Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
I NST AL Ações Predi AI S DE Água: FR Eder I Co FL Óscul o Pi Nhei R o Bar R Et o
I NST AL Ações Predi AI S DE Água: FR Eder I Co FL Óscul o Pi Nhei R o Bar R Et o
I NST AL Ações Predi AI S DE Água: FR Eder I Co FL Óscul o Pi Nhei R o Bar R Et o
NST
ALAÇÕE
SPREDI
AIS
DEÁGUA
F
rede
ric
oFl
ósc
uloPi
nhe
iroBa
rre
to
NF
I S
RAET URA
RUT
Autor
Frederico Flósculo Pinheiro Barreto
Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Ceará (1982), Mestrado em
Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília (1988) e Doutorado em Processos de Desen-
volvimento Humano e Saúde pelo Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (2009). Professor
Adjunto da Universidade de Brasília. Tem experiência profissional na área de Arquitetura e Urbanismo,
com ênfase em Planejamento e Projetos da Edificação, atuando como docente e pesquisador nos seguin-
tes temas: crítica de urbanismo, crítica da gestão urbana, ecologia e evolução urbanas, planejamento e
projeto de estabelecimentos assistenciais de saúde, metodologias de projeto arquitetônico, metodolo-
gias de ensino de projeto arquitetônico.
Revisão
NT Editora
Projeto Gráfico
NT Editora
Editoração Eletrônica
NT Editora
Ilustração
Marcio Rocha Lopes de Souza e Daniel Motta
Capa
NT Editora
ISBN
1. Instalações prediais de esgotamento sanitário
ÍCONES
Prezado(a) aluno(a),
Ao longo dos seus estudos, você encontrará alguns ícones na coluna lateral do material
didático. A presença desses ícones o ajudará a compreender melhor o conteúdo abor-
dado e também como fazer os exercícios propostos. Conheça os ícones logo abaixo:
Saiba Mais
Este ícone apontará para informações complementares sobre o assunto que
você está estudando. Serão curiosidades, temas afins ou exemplos do cotidi-
ano que o ajudarão a fixar o conteúdo estudado.
Importante
O conteúdo indicado com este ícone tem bastante importância para seus es-
tudos. Leia com atenção e, tendo dúvida, pergunte ao seu tutor.
Dicas
Este ícone apresenta dicas de estudo.
Exercícios
Toda vez que você vir o ícone de exercícios, responda às questões propostas.
Exercícios
Ao final das lições, você deverá responder aos exercícios no seu livro.
Bons estudos!
Sumário
BIBLIOGRAFIA����������������������������������������������������������������������������������������������������������������48
4 NT Editora
APRESENTAÇÃO
Este curso foi desenvolvido com a finalidade de capacitar o profissional corretor de imóveis
à compreensão de aspectos fundamentais das diversas etapas que envolvem um projeto de
Instalação Hidráulica.
São objetivos deste curso lhe transmitir conhecimentos sobre princípios básicos de Instalações
prediais em suas duas temperaturas (quente e fria) e mostrar os diversos processos que envolve a
lógica da reservação de água fria e água quente.
Este curso é destinado aos profissionais que já trabalham nessa área, bem como profissionais
da área de manutenção, segurança e áreas afins, que estejam interessados em ingressar neste ramo.
Bom aprendizado!
Reprodução proibida. Copyright © NT Editora. Todos os direitos reservados.
Objetivos
As instalações prediais de água fria fornecem água “fria” em pontos de consumo (geralmente
torneiras) da edificação. Observe que, por ser “fria” a água, não significa que seja necessariamente
potável. A denominação água “fria” serve como diferenciação de sistemas de fornecimento de
água aquecida ou “quente” (NBR 5626).
Realmente, as instalações prediais de água fria fornecem água “fria” em pontos de consumo
(geralmente torneiras) da edificação. No entanto, a água fria das instalações prediais não
são necessariamente potáveis. E a denominação das instalações de água “fria” serve como
diferenciação de sistemas de fornecimento de água aquecida ou “quente”.
