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PENAS

RESTRITIVAS DE
DIREITO E
MULTA
Prof.: Daniel Souto Novaes
Também chamadas de "penas alternativas",
têm o propósito de evitar a desnecessária
imposição da pena privativa de liberdade
nas situações expressamente indicadas em
lei, relativas a indivíduos dotados de
PENAS condições pessoais favoráveis e envolvidos
RESTRITIVAS na prática de infrações penais de reduzida
gravidade.
DE DIREITO A privação da liberdade, em vez de
combater a delinquência, muitas vezes a
estimula. Não traz benefícios ao
condenado, proporcionando, ao contrário,
abertura para vícios e degradações morais.
(BITENCOURT, 2018)
# SUBSTITUTIVIDADE: como regra* elas não estão previstas
Características na norma secundária do tipo penal, de modo que, no
Gerais: processo judicial, após cominar a PPL aplicável, o juiz
realiza a substituição por uma ou mais PRD.
SUBSTITUTIVIDADE
e AUTONOMIA *Lei de Drogas, Lei de Crimes Ambientais, etc,
preveem PRD’s como penas autônomas.

Obs.: Também como regra* a duração é a mesma da


PPL.
* a pena de prestação de serviços à comunidade ou
a entidades públicas superior a 1 (um) ano pode ser
cumprida em menor tempo, nunca inferior à metade da
pena privativa de liberdade fixada (CP, art. 46, § 4.°).
Características # AUTONOMIA: uma vez operada a
Gerais: substituição, como regra*, não é mais
SUBSTITUTIVIDADE possível a cumulação com a PPL.
e AUTONOMIA
* A LeI 9.503/1997 - Código de Trânsito
Brasileiro -, todavia, previu que: art. 292: “a
suspensão ou a proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor pode ser imposta como penalidade
principal, Isolada ou cumulativamente com
outras penalidades".
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS - REQUISITOS

A substituição da pena privativa de liberdade pela


restritiva de direitos depende do preenchimento
dos requisitos subjetivos e objetivos exigidos em lei
(STF, HC 83582).

Não há direito subjetivo à substituição da pena


privativa de liberdade por restritiva de direitos,
podendo ser anulada se posteriormente for
constatada a ausência dos requisitos (STF, HC
84306).
REQUISITOS OBJETIVOS
A) Quanto à NATUREZA DO CRIME:
DOLOSO Somente SEM VIOLÊNCIA/GRAVE AMEAÇA;
CULPOSO Sempre.
Obs1: Não é necessário que o agente seja o autor da violência;
Obs2: Vale também para a violência imprópria;
Redução à impossibilidade de resistência.
Ex.: “boa noite cinderela”

Obs3: Doutrina e Jurisprudência entendem que também cabe para as


contravenções.

B) Quanto à QUANTIDADE DA PENA:


DOLOSO até 4 anos;
CULPOSO Sempre.
Exceção
REQUISITOS OBJETIVOS
 Se o réu pratica um crime com violência ou grave ameaça,
mas é uma infração penal de menor potencial ofensivo
(crimes com pena máxima de até 2 anos e contravenções
penais), ele terá direito à substituição da pena?
 A doutrina majoritária afirma que sim. Pois a Lei dos Juizados
Especiais (nº 9.099/95), que é posterior ao Código Penal
previu uma série de medidas despenalizadoras para as
infrações penais de menor potencial ofensivo (ex.:
transação penal e composição civil).
 Logo, seria irrazoável e contrário ao espírito da lei não
permitir a aplicação de penas restritivas de direito para tais
infrações consideradas de menor gravidade.
REQUISITOS OBJETIVOS
C)NÃO TER SIDO PRATICADO COM
VIOLÊNCIA/GRAVE AMEAÇA CONTRA A MULHER
NO AMBIENTE DOMÉSTICO/FAMILIAR;
 LEI MARIA DA PENHA:
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e
familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de
prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique
o pagamento isolado de multa.

