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Sociologia

C. Wright Mills – A Imaginação Sociológica


 Imaginação Sociológica
 Método para melhor compreensão de fenômenos à sua volta; “olhar
ampliado”
 Utiliza a racionalidade para analisar amplamente, e distinguir fenômenos
individuais de públicos
 Perturbações ocorrem dentro do caráter do indivíduo
 Questões públicas: coisas que não são individuais e sim coletivas
 Critica o olhar de esfera restrita
 Deve-se entender como as realidades históricas impactam nossas vidas
 O indivíduo condiciona, e é condicionado pela sociedade em que vive
 Capacidade de ir do mais amplo, para o mais íntimo

Raymond Aron (Max Weber) – As Etapas do Pensamento


Sociológico
 Ações
 Racional com relação a um objetivo – baseado nos interesses do autor, não
do observador.
 Racional com relação a um valor - sentimento de honra, dever (como
capitão que afunda com seu navio)
 Afetiva/emocional - ação ditada pelo estado de consciência, sentimentos
ou humor do sujeito (bofetada da mãe no filho)
 Tradicional - ação ditada por hábitos, costumes e crenças transformadas
numa segunda natureza
 Tipo Ideal
 Características típicas de um indivíduo histórico
 Está associado ao que é característico da sociedade da época estudada.
Tipos ideais são meios de investigação cientifica.
 Para cada contexto histórico, um tipo ideal diferente pode ser relacionado
 Características de um grupo, de um indivíduo de uma sociedade

 Investigação causal
 Causalidade histórica: determina circunstâncias únicas que provocaram um
certo acontecimento
 O que teria ocorrido SE? O irreal ajuda na busca do real. Analisar a
realidade nos leva a perguntar por que determinado agente tomou
certa decisão. Quando constrói-se o irreal, percebe-se a relevância de
um dado fato real
 Causalidade sociológica: pressupõe a relação regular entre dois
fenômenos; duas situações ocorrendo simultaneamente e interligadas
entre si

 Ciência Weberiana
 Esforço destinado a compreender e a explicar os valores aos quais os
homens aderiram, e obras que construíram
 Fatos estudados precisam estar relacionados aos valores de suas
respectivas épocas, para que a análise seja, de fato, válida
 Nenhuma ciência diz aos homens como devem viver, nem poderá indicar à
humanidade o seu futuro
 Rejeição aos juízos de valores
 Ciência: sua essência está sujeita à consciência dos fatos e às provas
 Valores: sua essência está sujeita ao livre arbítrio e à livre afirmação
Max Weber – Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo

 Capitalismo (Racional Ocidental)


 Racionalidade da rentabilidade
 Ação econômica capitalística baseada na expectativa de lucro pela
utilização formal de trocas
 Ação racionalmente orientada e calculada em termos de capital
 Utilização planejada de recursos pessoais e materiais de forma que ao
término se obtenha lucro
 No ocidente:
 Organização capitalística racional assentada no trabalho livre
 Organização industrial racional orientada para um mercado real
(existência de concorrência)
 Moderna organização racional da empresa capitalística
 Desenvolvimento de possibilidades técnicas
 Racionalismo econômico: técnicas e direito racional
 Encorajamento do uso de tais técnicas racionais científicas
para razões econômicas
 Direito e administração: base da empresa racional orientada
por regras formais

 Protestantismo
 Tipo ideal de protestantismo: Puritanismo inglês
 Na época, os líderes do mundo dos negócios e proprietários do capital eram
predominantemente protestantes
 Aspectos morais:
 Protestantes louvavam a Deus por meio do trabalho (o trabalho
dignifica o homem)
 Descansar sobre a riqueza é condenável
 Riqueza é consequência do trabalho
 Divisão de trabalho, que faz render mais e melhor, glorifica a Deus a
forma mais clara
 Todos recebem uma vocação, encontra-la é essencial
 Riqueza e vocação:
 A riqueza é para glorificar Deus e não para a carne e o pecado
 Riqueza é condenável se for para vadiagem, como empreendimento
vocacional é recomendado
 Estímulo à produção e restrições ao ócio e ao consumo - gera o
acumulo de capital
 Conduta legal agrada a Deus – respeito pelas leis, legislação
 Querer ser pobre é ser doente (abdicar ao trabalho)
 Perder tempo é perda de trabalho, logo perda de glorificação à Deus
 Ascetismo: detesta o novo rico e sua ostentação. Baseado na
disciplina e dedicação. Crença na recompensa após a morte e
recriminação do lucro. Crença de que a salvação era atingida por meio
da dedicação ao trabalho.

