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O milagreiro controvertido
Conclusão:
Não se pode falar em uma denominação forte e sadia, com um ufanismo cego,
quando se tem em seu quadro, com uma tolerância absurda, pessoas que
promovem confusão no seio da igreja.
1- http://www.pastorpauloroberto.com/
2- No seu testemunho, o pastor Paulo Roberto descreve como foi sua experiência com
as galinhas que falavam em línguas. Vejam só o relato:
Quando aquela mão branca me levou no galinheiro, de repente, não era mais uma
mão, era um homem de branco, que me disse: – Paulo, você iria se suicidar por causa
do silêncio de Deus?
– Sim, respondi somente no pensamento, mas ele entendeu.
– Paulo, os profetas te abandonaram e ainda dizem que o teu Deus te abandonou?
– Sim, respondi novamente só no pensamento, porque não tinha forças para abrir a
boca.
– Paulo, hoje você vai saber que quando falta profetas para falar, O Senhor Deus usa
quem Ele quer e da maneira que lhe aprás.
Naquele momento, um poder de Deus tão grande desceu sobre o galinheiro e todas
as galinhas começaram a falar em línguas angelicais. De repente uma galinha do
outro lado do puleiro, começou a falar com mais autoridade e todas as outras galinhas
pularam do puleiro em reverência, enfiaram o bico na terra, cruzaram as asas e
gemiam dizendo: Hummm, hummm, fala com o Teu filho Senhor. Naquele momento
aquela galinha que falava com mais autoridade, veio rodeando um lado do puleiro e
um galo a acompanhava do outro lado, quando chegaram onde eu estava, a galinha
colocou a asa na minha testa, falava em línguas angelicais e o galo interpretava, e a
interpretação de Deus no bico do galo foi esta: “MEU FILHO PAULO, NÃO
PRATIQUES O SUICÍDIO, NESTE MOMENTO ESTOU TE CURANDO DE CÂNCER,
TE LEVANTANDO UM PREGADOR DA MINHA PALAVRA. VOU CUIDAR DA SUA
AGENDA, PORQUE O MUNDO CONHECERÁ O SEU NOME, TE USAREI COMO
MÉDICO NO MEIO DO MEU POVO, POR ONDE TU PASSARES, CURAREI OS
ENFERMOS . E naquele momento eu fui radicalmente, totalmente curado de câncer
pelo poder de Deus. Extraído do site
pessoal: http://www.pastorpauloroberto.com/index.php?
pg=mostra_paginabd.php&c=1#
É claro que o homem é um ser emocional, isso faz parte da natureza humana.
Mas não se pode esquecer que junto com a Queda de Adão, as emoções
foram afetadas pelo pecado, assim como a racionalidade. Uma fé baseada em
emoções tende ao fracasso.
O estilo de pregação no congresso é altamente emocional e pouca reflexiva.
Os assuntos abordados nos sermões, isso quando há sermões, são de auto-
ajuda ou triunfalistas. É claro que não são todos. Há pregações que, às vezes,
são altamente sensacionalistas.
Conclusão:
Tudo na vida cristã deve ser analisado a luz da Escrituras, mesmo que a
verdade não agrade a alguns. Esse texto encerra com essa forte frase paulina:
“Nada podemos contra a verdade, senão pela verdade”.
O tema “usos e costumes” é uma velha questão nos círculos pentecostais. A tradição faz
parte de todas as instituições e sociedades. Assim, é correto afirmar que todas as igrejas
têm os seus costumes, impostos ou espontâneos, mas igualmente estabelecidos. Por muito
tempo se confundiu costumes com doutrina, mas há diferenças significativas entre esses
dois conceitos.
O que é costume? O lexicógrafo Aurélio Buarque de Holanda definiu costume como “uso,
hábito ou prática geralmente observada” [1]. O dicionarista Adriano da Gama Cury definiu,
de maneira mais completa, a palavra costume como “uso, prática habitual; modo de
proceder; característica, particularidade; prática jurídica ou religiosa não escrita, baseada
no uso; moda; traje característico ou adequado…” [2]. Essas definições mostram que o
costume é um hábito repetidamente adotado por um determinado grupo social. Os costumes
fazem parte da identidade de uma instituição.
O que é doutrina? No Novo Testamento a palavra mais usada para doutrina é didache e
significa ensino, instrução, tratado ou doutrina. Segundo o teólogo Claudionor Corrêa de
Andrade, doutrina é a “exposição sistemática e lógica das verdades extraídas da Bíblia,
visando o aperfeiçoamento espiritual do crente” [3]. Doutrina, portanto, é o resultado do
um ensino teológico, adotado por uma denominação ou religião.
O pastor Antonio Gilberto apresentou em seu livro Manual da Escola Dominical [4], algumas
diferenças entre usos e costumes, e neste artigo será apresentada outras diferenças, além
da lista exposta pelo teólogo pentecostal.
