E RESTAURAÇÃO
RESUMO
2º Planta livre;
3º Pilotis;
4º Teto-jardim;
5º Janelas longitudinais.
No ano de 1934 o atual ministro da educação era Gustavo Capanema, e ele propôs
ao diretor do departamento de cultura Mario de Andrade (que foi um dos principais criadores
da Semana da Arte Moderna de 22) um projeto para a criação de um instituto de
preservação do patrimônio cultural brasileiro. Assim no ano de 1937 foi criado o Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), foram nomeados Rodrigo Melo Franco
de Andrade para a diretoria geral e o arquiteto Lúcio Costa para diretor da Divisão de
Estudos e Tombamentos.
Durante muito tempo a ideia de que a Arquitetura Moderna era algo “indestrutível”
persistiu, porém o concreto, o ferro e outros materiais comumente usados nas construções
modernas também envelhecem e grande parte da degradação que ocorre em edifícios
modernos se deve ao fato de a falta de manutenção ser recorrente.
Como ainda muitas das construções modernas são tão contemporâneas aos olhos
das pessoas, é comum ocorrer a repristinação, que vai contra os princípios da Carta de
Veneza, de 1964 que prega os princípios de reversibilidade, distinguibilidade e mínima
intervenção. Segundo Cesare Brandi “A mais grave heresia da restauração é o restauro de
repristinação, aquele que abole o laço de tempo entre o período em que a obra foi concluída
e o presente.” (BRANDI, 1977, p. 26) ele ainda reforça que “Para que seja uma operação
legítima, a restauração não deve reverter a degradação natural das obras, retirando-lhes os
traços decorrentes da passagem do tempo, nem abolir sua história.” (BRANDI,1977, p.26).
Atualmente muitos esforços têm sido feitos e núcleos de pesquisa e discussões tem
sido formados, como o DOCOMOMO (International Working Party for Documentation and
Conservation of Buildings, Sites and Neighbourhoods of the Modern Movement), que foi
fundado em 1988 e atua em mais de 69 países, incluindo o Brasil e o programa Keep it
Modern da Getty Foundation, que já patrocinou pesquisas e restauros de exemplares
modernos da Lina Bo Bardi, como a casa de vidro e o MASP.
O Arquiteto
No ano de 1927 o arquiteto Ucraniano foi naturalizado brasileiro e neste período ele
começou a participar ativamente da sociedade paulistana e principalmente do círculo dos
modernistas, já casado com Mina Klabin, ele projetou a sua própria moradia, em 1928, na
rua Santa Cruz, devido a construção da mesma Warchavchik é ser considerado o precursor
da arquitetura moderna no Brasil, porem isto nem sempre foi um consenso, principalmente
devido as limitações da época, a casa modernista não seguiu fielmente o que ele
preconizava em seu próprio manifesto.
Após projetar a sua moradia modernista na rua Santa Cruz, ele construiu outras
residências modernas e dois conjuntos de casas populares. A Casa da Rua Itápolis,
construída em 1933 é uma das mais importantes, pois lá ele inaugura uma mostra aberta
ao público a Exposição de uma Casa Modernista, além da casa em si, o arquiteto projetou
peças de mobiliário, luminárias e decorou o ambiente com obras de arte e peças de design
dos modernistas brasileiros, divulgando a estética modernista para além dos círculos
intelectuais dos modernistas, promovendo uma aceitação maior dessa nova forma de morar.
No ano de 1927, em função de seu casamento com Mina Klabin, Gregori começou a
construir para a sua própria morada, na rua Santa Cruz, bairro de Vila Mariana, em São
Paulo, o projeto que seria considerado primeira construção moderna do Brasil. A residência
foi concluída no ano de 1928, e todo o projeto, incluindo o mobiliário e itens de iluminação,
foram pensados pelo arquiteto e Mina Klabin colaborou com o projeto paisagístico para do
jardim.
A Casa da Rua Santa Cruz causou um grande impacto e controvérsia, muitos artigos
foram publicados a favor ou contra a nova estética arquitetônica proposta por Warchavchik.
O projeto, que parecia seguir os princípios modernos e a racionalização da construção, foi
na realidade, construída seguindo técnicas tradicionais. Isto ocorreu devido a muitos
problemas para a execução da obra, desde a aprovação da fachada pela falta de tecnologia
construtiva, que ainda estava atrasada em relação a outros países e da disponibilidade do
material desejado e o emprego da mão-de-obra necessária.
No ano 2000 foram realizadas obras para a sua recuperação, para isso ocorrer foram
pensadas três alternativas para este processo, a primeira delas era restaurar preservando
as modificações da reforma feita por Warchavchik em 1935:
A segunda opção era recompor a fachada principal como era originalmente, mas
manter o restante do edifício, como as varandas do primeiro andar, a marquise e os fundos,
com as características da reforma de 1935:
A terceira opção era a reversão da casa totalmente para a sua configuração original,
apagando a polêmica reforma posterior feita pelo arquiteto, essa opção foi fortemente
considerada, principalmente devido a extensa bibliografia e iconografia sobre o projeto
original de 1928:
O uso atual é como uma casa museu e o parque é aberto para a população (nos
horários de abertura do museu apenas) e recebe exposições eventuais, a maioria focada em
temas acerca da arquitetura moderna, e possui painéis expositivos e maquetes mostrando
como era a casa originalmente, antes da reforma de 1935.
Considerações Finais
O caso da Vila Modernista de Gregory Warchavchik ilustra muito bem esse descaso
ao longo das décadas, ela quase foi substituída por um prédio residencial, e seria uma
tragédia, um apagamento de um importante exemplar da arquitetura brasileira. Felizmente
isto não ocorreu, e uma atitude coerente de restauro ocorreu, buscando preservar as
camadas de história do projeto, mantendo as características da reforma de 1935, apesar de
toda a divergência em relação as opções estéticas tomadas por Warchavchick. A casa está
sendo mantida, porem se não ocorrer um Plano detalhado de conservação, ela começará a
apresentar sérios problemas e um restauro precisara ser feito novamente.
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