 STJ:
Súmula 588-STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a
mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico
impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva
de direitos.
PENAS ALTERNATIVAS NO TRÁFICO DE
DROGAS
STF, DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA VEDAÇÃO GENÉRICA:

No momento sentencial da dosimetria da pena, o juiz sentenciante se movimenta com ineliminável


discricionariedade entre aplicar a pena de privação ou de restrição da liberdade do condenado e uma
outra que já não tenha por objeto esse bem jurídico maior da liberdade física do sentenciado. Pelo que
é vedado subtrair da instância julgadora a possibilidade de se movimentar com certa discricionariedade
nos quadrantes da alternatividade sancionatória. 3. As penas restritivas de direitos são, em essência,
uma alternativa aos efeitos certamente traumáticos, estigmatizantes e onerosos do cárcere. Não é à toa
que todas elas são comumente chamadas de penas alternativas, pois essa é mesmo a sua natureza:
constituir-se num substitutivo ao encarceramento e suas seqüelas. E o fato é que a pena privativa de
liberdade corporal não é a única a cumprir a função retributivo-ressocializadora ou restritivo-preventiva
da sanção penal. As demais penas também são vocacionadas para esse geminado papel da
retribuição-prevenção-ressocialização, e ninguém melhor do que o juiz natural da causa para saber, no
caso concreto, qual o tipo alternativo de reprimenda é suficiente para castigar e, ao mesmo tempo,
recuperar socialmente o apenado, prevenindo comportamentos do gênero. (...)5. Ordem parcialmente
concedida tão-somente para remover o óbice da parte final do art. 44 da Lei 11.343/2006, assim como
da expressão análoga “vedada a conversão em penas restritivas de direitos”, constante do § 4º do art.
33 do mesmo diploma legal. (STF, HC 97256)
REQUISITOS SUBJETIVOS
a) Não ser reincidente em crime doloso;
Obs.: o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em
face de condenação anterior, a medida seja socialmente
recomendável e a reincidência não se tenha operado em
virtude da prática do mesmo crime (CP, art. 44, § 3º).

Ou seja:
a)a medida seja socialmente
recomendável;
Exceções
b)a reincidência não seja específica;

c) Reincidência em crime CULPOSO.


REQUISITOS SUBJETIVOS

b) Circunstâncias Judiciais indicarem suficiência:

“A culpabilidade, os antecedentes, a conduta


social e a personalidade do condenado, bem
como os motivos e as circunstâncias indicarem
que essa substituição seja suficiente” (Art. 44, III,
CP).

= circunstâncias do art. 59, CP, exceto consequências e


comportamento da vítima;
REQUISITOS SUBJETIVOS

Obs1: Consequências e comportamento da vítima


nunca interferem na substituição da pena;

Obs2: As circunstâncias que coincidem com


agravantes/causas de aumento e não foram
consideradas na 1ª Fase apenas para evitar bis
in idem também devem ser avaliadas aqui;
REQUISITOS SUBJETIVOS
Obs3: fazendo uma análise sistemática da aplicação
desse dispositivo na Jurisprudência e, também, da
Doutrina podemos afirmar que:

a) A simples existência de uma ou duas circunstâncias


negativas não conduz, automaticamente, à
vedação da substituição; o juiz deve analisar o caso
concreto e avaliar a suficiência ou não;

b) a existência de três circunstâncias negativas indica


que a substituição não é recomendada.
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO – ESPÉCIES:

1. Prestação Pecuniária;
2. Perda de Bens e Valores;
3. Limitação de Fim de Semana;
4. Prestação de Serviço à Comunidade
ou Entidades Públicas;
5. Interdição Temporária de Direitos.
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO –
ESPÉCIES
“A eleição da espécie de pena alternativa,
dentre aquelas do rol (art. 43 do CP), se
pautará pelo critério pedagógico e pelas
finalidades da pena. Ou seja, escolher-se-á
a pena alternativa (ou as penas
alternativas) mais adequada para reprimir
e prevenir aquele crime praticado.”
(MISAKA, Marcelo Yukio, 2014)
1. PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA
Art. 45 (...) § 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima,
a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de
importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360
(trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de
eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os
beneficiários.
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a
prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza.

