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3 – CISALHAMENTO EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO

Na maioria dos problemas práticos as vigas são submetidas a esforços


combinados de momento fletor e força cortante. No capítulo anterior, o efeito do
momento fletor foi analisado separadamente. Neste capítulo considera-se o efeito
conjunto dessas duas solicitações, continuando as barras de armadura longitudinais
dimensionadas como no item anterior com a influência do cortante verificada pela
decalagem do diagrama de momento fletor.

3.1 – Considerações iniciais

Considere-se a viga bi-apoiada (Figura abaixo), submetida a duas forças F


iguais e eqüidistantes dos apoios, armada com barras longitudinais tracionadas e com
estribos, para resistir aos esforços de flexão e de cisalhamento, respectivamente.
A armadura de cisalhamento poderia também ser constituída por estribos
associados a barras longitudinais curvadas (barras dobradas).
Para pequenos valores da força F, enquanto a tensão de tração for inferior à
resistência do concreto à tração na flexão, a viga não apresenta fissuras, ou seja, as suas
seções permanecem no Estádio I.
Com o aumento do carregamento, no trecho de momento máximo (entre as
forças), a resistência do concreto à tração é ultrapassada e surgem as primeiras fissuras
de flexão (verticais devido à ausência de cortante). No início da fissuração da região
central, os trechos junto aos apoios, sem fissuras, ainda se encontram no Estádio I.
Continuando o aumento do carregamento, surgem fissuras nos trechos entre as
forças e os apoios, as quais são inclinadas, por causa da inclinação das tensões
principais (elemento sujeito à tensões normais e de cisalhamento). A inclinação das
fissuras corresponde aproximadamente à inclinação das trajetórias das tensões
principais, isto é, aproximadamente perpendicular à direção das tensões principais de
tração.
Com carregamento elevado a viga em quase toda sua extensão, encontra-se no
Estádio II. Em geral, apenas as regiões dos apoios permanecem isentas de fissuras, até a
ocorrência de ruptura.
A Figura abaixo mostra a evolução da fissuração de uma viga de seção T, para
vários estágios de carregamento.
3.2 - Modelo de Treliça

O modelo clássico de treliça foi idealizado por Ritter e Mörsch, no início do


século XX, e se baseia na analogia entre uma viga fissurada e uma treliça. Considerando
uma viga biapoiada de seção retangular, Mörsch admitiu que, após a fissuração, seu
comportamento é similar ao de uma treliça como a indicada na Figura abaixo, formada
pelos elementos: banzo superior (cordão de concreto comprimido); banzo inferior
(armadura longitudinal de tração); diagonais comprimidas (bielas de concreto entre as
fissuras); e diagonais tracionadas (armadura transversal de cisalhamento).

Na Figura acima está indicada armadura transversal (estribos) com inclinação


o
de 90 . Essa analogia de treliça clássica considera as seguintes hipóteses básicas:

- fissuras com inclinação de 45o e, portanto, bielas de compressão com


inclinação de 45o;
- banzos paralelos;
- treliça isostática, ou seja, não considera-se o engastamento nas ligações entre
os banzos e as diagonais;
- armadura de cisalhamento com inclinação entre 45º e 90º.

Porém, resultados de ensaios comprovam que há imperfeições na analogia de


treliça clássica. Isso se deve principalmente a três fatores:

(i) a inclinação das fissuras é menor que 45º;


(ii) os banzos não são paralelos; há o arqueamento do banzo comprimido,
principalmente nas regiões dos apoios;
(iii) a treliça é altamente hiperestática; ocorre engastamento das bielas no banzo
comprimido.

A NBR 6118 (2014) fornece dois procedimentos para a verificação de vigas


quanto ao cisalhamento. Os dois procedimentos são baseados no modelo de treliça
clássica sendo que um deles permite a definição, por conta do projetista, do ângulo de
inclinação das bielas comprimidas, com esse ângulo variando livremente entre 30º a
45º.

Modos de ruína:

Numa viga de concreto armado submetida à flexão simples, vários tipos de ruína
são possíveis, entre as quais: ruínas por flexão; ruptura por falha de ancoragem no
apoio; ruptura por esmagamento da biela; e ruptura da armadura transversal.
Ruínas por flexão:
Nas vigas dimensionadas nos domínios 2 ou 3, a ruína ocorre após o escoamento
da armadura, ocorrendo abertura de fissuras e deslocamentos excessivos (flechas), que
servem como “aviso” da ruína. Nas vigas dimensionadas no Domínio 4, a ruína se dá
pelo esmagamento do concreto comprimido, não ocorrendo escoamento da armadura
nem grandes deslocamentos, o que caracteriza uma “ruína sem aviso”.

Ruptura por falha de ancoragem no apoio:


A armadura longitudinal é altamente solicitada no apoio, em decorrência do
efeito de arco. No caso de ancoragem insuficiente, pode ocorrer o colapso na junção da
diagonal comprimida com o banzo tracionado, junto ao apoio. A ruptura por falha de
ancoragem ocorre bruscamente, usualmente se propagando e provocando também uma
ruptura ao longo da altura útil da viga.

Ruptura por esmagamento da biela:


No caso de seções muito pequenas para as solicitações atuantes, as tensões
principais de compressão podem atingir valores elevados, incompatíveis com a
resistência do concreto à compressão com tração perpendicular (estado duplo). Tem-se,
então, uma ruptura por esmagamento do concreto (Figura abaixo).
A ruptura da diagonal comprimida determina o limite superior da capacidade
resistente da viga à força cortante, limite esse que depende, portanto, da resistência do
concreto à compressão.