8 NT Editora SUMÁRIO
Não é viável, ordinariamente, o fornecimento de água quente pela municipalidade: teria que
ser um sistema independente, extenso e muito dispendioso (pois haveria enorme perda de energia na
sua rede de fornecimento, que deveria ser compensada pelo investimento em mais energia, etc.). As
instalações prediais de água quente são um sistema subsidiário ao sistema formado pelas instalações
prediais de água fria, uma alternativa não-obrigatória, mas que possui características técnicas bem
diferentes. Como regra geral, temos que “quanto mais próximo o agente de aquecimento da água
estiver de seus pontos de consumo, mais racionalmente a energia será utilizada nesse processo de
aquecimento”, pois haverá menor perda de calor na circulação da água aquecida.
Já a questão da potabilidade da água levanta outra série de questões. “Ser potável” significa
que servimos à edificação uma água que podemos consumir, beber, servir em copos (“potus”, em bom
latim), ainda que deva ser filtrada ou fervida em alguns casos (como na manutenção do sistema). A
potabilidade pode ser assegurada a partir do sistema municipal de fornecimento de água fria, ou
por sistema de purificação da água fornecida (ou captada do subsolo, da chuva, etc.), ou reciclada
(as águas usadas pela edificação seriam submetidas a processos adequados de purificação para sua
utilização como água potável).
As instalações de água fria passaram a incluir essas instâncias de reuso da água utilizada nas
atividades da edificação (higiene pessoal, limpeza de utensílios, lavagem de superfícies da edificação,
etc.), especialmente as “águas cinzas”, que contém impurezas mais leves, com menor potencial de
contaminação que as águas ‘negras” ou de esgotos sanitários – ou mesmo as águas utilizadas em
determinados processos industriais. O reuso de águas servidas é um importante aspecto da
sustentação (ou “sustentabilidade”) da edificação em termos de seu próprio controle do impacto que
tem sobre os recursos naturais (NBR 2127, NBR 8216).
Também denominamos essas instalações de água fria (e quente) como “hidráulicas”, uma
denominação mais técnica, fortalecida pela legislação profissional de arquitetos e engenheiros.
(a) poços comuns (NBR 12212) ou (b) poços artesianos (condutores de água de lençol freático
sob forte pressão natural);
(c) captação de água de rios e lagos, de forma direta; também devemos considerar
(d) a captação de águas das chuvas (desde as coberturas das edificações ou tanques de
captação), de forma associada a depósitos exclusivos (cisternas).
Todas as opções acima, com a exceção da opção (d), devem ser objeto de autorização e de
alguma forma de fiscalização pelo poder público municipal, sobretudo se ocorrem em área urbana
(NBR 12212, NBR 12213, NBR 12214, NBR 12217, entre outras referências).
Esse período de pouco mais de 200 anos de modernidade industrial nos leva ao cálculo
sistemático das demandas das pessoas, de suas atividades, de seus sistemas urbanos, acerca desse
recurso precioso que é a água potável. Quando vemos hoje uma dessas tabelas contendo os
parâmetros de cálculo das necessidades dos indivíduos (diárias ou em outros períodos de tempo)
com relação à água, mal imaginamos o longo caminho que andamos para estabelecermos essas cotas
de abastecimento, que devem ser previstas por nossas modernas edificações.
10 NT Editora SUMÁRIO
A lógica da reservação de água fria
Mesmo quando se tem um sistema municipal de fornecimento de água potável muito confiável,
praticamente “sem falhas”, não é prudente deixar de prover a edificação com um sistema de reserva
de água – caixas de água ou reservatórios que permitem proceder ao abastecimento da edificação
quando de falhas ou paradas no sistema municipal de abastecimento de água (ou no sistema local de
captação autorizada de águas do subsolo ou de reservas naturais em superfície) (NBR 13194).
