mordia seu lábio inferior com um pouco de força.
— Você não tem noção de quantas vezes sonhei em fazer isso — ela
mordia mais uma vez seus lábios puxando de leve sua pele.
— Você teve muitas fantasias comigo Hobbit não é mesmo? — Ela agora
o afastava encarando seus olhos.
— Até parece que nunca teve comigo.
— Ah eu não nego que tive com você, mas isso é algo que se espera de
mim agora de você eu nunca esperei ouvir tal confissão.
— Você nunca tocou no assunto — ela se desprendia de seus braços.
— Isso por que tudo que imaginei eu faço com você e acredite ainda não
fiz tudo — Ele sorria de lado.
— E todas aquelas mulheres das quais saía? Nunca sonhou com nenhuma
delas?
— Com algumas sim, mas antes de te conhecer, depois que te conheci
passei a sonhar mais com você.
Mas fantasiava com elas. Ela pensava com uma pontada de ciúmes.
— Hum... Entendi.
Luna fica um pouco séria, na sua cabeça imagens de Mason com outras
mulheres se formavam constantemente, ela sabia como Mason era desde o
começo, mas ainda assim o ouvir falando essas coisas foi como um beliscão
de realidade.
O elevador chega ao seu destino e as portas se abrem fazendo Luna
despertar de seus pensamentos.
— Hey Hobbit — Ela sentia suas mãos em seu rosto. — O que foi? — Ele
perguntava com carinho.
— Nada, vamos você precisa ver sua paciente e eu estou muito ansiosa
para ver sua mãe.
Eles saem do elevador e caminham pelo amplo corredor, mas antes que
cheguem à metade ela sente um leve puxar a fazendo parar.
— Hobbit... Eu... Eu— Ela nota a pergunta se formar em seus olhos, sabia
que ele queria que ela dissesse o que havia acontecido, conhecia bem ele, mas
por algum motivo ela o vê desistir e não pressioná-la — Eu já te disse que te
amo hoje?
— Eu também te amo.
Ela recebe o beijo carinhoso.
— Vai lá ver sua sogra, depois eu volto para te salvar dela.
— Sabe que amo né?
— A mim?
— A sua mãe.
— Sim eu sei — ele sorri para ela — Te vejo em duas horas no máximo.
Após se despedir ele desaparece no corredor.

Melissa Carvalho Ela já havia tomado sua dose de remédios diários dos
quais já não faziam efeito em seu corpo doente. O câncer avançava cada vez
mais e apesar dos médicos a encorajarem a lutar, Melissa sabia que essa era
uma batalha já ganha para a doença, mas como sempre dizia onde há vida há
esperança. Ela recusara as sessões de quimioterapia já que as mesmas não
ajudariam e ela se recusava a sentir os enjoos causados.
Ela precisava ser forte não por ela e sim por seu filho. Melissa não se
sentia traída pela vida como já ouvira várias vezes de outros pacientes ao
contrario ela sabia que para tudo havia um propósito, seu caminho a ser
trilhado já estava chegando ao fim e ela aceitava bem a sua sentença.
Ela é despertada de seus pensamentos por três leves batidos na porta.
— Entre — Ela dizia com dificuldade.
Ela estava sentada na cama com o seu livro quando a vê entrar em seu
quarto sorridente, coloca seu livro de lado Melissa retribui seu sorriso.
— Lua minha querida, achei que já tinha me esquecido — ela fazia um
sinal com as mãos para que se aproximasse.
— Desculpe não ter aparecido antes — escutara dizer sem jeito.
— Tudo bem querida, como você está?
— Estou bem e a senhora?
— Estou sentindo menos dores, não vejo à hora de voltar para casa —
Melissa nota algo em seu olhar - Tem certeza de que você está bem?
Quando ela se aproxima nota seu sorriso contido.
Melissa a vê se sentar ao seu lado suspirando fortemente, então ambas
conversam sobre as aflições dela. Melissa ouvia cada palavra que ela dizia,
ouvira sobre a briga, sobre o motivo da briga e o fato de por um instante a
namorada de seu filho ter se mantido insegura em relação aos dois.
Ela tamborilava seus dedos na capa dura do seu livro e quando ela termina
de falar Melissa ainda se mantinha calada a encarando um pouco séria. Ela
amava Luna, mas às vezes sentia que ela precisava de um puxão de orelha.
— Luna agora quero que me escute — ela dizia em tom sério.— Você
precisa parar de ser tão fechada em relação aos seus sentimentos, precisa
confiar que meu filho a escutará, ele confia em você e você precisa confiar
nele, então pare de se preocupar demais e de achar que tudo vai dar errado.
Escute essa velha aqui querida — Ela apontava para si própria — Ela sabe do
que está falando e Mason é paciente, ele sempre foi, mas não se engane
querida você vai perdê-lo se continuar por esse caminho é isso o que quer?
— Não — Melissa a via abaixar sua cabeça.
— Mason é tudo pra mim, e ele já perdeu tanto na vida, ele não é de se
apegar a pessoas queridas, nunca foi, só as que realmente importam pra ele,
essas terão pra sempre sua devoção — ela suspira e pega sua mão.— Eu acho
que ele tem medo de ficar sozinho, e quando ele encontra alguém em quem
confie e que goste, ele se dedica a ela.
Ela via Luna a encarar com os olhos marejados e concordando com o que
ela dizia, e após um tempo sua visita não sustenta seu olhar e o desvia.
— Ótimo então... — ela leva suas mãos até o queixo dela o erguendo para
fazê-la encarar seu rosto.— Converse com ele tudo bem? Vocês estão juntos
nessa.
— Obrigada Melissa — ela sentia as mãos de Lua envolver a sua
apertando de leve.
— De nada meu bem — ela acariciava o rosto de Lua com suas mãos frias
e delicadas. — Agora me conte como vai o relacionamento de vocês fora essa
briga.
— Ontem comemoramos o aniversario dele.
— Comemoraram? Ele comemorou? — Ela perguntava com um pouco de
surpresa.
— Sim e ele me contou o motivo de não comemorar.
— Sempre foi uma data difícil para ele querida e eu sofria ao vê-lo daquela
maneira. Quando seus pais morreram, ele não tinha mais ninguém além de
mim e desde esse dia preferia não comemorar seu aniversário como os
amigos— ela tinha um tom de voz triste.— Enfim — Ela suspirava se
encostando a cama.— Você o presenteou?

Luna Iasune Luna contara em detalhes toda à noite que tiveram, as


conversas até tarde da noite agora um pouco mais animada. Melissa tinha
razão ela precisava parar de se sabotar. O riso das duas preenchia aquele
lugar enquanto ambas esperavam a volta dele.
Melissa lembrava muito a sua mãe, talvez ligasse para ela ao sair dali.
— E então já não possuo mais segredos? — A voz dele invade os ouvidos
de ambas que imediatamente param de rir. Luna nem havia percebido que se
passara tanto tempo.
— Olá anjinho — ela escutara Melissa cumprimentar seu filho.
Mason vai até sua mãe e beija sua testa.
— Olá mamãe como está se sentindo hoje? Desculpe a demora — agora
ele se dirigia a ela beijando seus lábios levemente.
— Ta tudo bem, sua mãe e eu nem percebemos o tempo passar — ela lhe
respondia.
— Não percebemos mesmo, hoje me sinto melhor.
Lua segurava a mão de Melissa enquanto ela falava com seu filho.
— Não queriam me deixar ir, lá encima, fiz coisas além do esperado— Lua
o via ir até a poltrona para visitantes e se jogar nela suspirando com força.
— Sobre o que conversaram? — Ele perguntava.
— Muitas coisas — Lua respondia.
— Com certeza — ouvia Melissa falar então as duas se entreolham com
cumplicidade.
Lua percebera o olhar desconfiado de Mason para ambas.
— Pelo jeito eu fui exposto aqui.
— Ahh anjinho, só uma coisa... — Melissa encarava seu filho com a
sobrancelha erguida.
— O que mamãe?
— Girl look at that body. Girl look at that body. Girl look at that body Lua
solta uma gargalhada e ao lado de Melissa continua à música — When I walk
in the spot. This is what I see. Everybody stops and they staring at me. I got
passion in my pants And I ain't afraid to show it.
A risada de Melissa também podia ser ouvida enquanto ela terminava a
performance ao lado de Lua — I’m sexy and I know it.
As duas gargalhavam sem parar. Lua podia ver o olhar de Mason que dizia
“não acredito que contou a ela”.
— Não sei por que as duas estão rindo — ele por fim fala.— Prestem
atenção na letra só há verdades nela.
Luna para de rir e o encara.
Com um sorriso nos lábios ele novamente se acomoda na poltrona.
— Por que ficou quieta Hobbit? Você não adora rir de mim sempre que
tem a oportunidade?
— Não ligue para ele Lua, Mason já teve seus momentos ruins com as
garotas.
— Mamãe— Lua abre um leve sorriso, o tom que ele usava com ela era
um tom de aviso.
— O que? Ela merece saber, por exemplo, quão nervoso estava quando
teve seu primeiro encontro e enfim decidiu que daria seu primeiro beijo.
— Ele ficou? — Lua o escutava suspirar. Aquilo ia ser interessante.
— Ele escovou os dentes várias vezes, tomou o equivalente a um mês de
balas de menta e trocou de roupa três vezes por que não parava de suar, eu
claro tirei várias fotos.
— Posso ver essas fotos?
— Claro, assim que receber alta terei o prazer de mostrá-las.
— Ah mamãe Maria vem ficar com a senhora? — Ela o escuta mudar de
assunto após um pigarro.
— Sim ela já deve estar chegando.
— Que bom, Maria gosta muito de fazer companhia a senhora, mesmo
quando não precisa.
— Sim querido ela gosta, quando não está comigo está assistindo aquela
série que tanto ama falar para mim, preciso confessar eu não entendo metade
das coisas que ela fala.
— Qual nome da série?— Lua agora perguntava com curiosidade.
— Ahh querida não me lembro bem, mas tem alguma coisa haver com
down... Downtonville... Downton abbey acho que é isso vocês conhecem?
Luna começa a rir.
— Sim já vi alguns episódios com um amigo que também gosta muito
dessa série.
— Acho que Maria e seu amigo se dariam bem — Lua escutava Melissa
dizer.
— Quem sabe não apresentamos Maria à Luis um dia — agora Mason
falava.
— É quem sabe— Lua o observava encarar o relógio do quarto.
— Mamãe infelizmente vamos ter que ir embora — Ela o vê se levantar.—
O horário de visitas está acabando.
— Ahhh Kono mais já?
— Não está cedo anjinho? Lua não pode ficar um pouco mais? — As duas
agora colam os seus rostos uma na outra fazendo um biquinho.
— Não a estou levando por maldade apenas o horário de visitas que está
quase no fim.
As duas então em uníssono dizem:
— Ahhhhh!
Arrancando dele uma gargalhada.
— Então eu vou embora sozinho pelo jeito, minha companhia não é bem
aceita nesse clubinho que vocês duas formaram para falar do assunto
preferido de vocês “EU” — Lua sabia que ele estava provocando, ela o via
beijar os nós dos dedos de sua mãe com um sorriso.
— Mason pare de ser dramático.
— Às vezes um pouco de drama é divertido. Prometo que a trago de novo
em breve mamãe— Ele beijava seu rosto.
— Tudo bem meu bem e Lua lembre-se do que conversamos.
— Pode deixar,até depois — ela se despede com um abraço.
Ambos já fora do quarto, então Lua escuta ele dizer.
— Amo o fato de você e minha mãe se darem bem — Ela é incrível — Lua
pega sua mão. — Mason...
Estava na hora de seguir o conselho que Melissa a dera.
— Sim Lua?
— Você pode evitar falar de outras mulheres para mim? — Ela o pergunta
mordendo seus lábios.
— Mas eu só respondo o que me pergunta.
— Eu sei, mas no elevador... Eu sei que responde minhas perguntas só que
às vezes me sinto apenas mais uma, só que de longo prazo. Podemos parar
com esse tipo de provocação?
— Lua... — Ela o sentia puxar para mais perto.— Você não é só mais uma,
quantas vezes vou ter que dizer que você é diferente? Que é única? — Ela
sentia suas mãos em seu rosto tristonho.— Você é a única para mim Hobbit,
eu amo conversar com você, provocar você, se não quer que fale de outras
mulheres eu não falo.
Ela suspirava aliviada.
— Eu gostei muito de você ter se aberto comigo — ele beija seus lábios.—
Prometo não te provocar mais assim.
— Obrigada Kono — ela o agradece entre beijos.
— Quero te levar a um lugar — ela se vê sendo arrastada pelo corredor.
— Onde estamos indo?
— Surpresa — ela o ouvia dizer eles pegam o elevador subindo dois
andares.
Quando as portas se abrem os olhos de Lua brilham.
— Kono.
— Imaginei que você ia gostar.
— Podemos entrar? — Lua perguntava admirando através do vidro aqueles
lindos bebês.
— Claro que sim — ela é guiada a uma sala lateral.
Ela seguia animada amava crianças, Lua recebe de Mason um jaleco, ele a
indicava todo o procedimento antes de entrar no berçário. Prendia seus
cabelos em um coque e os cobria com uma toca indo até a pia que lá havia
lavando suas mãos como ele a mostrara.
Estava muito entusiasmada, não sabia para onde olhar eram tantos bebês
lindos.
— Bem-vinda ao meu lugar favorito aqui no hospital — ela o escutava
dizer com um tom de voz baixo.— Eu não cuido dos bebês isso é trabalho
dos pediatras, mas eu gosto de vir aqui verificar como estão os bebês que
trouxe ao mundo.
La dentro havia várias enfermeiras que observavam e cuidavam dos bebês.
— Olha só para eles são tão lindos.
As enfermeiras que estavam ali logo direcionam seus olhares para o casal.
— Olá doutor Carter — Lua vê uma senhora com um crachá que
informava que ela era a enfermeira chefe da ala pediátrica cumprimentar seu
namorado.
— Dulce e então como eles estão hoje?
— Estão ótimos doutor, apenas os gêmeos que se mantém agitados, mas
fora isso tudo normal.
— Dulce se não se importa eu trouxe uma visita comigo hoje — Lua o vê
apontar para ela.
— Sem problemas doutor.
Então um choro ecoa pela sala.
— Com licença — Lua sem perceber segue a enfermeira até o outro lado
da sala.
Ela a vê pegar um bebê que constatara ser um dos gêmeos, ela escutava a
mulher de idade dar ordem as outras enfermeiras mais jovens.
— Posso? — Lua estendia seus braços a senhora oferecendo ajuda, a
mulher sorri e acena em confirmação lhe entregando o bebê com cuidado.
A enfermeira chefe a ensina onde deve segurar. Ele chorava sem parar e
Lua o encarava com carinho, ela pensa em como fazer para acalmá-lo então
com uma voz calma bem próxima ao rosto do bebê ela canta baixinho uma
música que seu pai costumava cantar para ela nas longas tardes embaixo dos
galhos trêmulos dos pomares.
Logo seu coração é tomado pela doçura daquela lembrança.

♪♫

Somewhere over the rainbow


Way up high
And the dreams that you dreamed of
Once in a lullaby ii iii
Somewhere over the rainbow
Blue birds fly
And the dreams that you dreamed of
Dreams really do come true ooh ooooh ♪♫
O bebê aos poucos vai ficando quieto e sorrindo para Lua que sorria de
volta, ela balançava o bebê vagarosamente em seus braços o ninando,
enquanto cantava àquela canção, a mãozinha do bebê repousava sobre sua
boca. Lua vira o rosto para Mason e a enfermeira que se encontrava ao lado
dele sussurrando, ela então diz: — Gente ele dormiu.
— Você é muito boa nisso Hobbit— ela via Mason se aproximar.
— Obrigada, não foi nada.
— Ele gostou de você, vou verificar se contratam veterinárias no setor de
pediatria.
Ela sorri e o bebê se aconchegava em seus braços.
— Quer segurar?
— Eu? Ahh ele está tão tranquilo com você — Anda Kono pega — ela lhe
estende o bebê com cuidado. — Isso apoia sua mão aqui — Ela o entregava.
O bebê se meche, mas não acorda ela observava Mason ninar a criança, ele
o olhava com carinho, enquanto o bebê abria e fechava seus olhinhos
sonolentos.
— Hey buddy — Lua o escutava sussurrar.— Como você está? Conte
[33]

para seu médico?! — Sua voz era mansa.


A forma como ele olhava a criança o sorriso gentil em seus lábios, pela
primeira vez Lua imaginava como seria se Mason fosse pai. Uma menina,
com certeza, seria sua garotinha, mas e se fosse menino? Ele lhe ensinaria a
andar de bicicleta sem rodinhas.
Ela acreditava que Mason poderia ser o tipo de pai que agiria sempre como
influência, jamais como imposição. Ele seria o herói na infância, exemplo na
juventude e amizade na vida adulta, ele brincaria, modelaria e ajudaria sem
cobrar e sem demonstrar ele sofreria sem contagiar e amaria sem receber. Ela
conseguia imaginar Mason um pai assim, ele seria um ótimo pai.
— Ele é ótimo, não é? — Lua não escutara a enfermeira chefe se
aproximar.
— Sim — Ela não tirava os olhos dele.— Ele é.
— É um bom homem, a mulher que se casar com ele terá sorte — ela vê a
senhora cruzar seus braços.— Se eu fosse uns 30 anos mais jovem — escuta
a mulher soltar uma breve risada.— Quer um conselho querida? Casa com
ele.
Lua se vira para a mulher com uma grande interrogação em seu rosto.
Como que ela sabe que estamos juntos? E como se ela lesse sua mente
responde.
— É nítido nos olhos dele que a ama, eu o vi a encarando enquanto
cantava para o bebê, vi o mesmo brilho que vejo nos seus ao encara-lo agora.
Lua oferece um sorriso carinho e gentil a velha mulher e segue em direção
de seu namorado.

Mason Carter — Sua mãe está ótima e está ansiosa para te ver — ele
conversava com o pequeno pacotinho de gente em seus grandes braços.—
Estive com ela hoje, você será bem-amado rapazinho, você e seu irmão é
claro.
Mason gostava de crianças, não convivia diretamente com elas, o seu
trabalho era com as mães delas, mas sempre que possível ia até o berçário.
Gostava do ambiente, da energia que passava, era um local em que era
celebrada a vida, e ele se considerava um amante da vida, vivendo cada dia o
mais intensamente que se era possível, era sua filosofia desde sempre e ele
sempre tentava mantê-la, vivera assim a sua adolescência, com certeza vivera
na faculdade e agora se esforçava para continuar em sua vida adulta.
Enquanto ninava aquele bebê Mason chegara a conclusão de nunca se
imaginou como pai, ele sabia como ele queria ser, mas nunca se imaginara
com o próprio filho nos braços. Qual deve ser a sensação? Ele se perguntava.
Na verdade Mason nunca pensara no futuro, ele sempre vivia o hoje, nunca
fizera planos além dos já alcançados por ele, o seu sonho era de se tornar
ginecologista assim como sua mãe, ele conseguira e após isso não havia mais
nada, então continuou fazendo o que sabia melhor, curtir a vida.
Ele nunca encontrara alguém que o fizesse pensar no futuro, que o fizesse
pensar no que pensava agora, filhos, família, então ele conheceu a Lua e
agora namorava com ela, e por incrível que pareça ele entendeu o que seus
colegas da faculdade sentiram quando todos eles mudaram o seu jeito de ser e
suas vidas drasticamente pelo amor, era o fim do mestre da conquista, pois
ele havia sido conquistado, ele havia sido mudado.
— Você leva jeito também — escuta Lua se aproximar.
— Eu gosto de crianças — ele a encara sorrindo.— Gosto de vir aqui vê-
los às vezes.
— Ok Doutor Carter — Dulce se aproxima deles e retira o bebê dos seus
braços.— Me dê esse garotinho aqui que logo ele e seu irmão irão fazer uma
visita para a mamãe deles — a enfermeira sorria para o bebê e o levava para
longe.
Ao se virar na direção de sua namorada ele a encontra sorrindo enquanto o
encarava.
— Eu preciso ir buscar a Misty.
— Tudo bem. Já terminei o que vim fazer.
Ambos se despedem de Dulce e se encaminham para o elevador.
— O que achou de visitar o trabalho comigo? — A porta se fecha os
deixando sozinhos.
— Eu amei — ela lhe oferece um belo sorriso.
Ele se encaminha em sua direção ficando frente a frente.
— E então — se aproxima mais.— E sobre aquele nosso outro assunto?
— Que assunto?
Ele se aproxima mais ainda, a fazendo bater as costas na parede do
elevador.
— Sabia que uma das minhas fantasias é fazer amor com você em um
elevador?
— Mason você não teria coragem — ele nota um pouco de dúvida na voz
de sua amada.
— Duvida de mim?
— Seria muito descaramento até mesmo para você.
— Talvez tenha razão — dizia após soltar um riso baixo.— Mas...—
encarava seus olhos travessos.— Não existe somente esse elevador no
mundo.
As bochechas de Luna ficam bem vermelhas, se bem a conhecesse ela deve
estar visualizando a cena em sua cabecinha assim como ele estava.
— Kono— ele o escuta chamar.
— Sim Hobbit— ele beija o lóbulo de sua orelha.
— Você seria um ótimo pai.
Por essa eu não esperava.
— E você será uma ótima mãe — ele leva seus lábios até a curva do seu
pescoço, beijando aquele local.
— Lembrarei disso quando me casar com o pai dos meus filhos.
— Ele será um homem de sorte.
— Eu espero ser uma mulher de sorte perto dele. Sabe sempre sonhei com
uma casa de dois andares, balanço no quintal, Misty brincando com meus
filhos enquanto o pai e eu observamos sentados na varanda.
Mason com o rosto ainda em seu pescoço, presta a atenção em suas
palavras, e ao fechar os olhos ele consegue imaginar a cena dos sonhos da
Lua, ele via a casa, uma árvore no quintal com o balanço, podia até ouvir os
latidos de Misty e uma sensação de paz o invade, e aquilo faz ele abrir um
largo sorriso em sua pele.
— Parece ser uma ótima vida — volta a brincar com seu pescoço.— Eu
nunca me imaginei como pai.
— Você seria ótimo Kono. A mulher que se casar com você terá muita
sorte.
— Obrigado Hobbit— ele acariciava seu rosto com carinho.— Eu me acho
um namorado de sorte.
Luna fecha os olhos ao receber o carinho de suas mãos, ela tomba a cabeça
para o lado aumentando o contato de sua mão com o rosto dela.
— Eu acho que tenho sorte.
— Amo você por mentir — ele a provoca.
— Não é mentira.
— Sei que as vezes quer me bater.
— Você também as vezes quer me bater — ele vê um sorriso com um
pouco de malicia em seus lábios.
— Muito, tipo agora eu queria — ele desce as mãos vagarosamente até
alcançar o quadril dela.
— Mas me comportei direitinho.
— Onde? Você ficou tirando sarro de mim e da minha super dança sexy e
ainda contou para minha mãe, você sabe que ela nunca, jamais vai esquecer
isso.
— Não contei a ela, não tudo, e valeu super a pena porque a sua cara foi
muito engraçada.
— Sabe não sabia que era possível amar tanto alguém e em alguns
momentos odiar.
Ele escuta a gargalhada dela ecoar pelo pequeno ambiente. Então ele a
beija principalmente para fazê-la parar de rir dele, segundo porque queria e
muito e terceiro porque simplesmente podia.
— O ódio já passou — ele intensifica seu beijo.
Sente as mãos de Lua o puxarem pelo tecido do jaleco que vestia.
— Eu te amo tanto Hobbit. Ainda bem que não tem ninguém nesse
elevador.
— Eu sei que ama.
A porta do elevador enfim se abre, fazendo os lábios deles se separarem,
mas não se afastam apenas se encaram.
— Vamos? — Lua o pergunta encarando seus olhos e com sua boca mais
vermelha que o normal.
Sem dizer nada Mason pega sua mão, saem do prédio, atravessam o
estacionamento, entram no carro e partem em direção ao pet shop.
— Hobbit o que você e minha mãe conversaram tanto? — Ele lhe pergunta
assim que se senta no seu lugar atrás do volante.
— Nada demais, sobre você, sobre mim, sobre nós e sobre minha família
no Japão.
— É que antes de irmos ela te disse para seguir seu conselho, apenas fiquei
curioso.
— Ela disse que preciso me abrir, na verdade ela brigou comigo — Lua
ria.
— Bem a cara dela — ele diz dando partida no carro e saindo da vaga.
— Levei o maior sermão, parecia minha mãe quando fugi da escola para ir
ao karaokê em Shibuya.
— Eu te entendo, ela brigou comigo quando eu ainda não tinha reparado
que amava você, e depois ela me deu um tapa na cabeça — ele dá de ombros.
— Essa é minha mãe, você já tem noção de como foi minha adolescência —
Ele ria.
— Nossa, coitadinho — Ele sente os dedos dela bagunçando seus cabelos
como se faz com uma criança.— Como você sofreu.
— Pois é — ele leva sua mão até seus cabelos tentando arrumar sem muito
sucesso.— Olha como tive uma adolescência sofrida.
— Você? Sofrida? Quando fugi para ir ao karaokê, meu padrasto confiscou
meu telefone e computador, fiquei semanas, encarregada da limpeza do seu
escritório e nem sequer podia sair com os meus amigos — ela solta uma
risada e seu olhar se mantinha a frente.— Ainda bem que Kiro e eu tínhamos
um código para nos comunicarmos, ele sempre enviava car...— Ela então
para de falar imediatamente, ele sabia que era porque ela citara o nome dele
sem querer — Ahh, bom, deixa pra lá.
— Tudo bem Hobbit, não se preocupe.
Ele queria que ela continuasse que falasse com ele, que se abrisse mais,
mas sabia que não podia força-la, tinha que ser no tempo dela. Ele se segura
muito para não perguntar mais sobre o que Kiro mandava para ela, ele aperta
as mãos ao redor do volante, conta até dez e se mantém em silêncio.
Tudo ao seu tempo Mason, deixa ela se abrir aos poucos.
— Enfim — ele solta um suspiro aliviado por ela ter quebrado o breve
silêncio.— Sua mãe devia ser uma santa perto do meu padrasto.
— Uma vez fiquei um mês de castigo, porque fui até uma festa do pessoal
mais velho do colégio, nunca os alunos do primeiro ano eram convidados e
eu tinha sido, claro que minha mãe não me deixou ir, eu lembro que fiquei
tão bravo com ela e a culpei por estragar minha vida social, então como
Mason Carter teimoso que sou, eu fui escondido, ela descobriu onde era a
festa, foi atrás de mim e disse na frente de todo mundo que se era pra ela
acabar com minha vida social, ela faria direito — ele lhe oferece uma cara de
dó se fazendo de vítima.
A gargalhada de Luna ecoa pelo automóvel, ela leva as mãos até a barriga
de tanto que ria.
— Eu amo a sua mãe.
— Não sei por que na época não fui mais convidado para nenhuma festa
— ele ri de si mesmo.
— Na cerimônia de conclusão do meu ensino médio, minha mãe levou
uma placa com meu nome me parabenizando, eu era a única que tinha
conseguido estágio antes de me formar e todos os pais ficaram me encarando,
nossa ela ainda gritava meu nome em comemoração, e batia palmas toda
animada, passei tanta vergonha.
Você não viu nada Hobbit. Não sabe como é conviver com Melissa.
— Na minha formatura do colégio — ele começa a rir enquanto tentava
contar.— Eu ia direto para a faculdade em duas semanas estava partindo,
minha mãe fez uma camiseta em que estava escrito em preto “Graças a Deus”
— Ele ria mais.— Ela tem essa foto, eu e ela lado a lado.
— Tudo bem você venceu — ela ria junto com ele.
— Viu só, essa foi minha vida com Melissa.
— No meu aniversário de 17 anos meu pai contratou um cara que instalou
uma cama elástica no quintal de casa.
— Nossa — ele diz com tom divertido.— Eu teria adorado e com certeza
estaria pulando nela.
— Eu sei Kono, consigo até imaginar você fazendo isso. Eu me lembro
que Kiro achou estranho...— ela pausa novamente e solta um longo suspiro.
— Desculpa Mason é que não dá para falar da minha adolescência sem citá-
lo, ele era bem presente até eu vir para o Brasil.
— Não tem problema Lua, eu não me importo que fale dele, é bom para
você, fico feliz que esteja se abrindo comigo.
Muda de assunto Mason. Ele pensava enquanto via o semblante triste da
mulher que amava. O que mais minha mãe fez comigo?
— No meu aniversário de 16 anos, minha mãe me deu um pacote
embrulhado, ela me entregou no carro antes que eu entrasse na escola, eu não
sabia o que tinha dentro, então abri na hora do almoço e descobri que ela
havia comprado cuecas novas e um pacote de camisinhas.
— Ai meu Deus — ela leva as mãos até a boca.— Então foi ela que te
transformou no que é hoje?
— Não Lua, ela me deu porque conhecia bem o filho que tem, e sempre foi
uma mãe preocupada, bem foi o que ela me disse quando cheguei em casa e
perguntei o porquê daquele presente — ele dá de ombros.— Essa é minha
mãe.
— Sério mesmo Kono. Eu amo a sua mãe. — ela ria das histórias que
contava e enxugava o canto dos olhos.
Eles estacionam na frente do petshot.
— Vem Mason. Vamos pegar a Misty e ir para asa.
Pra casa! Ele pensa e um sorriso largo se abre em seu rosto. Ela nunca
havia se referido a casa dele assim antes, sempre era sua ou minha casa. Ele
sente algo que não sabe explicar, mas acreditava que se tivesse que escolher
uma única palavra para tentar descrever, com certeza seria a palavra,
aquecido, ele naquele momento se sentiu aquecido por dentro, uma sensação
confortável, que fez seu coração dar uma estremecida em seu peito.
Nossa casa! Refletia sobre aquelas palavras.
“Todo mundo está correndo. Estar vivo significa correr, correr de algo, correr para algo ou para alguém. E não importa a sua velocidade, algumas coisas não dá para ultrapassar.
Algumas coisas sempre conseguem te acompanhar”

Mason Carter Mason já ouvira muita gente dizer que misturar amizade
Flash

com sexo não dava certo e por muito tempo ele acreditou nisso, acreditava
que após ultrapassar essa linha que existia na amizade entre homens e
mulheres não havia retorno, ou dava certo ou estava tudo acabado entre eles
para sempre. Ele nunca ficou tão feliz em estar errado na vida.
Durante essas semanas que se passaram duas maravilhosas semanas na sua
humilde opinião, mais uma vez o destino provou que ele estava errado, a
amizade entre eles, que ele já imaginava ser forte, se mostrou capaz de se
fortalecer mais ainda, e pensou que se aquela regra fosse verdadeira então
acreditava que ele e Luna não eram como os outros.
Eles não pararam de fazer o que já estavam acostumados a fazer, se viam
todos os dias, nas raras vezes que não estavam juntos trocavam mensagens,
ele a irritava, a provocava, viam séries juntos, iam ao cinema, saiam pra
comer, as vezes ficavam de bobeira na casa um do outro, dormiam na casa
um do outro, tudo estava como sempre fora, mas agora com algumas
pequenas modificações, duas coisas na verdade.
Agora as bobeiras foram substituídas por caricias em lugares específicos,
por beijos ora calmos, outras vezes intensos e ora roubados, também fora
adicionado a rotina de ambos, algo que na opinião de Mason era muito
importante em um relacionamento, o sexo. Ele não podia estar mais feliz,
finalmente podia fazer o que já tivera vontade diversas vezes, podia beija-la a
hora que quisesse fazer amor com ela em qualquer lugar da casa. Outra coisa
que tem que ser ressaltada e adicionada a mudança da rotina de deles, era que
agora eles dividiam a mesma cama.
Luna e Mason eram o ideal um do outro e quando ele pensava que não
podia amá-la mais, mais uma vez era provado que ele estava errado.
Tomara que estar errado não se torne um hábito. Ele pensava.
Tudo estava perfeito. A vida deles era regida por um maestro, da maneira
mais harmoniosa e com notas perfeitamente tocadas. Mas como toda boa
sinfonia que se preze, há partes do show em que as notas ficam mais
agressivas, e a orquestra começa a tocar com mais avidez, com mais tensão e
intensidade, logo em seguida a suavidade retorna acalentando cada ouvinte.
Tudo para proporcionar um grande espetáculo.
A vida é cheia de altos e baixos, de notas suaves e intensas, com acordes
mais lentos e ora mais velozes. Mas no final todo o esforço exercido, toda
lágrima derramada é recompensada com uma chuva de aplausos, o grande
segredo é como se sustentar até o final. E como toda história, a vida de
Mason e Luna não poderia ser diferente.

Barbara Bittencourt Após o seu tour pela Europa participando de


campanhas e ensaios fotográficos, Barbara decidira que era hora de dar um
tempo dos holofotes e voltar ao Brasil, ela queria descansar, curtir os
benefícios de seu trabalho como modelo. Para falar a verdade existiam dois
motivos para ela abandonar as passarelas e lojas europeias o primeiro era que
seu pai iria se casar novamente.
Da para acreditar nisso?
A noiva dele tinha a idade de Barbara, ela nem sequer conhecia a mulher,
mas planejava fazer da vida dela um inferno. O segundo o que a deixava
satisfeita por voltar era que estava com saudades de uma pessoa em especial.
Barbara nunca se apegou a ninguém que não seja seu pai, mas ele a fazia
se sentir bem e claro ele era bonito, bom de cama e além de tudo era
carinhoso. Os homens com quem ficava só queriam saber de sexo selvagem,
mas ele não, ele a tocava em todos os lugares, era gentil e selvagem ao
mesmo tempo, intenso e isso despertava nela sensações muito boas das quais
não estava disposta a abrir mão.
Ela já havia desembarcado a mais ou menos uma hora e estava em seu
apartamento escolhendo o que vestir, durante sua viagem não ligou ou
mandou mensagem para ele achava que depois do jantar ambos precisavam
de tempo, bom pelo menos ele já que ela sabia muito bem o que queria.
Bom está na hora de rever velhos rostos. E um em particular muito bonito.
Ela pensava enquanto escolhia a peça intima preta que sabia que ele ia adorar,
coloca uma blusa branca de botões e mangas curtas, um short rosa que ia até
o começo de suas coxas, um casaco rosa marfim e saltos pretos para
completar o look. Satisfeita com o resultado e com sua maquiagem impecável
ela pega sua bolsa e chaves saindo de seu apartamento.
Trinta minutos depois ela estava parada na porta dele, sua portaria estava
fazia, suspeitava que o porteiro estivesse almoçando e até achou melhor não
ser anunciada, pois assim faria uma surpresa.
Tinha que admitir que não gostava muito de ir ao apartamento dele.
Espero que aquele gato sarnento não nos atrapalhe como da última vez.
O sentimento que aquele pulguento tinha por ela e ela por ele era mutuo,
nenhum dos dois se suportava e por isso ela nunca ia até lá.
Bate na porta e espera com seu pé direito batendo freneticamente no chão
com impaciência, odiava esperar.
Quando enfim ela se abre, ela oferece o seu melhor sorriso enquanto o
devorava com os olhos, ele estava apenas de calça de moletom, seus cabelos
molhados jogados para trás despertava sua imaginação.
Como senti falta disso.
Ela podia notar a surpresa em seu rosto, provavelmente por que não havia
tido notícias delas durante um bom tempo e agora ela estava ali parada na sua
porta.
— Barbara o que faz aqui?
Não era bem a pergunta que eu esperava.
— Hello sweet, did you miss me ?
[34]

— Ahh… Ahh — Ela o escutava gaguejar enquanto a encarava na porta.


Com um movimento lento jogava seus cabelos loiros para trás deixando
seu pescoço um alvo evidente.
— Como subiu aqui? Por que não fui avisado?
— Sabe como é difícil encontrar bons funcionários hoje em dia né? — Ela
passa por ele entrando em seu apartamento sem ser convidada.
— O que você quer? — Ela o via acompanhar com olhar enquanto ela
observava seu apartamento.
Sério? Ele não sabe mesmo o que quero?
— Did you miss me? — Ela repete sua pergunta anterior.
— Primeiro responda minha pergunta, o que você faz aqui? — Ela
escutava a porta sendo fechada.
— Sempre no comando não é mesmo Sweet.
— Velhos hábitos.
— Já falei que adoro seus velhos hábitos? — Ela se aproxima dele levando
suas mãos até seu peito.
Barbara sente as mãos firmes dele envolta de seus pulsos a impedindo de
tocar-lhe.
— Barbara mais uma vez. O que você faz aqui?
Ela bufava enquanto revirava seus olhos.
— I miss you sweet, did you miss me? — Ela mordia provocativamente
seus lábios.
— Barbara… O que tínhamos acabou naquela noite, eu achei que tinha
sido bem claro.
— Ahh, por favor, Sweet não vim aqui para falar sobre isso. Sabe nenhum
outro na Europa fazia o que você faz na cama — Ela força sua aproximação
encostando seu peito ao dele.
Ela mais uma vez é afastada por ele. Sério isso já está me irritando. Ela
pensava.
— Melhor você ir embora — Ela é arrastada por ele até a porta, mas
consegue se desvencilhar e caminha novamente até o meio da sala, ela se
recusava a ir embora se recusava a ser descartada daquela forma.
— Por quê?! Adivinha o que estou vestindo?
— Eu não quero saber, você precisa ir agora mesmo — Ela o escutava
dizer firmemente, mas ignora sua ordem.
— Antes você adorava saber o que eu estava vestindo, eu a usei em um dos
meus desfiles em Milão, quer um desfile particular? — Ela começa a
desabotoar sua blusa exibindo um pouco da peça que usava.
Novamente ela sente as mãos dele em volta do pulso dela a impedindo de
continuar.
— Prefere tirar você mesmo? — Ela encarava seus olhos azuis.
— Barbara, Just GO!
— Senti falta desse sotaque — Ela se aproxima mais, seus olhos tiram o
rosto dele de foco e encaram seu apartamento.
Tinha algo estranho, diferente algumas mudanças indicavam um leve toque
feminino, coisas que eram pouco perceptíveis a olhos masculinos.
— Seu gosto mudou Kitten?
— Como assim? Está tudo igual.
— Não, está diferente diria até que são toques femininos e conhecendo seu
histórico apostaria que sim, são toques femininos. — Ela volta seu olhar para
e ele e com a mão livre ela passa na extensão de seus cabelos loiros.
— Barbara o que aconteceu entre nós não vai mais acontecer por que eu...
Eu.... — Ela o sentia tirar suas mãos de seus cabelos. — Eu estou com outra
pessoa.
Ela começa a rir aquilo realmente tinha sido engraçado.
— Sério?
— Sim.
— Quanto tempo essa vai durar? Umas duas semanas?
— É melhor você ir embora ela pode chegar a qualquer momento eu sinto
muito Barbara, mas...
Ela o interrompe se aproximando mais dele quando sente afrouxar seus
pulsos finalmente conseguindo tocar em seu peito a centímetros de seus
lábios.
— Me deixa te provar que sou melhor que ela.
É quando ambos escutam um barulho de sacolas caindo no chão.

Luna Iasune Luna havia saído cedo do trabalho, aproveitou para passar
em casa e pegar uma coisa muito especial para ela e que gostaria de
compartilhar com seu namorado, algo do seu passado que contava muito
sobre ela, aos poucos estava levando suas coisas pra lá.
Ela também havia comprado algumas de suas comidas favoritas, queria
fazer uma surpresa para ele, só não imaginava que quem seria surpreendida
seria ela. Ao entrar pela porta seu sorriso some dando lugar a raiva, ela via
nada mais nada menos que seu namorado a centímetros de outra mulher e não
uma mulher qualquer era ela, aquela que ela tanto odiava.
Não sabia o que fazer apenas encarava ambos ali. Mason tinha em seu
rosto uma expressão diferente e a mulher ao seu lado mantinha a expressão
triunfante como se falasse que ela havia interrompido algo.
Ele estava com as mãos em um de seus pulsos e a mão livre dela estava em
seu peito. O coração de Luna estava acelerado, ela queria fugir dali, mas seus
pés estavam presos ao chão e seus olhos mantinham o contato visual que
revezava entre cada figura.
— Lua... — Ela o via afastar aquela mulher de seus braços e ir até ela. —
Ahh... Eu... Ahh estava a mandando ir embora.
— Eu estou vendo que sim — Dizia seria.
Barbara encostava-se despreocupadamente perto do sofá seu rosto se
mantinha impassível.
— É sério, Lua eu... Ela entrou e eu estava a mandando ir embora, mas ela
ficou insistindo e se jogou em mim.
Olhava séria, não sabia se acreditava ou não em suas palavras, até que a
voz daquela mulher invade seus ouvidos.
— Oi Luana — Ela lhe cumprimentava como se nada houvesse
acontecido.
— É Luna e o que você faz aqui? — Perguntava com raiva.
— Eu? O que VOCÊ faz aqui?!
— Eu perguntei primeiro — Dizia após um suspiro.
— Ahh querida se quer mesmo saber, Mason sentiu minha falta, sabe
como é né?! Ele estava com saudades de mim e íamos começar algo quando
você chegou — Lua observava o sorriso falso surgir em seu rosto.
Então ela volta seu olhar para Mason furiosa.
— É mentira dela — Ele se voltava para Barbara — é mentira Barbara
você sabe muito bem! — Ele elevava sua voz.
O que eu faço? Saio daqui? Não! Ele é MEU namorado aja como tal.
— Eu sei sweet?! — Lua a via encarar suas unhas vermelhas
despreocupadamente.
— Barbara cala a porra da boca!
Mais uma vez Mason erguia sua voz para a siliconada.
— Lua, minha Lua você sabe que eu jamais faria isso com você — Ele a
encarava e ela o encarava de volta seus olhos não mentiam e no fundo ela
sabia que ele jamais faria tal coisa.
Depois de tudo ele não seria capaz de fazê-la sofrer assim ela conhecia
Mason e sabia que ele não conseguiria mentir para ela, seus olhos
denunciavam quando ele mentia até mesmo uma mentirinha boba como é a
sua vez de cuidar da louça.
Ela se mantinha calada o que era realmente uma surpresa por que apesar de
ele ser ágil com suas respostas ela sempre o rebatia, mas agora o silencio que
lhe oferecia parecia o afetar.
— Lua, por favor. Acredite em mim, Barbara está te provocando por que
não gosta de você.
Ele se aproxima mais dela e pela primeira vez ela se mexe dando um passo
para trás evitando o contato dele e isso faz com que os movimentos de Mason
vacilem.
— Afinal de contas... — A voz de Barbara invade seus tímpanos
novamente — Por que toda essa preocupação com o que ela vai achar? Não
me diga que é ela quem anda dormindo com você sweet? Nossa você já teve
gostos mais sofisticados para comida honey.
— ELA É MINHA NAMORADA! — A voz dele saiu como um urro.
— Você e ela namorando? Há poucos minutos você queria ver minha
lingerie, o que acha disso garota? — Ela se dirigia à Lua que pela primeira
vez fala.
— Me deixa adivinhar, ela é preta? — Sua voz era fria.
— Palmas para a nerd — Lua escuta as palmas de Barbara ecoar pelo
apartamento.
— Lua eu não queria ver — ele passava as mãos por seus cabelos úmidos
nervosamente. — Barbara apenas vá embora.
— Qual é sério isso? Garota por que você não o deixa em paz?! Ele precisa
de uma mulher de verdade ao seu lado e não uma garotinha ridiculamente
chata como você, por que não volta para onde veio? Por que não vai embora
e volta para o Japão, seu namorado lá te deu um pé na bunda? Supondo que
tenha tido um, por que eu duvido muito — ela ria sarcasticamente.
Lua aperta seus punhos com força aquilo tinha sido a gota d’água.
Ela finalmente sente seus pés se desprenderem do chão indo até aquela
vaca a passos apressados agarrando com força seu braço e cravando as unhas
na pele dela com deliberada força enquanto a arrastava até a porta da frente.
— O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO SUA IDIOTA? — Lua a
escutava gritar.
Ela abre a porta e empurra Barbara para fora com força, o movimento faz
com que ela cambaleie e caia de lado no chão encarando Lua com raiva
eminente.
— Se aparecer aqui de novo eu juro que acabo com esse seu rostinho mais
ou menos sua vadia, não se aproxime do MEU NAMORADO! Ou eu juro
que acabo com você.
Ela fecha a porta, mas não antes de escutar Barbara dizer que ela iria pagar
por aquela humilhação.
Mal posso esperar... Ela pensava Solta um suspiro e relaxa seus ombros
logo em seguida escuta a voz de Mason a chamar.
— Lua...
— AGORA NÃO! — E imediatamente ele se cala, suas mãos tremiam, na
verdade todo seu corpo.
Ela arruma sua postura e pega as sacolas que estavam no chão juntamente
com sua bolsa caminhando em direção a cozinha.
Ele a seguia. Ela coloca tudo o que comprou em cima do balcão e sem ela
pedir ele começa a guardar tudo o que ela havia comprado.
— Preciso de um banho — ela dizia já saindo da cozinha sem lhe dar
oportunidade de resposta.
Lua ligava o chuveiro à espera da água quente enquanto tirava suas roupas,
adentra o Box sem cerimônias, a noite não havia saído como planejada, mas
ela não iria fugir estava cansada disso, não daria esse gostinho aquela vadia
loira, mesmo suas pernas dizendo o contrário ela se manteve firme por que
ela o amava e sabia que ele também a amava por mais que houvesse
divergências ela agora precisava agir como sua namorada, ela se segurava à
medida que a vontade de chorar a invadia.
Dizer "eu te amo" nunca é fácil na verdade estar em um relacionamento
nunca é fácil. Depois de sentirmos no peito a certeza genuína do amor, vem a
dúvida do melhor momento e do jeito certo de dizer. E junto com a dúvida,
vem também o famigerado medo de não ouvir uma palavra de reciprocidade,
de não ouvir o ecoar da voz do outro ao dizer"eu também te amo".
Nem sempre vivemos um amor correspondido ela sabia bem disso, e às
vezes até desperdiçamos palavras de amor com pessoas erradas, disso ela
também sabia bem. Mas o primeiro amor verdadeiro nós não esquecemos. E
mesmo que não seja recíproco o que não era o caso, valia à pena expressar
esse sentimento tão belo.
Depois de sua frustração passar ela conclui que a culpa não era dele e ele
nunca mentiria para ela então termina o seu banho com a cabeça um pouco
mais fria, veste seu pijama e se dirige a sala.
Sabia que o encontraria lá. Ele estava quieto sentado no sofá, e ver Mason
Carter em silêncio ela tinha que confessar que era um pouco estranho, ele vira
seu rosto em direção a ela enquanto ela se aproxima.
— Podemos conversar agora? — Ela o escutava perguntar assim que ela se
senta ao seu lado no sofá encarando a TV desligada.
— Sobre?
— Você sabe muito bem... Lua você não acredita nela, não é?
— Não, eu ainda estou aqui não estou?
— Sim você está, mas é como se não estivesse, nem minha camisa você
está vestindo como sempre faz, está usando esse pijama, nem sequer olha
para mim.
Ela suspira cansadamente.
— Por acaso está estipulado que devo usar suas camisas sempre?
— Não, estou dizendo que você sempre a veste e justo hoje decidiu não
fazer, deve ter um motivo.
— Claro por que eu estaria super relaxa de chegar e encontrar meu
namorado com outra mulher praticamente se beijando.
— Lua eu já te disse, porra você acabou de dizer que acredita em mim.
— Eu acredito. — Dizia ainda sem encará-lo.
— Eu não estava com ela, ela simplesmente entrou sem ser convidada.
— Eu acredito. — Ela repete.
— Eu tinha acabado de sair do banho e atendi a porta e lá estava ela, tentou
se jogar em cima de mim dizia sentir saudades, eu a afastei várias vezes até
você chegar.
— Não precisa explicar, eu já disse que acredito em você. Só foi difícil
para eu ver — ela fechava seus olhos tentando afastar aquela imagem.— Ver
ela te tocando daquela forma, mas está tudo bem Kono.
— Esquece a Barbara — ela sentia a aproximação de suas mãos, Lua se
deixa ser tocada por ele, sentia seu toque carinhoso nas costas de sua mão e
relaxa no mesmo instante.
É incrível o poder que ele tem sobre mim.
— Preciso te mostrar uma coisa — ela dizia um pouco mais animada, não
queria mais perder seu tempo falando sobre aquela siliconada.
— O que?
Lua se levanta indo até a sua bolsa e tirando de lá uma pequena caixa de
madeira vermelha talhada com espirais, ela leva até ele e estende o mesmo
em sua direção.
— O que é isso? — Ela o observava balançar a caixa em suas mãos.
— Essa sou eu. — Ela se senta ao seu lado.
— Como assim?
— Nessa caixa eu guardo lembranças do meu passado, coisas importantes
para mim.
— Eu estou aqui também?
— Talvez — ela morde seus lábios.
— Posso abrir? — Ela podia ver que ele hesitava.
— Pode.
Lua o vê retirar a tampa com cuidado e encarar o conteúdo do interior do
objeto em questão. Sentando-se ao seu lado ela observa ele remexer todo o
material que ali havia.
Ele pegava uma foto que ela reconhecia bem. Era ela no Japão, vestida
com seu uniforme escolar, seus cabelos acima dos ombros lisos e sem cachos
nas pontas.
— Não acredito que tinha o cabelo tão curto assim.
— Pois é — ela também encarava a foto em uma das muitas estações de
trem no Japão.
— Essa menina não me é estranha — ela o via apontar para a garota ao seu
lado na foto.
— É a Sayuri — Lua se lembrava bem daquele dia. Fora tirada um dia
antes da viagem delas a América, ambas animadas haviam ido ao centro de
Tóquio para fazer compras.
— Ahh então essa é a Sayuri?!
— Próxima foto — ela tira aquela foto das mãos dele colocando no fundo
da caixa.
Recusa-se deixar seu namorado ficar olhando para uma foto e encarando a
mulher com quem ele já havia tido uma aventura universitária. E também
porque não queria ter que ficar pensando em Sayuri, sua falsa melhor amiga.
Escuta a risada baixa dele seguida de uma pergunta.
— Esse aqui o que é?
— Sou eu em um evento anual de cosplay no distrito de Shibuya.
— Por que não está fantasiada?
Ela observa a foto dela mesma vestindo um uniforme preto escolar de
inverno.
— Eu estou, está vendo o uniforme preto? É da Emma Ai do anime
Shigoku Shoujo.
— Não entendo muito desse assunto.
— É um anime bem popular no Japão, fala sobre uma garotinha destinada
a cumprir o desejo de vingança das pessoas as carregando para o inferno.
— Não entendo de nada sobre animes, mas posso dizer que você está linda
Hobbit. Eu me apaixonaria por você mesmo na adolescência.
Ela abre um largo sorriso.
— Próxima foto.
Ele devolvia a foto para dentro da caixa e logo em seguida pegando outra.
Luna o via sorrir então nota a foto em questão que ele olhava.
— Esse deve ser o famoso trovão.
— Sim é ele — ela olhava a foto do grande cavalo com pelos castanhos
escuros. — Tão lindo.
— Ele era mesmo, o que houve com ele?
— Quando mamãe vendeu a fazenda precisei me desfazer dele, chorei por
dias Kono, mas soube que ele foi adquirido por um aras e isso me
tranquilizou.
— Acha que ele ainda está lá?
— Não sei, provavelmente. Cavalos quando bem cuidados vivem por
muitos anos.
Ela então vasculha por entre desenhos feitos por ela no jardim de infância e
foto de família, queria mostrar a ele mais fotos de seu cavalo e é quando Lua
se depara com uma foto das quais ela achou que tinha se livrado.
Na foto ela estava de uniforme escolar seu cabelo um pouco maior e Kiro a
estava beijando no terraço do colégio Seiko, onde eles sempre costumavam
almoçar, ela pega a foto com as mãos tremulas e encara com uma expressão
triste.
Naquele dia, justo naquele dia ele havia dito que a amava pela primeira
vez.
— Hey, me dá ela aqui — sentia as mãos de Mason envolverem as dela e
pegarem a foto. — Esse é ele?
Ela apenas confirma com a cabeça.
— O que você quer fazer com ela?
Então Lua pega bruscamente a foto a encarando novamente para logo em
seguida rasgá-la em vários pedaços os jogando no tapete da sala.
— Pode me devolver a caixa?
— Não quer mais que eu veja? — Ela nota o tom decepcionado em sua
voz.
— Não é isso eu só quero checar uma coisa — então ela o vê colocar a
caixa em seu colo.
Luna vasculha a caixa rapidamente e como já havia previsto encontra mais
fotos dele ao seu lado, cinco no total.
Por que não me livrei delas?
Havia tanto tempo que sequer mexia ali, e não olhava para seu passado,
mais precisamente desde que voltara do Japão. Ela passa foto por foto em
suas mãos.
— Dias dos namorados — dizia em voz alta encarando uma foto de ambos
no festival dos amantes em Tóquio, ele comprara para ela um grande urso de
pelúcia vestido de Jedi. — Aniversario de um ano — dizia ao passar de foto,
nessa eles estavam abraçados na grama de um parque. As mãos dele
exploravam a pele de sua coxa por sobre o short que ela usava, se fechasse os
olhos quase podia sentir seu toque e isso a fez estremecer — Festival escolar
— ela olhava uma foto onde ela estava vestida com um vestido de Maid em
sua sala de aula.— Formatura do ensino médio, baile — ela então as rasga
jogando os pedaços no chão e abraçando seus joelhos com as mãos encolhida
no sofá.
— Hey minha Lua — ela sentia Mason a puxar para seus braços— Você se
prende muito ao passado Lua — ele dizia próximo ao seu ouvido.— Mas
você não vai me encontrar nele — afasta-se um pouco dela e a encara
passando os polegares por suas bochechas.— Por que eu estou aqui — então
ele lhe oferece o sorriso mais lindo que ela já vira. - E sabe o que acho? Que
agora precisa de fotos novas.
Ela o encara com seus olhos marejados e o questionava em silêncio.
— Cadê a sua câmera instax? Lembro que você a deixou aqui, trouxe
naquele dia que estava tentando tirar fotos do Gandalf.
— Perto dos seus livros de distopia — ela o vê se levantar no mesmo
instante indo até lá. — Mason não, eu estou horrível.
— Você não está, está linda como sempre — ele vasculhava a própria
estante da sala.— E é só uma foto Lua, quem vai vê-la além de nós mesmos?
— Ok — ela suspira derrotada.— Só uma.
Com a câmera nas mãos ele senta ao seu lado novamente.
— Como quer fazer? Não sou muito de tirar selfies.
— Me dá aqui — retira a câmera das mãos dele.— Vamos tirar uma
básica, nós dois sorrindo para câmera.
Ele aproxima o rosto do dela, sente seus braços passarem por cima de seus
ombros e a leve pressão deles a puxando ao seu encontro. Ela conta até três
então aperta o botão e após alguns segundos a foto sai e a imagem se revela.
— Prontinho — ela encarava a imagem, podia ver a si própria sorrindo,
mas era nele que seus olhos se prendiam, o sorriso dele era lindo e seus olhos
também sorriam, podia ver também parte do seu tronco nu e suas mechas
agora um pouco mais secas que caiam sobre seus olhos como de costume.
— Posso tirar uma agora com meu objeto de desejo?
— E qual seria?
Ela o vê se inclinar e colocar o rosto na curva do seu pescoço, sentindo
seus lábios beijarem aquela região demoradamente, brincando em sua pele a
fazendo abrir um sorriso maior.
— Tudo bem Drácula — sente a mão livre dele se apoiar em seu abdômen
por cima da camiseta do pijama.— Ela posiciona a câmera e aperta o botão,
pega a foto e a encara junto com ele.
— Acho que ficaram ótimas — ela o escuta dizer.
— Ficaram sim por incrível que pareça.
— Eu estou sem camisa, espero pelo meu bem que seu padrasto nunca veja
essa foto — Escuta seu tom divertido.
— Ele te mataria.
Ela coloca as duas fotos na caixa com cuidado e ao fazer isso uma coisa
que guardara de Mason aparece, era um único origami vermelho.
— Você guardou isso — ele encara aquele pequeno símbolo nas mãos
dela.
— Nessa caixa eu guardo aquilo que é importante para mim, coisas que
fazem parte da minha vida, e esse tsuru é importante porque mesmo que
tenha comprado por engano eu fiquei feliz que tenha me dado, ele me faz
lembrar-se de você e também daquela noite no terraço, me trazem ótimas
recordações.
— Agora tem mais coisas sobre mim na caixa — ele sorrindo coloca uma
mecha atrás de sua orelha.— Posso continuar olhando?
Ela lhe devolve a caixa e o vê olhar o resto das fotos, então ele pega uma
em especial e a encara demoradamente.
— Nossa — ele dizia.— Você é igualzinha a ele.
Antes mesmo que Lua pudesse se aproximar ela sabia a qual foto ele se
referia. Era uma que tirara com o seu pai embaixo de uma macieira que havia
na fazenda, ela devia ter uns 12 anos, aquele era o local especial deles, as
vezes passavam horas sentados embaixo daquela árvore. Lembra-se também
que aquela foto fora tirada um pouco antes dele falecer.
— Sim eu sou.
— Os mesmos olhos e sorriso. Onde vocês estavam?
— Na fazenda, na nossa árvore especial.
— Porque você não coloca essa em um porta retrato?
— Não sei — ela dá de ombros.— Por muito tempo eu me negava a ver
nossas fotos, sentia muitas saudades.
— Colocar a foto dos meus pais no quadro me ajudou a meio que aceitar
— dizia um pouco mais sério. — Essa foto Lua — ele vira o corpo um pouco
mais na direção dela.— É quem você é, essa foto é linda e ela não merece
ficar escondida dentro de uma caixa.
— É eu sei, talvez eu coloque — ela pega a foto de suas mãos.— Mas por
enquanto podemos deixar ela aqui — ela com um sorriso de saudade nos
lábios coloca a imagem com cuidado de volta na caixa.
Na mente de Luna muitas lembranças surgem, momentos que
compartilhou com seu pai, a maioria felizes e alguns não tanto assim. Ela
amava seu padrasto, mas sentia muita falta de seu pai, ele era seu melhor
amigo, seu anjo protetor, seu porto seguro e ao olhar aquela árvore se lembra
de um momento especial, uma mania que eles tinham, algo que era somente
dele e dela.
— Teve um dia que eu havia brigado com minha mãe — ela começa a
contar — E ele me levou ao nosso lugar, papai fez comigo algo que ele
chamava de “Jogo do bloco” — ela ri ao se lembrar.— Ele me deu um bloco
de papel e me fez escrever sonhos que queria realizar, ele também fez o dele.
Quando terminamos colocamos em um envelope e enterramos ao pé da
macieira. E ele me disse que quando eu completasse 18 anos nós
desenterraríamos e veríamos o que conseguimos realizar — seu sorriso
desaparece gradativamente de seu rosto.— Claro que isso nunca aconteceu.
Ela sente a grande mão dele acolher a dela em um afago carinhoso e
reconfortante, ela ergue seu olhar e encontra o dele. Se tinha algo que amava
naquele homem era o fato dele sempre escutar, ela sabia que não importa o
que dissesse ele sempre estaria ouvindo, e o melhor de tudo é que ele parecia
sempre querer ouvir, não era fingimento era algo que ele fazia porque
realmente queria.
— Eu me lembro de tudo o que escrevi naquele pedaço de papel, coisas
bobas de criança — ela encara a mão dele sobre a dela em um encaixe
perfeito.— Número 1, ir a Disney e zoar com o Mickey. Número 2, pular em
várias poças de água depois de uma enorme chuva. Número 3, ser voluntária
em um abrigo de animais. 4, tomar banho no rio perto de casa. 5, visitar os
estúdios onde Star Wars foi gravado. 6, ter um amor de verão. 7, correr o
quanto puder em trovão. 8, participar de algo ilegal. E 9, me apaixonar.
Ela volta seus olhos para o rosto dele e o encontra com a testa franzida, e
com olhar pensativo.
— Acho que podemos tirar algumas coisas dessa lista — ele finalmente lhe
diz.
— Só duas delas.
— Só duas? Quais você tiraria?
— Ser voluntária em um abrigo e me apaixonar.
— Acho que não Hobbit, acredito que você possa retirar quatro.
— Quatro? — Ela lhe pergunta com muita curiosidade.
— Sim — ele arruma sua postura no sofá. — Se apaixonar, 1 — ele ia
marcando com os dedos da mão livre.— Ser voluntária, 2. Participar de algo
ilegal, 3. E ter um amor de verão, 4.
— Quando que participei de algo ilegal? — Ela ri.
— No nosso encontro, nós invadimos uma Starbucks, eu sei que eu tinha a
chave, mesmo assim não deixa de ser ilegal.
— Aquilo não foi ilegal, nós tínhamos permissão.
— Você acha que a gerente tinha permissão do supervisor dela para me
entregar a chave? — Ele ergue a sobrancelha sorrindo.
— AI MEU DEUS KONO!
— Ela me deu a chave como um favor, mas o supervisor dela não sabe.
Então participamos de algo ilegal.
— Poderíamos ter sido presos e ela perderia o emprego.
— Eu pedi um favor e ela aceitou, não a obriguei.
— E quanto ao amor de verão?
— Estamos no final do verão, então conta.
Ela não se aguenta e ri.
— Sabe meu padrasto vai adorar saber que me levou a vida do crime.
— Foi só uma vez. Você vai contar a ele? Porque eu não vou.
— Claro que não, ficou doido?
— Então ele nunca saberá.
— Vocês vão se dar bem, é só falar com ele sobre três coisas. Mercado de
ações, poker e xadrez.
— Ótimo, assuntos que domino — dizia sorrindo.
Ela gargalhava.
— Não sei porque riu assim, eu sei jogar poker, era o campeão na
faculdade, eu também sei jogar xadrez e você sabe que posso manter uma
conversa sobre qualquer assunto — dizia com seu tom convencido.
— Ele é legal depois que o conhece. Por falar nele, esses dias, falei com
ele sobre você.
— Você falou de mim para o grande e temível senhor Iasune?
— Ele não é tão mal assim — ela bate em seu ombro.
— E sobre o que falaram?
— Seu histórico escolar é muito bom Kono. Melhor aluno e ainda com
méritos. Orador da turma de medicina, presidente da fraternidade, capitão do
time de Hockey.
— Nossa ele pesquisou meu histórico — ergue a sobrancelha.— Depois
não quer que eu tenha medo dele.
— Os do ensino médio e fundamental também eram muito bons.
Participou da equipe de debates, era atleta.
— Sempre fui um aluno exemplar.
— Foi até rei do baile no colégio — ela começa a rir.
— O que posso fazer, você não se candidata a isso, as pessoas que te
escolhem, e digamos que tinha uma popularidade alta — sua risada se junta a
dela.
— Mas no geral histórico muito bom, sem doenças crônicas ou
transmissíveis, seu sangue é B+.
— Meu Deus ele também por acaso foi conversar com o médico que fez o
meu parto?
— Ele só quis ter certeza que estou em boas mãos aqui no Brasil. E usando
as palavras dele ele pesquisou de tudo para ter certeza se você não procriou
por aí.
— Nossa e eu sou o que? Um coelho?
— Ele não gostou muito de saber que você era um amante muito ativo.
— Tem certeza que ele é presidente de uma empresa química? — ele
brincava.
— Ele disse “Minha pequena hana, precisa tomar cuidado ele pode querer
tocar em você intimamente”.
— Se ele soubesse — ele ria.— Fico imaginando quando eu o conhecer.
Eles pretendem vir pra cá?
— Talvez. Sinto muitas saudades deles, como você bem sabe— se
aconchega mais em seus braços — Vou ver se os convenço de vir para cá no
natal, assim eles também te conhecem e vê o quanto você me faz feliz.
Erguendo mais sua cabeça para olhá-lo, deposita de leve um beijo sutil em
seu queixo e antes de se afastar e ver seu rosto ela sabe que ele sorria.
— Mas quando conhecer meu pai, por favor sem piadas de duplo sentido,
sem ironias e pelo amor de Deus faça uma leve e breve reverência.
— Nossa — ele ri.— Vou conhecer o rei?
— Não o chame pelo primeiro nome, é senhor Iasune sempre.
— Nossa acho que vou ter que fazer uma lista para me lembrar de tudo —
ele enumerava com o dedo.— Fazer reverência, primeiro nome, nada de
piadas, nada de ironias.
— E Mason não diga que dormimos juntos.
— Fingir que a filha dele é puritana — ele completa os dedos de uma mão.
— Pronto anotado.
— Nos conhecemos através de amigos, passamos dois anos como amigos,
você me chamou para sair e não tirou minha virgindade, e nós também nunca
nos beijamos.
— Meu Deus, em que século ele pensa que a gente vive?
— Ele é bem tradicional.
— Nossa só se for tradicional do século 15.
— E quando eles vierem no natal, provavelmente vão passar o mês todo.
— Nossa, 30 dias sem beijar, transar com você ou até mesmo dormir no
mesmo quarto que você.
— Ah e por favor me chame de Luna quando estivermos perto dele ou de
Iasune-san.
— Nossa farei o esforço. E você vai me chamar do que? Carter?
— Chamarei de senpai ou Carter kun.
— Carter kun? — Ele começa a gargalhar no sofá.— Nossa sinto muito
Lua, mas seu padrasto é estranho. Posso pegar na sua mão?
— Pode.
— Ufa, já estava pensando que teria que arranjar um chapéu, comprar um
terno, gravata borboleta, tirar as ceroulas do armário e pedir para cortejar
você.
— Acho que quando você o vir poderia dizer algo mais ou menos assim —
ela pigarra.— Olá senhor Iasune ogari ao Brasil, tenho muito apreço por sua
[35]

