Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Nota prévia
Este tema, sendo um pouco extenso, deve ser apresentado em mais que uma reunião.
A- Objectivo
O amor de Deus é a realidade central do cristianismo. Constitui a comunidade de
irmãos, que se chama Igreja. Hoje vamos meditar e orar esta realidade.
Amor é, talvez, a palavra mais manuseada pelo homem e nos sentidos mais estranhos e
extravagantes. Quando falamos de amor, pensamos numa infinidade de coisas: em emo-
ções e sensibilidades, em namoros e sentimentalismos, em sensualidade e sexo, em todas
as manifestações normais e anormais da sexualidade e dos afectos. Todas estas coisas
que giram ao redor da palavra amor podem ter sombras do amor verdadeiro, porém não
são o amor humano no seu sentido mais profundo de criaturas de Deus, nascidas para
ele e para se realizarem nele enquanto vivem no mundo, nem são o amor cristão que se
nos manifestou na pessoa de Jesus Cristo, amor que se vive na comunidade da Igreja,
alimentado constantemente pelo espírito de Cristo.
B- Desenvolvimento do tema
Deus é amor e todo aquele que ama nasceu de Deus. Deus, sendo amor, não ficou
em si mesmo mas gerou o seu filho. Desde então, o amor é dialéctico, dá-se e rece-
be. E neste dar e receber edifica-se a pessoa. O amor sempre exige dos outros,
Deus quis ter necessidade dos homens e criou-os por amor. Por amor aos homens
criou o universo. Por amor deu-lhes uma alma imortal e pôs no coração de cada
um deles a semente do amor. É por isso que nenhum homem é feliz se deixa de
amar. Só o homem que sai de si mesmo e se doa aos outros em forma de trabalho,
de colaboração, de ajuda, de convivência, de amizade etc., abre os caminhos para
a sua própria realização e felicidade. O homem, no fim da vida, será julgado pelo
amor: "Tive fome, sede, estive enfermo e preso, nu e forasteiro e me servistes". Aqueles
que fizerem isto, receberão a felicidade eterna. Aqueles que não o fizerem, irão
para o castigo eterno.
Deus podia realizar pelos homens. O amor de Deus em Cristo é um amor de en-
trega sem reservas e sem condições, um amor que abarca todos os homens, todas
as épocas e todos os lugares da Terra.
- Deus amou-nos primeiro. Ele tomou a iniciativa. Não esperou que lhe pedísse-
mos perdão ou que nos arrependêssemos dos nossos pecados. Simplesmente nos
amou, sem que nós o merecêssemos, perdoou-nos sem que lhe tivéssemos pedido
perdão, presenteou-nos com a sua vida, admitiu-nos em sua casa, em sua intimi-
dade, em seus bens, prometeu-nos a sua herança sem que fôssemos seus filhos.
Amando o seu filho e mandando-o à Terra, amou-nos nele e nos deu tudo aquilo
que é propriedade do seu filho amado, Jesus Cristo.
- O amor de Deus é gratuito. Igualmente o amor de Jesus. Não fizemos nada para
o merecer. Um amor que nos perdoou, que nos aceitou como somos, que se colo-
cou do nosso lado simples e plenamente. Um amor que procurou unicamente o
nosso bem, sem pretender nada de nós.
- O amor de Deus é um amor recriador. Nada do que este amor toca fica nas mes-
mas condições, mas profundamente melhor e renovado. Um amor que, onde ha-
via vício, pôs virtude; onde havia ignorância deu ciência, onde havia insensatez
pôs sabedoria, onde havia angústia pôs paz, onde havia divisão pôs concórdia.
Um amor assim não ama aos outros porque são bons ou virtuosos, mas porque
Deus os ama e quer que o seu amor os torne generosos e afáveis como o seu filho.
- O amor de Deus sente a necessidade de se entregar às pessoas que ama. E para o
fazer torna-se humano, faz-se criança, precisa dos cuidados de uma mãe, faz-se
companheiro dos pecadores e compartilha com eles a sua mensagem; na paixão
busca a ajuda do cireneu, na cruz alguém lhe dá de beber, e pede emprestado o
sepulcro de José de Arimatéia. Toda a vida de Jesus foi um acto de amor que pe-
diu o amor dos outros para levar a cabo a sua missão.
