Você está na página 1de 77

Reparador de Eletrodomésticos

Princípio de funcionamento e como consertar


aspiradores de pó, secadoras de roupas,
liquidificadores e secadores de cabelo

Novo Hamburgo, dezembro de 2020.


Luís Marcelo da Silva
2

Luís Marcelo é Tecnólogo em Automação Industrial pela Faculdade de Tecnologia SENAI de


Porto Alegre. Possui experiência de 7 anos em sala de aula no Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI) e 20 anos de atuação em elétrica e eletrônica no setor
privado.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


3

Princípio de funcionamento e como consertar


aspiradores de pó, secadoras de roupas,
liquidificadores e secadores de cabelo

Ementa: Estudo sobre o princípio de funcionamento de aspiradores de pó, secadoras de


roupas, liquidificadores e secadores de cabelo. Construção de saberes sobre as diversas técnicas
de diagnóstico de defeito em aspiradores de pó, secadoras de roupas, liquidificadores e secadores
de cabelo. Investigação sobre os circuitos elétricos presentes em aspiradores de pó, secadoras de
roupas, liquidificadores e secadores de cabelo. Investigação sobre os principais defeitos em
aspiradores de pó, secadoras de roupas, liquidificadores e secadores de cabelo. Desenvolvimento
de técnicas, habilidades e conhecimentos para efetuar a manutenção segura em aspiradores de
pó, secadoras de roupas, liquidificadores e secadores de cabelo no dia a dia da profissão de
Reparador de Eletrodomésticos.

Objetivos: O tópico tem como objetivo conhecer os princípios de funcionamento de


aspiradores de pó, secadoras de roupas, liquidificadores e secadores de cabelo, partindo do
estudo do diagrama de blocos, e instrumentalizar o estudante para aplicação em problemas
práticos de manutenção presentes no dia a dia do profissional Reparador de Eletrodomésticos,
sempre priorizando a segurança no trabalho.

Avaliação: As atividades avaliativas são feitas ao término de cada módulo do curso. Para ser
aprovado, o estudante necessita obter a nota mínima 6 (seis) em todas as atividades avaliativas.

Recuperação: Cada atividade avaliativa possui 3 (três) tentativas permitidas. Finalizadas as


três tentativas, sem atingir a nota mínima de 6 (seis), o estudante terá direito a uma oportunidade
extra de recuperação.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


4

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 10
2 SEGURANÇA NO CONSERTO DE ASPIRADORES DE PÓ, SECADORAS DE ROUPAS,
LIQUIDIFICADORES E SECADORES DE CABELO ............................................................................... 11
2.1 Vestimenta e adornos ..................................................................................................... 11
3 PRÉ-REQUISITOS PARA O CONSERTO DE ASPIRADORES DE PÓ, SECADORAS DE ROUPAS,
LIQUIDIFICADORES E SECADORES DE CABELO ............................................................................... 13
3.1 Ferramentas e materiais.................................................................................................. 13
3.2 Instrumentos ................................................................................................................... 13
3.3 Diagramas elétricos ......................................................................................................... 14
3.4 Conhecimento ................................................................................................................. 14
4 PRINCIPAIS DEFEITOS EM COMPONENTES UTILIZADOS EM ASPIRADORES DE PÓ, SECADORAS
DE ROUPAS, LIQUIDIFICADORES E SECADORES DE CABELO .......................................................... 15
4.1 Cabo de alimentação ....................................................................................................... 15
4.2 Chave liga-desliga e controle de velocidade ................................................................... 16
4.3 Diodo retificador.............................................................................................................. 17
4.4 Interruptor eletrônico rotativo com regulação de velocidade ....................................... 18
4.4.1 Fim de curso de segurança ....................................................................................... 19
4.5 Protetores térmicos (anti-incêndio) ................................................................................ 20
4.5.1 Sistema bimetálico ................................................................................................... 20
4.5.2 Fusível térmico ......................................................................................................... 22
4.6 Temporizador (timer) ...................................................................................................... 22
4.7 Placas eletrônicas ............................................................................................................ 23
4.8 Engrenagens .................................................................................................................... 25
4.9 Resistência de aquecimento............................................................................................ 26
4.10 Motor ............................................................................................................................... 27
4.10.1 Motores de indução ................................................................................................. 27
4.10.2 Motores universais ................................................................................................... 28
4.10.3 Principais defeitos em Motores e sua solução ........................................................ 32

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


5

5 LIQUIDIFICADOR: CARACTERÍSTICAS E DEFEITOS ESPECÍFICOS ............................................. 42


5.1 Diagrama elétrico de liquidificador ................................................................................. 42
5.2 Funcionamento do Liquidificador.................................................................................... 43
5.3 Constituição do Liquidificador ......................................................................................... 43
5.4 Principais defeitos do Liquidificador ............................................................................... 46
6 ASPIRADOR DE PÓ: CARACTERÍSTICAS E DEFEITOS ESPECÍFICOS .......................................... 47
6.1 Diagrama elétrico de aspirador de pó ............................................................................. 47
6.2 Funcionamento do aspirador de pó ................................................................................ 47
6.3 Constituição do aspirador de pó ..................................................................................... 48
6.4 Principais defeitos do aspirador de pó ............................................................................ 49
6.4.1 Excesso de sujeira na turbina ................................................................................... 50
6.4.2 Filtro sujo, entupido ou rasgado .............................................................................. 51
6.4.3 Dicas para o reparador de aspirador de pó ............................................................. 51
7 SECADORA DE ROUPAS ELÉTRICA: CARACTERÍSTICAS E DEFEITOS ESPECÍFICOS .................. 53
7.1 Diagrama elétrico de secadora de roupas....................................................................... 53
7.2 Constituição da Secadora de roupas elétrica .................................................................. 55
7.3 Funcionamento da Secadora de roupas .......................................................................... 56
7.4 Principais defeitos da Secadora de roupas...................................................................... 56
7.4.1 Excesso de fiapos ..................................................................................................... 57
7.4.2 Correia patinando .................................................................................................... 57
8 SECADOR DE CABELOS: CARACTERÍSTICAS E DEFEITOS ESPECÍFICOS ................................... 59
8.1 Diagrama elétrico de secador de cabelos ....................................................................... 59
8.2 Funcionamento do secador de cabelos ........................................................................... 60
8.3 Constituição do secador .................................................................................................. 62
8.4 Principais defeitos dos secadores de cabelo ................................................................... 65
8.4.1 Não liga nada ............................................................................................................ 65
8.4.2 Ventila, mas não aquece .......................................................................................... 66
8.4.3 Cheiro de queimado, saindo “faíscas”, baixa ventilação ......................................... 67
8.4.4 Pouco ou nenhum vento .......................................................................................... 68
8.4.5 Não funciona na velocidade baixa ou temperatura baixa ....................................... 69
8.4.6 Não funciona na velocidade alta ou temperatura alta ............................................ 70

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


6

9 OUTROS DEFEITOS POSSÍVEIS ................................................................................................ 71


10 EXERCÍCIOS ............................................................................................................................. 72
10.1 Respostas dos exercícios ................................................................................................. 73
11 FIM DA APOSTILA ................................................................................................................... 74
12 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................... 75

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


7

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Risco mecânico presente em equipamentos com motores como


secadoras, liquidificadores e lavadoras. ........................................................ 11
Figura 2 - Utilize calçado adequado para eletricista durante os reparos em
eletrodomésticos. .......................................................................................... 12
Figura 3 - Luvas táteis para eletricistas. ................................................................ 12
Figura 4 - Típico cabo de alimentação rompido. .................................................. 15
Figura 5 - Modelos de chaves utilizados em secadores de cabelo, aspiradores de
pó e liquidificadores....................................................................................... 16
Figura 6 - Teste do cabo elétrico e do interruptor com multímetro. ................... 16
Figura 7 - Típico diodo retificador utilizado em secadores de cabelo para controle
da velocidade e da temperatura de operação. ............................................. 17
Figura 8 - Típicos circuitos eletrônicos de controle de velocidade de um
liquidificador. ................................................................................................. 18
Figura 9 - Modelos de chaves utilizadas em batedeiras que utilizam controle
eletrônico à base de TRIAC. ........................................................................... 18
Figura 10 - Circuito típico de um regulador de velocidade eletrônico com
TRIAC. ............................................................................................................. 19
Figura 11 - Teste de continuidade de chaves com multímetro. ........................... 19
Figura 12 - Típicas chaves fim de curso utilizadas em portas de secadoras de
roupas. ........................................................................................................... 20
Figura 13 - Exemplo de sistema de proteção do tipo bimetálico sendo utilizado
em uma resistência de secador de cabelo..................................................... 21
Figura 14 - Termostato bimetálico típico utilizado em secadoras de roupas....... 21
Figura 15 - Fusível térmico utilizado em uma secadora de roupas tipo varal. ..... 22
Figura 16 - Timer de secadora de roupas e outros eletrodomésticos
temporizados. ................................................................................................ 23
Figura 17 - Defeitos visíveis em placas eletrônicas. .............................................. 24
Figura 18 - Exemplo de solda fria .......................................................................... 24
Figura 19 - Inspeção em engrenagens: não lubrificar em excesso de modo que o
lubrificante não chegue ao motor ou a qualquer componente elétrico. ...... 25
Figura 20 - Mecanismo de arraste de um liquidificador bom e desgastado. ....... 26
Figura 21 - Engrenagem danificada em liquidificador. ......................................... 26
Figura 22 - Exemplo de resistências utilizadas em secadoras de roupas. ............ 26
Figura 23 - Típico motor de indução com arranque capacitivo utilizado em

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


8

secadoras de roupas. ..................................................................................... 27