Ruptura da armadura transversal:


Corresponde a uma ruína por cisalhamento, decorrente da ruptura da armadura
transversal (Figura abaixo). É o tipo mais comum de ruptura por cisalhamento,
resultante da deficiência da armadura transversal para resistir às tensões de tração
devidas à força cortante, o que faz com que a peça tenha a tendência de se dividir em
duas partes.
Modelo de cálculo:

A NBR 6118 (2014) admite dois modelos de cálculo, que pressupõem analogia
com modelo de treliça de banzos paralelos, associado a mecanismos resistentes
complementares, traduzidos por uma parcela adicional ao esforço cortante (Vc) devido
aos esforços normais na viga.
O modelo I admite:
- bielas de compressão com inclinação θ = 45º;
- Vc constante, independente de VSd. Onde VSd é a força cortante de cálculo, na seção.
O modelo II considera:
- bielas de compressão com inclinação θ entre 30º e 45º;
- Vc diminui com o aumento de VSd.

Nos dois modelos, devem ser consideradas as etapas de cálculo:


(i) verificação da compressão na biela;
(ii) cálculo da armadura transversal;
(iii) deslocamento al do diagrama de força no banzo tracionado.

Equações do modelo II:

Nas equações abaixo α é o ângulo de inclinação das armaduras de combate ao


esforço de cisalhamento (estribos) e θ é o ângulo de inclinação da biela comprimida.

Tomando o equilíbrio de forças verticais para a seção de Ritter S 2 , tem-se

Rcd senθ = Vd → Rcd = Vd / senθ

Tomando o equilíbrio de forças verticais para a seção de Ritter S1 , tem-se

Rsd senα = Vd → Rsd = Vd / senα

Sendo Rs a força resultante no banzo tracionado da treliça (armadura longitudinal de


tração) na seção de Ritter S1 , e tomando o equilíbrio de momentos em relação ao nó
representado pela letra L na figura acima, tem-se

Vd ( c + a l ) = R s z
Na determinação da equação acima foi escolhido o ponto médio M entre as armaduras
de cisalhamento considerando que tenha uma distribuição uniforme dessa armadura ao
longo da biela comprimida. Da equação de equilíbrio de momentos para armadura
simples definida no capítulo anterior para flexão simples, verifica-se que o momento na
seção transversal é o produto entre a resultante de tração na armadura longitudinal e o
braço de alavanca em relação à resultante de compressão no concreto, ou seja,
M = Rs z . Já o momento no ponto M para o carregamento analisado equivalente ao da
treliça de Mörsch é Vd c , portanto,

Vd c = R s z ,

segundo a teoria da flexão definida no item anterior. Observa-se uma incoerência nas
duas equações anteriores, motivo pelo qual a teoria de flexão é corrigida com a
decalagem do diagrama de momentos fletores de a l para que se possa utilizá-la quando
se atuam esforços de flexão e cisalhamento.
Da figura acima, tem-se:

a l = z (cot gθ − cot gα ) / 2

Ajustando a equação acima com resultados empíricos, tem-se:

al = d para V Sd ,max ≤ Vc
 VSd , max 
al = d  (1 + cot gα ) − cot gα  ≤ d com a l ≥ 0,5d caso geral
 2(VSd , max − Vc ) 
a l ≥ 0,2d para estribos a 45 0

Equações do modelo I:
As equações são as mesmas para o modelo II tomando θ = 45 0 , logo

Rcd sen45 = Vd → Rcd = 2Vd

Rsd senα = Vd → Rsd = Vd / senα

3.3 – Verificação do concreto

A verificação do concreto em vigas submetidas a esforços de cisalhamento é


feita verificando as bielas comprimidas (diagonais comprimidas do modelo de treliça de
Mörsch).
Na região de biela comprimida o concreto está sujeito às tensões principais de
compressão e tração. Nesse estado duplo de tensões axiais a norma NBR 6118 (2014)
admite para resistência à compressão do concreto a expressão

σ c = 0,6α v 2 f cd com α v 2 = 1 − f ck / 250 com f ck em MPa.


A tensão de compressão atuante na biela é obtida dividindo a força de
compressão pela área da seção transversal da biela, ou seja,

Rcd
σc =
bw zsenθ (cot gθ + cot gα )

Como Rcd = Vd / senθ , tem-se

Vd
σc = 2
→ Vd = σ c β z bw dsen 2θ (cot gθ + cot gα ) .
bw zsen θ (cot gθ + cot gα )

Na equação acima β z = z / d = 1 − 0.4 β x (para diagrama de tensões aproximado


retangular). A NBR 6118 (2014) admite, a favor da segurança, a utilização de um
β z = 0.9 ( β x = 0.25 ) para os diferentes problemas. Substituindo na expressão acima a
resistência do concreto à compressão em estado duplo de tensões, chega-se a seguinte
equação para o esforço cortante de cálculo resistente em relação à ruína da biela
comprimida,

V Rd 2 = 0.6α v 2 f cd 0.9bw dsen 2θ (cot gθ + cot gα ) .

V Rd 2 = 0.54α v 2 f cd bw dsen 2θ (cot gθ + cot gα ) (modelo II)

A equação acima é definida para o modelo II. No modelo I da norma brasileira de


concreto faz-se na equação acima θ = 45 0 e admitem-se estribos verticais ( α = 90 0 ),
sendo assim,

V Rd 2 = 0.27α v 2 f cd bw d (modelo I).

Para a verificação do concreto em elementos lineares sujeito a esforço de cisalhamento,


deve-se verificar a expressão

VSd ≤ V Rd 2 , onde

VSd é o esforço máximo cortante de cálculo atuante no elemento analisado e V Rd 2 é o


esforço resistente, como determinado neste item para o modelo I ou II.
3.4 – Cálculo das armaduras de cisalhamento (estribos)

Segundo a NBR 6118 (2014) todos os elementos lineares submetidos à força


cortante, com exceção dos casos indicados no próximo parágrafo, devem conter
armadura transversal mínima constituída por estribos, com taxa geométrica dada pela
expressão

Asw f
ρ sw = ≥ 0,2 ctm , onde:
sbw senα f ywk

f ctm é a resistência do concreto média a tração direta; f ywk é a resistência ao escoamento


do aço da armadura transversal; s é o espaçamento entre as armaduras de cisalhamento
(estribos); Asw é a área da seção transversal de todos os estribos que estejam na mesma
seção transversal do elemento linear; e bw é a largura da alma da seção transversal.