O intérprete está cônscio de que a interpretação por ele asseverada não está condizente
com o texto, ou então está inconsciente quanto aos objetivos do autor ou do propósito da
obra. Entretanto, voluntária ou involuntariamente, manipula o texto a fim de que sua
loquacidade possa ser aceita como princípio escriturístico. [6]
Tentar justificar na Bíblia as tradições é uma tarefa que tem levado a muitas distorções
bíblicas. O melhor é reconhecer a humanidade do costume.
b) A doutrina é imutável, o costume muda. A doutrina é permanente, ela nunca muda. A
doutrina da “justificação pela fé”, exposta principalmente nos primeiros capítulos de
Romanos, nunca mudou e nem deve ser mudada. Doutrina (bíblica) mudada é heresia.
Quando Lutero resgatou a doutrina da justificação pela fé, ele orientou a igreja a voltar na
perspectiva bíblica sobre o assunto. São passados mais de dois mil anos e essa doutrina
nunca mudou no verdadeiro cristianismo.
O costume não é imutável. No Brasil era comum os cidadãos andarem pelas ruas de chapéus,
tanto homens como mulheres, passados os anos não há mais esse costume no país.
Antigamente, os pais escolhiam com quem a sua filha casaria, mas também esse costume
mudou. É necessário que o costume mude, pois ele está ligado à cultura local, e toda cultura
é dinâmica. Mudar alguns costumes não significa passar do são para o diabólico, como
muitos pregam. A mudança é inevitável e deve ser bem orientada, mas como enfatizado, é
sempre necessária. É bem relevante o que o teólogo britânico John Stott escreveu no seu
livro Cristianismo Equilibrado [7]:
Algumas igrejas estão impondo mudança de costumes, isso é um erro, que sempre levará a
exageros. Os costumes mudam naturalmente, mas devem seguir orientação para não levar a
práticas antibíblicas. As igrejas sem orientação pastoral tem aderido a costumes
extravagantes, como bailes funks em meio ao culto. Tudo deve ser feito com equilíbrio,
nada de permissividade em excesso e nem de legalismo. A igreja, também, não pode impor
“tabus comunais”. [leia mais aqui].
A doutrina é universal no sentido que é para todos os povos em todas as culturas. Proclamar
Jesus como Salvador faz sentido no Brasil em 2007, como para os indianos que foram
evangelizados pelo apóstolo Tomé, o primeiro missionário daquela nação, ainda no primeiro
século da Era Cristã.
O costume é local. Os homens na Escócia usam um tipo masculino de saia. No Siri Lanka é,
também, costume para homens a vestimenta com saias. Enquanto a saia, na maior parte do
Ocidente, é uma roupa exclusivamente feminina. No Brasil é comum comer peixe cozido ou
frito, mas no Japão se come peixe-cru.
O costume não pode santificar. Quem acredita na santificação por meio dos costumes,
normalmente, é um escravo do legalismo. O pastor Antonio Gilberto escreveu a respeito dos
erros em relação a santificação e citou o engano de associar exterioridade com santidade:
“Usos, práticas e costumes. Esses últimos, quando bons, devem ser o efeito da santificação,
e não a causa dela”[8]. E bem relevante o que escreveu o pastor Ciro Zibordi no prefácio do
livro Verdades Pentecostais:
Conservar não significa possuir uma falsa santidade, fazendo dos usos e costumes uma
causa, e não um efeito. Como pode ser ao longo dessa obra , a observância da sã doutrina
leva-nos a ter santidade interna e externa, o que implica vida santa a partir do espírito
(1Ts 5.23) e manutenção dos bons costumes. Estes, pois, não devem gerar doutrinas, como
vem acontecendo em algumas igrejas não legitimamente avivadas, para prejuízo de seus
membros. [9]
O farisaísmo se caracterizava por associar sua obras com salvação. Há muitos que fazem
dos costumes “doutrinas” e, assim, pensam que para serem salvos precisam fazer isso ou
aquilo. Como dizia Lutero: “As boas obras não fazem o homem bom; mas o homem bom
pratica as boas obras”. A inversão dessa ordem cria escravos do farisaísmo e não servos do
Altíssimo.
Há diferença entre princípio e preceito? Sim. O pastor José Gonçalves escreveu: “Os
preceitos apontam para princípios e não o contrário. Um princípio é aquilo que está por trás
do preceito ou norma”[10]. Por exemplo, usar uma roupa social em um tribunal é uma norma,
um preceito. O princípio ou doutrina por trás dessa norma é que o tribunal é um lugar sério
e não ambiente de entretenimento, onde se possa ir de jeans ou short.
Ao insistirmos nos absolutos, não queremos afirmar que não haja também conceitos
relativos. Essa diversidade se manifesta, por exemplo, nas comidas típicas de cada país, nos
estilos da arquitetura, no estilo da vestimenta e até mesmo em relação à hora de dormir,
que depende do fuso horário. Mas tais circunstâncias relativas acabam apontando para
princípios biológicos absolutos; todos precisam alimentar-se, todos precisam dormir. [11]
O costume, por ser relativo, não deveria ser imposto como obrigação. Era comum
missionários europeus tentarem impor os costumes do norte em países da Ásia e da
América. Hoje, o conceito de “transculturação” está ajudando muito em relação a esse
problema.