Figura 24 - Motor de indução monofásico montado em uma secadora de
roupas. ........................................................................................................... 28
Figura 25 - Motor universal: trata-se de um motor com características de um
motor de corrente contínua, tipo série. ........................................................ 28
Figura 26 - Partes construtivas do motor universal. ............................................. 29
Figura 27 - Representação do motor universal. ................................................... 30
Figura 28 - Eixo do motor universal acoplado a engrenagens. ............................. 30
Figura 29 - Detalhes de motores universais. Esquerda: rotor de um secador de
cabelo. Direita: motor universal completo de um liquidificador. ................. 30
Figura 30 - Detalhes de um motor universal utilizado em secador de cabelos. ... 31
Figura 31 - Exemplos de buchas de motores. ....................................................... 33
Figura 32 - Rolamento de um motor elétrico. ...................................................... 33
Figura 33 - Ruído em motor causado por ventoinha plástica rachada. ................ 34
Figura 34 - Alguns modelos de ventoinhas disponíveis no mercado de
reposição........................................................................................................ 34
Figura 35 - Exemplo de mancal e bucha de motor de secador de cabelo. ........... 35
Figura 36 - Motor lento devido ao excesso de sujeira. ......................................... 35
Figura 37 - Escovas com carvão ou molas gastas podem gerar o defeito “não
liga”. ............................................................................................................... 36
Figura 38 - Teste do capacitor............................................................................... 37
Figura 39 - Rotor (induzido) de um aspirador de pó queimado. .......................... 37
Figura 40 - Teste de isolação de um rotor bobinado (induzido). .......................... 38
Figura 41 - Fusível térmico no bobinado de motores. .......................................... 39
Figura 42 - Faiscamento típico entre escovas e comutador de um motor
universal. ........................................................................................................ 40
Figura 43 - Limpeza das ranhuras do coletor. ....................................................... 40
Figura 44 - Comparação entre escovas em bom estado e danificadas. ............... 41
Figura 45 - Diagrama elétrico básico de um liquidificador. .................................. 42
Figura 46 - Típicos circuitos eletrônicos de controle de velocidade de um
liquidificador. ................................................................................................. 43
Figura 47 - Principais componentes de um liquidificador. ................................... 44
Figura 48 - Liquidificador, seu motor do tipo universal e chave rotativa de
seleção de velocidade. ................................................................................... 44
Figura 49 - Típico motor universal de liquidificadores. ........................................ 45
Figura 50 - Diagrama elétrico típico de um aspirador de pó simples contendo

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


9

cabo de alimentação, motor, protetor térmico e chave liga-desliga. ........... 47


Figura 51 - Aspirador de pó: modelos cilíndricos. ................................................ 48
Figura 52 - Vista típica do motor universal utilizado em um aspirador de pó
residencial. ..................................................................................................... 48
Figura 53 - Escova e porta-escova típica de um motor de aspirador de pó. ........ 49
Figura 54 - Exemplo de aspirador de pó com escovas rotativas movidas por
correias. ......................................................................................................... 49
Figura 55 - Faiscamento no coletor do motor de aspirador de pó devido a escova
gasta. .............................................................................................................. 50
Figura 56 – Fluxograma de manutenção de um aspirador de pó ......................... 52
Figura 57 - Tipos de secadoras de roupa: varal e tambor. ................................... 53
Figura 58 - Diagrama elétrico típico de uma máquina de secar tipo tambor
giratório. ........................................................................................................ 53
Figura 59 - Diagrama elétrico típico de uma máquina de secar do tipo varal. ..... 54
Figura 60 - Componentes da secadora de roupas elétrica. .................................. 55
Figura 61 - Detalhe do sistema de motorização mostrando o motor, as roldanas
e o esticador por mola. .................................................................................. 58
Figura 62 - Diagrama elétrico do secador de cabelo. ........................................... 59
Figura 63 - Diagrama elétrico do secador de cabelo. ........................................... 60
Figura 64 - Chaves de controle de temperatura e velocidade.............................. 61
Figura 65 - Típicos geradores de íons utilizados em secadores de cabelo (um
terminal deve ficar solto, sem ligação elétrica alguma). ............................... 62
Figura 66 - Terminal gerador de íons. ................................................................... 62
Figura 67 - Principais componentes de um secador de cabelo típico. ................. 63
Figura 68 - Secadores de baixa potência utilizam motores CC. ............................ 63
Figura 69 - Componentes de um secador de cabelos. .......................................... 65
Figura 70 - Bimetálico de proteção típico de secador de cabelo.......................... 66
Figura 71 - Típicas resistências de secador de cabelo. ......................................... 66
Figura 72 - Limpeza interna em secadores de cabelo........................................... 67
Figura 73 - Sujeira interna em secador de cabelo. ............................................... 68
Figura 74 - Típicos motores utilizados em secadores de cabelo: motor universal e
motor CC. ....................................................................................................... 68
Figura 75 - Teste do Diodo. ................................................................................... 69

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


10

1 INTRODUÇÃO

O curso Reparador de Eletrodomésticos oferecido pelo IFSUL foi desenvolvido com o objetivo
de atender profissionais ou estudantes, maiores de 18 (dezoito) anos, com no mínimo o Ensino
Fundamental I completo, que estejam:

● Interessados em desenvolver habilidades relativas à execução de reparos básicos em


aparelhos eletrodomésticos, seguindo procedimentos, legislação, normas técnicas e ambientais,
priorizando sempre a saúde e a segurança.
Ou
● Interessados em aumentar sua renda familiar, atuando como microempreendedor ou
como empregado de empresas de assistência técnica, ou mesmo para reparar seus próprios
eletrodomésticos, seguindo procedimentos, legislação, normas técnicas e ambientais, priorizando
sempre a saúde e a segurança.

Pensar com clareza é condição indispensável para analisar de forma adequada o que está
acontecendo com o equipamento defeituoso. Para além dos instrumentos de medida elétrica, os
conceitos da eletricidade e da eletrônica são as principais ferramentas de trabalho. Para ser um
bom e responsável profissional, é necessário ter um conjunto de conceitos coerentemente
articulados entre si. Sem os conceitos, o profissional corre o risco de trabalhar apenas com
subjetividades, palpites e aparências.

É importante destacar que o trabalho do reparador de eletrodomésticos, apesar de ser


eminentemente prático, requer o domínio de conhecimentos técnicos, ou seja, para poder
identificar o defeito e efetuar o conserto com presteza, qualidade e principalmente com
segurança, é indispensável que o profissional conheça os fundamentos teóricos dos dispositivos,
circuitos e sistemas presentes nos eletrodomésticos.

E este módulo tem tudo a ver com isso!


Bons estudos!

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


11

2 SEGURANÇA NO CONSERTO DE ASPIRADORES DE PÓ,


SECADORAS DE ROUPAS, LIQUIDIFICADORES E
SECADORES DE CABELO

Inicialmente, lembre-se de seguir todas as orientações repassadas no tópico 1 do curso:


Segurança no Reparo de Eletrodomésticos.

Além dos riscos de acidente inerentes ao trabalho com eletricidade decorrentes dos
choques elétricos e das queimaduras, a manutenção de aspiradores de pó, secadoras de roupas,
liquidificadores e secadores de cabelo apresenta risco de acidentes mecânicos devido à presença
de motores, polias, correias e engrenagens.

Figura 1 - Risco mecânico presente em equipamentos com motores como secadoras, liquidificadores e lavadoras.

Todos os equipamentos que possuam engrenagens e possam enroscar qualquer parte do


corpo, incluindo cabelo ou roupa, devem ser totalmente protegidos. Quando, por causa da
manutenção e/ou reparos, os itens de proteção são removidos, eles devem ser reinstalados antes
de serem colocados para funcionar.

É necessário conhecer todos os pontos perigosos das máquinas e evitar se aproximar deles
quando em funcionamento.

2.1 Vestimenta e adornos

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


12

O reparador de eletrodomésticos não deve utilizar relógio, anéis ou qualquer outro tipo de
adorno durante a manutenção. O reparador deve utilizar vestimenta de manga longa, de material
não inflamável, como o padrão NR10 antichama.

Figura 2 - Utilize calçado adequado para eletricista durante os reparos em eletrodomésticos.

Figura 3 - Luvas táteis para eletricistas.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


13

3 PRÉ-REQUISITOS PARA O CONSERTO DE


ASPIRADORES DE PÓ, SECADORAS DE ROUPAS,
LIQUIDIFICADORES E SECADORES DE CABELO

3.1 Ferramentas e materiais

O ideal é que o reparador possua o jogo completo de ferramentas, conforme tratado no


tópico 10 do curso. Assim, estará preparado para efetuar o reparo em qualquer modelo de
equipamento. Mas, para a maioria dos modelos de eletrodomésticos citados neste tópico, o
reparador precisará de:

• Chave de fenda isolada 5mm ou 6mm.

• Chave de fenda cruzada isolada 5mm ou 6mm (Philips).

• Alicate universal isolado.

• Alicate de bico reto isolado.

• Alicate de corte diagonal isolado 6” (polegadas).

• Ferro de solda de 30W com sugador e estanho em fio para solda 1mm.

• Fita isolante de qualidade.

• Pincel isolado.

• Lubrificante.

• Limpa contatos.

• Lixa fina de papel.

• Jogo de chave torks (para os aspiradores).

3.2 Instrumentos

Indispensável: Multímetro preferencialmente com capacímetro, teste de continuidade e


ohmímetro com escala de 200MΩ.

Complementar (útil, mas não essencial): Megômetro, amperímetro alicate, sacador de


buchas e rolamentos.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


14

3.3 Diagramas elétricos

Idealmente, o reparador deve possuir o esquema elétrico específico do modelo de


eletrodoméstico em manutenção. Procure o diagrama na internet ou em casas especializadas em
diagramas. Caso não encontre o esquema específico, os diagramas genéricos, fornecidos nesta
apostila, serão suficientes para identificação e conserto da maioria dos defeitos.