Fazem exceção à taxa de armadura mínima citada no parágrafo anterior os


elementos que se enquadram em um dos subitens abaixo:
(i) os elementos estruturais lineares com b > 5 d (em que d é a altura útil da seção),
caso que deve ser tratado como laje;
(ii) as nervuras de lajes nervuradas. Nesse caso será tratado como laje devendo ser
tomada como base a soma das larguras das nervuras no trecho considerado;
(iii) os pilares e elementos lineares de fundação submetidos predominantemente à
compressão, que atendam simultaneamente, na combinação mais desfavorável
das ações em estado limite último, calculada a seção em estádio I, à condição de
que em nenhum ponto seja ultrapassada a tensão fctk e que VSd ≤ Vc, sendo Vc
definido a seguir.

Na figura acima s é o espaçamento entre os estribos e R sd = Vd / senα como


determinado anteriormente. Sendo, Asw a área da seção transversal de todos os estribos
que estejam no mesmo plano perpendicular ao plano da figura acima e f ywd a tensão de
escoamento do aço da armadura de cisalhamento, tem-se:
z (cot gθ + cot gα ) V Rw A
f ywd Asw = → V Rw = sw β z df ywd senα (cot gθ + cot gα )
s senα s

Da mesma forma utilizada na verificação do concreto, a NBR 6118 (2014)


admite, a favor da segurança, a utilização de um β z = 0.9 ( β x = 0.25 ) para os diferentes
problemas. Dessa forma a equação para o esforço cortante de cálculo resistente em
relação ao escoamento dos estribos é dada por:

Asw
V Rw = 0.9df ywd senα (cot gθ + cot gα ) . (modelo II)
s

A equação acima é definida para o modelo II. No modelo I da norma brasileira de


concreto faz-se na equação acima θ = 45 0 , sendo assim,

Asw
V Rw = 0.9df ywd ( senα + cos α ) (modelo I).
s

Para a determinação da quantidade de armadura de cisalhamento (estribos) em


elementos lineares sujeito a esforço de cisalhamento, deve-se verificar a expressão

VSd ≤ V Rd 3 , onde

VSd é o esforço máximo cortante de cálculo atuante no elemento analisado e


V Rd 3 = Vc + V Rw , com V Rw definido anteriormente para os modelos I ou II, e Vc é a
parcela de força cortante absorvida por mecanismos complementares ao de treliça. A
NBR 6118 (2014) admite, baseada em resultados experimentais, as seguintes expressões
para Vc :

Modelo I:

Modelo II:
Nas expressões acima, bw é a menor largura da seção, compreendida ao longo da
altura útil d; d é a altura útil da seção, igual à distância da borda comprimida ao centro
de gravidade da armadura de tração; M0 é o valor do momento fletor que anula a tensão
normal de compressão na borda da seção tracionada por MSd,máx; e MSd,Max é o momento
fletor de cálculo, máximo no trecho em análise, que pode ser tomado como o de maior
no semitramo considerado.
As equações acima foram obtidas de acordo com as aproximações da teoria da
treliça de Mörsch considerando esforço cortante constante ao longo de um determinado
trecho de um elemento linear. No caso geral de cortante variável em um determinado
trecho de um elemento linear, este deve ser considerado constante e igual ao seu valor
máximo no trecho, assim ao utilizar as equações definidas anteriormente estaremos a
favor da segurança.
Ainda em relação ao esforço cortante admitido para determinação da armadura
de cisalhamento em elementos lineares, a NBR 6118 (2014), admite os valores de VSd
abaixo, para o cálculo da armadura transversal no trecho junto ao apoio, no caso de
apoio direto (carga e reação de apoio em faces opostas, comprimindo-as):
(i) para carga distribuída, VSd = VSd,d/2, ou seja, VSd igual à força cortante na seção
distante d/2 da face do apoio. Com d sendo a altura útil da viga;

(ii) a parcela da força cortante devida a uma carga concentrada aplicada à distância a
< 2d do eixo teórico do apoio pode ser reduzida multiplicando-a por a / (2d).
OBS: As reduções indicadas nesta seção não se aplicam à verificação da resistência à
compressão diagonal do concreto. No caso de apoios indiretos, essas reduções também
não são permitidas.

3.5 – Detalhamento dos estribos

Os estribos para forças cortantes devem ser fechados através de um ramo


horizontal, envolvendo as barras da armadura longitudinal de tração, e ancorados na
face oposta. Quando essa face também puder estar tracionada, o estribo deve ter o ramo
nessa região, ou complementado por meio de barra adicional.
O diâmetro da barra que constitui o estribo deve ser maior ou igual a 5 mm, sem
exceder 1/10 da largura da alma da viga. Quando a barra for lisa, seu diâmetro não pode
ser superior a 12 mm.
O espaçamento mínimo entre estribos, medido segundo o eixo longitudinal do
elemento estrutural, deve ser suficiente para permitir a passagem do vibrador,
garantindo um bom adensamento da massa. O espaçamento máximo deve atender às
seguintes condições:

se Vd ≤ 0,67 VRd2 , então smáx = 0,6d ≤ 300mm;


se Vd > 0,67 VRd2 , então smáx = 0,3d ≤ 200 mm.

O espaçamento transversal entre ramos sucessivos da armadura constituída por


estribos não deve exceder os seguintes valores:

se Vd ≤ 0,20 VRd2 , então st,máx = d ≤ 800mm;


se Vd > 0,20 VRd2 , então st,máx = 0,6d ≤ 350mm.