filha e gostaria de sua permissão para sair com ela, claro na companhia do
senhor e sua esposa — ela ria muito.
— Não, acho muito melhor assim — ele arruma sua postura ficando com a
coluna ereta no sofá.— Olá senhor Iasune eu sou Mason Carter, é uma honra
conhecê-lo oh alteza — ele inclina o corpo um pouco em uma reverência
forçada.— É um prazer receber o senhor e sua adorável esposa, esperei muito
por esse momento. Gostaria de saber se o senhor permite que eu saia e corteje
sua filha, por quem tenho um apreço grande, muito GRANDE — enfatiza a
última palavra. — Teria um PRAZER imenso — sorri de canto.— Em poder
levá-la para jantar e quem sabe beijá-la no sofá da minha casa enquanto retiro
romanticamente e respeitosamente as roupas dela. O que acha?
— Aí depois disso ele mandaria te matar — ela ria muito junto com ele.
Ambos jogando seus corpos no sofá— Mas não se preocupe com minha mãe
ela já gosta de você há muito tempo.
— Que bom, só preciso me preocupar em como conquistar seu pai.
— Boa sorte.
— Nunca duvide de Mason Carter, você vai ver, um dia seremos grandes
amigos.
— Longe de mim duvidar de você e suas habilidades de conquista, grande
mestre — ela o provoca.
— Eu não gosto desse apelido, só para você saber.
Ela se aconchega nele novamente.
— O que acha se eu apresentar Chaves a você? — Ele pergunta. Ainda não
acreditava que ele nunca havia assistido na vida aquele clássico da comédia.
— Acho maravilhoso.
Ela o vê pegar o controle e ligar a TV, colocando nos capítulos do Chaves
que Lua levara para casa dele. Eles viam aos episódios juntos, e ouvia sua
risada preencher o ambiente assim como a dela.
— O que acha se eu cozinhar para você amanhã? Já que entrarei no
hospital só depois do almoço, você poderia vir aqui comer comigo.
— Acho uma ótima ideia — ela aperta mais seus braços ao redor dele.—
Mas só venho se for lasanha.
— Quatro queijos — ele termina antes que ela o faça.— Claro né Hobbit.
Sorrindo confortavelmente nos braços do homem que ama ela aproveitava
aquele momento, tão simples e casual. Podia ficar assim para sempre, viver
daquela maneira com ele, não poderia ser mais do que especial, era tudo o
que ela queria, ela conseguia visualizar um futuro com ele, e ela almejava
aquilo.

No dia seguinte, Luna encarava o relógio do seu consultório, mais 15


minutos e achava que poderia encerrar o seu expediente da manhã.
Preencheria a requisição para alguns exames de um paciente seu e depois
poderia ir para a casa do Mason, ou como ela estava tentando se acostumar, a
casa deles. Ela solta uma breve risada ao ter esse pensamento.
Nossa casa. Quem diria.
Após alguns poucos minutos escuta o toque de mensagem do seu celular e
ao pegá-lo vê que é Mason.

Sorrindo ela lhe responde.


Ela começa a arrumar suas coisas, passa na recepção e deixa a requisição e
algumas receitas de medicamentos para serem entregues e parte da clínica se
dirigindo ao estacionamento onde pegaria seu carro.
Ao parar ao lado da porta do motorista, Lua procura em sua bolsa as
chaves, era sempre uma dificuldade nessa etapa, pois sempre não sabia como
a perdia dentro da bagunça que era o interior da sua bolsa. Ela vasculhava
ficando um pouco irritada, não conseguia achar, então após um tempo que ela
não sabia quanto encontra o chaveiro do C3PO que sabia muito bem na outra
ponta possuía o seu objeto de desejo e é quando ela escuta um som que
pensou que nunca mais ouviria. O som que estava presente em seus mais
terríveis pesadelos. Ela ouviu vindo das suas costas a voz que conhecia muito
bem no idioma que também lhe era familiar.
— Você não mudou nada Sakura.
Seu corpo congela, sente um arrepio percorrer sua espinha, suas mãos
começam a suar e a tremer, sua postura se torna rígida e inevitavelmente
Luna se transforma na menina insegura e apaixonada pelo dono daquela voz
e é transportada há seis anos no passado.
“Eu acredito que as pessoas podem ser duas coisas ao mesmo tempo, não concorda?”
Bruce Wayne

Luna Iasune Flashback 6 anos atrás.


Lua estava quase pronta, sua mãe havia ajudado na escolha da roupa e
juntas decidiram que uma saia de cintura alta vermelha e uma blusa branca de
botões a valorizariam. Apesar de sua mãe insistir em ela usar sandálias ela
acabou optando por seus tênis.
— Você está linda meu amor.
— Obrigada mamãe, nem acredito que hoje completamos dois anos juntos
— ela dizia animada enquanto retocava a leve maquiagem que escolhera.
— Sabe querida ele é um bom rapaz, um pouco autoritário devo admitir,
mas é o jeito deles seu pai também era e demorei a me acostumar.
— Eu o amo mamãe e sei que esse seu jeito é difícil, mas ele sempre me
protegeu e eu estou muito feliz.
— Eu também estou feliz por você meu amor — Luna observava que sua
mãe parecia pensativa.— Luna sobre a faculdade de medicina veterinária que
foi aceita tem certeza que não quer ir?
Lua suspira, ela queria muito ir, mas ficar longe dele era insuportável o
bastante para fazê-la desistir de seu sonho.
— Tenho certeza absoluta mamãe, minha vida é aqui com vocês e com
Kiro.
— Sempre achei que fosse seu sonho seguir os passos de seu pai.
— Papai queria a minha felicidade — ela dizia enquanto encarava seu
reflexo no enorme espelho de seu quarto,— E minha felicidade está aqui no
Japão.
— Tudo bem — ela via sua mãe suspirar fortemente derrotada.— Nossa
onde meu marido? Ele precisa ver a filha.
Então ambas escutam batidas sincronizadas na porta do quarto de Luna.
— Entra!— Ela grita terminando de se arrumar, seu padrasto aparece no
vão da porta aberta com um meio sorriso e a encara.
— Oh minha pequena Hana, você está linda, mas não acha que essa saia
está meio curta?
— Querido... — sua mãe intervém.— Ela está ótima.
— Sim, mas... — ele para a sua frase e suspira.— Aonde ele vai te levar?
— Nós vamos jantar e depois dar uma volta papai.
Lua via seu padrasto pegar o celular e digitar uma mensagem.
— Sabe qual restaurante? — Ele a perguntava ainda digitando.
— Ele disse que seria surpresa — ela sabia exatamente o que seu padrasto
estava fazendo, às vezes ele era muito protetor, ela achava que pelo fato dele
não ter filhos próprios o fazia agir assim. — Papai... — ela se aproxima dele
como uma garotinha com seus olhos pidonhos.
Ela de relance podia o ver digitar uma mensagem ao segurança que havia
contratado para ela, uma medida drástica ela pensava, mas seu padrasto se
mostrava irrefutável sobre aquilo e ela acabara aceitando.
— Não me venha com esses olhos pidões — ele respondia seu chamado
seriamente.
— Shite Kudasai papa, nos deixe ir sozinhos dessa vez.
— Isso está fora de cogitação, ele pode chegar perto demais de você.
— Mas papai namoramos há muito tempo e ele nunca me desrespeitou —
ela encara sua mãe que estava sentada na cama e com um olhar transmite um
pedido de ajuda.
— Yuri talvez seja bom para ela sair sozinha uma vez meu bem, para
variar.
— Por favor, papai, vai mesmo negar algo a sua Hana? — Ela piscava
mais uma vez seus olhos.
Ela o vê apagar a contragosto a mensagem em seu celular e depois o
guardar no bolso da calça e isso faz um sorriso triunfante brotar de seus
lábios.
— Sabe que só me preocupo com você não é minha pequena Hana?
— Sim eu sei papai, mas pode confiar em mim e no Kiro.
— Ela já está crescida Yuri, vamos dar a ela um voto de confiança o que
de ruim pode acontecer? Você conhece a família do rapaz então não vejo
problema.
Lua olha agradecida para mãe e em seguida para o padrasto que hesitante
solta um longo suspiro.
— Ok vocês já estão juntos há um tempo e ele se mostrou ser um rapaz
respeitoso. Vou permitir. Mas só dessa vez, vai demorar muito para a
próxima.
Lua o abraça fortemente. No começo de tudo esse era um costume que seu
padrasto estranhava, hoje não mais apesar de aquilo ainda o surpreender, mas
sempre a abraçava de volta.
— Obrigada papai! — Dizia animada, logo sua mãe se junta a ela e beija a
face de seu marido e então a campainha toca.
— Deve ser ele — seu padrasto a soltava e Luna o via caminhar até a
porta.
— Como estou mamãe?
— Linda, agora vamos antes que seu pai assuste o rapaz.
As duas riem enquanto saem do quarto e se dirigem até a porta no andar
debaixo.
— Senpai? — Dizia já no pé da escada.
— Sakura — o escuta dizer o apelido que tanto amava.
Ela desce as escadas ficando ao seu lado e então segura suas mãos.
— Divirtam-se crianças e Luna quero você em casa as onze tudo bem? —
Sua mãe a avisava.
— Sim mamãe.
— Se não trouxer a minha filha as 23:00 horas — o seu padrasto alertava.
— Não se esqueça que conheço bem o seu pai, basta apenas um telefonema
sei que ele é tão rígido quanto eu.
— Não se preocupe senhor Iasune — o via sorrir gentilmente.— Por
conhecer minha família já deve saber como foi minha criação.
Ele faz uma breve reverencia aos seus pais, depois de um aceno e sai com
ela pela porta a levando até o carro onde o seu motorista a aguardava.
— Tenho uma surpresa — Ela dizia sorridente.
— Eu também, você primeiro.
— Hoje estamos por nossa conta Senpai.
— Como assim?
— Vamos sair sozinhos hoje, sem os seguranças de meu pai.
— Sério? — Ela o vê abrir um largo sorriso de canto.
— Sim eu o convenci — ela solta um leve suspiro aliviado.— Vai ser bom
respirar um pouco.
O motorista abre a porta para ambos e Luna vê Kiro proferir um olhar sério
e um pouco bravo ao homem, que se afasta no mesmo instante deixando que
Kiro pegue a porta e lhe convida a entrar no veículo.
— Entre Sakura.
Ela assim o faz indo até a janela do carro para observar a rua, cruzava suas
pernas segurando na barra de sua saia. Ela de rabo de olho o vê entrar e logo
depois escuta o barulho da porta se fechando. Sentia a aproximação dele e
seu olhar meticuloso, ela sentia que ele passava seus olhos escuros como a
noite por todo seu corpo e isso a faz corar levemente.
— Você está muito linda Sakura.
— Arigatô Senpai — ela se vira para ele. — Você também — leva as mãos
até o nó de sua gravata e a arruma, e pensava em como ele ficava lindo
quando usava gravatas.
Sentia as mãos dele agora apoiadas em suas coxas.
— Vermelho fica tão bem em você.
— Arigatô — ela segura sua mão que descansava em sua coxa.— Estamos
sozinhos hoje você pode me beijar se quiser.
— Era exatamente o que ia fazer.
Ela sentia seus lábios encostarem delicadamente nos dela e com o tempo o
beijo se intensificava, ele provava dos lábios dela e ela dos dele, com uma
das mãos em sua coxa e outra segurando seu pulso Luna é levada ao colo dele
em um movimento rápido ficando sentada ali.
— Kiro... — ela o chamava sentindo-se desconfortável.
Ele parecia não a escutar continuava a beijá-la a segurando pelas coxas
com notável força.
— Kiro... — ela corta o beijo e o afasta.
— O que foi agora? — Ela o escutava perguntar levemente irritado.
— Melhor a gente parar — faz um movimento para sair de seu colo, mas
ele a segura pela cintura a impedindo de sair.
— Qual o problema?
— Senpai... Aqui não...
— São apenas beijos e caricias Sakura, relaxa tudo bem? — Ele levanta
seu tronco e leva sua boca de encontro aos lábios dela. As mãos dele
seguravam firmemente a cintura dela.
Ela apoiava as suas mãos no pescoço dele correspondendo o beijo na
mesma intensidade, ela o sentia descer suas mãos pela lateral de seu corpo até
encontrar novamente a pele macia exposta de suas coxas adentrando os dedos
pela barra de sua saia. Ela segura suas mãos impedindo de continuar.
— Kiro não!
Ele afastava seu rosto a encarando e o desagrado era nítido em suas
feições.
— Por que não posso? Noroi Luna, dois anos. Estamos completando dois
anos — ele elevava sua voz.
— Eu já te disse — ela retira suas mãos dela bruscamente.— Não estou
pronta — então sai do seu colo sem aviso e sabia que aquilo o havia irritado.
Ela o via apertar seus próprios punhos.
— Estou ficando cansado disso.
— Shite Kudasai Senpai, gomenasai.
— Dois anos Luna, dois anos — Ele repetia com ênfase.
— Eu sei — ela abaixa seu olhar encarando suas mãos que estavam sobre
seu colo.
— Não consigo entender, qual o problema?
— Senpai eu sei que tem sido difícil, eu prometo que logo estarei pronta,
só tenha um pouco de paciência comigo.
— Mais do que já tive?
Ela sabia que ele estava certo, não queria perde-lo, mas ainda não se sentia
pronta e às vezes ela nem ao menos se sentia segura quanto a se entregar por
completa para ele, alguma coisa a impedia e ela não sabia o que.
— Shite senpai, não fica bravo hoje estamos completando dois anos — ela
tentava amenizar o clima.
— Quer que eu me acalme?
— Sim.
— Então senta no meu colo — ele lhe ordenava.
Luna hesita por alguns segundos, mas acaba o obedecendo. Ela senta de
lado um pouco constrangida enquanto apoiava suas mãos nos ombros dele.
— Agora fique quieta — ele arruma a sua postura e aperta suas coxas
levando seus lábios até o pescoço dela.
Mantinha-se quieta enquanto sentia seus lábios em sua pele, estava
nervosa, ela faz um sutil movimento tentando afastá-lo e isso o faz apertar
mais as suas mãos em sua pele.
— Eu disse para você ficar quieta — ele devorava a pele de seu pescoço
sem sutilezas.
— Senpai... Por favor, assim não... — ela implorava.
— Gosto quando implora por algo — ela sentia suas mãos a invadirem
fazendo um caminho perigoso por dentro de sua saia.
— Kiro, por favor... — ela pega suas mãos novamente.
— O que eu disse sobre ficar quieta? Não vou transar com você aqui no
carro Sakura, só quero tocar você.
— To... Tocar?
— Sim, eu quero sentir você — ela sente as mãos dele subirem por sua
blusa até encontrar seu seio, ele o aperta sobre o tecido da blusa.
Ela retira sua mão nervosamente, e sai de seu colo um pouco assustada
com aquele contato, aquilo não a agradou como deveria agradar. Sentiu a
frieza de seu toque e a possessividade em seus dedos.
— Por que você sempre faz isso? Por que sempre me afasta?
— Gomenasai Kiro.
Ela o vê se aproximar, colocava as mãos em sua cintura e a puxava
novamente para seu colo como se ela não pesasse nada.
— Eu disse para você sentar em meu colo — ele encarava seus olhos com
seu tom de voz autoritário. — Você confia em mim?
— Mais do que em qualquer outra pessoa.
— Então não me afaste de novo — pela primeira vez sente o tom de
ameaça em sua voz.
O carro para de se movimentar e ela sabia que era por que tinham chegado
onde quer que fosse. O motorista abre a porta os surpreendendo, se ele achou
aquilo inapropriado não demonstrou.
— Saia e nos deixe sozinhos aqui, quando chegar a hora de irmos embora
volto a chamá-lo— Kiro ordenava ao motorista.
Luna observava constrangida, o homem fazer uma reverencia fechar a
porta e sair.
— Onde estamos? — Ela não reconhecia o ambiente.
— Surpresa — ele acariciava suas pernas.
— Isso é um parque? — Ela entrelaça suas mãos às dele.
— Você já vai descobrir — Sem aviso ele abocanha seus lábios.
— Senpai, vamos me diga onde estamos — ela perguntava entre beijos.
— Vou fazer melhor — ele se afasta— Vou te mostrar.
Luna é retirada de seu colo. Ele abre à porta saindo primeiro e em seguida
lhe oferecendo a mão para ela que a aceita e sai do veículo.
— Lembra-se daquele parque que te convidei uma vez, mas seu padrasto
não me permitiu trazê-la?
Ela arregala seus olhos.
— Eles iriam embora à semana passada, mas então com ajuda dos contatos
de meu pai consegui que eles ficassem por mais uma semana e hoje ele é
somente nosso.
A imagem do parque se forma a sua frente, a entrada quase deserta a não
ser pelo segurança que estava de prontidão.
— Você queria muito vir então achei que ia gostar.
— Senpai... — ela o abraça.— Isso foi incrível, eu te amo.
— Eu sei — ele a afastava para em seguida pegar sua mão e caminhar com
ela logo atrás até a entrada do parque.
Eles passam pelo segurança que os cumprimenta com um breve aceno de
cabeça. Luna passeava seus olhos pelo local, os brinquedos estavam
desligados, mas ainda assim era tudo muito bonito.
Ela era guiada por ele até o meio do parque onde havia uma área
arborizada e lá uma iluminação chama sua atenção, as árvores estavam
enfeitadas por milhares de pequenas luzes brancas assim como os arbustos e
os troncos. No centro uma enorme tenda estava montada, um tapete estava
estendido no chão e ao seu lado uma cesta de piqueniques descansava.
Olhando para tudo aquilo, para tudo o que ele havia feito seu coração se
aquiesce.
— Isso é lindo — dizia emocionada.
— Sabia que ia gostar.
Ele a guiava até perto da tenta. Kiro sentava-se a sua frente indicando a ela
um local próximo a ele.
Luna leva suas mãos até a cesta de piqueniques olhando seu interior, todas
as suas comidas favoritas estavam ali ela mordia seus lábios ao encarar aquilo
tudo faminta.
— Eu sirvo você — ela o escuta dizer pegando seus pulsos e a impedindo
de pegar por si própria a comida.
Ele servia ambos e então após um agradecimento eles começam a comer.
Quando termina seu prato Lua o coloca de lado esticava suas pernas
apoiando o peso de seu corpo sobre as mãos o inclinando levemente para trás.
Ela o vê abrir a cesta novamente e retirar de lá um pequeno pote térmico,
dentro dele ele retira um pode menor, se aproxima dela oferecendo o mesmo.
Luna abre e encara o sorvete favorito dos dois.
— Sabe senpai, tudo o que fez até agora foi lindo, eu te amo muito,
promete nunca me deixar?
— Claro Sakura eu sempre estarei com você.
Ela o via pegar um pouco de sorvete com a colher e levar até a sua boca
alimentando-a.
— Isso é muito gostoso — ela passava a língua por seus lábios rosados
saboreando a sobremesa que lhe era oferecida. Podia sentir o olhar dele sobre
ela, com o canto do olho ela nota que ele a media.
— Você é tão linda Sakura, mas acho que existem coisas mais gostosas
que isso — diz se aproximando.
— Tipo o que? — Ela coloca o sorvete de lado.
— Posso mostrar para você — Ela o via sorrir com certa malicia.— Ou
melhor eu VOU mostrar a você.
Ele se inclina mais e beija seus lábios sentindo o sabor deles misturado ao
sabor do sorvete. Ela apoiava seu corpo com uma das mãos levando a outra
até seu rosto o acariciando.
Sentia que a respiração dele estava ofegante, ele inclinava seu corpo cada
vez mais a fazendo deitar no tapete sem deixar de beijá-la e por alguns
instantes permite que ele prossiga.
Ele descola seus lábios dos dela os descendo até o seu pescoço. Uma de
suas mãos vai em direção a blusa branca dela, e desabotoa um, dois, três
botões vagarosamente.
— Toque em mim Sakura, não precisa ter medo — ela o escutava dizer
baixinho em seu ouvido.
Ela então sente o nervosismo a invadir. Intimidade é ler os olhos, os lábios
e as mãos de quem estão com você. Mais do que repartir um endereço, é
repartir um projeto de vida. Não basta estar disponível, não basta apoiar
decisões, não basta acompanhar no cinema: intimidade é não precisar ser
acionado, pois já se está mentalmente a postos. Ela não sentia isso com ele
pelo menos não ainda, mas desejava todos os dias no silencio de seu quarto
poder se sentir mais confiante perante tal situação. A ideia de compartilhar
algo tão precioso a assustava. Intimidade é não ter vergonha de ser o que a
gente é. É não precisar explicar coisa alguma e ela praticamente nunca fizera
isso, mudara todo seu plano de vida por ele, deixara que ele a guiasse por sua
vida enquanto era para ela estar tomando tais decisões.
— Kiro não! — Ela leva suas mãos livres até sua blusa e começa a abotoá-
la, mas é impedida por ele que agarra seus pulsos e eleva até o alto de sua
cabeça.
— Kiro você está me machucando — ela tentava soltar os seus pulsos
enquanto ele a beijava sem se importar com seu pedido, ele descia os lábios
até o seu colo passeando sua língua por sua pele. — Kiro, por favor, pare —
ela se remexia.
— Por que não posso transar com você? — Ela agora o sentia beijar a
curvatura de seus seios — Vou mostrar como é bom.
— Kiro não — sua voz tinha um leve tom irritado, com a mão livre ela o
empurra fazendo-o ir para o lado e logo em seguida ela ergue seu corpo
ficando sentada.
Ele a encarava irritado e Luna sabia que não devia ter agido tão
bruscamente.
— Eu disse para você não me afastar, sabe que não gosto disso Sakura.
— Avisei para você parar e você não me escutou.
— Acho melhor você moderar sua voz — ele agora elevava a dele.— Por
que agora sou eu quem a estou avisando.
— Quero ir para casa.
— Nós vamos, mas quando eu disser que vamos.
— Não! Eu quero ir para casa agora! — Ela falava fortemente desafiando
pela primeira vez sua autoridade, dizendo fortemente aquelas três letrinhas
como ele nunca a ouvira dizer antes.
Um riso sarcástico ecoa de sua garganta.
— Acha que tenho medo de você?
— Então fique. Eu mesma volto sozinha para casa e se pensa que depois
disso tudo ainda somos namorados está enganado — ela se levanta.
Luna o sente a segurar pelo braço com força.
— Está terminando comigo?
— Precisa que eu desenhe? Seu pai tem razão você é um estúpido que não
consegue nem ver quando acabou, agora me larga — Ela o empurra.
— COMO OUSA FALAR COMIGO ASSIM?!
— Eu falo do jeito que eu quiser — ela tinha dificuldades para acreditar
que o homem com raiva em seus olhos era o mesmo que a encarava com
carinho há dois anos.
— Não pense que vai falar assim comigo, isso só acaba quando eu disser
que acaba — ele segurava seu pulso com força a puxando em direção a ele
colando ambos os corpos.
As aparências com certeza enganam principalmente quando nosso coração
teima em querer amar uma pessoa que não merece o nosso amor.
Mas todos nós temos que passar por certos momentos, sentimentos, para
termos experiência e não errarmos mais.
Kiro havia se transformado de uma hora para outra e ela simplesmente não
entendia como podia ter sido tão cega.
— Por que não pode simplesmente transar comigo? Não sei por que me
afasta, as coisas seriam tão mais fáceis se fizesse o que eu quero, olha só eu
não estaria irritado agora, eu aguentei por dois anos, mas tem uma hora que...
— o olhar dele e sorriso não eram os mesmos que ela conhecia, esses eram
diferentes eram sombrios e beirando a fúria.— Que cansa.
Ela começara a tremer, seu pulso latejava sobre o aperto dele.
— Por que você não pode simplesmente ser uma boa menina?
— Me larga! Eu nunca vou dormir com você depois de hoje ouviu bem,
NUNCA! — Ela o empurrava.— Me larga Kiro ou eu vou gritar.
— Ninguém vai te ouvir, estamos por nossa conta hoje se lembra?
Ela encarava os olhos sombrios e sorriso desdenhoso dele. Então a
expressão dela se torna assustada.
Ela é empurrada novamente e deitada no chão, Kiro por sua vez fica sobre
ela com uma perna em cada lado de seu corpo.
— Não sei por que dificulta tanto as coisas Sakura, é só ser uma boa
menina.
— Não! Me solta! — Ela se debatia o máximo que conseguia.
— POR QUE NÃO PODE CONFIAR EM MIM?! — Ele gritava.
Ela tentava se mexer, se soltar mexia suas pernas e braços, mas ele era
forte demais.
— Me larga Kiro, por favor... — Ela implorava.
— Acha que implorar agora vai adiantar? Depois das coisas horríveis que
me disse? Você não vai terminar comigo.
— Eu nunca serei sua — ela o chutava, proferia golpes até ele ser atingido
perto da virilha, fazendo com que ele saia de cima dela gemendo de dor, com
seus pulsos livres ela se arrasta para longe dele, mas ao tentar se levantar
sente suas mãos envolverem seu tornozelo.
— Você não vai embora até me dar àquilo que quero! — Ele a puxava para
baixo a fazendo cair no chão novamente, a puxava alguns centímetros para
onde estava ficando por cima dela novamente.
Luna chorava, ela não conseguia assimilar que tudo aquilo estava
acontecendo, que seu namorado a quem ela jurara amor a quem ela escutara
por diversas vezes jurar amá-la agora a estava forçando aquilo.
— Não sei por que está chorando, a culpa disso tudo é sua, poderia apenas
confiar em mim e ser uma boa menina, eu sempre fui bom para você Sakura.
— Você não passa de um imbecil controlador e sádico, que não consegue
dizer não ao papai.
— Não fale sobre meu pai, você não sabe nada sobre isso — A fúria
presente em sua voz.
— Você quer ser como ele, mas nunca vai ser.
Ela escuta sua risada temerosa.
— Aí é que se engana minha Sakura.
— Não me chame assim!
Ele segurava seus braços com uma mão e com a outra começava a subir
sua saia.
— Por que faz isso comigo? — Ele roçava seus lábios em sua bochecha
respirando fundo e inalando o seu cheiro como um predador.
— Tire as mãos de mim! — Ela se debatia e com o movimento de suas
pernas sente a fivela do relógio de metal que ele usava cortar sua pele.
Sentia algo quente escorrer por sua coxa seguida de uma dor lasciva, ela
suprime o grito fechando com força seus olhos e lábios.
Ele a encarava com uma expressão neutra, o sangue dela manchava suas
mãos. Ele acariciava o contorno da ferida em sua pele, espalhando o sangue
por ela.
— Você realmente fica muito linda de vermelho — dizia friamente.
As pupilas de Luna se dilatam, seu coração batia forte em sua caixa
torácica, via o vermelho do sangue se misturar ao vermelho de sua saia, ele
acariciava sua ferida com um pouco de fascínio.
— Nunca quis machucar você, se tivesse sido boazinha e me obedecido
não estaria machucada — lhe dizia com voz mansa.
Sabia que se quisesse mesmo escapar precisaria entrar no jogo dele, nunca
fora uma boa mentirosa, mas precisava tentar.
— Tudo... Tudo bem Senpai — dizia com a voz tremula.— Eu te perdoo,
você tem razão, a culpa foi minha. Eu vou ser uma boa menina vou dormir
com você hoje e quando quiser, só preciso que me solte — ela tentava soar
verdadeira, seu rosto demonstrava que ele estava ponderando suas palavras e
ela rezava para que acreditasse.
— Foi um acidente eu nunca quis machucar você — tinha um tom de
preocupado.
— Eu sei, eu sei — tentava manter a voz calma.— Tá tudo bem.
— Você não me ama mais Sakura?
— Eu... Amo... Amo muito. Me solta, por favor, vou ser sua prometo.
Ela o observa aproximar seu rosto do dela e a beija. Involuntariamente
contrai seus lábios e ele a encara.
— Por que não me beijou de volta? Está mentindo para mim Sakura?
— Não eu... Não.
— Me beija!
Ela suspira, precisava fazer o que ele mandava então ergue seu corpo
diminuindo o espaço entre eles, o toca, une ambos os lábios suprimindo a
vontade de chorar e a ânsia que se acumulava.
As mãos dele vão afrouxando seus punhos à medida que ela o beijava, ele
abria espaço em sua boca com a língua soltando totalmente seus punhos. Ela
se desvencilha e juntando toda a força em seu corpo o empurra para o lado,
logo em seguida levantando-se e correndo na direção contraia.
Mas para sua infelicidade não consegue ir muito longe, pois ele a pega
pelos cabelos com força a puxando de encontro ao seu corpo.
— O que pensa que está fazendo? — Ela o escutava perguntar com o peito
colado as suas costas. — Não pode fugir de mim.
Ela gritava em meio ao choro, sentia seu coro cabeludo ser puxado com
tanta força que achava que ele os arrancaria.
— Por que se debate tanto? Sua amiga Sayuri não foi tão resistente assim,
na verdade ela nem se importou com você todas as vezes que se oferecia para
mim.
Sente que mais as lagrimas escorriam por sua pele, o homem que ela
amava se transformara naquilo, a havia machucado, ela se maldizia por não
perceber os sinais claros de sua verdadeira personalidade, o amor costuma ser
traiçoeiro e Luna descobrira isso da pior forma.
Finalmente ao ouvir aquelas palavras saírem de sua boca ela para e fica
imóvel, tristeza e raiva a invadem de forma brusca, o dia que era para ser o
mais feliz de sua vida se tornou o mais cruel.
A pior decepção vem de quem pensamos que nunca iria nos decepcionar,
que iria sempre amar e cultivar. A vida muda a cada instante, e dela coisas
ruins são feitas. Decepções são criadas, choros não são evitados. Cabeças são
torturadas, mentes alienadas. Criamos veneno sem saber que temos,
cometemos erros sem saber que existem. Perdemo-nos em nosso próprio
mundo, mesmo sendo apenas nosso. Voltamos atrás de decisões críticas, e
erros podem ser fatais.
— Você e ela... Você dormiu com ela?!
— No começo eu nem me importava com ela, mas é difícil resistir quando
alguém lhe oferece de bom grado aquilo que lhe é negado — Ele beijava seu
ouvido.
— Você nunca me amou, não é?
— Eu amo você a minha maneira.
— Não isso não é amor, você não é capaz de amar... — Ela fungava.
— Sayuri não significou nada Sakura, agora você... Você é diferente, é um
desafio, é a única que me disse não.
— Você é doente!
— Eu doente? Não Sakura, eu só quero que você seja minha não é pedir
muito. Eu cuidei de você, fiz você ser vista na escola, protegi você, acha que
teria conseguido o estágio sem minha ajuda? Que meu pai a teria notado se
não fosse minha namorada? Eu gosto de você, nunca me preocupei com
alguém assim antes... — ela o sentia respirar profundamente perto de sua
nuca e tinha quase certeza que ele sentia o cheiro de seu medo.
— Me larga seu monstro!
— Você o despertou em mim... — Ele a empurra com força soltando seus
cabelos a fazendo cambalear e cair de joelhos.
A dor a invade na mesma hora e com dificuldade ela se levanta e corre o
mais rápido que podia para longe dali.
— Você quer brincar Sakura? Então vamos brincar.
Ela já estava a uma boa distância dele, ofegante Luna olhava para os lados
a procura de ajuda, mas tudo estava deserto e ela estava sozinha, sem celular
e machucada fisicamente e emocionalmente. Corre com dificuldade passando
por vários estandes do parque agora fechado. Encontra um vão entre duas das
mesmas e exprime seu corpo lá para pegar fôlego, sua garganta assim como
os joelhos e perna feridos ardiam, precisava elaborar um plano de fuga e é
quando se lembra do segurança na entrada do parque.
Colocava sua cabeça para fora por alguns instantes olhando de um lado
para o outro sem perceber a presença de seu caçador ela sai de seu
esconderijo e vai em direção a saída do parque.
Ela nem sequer consegue dar dois passos quando sente mãos a
envolverem.
— Não pode fugir de mim.
Ela cerra seus punhos e transfere um soco em seu maxilar o fazendo se
afastar, podia ver que o ferira uma lasca de sangue escapa por seus lábios.
Ele levava a mão até seu lábio inferior passando o polegar pela ferida e
encarando a única gota de sangue que se formava e coloria seu dedo. Ele
flexiona o maxilar, seu tronco se enrijecia, ele avança sobre ela e a encara.
— COMO OUSA ENCOSTAR EM MIM? ACHA QUE TENHO MEDO
DE VOCÊ?
Lua então vê a fúria em seus olhos consumir seu corpo, sua voz era como
um urro, ele ergue a própria mão direita e com as costas dela transferir-lhe
uma tapa em seu rosto, fazendo com que ela se desequilibre indo para o lado.
O olhava assustada com uma das mãos segurando a parte de sua bochecha
ferida.
Kiro encarava a própria mão assustado, como se não acreditasse no que
acabara de fazer. Agia como se seu ato houvesse sido guiado por outra pessoa
e agora ele encarava o que fizera.
— O que você fez comigo? — Com os olhos marejados ele a encara— O
QUE VOCÊ FEZ COMIGO? — Ele gritava para ela uma segunda vez.
Ela tenta fugir, mas no fundo sabia que era inútil suas costas batem
bruscamente na superfície gélida da parede, ele prensava seu corpo ao dela
evitando escapasse.
— Você acha que isso doeu? Acha que já não levei tapas mais fortes que
esse?
Ela não respondia estava assustada demais.
— Você não sabe como é estar na minha família, não sabe como é viver
com medo. Ele é capaz de consumir você, de tirar o seu sono, acha que minha
vida é perfeita? Já levei socos piores que o seu!
Ela o escutava e assimilava cada palavra.
— Acha que meu pai o grande Noburo Hanaro é um homem correto que se
importa com a família? É aí que se engana, ele é cruel — ele cuspia suas
palavras — minha mãe já se acostumou a fazer tudo o que ele quer, ela
cansou de adquirir uma cicatriz nova a cada vez que não o fazia.
Seus olhos se arregalam e tudo o que ela conseguia ver em meio a lagrimas
era a face dele cheia de ódio, dor e rancor.
— Eu também me cansei, fui marcado durante toda minha vida — ele
segura seus braços com força para trás com apenas uma das mãos quase
deslocando seus ombros, leva a mão livre até a camisa e a ergue revelando na
lateral de seu abdômen uma cicatriz de ferro fundido que marcava sua pele.
Lua desvia o olhar daquela queimadura.
— Qual o problema de querer tudo a minha maneira? Por que você não
entende? — Ele elevava sua voz.— Você me acha um monstro Sakura? É por
que nunca viveu com meu pai, sabe eu tinha apenas sete anos quando ele me
deu essa cicatriz.
Ela o sentia empurrar seu corpo contra o dela.
— Não... Não... Não, por favor — Ela suplicava.
— Ele me dizia, seja um bom menino Kiro, essa é a marca da disciplina —
ele ri sarcasticamente. — É engraçado não é — encara seus olhos raivosos—
Disciplina. Eu odeio o meu pai e olha só para mim agora. Eu não quero ser
como ele Sakura, pois eu já sou.
Uma lágrima solitária escorre pelo seu rosto.
— Quando eu a vi pela primeira vez eu achei que você seria minha cura,
meu escape, mas a cada dia eu me tornava mais como meu pai e agora eu
penso talvez eu também seja um monstro e isso te torna a minha presa.
Confesso — Ele passa a mão pela pele macia e úmida da sua bochecha.—
Que estou gostando disso... — Ele agora colocava suas mãos por dentro de
sua saia encontrando o elástico de sua calcinha.
— Não, por favor.
Ela tremia ao sentir seus dedos a tocarem, ele afastava sua calcinha para o
lado acariciando sua feminilidade à medida que explorava seu pescoço com a
língua, ela chorava em silêncio, sentia nojo dele e ânsia, sentia seu corpo ser
prensado cada vez mais. Ele solta seus braços e com a mão livre abre mais
sua blusa deixando à mostra parte de seus seios nus, ela ofegava, o suor em
seu rosto misturado as lagrimas quentes.
— Tão linda... — Ele a acariciava, a tocava de maneira suja.
Então quando as esperanças dela estão se esvaindo uma luz passa por eles.
— Hey o que estão fazendo aí?
Luna escuta a voz de um homem e quando olha na direção dele o
reconhece era o segurança que os cumprimentara quando chegaram. Kiro à
solta para proteger o rosto da luz incessante sobre seu rosto e ela enfim livre,
rapidamente corre de encontro ao segurança.
— Me tira daqui, por favor — ela se cobria e implorava por ajuda.
Kiro se aproxima e ela instintivamente corre para trás do homem.
— Não se aproxime — ela ouvia o segurança o alertar e ele rapidamente
passa as mãos por seus cabelos desgrenhados e ergue suas mãos em sinal de
rendição.
— Qual o problema senhor?
— Eu ouvi gritos.
— Minha namorada e eu estávamos apenas nos divertindo, ela não
conseguiu se controlar, curtimos algo mais apimentado sabe — ela via seu
sorriso inocente em seus lábios.
Não acreditava no que escutava, ele estava tão calmo que poderia se passar
pelo antigo Kiro.
— Me ajuda, por favor, me tira daqui — segurava a manga do uniforme do
segurança, enquanto tremia.
Ela ofegava, estava suada e seus cabelos desgrenhados colados a nuca.
— Vou ligar para os pais de vocês. Agora venham comigo.
Então ambos são guiados para a cabine de segurança, lá dentro ela se
encolhe em uma cadeira abraçando seu próprio corpo.
— Sabe Sakura — ela nem sequer tinha sentindo sua aproximação.— Não
vai se livrar de mim, por que eu nunca vou deixar você ir, mesmo que mude
de país eu ainda estarei com você na sua cabeça e marcado em sua pele — ele
aponta o ferimento e ela começa a chorar quando ele se afasta.
O pai dele é o primeiro a chegar nem sequer se importou com o estado de
Luna, ele apenas conversou com o segurança por alguns minutos. Quando os
pais dela chegaram correu e os abraçou, não era capaz de falar, sua mãe tinha
um olhar preocupado sobre ela e sobre a ferida em sua perna, seu pai
conversava com o segurança que explicara que os dois haviam sofrido um
acidente em um dos brinquedos e que Luna foi a mais afetada. Ela queria
desmentir dizer que era mentira e que Kiro tentou abusá-la, mas como
provar? Isso só acarretaria em problemas para sua família, os Hanaro tinham
muitas influências principalmente no governo japonês, poderiam acabar com
a vida e o nome da sua família em apenas horas, então ela se manteve quieta
com sua dor.
Depois de sua ida ao hospital para cuidar de sua ferida, ela voltava para
casa.
Passou dias recolhida em seu quarto, não ia a faculdade, com medo de
encontrá-lo, não comia nem saia de casa, seus pais cada vez mais
preocupados.
Uma tarde ela chamou sua mãe e contou que não se sentia mais em casa,
que havia terminado com Kiro, pois ele não era quem ela pensasse que fosse
e implorou que a ajudasse a convencer seu padrasto a deixá-la ir estudar no
Brasil.
Após tanta conversa e de sua mãe implorar e tentar convencê-lo de que
aquilo seria o melhor pra ela, seu padrasto permitiu sua ida e naquela mesma
semana Luna pegara o avião no aeroporto de Shibuya rumo a seu país de
origem, rezando para que tudo aquilo ficasse para trás.
“Nós deixamos de procurar monstros debaixo de nossas camas quando os encontramos dentro de nós”

Luna Iasune Luna tomava coragem para se virar, aquilo não podia ser
Coringa

verdade, tentava convencer a si mesma de que ele não estava bem ali atrás
dela no estacionamento da clínica onde trabalhava.
Não Lua, ele não está ali é só a sua cabeça, é seu medo falando mais alto.
Respira, relaxa. Ela dizia a si mesma enquanto apertava as chaves com força
nas mãos as ferindo um pouco.
— Você está linda como sempre — ela escutara aquela voz novamente
dizer.
Ela lentamente se vira, com os olhos fechados, suas mãos tremiam e seu
corpo inteiro suava frio, seu coração estava a mil.
Vamos lá Lua. Respirava com dificuldade. Abre os olhos.
Quando ela o faz tem a confirmação que não queria, ele estava bem na sua
frente, encostado em uma árvore com seu porte e roupas impecáveis e com
aquele sorriso nos lábios, o mesmo que a fizera derreter-se várias vezes. Ela
nunca quis tanto ser instável mentalmente, para que o que via e ouvia fosse
somente coisa da sua falta de lucidez.
Ele estava diferente, um pouco mais velho em aparência, mas ainda assim
ela sentia que não mudara, o antigo Kiro ainda estava ali só que agora com
uns anos a mais na bagagem, ele também usava óculos que na época ela
acharia incrivelmente lindo só que agora tudo o que sentia era repulsa.
— Kiro — diz com a voz tão fraca que suspeitava que ele não a tivesse
escutado.
Vamos lá Lua força, ele não pode te machucar, não mais. Encarava seus
olhos escuros que sempre possuíram aquele brilho perigoso que antes ela
nunca havia notado.
— O que faz aqui? — Ela enfim encontra a força na sua voz.
— Nossa — ele soltava uma risada rouca e divertida.— Nem um, olá Kiro
meu velho amigo, quanto tempo, senti saudades— ele desencosta da árvore
enquanto dizia, colocando as mãos nos bolsos da calça social escura e
começava a caminhar até ela sem pressa.
— Saudades? Só pode estar brincando — ela move seus pés dando um
passo para trás quando nota sua aproximação, tentava controlar o tremor das
suas mãos inutilmente.— Achei que tivesse sido clara ao ignorar as suas
mensagens.
— Então assume que as ignorou — ele sempre sorria parecia estar se
divertindo com a situação.— Sabe muito bem que isso não se faz Sakura, foi
muito rude da sua parte, e seus pais te deram a melhor educação que eu sei.
Aquele apelido novamente, proferidos por seus lábios, sua pele congela ao
ouvir seu antigo apelido, seu corpo se tensiona e ela adquiria uma posição de
defesa.
Ele se movia com a elegância que sempre possuíra seus olhos presos aos
dela, se aproximava como um felino de sua presa fácil.
— Sabe que não gosto de ser ignorado.
— Não se aproxime de mim — ela coloca uma das mãos à frente do seu
corpo em forma de aviso.
— Sakura — dizia em tom divertido.— Você achou mesmo que ignorando
minhas mensagens eu não viria atrás de você? Quanta ingenuidade minha
querida — ele dava mais um passo à frente.
A cada passo que ele dava Luna seguia para trás, até que para infelicidade
e desespero dela suas costas encontram a lateral do carro.
— Foi muito fácil achar você, esqueceu que esse é o meu trabalho, achar
pessoas?
Sentia raiva e medo ao mesmo tempo, o que ela mais temia estava
acontecendo. Por que eu? Ela se perguntava. Por que agora?
— E eu sou muito bom no que faço — agora ele estava bem próximo.
Ela empurrava seu corpo mais contra o carro estacionado, não conseguia
desprender seu olhar do dele, na verdade tinha medo em fazer e nessa fração
de tempo ele pudesse atacá-la.
— Está com medo de mim Sakura?
— Talvez eu tenha motivos para isso — respirava com dificuldade, podia
sentir o perfume almiscarado dele tamanha era a proximidade que estava.
— Estou aqui a trabalho então pensei — ele dava de ombros.— Porque
não visitar uma velha amiga — sorria gentilmente. — E vim até aqui — ele
gesticula indicando a clínica.— Para te chamar para um almoço, colocar as
novidades em dia, falar sobre nossos trabalhos, nossa vida, relacionamentos...
— ele sorria de canto, não era um sorriso normal como estava acostumada,
não era como o de Mason, ele a estava provocando, mas era outro tipo de
provocação, ele sabia o que despertava nela, sabia que ela o temia e ela podia
sentir que ele estava se aproveitando disso.
— Acha que eu vou almoçar com você? Não somos amigos Kiro — dizia
inquieta.
Então como uma coragem repentina ela o olha com raiva e lhe diz com a
mesma intensidade.
— Só quero que você me deixe em paz, termine o que veio fazer aqui no
Brasil e volte para Japão — ela se vira lhe dando as costas, aperta o botão da
trava do carro, abrindo a porta.
Com o canto do olho ela vê a mão de Kiro empurrar a porta do carro a
fechando e em seguida sentia seu corpo prensar o dela.
— Nossa Sakura, um velho amigo que não vê há muito tempo vem de
longe e tudo o que ele pede é um almoço — dizia próximo ao seu ouvido.—
O que a impede? Quer voltar para os braços do seu americano?
— Como... Como... — ela gaguejava.— Estava me espionando?
— Já disse, sou bom no que faço — ela não o estava vendo, mas sabia que
ele sorria, podia sentir na sua voz.— Se eu fosse você, iria almoçar comigo
— dizia com a voz calma.— Ouviria o que tenho a dizer.
— Deixe o Mason fora disso — ela o empurra com seu corpo, fazendo
com que ele se afaste.
— Eu deixo, mas tem que vir almoçar comigo. Acho que estaria
interessada no que tenho para contar, lhe diz respeito.
— Ok eu almoço — dizia após um longo suspiro, sabia que se não fosse
seria pior, odiava ter que ceder, sentia-se como antes, como a garotinha
assustada de anos atrás.— Mas eu vou com o meu carro.
— Sem problemas — coloca as mãos nos bolsos novamente.— Em meus
passeios pela cidade encontrei um ótimo restaurante que serve uma comida
japonesa maravilhosa, me senti até em casa. Chama-se “Pérola do oriente”, é
lá que nós vamos. Sabe onde é?
Ela confirma com a cabeça, nunca fora lá, mas sempre passava na frente
para ir à casa de seu namorado.
— Ótimo, te encontro lá Sakura. Quando chegar na recepção é só dizer o
meu nome, já fiz uma reserva.
Ahh claro que fez. Ele sabia que eu iria.
Sem dizer nada Luna entra no carro, trancando a porta e dando partida. Sai
da sua vaga e no espelho retrovisor via Kiro indo até o carro dele.
Ok Lua, só ir até lá e ouvir o que ele tem a dizer, depois você vai embora e
pronto, fim, acabou, ele te deixa em paz. Tentava se convencer, mas sabia
muito bem que não era assim que as coisas com Kiro funcionavam.