 Contato com comércio e consumismo


 A ascese protestante deve ter sido a mais poderosa alavanca do espírito do
capitalismo
 A riqueza acumulada já não é mais voltada para Deus, mas sim para
consumo próprio
 O protestantismo deixa como legado uma ética profissional burguesa, a
ascese protestante influencia de forma absoluta a produtividade
 A ascese puritana permitiu a formação da moderna ordem econômica e
técnica ligada à produção em série através da máquina
 Os bens materiais deixaram de ser o manto do qual poderíamos nos livrar,
para se tornar a prisão de ferro
 Prisão de ferro: peso dos valores sobre o sujeito que o condicionam a
agir de certa forma

 Consumismo
 Consumismo é a nova prisão
 Mundo baseado na ideia de produção e consumo
 Antes a riqueza era o final, símbolo de que você conseguiu. Agora a riqueza
é o começo. A partir dela você vive sua vida. Ela vira a base para você poder
agir de forma feliz
 Riqueza é consequência de um processo de esforço, mas ficamos escravos a
ela
 Excesso de riqueza causa uma cultura voltada ao consumo
 As pessoas começaram a desviar do caminho da salvação e passaram a
consumir, a comprar o fácil e cômodo (mundo da estética), e não mais o
apenas útil e suficiente

Paulo Gala (Douglass North) – A Teoria Institucional de


Douglass North
 Conceitos e história (1973)
 Superar crises e desenvolver arranjos institucionais para estimular
atividades produtivas nos sécs. XVI e XVII
 Essencial equilíbrio entre a monarquia e os produtores resultaram em leis
para o desenvolvimento
 Segredo para atingir o crescimento é a construção de matrizes institucionais
que estimulem a acumulação de capital físico e humano. Sem tecnologia
 Sociedades pobres encontram-se nessa situação por não terem
desenvolvido uma base de regras, leis e costumes capazes de estimular
atividades economicamente produtivas
 Conceitos e história (1981 e 1990)
 Ideologia: base comum de crenças, diminui incerteza e custo de transação.
Se sustenta apenas se conseguir, coerentemente, explicar o mundo à sua
volta
 Estado e Economia:
 Entender o sistema político é fundamental para entender a sociedade
 Sistema político ideal: capaz de maximizar o produto econômico de
uma sociedade
 Instituições eficientes: dependem da dinâmica política e cultural de
uma sociedade. O estado eficiente se adapta, compreende quando
deve cobrar e quanto deve permitir
 Matriz Institucional eficiente: Estimula as organizações a investir
numa atividade individual que traga retornos superiores a seus custos
sociais. Ao definir e garantir direitos de propriedade, arranjos
eficientes levarão organizações e indivíduos a investir em atividades
economicamente produtivas, notadamente na acumulação de capital
e conhecimento
 Equilíbrio institucional: quando as organizações não possuem
interesse em alterar as regras vigentes da sociedade em que operam
 Modelo de desenvolvimento econômico:
 Ao restringir o comportamento individualista, a incerteza na interação
entre as pessoas é reduzida
 Incerteza: impossibilita ou dificulta enormemente a possibilidade de
transações econômicas entre pessoas
 Da incerteza derivam-se os custos de transação:
 Custo de Measurement: dificuldade dos agentes em
conhecer de fato o objeto da transação em curso. Portanto,
o agente comprador não conhece a qualidade do produto
 Custo de Enforcement: incerteza que os agentes têm sobre a
propriedade do bem a ser trocado. Levam a problemas de
legitimidade da transação a ser efetuada
 Na presença da incerteza e para superar os custos de transação,
surgem as instituições, formais ou informais:
 Formais: leis e constituições formalizadas e escritas, em geral
impostas por um governo ou agente com poder de coerção
 Informais: códigos de conduta, formados em geral pela
própria sociedade
 A partir dos estímulos oferecidos pela matriz institucional, surgirão
diversas organizações que atuarão na busca de diversos objetivos
 Organização: a performance das organizações é determinada
por interações com outras organizações, com as próprias
instituições e com as restrições da economia
 Path Dependence - demonstra como soluções ineficientes podem
persistir, mesmo que escolhidas por agentes racionais. Todas as
escolhas que você fez no passado, afetam suas escolhas de hoje