EXERCÍCIO: Verifique a altura útil da viga quanto ao cisalhamento e determine a


quantidade dos estribos necessária e sua distribuição ao longo do vão da viga. Dados:
f ck = 25MPa , aço CA50, q gk = 50kNm (carga de peso próprio) e q qk = 10kNm (carga
acidental de uso).
Solução: Vão efetivo da viga:

l ef = l + a1 + a 2 onde a i é o menor valor entre a metade da largura do apoio ( t i / 2 ) ou


30% da altura da viga ( 0.3h ), logo
l ef = 3.2 + 0.11 + 0.11 = 3.42m

Altura útil:
d = h − d ' = 40 − (2,5 + 0,63 + 1,0) = 35,9cm

Esforço cortante de cálculo (VSd):


q d = 1,4q gk + 1,4q qk = 1,4 × 50 + 1,4 × 10 = 84kN / m

Será considerado um semitramo de armadura de cisalhamento mínima e outro


semitramo com armadura de cisalhamento definida para o esforço cortante de cálculo de
137,7 kN. Para a verificação da viga quanto ao esmagamento das bielas comprimidas
deve-se utilizar o esforço cortante de cálculo de 143,5 kN.

Verificação da viga quanto ao esmagamento do concreto nas bielas comprimidas:

α v 2 = 1 − f ck / 250 → α v 2 = 1 − 25 / 250 = 0,9


V Rd 2 = 0,27α v 2 f cd bw d (considerando modelo de cálculo I)
25 × 10 3
VRd 2 = 0,27 × 0,9 × × 0,22 × 0,359 → VRd 2 = 342,7kN
1,4
Para verificação do concreto VSd = 143,5kN . Como VSd é bem menor que V Rd 2 a viga
está com uma boa folga em relação ao esmagamento das bielas comprimidas.

Cálculo do esforço cortante para armadura mínima:


Asw f
ρ sw = ≥ 0,2 ctm (taxa mínima de armadura transversal)
sbw senα f ywk
2/3
f ctm = 0,3 f ck = 0,3 × 25 2 / 3 = 2,56MPa
f ywk = 500 MPa (admitindo a utilização de barras de aço CA-50 de 6,3mm de diâmetro,
no caso de utilização de fios de aço CA-60 essa tensão de escoamento
seria maior e estaríamos a favor da segurança)
2,56
ρ sw,min = 0,2 × 100% = 0,1024%
500

Utilizando o modelo de cálculo I da norma NBR-6118 (2014) para estribos verticais


( α = 90 ), tem-se
Asw A 22 × 0,1024 A
= 0,1024 / 100 → sw = → sw = 0,0225cm 2 / cm
sbw sen90 s 100 s
A 50
V Rw = sw 0.9df ywd ( senα + cos α ) → V Rw,min = 0,0225 × 0.9 × 35,9 × = 31,64kN
s 1,15
Vc = Vc 0 = 0,6 f ctd bw d (esforço de cálculo resistente devido à mecanismo
complementares ao de treliça para o caso de flexão simples e
modelo de cálculo I)
2/3
f ctd = 0,7 f ctm / 1.4 = 0,15 f ck = 0,15 × 25 2 / 3 = 1,28MPa
Vc = 0,6 × 1,28 × 10 3 × 0,22 × 0,359 → Vc = 60,77 kN

Como VSd ≤ V Rd 3 = Vc + V Rw , tem-se

VSd ,min = 60,77 + 31,64 = 92,41kN (esforço cortante máximo resistido com armadura
mínima de cisalhamento)

Trecho de armadura mínima:

143,5 143,5 − 92,41 171(143,5 − 92,41)


= →a= → a = 60,9cm
171 a 143,5

Logo, a viga será dividida nos semitramos mostrados na figura abaixo

O semitramo 2 recebe armadura mínima de cisalhamento, já o semitramo 1 deve ter


armadura de cisalhamento determinada para o cortante máximo neste semitramo.
Armadura de cisalhamento:

Número de ramos dos estribos: Deve ser no mínimo 2, devendo respeitar a distância
máxima entre os ramos sucessivos definida pela norma NBR 6118 (2014).

Tanto para o semitramo 1 ( VSd = 137,7 kN ), quanto para o


semitramo 2 ( VSd = 92,41kN ), tem-se VSd > 0,2V Rd 2
( 137,7 > 68,5 ou 92,41 > 68,5 ), logo st,máx = 0,6d ≤ 350mm, ou
seja, st,max = 21,2cm.

Como st,max > 17cm pode ser utilizado estribos com dois ramos.

OBS: No caso do espaçamento dos estribos obtido para o número mínimo de ramos ser
muito pequeno (inviabilizando a execução), pode-se aumentar o número de ramos para
aumentar o espaçamento entre estribos.

Semitramo 1: VSd = 137,7 kN , Vc = 60,77 kN (conforme obtido anteriormente)


A A V Rw
V Rw = sw 0.9df ywd ( senα + cos α ) → sw =
s s 0.9df ywd
Como VSd ≤ V Rd 3 = Vc + V Rw , tem-se V Rw = VSd − Vc , logo
Asw V Sd − Vc 137,7 − 60,77 A
= = → sw = 0,0548cm 2 / cm
s 0.9df ywd 0,9 × 35,9 × 50 / 1,15 s
Adotando estribos de 6,3mm de diâmetro dobrados em forma de U (2 ramos) e
ancorados na face superior, tem-se:
 π 0,63 2  2
Asw = 2 cm = 0,623cm 2 , logo
 4 
Asw 0,623
= 0,0548cm 2 / cm → s = → s = 11,4cm (espaçamento entre os estribos no
s 0,0548
semitramo 1)

60,9
= 5,34 → n = 6 (usar 6 estribos de 6,3mm a cada 10,2cm)
11,4

Semitramo 2: armadura mínima de cisalhamento


Asw
= 0,0225cm 2 / cm (como obtido anteriormente)
s
Adotando estribos de 6,3mm de diâmetro dobrados em forma de U (dois ramos) e
ancorados na face superior, tem-se:
 π 0,63 2  2
Asw = 2 cm = 0,623cm 2 , logo
 4 
Asw 0,623
= 0,0225cm 2 / cm → s = → s = 27,7cm (espaçamento entre os estribos no
s 0,0225
semitramo 2 devido ao esforço cortante mínimo)