Kiro Hanaro O restaurante “Pérola do oriente” era na opinião de Kiro um


lugar muito agradável. Um ambiente refinado, com excelente comida e
atendimento, com funcionários que sabiam falar perfeitamente a sua língua
natal, facilitando a comunicação para ele. Não que Kiro não soubesse o
idioma daquele país em que estava, ele aprendera a falar português, mas já
que estava com pessoas que falassem o mesmo idioma que ele preferia se
comunicar assim.
Já fora até aquele local algumas vezes desde que chegara na cidade,
sempre sentava na mesma mesa no canto esquerdo próximo a janela que
separava o conforto do resto do mundo e naquele dia não era diferente, estava
lá em seu lugar preferido, aguardando sua querida amiga do passado.
Ele olhava no relógio e apesar de certa demora por parte dela, sabia que ela
viria. Sabia que Luna entendia que não havia como escapar dele, que ele não
desistiria tão fácil, e também podia afirmar isso porque colocara um
rastreador no carro dela e podia ver em seu celular que ela estava a caminho,
optara por um caminho mais longo, mas estava vindo.
Ela tinha razão quando dissera que ele a estava espionando, fazia alguns
dias, oito dias para ser mais exato. Vira um pouco de sua rotina, descobrira
onde trabalhava, descobrira onde ela morava e também descobriu algo que
não o agradara a primeiro instante, vira que ela frequentava uma casa em
particular muito mais do que a própria. Vira ela e ele saindo algumas vezes,
eles frequentavam muito uma cafeteria, ele a levava trabalhar na maioria dos
dias.
Kiro também o seguira, descobrira que ele trabalhava em um hospital,
descobrira que era estrangeiro, mas quando pesquisara mais a fundo e
descobrira de quem se tratava não pode deixar de se divertir muito com a
situação, era algo cômico e ele ria por notar como a vida pode ser divertida e
irônica as vezes.
Ironicamente divertida. Ele pensava.
Quando chegara ao Brasil há um mês não esperava que estaria em um
momento como aquele e nem que soubesse do que sabe. Quando fora
contratado por alguns clientes naquele país a primeira coisa que viera a sua
cabeça fora aquele par de olhos azuis, sempre soubera que ela morava nesta
cidade, aquilo nunca fora novidade para ele. Sentiu-se animado com a
possibilidade de poder vê-la mais uma vez.
Apesar de Lua achar que ele não gostava dela ou que nunca a amara,
aquilo não era verdade, ele se importava com ela na época, fora paciente,
esperara o tempo dela, afinal foram dois anos juntos como um casal e pra ele
quando se está em um relacionamento com alguém algumas necessidades
precisam ser sanadas e permitidas, como por exemplo, o sexo, que era algo
meio óbvio que ele queria dela, mas nunca lhe fora permitido. Kiro estava
acostumado a ter as coisas quando e como queria, as mulheres nunca lhe
negavam nada, era só pedir com um pouco mais de força que elas faziam
tudo para ele.
Todas menos Luna. Ela era seu desafio, e depois de um tempo, depois de
várias tentativas falhas ela se tornara um objetivo a ser alcançado, um prêmio
a ser adquirido. E como todos sabem, ele não era o tipo de homem que
desistia fácil. Mas naquela noite no parque, a forma como ela falara com ele e
agira libertara algo que negava há muito tempo existir dentro de si. Ela fazia
com que o seu pior lado viesse à tona toda vez que lhe dizia não, e sempre ele
tinha vontade de fazer várias coisas quando escutava aquilo dela, mas se
segurava, respirava fundo, contava até dez, apertava os punhos e tentava se
acalmar, não deixaria seu pai vencer, não seria o monstro que ele era, ele se
negava a dar aquele prazer ao homem que chamava de pai.
Então por dois anos ficara firme e se segurara para não sofrer aquela
transformação. Mas naquela noite, ele perdera a batalha, não aguentou e
deixou a fera sair. Não conseguia entender o porquê ela relutava tanto,
porque não confiava nele sendo que ele sempre fizera tudo para ela, se ela
tivesse ficado quieta nada teria acontecido, ele ainda seria o Kiro dela, e
aquele monstro estaria guardado e trancafiado dentro dele.
Aquela fora a primeira vez que batera em uma mulher na vida e pela
primeira vez entendera seu pai, conseguira sentir a sua força, sentira como era
bom exercer o medo na outra pessoa e sentir ela totalmente a sua mercê. O
medo fazia as pessoas lhe oferecerem qualquer coisa que você quisesse delas,
descubra o medo de alguém e você a tem em suas mãos. Então durante todos
esses anos fora assim que vivera, usava essa linha de pensamento em seu
trabalho e em sua vida pessoal.
Depois que ela fora embora ele nunca a abandonara de verdade, sempre
soubera onde ela estava e o que estava fazendo da sua vida. Soubera que não
tivera relacionamento algum depois dele, o que o deixava muito feliz, mas
então ela conhecera um americano que agora o intitulava de namorado.
Tivera vontade inúmeras vezes de vir até onde estava agora e vê-la, sabia que
o que fizera não era algo muito fácil de ser perdoado, mas estava disposto a
tentar. Seu pai achara melhor ele se afastar um pouco, a deixar seguir com a
vida enquanto ele seguia com a dele, dissera que não iria cobrir seus rastros e
concertar suas bagunças para sempre, que era para ele tomar jeito e aprender
a ter responsabilidades. E como sempre ele obedecia, não ousava erguer a
voz e a mão para seu pai.
Até um dia há dois anos para ser específico onde ao chegar em casa
encontrara sua mãe ao pé da escada com uma poça de sangue ao seu redor e
ao seguir os degraus com os olhos encontrara seu pai apoiado no corrimão
bebendo um copo de uísque como se nada tivesse acontecido. Sentiu a ira
percorrer o seu corpo e o enfrentara, seu pai como sempre o desafiara e o
batera, mas aquela fora a última vez que ele fizera aquilo. Um mês depois ele
se tornara o mais novo herdeiro da empresa da sua família e sua mãe estava
para sempre presa a uma cadeira de rodas e com feridas que jamais
cicatrizariam.
Agora ele era o dono da sua própria vida, guiava a empresa de sua família
como queria e descobrira que era um administrador muito melhor que seu
pai, mas claro que ele atuava sempre que podia como investigador, pegando
casos que lhe despertavam o interesse, como por exemplo, dois casos de
clientes brasileiros. Pegara os dois casos e viera até o país para poder
conversar com seus clientes sobre o que descobrira até o momento, e fora o
que havia feito nesse mês que chegara, já resolvera um caso com um dos
clientes e o outro por incrível que pareça morava na mesma cidade que sua
querida Sakura.
Não reparara o quanto sentia saudades dela até realmente vê-la de fato no
estacionamento, estava disposto em fazê-la ouvir o que ele tinha a dizer, pois
como ele dissera lhe dizia respeito, algumas coisas que descobrira
recentemente o fizeram ansiar por aquele encontro, queria ver o choque em
seus olhos, ver ela se sentir perdida, queria sentir o medo dela. Sentia que
finalmente teria algo que sempre quisera, pois sabia que aquela informação
que carregava lhe proporcionaria isso.
Com o canto do olho Kiro nota uma movimentação na entrada, então avista
Luna entrando e se dirigindo até a mesa em que ele estava, quando ela se
aproxima ele se levanta e vai até sua cadeira para afasta-la ao mesmo tempo
que o garçom.
— Deixa que eu faço isso — diz com autoridade ao homem que se afasta
com uma reverência.
Luna o encarava séria e se sentava rapidamente ignorando o cavalheirismo
dele, ele dá a volta mesa e se senta no seu lugar.
— Você fica linda de vermelho — ele lhe diz se referindo aos detalhes da
blusa que ela vestia e pode vê-la se estremecer antes de falar ignorando
completamente seu elogio.
— O que você quer Kiro?
Ele ignora a pergunta dela, se vira para o garçom lhe entregando o menu.
— Traga para nós duas porções de Lámen, também Tempura e o seu
melhor vinho branco.
Enquanto o garçom se afastava ele entrelaça seus próprios dedos apoiando
suas mãos sobre a fina toalha creme da mesa. Podia ver a raiva que ela sentia,
mas também havia lá algo que o agradava, era medo.
— O que você quer Kiro? — Ela lhe perguntava novamente.
Ele não lhe responde apenas a encara com seu sorriso tranquilo nos lábios
e menos de um minuto depois o garçom chega com o vinho e duas taças os
servindo. Ele pega a sua e bebe um gole provando a bebida.
— Realmente muito bom — dizia ao colocar a taça de volta na mesa a sua
frente.— Prove o seu Sakura.
— Não vim aqui para provar nada — ela faz menção de se levantar.— Se
não tem nada a me dizer eu vou embora.
Então ele bate a mão na mesa com um pouco de força a sobressaltando, seu
olhar a encarava sério e autoritário, um olhar que ela conhecia bem e sabia
que era uma ordem e que era para ser seguida.
— Sente-se — dizia com firmeza, e observava ela ir abaixando o corpo até
finalmente sentar.— Agora prove seu vinho.
Ela hesita por um instante. Suas mãos seguravam a borda da mesa com
força, ele via seu olhar tremer indicando o aumento do medo.
— Se você sair daqui eu vou direto ao apartamento onde você passa a
maior parte do seu tempo bater um papo com seu amigo americano.
Ela estende o braço pegando a taça a sua frente quase que imediatamente,
levando aos lábios e tomando um pequeno gole do seu conteúdo.
— Boa menina — abre um belo sorriso.— Aproveite o almoço Luna, eu
pago sou um cavalheiro.
— Pela última vez...— ela elevava um pouco a voz.— O que você quer?
— Então finalmente é veterinária — bebia mais um pouco do vinho. —
Quem diria — ignorava sua pergunta.
— Kiro — ela suspira.— Anda logo, pare de enrolar.
— Sempre ansiosa minha querida Sakura — Ele lhe oferecia um sorriso de
canto.— Pois bem, como sabe eu vim a trabalho.
— E o que eu tenho haver com isso?
— Ok, então vamos começar nossa conversa amigável contando sobre o
trabalho — ele se encostava despreocupadamente na cadeira.— Deixa eu
pensar, eu me formei em direito com honras, comecei enfim a trabalhar na
empresa da minha família, comprei um cachorro, fiz uma pós-graduação... —
Leva o dedo indicador ao queixo pensando.— Ah e ainda estou solteiro,
assumi a empresa da família, finalmente posso ser o investigador que sempre
quis e caso queira saber meu pai faleceu há uns dois anos.
— Você quer ir direto ao assunto.
— Lembra quando você foi por um curto período de tempo estagiária da
empresa do meu pai, agora minha, e sua supervisora estava te ensinando a
interpretar laudos da polícia de casos antigos que já haviam sido dados como
encerrados e era sobre um caso nos Estados Unidos, sobre uma fazenda?
— O incidente no Texas. Sim lembro, mas foi apenas para me ensinar a
interpretar então não me lembro de quase nada sobre aquilo, tentei apagar
esse período da minha memória.
— Então há quase um ano atrás nossos serviços foram contratados por uma
pessoa que pediu para justamente reabrir esse caso e pagou uma boa quantia
para que pudéssemos procurar falhas naquele documento, para solucionar o
caso. Então quando soube e fui ver sobre o caso em si, me lembrei de você —
passa os dedos pelas bordas da taça.— Passei todos esses meses trabalhando
nesse caso, revirando cada arquivo, buscando cada ponta solta, estive no local
do acidente, interroguei várias pessoas. Meu cliente acha que não foi
acidental como dizem os arquivos da polícia da época.
Ele faz uma pausa, pois o garçom chega com o pedido de ambos. Ele prova
o caldo do seu Lámen.
— Está delicioso — dizia olhando para ela. — Prove Luna — sua voz era
mansa e gentil. Ela se mantém firme o encarando sem encostar na comida. —
Prove — seu tom fica mais firme.— Quero que coma comigo, se fosse para
comer sozinho não te traria a um restaurante.
Ele abre um sorriso satisfeito ao vê-la pegar o talher, pegando um pouco
do caldo e levando aos lábios.
Kiro pega um guardanapo limpando seus lábios e depois se servindo de
mais um pouco de vinho.
— Então como ia dizendo. Depois de mais de 20 anos eu solucionei o
caso, descobri finalmente o que aconteceu — dizia triunfante.
— Ainda não entendi aonde você quer chegar com isso?
— Após uma pesquisa e muito trabalho, minhas investigações voltaram
para o Japão.
Ele aproxima mais o corpo da mesa diminuindo o tom da sua voz para
somente ela ouvisse.
— O que eu vou te contar é sigiloso e eu estou gravando essa nossa
conversa. Então diga claramente seu nome e responda à pergunta. Você
promete sigilo?
Ela arregala seus olhos o encarando perplexa.
— Sou Luna Iasune e sim prometo sigilo.
— Ótimo — ele relaxa e volta a posição inicial.— Fui guiado para o Japão
e acontece Sakura que a polícia da época foi subornada para não colocar
todos os detalhes nos documentos, digamos detalhes muito importantes.
Nota o olhar confuso dela. Ele se sentia tão bem em possuir alguma
informação que alguém não tinha, gostava de estar no controle e no poder da
situação, gostava de ser o dono das informações.
— E eles foram subornados por uma grande empresa japonesa.
— E?
— Acontece que o dono dessa fazenda na época se envolveu com essa
empresa japonesa que produzia uma substância que era ilegal na época. Um
hormônio que fazia com que o gado ganhasse peso e musculatura em poucas
semanas, esse produto não havia sido aprovado pela vigilância japonesa, mas
ele realmente funcionava então eles vendiam para poucas pessoas, aquelas
realmente poderosas, vendiam por debaixo dos panos.
Ele faz uma pausa para comer mais um pouco da sua refeição, contava
cada detalhe com calma e detalhadamente, como se contasse uma história a
uma criança.
— O fazendeiro aceitou os termos da empresa e prometeu sigilo. Depois de
um tempo ele ganhou muito dinheiro, expandiu seus negócios, se tornou uma
potência e referência no que fazia, se tornou milionário em questão de um
ano.
Ela abre a boca para interromper e instantaneamente ele ergue a mão
sinalizando para que ela pare e não o interrompa, o que ela inteligentemente
faz.
— Essa empresa vendo o sucesso que a substância fazia sobe o preço, na
verdade triplica o preço sem avisar o fazendeiro, que obviamente quando
recebe a fatura não fica nada feliz e se nega a pagar, pois não fora o valor
combinado e ele não havia sido informado do reajuste. Depois de várias
reuniões e pressão que a empresa fazia e até mesmo algumas ameaças o
fazendeiro dissera que se tocassem na família dele ele quebraria o sigilo e
denunciaria a empresa. E essa empresa é claro retirou as ameaças, mas não se
sentiam mais firmes e confiantes com aquele comprador. Um tempo depois a
fazenda foi destruída, a propriedade fora perdida, o gado fora morto e o
fazendeiro e a esposa foram mortos no incêndio que fora dado como
acidental. A polícia de Dallas foi subornada para falsificar os documentos,
fecharem o caso como incêndio acidental e para não relacionarem o nome da
empresa com o caso.
Ele bebe mais vinho.
— Você deve estar se perguntando por que estou te contando isso — ele
começa a rir enquanto olhava para ela que o olhava de volta com seu olhar
perdido.
Isso realmente é divertido.
— Adivinhou — ela lhe dizia secamente.— Por que está rindo?
— Porque minha querida Sakura, isso é muito divertido — ele arruma sua
postura na cadeira.— O nome da empresa em questão é — ele faz uma pausa
dramática com os dedos batendo de leve na mesa imitando tambores.—
Iasune Corp — Com um sorriso triunfante ele a encara.
— Está mentindo — nota o desespero em sua voz.
— Não minha querida eu jamais mentiria sobre algo assim, levo meu
trabalho muito a sério, mas confesso que estou me divertindo — bebe mais
vinho.— Os papeis comprovam, estão na minha maleta no carro, é tudo
verdade, senão me engano é a empresa da sua família não é mesmo? — Pega
um Tempura e o come, suspirando com satisfação.— Eu sou muito bom no
que faço.
"Se você é bom em alguma coisa, nunca a faça de graça."

Luna Iasune Ele só pode estar mentindo.


Coringa

— Mesmo que isso seja verdade, duvido que meu padrasto esteja
envolvido nisso. Isso foi a o que?! Vinte e três anos? — Ela tentava se
convencer de que aquilo não era real, era tudo um sonho.— Não entendo o
que isso tem a ver comigo ou o porquê está aqui me contando isso.
Os detalhes do que ele contara a ela eram semelhantes ao que Mason havia
contado sobre seus pais, as suspeitas, o incêndio.
Não, não, não...
Ela respirava pesadamente enquanto o encarava com raiva.
— Isso diz respeito a sua família e mesmo que seu padrasto na época não
estivesse totalmente envolvido, porque ele era aprendiz do seu avô, o pai dele
estava — ele serve mais vinho em seu copo - E eu ainda não terminei.
Tem mais? Da para ficar pior?
— Pois bem, termine — dizia receosa.
— Fui contratado como mencionara, para desvendar o caso e você não
adivinha qual o nome do meu cliente — ela o encarava, ele realmente estava
se divertindo com a situação.
Suas mãos tremiam e suavam, na verdade todo seu corpo suava frio, ela
implorava em seus pensamentos para que o nome que saísse da boca dele
fosse diferente do qual ela estava pensando.
Não, por favor, ele não.
— Qual... Qual o nome de seu cliente? — Ela gaguejava.
— Ahh você o conhece Sakura, é um amigo seu, na verdade muito mais do
que amigo devo dizer.
Ela fica em silencio, engolia em seco, não conseguia acreditar que aquilo
estava acontecendo e podia ver que ele se divertia com isso, com o medo que
proporcionava a ela.
Sentia seu peito comprimir, agarrava com força a toalha da mesa incapaz
de se levantar ou desviar o seu olhar do dele.
— Não... — ela se recusava a admitir.
Ela sente seu celular vibrar e disfarçadamente o pega e como se fosse um
sinal ela vê que era uma mensagem do Mason, desbloqueia o mesmo e lê
rapidamente.

Logo em seguida recebe uma foto dele vestindo somente um avental, com
seu traseiro completamente a mostra. Ela guarda o celular ao ouvir a voz de
Kiro continuar.
— Sabe bem de quem falo Sakura, seu amiguinho Mason Carter, filho de
Roger e Emily Carter, ele me contratou, por causa dele estou aqui hoje, por
isso vim até este país — ele sorria para ela.
E assim seu mundo cai em ruínas diante dela, com apenas aquele nome
tudo se vai, as forças que ainda lhe restavam, a esperança, a felicidade, o seu
chão, seu ar, suas mãos se apertam mais na borda da mesa, pois se soltasse
com certeza cairia naquele restaurante porque até seu ponto de equilíbrio se
fora, suas suspeitas confirmadas, sua alma agora ficara doente, seu corpo
entrava em estado de coma, um coma induzido pelo medo e tristeza.
— Não, não pode ser... — Ela abaixava seu olhar para suas pernas
tremulas.
— Engraçado como o destino funciona não é mesmo? — Ele ria do
sofrimento que estava causando.— O filho da vítima e a neta do assassino,
juntos — ele ergue a taça de vinho como se brindasse. — Agora minha
querida Sakura me pergunte de novo o que vim fazer aqui.
— Chega! — Ela alterava sua voz arrancando olhares curiosos de alguns
poucos clientes que logo voltavam os mesmos a sua mesa. — Chega Kiro —
dizia um pouco mais baixo já se levantando para sair dali.
Precisava pensar em tudo aquilo, aquilo não era verdade era apenas um
pesadelo e ela iria acordar nos braços de Mason a qualquer instante.
— Não Luna, ainda não disse que acabou e nem que era para sair — ele se
levanta indo em sua direção e a segurando pelo braço, sentia a pressão de
seus dedos em sua pele.
— O que, o que você quer? — Vira o rosto na sua direção encarando seus
olhos castanhos escuros. — Por que me atormenta? Por que depois de todo
esse tempo? — Eram as únicas perguntas das quais ela conseguia fazer.
— Ora Luna ainda não sabe? — Ele sorria tocando com as costas das mãos
levemente seu braço livre.— Eu vim até aqui vender o meu silêncio — seu
sorriso se alarga em seu rosto.
Ela afasta seu braço.
— O que você quer?
— Sakura, pense só o que aconteceria se eu entregasse o material que
tenho em mãos ao meu cliente? Pense em como ele ficaria arrasado se
descobrisse o envolvimento de sua família no incêndio criminoso que
acarretou na morte de seus pais?! Poderia muito bem ir me encontrar com ele
e lhe entregar tudo o que tenho, mas... — ele a encarava.
— Mas?
Ele se aproxima mais dela, que incapaz de recuar permanece imóvel.
Sentia a mão dele tocar seu rosto coberto por lagrimas passando a palma por
sua bochecha indo em direção aos seus ombros.
Ela era incapaz de se mover. Estava triste, estava envolta de uma tristeza
tão profunda que era capaz de fazer seu coração parar, as lágrimas que
molhavam seu rosto eram um sinal claro disso, da dor que inundava seu peito
fazendo lagrimas transbordarem por seus olhos azuis.
— Eu poderia mentir nos documentos, dizer que não encontrei nada, dizer
que é apenas acidental, confirmar a história da polícia, se você... — ele faz
uma pausa dramática.
— Se eu?
— Se você voltar comigo para o Japão e é claro me perdoar pelas coisas
que fiz no passado, eu era só um garoto confuso, aquilo já passou sou um
novo homem, agora podemos começar tudo de novo Sakura, pense só.
Ela não acreditava no que acabara de ouvir.
— Ficou doido? — Ela finalmente o afasta.— Eu nunca vou voltar com
você, você... Você me dá nojo, fique longe de mim, você já me destruiu uma
vez Kiro, nunca mais, ouviu bem NUNCA MAIS!
— Ok — dizia despreocupadamente.— Então eu vou ligar para o
americano e marcar uma reunião para contar o que descobri, lhe mostrar os
documentos que tenho, explicar a história toda, vamos ver o que acontece —
ela o observava sacar seu celular do bolso de seu paletó e discar um número.
— Está chamando — dizia com o celular no ouvido.
Movida pelo medo ela retira o aparelho de suas mãos e o desliga colocando
em cima da mesa, ela o encarava sorrir triunfante então fecha seus olhos e
suspira derrotada.
— Por que eu? — Dizia quase como um sussurro.
— Ora querida Sakura, por que eu a quero para mim, como deve ser, como
sempre deveria ter sido. Agora podemos começar de novo, com as
informações que tenho o americano Mason irá te odiar e levará a ruína o
nome e a empresa de sua família é isso que quer? Que seu padrasto e sua mãe
percam tudo? Mas se aceitar os meus termos tudo ficará bem e eu preservarei
a sua família. Sabe como um nome e a família são importantes em nossos
costumes.
A tristeza em seu peito agora se equiparava a raiva, estava mesmo sendo
ameaçada, chantageada por ele e ela podia jurar que se tivesse um sabre de
luz como o do Luke cravaria no coração dele agora mesmo, ou quem sabe as
garras do Wolverine, seriam bem uteis agora.
— E também imagine só, quando ele descobrir o que aconteceu com sua
família e do envolvimento da empresa do seu padrasto, ele vai querer justiça,
vai revelar o que acontecera e um caso como esse irá até a mídia e claro que
duvido que seu avô vá deixar isso barato, estragar o nome da empresa que o
pai dele com suor e determinação construiu, ele vai descobrir que deixou um
Carter para trás e quem sabe contratar os assassinos que resolveram seu
problema há vinte e cinco anos. Ele faria qualquer coisa para preservar o
nome imaculado da sua família.
Se realmente o pai do meu padrasto fez o que fez há anos, ele não irá
deixar barato. Ela pensava, sente sua pele se arrepiar ao toque dele, mas não
de uma forma boa, era outro tipo de arrepio. Um Carter para trás, sem pontas
soltas, essas palavras não saiam da sua mente, rodeavam, atormentavam. Ela
não podia deixar que algo acontecesse com ele.
— Preciso de tempo.
— Ok você tem vinte e quatro horas — acaricia seu rosto com carinho.
Ela precisava de tempo, tempo para pensar no que fazer, tempo para
resolver toda aquela situação sem que ele fosse envolvido. Com sua mãe no
hospital ele não aguentaria aquele golpe, ela sentia medo se ele descobrisse
com certeza a deixaria e a odiaria ou até mesmo ser morto pelos assassinos
do passado por saber a verdade. Ela podia suportar deixá-lo para trás, mas
não o seu ódio.
Ela pensara que estava bem, mas o destino trabalhava de forma
surpreendente. A orquestra agora fazia a transição das notas calmas e sutis
para as agressivas da sinfonia.
— Ok Kiro — ela pega sua bolsa a colocando em seu ombro.
— Nos vemos amanhã Sakura. Eu entro em contato.
Ela caminha em direção a saída do restaurante segurando com força a alça
de sua bolsa com as mãos tremulas.
Quando ela chega no seu carro permite-se desabar, sentia uma dor
profunda rasgar seu peito, a decepção. Como poderia sequer imaginar que sua
família ou melhor a família de seu padrasto estaria envolvida em coisas tão
sujas e cruéis, que fossem capazes de tirar de um pobre garotinho sua
família? O tipo de dor que sentia era aquela que arrastava seu corpo para o
olho de um furacão, que te jogava dilacerado no chão. Ela precisava pensar,
mas as dores que invadiam, sua cabeça estava a desnorteado, sabia antes
mesmo de entrar naquele restaurante que era uma péssima ideia, sabia que o
que Kiro fosse lhe contar mudaria tudo.
Manda uma mensagem para Mason avisando que não iam poder almoçar
juntos, pois surgira um procedimento de emergência. Suas mãos tremiam
enquanto digitava, e por várias vezes tivera que apagar e digitar de novo, pois
escrevera muitas palavras erradas. Odiava mentir para ele e agora depois de
tudo que ouvira temia ter que mentir novamente.
Mason vai te odiar! A voz de Kiro soava em sua mente.
Seu celular vibra assim que envia sua mensagem, com os olhos marejados
e mãos trêmulas encarava a tela e uma notificação da sua agenda aparecia.
ANIVERSÁRIO DE GISELE ALMEIDA! HOJE AS 20h30.
Ela havia esquecido completamente disso, já não tinha mais ânimo para
aquilo, seus pensamentos agora martelavam em sua cabeça, sua mente estava
em outro lugar, com outras preocupações.
O que vou fazer? Pense Luna pense.
E se eu ligasse para meu pai?! Não isso estava fora de cogitação, envolver
seu pai nisso só iria acarretar mais problemas e também implicaria ter que
contar o que houve no passado naquela noite terrível.
Poderia simplesmente ir embora como a primeira vez, deixar tudo para
trás, ele iria se sentir triste, mas iria superar.
Assim que essa ideia passa pela mente dela, Luna a descarta
imediatamente, deixar Mason para trás não era a solução, ele não merecia
isso, e ela precisava parar de fugir de uma vez por todas. Talvez o que ele
havia dito nem sequer fosse verdade, droga deveria ter exigido veros tais
documentos e se ele estivesse blefando? Sabia bem que Kiro era muito bom
na arte de manipular as pessoas, mas no fundo algo lhe dizia que aquilo tudo
era realmente verdade e que ele não estava brincando, ela precisava encontrar
uma solução para aquele problema.
Devo aceitar a proposta dele? Ir embora, partir o coração de Mason e
deixa-lo seguir em frente? Ele vai superar, mas pelo menos não estaria em
perigo, teria uma vida, encontraria outra pessoa que o merecesse. Não teria
a mim. Sabia que não tinha nada a ver com que seu avô fizera, mas ainda
assim era sua família, se sentia parte disso, sentia como se a sujeira que eles
se envolveram fizesse parte dela.
No Japão o nome e a família são fatores muito importantes na vida de
alguém, nisso Kiro tinha total razão. Quando algo acontece em sua família,
todos são envolvidos, tudo é feito para preservar o nome, tradições são
passadas de pais para filhos, e o peso do nome acompanha você para sempre,
uma vez seu nome sujo ele fica assim para sempre e todos lembrarão.
Ela teria coragem de fazer isso com sua mãe e padrasto que assim como ela
eram apenas vítimas da crueldade de seu avô? Teria ela coragem de fazer
Mason correr o risco de ser perseguido e morto assim como seus pais? Teria
ela coragem de ir embora com Kiro, a pessoa de quem vem fugindo há anos,
se entregar a ele e deixar que ela lhe pertença para proteger aqueles que ama?
Mas de algo ela sabia que não tinha coragem, era de ver o ódio nos olhos de
Mason ao encara-la, ver a decepção em seus olhos ao saber que sua família
era a responsável por ele não ter conhecido seus pais.
Mason vai te odiar!
Ela liga seu carro e parte sem rumo pela cidade, sua tristeza a consumia,
sua raiva tão nítida que não havia espaço para pensamentos ou ações a serem
tomadas, apenas para lágrimas, ela precisava tentar entender, precisava tomar
uma decisão, nunca se sentiu tão perdida em sua vida.
“Confiar seus segredos a outros só acaba trazendo problemas a si mesmo e a quem se ama”
Demolidor

Luna Iasune Estava envolta de vários enfeites decorativos de aniversario,


já havia pendurado as luzes, arrumado a mesa de som junto com Luis e agora
ela e Lucia prendiam uma faixa de feliz aniversário para Gisele na parede.
Todos da clínica veterinária haviam sido convidados. Antes de tudo
acontecer ela e seus amigos Luis e Lucia de bom grado se ofereceram para
ajudar na arrumação antes da festa, uma ala do restaurante fora reservada
para a festividade e era onde Lua se encontrava.
Mas a todo instante ela se pegava pensando no almoço que tivera e no que
isso acarretaria a ela. Se ela contasse corria o risco de Mason a odiar e se não
contasse o resultado seria o mesmo, ela estava no meio de um impasse, nem
sequer tinha vontade de festejar, mas como havia prometido ali estava ela.
Pensou que em um ambiente diferente, com a cabeça mais fria e com pessoas
ao seu redor, pessoas com quem ela se importava a ajudasse a encontrar uma
solução ou pelo menos esquecer por um tempo aquele assunto.
— Lua um pouco mais para esquerda — sua amiga Lucia a auxiliava pela
quarta vez seguida.
Ela simplesmente não pensava em mais nada apenas olhava a entrada da
galeria e tentava imaginar como seria se aceitasse a proposta de Kiro.
24 horas ele disse.
Até lá ela rezava para que pudesse pensar em algo.
— Não, vai para direita que assim está ficando torto — ela escutara Luis
dizer, ele se encontrava a alguns passos para trás para uma melhor
visualização. — Mais um pouco Lua.
Ela subia mais alguns centímetros — Assim está bom?
— Hum... — ela o nota estreitar seus olhos.— Agora sim pode prender.
Prende a faixa no suporte e com a ajuda dele desce da pequena escada.
— Você está bem Lua? Parece distraída ou cansada.
— Estou bem Luis, só tive muitos procedimentos hoje após a hora do
almoço— ela o via guardar a escada.
— Você me parece preocupada, Mason não vem?
— Vem sim Luis, eu... Eu só estou um pouco cansada sabe... — dizia sem
jeito.
— Bom... — Agora Lucia se juntava a eles.— Eu espero conhecer o seu
namorado hoje, quero comprovar se ele é gostoso como nas fotos ou se
aquilo é apenas efeitos gráficos, quero só ver se ele é tão bonito quanto nosso
biólogo aqui — ela dava umas tapinhas no ombro de Luis que sorria sem
jeito.
— Acredite você não vai me achar mais bonito que ele e vai até me
esquecer quando ele chegar, Mason tem esse efeito.
— Você também é muito bonito Luis— Lua dizia amavelmente.
— Concordo — Lucia sorria. — Pena que não dá chance a nós mulheres
da clínica.
— Lucia você tem noivo — a aniversariante se junta ao trio.
— E daí? Ele é mesmo gostoso, não é?
As três garotas riem em cumplicidade.
— Obrigado pelos elogios meninas, mas não sou como Mason — ele
arrumava uma pilha de guardanapos.
Luna odiava ver ele se menosprezar assim, Luis era um cara tão legal e
amoroso merecia alguém que o amasse ao seu lado.
O grupo de amigas agora discutiam qual seria as melhores músicas a serem
tocadas ambas olhando atentamente o tablet que Gisele carregava com a
playlist que o DJ disponibilizara.
A verdade era que Luna nem sequer estava prestando atenção naquilo tudo,
só tinha cabeça para o almoço conturbado e caótico daquela manhã, na
proposta que recebera e em como a vida podia ser irônica, estava tudo
perfeito, ela tinha um emprego que amava, um namorado que amava, amigos
e pessoas das quais se importava. Ela pensava nas manhas de café da manhã
que tinha com ele, nas brincadeiras de ambos, as idas ao cinema e toda a
agarração que faziam lá, nos beijos que ele sempre lhe dava enquanto viam
TV, em como ele a fazia se sentir amada e de repente Puff seu castelo de
areia é derrubado por uma onda, não uma onda não, por um tsunami de
proporções catastróficas.
Ela estava lá, mas apenas seu corpo, pois sua mente viajava por entre seus
neurônios tentando encontrar uma saída, ela concordava afirmando com a
cabeça sobre as músicas.
Ele vai te odiar.
Essas eram as únicas palavras que conseguia pensar, o coração dela
apertava em seu peito só de pensar nessa possibilidade.
Mas e se ele a odiasse pelos motivos errados? Como um término? Um dia
ele iria superar e os dois passariam de namorados para “Ele é só um cara com
quem perdi a virgindade” e “Ela é só uma garota da qual namorei”, mas sabia
que não era tão simples assim a vida nunca era simples se fosse, ela não
estaria naquela situação.
Ir embora com ele, fugir para o mais longe possível, não contar, contar,
não contar, contar.
Tantas opções, o que ela faria? O que devia fazer? O medo era constante,
mas ela precisava parar de ser medrosa e confiar em Mason, só que como ela
contaria tal coisa?
Hey Kono sabe o acidente que matou seus pais? Pois é o meu avô foi o
mandante do crime. Como eu sei disso? Meu ex namorado que me feriu no
passado descobriu e me ameaçou.
Ele com certeza a odiaria sentiria nojo dela, afinal de contas era sua família
e não tinha como ele olhar para ela sem se lembrar do passado e isso ela não
suportaria, sem falar das complicações que sua própria família teria, o
sobrenome Iasune será arrastado para lama e tudo que seu padrasto lutou para
conseguir acabaria e consequentemente arrastaria ela e sua mãe para o fundo
do poço.
Talvez ela estivesse sendo egoísta ao pensar apenas na própria família
afinal de contas ele precisava saber o que houve com seus pais, era uma
dúvida que o atormentava a anos e um dia a verdade viria à tona.
Meu Deus, o que devo fazer?
— Hey Lua? Lua?
Ela é despertada de seus pensamentos por Luis que a encarava de cenho
franzido.
— Hãm? O que?
— Tem certeza de que está bem? — Ela o vê tirar de suas mãos um
punhado de guardanapos dos quais ela havia amassado totalmente sem
perceber. — Mason te fez algo? — Ele a perguntava seriamente.
— Ahhh... Ahhh...
— Está tudo bem com vocês dois?
— Tá, ta sim eu só estou um pouco cansada, tive duas castrações e uma
cirurgia de reposição do fêmur, estou exaurida.
Nota uma movimentação na entrada, alguns amigos de Gisele chegam e
felizes cumprimentam a todos logo se dirigindo ao bar.
Ela não tirava os olhos da entrada, não havia falado muito com ele após a
mensagem que enviara, não havia ligado para ele por que tinha medo que sua
voz transparecesse que algo estava errado, não que sua expressão corporal
não a denunciasse por que se Luis havia percebido que algo a incomodava
quem dirá Mason.
— Lua e aí? Ele vem ou não? — Lucia que se aproximava com um pão de
massa folhada em suas mãos e perguntava ansiosa.
— Ele já deve estar chegando.
— Você está bem?
Antes mesmo que ela responda, Mason entra pela porta.
Quando ele entra todos os olhares femininos se viram para ele, era sempre
assim, ele tinha uma presença magnética que atraia as mulheres. Usava uma
camisa branca que evidenciava seus músculos do braço, uma calça jeans
escura e sapatos devidamente engraxados, seus cabelos loiros estavam
penteados para trás e claro as mechas rebeldes que ele odiava, mas ela amava
arrumar caiam por sobre seu olho esquerdo.
— Nossa senhora, Lua onde você o estava escondendo? — Ela escutava o
comentário da amiga que o encarava com a boca levemente aberta o pãozinho
que segurava em suas mãos quase caindo por seus dedos.— Ele tem primos
ou irmão?
Ela sorri levemente. Como vou conseguir viver sem você?
Ela podia notar que ele a procurava, olhava ao redor buscando por ela, sua
postura sempre confiante assim como seu caminhar. Quando ele a vê em
meio a vários rostos desconhecidos abre um dos seus costumeiros sorrisos e
se dirigi até ela.
— Oi— ela o cumprimenta quando ele para bem à sua frente, seu olhar
sempre preso ao dela.
— Não te vejo o dia todo e tudo o que ganho é um misero “Oi”?
— Desculpa Mason — ela dizia sem jeito.
Vê-lo ali agora estava sendo mais difícil do que pensava que seria, ela
achou que ao vê-lo suas preocupações se dissipariam, mas ao contrário elas
só aumentaram.
Sentia as mãos dele agora em sua cintura, ele a puxava para mais próximo
colando seus lábios aos dela em um beijo carinhoso e intenso ao mesmo
tempo. Ela se retrai levemente com a mão em seus ombros.
— Está tudo bem Hobbit? — Ela o via encarar seu rosto e analisar sua
expressão.
Claro que ele perceberia que ela estava estranha, como havia falado Mason
tem um ótimo senso de percepção e ele a conhecia como ninguém.
— Está sim, tudo... Tudo bem.
— Você me chamou de Mason e estava meio estranha quando te beijei, eu
fiz alguma coisa?
Não Mason você não fez nada, sou eu quem está prestes a fazer. Ela
pensava em dizer, mas o que saiu de sua boca foi: — Essa é Lucia — ela
puxa a amiga afastando-se dele— Lucia esse é meu namorado Mason.
— Olá Lucia — ele estendia sua mão gentilmente para ela.— Prazer em
conhecê-la.
— Meu Deus — ela o encarava de boca aberta e olhos um pouco
arregalados. — O prazer é todo meu — Ela segurava sua mão.
— Prazer é algo bom não é mesmo?
— Com toda certeza.
— Também é muito bom proporcionar a outras pessoas — ele dizia com as
mãos na cintura de Lua.
— Você quer casar comigo? — A amiga brincava.
— Lucia! — Lua a repreendia não se aguentando e rindo acompanhada
pelo seu namorado.
— Sinto muito Lucia em ter que desaponta-la, mas já sou comprometido.
— Você não teria primos ou irmão não é mesmo?
— Lucia aquele ali não é seu namorado? — Lua apontava para a entrada
do restaurante.
— Ihhh gente melhor eu ir — ela caminhava até a entrada para
cumprimentar o homem que chegara deixando os dois a sós.
— Senti sua falta minha Lua — ela sentia suas mãos acariciarem seu rosto.
Ela pega sua mão e entrelaça a dela. Controle-se Lua, vamos lá controle
suas emoções pelo menos até você pensar no que fazer.
Vinte e quatro horas, bom agora só lhe restavam menos de doze horas e ela
ainda não sabia o que fazer seu tempo estava acabando.
— Também senti sua falta.
— Tem algo te incomodando — ele a olhava nos olhos.
— Não, não eu só estou cansada Mason, tive... Ahhh... Muitos
procedimentos hoje— ela insistia na mentira.
— Sabe que não acredito — ele beijava sua bochecha para em seguida
levar seus lábios até seu ouvido.— Pode dizer isso aos outros — ele
sussurrava.— Mas eu te conheço e sei que algo a incomoda, mas não vou
forçá-la a dizer — ele leva seus lábios até os dele depositando um beijo. —
Por que eu amo você — dizia contra seus lábios.— Quando estiver pronta eu
estarei aqui para ouvir.
Ela sorri gentilmente para ele. Eu tenho o homem perfeito.
— Não vai me apresentar para seus amigos?
— Vou claro... Bom o Luís você já conhece, aquela ali brigando com o DJ
é a aniversariante, mas você também a conhece— ela o puxa em direção a
roda de amigos que se formava no bar. — Gente! — Ela interrompe a
conversa.— Esse aqui é o Mason meu namorado e Mason esses são Douglas
namorado da Lucia que você já conheceu, Guilherme namorado da Gisele e o
Jorge, ele é veterinário lá da clínica.
Logo um a um o cumprimentava oferecendo a ele uma cerveja e então aos
poucos ele era incluído na conversa dos homens.
Luna se mantinha afastada do outro lado do bar tomando uma cerveja nova
no mercado, no rotulo dizia ser irlandesa, ela nunca provou cerveja com
gosto de cereja, até parecia um coquetel de frutas, mas o sabor era muito
bom.
Aguçando seus ouvidos, consegue escutar a conversa dos rapazes. Mason
sempre conseguia se enturmar facilmente, conseguia conversar sobre
qualquer coisa.
— Então você é médico? — Escuta Jorge perguntar.
— Sim, sou médico ginecologista.
Algumas risadas são escutadas.
— Nossa então você conhece muito bem o funcionamento do corpo das
mulheres, não é?
— De fato conheço bastante.
— Poderia nos dar algumas dicas?
— Boa Jorge, nos diga Mason o que fazer em algumas situações — agora
era a vez de Douglas falar.
O grupo de homens ri alto acompanhado por Mason.
— Sou médico e não um instrutor do kama sutra.
Mais risadas são ouvidas.
— Vocês realmente precisam de dicas meninos? — Luna aparece atrás do
grupo de homens segurando sua cerveja.
— Hobbit você acredita que estão me pedindo dicas? — Ela era puxava
para junto dele— Será que devo ajudar essas pobres almas perdidas a darem
prazer as suas mulheres?
— Eu dou na minha — os olhares se viram para Jorge.
— NeH laHmey— ela lhe dizia em Klinglon para ele nem pensar no
assunto, que suas habilidades eram somente para ela. — Qo' vabDot 'e'
vIHtaHbogh paQDI'norgh.
— Minha nerd — ele ri beijando levemente seus lábios.
— O que ela disse? — Douglas perguntava.
— Ela me ameaçou.
— Em que? Russo?
— Klinglon — ele beberica sua cerveja.
Diante os olhares confusos, Luna muda de assunto.
— Soube que Lucia o pediu em casamento Douglas.
— Cara não foi você que fez o pedido? — Guilherme perguntava surpreso.
— Eu não, ela que veio com essa história de casamento.
— E o que você disse?
— Que sim né?!
— Eu acho — Luna os interrompe.— Que ela devia encontrar alguém que
não ligue no meio de um procedimento cirúrgico.
— E eu ia adivinhar que ela estava em cirurgia?
Lucia e Gisele agora se aproximavam do grupo, ambas abraçando seus
respectivos namorados.
— Não acho que meu Douglas tenha atrapalhado Lua — ela beija o rosto
do namorado.
— Por que não era você que estava com a lâmina na barriga da pobre
gatinha da senhora Rodrigues.
— Aquela senhora tem uma queda pelo Luis — Lucia dizia.
— Sério? Luis? — Guilherme perguntava.
— Sim — Lucia o respondia. — Suspeito que seja por que ele fica lindo de
jaleco.
— Lucia não venha falar de outros homens — Douglas a abraça
fortemente.
— Ele realmente fica bonito, mas vocês precisam ver o Mason de jaleco —
Lua brincava.
Sente ele se aproximar mais.
— Ou somente com ele — Mason sussurra em seu ouvido para que
somente ela escute, a fazendo corar levemente.
— O Douglas também fica lindo usando um terno de advogado.
— Mas ele não é dentista? — Lua perguntava curiosa.
— É sim, mas o fantasiei de terno e ele vestiu para mim.
Lua começa a rir estava um pouco menos apreensiva.
— Gui por que você nunca se fantasiou para mim?
— Já me fantasio quase todos os dias.
— Por que, você é transformista? — Lua arranca risadas do grupo com sua
pergunta.
— Claro que não, trabalho em uma empresa que organiza festas e a
maioria são infantis então quando precisam de alguém fantasiado lá vou eu.
— Só que eu não consigo ter fantasias sexuais com você de palhaço.
— Tenho uma fantasia de bombeiro lá na empresa se quiser.
— Agora sim — Gisele beija o namorado.
— Posso te emprestar um dos meus jalecos — Mason entra na conversa.
— Not vay' noj — Lua novamente fala com ele em Klingon para ele nem
pensar no assunto.
— Chaq puS, rejmorgh yIDaQo' 'e' — ele a respondia no mesmo idioma
lhe dizendo que não era para se preocupar pois ele tinha vários.
— Vocês são tão esquisitos — Gisele dizia em tom brincalhão.
— Concordo. — Seu namorado a apoiava.
— A gente se entende, o melhor de tudo é não ser esquisito sozinho —
Mason dizia.
O sorriso dela some. Como podia sequer cogitar em deixá-lo?
— Eu vou... vou pegar outra cerveja — ela vai em direção oposta a eles.
De costas para os amigos ela tamborilava com os dedos a garrafa em suas
mãos.
— Hobbit? Está se sentindo bem?
Ela toma um susto ao ouvir sua voz, estava tão inerte em pensamentos que
não o vira se aproximar.
— Eu estou bem Mason — Ela tomava um gole de sua bebida.
— Se quiser podemos ir para casa.
— Seria grosseria sair assim no meio da festa — Sua voz denunciava que
ela não estava nem um pouco bem e ela sabia que ele sabia, na sua cabeça se
passava cada passo que ela poderia tomar, ela maquinava ideias das quais
odiava pensar.
— Se você não estiver se sentindo bem seus amigos vão entender. — Ela
notava sua voz sair preocupante.
Uma música lenta começa a tocar e vários casais se direcionam a pista de
dança.
— Ei Kono, quer dançar?
— Com você? Sempre — ele tira a garrafa de suas mãos e coloca junto à
dele no balcão do bar a guiando em seguida a pista de dança.
Ela colocava seus braços em torno de seu pescoço enquanto ele
aproximava seus corpos a pegando pela sua cintura e a conduzindo ao ritmo
da música.
— Sabe minha Lua um fato interessante é que nós nunca dançamos juntos
que não fosse pelo vídeo game.
— Verdade eu acho que essa é a primeira vez que dançamos como um
casal.
— Você agora terá a chance de ver meus dotes como dançarino — dito
isso ele afasta seu corpo do dela fazendo-a girar delicadamente depois a
puxando para si chocando seus corpos com seus lindos olhos azuis sempre
presos aos dela.
Isso é tão injusto.
— Kono você me desculpa?
— Pelo o que Hobbit? Você andou aprontando algo indecente?
Ela sorri levemente, ele tinha o dom de fazê-la sorrir.
— Não eu não aprontei nada eu só queria me desculpar por demorar dois
anos para perceber o quanto te amava e por ter perdido momentos incríveis
ao seu lado, me desculpe ter demorado tanto para aceitar o que realmente
sentia por você — aquilo soava como uma despedida e ela nem sequer havia
tomado a decisão.
— Então eu acho que também te devo desculpas — ele sorria.— Eu fui um
completo idiota e cego, tudo o que eu precisava estava bem ali ao meu lado e
eu não quis enxergar, mas eu não me arrependo de nada, não me arrependo
de ter sido seu amigo antes de ser seu namorado, eu passei os melhores
momentos da vida com você, nós rimos muito durante todo esse tempo, nos
divertimos juntos e aturei quase 36 TPM’S suas sou um sobrevivente.
— Você contou minhas tpms?
— Lua eu sou ginecologista — ele erguia sua sobrancelha.— Apesar de
você não me querer como seu médico eu sempre estive de olho. Não há por
que pedir desculpas minha Lua — ele acariciava seu rosto.— Nós passamos
por muita coisa nesses quase três anos.
— Eu só não quero deixar passar nada... Eu quero me desculpar por tudo...
Não quero que... Que... Deixa pra lá. — Ela suspirava.
— Hobbit você não tem por que se desculpar comigo tudo bem? — Ele
beijava seus lábios levemente.
Pelo contrário Kono eu tenho muito pelo que me desculpar. Ela pensava.
— Não quero machucar você — Mas vou... Ela pensava novamente.
— Você não vai fazer isso ok?! Eu te amo minha Lua.
— Eu também te amo Kono. — Ela segurava suas lagrimas.
Não sabia mesmo o que fazer era tudo tão difícil, estar ali com ele e
encará-lo sabendo de uma verdade da qual ele procurava saber a tanto tempo
era simplesmente torturante demais para ela, então por que ela não contava?
— Em casa eu vou te fazer uma massagem e depois teremos uma sessão de
beijos — beija levemente seus lábios. — Você está tão linda neste vestido
Hobbit e tão cheirosa— dizia próximo ao seu ouvido beijando levemente a
curva de sua clavícula.
Estava ficando difícil respirar com ele ali lhe fazendo caricias e proferindo
aquelas doces palavras.
— Podemos ir para casa? — Ela dizia após a música terminar.
— Antes do bolo?
— Estou um pouco cansada queria muito ir embora.
— Sacanagem eu vim aqui apenas pelo bolo — ele brincava.
— O bolo ainda vai demorar, mas podemos passar em uma confeitaria
depois, por favor Kono vamos embora.
— Tudo bem — ele passava um braço por sua cintura a guiando até seus
amigos para que ela pudesse se despedir.
— Eu vou no meu carro pode ser? Ele está estacionado ali— ela aponta
para uma fileira de carros a esquerda do estacionamento.
— Ok eu te encontro em casa — ele se dirigia ao seu carro e ela ao dela.
Encarava o relógio no painel do carro, menos de oito horas para seu prazo
vencer, ela tivera sim várias oportunidades para lhe contar, mas as palavras
não saiam de sua boca.
Ele pegara um caminho diferente e ela suspeitava que ele iria comprar algo
para comer pois nem haviam comido direito na festa.
Chegando primeiro em casa, entra pela porta a passos arrastados e então é
recebida por sua cadela que animada pula em seus braços.
— Oi menina... — dizia cansada então escuta um miado preguiçoso vindo
do sofá. — Oi Gandalf — ele se levanta de onde estava indo até ela a
recebendo e se esfregando em suas pernas. — Se eu for embora... Vai sentir
minha falta? — Perguntava ao gatinho enquanto afagava sua cabeça de
joelhos.
Ele esfregava a mesma em sua mão a encarando com seus grandes olhos
amarelos.
— Bom menino... — ela acariciava ambos os animais.— Vai sentir minha
falta olho se Sauron? — Ela escuta miados insatisfeitos vindo dele. — E da
Misty? — Ela afagava a barriga de sua cadela enquanto Misty balançava seu
rabo freneticamente.
Gandalf dá um salto até à mesa ao lado da porta onde havia em cima dela
um porta-retratos com uma foto de Mason e Lua, era a foto que tiraram
quando ela lhe mostrou sua caixa com lembranças, sorrindo ela encarava
Gandalf ao lado da foto como se quisesse dizer que ali era seu lugar.
— Gato esquisito — ele miava. — Vou sentir sua falta — ela o pega no
colo afundando seus lábios no pelo cinza dele.— Nós duas vamos — ela
olhava para Misty que agora se apoiava em suas patas traseiras levantando as
dianteiras.
Parecia que havia se decidido enfim sobre o que fazer.
Então a porta da frente se abre e Mason entra encarando aquela cena.
— Nossa que reunião é essa aqui? Todos vieram me receber? — Ele tinha
em suas mãos dois copos de café e alguns bolinhos dentro de um saco de
papel branco.
Misty vai até ele feliz pulando em seus braços arranhando sua roupa
tentando alcançar seu rosto para lambê-lo enquanto ele levantava o que
comprava para que ela não o fizesse derrubar tudo aquilo.
— Hey Misty I’m happy to see you too — dizia em seu sotaque que Luna
[36]

