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EXMO. SR.

JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE


FLORIANÓPOLIS

(10 linhas)

Processo principal nº XXX

JULIANA, qualificação completa, endereço completo, por seu


advogado in fine assinado, ut instrumento de procuração em anexo (doc. XXX),
vem respeitosamente, com fulcro no art. 674 e 681 do Código de Processo Civil
propor EMBARGOS DE TERCEIROS em face de GABRIELA, qualificação
completa, endereço completo pelas seguintes razões de fato e direito adiante
articuladas:

DO CABIMENTO E LEGITIMIDADE

É cabível E também legitimo o presente Recurso com base no artigo


674, § 2º, III do CPC;

Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou


ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais
tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu
desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.

§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:

III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de

desconsideração da personalidade jurídica, de c ujo incidente não


fez parte;

DA TEMPESTIVIDADE

O presente recurso é tempestivo; ante o exposto no art. 675 DO CPC:

Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no


processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a
sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de
execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por
iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da
assinatura da respectiva carta.

Visto que a adjudicação ocorreu em 12 de maio quinta-feira, o recurso


foi interposto dia 16 de maio segunda-feira.

BREVE SINTESE DOS FATOS

Gabriela, ora embargada, alegou ao Juízo da 3ª Vara da Comarca de


Florianópolis/SC que a empresa Bela Musa, ora embargante, enquanto
prestadora de serviços em uma relação de consumo, estaria obstaculizando o
ressarcimento à embargada, exercendo atividades mediante confusão
patrimonial, porquanto transferiu todos os seus ativos (bens móveis, imóveis e
valores em dinheiro) a pessoas físicas, dentre as quais o sócio administrador
Henrique, o sócio cotista Wilson, assim como a Juliana, que recentemente
havia se tornado sócia da empresa. A Henrique, foram transferidos os imóveis;
a Wilson, os bens móveis (como aparelhos para realização de procedimentos e
veículos da empresa) e, à Juliana, a quantia de R$ 55.000 (cinquenta e cinco
mil reais).

Após análise da questão e atendendo a pedido da parte exequente,


Gabriela, o magistrado competente instaurou incidente de desconsideração da
personalidade jurídica, sendo que foram citados os sócios Henrique e Wilson –
a pedido da parte exequente Gabriela, simplesmente desconsiderando Juliana,
que não foi citada para tomar parte no referido incidente. Ato contínuo, após
análise das provas juntadas pela exequente e as manifestações dos sócios
citados, o Juízo competente, reconhecendo a relação de consumo e aplicando
as normas pertinentes a esse tipo de relação, determinou a desconsideração
da personalidade jurídica da empresa Bela Musa e o redirecionamento dos
atos executivos aos três sócios, que seriam então pessoalmente
responsabilizados pela dívida equivalente a R$ 131.000 (cento e trinta e um mil
reais) – consistente no montante geral da condenação, já retirado o valor de R$
5.000 (cinco mil reais), que havia sido erroneamente incluído no valor.

Na mesma decisão acima referida, o Juízo competente determinou a


penhora de bens de Henrique, de Wilson e de Juliana. As partes que haviam
sido regularmente citadas – Henrique e Wilson – foram devidamente intimadas
dessa decisão e não interpuseram qualquer recurso, deixando transcorrer
totalmente o prazo de 15 (quinze) dias que seria aplicável, por exemplo, à
interposição de eventual agravo de instrumento.

Pouco tempo depois, Juliana, ao consultar multas em um veículo


registrado em seu nome, por meio do sistema on-line do Estado de Santa
Catarina, em 14 de maio, tomou conhecimento que o automóvel, avaliado em
R$ 43.000 (quarenta e três mil reais) teria sido adjudicado à credora, por ordem
do Juízo da 3ª Vara Cível da Comarca de Florianópolis, sendo que o ato de
adjudicação estava datado em 12 de maio (quinta-feira) do corrente ano.
Preocupada, pois não tinha sido avisada ou alertada sobre qualquer
procedimento, e temendo algum tipo de busca e apreensão de seu veículo,
Juliana telefonou aos sócios Henrique e Wilson para buscar informações sobre
a situação, quando apenas então tomou conhecimento da ação judicial.
Esclareça-se que Juliana havia se tornado sócia da empresa recentemente e
ainda estava se inteirando das questões que envolvem a sociedade
empresária.

Sentindo-se injustiçada a embargante apresenta o seguinte recurso


pelas razões de fato e direitos a seguir expostas.

DO MERITO

Esclarece ao douto juízo que a intenção inerente deste recurso


corresponde ao cancelamento da constrição sobre o bem de Juliana, ora
embargante, a saber: o veículo, avaliado em R$ 43.000,00 (quarenta e três mil
reais), que fora adjudicado à credora Gabriela, ora embargada, sem qualquer
oportunidade de ampla defesa e contraditório a embargante.

Todo exposto com fulcro nos artigos 681 e 678 ambos do CPC;

Art. 681. Acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial


indevida será cancelado, com o reconhecimento do domínio, da
manutenção da posse ou da reintegração definitiva do bem ou do
direito ao embargante.
Art. 678. A decisão que reconhecer suficientemente provado o
domínio ou a posse determinará a suspensão das medidas
constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como
a manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o
embargante a houver requerido.

Em atenção a menção feita pelo Juízo sobre o reconhecimento da


relação de consumo

A embargante entende que é aplicável ao caso em tela a Teoria Menor


da desconsideração da personalidade jurídica, explicitada no artigo 28, do
Código de Defesa do Consumidor, haja vista que o Juízo competente
reconheceu a relação de consumo:

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da


sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de
direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou
violação dos estatutos ou contrato social.

Portanto, nesse sentido a embargante entende no sentido de que não


houve obstáculo algum ao ressarcimento da consumidora, e que não há
provas concretas nesse sentido – ou mesmo que não foram realizadas
diligências adequadas e suficientes para buscar o ressarcimento da
pessoa jurídica.

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer;

a) Pugna pela concessão da liminar, com o intuito de suspender a


constrição sobre o veículo.
b) A citação do embargado, na pessoa de seu advogado, como
prevê o artigo 679, do CPC
c) A Procedência dos embargos de terceiro, objetivando-se cancelar
a constrição sobre o veículo, com amparo no artigo 681, do CPC
d) A condenação do embargado ao pagamento de honorários
advocatícios, custas e despesas processuais, com base nos artigos 82, § 2º e
85, ambos do Código de Processo Civil.

Dá-se à causa o valor de 43.000,00 (quarenta e três mil reais)

Nestes Termos,
Pede e espera deferimento.

CIDADE E DATA

ADVOGADO
OAB

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