Edson Nunes – A Gramática Política do Brasil


Matéria Pós P.I.
 Relação do Estado com a sociedade
 Clientelismo:
 Relação social marcada por contato pessoal entre chefe e empregado
 Sensação de criação de vínculo
 Troca de favores
 Corrompe o Universalismo de Procedimentos
 Corporativismo:
 Sistema de representação de interesses baseado em nº limitado de
categorias não competitivas e separadas
 Foge do justo e igual tratamento de todos
 Determina limites de participação e afasta quem não pertence
 Privilegia determinado grupo
 Insulamento Burocrático:
 Proteção do núcleo técnico contra interferências intermediárias
 Ambiente torna-se complexo e absolutamente planejado com
racionalidade
 o insulamento burocrático tenta quebrar o clientelismo e o
corporativismo, ao exemplo das licitações
 Universalismo de Procedimentos:
 Normas formalmente utilizadas por todos indivíduos ou a eles
aplicados
 Não garante a existência da democracia, mas é componente crucial
 Compreensão entre público e privado
 Sociedades Capitalistas
 Padrão de autoridade racional pautada pelo universalismo de
procedimentos
 Padrão impessoal de trocas
 Capitalismo: combinação de condições econômicas, arranjos sociais e
estruturas políticas
 Capitalismo vive de trocas
 Troca Generalizada: coloca como condições para uma dada troca, tantas
outras questões passadas e futuras
 Troca Específica: não pressupõe expectativa de relações futuras e não
depende da existência de relações anteriores

Darcy Ribeiro – O Povo Brasileiro


 Origem brasileira é tripartida (mescla de matrizes)
 Matriz Africana:
 Negros são capturados, portanto escravizados
 Negro é um tipo extrovertido, alegre. Sua alegria contrabalançou o
caráter melancólico português e a tristeza indígena
 Tudo foi feito pela mão do negro. Os brancos portugueses não põem a
“mão na massa”. Negra até cria os filhos do branco (Ama de leite),
assim passando seus jeitos, criatividade e cultura para a criança
 Mistura do negro com o branco cria a cultura brasileira
 A elite branca acha que o negro tem que trabalhar. Trabalho é só para
negros
 Matriz Tupi:
 Valorização da estrutura familiar: caça, pesca, construção de moradias.
Destaque: cunhadismo, associação por meio da família, pessoalismo.
 Vive a vida intensamente
 Não existia hierarquia, todos índios eram iguais
 Domínio pleno da natureza
 Vasto arsenal de técnicas
 Terra é um bem comum
 Portugueses aproveitam ao máximo valores e experiências dos povos
nativos
 Gosta de música, de dança, de arte

 Matriz Lusa:
“O ócio vale mais do que o negócio”
Povo de comerciantes burgueses, colonizadores desbravadores, destemidos, católicos,
sem ascetismo ao trabalho.
 Português estabelece uma sociedade estável graças a sua
adaptabilidade. Modifica seus hábitos alimentares, altera suas
técnicas agrícolas, seu modo de vida
 Vontade de enriquecer
 Ocioso, não trabalha, deixa todo esforço para os negros

 Matriz Brasileira “Resultante”:


 Traços da fraqueza física, debilidade. A preguiça tem origem social e
cultural, não racial
 Todo brasileiro é racial ou espiritualmente negro
 Profunda miscigenação marcou relações sociais. Não apenas o nível
individual como o institucional
 Como povo, o brasileiro é uma extensão da população ibérica,
assimilando elementos indígenas e africanos
 Sob o ponto de vista econômico, se funda o patriarcado (senhor
branco latifundiário)

 Objetivos
 Negar a “ninguendade”
 Inventar o Brasil que nós queremos
 Estado) de guerra latente (visão de que nada deu certo
 Enorme desigualdade no Brasil
 Tudo é baseado em relações pessoais: se eu conheço o guarda, eu posso
parar o carro no lugar errado - Clientelismo (Edson Nunes)
 As instituições brasileiras são péssimas e mal estruturadas

Paulo Prado – Retrato do Brasil


 Em uma terra alegre vive um povo triste
 Povo melancólico por conta dos seus descobridores:
 O português, homem rude e dominado pelos seus impulsos, legou ao
Brasil “fatores que nunca foram geradores de alegria”
 A ambição pelo ouro, a cobiça nunca tem fim, nunca há o
contentamento
 A cobiça leva a um sistema de escravidão. O português quer ter toda a
riqueza possível, portanto usa os escravos para consegui-lo
 Há a luxúria excessiva, os portugueses possuíam uma vontade
incessante de sexo (miscigenação com as negras)
 Essa luxúria mais a cobiça de viver sem trabalhar dos portugueses
(exploração do ouro, das minas) levou a uma grande melancolia
alienante, regressiva
 Toda essa melancolia leva à tristeza e à insatisfação do povo
 Romantismo
 O sentimento de tristeza leva ao romantismo:
 O romantismo está na tristeza de não se alcançar os objetivos,
estando sempre presente um sentimento de esperança de que algo
ou alguém surgirá e dará um jeito em tudo
 Crença de que um herói surgirá, e na sorte de que “alguém aparecerá
por mim”
 Romantismo leva à esperteza, à malandragem, induz ao pensamento
de que a sorte basta. Isso leva ao conformismo que, por sua vez, leva
à melancolia
 Romantismo de forma ruim afetou as constituições brasileiras, os
discursos políticos. Criou-se um suposto Brasil lindo. Esse romantismo
incorporou-se junto com luxúria, cobiça e tristeza modelando a nossa
sociedade, e tal combinação foi aproveitada pelas elites mesquinhas e
incompetentes como base de consolidação de seu domínio

 Características
 Livro de Paulo Prado está cheio de preconceitos contra atributos típicos
brasileiros: preguiça, luxuria, cobiça e romantismo
 Prado é contra o romantismo. Ele diz que o romantismo gruda como praga
no corpo da sociedade, modelando-a por inteiro
 O Brasil tem uma formação histórica sombria e problemática: passado
colonial e escravidão
 O país é inaceitável:
 O Brasil era atrasado, carregado de vícios. Possui um povo largado e
elites mesquinhas, voltadas para si, sem grandeza ou competência
particular
 Falta de elites arrojadas e dedicadas a pensar nas necessidades e nas
virtudes do povo
 A luxuria, a cobiça, a tristeza e o romantismo, combinando-se de várias
maneiras, haviam assim se incorporado ao modo de ser brasileiro,
produziam acima de tudo preguiça, ausência ou diminuição de sua atividade
mental que o incapacitará para o progresso. Definiam o caráter brasileiro

