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condenado
O início
Não vejo maneiras de iniciar esse monólogo sem ser me apresentando.
Ontem meu nome era Javier, hoje é Crane, amanhã só Deus sabe...
Escrevo esse diário para garantir que minha sanidade se mantenha firme, para que eu
possa sempre lembrar dos dias passados e não vacilar durante o caminho vindouro.
Vamos então iniciar – como foi dito anteriormente, os nomes hoje já não têm o mesmo
valor que tinham antigamente, assim como as leis e até mesmo a vida.
Antes de eu ser apresentado a esse mundo das trevas, meu nome era Benjamin Weiss,
eu nasci em uma cidade próximo da fronteira da Alemanha e apesar de nascer na
França, meu pai era Alemão.
Meus pais, Andreas e Astrid, sempre foram muito atenciosos, tanto comigo quanto
com meus irmãos, Eloise e Adrien, ambos mais velhos.
Nós possuíamos uma diferença de 4 anos, meu pai sempre brincou dizendo que para
comemorar a copa do mundo, ele faria um filho, nessa brincadeira ele realmente fez 3.
Minha mãe era médica, meu pai professor, por causa disso posso afirmar que tive uma
infância que toda criança deveria ter, boa família, bons amigos, comida na mesa, boa
educação.
Por volta dos meus 16 anos os problemas começaram a surgir, meus irmãos estavam
na faculdade, minha irmã trilhando o mesmo caminho da minha mãe, enquanto meu
irmão decidiu ser advogado.
Durante a faculdade meu irmão acabou se envolvendo com drogas e isso acabou
gerando um transtorno enorme na família, como a faculdade não era a quase 4hrs de
viagem da nossa casa, foi bastante complicado quando tínhamos que sair de
madrugada para buscar o Adrien, às vezes em hospitais, as vezes na delegacia.
Com o tempo, esse problema foi causando um colapso nos meus pais que quase
resultou na separação, no final tivemos que colocar o Adrien em uma clinica de
reabilitação e tirar ele da faculdade.
Com os problemas de Adrien, eu tive que cada vez me virar mais sozinho já que a
atenção dos meus pais foi ficando cada vez mais voltado para o Adrien e com a Eloise,
em mim eles só descontavam a frustração do dia a dia, como isso eu acabei adquirindo
um mau temperamento, na escola, acabava me envolvendo em brigas constantes para
desabar a raiva e frustração do dia a dia.
Como alternativa eu até pratiquei Kali-Silat por alguns anos a fim de controlar melhor o
meu temperamento, mas sinceramente isso só me deu mais impulso para brigar, até
porque bater em alguém é sempre bom, né.
Com medo que os problemas que ocorreram com o Adrien se repetissem, meus pais
preferiram pagar uma faculdade para mim em Luxemburgo que ficava a 40min de
casa.
Minha mãe sempre amou as pessoas, por isso sempre se dedicou a salvar, eu sempre
preferi os animais, cachorros, gatos, lagartos, sempre me encantei por eles e ao longo
da minha infância e adolescência sempre pensei em ser biólogo, mas no final decidi ser
veterinário.
No início da minha carreira acabei me apaixonando por uma cliente, Sarah, uma
mulher linda e com um coração enorme, ela participava de uma ONG de proteção aos
animais e sempre os levava para que eu pudesse tratar.
Quando minha pequena Isabela ainda não tinha completado 5 anos aconteceu isso.
...
Vamos continuar... certo dia no serviço, eu estava cuidado de um cachorro que havia
quebrado a pata, nada muito fora do normal, os donos tinham chego próximo do fim
do expediente e estavam aos prantos, eu não tinha como não atender e fui aos
cuidados, o cachorro teria que passar a noite e não adiantava que ficassem ali
aguardando.
Todos procedimentos foram feitos sem problemas algum, mas acabei ficando até mais
tarde, já era noite quando estava concluindo os relatórios.
E foi nesse momento que a porta para esse mundo das trevas foi aberta para mim.
Eu estava terminando o meu relatório quando de repente ouvi o som de batidas fortes
na porta, eu lembro de ter ficado muito assustado, os animais ficaram muito agitado,
muito mais que o normal.
Logo depois a porta foi arrombada e 3 pessoas entraram no ambiente, acho que elas
não esperavam que tivesse alguém a esse horário na clínica.
Lembro que eles logo apontaram armas para mim e mandaram eu ficar em pé virado
para parede.
Enquanto eles discutiam o que fazer, eu aproveitei para retirar a minha karambit do
bolso, uma das coisas que eu aprendi durante o treinamento de Kali Silat é que nunca
devemos ficar a karambit.
Talvez se eu tivesse permanecido em silencio hoje eu ainda estaria vivo... bem capaz,
conhecendo aqueles loucos hoje em dia sei que a única coisa que isso me
proporcionou foi garantir a minha não vida, caso contrario eu seria somente mais um
dos corpos contabilizados naquele dia.
