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PROVA III DE MECÂNICA CLÁSSICA I - 28/04/2021

Departamento de Fı́sica - UFRRJ - Prof. Gabriel Menezes

Questão 1 (10,0)
Considere um sistema de duas massas M e m, de modo que M > m. Eles interagem entre si por
meio da força
K K0
F (r) = − 2 − 3 ,
r r
onde K e K são constantes reais positivas. Discuta os tipos de movimento para os casos K 0 > L2 /µ,
0

K 0 = L2 /µ e K 0 < L2 /µ, onde µ é a massa reduzida do sistema e L é o módulo do momento angular.

1
Soluções das questões

Questão 1
Conforme discutido em sala de aula, para um sistema de dois corpos, podemos tratar o problema em
termos dos vetores R e r, o vetor coordenada do centro de massa e o vetor de posição relativa entre
os dois corpos, respectivamente. Temos:
m M
R= r1 + r2
m+M m+M
e
r = r2 − r1
onde r1 (r2 ) é o vetor de posição do corpo de massa m (M ). Das equações de movimento para cada
um dos corpos, podemos derivar a equação de movimento para o movimento relativo:
d2 r
µ =F
dt2
onde
mM
µ=
m+M
é a massa reduzida. Uma vez que F = F (r)r̂, com
K K0
F (r) = − − 3 ,
r2 r
o problema se reduz a um problema de uma partı́cula com a força central. Podemos seguir com
cálculos análogos aos empreendidos acima para se obter a equação das órbitas. Teremos, portanto:
Z r
dr0
q =θ+C
2µE 04 2µK 03 (L2 −µK 0 ) 02
L2
r + L2 r − L2
r

onde C é uma constante de integração. Introduzindo a mudança de variáveis r = 1/u, obtemos que
Z u
du0
− q = θ + C.
2µE 2µK 0 (L2 −µK 0 ) 02
L2
+ L2 u − L2
u

Vamos distinguir três casos.

• L2 − µK 0 = 0
Nesse caso, temos
u
du0 1√
Z
− q =− 2EK 0 + 2KK 0 u = θ + C
2E
+ 2K 0
u K
K0 K0

ou seja
1 K E
= 0
(θ + C)2 − .
r 2K K

2
• L2 − µK 0 < 0
Nesse caso, temos
u
du0
Z
L
−p r 2 = θ + C
(µK 0 − L2 ) 
µK
α2 + u0 + (µK 0 −L2 )

onde
2µE µ2 K 2
α2 = − .
(µK 0 − L2 ) (µK 0 − L2 )2
Com a substituição de variáveis
µK
u0 + µK 0 −L2
senh v =
α
obtemos que (escolhendo o sinal positivo)
µK
" #
L −1
u+ µK 0 −L2
−p senh =θ+C
(µK 0 − L2 ) α

ou seja "p #
1 µK (µK 0 − L2 )
=− − α senh (θ + C) .
r µK 0 − L2 L

• L2 − µK 0 > 0
Nesse caso, temos
u
du0
Z
L
−p r 2 = θ + C
(L2 − µK 0 ) 
µK
β 2 − u0 − (L2 −µK 0 )

onde
2µE µ2 K 2
β2 = + .
(L2 − µK 0 ) (L2 − µK 0 )2
Com a substituição de variáveis
µK
u0 − L2 −µK 0
sen v =
β
obtemos que (escolhendo o sinal positivo)
µK
" #
L u− L2 −µK 0
−p sen−1 =θ+C
2 0
(L − µK ) β

ou seja "p #
1 µK (L2 − µK 0 )
= 2 − β sen (θ + C) .
r L − µK 0 L
Escolhendo
π L
C=− p
2 (L − µK 0 )
2

3
encontra-se que
`
r= √ 
(L2 −µK 0 )
1 +  cos L
θ

onde
1 µK
= 2
` L − µK 0
e s
2E(L2 − µK 0 )
 = β` = + 1.
µK 2
Note que, se E < 0 ( < 1), a órbita é limitada e temos a equação de uma elipse que precessa.
Para ver isso basta investigar o que ocorre, por exemplo, na periapsis (ou periélio, se o corpo de
massa M for o sol – a distância de máxima aproximação entre os corpos). A periapsis ocorre
sempre que o cosseno for igual a um. A primeira ocorre para θ = 0. A seguinte ocorre quando

µK 0
 
L
θ = 2π p ≈ 2π 1 +
(L2 − µK 0 ) 2L2

onde consideramos que µK 0 /L2  1. Observamos, portanto, que a órbita não fecha. Em vez
disso, a periapsis avança por um ângulo de πµK 0 /L2 a cada volta.

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