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Influência da lignina em argamassa típica de revestimento Influence of lignin


in typical mortar coating

Conference Paper · October 2015

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Robson Fleming
Federal Institute of Mato Grosso do Sul
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Influência da lignina em argamassa típica de revestimento
Influence of lignin in typical mortar coating
Douglas Silva1, Alex Casanatto1, Maxwell Fossuna1, Robson Fleming2.
(1) Estudante de Engenharia, Universidade Anhanguera-Uniderp, Rua Ceará, 333 - Bairro Miguel
Couto, 79003-010, Campo Grande-MS
(2) Professor Mestre, Departamento de Engenharia Civil, Universidade Anhanguera-Uniderp, Rua
Ceará, 333 - Bairro Miguel Couto, 79003-010, Campo Grande-MS

Resumo
O setor da indústria civil é responsável por um grande consumo de recursos naturais,
e como consequência também possui grande responsabilidade nos problemas ambientais.
Assim sendo, a busca por métodos alternativos, sustentáveis ou por materiais que tem sido
pouco explorado ou até mesmo descartado tem se tornado um grande alvo de recentes
pesquisas. A lignina, macromolécula responsável pelo o aumento da rigidez da parede celular
e da resistência mecânica das plantas, proveniente da indústria de papel e celulose, tem
despertado interesse em varias áreas, devido principalmente à elevada produção como
subproduto e baixa demanda de consumo. Atualmente no Brasil, existem poucos grupos
efetivamente trabalhando com este material, que tem sido utilizado basicamente para a
produção de energia nas próprias fábricas. Portanto, o presente trabalho tem como objetivo
abordar um estudo da influência da lignina como um agregado de uma argamassa típica de
revestimento composta por cimento Portland CP II-F 32 e areia fina proveniente da cidade de
Campo Grande-MS na proporção do traço de 1:3 de cimento e areia. Para tanto, foram
obtidas amostras com 0, 5, 7,5, 10 e 15% de percentual em massa de lignina com relação ao
cimento e submetidas aos ensaios de trabalhabilidade. Para verificar o comportamento
mecânico foram realizados ensaios de resistência à compressão e resistência por tração
diametral nos intervalos de 7, 14 e 28 dias. Além disso, foram realizados estudos de absorção
de umidade no intervalo de 28 dias para verificar a influência da lignina nas características de
permeabilidade da argamassa. Dessa forma, este trabalho verificará a viabilidade do uso
desse material como agregado de matriz cimentícia e então agregar valor a esse subproduto
da indústria de celulose que tem se tornado um passivo ambiental.

Palavra-Chave: argamassa com lignina; argamassa verde.

ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC 1


Abstract
The civil industry sector is responsible for a large consumption of natural resources. As
consequence, it has a big responsibility in the environment problems. Thus, the search for
alternative methods, such as, sustainable, recycled, or for little exploited materials and
even disposable, has become a big target for the latest researches. The lignin is the
macromolecule responsible for the increase of rigidity in the cell wall and the mechanic
resistance of the plants that come from the cellulose and paper industry that have
increasingly attracted attention from many areas because of the high production as a by-
product and low consumption demand. Currently, in Brazil, there are few sectors working
with this material that have been mostly used as energy production in their own factories.
Therefore, the goal of the present work is to address a study of the influence of the lignin
as a mortar coating that consists of Portland cement CO II F 32 and fine sand that come
from Campo Grand City –MS in the proportion of 1:3 of cement mortar and sand. Thus, a
percentage of 0, 5, 10, 15 and 20% of lignin mass on the mortar cement were obtained as
samples to be submitted to relevant working tests.To verify the mechanic behavior, were
performed two studies of resistance; compression resistance and diametric traction,
between 7, 14, and 28 days. In addition were performed studies of humidity absorption
between 28 days to verify the influence of the lignin in the permeability of the cement
mortar. In this way, this work will check the viability of this material in the cement
production and then see the possibility to add value to this by-product of the cellulose
industry that has become an environmental liability.
Keywords: mortar with lignin; green mortar.

ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC 2


1 Introdução
A construção civil, além de ser uma grande consumidora de recursos naturais,
também tem grande responsabilidade no aquecimento global, uma vez que, a indústria
cimenteira sozinha é responsável por cerca de 6 a 7% das emissões de carbono (CO 2) da
atmosfera (MEHTA, 2006). Como o Brasil é um dos pioneiros quando o assunto se trata
de concreto e argamassa, o país está sempre buscando novos métodos, materiais menos
nocivos, que além de trazer benefícios para a sociedade também possam reduzir um
pouco dos impactos ambientais.
Uma área que vem crescendo anualmente no Brasil, é a produção de papel e
celulose. Segundo a Associação Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA), nos dois
primeiros meses de 2014, a produção brasileira de celulose cresceu por volta de 4,5 % e
a de papel 1,7 % comparada com o mesmo período de 2013. Foram produzidas cerca de
2,5 milhões de toneladas de celulose e 1,7 milhão de tonelada de papel (BRACELPA,
2014).
Devido a esse crescimento é inevitável à produção do licor negro durante a
polpação do processo Kraft, este subproduto trás certas preocupações caso não seja
tratado devidamente, pois ele considerado altamente toxico e poluente, porem ele
apresenta um alto poder calorífico e a presença de reagentes químicos faz com que ele
comporte inúmeras vantagens em sua recuperação (CETESB; SMA, 2007). Entretanto, se
tratado corretamente seus danos podem ser reduzidos e atualmente, tem se tornado
indispensável nas indústrias como fonte renovável de energia. Além disso, também estão
presente em sua composição a lignina, que é a segunda fonte mais abundante de
matéria-prima natural, atrás somente da celulose, e a maior fonte de polímeros
aromáticos de natureza fenólica (CARROTT; RIBEIRO CARROTT, 2007), sendo esta
uma das responsáveis pela coloração marrom deste licor e pela futura pigmentação
amarela do papel.
Essa mesma substancia nas plantas é de suma importância para sua
sobrevivência, pois ela é responsável pela rigidez da parede celular e tem a capacidade
de cimentar uma célula na outra, além de reduzir a permeabilidade da parede celular à
água, proteger contra microrganismo e aumentar à resistência da planta a compressão
para permitir seu aumento de comprimento (D’ALMEIDA, 1988).
Em busca de um ambiente mais sustentável e métodos inovadores, institutos e
pesquisadores tem estudado essa substancia e suas possíveis aplicações em várias
áreas, agregando um valor ao subproduto que atualmente vem se tornando um passivo
ambiental. Assim sendo, a adição de lignina em matriz cimentícia tem despertado
interesse por apresentar todas estas características nas plantas, e por ser produzida em
grande escala. Atualmente, ainda não há um mercado para explorar a grande quantidade
de lignina produzida nas indústrias, segundo (NOGUEIRA & WALTER, 1995) relatam que
são produzidas de 1,0 a 1,4 kg de licor negro concentrado por kg de celulose fabricada,
de acordo com os últimos dados estatísticos fornecidos pela BRACELPA no ano de 2013,
foram produzidos aproximadamente 14,9 milhões de toneladas de celulose (BRACELPA,
2014). Considerando que 1kg de celulose pode resultar em 1kg de licor negro, é possível
estimar que, no ano de 2013 foram produzidos cerca de 14,9 ton de licor negro.
ANAIS DO 57º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2015 – 57CBC 3
Considerando ainda que o teor da lignina nos licores negros de processo Kraft é de 45%
(LIN & LIN, 1990) estimasse que a quantidade total de lignina no ano de 2013 seria de 6,7
ton. Porém estimativas revelam que apenas 2% das ligninas disponíveis a partir da
indústria de papel e celulose são comercializadas, (GOSSELINK, 2004).
O referente trabalho permite associar um material que atualmente tem sido pouco
explorado ou ate mesmo considerado um passivo ambiental, a uma indústria que por si só
é responsável por certa parte na poluição do meio ambiente. No trabalho foram
analisados alguns comportamentos mecânicos de uma argamassa com adição e
substituição parcial de cimento por lignina, testando assim a sua viabilidade como um
futuro agregado para a indústria da construção. O intuito é buscar novos agregados
poupando recursos não renováveis cada vez mais escassos e a lignina como já dito
desperta um grande interesse, por ser produzido em uma grande escala, porém tem sido
pouco explorado, sendo atualmente utilizada prioritariamente, junto com o licor negro
como geração de energia renovável nas próprias indústrias, e com o grande numero de
obras que ocorre em todo Brasil, buscar novos materiais ou novas técnicas viabilizando o
meio ambiente se torna muito propício.