Depois que eu “matei” o primeiro, segurei o corpo dele de forma a utilizar como
escudo humano em uma tentativa de correr pra porta, como eu teria imaginado que
aqueles dois golpes não só não mataram o filho da puta, como eu praticamente me
joguei nos braços dele naquela tentativa fútil de usar ele de escudo humano.
Eu tomei um soco no estoma muito forte, forte o suficiente pra me fazer voltar pelo
menos 1 metro, o dor foi insuportável naquele momento, eu cuspia sangue, eles riram
de mim, me espancaram garantindo que eu não morresse rápido, aliás, não morresse,
não daquele jeito pelo menos.
Naquele momento eu lembro que tinha certeza que ia morrer, não havia como
sobreviver sem tratamento adequado e rápido, eu sabia que tinha pelo menos 3
costelas quebradas e estava sofrendo com hemorragia interna, eu lembro que rezava
que tudo ficasse bem para minha esposa e filha, pode parecer até engraçado, mas
lembro de tentar somar o valor do seguro da minha morte e se daria para elas se
manterem.
Eu perdi a consciência em algum ponto entre uma cadeirada nas costas enquanto eu
estava deitado e um chute na cara.
Então daqui em diante eu não tenho plena certeza de tudo que aconteceu, só lembro
de alguns flashs, mas foi algo assim: eu estava correndo na rua, sentindo uma fúria
incontrolável, as pessoas corriam gritando, o sangue estava espalhado por toda parte,
um monte de pequenos pedaços de nada, mas de uma coisa eu tenho certeza, pessoas
morreram, eu morri.
...
Eu me acordei e tentei abrir os olhos, não conseguir, eu tentei respirar mas só tinha
terra, eu me desesperei, havia um peso enorme em cima de mim, meu corpo todo
doía, eu comecei a fazer força, em todas direções, eu me debatia, lutava contra aquilo
até que a minha mão conseguiu “sair”, depois daquilo sai do chão, todo sujo,
ensanguentado, tinhas mais alguns comigo que também estavam no mesmo estado.
Naquela época um total estranho pra mim, tomou a dianteira e disse que nós éramos
sobreviventes, guerreiros que haviam evoluído de míseros mortais para seres imortais.
Um blá blá blá do caralho, só de lembrar já fico com vontade de socar a cara daquele
viado.
Esse viado é Josep, um vira-lata fodido que fala demais, o mesmo que eu abri o
pescoço.
Enfim, disseram como se fosse a coisa mais normal do mundo que nós éramos
vampiros e pertencíamos uma seita chamada Sabá.
Nesse dia eu perdi minha família, emprego, amigos, dignidade, eu perdi tudo.
Depois disso um homem se aproximou e disse que ia cuidar de mim, Reiss, meu
Senhor, ele me colocou no carro e nós partimos, ele me tranquilizou, me ajudou, mas
no final nada é de graça.
Ele me transformou em carniçal, vulgo escravo, tudo tem um custo e eu tinha que
pagar, fui forçado a fazer coisas das quais eu nem imaginava que fossem possíveis, fiz
coisas hediondas.
Eu estudei, eu abri pessoas, fechei pessoas, brinquei, por algum tempo até tomei
gosto por aquilo.
Durante 10 anos eu vivi com Reiss e seu bando, ao longo dos anos as coisas
melhoraram, mas eu nunca vou conseguir me esquecer de tudo que eles fizeram para
mim, um dia, todos eles com certeza vão morrer para mim.
Nesse mundo o forte manda e o fraco obedece, por isso eu tenho que ser forte,
sempre.
Na minha memória hoje fica somente os bons momentos que tive ao lado da minha
família, mas eu jamais poderei voltar a minha antiga vida, eu jamais conseguiria viver
daquela forma de novo, e eu tenho medo, medo de que com a menor aproximação eu
possa acabar corrompendo aquele último fio de humanidade que me resta, aquele
último fio que me liga ao antigo Benjamin Weiss.
Hoje eu já não sou mais um prisioneiro, depois desses 10 anos, eu finalmente tenho a
minha “liberdade”, agora é só eu e o Odin, meu cachorro e carniçal, eu passei quase 1
ano trabalhando nele, a fim de deixar ele o mais próximo de uma máquina que possa
lutar ao meu lado, não contra mortais, mas contra aqueles que representam um real
problema pra mim.
Eu preciso de poder, porque só o poder pode me dar liberdade que eu quero e espero.
Informações Gerais:
Família:
Senhor:
Reiss Smith;
Tempo de Abraço:
11 anos;
Qualidades:
Madrugador – 1 Ponto;
Língua – 2 Ponto – Alemão, Inglês;
Defeitos:
Línguas faladas:
Francês – Nativo;
Alemão – Qualidade Língua;
Inglês – Qualidade Língua;
Antecedentes:
Especializações:
Kali-Silat – Contra-Ataques;
Medicina – Veterinário;