A QUESTÃO DE GÊNERO NO DIREITO

2º SEMESTRE DE 2021
-André Tredinnick (a partir de modelo de Klafke).

OBJETIVO

A partir da introdução da questão de gênero no Ensino do direito possibilita uma leitura do mundo
mediatizada pela análise crítica da noção de que o direito é masculino, desenhado por homens para
instrumentalizar a dominação patriarcal e a subjugação das mulheres.

O objetivo do curso é apresentar essa questão ao ensinando, de modo crítico e participativo, a fim de
que o ensinando possa produzir pensamentos próprios desde a vivência de situações-chave e hard cases
do direito, dentro de uma visão interseccional.

Ao final do curso, espera-se que os(as) alunos(as) sejam capazes de:

 Conhecer o conceito de direito masculino;
 Reconhecer os limites do direito como tecnologia de superação de preconceitos históricos;
 Identificar no sistema jurídico ferramentas aptas a expor e superar discriminações evidentes e
reduzir discriminações por falta de representatividade;
 Utilizar o próprio sistema para a revogação de leis manifestamente inconstitucionais, pelo viés
de gênero (desigualdade burguesa) e promoção de ações para a paridade de gênero.

METODOLOGIA

As metodologias ativas visam promover a emancipação da ensinanda e do ensinando, superando o

modelo da aula puramente expositiva, e nesse sentido serão usadas metodologias, sempre em
alternância, para promover formas diversas de participação para ensinandos e ensinandas de todas as
características. Desse modo, apresentamos as metodologias ativas a serem empregadas:

Simulação. Compreendendo a praxis como ponto de partida do compartilhamento do conhecimento,

promoveremos julgamentos simulados nos quais os ensinandos ocuparão os diversos papéis dos atores
do julgamento, sempre em alternância, a fim de que todos possam experimentar as diversas posições
no locus do julgamento, que deverá se desenvolver sempre com incidentes, como fatores inexperados.

Aprendizado baseado em problemas. Tradicionalmente, o APB é uma forma de conceber um curso

como um todo, mas pode ser uma maneira de abordar problemas concretos em sala de aula. Consiste na
elaboração de uma resposta para um problema sem resposta definida, considerado em toda a sua
complexidade.

Seminários. O seminário consiste numa troca do mediador de debates, sujeito responsável pela aula,
que passa a ser conduzida pelos estudantes. Dentro da democracia radical que marca a ação dialógica,
será facultado aos ensinandos e ensinandas a escolha do tipo de seminário, de pesquisa, leitura ou
temático, de modo a promover uma participação ainda mais efetiva.

PÚBLICO ALVO
O curso de destina ao programa de formação continuada de magistrados e magistradas.

PROGRAMA

AULA 1 APRESENTAÇÃO DO CURSO. Gênero e Direito 15/07/2021

Objetivos e métodos 1º bloco:

Seminário sobre As origens do Direito desde a partir do Estado Moderno.

Revoluções e Direito pela Teoria do Poder em Mbembe.

-compreender a origem histórica do Estado Liberal e seu arcabouço

jurídico à luz da teoria do poder.

2º bloco:

Seminário análise sociológica do Direito (Sabadell).

-analisar o direito por uma perspectiva externa, a sociologia.

Leitura prévia SABADELL, Ana. Manual de sociologia jurídica introdução a uma leitura
obrigatória externa do Direito. São Paulo: RT, 2010.

MBEMBE. A. Necropolítica. Rio de Janeiro: N-1 ed., 2018.

Leitura
complementar
DAVIS, Angela. Mulher, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.

WOOLSTONECRAFT, Mary. Reinvindicação dos direitos das mulheres.

São Paulo: Edipro/Boitempo, 2010.

BEAUVOIR. S. O Segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

AULA 2 O mito da igualdade de gêneros 22/07/2021

Objetivos e métodos 1º bloco:

Seminário: Princípio da igualdade entre homem e mulher.

-discutir princípios como conceitos diante de sua não realização no

concreto.

2º bloco:
AULA 3 DISCRIMINAÇÃO DA MULHER PELO DIREITO 01/08/2021
POSITIVO
Simulação sobre BRASILEIRO
HC 178.777-MG STF e Caso Ângela Diniz (Legítima
Objetivos e métodos defesa
1º bloco:da honra século XX e XXI). 
ABP: a garantia burguesa da igualdade de gêneros e a discriminação efetiva
-abordar a “teoria”
pelo Direito: fixação dadelegítima defesa
domicílio da honra
da criança do casocompartilhada.
e guarda de 1.976 e do
julgamento de 2.020 pelo STF e posterior “retificação”.
Leitura prévia Caso HABEAS
-discutir CORPUS
a não-divisão 178.777-MG,
equânime do tempoda de
relatoria do Ministro
convivência Marco
dos filhos do
obrigatória Aurélio, julgado em 29 de setembro de 2020 (disponível
casal ante o dado estatístico de 97% dos domicílios permanecerem com a
em https://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?
mãe na guarda compartilhada.
id=15345249895&ext=.pdf
2º bloco:
ABP:
Podcast,fixação
parte de2, alimentos
do "Crimeeda guarda
Praia compartilhada.
dos Ossos" (Caso Ângela Diniz)- O
julgamento.
KAPLAN, J. Acusados. 1989, 1h40m"Carlos
Um trecho fundamental: (filme).Drummond de Andrade, a
Leitura -tratar
respeito de Ângela Diniz, disse '(...) aquelaem
da questão da fixação de alimentos percentuais
moça continuaesendo
não na divisão
complementar equanime das despesas.
assassinada todos os dias de todas as maneiras e por muita gente’
(Antônio Evaristo de Moraes Filho)".
Leitura prévia BRANDÃO, Fernanda. #5. Deixei meu filho pro pai criar. Disponível em
obrigatória https://www.youtube.com/watch?v=gZ6y8ihsk08.

CNJ. Justiça em números, 2020.

Convenção Internacional dos Direitos da Criança, 1.990.

Código Civil Brasileiro, 2002.

Leitura ELKABETZ, Ronit e ELKABETZ, Shlomi O julgamento de Viviane
complementar Amselem, 2014, 115M (filme).
FARHADI, A. Separação. 2011.

AULA 4 INSTRUMENTALIZAÇÃO DO SISTEMA JURÍDICO 12/08/2021

NA GUERRILHA JUDICIÁRIA
Objetivos e métodos 1º bloco:
ABP: ADCP aborto e anencéfalo.

-produzir pensamento crítico, a partir das aulas anteriores, para desvelar os

caminhos seguidos pelo sistema jurídico.
 2º bloco:
ABP fixação de pensão alimentícia a partir do princípio da divisão
equitativa das despesas e redução da pensão alimentícia à luz do princípio
da paternidade responsável.

-produzir pensamento crítico sobre processo e julgamento de causas típicas

de varas de família à luz das aulas anteriores.
Leitura prévia FREDERICI, Sílvia. O Ponto Zero da Revolução: Trabalho
obrigatória Doméstico, Reprodução e Luta Feminista. São Paulo: editora
Elefante, 2019.

FOUCAULT. M. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: ed.

Nau, 2005.

STJ. REsp 1557248/MS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS

CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/02/2018, DJe
15/02/2018.

STF. ADPF 54 e ADPF 442.

Leitura GARON, Sarah. As sufragistas. 2015. 1h46 (filme)
complementar