Para o semitramo 2, tem-se VSd = VSd , min = 92,41kN . Como V Rd 2 = 342,7 kN , logo
VSd ≤ 0,67V Rd 2 ( 92,41 ≤ 229,6 ) então smáx = 0,6d ≤ 300mm, ou seja,

 27,7 
 
s ≤ 0,6d = 21,5 → s = 21,5cm (espaçamento máximo permitido no semitramo 2)
 30 
 

220,2
= 10,2 → n = 11 (usar 11 estribos de 6,3mm a cada 20cm)
21,5
Número total de estribos e detalhamento:

n = 2 × 6 + 11 = 23 estribos de
6,3mm de diâmetro e 101 cm.
3.6 – Consolos e dentes Gerber

3.6.1 – Consolos
São considerados consolos vigas em balanço onde a distância entre a resultante
do carregamento e a face do apoio (distância DF ou BF na afigura abaixo) é menor ou
igual a sua altura útil (distância d na figura abaixo), caso contrário, devem ser tratados
como viga em balanço.

Comportamento estrutural:

O comportamento estrutural de consolos pode ser descrito por um modelo biela-


tirante. O tirante é formado pelas barras longitudinais de aço armadas na parte superior
do consolo e ancorada na biela de um lado e no pilar ou apoio do outro. A biela
inclinada vai da carga até a face do pilar ou apoio, usando toda a altura de consolo
disponível (ver figura acima). A boa funcionalidade desse comportamento para um
consolo está associada aos seguintes aspectos:

a) ancoragem adequada do tirante, abraçando a biela logo abaixo do aparelho de apoio;


b) a taxa de armadura do tirante a ser considerada no cálculo deve ser limitada
superiormente, de modo a garantir o escoamento, antes da ruptura do concreto;
c) verificação da resistência à compressão da biela garantindo com segurança adequada
que a ruptura se dê com escoamento das barras do tirante. Para a verificação da biela
pode ser considerada a abertura de carga sob a placa de apoio, conforme indicado na
figura acima limitada a uma inclinação máxima de 1:2 em relação à vertical, nos pontos
extremos A e C (ou E) da área de apoio ampliada;
d) é fundamental a consideração de esforços horizontais no dimensionamento dos
consolos e o seu conseqüente efeito desfavorável na inclinação da resultante Fd (ver
figura acima). A NBR 9062 (2006) estabelece valores mínimos desses esforços:
- H d = 0.7Vd para juntas a seco;
- H d = 0.5Vd para juntas revestidas com argamassa;
- H d = 0.2Vd para almofadas de elastômeros;

Equações de cálculo:

Do equilíbrio do nó da treliça acima obtém-se as forcas atuantes nas barras longitudinais


armadas na face superior do consolo (barras funcionando como tirantes) e na biela
comprimida de concreto, ou seja:

Rcd senθ = Vd → Rcd = Vd / senθ ,

Rcd cos θ + H d = R sd → R sd = Vd / tgθ + H d .

Verificação do concreto

Na região de biela comprimida o concreto está sujeito às tensões principais de


compressão e tração. Neste estado duplo de tensões axiais a norma NBR 6118 (2014)
admite para resistência à compressão do concreto a expressão

σ c = 0,6α v 2 f cd com α v 2 = 1 − f ck / 250 com f ck em MPa.

A tensão de compressão atuante na biela é obtida dividindo a força de


compressão pela área da seção transversal da biela, ou seja,
Rcd
σc =
bw hbie

Como Rcd = Vd / senθ , tem-se

Vd
σc = → Vd = σ c bw hbie senθ .
bw hbie senθ

Substituindo na expressão acima a resistência do concreto à compressão em estado


duplo de tensões, chega-se a seguinte equação para o esforço cortante de cálculo
resistente em relação à ruína da biela comprimida,

V Rd = 0,6α v 2 f cd bw hbie senθ .

Armadura necessária para o tirante:

Deve-se definir uma quantidade de aço para o tirante que permita o escoamento
do aço para um esforço cortante igual ou menor que VRd, ou seja, a ruptura da biela
comprimida acontece depois ou ao mesmo tempo que o escoamento das barras de aço
do tirante, ruptura dúctil.
A tensão de tração no tirante é obtida dividindo a força de tração pela área da
seção transversal do tirante, ou seja,

Rsd
σs = .
As

Fazendo a tensão atuante igual a tensão de escoamento na equação acima e substituindo


Rsd pela expressão obtida anteriormente, chega-se a expressão

Vd + H d tgθ
As = , com Vd ≤ V Rd .
tgθf yd

____
Caso de H d = 0 : Para este caso de acordo com as figuras acima, tem-se x = DF e
____
y = d − AD tgθ , logo:
____
____ ____
y d − AD tgθ
tgθ = → tgθ = ____
→ d = ( DF + AD)tgθ (altura útil do consolo)
x
DF
hbie ____
senθ = ____ → hbie = senθ AE (altura da biela comprimida)
AE
____
Caso de H d ≠ 0 : Para este caso de acordo com as figuras acima, tem-se x = BF e
____
y = d − AB tgθ , logo:
____
____ ____
y d − AB tgθ
tgθ = → tgθ = ____
→ d = ( BF + AB )tgθ (altura útil do consolo)
x
BF
hbie ____
senθ = ____ → hbie = senθ AC (altura da biela comprimida)
AC

Detalhamento:

Armadura do tirante

O tirante deve ser ancorado na biela comprimida e no pilar. Recomenda-se na


face externa do consolo (região de biela comprimida) uma ancoragem no plano
horizontal através de um laço ou barras soldadas, como mostra a figura abaixo. Na outra
face a ancoragem pode ser feita através de gancho reto a partir da face do pilar.