Há muitas outras diferenças entre doutrina e costumes, mas fica apontado que ambas não
são a mesma coisa, porém estão ligadas. O bons costumes são aqueles que não escravizam o
crente, colocando um jugo que Jesus tirou na cruz, mas sim, é resultado da boa doutrina.
1- HOLANDA, Aurélio Buarque de. Mini-Aurélio Século XXI Escolar. 3 ed. Rio de Janeiro:
Editora Nova Fronteira, 2000. p. 190.
2- KURY, Adriano da Gama. Minidicionário Gama Kury da Língua Portuguesa. 1 ed. São
Paulo: FTD, 2001. p.265.
3- ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. 12 ed. Rio de Janeiro: CPAD,
2003, p. 128.
5- Prática de forjar o texto a fim de que justifique o pensamento próprio. Não confunda
com exegese.
8- GILBERTO, Antonio. Verdades Pentecostais. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p 142.
10- GONÇALVES, José. Voto de Nazireado, prática judaizante que despreza a doutrina da
graça. Resposta Fiel, Rio de Janeiro, Ano 4, n. 12, p. 26, Jun-Jul-Ago/2004.
11- COUTO, Geremias do. E agora, como viveremos? Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, p. 39,
4. trimestre de 2005.
Continua…
Referências Bibliográficas:
“O fato é que muitos gostariam de unir igreja e palco, baralho e oração, danças e
ordenanças. Se nos encontramos incapazes de frear essa enxurrada, podemos, ao
menos, prevenir os homens quanto à sua existência e suplicar que fujam dela.
Quando a antiga fé desaparece e o entusiasmo pelo evangelho é extinto, não é
surpresa que as pessoas busquem outras coisas que lhes tragam satisfação. Na falta
de pão, se alimentam com cinzas; rejeitando o caminho do Senhor, seguem
avidamente pelo caminho da tolice”. (Charles Haddon Spurgeon)
No post anterior foram analisados dois aspectos da liturgia cristã. Continuando
o estudo é preciso refletir sobre outras questões relacionadas ao culto.
c) Danças no culto?
e) Milagres.
Referências Bibliográficas:
Você certamente já ouviu algum pregador pentecostal orando para que a plateia ou uma
pessoa específica recebesse a “porção dobrada do Espírito Santo”. A base é 2 Reis 2, mas a
interpretação é equivocada. Nesse texto, temos a história do profeta Elias designando a
continuidade de seu ministério para Eliseu antes de ser transladado. Nos versículos 9 a 11
lemos:
Sucedeu, pois, que, havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que te
faça, antes que seja tomado de ti. E disse Eliseu: Peço-te que haja porção dobrada de teu
espírito sobre mim. E disse: Coisa dura pediste; se me vires quando for tomado de ti, assim
se te fará; porém, se não, não se fará. E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que
um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num
redemoinho.
1. Quando Eliseu pede a “porção dobrada”, na verdade, ele está requerendo o direito
de progenitura sobre os demais profetas da escola de Elias.
Elias foi líder de uma “escola de profetas”, e Eliseu era um dos seus alunos. O ambiente da
escola lembrava uma fraternidade onde os membros eram chamados de “filhos dos
profetas” (v. 3,5). Ora, com a trasladação de Elias quem seria o seu substituto? Ou seja,
quem havia de ser o novo líder? Então, Eliseu baseado na lei mosaica (cf. Dt 21.17) pede a
Elias a “porção dobrada”, ou seja, os direitos de um filho primogênito. O primeiro filho
recebia o dobro das riquezas do pai em relação aos seus irmãos, e isso implicava mais
responsabilidade para a manutenção da família. Donald J. Wiseman lembra que esse filho
primogênito “tinha a responsabilidade de perpetuar o nome e o trabalho do pai” [1].
Nesse sentido, a tradução da Nova Versão Internacional (NVI) traz mais luz para a
interpretação: “Depois de atravessar, Elias disse a Eliseu: ‘O que posso fazer por você
antes que eu seja levado para longe de você?’ Respondeu Eliseu: ‘Faze de mim o principal
herdeiro de teu espírito profético’”. [grifo meu].
3. Elias não concede o pedido a Eliseu porque tal atribuição era divina, e não humana.
Como os pregadores atuais podem oferecer o que não é prerrogativa deles?