3.4 Conhecimento

Assim como você não pode iniciar o reparo sem as ferramentas e os instrumentos adequados
para o trabalho, você não pode iniciar os trabalhos sem os conhecimentos técnicos e de
segurança. O conhecimento técnico é na verdade a sua principal ferramenta de trabalho.

Vamos lembrar que este material trata do tópico 16 do curso Reparador de Eletrodomésticos.
Ou seja, antes de começar a efetuar o conserto, é indispensável que você tenha cursado ao menos
até o tópico 12 do curso. São eles:

Tópico 1 sobre a Segurança no Reparo de Eletrodomésticos: trata-se de um tópico prioritário,


pois a segurança e a vida sempre devem vir em primeiro lugar.

Tópicos 2, 3, 4 e 5 sobre Fundamentos de Eletricidade e Eletrônica: tratam das bases para o


entendimento do princípio de funcionamento do equipamento e o correto diagnóstico do defeito.

Tópicos 6, 7, 8, 9 e 10 sobre Soldagem e dessoldagem de componentes eletrônicos: tratam


sobre os principais instrumentos de medida utilizados no reparo de eletrodomésticos; sobre como
testar os principais componentes elétricos e eletrônicos; e sobre as principais ferramentas e
materiais necessários ao manutentor de eletrodomésticos. Trata-se dos princípios práticos
necessários ao manutentor.

Tópicos 11 e 12: tratam sobre fundamentos da manutenção preventiva, preditiva e corretiva;


sobre os principais defeitos em eletrodomésticos; e sobre as técnicas de detecção e diagnóstico
de defeitos em equipamentos. Trata-se dos fundamentos da manutenção.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


15

4 PRINCIPAIS DEFEITOS EM COMPONENTES


UTILIZADOS EM ASPIRADORES DE PÓ, SECADORAS DE
ROUPAS, LIQUIDIFICADORES E SECADORES DE CABELO

4.1 Cabo de alimentação

A maioria dos eletrodomésticos são equipamentos móveis, ou seja, seu cabo de alimentação
é muito exigido mecanicamente e pode vir a se romper, gerando o sintoma “nada funciona”.

• Sintoma: Nada funciona.

• Provável causa: Cabo de alimentação rompido.

• Solução: Consertar o cabo (emendar e isolar; normalmente não é necessário trocar o cabo,
mas, se for necessária a troca, utilizar fio super flexível).

Figura 4 - Típico cabo de alimentação rompido.

Veja este vídeo sobre conserto de cabo de secador de cabelo (use luvas isolantes).

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


16

4.2 Chave liga-desliga e controle de velocidade

A outra forma de controle de velocidade é através da ligação do motor, alterando-se o


número de polos, situação possível nos motores de indução, que pode ser aplicada nas secadoras
para ter a movimentação das roupas mais suave.

Todas estas opções são selecionadas através de chaves seletoras de modelos variados, mas
que eletricamente funcionam do mesmo jeito.

As chaves possuem vida útil e são grandes causadoras de defeitos: muitas vezes por quebra
de sua estrutura plástica, muitas vezes por desgaste em seus contatos elétricos.

Figura 5 - Modelos de chaves utilizados em secadores de cabelo, aspiradores de pó e liquidificadores.

Figura 6 - Teste do cabo elétrico e do interruptor com multímetro.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


17

Tanto as chaves liga-desliga como as chaves comutadoras de velocidade devem ser testadas
com um multímetro na escala de ohms ou na escala de teste sonoro de continuidade.

Interruptor na posição ligado deve registrar continuidade no multímetro. Interruptor na


posição desligado não deve apresentar continuidade no multímetro.

4.3 Diodo retificador

Os motores podem ser alimentados com tensão inferior que a nominal para reduzir a
velocidade de giro; isto pode ser obtido através do uso de diodo retificador, transformando a onda
completa da rede elétrica em meia onda, e, por consequência, a tensão cai para praticamente a
metade. Esse princípio também é utilizado para o controle da temperatura dos secadores de
cabelo.

Figura 7 - Típico diodo retificador utilizado em secadores de cabelo para controle da velocidade e da temperatura
de operação.

Um diodo defeituoso pode estar em curto ou aberto. A maneira correta de testar um diodo é
com um multímetro na escala de teste de diodo.

Veja o vídeo sobre como testar um diodo.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


18

4.4 Interruptor eletrônico rotativo com regulação de


velocidade

Figura 8 - Típicos circuitos eletrônicos de controle de velocidade de um liquidificador.

Alguns eletrodomésticos que possuem muitos ajustes de velocidade diferenciados, como


batedeiras e liquidificadores, fazem uso de uma placa eletrônica para controlar a velocidade.

Figura 9 - Modelos de chaves utilizadas em batedeiras que utilizam controle eletrônico à base de TRIAC.

Para testar se a chave controladora de velocidade é a causa no defeito, podemos curto-


circuitá-la com um pedaço de fio condutor. Se, ao energizar o equipamento, ele funcionar na
velocidade máxima, saberemos que a causa raiz é a placa eletrônica de controle de velocidade.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


19

Figura 10 - Circuito típico de um regulador de velocidade eletrônico com TRIAC.

A placa normalmente é composta de uma chave de múltiplos contatos e um circuito de


dimerização com triac, diac e resistores. Você pode testar/trocar o componente avariado ou
substituir a placa por inteiro.

4.4.1 Fim de curso de segurança

Esta falha ocorre com todos os aparelhos que possuem porta ou travas de segurança para
evitar acidentes ao usuário. Ocorre nas secadoras de giro de tambor, em todas as lavadoras de
roupas, em todos os micro-ondas, mas também em alguns liquidificadores, multiprocessadores e
outros aparelhos.

Segue abaixo o desenho do teste para este componente. É um teste de continuidade igual ao
teste de qualquer outro tipo de chave: neste caso, a chave está aberta quando a porta está aberta,
e fechada quando a porta está fechada, possibilitando o funcionamento seguro da máquina.

Figura 11 - Teste de continuidade de chaves com multímetro.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


20

Todos os eletrodomésticos com portas, como as secadoras giratórias, por exemplo, utilizam
um interruptor para desligamento do equipamento ao abrir a porta, também chamado de chave
de segurança, ou microchave.

Figura 12 - Típicas chaves fim de curso utilizadas em portas de secadoras de roupas.

As chaves fim de curso devem ser testadas com um multímetro na escala de ohms ou na
escala de teste sonoro de continuidade.

4.5 Protetores térmicos (anti-incêndio)

É comum o uso de dispositivos de proteção contra sobretemperaturas em eletrodomésticos,


tanto na proteção de sobretemperatura gerada por resistências de aquecimento, como na
proteção de sobretemperaturas nos bobinados de motores.

Um detalhe importante dos dispositivos de proteção térmicos é que eles não possuem seus
terminais soldados, mas sim fixados mecanicamente com conectores ou parafusos. Isso se deve à
alta temperatura a que estão expostos, que poderia liquefazer a solda de estanho.

4.5.1 Sistema bimetálico

Os sistemas de proteção contra sobretemperaturas do tipo bimetálicos são componentes de


baixo custo e, por isso, largamente utilizados em eletrodomésticos.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


21

Figura 13 - Exemplo de sistema de proteção do tipo bimetálico sendo utilizado em uma resistência de secador de
cabelo.

O dispositivo bimetálico funciona como um fusível autorresetável que desliga a resistência do


aquecedor quando superaquece e, após o resfriamento, retorna à sua posição original fechada.

Pode acontecer que seus contatos se queimem com o tempo e ele pare de funcionar
normalmente. Então, o reparador deve restaurar um bom contato. Para tanto, use uma lixa fina
suavemente (uma lixa de unha se encaixa perfeitamente), mas não use uma lixa mais espessa do
que a espessura do contato. Caso contrário, você acabará entortando as placas de contato.

Às vezes, uma flexão na chapa metálica é necessária para restaurar o bom contato. Mas tenha
cuidado, não é tão fácil. Lembre-se de que tudo está fixado em uma base de mica frágil e,
aplicando esforços excessivos, você pode piorar as coisas.

Os relés térmicos de sobrecarga devem ser testados com um multímetro na escala de ohms
ou na escala de teste sonoro de continuidade.

Figura 14 - Termostato bimetálico típico utilizado em secadoras de roupas.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


22

4.5.2 Fusível térmico

Diferentemente do sistema de proteção do tipo bimetálico que volta à posição FECHADA


quando a temperatura retorna ao normal, os fusíveis térmicos se fundem quando submetidos a
temperaturas acima do limite de proteção para o qual são projetados, necessitando sua
substituição por outro de iguais características.

Os fusíveis térmicos possuem grande uso nos motores monofásicos de indução das secadoras
de roupas.

Nunca substitua um fusível térmico por um fusível comum. O princípio de funcionamento é


diferente, e a proteção térmica deixará de funcionar, podendo ocorrer um incêndio.

Figura 15 - Fusível térmico utilizado em uma secadora de roupas tipo varal.

Veja o vídeo sobre como funciona o fusível térmico.

Os fusíveis térmicos devem ser testados com um multímetro na escala de ohms ou na escala
de teste sonoro de continuidade.

4.6 Temporizador (timer)

As secadoras de roupas são programadas para funcionarem por um determinado tempo. Nas
mais sofisticadas, o controle do tempo pode ser feito através da placa eletrônica, mas os modelos

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


23

mais simples utilizam um temporizador ou timer elétrico para esta função. O funcionamento é
bem simples: ao girar a manopla, parando na programação ou no tempo desejado, ele fecha os
contatos até decorrer o tempo, quando abrirá os contatos para desligar a secadora.

Figura 16 - Timer de secadora de roupas e outros eletrodomésticos temporizados.