adorava ouvir.
Ele colocava as coisas sobre a mesa ao lado do porta-retratos enquanto ela
colocava Gandalf no chão.
Misty aos poucos vai se acalmando se entregando aos carinhos dele
ficando novamente deitada de barriga para cima com seus olhinhos felizes e
sua língua para fora evidenciando seu agrado.
— Pronto, pronto garota.
— Você comprou café?
— Sim e cupcakes também.
— Mason... — ela suspirava.— Estou muito cansada vou para cama se
importa?
— Não vai tomar seu café?
— Não eu só queria dormir— estava cansada demais para pensar.
— Então eu vou com você estou te devendo uma massagem— ele começa
a tirar sua camisa branca.
— Podemos apenas dormir? — Ela o abraçava.
Ele envolvia seu corpo com suas enormes mãos escorregando até suas
nádegas.
— Mas nem a sessão de beijos?
— Estou exausta — ela o apertava fortemente contra seu corpo escutando
dele um suspiro pesaroso.
— Queria poder entrar nessa sua cabeça para saber o que está pensando.
— Eu estou pensando em como sua cama deve estar macia agora.
— Sei que não é bem isso, venha vamos para cama — ele pegava sua mão
a puxando em direção ao corredor escuro de seu apartamento.
Ela o traz para si envolvendo seus lábios com os dele em um beijo
apaixonado, as lagrimas ameaçando constantemente surgir. Luna envolvia
seus dedos nos fios loiros de seu cabelo carinhosamente.
Ele devolvia o beijo com a mesma intensidade, sua língua explorava sua
boca com fervor e suas mãos agora apertavam seu traseiro por debaixo do
vestido.
— Estava à noite toda querendo fazer isso, você está muito gostosa com
esse vestido minha Lua — Dizia erguendo o mesmo levemente.
— Kono... Kono... — Ela parava seus movimentos.— Vamos apenas
dormir?
Ele suspirava decepcionado concordando e a levando para o quarto onde
ele retira suas roupas ficando apenas de cueca e ela tirava seu vestido o
colocando de lado e vestindo sua camisa como de costume.
Ele afastava as cobertas deitando-se na cama seguido por ela que caminha
até o seu lado do colchão cobrindo seu corpo com o cobertor.
— Boa noite Kono.
— Boa noite minha Lua — ele beija seu ombro cobrindo-se enquanto ela
se aconchegava em seus braços.
— Eu te amo Kono baka.
— Eu também te amo minha Lua — ele beijava sua testa suspirando
cansadamente.
Ela o abraça descansando sua cabeça em seu peito fechando seus olhos e
controlando sua respiração na esperança de ser levada para seus sonhos,
depois de alguns minutos em silencio ela o escutava dizer baixinho,
suspeitava que ele pensara que ela adormecera.
— Eu te amo tanto Hobbit, queria que confiasse mais em mim— ela sentia
as mãos dele acariciarem suas costas enquanto sua respiração ficava cada vez
mais pesada e ela constatar que ele havia pegado no sono.
Ela não conseguia dormir, a todo o momento sua cabeça martelava, não
tinha outro jeito ela tinha que ir embora, ela tinha que deixá-lo era preciso,
não que ela fosse concordar em ir embora com Kiro, mas mais uma vez iria
fugir, iria tentar se esconder. Amar alguém e em seguida deixá-lo era como
abraçar um cacto, quanto mais você o abraçava mais doía, uma lagrima
solitária escapava de seu olho esquerdo, ela não queria ter que fazer isso,
provara o gosto intenso do amor e agora ela precisava ir.
Levanta-se com cuidado indo até o armário e pegando todas as suas coisas
que trouxera para lá, suas roupas, alguns objetos pessoais, sempre
direcionando seu olhar para a cama onde ele dormia, não queria acordá-lo e
ter que explicar tudo. Ela coloca tudo em uma mala de viagem, veste sua
calça, seus tênis e segue até a sala pegando a coleira de sua cadela e a
colocando na mesma seguindo até a porta.
Para no meio do caminho e encara a casa da qual foi feliz durante muito
tempo, temia que se ficasse ali mais um pouco desistiria. A alegria de saber
que ele existia era o suficiente para ela, mesmo não estando ao se lado. Ela
desejava tristemente que outra mulher aparecesse em sua vida, uma não tão
complicada e que ele a amasse de todo o coração.
Sai pela porta indo em direção ao seu antigo apartamento para preparar
tudo antes dele a procurar, porque sabia que ele faria isso assim que
percebesse que ela havia sumido, precisava ir embora, precisava partir e
aquilo estava acabando com ela.
Passara a madrugada toda em claro sentada no canto do seu antigo quarto
abraçando seus joelhos e após algumas horas encarando sua mala, decidira
que não havia como fugir daquilo, que precisava enfrentar e agora ela não
estava mais sozinha ela tinha Mason ao seu lado, tinha sido uma péssima
ideia sair assim sem mais nem menos, ele não merecia algo assim, merecia
saber, ela tinha que dar uma chance a ele, estava decidida a fazer o que ele
lhe pedira e confiar mais nele.
Uma vez ele lhe pedira para deixá-lo ajudar e ela recebera provas de que
aquilo era possível, de que ele poderia ser a sua cura e ela concordara com
seu pedido. Não podia voltar atrás com ele, não podia decepcioná-lo assim e
também a sua mãe, de quem ela tanto gostava e que lhe aconselhara para ser
mais aberta e deixar seu filho entrar mais em sua vida.
Não, eu preciso voltar e contar a ele. É isso está decidido.
Iria contar e que Deus a ajudasse se ele a odiaria ou não ela não sabia, mas
pelo menos não haveria fugido. Ela não iria acrescentar na sua lista o
arrependimento de não ter contado ela mesma a ele, confiava nele mais do
que em qualquer outro.
Então decidida ela pega sua mala e caminha até a porta e quando a abre o
medo a toma, seus olhos se arregalam, seu coração se acelera e um frio
percorre sua espinha. Ele estava parado bem ali com um sorriso debochado
em seu rosto e a mão pronta bater na porta.
Kiro.
“Um dia alguém me disse que os segredos são pesados. Quanto mais você guarda, mais difícil fica de se movimentar.”
Arrow

Luna Iasune — Kiro! — Ela tentava encontrar a sua voz.— Como...


Como entrou aqui?
— Foi fácil. Seu porteiro não é muito inteligente.
— Vai embora Kiro! — Tentava fechar a porta, mas seu movimento é
impedido pelo pé que ele coloca na fresta.
— Sakura, o que houve com sua educação? — Dizia calmamente como um
verdadeiro cavalheiro.— Não vai me convidar para entrar?
— Minha educação acabou no momento em que você apareceu novamente
na minha vida — dizia com raiva. — Vá embora Kiro, não vou dizer de
novo.
Ele exercia um pouco mais de força com as mãos na porta a abrindo quase
que totalmente, era bem mais forte do que ela, não havia como competir.
— Ok então se é assim... — Ele agora adentrava seu apartamento fechando
a porta atrás de si.— Não há por que cavalheirismo de minha parte também.
Ela dava passos para trás se afastando o quanto podia dele, se movia
vagarosamente para não o alertar.
— Vim fazer uma visita minha querida — ele coloca ambas as mãos nos
bolsos da sua calça enquanto olhava ao redor.— Conhecer seu apartamento.
Enquanto ele se distraia com o ambiente, Luna olha em direção ao corredor
e vê a porta do seu quarto fechado, onde sua amiga estava trancada.
Merda porque resolvi fechar a porta do quarto com ela dentro?
— Nem pense nisso — o escutava adverti-la e quando se vira nota que a
encarava.— Se correr sabe que te alcanço antes mesmo que saia desse
cômodo.
Ela sentia um arrepio percorrer sua espinha com o olhar que ele a oferece,
sabia que o que ele dissera era verdade.
— Você tem um bom espaço aqui Sakura— ele avança mais entrando na
sala, passando por ela como se seu interesse fosse o cômodo em questão.
— Fora da minha casa — seu corpo tremia assim como sua voz.— Quero
que vá embora e me deixe em paz. Eu odeio você Kiro.
— Que pena ouvir isso — ele se vira para ela com a mão em seu peito
como se tivesse sido atingido — Isso dói Sakura. Sabe qual seu problema?
Você é muito presa ao passado. Deixa-me provar que posso ser um novo
homem.
Ela apertava seus punhos com força para controlar os tremores, sentia seu
coração bater a mil, sua respiração sendo afetada pelas sensações que ele lhe
causava.
— Vai se foder Kiro.
Ela enfim se move girando o seu corpo indo até a porta e quando está
quase tocando a maçaneta que a libertaria o sente puxar seu braço com força
arrastando seu corpo até ele, um grito escapava de seus lábios e ela começa a
ouvir sua cadela latir e a pular enquanto arranhava a porta do quarto.
— Me solta! — Ela segurava suas lágrimas, sentia reviver aquela noite
com ele no parque.
— Não faça assim Sakura— ele a avisava.— Sabe o que essa atitude causa
em mim.
— Me larga seu cretino — ela começa a socar seu peito se debatendo, mas
ele era forte demais e não se movia sequer um centímetro.— Desgraçado.
Sentia a raiva a consumir, misturado com o medo e a angustia. Aquele
Kiro causava isso nela ele era o responsável por todos os seus anseios e
pesadelos desses anos todos, um pesadelo que agora era real e ela estava
mergulhando nele sem saber se voltaria à superfície.
— Eu não vou voltar com você!
— Então está quebrando nosso acordo?
— Pro inferno esse acordo.
— Vai se arrepender minha querida — dizia muito próximo ao seu rosto.
— Eu não me importo mais.
Sentia os dedos dele apertarem mais ao redor do seu braço, sentia a pressão
que eles faziam, nesse simples movimento ela sentia a raiva fervendo nas
veias dele, sabia como ele odiava ser desobedecido e contrariado.
— Vai ser assim então?
— EU NÃO VOU VOLTAR! — Ela grita e logo sente suas costas baterem
com força na porta do apartamento, por poucos segundos sente o ar faltar aos
seus pulmões com o chocar das suas costas com a superfície dura.— Eu
odeio você.
As lágrimas começam a descer pela sua face, lagrimas de dor e medo, a
mão livre dele segura o queixo dela fazendo com que seu rosto se mantenha
preso ao dele.
— Minha linda Sakura está chorando — ele passava o polegar em uma das
suas bochechas o esfregando para retirar as lágrimas que caiam.— Você
causou isso, sabe o que acontece quando você é mal-educada. Eu tento me
manter calmo, mas você desperta isso em mim. É tão difícil ser uma boa
menina?
O olhava com medo, precisava sair dali, mas não conseguia se mover,
novamente ela era a insegura e ingênua menina daquela noite e ele o seu
dominador. Notava os olhos de ele percorrer seu rosto a analisando, buscando
pelo medo, às vezes ela sentia que ele podia farejá-lo e que sentia prazer
quando encontrava.
— Você desperta o pior em mim — seus dedos se apertam mais em seu
queixo. — O que ele tem que eu não tenho? Por que se entregou para ele?
— Por que diferente de você ele soube esperar, ele teve paciência, ele é
diferente e quer saber foi muito prazeroso, nem precisou muito para ele me
convencer — ela sorria debochadamente entre lágrimas.— Bastou ele sorrir
pra mim e eu fui dele como nunca fui de ninguém.
O maxilar dele se tenciona e com a mesma rapidez que fora jogada contra a
porta ela é retirada dela. Ele gira seus corpos a soltando bruscamente, ela
cambaleia algumas vezes antes de cair no chão, sente o choque das suas mãos
com o piso frio e com toda rapidez que seu corpo permite ela engatinha, mas
não consegue ir muito longe é puxada por ele que a ergue sem dificuldade,
ambas as mãos em seus braços.
— Me larga! — Mais lágrimas caiam. Ela ouvia Misty latir freneticamente,
a escutava arranhar a porta com força.
Ele a empurra jogando seu corpo no sofá, se debruçando sobre ela
prendendo seus pulsos acima a sua cabeça com apenas uma das mãos dele.
— Paciência nunca foi o meu forte — ele roçava os lábios pela pele do
pescoço dela.— Mas agora que você já não é mais frígida e virgem, vai ser
muito mais fácil — ele percorre um caminho até seu ouvido com a língua.
— Por favor, Kiro, não — ela suplicava.— Por favor.
Então ela é calada pela pressão dos lábios dele e pela invasão da sua
língua.

Mason Carter Mason se espreguiça na cama esticando todo seu corpo e


bocejando. Senta-se na mesma, a pouca luminosidade que entrava pela fresta
da cortina era o suficiente para que ele não conseguisse abrir totalmente os
olhos.
Ao estender o braço para o seu lado na cama se sobressalta ao encontrá-lo
vazio, ele esfrega seus olhos e encara o lado onde Luna deveria estar deitada.
Levanta-se e arrastando os pés se dirige até a porta e quando a abre não
encontra Misty sentada ali como era de costume, ele para seus movimentos e
aguça seus ouvidos, não ouvia nem um único som de Misty correndo pela
casa, comendo ou até mesmo atormentando Gandalf.
— Misty? — Sua voz ecoa pelo corredor.— Hobbit? — O silêncio se
instala pelo apartamento.
Luna deve ter saído caminhar com Misty. Ele pensava. O que era algo
comum de acontecer, mas geralmente era ele quem acordava primeiro. Ele
segue até o banheiro, ligando o chuveiro para tomar sua ducha matinal.
Aquilo era estranho, Luna acordar tão cedo assim e sair sem avisar, mas
para ele as últimas 24 horas estavam estranhas. O comportamento dela na
noite anterior era a principal, assim que encostara seus lábios aos dela ele
sentira algo a incomodar, sentira seu corpo se retrair a ele e quando analisou
seu rosto ele teve certeza de que algo estava errado, mas não sabia o que
estava acontecendo e não podia força-la a lhe contar.
Aprendera durante esses anos que com Luna Iasune as coisas não
funcionam dessa maneira, tem que ir com calma, dar espaço para ela se sentir
à vontade e se abrir. Mas ele tinha que confessar que às vezes aquilo era
difícil, ele queria ajudar, ansiava para que ela confiasse plenamente nele.
Compreendia que ela possuía coisas no passado que não gostava de
comentar e compartilhar, pois ele mesmo possuía tais coisas, e ela vinha
fazendo um ótimo progresso em se abrir, mas na noite passada ele sentia que
ela não estava realmente com ele, estava distraída e preocupada. Era como se
tivesse voltado bons passos atrás os que ela dera em direção a confiar nele.
Preocupada com o que? Ele se perguntava ao desligar o chuveiro.
Vai até a sala com a toalha enrolada na cintura e como já sabia não havia
sinal de Luna e Misty, ao olhar o relógio na parede ele consta que já
passavam das 9h30, ambos não trabalhavam naquela manhã e seu sumiço o
estava deixando inquieto.
Um miado o tira de seus pensamentos sem sentidos e ao virar o rosto em
direção ao som encontra Gandalf indo até ele e saltar até a mesa ao lado da
porta, onde Mason logo nota que havia algo errado naquele móvel, a foto de
ambos que na última semana decorava aquele lugar não estava mais ali. Ele
se aproxima com o cenho franzido e passa a mão na cabeça de seu amigo
peludo sem olhar diretamente para ele e sim para o local vazio atrás dele.
— Cadê a foto? — Sussurra para si mesmo e escuta Gandalf soltar um
miado um pouco triste.
Os olhos de Mason instantaneamente encontram o par amarelado de seu
amigo e então ele não sabia como e nem por que, mas algo dentro dele,
aquela mesma voz silenciosa de antes, lhe dizia que com toda certeza algo
estava errado e que o sumiço da foto tinha relação com o sumiço de Luna e
Misty.
Com rapidez ele segue até seu quarto, precisava verificar uma coisa.
Por favor, esteja errado, esteja errado. Não Lua, não faça isso comigo.
Ele escancara a porta do lado do guarda roupa que reservara para as coisas
dela e então seu pesadelo se torna realidade. Olhava o vazio à sua frente, tudo
que era dela havia sumido, como se ela nunca houvesse estado ali. Mason não
conseguia entender o que havia acontecido, não compreendia aquilo, tentava
buscar os por quês, mas era impossível, seus dedos percorriam os fios dos
seus cabelos denunciando seu nervosismo. Será que ele havia feito alguma
coisa? Será que acontecera algo com ela? Será que ele estava enganado e ela
apenas decidira levar suas roupas para uma lavanderia?
Ah claro Mason, levar todas as roupas de uma só vez, e ela fez o que com
Misty? Colocou na máquina de lavar junto com o seu juízo Mason Carter?!
— Por que ela fez isso? — Sentia sua respiração ficar levemente ofegante,
com agilidade ele abre o seu lado do guarda roupa e começa a se trocar,
vestindo a primeira roupa que encontra.
Precisava ir atrás dela, precisava de uma explicação, ela não podia
simplesmente ir embora dessa maneira, ela lhe devia isso. Já vestido ele
segue até a sala pegando a sua chave e deixando o apartamento.
Ao entrar no carro e avançar pela rua ele se depara com um problema.
Para onde ela foi? Ele não sabia a resposta para aquela pergunta. Ok
Mason quais os locais prováveis para ela ter ido com uma mala cheia de
roupas e uma cadela extremamente agitada?
— Três opções. Seu antigo apartamento, aeroporto ou a clínica.
Iria checar todos eles, mas iria começar pelo que ele achava mais provável,
o apartamento dela, se Luna fosse embora não iria sem sua coleção de
Funkos e seus livros e HQs e é pra lá que ele segue.
Estaciona o carro de qualquer jeito na rua e entra com tudo no prédio sem
nem olhar na direção de Paulo ou de cumprimentá-lo. Assim que a porta do
elevador se abre no último andar ele escuta latidos e suspira aliviado por ter
acertado o destino dela na primeira tentativa, mas logo seu alivio vai embora,
pois os latidos que reconhece serem os de Misty não são latidos quaisquer,
são desesperados e um pouco agressivos. Ele apressa o passo para atravessar
o longo corredor abrindo a porta do apartamento que lhe era tão familiar
assim que toca a maçaneta, então ele para no meio do hall e se depara com
uma cena que ele não esperava.
Luna estava deitada no sofá e havia um homem sobre ela que segurava
seus braços, se encaixava no meio de suas pernas e a beijava avidamente.
Mason permanece parado no mesmo lugar tentando compreender o que via,
tentando digerir as informações que seus olhos captavam.
Quando finalmente seu corpo desperta ele parte pra cima do homem o
retirando com um único movimento de cima de Luna, gira seu corpo o
segurando pelo colarinho da camisa branca que vestia e profere um soco
certeiro em seu rosto acertando seu nariz.
— O que pensa que está fazendo? SAI DE CIMA DELA! — Eleva sua voz
soltando o homem e o socando novamente fazendo o mesmo cair no chão
com o impacto de seu punho.
Com o homem no chão Mason segue até sua Lua que se encolhia no sofá,
apertando seus braços ao redor de suas pernas.
— Lua — a chamava com desespero em sua voz.— Minha Lua. Está bem?
Ele fez algo com você?
— Estou bem — ela lhe responde com a voz fraca como um sussurro.
Sua atenção então volta ao homem no chão que agora se levantava e o seu
riso preenchia todo o ambiente, ele se divertia com a situação e Mason podia
ver o sangue escorrer pelo seu nariz e molhar a sua boca contornando algum
de seus dentes.
— Belo soco, americano — ele retira um lenço de seu bolso e limpa o
sangue em sua boca.— Realmente muito bom, me acertou em cheio —
Mason podia notar o sotaque forte enquanto o homem falava em português.
Ele se posiciona entre o homem desconhecido e o corpo abalado de Luna e
ao reparar mais no homem percebe que ele não era completamente um
estranho, ele já o havia visto de relance, mas mais jovem em uma das fotos
que ela tinha na caixa.
— Mas creio que não tenha sido necessário, Lua e eu gostamos de brincar,
sabe né, um sexo mais selvagem.
— Seu desgraçado — Suas mãos tremiam e ele dá um passo para avançar
nele novamente, mas para ao ouvir a súplica de Luna.
— Mason não, por favor, pare.
— Quem é você? — Pergunta ainda olhando para o homem em questão.
— Ah nossa, me desculpe pela falta de educação — o homem guarda o
lenço de volta no bolso e estende uma das mãos.— Sou Kiro Hanaro.
Conheço esse sobrenome.
— Espera. Hanaro o investigador?
— Exatamente senhor Carter.
Ele olhava do homem para Luna, e fica chocado ao constatar que o
investigador particular que contratara era o mesmo Kiro que tivera um
passado com Lua.
— O que faz aqui? — Diz ignorando a mão estendida.
— Ora, vim me encontrar com o senhor. O senhor não viu meu e-mail?
— É claro que eu vi, mas não me referi ao país e sim a esse apartamento
— dizia com firmeza.
— Mason — ouvia Luna sussurrar. — Vá embora — ele ignora seu pedido
e mantinha sua postura encarando o homem à sua frente.
— Ahh sim — ele ajeita sua camisa amarrotada.— Vim visitar minha
namorada. Eu estava com saudades.
Namorada? O que?
— Namorada? — E a vez de Mason soltar um riso sarcástico.— Do que
está falando?
— Lua e eu, namoramos faz um tempo já.
— Não, não, isso não é possível — Mason o encarava, aquele homem só
podia ser louco.
— Por que não?
— Vocês terminaram há muito tempo.
— Foi o que ela te disse?
Mason vira um pouco o rosto na direção dela que até agora se mantinha
quieta.
— Já acabou há muito tempo Kiro — Ela enfim se manifesta.
— Mas que bom que veio senhor Carter — Mason o encara novamente.—
Eu ia te ligar logo que terminasse o nosso assunto — ele aponta de Luna para
ele.— Mas já que o senhor interrompeu e está aqui — ele tateia os bolsos em
busca de algo.
A mais ou menos um ano atrás Mason em uma das suas pesquisas
costumeiras sobre o acidente que envolvia seus pais e a propriedade, encontra
uma empresa de investigação particular muito bem renomada e conceituada
que se localizava no Japão, lembra-se de ter entrado em contato e contratado
os serviços da mesma, afinal ele sempre quisera descobrir o que realmente
acontecera, sempre suspeitara que houvesse algo além do que os jornais e a
polícia realmente contavam.
O homem retira do bolso um pendrive preto pequeno e lhe estende.
— Aqui tem tudo sobre a minha investigação senhor Carter, tudo o que
encontrei. Filmagens dos relatos das testemunhas, documentos originais,
fotos da propriedade na época atingida pelo incêndio e muito mais. Também
possuo tudo em papéis que posso enviar para sua casa se assim preferir.
Mason pega o pequeno objeto em sua mão o encarando, ali estava o que
sempre quisera saber, a verdade, finalmente seus pais poderiam ter paz assim
como ele mesmo.
— Sinto muito senhor Carter pela situação e também acho completamente
nobre e superior da sua parte por não se importar em ficar com Lua mesmo
assim.
— Como assim? — ele ergue sua cabeça no mesmo instante.— Do que
está falando?
— Kiro — escuta a voz suplicante de sua amada.
— Ora senhor Carter, me desculpe — o homem dizia com falso
constrangimento.— Eu não fazia ideia de que ela não havia contado.
— Me contado o que?
— Como o senhor suspeitava, não foi um acidente, foi um ato criminoso.
— E o que isso tem haver comigo e Lua?
— Eu e Lua tínhamos um acordo que ela há alguns minutos decidiu
desfazê-lo, ignorou e voltou atrás, então também não há por que manter a
minha parte no acordo.
Do que esse homem está falando? Aperta o pendrive na palma da mão.
— Eu e Lua conversamos e aparentemente ela decidiu não lhe contar sobre
a morte de seus pais, e também sobre o envolvimento da família dela no fim
da sua.
— Do que está falando?
— Mason, posso te chamar assim, não é? — Kiro olha rapidamente para
Luna com um sorriso no rosto e depois volta sua atenção para ele e começa a
lhe contar a história de seu pai e o envolvimento com uma empresa química
japonesa até chegar à chantagem e morte de sua família.
A cada palavra que ele contava Mason sentia que uma parte de si morria. A
dor se misturando ao alivio por finalmente saber a verdade. Sentia nojo pela
maneira que a empresa simplesmente decidira que seus pais não eram mais
úteis e os descartara como se não fossem nada, como se suas vidas fossem
insignificantes e o que Mason achava que não poderia ficar pior se provara
estar errado.
— Mas a melhor parte senhor Carter — escuta o choro alto de Luna — É
que a empresa com a qual seus pais se envolveram é a mesma que pertence à
família da mulher que diz te amar, a mulher que diz que confia em você a
mesma que decidira lhe esconder isso e aceitar que eu não lhe contasse e
mentisse sobre sua família — o sorriso do homem à sua frente aumenta se
estendendo de orelha a orelha e seus olhos brilham com a diversão.
— Isso é mentira — ela grita do sofá.
— Ah é mesmo Lua? — Kiro retira outro aparelho do bolso que parecia
ser um gravador e aperta o play e daquele pequeno aparelho a voz de Luna
podia ser ouvida fazendo ela se calar no mesmo instante.
— Meu nome é Luna Iasune e eu prometo sigilo.
Mason não acreditava no que ouvia, sente uma dor no seu peito como se
tivesse levado uma facada, ele vira para a figura encolhida no sofá.
— Você sabia? — Em sua voz a decepção era clara.
— Mason eu... Eu... Eu posso explicar — ela se levanta indo até ele que
com a mão estendida na frente de seu corpo a avisa para não avançar.
— Você sabia. Sabia o que houve com eles — sentia seus olhos
queimarem.— Você sabia o quanto eu queria saber a verdade e você
escondeu de mim algo que não te pertence, algo que eu merecia saber, algo
que merece justiça.
— Exatamente Mason, justiça, você não ia deixar quieto.
— Deixar quieto! — Sua voz se eleva.— Eles mataram meus pais, me
privaram de uma vida com eles, tiraram de mim tudo o que eu tinha, eles são
assassinos é claro que merecem justiça.
— Mas e se viessem atrás de você? Minha família Mason, é minha família.
— Atrás de mim? Você não se preocupou comigo, você fez isso por você,
você sabia a verdade e escolheu não me contar, escolheu fazer acordos com o
homem que disse pra mim que odiava.
— E eu odeio — ela aponta para Kiro.— Ele fez isso, ele está mentindo,
está te colocando contra mim.
— Sério Lua? Ele está mentindo? Por que eu já nem sei mais em quem
confiar, será que você o odeia mesmo? Será que ele é tão perigoso como me
fez pensar? Será que todo esse tempo você não estava apenas fugindo de um
namoro que não deu certo? — Sentia as lágrimas escaparem de seus olhos. —
Como pode fazer isso? — Ele vê uma mala no canto perto da porta.— Estava
disposta a ir embora sem ao menos me dizer nada. Estava disposta a confiar
nele e não em mim.
— Mason, por favor — ela tenta se aproximar.
— Não Luna — ele dá um passo para trás ainda com a mão estendida.—
Chega.
— Kono, vamos resolver isso, por favor, vamos conversar.
— Agora você quer conversar comigo.
— Eu ia te contar.
— Ah é mesmo? Quando? Iria me ligar de onde quer que você estivesse
fugindo ou me mandar uma carta explicando?
— Kono— ela suplica.
— Pare de me chamar assim — ele não conseguia olhar para ela então
encarava o chão — Quer saber na verdade é isso que tem que chamar mesmo,
por que eu sou um IDIOTA.
— Eu queria contar Mason, mas tive medo.
Finalmente ele ergue os olhos e encara os dela que estavam lavados por
lágrimas assim como os seus. Ele nunca sentira tanta dor e decepção por
alguém em toda a vida, encarava a mulher que dizia amá-lo, a mulher em
quem confiara cegamente, a mulher por quem se apaixonara e mesmo agora
ele ainda a amava, mas não queria sentir aquilo, nunca desejou tanto não
sentir aquele sentimento por ela, se existisse um botão que fosse possível
desligar suas emoções ele não tinha dúvidas de que o apertaria.
A decepção é um dos piores sentimentos quando você se envolve com
alguém seja pela amizade ou amor. Você faz tudo pela outra pessoa e
erroneamente você espera receber o mesmo cuidado e carinho em troca. O
problema de algumas pessoas e inclusive o de Mason é que eles sempre
esperam demais das pessoas, confiam demais nas pessoas que escolhem
amar, e quando a troca não acontece logo você sente o sabor amargo e ferroso
da decepção. Ela pega tudo o que há de bom e que você construiu com a
outra pessoa e pouco a pouco dolorosamente vai corroendo e destruindo, mas
a pior parte desse sentimento, o grande problema dele é que a decepção
nunca vem de um inimigo.
A decepção é o preço que se paga por amar demais, por sentir demais, se
importar demais e principalmente por confiar demais.
— Eu confiei em você — nota a imagem de Luna a sua frente se tornar um
pouco turva. — Eu deixei você entrar — aponta para o centro do seu peito —
Como pode mentir pra mim e ainda combinar com ele para não me contar?
— Mason — ela tentava dizer em meio ao choro — Por favor.
— Chega Luna — ele leva as mãos na cabeça enterrando seus dedos nos
cabelos.— Por favor, pare de falar.
— Você disse que me amaria acima de tudo.
— E eu amo, essa é a pior parte de tudo isso, e você também disseram que
me amava, mas mentiu pra mim, fez acordos com ele.
— Eu fiz para te proteger — ela o interrompe.
— Me proteger? Não Luna, você queria se proteger, proteger o nome da
sua família. Você achou que eu faria o que? Que eu te odiaria por que seu avô
contratou alguém para matar meus pais? Achou que eu te culparia?
Ela fica em silêncio e desvia seu olhar do dele.
— Me responda Luna — ele pede com firmeza, e ela se assusta um pouco
com a intensidade da sua voz, mas mesmo assim não diz nada e então ele
entende.— O silêncio diz muita coisa. E agora eu vejo que realmente você
não me conhece e minha decepção com você só aumenta.
Kiro que se mantinha calado o tempo todo enfim decide interromper a
discussão que ele tanto apreciava.
— Ah Sakura querida, sem querer apressar, mas nosso avião sai em duas
horas.
Mason que se mantinha estático assim permanece e nota Luna erguer seus
olhos e encarar o homem ao seu lado.
— Nosso o que? — Ela pergunta a Kiro.
— Nosso avião, você disse que voltaria comigo, esse era o plano.
— Eu não disse isso — então ela se vira para Mason e repete.— Eu não
disse isso Mason, ele está mentindo.
É engraçado o quanto nós pensamos que conhecemos as pessoas, a cada
dia vivido é mais um dia para nos mostrar o quanto estamos errados e que
nunca vamos conhecer ninguém por completo.
— Sabe Luna, você tinha razão — ele passa as mãos pelo seu rosto para
livrá-lo das lágrimas.— Realmente existem várias Lunas que eu não
conhecia, e essa — ele aponta para ela — É a Luna mentirosa.
Dito isso ele desaba a sua frente, seus ombros caem e se entrega mais às
lágrimas.
— Mason, por favor, não, não — ele finalmente se move indo em direção a
porta.— Fica aqui comigo, me deixa explicar, por favor.
— Eu não quero conversar mais — seus dedos apertam suas têmporas,—
Não agora, estou com a cabeça quente, preciso de um tempo, preciso — ele
suspira — Pensar.
Abre a porta e para do lado de fora da mesma, ouvia os latidos de Misty no
corredor abafados pela porta fechada e misturados pelo choro de Luna, não
conseguia mais raciocinar, precisava de ar fresco, sentia como se as paredes
ao seu redor estivessem se fechando.
— Faça uma boa viagem Luna — dizia de costas — Eu digo a minha mãe
que você mandou tchau — então após um suspiro cansado ele deixa o
apartamento, fechando a porta atrás de si e se dirigindo até o elevador.

Luna Iasune Imóvel no cômodo do qual passara horas maravilhosas com


o homem que acabara de partir, ela chorava como nunca chorara antes, sentia
um misto de sensações percorrerem o seu corpo, mas a pior de todas era a
tristeza e o arrependimento.
Por que não contara antes Lua? Por que tem que ser assim? Agora ele
realmente te odeia.
A dor que sentia era tolerável, sabia que com o tempo se tornaria mais
suportável, mas era por ele que ela se sentia assim, nunca vira Mason daquela
maneira, o modo como falava com ela, como a olhava, ela achava que não
conseguiria vê-lo encará-la com ódio, mas ela pode comprovar que havia
algo pior de se ver nos olhos de alguém que se ama e era a decepção. Ver a
dor de aquele sentimento cobrir os olhos dele, ela sentiu cada pontada da dor
dele, sentiu cada lágrima que ele derramara e principalmente sentiu cada
palavra dita por ele.
Com um movimento ela tenta ir em direção à porta, mas o sente ser
impedido pelo homem ao seu lado.
— O deixe ir.
— Parabéns Kiro — ela dizia com ódio encarando a porta por onde Mason
saíra. — Você arruinou tudo, conseguiu acabar com a minha vida tirando a
pessoa que eu mais amo — ela se vira e o encara.
— Obrigado minha querida, fico lisonjeado com o impacto que acha que
eu causei — seu olhar e sorriso eram de divertimento em seu nariz ainda
havia indícios de sangue.— Mas eu não precisei fazer nada, você fez tudo
sozinha — seu sorriso se estende.— Eu lhe dei uma escolha e você a fez, não
me culpe por isso, você escolheu não dizer a ele, você causou isso.
Ele afrouxa os dedos ao redor do seu braço a soltando.
— Agora vamos, temos um avião para pegar.
— Eu não vou voltar com você.
— Minha querida Sakura, não há mais nada para você aqui, você
conseguiu fazer ele te odiar, você não tem mais nada.
— Tenho meu trabalho.
— Tinha.
— Como assim?
— Eu já resolvi alguns detalhes. Disse que você iria pegar suas férias
acumuladas, depois nós vemos uma maneira de você sair por definitivo,
temos alguns meses para pensar no assunto.
— Como pode?
— Até parece que não me conhece, estou sempre a um passo na sua frente
— ele vai até a mala próxima a porta e a pega.— Isso deve bastar, depois
mando vir pegar o resto, agora vai lá no quarto e pegue sua cadela, vamos
deixá-la em algum hotel para cães e depois também mando virem buscá-la.
— Já disse não irei com você!
— E vai arriscar que algo aconteça com sua família? — Ele perguntava
passivamente — Sabe como anda a onda de crimes e acidentes no Japão
ultimamente? Sua querida mãe pode sofrer um acidente enquanto faz
compras na loja perto de sua casa todas as quintas, ou seu pai pode ter
problemas no carro e acabar batendo, mas isso não aconteceria se você
voltasse comigo.
— Você está me ameaçando?
— Alertando dos perigos minha Sakura, isso é, caso você decida ficar.
O encarava com raiva e medo. Andava pelo corredor indo até seu quarto,
não havia nada a fazer. Mason a odiava, ela não tinha mais seu emprego. Kiro
tinha razão, não havia nada para ela ali e agora ele a ameaçava, talvez quando
voltasse para casa e visse seus pais àquilo que sentia melhorasse.
— Avisei seu pai que você estaria voltando para o Japão, ele ficou bem
contente pelo que soube — o ouvia gritar da sala — Pelo menos foi o que a
secretária dele me disse ao telefone.
Ela abre a porta do quarto e segura Misty que pulava nela e lambia seu
rosto, escutava o leve choro de sua amiga canina enquanto ela fazia aquilo,
logo a prende na guia e segue até a sala onde precisa segurar a cachorra com
mais força para que ela não avance em Kiro, seus rosnados denunciavam que
ele não era bem quisto por ela.
— Controle esse bicho — ele abre a porta para ela que sai com Misty logo
a sua frente.
Com uma rápida última olhada vislumbra a entrada do seu apartamento,
tantas lembranças tinha daquele lugar, em sua grande maioria felizes, e todas
elas causadas por uma única pessoa, uma que ela suspeitava que nunca mais
visse em sua vida, uma que ela sentiria muita falta, uma pessoa que ela nunca
deixaria de amar.
Mas havia outra coisa que Kiro lhe dissera que ela também sabia que era
verdade, sua vida fora arruinada, mas ela fizera aquilo tudo sozinha.
“Eu daria qualquer coisa pra não dizer, mas as vezes pesadelos são reais”
Dean Winchester

Luna Iasune Após o check-in no aeroporto Luna agora se encontrava no


portão de embarque aguardando seu voo. Queria sair dali e correr o mais
rápido possível na direção contraria, para longe do homem que destruiu sua
vida. Lágrimas escorrem pelo seu rosto à medida que o momento de sua
partida se aproximava, sentia cada uma percorrer pelas suas bochechas
quentes e vermelhas. Quando pensava no que estava deixando para trás tudo
o que vinha a sua mente eram um par de olhos azuis que sempre possuíam
uma malicia e diversa perderem o seu brilho costumeiro e uma nuvem densa
cobri-los.
Ela havia chegado a um momento de sua vida em que desistira de tudo,
afinal por que lutar contra algo do qual ela não tinha forças para combater?
Queria muito ter o poder de viajar no tempo de fazer tudo certo de não ser
insegura e covarde, mas sabia que isso era impossível e agora ela precisava
ser forte, assumir o seu erro e encarar as consequências dele.
Ele se mantinha perto dela a todo o momento, não para vigiá-la, pois ele
sabia que ela não fugiria, não havia por que fugir, ele sempre a encontraria de
uma forma ou de outra e isso claro não antes de machucar sua família se ela
tentasse escapar e aquilo era algo incabível para ela.
Ela precisava ser corajosa, a tristeza não podia tomar conta de seus dias e
de suas ações, não quando desembarcasse no Japão. Sua mãe costumava dizer
que havia um lado bom na tristeza, ela te faz enxergar, abrir os olhos para o
que realmente importa, faz com que você aprenda, e não cometa o mesmo
para senti-la de novo, a tristeza é uma professora hábil, rigorosa e
esclarecedora, afinal você só consegue ver as estrelas se estiver no escuro.
Só que naquele momento era tudo o que ela sentia, não estava conseguindo
ainda ver o seu lado bom, pensava em como procederia a partir do momento
que pisasse em solo japonês, era uma viajem de vinte quatro horas e ela
enlouqueceria se nesse meio tempo ele tentasse algo.
Por sorte a viajem foi muito tranquila por assim dizer, ela fingia dormir o
tempo todo no avião, sentada em seu assento na primeira classe com ele ao
seu lado fazendo telefonemas a maior parte do tempo. Não houve investidas
ou tentativas de aproximação e ela baixinho agradeceu aos céus por aqueles
breves momentos de paz, se perguntava em como havia parado ali, longe do
amor de sua vida destinada a viver ao lado de quem mais odiava, olhava para
trás e refazia seus passos e suas decisões.
Ela confiara em quem não merecia e deixará de lado quem sempre se
mostrou merecedor dela.
Há muitos anos atrás ela confiara cegamente em Kiro, acreditava que ele
nunca a decepcionaria que estava segura com ele e foi então que ele provou
que ela estava errada e como aprendera, a professora tristeza lhe ensinou que
para não se machucar de novo isso não poderia mais acontecer. Só que então
ela conheceu Mason um homem que sempre esteve ao seu lado quando ela
precisou, sempre fez tudo o que estava ao seu alcance para agradá-la, mesmo
ela estando errada na maior parte das vezes, ele aos poucos foi entrando em
sua vida e pegando essa dura lição que ela aprendera a transformando em
apenas mais um momento da vida dela, um momento do passado, ele o
transformou em algo insignificante, algo que ela conseguiria carregar, ele
amenizou sua dor e adormeceu o seu medo, mas a vida nem sempre acontece
da maneira que imaginamos e então seu passado retorna e a lição que
aprendera nele desperta seu medo e insegurança.
O problema era que o ser humano tem a incrível mania de criar
personagens que os agradem por cima das pessoas, mas no fim a atuação
quase nunca atende as expectativas esperadas. E ela havia feito isso, havia
criado um personagem para Kiro, um garoto de ensino médio bom e gentil
que se tornaria um homem igualmente bom e gentil só que a atuação dele
acabara naquela maldita noite que sempre a assombrava.
Como ele estaria agora? Será que me procuraria quando seus
pensamentos se reorganizassem? Que absurdo Lua, você se procuraria após
isso tudo? Mas e se ele o fizer? O que foi que eu fiz?
Se ela pudesse ter consciência antes que sua alegria seria tão passageira
talvez ela tivesse pensado duas vezes antes de tomar qualquer atitude, antes
de jogar fora todas as oportunidades que tivera. A solidão agora estava ao seu
lado e ela temia que fosse sua única amiga dali para a frente.
A despedida que não tivera dele havia sido uma das piores partes, onde o
coração dela agora se preparava para os momentos de saudades, momentos
dos quais ela se agarrava a todo custo, queria lembrar como era quando era
feliz, como era quando estava com ele só tinha isso agora para suportar o que
viria a seguir nos planos de Kiro, só tinha lembranças.
Eles desembarcaram no distrito de Shibuya na manhã seguinte e ela
pensava a todo instante se ele já havia procurado por ela, se já havia
percebido que ela realmente fora embora.
Será que ele tentou me ligar nesse intervalo de tempo? Pensava, mas
mesmo que tivesse tentado ligar teria sido inútil já que Kiro havia pegado seu
celular e o jogado fora alegando que ela não mais precisaria dele, que ele lhe
daria um novo. Todas as fotos, vídeos e mensagens tinham sido destruídos,
era como se ele tentasse apagar Mason de sua vida, mas ela ainda possuía as
memórias e isso ele nunca tiraria dela. Tentava esconder o que sentia por
dentro se mantendo séria enquanto ele a conduzia para fora do aeroporto em
direção a um carro de luxo alugado por ele, eles pegariam o veículo e
dirigiriam pela auto estrada até Tóquio seu antigo lar.
Ela estava tão absorta em pensamentos que mal reparava em seu antigo
país, eles haviam chegado na época de chuvas o céu estava nublado e uma
fina camada de água escorria por ele, o oriente a recebera da mesma forma
que ela sairia do Brasil, fria e com sua alma nublada de tristeza e lavada por
lágrimas.
Ele a guiava até o carro com sua mala na mão, o observava brevemente
abrir o porta malas do carro e guardar a mesma sem deixar de encara-la. Luna
se mantinha em silêncio com seus olhos agora baixos, ela encarava a calçada
do lado de fora do aeroporto.
Soltava um longo suspiro entrando no carro, seguida por ele que com um
sorriso satisfeito pela primeira vez quebra o silêncio.
— Yōkoso Bakkur Sakura — ela o escutava saudar em japonês as
tradicionais boas vindas em seguida dando partida no carro e saindo da vaga.
— E agora? — Ela o perguntava em tom sério.
— Como assim? — ele respondia sua pergunta com outra, ela o olhava
brevemente de canto encontrando o mesmo sorrindo sem tirar sua atenção da
estrada.
— Eu estou aqui Kiro, mas se por algum momento pensou que seria sua
devo dizer que se enganou — ela dizia com raiva tentando incessantemente
controlar seu choro.
— Sabe que determinação é um dos meus vários talentos.
— Por que eu? — ela se mantinha de cabeça baixa encarando suas mãos
unidas que repousavam em seu colo.
— Já respondi isso uma vez.
Ela permanece em silêncio.
— Não pense que a trouxe aqui para que não seja minha. Isso vai acontecer
não importa o que tenha que fazer.
Ela estremece ao ouvir tais palavras, seu corpo se tenciona e um arrepio
passa por sua espinha.
— Eu gosto de você Sakura, não sei por que não acredita nisso.
— Eu não gosto de você.
— Você pode mudar de ideia, já me amou uma vez pode me amar de novo
— lhe dizia com convicção.
— Eu nunca amei você eu achava que amava, mas não amava, nunca amei
e nunca vou amar.
— Você sabe o que significa ser perseverante minha querida Sakura?
— Você não entende, não é? Eu amo ele e só ele. Eu me entreguei a ele
por que o amo com todas as minhas forças e não importa quanta chantagem
você faça não pode simplesmente me obrigar a amá-lo e mesmo que pudesse
não conseguiria por que eu sempre serei dele.
— Engraçado você falar em chantagem. Sabe o que eu acho interessante
nela? — Ele não a espera responder.— É que ela está sempre relacionada ao
medo e você mais do que ninguém sabe o que o medo causa as pessoas e isso
faz com que as pessoas façam o que quiser e você as tem em suas mãos —
ele dizia tranquilamente.— O amor é consequência e por enquanto eu não o
desejo, você é uma mulher inteligente Sakura com o tempo verá o que é
melhor para você e sua família.
— E o que pretende fazer quando chegarmos? Vai me obrigar a dormir
com você e depois me trancar em um quarto à mercê de suas vontades? —
Ela escuta sua risada.
— Trancar você? Não sou um carrasco posso ser várias coisas, mas isso
não sou e você terá sua liberdade, vai poder sair, trabalhar e visitar seus pais
por que eu sei que não vai fugir, você não pode estar presa a mim, sempre
esteve.
Ela começava a chorar, não conseguia sequer se manter firme, seu corpo
tremia à medida que avançavam na estrada pressentindo as sensações ruins
que sentiria quando o carro enfim parasse. Ela sentia o toque gélido da mão
dele sobre as suas.
— Não se preocupe Sakura você vai perceber que sou o melhor para você
e que não vai ser tão ruim assim eu posso ser um ótimo homem ao seu lado.
— Não toque em mim! — Retirava suas mãos das dele as afastando.
O clima agora estava mais carregado de nuvens cinza, os pingos de chuva
se tornavam cada vez mais fortes embaçando o vidro do carro onde os
limpadores dançavam de um lado para o outro tornando a visão da estrada um
pouco mais acessível.
Ela se permitiu rir debochadamente entre lágrimas.
— Você nunca vai me tocar, não como ele me tocava ou como ele
passeava suas mãos por meu corpo ou como eu implorava por mais e ele me
dava — ela era atingida por uma súbita coragem.— Nunca vou permitir isso
com você, você nunca vai me ouvir gemer seu nome como gemia o dele com
desejo, tudo o que você terá de mim e meu corpo é desprezo e nojo. Você
nunca será como Mason e eu nunca serei verdadeiramente sua — ela o
encarava e ele tinha seu maxilar tensionado, às mãos firmes dele apertavam
com determinada força o volante do carro e ela podia jurar que ele
visualizava o pescoço dela em suas mãos ao invés do volante. Suas palavras
com certeza o atingiram em cheio, ela havia ferido seu ego.
Ele suspirava profundamente.
— Sei o que está tentando fazer e já aviso que você está brincando com
algo muito perigoso minha querida, tenha mais cautela.
— É mesmo? — Ela ri novamente.
Lua o que está fazendo? Dizia sua consciência. Estou cansada de sentir
medo, cansada de ficar calada.
— Não estou fazendo nada só me lembrando do que ele me fazia sentir, ele
sim era um homem de verdade — ela agora enxugava suas lagrimas o
encarando com desprezo — Você mesmo disse que não espera amor de mim
então não vai se importar se eu pensar nele todas as vezes que estiver
sozinha.
— Acha que a questão aqui é satisfazer você?
— Por que insistir tanto em algo que não tem futuro? — Ela perguntava
frustrada.
— Por que eu quero ter, eu posso ter e por que você vai me dar aquilo que
EU pedir, simples assim — ele se mantinha rígido em seu assento — Me
provocar só vai piorar a sua situação e você sabe disso. Você é uma mulher
interessante Sakura, me culpa pelo que aconteceu mais a culpa é sua, eu só
usei as cartas que tinha, você tomou a decisão final.
Ela odiava saber que ele tinha razão a culpa foi inteiramente dela por não
contar no primeiro instante, por deixar o medo falar mais alto e aquilo só a
matava aos poucos.
— Sabe ele me levou a uma cafeteria uma vez — ela observava a estrada
vazia por onde o carro andava.— Lá eu disse que o amava pela primeira vez,
nós fizemos amor no carro, na sala e diversas vezes na cozinha de ambas
nossas casas, até mesmo no terraço do meu apartamento e sabe o que fiz?! Eu
me fantasiei para ele, fiz coisas com ele e deixei-o fazer coisas comigo sem
questionar.
Não importa o que eu tenha que fazer Mason, eu vou voltar, vou encontrar
você. Ela jurava em silêncio.
Ela sentia tanta raiva, deixava aquele sentimento consumir todo seu ser, já
havia sido complacente demais, ela assumia seus erros com a mesma
coragem que teve para cometê-los, a raiva era sua camuflagem para dor.
Ela o vê estender um dos seus braços para o lado largando o volante, o
sente enterrar seus dedos nos cabelos dela puxando com força a raiz ainda
sem tirar os olhos da estrada, a puxa para perto encostando seu corpo ao dele.
— Então você quer mesmo brincar comigo? Sakura eu sugiro que pense
melhor nas coisas que diz a não ser que queira mais uma cicatriz o que seria
uma pena neste lindo corpo.
Ela o escutava dizer com firmeza sua voz tomada pela falsa tranquilidade,
podia sentir os tremores de raiva em seu corpo ele estava tentando não agir
brutalmente, podia sentir que ele se segurava.
— Você acha que viu o que sou capaz de fazer? — Ele puxava cada vez
mais a raiz de seu cabelo a fazendo gemer de dor.— Quer mesmo me
provocar? Falar sobre o que ele fazia com você e o quanto gostava? — Ele a
encara pela primeira vez, podia ver o brilho raivoso em seus olhos negros.—
Ótimo continue, por que eu vou adorar brincar com você, mas advirto que
nem todo mundo gosta das minhas brincadeiras, você tem as suas e eu tenho
as minhas — ele a alertava e ela rapidamente encolhe seu corpo — Não
importa o que eu tenha que fazer, com ou sem o seu medo você será minha da
melhor ou da pior maneira, você escolhe.
Ele a empurra com força em direção ao assento em que ela estava, soltando
os fios de sua raiz e com esse movimento ela bate a lateral de seu corpo
contra o vidro da janela embaçada. Sua cabeça chocando-se com o vidro lhe
provocando uma tontura e retirando de seus lábios uma lamúria.
— Você está a cada dia mais parecido com seu pai — ela dizia com a voz
baixa e tremula enquanto massageava sua cabeça e braço.
— Ele era bem pior, você não o conhecia, pergunte a minha mãe.
Ela se via presa em uma teia de aranha cujo era impossível escapar, então
por que não deixar que a aranha simplesmente a matasse? Não seria melhor
para todos se ela sequer existisse?
Talvez essa fosse a minha única saída.
— O que aconteceria se eu morresse Kiro? Você perderia seu
brinquedinho.
— Você não aparenta ser alguém com tendências suicidas, não teria
coragem para isso.
— E você não aparentava ser esse sádico filho da mãe, mas as aparências
enganam.
Na estrada 678 do distrito de Shinyashiki ela começa a notar as curvas que
formavam naquela estrada, fazia tanto tempo que não visitava Tóquio, que
havia esquecido o quão perigoso era viajar em épocas de chuva
principalmente em autoestradas como aquelas. Faltava pouco para a chegada
dela em sua cidade e podia ver que ele estava com pressa para que a viajem
chegasse ao fim, pois sentia o carro aumentar sua velocidade assim como a
chuva que molhava a estrada.
— Diminua a velocidade você está indo muito rápido — as gotas de chuva
batiam no vidro da frente dificultando a visão.
— Estou no limite permitido.
— Essas curvas são perigosas e está chovendo, diminui agora!
— Eu estou dirigindo você não tem voz aqui.
— Kiro diminui a velocidade da porra desse carro agora! — Seu pedido
era ignorado.
Ela sentia os pneus do carro deslizar pela estrada.
— Não sou imprudente no trânsito, estou na porra do limite de velocidade
agora fique quieta estamos quase chegando ao seu novo lar.
— Pare já esse carro!
— Cala a boca Luna! — Ele se vira por um breve segundo para ela
enquanto elevava sua voz — Fique quieta!
E é nesse exato momento em que ele a encarava tempo suficiente para não
perceber o que vinha a sua frente, na pista contraria um carro havia perdido o
controle saindo da sua via e indo em direção a eles.
— KIROOOOOOO! — Ela gritava ao ver o enorme carro avançando
descontrolado.
Quando ele a vê gritar seu nome, vira o rosto em direção ao vidro e avista
o veículo que vinha de encontro a eles, com o susto e seu reflexo ele gira o
volante fazendo o carro ir para direita desviando do mesmo que vinha mais à
frente, mas o veículo que perdera o controle acaba raspando na traseira do
automóvel em que se encontravam e com a perda do atrito da estrada e com a
chuva que molhava o asfalto as rodas deslizam descontroladamente batendo
em outro carro que estava mais à frente fazendo o dele sair da estrada. Ela em
meio ao pânico podia ver o esforço que ele fazia ao segurar o volante
tentando inutilmente diminuir os danos da queda que estavam para sofrer.
O carro girava sem controle avançando até a ribanceira saindo
completamente da estrada, ele capota três vezes antes de atingir o solo e
quando ela percebe que o impacto maior seria contra ela com o canto do olho
vê um vulto se mover e sente o aperto de um braço a cobrir absorvendo todo
o impacto.
Ele levava seu braço direito até ela se colocando a sua frente e servindo de
amparo e a empurrando contra o banco reclinável.
Dizem que quando você está prestes a morrer sua vida passa diante de seus
olhos e Luna pode comprovar isso. A vida dela passava como um filme em
sua mente, ela podia ver Mason sorrindo, brincando com ela, fazendo
cócegas, fazendo amor e dizendo que amava, podia ver ele e Misty correndo
pelo parque enquanto ela buscava a bola que ele jogava, podia ver Luis seu
grande amigo, seus pais, Gisele, Lucia e Paulo seu fiel escudeiro via até
mesmo Gandalf com seus olhinhos amarelos miando em busca de carinho.
Podia ver todas as escolhas que havia feito durante toda sua vida o quanto
agira covardemente e não confiara em Mason, talvez ela merecesse morrer
talvez aquela fosse à forma do destino dizer que seu tempo tinha se esgotado,
havia tido bastante dele para mudar suas atitudes, mas mudar algo que havia
sido imposto a ela há tanto tempo não era fácil. Pode não parecer, mas Luna
não era uma covarde pelo menos não até conhecer Kiro e descobrir o real
significado da palavra medo. Apesar de sua timidez ela sempre correra riscos,
isso qualquer um que a conhecesse antes digamos em até seus 15 anos diria
que aquela Luna não era a Luna que conheciam e sim uma cópia fajuta e com
defeito, ele a havia mudado de forma quase irreversível, ele a havia moldado
da forma que ele a queria.
Quando o carro atingiu o solo, uma dor a domina, ela sentia todo seu corpo
arder podia sentir o cheiro e o gosto ferroso de sangue. A fumaça do motor
invadia suas narinas, suas pernas estavam presas nas ferragens.
Sua cabeça doía, podia sentir um liquido quente escorrer no topo dela e sua
visão estava um pouco turva, mas ainda podia distinguir as coisas a sua
frente. Quando olha pra baixo vê o braço de Kiro apoiado em suas coxas e
assim ela notara que ele a havia segurado durante toda queda. Ao seguir a
extensão do braço com os olhos ela o encontra, ele tinha os olhos fechados,
seu rosto lavado por sangue, o airbag tinha se armado, mas não fora o
suficiente para absorver a queda.
— Ki... Kiro... — ela o chamava com dificuldade.
Ele abre seus olhos com dificuldade os deixando em pequenas frestas e a
encara ao seu lado com sua cabeça apoiada ao volante. Ela pega sua mão com
lágrimas em seus olhos, não queria morrer sozinha.
Na camisa branca que ele vestia antes devidamente arrumada agora tinha
uma enorme mancha de sangue e quando ele tenta se mover a dor o impede, e
deixa sua cabeça cair novamente na lateral do volante.Com a batida uma das
ferragens que segurava a porta do motorista atravessava suas costelas do lado
esquerdo de seu corpo.
— Sakura... — sua voz era quase inaudível.
A respiração dele era curta, e o fazia com muita dificuldade.
— Eu...— ela vê sangue escorrer pelos seus lábios.— Eu... Sinto... Muito
— dizia pausadamente.
— Eu... Eu te... Perdoo — ela tossia.
Ao ouvir aquelas palavras ele sorri, um sorriso fraco, vê um pouco do
brilho em seus olhos e ela se lembra do momento em que se apaixonara por
ele, fora por causa daquele sorriso e por alguns instantes ela vislumbra o Kiro
de antes, o Kiro que ela amava.
— Não... Fecha... Os... Olhos — ela suplicava para que ele ficasse com ela
até o final. — Fica... Aqui... Comigo — notava os olhos dele piscando
cansadamente.
— Tudo vai ficar bem Sakura.
Então aos poucos ela vai perdendo a consciência até que por fim as cores
somem, sua respiração fica cada vez mais fraca e ela rezava a Deus ou a
quem quer que esteja lá em cima que cuidasse de Mason e que não o deixasse
sofrer mais do que ela já o havia feito.
No escuro de seus pensamentos, ela perde a consciência.
“Todo voo começa com uma queda”