Eliseu recebe a “porção dobrada” da parte de Deus, mas não de Elias. O profeta Elias
mostra a Eliseu que a resposta ao pedido não dependia dele, mas sim do Senhor. “ Coisa dura
pediste”, diz Elias, indicando que Eliseu seria o seu substituto mediante a observação de
seu arrebatamento. O teólogo pentecostal Wilf Hildebrandt escreve sobre essa passagem:
A dificuldade de honrar o pedido é demonstrada por Elias, que faz com que o direito de
sucessão dependa do avistar de sua partida por parte de Eliseu. Elias indica que não é uma
prerrogativa sua o responder ao pedido e sim uma prerrogativa de Deus. Assim, o pedido
por “uma porção dupla” não é concedido por ele, mas depende da permissão de Iahweh para
que Eliseu testemunhe sua partida e ‘abra os seus olhos’ para a seleção de Deus. Somente
Deus poderia escolher um sucessor para Elias e transferir se o Espírito para o profeta
escolhido. [2]
É interessante observar que um pregador que acredita atribuir o Espírito Santo em dobro
para outras pessoas não traz essa ideia da cosmovisão bíblica, mas sim de uma cosmovisão
animista, portanto, pagã. É necessário rejeitar qualquer tentativa de interpretar o texto
bíblico segundo padrões mágicos que arranham a correta interpretação do mesmo. Ninguém
pode “jogar” o Espírito Santo em dobro no outro. O Espírito Santo enche o verdadeiro
crente segundo a graça divina para o serviço do Senhor. “Mas a manifestação do Espírito é
dada a cada um, para o que for útil” [1 Co 12.7].
Referências Bibliográficas:
[1] WISEMAN, Donald J. 1 e 2 Reis. Introdução e Comentário. 1 ed. São Paulo: Edições
Vida Nova, 2006. p 172.
[2] HILDEBRANDT, Wilf. Teologia do Espírito de Deus no Antigo Testamento. 1 ed. São
Paulo: Editora Academia Cristã e Edições Loyola, 2008. p 195.
A pobreza da Música Pentecostal
8 de dezembro de 2012Gutierres Fernandes Siqueira
O principal compositor desse gênero é o pastor Elizeu Gomes. O músico Gomes estudou no
Hosanna International Seminar, o mesmo seminário que publica a “Bíblia Revelada”.
Revelada? O nome já diz tudo. O seminário é uma versão “pseudoerudita” de um
pentecostalismo dado a extravagâncias litúrgicas e pregações cheias de analogias abusivas.
É um daqueles seminários que oferece “mestrado” em um kit com 25 apostilas.
Mas por que falo em pobreza? Ora, a chamada Música Pentecostal é incrivelmente pobre:
tanto em estilo como em teologia.
Estilo
É incrível como todas as músicas são perecidas. O ritmo começa lento como se fosse uma
seresta (espécie de serenata) ou um brega melódico e depois parte para uma agitação
repentina. A agitação normalmente vem em ritmo de forró, sertanejo, axé ou como marcha.
A previsibilidade do ritmo é altíssima. Você sempre sabe que na metade da música haverá
uma mudança. As notas musicais variam pouco entre uma e outra música. Não é à toa que as
igrejas pentecostais estejam cheias de “vocais” e com raros corais.
Teologia
Bom, quem faz mestrado com apostilas recebidas pelo correio não pode ser considerado um
mestre. Falta, no mínimo, honestidade intelectual. E fazer músicas com uma teologia pobre
de Bíblia e sem a correta interpretação? Ora, são músicas que falam em uma “porção
dobrada do Espírito” como se a expressão referisse a todos nós. Onde anda a correta
interpretação bíblica? Bom, e eu nem preciso falar sobre a ênfase na vitória, a centralidade
nas necessidades humanas, a exaltação da vingança, a ausência de um culto a Deus etc. e
tal.
Vale lembrar o velho Donald Gee, ainda na década de 1930, alertava os pentecostais sobre
o desvio em sua música:
Gostaria que os nossos hinos fossem mais de adoração. Setenta e cinco por cento de nossos
cânticos hoje falam mais sobre nós mesmos, sobre nossos sentimentos e experiências. É
tempo de chegarmos à igreja para cantarmos ao Senhor. Seria uma boa coisa realizar uma
ou duas reuniões onde chegássemos para ministrar ao Senhor, onde chegássemos para
trazer-lhe algo. [1]
Referência:
[1] GEE, Donald. Como Receber o Batismo no Espírito Santo: Vivendo e Testemunhando
com Poder. 6 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p 71. O título original é Pentecost
(Pentecostes, em português). A partir do ano 2000 a editora trocou o título pelo descrito
acima. O título é muito infeliz, já que o próprio autor condena a ideia de uma “fórmula” para
receber o “revestimento de poder”.
Neo-pós-pseudo-pentecostalismo Parte 02
12 de novembro de 2007Gutierres Fernandes Siqueira
b) a demonologia neopentecostal
Referências Bibliográficas:
CONSIDERAÇÕES HERMENÊUTICAS
A passagem de Ezequiel fala sobre ser aspergido com água limpa e assim ser
purificado de toda imundície espiritual. Ele prossegue dizendo que o Senhor
removerá o coração de pedra de seu povo, dará a eles “um novo coração” e
colocará dentro deles “um novo espírito”. A habitação do Espírito é o meio pelo
qual isto acontecerá: “Eu vou colocar Meu Espírito dentro de vocês” (versículo
27). O resultado é que eles “andarão em meus estatutos” e “terão o cuidado de
observar minhas ordenanças”.