Caixas
Podemos ter caixas de água colocadas acima dos pontos mais elevados de consumo de água, de água:
da edificação (NBR 5649, NBR 5650). Essa exigência (“a colocação do reservatório em posição elevada, como as
acima do mais alto ponto de consumo a ser considerado”) é diretamente derivada da natureza fabricadas
GRAVITACIONAL da maioria dos sistemas de fornecimento de água (quente ou fria): a água “derrama” em plástico
resistente,
desde os reservatórios elevados, saindo de pontos de consumo (torneiras, outras caixas de água metal ou fi-
menores, como as de vasos sanitários, etc.) localizados em posição inferior. Quando maior a distância brocimento,
vertical entre a base do reservatório e o ponto de consumo (uma torneira no subsolo da edificação, fornecidas
por exemplo), maior a pressão da água. em padrões
de 500 a
1.000 litros
FIGURA 1.3 - diferença de pressão entre pontos de alturas diferentes e mais de
capacidade.
Base de re-
servatório:
o fundo da
caixa de
água, seu
ponto de co-
leta inferior.
Reprodução proibida. Copyright © NT Editora. Todos os direitos reservados.
Contudo, uma parte dos sistemas de fornecimento de água pode ser servida SOB PRESSÃO, que
permite que a água “suba” pelos canos e atinja pontos de consumo elevados. Essa pressão pode ser
criada continuadamente por bombas de recalque ou compressores, ou por caixas de água remotas,
que não estão à vista.
Seja por gravidade, seja por pressão criada por recalque da água, a distribuição da água para
os pontos de consumo é feita por canos que se estendem por toda a edificação, criando uma “rede”
(que mais parece um sistema radicular, de raízes) que torna possível a alimentação de todos os
compartimentos da edificação, se necessário. A passagem da água através de canos implica na PERDA
DE PRESSÃO com (a) o aumento da distância entre o ponto “inicial” de fornecimento e o “ponto final”
de consumo; (b) o aumento dos desvios de direção dos canos (que formam numerosos “cotovelos”
para a formação das redes de distribuição); (c) a redução paulatina do diâmetro dos canos, na medida
em que se aproximam dos pontos de consumo (torneiras com dimensões modestas), entre outros
aspectos. Por exemplo, dois canos com a mesma extensão (digamos, 50 metros de extensão) terão
medidas de pressão diferentes, caso seus diâmetros sejam diferentes (quanto maior a relação entre
a área interna dos canos e o volume de água que contém, maior a perda de pressão, segmento a
segmento de tubulação).
Barrilete:
o Barrilete
consiste
no sistema
predial de
suprimento
de água,
deve prover
quando
De um modo geral, utilizamos dois tipos de registros para o controle tanto da distribuição da
O registro de gaveta raramente é fechado: precisamos de seu fechamento, por exemplo, nas
operações de limpeza e manutenção, assim como nas verificações de vazamentos.
12 NT Editora SUMÁRIO
Cálculo da reservação de água
1. Para que tenhamos água disponível quando, por alguma razão como interrupções no
fornecimento, quebra de equipamentos, seca, etc., fiquemos sem água para as nossas necessidades
de higiene, preparo de alimentos, limpeza da edificação, etc.;
Não é difícil compreender que essas estimativas necessitam de muitos ajustes. Um ajuste
fundamental diz respeito ao número de pessoas (“capita”) que devemos considerar nas residências,
nos escritórios, nos hospitais, etc. Precisamos estimar o número de pessoas que, num dia “típico” de
uso da edificação, demandará por determinado volume (em média) de água potável. Na tabela a
seguir, alguns desses parâmetros de estimativa da “lotação” de pessoas em determinados edifícios
ou compartimentos.
Esses cálculos nos levam a quantitativos como o de uma residência com três quartos: podemos
contar com três a seis pessoas moradoras. Vamos contar com apenas três pessoas. O parâmetro dado
para residências de classe média é de 150 litros por pessoa, por dia. Isso nos leva a prever 3 x 150 =
450 litros por dia. Se acrescentarmos uma reserva de incêndio de 25%, essa previsão se eleva para 450
x 1,25 = 562,5 litros por dia. Se desejarmos ter água reservada por pelo menos três dias, temos que
prever 3 x 562,5 = 1.687,5 litros para a reservação, volume que pode ficar reservado em uma caixa de
água de 2.000 litros (com folga de quase 20%). Observe que esse valor DOBRA quando consideramos
6 moradores. Também poderíamos planejar a colocação desse volume (de 1.687,5 litros) em duas
caixas de água de 1.000 litros. Talvez comprar duas caixas de água de 1.000 litros seja mais caro que
comprar uma caixa de 2.000 litros, em muitos casos, mas tem a vantagem de poderem ser alternadas
quando das lavagens de uma caixa ou da outra.