2 Materiais e Métodos

2.1 Materiais
Nesse trabalho foi utilizado como o material aglomerante cimento Portland CP II-
F32 produzido pela a indústria Votorantim, sendo que o mesmo lote do cimento foi
mantido desde o inicio para manter homogeneização da argamassa produzida no
experimento. O agregado utilizado foi areia fina de Campo Grande-MS. Todos os
agregados foram secos em estufa para que fosse eliminada toda umidade contida no
material, auxiliando no controle da relação água/cimento.
A lignina utilizada foi fornecida pela indústria de papel e celulose, com uma
granulometria entre 300 a 600 µm, obtida a partir de uma precipitação acida do licor negro
da polpação Kraft de eucalipto, foi utilizada como recebida e somente para reduzir a
granulometria e melhorar sua homogeneidade, foi utilizado um processo de moagem
manual conforme mostra a Figura 1.

Figura 1: Processo de moagem manual da lignina, (a) material disponibilizado pela Fibria, (b) moagem da lignina e (c)
material após moagem.

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2.2 Formulação e preparação dos traços

O traço utilizado como referência foi um traço convencional utilizado para


argamassas típicas de revestimento. A proporção em massa foi de 1:3: (cimento, areia)
quanto à relação água/cimento usado foi de (a/c= 0,54). A partir deste, foram formulados
mais quatro traços, acrescentando 5, 7,5, 10 e 15% de lignina em relação à massa de
cimento.
Para a obtenção dos traços de argamassa primeiramente foram determinadas as
massas específicas dos materiais. O agregado miúdo foi determinado de acordo com a
Norma NBR 9776 (1987) por meio do frasco Chapman. O cimento e a lignina foi
empregada a Norma NBR 23:2000 (2001), determinando assim a massa específica pelo
frasco Le Chatelier, conforme mostra a Figura 2.
Após a determinação das massas específicas dos materiais, foram adicionadas as
diferentes porcentagens de lignina referente a cada traço. Os traços realizados no
trabalho foram formulados e apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 - Traços ensaiados (razão mássica de material com relação ao cimento).


Traço Cimento Areia Lignina Água
(g) (g) (g) (g)

Referência 2500 7500 0 1350


5% lignina 2500 7500 125 1350
7,5% lignina 2500 7500 187,5 1350
10% lignina 2500 7500 250 1350
15% lignina 2500 7500 375 1350

Figura 2 - Ensaio para determinar a massa específica da (a) areia, do (b) cimento e da (c) lignina.

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2.3 Índice de Consistência

O índice de consistência da argamassa (flow table) foi analisado conforme a norma


NBR 13276 (ABNT, 2005). Imediatamente após a ultima queda foi medido o
espalhamento do molde, houve uma variação de consistência à medida que se
aumentava as frações de lignina na argamassa, partindo de uma consistência de 25 ± 10
mm para o traço referencia Figura 3 (A), e chegando numa consistência de 21 ± 10 mm
para o traço com fração de 15% de lignina Figura 3 (B), foi mantida a relação
água/cimento para que se houvesse um maior controle mecânico das argamassas.

Figura 3: Índice de consistência, (A) traço referencia e (B) traço 15% lignina.