O Novo Testamento faz distinção entre ser batizado pelo Espírito Santo e ser
batizado no Espírito Santo? Sete passagens contêm tanto o verbo batizar
quanto o substantivo Espírito Santo ou Espírito. Todos esses versículos
ensinam a mesma coisa sobre a relação entre os dois termos?
Os dois grupos de passagens que estamos discutindo (as seis nos Evangelho
e Atos, e uma em 1 Coríntios) tem alguns termos semelhantes. Mas é
questionável insistir que, como certas combinações de palavras ocorrem em
diferentes passagens, sua tradução e significado devam ser as mesmas em
todas. Além das semelhanças, os dois grupos de passagens têm pouco em
comum. Por exemplo, Paulo menciona um Espírito. Ele não usa a designação
completa de duas palavras “Espírito Santo”. Além disso, a frase preposicional
“en um Espírito” precede o verbo batizar. Em todas as outras passagens ela
segue o verbo (a única exceção é Atos 1.5 onde, curiosamente para alguns, a
expressão vem entre Espírito e Santo).
Primeira Coríntios 12.3 diz: “Ninguém falando pelo Espírito de Deus diz: ‘Jesus
é amaldiçoado’; e ninguém pelo pode dizer: ‘Jesus é Senhor’, exceto pelo [en]
Espírito Santo.” O versículo 9, que dá continuidade à lista de Paulo dos dons
espirituais, diz: “A outro fé, pelo [mesmo] Espírito; e a outro dons de cura, pelo
[en] mesmo Espírito.” Esta última frase é idêntica a do versículo 13. A única
exceção é que o texto grego contém a palavra o. Em todas essas ocorrências
no contexto imediato em que está ligado ao Espírito Santo, a tradução vem
com muita mais facilidade e é mais prontamente compreendida do que
qualquer outra tradução. Além disto, o capítulo inteiro fala sobre a atividade do
Espírito Santo. Portanto, a leitura “por um só Espírito” é preferível.
Resumo. A distinção entre ser batizado pelo Espírito e ser batizado no Espírito
não pode ser atribuída a um viés hermenêutico pentecostal. A comparação da
tradução de en em 1 Coríntios 12.13 em versões principais mostra uma
decidida preferência pela tradução por, até mesmo por estudiosos não
pentecostais. As seguintes versões e traduções principais tem a
palavra por: King James Version, New King James Version, New American
Standard Bible, New International Version, Revised Standard Version, The
Living Bible, Today’s English Version, The New Testament in Modern English.
Referências:
Três dias após sua conversão, Saulo foi visitado por Ananias que impôs suas
mãos nele e disse: “O Senhor Jesus… me enviou, para que… sejas cheio do
Espírito Santo.”
1. Ananias não convocou Saulo a se arrepender, mas disse a ele para ser
batizado, o que simbolizaria a lavagem dos pecados de Saulo (Atos 22.16).
2. A imposição das mãos de Ananias era para que Saulo fosse cheio do
Espírito, não para ser salvo. A imagem de ser cheio do Espírito ocorre no Livro
de Atos primeiramente em Atos 2.4. As Escrituras em nenhum lugar usam essa
terminologia “de ser preenchido” como sinônimo “de ser salvo”.
3. Houve um intervalo de tempo de três dias entre a conversão de Saulo e o
fato de ele ser cheio do Espírito.
4. Um indivíduo, não um grupo, é cheio do Espírito. Muitas vezes, aqueles que
enfatizam a abordagem histórico-redentora concentram-se apenas em grupos,
que eles dizem ser representativos, sobre os quais Deus concedeu o Espírito
de maneira especial quando os incorporou à Igreja.
A narrativa intrigante sobre Cornélio atinge seu ponto alto com o derramamento
do Espírito sobre ele e sua família. Cornélio não era cristão antes da visita de
Pedro; ele era um gentio que havia abandonado o paganismo e abraçado o
judaísmo, na medida em que era um homem temente a Deus. No momento em
que Pedro falou de Jesus como aquele através do qual “todos os que nele
creem receberão o perdão dos pecados” (versículo 43), Cornélio e sua casa
aparentemente responderam com fé. Simultaneamente, ao que parece, eles
experimentaram um derramamento especial do Espírito semelhante ao
recebido pelos discípulos no Pentecostes, como Pedro disse mais tarde à
liderança em Jerusalém. (11.17; 15. 8,9).
Paulo não estava jogando um jogo de palavras teológicas com esses homens.
Ele reconhece que eles realmente acreditavam. Muito tem sido escrito sobre os
tempos das duas formas verbais na pergunta de Paulo e se, do ponto de vista
gramatical, o recebimento do Espírito deve ser entendido como ocorrendo no
momento que se tem fé ou, alternativamente, em um momento posterior ao
crente. 8
O contexto fornece a melhor resposta. A experiência do Espírito sobre a qual
Paulo perguntou é a experiência registrada no versículo 6. Nesse caso, ela
surgiu pela imposição de suas mãos e foi acompanhada por manifestações
externas, semelhantes àquelas previamente experimentadas pelos crentes
(2:4; 10:46). A experiência registrada em 19.6 não coincidiu com a salvação
deles. Mesmo se alguém esteja convencido de que Paulo, por sua pergunta,
tenha reservas quanto à veracidade da salvação dos efésios, permanece o fato
de que essa experiência do Espírito seguiu o batismo em nome do Senhor
Jesus e foi precedida pela imposição de mãos.
