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Robson Fleming
Federal Institute of Mato Grosso do Sul
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All content following this page was uploaded by Robson Fleming on 28 November 2015.
Resumo
O setor da indústria civil é responsável por um grande consumo de recursos naturais,
e como consequência também possui grande responsabilidade nos problemas ambientais.
Assim sendo, a busca por métodos alternativos, sustentáveis ou por materiais que tem sido
pouco explorado ou até mesmo descartado tem se tornado um grande alvo de recentes
pesquisas. A lignina, macromolécula responsável pelo o aumento da rigidez da parede celular
e da resistência mecânica das plantas, proveniente da indústria de papel e celulose, tem
despertado interesse em varias áreas, devido principalmente à elevada produção como
subproduto e baixa demanda de consumo. Atualmente no Brasil, existem poucos grupos
efetivamente trabalhando com este material, que tem sido utilizado basicamente para a
produção de energia nas próprias fábricas. Portanto, o presente trabalho tem como objetivo
abordar um estudo da influência da lignina como um agregado de uma argamassa típica de
revestimento composta por cimento Portland CP II-F 32 e areia fina proveniente da cidade de
Campo Grande-MS na proporção do traço de 1:3 de cimento e areia. Para tanto, foram
obtidas amostras com 0, 5, 7,5, 10 e 15% de percentual em massa de lignina com relação ao
cimento e submetidas aos ensaios de trabalhabilidade. Para verificar o comportamento
mecânico foram realizados ensaios de resistência à compressão e resistência por tração
diametral nos intervalos de 7, 14 e 28 dias. Além disso, foram realizados estudos de absorção
de umidade no intervalo de 28 dias para verificar a influência da lignina nas características de
permeabilidade da argamassa. Dessa forma, este trabalho verificará a viabilidade do uso
desse material como agregado de matriz cimentícia e então agregar valor a esse subproduto
da indústria de celulose que tem se tornado um passivo ambiental.
2 Materiais e Métodos
2.1 Materiais
Nesse trabalho foi utilizado como o material aglomerante cimento Portland CP II-
F32 produzido pela a indústria Votorantim, sendo que o mesmo lote do cimento foi
mantido desde o inicio para manter homogeneização da argamassa produzida no
experimento. O agregado utilizado foi areia fina de Campo Grande-MS. Todos os
agregados foram secos em estufa para que fosse eliminada toda umidade contida no
material, auxiliando no controle da relação água/cimento.
A lignina utilizada foi fornecida pela indústria de papel e celulose, com uma
granulometria entre 300 a 600 µm, obtida a partir de uma precipitação acida do licor negro
da polpação Kraft de eucalipto, foi utilizada como recebida e somente para reduzir a
granulometria e melhorar sua homogeneidade, foi utilizado um processo de moagem
manual conforme mostra a Figura 1.
Figura 1: Processo de moagem manual da lignina, (a) material disponibilizado pela Fibria, (b) moagem da lignina e (c)
material após moagem.
Figura 2 - Ensaio para determinar a massa específica da (a) areia, do (b) cimento e da (c) lignina.
Figura 3: Índice de consistência, (A) traço referencia e (B) traço 15% lignina.
2.4 Caracterização
Para medir a grau de absorção dos corpos de prova estes foram submetidos ao
ensaio de absorção por capilaridade de acordo com a Norma NBR 15259 (ABNT, 2005).
Para realização deste ensaio foram separados 3 corpos de prova de cada traço na idade
de 28 dias, as superfícies dos corpos de prova foram lixados e limpados. Após 24h na
estufa foram determinadas as massas secas das amostras. Posteriormente os corpos de
prova cilíndricos foram posicionados num recipiente com água, evitando a molhagem das
outras superfícies, o nível da água dever ser mantido constante (5±1) mm acima da face
inferior em contato com a água. A partir da colocação dos corpos de prova em contato
Figura 4 - Corpos de prova submerso, com o nível da água de 5 mm acima da face inferior.
3 Resultados e Discussão
A Figura 5 mostra as diferentes amostras de argamassa, cada qual com sua devida
fração de lignina referente ao cimento. Observa-se que as amostras apresentam uma
mudança na coloração à medida que se aumenta a fração de lignina. É possível observar
também, que não houve uma homogeneidade total nas argamassas com adição de
lignina, ficando presente nas argamassas essas partículas mais escuras, é notável que
quanto maior a fração de lignina, maior a quantidade dessas partículas no corpo de prova.
Figura 5 - Imagens das amostras de argamassa com lignina nas proporções (a) 0%, (b) 5%, (c) 7,5%, (d)
10% e (e) 15%.
19
18
7 dias
Resistência à compressão (MPa)
17
16 14 dias
15
28 dias
14
13
12
11
10
9
8
7
6
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Fração de lignina em relação ao cimento (%)
Figura 6: Resistência à compressão axial das amostras com diferentes frações de lignina em relação
ao cimento.
1,0
Resistência à compressão diametral (MPa)
0,9
7 dias
0,8 14 dias
28 dias
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Fração de lignina em relação ao cimento (%)
Figura 7: Resistência à compressão diametral das amostras com diferentes frações de lignina em
relação ao cimento.
0,8
3h
0,7 6h
Absorção de umidade (g/cm2)
24 h
0,6 48 h
72 h
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Fração de lignina em relação ao cimento (%)
Figura 8: Absorção de água por capilaridade das amostras com diferentes frações de lignina referente ao
cimento.
4. Conclusão
As amostras de argamassa com adição de lignina foram confeccionadas e
analisadas conforme as normas. Quanto ao comportamento das argamassas no estado
fresco, como a relação água/cimento foi mantida constante, os resultados mostraram que
as amostras com maiores frações de lignina obtiveram um índice de consistência menor,
necessitando de maior utilização de água.
Os ensaios de compressão axial e de compressão diametral mostraram que as
argamassas sofreram redução de resistência ao adicionar a lignina. Entretanto, o traço
com adição de 5 % apresentou um desempenho considerável com relação à resistência à
compressão axial, desenvolvendo uma resistência de 16,8 MPa, aos 28 dias. Este valor
foi de 3,4 % inferior ao traço referência. Embora, as argamassas com lignina
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apresentaram valores inferiores às convencionais, a utilização da lignina se tornou uma
alternativa interessante de agregado, pois é um material pouco explorado e com potencial
para ser utilizado como uma matéria-prima renovável.
5. Referências Bibliográficas
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR- 9776: Agregados -
Determinação da massa especifica Chapman. Rio de Janeiro 1987.
BRACELPA. Associação Brasileira de Papel e Celulose. São Paulo, 2014. Disponível em:
http://bracelpa.org.br/bra2/. Acesso em: 06 mar. 2015.
CARROTT, P.J.M. & RIBEIRO CARROTT, M.M.L. Lignin – from natural adsorbent to
activated carbon: A review. Bioresource Technology, v. 98, p. 2301-2312, 2007.
CORINALDESI, V., Mechanical behavior of masonry assemblages manufactured with
recycled-aggregate mortars. Cement and Concrete Composites, (31), p. 505-510 (2009).
LIN, S.Y. & LIN, I.S. Ullmann’s Encyclopedia Industrial Chemistry, 5th ed., Vol. 15,
VCH, Weinheim, Germany, 1990, P. 305
OLIVEIRA, Maria Elane Dias de. Argamassas de revestimento produzidas com agregados
reciclados de Fortaleza/CE, Brasil. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e
Ambiental, Universidade Estadual de Feira de Santana, 2011.
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