Armadura de costura

Para garantir uma ruptura dúctil é sempre necessária uma distribuição de uma
armadura de costura ao longo de 2/3 da altura útil do consolo, como mostra a figura
abaixo. A NBR 6118 (2014) sugere a utilização 40% da armadura do tirante para
determinação da armadura de costura.

Armadura típica de um consolo curto (NBR 6118, 2014)


3.6.2 – Dentes Gerber
O dente Gerber é uma saliência que se projeta na parte superior ou inferior da
extremidade de uma viga, com o objetivo de apoiá-la em um consolo ou em outro dente
Gerber.

Comportamento estrutural
Os dentes Gerber têm um comportamento estrutural semelhante ao dos consolos,
podendo ser também representados por um modelo biela-tirante. Nos dentes Gerber as
bielas são, geralmente, um pouco mais inclinadas que nos consolos curtos, já que elas
devem buscar apoio nas armaduras de elevação, como mostra a figura acima.
A armadura principal (tirante) deve penetrar na viga, procurando ancoragem nas
bielas de cisalhamento da viga. A armadura de suspensão deve ser calculada para a
força cortante total atuante no dente (Vd).
O modelo de cálculo é análogo ao apresentado para o consolo curto com o
acréscimo da determinação da armadura de elevação. A área dessa armadura deve ser
determinada como se toda a reação vertical no dente Gerber tivesse que ser elevada da
parte da armadura de tração da viga até o sistema de biela-tirante do dente Gerber, ou
seja, ela funciona como um tirante.

Armadura necessária para suspensão da reação:


A tensão de tração no tirante de suspensão da reação de apoio é obtida dividindo
a força vertical no apoio ( Vd ) pela área da seção transversal do tirante, ou seja,

σ s = Vd / As .

Fazendo a tensão atuante igual a tensão de escoamento na equação acima, chega-se a


expressão

Vd
As = , com Vd ≤ V Rd 2 .
f yd

Detalhamento:

Assim como no modelo de cálculo, o detalhamento é análogo ao definido para o


consolo curto, com as seguintes diferenças:
Armadura de suspensão
Essa armadura deve ser preferencialmente constituída de estribos, na altura
completa da viga, concentrados na sua extremidade.

Ancoragem da armadura principal


A armadura principal deve ser ancorada a partir do seu cruzamento com a
primeira biela da viga, na sua altura completa.

EXERCÍCIO: Determine a altura necessária para o consolo e o dente Gerber da viga


mostrada na figura abaixo. Faça o detalhamento destes elementos. Dados:
f ck = 25MPa , aço CA50, q gk = 47,05kNm (carga de peso próprio), q qk = 10,09kNm
(carga acidental de uso) e classe II de agressividade ambiental.

Solução: Vão efetivo da viga:

Neste caso temos viga realmente bi-apoiada e o vão efetivo será considerado com a
distância entre as resultantes das reações de apoio.

l ef = l − 20 = 320 − 20 = 300cm

Esforço cortante de cálculo (VSd):


q d = 1,4q gk + 1,4q qk = 1,4 × 47,05 + 1,4 × 10,09 = 80,0kN / m

q d L 80 × 3
Vd = = = 120kN
2 2

Detalhamento inicial do consolo


Vamos considerar que não seja utilizado um aparelho de apoio sendo o contato
entre o consolo e o dente Gerber feito de forma direta. Também será considerado que a
reação de apoio é transmitida de um elemento para o outro com uma distribuição
uniforme ao longo da largura destes elementos.
c = 25mm (Cobrimento mínimo para viga sob classe II de agressividade ambiental, com
controle de execução)

Para barra de diâmetro 20mm (adotado inicialmente), e diâmetro máximo característico


do agregado graúdo de 19mm (brita 1), tem-se:

 φb   20 
c nom ≥  ≥  → c nom = 20 (cobrimento necessário para barra de
d max / 1.2 19 / 1.2
20mm)

Determinando a altura útil do consolo para a iminência de ruína da biela no estado


limite último para combinação normal do carregamento:

Da figura acima, retira-se:

___
20 H
AB = − (c + φ ) − d d '
2 Vd

Admitindo que a viga e o pilar com consolo são elementos pré-moldados pode-se
considerar, devido uma superfície de acabamento bastante lisa, uma relação de
H d = 0,5Vd (juntas revestidas com argamassa), logo:

___
20 ___
AB = − (2,5 + 2,0) − 0,5(2,5 + 2,0 / 2) → AB = 3,75cm .
2
___ ___
AC = 2 AB = 2 × 3,75 = 7,5cm
___ ___ ___
BF = 20 − ( AB + c + φ ) = 20 − (3,75 + 2,5 + 2,0) → BF = 11,75cm

V Rd = 0,6α v 2 f cd bw hbie senθ (esforço máximo no apoio considerando ruptura da biela


comprimida)
____
Fazendo V Rd = Vd e usando hbie = senθ AC , tem-se:
___
___ AC Vd
2
0,6α v 2 f cd bw hbie / AC = Vd → hbie =
0,6α v 2 f cd bw

α v 2 = 1 − f ck / 250 → α v 2 = 1 − 25 / 250 = 0,9

0,075 × 120
hbie = = 0,065m = 6,5cm
0,6 × 0,9 × 25000 / 1,4 × 0,22

____
6,5
hbie = senθ AC → senθ = → θ = 60,07 0
7,5

____ ____
d = ( BF + AB )tgθ = (11,75 + 3,75)tg 60,07 → d = 26,9cm

___
Como BF < d , as dimensões do elemento estrutural validam a consideração deste
como um consolo.

hc = d + d ' = 26,9 + 2,5 + 2,0 / 2 = 30,4 → hc = 30cm (altura total do consolo)

Área da armadura do tirante:

Vd + H d tgθ 120 + 60tg 60,07


As = =
tgθf yd tg 60,07 × 50 / 1.15

 4φ10( Ase = 3,14cm 2 ) 


As = 2,97cm 2  2 
adotar 4φ10 .
2φ16( Ase = 4,02cm )