Sustenta-se frequentemente que o retrato que Lucas faz do Espírito Santo,
especialmente com referência a ser cheio do Espírito, difere do de Paulo em
suas cartas. O incidente em Éfeso, no entanto, mostra que Paulo, assim como
Lucas, acreditavam em uma experiência do Espírito para os crentes que se
distingui da obra do Espírito na salvação.
É significativo que esse incidente tenha ocorrido mais de 20 anos após o Dia
de Pentecostes. Entre outras coisas, ensina que a experiência pentecostal
ainda estava disponível para os crentes bem afastados daquele dia, tanto
temporal como geograficamente.
DECLARAÇÕES SUMÁRIAS
NOTAS FINAIS
Não há nenhuma evidência bíblica que indique o Batismo no Espírito Santo como uma
condição necessária (conditio sine qua non) para o recebimento dos dons espirituais.
Essa “doutrina” não é nem bíblica-teológica e nem oficial na Igreja Evangélica
Assembleia de Deus, como alguns erroneamente pensam, porém é mais uma “ensino”
popular e fruto da oralidade que ganha um contorno de autoridade e oficialidade. O
Antigo Testamento é cheio de exemplos de dons espirituais em ação, ainda que o
Batismo no Espírito como revestimento de poder não havia sido concedido, logo
porque não existia a Igreja com a missão gentílica.
Outros teólogos assembleianos que trabalham essa questão são William e Robert
Menzies. Eles lembram que associar o Batismo no Espírito Santo (isto é, o dom do
revestimento) no texto lucano com os dons espirituais ensinados pelo apóstolo Paulo é
não respeitar os respectivos contextos [2]. O batismo no Espírito Santo, nunca custa
lembrar, não mantém uma ligação direta com os dons. Sim, é possível falar que o
Batismo ajuda na recepção de experiências, mas não é condição nata. Isso porque o
batismo é um revestimento de poder para testemunho do Evangelho entre aqueles que
ainda não abraçaram Cristo como Salvador (cf. Atos 1.8). Enquanto isso, os dons visam
a edificação da Igreja (cf. 1 Co 14.12). O batismo capacita a Igreja para a evangelização,
enquanto os dons edificam a Igreja entre os já convertidos e, assim, é parte do
discipulado. E, também, é necessário lembrar que o próprio Batismo no Espírito Santo
é um dom.
E as línguas? Bom, é possível falar em línguas sem o batismo no Espírito Santo? Essa é
uma questão controversa e para resolver o empasse a teologia assembleiana [3]
costuma diferenciar a língua estranha como sinal e/ou dom. Enquanto sinal, todos os
batizados recebem como evidência física inicial no momento do revestimento de poder.
Agora, como dom alguns recebem em forma de variedade. O sinal é normalmente um
louvor, ou seja, uma proclamação para Deus, enquanto o dom de variedade de línguas é
normalmente equivalente a uma profecia, portanto, uma mensagem para homens (cf.
Atos 2.11 comp. 1 Coríntios 14.2, 5). Essa diferenciação é bem carente da base
escriturística sólida, pois a variedade de línguas pode- muito bem- ser um louvor
ampliado e, mesmo interpretado para edificação coletiva, seria um cântico ou oração de
engradecimento (e não uma mensagem profética) em idioma local. Por exemplo, não
somos edificados com os Salmos? A língua interpretada pareceria mais um salmo do
que uma profecia, logo porque as referências bíblicas indicam que a língua tem uma
direção vertical e não, necessariamente, horizontal (cf. Atos 2.11; Romanos 8.26; 1
Coríntios 14,2, 14, 15; Efésios 6.18; Judas 20).
Agora, é sim possível dizer que o dom de línguas tem uma relação especial com a
natureza do próprio Batismo no Espírito Santo, diferente dos outros dons que em nada
dependem dessa experiência. O apóstolo Paulo indica que a língua é um “sinal para os
infiéis” (cf. 1 Coríntios 14. 21,22) e o Batismo no Espírito Santo é um revestimento de
poder para testemunhar àqueles que não se converteram (Atos 1.8, 2. 1-47). Não é à toa
que a língua sempre está presente no Batismo do Espírito Santo (cf. Atos 2.1-13; 8.4-25;
9.24-48; 19.1-6). Portanto, é possível concluir que, excetuando o falar em línguas, os
demais dons em nada dependem do Batismo no Espírito Santo.
Referências Bibliográficas:
[1] PALMA, Anthony D. Os dons e o fruto do Espírito. Em: Mensageiro da Paz. Rio
de Janeiro: CPAD. Ano 77, n. 1465, Julho de 2007, p. 18.