Gilberto Freyre (Elide Rugai Bastos) – Casa Grande & Senzala


“Bambo equilíbrio de antagonistas”
 Povo brasileiro resulta da articulação de três elementos:
 Patriarcado: patriarca como figura central, figura masculina que por vezes
se sobrepõem ao próprio Estado
 Tipo de instituição e organização familiar. Não depende de nada
escrito ou combinado e sim da decisão única do Pai. Isso por parte do
poder. Por parte da sociabilidade, todos estão no mesmo nível
 Interpenetração de etnias e culturas: lógica de Darcy Ribeiro e as três
matrizes
 Trópico: os povos agem sobre o espaço e não o contrário
 Relação do branco com o negro:
 Todo brasileiro é racial ou culturalmente negro
 Monocultura canavieira gera povo faminto. Apenas o branco e o negro
escravo comiam
 A monocultura latifundiária do açúcar e a escassez de mulheres brancas
fundam as relações entre brancos e não brancos
 Casa Grande é o símbolo da dominação e a senzala de submissão
 Entre os dois o & significa interpenetração de duas etnias, duas raças, uma
dinâmica de quebra hierárquica
 A miscigenação diminui a distância entre a Casa Grande e a senzala
 Negro do Brasil:
 A alegria do africano contrabalançou o caráter melancólico do
português e a tristeza do indígena
 Possui traço de bondade, é dócil. A ele devemos nossa sensibilidade,
imaginação e uma doce e doméstica religiosidade. São africanos
vários dos hábitos considerados brasileiros
 Os negros que conviviam com os brancos eram domésticos e
selecionados
 Negro se adapta melhor
 O caráter brasileiro é moldado através do negro
 Casa Grande:
 A Casa Grande opera como centro de coesão social, torna-se centro
econômico, social e político que serve de base para a organização nacional
 Mais relevante que a Igreja a até mesmo que o Estado
 Até a Igreja foi para dentro da Casa; cada Casa Grande era um mundo
 Da Casa Grande pode ter vindo a relação da atual república brasileira ser
repleta de particularismos e da falta de Universalismo de Procedimentos
(Nunes)
Sergio Buarque de Holanda – Raízes do Brasil
 Cap. 1 – Fronteiras da Europa
 “Em uma terra aonde todos são barões, não é possível um acordo coletivo
durável, a não ser por uma força exterior respeitável e temida”
 Todos se sentem barões, ninguém quer trabalhar
 Ninguém se sente ou aceita ser inferior a ninguém
 Demonstra origens remotas dos traços que estudara: personalismo, donde
provem a frouxidão das instituições e a falta de coesão social
 Portugueses e Espanhóis se acham superiores
 Personalismo: quando você trata a si mesmo como superior, se sente
melhor que os outros
 Ausência do princípio de hierarquia e a exaltação do prestigio social em
relação ao privilégio
 Quando você faz um favor para alguém, este alguém vira o seu credor
 Pedir um favor significa prender-se a alguém
 Indivíduo só tem valor à medida que ele não depende de ninguém,
cultura Individualista
 Ócio importa mais do que o negócio. Atividade produtora é menos valiosa
do que a contemplação e o amor
 Cap. 2 – Trabalho e Aventura
 Dois tipos ideais de atividades do homem:
 Aventureiros: colher o fruto sem plantar a árvore, ignora fronteiras,
projetos vastos, audacioso, instável. Atribui valor moral àquilo que
tem recompensa imediata
 Trabalhadores: enxerga primeiro a dificuldade a vencer, não o triunfo
a alcançar. Campo visual restrito, estável, paz, segurança pessoal. Só
atribui valor moral àquilo que sente ânimo em praticar
 Sucesso da colonização:
 Ausência do orgulho de raça entre os portugueses
 Abundância de terras e de negros (trabalho escravo)
 A ética aventureira não cria instituições, não socializa os ganhos, não
contribui para a sociedade, porém o território brasileiro não seria tão
grande e não se manteria caso não houvesse a “força” do aventureiro
 O jeitinho brasileiro pode ser considerado “derivado” dessa aventura
 Cap. 3 – Herança Rural
 Os filhos de fazendeiros ricos que iam estudar em Coimbra, ao voltar eram
os principais responsáveis pela criação das instituições brasileiras
 Família patriarcal foi o elo social através do qual a tradição personalista e
aventureira, herdada dos colonizadores portugueses, se alimentou entre
nós e acabou por imprimir a sua marca na sociedade como um todo
 Assim, instala-se inevitavelmente a sentido aventureiro. Registra a
existência da repulsa pelo trabalho regular e atividades utilitárias (do que
decorre a falta de organização)
 Cada Casa era uma verdadeira república. A esfera da vida doméstica não
tolerava pressão de fora. A entidade privada precede sempre a entidade
pública
 Comunidade doméstica, antipolítica, particularista, público é invadido pelo
privado, o Estado pela família
 Sociedade pautada em aspectos personalistas
 Sociedade gerada por tipo aventureiro (riqueza fácil, vontade de prosperar)
 Vida na cidade não existia, a fazenda se bastava. O patriarcado
predominava
 Cap. 4 – O Semeador e o Ladrilhador: diferença entre portugueses
e espanhóis
 Ladrilhar tem método (espanhol). Semear é “se pegar pegou” (português)
 Domínios rurais ganhavam importância quanto mais livres da influência
urbana
 As relações entre patrões e empregados costumavam ser mais amistosas
aqui que qualquer outro lugar (clientelismo)
 Quanto mais rico, mais quer privilégios
 Cidades construídas pelos portugueses são desprovidas de rigor, método e
disciplina (desleixo)
 Cultura que ficou aqui é de desleixo

