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Boas
esposas e
mães de
família,
quase
sempre
recolhidas
aos seus
lares.
"Recatadas"
e "austeras",
nas poucas
vezes que
saíam à rua
cobriam-se
totalmente
com mantos
de baeta - um
tecido de lã
grosseiro e
tingido de
cor escura -,
o que lhes
rendeu o
apelido de
"mulheres
tapadas".
Essa era a
imagem
estereotipad
a das
mulheres
paulistas do
período
colonial que
muitos
historiadores
repetiram em
suas obras
durante
muito tempo.
Era quase
um consenso
entre eles
que, quando
as moças se
casavam,
passavam do
poder
paterno para
o do marido,
a quem
seriam
submissas
pelo resto da
vida.
Limitavam-se
a costurar,
lavar, bordar,
fazer rendas,
mandar nas
escravas,
rezar, e, é
claro, parir e
criar muitos
filhos, um
após o outro.
Por Madalena
Marques Dias
No século XIX, muitas mulheres paulistas ainda se
cobriam com mantos de baeta escura. Aquarela de
Eduard Hildebrant, 1844
Mistura cultural
Nos primeiros anos da colonização da vila de São
Paulo ainda não havia mulheres brancas. Todas as
uniões ocorriam entre portugueses, espanhóis ou
outros europeus e as cunhãs indígenas. Os jesuítas
Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, muito
incomodados, relataram em suas cartas que esses
laços prescindiam do sacramento da Igreja Católica,
além de muitos serem temporários e poligâmicos.
Houve grande esforço dos padres no intuito de regrar a
vida dessa população. Impuseram, portanto, o batismo,
a catequese e o uso de roupas para os índios, além do
sacramento do matrimônio monogâmico e indissolúvel
às famílias.
Formosas e varonis
Da união dos primeiros conquistadores com as cunhãs
das tribos aliadas, surgiram as mais antigas linhagens
familiares paulistas. É nelas que se encontra outra
categoria feminina da colônia: a das mulheres livres.
Das mulheres e dos homens pobres, indígenas ou
mamelucos "sem família" (reconhecida), que
possivelmente viviam à deriva pelas regiões paulistas
ou viravam pequenos roceiros, a documentação pouco
oferece no período. Sem dúvida, o destino reservado
às moças de família dessa sociedade mameluca era
casar-se, ou, em caso de exceção, tornar-se freiras.
Por isso mesmo, elas ficavam responsáveis pelo
gerenciamento de muitas coisas de seus lares e, se
não morressem no primeiro parto, teriam tantos filhos
quantos o corpo pudesse suportar. Isso não significa,
porém, que fossem eternamente caseiras e isoladas.
Viúvas empreendedoras
Quando enviuvavam, essas atribuições passavam total
e irrestritamente para elas, se não resolvessem se
casar novamente dali a um tempo. Podiam até obter
terras. Nesse momento o matriarcado -ficava muito
bem estabelecido em família, e muitas viúvas entravam
no rendoso negócio das bandeiras, como associadas
armadoras.