[3] Essa diferenciação entre línguas como sinal e dom é mais uma doutrina
assembleiana do que pentecostal. Muitos pentecostais, incluindo o reverendo William
Seymour, não colocavam (ou atualmente colocam) as línguas como o sinal definitivo do
Batismo no Espírito Santo. Logo, não fazem diferenciação entre sinal ou dom.
Durante sua vida na terra, Jesus foi ungido pelo Espírito Santo para desenvolver o seu
ministério. Jesus disse que um dia os cristãos fariam maiores obras do que Ele (João
14:12).Todavia, isso não significa que os cristãos são maiores que Jesus, mas sim que
os crentes são igualmente capacitados e fortalecidos pelo Espírito Santo para
ministrar a mais pessoas do que Jesus fez, porque atualmente há milhares de milhões
de cristãos espalhados por todo o mundo. Portanto, quando começamos nosso estudo
sobre dons espirituais é primeiramente necessário perceber que o nosso ministério
pessoal é a continuação do ministério de Jesus. Ou, para resumir, os dons de Deus
são dispensados pelo Espírito de Deus para que a igreja de Deus possa ministrar como
o Filho de Deus.
Carismática
Dons Espirituais são dados a cada geração e devem ser praticados hoje, de acordo
com os limites das Escrituras.
Cessacionista
Pentecostal
Comentário:
Quando Driscoll divide nesse post as quatro posições sobre os dons espirituais, ele
escreve a posição dos carismaníacos, ou seja, aqueles que acreditam em um poder
sobrenatural sem parâmetro bíblico, sem limites impostos pela maior revelação que
já está nas Escrituras. É importante destacar a diferença entre
pentecostais/carismáticos, desses sujeitos que acreditam em novas verdades
reveladas.
Infelizmente muitos esqueceram a função real dos dons espirituais é continuar a obra
de Cristo na terra, fazendo o bem e libertando todos os oprimidos, mas sem
invencionices personalistas.
O que é unção?
26 de maio de 2007Gutierres Fernandes Siqueira
Introdução
Por meio da Palavra, o Espírito Santo ensina as verdades de Deus. João alerta
que os cristãos precisam tomar cuidado com os falsos ensinos, e devem
rejeitar lições que provem de uma fonte diferente da que é dada pelo Espírito
Santo, isto é, a Santa Palavra. Esse texto ensina que as verdades divinas são
absolutas e infalíveis, ou seja, não é preciso ir além da revelação escrita na
Bíblia.Esse texto não está ensinando que é proibido uma pessoa estudar e
examinar a Palavra, pois o Espírito Santo ensina tudo. O que este texto passa
é uma advertência contra os ensinamentos extra-bíblicos dos falsos profetas.
Meditar na Palavra e examiná-la com humildade é o meio do Espírito Santo
guiar o crente em toda a verdade.
Conclusão
Referências Bibliográficas:
– Ser cheio do Espírito Santo não é adotar “usos e costumes” de uma denominação
legalista.
– Ser cheio do Espírito Santo não é manifestar dons carismáticos no culto, tais como
profecias, curas, revelações, milagres e línguas. A igreja de Corinto manifestava os
dons e ao mesmo tempo a carnalidade.
– Ser cheio do Espírito Santo não é participar de liturgias estranhas e bizarras, tais
como “unção do leão, da lagartixa, da gargalhada” etc.
– Ser cheio do Espírito Santo não é adotar o evangeliquês (idioma dos evangélicos),
usando expressões como “varão”, “fogo”, “vaso”, “mistério”, “êita glória” etc.
– Ser cheio do Espírito Santo não é histeria e nem gritaria. Para mostrar a
espiritualidade não é necessário partir para shows pessoais.
– Ser cheio do Espírito Santo não é nostalgia, ou seja, aqueles que só gostam de
coisas do passado.
– Ser cheio do Espírito Santo não é adotar um eterno estado de tristeza e desprezo
pela alegria.
– Ser cheio do Espírito Santo não é passar muito tempo como membro de uma igreja
evangélica.
Reconheço que Deus tem poder para tocar alguém hoje de tal
forma que a pessoa venha a cair. De modo algum sou contra a
verdadeira manifestação do poder de Deus. Esta não me
preocupa nem um pouco, pois quanto mais, melhor. O que
realmente me preocupa são os abusos gerados em torno de tal
prática. Estes trazem mais transtornos e divisões para o Corpo
de Cristo do que edificação espiritual. [10]
José Gonçalves, pastor da Assembléia de Deus no Piauí, escrevendo sobre
fenômenos neopentecostais, lembra do perigo do sensacionalismo e pauta o
assunto pelo equilíbrio. Em artigo, escreveu sobre a possibilidade de alguém
cair sob influência divina assim como nos avivamentos do Século 19, mas
reconhece os atuais exageros sobre o fenômeno. Gonçalves escreve:
Fica bem claro, que a posição oficial dos pentecostais clássicos, é que não se
deve ir além do que está escrito, como bem recomendou o apóstolo Paulo(I Co
4.6) . A Bíblia menciona nove dons espirituais (carismata pneumatikos), mas
não cita o cair no espírito como evidência da plenitude do Espírito Santo. Não
há nenhum textos não escrituras que dê espaço para essa manifestações.