Os timers devem ser testados com um multímetro na escala de ohms ou na escala de teste
sonoro de continuidade. Quando acionado, o timer deve manter seu contato fechado pelo tempo
regulado; após terminado o tempo regulado, o contato do timer deve se abrir.

4.7 Placas eletrônicas

Em equipamentos como secadoras de roupas, é comum o uso de placa eletrônica para seleção
das funções e controle de resistência e movimento da máquina. O conserto de placa normalmente
não é realizado pelo manutentor de eletrodomésticos, embora seja possível fazê-lo. Mas é
importante atentar para alguns sintomas que indicam ser uma falha de placa: *Falhas no display:
modelos com display podem apresentar falhas nos leds.

*Não liga alguma funcionalidade da máquina: pode ser devido a uma saída da placa com
defeito ou ao botão de comando não estar funcionando. No caso de saída da placa com defeito
(não está comandando), pode-se procurar o diagrama elétrico da máquina no manual ou na
internet, selecionar o movimento que se deseja e medir a saída da placa para ver se existe tensão.
Com este procedimento é possível definir se o defeito está na placa ou se está em algum
dispositivo alimentado por ela. Botões de comando normalmente são facilmente medidos com
ohmímetro ou testador de continuidade.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


24

*Inspeção visual da placa: é importante sempre olhar bem a placa, pois é comum as falhas
estarem visíveis, e o uso de uma lupa com boa iluminação direta ajuda muito. Pode-se verificar os
seguintes danos:

a) Danos por superaquecimento ou carbonização de componentes, de placa ou outros


danos visíveis: componentes com marca de aquecimento, estufados ou rachados podem ser
substituídos.

Figura 17 - Defeitos visíveis em placas eletrônicas.

b) Trilhas rompidas: pode-se recuperar trilhas rompidas. Recomendável o uso de lupa para
inspeção.

c) Mau contato ou solda fria: solda fria pode ser ressoldada. A inspeção deve ser cuidadosa,
pois a evidência pode ser muito sutil. O uso de uma lupa ajuda nesta verificação.

Figura 18 - Exemplo de solda fria

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


25

d) Terminais, pinos ou cabos rompidos: pode-se forçar um pouco com a mão ou alguma
ferramenta os pontos de conexão para verificar se existe algum rompimento neles.

e) Teste rápido de componentes eletrônicos: pode-se efetuar um teste rápido de


componentes com o uso de multímetro, como relés, diodos, capacitores, resistores, transistores
e outros. Deve-se tomar cuidado com estes testes, pois com componente soldado na placa os
valores podem ser diferentes do valor medido com o componente solto. Então, pode-se testar
boa parte dos componentes e desconectar apenas um terminal dos componentes suspeitos para,
aí sim, efetuar um teste correto com o multímetro; confirmando o defeito, pode-se substituir o
componente.

f) Análise da placa com diagrama eletrônico: é possível conseguir o esquema eletrônico de


algumas placas pela internet e, para os mais aficionados em eletrônica, aprofundar o estudo
específico para resolver problemas em placas eletrônicas.

4.8 Engrenagens

As engrenagens são componentes mecânicos que costumeiramente causam defeitos em


eletrodomésticos. Depois de avariada uma engrenagem, a única solução é a substituição.
Intervenções preventivas e preditivas reduzem a chance de avarias em engrenagens.

Figura 19 - Inspeção em engrenagens: não lubrificar em excesso de modo que o lubrificante não chegue ao motor
ou a qualquer componente elétrico.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


26

Figura 20 - Mecanismo de arraste de um liquidificador bom e desgastado.

Figura 21 - Engrenagem danificada em liquidificador.

4.9 Resistência de aquecimento

Normalmente as resistências de aquecimento são feitas de uma liga chamada de nicromo


(uma liga de níquel e cromo). O nicromo tem uma cor cinza escuro. A resistividade do nicromo é
em média 1,1 ohm.mm2/m.

Figura 22 - Exemplo de resistências utilizadas em secadoras de roupas.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


27

As resistências de aquecimento devem ser testadas com um multímetro na escala de ohms.


Identificada uma resistência aberta, opte preferencialmente pela sua substituição ao invés de
tentar emendá-la (lembre-se de que resistências de aquecimento não aceitam solda estanho).

4.10 Motor

Eletricamente, o motor é constituído por um estator e por um rotor. O estator é a parte fixa
do motor, constituído de chapas de aço magnético e com polos nos quais estão presentes as
bobinas de campo. O rotor é a parte móvel do motor, também denominado de armadura, que é
constituído de chapas magnéticas e ranhuras para a inserção dos condutores.

Os motores dos eletrodomésticos deste tópico seguem os mesmos princípios já estudados;


aplicam-se as mesmas regras de medição de bobinas, isolação, capacitor (quando presente) e
escovas (quando presentes).

Embora os motores elétricos tenham muitas características em comum, é importante


relembrar algumas peculiaridades: motores universais (com escovas) são utilizados em
aspiradores de pó e secadores de cabelo, batedeiras e liquidificadores; e motores de indução
(com arranque capacitivo) são utilizados em secadoras de roupas.

4.10.1 Motores de indução

Os motores de indução são ideais para secadoras de roupa devido à simplicidade, à elevada
potência, à durabilidade e à baixa necessidade de manutenção.

Figura 23 - Típico motor de indução com arranque capacitivo utilizado em secadoras de roupas.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


28

Figura 24 - Motor de indução monofásico montado em uma secadora de roupas.

Assista a este vídeo para entender o funcionamento de um motor de indução


monofásico com capacitor permanente

4.10.2 Motores universais

O motor universal é um motor elétrico de pequenas dimensões, projetado para ser utilizado
em aparelhos portáteis ou de uso doméstico. Exemplos de aplicação: aspirador de pó, máquina
de costura, liquidificador, batedeira, lixadeira, enceradeira e furadeira.

Figura 25 - Motor universal: trata-se de um motor com características de um motor de corrente contínua, tipo
série.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


29

O motor universal é chamado assim porque pode trabalhar tanto em corrente alternada,
quanto contínua. Apesar desta versatilidade, ele é muito mais utilizado em corrente alternada que
em contínua, e é um dos motores mais utilizados em eletrodomésticos de pequeno porte, tais
como liquidificadores, batedeiras, furadeiras, ventiladores e aspiradores de pó. Geralmente são
utilizadas potências de até 0,75 CV.

O motor universal é na verdade um motor CC série adaptado para trabalhar em CA. A


adaptação consiste no uso de escovas mais resistentes e de um núcleo laminado.

Figura 26 - Partes construtivas do motor universal.

O motor universal possui dois terminais e comporta-se como um motor CC série; não é
possível inverter o sentido de giro ao inverter os terminais. Para mudar o sentido de giro, é
necessário inverter internamente as escovas. Em alguns casos, os motores já vêm com uma chave
de seleção para inverter os terminais das escovas e, por consequência, o giro do motor, como no
caso das parafusadeiras ou de algumas furadeiras. Além disso, uma importante característica do
motor universal com excitação série é o alto torque de partida, sendo ideal justamente para estes
equipamentos: furadeiras, batedeiras e liquidificadores.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


30

Figura 27 - Representação do motor universal.

O motor universal não pode partir sem carga mecânica. Caso isso ocorra, sua velocidade pode
disparar, podendo danificar o motor e ser um risco à segurança. Por isso, estes motores
geralmente possuem uma caixa de redução e engrenagens para que o motor, mesmo sem carga,
encontre um torque resistente da caixa de engrenagens.

Figura 28 - Eixo do motor universal acoplado a engrenagens.

Figura 29 - Detalhes de motores universais. Esquerda: rotor de um secador de cabelo. Direita: motor universal
completo de um liquidificador.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


31

Nos motores universais, assim como nos motores CC série, a velocidade e o torque estão
intimamente ligados e os dois dependem da corrente. Assim, o controle de velocidade deles é
feito através do aumento e da diminuição da corrente, que indiretamente pode ser regulada pelo
aumento ou diminuição da tensão. Alguns equipamentos possuem um circuito eletrônico de
controle de tensão com uso de triacs com esta finalidade (os motores universais produzem um
torque que é proporcional ao quadrado da corrente).

No eixo do rotor de um motor universal é colocado o comutador, que consiste de lâminas de


cobre em formato cilíndrico, sobre as quais são colocadas as escovas.

Figura 30 - Detalhes de um motor universal utilizado em secador de cabelos.

Vantagens dos motores universais:


• Maior velocidade;

• Menor tamanho;

• Elevado torque de partida.

Os motores universais possuem maior velocidade (o motor universal pode atingir velocidades
da ordem de 10.000 rpm) e menor tamanho se comparado ao motor de indução, mas apresentam
maior necessidade de manutenção devido principalmente às escovas. São ideais para secadores
de cabelo, devido ao tamanho reduzido, e para aspiradores, pela velocidade elevada que
possibilita melhor aspiração.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


32

Os motores utilizados em aspiradores, secadores de cabelo, batedeiras e liquidificadores são


os motores universais, mais especificamente o motor universal com excitação do tipo série. Estes
motores se destacam por possuir um elevado torque de partida, o que é muito conveniente para
aplicações em batedeiras e liquidificadores.

Desvantagens dos motores universais:


• Elevado nível de ruído sonoro e eletromagnético;

• Pequena vida útil (200 a 500 h) devido ao desgaste de escova e comutador;

• Devem funcionar em regime intermitente, pois não suportam regime contínuo.

4.10.3 Principais defeitos em Motores e sua solução

Avaria em motores é uma das principais causas de defeitos em eletrodomésticos. E a


principal causa da avaria dos motores é a sobrecarga. A sobrecarga é gerada por dois motivos
básicos:

1) O usuário desconhece que a maioria dos eletrodomésticos populares não devem ser
utilizados por longos períodos de forma contínua, pois isto gera superaquecimento e
queima do motor.
2) Defeitos em buchas ou rolamentos geram sobrecarga mecânica (trabalha forçando) que,
mesmo em períodos curtos de utilização, gera superaquecimento e queima do motor.