14 NT Editora SUMÁRIO
FIGURA 1.5 - 2 caixas de água
Em caixas de água de concreto armado, por exemplo, moldadas no local da obra onde ficarão
Reprodução proibida. Copyright © NT Editora. Todos os direitos reservados.
definitivamente, é comum (e obrigatório nos casos de alguns municípios brasileiros) que sejam
divididas em 2 partes intercomunicantes, que permitem essa alternação quando dos momentos de
lavagem de uma caixa ou de outra caixa. As vantagens de se ter uma caixa de água dividida em 2 partes
pode ser mais evidente quando ultrapassamos o limite de 5.000 litros, quando as caixas de água pré-
fabricadas (vendidas por seus fabricantes) não apresentam modelos significativamente mais baratos
que as caixas de água moldadas no local que funcionarão, na edificação. A partir dos 5.000 litros tanto
é vantajoso operar com caixas menores (por exemplo, com módulos de 2.000 litros), para que sua
limpeza seja facilitada, quanto ter caixas de água ou reservatórios em subsolo, de forma a aliviar a
estrutura portante da edificação do enorme peso da água. Vejamos a seguir algumas observações
acerca dessa alternativa de composição de reservatórios “elevados” e em subsolo para as edificações.
Como veremos adiante, é vantajoso localizar os pontos de consumo em uma mesma região da
edificação, de forma a que as tubulações de alimentação e distribuição (ramais e sub-ramais) fiquem
próximos, forçando a água a percorrer os menores percursos possíveis. Por exemplo, devemos colocar
todos os banheiros situados em andares distintos em uma mesma “coluna”; seguindo essa lógica, em
edifícios habitacionais, devemos colocar as “áreas molhadas” (banheiros, cozinhas, áreas de serviço)
em uma mesma região da habitação, e sobrepor apartamento de planta idêntica ou assemelhada, de
forma a racionalizar ao máximo a passagem da água fria em cada andar (e no conjunto dos andares).
A proximidade dos pontos de consumo deve ser acompanhada da separação adequada dos
controles (registros) de cada conjunto desses pontos de consumo. Por exemplo, cada banheiro deve
ter seu registro próprio, que permite isolar completamente a sua alimentação de água fria; o mesmo se
exige da cozinha (com seu registro próprio), da área de serviço (registro próprio), da garagem e jardins,
etc. Separar essas instalações em conjuntos que podem ser isolados uns dos outros é fundamental
para os momentos em que devem ocorrer consertos ou manutenção. Todos esses conjuntos são
controlados por um “registro geral”, que permite fechar (ou abrir) o abastecimento de água fria para a
unidade imobiliária respectiva.
16 NT Editora SUMÁRIO
FIGURA 1.8 - registros parciais e geral
Embora todo o sistema de instalações de água fria possa ser concebido a partir de bombas que
impõem as pressões necessárias para o mais completo controle das condições mais específicas de
fornecimento, a maioria dos sistemas combina o bombeamento (pressões artificiais) com a gravidade
(que gera pressões naturais). O bombeamento pode impor elevadas pressões às tubulações de
ascensão ou de distribuição sistêmica de água – portanto, tubos especiais podem ser adotados em
muitos casos.
Devemos entender que o bombeamento de água fria (e, para outras finalidades de
bombeamento de água ou outros fluidos) pode incorporar fases de RECALQUE ou de SUCÇÃO –
denominações relativas ao papel desempenhado pela bomba, pois a sua mecânica é a mesma. As
Reprodução proibida. Copyright © NT Editora. Todos os direitos reservados.
bombas que operam o recalque “impulsionam” a água para níveis superiores (ou apenas mantêm a
pressão em níveis mínimos para que a água corra em tubulações longas e de calibre pequeno, com
pequenas declividades); as bombas que operam a sucção “sugam” a água para pontos situados em
níveis superiores. Todas as bombas de água combinam essas duas operações físicas. Combinações
mais poderosas dessas operações de recalque e sucção são também típicas de grandes sistemas de
distribuição de fluidos (em refinarias, fábricas, estações de tratamento de água, ou cidades).
