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Modos de ruína:
Numa viga de concreto armado submetida à flexão simples, vários tipos de ruína
são possíveis, entre as quais: ruínas por flexão; ruptura por falha de ancoragem no
apoio; ruptura por esmagamento da biela; e ruptura da armadura transversal.
Ruínas por flexão:
Nas vigas dimensionadas nos domínios 2 ou 3, a ruína ocorre após o escoamento
da armadura, ocorrendo abertura de fissuras e deslocamentos excessivos (flechas), que
servem como “aviso” da ruína. Nas vigas dimensionadas no Domínio 4, a ruína se dá
pelo esmagamento do concreto comprimido, não ocorrendo escoamento da armadura
nem grandes deslocamentos, o que caracteriza uma “ruína sem aviso”.
A NBR 6118 (2014) admite dois modelos de cálculo, que pressupõem analogia
com modelo de treliça de banzos paralelos, associado a mecanismos resistentes
complementares, traduzidos por uma parcela adicional ao esforço cortante (Vc) devido
aos esforços normais na viga.
O modelo I admite:
- bielas de compressão com inclinação θ = 45º;
- Vc constante, independente de VSd. Onde VSd é a força cortante de cálculo, na seção.
O modelo II considera:
- bielas de compressão com inclinação θ entre 30º e 45º;
- Vc diminui com o aumento de VSd.
Vd ( c + a l ) = R s z
Na determinação da equação acima foi escolhido o ponto médio M entre as armaduras
de cisalhamento considerando que tenha uma distribuição uniforme dessa armadura ao
longo da biela comprimida. Da equação de equilíbrio de momentos para armadura
simples definida no capítulo anterior para flexão simples, verifica-se que o momento na
seção transversal é o produto entre a resultante de tração na armadura longitudinal e o
braço de alavanca em relação à resultante de compressão no concreto, ou seja,
M = Rs z . Já o momento no ponto M para o carregamento analisado equivalente ao da
treliça de Mörsch é Vd c , portanto,
Vd c = R s z ,
segundo a teoria da flexão definida no item anterior. Observa-se uma incoerência nas
duas equações anteriores, motivo pelo qual a teoria de flexão é corrigida com a
decalagem do diagrama de momentos fletores de a l para que se possa utilizá-la quando
se atuam esforços de flexão e cisalhamento.
Da figura acima, tem-se:
a l = z (cot gθ − cot gα ) / 2
al = d para V Sd ,max ≤ Vc
VSd , max
al = d (1 + cot gα ) − cot gα ≤ d com a l ≥ 0,5d caso geral
2(VSd , max − Vc )
a l ≥ 0,2d para estribos a 45 0
Equações do modelo I:
As equações são as mesmas para o modelo II tomando θ = 45 0 , logo
Rcd
σc =
bw zsenθ (cot gθ + cot gα )
Vd
σc = 2
→ Vd = σ c β z bw dsen 2θ (cot gθ + cot gα ) .
bw zsen θ (cot gθ + cot gα )
VSd ≤ V Rd 2 , onde
Asw f
ρ sw = ≥ 0,2 ctm , onde:
sbw senα f ywk
Asw
V Rw = 0.9df ywd senα (cot gθ + cot gα ) . (modelo II)
s
Asw
V Rw = 0.9df ywd ( senα + cos α ) (modelo I).
s
VSd ≤ V Rd 3 , onde
Modelo I:
Modelo II:
Nas expressões acima, bw é a menor largura da seção, compreendida ao longo da
altura útil d; d é a altura útil da seção, igual à distância da borda comprimida ao centro
de gravidade da armadura de tração; M0 é o valor do momento fletor que anula a tensão
normal de compressão na borda da seção tracionada por MSd,máx; e MSd,Max é o momento
fletor de cálculo, máximo no trecho em análise, que pode ser tomado como o de maior
no semitramo considerado.
As equações acima foram obtidas de acordo com as aproximações da teoria da
treliça de Mörsch considerando esforço cortante constante ao longo de um determinado
trecho de um elemento linear. No caso geral de cortante variável em um determinado
trecho de um elemento linear, este deve ser considerado constante e igual ao seu valor
máximo no trecho, assim ao utilizar as equações definidas anteriormente estaremos a
favor da segurança.