Os defeitos de motores já foram estudados nos tópicos anteriores, mas vamos relembrar os
tipos de problemas e algumas características mais específicas dos aparelhos em estudo neste
tópico.

4.10.3.1 Ruído anormal

 Provável causa 1: bucha ou rolamento danificado.


 Solução: trocar bucha ou rolamento.

Ruídos são defeitos geralmente relacionados às buchas ou rolamentos danificados,


desgastados ou sem lubrificação adequada. A solução ideal é a substituição, mas, em caso de
excesso de sujeira, uma boa limpeza e lubrificação podem resolver quando o desgaste não é
evidente. Atenção: não lubrificar as partes energizadas, como os comutadores!

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


33

Figura 31 - Exemplos de buchas de motores.

Figura 32 - Rolamento de um motor elétrico.

O reparador deve estar atento a problemas com buchas ou rolamentos. Em alguns casos, a
folga nos mancais faz com que o rotor toque no estator durante o giro. O atrito entre rotor e
estator provoca grande aquecimento que, por consequência, pode derreter o verniz dos fios,
causando a queima do motor.

Também podem ocorrer ruídos devido a partes móveis em atrito com outras partes do
aparelho, como ventoinhas plásticas quebradas ou soltas, sendo necessário identificar e eliminar
o problema.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


34

Figura 33 - Ruído em motor causado por ventoinha plástica rachada.

 Provável causa 2: ventoinha quebrada.


 Solução: trocar a ventoinha.

Figura 34 - Alguns modelos de ventoinhas disponíveis no mercado de reposição.

4.10.3.2 Vibração

 Provável causa: bucha ou rolamento danificado.


 Solução: trocar a bucha ou o mancal inteiro.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


35

Assista a este vídeo sobre troca de bucha de secador de cabelo (use luvas
isolantes).

Figura 35 - Exemplo de mancal e bucha de motor de secador de cabelo.

4.10.3.3 Motor lento ou parcialmente trancado

Buchas e rolamentos defeituosos ou com excesso de sujeira (pó, oxidação, fios, cabelos)
costumam ser a causa de motor lento ou parcialmente trancado. Como solução, deve-se efetuar
a substituição do componente ou limpeza e lubrificação quando o desgaste não é grande. Atenção
para não lubrificar as partes energizadas, como os comutadores!

Figura 36 - Motor lento devido ao excesso de sujeira.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


36

4.10.3.4 Motor não liga

Quando o motor não liga, são possíveis dois tipos de teste:

(1) Medir a continuidade das bobinas do motor.

(2) Energizar o equipamento e posicionar as chaves de liga-desliga ou chave seletora de


velocidade na posição de ligar o motor. Com o multímetro na escala de tensão, medir a tensão
nos terminais do motor. O fato de não haver tensão sobre o motor indica que a falha é em local
anterior e deve-se investigar a causa. Se existir tensão no motor, a causa será comprovadamente
o motor e, ainda, pode-se efetuar o teste de continuidade para confirmação.

Dica de segurança: medir tensão acima de 50V oferece grande risco de choque elétrico, por
isso use os EPIs corretamente: roupas e calçados adequados, luvas e ferramentas isoladas.

Especificamente no caso de motores universais e CC, o sintoma “não liga” pode indicar falta
de contato das escovas de carvão com o anel comutador. Neste caso, verifique o desgaste
excessivo das escovas ou molas cansadas/danificadas.

Figura 37 - Escovas com carvão ou molas gastas podem gerar o defeito “não liga”.

Especificamente em motores de indução monofásicos com partida a capacitor (como os


utilizados em secadores de roupa), a falha de partida pode ser provocada por falha no capacitor.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


37

O capacitor deve ser testado com o capacímetro ou multímetro com esta função, pois
demonstra a capacitância do componente. Mas, para um teste mais simples e prático, ou não
tendo um capacímetro, pode-se usar um multímetro analógico na escala X10K ou X1K: meça o
capacitor nos dois sentidos. Em ambos, o ponteiro deve deflexionar e voltar. Se o ponteiro
deflexionar e não voltar, ele está em curto. Se não deflexionar, ele está aberto.

Figura 38 - Teste do capacitor.

Ainda sobre a falha de não iniciar o giro em motores monofásicos: quando o bobinado auxiliar
de partida está “queimado”, ocorre a mesma falha/sintoma que no capacitor danificado. Neste
caso, normalmente, é possível perceber a cor do bobinado escurecida, ou o teste de continuidade
do motor indicará o defeito.

4.10.3.5 Motor queimado

Figura 39 - Rotor (induzido) de um aspirador de pó queimado.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


38

Normalmente, a falha é bem visível devido à alteração de cor ou carbonização das bobinas,
mas preferencialmente ainda deve ser testado com o ohmímetro. Lembre-se de que em motores
menores a fiação é mais fina, podendo romper nas conexões; neste caso, talvez seja possível o
conserto.

Assista a este vídeo sobre o teste das bobinas do rotor e do estator de um


motor universal

4.10.3.6 Falha de isolação

É um defeito possível do motor quando a isolação do fio esmaltado apresenta falhas. No início
de uma falha de isolação, o motor ainda pode funcionar normalmente, mas pode apresentar risco
de choque elétrico ou desarmar a proteção diferencial residual (DR) da instalação elétrica, ou até
mesmo provocar curtos ou desarmar disjuntores, visto que é uma corrente anormal para o
aparelho. Como é uma falha no bobinado, a solução é a rebobinagem ou substituição.

Para testar a isolação do motor, utilize um multímetro na escala de ohms, um megômetro,


um testador de continuidade sonoro ou uma “lâmpada série”. Nenhum terminal da bobina, seja
do estator ou do rotor, deve apresentar continuidade com a carcaça metálica.

Figura 40 - Teste de isolação de um rotor bobinado (induzido).

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


39

Assista a este vídeo sobre como testar falha de isolação do rotor utilizando o
multímetro.

4.10.3.7 Fusível térmico aberto

Em motores de eletrodomésticos como secadoras de roupa, é comum o uso de fusível térmico


que fica ligado em série com as bobinas. Ele irá abrir em caso de superaquecimento e deverá ser
substituído. Para testar, utilize o ohmímetro, marcando continuidade quando está bom e aberto
quando “queimado”.

Figura 41 - Fusível térmico no bobinado de motores.

4.10.3.8 Excesso de faiscamento no coletor, falta de torque

Esta falha ocorre nos motores de rotor bobinado e nas escovas, como liquidificadores e
batedeiras. O faiscamento sempre ocorre em escovas, mas deve ser em pouca quantidade, caso

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


40

contrário o faiscamento excessivo certamente danificará de forma irreparável os anéis


comutadores.

Figura 42 - Faiscamento típico entre escovas e comutador de um motor universal.

• Sintoma 1: elevado faiscamento/falta de torque.

• Possível causa 1: falta de pressão nas molas das escovas de carvão ou escovas
curtas/gastas.

• Solução: trocar as escovas.

• Sintoma 2: elevado faiscamento/falta de torque.

• Possível causa: resíduos de carvão curto-circuitando as ranhuras do comutador.

• Solução: limpeza das ranhuras do comutador (usar uma lâmina com espessura compatível
com as ranhuras do comutador).

Figura 43 - Limpeza das ranhuras do coletor.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


41

• Sintoma 3: elevado faiscamento/falta de torque.

• Possível causa: anéis comutadores arranhados.

• Solução: lixar o comutador (use lixa fina de papel) ou dar um passe em um torno.

Figura 44 - Comparação entre escovas em bom estado e danificadas.

Assista a este vídeo sobre reparo caseiro de comutadores (use luvas


isolantes).

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


42

5 LIQUIDIFICADOR: CARACTERÍSTICAS E DEFEITOS


ESPECÍFICOS

O liquidificador é um eletrodoméstico com motor. A hélice dentro do copo está conectada ao


eixo do motor. Ao variar a corrente que chega ao motor, controla-se a velocidade da hélice. A
manutenção preventiva pode reduzir os consertos necessários para manter o liquidificador
funcionando por muitos anos. As duas medidas mais importantes que o usuário do aparelho pode
tomar são: não sobrecarregar o liquidificador e manter a vedação em perfeitas condições.

5.1 Diagrama elétrico de liquidificador

Figura 45 - Diagrama elétrico básico de um liquidificador.

Quando o liquidificador possui de 3 a 5 velocidades, o controle da velocidade é obtido através


da divisão do enrolamento do estator e de uma chave seletora simples. Mas quando o
liquidificador possui mais de 5 velocidades (existem modelos com 12 velocidades!), é mais usual
(e econômico) a utilização de um controle eletrônico de velocidades a partir de triacs.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


43

Figura 46 - Típicos circuitos eletrônicos de controle de velocidade de um liquidificador.

5.2 Funcionamento do Liquidificador

Liquidificadores são fabricados em várias formas, tamanhos, velocidades e potências, mas


todos eles contêm os mesmos componentes e funcionam do mesmo modo: um motor universal
que faz girar lâminas (facas) em alta velocidade para triturar vários tipos de alimentos.

Alguns modelos apresentam seis lâminas e são reversíveis, outros possuem apenas três
lâminas. Alguns são reversíveis e outros giram apenas para um lado. Alguns possuem apenas duas
velocidades, outros possuem até doze velocidades. Alguns são muito potentes (2.000W), outros
são mais fracos (300W).

Os liquidificadores comuns em sua velocidade máxima atingem entre 17.000 e 25.000


rotações por minuto (rpm). Nos liquidificadores mais potentes, acima de 2.000W, é mais comum
encontrar velocidades acima de 25.000 rpm.