De um modo geral, as tubulações de distribuição de água fria seguem uma lógica “arborescente”:
ramais e sub-ramais são derivados a partir de tubos principais de distribuição. Os instaladores
denominam “barriletes” ao primeiro conjunto desses tubos de distribuição, os mais grossos, que saem
diretamente dos reservatórios ou caixas de água. A denominação dos “barriletes” tem origem nos
antigos barris que eram usados como reservatórios, nas antigas edificações.
Vários tipos de registros (válvulas) são utilizados para controlar a pressão nas tubulações. Esses
registros ficam em pontos de distribuição em que deve ocorrer alteração na pressão de fornecimento,
assim como pontos de distribuição em que deve ocorrer total interrupção no fornecimento de água,
e ainda pontos de distribuição onde deve haver controle e leitura da pressão e velocidade dos fluidos.
Exercitando o conhecimento...
18 NT Editora SUMÁRIO
Controle do consumo de água
Em habitações isoladas, essas medições podem ser suficientes para que a família residente
avalie e controle o seu consumo de água – mas em habitações coletivas, as medições podem ser feitas
de duas maneiras:
(a) de forma solidária (como se todas as unidades residenciais fossem uma só), ou
(b) de forma individual, com hidrômetros instalados nos pontos de alimentação (das instalações
de água fria) de cada residência.
Essa última modalidade é, evidentemente, mais justa, pois cada família pagará ao fornecedor
de água fria de forma proporcional ao seu consumo. Essa modalidade também permite que a
administração do condomínio (dessa coletividade de residências) calcule as médias desse consumo,
o que permite comparações (com a identificação de excessos ou, eventualmente, a evidência de
vazamentos a serem examinados pelos moradores).
Podemos reservar água em uma grande diversidade de pontos das edificações, com diferentes
propósitos e estratégias. De um modo geral, as caixas de água nos bastam, e alimentamos as edificações
colocando-as em seus níveis mais elevados, para que a água desça por gravidade ao longo dos dias
previstos para o abastecimento (que, espera-se, seja renovado com constância).
A colocação dos reservatórios em pontos elevados deve ser acompanhada por uma “repartição”
das águas reservadas também em subsolo, como vimos acima. Vamos examinar a premência dessa
decisão em face dos grandes pesos que as águas reservadas (assim como as águas provisoriamente
recolhidas) trazem para a edificação.
Como a água tem uma densidade de 1 grama por centímetro cúbico, temos que um litro de
água pesa exatamente 1 quilograma, e que 1.000 litros de água pesem exatamente uma tonelada.
Como vimos no exemplo de uma residência de apenas 3 quartos, a necessidade de reservação de água
para apenas 3 dias supera uma tonelada de água. Imagine agora um prédio de apartamentos com,
digamos, 30 apartamentos (cada um deles com 3 quartos). Apenas para esses apartamentos (sem que
computemos as necessidades de água para as atividades e espaços condominiais), precisaremos de
30 x 1.687,50 = 50.625 litros de água. Isso equivale a mais de 50 toneladas de carga “adicional” a ser
considerada no cálculo da estrutura dessa edificação.
Para que toda essa carga não onere a edificação, propõe-se que uma parte delas –
aproximadamente 2/3 dessa carga (cerca de 33,50 toneladas) seja colocada em reservatórios de
subsolo. Apenas 1/3 do total dessa carga seria colocada na cobertura ou em área mais elevada da
edificação (com relação ao mais elevado ponto de consumo).
(Uma pergunta que, entre outras, deve ser feita por um examinador de um projeto de edificação
com muitos pavimentos é: “como a água chega aos pontos mais elevados dessa edificação?” Essa
curiosidade nasce da compreensão da grande responsabilidade que existe nos aspectos aparente-
mente mais simples da arte da edificação).