Ainda em relação ao esforço cortante admitido para determinação da armadura
de cisalhamento em elementos lineares, a NBR 6118 (2014), admite os valores de VSd
abaixo, para o cálculo da armadura transversal no trecho junto ao apoio, no caso de
apoio direto (carga e reação de apoio em faces opostas, comprimindo-as):
(i) para carga distribuída, VSd = VSd,d/2, ou seja, VSd igual à força cortante na seção
distante d/2 da face do apoio. Com d sendo a altura útil da viga;
(ii) a parcela da força cortante devida a uma carga concentrada aplicada à distância a
< 2d do eixo teórico do apoio pode ser reduzida multiplicando-a por a / (2d).
OBS: As reduções indicadas nesta seção não se aplicam à verificação da resistência à
compressão diagonal do concreto. No caso de apoios indiretos, essas reduções também
não são permitidas.
Altura útil:
d = h − d ' = 40 − (2,5 + 0,63 + 1,0) = 35,9cm
VSd ,min = 60,77 + 31,64 = 92,41kN (esforço cortante máximo resistido com armadura
mínima de cisalhamento)
Número de ramos dos estribos: Deve ser no mínimo 2, devendo respeitar a distância
máxima entre os ramos sucessivos definida pela norma NBR 6118 (2014).
Como st,max > 17cm pode ser utilizado estribos com dois ramos.
OBS: No caso do espaçamento dos estribos obtido para o número mínimo de ramos ser
muito pequeno (inviabilizando a execução), pode-se aumentar o número de ramos para
aumentar o espaçamento entre estribos.
60,9
= 5,34 → n = 6 (usar 6 estribos de 6,3mm a cada 10,2cm)
11,4
Para o semitramo 2, tem-se VSd = VSd , min = 92,41kN . Como V Rd 2 = 342,7 kN , logo
VSd ≤ 0,67V Rd 2 ( 92,41 ≤ 229,6 ) então smáx = 0,6d ≤ 300mm, ou seja,
27,7
s ≤ 0,6d = 21,5 → s = 21,5cm (espaçamento máximo permitido no semitramo 2)
30
220,2
= 10,2 → n = 11 (usar 11 estribos de 6,3mm a cada 20cm)
21,5
Número total de estribos e detalhamento:
n = 2 × 6 + 11 = 23 estribos de
6,3mm de diâmetro e 101 cm.
3.6 – Consolos e dentes Gerber
3.6.1 – Consolos
São considerados consolos vigas em balanço onde a distância entre a resultante
do carregamento e a face do apoio (distância DF ou BF na afigura abaixo) é menor ou
igual a sua altura útil (distância d na figura abaixo), caso contrário, devem ser tratados
como viga em balanço.
Comportamento estrutural:
Equações de cálculo:
Verificação do concreto
Vd
σc = → Vd = σ c bw hbie senθ .
bw hbie senθ
Deve-se definir uma quantidade de aço para o tirante que permita o escoamento
do aço para um esforço cortante igual ou menor que VRd, ou seja, a ruptura da biela
comprimida acontece depois ou ao mesmo tempo que o escoamento das barras de aço
do tirante, ruptura dúctil.
A tensão de tração no tirante é obtida dividindo a força de tração pela área da
seção transversal do tirante, ou seja,
Rsd
σs = .
As
Vd + H d tgθ
As = , com Vd ≤ V Rd .
tgθf yd
____
Caso de H d = 0 : Para este caso de acordo com as figuras acima, tem-se x = DF e
____
y = d − AD tgθ , logo:
____
____ ____
y d − AD tgθ
tgθ = → tgθ = ____
→ d = ( DF + AD)tgθ (altura útil do consolo)
x
DF
hbie ____
senθ = ____ → hbie = senθ AE (altura da biela comprimida)
AE
____
Caso de H d ≠ 0 : Para este caso de acordo com as figuras acima, tem-se x = BF e
____
y = d − AB tgθ , logo:
____
____ ____
y d − AB tgθ
tgθ = → tgθ = ____
→ d = ( BF + AB )tgθ (altura útil do consolo)
x
BF
hbie ____
senθ = ____ → hbie = senθ AC (altura da biela comprimida)
AC
Detalhamento:
Armadura do tirante
Armadura de costura
Para garantir uma ruptura dúctil é sempre necessária uma distribuição de uma
armadura de costura ao longo de 2/3 da altura útil do consolo, como mostra a figura
abaixo. A NBR 6118 (2014) sugere a utilização 40% da armadura do tirante para
determinação da armadura de costura.