 Cap. 5 – O Homem Cordial


 Características:
 “Familista”: coloca a família acima de qualquer questão do Estado
 Emocional: coloca as emoções acima das razões
 Sujeito personalista, aventureiro. Procura meios e atalhos para viver
na cidade
 Almeja construir relações pessoais, estabelecer um laço familiar

 Se a família é o centro do raciocínio e pauta a sociabilidade do indivíduo, é
possível que esse sujeito, homem cordial, tenha dificuldades em distinguir o
domínio público do privado
 Homem cordial não tem habilidade para sobreviver em um espaço urbano.
Não é racista, é explorador. Sai dos domínios rurais e vem para as cidades
trazendo todas as tradições do campo para a cidade
 Corrupção envolve muito mais que apenas o roubo, e é nessa concepção
que vemos que não é o estado a potência que organiza a cidade, e sim a
sociedade que submete o estado
 Cap. 6 – Novos Tempos
 Demonstramos um apego a valores da personalidade configurada pelo
recinto doméstico. Ignora-se a lei geral, e afirma-se com base nas emoções,
buscando exclusividade.
 A personalidade individual dificilmente suporta ser comandada por um
sistema exigente e disciplinador
 No trabalho buscamos a própria satisfação. Ignoramos o uso da inteligência
racional e formal
 Temos a mania de poupar trabalho por meio de cópias mal feitas (Prado)
 A simples alfabetização em massa não constitui um benefício enorme.
Desacompanhada de outros elementos fundamentais da educação, que a
completem, é comparável a uma arma de fogo nas mãos de um cego
 Herança rural, patriarcal e personalista e avessa ao trabalho metódico ainda
persiste. Aqui nunca houve nada similar à ética do trabalho, à ética
protestante
 Cap. 7 – Nossa revolução
 A abolição marca o fim do predomínio agrário, e a proclamação uma
tentativa de resposta política à nova arena social
 A grande revolução brasileira é um processo lento, e não um instante
preciso
 1888 é o marco mais visível de uma nova era. Um novo sistema nos
centros urbanos se anuncia, buscando aniquilar as raízes ibéricas, mas
ainda carregamos MUITO dos portugueses
 O caudilhismo sobrepõe-se à impessoalidade democrática. Precisa acabar
com esse caudilhismo. Essa vitória nunca ocorrerá enquanto não se
liquidem os fundamentos personalistas
 A sociedade foi mal formada nessa terra, desde as suas raízes. As
constituições feitas para não serem cumpridas, as leis existentes para serem
violadas, tudo em proveito de indivíduos e oligarquias, são fenômenos
correntes em toda nossa história
 A ausência de verdadeiros partidos é sintoma dessa inadaptação. Culto às
personalidades e não a ideias amplas e valores éticos, sempre assistimos
um personalismo sobrepondo outro
 No Brasil, o privilégio é justificado. Nem todos têm os mesmos direitos, ou
seja, há uma quebra das regras da dita democracia. O prestígio justifica o
privilégio

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