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Resumo
São apresentados os resultados experimentais para 12 paredes em alvenaria não estrutural submetidas à
compressão normal, linearmente distribuída sobre a superfície superior das mesmas. 03 paredes foram
assentadas com os furos dos blocos na direção horizontal sem qualquer tipo de revestimento, 03 paredes a
cutelo com revestimento de argamassa em uma das faces, 03 paredes de topo (furos na vertical) sem
revestimento e 03 paredes de topo com revestimento em uma das faces. Os painéis mediam 1.100mm x
1.450mm e foram constituídos por blocos cerâmicos de 06 furos. Para medir os deslocamentos foram
usados 03 deflectômetros analógicos com precisão de 0,01mm. As paredes de blocos com furos na
horizontal revestidos apresentaram tensão de ruptura média 35% maior que a das paredes sem
revestimento. O mesmo comportamento foi observado para as paredes com blocos assentados de topo,
sendo que a diferença foi de apenas 18% a favor dos blocos revestidos. Em média, as paredes com blocos
de topo foram 80% mais resistentes que as com blocos a cutelo. Os modos de ruptura de todas as paredes
foram caracterizados como frágeis, sem qualquer aviso prévio. Pequenos deslocamentos horizontais,
excentricidades ou defeitos ns blocos podem reduzir consideravelmente a resistência das paredes.
Palavras-chave: Alvenaria, Bloco cerâmico, Argamassa.
Abstract
Twelve (12) non-structural masonry walls were tested under compression linearly distributed on top. Three
walls had bricks-on-edge without any type of covering, three with one face covered, three with bricks-on-top
without any covering and three had covering on one face. All the panels presented ceramic bricks with six
holes with dimensions of 1.100mm x 1.450mm. Three dial gages with 0,01mm precision were applied to
monitoring displacements. The walls with bricks-on-top covered with conventional mortar presented failure
load 35% higher than those without covering. The same behavior was observed to the walls with bricks-on-
top, being the difference of just 18% to the covered bricks. In average, the walls with bricks-on-top are 80%
more resistant then those with bricks-on-edge. The failure modes of all walls were brittle, without any
warning. Small horizontal displacements, eccentricities or damages on the bricks can reduce significantly the
failure loads of the walls.
Keywords: Masonry walls, Ceramic brick, Mortar.
Atualmente, trabalhos têm sido realizados visando quantificar a influência dos painéis de
alvenaria não estrutural, quanto à sua resistência e rigidez, no comportamento global da
estrutura e, conseqüentemente, da edificação. Trabalhos como o de SILVA et al. (2004) e
CAPUZZO et al. (2005) simularam numericamente paredes ensaiadas em laboratório
visando representar situações comuns, apresentando resultados satisfatórios. Outros
trabalhos, também abordando a distribuição de cargas normais sobre paredes, divergem
significativamente em seus resultados como, por exemplo, o de SINHA et al. (1979), que
considera que as paredes trabalham isoladamente, enquanto que o de SUTHERLAND
(1969) considera as interações das paredes adjacentes na transferência de esforços.
2 Programa Experimental
2.1 Características dos blocos cerâmicos
Os blocos cerâmicos com 8 furos (figura 1) que constituíram os painéis foram adquiridos
em um estabelecimento comercial típico na cidade de Belém. Foram coletados
aleatoriamente 13 blocos de um lote com aproximadamente 3.000 unidades visando a
realização de ensaios para a caracterização geométrica (dimensões, área bruta) e
mecânica dos blocos (resistência à compressão individual e em prismas com 2 blocos
cerâmicos). Posteriormente, foram definidos ensaios de paredes compostas por blocos do
mesmo lote de fabricação. A figura 1 mostra detalhes do bloco utilizado e a identificação
de suas dimensões externas. As espessuras médias das paredes e dos septos, bem
como a massa seca de cada bloco também foram determinadas.
3 Resultados
3.1 Caracterização dos blocos cerâmicos
A tabela 2 apresenta os resultados obtidos para as dimensões, massa seca e resistência
à compressão individual. Na tabela, fbk1 refere-se à resistência à compressão dos blocos
ensaiados com os furos na horizontal e fbk2 aos blocos ensaiados com os furos na vertical.