20 NT Editora SUMÁRIO
A estratégia das caixas de água “locais”
A decisão de distinguir e distribuir caixas de água por unidade ou setor da edificação é fundada
em critérios como:
(a) diferenças no tipo de água servida (por exemplo, com caixas de água filtrada por equipamento
com capacidade de filtragem proporcional à demanda dessa água “especificada”);
(b) distâncias entre pontos de consumo e a caixa de água central que implicam na redução da
pressão da água fornecida, até níveis insuficientes de pressão;
(c) padronização imposta pelo projeto de arquitetura e de instalações hidráulicas, que impõem
caixas de água menores, que fracionam os grandes volumes que poderiam ser armazenados em
uma caixa de maior porte (caixas de água menores, pré-fabricadas, de 1.000 a 5.000 litros podem ser
guardadas sob telhados, com relativa facilidade).
Sabemos que o reuso de água é, na verdade, uma prática muito antiga, que nós, modernos,
estamos a reaprender. Há uma coincidência no “reuso” de velhos conhecimentos acerca do reuso das
águas, cada vez mais escassas, em todo o mundo.
Devemos compreender que as águas servidas incluem não apenas as águas utilizadas uma
vez na casa – na sua lavagem, nos banhos de chuveiro e em banheira, na lavagem de utensílios
domésticos e de alimentos, etc. – mas também as águas coletadas da chuva, ou mesmo águas
que escorrem na superfície do solo, oriundas das chuvas ou de aflorações do lençol freático.
O uso de águas servidas se dá nas atividades que não demandam água potável – como as
descargas de vasos sanitários, a lavagem de carros, de pisos, a rega de jardins, etc. Ao reusarmos
as águas servidas, reduzimos substancialmente o uso da excelente água potável, essencial para a
nossa nutrição e saúde. Concretamente, o reuso das águas servidas permite que utilizemos DUAS
VEZES as águas antes de eliminá-las definitivamente.
22 NT Editora SUMÁRIO
FIGURA 1.12 - ciclos de águas servidas
A passagem desses tubos através de lajes, vigas, pilares e paredes (em alguns casos, de Estrutura
esquadrias e mobiliário) é um problema sério nos casos das edificações mal projetadas, mal portante:
uma classe
planejadas: as tubulações acabam por cortar ou se incorporar aos elementos da estrutura portante; de “soluções”
as tubulações acabam por enfraquecer as paredes (que são cortadas de forma temerária para que os proibidas
tubos passem); as tubulações podem romper-se por serem mergulhadas em estruturas e alvenarias por Normas
Técnicas
que se movimentam através de dilatações, recalques e acomodações, arrastando consigo tubulações,
e Códigos
deformando-as, quebrando-as. de Obras.
24 NT Editora SUMÁRIO
FIGURA 1.14 - galerias e forros técnicos
As passagens das instalações hidráulicas através das edificações são “tridimensionais”, –isto
é, ocorrem em altura, largura e profundidade, usando todos os elementos de apoio com que puder
contar. Como o sistema de água fria atua por gravidade, as passagens verticais são as principais
Reprodução proibida. Copyright © NT Editora. Todos os direitos reservados.
vias de distribuição de água fria desde as caixas de água ou reservatórios superiores. Os arquitetos
e projetistas escolhem determinados pontos de passagem vertical, em paredes ou “poços” (que
alguns chamam “shafts”, em língua inglesa, como um jargão) próximos de banheiros e cozinhas,
ou de outros compartimentos que reúnem mais de um ponto de consumo de água fria. Em casas
populares, ou mesmo em grandes edificações, essas paredes são denominadas “paredes molhadas”
devido à eventual concentração de tubulações de água fria. A partir das (mais grossas) tubulações
verticais, os instaladores derivam os ramais de alimentação (tubulações mais finas) até chegar a cada
ponto de consumo.
Observe que cada ponto de fornecimento de água fria (pia, cuba, vaso sanitário, filtro, banheira,
etc.) tem, de forma complementar, um ponto de recepção de águas servidas. A partir daí o sistema
complementar de esgotos começa, dividido em pelo menos 2 conjuntos:
26 NT Editora SUMÁRIO
Exercitando o conhecimento...