Comportamento estrutural
Os dentes Gerber têm um comportamento estrutural semelhante ao dos consolos,
podendo ser também representados por um modelo biela-tirante. Nos dentes Gerber as
bielas são, geralmente, um pouco mais inclinadas que nos consolos curtos, já que elas
devem buscar apoio nas armaduras de elevação, como mostra a figura acima.
A armadura principal (tirante) deve penetrar na viga, procurando ancoragem nas
bielas de cisalhamento da viga. A armadura de suspensão deve ser calculada para a
força cortante total atuante no dente (Vd).
O modelo de cálculo é análogo ao apresentado para o consolo curto com o
acréscimo da determinação da armadura de elevação. A área dessa armadura deve ser
determinada como se toda a reação vertical no dente Gerber tivesse que ser elevada da
parte da armadura de tração da viga até o sistema de biela-tirante do dente Gerber, ou
seja, ela funciona como um tirante.
σ s = Vd / As .
Vd
As = , com Vd ≤ V Rd 2 .
f yd
Detalhamento:
Neste caso temos viga realmente bi-apoiada e o vão efetivo será considerado com a
distância entre as resultantes das reações de apoio.
l ef = l − 20 = 320 − 20 = 300cm
q d L 80 × 3
Vd = = = 120kN
2 2
φb 20
c nom ≥ ≥ → c nom = 20 (cobrimento necessário para barra de
d max / 1.2 19 / 1.2
20mm)
___
20 H
AB = − (c + φ ) − d d '
2 Vd
Admitindo que a viga e o pilar com consolo são elementos pré-moldados pode-se
considerar, devido uma superfície de acabamento bastante lisa, uma relação de
H d = 0,5Vd (juntas revestidas com argamassa), logo:
___
20 ___
AB = − (2,5 + 2,0) − 0,5(2,5 + 2,0 / 2) → AB = 3,75cm .
2
___ ___
AC = 2 AB = 2 × 3,75 = 7,5cm
___ ___ ___
BF = 20 − ( AB + c + φ ) = 20 − (3,75 + 2,5 + 2,0) → BF = 11,75cm
0,075 × 120
hbie = = 0,065m = 6,5cm
0,6 × 0,9 × 25000 / 1,4 × 0,22
____
6,5
hbie = senθ AC → senθ = → θ = 60,07 0
7,5
____ ____
d = ( BF + AB )tgθ = (11,75 + 3,75)tg 60,07 → d = 26,9cm
___
Como BF < d , as dimensões do elemento estrutural validam a consideração deste
como um consolo.
Armadura de costura:
Segundo NBR 6118 (2014) pode-se usar como parâmetro para determinação da
área da armadura de costura 40% da armadura do tirante.
Essa área deve ser distribuída em 2/3 da altura útil, logo o espaçamento entre elas é,
2 / 3d 2 / 3 × 26,9
s= = = 5,98cm (adotar 6 cm)
3 3
Detalhamento:
comprimento
Armadura φ (mm) Quantidade
Unitário(m) Total(m)
N1 10 2 0,95 1,90
N2 5 2 0,45 0,90
N3 6,3 1 1,32 1,32
N4 6,3 1 1,23 1,23
N5 6,3 1 1,11 1,11
c = 25mm (Cobrimento mínimo para viga sob classe II de agressividade ambiental, com
controle de execução)
φb 20
c nom ≥ ≥ → c nom = 20 (cobrimento necessário para barra de
d max / 1.2 19 / 1.2
20mm)
___
20 H
Da figura acima, retira-se: AB = − (c + φ ) − d d '
2 Vd
Admitindo que a viga e o pilar com consolo são elementos pré-moldados pode-se
considerar, devido uma superfície de acabamento bastante lisa, uma relação de
H d = 0,5Vd (juntas revestidas com argamassa), logo:
___
20 ___
AB = − (2,5 + 2,0) − 0,5(2,5 + 2,0 / 2) → AB = 3,75cm .