Bran Stark Agosto

Luna Iasune Olhos azuis. Brilhantes, divertidos, acolhedores e


provocadores olhos azuis. Eles a encaravam, as pálpebras que os
circundavam se mexiam conforme o dono deles falava com ela. Sim o dono
deles. Ela acreditava que pertenciam a um homem, os cantos desses olhos se
enrugam levemente, então ela presume que ele sorria, mas ela não conseguia
ver nada além dos seus olhos, era como se eles tivessem um brilho de fonte
desconhecida ao redor deles e o resto de suas feições ficava no escuro.
Aquele par de olhos a deixava confortável se sentia em casa e feliz. Ela
não ouvia nada do que ele lhe dizia, mas não precisava seu olhar era bem
expressivo e ela podia jurar apenas por olhá-los que ele lhe dizia palavras
carinhosas, acalentadoras e sinceras.
Então o cenário muda e o dono daqueles lindos olhos some e ela fica no
escuro, sozinha, abandonada. Começa a correr, mas sentia como se não saísse
do lugar, estava em uma imensidão monocromática de preto, sentia seu peito
se apertar, sentia dor. Muita dor. Logo uma dor intensa em sua perna direita
faz com que ela caia e quando apoia suas mãos no chão igualmente preto
sente a mesma dor em seu braço direito. Diante daquele sofrimento tudo o
que consegue fazer é se deitar e chorar. Chorava de dor, chorava de
desespero, medo, solidão, saudade. Queria que os olhos azuis voltassem, mas
não o via em lugar algum, ele se fora e ela estava perdida, desesperadamente
perdida sem eles.
Enquanto permanecia imóvel naquele chão e tentava acalmar o seu choro,
novos sons irrompem o silencio. Não eram muito nítidos a primeiro instante,
mas logo seus ouvidos se aguçam e captam os sons e ela os reconhece.
Chuva. Carros. Vento. Vozes ao fundo. E um “bip” estranho que se
sobrepunha a todos os outros. Logo vai sentindo que não está mais deitada
em um chão duro e frio e sim em algo macio e quente. Sentia sua cabeça
rodar e uma luz podia ser vista lá ao fundo, essa que começara como um
pequeno ponto que com o tempo foi aumentando e antes que ela tome conta
completamente do ambiente que a rondava, ela escuta uma voz ao longe,
baixa, rouca e masculina, um timbre lindo que faz seu coração dar um salto
no mesmo instante, ela lhe diz palavras carinhosas, ditas como em um
sussurro antes de adormecer.
— Eu te amo minha Lua — escuta antes de abrir seus olhos perante a
realidade.
A cor branca predomina sua visão, ela abre os olhos com dificuldade por
conta da alta claridade. Pisca seus olhos uma, duas, três, oito vezes até que o
quarto entre em foco e ela consiga reconhecer onde estava. Era uma sala
branca vazia preenchida apenas por aparelhos, esses que estavam ligados nela
por todos os lados, tubos, vários tubos distribuídos por seu corpo.
Paredes lisas completavam o ambiente, e um cheiro que ela reconhece
como sendo o de anticéptico permeava o ar fazendo sua respiração se tornar
ofegante, sua cabeça doía e seus sentidos estavam atordoados, um pouco
adormecidos, a luz a incomodava à medida que ela abria mais seus olhos
cansados. Ela tenta se levantar, mas ao fazer o mínimo dos movimentos uma
dor transpassa seu corpo da cabeça aos pés, fazendo-a voltar a posição
original, ela não conseguia se mexer.
Onde estou? O que aconteceu? Por que estou em uma cama de hospital?
Pensava com desespero.
Ao virar levemente sua cabeça para o lado, descobre que havia mais a ser
explorado naquela sala desconhecida, seus olhos caem sobre uma figura
feminina com cabelos lisos, castanhos e longos, a mesma a encarava com
seus olhos vermelhos e inchados, indicando que havia chorado muito e
recentemente, ainda lágrimas podiam ser vistas escorrendo pelas suas
bochechas. Quando os olhos tristes daquela mulher encontram os dela um
sorriso feliz e aliviado se estende em seu rosto de meia idade. Ela lhe dizia
algo, via sua boca se mexendo, mas ela não conseguia ouvir nada.
Ela tenta mexer os lábios, mas sente uma enorme dificuldade, percebe que
sua garganta estava muito seca, como se não sentisse nada liquido passar por
ela há dias. Ela tenta com mais força e uma palavra sai por seus lábios
igualmente secos.
— A... Água — era tudo o que conseguira dizer, sua língua estava áspera e
batia em seu palato ferido por causa da seca.
Rapidamente a mulher corre pelo quarto indo de um lado para o outro em
segundos voltando com um copo de água que leva até seus lábios a
auxiliando. Ela engole tudo com calma, a cada gota que passava sua garganta
ardia como se aquilo fosse o mais puro álcool. Deita-se novamente, estava
completamente atordoada não sabia onde estava ou por que estava ali,
quando tentava pensar naquilo a sua mente se embaralhava, as lembranças
todas trançadas e confusas. A mão da estranha se entrelaça a dela por alguns
segundos enquanto sua voz, que agora ela conseguia ouvir invadia seus
tímpanos, uma sensação de paz passa por seu corpo e ela sentia que podia
confiar naquela mulher, sentia familiaridade por ela, sentia que ela era
importante. Mas ela ficava repetindo nomes estranhos dos quais ela não
conhecia ou pelo menos achava que não.
— Lua, minha querida está tudo bem agora, você vai ficar bem meu amor
— dizia a estranha com um tom de voz calmo.
Em seguida uma figura masculina se junta a ela, como a mulher ela sente
familiaridade por ele, imediatamente guia seu olhar até seus olhos, mas acaba
se decepcionando ao se deparar que ele não era o dono daqueles olhos azuis
de seu sonho, era um homem de porte médio com olhos de um castanho bem
escuros que apareciam através de pequenas fendas que eram seus olhos, se
tratava de um homem oriental de meia idade. Luna observa o homem à sua
frente que mantinha o mesmo olhar de alivio no rosto que a mulher que
segurava sua mão.
— Minha Hana, estou tão feliz que tenha acordado — a voz do homem era
calma e ambos o homem e a mulher sorriam para ela.
— Hana? — Ela perguntava com dificuldade enquanto encarava o casal de
estranhos à sua frente. Eu já ouvi essa palavra.
— Sim minha querida — o homem a respondia.
— Quem é Hana? — Sua voz fraca não passava de um sussurro.
— Seu apelido minha querida, a chamo assim desde que tinha dezesseis
anos.
Dezesseis anos? Ela o encarava com estranheza.
— Lua meu amor não se lembra do seu apelido? — Agora a mulher se
dirigia a ela com complacência.
Ela alternava seu olhar dela para o homem ao seu lado e com dificuldade
pergunta. — Quem é Lua?
Nota a troca de olhares que eles fazem diante dela. O homem é o primeiro
a quebrar o contato visual e voltar seu olhar para Luna um pouco assustada e
em seguida a responde.
— Lua é seu nome querida.
Ok! Eu me lembro disso. Meu Deus, eu me lembro disso. Pensava
animada.
— Quem são vocês? — Então ela escuta o assombro da mulher juntamente
com o início de seu choro ao ouvir aquela pergunta.
Uma onda de culpa invade seu peito ao perceber seus olhares mudarem e
seus ombros caírem, a mulher se apoia na poltrona no canto enquanto o
homem se prontificava em responder calmamente suas perguntas.
— Somos os seus pais.
Meus pais?
— Onde estou? — Tentava se manter calma a cada pergunta, mas sentia
que não aguentaria por muito mais tempo, aquilo tudo era surreal, pois se eles
eram seus pais, porque ela não se lembrava deles?
— Você está no hospital em Tóquio querida, voltou para casa — o homem
a respondia.
Flashs a invadem, em sua mente imagens de locais com árvores repletas de
flores, a mesma mulher que agora se matinha calada vestia algo como um
roupão e ela se via ao seu lado sorrindo. Sua cabeça começava a latejar
novamente, enquanto tentava entender o que estava acontecendo.
— Valéria vá chamar a médica e diga que ela acordou — o homem
despertava a mulher de seu transe e a mesma sai da sala apressada.
— Hospital? Casa?
— Sim Lua, não se lembra? Você passou boa parte de sua vida conosco
aqui no Japão.
Ela balançava sua cabeça de um lado para o outro tentando recordar.
— Há quanto tempo estou aqui?
— Você chegou há uma semana.
Uma semana? Argh! Por que não consigo lembrar?
— O... O senhor é meu pai?
— Não meu amor eu sou o seu padrasto.
— Meu pai... Onde ele está?
— Ele... — o homem hesita por alguns instantes.— Morreu há alguns anos
minha Hana.
Ela sente um abatimento e uma nova dor cresce em seu peito. Ela não se
lembrava de ter perdido seu pai, mas naquele instante ela se lembrou da dor
de tê-lo perdido.
— Ahhh — é tudo o conseguira dizer.— Minha cabeça dói... O que houve?
— Leva a sua não livre até sua cabeça e logo percebe que está enfaixada e até
com seu mínimo toque ela estremece de dor.
— Você estava em um carro querida, sofreu um acidente vindo do
aeroporto para Tóquio.
Mais flashs a invadem, um carro girando, gotas de chuva o som alto de
uma batida, vidro quebrado, e...
— Eu estava com alguém? Um rapaz — ela conseguia ver relances de
traços masculinos e mãos grandes a segurando, sente a pressão de um braço
na frente de seu corpo. Quando ela tenta erguer o braço nota que o mesmo
estava imobilizado com gesso assim como sua perna direita.
— Sim tinha, você se lembrou? Kiro estava com você — ele perguntava
esperançoso e no fundo ela queria responder que sim, mas tudo o tinha em
sua cabeça eram imagens fragmentadas de rostos.
— Kiro? — O nome lhe era familiar. Já ouvira antes e com muita
frequência.
— Sim vocês tiveram um relacionamento por alguns anos aqui no Japão e
ele foi ao Brasil buscá-la.
Uma chama de esperança invade seu peito, a sensação de não saber quem
era no mínimo é angustiante e saber que mais alguém estava com ela, alguém
que poderia contar o que houve a deixou um pouco mais aliviada.
— Onde ele está? Posso falar com ele?
— Isso não vai ser possível Hana— o homem suspirava fortemente e em
seu rosto surgia uma expressão de desconforto.
— Por quê?
— Ele... Ele... — o homem, seu padrasto como ele dissera ser, hesita.—
Querida melhor você descansar um pouco, você levou uma pancada forte.
Logo o médico chegará — dizia levando sua mão até sua cabeça acariciando
os fios de seus cabelos escuros.
Ela afasta seu corpo o máximo que pode, quebrando o contato que aquele
homem fazia, sequer precisou que ele lhe respondesse para compreender, no
fundo ela sabia o que acontecera no memento em que ele hesitou.
— Ele morreu? — As palavras escapam de seus lábios.
— Ele teve ferimentos muito graves — diz simplesmente.
Seus olhos lacrimejam a esperança foi arrancada dela, tão pouco a chama
que seu peito acendera, agora ela sentia a mesma se apagando
vagarosamente.
Seu corpo começa a sofrer espasmos musculares e ela geme de dor.
— Meu Deus por que Valeria está demorando tanto?! — O homem
resmungava enquanto apertava um botão acima de sua cama freneticamente.
— Calma querida eles já estão chegando. Pode-me dizer onde dói?
— Quero ir pra casa — ela começava a se agitar. Seu corpo
involuntariamente começa a se debater na cama, sua visão antes nítida agora
se apagava aos poucos.
— Logo você irá querida, calma minha pequena Hana— ela sentia o
homem a agarrar para que seu corpo se mantivesse no lugar a segurando com
um pouco de força seus braços.
Há uma contração súbita em seus braços, sua boca começava a salivar,
suas pernas e abdômen estavam completamente enrijecidos, sua pele passava
para uma tonalidade azulada, ela estava entrando em uma crise convulsaria.
— ENFERMEIRA! ENFERMEIRA! — Ainda conseguia distinguir os
gritos do homem.
As enfermeiras seguidas pela médica e sua mãe entram pela porta em um
rompente, logo o homem é afastado dela e vários outros corpos a rodeavam.
A doutora Kaneki Suki especialista em neurologia entra em ação tomando
toda a providência enquanto dava ordens aos enfermeiros que retirassem os
parentes do local.
Do lado de fora os seus pais andavam de um lado para o outro
nervosamente. Alguns minutos que mais pareciam muitas horas depois a
doutora Suki sai do quarto com o prontuário em mãos e uma cara séria, lhes
oferecendo um olhar complacente.
Ela se aproxima da família de sua paciente e com a voz calma e gentil dá o
seu diagnóstico.
— A filha de vocês sofreu um pequeno derrame, o cérebro comprimiu a
veia vascular e tivemos que colocá-la em um coma induzido para que o
inchaço no cérebro diminua e isso pode levar alguns dias. Felizmente não
houve sequelas pelo que pude analisar, mas em todo caso precisaremos
monitorá-la para ver o que acontece.
Valéria chora nos braços de Yuri que a abraça fortemente, a doutora os
conforta da melhor maneira e lhes dizia que agora estava nas mãos de Luna
melhorar e que faria tudo que estiver ao seu alcance para ajudá-la.
“Nós caímos para aprendermos a nos levantar”

Setembro
Batman

Luna Iasune Ela havia ficado quase duas semanas em estado de coma
induzido, até que em uma tarde acordara. Sua aparência não era das
melhores, seus cabelos estavam mais longos e sua franja cobria praticamente
toda sua testa e atrapalhava sua visão, estava mais magra, pois só havia se
alimentado por ingestão intravenosa. Sua médica, uma neurocirurgiã, havia
explicado seu quadro para ela e seus supostos pais nos dias que se seguiram.
— Você sofreu um rompimento no lobo temporal esquerdo responsável
por guardar suas memórias, felizmente não houve sequelas graves. Você
possui em termos médicos amnésia retrograda, ou seja, seu cérebro não é
capaz de se lembrar de nada anterior ao trauma, no entanto possui plenas
capacidades para adquirir e reter novos conhecimentos. Isso porque a
memória de longa duração está espalhada por todo o cérebro, você vai
precisar passar por um longo tratamento, mas não se preocupe a perda de
suas memórias não é permanente, com medicamentos certos e auxilio de seus
amigos e familiares você vai aos poucos se lembrar de tudo.
A médica parecia bem confiante, ela ouvia cada palavra tentando assimilar
assim como seus pais que enchiam a doutora de perguntas sobre meios
alternativos e medicamentos com nomes dos quais ela não conseguia
pronunciar. Estranhamente ela entendia tudo que eles diziam em japonês
talvez com o tempo ela se lembrasse de sua antiga vida.
No primeiro dia após ela ter acordado, Lua é levada a uma sala para fazer
uma série de exames, todos queriam ter certeza que estava tudo bem.
No segundo dia ela começara o tratamento à base de remédios
estimuladores. E como dissera a médica a família era de extrema importância,
e sua “mãe” estava determinada em ajudá-la, lhe mostrava fotos de quando
ela era mais nova, fotos com seu falecido pai, fotos dela na escola e de
quando se mudou para o Japão. Ela fazia um enorme esforço para se lembrar,
às vezes um detalhe ou outro ela conseguia reconhecer. Podia perceber o
desapontamento no rosto da mulher todas vezes que ela negava com a cabeça
quando não lembrava de algo, o que era muito frequente.
Enquanto dormia sua mente era inundada por sonhos, que ela não sabia se
eram reais ou apenas de sua própria criação.
Uma noite sonhara que corria animadamente por um campo muito verde
em direção a uma macieira, quando acordara jurava que podia sentir o cheiro
das maçãs frescas trazidas pelo vento que batia em seu rosto. Em outra noite
ela estava em um lugar que ela achava ser uma cafeteria, mas estava vazia
exceto por uma pessoa, ele conversava com ela, mas não conseguia ver seu
rosto. Mas seu sonho mais frequente era aquele em que ela estava com o
misterioso dono dos olhos azuis, cada vez que sonhava com eles havia um
brilho diferente, às vezes eram desafiadores, outros maliciosos e em uma das
vezes lágrimas escapavam por eles e nessa noite quando acordara sentira
lágrimas quentes escorrendo por suas bochechas e um sentimento de saudade
muito forte no peito.
No terceiro dia de tratamento ela havia tido flashes momentâneos, imagens
dela vendo o que ela imaginava ser filmes e um flash mais antigo onde ela
montava um lindo cavalo de cor escura. Sua mãe havia explicado que
antigamente eles possuíam uma fazenda em uma cidade no interior no Brasil
e seu falecido pai a havia presenteado com um cavalo do qual ela batizou de
Trovão.
No sétimo dia ela retirara o gesso do seu braço e perna direita, logo em
seguida começando sua fisioterapia.
No décimo sexto dia ela já estava andando, mas ainda precisava se
recuperar e continuar seu tratamento. Já havia se lembrado de seus pais o que
os deixara muito felizes, se recordava da sua vida no Japão e até mesmo de
Kiro. Sentiu-se muito mal por saber de sua morte, ele pode ter lhe causado
muitos problemas no passado, mas nunca lhe desejou mal algum, ele fora
uma figura importante em sua vida apesar de tudo.
Mas ainda havia muitos espaços em branco em sua mente. Ela se lembrava
muito pouco de sua vida no Brasil, na verdade quase nada, não sabia o que
estava fazendo no Japão e nem porque Kiro fora buscá-la, não conseguia
lembrar-se do exato momento no tempo em que decidira perdoar Kiro pelo o
que fizera a ela a ponto de aceitar voltar com ele para casa, e também ainda
não conseguira lembrar-se de onde vira aqueles olhos azuis que a perseguiam
e assombravam seus sonhos, ainda não sabia a quem pertenciam e torcia para
que com o tempo ela descobrisse.
No décimo sétimo dia ela decidira que já era hora de mudar sua aparência,
seus cabelos estavam longos demais e a estavam incomodando assim como
sua franja, sua mãe chamara alguém para cortar do jeito que ela queria e
agora estavam acima dos ombros, Luna agora aderira às lentes de contato,
pois descobrira ao tentar ler um livro em uma tarde que precisava de óculos.
Em uma noite quando sonhara com o misterioso par de olhos azuis, algo
mudara e agora além dos olhos ela conseguia ver lábios e um sorriso torto de
lado que era maravilhoso, podia ver cada detalhe, eles se mexiam lhe dizendo
coisas que não podia ouvir, tanto no lábio inferior quanto no superior podia
ver alguns pelos denunciando que a figura possuía uma barba, em que ela
ficara tentada em tocar e quando sorria podia ver o canto dos mesmos se
erguerem lentamente e esse movimento agora combinavam com os olhos
apertados e com o brilho que surgia neles ao fazer isso, lhe dando uma bela
visão do sorriso completo. Ela chegou à conclusão de que amava aquele
sorriso. A todo instante ela tentava se aproximar da figura, mas quando fazia
menção a isso tudo ficava escuro novamente. Era como se a sua mente se
negasse a lembrar de quem era o dono daquelas feições.
Ela não perguntava muito sobre sua vida no Brasil, onde sua mãe dissera
que estudara e morara por muito tempo, mas na tarde após mais um sonho, o
em que descobrira o sorriso, ela resolvera mudar isso.
— Você fez faculdade querida de medicina veterinária e se formou com
honras lá no Brasil.
— Eu fiz? — Ela perguntava ainda confusa.
— Sim o seu pai, que Deus o tenha, era médico veterinário e você sempre
quis seguir seus passos.
Ela forçava sua mente a se lembrar dos seus anos de faculdade as
experiências que tivera, mas nada, apenas um grande vazio. Ela era uma folha
em branco das quais outras pessoas preenchiam com histórias, mas sentia que
as pessoas que poderiam preencher essas páginas em particular não se
encontravam ali e sim naquele país do outro lado do mundo.
— Você tinha vários amigos e era muito querida, trabalhava em uma
clínica e tem uma linda labradora de estimação.
— Eu tenho cachorro?
— Sim, uma cadela chama Mística, Yuri que te deu para te fazer
companhia no Brasil.
E de repente outro flash, um cão chocolate corria com uma bola na boca e
pulava nela animadamente pedindo para brincar.
— Por que Mística?
— Provavelmente um nome de super-herói, já que você é apaixonada por
super-heróis.
— Eu sou?
— Sim querida, você é!
Forçava novamente a mente e dessa vez alguns fragmentos apareciam,
imagens de filmes de ficção cientifica, alguns itens de super-heróis e
novamente os olhos azuis.
Quem é você? E por que não consigo me lembrar?!
— Onde minha cadela está?
— No Brasil, mas não se preocupe. Kiro disse que a deixaria em hotel,
semana passada liguei para lá e informei que ela iria ter que permanecer por
mais um período. Então está esperando por você quando estiver pronta para
voltar meu amor — sua mãe sorria gentilmente para ela enquanto continuava
a preencher as lacunas em sua mente vazia.— Eu não consegui o contato de
seus amigos ainda querida sinto muito, sei que Luis, Lucia, Gisele e Mason
devem estar com saudades, vou tentar conseguir com...
— Mason? — Ela a interrompe, aquele nome teve um efeito inesperado em
seu corpo. Um pesar invadiu seu peito a menção daquele nome estranho e um
sentimento de culpa se formava no fundo de sua garganta.
— Sim querida Mason seu melhor amigo — Ela abaixava seus olhos.—
Vocês até eram mais do que amigos, mas não sei o que houve. Kiro não foi
muito específico quanto a isso, apenas disse que precisava ir buscar você, ele
disse que você pediu para voltar para casa — Seus olhos castanhos encaram
os dela novamente.— Não se lembra de nada quanto a isso meu amor?
Eu pedi para voltar? Pedi ajuda a Kiro? Isso é impossível, como que eu
voltei a confiar em Kiro?
Luna nega com um movimento sutil com a cabeça, seu olhar estava
perdido, estava revirando suas memórias, mas nada vinha, não conseguia
achar uma única informação sobre a repentina confiança em Kiro e sobre esse
tal de Mason.
Sua mãe solta um longo suspiro então continua a tagarelar sobre as coisas
que ela sabia sobre os amigos dela do Brasil, contava algumas coisas que ela
sabia sobre Mason, seu melhor amigo, dissera que eles estavam namorando
há pouco tempo antes dela viajar com Kiro. Ela apenas acenava enquanto
ouvia todas as histórias.
Seria Mason o par de olhos azuis? Será que ele me fez algo a ponto de
voltara a confiar em Kiro?
Ela estremece com tais pensamentos, algo lhe dizia que não era essa a
razão dela estar ali.
Os dias foram passando e aquela sensação de culpa toda vez que sua mãe
tocava em algum assunto que envolvia o Brasil ainda persistia. Sentia um
enorme vazio todas as vezes que ela contava sobre como Luna vivia lá, então
uma tarde ela simplesmente disse.
— Pode, por favor, não mencionar o Brasil ou as pessoas que conheci lá?
— Por que, algo de errado florzinha?
— Eu apenas não me sinto muito bem quando fala, ainda não consigo me
lembrar dessa parte, só quero um tempinho para assimilar tudo — e sua mãe
concordara em tocar no assunto somente quando ela pedir.
“A vida não nos dá um propósito, nós damos um propósito para a vida.”
Flash

Setembro
Mason Carter Imagine a seguinte cena: Uma montanha muito alta,
aquelas que possuem seu pico coberto por neve. Estilo Monte Everest na
cordilheira do Himalaia, Monte Fuji no Japão ou Monte McKinley nos
Estados Unidos, não importa qual seja, apenas imagine esse tipo de
montanha. Essa montanha carrega consigo muito peso sobre ela, e cada vez
mais um pouco de neve se junta ao resto aumentando sua sobrecarga, mas ela
segura firme e impede até o último instante que uma catástrofe aconteça.
Mas como tudo nessa vida todos temos um limite. Então um belo dia cai
do céu um pequeno e inofensivo floco de neve. Ele cai sutilmente, flutuando
e sendo guiado pelo vento até o pico da montanha, até que esse cristal de gelo
repousa sobre aquele monte de neve. Então de repente “boom” o caos se
instala e antes o que era resistente, belo e seguro se desmancha e toda aquela
neve escorre pela montanha destruindo tudo o que há a sua frente, soterrando
cada coisa boa e linda de se ver, deixando apenas o nada.
A neve ao escorrer forma enormes e perigosas bolas de neve, elas
atropelam tudo o que há pela frente, carrega tudo para longe e com o tempo
ao invés de diminuir pega mais neve pelo caminho e aumenta cada vez mais.
Uma típica cena de filme com alpinistas, todos tentando em vão fugir da fúria
da montanha e da mãe natureza, você pode tentar correr, mas uma hora ou
outra a grande bola de neve acaba te atingindo. Pode parecer exagero em se
dizer, mas se Mason fosse descrever a sua vida atualmente, seria com essa
cena.
Claro que uma grande bola de neve é apenas um mero exemplo, cada um
escolhe o que preferir, como por exemplo, outra palavra que Mason pensava
que seria ótima para substituir seria grande bola de merda.
Ele sentia o peso em seus ombros, sentia cada merda, ou neve, que se
acumulou durante toda sua vida. A morte de seus pais, as suspeitas, a doença
de sua mãe, a sobrecarga do trabalho, Bárbara enchendo o saco, Luis
carregando Luna para longe, ela com segredos do passado, Kiro enfim
aparece, descobre que seus pais foram assassinados, Luna não confia nele, a
família dela está envolvida, ela escolhe ir embora com Kiro. Tudo isso se
junta cada vez mais aumentando sua grande bola de merda/neve.
Quando pensava em Luna, o que acontecia com uma frequência enorme,
muito mais do que ele gostaria, sentia a tristeza o invadir, e que por causa da
frequência ela aparentemente se instalara em seu corpo e se recusava a ir.
Dois dias após a grande revelação do seu passado, e também da recém-
descoberta de que um coração pode sim se partir em vários pedaços, ele
resolvera voltar para o apartamento dela. Pensara muito a respeito de tudo,
passara esses dias recluso em casa, pensando e esfriando a cabeça, mas ao
chegar ao seu destino ele é interrompido mais uma vez por Paulo, que o avisa
que Luna havia ido embora.
Fica perplexo com o aviso, e não sabe quanto tempo fica encarando Paulo
em silêncio. Imagina que deve ter ficado um bom tempo, pois podia notar o
desconforto do porteiro. Não achava que ela realmente fosse embora, não
depois de tudo o que acontecera e das coisas que ele dissera.
Merda! Talvez seja até por causa disso que ela foi embora Mason! Ele se
repreendia. Você até disse tchau! Esperava o que?
Então quando voltou para o carro, senta-se atrás do volante onde
permanece até não haver mais nenhum vestígio de luz natural. Aquilo
realmente o surpreendera, o desestabilizara. Ela havia ido embora, para
sempre, preferiu confiar em Kiro a ele, resolveu jogar fora tudo o que eles
haviam construído, colocou explosivos na ponte que os ligava e
simplesmente apertou o botão para detonar, e partiu para algum lugar, sem
olhar para trás. E quando ele achara que não havia mais nenhum pedaço
intacto do seu coração, ele é surpreendido com o barulho de um “crec”.
As semanas se passaram e Mason involuntariamente adquire uma rotina
em sua vida. Ela que antes era ativa, movimentada, alegre, repleta de
momentos de carinho, beijos, risos, sexo, algumas baladas, agora era algo
visto por algumas pessoas como deprimente. Hoje ela se resumia em
trabalhar, pegar consultas extras, substituir colegas de trabalho, fazer horas
extras, trabalhar mais um pouco e nas suas ínfimas horas vagas ele passava
no quarto do hospital de sua mãe.
Lembra-se daquele pequeno e inofensivo floco de neve? Então vamos falar
dele agora. Ele tem um nome e é Melissa.
A vida na opinião de Mason nos reserva muitas surpresas. Coisas boas e
fenomenais acontecem o tempo todo ao redor do mundo. A vida sabe ser bem
generosa e nos presenteia com momentos especiais muitas vezes. Mas
também acredita que ela as vezes não sabe quando parar com suas surpresas.
Seja lá quem for que fique atrás de uma tela apertando botões e
controlando a vida dele, simplesmente decidira que a vida de Mason Carter
precisava de mais um pouco de emoção. Esse “controlador de vidas” deve
estar adorando apertar o botão em que há um cocô desenhado nele, ou então
está com problemas técnicos e esse botão decidira emperrar justo no painel de
controle de Mason, pois a merda/neve continua a cair.
Durante essas longas e infinitas semanas a situação de sua mãe piora
consideravelmente. Melissa para o desespero dele começa a regredir no seu
tratamento e a definhar cada dia mais.
Então juntando a tudo o que já havia, vamos fazer algumas equações para
melhor visualização.
Lua + Kiro + Assassinato = Bola de neve/merda.
Bola de neve/merda + Melissa = Caos.
Caos = Vida de Mason = Solidão = Infelicidade.
Como em todos os dias daquelas últimas semanas, Mason aproveita
algumas horas após o trabalho sentado em uma poltrona ao lado da cama de
sua mãe. Ela que agora dormia tranquilamente, já não respirava mais sem o
auxílio de um galão de oxigênio que inalava pelo fino tubo que entrava pelas
suas narinas.
Mason mexia distraidamente na pulseira de couro que estava no seu pulso
direito. Seus dedos brincavam no seu feixe e esfregava o polegar pelo escrito
em japonês. Era engraçado pensar em como em tão pouco tempo sua vida
pode mudar drasticamente. De uma hora para outra tudo o que você conhecia
tudo o que você achava que estava perfeito mudava de tal maneira até que
você olhava ao redor e não reconhecia mais nada, se olhava no espelho e não
reconhecia quem o encara de volta.
Era incrível ver em como a vida pode dar longos saltos em instantes, indo
de momentos felizes para logo em seguida pular para os tristes, de momentos
confortáveis para desconfortáveis, de certeza para dúvida, de confiança para
decepção, de um coração saudável e feliz para vários cacos espalhados no
chão.
— An... Anjinho? — Ele é despertado pela voz fraca da mãe.
— Oi mamãe — Ele se inclina até a cama pegando sua mão.— Como à
senhora está se sentindo hoje?
— Já estive melhor — ela lhe oferece um sorriso igualmente fraco —
Como você está meu amor?
— Mãe não se preocupe comigo...— ele é interrompido por ela.
— Sou sua mãe Mason Carter, então me responda — mesmo fraca ela
ainda mantinha sua voz autoritária que o repreendia sempre que fazia algo
errado quando criança. E às vezes até mesmo quando adulto.
— Bem — diz ele após um longo suspiro.— Mas eu não sou o foco aqui.
— Como assim, não é? Claro que você é. Acho que gosto de ver meu filho
sofrer assim, pelos erros de outra pessoa?
— Mãe não se preocupe comigo — Ele insistia.
— Sou sua mãe. Preocupar-me faz parte do pacote.
Ele sorri para ela, mas não era como os seus costumeiros.
— Notícias dela? — Sua mãe pergunta após uma breve pausa.
— Ela se foi mãe — desvia seu olhar, mas sua mão ainda segurava a dela
que descansava ao lado de seu corpo.— Ela escolheu.
— Você a ama querido. Vá atrás dela.
Ele nega mais uma vez.
— Não. Eu não vou.
— Olha querido, o que ela fez não foi justo e você não merecia — sente
que ela acaricia de leve sua cabeça com a mão livre.— Só que ela ama você,
eu sei que ama, pude ver como ela te olhava durante os dias que vinha me
visitar. Te olhava com amor, tem um brilho nos olhos quando te vê.
— Amar é confiar mãe.
— Eu sei disso, por isso disse que o que ela fez não foi justo. Mas você vai
desistir assim?
— Eu não sei mais o que fazer mãe. Pela primeira vez na minha vida, eu
estou perdido, estou me sentindo à deriva.
Ao erguer os olhos encontra os de sua mãe. Como uma mãe sempre faz
com seu filho, ela pega as dores para ela e ao olhá-la podia ver que ela estava
fazendo exatamente isso. Ele não queria que sua mãe sofresse mais do que já
estava, queria poupá-la daquilo, por isso nunca tocava naquele assunto, não
queria trazer mais problemas e preocupações para sua vida, mas também
como toda mãe ela sabe quando o filho está sofrendo e consegue ler a
verdade através dos olhos.
— Come on my little Angel — ela gesticula para que ele se aproxime e
assim o faz, inclinando mais seu corpo e se sentando mais na beira da
poltrona.
Mason olhava cada detalhe de seu rosto, que hoje era um pouco diferente
do qual estava acostumado. Sua pele possuía uma coloração mais
acinzentada, seus cabelos agora ralos não eram tão mais brilhantes, seu rosto
assim como seu corpo estavam bem mais magros, ela perdera um peso
considerável durante as últimas semanas, a doença estava acabando com ela,
a estava consumindo, estava levando sua mãe para longe dele e só de pensar
que em um prazo de um mês talvez ela pudesse não estar mais ali sentado ao
seu lado segurando sua mão, aconselhando ele, acariciando, brigando com ele
pela sua teimosia, só de pensar nisso um desespero surgia em seu peito, o
cortando e o rasgando.
Não sabia o que iria fazer sem ela. Sabia que um dia isso aconteceria, mas
nunca pensamos realmente nisso até que enfim esse dia chegue. E naquele dia
em específico Mason se pegou pensando. E se sentiu como Chuck Noland, o
personagem vivido pelo ator Tom Hanks em “O naufrago”, quando após uma
terrível tempestade perde seu fiel e grande amigo Wilson no mar o deixando
completamente sozinho, abandonado à deriva. Não que estivesse comparando
sua mãe com uma bola de vôlei, aquele era um mero exemplo.
— Eu gosto dessa pulseira — ele é interrompido de seu pensamento
absurdo sobre bola de vôlei e sente os dedos de sua mãe passar por sobre a
pulseira de couro.
— Devo ser um idiota. Não consigo tirar isso.
— Você não tira porque ama quem te deu ela. O que está escrito?
— Amizade verdadeira — imagens da noite de ano novo que passara com
Luna no terraço preenchem sua mente. Amara tanto aquele dia, de
compartilhar aquele momento com ela. Se fechasse os olhos agora podia se
lembrar de cada detalhe, de cada cor e cheiro.
Nossa parece que foi há tanto tempo.
— Porque ela fez isso comigo mãe? — Sente uma lágrima quente escorrer
de seu olho.— Ela preferiu confiar nele a mim.
— Acho que ela não fez por mal meu bem. O que ela fez foi errado, mas
talvez tivesse um motivo para tê-lo feito.
— Pensei que ela me conhecesse.
O silêncio paira sobre eles por alguns segundos. Mason mais uma vez
abaixa seu olhar, odiava chorar na frente das pessoas, por mais que a pessoa
em questão fosse sua mãe.
Ele se surpreende com o sussurro fraco dela, talvez a sua intenção fosse
que ele não a ouvisse dizendo aquilo, mas ele ouvira. Podia jurar que ela
dissera “Eu também achei”. Sabia que sai mãe amava a Luna.
Quando ele contara o que havia acontecido, vira a decepção em seus olhos
e se amaldiçoou por ter contado aquilo, mas ela era sua mãe uma hora ou
outra iria conseguir tirar as informações dele, então sempre optara pela
sinceridade.
— Vocês precisam colocar os pingos nos “Is” — ela continua lhe dizendo.
— Ela disse que era por causa da família dela — mais uma lágrima escorre
— Mãe eu não a culpo por nada do que houve no passado, jamais faria isso.
Entendo que se preocupe com seus pais, mas e os meus pais? Eles merecem a
justiça. Ela não tinha o direito de me esconder isso.
— Ela estava com medo querido. E as pessoas tendem a fazer idiotices
quando são movidas por ele.
— Seja sincera comigo mãe. Você acha que devo seguir em frente com os
documentos? — Lhe pergunta um pouco relutante.
Melissa pensa por alguns segundos.
— Acho que deve. Mesmo sendo a família dela, essas pessoas são
criminosas. Seus pais merecem isso Mason. Merecem a verdade.
Justiça. Uma palavra tão pequena e que possui um peso tão grande.
Pessoas passam a vida lutando por ela, morrem por ela e destroem por ela o
tempo todo. Mas existe algo que se chama ponto de vista, e ele é diferente
para todo mundo. As vezes o que é certo para alguém para o outro é errado, e
com a justiça não é diferente.
No caso de Mason ele acreditava que seus pais a merecessem, que
denunciar os responsáveis vai enfim poder os fazer descansarem em paz
assim como ele próprio, mas para Luna as coisas eram um pouco diferentes,
para ela se Mason fazer isso, o nome e a reputação da sua família se
perderiam. Ele não duvidava que isso acontecesse mesmo, por que estamos
falando de assassinato, e não um simples roubo a uma lojinha de
conveniência.
— Sabe mãe — encara seu polegar que tocava a mão da sua mãe, subir e
descer pela sua pele áspera e um pouco ressecada— Mesmo depois de tudo o
que aconteceu, mesmo estando com o coração partido eu a amo com cada
pedaço dele.
— Então porque continua resoluto sobre ir ao encontro dela?
Boa pergunta. Por que mesmo Mason?
— Acho que é a decepção — ele apoia os cotovelos na cama e a cabeça
nas mãos — Ela foi embora. Na primeira oportunidade que teve na primeira
dificuldade escolheu ir para longe de mim. E nem sei para onde ela foi.
— Se ela foi com esse Kiro, acho que o lugar mais provável seria o Japão.
— Eu não vou atrás dela mãe — dizia decidido.
Escuta Melissa soltar um suspiro longo e cansado.
— Você tem a teimosia do seu pai e a cabeça dura da sua mãe.
Ele ri brevemente com as mãos no rosto.
— Queria tanto me lembrar deles. Tê-los conhecido.
— Eles estão sempre com você meu amor — passa sua mão um pouco fria
sobre a dele — Você a ama? Você sonha com ela? Ela é a primeira coisa que
pensa quando acorda e a última quando vai dormir?
— Você sabe que sim— retira as mãos das faces e a encara com seus olhos
avermelhados.— Ela é minha vida. Sinto que sem ela não sou nada. Não sou
o mesmo Mason — outra lágrima escorre.— Isso dói tanto.
— Essa dor vai passar anjinho. Se a ama tanto, joga esse orgulho para
debaixo do tapete e vai atrás dela Mason.
Dor. Ele sentia e muito. Acolhido nos braços de sua mãe enquanto ela o
acalenta e o escutava, sente que o mundo e seus problemas eram pequenos,
que tudo se resumia a aquele quarto e certo conforto ia se instalando em seu
peito, não totalmente, mas o suficiente capaz de fazê-lo respirar mesmo que
por um momento. Ainda assim, por mais que se negasse, sentia que precisava
do consolo de outra pessoa. A ironia da dor é que você quer ser consolado
por quem te machucou.
— Não tenho notícias dela desde aquele dia.
— Existe algo chamado celular sabia?
— Eu já tentei — ele confessa.
Realmente havia feito durante alguns dias, mas acabou desistindo depois
de tantas vezes ir parar na caixa de mensagem.
— E?
— Nada. Ela não atende. Deve ter desligado ele para não falar comigo.
— Não sei querido, mas algo me diz que não foi bem isso — nota o sorriso
ansioso de sua mãe, sabia que estava bolando algo naquela cabeça as vezes
um pouco maléfica.— As passagens para o Japão estão com um preço ótimo.
— É difícil mãe. Eu... eu — suspira.— Cansei. Eu a amo, mas meu
coração está cansado.
Cansado, arrasado, quebrado, rasgado, partido, pulverizado. Esqueci de
algum adjetivo? Ah sim, ferrado.
— Mãe você acha que eu não sou digno de confiança? Acha que passo
essa impressão?
— Que besteira querido. Você é o homem mais leal que eu conheço. E ela
te ama — dizia com muita certeza, capaz de fazer até o mais cético dos
homens acreditar— Se não amar é uma tola.
— Ela desistiu tão fácil de mim — mais uma lágrima.
— Não quer dizer que precisa desistir fácil dela — Passa o polegar pela
sua bochecha e enxuga sua lágrima.
Ele deita a cabeça no colo de sua mãe. Precisava ser acolhido por ela,
precisava de consolo. Lágrimas que ele até então se forçava a segurar,
inutilmente, começam a descer pela sua face, molhando sua pele e a camisola
que Melissa vestia. Sentia-se tão bem em seus braços, tão protegido. Em
alguns instantes ele tinha sete anos de novo e chorava como quando caiu
tentando andar de patins. Deixava se derramar sobre aquela mulher, seus
problemas, tensão, decepção e amor escorriam por seus olhos.
— Eu não quero ficar sozinho.
— Você não vai — sente-a afagar sua cabeça.
— Tenho tanto medo mãe.
— Não tenha meu anjinho. Eu sempre vou estar aqui com você — sente os
dedos dela tocarem o centro do seu peito.— Você jamais estará sozinho meu
amor. Você é um homem forte.
Ele aperta mais seus olhos e deixa mais lágrimas rolarem. A palavra
solidão o assustava e o rondava desde que descobrira sobre a doença de sua
mãe. Aquele era seu maior medo, acordar um dia e se deparar com o nada.
Ninguém ao seu lado, ninguém para quem ligar, ninguém para compartilhar a
vida.
— Lembra de quando você era criança e tinha medo de trovões? Então
você ia correndo até o meu quarto, se deitava ao meu lado e eu lia quadrinhos
de super-heróis até você pegar no sono?
— Às vezes você até inventava histórias com o capitão Kirk e o Spock —
ele abre um sorriso entre as lágrimas com a lembrança reconfortante que
preenche sua mente.
— Pense que isso é uma grande tempestade. Que está trovejando, mas logo
o céu vai se abrir e o sol vai brilhar, trazendo consigo um lindo arco-íris. Mas
enquanto isso — ela o afasta de seu colo com um pouco de dificuldade, joga
seu corpo para o lado na grande cama do hospital e o convida a deitar ao seu
lado — Eu espero o pior passar com você.
Ele sorri entre lágrimas, levantando seu corpo da poltrona e se juntando a
pequena figura na cama. Ela passa um braço sobre ele, se aninhando em seu
peito.
— Era uma vez.
Ela começa a dizer como fazia com ele quando criança, tirando uma risada
e um sorriso relaxado da boca de Mason.
— Um alien muito, muito bonito. Ele vivia no planeta Karton 5, em uma
galáxia muito distante.
— Como era o nome do alien? — Ele a interrompe.
— Ele se chamava Capitão. Tinha esse nome por que ele pilotava uma
espaçonave muito estilosa, a melhor de toda galáxia. Até chamava atenção de
algumas aliens por causa do seu estilo, carisma e beleza — ela faz uma pausa
para tossir.
Mason pega o copo com água e lhe oferece, que com um sorriso fraco o
agradece.
— Um dia ele descobriu que precisava de mais. Algo não estava certo. Ele
se divertia viajando, visitando planetas, adorava sua liberdade, mas não era
completamente feliz — Mais uma crise de tosse a interrompe.
Ele coloca sua mão sobre o braço dela e com movimentos sutis a acaricia.
— Até encontrar uma alien do planeta vizinho.
— Ela tem nome?
— Sim tem. Vamos chamá-la de Ella. Ela era muito linda, a alien mais
linda que ele já vira. Era esperta, animada e trouxe ao mundo dele o que
faltava. Conforme Ella e Capitão foram convivendo uma amizade surgiu, mas
ele sabia que sentia algo a mais.
— Ele amava Ella?
— Muito. Ele a amava com todo seu coração. Ela era como o mundo para
ele e ela também o amava.
Mason prestava atenção na história contada por ela. Era exatamente assim
que passara a sua infância. Acolhido com aquela mulher excepcional, que lhe
dera amor e carinho mesmo ela não tendo que fazer isso. Ela o acolhera de
bom grado na sua vida. Foi mãe, pai, amiga, professora, foi tudo o que ele
precisou, quando ele precisou e naquele dia não era diferente.
— Quando enfim ficaram juntos, Capitão nunca se sentiu tão feliz e
completo, assim como ela. Mas o destino tinha outros planos para aquele
casal apaixonado, ele estava disposto a testar a força do amor deles. Então um
dia um monstro apareceu e ameaçou a pequena alien. Capitão não sabia de
nada, pois está viajando em uma missão exploratória.
Essa era a parte favorita dele, quando chega o momento de tensão, e em
todas as vezes que ela chegava nessas partes, seu tom de voz mudava, ficava
mais sério e rouco dando o efeito desejado nele o fazendo apertar mais os
braços ao redor dela, exatamente como estava fazendo agora.
— A pequena alien então decidiu manter segredo. Mas não pensou que ao
esconder de seu amado acarretaria em problemas maiores — ele bebe mais
um pouco de água — Quando Capitão enfim voltou e procurou sua amada,
notou que ela estava diferente, não tinha o mesmo sorriso.
— Se ela ama o Capitão, por que escondeu isso dele?
— Por que ela não sabia o que fazer a primeiro instante, estava procurando
uma hora melhor para contar. Claro que isso não foi justo com ele.
— O que aconteceu depois? — Pergunta após uma pausa longa de sua mãe
— O monstro confrontou Capitão. Eles lutaram bravamente, mas o monstro
acabou desarmando o Capitão e revelou o segredo que Ella vinha
escondendo. Ele se sentiu traído por ela, que pouco tempo depois partiu junto
com o Monstro. Deixando Capitão sozinho e triste por sua amada ter
duvidado de seu amor.
— Ele deve ter sofrido muito. Sei como se sente.
— Ele chorou a perda de Ella se refugiando nos braços da sabia mãe. Ela
era uma mulher incrível, exuberante, e muito sabia, a mais sabia do universo
— ela começa a rir e logo Mason se junta a ela.
— Mas claro que não mais sabia quanto a minha — ele beija sua testa.
— Enfim a mãe do Capitão o aconselhou a pegar sua nave e ir ao resgate
de Ella. Salvá-la e trazê-la de volta.
— Mas e se o Capitão estiver ferido demais para isso?
— Existia uma poção nos confins do planeta em que se ela fosse tomada
na medida certa, curaria qualquer coração, mas claro tinha um preço. Tomar e
esquecer deum dia ter conhecido sua amada ou não tomar e seguir em frente
de cabeça erguida e enfrentar tudo pelo seu amor por ela. Ele claro não
tomou.
— Ele é corajoso por não ter feito isso.
— Sim ele é muito. Então ele decidiu ir atrás de Ella, por que é isso que se
faz por quem se ama.
— Eu não sou tão forte como ele.
— Claro que é — ela tosse.— Muito forte.
— Tenho 31 anos e estou chorando no colo da minha mãe enquanto ela me
conta uma história.
— Só alguém verdadeiramente forte assumiria algo assim.
Ele ri.
— Posso continuar ou vai ficar me interrompendo Mason Carter?
— Sabe como é difícil ficar quieto — e era mesmo, ele sempre fazia isso
quando criança, sempre interrompia suas histórias a lotando de perguntas.
— Então ele pegou sua nave — ela narrava como se realmente estivesse
vendo a cena acontecer logo a sua frente.— Sua espada de luz e pilotou pela
galáxia, passando por diversos buracos negros em busca de Ella. Capitão
procurou por ela por meses sem sucesso e quando estava quase desistindo ele
se lembrou das palavras de sua sabia mãe.
— Que eram? — Ele nota o olhar de reprovação que lhe oferece quando
ele interrompe mais uma vez e com o mesmo suspiro impaciente de quando
era criança ele, ele fica quieto e deixa-a prosseguir.
Mas ao invés de continuar imediatamente, nota sua mãe esticar o braço,
abrir a gaveta na pequena mesa ao lado da cama e retirar de lá de dentro um
objeto dourado. Ela leva o mesmo em direção ao peito dele o prendendo em
sua camisa e quando retira as mãos, revela-se um pequeno broche com o
símbolo da tropa estelar de Star Trek.
— Melhor ter travado uma boa batalha e perdido do que se arrepender por
nunca ter travado — ela cita as palavras do seu seriado favorito.
As lágrimas agora embaçam sua visão, era inútil tentar segura-las. Leva os
dedos ao pequeno objeto e o alisa com o polegar.
— Eu te amo tanto mãe.
— Também te amo meu anjinho — ela encaixa a mão em seu rosto,
retendo algumas lágrimas que ali escorriam.— Então Capitão? Vai lutar ou
desistir?
— Talvez uma luta a mais não vá me fazer mal, não é?
— Você é o capitão. E capitães nunca abandonam sua tripulação. Você
disse que amar é confiar, e eu concordo plenamente com você, mas também
acredito que amar também é lutar.
Ele coloca sua mão sobre a dela a cobrindo totalmente com sua palma e a
segura ainda em seu rosto.
— Obrigado mãe por tudo o que fez por mim. Obrigado por sempre estar
aqui quando eu precisei.
Agora eram dos olhos dela que lágrimas escorriam.
— Obrigado por salvar a minha vida, por nunca ter me abandonado e por
me acolher como um filho.
A pequena figura dá de ombros e lhe dá um sorriso atrevido.
— Não tinha nada melhor para fazer — Abre mais seu sorriso.
— E depois me perguntam de onde eu puxei o meu carisma e minha
sinceridade. Está bem aqui a resposta.
Escuta a gargalhada de sua mãe irromper por sua boca e tomar todo o
quarto, o contagiando. Ambos riam naquela cama de hospital, como achava
impossível em atuais circunstâncias.
— Você tem razão mãe. Um verdadeiro líder nunca foge de uma batalha.
Eu sempre enfrentei todas as minhas.
— Isso mesmo querido.
— Mas primeiro você é minha prioridade.
— Olha só Mason, os leitos são apenas para pacientes — ele se sobressalta
ao ouvir o comentário de uma voz que ele conhecia bem. Na verdade, a dona
dele era uma imagem e companhia frequente nessas semanas.
— Que pena. Só por que é tão confortável — ele se senta na cama e
enxuga disfarçadamente suas lágrimas enquanto Juliana, a médica de sua mãe
se aproximava com o prontuário em mãos.
— Como está se sentindo hoje Melissa? — Ela se dirigia a mãe dele.
— Bem.
— De zero a dez?
— Hum — ela pensa por alguns segundos. — três — ele sabia que era
mentira, sua mãe sempre queria parecer durona contra a dor, mas sabia que
na verdade aquele número era mais um nove do que um três.
— Vamos resolver isso então — a julgar pela cara de Juliana, ele
acreditava que ela também sabia qual era o verdadeiro número de sua mãe.
Ela vai até um balcão no canto da sala e prepara uma seringa que Mason
acredita ser de morfina e a injeta no soro que pingava próximo a cama.
— Agora descanse Melissa — dizia com voz gentil.
Mason que permanecia ao lado da cama pega a mão de sua mãe e beija seu
dorso.
— Eu te amo mãe. Volto amanhã para vê-la.
— Não esqueça sobre o que conversamos capitão — nota as pálpebras dela
irem pesando.
— Pode deixar — ele bate uma continência de brincadeira para ela e sorri.
O sorriso que ela exibia nos lábios vai se apagando até que em menos de
um minuto ele não existe mais e então ele pode relaxar e retirar o próprio
sorriso dos lábios e deixar seus ombros caírem. Agora que adormecera ele
não precisava mais ter que disfarçar o sorriso para ela.
— Ela é uma mulher forte — escuta Juliana dizer, por um segundo havia
esquecido que estava acompanhado na sala.
— Sim ela é — diz virando as costas e indo até a porta do quarto.
Queria ir pra casa, tirar essa roupa, tomar um bom banho e dormir. O dia
fora bem cansativo e o dia seguinte não seria diferente. Mas como já sabemos
o tal destino tem outros planos.
— Mason?
Ele se vira ao ouvir seu nome.
— Você gostaria de ir beber algo comigo hoje?
Merda! Abortar missão cama.
— Ah Juliana. Não sei se é uma boa ideia. Não serei uma boa companhia.
— Meu plantão já acabou e estou exausta precisando de uma bebida e você
também. Nós precisamos Mason.
Ele hesita por um tempo, coloca as mãos nos bolsos da calça, enquanto sua
mente pensava em como dispensá-la sem a deixar chateada.
— Qual é Mason. Um Martini não vai matar você.
Sua mente ainda trabalhava. Meu Deus Mason como você está devagar
hoje. Até parece o Dr. Nemo.
— Não aceito não como resposta — abre um lindo sorriso, que meses atrás
teria a deixado fazer o que quisesse com ele.
Mason é apenas uma bebida. Olha ao redor sua vida está uma merda
mesmo. Beber talvez ajude a relaxar um pouco.
— Talvez você tenha razão. Eu preciso beber.