Os liquidificadores hoje em dia são feitos para suportar somente pouco tempo de
funcionamento contínuo. A maioria dos fabricantes especifica no manual de instruções o tempo
máximo de 3 minutos de funcionamento ininterrupto.

Normalmente o liquidificar tem um sistema de controle de velocidade e um botão de pulsar.


O botão pulsar em um liquidificador serve para que ele possa quebrar ingredientes sólidos.

5.3 Constituição do Liquidificador

Eletricamente, o liquidificador é um equipamento bastante simples. Ele possui um cabo de


alimentação, uma chave seletora de velocidade, um copo ou jarro (de plástico ou de vidro), um
conjunto de facas rotativas, engrenagens de acoplamento e um motor do tipo universal
(induzido).

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


44

Figura 47 - Principais componentes de um liquidificador.

Figura 48 - Liquidificador, seu motor do tipo universal e chave rotativa de seleção de velocidade.

Os liquidificadores também lançam mão da alta velocidade, pequeno tamanho e alto torque
de partida dos motores universais.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


45

Figura 49 - Típico motor universal de liquidificadores.

Alguns liquidificadores podem custar cerca de R$1.000, mas alguns modelos mais populares
atualmente custam cerca de R$90 reais. Este custo baixo muitas vezes prejudica a viabilidade
econômica de um reparo. Abaixo, fornecemos o custo das principais peças de um liquidificador
de forma a fornecer subsídios ao reparador sobre a viabilidade ou não de efetuar o conserto:

Componente Valor

Rabicho R$3,00 a R$15,00

Chave R$15,00

Arraste copo e motor R$7,00 a R$15,00

Copo R$35,00 a R$45,00

Faca R$ 15,00

Motor completo R$ 80,00

2 escovas de motor R$12,00

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


46

5.4 Principais defeitos do Liquidificador

Antes de iniciar a leitura dos defeitos específicos deste equipamento, consulte o capítulo
6.10.3, que descreve os defeitos gerais dos eletrodomésticos tratados neste tópico.

Os principais defeitos presentes em liquidificadores, em ordem decrescente, são:

1. Engrenagem de arraste do copo;

2. Cabo de alimentação rompido;

3. Chave ou diodo controlador de velocidade;

4. Interruptor eletrônico rotativo com regulação de velocidade;

5. Proteção térmica do motor universal;

6. Buchas do motor;

7. Escovas do motor desgastadas;

8. Motor queimado;

9. Motor com falha na isolação.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


47

6 ASPIRADOR DE PÓ: CARACTERÍSTICAS E DEFEITOS


ESPECÍFICOS

6.1 Diagrama elétrico de aspirador de pó

Figura 50 - Diagrama elétrico típico de um aspirador de pó simples contendo cabo de alimentação, motor, protetor
térmico e chave liga-desliga.

6.2 Funcionamento do aspirador de pó

O aspirador de pó é um eletrodoméstico com motor. Uma turbina de sucção dentro do corpo


do aspirador está conectada diretamente ao eixo do motor elétrico. Este conjunto suga ar e poeira
por um tubo para dentro de um saco ou de uma câmara. O ar é, então, filtrado e expelido.

Aspiradores verticais também têm escovas rotativas, movidas por correias, para retirar a
poeira, enquanto modelos cilíndricos se valem apenas da sucção.

A manutenção preventiva pode reduzir os consertos necessários para manter o aspirador de


pó funcionando por muitos anos. As duas medidas mais importantes que o usuário do aparelho
pode tomar são: não sobrecarregar o aspirador e manter a limpeza dos filtros em dia.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


48

6.3 Constituição do aspirador de pó

Figura 51 - Aspirador de pó: modelos cilíndricos.

Figura 52 - Vista típica do motor universal utilizado em um aspirador de pó residencial.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


49

Figura 53 - Escova e porta-escova típica de um motor de aspirador de pó.

Figura 54 - Exemplo de aspirador de pó com escovas rotativas movidas por correias.

6.4 Principais defeitos do aspirador de pó

Antes de iniciar a leitura dos defeitos específicos deste equipamento, consulte o capítulo
6.10.3, que descreve os defeitos gerais dos eletrodomésticos tratados neste tópico.

Os principais defeitos presentes em aspiradores de pó são:

1. Entupimentos e obstruções no sistema de sucção;

2. Cabo de alimentação rompido;

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


50

3. Escovas do motor desgastadas;

4. Chave liga-desliga;

5. Proteção térmica do motor universal;

6. Rolamentos do motor;

7. Motor queimado;

8. Motor com falha na isolação.

6.4.1 Excesso de sujeira na turbina

Adicionalmente aos defeitos acima descritos, é muito comum o aspirador apresentar ruído
muito elevado devido ao excesso de sujeira na turbina. Neste caso, é necessário desmontar o
motor e efetuar uma boa limpeza na turbina com água.

Figura 55 - Faiscamento no coletor do motor de aspirador de pó devido a escova gasta.

Veja o vídeo sobre desmontagem e limpeza de turbina de aspirador de pó.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


51

6.4.2 Filtro sujo, entupido ou rasgado

A limpeza ou troca do filtro do aspirador deve ser feita pelo usuário, mas, quando não for
feita corretamente, reduz a capacidade de sucção, e o cliente pode levar para a manutenção por
este motivo sem a troca ou limpeza do filtro. Além disso, o filtro com excesso de sujeira ou rasgado
pode impregnar a parte interna, reduzindo a velocidade do motor, causando cheiro de queimado.
Nestes casos, é necessário abrir e efetuar uma boa limpeza interna e a troca do filtro. É
recomendável efetuar a troca do filtro permanente e do filtro de exaustão a cada seis meses.

Não force o motor: Sempre esvazie os sacos de poeira antes que fiquem cheios. Um saco
cheio exige mais do motor do aspirador e torna mais provável que ele pife antes do tempo.

6.4.3 Dicas para o reparador de aspirador de pó

Calma na desmontagem: O aspirador de pó também funciona a partir de um motor universal.


Porém, o manutentor deve estar atento, pois a desmontagem de um aspirador de pó costuma ser
muito mais difícil que a de um secador de cabelo ou liquidificador. Ter calma, identificar as peças
desmontadas, procurar por parafusos ocultos sob etiquetas e nunca forçar demais são boas dicas
para você não danificar o equipamento enquanto o desmonta.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


52

Figura 56 – Fluxograma de manutenção de um aspirador de pó

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


53

7 SECADORA DE ROUPAS ELÉTRICA: CARACTERÍSTICAS


E DEFEITOS ESPECÍFICOS

Figura 57 - Tipos de secadoras de roupa: varal e tambor.

7.1 Diagrama elétrico de secadora de roupas

Figura 58 - Diagrama elétrico típico de uma máquina de secar tipo tambor giratório.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


54

Figura 59 - Diagrama elétrico típico de uma máquina de secar do tipo varal.

Para uso de diagramas elétricos, o ideal é utilizar o original. Alguns manuais apresentam estes
diagramas, e aparelhos possuem o diagrama colado na carcaça do aparelho em local discreto,
geralmente na parte de trás ou por dentro. Mas, devido a eletrodomésticos serem simples e
similares, torna-se possível utilizar um diagrama elétrico de uma máquina similar, que é
facilmente encontrado na internet. Poderá haver alguma variação de cor de fios e alguns outros
detalhes, mas serve muito bem para entender quais são os componentes e como são ligados,
facilitando os testes individuais e as medidas de tensão no aparelho, quando aparentemente os
componentes inspecionados parecerem bons na inspeção visual e no teste de continuidade.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


55

Dica: No dia a dia do reparador de eletrodomésticos, é comum se deparar com termos em


inglês. Portanto, ao procurar na internet e encontrar diagramas ou textos em inglês, você verá
que boa parte dos termos e simbologia utilizados já são comuns no dia a dia do manutentor, mas,
para os termos desconhecidos, uma boa dica é fazer uso de um tradutor online.

7.2 Constituição da Secadora de roupas elétrica

Figura 60 - Componentes da secadora de roupas elétrica.

Uma secadora de roupas é constituída basicamente por: motor monofásico com partida por
capacitor, polias e correia de transmissão com esticador, tambor giratório, ventilador (ou

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


56

turbina), resistências de aquecimento, termostato, porta de acesso com chave de segurança,


timer ou painel eletrônico de controle.

7.3 Funcionamento da Secadora de roupas

Existem dois modelos diferentes de secadoras de roupa: tipo varal ou giratória. Os dois
modelos são similares, pois aquecem, possuem ventilador para circulação do ar, resistências e
programação; algumas utilizam placa eletrônica e display. A diferença é que no sistema giratório
o tambor faz a movimentação das roupas, e no varal elas ficam estáticas.

Uma secadora é simplesmente um tambor grande no qual a roupa molhada é colocada. Um


motor com polias, conectado por uma série de correias, gira o tambor. Ar aquecido por um
conjunto de resistências é soprado através do tambor para secar a roupa. A temperatura e a
velocidade do tambor são controladas por uma série de termostatos operados por um timer no
painel de controle da secadora.

Como dispositivo de segurança mecânico, uma secadora possui um interruptor na porta, que
ativa e desativa o funcionamento. A não ser que a porta esteja corretamente fechada, a secadora
não funciona, mesmo com os comandos do painel de controle acionados.

Como dispositivo de segurança elétrico, uma secadora possui relés bimetálicos de proteção
térmica. Caso a temperatura do equipamento ultrapasse o valor projetado, a alimentação elétrica
é interrompida pelo sistema de segurança.

Muitas secadoras possuem um botão de reinício no painel dianteiro ou traseiro. Se o motor


não funcionar, deixe a secadora esfriar durante aproximadamente dez minutos. Depois, aperte o
botão de reinício. Se não houver nenhum problema com o motor, com os interruptores ou com o
sistema elétrico, ela ligará novamente. Caso contrário, provavelmente sua máquina precisa de
reparos.