Para a determinação das dimensões foi utilizado um paquímetro universal de 300mm e
0,04mm de precisão. Para a realização dos ensaios de resistência à compressão os
blocos cerâmicos foram revestidos nas duas faces em contato com os pratos da prensa
com argamassa de traço 1,0:1,0:5,0:1,30 (cimento, cal, areia e água) em volume. Para os
blocos ensaiados de topo, ou seja, com os furos na direção vertical, adotou-se o mesmo
procedimento dos blocos ensaiados com os furos na horizontal para determinação da
área bruta. Os resultados para estes blocos são apresentados na tabela 3. Todos os
ensaios e análises consideraram as recomendações das normas NBR 15270-1 (ABNT,
2005), NBR 15270-2 (ABNT, 2005), NBR 15270-3 (ABNT, 2005).
Todos os valores obtidos para as dimensões estão de acordo com as recomendações das
normas consultadas. A resistência característica à compressão individual estimada (fbk,est)
3.1 Paredes
3.1.1 Ensaio de prisma de alvenaria
Foram realizados ensaios em 6 prismas de alvenaria com 2 blocos cada, de acordo com a
NBR 8215 (ABNT, 8215), três com os blocos assentados com os furos na direção
horizontal e três com os furos na direção vertical. A argamassa de assentamento utilizada
nestes ensaios foi a mesma empregada na confecção das paredes (assentamento e
revestimento). Os resultados são apresentados na tabela 5. A resistência à compressão
média para os prismas com blocos assentados com furos na direção vertical (fP,FV) foi
88% maior que a resistência média dos prismas com blocos assentados com os furos na
direção horizontal (fP,FH). Todos os prismas foram ensaiados aos 28 dias de idade.
3.1.2 Deslocamentos
O monitoramento dos deslocamentos mostrou que, como esperado, o comportamento dos
painéis dependeu basicamente do prumo inicial. Com exceção das paredes PCP5 e
PCP6, as paredes que apresentaram menores deslocamentos foram mais resistentes. As
figuras 4 e 5 mostram os deslocamentos observados para todos os painéis ensaiados.
ANAIS DO 49º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2007 – 49CBC0198 7
Percebe-se que em alguns painéis houve uma discreta rotação da base, exceto na parede
PTR1F, que apresentou a menor capacidade resistente de seu grupo. As paredes PCR3F
e PTP5 apresentaram deslocamentos acima de 4mm e tensões de ruptura
correspondendo a aproximadamente 50% das paredes de mesmo grupo com
deslocamentos significativamente menores. As paredes PCP4 e PCP6 apresentaram os
maiores e menores deslocamentos de seu grupo, respectivamente, mas as tensões de
ruptura foram praticamente iguais. Estes comportamentos apontam a instabilidade dos
painéis e a influência do processo executivo nos deslocamentos. Falhas ou imperfeições
nos materiais também podem ter acarretado tais comportamentos.
70 70
PCR1F PCR2F
60 60
50 50
P (kN)
P (kN)
40 40
30 30
20 R1 20 R1
10 R2 10 R2
R3 R3
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)
70 70
PCR3F PCP4
60 60
50 50
P (kN)
P (kN)
40 40
30 30
20 R1 20 R1
R2 R2
10 10
R3 R3
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)
70 70
PCP5 PCP6
60 60
50 50
P (kN))
P (kN)
40 40
30 30
20 R1 20 R1
10 R2 10 R2
R3 R3
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)
Figura 4 – Deslocamentos observados nas paredes dos grupos 1 e 2
ANAIS DO 49º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2007 – 49CBC0198 8
70 70
PTR1F PTR2F
60 60
50 50
P (kN)
40
P (kN)
40
30 30
20 R1 20 R1
R2 R2
10 10
R3 R3
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)
70 70
PTR3F PTP4
60 60
50 50
P (kN)
P (kN)
40 40
30 30
20 R1 20 R1
R2 R2
10 10
R3 R3
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)
70 70
PTP5 PTP6
60 60
50 50
P (kN))
P (kN)
40 40
30 30
20 R1 20 R1
R2 R2
10 10
R3 R3
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)
Quanto aos modos de ruptura, todos foram frágeis, sem qualquer aviso prévio. Tanto as
paredes revestidas como as não revestidas apresentaram discreta fissuração pouco antes
da ruptura. A figura 6 mostra as rupturas de dois painéis. Observa-se que ocorre o
esmagamento das camadas de blocos cerâmicos imediatamente abaixo da viga de
distribuição. Na maioria dos casos 80% da altura dos painéis permanecia na vertical após
a realização dos ensaios.
5 Agradecimentos
Os autores agradecem ao CNPq, CAPES e FUNTEC/SECTAM pelo apoio financeiro no
desenvolvimento desta e de outras pesquisas.
6 Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 10837: Cálculo de
alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto. Rio de Janeiro, 1989.