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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
Vice-Reitoria de Ensino de Graduação – VREGRAD
Divisão de Assuntos Pedagógicos – DAP
Créditos Teórico / Prático 4,0
CódigoNome da Disciplina J589 –
DIREITO ADMINISTRATIVO I

Curso DIREITO Centro


CCJ

Segundas e Quartas

19h00min – 20h40min

21h00min – 22h40min

Professor: João Marcelo Rego Magalhães

Aula 18

UNIDADE IV – ATO ADMINISTRATIVO

 ATO ADMINISTRATIVO

1. Fatos e atos administrativos


2. Requisitos de validade dos atos administrativos: competência, objeto, forma,
motivo e finalidade
3. Motivação dos atos administrativos
4. Classificação quanto ao conteúdo e quanto à forma
5. Atributos do ato administrativo
6. Mérito do ato administrativo
7. Atos vinculados e discricionários
8. Desfazimento do ato administrativo
9. Convalidação do ato administrativo
10. Abuso de poder no ato administrativo
11. Ato administrativo e controle realizado pelo Poder Judiciário

5. Atributos do ato administrativo

Atributos são as qualidades (ou características) dos atos administrativos.


Enquanto os requisitos (ou elementos) constituem condições de validade, os atributos são as
características inerentes aos atos administrativos.

Os atributos dos atos administrativos são:

a) presunção de legitimidade;

b) imperatividade;

c) autoexecutoriedade.

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A presunção de legitimidade é qualidade inerente a todo ato da Administração
Pública, qualquer que seja sua natureza. Este atributo deflui da própria natureza do ato
administrativo, está presente desde o nascimento do ato e independe de norma legal que o
preveja. O fundamento da presunção de legitimidade é a necessidade que possui o Poder
Público de exercer com agilidade suas atribuições, especialmente na defesa do interesse
público. Esta agilidade inexistiria caso a Administração dependesse de manifestação prévia do
Poder Judiciário quanto à validade de seus atos toda vez que os editasse. A presunção de
legitimidade não impede que, desde que utilizados os meios adequados, possa o particular
sustar os efeitos de um ato administrativo reputado inválido; tais meios podem ser os recursos
administrativos, as liminares em ações ordinárias, o mandado de segurança etc. Cabe ainda
ressaltar que a presunção de legitimidade faz com que a obrigação de provar a existência de
vício no ato administrativo seja de quem aponta tal vício.

Imperatividade traduz a possibilidade que tem a Administração de criar


obrigações ou impor restrições, unilateralmente aos administrados. A imperatividade decorre do
denominado poder extroverso do Estado. Não é um atributo presente em qualquer ato, mas
apenas naqueles que implicam obrigação para os administrados, ou que são a eles impostos, e
devem ser por eles obedecidos, sem necessidade de sua concordância, como é o caso dos
atos normativos, dos atos punitivos ou dos atos de polícia; por sua vez, nos atos de exclusivo
interesse do administrado, como nos casos de obtenção de certidões, documentos ou
autorizações ou nos casos de atos permissivos (permissão de uso ou de atividade), não há que
se falar em imperatividade.