Observação: Muitas secadoras novas incluem diagnósticos eletrônicos que podem ser
interpretados no manual do proprietário.

7.4 Principais defeitos da secadora de roupas

Antes de iniciar a leitura dos defeitos específicos deste equipamento, consulte o capítulo
6.10.3, que descreve os defeitos gerais dos eletrodomésticos tratados neste tópico.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


57

Os principais defeitos presentes em secadoras de roupa são:

1. Capacitor de partida com defeito;

2. Resistência queimada;

3. Fim de curso de segurança da porta;

4. Chaves seletoras de programa;

5. Placa eletrônica de controle;

6. Proteção térmica do tambor;

7. Rolamentos do motor;

8. Motor queimado;

9. Motor com falha na isolação.

7.4.1 Excesso de Fiapos

Adicionalmente aos defeitos acima descritos, um defeito específico de secadoras é o acúmulo


de fiapos. Isto acontece pois, além de secar roupas, as secadoras removem também os resíduos
de algodão ou de outros tecidos. Esse material fino pode causar problemas porque bloqueia os
dutos da secadora, entope as saídas e enche os ventiladores.

Esses materiais também podem se aglomerar em volta dos cilindros do tambor, debaixo das
polias ou na correia de direção. Isso pode prejudicar a secagem e até provocar a queima da
resistência ou do motor. Para evitar problemas, limpe o sistema de armazenamento de resíduos
sempre que você usar a secadora.

Filtro de fiapos: as secadoras de roupas do tipo giratórias possuem um filtro de fiapos que
deve ser limpo regularmente e substituído em caso de rompimento. Porém, se trabalhar com filtro
inadequadamente ou sem o filtro, irá encher de sujeira o exaustor, podendo gerar ruídos ou
reduzir a velocidade.

7.4.2 Correia patinando

Outro item específico da secadora de roupa é a correia do tambor. Apesar de o sistema de


motorização possuir um esticador, com o passar do tempo a correia gasta e, em vez de girar, o

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


58

tambor fica patinando. Barulhos fortes durante o funcionamento são sinais claros de que a correia
do tambor está precisando de reparos.

Figura 61 - Detalhe do sistema de motorização mostrando o motor, as roldanas e o esticador por mola.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


59

8 SECADOR DE CABELOS: CARACTERÍSTICAS E


DEFEITOS ESPECÍFICOS

8.1 Diagrama elétrico de secador de cabelos

O diagrama do secador de cabelos é bem simples. Normalmente é composto apenas de um


motor, resistência, proteção (fusível térmico) e chaves de comando.

Figura 62 - Diagrama elétrico do secador de cabelo.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


60

Figura 63 - Diagrama elétrico do secador de cabelo.

8.2 Funcionamento do secador de cabelos

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


61

Secadores de cabelo são fabricados em várias formas e tamanhos, mas todos eles contêm
basicamente os mesmos componentes e funcionam do mesmo modo.

Normalmente, o secador tem dois interruptores. Um controla a velocidade do motor que, por
sua vez, aciona a ventoinha. O outro controla a temperatura da resistência elétrica. O calor gerado
por efeito de Joule na resistência é projetado pela ventoinha através do tubo do secador para o
exterior.

Observação: Alguns modelos de maior potência possuem um terceiro botão que aciona uma
chave NF, chamado botão de ar frio.

Figura 64 - Chaves de controle de temperatura e velocidade.

Alguns modelos de secador estão sendo fornecidos juntamente com dispositivos geradores
de íons negativos. A propaganda informa que os íons negativos melhoram o brilho do cabelo.
Trata-se de componentes que geram alta tensão negativa (3KV), mas baixíssima corrente, que
disponibiliza as cargas negativas através de um fio pontiagudo utilizando o efeito das pontas.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


62

Figura 65 - Típicos geradores de íons utilizados em secadores de cabelo (um terminal deve ficar solto, sem ligação
elétrica alguma).

O gerador de íons se assemelha a um capacitor de 3 fios. Os fios preto e vermelho são ligados
na rede elétrica através da chave, enquanto o fio branco de maior espessura é posicionado dentro
da resistência de aquecimento, porém sem se ligar eletricamente a lugar algum, mas sim com uma
ponta bastante fina desencapada.

Figura 66 - Terminal gerador de íons.

8.3 Constituição do secador

Um secador de cabelo é constituído basicamente de cabo de força, chaves, ventoinha,


resistência elétrica, motor elétrico, proteção térmica, filtro de entrada de ar, invólucro de plástico,
suporte do motor e fios de ligação (alguns modelos possuem um diodo para controle de
temperatura, velocidade e tensão de alimentação).

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


63

Figura 67 - Principais componentes de um secador de cabelo típico.

Motor: peça central do aparelho, o motor aciona a turbina que aciona o ar frio aspirado pelas
pás e o impulsiona para a saída. Um motor convencional gira a 12.000 rotações por minuto,
impulsionando o ar em alta velocidade. Em comparação, os ventiladores de teto funcionam da
mesma maneira (entre 50 e 200 RPM). O ar entra pela base do dispositivo, é sugado e então
impulsionado.

Figura 68 - Secadores de baixa potência utilizam motores CC.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


64

A maioria dos secadores de cabelo utilizam pequenos motores universais, mas alguns
modelos utilizam motores DC de 12 ou 24VDC.

Os motores DC são utilizados em secadores de pequeno porte, sendo que a tensão contínua
para sua alimentação é obtida por uma ponte de diodos retificadores. Nestes motores, para
reduzir a geração de interferências eletromagnéticas, um pequeno capacitor é ligado em paralelo.
Outro detalhe importante nos modelos de secadores que utilizam motor DC é que a resistência
de aquecimento é ligada em série com o motor com o objetivo de reduzir a tensão da rede.

Hélice ou Turbina: suga o ar e permite variar a velocidade de rotação para diminuir ou


aumentar o fluxo de ar na parte de trás do secador, que passa pela frente por meio de fios elétricos
(princípio do efeito Joule) graças aos resistores de aquecimento. A turbina possui melhor
desempenho na aceleração do ar do que a hélice.

Resistência: o elemento de aquecimento normalmente é feito de nicromo enrolado sobre um


material isolante como a mica. Em série com a resistência, é colocado um fusível térmico. A
resistência de um condutor depende do comprimento e do material do mesmo condutor.

Escovas de Carvão: transmite corrente elétrica ao motor, permitindo que a turbina gire.

Difusor: acessório em forma de ponta redonda com pontas, para ser acoplado ao secador.
Permite distribuir o ar nos cabelos e atacá-los menos. O cabelo é, de fato, mantido à distância
para se proteger do calor.

Grelha traseira: acessório de limpeza que evita a absorção de pó e excesso de pelos. Cada
modelo tem sua grade traseira adaptada à sua forma e cor. Este acessório dá uma segunda vida
ao secador, evitando danos e o superaquecimento do aparelho ao filtrar o cabelo e todos os
resíduos.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


65

Figura 69 - Componentes de um secador de cabelos.

8.4 Principais defeitos dos secadores de cabelo

Antes de iniciar a leitura dos defeitos específicos deste equipamento, consulte o capítulo
6.10.3, que descreve os defeitos gerais dos eletrodomésticos tratados neste tópico.

8.4.1 Não liga nada

• Provável causa: bimetálico com defeito ou fusível térmico queimado.

• Solução: testar o termostato (que deve ser NF). Se estiver aberto, tentar limpar alguma
oxidação com lixa fina de papel. Se a limpeza não for suficiente, efetuar a troca.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


66

Figura 70 - Bimetálico de proteção típico de secador de cabelo.

Atenção: Nunca substituir o termostato por um fio. Você pode ser responsável por um incêndio.

8.4.2 Ventila, mas não aquece

• Provável causa 1: resistência rompida.

• Solução: trocar a resistência.

Figura 71 - Típicas resistências de secador de cabelo.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


67

• Provável causa 2: chave do controle de temperatura com defeito.

• Solução: testar a chave e, se não apresentar continuidade, trocar a chave.

8.4.3 Cheiro de queimado, saindo “faíscas”, baixa ventilação

• Provável causa: restos de cabelo dentro do equipamento.

• Solução: limpeza interna geral, especialmente no eixo, na bucha e na resistência (retirar


cabelos com pinça).

Figura 72 - Limpeza interna em secadores de cabelo.

O cheiro de queimado ou cabelo queimado é uma falha muito comum, pois o secador aspira
cabelos para seu interior, provocando o cheiro ao tocar na resistência. A solução é abrir e efetuar
uma boa limpeza. Para salões de beleza com uso intenso de secadores de cabelo, aconselha-se
efetuar uma limpeza periódica preventiva mensalmente.

A presença de cabelos enrolados nas partes móveis do motor e da ventoinha pode reduzir a
velocidade de giro. Com menor velocidade de giro, a ventilação na resistência diminui,
provocando seu superaquecimento. Nesta situação, o esperado é que o dispositivo bimetálico ou
fusível térmico proteja o equipamento. Mas se o dispositivo de segurança falhar, certamente
haverá a queima da resistência ou até um incêndio devido ao superaquecimento.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


68

Figura 73 - Sujeira interna em secador de cabelo.

Veja o vídeo sobre como efetuar a limpeza interna de um secador de cabelo (use
luvas isolantes).

8.4.4 Pouco ou nenhum vento

 Provável causa: escovas gastas.


 Solução: trocar escovas.

Figura 74 - Típicos motores utilizados em secadores de cabelo: motor universal e motor CC.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


69

8.4.5 Não funciona na velocidade baixa ou temperatura baixa

Algumas vezes, redução de velocidade de rotação do motor do secador pode ser realizada
através do uso de diodo. O diodo transforma a onda completa da rede elétrica alternada em meia
onda, o que reduz a tensão aplicada no motor, fazendo uso da potência mais baixa (diodo é um
componente fácil de identificar e testar, além de ser de baixo custo, podendo ser substituído). O
mesmo princípio pode ser utilizado no controle de temperatura da resistência de aquecimento.