Complete a frase utilizando a opção adequada.
( ) Dimensionais
( ) Bidimensionais
( ) Tridimensionais
As passagens das instalações hidráulicas através das edificações são tridimensionais – isto
é, ocorrem em altura, largura e profundidade, usando todos os elementos de apoio com que
puder contar.
leva a vazamentos bem difíceis de corrigir, pois exigem a escarificação (ou a escavação) de partes da
laje, da viga ou do pilar, com perigos para a estabilidade estrutural;
- Caixas de água com acesso dificultado: as caixas de água devem ser facilmente acessíveis,
para a sua limpeza e manutenção preventiva (que são operações frequentes, que devem ocorrer com
periodicidade mensal). Caixas de água que são encalacradas nas coberturas das edificações, com
dificuldades para retirar suas tampas ou examinar todos os seus canos de alimentação e descarga,
podem levar à negligência na sua manutenção preventiva e limpeza.
28 NT Editora SUMÁRIO
Resumindo...
Ao final desta lição, você foi capaz de conhecer o processo de instalação predial de água fria
em pontos de consumo de edificações. Identificamos as formas de reservar e distribuir água fria e a
importância do controle do consumo de água. E fomos lembrados que bons projetos “invisibilizam”
as instalações prediais, e somente os pontos de contato, controle e consumo são colocados à vista, à
disposição dos usuários, de forma segura, evidente, fácil de usar.
Por fim aprendemos que uma lista de checagem de problemas das instalações de água fria
deve ter os seguintes pontos:
Exercícios
Questão 01 – Assinale a alternativa INCORRETA: Parabéns,
você
a) As instalações prediais de água fria fornecem água “fria” em pontos de consumo finalizou
(geralmente torneiras) da edificação. esta lição!
b) O fornecimento de água quente pela municipalidade, para toda a cidade sob sua
responsabilidade, teria que ser um sistema independente, extenso e muito dispendioso.
d) Para as instalações prediais de água quente vale o princípio de que “quanto mais
próximo o agente de aquecimento da água estiver de seus pontos de consumo, mais
racionalmente a energia será utilizada nesse processo de aquecimento”.
a) Quando falamos que a água fornecida nas torneiras da edificação é “potável” significa
b) Ainda que a água fornecida seja alegadamente “potável”, nos episódios de manutenção
(limpeza e higienização) do sistema, recomenda-se que seja filtrada ou fervida.
30 NT Editora SUMÁRIO
Questão 05 – Assinale a alternativa INCORRETA:
b) As instalações de água fria podem reutilizar as “águas cinzas”, que são águas servidas
que contém impurezas leves, mas que podem ser filtradas com facilidade.
b) A captação de água do subsolo pode ser feita poços comuns ou de poços artesianos
(condutores de água de lençol freático sob forte pressão natural), sem a necessidade de
fiscalização do Poder Público.
c) A captação de água fria para abastecer as edificações pode ser feita a partir de rios e
lagos, de forma direta.
d) A captação de água fria para abastecer as edificações pode ser feita a partir das
águas das chuvas (desde as coberturas das edificações ou tanques de captação), de forma
associada a depósitos exclusivos (cisternas).
a) Quando temos mais de uma edificação no mesmo lote, é inteligente que apenas
um sistema de fornecimento de água seja implantado, por mais distantes que sejam as
edificações entre si.
d) Quando maior a distância vertical entre a base do reservatório (ou o fundo da caixa
de água, seu ponto de coleta inferior) e o ponto de consumo (uma torneira no subsolo da
edificação, por exemplo), maior a pressão da água.
a) Reservamos água em nossas edificações para que tenhamos água disponível quando,
por alguma razão como interrupções no fornecimento, quebra de equipamentos, seca,
etc., fiquemos sem água para as nossas necessidades de higiene, preparo de alimentos,
limpeza da edificação, etc.;
b) Reservamos água em nossas edificações para que possamos controlar com exatidão
as condições físicas e químicas de fornecimento de água a partir de um reservatório
especialmente projetado, que está ligado a pontos de consumo também planejados com
precisão técnica.
32 NT Editora SUMÁRIO