 Dano Material ou Moral;


 Vítima determinada tem prioridade no recebimento;
1 S.M. 360 S.M.

 Dedução em caso de condenação, também, no cível;


 Com anuência da vítima pode constituir em prestação de
outra natureza (ex.: bens, serviços, etc).
2. PERDA DE BENS E VALORES

Art. 45 , § 3º A perda de bens e valores pertencentes


aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação
especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e
seu valor terá como teto – o que for maior – o
montante do prejuízo causado ou do proveito obtido
pelo agente ou por terceiro, em consequência da
prática do crime.
PREJUÍZO
Limites ou
PROVEITO
3. LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA

Obrigação do condenado permanecer aos sábados e


domingos, por cinco horas diárias, em casa de
albergado ou estabelecimento adequado.

Obs.: pode ser diurno ou noturno, em horários


alternados etc.

Durante a permanência poderão ser ministrados ao


condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades
educativas.
4. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO À
COMUNIDADE OU ENTIDADES PÚBLICAS
 Aplicável somente nas condenações superiores a 6 (seis)
meses.
 Gratuita.
 Entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e
estabelecimentos congêneres.
 As tarefas serão definidas conforme aptidão.
 Uma hora por dia de condenação, não podendo
prejudicar a jornada normal de trabalho.
 É possível cumprir antes? Sim, nas condenações maiores
que 1 ano respeitando o mínimo da metade da pena.
4. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO À
COMUNIDADE OU ENTIDADES PÚBLICAS

NÃO
CABE

4
anos

6 1 2 3
meses ano anos anos

PODE SER CUMPRIDA NA METADE DO TEMPO


5. INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos
são:

5.1 - proibição do exercício de cargo, função ou


atividade pública, bem como de mandato eletivo;
5.2 - proibição do exercício de profissão, atividade
ou ofício;
5.3 - suspensão de habilitação para dirigir veículo;
5.4 - proibição de frequentar determinados
lugares;
5.5 - proibição de inscrever-se em concurso;
5. INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS

São ESPECÍFICAS, aplicam-se quando houver


conexão com o crime praticado; ou seja,
quando o agente atuar com abuso ou de
forma a violar os deveres inerentes ao cargo,
função ou atividade profissional;

São TEMPORÁRIAS, não se confundindo, por


exemplo, com a perda do cargo (art. 92,
inciso I do CP);
5. INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS

5.4 Proibição de frequentar determinados


lugares

 Pena de difícil aplicação no cotidiano forense, pela


dificuldade de fiscalização.

 A proibição deve guardar correlação com a prática


criminosa.
Ex: bares, estádios, casas de prostituição, boates etc.

 A sentença deve especificar qual o lugar, não podendo ser


genérica. Todavia, pode ser especificado mais de um lugar.
CONVERSÃO EM PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE – REGRA GERAL
 § 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de
liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da
restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a
executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de
direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou
reclusão.
Descumprimento injustificado;

Abatimento do período cumprido,


respeitando o mínimo de 30 (trinta) dias.
MULTA SUBSTITUTIVA
 Além das PRD’s a pena de prisão pode ser substituída por
multa;

 Diferença entre pena de multa e prestação pecuniária.

 1) A multa é paga em favor do estado, não sendo adimplida


não enseja prisão, converte-se em dívida de valor.