Comprimento de ancoragem do tirante:


2/3
f bd = η1η 2η 3 f ctd com f ctd = 0,21 f ck / γ c = 0,21(25) 2 / 3 / 1,4 = 1,28MPa
η1 = 2,25 (barras de aço nervuradas)
η 2 = 1 (situação de boa aderência)
η 3 = 1 (diâmetro da barra, 10 < 32mm)
Logo, f bd = 2,25 × 1 × 1 × 1,28 = 2,88MPa
φf yd 10 × 500 / 1,15
= = 377 mm e 25φ = 250mm
4 f bd 4 × 2,88
φf yd
lb = ≤ 25φ logo l b = 250mm
4 f bd
 0,3l b  113
   
l b ,min ≥  10φ  = 100 → l b,min = 113mm
100mm  100
   
As ,cal 2,97
l b ,nec = α 1l b ≥ l b, min → l b ,nec = 0,7 × 250 ≥ 113
As ,ef 3,14
l b, nec = 165mm
Comprimento total → 165 + gancho = 165 + 8φ = 245mm

Armadura de costura:
Segundo NBR 6118 (2014) pode-se usar como parâmetro para determinação da
área da armadura de costura 40% da armadura do tirante.

Asc = 0,4 As = 1,19cm 2 , adotar 3φ 6,3( Ase = 0,94cm 2 )

Essa área deve ser distribuída em 2/3 da altura útil, logo o espaçamento entre elas é,

2 / 3d 2 / 3 × 26,9
s= = = 5,98cm (adotar 6 cm)
3 3

Detalhamento:
comprimento
Armadura φ (mm) Quantidade
Unitário(m) Total(m)
N1 10 2 0,95 1,90
N2 5 2 0,45 0,90
N3 6,3 1 1,32 1,32
N4 6,3 1 1,23 1,23
N5 6,3 1 1,11 1,11

OBS: N2 é uma armadura auxiliar de armação da armadura de costura;

Detalhamento inicial do dente Gerber


Vamos considerar que não seja utilizado um aparelho de apoio sendo o contato
entre o consolo e o dente Gerber feito de forma direta. Também será considerado que a
reação de apoio é transmitida de um elemento para o outro com uma distribuição
uniforme ao longo da largura destes elementos.

c = 25mm (Cobrimento mínimo para viga sob classe II de agressividade ambiental, com
controle de execução)

Para barra de diâmetro 20mm (adotado inicialmente), e diâmetro máximo característico


do agregado graúdo de 19mm (brita 1), tem-se:

 φb   20 
c nom ≥  ≥  → c nom = 20 (cobrimento necessário para barra de
d max / 1.2 19 / 1.2
20mm)

Determinando a altura útil do dente Gerber para a iminência de ruína da biela


comprimida no dente Gerber para o estado limite último com combinação normal
do carregamento:

___
20 H
Da figura acima, retira-se: AB = − (c + φ ) − d d '
2 Vd
Admitindo que a viga e o pilar com consolo são elementos pré-moldados pode-se
considerar, devido uma superfície de acabamento bastante lisa, uma relação de
H d = 0,5Vd (juntas revestidas com argamassa), logo:

___
20 ___
AB = − (2,5 + 2,0) − 0,5(2,5 + 2,0 / 2) → AB = 3,75cm .
2
___ ___
AC = 2 AB = 2 × 3,75 = 7,5cm
___ ___ ___
BF = 20 − ( AB + c + φ ) = 20 − (3,75 + 2,5 + 2,0) → BF = 11,75cm

V Rd = 0,6α v 2 f cd bw hbie senθ (esforço máximo no apoio considerando ruptura da biela


comprimida)
____
Fazendo V Rd = Vd e usando hbie = senθ AC , tem-se
___
___ AC Vd
2
0,6α v 2 f cd bw hbie / AC = Vd → hbie =
0,6α v 2 f cd bw

α v 2 = 1 − f ck / 250 → α v 2 = 1 − 25 / 250 = 0,9

0,075 × 120
hbie = = 0,065m = 6,5cm
0,6 × 0,9 × 25000 / 1,4 × 0,22

____
6,5
hbie = senθ AC → senθ = → θ = 60,07 0
7,5

____ ____
d = ( BF + AB )tgθ = (11,75 + 3,75)tg 60,07 → d = 26,9cm

___
Como BF < d , as dimensões do elemento estrutural validam a consideração deste
como um dente Gerber.

hg = d + d ' = 26,9 + 2,5 + 2,0 / 2 = 30,4 → hg = 30cm (altura do dente Gerber)

Área da armadura do tirante:

Vd + H d tgθ 120 + 60tg 60,07


As = =
tgθf yd tg 60,07 × 50 / 1.15

 4φ10( Ase = 3,14cm 2 ) 


2
As = 2,97cm  2 
adotar 4φ10 .
2φ16( Ase = 4,02cm )

Comprimento de ancoragem do tirante:


2/3
f bd = η1η 2η 3 f ctd com f ctd = 0,21 f ck / γ c = 0,21(25) 2 / 3 / 1,4 = 1,28MPa
η1 = 2,25 (barras de aço nervuradas)
η 2 = 1 (situação de boa aderência)
η 3 = 1 (diâmetro da barra, 10 < 32mm)
Logo, f bd = 2,25 × 1 × 1 × 1,28 = 2,88MPa
φf yd 10 × 500 / 1,15
= = 377 mm e 25φ = 250mm
4 f bd 4 × 2,88
φf yd
lb = ≤ 25φ logo l b = 250mm
4 f bd
 0,3l b  113
   
l b ,min ≥  10φ  = 100 → l b,min = 113mm
100mm  100
   
As ,cal 2,97
l b ,nec = α 1l b ≥ lb ,min → l b, nec = 1 × 250 ≥ 113
As ,ef 3,14
l b, nec = 236mm

Comprimento longitudinal total do tirante:

y
tg 45 = → y = 24,5cm
21 + 3,5

Armadura de costura:
Segundo NBR 6118 (2014) pode-se usar como parâmetro para determinação da
área da armadura de costura 40% da armadura do tirante.