Muitos neopentecostais insistem que há base bíblica e história para as suas
atuais práticas de jogar paletó nas pessoas e essas caírem ou soprar sobre um
publico e esses serem cheios do Espírito.
Conclusão:
Qual é a causa para tanto sucesso de fenômenos excêntricos, extravagantes,
exóticos, anti-bíblicos, irracionais, no evangelicalismo?
14- LUTZER, Erwin W. Quem é Você Para Julgar? 1 ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2005, p. 104.
Como entender a expressão “Ele (Jesus) vos batizará com Espírito Santo e com fogo”
nos textos de Mateus 3. 11-12 e Lucas 3. 15-17? Será que o batismo no Espírito Santo
tem um aspecto purificador (santificador) do homem já regenerado ou esse fogo é
simplesmente escatológico e, portanto, indica o juízo futuro sobre o ímpio?
Como aprendemos no último Batman versus Superman, a ignorância não é sinônimo
de inocência. Muitos especialistas em detratar o pentecostalismo, mesmo sem nunca
tê-lo estudado a partir das suas fontes teológicas, dizem por aí que a primeira
interpretação é consenso entre os pentecostais (e somente entre eles). Não é bem
assim. A questão é bem mais complexa do que esse preconceito rasteiro costuma
admitir. Em primeiro lugar, não há consenso entre os exegetas sobre a interpretação
correta do texto em apreço. Em segundo lugar, nem mesmo entre os próprios
pentecostais há unanimidade sobre a interpretação mais adequada.
Há pentecostais que seguem essa linha? Sim, ninguém menos que Stanley M. Horton,
o maior teólogo assembleiano do pós-guerra, assim pensava e defendia. Em um longo
comentário Horton rebate cada ponto exposto acima como a associação do “batismo
de fogo” com “língua de fogo” ou sobre a falta de preposição antes da expressão como
indicador de um único batismo. Para Horton “quando Jesus fala sobre fogo refere-se
ao do juízo ou da destruição, especialmente o Inferno”[5]. Outro teólogo pentecostal
que concorda com Stanley M. Horton é James B. Shelton: “O foco da mensagem de
João Batista para os impenitentes é o batismo de julgamento, e para os arrependidos,
o batismo de arrependimento”[6].
E é bem verdade que na maioria das vezes quando a palavra fogo é mencionada em o
Novo Testamento há a ideia de juízo embutida (cf. Mateus 7.19; 13.40; Lucas 9.54;
17.29; João 15.6; 1 Coríntios 3. 13, 15; Hebreus 10.27; 12.29; Tiago 5.3; 2 Pedro 3.7;
Apocalipse 8.7; 9.17; 11.5). Além disso, os textos de Mateus 3. 11-12 e Lucas 3. 15-17
não apresentam conotação litúrgica ou sacramental, mas preditiva. O fogo como
elemento litúrgico está tão somente associado ao altar e, nesse ponto, essa figura
perde sentido como elemento do culto neotestamentário.
Não é possível afirmar que o auditório de João Batista fosse constituído apenas de
crentes (cf. Mateus 3.7). A mensagem de juízo fazia todo o sentido para uma “raça de
víboras” que ouvia João na busca de implicá-lo em um crime. O contexto como um
todo aponta para a ideia de juízo dos fariseus e saduceus. A mensagem de João,
assim como de Jesus, sempre foi muito dura para essa classe de religiosos.
Então por que João Batista coloca na mesma frase uma promessa que se concretiza
na festa de Pentecostes (cf. Atos 1.5; 2.1-4) e uma sentença de juízo que se realizará
apenas no final dos tempos? Stanley Horton responde que João Batista fazia parte do
profetismo veterotestamentário onde “não foi relevado o intervelo entre a primeira e a
segunda vinda de Cristo”[7]. Assim como a profecia de Joel no Antigo Testamento
relacionava o derramamento do Espírito e o juízo sobre o mundo (cf. Joel 2, 28-32) e
os discípulos relacionaram a promessa do derramamento do Espírito ao fim dos
tempos (cf. Atos 1. 1-14), João não discernia entre os intervalos do Dia do Senhor.
Conclusão
Diferente de alguns teólogos que vivem de polêmicas e tratam opiniões contrárias com
gracejos vemos que, em matéria exegética, muitas vezes há mais complexidade do
que simplicidade diante de textos difíceis das Escrituras. Outrossim, o pentecostalismo
é complexo e não é unânime nessa questão, como já visto acima, e indica que
associar uma interpretação ao nosso grupo só demonstra ignorância. Eu, apesar dos
bons argumentos do primeiro grupo, concordo com Stanley Horton e a maioria dos
exegetas: o “batismo de fogo” é o juízo escatológico do Senhor.