 2) A pena restritiva de direito, na modalidade prestação


pecuniária, reverte em favor da vítima do delito ou de seus
dependentes e, em não sendo paga, autoriza sua conversão
em prisão.
MULTA SUBSTITUTIVA

STJ:
SÚMULA N. 171. Cominadas cumulativamente,
em lei especial, penas privativa de liberdade e
pecuniária, é defeso a substituição da prisão
por multa.
Obs.: se for prevista cumulativamente no Código
Penal é possível a substituição, fazendo-se a
soma das duas.
QUANTIDADE + MULTA SUBSTITUTIVA

 Art. 44, § 2º : Na condenação igual ou inferior a um


ano, a substituição pode ser feita por multa (denominada

multa substitutiva) ou por uma pena restritiva de direitos; se


superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode
ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa
(denominada multa substitutiva) ou por duas restritivas de
direitos.
1 ano

4
anos

1 MULTA 1 MULTA
OU 2 RESTRITIVAS
OU E
DE DIREITOS
1 RESTRITIVA 1 RESTRITIVA
DE DIREITOS DE DIREITOS
STJ - CONVERSÃO DA PRESTAÇÃO
PECUNIÁRIA
"RECURSO ESPECIAL. PENA RESTRITIVA DE DIREITOS. PRESTAÇÃO
PECUNIÁRIA. CONVERSÃO EM PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE.
POSSIBILIDADE. PRECEDENTES.1. A pena de multa, prevista no art. 49
do Código Penal, possui natureza jurídica diversa da pena restritiva
de direitos na modalidade de prestação pecuniária. 2. É possível a
conversão da prestação pecuniária em pena privativa de liberdade,
nos termos do art. 44, § 4º, do Código Penal. Precedentes do STJ."
(REsp 613308⁄MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado
em 17.08.2004, DJ 13.09.2004 p. 283)

Obs.: Se o descumprimento for parcial o Juiz deve realizar audiência


para avaliar com o apenado o cumprimento do restante ou a
conversão em pena privativa de liberdade com desconto
proporcional ao que foi cumprido.
NOVA CONDENAÇÃO POR OUTRO
CRIME

Art. 44, § 5º. Sobrevindo condenação a


pena privativa de liberdade, por outro crime,
o juiz da execução penal decidirá sobre a
conversão, podendo deixar de aplicá-la se
for possível ao condenado cumprir a pena
substitutiva anterior.
SEÇÃO III - DA PENA DE MULTA
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário
da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no
mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-
multa.
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a
um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato,
nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.
(...)
Critérios especiais da pena de multa
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente,
à situação econômica do réu.
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em
virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no
máximo.
PENA DE MULTA – CARACTERÍSTICAS GERAIS

 Consiste no pagamento de determinado


valor em dinheiro em favor do Fundo
Penitenciário Nacional (FUNPEN), fundo esse
que foi instituído pela Lei Complementar nº
79/1994 para os fins de custear o sistema de
cumprimento de pena no país;
 Os Estados membros podem instituir,
mediante a edição de legislação própria e
específica, fundo estadual para a gestão
das multas criminais aplicadas pela Justiça
Criminal Estadual.
PENA DE MULTA – CARACTERÍSTICAS GERAIS

Cominação:
Isolada;
Cumulativa;
Alternativa;
Substitutiva.
FIXAÇÃO DA PENA DE MULTA

SISTEMA BIFÁSICO = DUAS ETAPAS:


É entendimento desta Corte de Justiça que a pena de
multa deve ser fixada em duas fases. Na primeira, fixa-se
o número de dias-multa, considerando-se as
circunstâncias judiciais (art. 59, do CP). Na segunda,
determina-se o valor de cada dia-multa, levando-se em
conta a situação econômica do réu.(STJ, REsp 1535956/RS,
Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 01/03/2016, DJe 09/03/2016)
SISTEMA BIFÁSICO

QUANT. VALOR
DIAS - DO DIA
MULTA 10 MULTA 1/30 a
a 360 dias 5x S.M.