Asc = 0,4 As = 1,19cm 2 , adotar 3φ 6,3( Ase = 0,94cm 2 )

Essa área deve ser distribuída em 2/3 da altura útil, logo o espaçamento entre elas é,
2 / 3d 2 / 3 × 26,9
s= = = 5,98cm (adotar 6 cm)
3 3

Armadura de suspensão:
Essa armadura deve ser dimensionada como um tirante que eleva toda a reação
que chega ao apoio da armadura longitudinal de tração até o sistema biela-tirante do
dente Gerber, sendo assim:

Vd V 120
σ ss = , fazendo σ ss = f yd , tem-se Ass = d = = 2,76cm 2
Ass f yd 50 / 1,15
 4φ10( Ase = 3,14cm 2 ) 
Configurações possíveis  2 
. Adotar 4φ10 em forma de estribos
9φ 6,3( Ase = 2,81cm )
com espaçamento mínimo necessário para permitir um bom adensamento do concreto,
como, por exemplo, a entrada de instrumento de vibração. Essa armadura deve ser
distribuída o mais próximo possível da face viga-dente.

Detalhamento:

comprimento
Armadura φ (mm) Quantidade
Unitário(m) Total(m)
N1 10 2 1,47 2,94
N2 5 2 0,37 0,74
N3 6,3 1 0,97 0,97
N4 6,3 1 0,85 0,85
N5 6,3 1 0,73 0,73
N6 10 4 1,42 5,68

OBS: N2 é uma armadura auxiliar de armação da armadura de costura;

EXERCÍCIO: Determine a altura necessária para o dente Gerber da viga mostrada na


figura abaixo e as áreas de aço para: tirante, armadura de suspensão e armadura de
costura. Dados: f ck = 25MPa , aço CA50, q gk = 30kNm (carga de peso próprio),
q qk = 10,0kNm (carga acidental de uso) e classe II de agressividade ambiental.

Solução: Esforço cortante de cálculo (VSd):


q d = 1,4q gk + 1,4q qk = 1,4 × 30 + 1,4 × 10 = 56,0kN / m

q d L 56 × 4,5
Vd = = = 126kN
2 2

Detalhamento inicial do dente Gerber


É considerado que a reação de apoio é transmitida de um elemento para o outro
através do aparelho de apoio com a reação distribuída de forma uniforme ao longo da
largura do aparelho de apoio.

Viga bi-apoiada:

Viga em balanço:
Como pode ser observado nas figuras acima os modelos são análogos para o dente
superior e inferior, bastando assim o dimensionamento de apenas um deles.

c = 25mm (Cobrimento mínimo para viga sob classe II de agressividade ambiental, com
controle de execução)

Para barra de diâmetro 20mm (adotado inicialmente), e diâmetro máximo característico


do agregado graúdo de 19mm (brita 1), tem-se:

 φb   20 
c nom ≥  ≥  → c nom = 20 (cobrimento necessário para barra de
d max / 1.2 19 / 1.2
20mm)

Determinando a altura útil do dente Gerber para a iminência de ruína da biela


comprimida para o estado limite último com combinação normal do
carregamento:

 20 H 
 − (c + φ ) − d (d '+1,0) 
___
2
Da figura acima, retira-se: AB ≤  
Vd
 d' Hd 
 5 + 2 − V (d '+1,0) 
 d 

Considerando aparelho de apoio feito de elastômero tem-se H d = 0,2Vd , logo:


 20 
___  − (2,5 + 2,0) − 0,2(2,5 + 2,0 / 2 + 1,0)   4,6  ___
AB ≤  2  ≤   → AB = 4,6cm
 5 + 2,5 + 2,0 / 2 − 0,2(2,5 + 2,0 / 2 + 1,0)   5,85 
 2 
___ ___
AC = 2 AB = 2 × 4,6 = 9,2cm
___ ___ ___
BF = 20 − ( AB + c + φ ) = 20 − (4,6 + 2,5 + 2,0) → BF = 10,9cm
V Rd = 0,6α v 2 f cd bw hbie senθ (esforço máximo no apoio considerando ruptura da biela
comprimida)
____
Fazendo V Rd = Vd e usando hbie = senθ AC , tem-se
___
___ AC Vd
2
0,6α v 2 f cd bw hbie / AC = Vd → hbie =
0,6α v 2 f cd bw

α v 2 = 1 − f ck / 250 → α v 2 = 1 − 25 / 250 = 0,9

0,092 × 126
hbie = = 0,074m = 7,4cm
0,6 × 0,9 × 25000 / 1,4 × 0,22

____
7, 4
hbie = senθ AC → senθ = → θ = 53,55 0
9,2

____ ____
d = ( BF + AB )tgθ = (10,9 + 4,6)tg 53,55 → d = 21,0cm

___
Como BF < d , as dimensões do elemento estrutural validam a consideração deste
como um dente Gerber.

h = d + d ' = 21 + 2,5 + 2,0 / 2 = 24,5 → h = 25cm (altura total do dente Gerber)

Área da armadura do tirante:

Vd + H d tgθ 126 + 0,2 × 126tg 53,55


As = =
tgθf yd tg 53,55 × 50 / 1.15
As = 2,72cm 2

Armadura de costura:
Segundo NBR 6118 (2014) pode-se usar como parâmetro para determinação da
área da armadura de costura 40% da armadura do tirante.

Asc = 0,4 As = 1,09cm 2

Armadura de suspensão:
Essa armadura deve ser dimensionada como um tirante que eleva toda a reação
que chega ao apoio da armadura longitudinal de tração até o sistema biela-tirante do
dente Gerber, sendo assim:

Vd V 126
σ ss = , fazendo σ ss = f yd , tem-se Ass = d = = 2,90cm 2
Ass f yd 50 / 1,15

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