A autoexecutoriedade consiste na possibilidade que certos atos administrativos


ensejam de imediata e direta execução pela própria Administração, independentemente de
ordem judicial. Os atos autoexecutórios são os que podem ser materialmente implementados
pela Administração, inclusive mediante o uso de força, se necessária, sem que a Administração
precise de autorização judicial. Frise-se, entretanto, que a autoexecutoriedade não afasta uma
futura apreciação do ato. Difere da imperatividade no sentido de que esta se relaciona com a
aceitação do ato, enquanto a autoexecutoriedade vai além, permitindo a imposição do ato,
inclusive pelo uso da força. Esse também não é um atributo presente em todo ato; costuma-se
apontar a autoexecutoriedade como qualidade presente nos atos próprios do exercício de
atividades típicas da Administração (quando se fala em contratos administrativos, por exemplo,
a autoexecutoriedade fica mitigada). A necessidade de defesa ágil dos interesses da sociedade
justifica essa possibilidade de a Administração agir sem prévia intervenção do Judiciário,
especialmente no que tange ao poder de polícia. O professor Celso Antônio Bandeira de Mello
preleciona que a autoexecutoriedade existe em 2 situações: quando a lei expressamente a
prevê e, mesmo quando não há previsão, em situações de urgência. Exemplos de atos
autoexecutórios são a retirada de pessoas de um prédio que ameaça desabar, a demolição
desse mesmo prédio, a destruição de alimentos impróprios para consumo etc. Exemplo de
autoexecutoriedade mitigada são os contratos administrativos, onde a Administração precisa
aguardar sempre pela execução da obrigação do contratado antes de tomar qualquer medida.
Exemplo consagrado de ato não autoexecutório é a cobrança de multas questionadas pelo
particular (multas de trânsito, multas tributárias, multas por infração ambiental etc.), pois a
solução em tais casos deve ser sempre dada pelo Poder Judiciário (a menos que o particular
deixe claro que não mais deseja questionar e aceita a última decisão administrativa em relação
à imposição de multa).

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6. Mérito do ato administrativo

Mérito administrativo é o poder conferido pela lei ao administrador para que ele,
em atos discricionários (que conferem certa liberdade ao administrador), decida sobre a
oportunidade e a conveniência de sua prática.

Enquanto em um ato vinculado a atuação do administrador é totalmente descrita


em lei, nos atos discricionários os requisitos objeto e motivo, podem ser determinados pelo
administrador. O objeto e o motivo formam, assim, o fundamento do mérito administrativo (que
terá como consequência a liberdade de decidir sobre a oportunidade e a conveniência da
prática de um ato administrativo).

No dizer de Hely Lopes Meirelles, o mérito administrativo consiste na valoração


dos motivos e na escolha do objeto do ato, feitas pela Administração incumbida de sua prática,
quando autorizada a decidir sobre a conveniência, oportunidade e justiça do ato a realizar.

Justifica-se facilmente essa necessidade de, em certas circunstâncias, conferir a


lei ao administrador o poder de decidir sobre a oportunidade e a conveniência da prática do ato
administrativo: somente ele, administrador, vivenciando as diversas situações concretas que se
lhe apresentam e conhecendo os detalhes da atividade administrativa tem condições de aferir
tais elementos.

Esse é o motivo pelo qual não se admite a aferição do mérito administrativo pelo
Poder Judiciário. Não faria sentido o juiz, órgão voltado à atividade jurisdicional, substituir, por
sua vontade, o ponto de vista do administrador, que vive a realidade da atividade administrativa
em seu dia-a-dia. Se fosse dado ao juiz o poder de decidir sobre a valoração da oportunidade e
da conveniência da prática de um ato administrativo estaria esse juiz substituindo o
administrador no exercício de sua atividade valorativa.

Não se pode concluir que o Judiciário não esteja autorizado a aferir a legalidade
dos atos discricionários, o que não pode o Judiciário é valorar a oportunidade e a conveniência
de um ato administrativo, ligadas aos requisitos objeto e motivo e que formam o mérito
administrativo. Ocorre que nos atos discricionário existem, além dos requisitos objeto e motivo,
os outros 3 requisitos que são sempre vinculados ao que determina a lei: competência, forma e
finalidade, que podem, e devem ser aferidos pelo Judiciário. Vale ressaltar: o ato discricionário,
como qualquer outro ato administrativo, está sujeito à apreciação judicial de seus requisitos
vinculados (apenas quanto ao objeto e ao motivo não há, em princípio, tal possibilidade).

Discricionariedade é a liberdade dada a agentes do Estado para garantir


fruições aos cidadãos (exercício de politicas publicas ou prestação de
serviços públicos) ou limitar temporariamente o exercício de direitos, em
nome de um interesse coletivo (poder de policia e intervenção na
economia), sendo incompatível com as atividades cujo arbítrio possa
restringir ou privar de forma não aceitável a liberdade e o patrimônio
privado (tributação) ou dilapidar o patrimônio público (regime jurídico
das licitações).

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