- Deve-se ter necessidade dos outros. Só aquele que ama é capaz de pedir. Jesus
pediu muitas coisas ao seu Pai. Também à sua mãe Maria, aos seus amigos, os
apóstolos, à samaritana, a muitos discípulos e hoje faz o mesmo com todos os ho-
mens que crêem nele.
- O amor de Deus foi verdadeiro porque se sacrificou por nós. O amor de Deus
não foi uma brincadeira. A cruz de Jesus foi uma realidade cruel. Deus sacrificou
o seu filho por amor ao homem. «Ninguém tem maior amor do que aquele que dá
a vida pelos seus amigos». A prova do amor verdadeiro é o sacrifício.
Nota: Seria oportuno pôr os jovens, individualmente, a falar sobre o amor de Deus.
Outro pressuposto equivocado sobre o amor, nos nossos dias, é supor que não
existe mais nada para aprender. Confunde-se facilmente a experiência inicial do
apaixonar-se com a situação permanente de estar enamorado. É frequente o caso
de dois jovens que não se conhecem: vêem-se pela primeira vez, rompem as dis-
Pastoral de Jovens Braga 2004/2005
guação, com informação, vendo as suas consequências etc., é ser homens maduros
que se amam a si próprios. Julgar acontecimentos e pessoas, somando prós e con-
tras, com base em investigações, em oração etc.,..., é ser maduros e amar-se a si
mesmos. Tomar decisões, após ter pesado causas e consequências, é ser maduros e
amar-se a si mesmos.
Quando o amor a si mesmo chegar a desenvolver as próprias potencialidades
como pessoa humana, então nascerá o amor aos irmãos, porque a pessoa se porá
ao serviço dos outros e da sociedade. Entramos em cheio no amor fraterno. Se o
amor a mim mesmo me pede esforços de estudo, dinheiro para os mesmos etc.,
então agora terei de pôr os meus esforços e recursos ao serviço dos outros, dos
que começam a vida, dos que estão no caminho, dos que já estão a concluir, para
que tenham a mesma força pessoal que eu tive.
E quando o amor a si mesmo transbordar no amor aos outros, então está a cum-
prir-se o amor de libertação do homem, o amor que transcende a própria pessoa e
a pessoa dos outros: é o amor de Deus, o amor que nos une a ele nos seus projec-
tos, nas suas intenções, nos seus planos para o homem e para o mundo. O homem
torna-se um colaborador de Deus onde quer que se encontre e em qualquer voca-
ção à qual for chamado. O amor de Deus é possível sempre, porque é possível en-
contrar Deus sempre, pois ele deixa-se encontrar.
Então, todas as actividades do homem entrarão no amor e encontrarão o seu senti-
do pleno. O casado viverá no amor, o religioso viverá no amor, o sacerdote viverá
no amor. As crianças, os jovens e os anciãos viverão no amor. As obrigações religi-
osas serão vividas no amor (os mandamentos, os sacramentos...), as obrigações so-
ciais (trabalho, solidariedade, respeito etc.), as transformações culturais (comuni-
cações, idiomas, formas religiosas etc.), os parâmetros económicos (bancos, caixas
electrónicas, mercados etc.)... Não haverá nada fora do amor de Deus. O amor é
uma arte que se aprende.
O animador encontrará o melhor modo de expor e debater este tema, que pode
terminar com a oração e o cântico que abaixo indicamos…
C- Oração
Senhor, estou a falar sem saber o que digo. É uma tarefa que me faz estremecer.
É inútil que me empenhe em dissimular. No entanto, se o meu amor tem que ser ge-
Vou dizer-te o que sinto neste momento. nuinamente cristão,
Parece que me pedes muito. deve ajustar-se perfeitamente ao teu,
Não só me pedes que ame, não me resta outro remédio
mas que chegue a amar como tu amas. senão pedir-te emprestado o teu amor.
A verdade é que me parece muito Amem.
para as minhas pobres forças.
Pastoral de Jovens Braga 2004/2005
D- Cântico