Calor humano. Isso é o que rodeia Mason assim que entra no pub a um
quarteirão do hospital. Olhando ao redor ele nota que há alguns ventiladores
trabalhando arduamente para espantar o calor ou pelo menos amenizá-lo, mas
dado pelo o que sentia e pela quantidade de pessoas que havia ali, eles não
estavam sendo muito eficientes.
E ainda estamos em setembro. Ele pensava com pesar.
Ele se infiltrava por entre as pessoas que estavam em pé por conta da falta
de lugares para sentar. Era sexta à noite, então aquela quantidade de gente era
esperada.
Enquanto afastava as pessoas e adentrava mais aquele lugar, ou como ele
estava pensando, aquele forno. Algumas pessoas o cumprimentavam.
Funcionários do hospital sorriam para ele, acenavam e as figuras femininas,
algumas delas, achavam que tocar em seu braço ou piscar era uma forma de
se dizer “olá, estou aqui e disponível”.
Ele passa por aquelas pessoas. Seu olhar vagando por várias cabeças em
busca de uma em particular. Acreditava que ela já devia estar ali. Após sair
do quarto da sua mãe, ele fora até seu consultório dois andares abaixo, pegara
suas coisas e o trancara. Quando saiu do prédio ainda achava que aquilo não
era uma boa ideia, mas uma bebida, acompanhado ou não, viria a calhar.
No meio de vários corpos ele avista um par de mãos erguidas e balançando
no alto. Quando seu olhar os percorre ele enfim nota que encontrara sua
companhia para aquela noite. Então segue até ela.
— Oi — ela o cumprimenta assim que se aproxima.— Achei essa mesa pra
gente. Demos sorte.
Ele se senta ficando ao lado dela. Era uma mesa com apenas dois lugares
que ele acreditava que Juliana havia ajeitado as cadeiras para ficarem uma ao
lado da outra. Em um canto do pub que dava uma boa visão do pequeno
palco que havia e que nele um homem cantava suas versões acústicas de
canções.
A que cantava agora era uma canção que Mason conhecia bem. Já ouvira
algumas vezes, Luna havia adicionado ela na playlist do seu celular e o
forçado ouvir por um bom tempo. Para ser mais específico, eles ouviram pelo
caminho todo da estrada até a comic con, ela o deixava escolher uma música
e quando era a vez dela sempre escolhia aquela. Era Treat you better do
Shawn Mendes, tocada e cantada em uma versão acústica que o agradou
muito.

♪♫

I'll stop time for you


The second you say you'd like me too
I just wanna give you the loving that you're missing
Baby, just to wake up with you
Would be everything I need and this could be so different
Tell me what you want to do ♪♫
Era impossível ouvir aquela música e não se lembrar de Luna. A situação
que eles passaram no passado e que foi marcada por aquela canção, a letra
que agora enquanto se aconchegava na cadeira, prestava a atenção em cada
palavra.

♪♫

I know I can treat you better than he can


And any girl like you deserves a gentleman
Tell me why are we wasting time
On all your wasted crying
When you should be with me instead
I know I can treat you better
Better than he can ♪♫

— Mason? — Ele sente uma mão sobre seu braço e então sua atenção sai
do músico e seus olhos encontram um par esverdeado. — Você estava longe
— ela sorri para ele gentilmente — Está bem distraído. Nem ouviu nada do
que eu disse.
— Desculpe — ele sorri sem jeito — Eu realmente estou um pouco
distraído hoje.
— Estava no mundo da Lua?
Argh porcaria de ditado brasileiro.
— Então sobre o que estava falando? — Ele muda de assunto. Nota o
garçom se aproximar e colocar sobre a mesa um Martini para cada.
— Estava falando sobre sua mãe — seus dedos brincam com a azeitona
dentro do copo.— Em como ela está sendo forte. E também disse para não se
preocupar se ela está sentindo dor ou não, estou fazendo o melhor que posso
para deixá-la o mais confortável possível.
— Eu sei disso Juliana. Agradeço tudo o que tem feito por ela.
Ela retira a azeitona de dentro do copo com o auxílio do palito de vidro que
estava espetado nela, leva até os lábios e prova a bebida que a envolvia em
seguida a enfia na boca a mordendo e logo devolvendo o palito sem nada
para dentro do copo, quando os olhos dele voltam a atenção para os dela, nota
que ela o observava.
— Você está diferente Mason. Ultimamente tenho notado isso. Está — ela
pensava na palavra. — Sozinho.
Ele desvia seu olhar e agora o coloca sobre o copo intocado a sua frente.
Não havia palavra melhor para defini-lo.
— Tenho andado bem ocupado. Deve ser o cansaço — ele gira o copo
sobre a mesa.
— Como vai sua namorada? Luna, não é? Não à tenho visto por aqui —
ela descansa a mão sobre a mesa ao lado do seu copo.
— Acredito que ela esteja bem — toma um gole da sua bebida — Ela
viajou.
— Entendi. Vai ficar muito tempo longe?
— Eu não sei — ele dá de ombros ainda sem encará-la.
— Como assim? — Ela se inclina sobre a mesa apoiando seus cotovelos na
mesma.
Ele fica em silêncio por um tempo. Falar sobre Luna com outra mulher era
a última coisa quer queria fazer.
— Olha Mason. Estamos apenas conversando. Falar sobre isso às vezes
ajuda.
— Não estou em posição de saber o que ela anda fazendo e nem quais seus
planos.
— Vocês não estão mais juntos, não é?
— Você se importa se não falarmos sobre isso? — Dizia em tom sério.
— Tudo bem. Desculpe-me.
O silêncio paira sobre eles. Mason tem sua atenção voltada ao palco.
Aquilo era incomum para ele, ficar em silêncio, estar com alguém e ter
dificuldade para se manter uma conversa, mesmo que fosse com alguém
desconhecido, o que não era o caso. Conhecia Juliana há um bom tempo e em
outras ocasiões já bebera com ela ali mesmo naquele pub.
— Tem tempo que não fazemos isso, não é? — Ela quebra o silêncio.
Ele encara seu rosto com um sorriso gentil, um sorriso fácil que ela sempre
lhe oferecia. Juliana Fernandes era uma mulher muito atraente, não era muito
alta, tinha grandes olhos verdes e brilhantes, uma pele branca como leite e
longos cabelos loiros e lisos.
— Sim faz muito tempo mesmo.
— Então que bom que aceitou o meu convite.
— Acho que foi no aniversário do Pedro no começo do ano — ele toma o
resto da sua bebida.
— Sim. Acho que tem razão — sente os dedos dela tocarem o seu braço
sutilmente, o acariciando de leve.— Quem sabe amanhã podemos sair para
comer alguma coisa — dizia jogando seu cabelo para o lado deixando um
lado do seu pescoço avista.
— Estarei de plantão nesse fim de semana.
Ele percorre seus olhos por sobre sua face. Ela realmente era muito bonita.
Sentiu seu toque em seu braço e podia ver seus olhos brilhantes como duas
esmeraldas o encarem com certo atrevimento. Sabia muito bem o que ela
estava fazendo.
Desde que a conhecera era a mesma coisa, ela sempre que podia dava
encima dele, o que na época ele nunca achou ruim, mas nada havia rolado
entre eles, somente porque ela durante todo esse tempo estava comprometida
com um advogado bem-sucedido. Recentemente soubera, por meio das
fofocas que os funcionários faziam pelos corredores, que ela estava solteira.
Mas estar comprometida nunca a impediu de lhe tocar ou de lançar sorrisos
fáceis, de se expressar com sua linguagem corporal e de dizer algumas
palavras que de indiretas não tinham nada. Juliana era tão discreta quanto a
um elefante. Na verdade, era tão discreta quanto a Bing Bong, o elefante roxo
de casaco e chapéu do desenho Divertidamente.
Lua ama tanto esse desenho. Ele pensava. Argh chega!
Com um movimento sutil ele puxa seu braço para sua direção até que as
mãos dela não estejam mais em contato. Aparentemente ela não percebera
seu movimento.
— É uma pena. Então que tal na quinta que vem? Sei que não trabalha
nesse dia — ela inclina mais o corpo em sua direção, agora sua mão cobria
seu braço.
— Ah não sei. Eu fiquei de substituir o Pedro.
— Se eu não te conhecesse diria que está fugindo de mim — ela ergue sua
mão e arruma suas mexas que caiam por sobre o canto do seu olho.
— E se eu não te conhecesse diria que está dando encima de mim.
— Pois é. Você me conhece bem — abre um sorriso muito atraente de
canto — Você é um homem muito bonito Mason. Não teria por que alguém
não dar encima de você.
— Juliana eu não acho que seja uma boa hora para isso — ele afasta alguns
centímetros seu corpo do dela.
— Relaxa Mason. Só um beijo.
Um beijo. Qual o mal nisso? Ele fora abandonado pela sua namorada.
Então por que não simplesmente a beijava? Ele não tinha por que se
preocupar. Era um homem solteiro. Juliana era solteira, sempre dera encima
dele, ele sempre tivera uma atração física por ela. Então qual o problema?
Não era isso o que estava acostumado a fazer? Sexo casual.
Mas ele não se sentia assim, poderia não ter uma namorada ao seu lado,
mas em seu coração, ou o que sobrou dele, não havia espaço para aquele tipo
de relação com outra pessoa. Seu coração estava ocupado e para liberar uma
vaga acreditava que levaria um bom tempo.
Ele pega sua outra mão que repousava em sua coxa e a que ainda está
brincando em seus cabelos e as colocam sobre a mesa.
— Juliana. Você é uma mulher muito bonita. E há alguns meses atrás eu
não teria pensado duas vezes antes de beijar você. Na verdade, nós nem
estaríamos mais aqui e sim em algum motel por aí. Sei que acha que preciso
de consolo, mas eu não estou muito no clima — ela leva sua mão até o rosto
dela e o segura.— Acredite eu quero beijar você, mas não posso. O Mason de
alguns meses atrás mudou.
— Se você quer me beijar então é só beijar Mason.
— Não vai ser justo com você.
— Por que não?
— Por que seria apenas para consolar minha magoa. Para distrair minha
mente e isso não é justo com você. Você merece mais do que isso.
— Não me importo.
— Acredite. Vai se importar.
Ela se aproveitando da sua distração inclina seu corpo acabando com a
distância que existia entre eles, colando seus lábios com os dele.
O beijo o pega de surpresa, ele não demora muito, a sente abrir seus lábios
pedindo a língua dele, mas ela não a recebe, pois Mason mantém os dele
cerrados. Juliana se afasta e encara suas feições.
— Nunca imaginei que beijar o famoso Mason Carter fosse assim.
— Assim como?
— Frio.
— Eu disse que não seria uma boa companhia hoje.
— Na verdade acho que você estava pensando em outra coisa. Ou melhor,
em outra pessoa.
— Eu disse que você ia se importar.
— Olha pra falar a verdade, até que foi legal, mas está faltando algo.
— Nossa você sabe como ferir o ego de um homem — sorri sem jeito.
Ela ri.
— Não foi isso o que quis dizer. Desculpe. É só que parece que está
faltando alguma coisa em você, está bem diferente do Mason que eu conheço,
aquele que sempre arrancava meus suspiros pelos corredores. Você está
diferente. Não é você Mason.
Mais uma vez ela tinha razão. Ele se sentia vazio, como se algo houvesse
sido arrancado dele, como se uma parte dentro de si estivesse faltando. E ele
sabia muito bem qual era o nome daquele espaço em branco.
— Você me pegou de surpresa. Eu nem beijei você — dizia se defendendo.
— Isso não é um beijo de verdade.
— Quer me mostrar então como é o verdadeiro beijo de Mason Carter?
— Você não tem jeito mesmo — dizia rindo.
— Não custa nada tentar — Pisca pra ele sorrindo.
— Só digo que sou muito bom no que eu faço. Sempre deixei muitas muito
satisfeitas.
— Não duvido disso — ela pega sua bolsa e retira de sua carteira uma nota
e a coloca sobre a mesa. — É por minha conta hoje — ela se levanta da
cadeira.— Quer um conselho? Vá atrás dela Mason.
— Você não sabe o que aconteceu.
— Não. Mas é visível que você gosta dela, que é ela quem você quer.
Então vá atrás dela. Eu iria querer muito que um homem ficasse assim por
mim, mas ainda não tive a sorte — lhe oferece um sorriso gentil colocando a
mão sobre seu ombro.— Eu quero o Mason Carter de volta — se inclina e
beija seu rosto demoradamente.— Obrigada pela companhia.
Ela se fasta da mesa e segue em direção a porta se virando apenas uma vez
no meio do caminho e lhe acenando, sumindo na multidão.
Estava sozinho de novo. Rodeado por dezenas de pessoas, mas sozinho do
mesmo jeito. Ele gesticula para um garçom e pede uma cerveja dessa vez.
Seus olhos se voltam para o homem no centro do palco. E deixa seus
pensamentos se perderem, sendo guiados pela melodia da canção, levando
sua mente para o lugar mais longínquo, para a dona de um par de olhos azuis
vibrantes, cabelos escuros e óculos enormes. A única pessoa que ele queria
que realmente estivesse ali com ele. A pessoa que ele precisava para passar
por tudo aquilo com sua mãe.
Tentava não se deixar afetar pela música, mas era inútil, por mais que ele
tentasse não pensar nela era algo impossível, ela tomara conta da sua vida, do
seu ser, do seu coração, cravara sua marca nele. Quando abaixa seu rosto ele
nota o brilho de algo em sua roupa e só então se lembra de que ainda usava o
broche que sua mãe lhe dera. Passa o dedo sobre a superfície lisa do mesmo e
um meio sorriso se expande em seu rosto.
Um dos pontos mais marcantes de sua personalidade eram com certeza sua
persistência e teimosia. As palavras de sua mãe o rondavam. Vai desistir
Capitão?
“Eu vi uma garota tentando ser outra pessoa. Mas, por um momento foi como se você estivesse sozinha ou pensou que estava. E, você pode ser você mesma.”

Novembro Stranger Things

Luna Iasune Após quase três meses de tratamento intensivo, fisioterapia e


exames minuciosos sobre o seu estado de saúde, Luna estava pronta para ir
para casa. Estava animada com a ideia de poder visitar a casa em que viveu
grande parte de sua adolescência.
Dia após dia, consulta após consulta revivia breves momentos de seu
passado. Sua médica terapeuta aplicava uma sua metodologia com ela, ela
estimulava o cérebro de Luna com medicamentos e com práticas terapêuticas,
como a hipnose. Pouco a pouco suas memórias voltavam, aos poucos ela
conseguira se lembrar de sua época na faculdade de medicina veterinária no
Brasil, se lembrava dos ensinamentos e práticas, lembrava um pouco da
clínica que trabalhava.
Argh! Por que sempre que penso nesse país meu peito se aperta?
Balança sua cabeça tentando afastar os pensamentos sobre aquele país de
sua mente. Já estava confusa demais só por não se lembrar de quem
realmente era, pensar no Brasil só a deixava ainda mais angustiada, nervosa e
isso se devia ao fato dela ter lacunas a preencher sobre o país em questão.
Grandes lacunas, lacunas importantes.
Massageando suas têmporas com as mãos ela tentava se lembrar um pouco
mais sobre ela mesma, suas malas estavam quase prontas. Depois de sua alta
tudo o que ela queria era respirar fora das paredes do hospital. Precisava de
movimento, ver pessoas, cores, achava que seria melhor para ela mesma. Sua
médica dissera que com o tempo tudo voltaria ao normal, que ver coisas
familiares, ir a lugares familiares a ajudariam cada vez mais.
Enquanto terminava de arrumar suas coisas pequenos flashes surgiam em
sua mente, eles apareciam muito frequentemente agora. Naquele ela aparecia
dançando ao som de uma música animada em seguida ela bebendo e então
dançava em um balcão de bar, e aquilo a faz sorrir levemente. Um novo flash
surge, dessa vez ela estava cuidando de alguém machucado, achava que era
um homem, seu rosto estava apagado apenas seu sorriso era nítido, um
sorriso que lhe era muito familiar, era o mesmo que permeava seus sonhos. E
apesar de machucado o dono dele sorria maliciosamente para ela.
Sente sua pele se arrepiar e seu coração se acelerar. Fechava seus olhos e
forçava sua mente a se lembrar do dono do sorriso, mas nada acontece. Ela
contara a terapeuta sobre seus sonhos e a mesma dizia: — Sua mente
provavelmente está repelindo essa memória em questão é como um
mecanismo de defesa, essa lembrança sobre esse homem pode ter sido uma
experiência dolorosa para você, mas não se preocupe com o tempo você vai
acabar lembrando.
Um mecanismo de defesa? Mas para quê? Lembrar-se dos olhos azuis seria
tão ruim assim?
Sua mãe havia dito que chegaria logo mais para busca-la, segundo ela,
estava preparando suas boas vindas em casa, informação que a fizera revirar
os olhos, sua mãe possuía uma pequena tendência a exageros. Estava ansiosa
para sair dali. Quem sabe o cheiro familiar, o local não reavivasse sua
memória danificada preenchendo as lacunas vazias.
De costas para a porta de seu quarto escuta alguém bater.
— Entre! Está aberta — dizia distraidamente para seu visitante.
— Olá Lua.
Ela escuta a saudação em um idioma diferente, mas que ela entendia. Até
então sua mãe e seu pai haviam falado com ela em japonês, ela se vira
rapidamente e encara o homem que entrara. Ele não lhe era estranho sorria
para ela gentilmente e também era bonito, tinha a barba rala e olhos azuis.
Olhos azuis. Sua mente tem um estalo. Ela o encarava, seus olhos se
prendem aos dele, olhando cada detalhe. Mas após alguns segundos, certo
desapontamento a invade. Não você não é ele, os olhos azuis que procuro.
Nota que não possuíam o mesmo brilho e nem a mesma intensidade quando a
olhava.
— Posso ajudar? — Ela perguntava no mesmo idioma dele talvez fosse um
de seus amigos no Brasil.
— Então não se lembra de mim? — O homem se aproximava ainda
sorrindo gentilmente.
— Desculpe — Ela dá de ombros meio sem jeito.
— Não precisa se desculpar sua mãe me contou o que houve, ela ligou para
a clínica — ele se aproximava cada vez mais.— Então o que acha de me
apresentar novamente? — Ele lhe estendia a mão — Sou Luis, trabalho com
você no Brasil.
Então você é um dos meus amigos no Brasil. Ok Lua, você consegue.
— Olá — Ela pega sua mão gentilmente e quando as mesmas se tocam ela
sente um sentimento a invadir, um sentimento de conforto e carinho. Ela
encarava as mãos de ambos unidas em seguida o encara, formas geométricas
se formam em sua mente, não elas não eram formas geométricas e sim
desenhos feitos por caneca no que ela imaginava ser o abdômen de um
homem.
— Eu... — Ela estreita seus olhos — Desenhei em você?
— Nossa você se lembrou disso? — Ele ria timidamente suas bochechas
ela notava que agra possuíam um leve tom avermelhado.
Mais uma nova lembrança surge, um beijo carinhoso em sua testa, um
abraço amoroso. Sua própria voz surgindo em sua cabeça.
Adoro quando você cora.
— Eu gostava. Disso.
— Do que?
Ela leva sua mão livre até seu rosto e a ponta de seus dedos toca sua
bochecha corada, ela acariciava seu rosto sentindo a barba rala dele roçar na
ponta de seus dedos. Lembra-se de que gostava dele, sentimento de carinho e
respeito tomam seu peito.
Ele sorria timidamente enquanto ela analisava suas feições.
— Tudo bem Lua?
— Tudo — ela se afasta sentando-se na cama atrás dela.
— Se lembra de mim agora?
— Não sei, minha médica disse que preciso exercitar minha memória.
Como nos conhecemos?
Ela o vê sentar-se na poltrona a sua frente e cruzar suas pernas.
— Ahhh faz uns três anos eu acho — ele tinha em seu rosto uma expressão
pensativa.— Você foi trabalhar na clínica como estagiaria e eu te acompanhei
durante um período até você ser contratada por definitivo. Nós dois nos
tornamos amigos, você era bem calada no começo então eu não forçava
muito, mas também era muito focada em seu trabalho.
— Éramos muito próximos?
— Nós conversávamos, saímos com o pessoal do trabalho, nós dois até
saímos juntos algumas vezes — ela observava sua bochecha corar mais uma
vez e sorri, ela realmente gostava daquilo.— Tipo um encontro.
— Tipo um casal? — Seu cenho se franze.
— Sim nós dois saímos algumas vezes como casal. Lua? — Agora era seu
amigo que franzia seu cenho,— Do que você se lembra da sua vida no Brasil?
— Ahh da faculdade, minha casa, minha cadela Mística, algumas partes
ainda, estão meio confusas sabe, mas lembro da clínica e um pouco de você
agora.
— Só isso?
— Sim, por quê?
— Não é nada, isso tudo é um pouco estranho só isso.
— Nem me fale — ela sorria para ele.
— Alguém além de mim veio te visitar nesse meio tempo? Alguém do
Brasil?
— Não, só você mesmo.
— Sério? — Sua voz agora tinha um tom levemente surpreso. — Nem o
Mason? — Perguntava e Luna podia notar um pouco de ceticismo em sua
voz.
A menção aquele nome fez seu corpo reagir estranhamente, era como se
algo dentro dela, uma chama se acendesse, ela não se lembrava do rosto a
qual ele pertencia, mas toda vez que ela o ouvia saudade a invadia.
Sua mãe já o havia mencionado umas duas ou três vezes e todas às vezes
ela tinha as mesmas sensações, sentia as mesmas coisas. Sua garganta se
fechava e seu coração batia fortemente. Luna era como um caderno em
branco que agora tinha suas páginas preenchidas aos poucos de vez em
quando ela tentava abrir e ler algumas folhas do passado. Estavam
amassadas, jogadas em um canto, mas isso não a impedia de consumir o seu
conteúdo. Assim como as marcas da folha, ela queria descobrir de onde
vinham.
Compreendia a boa intenção que seu cérebro tinha com o mecanismo de
defesa. Infelizmente, apagando a raiz de uma dor ela só ramificou inúmeras
outras. A mente tentou passar a folha do passado, na esperança de desfazer
todas as marcas do papel. Mas marcas não somem, não se apagam, são
eternas, assim como um trauma. Para anular o peso de um trauma, basta
entender os motivos do passado.
Ela encrava Luis seriamente forçando a se lembrar do dono daquele nome,
mas nada aparecia, nenhum flash era um vazio.
— Não sei de quem está falando — Ela finalmente consegue dizer.
Um emaranhado se formava em torno daquele nome. Toda a noite Luna
antes de dormir levava cinco minutos pensando em sua antiga vida e
comparando a sua nova, e se a vida dela dependesse desses cinco minutos dos
quais ela pensava todas as noites? Quais seriam suas últimas lembranças? Os
olhos azuis surgem, sempre surgiam. Era como se ele lhe implorasse para ela
lembrar.
O sono é o mais perto da morte que um ser humano chega diariamente. Se
ela pudesse escolher a última lembrança que teria antes de morrer, com
certeza seria ter as lembranças do dono daqueles olhos e sorriso. Esses que a
acolhiam durante todas as noites e antes de fechar os olhos uma voz sempre
surgia em sua mente dizendo sempre a mesma coisa. “Eu te amo minha Lua”.
— Você não se lembra do Mason?
— Não, sinto muito eu apenas sei sobre esse homem o que minha mãe
contou.
— Nossa — ele ria nervosamente.— Nunca pensei em uma hipótese
dessas. Você sem ele, é estranho pensar em algo assim.
— Por quê? O que esse cara tem de especial? Todos me falam dele, mas
não consigo me lembrar de nada.
— Vocês namoravam e antes disso, vocês dois eram melhores amigos.
— Minha mãe já havia me contado, mas se ele era tão importante assim
por que não está aqui?
Ela o vê dar de ombros.
— Não sei e isso que é estranho, achei que entraria aqui e o encontraria
com aquele porte de homem das cavernas me encarando e analisando.
— Não encontrou e se ele não está aqui quer dizer que não se importa —
ela não sabia o porquê, mas aquilo a entristeceu. Se ela tinha um namorado,
por que ele não estava ali com ela? Por que ele a deixara ir embora com Kiro?
ARGH Lua! Qual é cérebro dá uma força.
— E você não se lembra do motivo dele não se importar?
— Não.
No quarto um silêncio se instala por um tempo, Luna encarava seu amigo,
a expressão facial dele, achava que ele tentava absorver tudo, cada
informação. Um sorriso leve surgia em seus lábios transformando suas
feições até que o mesmo tomava todo seu rosto, podia notar um brilho
diferente em seus olhos azuis.
— Você está indo embora?
— Sim eu acabei de ter alta e minha família quer me levar ao festival.
Você quer ir?
— Eu não sei Lua, é sua família.
— Mas é o festival do gato, e as ruas vão estar lotadas, por favor. Você é a
única pessoa capaz de preencher as lacunas que tenho sobre o Brasil, pelos
menos algumas dela.
— Acredite, não sou capaz de preencher todas, nem mesmo a maioria —
ele solta um longo suspiro, podia ver que ele pensava no assunto— Posso
levar minhas irmãs?
— Claro quanto mais gente melhor!
— Precisa de ajuda? — Ela o vê se levantar de onde estava.
— Por favor, seria ótimo. Você pode pegar a mala maior? — Ele vai em
direção a mala que ela apontava— Nem acredito que finalmente tive alta —
dizia animadamente terminando de fechar a última de suas três malas.
— Escutei as enfermeiras dizerem que sentirão sua falta.
— Também vou sentir falta de todas e principalmente da Yume-San ela
meio que traficava comida de fora para mim.
Escuta a risada baixa de seu amigo.
— Isso não me surpreende você tem um efeito cativante nas pessoas.
— Você está muito longe de casa, o que faz aqui em Tóquio?
— Provavelmente você não vai se lembrar, mas quando saímos juntos uma
vez eu disse que viria visitar a família. E como já estava aqui resolvi vir te
ver.
— Foi muito legal da sua parte.
— Eu jamais deixaria de vir te ver — eles já estavam na saída do hospital.
— O que aconteceu pegou a todos de surpresa, eu sequer sabia que você tinha
viajado.
Assim que eles saem do hospital são recebidos pelo vento gélido do início
do inverno do oriente. Luna respirava fortemente o ar com cheiro de
cerejeira. Ela amava aquele cheiro e não sabia o quanto havia sentindo falta
até agora, abria seus braços à medida que avançava no estacionamento
deixando sua mala parada ao lado de Luis. Era tão bom respirar o ar puro sem
cheiro de anticéticos e aquele ambiente esterilizado com enfermeiras e
médicos em seus jalecos brancos.
Jalecos. Por que estou pensando na música do LMFAO? Logo a imagem
de um homem vestido de jaleco preenche sua mente, ele era alto e estava de
costas, parecia que conversava com alguém.
Ela se perguntava enquanto cantarolava baixinho sem perceber um trecho
da música Sexy and I Know it.
— Tudo bem Lua? — Ela é tirada de seus pensamentos pela voz calma de
seu amigo que a encarava sorrindo.— Você está cantando.
— Ahh tudo sim eu só me lembrei de uma música — sorri de volta para
ele se sentindo nostálgica. Aquela lembrança a deixara feliz.
Ela não sabia o porquê, mas aquela música surgiu na sua cabeça
juntamente com o par de olhos azuis que ela tanto sonhava.
— Sua mãe vem te buscar? — Ela o observava olhar ao redor do
estacionamento.
— Sim ela já deve estar chegando, ela costuma sempre se atrasar não se
preocupe — ela ri.
— Então que horas é o festival?
— Começa as quatro.
Um carro de cor escura para em frente a eles e Valéria, sua mãe, salta dele
sorridente indo até a filha e seu amigo.
— Oi querida desculpe o atraso.
Ela é recebida pelo sorriso de Luna e um aceno singelo de Luis que estava
ao seu lado, ele prontamente pega as malas e leva até o carro abrindo o porta-
malas e as depositando ali.
— Obrigada pela ajuda Luis, como vai? — Valéria se dirigia a ele.
— Olá senhora Iasune, vou muito bem e feliz em poder ver a Lua
recuperada e indo para casa.
— Vamos combinar uma coisa Luis — ela sorri apontando para ele —
Sem essa de senhora Iasune porque não sou tão velha assim ok?
— Mãe! — Luna a repreendia.
— O que? — Sua mãe dava de ombros como se não fosse nada.
Luis sorria sem jeito e ela podia ver um leve tom de vermelho surgir em
seu rosto.
— Desculpe foi apenas uma forma de tratamento, senhora... Quer dizer
você não aparenta ser nem um pouco velha — Luna sorria ao ver seu amigo
tropeçar às palavras timidamente.
— Mãe a senhora está assustando ele!
— Não estou não e, aliás, mocinha eu me atrasei por que parei para
comprar um kimono novo para você usar no festival como nos velhos
tempos.
Ela sorri. Uma de suas primeiras lembranças após cinco dias de tratamento
foi a de um festival de primavera onde sua mãe costurara um lindo kimono
rosa claro para ela usar em seu primeiro festival.
— Bom já que Lua foi entregue eu vou indo — seu amigo dizia
rapidamente — Te vejo mais tarde no festival Lua — ele acenava para as
duas enquanto se afastava.
— Luis — Valéria o chamava — Querida me espere no carro eu já volto
— sua mãe indicava a porta do passageiro.
— Ok — a observava ir até seu amigo e conversar rapidamente. Ela
agradecia por algo várias vezes e Luis sorria, mas dessa vez não era um
sorriso tímido e sim triste, ela o escuta dizer: — Valéria, vou ver o que posso
fazer.
— Arigatô Luis — sua mãe se despedia aproximando-se do carro, entrando
e dando partida. Deixando Luis que estava encostado em seu carro para trás.
— O que vocês estavam conversando? — Ela pergunta após dobrarem a
esquina.
— Nada demais eu só queria saber se ele tinha o contato de um amigo seu
no Brasil. Um que não consegui encontrar.
— Esse amigo seria Mason? — mais uma vez o nome lhe causava
sensações estranhas.
— Sim... — sua mãe confirmava meio sem jeito.
— Mãe... — ela suspirava cansadamente.— O que conversarmos antes? Se
ele não veio me ver ou entrou em contato é por que não se importa comigo,
pare de procurar.
— Não querida, eu liguei para o trabalho dele e...
— Mãe! — Ela a interrompe, mas sua mãe ergue seu dedo em sinal para
que ela fique em silêncio e assim de braços cruzados ela obedece.
— Não me interrompa. Eu liguei e me disseram que ele estava de férias.
Então talvez seja por isso que não tenha entrado em contato. Não quiseram
me dar o número do celular dele. Eu não sei como encontrá-lo.
Lua bufava.
— Vamos lá querida, Mason é um bom rapaz e gosta muito de você. Tente
se lembrar das inúmeras vezes que se divertiram enquanto estava no Brasil.
Você sempre me contava histórias animadas sobre ele.
— Eu já tentei eu juro, mas não consigo é inútil.
— Eu sei meu amor, só quero que tudo volte a ser como era.
— As coisas não estão boas agora?
— Sim estão e eu estou muito agradecida por você estar viva depois do
que passou, mas eu sinto que você ainda não é você entende?
Ela entendia, sentia que faltava algo. Sentia-se estranha e principalmente
sentia um enorme vazio em seu peito. Parecia que ela era um quebra cabeças
com uma peça a menos, uma peça importante e crucial. Odiava se sentir
vulnerável assim, odiava se lembrar aos poucos de tudo e de todos, exceto de
Mason. Por que ela não conseguia se lembrar dele? Por que tinha esses
sonhos com olhos azuis e sorrisos de lado?
Não estava nada certo algo não encaixava direito. Ela havia contado a sua
mãe sobre os sonhos e em como aquilo a deixava frustrada. Todas as noites
quando, o mesmo sonho, o mesmo sorriso, os mesmos olhos e de vez em
quando ela escutava a mesma frase sussurrada.
Eu te amo minha Lua.
Sua mãe tentava ajudar, conversava sobre detalhes de sua vida, sobre seus
amigos, bom pelo menos até onde ela sabia, de conversas que havia tido com
Luna e das quais ela tinha lembranças fragmentadas. Buscava de alguma
maneira a trazer de volta, mas nada adiantava ela não se lembrava de Mason
e nem de como ele era.
— Eu acho que se você o ver de novo irá se lembrar. Sei que seu pai é
contra a sua volta ao Brasil, mas eu acho que vai te ajudar meu amor. Estou
amando ter você aqui comigo, mas acredito que você precisa de outra pessoa
— lhe dizia com sinceridade.— Eu não sou capaz de trazer certas lembranças
de volta.
— Eu sei mamãe — sorria carinhosamente para ela— Mas por hora quero
me concentrar no festival — dizia animada.
Sua mãe para o carro em frente a uma linda casa de dois andares com um
jardim repleto de bonsais e uma linda fonte. Sorrindo ela olha para filha e diz.
— Bem-vinda de volta minha flor.
“Ás vezes justiça não tem nada a ver com tomar a decisão fácil”

NovembroClark Kent

Mason Carter A fazenda Carter era uma potência da região de Dallas nos
seus anos de glória. Uma propriedade que somava mais de 4.000 alqueires.
Era uma referência quando se tratava em criação de gado. Uma região ampla
e plana, coberta por uma grama sempre muito bem cuidada, verde e cortada.
Na entrada e rodeando toda a sua extensão, grandes e estrondosas árvores
davam mais intensidade ao verde, e com o vento suas folhas e galhos criavam
uma sinfonia harmoniosa.
Na divisa com a propriedade vizinha um fino rio cortava dando uma nova
cor a paisagem e próximo a sua margem havia a casa do caseiro. Celeiros e
silos podiam ser avistados da estrada, a plantação ficava mais à esquerda,
essa que dava sustento amilhares de cabeças de gado que ali havia.
No centro de tudo isso havia a grande casa. Imponente, forte e majestosa.
Dois andares de puro exemplo de estrutura e arquitetura, ela dominava e
atraia a visão de qualquer pessoa de decidisse fazer uma visita. Pomares,
pastos, animais, jardins, tudo criando a mais bela das imagens por vários
quilômetros de estrada.
Dezenas de funcionários davam vida a aquele lugar, cuidavam de tudo,
claro que sempre muito bem supervisionados, seguiam as ordens e cuidavam
para que nada saísse do controle. Todos sempre muito empenhados para que
a fazenda, os seus proprietários e até eles mesmos prosperassem.
Mas estamos falando da antiga fazenda Carter. A fazenda respeitada por
todos. A fazenda de antigamente, hoje em dia sabemos que as coisas
mudaram um pouco.
Essa fazenda de antigamente Mason conhecia somente por histórias
contadas por sua mãe, e agora parado bem em frente de onde ele calculava
que a casa ficava, tentava visualizar o que aquele lugar um dia fora. Com os
olhos fechados ele imaginava as histórias contadas a ele inúmeras vezes, mas
ao abri-los a imagem que se depara é bem diferente com a que tem em mente.
Hoje a grande potência Carter era apenas um amplo terreno, que a vista de
Mason não conseguia enxergar o seu fim. Algumas regiões pontuadas pela
cor verde da grama que crescia, mas a cor que predominava era a da terra. As
árvores mais próximas não chegavam aos pés das que ele imaginava, entre
algumas delas havia espaços que ele acreditava que antes do grande incêndio
eram preenchidos por árvores que não encontraram mais força para se
restaurar. As folhas brilhavam com o forte sol que fazia naquele dia, forte
demais por se tratar do mês em que se encontrava.
O som que os galhos e as folhas faziam por causa do vento de início de
inverno fazia crescer em Mason um sentimento melancólico. E ele não pode
deixar de reparar como aquele lugar o representava. Sentia que estava
olhando para o seu interior, um lugar amplo, devastado, solitário, sem vida e
vazio. Mas que já teve seus anos gloriosos repleto de alegria, utilidade, força,
amor e cuidado. Ele até teve que se segurar para não arrancar a placa na
entrada e substituir por outro escrito “CORAÇÃO DE MASON CARTER”
ou quem sabe “CHUCK NOLAND SEM WILSON”, ou melhor: “SE ACHA
QUE SUA VIDA ESTÁ RUIM, ENTRE E APRECIE O PASSEIO”.
O que ele faria com tudo aquilo? Agora era o dono de toda aquela terra. A
solução mais óbvia que vinha a sua mente seria vender, afinal ele não era um
fazendeiro, não saberia nem por onde começar para transformar todo aquele
lugar dando vida ou utilidade, e nas mãos da pessoa certa sabia que ali
poderia prosperar novamente.
Aquele local merecia alguém que soubesse o que fazer, merecia ter de
volta à vida que um dia lhe fora arrancada. Terras que pertenciam ao seu avô
Richard Carter, que começou seu império com uma pequena chácara e que
com sua administração e a de seu filho Roger cresceu e se tornou tudo aquilo
que os olhos de Mason conseguiam ver e até mais.
Encostado no carro que havia alugado no aeroporto ele imaginava como
teria sido a sua vida. Teria ele seguido os passos de seu pai e avô e se tornado
um fazendeiro? E sem refletir muito ele acreditava que era exatamente isso o
que ele teria feito, teria pegado as rédeas e se colado à frente dos negócios da
família. Teria ficado ali, crescido ali, jamais vivido em outro país. Mas a
realidade dele era outra, sabia que não poderia fazer nada a aquelas terras
senão dar um dono de verdade a elas.
Sentado no banco do motorista ele fazia o retorno e seguia em direção a
saída da propriedade, ainda tinha outro lugar para visitar antes de deixar o
país. Um lugar que há muito tempo não o recebia e estava na hora de resolver
aquilo.
Quando olha pelo espelho retrovisor para dar uma última olhada na placa
com o nome de sua família nela, seus olhos caem sobre o banco de trás onde
o grande buquê de margaridas brancas repousava. Lembrava que quando era
criança não gostava muito daquelas flores, pois ele as levava todos os anos
para sua mãe Emily. Juntamente com esse buquê havia outro que jazia ao
lado.
Ao seu lado em pé no banco de passageiro havia uma caixa retangular feita
de louça preta, circundada por feixes dourados e que no lacre responsável por
abrir a sua tampa havia o desenho de uma tulipa igualmente dourada.
Após quase 40 minutos de estrada ele estacionava o carro em uma vaga
que ficava embaixo de uma grande árvore, a mesma que lhe fornecia uma
sombra vasta. Pega a caixa do banco e os buquês, solta um longo suspiro,
mais alguns passos e chegaria ao seu destino.
Bem no centro daquele lugar, entre as várias lápides, duas delas eram o seu
objetivo. Aproximava-se sem pressa, de longe já podia se avistar a grande
estátua do Arcanjo Miguel com suas asas abertas, que segundo sua mãe fora
colocado no meio das lápides para que ambas ficassem protegidas embaixo
de suas asas. Sua mãe era uma mulher bem religiosa.
Quando era criança lembra que ele gostava de sentar embaixo da sombra
que aquelas asas faziam na grama, gostava de pensar que de alguma maneira
estaria protegido também. Ele devia ter uns 7, 9 anos na época.
Duas grandes pedras. Era tudo o que aquelas lápides eram. Duas pedras
com nomes e datas entalhados, pois nada havia embaixo da terra. Pensar
daquela maneira o destruía por dentro. A ganância e o poder reduziram os
seus pais a apenas aquilo. Pedras no chão.
Encarava os nomes escritos elegantemente nelas. EMILY ELIZABETH
CARTER e ROGER CARTER. Amada esposa e mãe, e na outra, amado
marido e pai. Duas almas nascidas para ficarem juntas.
Ele se aproxima e se colocando no meio delas se ajoelha, deixando a caixa
no chão ao seu lado.
Pega o buquê de margaridas e o transforma em dois. Colocando um na
frente o túmulo do seu pai e o outro no da sua mãe. Uma vez sua mãe Melissa
lhe dissera que aquelas eram as flores favoritas de Emily. Passando a mão
sobre a pedra, contornava algumas letras com a ponta do seu dedo.
— Olá mãe. Pai — ele olha de uma lápide para a outra — Desculpa
demorar tanto. Faz um tempinho que não venho aqui. Sinto muito por isso.
Ele faz uma pausa como se esperasse que eles respondessem, mas apenas o
som do vento podia ser ouvido.
— Sim mãe, provavelmente você deve estar brava comigo por isso — ou
não. Ele pensa — Na verdade eu não sei se estaria. Acredito que sim, pois
toda mãe repreende quando um filho faz algo errado.
Naquele instante a nuvem que cobria o sol o liberta, fazendo com que sua
luz se estenda e banhe o lugar. Pela posição que o mesmo se encontrava no
céu, gera uma sombra feita pelas asas do anjo bem ao lado do tumulo de sua
mãe. Ele se engatinha até lá se sentando logo em seguida, protegido pela
sombra.
— Eu fui até em casa hoje — dizia abraçando os joelhos — Eu imagino
pai que o seu sonho seria de passar aquelas terras para seu filho, mas — faz
uma pausa passando a mão pelos cabelos — A verdade é que eu não sei por
onde começar. É a primeira vez que estou sozinho, me dá um desconto. Então
estava pensando em vender, deixar para alguém que saiba o que está fazendo.
Sente seus olhos começarem a arder, indicando as lágrimas que estavam
por vir.
— Eu enfim descobri o que aconteceu pai, sei o que o senhor fez e não o
culpo ou julgo por isso. Sei que queria o melhor para todos, para a
propriedade, funcionários, e até mesmo pra mim. Também entendo que me
deixaram para que eu pudesse viver, imagino que não deve ter sido fácil —
sente as lágrimas quentes começarem a rolar pela sua face— E eu serei
eternamente grato, mas não consigo não pensar que eu queria tanto ter
convivido mais com vocês. Poder me lembrar de vocês.
Seus olhos caem sobre a caixa preta que ainda estava onde ele deixara.
— Ela nunca me deixou esquecer de onde eu vim e de quem eu sou. Ela
nunca quebrou a promessa que ela te fez mãe — mais lágrimas escorriam.—
Ela cuidou de mim como o próprio filho. Fez tudo o que podia por mim, me
amou, educou, brigou, repreendeu, escutou. Obrigado por terem me dado ela.
E tenham certeza de que nunca existiu alguém tão leal a vocês do que Melissa
Carvalho. Ela foi a minha mãe e o meu pai. E agora ela está aí com vocês.
Ele se levanta do lugar, estendendo a mão e pegando a caixa. Aquele
último mês fora bem difícil para ambos. Melissa sofria cada vez mais e ele
sofria por vê-la daquela maneira.
Em seu último dia, ele havia tido a oportunidade de vê-la dar seu último
suspiro. Era início da noite e ela estendera sua mão para pegar a dele, estava
repleta de medicamentos para dor, lhe ofereceu um sorriso cansado e lhe
dissera.
— Anjinho — sua voz era quase um sussurro.— É tão bonito, capitão. A
luz — dá um leve aperta na sua mão.— Eu te amo. Não tenha medo — e ele
se lembra de sentir o aperto em sua mão ir se afrouxando até não haver mais
resistência em seus dedos.
As semanas que se seguiram foram cada vez mais difíceis para ele. A
preparação da papelada. Ele não quisera fazer um velório, sua mãe não
gostava deles e nem ele. Ela queria ser cremada e assim ele fizera. Uma vez
nessas semanas em que piorara, ela havia lhe contado sobre uma praia da sua
infância. Um lugar que passara momentos muitos felizes com sua mãe.
Dissera o quanto amava aquele lugar e o quanto lá ela se sentia livre quando
corria pela areia ou quando se jogava no mar. Dissera o quanto queria se
sentir assim de novo.
Então após pegar sua urna com todas as cinzas de sua mãe ele sabia
exatamente para onde levá-la.
Dirigira por quilômetros em direção ao litoral, até chegar à cidade que sua
mãe vivera grande parte da infância. Foi até a praia que ela dizia brincar, era
mais afastada na cidade, não muito frequentada, somente pelos moradores da
região. Entrou no mar até a água bater no seu peito. Abriu a tampa e deu a
mulher que mais amava o que ela queria. Liberdade.
Agora a caixa em suas mãos se encontrava vazia, mas ele se sentia bem por
ter dado a ela aquele último presente e alegria.
Posiciona a caixa bem aos pés da estátua, ficando bem no meio das duas
lápides. Passa uma última vez os dedos pela tulipa dourada e pega o outro
buquê que trouxera, tulipas vermelhas, o colocando em frente ao retângulo de
louça preta.
Quando sua mãe se fora ele se sentiu perdido por dias, não sabia o que
fazer, não lembrava se havia comido, ou até mesmo tomado banho. Decidira
pegar férias do trabalho para poder organizar sua vida e mente. Retirara-se
em seu apartamento, onde permanecera até três dias atrás, quando enfim
tomara coragem e decidira ser o homem que sua mãe o havia ensinado a ser.
Pegara a urna fora até a praia e depois seguira até o aeroporto.
Pela primeira vez em sua vida, Mason estava realmente sozinho. Perdera
todas as pessoas importantes em sua vida. Estava de joelhos em frente às três
pessoas responsáveis por ela. Ele estava apavorado. Seus pais haviam ido
embora e até mesmo a mulher que ama o havia deixado.
Lua. Minha Lua. Ele pensava. Sinto tanta a sua falta. Preciso tanto de
você.
— Eu não quero ficar sozinho — sussurra ao vento. Dizia como uma
súplica, como se ela pudesse ouvir o seu chamar do outro lado do mundo.
Somente quando a pessoa vai embora que nós temos noção do tamanho do
espaço que ela ocupava. E de joelhos no grama coberto pela sombra das asas
do anjo, Mason pode olhar dentro de si e confirmar que Luna simplesmente
era responsável por todo o seu interior. Sem ela ele não era nada, apenas uma
casca.
Mais uma vez não pode deixar de se comparar com o local em que estava e
perceber que estava no lugar certo, pois os dois túmulos assim como a caixa
estavam sem nada em seu interior e era assim que ele se sentia. Vazio.
— Vou dar paz a vocês — prometia às pedras — Isso não vai ficar assim.
Vocês merecem a verdade.
Coloca-se de pé e se afasta ficando na ponta dos túmulos.
— Tchau pai, mãe e mamãe. Prometo não ficar tanto tempo sem vir. Volto
ano que vem sem falta, como eu fazia antes.
Enxuga suas faces com a manga da camisa jeans que vestia e se afastando
se dirige até o carro no estacionamento.
Ao se sentar no banco do motorista e abrir o porta luvas, retira de lá um
broche dourado, o leva até sua camiseta e o prende no tecido.
Havia um lugar que tinha que ir. Afinal prometera aos seus pais a paz e ele
estava disposto a dar a eles.
Passa o polegar pelo broche do capitão e uma frase vem a sua mente.
Amor é quando você tem todos os motivos para desistir de alguém e não
desiste. Argh fala sério Mason. Shakespeare de novo. Ele revira os olhos ao
se encarar no retrovisor.
Amor não é amor, se quando encontra obstáculos, se altera. Mas de onde
estão vindo essas frases? Repreendia-se enquanto dava partida. Sempre achei
que houvesse dormido naquelas aulas.
Nossa essa professora tem que ser parabenizada. Abriu meu crânio e
grampeou Shakespeare lá dentro.
Dando ré ele sai da vaga e segue seu caminho.
— Um. Dois. Três. Quatro. Cinco — Ele contava os andares do prédio a
frente. Pelo menos tentava, mas desistira no vigésimo segundo as janelas
estavam mesclando entre si e ele sempre perdia a conta.
O arranha céu se erguia majestosamente a sua frente. Andares e mais
andares de vidro escuro. Mason tinha que assumir que aquele era sim um
prédio muito bonito e também um pouco intimidador. Olhando os prédios ao
lado, para as dezenas que havia ali, chegara a conclusão de que na verdade
não era a arquitetura do prédio que estava prestes a entrar que o deixava um
pouco inquieto e sim o que o aguardava lá dentro.
O inverno podia ser sentido ali muito mais do que em Dallas. Centenas de
pessoas andavam apressadamente pela calçada todas muito bem agasalhadas.
Mason aperta mais os braços junto ao corpo, havia se desacostumado a
aquele tipo de frio.
Com passos decididos ele adentra o grande arranha-céu que possuía 238
metros e 50 andares. Pelo menos é o que o aviso na entrada informa. Então
ele tem o impacto da primeira impressão. É mais intimidador ainda lá dentro.
Tudo muito bem organizado e tecnológico. De frente para a entrada havia o
nome enorme da empresa e bem ao centro uma fonte com o símbolo da
mesma girando lentamente em 360 graus.
Em cada canto seguranças podiam ser vistos. Mais à esquerda havia um
balcão com quatro recepcionistas. Todas jovens, muito bem vestidas,
maquiadas e bonitas. Ele segue até lá parando em frente a uma delas, que
sorrindo gentilmente diz algo em japonês que ele claro não entende. Mason a
cumprimenta em inglês então a mesma começa a se dirigir a ele na língua que
ele entendia.
Após lhe dizer seu nome ela informa o andar que deveria ir e lhe diz que
avisaria que ele estava subindo. Ao seguir até um dos vários elevadores
extremamente espaçosos, aperta as mãos ao lado de seu corpo, elas suavam e
tremiam levemente.
Calma lá Mason. Relaxa. Dizia a si mesmo enquanto atravessava o hall de
entrada.
Dentro do elevador vazio tentava controlar um pouco sua respiração. Sabia
que o que estava fazendo poderia ser visto por muitos como arriscado ou
loucura, mas ele precisava fazer aquilo.
Sentia-se deslocado naquele lugar, era tudo tão cordial, formal e
organizado demais. Todos com uma postura impecavelmente correta. Sentia-
se como Anastácia quando entra na empresa de Christian Grey pela primeira
vez. Intimidado, nervoso e um pouco inseguro.
Sério não acredito que Lua me fez ver aquele filme. Pensava enquanto
soltava um longo suspiro.
E por que está se comparando com ela Mason? É uma mulher insegura
que vai conhecer um sexy CEO? Sério? Acabei de pensar que Christian Grey
é sexy?
Passa as mãos nervosamente pelos cabelos e rosto.
A porta enfim se abre revelando um vasto corredor com uma única porta
no fim dele. Ele arruma sua postura adquirindo a postura Mason Carter e
finalmente sai do elevador. Atravessa o aparentemente infindável corredor,
em ambos os lados pelos vidros que iam do chão ao teto a cidade de Tóquio
podia ser vista.
— O senhor é o senhor Carter? — Ele desperta com uma voz feminina.
— Sim. Sou eu.
Nem reparara que havia chegado ao fim do corredor, mais precisamente
em frente à mesa que precedia a porta e do outro lado da mesa uma mulher,
jovem igual as recepcionistas, estava sentada, essa que também estava
elegantemente vestida e sorria gentilmente.
— Queira aguardar, por favor. Ele está em uma ligação importante. Logo
chamarei o seu nome — faz um gesto indicando atrás dele.
Havia um sofá grande preto e mais duas poltronas rodeando uma mesa de
centro pequena de vidro, que sobre a mesma um vaso com um arranjo
elegante de rosas brancas dava uma nova cor ao local.
Ele se encaminha e ao sentar confirma que aquele sofá não somente
aparenta ser bem confortável, ele é completamente confortável, acreditava
que se possuísse um daqueles em sua casa aposentaria sua cama. Permite-se
encostar e observar a vista à sua frente. Seus olhos se perdem com o tamanho
daquela cidade.
Não acredito que estou aqui. Não acredito que vou falar com ele. Mason o
que você está fazendo?
No dia em que decidira sair da sua Batcaverna, toca ou ilha do náufrago,
como preferir. Mason decidira que se ia levar aquela situação a diante ele
precisava ir até ali, conversar com aquele homem e dizer suas intenções e
claro tentar ter notícias sobre sua filha.
Acreditava que Luna deveria ter sido trazida até o Japão por Kiro. Mas não
fazia a mínima ideia de onde procurar, não sabia onde a família dela morava,
ela não atendia ao celular. Então foi para a única opção que lhe restara. Podia
não saber onde ela morava, mas sabia onde o pai dela trabalhava.
Então fizera uma busca na internet, ligara para aquela empresa e marcara
uma hora com aquele homem e como sua agenda estava cheia só conseguira
para dali a seis dias. Agora enquanto tamborilava os dedos distraidamente em
sua coxa, não conseguia acreditar que realmente estava fazendo aquilo.
— Senhor Carter. O senhor Iasune irá recebê-lo agora — mais uma vez
aquela voz corta seus pensamentos.
O senhor Iasune irá recebê-lo agora? Repetia as palavras dela em sua
cabeça. Sério. Se a sala dele for vermelha eu saio correndo de lá!
A dona do gentil sorriso vai até a porta a abrindo para ele. Quando se
aproxima mais nota o quanto a porta era grande e quando ele a empurra sente
o peso da mesma em suas mãos. E que peso, ele tem que fazer um pouco
mais de força que normalmente se faz ao abrir uma porta.
Bem de frente para a porta a janela com a visão privilegiada da cidade
toma conta dos três lados da sala. Essa que era ampla, decorada por uma
pessoa com gosto refinado. No chão um grande tapete preto com alguns
detalhes em dourado cobria boa parte da extensão.
Mason solta um suspiro de alivio ao notar que a sala não possuía nada de
vermelho. Mas para no momento em que se depara com uma figura que
estava em pé bem à sua frente.
O homem estava de costas para ele, encostado na grande mesa que havia
no centro, seus dedos tamborilavam na mesma. O silêncio ali dentro reinava a
batida ritmada que o homem fazia era o único som. Quando escuta a porta se
fechar o homem se vira, suas feições de meia idade estavam sérias, seu porte
impecável como tudo ali, seu terno escuro, muito bem alinhado e com
aparência de ser de marca.
Meu Deus. Acabei de entrar no maldito filme.
Pensava controlando o ímpeto de olhar para baixo e ver se não vestia
roupas femininas e de checar seus documentos para saber se seu nome agora
não era Anastácia.
O olhar que ele oferece a Mason o faz engolir em seco, e o alinhamento
perfeito de suas roupas faz com que ele leva as mãos até o próprio terno que
vestia o alisando.
— Bem-vindo às empresas Iasune, senhor Carter — dizia na língua nativa
de Mason com um sotaque forte— Por favor — ele aponta para a cadeira em
frente à sua mesa — Sente-se.
Mason prontamente faz o que aquele homem lhe pede. Sua voz combinava
com sua aparência forte e seu porte, havia um tom de autoridade. Ninguém
seria louco o suficiente para desobedecer aquele homem.
Olhava ao redor procurando por qualquer sinal da presença de algum
instrumento que poderia ser usado como sexual.
Onde será que ele guarda o chicote? Será que tem algemas nas gavetas?
Quando olha para o canto há uma mesa que servia de apoio para um suporte e
repousando sobre ele havia um metal lustroso e curvado que em sua ponta
possuía um único gume, assim como uma haste dourada que brilhava como o
mais puro ouro e algumas pedras reluziam com a luz.
Aquilo é uma espada samurai? Ele engole em seco. Calma. Respira.
Postura. Olhe para ele, fale com ele. Foco Mason!
— Obrigado por me receber, senhor Iasune. Assim de última hora — diz
após um pigarro. Mason mantinha sua própria postura firme.
— A que devo sua visita? — Ele desabotoa seu paletó ao se sentar em sua
cadeira.
— Nós não nos conhecemos, senhor Iasune. Não pessoalmente pelo menos
— ele ajeita o nó de sua gravata.— Vim lá do Brasil. Sou Mason Carter.
Nota a expressão do homem mudar. Quando pensa que sua postura não
pode ficar mais rígida, ele é surpreendido.
— Então você — seu maxilar se aperta — É o amigo de minha Luna.
— Na verdade, sou o namorado dela, senhor.
Escuta a risada irônica e curta do homem.
— Acho que isso não é verdade.
— Olha senhor. Eu amo sua filha e ela me ama — dizia com tanta
convicção que até mesmo ele estava acreditando.
— Se isso o que acabou de me dizer fosse verdade. Ela não teria voltado
para casa às pressas.
Então toda a convicção e certeza recém-adquirida se dissipam em seu
peito.
— Tivemos uma discussão, senhor. Mas todos os casais brigam. Aposto
que isso também acontece na sua casa.
— Minha vida conjugal não é o ponto aqui, senhor Carter.
— O senhor tem razão. Não sei o que o senhor sabe sobre o que aconteceu
— o homem o interrompe.
— Não preciso saber o que houve. O lugar de minha filha é aqui, com a
família que se importa com ela e que a ama.
— Eu me importo com ela e eu a amo — encara o homem nos olhos — Eu
a amo.
Ele o encarava com certa desconfiança.
— Não devia ter vindo aqui, senhor Carter. Perdeu seu tempo fazendo isso,
deixou seu trabalho sem necessidade — ele estende o braço sobre a mesa
pressionando um botão do telefone sobre a mesma.— Minha filha não vai
voltar e eu não vou dizer onde ela está.
A voz da secretária sai da pequena caixa do autofalante do telefone.
— Yoko — dizia o homem.— O senhor Carter está de saída.
— Agradeço a sua preocupação para com minha vida profissional, senhor.
Mas não vim até aqui para conversar sobre a Luna.
O homem o encara surpreso.
A verdade era que ele não viera somente para conversar sobre a Luna e
tentar descobrir onde ficava seu cativeiro.
— Vim conversar sobre isso — Mason retira do bolso um pequeno
pendrive o colocando sobre a mesa.
Yuri olhava de Mason para o dispositivo várias vezes antes de apertar o
botão do telefone novamente.
— Yoko. Esqueça o que eu disse e cancele a próxima reunião — ele
encostava-se novamente em sua cadeira — O que é isso?
— Provas, senhor Iasune — Mason cruza os dedos os apoiando encima de
sua perna agora cruzada — Provas de que a sua empresa está envolvida em
um incêndio criminoso há 25 anos.
Por um breve segundo ele viu a armadura daquele homem tremer. O
mesmo leva as mãos até seus óculos o ajeitando no rosto.
— Não sei do que o senhor está falando.
— Entendo. Então as assinaturas que aparecem em alguns documentos não
são do seu pai? E os nomes citados em atas de reuniões não são dos seus
sócios?
A postura impecável do homem vacila. De uma hora para a outra o clima
na sala muda se tornando um pouco hostil — Dentro deste pendrive, há fotos,
documentos, relatos de testemunhas, documentos de contratação de serviços.
Pode abrir em seu computador se quiser.
Mason empurra mais o pequeno aparelho em sua direção.
— Como você sabe sobre isso?
— Roger Carter, o homem que os contratou. Era meu pai.
— Eu não tenho nada a ver com isso.
— Eu sei que não, senhor. E não estou dizendo que tem. Mas seu pai tem e
alguns de seus atuais sócios.
— Eu era apenas um aprendiz na época, não havia nem entrado na
faculdade. Eu. Não fui a favor disso. Não carrego a morte deles em minhas
costas.
— Mas sabe quem carrega.
— Senhor Carter. Olha. Eu sinto muito pelo o que houve.
— Sente muito?! — Sorri com ironia. - Eu cresci sem eles, senhor. A vida
deles foi tirada como se não valesse nada. E se minha mãe não tivesse
percebido o que iria acontecer, eu teria morrido também.
O homem se cala.
— Eu sei que o senhor não tinha voz na época. Sei que não tem culpa, mas
o senhor sabe quem tem. E está omitindo.
Mason sabia desde o primeiro instante que decidira ir até ali e conversar
com Yuri Iasune, que era muito arriscado. Ele não conhecia aquele homem,
não sabia o que ele estava disposto a fazer para proteger o nome da família.
Mas ele sabia o que ele próprio estava disposto e se colocar em risco era um
pequeno preço a pagar pela liberdade e pela verdade.
Seu olhar vacila por alguns segundos e recai sobre a espada no canto da
sala.
Será que ele seria capaz de me decapitar com aquela espada? Será que
daria tempo de chegar até a porta antes que ele a alcance? Será que essa
espada está em um lugar estratégico?
— E o que você quer? Veio me ameaçar? Quer dinheiro?
— Não vim ameaçar o senhor. Não sou esse tipo de homem — o homem à
sua frente agora adquiria a postura defensiva.— Nem quero o seu dinheiro.
Não preciso dele.
— Então veio fazer o que aqui?
— Vim dizer ao senhor que eu sei da verdade e que eu não posso omitir
algo assim.
Yuri não deixava de encará-lo um minuto sequer. Sua mão estava ao lado
do pendrive e seus dedos tamborilavam na mesa de madeira escura. Seu olhar
era indecifrável, e havia uma mudança nítida daquele homem que o recebera.
— Eu sei o quanto o nome de uma família é importante para vocês, pesa
muito na sua cultura. Mas também sei que vocês, além disso, prezam a
justiça, o correto. Assim como o senhor tem a sua família e um nome a zelar,
eu também tenho a minha. E meus pais merecem a justiça. Merecem a
verdade. Então vim até aqui lhe dizer isso.
— Luna sabe disso?
Após hesitar por alguns segundos Mason confirma com a cabeça.
— Foi o motivo da nossa briga — faz uma breve pausa.— Eu não a culpo
por nada disso. E nem o senhor. Luna e eu somos vítimas do passado. Jamais
a culparia por causa disso. Só quero que saiba.
O homem encosta-se na cadeira o analisando. Estava considerando sobre
tudo o que Mason lhe contara. Em seu íntimo ele pedia para que o homem
compreendesse, suplicava. Após o que para Mason parecem ter sido horas de
silêncio, o homem enfim responde.
— Eu compreendo. O que é justo é justo — ele coloca a mão por sobre o
pendrive.— O senhor é corajoso, senhor Carter. E além da justiça eu também
prezo a sinceridade e venero a coragem. Então faça o que o senhor acha certo.
Nota a sinceridade nos olhos no homem. Sentia realmente que ele o
compreendia, e que aceitava o que ele iria fazer. Sua postura estava mais
relaxada e seu olhar compreensivo. Estava disposto a arcar com as
consequências.
— Obrigado senhor Iasune. Sabia que o senhor entenderia.
Ah claro. Estava se tremendo todo e pensando em decapitação e quartos
vermelhos.
— Eu não compactuo com o que eles fizeram. Por isso o senhor tem minha
palavra de que responderei a tudo o que vierem perguntar.
— Obrigado, senhor. Sabia que era um homem justo — o homem faz um
leve e quase imperceptível aceno com a cabeça. — Pode ficar com os
arquivos, senhor. Eu tenho mais cópias — ele indica o pendrive com um leve
movimento da cabeça.
Mason levanta de sua cadeira e se dirige até a porta enquanto Yuri
encarava o pendrive entre os dedos.
— Senhor Carter — ele o chama fazendo Mason parar próximo a porta.—
Eu acredito quando diz que se importa com minha filha.
— Não somente isso, senhor. Eu amo a sua filha.
— Acredito nisso também — ele conecta o pequeno aparelho em seu
notebook.— Eu só acho melhor você não a vê-la por agora. Ela está...— faz
uma pausa. — Um pouco...— deixa a frase morrer.— Ela precisa de um
tempo com a família. Sentíamos muita falta dela.
— E ela sentia muita falta de vocês.
— Ela viajou com a mãe dela essa semana. Foram visitar meus pais há
algumas províncias daqui.
Mason não conseguiu evitar que sentir um leve desapontamento que com
toda certeza o homem à sua frente não deixou de reparar.
— Olha senhor Carter eu reconheço seus sentimentos por ela. Ultimamente
ela tem não demonstrado interesse em voltar para o Brasil tão cedo e eu não
vou forçá-la.
Não. Claro que não. Já que não podia usar suas ironias na fala, pelo menos
ainda restavam seus pensamentos.
— Mas eu prometo ao senhor que quando ela quiser voltar, quando ela
achar que é a hora certa. Eu não vou impedi-la. Vou apoia-la em sua decisão.
E quando ela voltar para o senhor, se ela quiser isso, não irei me opor. Pois eu
gostei do senhor, é um homem decidido e honrado.
Nossa cadê a Lua para o ouvir dizendo isso? Será que se eu pedir para ele
repetir ele me deixa gravar?
— Eu gradeço, senhor.
— Obrigado por ter vindo falar comigo primeiro. Muitas pessoas não
teriam feito isso. Achei nobre de sua parte.
— Apesar de tudo fui muito bem criado. E minha mãe sempre me ensinou
a fazer o que é certo.
— É uma mulher sábia.
— A mais sábia.
Mason fica de costas para o homem e segue até a porta e antes de sair pode
ouvir os cliques que ele proferiu no teclado do notebook. Sabia que Yuri
passaria por uma longa e difícil tarde olhando, lendo e ouvindo cada prova
que havia naquele dispositivo móvel.
Agora ele estava livre para agir, sua consciência ficaria tranquila, pois não
estaria fazendo nada pelas costas daquele homem. Um novo dia nasceria para
a família Carter. Um dia de liberdade.
E quanto a Luna. Sabia que teria que ser como sempre quando se
tratava dela. Sem pressa. Tudo ao seu tempo. E como sempre aquilo pra ele
era difícil. Muito difícil.
“E se olhar nos meus olhos. Na hora saberá por que estou aqui.
E na hora todos os pensamentos surgirão.”
Justiceiro