Alguns secadores bivolts podem fazer uso do diodo para efetuar a seleção das tensões de 110
ou 220V, onde, em 110V, utiliza-se o diodo em série com a carga, e, em 220V, o diodo é
“bypassado”, ou seja, a resistência é ligada diretamente na rede, sem passar pelo diodo.

Para testar o diodo, pode-se usar o multímetro analógico em X10K e medir o diodo nos dois
sentidos. Em um sentido, o ponteiro deve deflexionar; no outro, não deve deflexionar. Se o
ponteiro deflexionar nos dois sentidos, ele está em curto; e se não deflexionar em nenhum
sentido, ele está aberto.

• Provável causa: diodo em curto


• Solução: testar o diodo e efetuar a troca do componente defeituoso

Figura 75 - Teste do Diodo.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


70

8.4.6 Não funciona na velocidade alta ou temperatura alta

 Provável causa: defeito na chave ou no diodo aberto.


 Solução: testar a chave/diodo e efetuar a troca do componente defeituoso.

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


71

9 OUTROS DEFEITOS POSSÍVEIS

Listamos neste tópico os principais problemas encontrados em aspiradores de pó, secadoras


de roupas, liquidificadores e secadores de cabelo. Sem dúvida, esta listagem cobre a grande
maioria dos problemas que o reparador vai encontrar no dia a dia. Mas outros problemas podem
acontecer!

Você conhece outro problema?

Compartilhe sua experiência através do fórum do curso!

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


72

10 EXERCÍCIOS

Marque V para verdadeiro ou F para falso:

1) ( ) Segundo as normas de segurança, nos trabalhos em aparelhos elétricos como os


eletrodomésticos, deve-se usar EPI adequado. A norma que rege estas condições é a NR10.

2) ( ) Motores universais utilizados em secadores de cabelo possuem escovas que são muito
resistentes e nunca apresentam problemas.

3) ( ) Por segurança, motores de eletrodomésticos costumam ter fusível térmico que se


rompe em caso de superaquecimento. O componente não tem conserto, devendo ser substituído
por um novo com as mesmas características.

4) ( ) Falha de isolação do motor pode conectar eletricamente uma fase à carcaça do motor
e pode apresentar até mesmo a tensão da rede, 110 ou 220V na parte metálica externa da
máquina, mas isso é normal e não apresenta nenhum risco. Pode-se seguir trabalhando
normalmente com uma máquina nesta condição.

5) ( ) Para testar motores, pode-se efetuar o teste de continuidade das bobinas ou aplicar
tensão no motor via lâmpada série e verificar seu funcionamento. Mas o teste de continuidade,
com o aparelho desligado da rede, é mais seguro, pois evita o risco de choque.

6) ( ) Chaves fim de curso, chaves de segurança ou microchaves, que são utilizadas nas portas
das secadoras de roupas, são componentes utilizados para segurança do usuário e em geral são
fáceis de testar e trocar, sendo componentes de baixo custo.

7) ( ) O temporizador ou “timer” é um componente que conta o tempo nas secadoras de


roupas, e a única forma de fazer esta função é através deste componente; placas eletrônicas de
máquinas digitais não conseguem temporizar.

8) ( ) Placas eletrônicas são utilizadas em eletrodomésticos e seu conserto precisa de estudo


específico em eletrônica, mas o reparador de eletrodomésticos pode efetuar consertos mais
simples, como ocorre na identificação de defeitos visuais ou em testes simples de componentes
com multímetro.

9) ( ) Em casos de filtros sujos em qualquer eletrodoméstico, a função limpeza é de


responsabilidade do usuário do aparelho, então o reparador de eletrodomésticos não pode
realizar a limpeza.

10) ( ) A falha “não inicia giro” nos motores de arranque capacitivo, como os presentes
em secadoras de roupas, pode ser ocasionada por defeito no circuito de partida do motor, então
a causa pode ser o capacitor danificado ou a bobina de partida rompida.

11) ( ) São falhas comuns em liquidificadores: engrenagem de arraste do copo


danificada, cabo de alimentação rompido, chave ou diodo controlador de velocidade danificado,

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


73

interruptor eletrônico rotativo com regulação de velocidade com defeito, proteção térmica do
motor universal atuando, buchas do motor degastadas, escovas do motor desgastadas, motor
queimado e motor com falha na isolação,

12) ( ) São falhas comuns em aspiradores de pó: entupimentos e obstruções no sistema


de sucção, cabo de alimentação rompido, escovas do motor desgastadas, chave liga-desliga,
proteção térmica do motor universal, rolamentos do motor, motor queimado e motor com falha
na isolação.

13) ( ) São falhas comuns em secadoras de roupas: capacitor de partida do motor com
defeito, resistência de aquecimento queimada, fim de curso de segurança da porta aberta, chaves
seletoras de programa com defeito, placa eletrônica de controle queimada, proteção térmica do
tambor (bimetálico), rolamentos do motor, motor queimado, motor com falha na isolação.

14) ( ) São falhas comuns em secadores de cabelo: relé bimetálico com defeito ou
fusível térmico queimado, resistência rompida, chave do controle de temperatura com defeito,
restos de cabelo dentro do equipamento, escovas gastas, diodo em curto, defeito na chave
seletora de velocidade ou no diodo aberto.

10.1 Respostas dos exercícios

1) (V); 8) (V);

2) (F); 9) (F);

3) (V); 10) (V);

4) (F); 11) (V);

5) (V); 12) (V);

6) (V); 13) (V);

7) (F); 14) (V).

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


74

11 FIM DA APOSTILA

Parabéns, estudante!
Você concluiu a apostila Princípio de funcionamento e como consertar aspiradores de pó,
secadoras de roupas, liquidificadores e secadores de cabelo do curso Reparador de
Eletrodomésticos.
Se você já fez todos os exercícios desta apostila, vá até o Moodle e assista ao vídeo desta
aula.
Não fique com dúvidas: utilize o fórum para dirimi-las.
Quando se sentir seguro, responda o questionário deste TÓPICO no Moodle de forma a ficar
apto para seguir para o próximo tópico do curso.

Aplique o que você aprendeu neste curso, preserve sua segurança e a segurança dos seus
clientes, trabalhe com prevenção e tenha tolerância zero com atos e condições inseguras.
Os efeitos de um acidente no local de trabalho podem durar toda uma vida. Se você for
ferido, a qualidade da sua vida poderá ser seriamente afetada. Se você for morto, sua família
nunca mais será a mesma. E se você causar ferimentos ou a morte de outra pessoa, terá de
carregar esse peso nas costas para o resto de sua vida. A melhor maneira de ajudar a prevenir
um acidente no local de trabalho é fazer da segurança a maior prioridade.

A vida em primeiro lugar. Não confie na sorte, trabalhe com segurança.

TENHA SEMPRE MUITO CUIDADO!


ESTA É A ORDEM DO DIA.
TODO DIA!

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


75

12 BIBLIOGRAFIA

APOSTILA: Conserto e Manutenção de Eletrodomésticos. Ed. Virtual.

ASSIS, André Koch Torres. Os fundamentos experimentais e históricos da eletricidade. Apeiron


Montreal, volumes 1 e 2, 1962.

BOYLESTAD, Robert L. Introdução à Análise de Circuitos. São Paulo: Prentice Hall, 2006.

BOYLESTAD, Robert; NASHELSKI, Louis. Dispositivos Eletrônicos e Teoria de Circuitos. 3 ed. Rio
de Janeiro: Prentice Hall, 1984.

BRAGA, Newton C. Fundamentos básicos do conserto de eletrodomésticos.

CAPUANO, F. G.; MARINO, M. A. M. Laboratório de Eletricidade e Eletrônica. 24. ed. São Paulo:
Érica, 1990.

CREDER, Hélio. Instalações Elétricas. Rio de Janeiro: Livro Técnico S/A, 1981.

DUNN, W. C. Fundamentos de instrumentação industrial e controle de processos. Porto Alegre:


Bookman, 2013.

GUSSOW, Milton. Eletricidade Básica 1. Schaum, Edição 2, 2006.

GUSSOW, Milton. Eletricidade Básica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008.

JOHNSON, David E. (Org.). Fundamentos de Análise de Circuitos Elétricos. 4. ed. São Paulo: LTC,
2001.

LOUIS E. Frenzel Jr. Mc, 2015 - Eletrônica Moderna. Fundamentos, dispositivos, circuitos e
sistemas. Graw Hill 1ª Edição.

STOUT, Melville B. Curso Básico de Medidas Elétricas. Vol. 1”, LTC, Rio de janeiro, 1974. U.S.

NAVY. Curso Completo de Eletricidade Básica. Curitiba: Hemus, 2002.

Sites utilizados:
1. https://youtu.be/gx1c2-L4yCg
2. https://youtu.be/E6DRQYOKl5M
3. https://youtu.be/FrN92RBh-fc
4. https://youtu.be/G_KNWzRapzc
5. https://youtu.be/kLHnoE-kewk
6. https://youtu.be/mXNTajePFJ4
7. https://youtu.be/YKNbMR6hu0M

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


76

8. https://youtu.be/MzkplU-LlVI
9. https://youtu.be/Yr27fwOhUBw
10. https://youtu.be/7g7Y2itaLJQ
11. https://youtu.be/dUxjxlACiH8
12. https://bucket-gw-cni-static-
cmssi.s3.amazonaws.com/media/uploads/arquivos/Motor_eletrico.pdf

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br


77

R. Pinheiro Machado, 205 Novo Hamburgo - RS - novohamburgo@ifsul.edu.br - (51) 99137-9601 www.novohamburgo.ifsul.edu.br

Você também pode gostar