PROPORCIONAL PROPORCIONAL À
À PPL CONDIÇÃO
FINANCEIRA DO RÉU
FIXAÇÃO DOS DIAS-MULTA

Dias-multa: é uma ficção do legislador


para permitir a proporcionalidade entre
a pena de multa e a pena privativa de
liberdade, variando entre 10 e 360.

Ex.: PPL fixada no mínimo legal = 10 dias-multa;


Ex.: PPL fixada no máximo legal = 360 dias-multa.
FIXAÇÃO DOS DIAS-MULTA
 CONCLUSÃO 01: todas as circunstâncias judiciais (art. 59),
agravantes, atenuantes, causas de aumento ou diminuição
irão refletir na quantidade dos dias-multa.

 CONCLUSÃO 02: “para que a fixação da pena de multa guarde


proporcionalidade com a sanção corporal, deve-se aferir o
intervalo entre o mínimo e o máximo. Nos crimes do CP esse
intervalo é de 350 dias-multa (art. 49 do CP). Sobre esse valor
incidirá a exasperação, e o resultado disso deverá ser somado à
pena mínima de multa (10 dias-multa).
 A título de ilustração, em caso de exasperação de 1/8 na fase das
circunstâncias judiciais, a pena de multa seria fixada em 53 dias-
multa [(350:8)+10]” (MISAKA, Marcelo Yukio, 2014)
FIXAÇÃO DOS DIAS-MULTA
 CONCLUSÃO 03: se houver um aumento de 10% na PPL a
quantidade de dias-multa será fixada com o mesmo acréscimo e
assim sucessivamente.
 Como fazer o cálculo da proporção?

DADOS REFERENTES A
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE PENA DE MULTA

PENA APLICADA – PENA MÍNIMA PENA APLICADA – PENA MÍNIMA


PENA MÁXIMA – PENA MÍNIMA PENA MÁXIMA – PENA MÍNIMA
FIXAÇÃO DOS DIAS-MULTA
 EXEMPLO:
 FURTO SIMPLES:
PENA MÁXIMA = 4 ANOS
PENA MÍNIMA = 1 ANOS
PENA FIXADA = 2 ANOS
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE PENA DE MULTA

PENA APLICADA – PENA MÍNIMA PENA APLICADA – PENA MÍNIMA


PENA MÁXIMA – PENA MÍNIMA PENA MÁXIMA – PENA MÍNIMA

2–1 X – 10
4–1 = 360 – 10

X = 126 dias multa


FIXAÇÃO DOS DIAS-MULTA
Obs.: Se a Pena Definitiva Privativa de Liberdade ficar além ou aquém dos
patamares abstratos da pena, a fórmula anterior não servirá!!!! Devemos utilizar a
regra de três simples:

1º) Pena MENOR que o mínimo:

Pena Mínima Abstrata ----------- Pena Mínima de Multa


Pena Aplicada ----------- Pena de Multa Aplicada (x)

2º) Pena MAIOR que o máximo:

Pena Máxima Abstrata ----------- Pena Máxima de Multa


Pena Aplicada ----------- Pena de Multa Aplicada (x)

Obs.: em ambas as fórmulas podemos fazer o cálculo desprezando os dias!!


FIXAÇÃO DO VALOR ($) DO DIA-MULTA
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender,
principalmente, à situação econômica do réu.
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que,
em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora
aplicada no máximo.