Dezembro
Luna Iasune — Tudo pronto, querida? — Sua mãe conferia as malas pela
última vez.
— Tudo mamãe — Luna sorria para ela, estava ansiosa.
Quando decidiu que precisava voltar, Luna imaginava que convencer seu
pai seria o maior dos desafios. Ficara ensaiando o discurso com sua mãe
durante uns dois dias. Então escoltada pela mesma, bateu uma tarde em seu
escritório e se surpreendeu quando após dizer apenas uma vez que queria
voltar e de citar metade da lista de benefícios que havia feito, seu pai sorriu e
a interrompeu dizendo que se ela achava que estava pronta ele não se oporia.
Demorou um pouco para cair a ficha e ficou por alguns bons minutos o
encarando e se beliscando para acordar do sonho mais insano que tivera em
anos.
Ela mesma no início estava decidida de que não voltaria a aquele país.
Amava o Japão e sua família estava ali, mas mesmo quando suas lembranças
iam voltando aos poucos se deparou um dia com uma verdade dita por sua
mãe. Ela tinha razão, não se sentia como ela mesma, parecia que algo lhe
faltava, como se um vazio enorme tomasse conta do seu peito, ela não se
sentia completa.
E todas as vezes que buscava em seu interior ou tentava entender o que
estaria faltando, o que estava diferente o par de olhos azuis, aqueles dos seus
sonhos, novamente surgiam.
Quem é você?! Ela se perguntava com raiva de si mesma por não se
lembrar do dono e que obviamente era importante, seu subconsciente tentava
lembrar, mas seu cérebro se recusava a permitir.
Estava cansada de acordar todos os dias com aquela dúvida incessante,
sempre os mesmos sonhos e sempre os mesmos olhos seguidos de um sorriso
irônico e às vezes malicioso e de uma voz com leve sotaque que dizia sempre
a mesma frase: Eu te amo minha Lua.
Cérebro idiota!
Ela tentou se lembrar e até mesmo procurou na internet, mas havia sido
difícil no mínimo impossível encontrar alguém apenas com as características
de seus olhos.
Quando procurou nas redes sociais, utilizando a de sua mãe, pois a dela ela
não se recordava da senha, milhares de resultados surgiram na tela e nenhum
deles satisfatórios.
Um dia decidira verificar se o dono dos olhos poderia ser aquele tal de
Mason que tanto sua mãe quanto seu amigo Luis insistiram que ela e ele eram
inseparáveis. Mas ao digitar seu nome se deparou com alguns problemas.
Primeiro não sabia seu sobrenome. Segundo havia centenas de Mason na
internet. E terceiro só havia uma única característica que podia ser dele, olhos
azuis. Ela abrira várias contas de vários Masons, mas nenhum possuía
aqueles olhos.
Depois de várias horas fazendo aquela busca que ela desde o início sabia
que seria perda de tempo, desligou o notebook frustrada.
Então cansada de todos os dias olhar para si e ver o grande vazio e uma
Luna diferente, decidira que tudo o que podia fazer era voltar ao Brasil, voltar
para sua casa, retomar a sua vida e esperar que o dono dos olhos azuis
aparecesse.
Envolvida em pensamentos Luna se perguntava a cada instante enquanto
se aproximava de seu destino como iria ser sua adaptação no Brasil.
Agradecia silenciosamente o tempo todo por sua mãe ter decidido que iria
com ela, para ajudá-la em seu primeiro mês.
Ela sentia o nervosismo a invadir a cada escala feita, sua mãe como sempre
tentava confortá-la com doces palavras de apoio, mas aquilo não estava
dando muito certo. Seu coração batia tão forte em seu peito que ela pensava
que se fosse um desenho animado com certeza ele pularia para fora de sua
garganta.
Mexia constantemente nos anéis em seus dedos os girando, brincava com
os fios de sua roupa e quando não estava fazendo isso balançava sua perna
freneticamente.
— Lua meu bem, calma. Tudo vai dar certo ok?! — Sua mãe segurava sua
mão carinhosamente.
Ela acena positivamente com sua cabeça.
Talvez eu esteja apenas nervosa por causa da aeronave. Pensava, mas sabia
bem que o motivo não era esse.
— Ansiosa para ver sua cadela? Ela deve estar morrendo de saudades.
— Sim! — Dizia um pouco mais animada.
— Ela vai estar nos esperando em seu antigo apartamento, já deixei tudo
pronto e avisado por lá e Paulo, se lembra dele querida? Está muito feliz que
você esteja bem e voltando para casa, segundo ele o lugar não é o mesmo
sem suas façanhas.
Paulo. Esse nome não me é estranho.
Então um flash surge em sua mente à imagem de um homem de meia idade
baixinho e de bigode aparece, ele sorria para ela e ela para ele. Outra
imagem, desta vez do mesmo homem gritando para uma tela de TV onde um
jogo de futebol passava. Mas outras lembranças surgem junto com aquelas.
Mensagens com os dizeres “capitão para tenente”. Um filme do Star Trek
no cinema. Uma fantasia que ela imaginou ser da tenente Uhura, e claro,
olhos azuis. Argh por que não consigo me lembrar?
Ela leva suas mãos à cabeça grunhindo insatisfeita.
— Tudo bem querida, não precisa se lembrar agora. Com o tempo você vai
conseguir.
Ela suspira fortemente encarando a janela do avião, seus pensamentos são
interrompidos pela voz do piloto: — Sras. Srs. solicitamos que afivelem os
cintos de segurança. A partir deste momento é proibida a utilização de
qualquer equipamento eletrônico. Dentro de instantes pousaremos em solo
brasileiro. Mantenha o encosto de suas poltronas na posição vertical, sua
mesa fechada e travada. E afivelem o cinto de segurança.
A frase é dita mais uma vez em dois idiomas diferentes, inglês e espanhol,
Luna não sabia que podia entender bem o Inglês até o ouvi-lo.
Quando o avião pousa e enfim ela desembarca algo muda imediatamente o
vazio que sentia se torna um pouco menor. Sentiu-se no lugar certo, se sentiu
em casa.
Pelo menos agora eu sei que o que procuro está aqui.
Sorrindo ela acompanha sua mãe, as duas pegam suas bagagens e partem
para o antigo/novo apartamento dela.

Elas estacionam em frente ao enorme prédio do qual Lua encarava com


atenção. Sua estrutura e arquitetura pareciam ser antigas e ainda assim com
um design moderno, era bem contemporâneo.
— Chegamos meu bem — a voz de sua mãe chama sua atenção.— Vamos,
às chaves do seu apartamento devem estar na portaria.
— Em qual andar eu moro? — Ela encarava o enorme prédio.
— Na cobertura.
— Cobertura? — Ela perguntava surpresa.
— Sim meu bem, você disse que lá era tranquilo e espaçoso, foi amor à
primeira vista então seu padrasto comprou para você como presente de
formatura.
Ela sorri para sua mãe enquanto as duas desciam do carro e pegavam suas
malas se dirigindo até entrada.
Quando ela passa pela portaria avista um senhor, o mesmo que havia se
lembrado no avião. Ele estava sentado em seu posto, seus pés apoiados em
cima do balcão da portaria enquanto sua atenção era voltada a um jogo de
futebol na pequena TV. Quando ele a vê o homem quase cai da cadeira,
dando um salto engraçado e indo até sua mãe e ela.
— Senhorita Luna — Ele a cumprimentava afobado — A senhorita voltou!
Ele arrumava sua camisa azul um pouco amarrotada e em seu rosto ela via
um sorriso genuinamente feliz.
— Não sabia que voltaria tão cedo, o homem aquele japonês — ela o via
levar seus dedos ao queixo como se procurasse lembrar as características de
Kiro.— Ele disse que vocês iriam embora e depois alguém viria buscar suas
coisas. Mas então ligaram e disseram que a senhorita estava voltando e eu
mandei o pessoal que empacotava suas coisas embora. Nossa. Doutor Carter
vai ficar feliz em saber que voltou, ele veio aqui uns dias depois da sua
partida e nossa fiquei com pena do homem ele pareceu arrasado quando
contei que havia ido embora — o homem dizia tudo rapidamente,
atropelando as palavras.
Ela o via abrir uma gaveta e estender uma chave prateada para ela. Luna
nem sequer conseguiu dizer oi para o homem baixinho que sorria
simplesmente foi atropelada pelas palavras dele.
— Desculpa... Você é o... Paulo? — Ela olhava para o homem baixinho
estreitando seus olhos.
— Sim senhorita o próprio — ele ainda tinha a chave estendida para ela.
E como se sua mãe soubesse o quão confusa ela estava intervém na
conversa.
— Eu sou Valéria, mãe de Luna, muito prazer Paulo — ela pega a chave
que o homem oferecia.— Lua ela está um pouco confusa e não se lembra de
muita coisa.
O homem franzia seu cenho igualmente confuso — Não se lembra?
— Não avisaram a você? Achei que meu marido havia avisado quando
ligou para cá. Luna sofreu um acidente, ela não se lembra muito de sua vida
no Brasil. Om agora nem tanto quanto antes, mas ela ainda está se
recuperando — Sua mãe sorria enquanto passava os braços em volta dos
ombros da filha.
— Minha nossa senhora! — Ele olhava para Luna com preocupação.— A
senhorita está bem agora?
Ela acena para ele positivamente.
— Fico feliz em saber disso senhorita.
— Lua veio para ficar — novamente sua mãe intervém.— Eu estou
acompanhando ela durante o período de adaptação.
— Que maravilha. Nossa o doutor Carter vai ficar muito feliz com a
notícia.
— Doutor Carter? Eu estava doente por acaso? — Enfim Luna lhe diz.
Ela escuta a risada singela do homem.
Eu contei alguma piada por acaso? Pensava.
— Não senhorita eu o chamo assim, mas me refiro ao seu amigo Mason, o
americano. Vocês viviam juntos para todos os lados.
Argh de novo esse cara?! Por que não consigo me lembrar dele?
— Como disse Paulo, Luna ainda está confusa. Nós vamos subir, está tudo
pronto?
— Sim senhora.
— Tudo bem, obrigada Paulo.
— Bem-vinda senhorita Luna — ela se vira para o homem que puxava
suas calças com as mãos para cima enquanto sorria.
— Arigatô — então ela e sua mãe pegam o elevador e se encaminham para
a cobertura.

Todo aquele lugar estava em volta de uma atmosfera familiar. Luna


observava as prateleiras vazias e as caixas empilhadas por todo hall, com
grandes nomes escritos com caneta preta na lateral, “LIVROS”, “FUNKOS”,
“COZINHA”. Sua mãe ligava as luzes e abria as janelas deixando o ar quente
daquele país entrar e arejar o apartamento.
Ela é pega de surpresa quando sente duas enormes patas serem apoiadas
em seu peito quase a derrubando.
Uma labradora cor de chocolate pulava, lambia e latia para ela
alegremente.
— Mística! — Ela se sobressalta, o cheiro de sua amiga reativava parte de
suas memórias perdidas, então Luna a abraça fortemente enquanto sua amiga
pulava em seus braços.— Senti saudades menina! Quem é minha boa garota?
— A cadela latia em resposta e ela sem conseguir conter sua alegria deixara
escapar algumas lágrimas de seus olhos.
Fiz a coisa certa voltando.
— Vejo que se lembrou minha flor — sua mãe agora estava ao seu lado
observando a bagunça no apartamento.
— Senti falta dela mamãe.
— Sei que sim. Teremos muito trabalho pela frente — ela apontava as
caixas.
Luna acenava positivamente enquanto descansava seu corpo no sofá da
sala acompanhada de sua fiel amiga.

Seu apartamento já estava devidamente organizado havia 08 dias. Tudo


estava no lugar. Sua mãe fazia compras para casa já que ela ainda não havia
se situado bem, na clínica ela voltara a acompanhar alguns de seus colegas,
mas não fazia nada sozinha ainda. Fora recebida por seus colegas de trabalho
por uma festa surpresa, sentia querida, segura e amada por aquelas pessoas.
Tudo estava perfeito novamente, bem, quase tudo.
Tomava seus remédios e a cada dia que passava naquele país uma nova
lembrança surgia. Claro nada ainda dos olhos azuis.
Logo Lua, logo você vai se lembrar.
Ela repetia esse mantra sempre que acordava de mais um sonho e no
último, o que havia tido ainda naquela manhã, ela podia ter jurado escutar a
mesma voz masculina, rouca e com sotaque, só que agora ele dizia outra
coisa. Não quero ficar sozinho. Seu tom era triste e como uma súplica. Minha
Lua. Não quero ficar sozinho.
Seu coração amanhecera entristecido e em seus olhos lágrimas escorriam.
Olhos azuis. Onde você está? Vamos lá me dê uma pista. Ajude-me a
encontrar você. Eu estou aqui. Ela suplicava enquanto de encolhia sobre os
lençóis. Eu estou aqui.
“Não importa o quão ruim as coisas estão, algo de bom está lá fora, logo acima do horizonte.”
Lanterna Verde

Dezembro
Mason Carter Eu estou aqui.
Aquela frase o estava deixando maluco o dia inteiro. Acordara com
aquelas palavras sussurradas em seus sonhos. Sonho do qual não se lembra de
nada.
Eu estou aqui.
Uma voz feminina lhe dizia. Sua voz se infiltrara em seu cérebro e estava
impossível manda-la embora. Tentara tomar banho, ouvir música, ler, tudo
para ver se aquela frase desaparecia, mas nada estava adiantando. Ele não
conseguia se focar em nada, a voz não deixava.
Aquela voz era muito parecida com a de alguém em particular. Alguém
que estava a milhares de quilômetros do outro lado do mundo, vivendo a sua
vida enquanto ele se afundava na dele. Sabia que havia prometido ao pai dela
esperar, mas aquilo era difícil, queria tanto vê-la, falar com ela, a verdade era
que precisava dela.
Quando chegara a um nível que não aguentava mais, decidira que um filme
talvez fosse uma boa ideia. Jogara-se no sofá, ligara a TV e em um canal
encontrara o filme Senhor dos anéis. O retorno do rei, começando. Gandalf
prontamente sobe e se aconchega ao seu lado.
Quando chegara à metade do filme, percebeu que não importa o que
fizesse nada tiraria aquela frase de sua cabeça. Não conseguia se concentrar, a
cada dez minutos sua mente vagava até o outro lado do mundo.
O que será que ela está fazendo agora? Será que vai demorar muito? Essas
eram suas perguntas mais frequentes.
Foco Mason! Olha lá o exército élfico marchando.
Ele força seus olhos a focarem na TV e sua mente a se concentrar na cena
que acontecia na mesma. Mas o universo decidira que não era para ele assistir
aquele filme, pois logo quando Aragorn estava tentando convencer o rei dos
mortos a acompanhá-lo até a Pedra de Erech, alguém bate na porta.
Ele não tira os olhos da TV, apenas continua em silêncio. Talvez quem
quer que fosse desistisse e partisse.
Achava estranho alguém bater em sua porta, geralmente Carlos, seu
porteiro, avisava quando alguém estava subindo. A pessoa é insistente,
continua a bater, cada vez com mais força.
Mas que merda! SHIT!
Não estava no clima para receber ninguém, e na verdade nem sua casa
estava. Olhava ao redor e a bagunça de 20 dias estava se acumulando pelos
cantos, isso por que de onde estava ele não podia avistar a pia da cozinha,
então descreveria a cena como sendo catastrófica. Desde que voltara de sua
viagem do oriente, sua vida se estagnara. Não fazia mais nada além de vagar
por aqueles cômodos e esperar.
As batidas continuam. Irritado ele se levanta e vai em direção a porta. Seja
lá quem fosse iria resolver da forma mais rápida possível.
Quando a destranca ele para no mesmo instante enquanto encara a pessoa
do outro lado.
Só pode ser brincadeira.
— O que você faz aqui? — Mason pergunta no mesmo instante.
— Olá para você também Mason — Luis lhe respondia.
— Vou ter que ter uma conversa séria com Carlos. Ele está deixando
qualquer um subir ultimamente.
Sério! O que esse cara faz aqui? Pelos deuses do Norte. O que foi que eu
fiz para merecer isso?
— Posso entrar?
— Perdeu seu tempo vindo até aqui Flash. Lua não está — dizia
rispidamente.
— Eu sei que não. Posso entrar?
— Por quê? O que quer?
— Precisamos conversar.
O que ele espera fazer? Vamos tomar chá enquanto conversamos como
dois lords do período vitoriano?
— Não tenho assuntos com você Luis.
Mason faz menção em fechar a porta, mas a visita indesejada o interrompe
colocando o pé na fresta.
— Mason. Por favor. Deixa-me entrar — notava o tom sério em sua voz.
Bufando irritadamente Mason abre a porta e desbloqueia a passagem com
seu corpo.
— Ok! Mas não demore, estou ocupado.
— Posso ver que não arrumando a casa — lhe diz ao entrar e notar a
bagunça.
Mason passa por ele pisando firme, se jogando no sofá logo em seguida no
mesmo lugar em que estava antes.
Nota Luis atravessar o hall e o segui-lo até a sala e se sentar no sofá ao
lado. Sente os olhos de ele o medirem.
— Sua aparência está horrível — enfim ele diz. E ao olhar em sua direção
nota que ele o encarava da cabeça aos pés.
Sabia a o que Luis se referia. Mason era um homem sempre muito bem
vestido, com seu porte confiante e cabelo e barba sempre bem feitos. Hoje
sua imagem era um pouco diferente do qual não só Luis como o mundo
estava acostumado.
Hoje estava vestindo uma calça moletom e uma camiseta básica larga e
descalço, seus ombros caídos, sua barba com algumas regiões mais longas e
seu cabelo um pouco mais longos do que da última vez que Luis o vira, e
com certeza as olheiras e o cansaço das noites mal dormidas deviam estar
estampadas no seu rosto.
Mason acreditava que se fosse semana santa, mais especificamente no
sábado de aleluia, e ele saísse na rua estaria ferrado, pois a população católica
iria correr atrás dele com pedaços de madeira e sabei-me mais o que e fazê-lo
participar de um evento que uma vez assistira na tv e que se chamava
“Malhação de Judas”, que consiste basicamente em surrar um boneco muito
mal vestido.
— Você veio até aqui para conversar comigo ou para me dar dicas de
moda e cabelo? — Diz com escárnio.
— Como tem passado Mason? — Diz ele após um pigarro.— Soube de sua
mãe. Eu sinto muito.
O olhar de Mason cai desviando doo rosto de Luis encostando-se ao sofá
com os braços cruzados em silêncio.
— Soube que tirou férias.
— Nossa. Se você não tivesse me contado isso eu não teria adivinhado —
diz zombeteiro.— É claro que descobriu, está aqui na minha casa.
— Por que não gosta de mim Mason?
— Não é que não goste de você — solta um longo suspiro.— Eu não sei o
que é. Talvez eu esteja meio LENTO para encontrar as palavras certas —
dizia enfatizando a palavra “lento”.
— É por causa da Lua?
Mais silêncio vindo da parte de Mason.
— Eu e ela nunca tivemos nada Mason. Nunca deu certo. Até tentamos no
começo, mas a verdade é que ela sempre quis você.
— Olha pra mim agora. Ela está aqui por acaso?
— Ela ama você.
— Ela foi embora Luis. Deixou-me aqui. Dei-lhe meu coração e ela se foi
com ele.
— Ela ama você. Eu sei que ama. Eu vi — ele suspira longamente.— Olha
Mason se eu disser que não sinto nada por ela, estarei mentindo. Mas ela não
me ama além de amigo e eu aceito isso. Pelo menos agora aceito. E é por esse
sentimento que tenho por ela que estou aqui.
Luis mexia nervosamente nas chaves que ele imaginava serem do seu
carro.
— Lua jamais seria feliz comigo, não a felicidade plena como quando está
com você. E eu sei Mason que mesmo depois do que aconteceu entre vocês,
sei que você a ama e eu demorei em assumir isso pra mim mesmo. Sempre
pensei que você não era o homem ideal para ela. Achava que você não a
amaria que seria como sempre, que ela era apenas mais uma — encarava seus
olhos e ele pode notar a sinceridade neles.— Mas eu me enganei. Você se
mostrou ser um homem diferente do que eu esperava e acredite Lua jamais
será feliz com ninguém além de você.
Podia ver como aquilo era difícil para Luis. O tom daquele homem era
quase como uma súplica. Como se pela primeira vez estivesse dizendo
aquelas coisas em voz alta. Como se aquelas palavras o tivessem acordado.
Sim ele amava a Luna. Amava tanto que sentia que seu peito explodiria,
mas por mais que aceitasse um pouco melhor o que ela havia feito aquilo
ainda era uma ferida aberta.
— Ela mentiu pra mim — ele confessa.— Eu sei que foi para me poupar
de alguma maneira, eu entendo isso. Mas não há nada o que eu possa fazer.
Ela deve estar lá naquele país seguindo sua vida com aquele cretino —
alterava sua voz.
— Então você não sabe Mason? — Escuta a surpresa em sua voz.
— Não sei o que?
— Você ainda não sabe o que aconteceu com ela? — Lhe oferecia um
olhar confuso.
— O que — sente seu coração se acelerar com aquela simples pergunta.—
O que... O que aconteceu com ela? — Sua voz falhava.
— Nossa, não conseguiram avisá-lo. Depois de todo esse tempo —
sussurrava como se falasse consigo mesmo.
— Avisar o que Luis? — Perguntava com urgência.
— Ela sofreu um acidente no Japão.
Como assim?!
— O que? Como? Por que eu não sei disso? O que houve?
— Quando ela chegou ao país e pegou um carro para ir até Tóquio, eles
sofreram um acidente. Eles caíram alguns metros quando perderam o controle
e saíram da estrada.
A cada informação que Luis lhe dava sentia seu peito se apertar cada vez
mais. Lua a sua Lua havia sofrido um acidente quando chegara, isso havia
sido a meses atrás e ninguém o avisara.
— Soube que o homem que estava com ela no carro morreu.
Enquanto ele continuava Mason tentava controlar sua respiração.
— Lua sofreu vários ferimentos e ficou todo esse tempo em um hospital no
Japão.
— Como você sabe de tudo isso e eu não? — Perguntava com a irritação
que agora fervia em seu sangue.
— Ligaram lá na clínica e avisaram.
— E quanto a mim? Por que ninguém me avisou?
— Eu conversei com a mãe da Lua e ela me disse que não estava
conseguindo contato com você. Disse que ligou no hospital, mas você havia
saído de férias e não quiseram passar o número do seu celular.
Não. Não. Não. Isso não está acontecendo.
— Eu sou o namorado dela — ele se exalta.— Por que você não me
avisou?
— Eu não sabia que você não fora avisado. E eu cheguei a poucos dias de
viagem. Como você é o namorado dela imaginei que fosse o primeiro, a
saber.
— Como pode ver não sou. Sou o último.
— Mas não é só isso Mason.
Tem mais? Só pode ser brincadeira. Meu Deus, quando essa neve vai
parar de cair?
— A Lua com alguns dos ferimentos, ela meio que — ele faz uma pausa,
estava relutante em continuar.— Ela perdeu a memória.
— O QUE? — Ele praticamente grita aquelas palavras.
— Mas está voltando. É uma amnésia retrograda. Lembra-se de mais a
cada dia.
Amnésia. Ele não podia acreditar em uma coisa daquelas. Achava que em
algum momento iria acordar em sua cama.
— Ela — ele engole em seco. — Lembra-se de mim? — Perguntava com
medo da resposta.
— Não exatamente. Ela me contou algumas coisas que fez com você, mas
não se lembra de que foi com você. Na verdade, não se lembra de você e sim
apenas de coisas que vocês faziam.
Sente o ar fugir dos seus pulmões. O chão se abrir e ele cair na vastidão
negra. Ela se esquecera dele. Simplesmente fora apagado da sua mente.
— Como assim ela te disse essas coisas? Você a viu?
— Eu fui até o Japão visitar minhas irmãs e Lua estava no hospital então
fui vê-la.
— Eu... Eu — procurava as palavras.— Eu fui até aquele país e ninguém
me disse nada.
— Você foi até lá?
— Fui. Encontrei-me com o pai dela, por que não sabia onde ela estava e
ele não me disse nada — dizia com raiva.
Yuri. Filho da mãe e Christian Grey made in Japan.
— Ele me disse que não era um bom momento para vê-la.
Estava irritado. Não entendia o porquê não lhe contara, por que ele achou
melhor mantê-lo no escuro quanto aquilo.
Será que como Luis ele não sabia que eu não havia sido informado?
Pensava.
Mason massageava as têmporas freneticamente.
— Mason ela precisa de você.
Aquela frase o sobressalta.
— Como assim? — O encarava confuso.
— Ela não é a mesma. Está diferente, parece que uma parte dela falta. É
como se fosse uma Lua só que sem um pouco da sua alma. O brilho nos olhos
não é o mesmo, ela não é tão entusiasmada. E eu acho que você é o único que
pode ajudá-la. Acho que essa parte que falta dentro dela é você.
Silêncio.
— Sabe Mason, quando eu conheci a Lua ela era muito tímida e não
gostava muito de se misturar, era na dela. Ela foi se soltando com o tempo,
mas ela mudou completamente quando um dia chegara atrasada e irritada na
clínica e dissera que um idiota havia derrubado café nela. Era nítida a
mudança, você faz bem a ela. E hoje eu sinto que ela está como antes, antes
de você. Não é a Lua.
Mason sente seus olhos arderem. Não Mason Carter você não vai chorar
na frente dele.
— Ela voltou ao Brasil, Mason — Luis continuava.— Voltou para casa
dela, está voltando aos poucos no trabalho. E todos os dias diz que está
melhor, mas que ainda sente falta de algo. E estou lhe dizendo Mason, vim
aqui para isso, é você, você faz parte dela. Agora te olhando eu também
posso ver que não é o mesmo, algo em você também falta e essa parte é ela.
— Espera aí. Ela voltou? — O encarava completamente confuso. — Há
quanto tempo?
— Dez dias.
— DEZ DIAS?! E você sabe disso e também sabe que eu não sabia então
não pensou que talvez fosse bom em me avisar? — Mason aperta os punhos
sobre as coxas.
Vou socar a cara desse idiota! Calma Mason. Respira, nem vale a pena,
peixes não tem sangue.
— Eu...— nota seu olhar constrangido. — Eu... — ele pigarra.— Olha
Mason. Como eu te disse antes, eu achava que você era um idiota, que ela
não merecia você. Então eu pensei que... — passa as mãos pelos cabelos.—
Que talvez fosse minha chance. Achei que eu seria o suficiente para ajudá-la.
Acho que não me importo com sangue. Vou matar ele!
— Você passou esses dez dias dando encima da minha namorada.
Enquanto ela não se lembra de mim? — Dizia pausadamente e pode ver que
Luis notara em seu tom a sua completa irritação.
— Mason — ele ergue as mãos em sua direção na defensiva — Eu não me
orgulho de ter tentado ou até mesmo de ter pensado em algo como esse. Eu
fui um completo idiota. E me odeio por isso, mas é que eu pensei que poderia
ajudá-la. Só que eu não posso fazer isso eu não consigo. Falta um pedaço na
Lua e eu estou olhando para ele. Eu demorei em perceber, mas não posso
mais ficar me enganando.
— Idiota? Não você foi um cretino. Nem eu faria algo assim.
Luis fica em silêncio.
— Deu no que você queria. Aproveite então. Talvez seja melhor assim —
soltava cada palavra com raiva, sabia que eram da boca pra fora, mas era
assim quando ficava com a cabeça quente. Não se controlava.— Causei dor
demais a ela. Disse para ir embora. A deixei com aquele canalha.
Soca a própria coxa com frustração.
— Está desistindo dela?
— Ela fez isso primeiro — encosta-se no sofá cruzando os braços e
falando como uma criança teimosa.
— Nossa — fica surpreso ao notar um tom levemente sarcástico naquele
homem — Você não ouviu nada do que eu disse? Fica aí sentado se
lamentando. Contei-lhe o que aconteceu a ela. Eu gosto dela Mason e estou
aqui lhe implorando para que vá até lá e fique com ela. Mas você fica sentado
nessa merda de sofá vendo essa merda de filme enquanto a mulher que você
ama precisa de você. E sim eu fui um cretino, ta legal.
Luis se mexia inquieto no sofá.
— Ela quer lembrar-se de você, mas não consegue, precisa de ajuda e eu
não posso fazer isso.
Mason suspira frustrado, era muita informação. Sua cabeça rodava. Sentia
que não devia ter comido tanto no café da manhã. Tentava organizar seus
pensamentos, mas era quase impossível.
Por onde começo?
Primeiro de tudo fora até o escritório daquele CEO samurai e ele nem para
dizer o que houve serviu. Depois descobre que Luna sofreu um acidente,
perdeu a memória e Kiro morreu. Luna não se lembra dele. Luis se aproveita
da situação e tenta dar encima dela. E agora vai até ali pedir sua ajuda.
Por Krypton. Estou me esquecendo de mais alguma coisa?
Ele apoia os cotovelos nas coxas, sua cabeça nas mãos, enterrando seus
dedos nos cabelos mais longos, massageando seu couro cabeludo e geme
frustrado.
— Quem te deu essa pulseira? — Escuta Luis perguntar.
— Por quê? — Diz sem olhar para ele.
— Você sabe o que está escrito?
— Amizade verdadeira.
— Foi isso o que ela disse?
Diante ao silêncio de Mason ele prossegue.
— É uma promessa Mason. Está escrito “Eu estou aqui”.
Aquela frase faz com que ele afasta o rosto das mãos e encare o homem.
Como isso é possível? Pensava. E novamente seus pensamentos são
invadidos pela frase com que sonhara. EU ESTOU AQUI.
— O que você disse? — Perguntava ainda um pouco descrente.
— Eu estou aqui — ele aponta para seu braço.— É o que está escrito.
Seus olhos caem sobre o acessório em seu pulso. Encarava com redobrada
atenção as linhas que formavam aqueles símbolos estranhos a ele. Ela havia
mentido sobre o que estava escrito. Tentava buscar um por que.
Vergonha? Talvez. Por não saber que ele sentia algo por ela na época. Na
verdade, nem ele sabia. Insegurança? Mas agora sabia seu verdadeiro
significado. Era como Luis dissera uma promessa. Dizendo-lhe que sempre
estaria com ele.
— Eu fiz a minha parte. Vim até aqui, lhe contei tudo. Implorei, abri meu
coração. Só não fiz uma coisa.
— O que?
— Ainda não pedi desculpas. Eu realmente sinto muito, Mason. Sinto-me
horrível.
Ao erguer seu olhar encontra o de seu visitante e pode ver que neles não
havia nada além de sinceridade, remorso e vergonha.
Perante seu olhar de culpa, Mason não consegue lhe dizer nada, além de
confirmar com a cabeça, lhe dizendo em silêncio que estava tudo bem entre
eles.
Após um suspiro aliviado Luis se levanta.
— Eu sei que fará a coisa certa. Entendo que esteja irritado agora, com a
cabeça cheia. Mas se tem uma coisa que aprendi durante esse tempo, algo que
não posso negar que você seja, é que é determinado, justo e leal a quem ama.
Luis se aproxima dele colocando sua mão em seu ombro.
— Não me decepcione Mason Carter. Não faça me arrepender das coisas
que acabei de dizer.
Dito isso ele se dirige até a porta e em segundos Mason está novamente
sozinho em casa. Bem, não realmente sozinho.
Um miado chama sua atenção. Gandalf o encarava do chão ao lado do seu
pé, seu rabo balançava graciosamente de um lado para o outro.
— O que foi Gandalf?
Gandalf. Com esse cabelo e barba logo eu poderei ser chamado assim.
Um miado sucede sua pergunta. Com um suspiro longo Mason se encosta
ao sofá. Sua cabeça girava com todas aquelas informações recém-adquiridas.
Na TV ainda passava o mesmo filme.
Ela não se lembra de mim, mas sente minha falta. Ela voltou.
Esses pensamentos lhe davam ânimo, mas como todos nós sabemos a
teimosia é um dos pontos fortes do gene Carter. Em um segundo estava
pensando todo animado e esperançoso e no outro ele refletia se ele seria bom
para ela.
Ela achara necessário mentir para ele, afastá-lo. Preferiu fazer acordos com
Kiro para que não tivesse que enfrentá-lo. Ela estava disposta a deixá-lo para
que ele não soubesse do envolvimento de sua família com a morte da dele,
para que ele não viesse a prejudicar os Iasune.
Ele a deixara ir embora. A abandonara, a deixara partir com aquele cretino.
Na hora que ela mais precisou dele, ele não estava lá. Mas Luis estava ao
lado dela enquanto ele estava rastejando pela sua vida. Luis a estava ajudando
enquanto era para ele estar fazendo isso. Então será que aquilo não era o
melhor para Luna? Será que ela não ficaria melhor com Luis, que na verdade
era ele com quem ela devia ficar esse tempo todo? Luna não estava melhor
sem se lembrar dele?
Percorre as mãos pelos cabelos nervosamente. Não sabia mais o que
pensar. Quando deixa seus braços caírem ao lado de seu corpo, seus olhos se
fixam em um ponto em seu pulso direito, onde o escrito naquela língua
estranha podia ser visto com clareza.
Eu estou aqui. Novamente aquela frase percorre sua mente, a mesma frase
que correspondia perfeitamente o que estava escrito no acessório, aquele que
ele por meses pensou que se tratava de sua algema da amizade, quando na
verdade era a chave que resolveria tudo. Era uma promessa, sutil e singela
demonstração de amor.
Luna o amava e ele a amava. Era a mulher dona de seu coração, corpo,
mente e alma. O motivo que o fazia se levantar todas as manhãs durante anos.
Ele era dela mesmo quando achava que não pertencia a ninguém.
Desde sempre era para ser assim. Com um simples esbarrar com um
estranho em uma cafeteria, até um plantão veterinário noturno ou a vinda de
um americano para um país diferente. O encontro deles estava marcado, o
destino traçado, seus corações unidos mesmo antes deles se quer sonhar um
com o outro.
Com o canto do olho, Mason percebe uma movimentação. Uma sombra
cinza salta do chão e pousa sobre o sofá ao seu lado. Quando faz isso,
Gandalf acidentalmente pisa no controle da TV, fazendo com que o canal
mude e uma nova cena comece na tela.
Antes mesmo que ele erga seus olhos para tela a sua frente, Mason
reconhece imediatamente o som que preenche o ambiente. As melodias que
os acordes do piano faziam trazem uma lembrança instantânea a ele.
Quando seus olhos se fixam a tela, ele reconhece o músico sentado em
frente a um piano de cauda que se encontrava no centro de um palco de
algum programa de premiação da música. A introdução da música termina
então a voz do homem silencia qualquer início de conversa paralela da
plateia. Darren Criss começa a cantar a letra de Not alone, a mesma música
que ele tocara e cantara pra Luna no violão.
Sua mente é preenchida pelas lembranças daquele dia, seu coração é
preenchido pelas emoções que sentiu. Ele havia acordado ao lado dela na sua
cama e ela lhe pedira para tocar. Deixava a letra tomar conta de seus ouvidos
e alma.
“Our love is all we need to make it through”
Essa frase do refrão se fixa em sua mente e percebe o quão verdadeira ela
é. O amor é tudo o que se precisa para sobreviver às provas e obstáculos que
são colocados em nossas vidas. É ele quem dá força e faz até o mais cético
acreditar em algo melhor. Faz com que as pessoas vejam e acreditem que ao
amanhecer um novo dia raiará. O amor é tudo o que se precisa para superar,
para esquecer-se das diferenças e das coisas do passado e seguir em frente.
Ela precisa de você Mason. Você é a parte dela que está faltando. Ela não
é a mesma. As palavras de Luis ressoavam em sua mente.
O olhar de Mason encontra o par de olhos amarelos ao seu lado.
Acreditava que Gandalf havia mudado de canal acidentalmente, pois como
ele saberia que aquela música estaria tocando? Mas também não consegue
deixar de perceber nas várias coincidências daquele dia.
Os grandes olhos de seu amigo piscam algumas vezes. Com a mesma
graciosidade com que pulara no sofá, Gandalf sai de cima do mesmo e após
fazer um barulho engraçado se encaminha em direção a porta da frente,
parando no meio do caminho e se virando para ele. Oferece-lhe um miado
impaciente, que faz com que estranhamente Mason se levante, quando
percebe o movimento de seu dono ele continua sua caminhada até a porta.
Com passos cautelosos ele seguia seu amigo felino, que com mais um salto
fica sobre a mesa ao lado da porta e com suas patinhas peludas começa a
brincar com algo que havia em cima.
De longe Mason não reconhece o que é, mas com um movimento um
pouco mais forte das patas de Gandalf, o objeto dourado e pequeno cai de
cima da mesa. Ao se aproximar ele se agacha e pega o mesmo, encarando o
broche dourado que sua mãe lhe dera na palma de sua mão.
Vai desistir, capitão? Podia ouvir a voz de sua mãe lhe dizer.
— Gandalf — encara seu amigo.— Você é um gatinho estranho, muito
estranho.
Recebe um miado de resposta e o balançar de seu rabo enquanto se
acomodava e se sentava sobre a mesa.
— Eu amo você meu amigo — aperta o broche em sua mão e com a livre
acaricia atrás das orelhas dele.— Obrigado.
Prende o broche em sua camiseta larga e pega o primeiro tênis que
encontra. Determinado abre a porta.
— Ela precisa de mim. Não vou abandoná-la novamente. Eu prometo mãe.
Com um movimento rápido parte do apartamento.
“Sem dúvidas, finais são difíceis. Mas por outro lado, nada realmente acaba.”

Chuck Shurley Dezembro


Luna Iasune ♪♫
“Baby, you're not alone
Cause you're here with me
And nothing's ever gonna bring us down
Cause nothing can keep me from lovin' you.”