2
___ ___
AC = 2 AB = 2 × 3,75 = 7,5cm
___ ___ ___
BF = 20 − ( AB + c + φ ) = 20 − (3,75 + 2,5 + 2,0) → BF = 11,75cm
0,075 × 120
hbie = = 0,065m = 6,5cm
0,6 × 0,9 × 25000 / 1,4 × 0,22
____
6,5
hbie = senθ AC → senθ = → θ = 60,07 0
7,5
____ ____
d = ( BF + AB )tgθ = (11,75 + 3,75)tg 60,07 → d = 26,9cm
___
Como BF < d , as dimensões do elemento estrutural validam a consideração deste
como um dente Gerber.
y
tg 45 = → y = 24,5cm
21 + 3,5
Armadura de costura:
Segundo NBR 6118 (2014) pode-se usar como parâmetro para determinação da
área da armadura de costura 40% da armadura do tirante.
Essa área deve ser distribuída em 2/3 da altura útil, logo o espaçamento entre elas é,
2 / 3d 2 / 3 × 26,9
s= = = 5,98cm (adotar 6 cm)
3 3
Armadura de suspensão:
Essa armadura deve ser dimensionada como um tirante que eleva toda a reação
que chega ao apoio da armadura longitudinal de tração até o sistema biela-tirante do
dente Gerber, sendo assim:
Vd V 120
σ ss = , fazendo σ ss = f yd , tem-se Ass = d = = 2,76cm 2
Ass f yd 50 / 1,15
4φ10( Ase = 3,14cm 2 )
Configurações possíveis 2
. Adotar 4φ10 em forma de estribos
9φ 6,3( Ase = 2,81cm )
com espaçamento mínimo necessário para permitir um bom adensamento do concreto,
como, por exemplo, a entrada de instrumento de vibração. Essa armadura deve ser
distribuída o mais próximo possível da face viga-dente.
Detalhamento:
comprimento
Armadura φ (mm) Quantidade
Unitário(m) Total(m)
N1 10 2 1,47 2,94
N2 5 2 0,37 0,74
N3 6,3 1 0,97 0,97
N4 6,3 1 0,85 0,85
N5 6,3 1 0,73 0,73
N6 10 4 1,42 5,68
q d L 56 × 4,5
Vd = = = 126kN
2 2
Viga bi-apoiada:
Viga em balanço:
Como pode ser observado nas figuras acima os modelos são análogos para o dente
superior e inferior, bastando assim o dimensionamento de apenas um deles.
c = 25mm (Cobrimento mínimo para viga sob classe II de agressividade ambiental, com
controle de execução)
φb 20
c nom ≥ ≥ → c nom = 20 (cobrimento necessário para barra de
d max / 1.2 19 / 1.2
20mm)
20 H
− (c + φ ) − d (d '+1,0)
___
2
Da figura acima, retira-se: AB ≤
Vd
d' Hd
5 + 2 − V (d '+1,0)
d
0,092 × 126
hbie = = 0,074m = 7,4cm
0,6 × 0,9 × 25000 / 1,4 × 0,22
____
7, 4
hbie = senθ AC → senθ = → θ = 53,55 0
9,2
____ ____
d = ( BF + AB )tgθ = (10,9 + 4,6)tg 53,55 → d = 21,0cm
___
Como BF < d , as dimensões do elemento estrutural validam a consideração deste
como um dente Gerber.
Armadura de costura:
Segundo NBR 6118 (2014) pode-se usar como parâmetro para determinação da
área da armadura de costura 40% da armadura do tirante.
Armadura de suspensão:
Essa armadura deve ser dimensionada como um tirante que eleva toda a reação
que chega ao apoio da armadura longitudinal de tração até o sistema biela-tirante do
dente Gerber, sendo assim:
Vd V 126
σ ss = , fazendo σ ss = f yd , tem-se Ass = d = = 2,90cm 2
Ass f yd 50 / 1,15