Obs.: a intenção do legislador foi a de que o valor do dia multa guarde


equivalência com a remuneração mensal do Réu, sendo proporcional
ao valor que ele recebe por dia do mês;
Ex.: se recebe 01 (um) salário mínimo = valor do dia-multa deverá ser de
1/30 do S.M., se ganha 02 (dois) salários 1/15 e assim sucessivamente.
FIXAÇÃO DO VALOR ($) DO DIA-MULTA

1/30 5
S.M. S.M. +ATÉ
3X

EX1: RECEBE 1 S.M. 1/30 p/ dia-multa

EX2: RECEBE 150 S.M. 5 S.M. p/ dia multa


FIXAÇÃO DA PENA DE MULTA
EX1: “no que diz respeito à multa, fixo-a proporcionalmente à
pena privativa de liberdade definitivamente estabelecida, em
126 (cento e vinte e seis) dias-multa, cada dia multa no valor de
05 salários mínimos vigente à época dos fatos, tendo em vista a
notícia nos autos que o réu recebe rendimentos no importe de
150 (cento e cinquenta) salários mínimos por mês”.

EX2: “no que diz respeito à multa, fixo-a proporcionalmente à


pena privativa de liberdade definitivamente estabelecida, em
126 (cento e vinte e seis) dias-multa, cada dia multa no valor de
1/30 (um trigésimo) do salário mínimo vigente à época dos fatos,
tendo em vista a notícia nos autos que o réu recebe
remuneração de 01 (um) salário mínimo mensal”.
FIXAÇÃO DA PENA DE MULTA

EX1: RECEBE 1 S.M. 1/30 (R$ 998,00) x


126 dias-multa = 126 x R$ 33,26 = R$
4.190,76

EX2: RECEBE 150 S.M 5 S.M.(R$ 998,00)


x 126 dias-multa = 126 x R$ 4.998,00 = R$
629.748,00
FIXAÇÃO DA PENA DE MULTA
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
1º) Não havendo qualquer prova acerca da
condição financeira, a fixação deve ser no
mínimo legal (1/30), em razão do princípio do in
dubio pro reo;

2º) O juiz pode se valer de outros fatores para


estimar a condição financeira do réu, como
automóveis, imóveis, empresas, etc.
FIXAÇÃO DA PENA DE MULTA

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
3º) o valor do salário mínimo é o vigente ao
tempo dos fatos criminosos, evitando
retroatividade in pejus dos novos valores;

4º) No momento do pagamento o valor será


corrigido monetariamente (art. 49, §2º, CP).
PAGAMENTO DA PENA DE MULTA
Pagamento da multa
Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de
transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado e
conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se
realize em parcelas mensais.
§ 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no
vencimento ou salário do condenado quando:
a) aplicada isoladamente;
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;
c) concedida a suspensão condicional da pena.
§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao
sustento do condenado e de sua família.
PAGAMENTO DA PENA DE MULTA
Conversão da Multa e revogação
Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a
multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes
as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda
Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e
suspensivas da prescrição.

Suspensão da execução da multa


Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se
sobrevém ao condenado doença mental.
PAGAMENTO DA PENA DE MULTA

“O inadimplemento da pena de multa não obsta a


extinção da punibilidade do apenado, porquanto, após a
nova redação dada ao art. 51 do Código Penal pela Lei
n. 9.268/1996, a pena pecuniária passou a ser
considerada dívida de valor e, portanto, possui caráter
extrapenal, de modo que sua execução é de
competência exclusiva da Procuradoria da Fazenda
Pública" (REsp 1.519.777/SP, Rel. Ministro ROGERIO
SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/8/2015, DJe
10/9/2015)
PAGAMENTO DA PENA DE MULTA

O Ministério Público tem legitimidade para promover medida


assecuratória que vise à garantia do pagamento
de multa imposta por sentença penal condenatória. É certo
que, com a edição da Lei 9.268/1996, a qual deu nova
redação ao art. 51 do CP, modificou-se o procedimento de
cobrança da pena de multa, passando-se a aplicar as regras
referentes à Fazenda Pública. Cabe referir, por oportuno, que
não obstante a pena de multa tenha passado a ser
considerada dívida de valor, não perdeu sua natureza jurídica
de sanção penal. (STJ, REsp 1.275.834-PR, Rel. Min. Ericson
Maranho (Desembargador convocado do TJ-SP), julgado em
17/3/2015, DJe 25/3/2015).

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