♪♫

Escutava aquela melodia tocada por mãos ágeis e cantada por uma voz
rouca e calma. Tudo o que Luna conseguia ver era o movimento das enormes
mãos nas cordas do violão que descansava na perna da figura a sua frente.
Seus olhos azuis brilhavam e ela podia notar eles se fecharem lentamente
enquanto alcançava um timbre maior em sua voz.
A música ecoava pelo ambiente estranho em que se encontrava, ela
buscava algo que a fizesse lembrar onde estava, mas não encontrava nada
familiar, só tinha mesmo em seu peito a sensação de já ter estado ali. Ela se
virava para a figura, de sua boca ecoava a letra da música enquanto sorria de
lado.
Ela estica a mão para alcançar a figura e quando está próxima de seu
objetivo sente algo molhado em seu rosto e frio muito frio, então a imagem
desfocada da figura desaparece a música cessa e ela acorda.
Sua cadela a lambia freneticamente enquanto afastava os lençóis com as
patas.
— Misty! Não, para! — Ela tenta afastar sua labradora sorrindo. — Ta
legal! Ta legal! — Ela desistiu e se levanta.— Já levantei.
Luna esfregava seus olhos cansados com as costas de suas mãos, ela se
senta em sua cama e solta um grande suspiro cansado.
— Eu estava quase descobrindo — ela diz frustrada e escuta um grunhido
insatisfeito vindo de sua amiga que balançava o rabo freneticamente. — Tudo
bem, Mística a culpa não é sua se minha cabeça ta ferrada né? — Sua cadela
late.— Nossa obrigada por concordar que sua dona está com a cabeça ferrada
— mais um latido é escutado.— Pode parecer estranho, mas acho que as
vezes você realmente me entende.
Sua cadela corre feliz atrás do próprio rabo arrancando uma risada dela.
— Bom dia, meu bem! — Sua mãe surge na porta de seu quarto.
— Bom dia mãe — ela se levanta alongando seus braços.
— Já ia mesmo te acordar, está bem tarde.
— Que horas são? — Ela vai até as cortinas de seu quarto e as abre
deixando a luz do sol entrar no cômodo.
— Quase dez horas.
— Nossa! — Ela se exalta.— Não devia ter visto filmes até tarde ontem.
— Tudo bem Luna hoje é sábado e você não trabalha. — Sua mãe sorria.
Ela observava o trânsito pela janela de seu quarto, as pessoas que
passeavam na calçada lá em baixo e um gato que brincava na varanda do
prédio bem em frente ao seu. Ela sabia que era um gato apesar da distância
tinha pelos um pouco escuros. Então grandes olhos amarelos surgem em sua
mente.
— Mãe?
— Sim querida?
— Eu já tive um gato?
— Que eu saiba não meu bem, por quê?
— Por nada, achei que tivesse tido, mas devo ter cuidado de algum lá na
clínica antes do acidente.
— Você se lembra de ter cuidado?
— Eu não sei — ela leva as mãos a sua cabeça.
— Não force meu bem, lembra-se do que a médica disse? As lembranças
virão mesmo que demore.
Ela concorda virando-se para sua mãe.
— Venha. Hora do café da manhã.
Ela sorri e caminha ao lado de sua mãe e cadela até a cozinha.
Depois que termina seu café da manhã reforçado feito por sua mãe, Luna
agora terminava de organizar o resto de suas coisas na estante.
Nossa eu realmente tenho muitos HQs.
Ela pensava enquanto terminava de organizar, sua mãe estava arrumando
seu quarto e seu notebook descansava na mesa de centro da sala, ela já havia
tentado logar nele, mas havia uma senha da qual ela não lembrava, estava até
pensando seriamente em mandá-lo para assistência técnica.
Suspirando ela mais uma vez vai até a máquina e a liga e como sempre a
senha é solicitada. Passa as mãos pelo teclado enquanto cantarolava baixinho
a música de seu sonho que não saia de sua cabeça.
No café da manhã foi à mesma coisa, sua mãe perguntara o que tanto ela
cantava e ela apenas dava de ombro, não conseguia se lembrar muito bem da
letra, mas a melodia ficou presa em seu cérebro e se negava a ir embora.
Ela digitava nomes aleatórios de filmes no espaço em que a senha era
solicitada e seu acesso era negado, data de seu nascimento, nome de sua
cadela, nome de seus pais.
Droga!
Ela pensava com certa raiva, até que um nome vem a sua cabeça, ela não
sabia de onde tinha surgido ou o porquê ela digitava o mesmo no espaço da
senha, mas seus dedos involuntariamente digitam: K.O.N.O B.A.K.A.
E para sua surpresa seu notebook libera seu acesso. Ela sabia o que
significava aquelas palavras em japonês só não entendia bem o porquê sua
senha era “grande idiota”
Nossa eu realmente era confusa.
Ela passava as mãos em seus cabelos que agora estavam acima de seus
ombros, os havia cortado uma vez no Japão e uma segunda vez no Brasil,
gostava do novo estilo. Um estilo novo para uma nova/velha Luna.
Agora animada sobre o que iria descobrir sobre ela mesma, em seu
notebook começa a vasculhar as pastas de arquivo, várias fotos aparecem,
fotos dela em uma viajem com Luis, fotos dela na clínica, com sua cadela,
fantasiada em um evento, uma dela sozinha onde tentava esconder seu rosto
sujo do que parecia ser glacê, e ela com um gato cinza no colo. Quando o vê
para imediatamente na foto e passa seus dedos na tela, os olhos amarelos a
encaravam.
Quem é você? Perguntava-se enquanto estreitava seus olhos o observando.
Quando fecha a foto, continua sua busca nos arquivos e uma mídia chama
sua atenção. Era um arquivo de vídeo datado de alguns meses atrás. Suas
mãos ficam tremulas ao clicar, não sabia o que ia descobrir.
Então um vídeo começa a rodar na tela. Ela estava em um carro que
parecia se mover e cantava uma música muito familiar por que logo a Luna
real acompanhava a Luna do vídeo na letra.
— Vai Kono canta comigo! — Elado vídeo dizia para alguém, mas a
imagem estava muito tremula devido ao movimento do carro.
Ela voltava o vídeo várias e várias vezes na esperança de ver quem dirigia,
mas nada adiantava, a imagem estava tremida demais e ela chegou à
conclusão que era terrível com uma câmera nas mãos.
— Para quê? Para você postar no youtube e ganhar dinheiro as minhas
custas? Alguém lhe respondia, uma voz que ela conhecia bem era a mesma
voz de seus sonhos.
Será que era ele? Os olhos azuis?
Pensava enquanto voltava mais uma vez o vídeo, mas tudo o que
conseguiu foi travar a tela do se computador.
— Droga! Não, não, não — ela batia no teclado e clicava
desenfreadamente nos botões do mouse.
— Lua o que foi? — Sua mãe aparece na sala.— Dava para ouvir seus
gritos lá do quarto, você está bem? Está sentindo dor? Quer ir ao médico? —
Ela lhe perguntava com preocupação na voz e Luna suspirava tristemente.
— Estou bem mãe, me desculpe se a assustei é que meu computador
travou enquanto via um antigo vídeo — ela novamente suspira.— Só queria
me lembrar.
— E você vai meu bem — sua mãe se aproxima sentando-se ao seu lado e
passando os braços por seu ombro. — Eu sei que vai.
— Obrigado mamãe, por tudo. — Ela vira seu rosto em direção ao da sua
mãe e sorri.
Então as duas escutam a campainha tocar.
— Você pode atender mãe? Eu vou guardar isso no meu quarto — ela
fecha seu notebook e o coloca em seus braços se levantando.
— Claro.
Luna some pelo corredor acompanhada de Mística.

Mason Carter Ele segurava o batente da porta com ambas as mãos. Não
sabia o que esperar quando a mesma se abrisse.
Seu peito parecia pequeno demais para seu coração, esse que parecia
dançar dentro dele.
Encarava a porta ainda fechada. Se perguntava se ela estaria em casa, pois
estava demorando para abrir e quando ergue mais uma vez o punho para bater
na madeira a porta enfim se abre, revelando uma jovem senhora do outro
lado.
No instante em que coloca os olhos sobre suas feições sabe de quem se
trata. Eles nunca se conheceram pessoalmente, mas já vira algumas fotos dela
com sua filha algumas vezes.
— Senhora Iasune — ele enfim fala.
Arruma sua postura na porta e se sente incomodado pela primeira vez em
dias com a forma que estava vestido.
Muito bem Mason. Primeira vez que se encontra com a sogra e você se
veste como um sem teto? Ótima primeira impressão.
— Eu sou Mas...— ele volta a dizer, mas logo ela o interrompe.
— Mason Carter — abre um leve sorriso.— Sei bem quem você é querido.
Por alguns segundos ficam sem dizer nada. Ele estava inquieto, e
principalmente envergonhado. Não sabia o que dizer a aquela mulher.
— Eu... eu — começa a gaguejar — Eu não sabia— em seu tom era nítido
que pedia perdão — Eu sinto muito, eu não sabia o que tinha acontecido com
ela, eu...eu...
— Tudo bem, querido — Sua voz era gentil. Ela coloca a mão levemente
em seu braço o puxando sutilmente para dentro.— Entre, vamos conversar.
Sem hesitar ele adentra o apartamento que tanto conhecia. Em seu interior
quando olha ao redor, vê que tudo estava no seu devido lugar, estava
exatamente como se lembrava.
Valéria o guia até a sala, indica o sofá para que ele se sente, mas ele não se
move, não conseguia se sentar, estava inquieto demais.
— Eu sinto tanto por não ter estado lá com ela.
— Eu tentei te avisar Mason. Nos dois primeiros meses eu fiquei,
confesso, que completamente perdida. Não avisei ninguém, estava totalmente
alheia do mundo, só queria saber de minha pequena flor.
— Eu compreendo.
— Então quando enfim arranjei forças para contatar o emprego dela eu
também liguei para o hospital onde sabia que trabalha. Mas me disseram que
estava de férias e eu não tinha outro contato. Eles não puderam me informar
seu número, mesmo comigo insistindo.
— São normas do hospital. São bem rígidos quanto a isso.
Ele nota ela balançar a cabeça confirmando.
— Eu viajei. Tinha algumas coisas para resolver nos Estados Unidos —
passa as mãos pelos cabelos. — Senhora Iasune...
— Valéria, por favor — ela o interrompe novamente.
— Valéria. Assim que eu soube vim correndo pra cá.
Abaixa seu rosto envergonhado.
— Me sinto tão mal com isso. Era para eu estar lá com ela.
Ainda encarando o chão ele sente mãos carinhosas o acalentarem e
confortarem seu braço esquerdo.
— Ta tudo bem Mason. Você não tem culpa.
Ergue seus olhos e encontram o olhar gentil daquela mulher. O carinho
com que o consolava o fez lembrar-se de sua mãe e inevitavelmente sente a
saudade apertar seu peito.
— Voltamos tem alguns dias. Lua quis voltar. E eu vim junto, não podia
deixa-la sozinha dessa maneira.
— Como ela está? E as memórias?
Valéria solta um longo e cansado suspiro, seus olhos desviando um pouco
dos dele.
— Ela está bem. Está voltando a trabalhar aos poucos. A cada dia se
lembra de coisas novas.
— Ela ainda não se lembra de mim, não é?
Sem conseguir responder ela apenas nega com um movimento sutil da
cabeça.
— Eu fui até o Japão. Conversei com seu marido.
— Ele me disse um pouco antes de voltarmos pra cá. Nós não estávamos
na cidade quando você foi até lá.
— Sim ele me disse.
— Querido — ela faz uma pausa e o encara nos olhos — Quando eu a
chamar, talvez você a estranhe a primeiro instante, não só na aparência,
talvez ela não te reconheça. Pode ser que demore meses para que ela consiga
fazer isso.
— Eu sei disso. Sei como funciona.
Ela abre um sorri caloroso e cúmplice a ele.
— Mas tenho o pressentimento que ela precisa de você. Que você pode
ajudá-la. Por que tem certas coisas que não posso ajudá-la a se lembrar. Mas
você pode.
Ele coloca sua mão sobre a dela que estava em seu ombro.
— E você também precisa dela querido — ela o olha dos pés à cabeça. —
Está horrível — diz com tom de brincadeira, tirando uma breve risada dele.—
Nem parece aquele bonitão das fotos que ela me mostrava.
— Os meses não foram muito bons pra mim — sorri sem jeito.
— Sente-se. Eu vou chamá-la.
Ele permanece no mesmo lugar a desobedecendo mais uma vez.

Luna Iasune Enquanto guardava seu notebook no lugar, Luna escuta a voz
de sua mãe ecoar do corredor.
— Lua, querida você tem visitas!
Ela suspira cansadamente, não estava em suas melhores condições para
receber visitas ainda mais se fossem de pessoas que ela não se lembrava. Ter
que explicar sua condição estava virando parte de sua rotina e sinceramente
estava ficando exaustivo.
— Por toda tropa interestelar mãe! Não precisa gritar. — Ela dizia
enquanto se encaminhava ao corredor. Sua cadela agitada muito mais que o
normal corre em sua frente passando por suas pernas quase a derrubando.
Então escuta uma voz masculina falar com sua cadela.
— Misty, senti sua falta garota! Good girl, good Girl— A voz falava com
um sotaque forte americano, ela constatou.
— Mística! — Ela aparece na sala e encontra sua amiga abraçada a um
homem de cabelos loiros compridos e barba. Sua amiga se afasta e vai até ela
com o mesmo entusiasmo.
O homem ergue-se do chão vagarosamente e o brilho de seus olhos azuis
que capturam os dela, era intenso e ela sentia todo seu corpo por alguma
razão se aquiescer. Quando seus olhares se encontram ela sente um estalo em
seu peito. Olhos azuis. Brilhantes olhos azuis.
Achei você.
Era ele. Os olhos azuis com quem vinha sonhando todo esse tempo, os
mesmos olhos que perturbavam seus sonhos todas as noites.
Sua boca se entreabre, mas ela não conseguia falar nada, ela sentia o vazio
em seu peito de alguma maneira ser preenchido aos poucos apenas com a
presença daquele homem, ele não sorria, mas tinha certeza que o sorriso do
qual sonhava também pertencia a ele.
— Eu... — ela escutava a voz de sua mãe ao fundo.— Vou deixar vocês
dois conversarem. Mística! Vem cá garota hora do passeio — Luna sente sua
cadela se afastar e de relance vê sua mãe colocar a coleira nela e sair pela
porta.
Ela é tirada de seu transe pelo barulho da mesma ao se fechar.
— É... E aí cara? — Foi tudo o que conseguiu dizer.
E aí cara? Esqueceu como se conversa, Luna?
— Olá Lua — o homem sorria levemente de canto.
O mesmo sorriso. Ela pensava.
— Você — ele parecia buscar as palavras certas assim como ela — Você
cortou o cabelo.
— É, pois é — dizia sem jeito.
O silêncio pairava entre eles e ela se sentia desconfortável com aquele
homem a encarando de uma forma esquisita como se ela fosse quebrar a
qualquer momento.
— Então... — ela quebra o silêncio, queria muito que ele se apresentasse.
— Então. Eu soube do seu acidente, bem recentemente na verdade. Eu
sinto muito mesmo.
Por que ele está se desculpando?
— Tenho uma pergunta.
— Qual?
— Quem é você?
Ela percebeu que a pergunta o afetara negativamente, pois os ombros do
enorme homem à sua frente caem cansadamente.
— Sou eu Lua, Mason.
Ela o encarava com certa estranheza.
Então você é o famoso Mason Carter. Ela pensava.
— Meu melhor amigo e ex-namorado, estou certa?
Ela o via baixar o olhar.
— Olha Lua eu sinto muito mesmo não ter estado lá com você.
— Tudo bem cara nós tínhamos terminado mesmo, não é?
— Quem disse isso?
— Eu constatei, quer dizer eu fui embora então provavelmente tínhamos
terminado. Eu não te culpo cara, estou em processo de autoconhecimento,
parece que eu era bem confusa — ela sorria sem jeito.
— Nós brigamos, discutimos, algo bem difícil entre nós na verdade, por
que quase nunca brigávamos. Éramos muito grudados. Então uns dias depois
eu voltei aqui e você tinha partido, não tive mais notícias, não sabia do
acidente e quando descobri vim assim que soube.
Ela o encarava passar seu peso de um pé para o outro nervoso. Ele parecia
se sentir bem culpado.
— Olha. Eu ouvi muito falar de você, eu tentei por diversas vezes me
lembrar de você Mason. Só que não consegui e se você não tivesse aparecido
hoje aqui eu não teria um rosto para associar ao seu nome.
— Agora você já tem.
— É parece que sim. — Ela leva seus dedos até sua boca nervosa enquanto
roía uma unha arrancando uma camada fina de esmalte.
— Entendo que tudo esteja confuso para você agora, mas eu vim aqui por
que me importo com você, não quero que pense que a abandonei — ela
notava seu olhar entristecer.
Ela queria se lembrar dele, pois tinha certeza que ele deveria ser muito
importante antes na sua vida, senão não sonharia o tempo todo com ele. E vê-
lo ali parado com seu ar de culpa e seus ombros caídos, estava fazendo ela se
sentir mais culpada.
Ele a encarava. Estava visivelmente desconfortável.
— Então por que não começamos do começo novamente. Oi eu sou Mason
Carter, muito prazer — ele estendia sua mão em direção a ela.
Aquilo a faz sorrir levemente, ela segura sua mão e não deixa de notar
como elas se encaixam perfeitamente.
— Sou Luna. — Uma rápida imagem surge em sua mente e ela não pode
deixar de perguntar.— Pode parecer estranho, mas você usa jaleco?
— Sim, eu sou médico.
— Vai parecer mais estranho ainda — Ela dizia encarando seus dedos
ainda entrelaçados aos dele, seu olhar percorrendo toda extensão de seu braço
caindo sobre uma pulseira de couro com escritas em japonês. — Você não
dança para seus pacientes não é mesmo? — Perguntava sem jeito.
— Não Lua, só para você e de todas as nossas lembranças justo essa lhe
veio à mente? — Ela percebia um leve tom de malicia em sua voz e não pode
deixar de ficar vermelha.— Eu senti falta disso.
Percebe a mão livre do homem se aproximar de sua bochecha e então se
afasta soltando sua mão.
— Pois é minha mente é confusa.
— Você costumava me chamar de Kono baka.
— É a senha de acesso do meu computador — ela sorri surpresa.— Agora
está explicado.
— Como disse éramos muito grudados. Eu te trouxe algo — ela o vê
caminhar a passos largos até a mesa ao lado da porta e de lá trazer um copo
de café expresso da Starbucks. Escrito nele o nome Wolverine.
— Wolverine? — Ela encarava o copo sem entender o motivo.
— Sim ele perde a memória e em seguida luta para consegui-las de volta.
Não sei se isso ajuda, mas era algo que sempre fazíamos sabe comprar café
um para o outro.
— Sim eu vi o filme, mas não me sinto indestrutível e muito menos com
esqueleto de adamantium. Obrigada Mason.
Ela encarava o copo por um tempo e algumas rápidas palavras surgem em
sua mente e ela não se segura.
— Ponte para capitão — Diz pausadamente. Então o escuta responder.
— Capitão para tenente. — Ela encarava seus pés e percebe o movimento
de aproximação dele.
— Pois é cara eu meio que preciso terminar de arrumar algumas coisas.
Ele para.
— Eu, eu entendo Lua e foi muito bom ver você.
— Foi bom te ver também. — Ela sorri.
— Espero vir aqui mais vezes para que possamos conversar.
— Claro, a gente... A gente marca qualquer dia.
Mason faz menção de se afastar indo em direção a porta, mas sem ao
menos dar dois passos ele para e se vira para ela.
— Posso... Abraçar você? — Pergunta relutante.
— Pode sim, eu acho.
Então ela sente enormes braços a envolverem em um abraço caloroso.
Não sabia o que fazer então apenas se deixou ser abraçada por aquela
enorme figura e estranhamente sentiu-se confortável em seus braços,
encaixada e no lugar certo. Sentiu-se estranhamente em casa.
Involuntariamente suas mãos se movem até as laterais da cintura dele e
apertam o local levemente, sentindo a rigidez dos seus músculos. Ele
encostava sua cabeça em seu ombro e ela podia sentir sua respiração quente
bater em sua nuca.
— Mason — ela sussurrava.
— Sim Lua?
— Seu coração está batendo muito forte — ela podia sentir e ouvir as
batidas frenéticas do órgão em seu peito.
— Ele sentiu sua falta — os dedos dele a apertavam um pouco mais fortes.
— Eu sinto muito. Sinto muito por não me lembrar de você — ela se
desculpava sentindo certa angustia e ali aconchegada a ele Luna sentia-se
como a antiga Luna, mesmo que não recordasse totalmente de como ela era.
— Shhhh, está tudo bem minha Lua. Não precisa se desculpar, eu não irei
a lugar algum e não importa quanto tempo demore para que se lembre, eu
sempre estarei aqui. I’am here my dear Mais um flash surge, era como se a
presença dele fosse um botão de ativar em sua cabeça.
— I know.
Então ela sente suas mãos afagarem suas costas e de repente escuta ele
cantar bem baixinho o refrão da música que sonhara, com sua voz rouca e
emocionada ele cantava como se aquilo fosse o que sentisse no momento,
sentimentos não ditos e sim cantados.

♪♫
Baby, you're not alone
Cause you're here with me
And nothing's ever gonna bring us down
Cause nothing can keep me from lovin' you And you know its true
It don't matter what'll come to be
Our love is all we need to make it through ♪♫

Ao se lembrar de seu sonho ao ouvir a voz dele cantar aquela música, Luna
é invadida por uma enxurrada de sentimentos, ela se afasta levemente e ele a
encarava assim como ela.
Ela o observava com suas pupilas dilatadas seguidas de uma forte dor de
cabeça, era como se mil agulhas fossem enfiadas em seu cérebro. Naquele
momento leva suas mãos até as laterais das mesmas apertando levemente.
Ela o escutava perguntar em tom preocupado se estava tudo bem, mas não
conseguia responder por que agora sua mente era invadida por memórias a
muito esquecidas.
Hobbit.
Tenente.
Minha Lua.
Aquela voz, a voz que pertencia a ele não parava de falar aqueles apelidos
na sua cabeça. Palavras de carinho, noites de amor, pernas entrelaçadas na
cama, filmes de ficção cientifica, ela cantando em um palco e ele a
observando com um largo sorriso, palavras ditas em sussurros e gemidos,
lanternas japonesas, fogos de artifício, origamis e por fim o rosto de Mason.
A imagem completa que há tempos vinha sonhando.
Todas as coisas com que sonhara fazendo, agora não estava mais sozinha
nessas lembranças, mas sim com ele. Mason estava presente com ela em
todas elas, sempre ao seu lado, a beijando, rindo com ela, acariciando,
provocando, abraçando e o mais importante de tudo, a amando.
Ela cambaleia levemente para trás fechando seus olhos com força e
balançando sua cabeça em uma tentativa de reorganizar sua mente.
— Lua, o que houve?
Ela respirava de maneira ofegante abrindo levemente seus olhos e
encarando aquele par de olhos.
— Kono — agora ela o encarava de maneira diferente, em seu olhar podia
ser visto algo que não havia estado lá antes, podia ser visto o reconhecimento.
— Hobbit? — O escuta dizer. Podia notar que ele vira aquilo em seus
olhos.
— Por que demorou tanto Kono?
— Hobbit. Você, você se lembra de mim — ele dizia aquela frase com um
lindo sorriso do qual Luna sentira falta, seus olhos azuis marejados e suas
mãos trêmulas agora seguravam seu rosto. — Minha Lua — ela encostava
sua testa na dele fechando seus olhos deixando suas lágrimas enfim
escaparem de seus olhos.
— Kono. Meu Kono. Como pude me esquecer de você? — Ela acariciava
seu rosto também manchado por lágrimas.— Eu... Eu sinto muito, eu ia te
contar estava indo te contar e ele apareceu... — ela se cala por um breve
momento enquanto respirava fortemente tomando fôlego.
— Não minha Lua eu que peço desculpas, por demorar tanto e por deixar
em primeiro lugar você ter ido embora com aquele homem.
— A culpa foi minha Mason, eu me deixei ser manipulada. Ele me
ameaçou e ameaçou minha família fui covarde demais para ficar e enfrentar
isso ao seu lado. A sua mãe ela... Ela... — em sua voz podia se perceber certo
desespero.
— Ela está no lugar que a pertence agora. — Ele dizia com tristeza.
— Eu sinto muito não ter estado ao seu lado Kono, eu deveria ter ficado
e... — Sente os dedos de ele encostar-se a seus lábios.
— Lua, por favor, me deixa terminar o meu discurso ao menos uma vez.
Ela sorrindo se cala.
— Eu te abandonei sim minha Lua. Tenho consciência disso, de que deixei
você ir embora e eu sei que deveria ter ido atrás de você no momento que
soube de sua partida, mas é que fiquei tão irritado e triste pela sua falta de
confiança que não medi meus atos, mas o que aconteceu não interfere no que
sinto por você o que aconteceu lá atrás no passado, o que sua família fez com
meus pais não mudou o que sinto por você. Eu te amo Hobbit, fiquei muito
mal por você pensar que eu te recriminaria e isso ia me enlouquecendo aos
poucos então você partiu e minha mãe piorou e logo depois... — ele se cala.
— Mason— ela suspira levemente entrelaçando seus dedos aos dele. —
Nem sempre as coisas acontecem como planejamos e nem sempre falamos o
que sentimos. Sei que lhe devo desculpas, eu tentei fazer o melhor que podia
e por um tempo assumi meu lado passivo, mas de repente, já estava agindo
impulsivamente e o que não era para acontecer acabou acontecendo, eu te
magoei. Deixei-me ser influenciada por ele, fui covarde demais, medrosa
demais e todos os outros adjetivos decorrentes a minha fraqueza. Perdoe-me
eu te amo e te amei até quando achei que não amava.
Ela o vê abrir um leve sorriso entre algumas lágrimas, ele soltava suas
mãos e envolve seu rosto com as dele.
— Eu sempre vou perdoar você e se fiz você pensar naquele dia que tudo
estava acabado, me desculpa não foi minha intenção. Eu te amo tanto minha
Lua e senti tanto a sua falta, cada dia, minuto e segundo. Eu não sei viver sem
você.
— Sinto muito ter demorado tanto a me lembrar de você, uma parte tão
importante de mim — ela passeia suas mãos nos fios longos de seus cabelos
agora quase do mesmo comprimento que os dela. — Você pode deixar eles
assim? — Dizia se referindo a seus cabelos.
— Você gostou? Dá até para fazer um rabo de cavalo.
— Eu amei e a barba também.
Ela enroscava a ponta de seus dedos agora em sua barba puxando
levemente como costumava fazer antigamente.
— Lua eu estou horrível, não sei como não me deram dinheiro na rua.
Aquilo a fez rir no mesmo instante. Mason Carter e sua habilidade em
fazê-la rir.
— Eu gosto dessa aparência meio homem das cavernas.
— Aproveite esse meu look, pois amanhã mesmo vou aparar a barba e
cortar meu cabelo.
— Como se eu fosse deixar.
— Hobbit você não pode exigir nada, cortou seus cabelos.
— Eu não me lembrava da promessa que fiz de não cortar.
— Lua, não vamos ter essa discussão de novo.
— Alias Kono, como ficou todo esse tempo sem mim?
— Tirei férias e passei por longas terapias com um gatinho cinza que sente
sua falta.
— Não me referi a isso — ela sorria com malicia.
— É. Eu sei que não — ele lhe devolvia o sorriso. — Vamos dizer que foi
um período solitário e que nunca fiquei tanto tempo fora de ação.
— Está a fim de resolver isso?
Ele inclina se rosto e ela encaixa sem demora seus lábios aos dele, Luna
enlaçava seus braços em volta de seu pescoço, sentia tanta falta daquilo que
seu peito estava prestes a explodir tamanha era a felicidade que sentia ao
beijá-lo novamente.
Seus lábios devoravam os dele assim como os dele devoravam os dela,
suas línguas em uma dança frenética buscando território.
— Tem mais uma coisa que preciso te dar — ele se afasta interrompendo o
beijo e arrancando murmúrios insatisfeitos dela.
— Depois de todos esses meses, tem certeza que isso não pode esperar?
— Preciso mesmo fazer isso. Como você estava com amnésia retrogrado
eu sei que geralmente nesses casos uma pessoa em questão pode te mostrar
ou presentear com coisas que a ajudem a ativar sua memória, então eu saí e
comprei isso — ela o via tatear seus bolsos retirando de lá uma caixinha preta
com pequeno laço vermelho no bolso, ele lhe estendia a pequena caixa.— Fiz
uma visita a uma velha amiga.
Ela sorri pegando o presente e o abrindo, dentro ela se surpreende ao
encontrar um pequeno tsuru vermelho de cristal.
— Mason — ela encarava a peça delicada que reluzia.— É lindo.
— Na verdade eu o comprei por dois motivos, um era para ajudar você a se
lembrar e o outro era, bem... — ela o via passar as mãos em seus longos
cabelos um pouco nervoso.
Ele ainda tem o mesmo costume. Ela pensava.
Espera ai!
— Ai meu Deus — ela se recordava do significado do tsuru, havia lhe dito
há muito tempo o que significava.
— Claro que se não se lembrasse de mim a primeiro instante não iria te dar
isso. Eu iria esperar até você se lembrar.
Ele ria nervoso enquanto ela encarava a peça de cristal com seus olhos
arregalados ainda sem acreditar.
— E eu estava pensando Hobbit, eu não quero esperar, não quero mais
perder tempo, nós perdemos quase três anos e não quero mais fazer isso, eu
sei o que sinto e sei o que quero — dizia com convicção.— E eu quero passar
o resto da minha vida com você, por que nesses meses separados eu percebi
que sem você minha vida não é uma vida e eu não sou eu — ela o
interrompe.
— Kono dá para se ajoelhar logo e fazer o pedido para que eu possa dizer
sim e te arrastar para meu quarto?
Ela escuta sua risada e em seguida o encara ele se ajoelhar a sua frente.
— Luna Muniz Iasune — faz uma pausa — Você quer se casar comigo?
Ela imediatamente abre o mais largo sorriso que já dera.
— Sim seu idiota — dizia se jogando em seus braços o fazendo cair para
trás e a levar junto.
Ele escorrega a mão por sua cintura chegando à curvatura de seu quadril
com seus dedos atrevidos tocando sua bunda. Seu sorriso patenteado surge
em seus lábios.
— Senti falta desse sorriso.
— Senti falta de tudo Hobbit.
— Eu sei que sentiu minha falta, quem não sentiria?
— Ficar se achando não combina com você, deixe isso para mim.
— Quando estava voltando ao Brasil nosso voo fez conexão em Dublin e
no aeroporto conheci uma garota, ela era bailarina estava indo para Londres e
ela meio que levantou minha autoestima, uma pena não ter trocado contato,
ela parecia legal.
— Deveria ser mesmo, mas Hobbit podemos ir para um lugar mais
confortável ou eu vou tirar sua roupa aqui mesmo no chão da sala e quando
sua mãe voltar vai ter uma surpresa e tanto.
— Você já conhece o caminho — ele ergue seu corpo e o dela rapidamente
se levantando e caminhando com ela em seus braços pelo corredor em
direção ao seu quarto.
— Quero muito dar uns amassos com minha noiva.
— Minha noiva. Gostei disso, aliás não ganhei um anel.
Ele abre a porta de seu quarto.
— Prometo te comprar um amanhã, até te levo a joalheria para que escolha
o qual quiser.
— Que tipo de cara faz um pedido de casamento sem um anel?
— Não gostou do Tsuru? Fui pego desprevenido.
— Adoro quando fica nervoso por achar que não gostei de algo, senti falta
disso.
— Você é muito má quando quer. — Ela o via estreitar seus olhos.
Quando a coloca deitada na cama, seus olhos percorrem a mesma.
— Confesso que senti falta desse lençol do Chewbacca.
— Eu sei — ela sorri.
— Sabe Lua, me lembrei que você ainda me deve uma dança — diz ao se
debruçar sobre ela e se encaixar entre suas pernas.
— Vamos dançar no nosso casamento.
— Sabe que não é bem esse tipo de dança que me refiro.
Roça seus lábios aos dele o convidando.
— Mas posso fazer uma dança bem especial para você na nossa noite de
núpcias — diz com sua voz sufocada pelos seus lábios unidos — Com direito
a lingerie preta e de renda.
— Hum — geme entre beijos — Hobbit, mal posso esperar.
As mãos dele começam seus toques exploratórios pelo seu corpo,
moldando sua silhueta.
— Então capitão finalmente vai se juntar ao meu exército?
— Quanto ao exército eu não sei, mas — Ele aproxima seu rosto e com sua
voz sedutora e rouca de sempre ele continua — Peço permissão para pousar
— Ele pressiona sua pélvis contra a dela e sente o volume já existente ali.
— Concedida.
Dito isso Luna é envolvida por Mason como só ele sabia..
Cinco anos depois.

Luna chegava em casa, após um longo dia de trabalho em sua própria


clínica.
Isso mesmo, sua própria clínica veterinária, que abrira há dois anos depois
de ter se casado. Ela agora era a senhora Carter e também a doutora Carter.
Cinco anos se passaram desde o dia mais feliz de sua vida. Cinco anos
maravilhosos ao lado do homem que a cada dia a fazia mais feliz do que o
anterior, se é que isso era possível.
Sua casa agora ficava no centro, perto do hospital em que ele trabalhava e
de sua clínica. Dois andares e com um enorme jardim nos fundos para que
Mística agora um pouco mais velha e claro seu fiel companheiro Gandalf
pudessem brincar.
Luis, agora um de seus melhores amigos, claro que depois do seu marido, e
também padrinho do casamento deles havia mandado uma mensagem para
ela e na mesma dizia que tinha novidades a contar para os dois então marcara
com seu amigo e a namorada dele para se encontrarem em um restaurante.
Meu marido.
Era engraçado como duas palavrinhas podiam arrancar o mais sincero
sorriso de Luna.
Era realmente uma coisa inacreditável, quando conhecemos alguém com
quem possamos dividir nossa alma. Que nos aceita como somos e que nos
entenda inteiramente.
Pelo que pareceu um longo tempo ela se pegava pensando em o quanto
eles eram diferentes e ao mesmo tempo iguais e de um jeito perfeito ambos se
encaixavam.
Para aquela noite, Luna também tinha uma novidade que já vinha
guardando há algum tempo e estava esperando apenas o momento certo para
contar. Adentra no espaço que antecedia a sala de estar em sua casa e logo é
recebida por seus amigos.
— Oi, menina — ela acariciava Misty que era seguida por Gandalf que
empoleirado na mesa do hall a observava. — E oi Gandalf — ele miava. —
Kono! Cheguei! — Ela gritava já subindo as escadas em direção ao seu
quarto.
Entra no cômodo tirando os sapatos e jogando sua bolsa em cima da cama
e escuta o barulho do chuveiro ligado, quando para em frente à porta nota a
fumaça sair pela pequena fresta, denunciando o banho quente. Abre
vagarosamente e encosta-se ao batente observando cada detalhe do corpo de
seu marido.
O tempo realmente só fez bem a ele.
Percorria seus olhos por todo seu corpo demorando seu olhar por longos
segundos em seu traseiro perfeito e sentia um pouco de inveja da água quente
que percorria sua pele, por que na verdade ela mesma queria fazer aquilo.
Queria esfregar sua palma naquele contorno perfeito que era aquela região e...
— Está me deixando constrangido — ela é tirada de sua fantasia pela voz
dele, nem sequer percebera que ele havia desligado a água.
— Por favor, não fique, sinta-se em casa — ela mordia seus lábios.
Escuta sua risada baixa.
— Cheguei cedo. Decidi tomar banho primeiro, para estar pronto para
nosso aniversário, mas se quiser — ela o ouvia dizer enquanto enrolava uma
toalha em sua cintura.— Posso ficar mais um tempinho parado aqui.
— Tentador, mas preciso te contar uma coisa antes. — Ela sorria de forma
faceira.
— Me contar algo? — Ela o via arquear sua sobrancelha.— E tem algo de
indecente nessa sua confissão? Algo indecente que queira fazer comigo? —
Ela o via abrir o Box saindo do chuveiro.
As gotas de água percorriam seu tronco, descendo por todo seu corpo, ele
jogava seus cabelos para trás, agora de volta ao seu tamanho normal. Luna se
lembra de quando ele cortou há cinco anos e claro que ela não gostou. Seu
visual quando se reencontraram a havia agradado e quando ele mudou, bom
digamos que foi uma semana difícil para ele e sua mão.
Ele sorria para ela, aquele sorriso que ela tanto amava.
Tudo bem vamos dar um leve susto neste meu marido.
Tentava controlar suas reações adquirindo um semblante sério.
— Não tem nada de indecente, Mason — ela o chama pelo nome.
Percebe o semblante brincalhão e malicioso dele mudar e se tornar
preocupado.
— O que foi que eu fiz?
— Mason, eu... Eu conheci outra pessoa. — Ela tentava não rir ao ver os
olhos dele se apertarem tornando-se duas fendas e bem ao lado deles algumas
pequenas rugas podiam ser notadas.
Ainda não, se controla.
— Você está se referindo a algum novo avatar que criou no jogo “Diablo”?
Eu lembro que você me disse que estava apaixonada pelo mago na semana
passada.
Ai Kono, não mude nunca. Ela pensava.
— Não, eu estou falando de uma pessoa real, de carne e osso e eu estou
completamente apaixonada por ele.
— Entendo— ela o via adquirir uma postura mais séria, sua voz com o
mesmo timbre de sua postura.— Como ele é? — Mason a perguntava com
irritação.
Isso vai ser divertido.
— Eu ainda não sei.
— Como não sabe? Você acabou de me dizer que conheceu uma pessoa
real.
— Eu o vi rapidamente e foi amor à primeira vista, Mason. — Ela dizia a
palavra amor da mesma forma e com o mesmo sentimento que dizia que o
amava.
— Ok— ele cruzava seus braços, Lua sabia o que ele estava fazendo.
Mason estava adotando a postura de homem das cavernas evidenciando seus
músculos para mostrar quem mandava ali. — Então onde você o viu?
— Isso não importa o que importa é que você vai conhecê-lo em breve.
— Vai me apresentar o homem por quem está perdidamente apaixonada?
Acho que só preciso olhar no espelho para isso.
Ela se controla para não rir do seu comentário.
Ele nunca vai mudar.
— Não ia funcionar.
— Ok, Hobbit, aonde você quer chegar com essa história? — Ela via que
sua paciência estava no fim isso por que ele passava suas mãos nervosamente
em seus cabelos úmidos.
— Só estou deixando tudo às claras, você vai conhecer a pessoa que tomou
meu coração no instante em que a vi.
Tudo bem está quase na hora de contar.
— Então o que está me dizendo é — ele suspirava.— Que vai me
apresentar à pessoa por quem se apaixonou? O que é isso Hobbit?! Está
dando uma de... de... Qual o nome daquele funkeiro com vinte esposas?
— MC Catra? — Ela segurava sua risada ao máximo. — Tanto tempo no
Brasil e ainda não se situou?!
— Não sou fã de funk, então por que me lembraria? Olha as esposas dele
podem ser adeptas a esse tipo de relação, mas não eu, não Mason Carter. O
antigo — ele pensava.— Talvez, ele sim ia adorar ter vinte mulheres à sua
disposição.
Ótimo. Agora ele está falando de outras mulheres. Ela aperta levemente
seus punhos, com certo ciúme. Ele sabia direitinho como atingi-la.
— Mason, fica calmo você ainda vai demorar a conhecê-lo.
— Então vai me usar até ele chegar? Ótimo eu me sinto bem melhor agora
Hobbit. — Dizia exasperado.
Tudo bem é agora.
— Não vou usar você, bom talvez um pouco — ela suspirava agora
sorrindo para ele que a encarava sem entender.— Temos nove meses pela
frente — ela toca gentilmente sua barriga.
Ela o vê seguir seus movimentos e em seguida nota ele arregalar seus
olhos.
— Você... Você... Nós... — ela o via gaguejar.
Mason Carter sem palavras? Como queria ter uma câmera agora.
— Nós vamos ter um bebê — ele enfim consegue dizer.
Então Lua confirma com um movimento de cabeça sorrindo.
O olhar de seu marido para ela era extasiado e um pouco perdido, em seu
rosto um largo sorriso se forma enquanto ele se aproxima dela.
— É sério?
— Sim, eu estou com cinco semanas.
— Isso é... É maravilhoso, minha Lua — ela sentia as enormes mãos dele
agora em seu ventre e seus olhos presos aos dela.
— Eu queria te contar antes, mas achei melhor esperar por hoje.
— Há quanto tempo sabe?
— Mais ou menos uma semana.
— Tudo isso? Por que não me contou? Não deveria ter escondido.
— Eu queria te fazer uma surpresa Kono.
— Mesmo assim foi muito tempo, eu não gosto quando me esconde algo,
eu conto tudo a você.
— Sério que você está chateado, Kono? — Ela cruza seus braços rentes ao
peito.
— Não estou chateado é só que não quero que me esconda nada, sabe bem
que não deu certo da última vez.
Ela suspira.
— Tudo bem, na semana que vem vou fazer um ultrassom, você vem né?
— Tem alguma dúvida nisso? Eu mesmo faria, mas você insiste em manter
aquela médica. — Ela o via revirar seus olhos.
— Ela é minha médica há oito anos e vai fazer o meu parto.
— Ahhh, fala sério Hobbit. Eu vou ter eu ficar ouvindo aquela mulher falar
o que tenho que fazer no parto do meu filho?
— Vai se quiser assistir. — Ela o via suspirar irritado.— Se me der licença
papai eu preciso tomar um banho, temos um jantar com nossos amigos e Luis
me mandou uma mensagem dizendo que teria novidades.
— Sim ele me mandou uma também e em seguida me ligou para ter
certeza que recebi.
Ela ri, isso era bem à cara dele mesmo. Luna vai até o chuveiro e o liga.
Era engraçado imaginar Mason e Luis saindo como amigos. Mas aquilo
acontecia, criaram um vínculo de amizade que era engraçado de ver, pois
eram muito diferentes.
— Onde você pensa que vai assim tão rápido Hobbit? — Ela sente seu
corpo ser puxado em direção a ele e logo em seguida Mason a beija.
Podia sentir as mãos firmes de seu marido segurarem seus quadris, com
relutância ela se afasta.
— Anda vai se trocar, não quero que me atrase.
— Qual é Lua, são só beijos — as mãos dele passeavam por seu corpo.
— Você disse a mesma coisa quando me engravidou.
— Não me lembro de ter ouvido reclamações. — Agora ele sugava seu
pescoço, cinco anos e ele ainda tinha esse desejo.
Ela tenta se desvencilhar dele.
— Quer mesmo que eu saia? — Sentia as mãos dele entrar pelo tecido de
sua blusa. — Sinto falta dos seus gritos e gemidos neste banheiro, no nosso
quarto, sala, cozinha — ele beijava sua pele.
Não entendo o que ele está falando fizemos ontem mesmo. E também hoje
pela manhã. Ela pensa. Não estou reclamando. Eles faziam amor com muita
frequência, o desejo que ambos sentiam um pelo outro a cada dia parecia ser
mais crescente.
Era inútil, o corpo de Luna reagia sem que seu cérebro percebesse e
quando ela se deu por si já estava totalmente entregue aos toques de seu
marido.
— Esqueceu a garagem — ela dizia deixando seu corpo amolecer junto ao
dele.
— Como pude esquecer. Ahh claro e o carro, quarto de hóspedes.
— Somos muito pervertidos — ela dizia sentindo seu corpo relaxar.
Estava totalmente entregue, sabia que precisaria se aprontar, odiava chegar
atrasada e isso com Mason acontecia com certa frequência quando estavam
em situações como aquela.
Luna aproveita o estado distraído do marido que acariciava toda sua pele e
junta toda força em seu ser que conseguia encontrar o empurrando para fora
do banheiro e trancando a porta.
— Vai se trocar Kono, daqui a pouco temos que estar no restaurante — ela
sorri apoiada contra a porta do banheiro.— Mais tarde nós comemoramos.
— Sabe que vou cobrar isso — O escuta dizer do outro lado.
Mal posso esperar. Pensa ao morder o lábio inferior.
Ela toma um rápido banho e vestida em seu roupão sai apressada do
banheiro.
Veste seu vestido vermelho e penteia seus cabelos. Mason a abraça por
trás. Ele já estava devidamente vestido com sua calça social, camisa e
sapatos. Ela sorri ao sentir seus dedos brincarem com a alça de sua roupa e
depois quando suas mãos acariciando de leve seu ventre, estremecendo de
leve quando ele beija sua nuca e sussurra dizendo o quanto estava linda e
como amava seu cheiro.
Enquanto ela passava o batom seu celular toca, uma mensagem de sua mãe
que dizia para ligar a TV no canal nove onde o jornal passava.
— Pode ligar a Tv no canal nove?— Ela pede.
Observa curioso seu marido pegar o controle e fazer o que ela diz.
A voz da jornalista toma o cômodo em que estavam.
— E mais uma vez somos acometidos pela corrupção, falando direto de
Tóquio nosso repórter tem mais informações sobre a empresa Iasune
Corporation que agora está sendo investigada sobre suspeitas de assassinato e
venda ilegal de substâncias.
Então a imagem da TV muda e a câmera foca na empresa do pai de Luna e
vários policiais japoneses que a cercavam. O repórter que estava no local
agora falava.
— Estamos aqui no distrito de Shibuya onde uma grande investigação está
acontecendo, a empresa Iasune Corp agora está sob suspeitas e a polícia
japonesa entrou com sua intervenção neste exato momento levando em
custódia, vários documentos que comprovam o envolvimento da empresa
assim como os sócios envolvidos. Ao que tudo indica o presidente anterior
Hiroshi Iasune, hoje já falecido, está envolvido em um incêndio criminoso
cometido há mais de 25 anos. Mais informações em breve.
Então Mason desliga a TV.
— Nunca achei que seria ele a denunciar — Lhe dizia — Pensei que seria
eu — Ergue seus olhos e a encara com preocupação — Como seus pais estão
lidando com tudo isso?
Ela suspirava.
— Meu pai se mantém no controle, mas sei que no fundo ele só está
tentando ser forte por mamãe. Nós vamos ficar bem. Eles têm dinheiro
suficiente para viver longe de toda essa bagunça. Como meu pai era jovem na
época, seu nome não está envolvido, o que é bom.
— Meus pais finalmente podem descansar em paz agora— ela percebia o
marejar de seus olhos azuis.
— Sim, acabou Kono— Ela o abraçava fortemente — Agora só precisa se
preocupar com nós dois — Ela se afasta e toca seu ventre.
Ele vai até o criado mudo e de lá tira um porta-retratos.
— Achei isso nas coisas da minha mãe. — Ele lhe estende e ela pega o
objeto e sorri ao ver uma foto dele mais novo com seus verdadeiros pais.
— Eles parecem felizes.
— Eu não tenho muitas lembranças felizes com eles, mas lembro-me da
risada de minha mãe, que era plena e doce.
Ela observa encará-la com seus olhos marejados.
— Eu te amo minha Lua e vou amar o nosso filho com todo meu coração.
Tentarei ser um bom pai. Farei o que estiver ao meu alcance por ele e até
mais.
— Você vai ser Kono. O melhor de todos — acaricia seu rosto, passando a
palma pela sua barba rala.— Eu te amo Kono baka.
Ele ergue o braço para tocar sua face e de relance ela vê em seu pulso a
pulseira de couro que lhe dera há anos.
— Eu estou aqui. E sempre estarei Kono.
— I Know.
Ela pega seu rosto com suas pequenas mãos e o beija apaixonadamente.
— Vamos ser pais. Nem acredito nisso Kono — Dizia com animação nos
lábios do marido — Imagina nosso pequeno bebê — ela se afasta o suficiente
para encará-lo.— Tão pequeno, com olhos azuis e bochechas rosadas.
Ele sorria a admirando.
— Imagina ele tentando se comunicar. Fazendo aqueles barulhos estranhos
de bebê.
Ela começa a imitar os barulhos engraçados o fazendo rir.
— ARGH GHTAR GRARGA BUABUA ARGHAS.
— Hobbit. Por acaso você vai dar à luz ao Chewbacca? — Perguntava
rindo.
A risada dela se junta à dele.
Não adiantava. Ele nunca mudaria e ela não queria isso. Amava o jeito
dele, com sua habilidade com as respostas rápidas e as coisas engraçadas que
dizia. Era um fato, ela jamais se cansaria dele.
Ali nos braços do homem que amava, Luna tinha que concordar com uma
coisa que um dia certo loiro sarcástico com sorriso cativante de canto lhe
dissera. A vida dela com toda certeza seria tediosa sem ele.
Às vezes passamos a vida inteira procurando por alguém que nos
complete. Procurando a pessoa certa. Pois sempre esperamos que seja alguém
que não conhecemos ainda e por conta disso sempre estamos olhando para o
lado errado.
Uma coisa que Luna aprendera nesses anos todos é que se você procura
alguém especial na sua vida primeiramente olhe para a pessoa ao seu lado e
se pergunte. E se? Pois o amor sempre está aonde menos esperamos.
Outra coisa muito importante que lhe fora ensinado é que nunca se pode
desistir do amor. Deve se ter paciência, pois assim como o amor não é um
sentimento fácil, encontrá-lo também não é diferente. Se não deu certo da
primeira vez é por que não era para ser, aquela pessoa não era a certa para
você. Mas de alguma forma ela foi importante e te guiou até o caminho certo.
De mãos dadas e dedos entrelaçados. Mason e Luna deixam seu lar e
juntos partem para a primeira parada daquela noite de aniversário.
Uma cafeteria não muito longe dali. Uma antiga Starbucks. O lugar onde
tudo começou.
Não sabemos por onde começar são tantas pessoas para agradecer, tantos
nomes para lembrar que uma folha apenas não seria o suficiente.
Isso tudo começou com uma brincadeira de duas amigas. Dois personagens
que se transformaram em algo maior do que podíamos conter e uma amizade
tão forte que não caberia no peito. Nenhuma de nós chegou a imaginar que
publicaríamos um livro algum dia, mas aconteceu e só temos a agradecer a
todos que nos apoiaram nessa jornada.
Primeiramente queremos agradecer à nossas famílias, em especial nossos
pais, que plantaram em nós o amor pela literatura, nossas leitoras do grupo do
WhatsApp e grandes amigas que sempre nos acompanharam e nos apoiaram
durante a trajetória de um ano até o lançamento, nos dando cada teoria
maluca sobre a história. Nossas betas que sem os puxões de orelhas delas
nunca chegaríamos onde estamos. As queridas Amanda Marinho, Débora
Brenda, Patrícia Bragança e Wiwiany Eunice. O nosso mais especial
obrigado, vocês não são mais Padawans e sim Jedis.
Também deixamos nossos mais sinceros agradecimentos à editora Skull
por permitir que façamos parte da família. Espero que esse seja só o começo
de uma grande parceria.
Vocês todos são mais do que especiais e de alguma maneira fizeram parte
para que esse livro se tornasse uma realidade.
Os nossos sinceros agradecimentos. Até a próxima, Padawans.

[1]
Palavra do vocabulário americano que significa: merda.
[2]
Palavra do vocabulário japonês que siginifca: pervertido ou tarado.
[3]
Frase do vocabulario japonês siginifica: Grande pervertido.
Frase do vocabulário americano significa: Olá minha querida.
[4]

Vocabulario americano significa: sim senhor.


[5]

Palavra do vacabulario japonês significa: Olá ou bom dia.


[6]

Palavra do vocabulário americano significa: tudo bem ou ok.


[7]

Na frase em japonês que significa: Gosto disso, quando fica confuso.


[8]

Palavra do vocabulário americano significa: olá meu doce.


[9]

Vocabulario japonês significa: boa noite.


[10]

Despedida japonesa.
[11]

Frase do vocabulário americano significa: Olá minha querida amiga.


[12]

Expressão japonesa de revolta por uma circunstância significa: Mas que


[13]

droga, Que porra ou olha que merda!


Kawai, palavra japonesa que se refere a fofura, algo doce.
[14]

Vocabulário americano significa: do que você me chamou?


[15]

Vocabulário americano significa: você está pronta?


[16]

Vocabulario japonês significa: Obrigado idiota gato ou obrigado grande


[17]

gato.
Saudação japonesa que significa bem vindo; Senpai, palavra japonesa
[18]

usada para se referir a alguém em forma de respeito.


Expressão japonesa utilizada, antes de qualquer refeição.
[19]

Palavra utilizada no Japão da qual significa boas festas.


[20]

Despedida japonesa; Hana significa flor.


[21]

Vocabulário americano significa: Obrigada querido ou obrigado meu bem.


[22]

Vocabulario japonês significa: Podemos passear juntos ou andaremos


[23]

juntos
Vocabulario japonês significa: Poderiamos dormir no tempo juntos ou
[24]

compartilharemos uma cama no templo.


Vocabulario japonês significa: me desculpe ou peço desculpas.
[25]

[26] Vocabulario japonês significa: Eu também o desejo ou também desejo


você
[27] Vocabulário americano significa: Não, por favor, pare! Ou, por favor,
pare agora!
Vocabulário japonês significa: com licença ou peço lincença.
[28]

Saudação informal japonesa.


[29]

Vocaulario japonês significa: obrigado.


[30]

Vocabulário americano significa: eu estou aqui


[31]

Vocabulário japonês significa: droga ou porra.


[32]

Vocabulário americano significa: ei amigo ou ei amigão.


[33]
Vocabulário americano significa: olá querido sentiu minha falta?
[34]

Saudação de boas vindas japonesa.


[35]

Vocabulário americano significa: eu também estou feliz em ver você ou


[36]

estou feliz em te ver também.

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