2.4 Caracterização

2.4.1 Ensaio mecânico

Os ensaios de resistência à compressão axial e de resistência à compressão


diametral foram realizados de acordo com as normas NBR 5739 (2007) e NBR 7222
(2011), respectivamente. As amostras para a realização de todos os ensaios mecânicos
foram obtidas pelo mesmo procedimento, conforme a norma NBR 5738 (2003). Os corpos
de prova foram desmoldados após 24 h e mantidos submersos em água com temperatura
ambiente, para serem rompidos aos 7, 14 e 28 dias. Antes do rompimento, as amostras
foram retiradas da água e secas por uma hora em temperatura ambiente (~ 27 ºC). Para
cada idade foram rompidos 3 corpos de prova.

2.4.2 Ensaio de absorção de umidade por capilaridade

Para medir a grau de absorção dos corpos de prova estes foram submetidos ao
ensaio de absorção por capilaridade de acordo com a Norma NBR 15259 (ABNT, 2005).
Para realização deste ensaio foram separados 3 corpos de prova de cada traço na idade
de 28 dias, as superfícies dos corpos de prova foram lixados e limpados. Após 24h na
estufa foram determinadas as massas secas das amostras. Posteriormente os corpos de
prova cilíndricos foram posicionados num recipiente com água, evitando a molhagem das
outras superfícies, o nível da água dever ser mantido constante (5±1) mm acima da face
inferior em contato com a água. A partir da colocação dos corpos de prova em contato

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com a água foram determinadas as massas de cada um deles nos intervalos de 3, 6, 24,
48, 72 horas.

Figura 4 - Corpos de prova submerso, com o nível da água de 5 mm acima da face inferior.

3 Resultados e Discussão

3.1 Análise visual

A Figura 5 mostra as diferentes amostras de argamassa, cada qual com sua devida
fração de lignina referente ao cimento. Observa-se que as amostras apresentam uma
mudança na coloração à medida que se aumenta a fração de lignina. É possível observar
também, que não houve uma homogeneidade total nas argamassas com adição de
lignina, ficando presente nas argamassas essas partículas mais escuras, é notável que
quanto maior a fração de lignina, maior a quantidade dessas partículas no corpo de prova.

Figura 5 - Imagens das amostras de argamassa com lignina nas proporções (a) 0%, (b) 5%, (c) 7,5%, (d)
10% e (e) 15%.

3.2 Resistência à compressão axial

A Figura 6 mostra os resultados obtidos de resistência à compressão axial das


argamassas misturadas com adição de lignina. Observou-se que ocorreram reduções nos
valores da resistência à compressão axial nas amostras, conforme o aumentou a fração

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de lignina na argamassa. A argamassa referência apresentou melhores resultados, com
valores de 15,3, 16,8 e 17,4 MPa, nas idades de 7, 14 e 28, respectivamente.
É importante observar que os traços com adição de 10 e 15% de lignina foram os
que apresentaram os menores valores de resistência à compressão axial, devido ao fato
dessas amostras não apresentarem consistência adequada durante a confecção dos
corpos de prova. Ressaltando, segundo o ensaio de índice de consistência, onde essas
amostras apresentaram os menores valores (21 ± 10 mm), mostrando que um alto teor de
lignina na composição da argamassa reduz as ligações físicas entre os componentes.

19
18
7 dias
Resistência à compressão (MPa)

17
16 14 dias
15
28 dias
14
13
12
11
10
9
8
7
6
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Fração de lignina em relação ao cimento (%)

Figura 6: Resistência à compressão axial das amostras com diferentes frações de lignina em relação
ao cimento.

3.3 Resistência à tração por compressão diametral

O ensaio de resistência à tração por compressão diametral permite auxiliar e


verificar os comportamentos das fibras inseridas e misturadas da argamassa. Nota-se que
a perda de resistência no ensaio à tração por compressão diametral é menor que na
resistência a compressão axial. A Figura 7 mostra que o traço com uma fração de 10% de
lignina, apresentou uma perda de resistência de 37,9% em relação à argamassa
referência, porém apenas esta amostra (10 % lignina) manteve o crescimento constante e
uniforme na resistência conforme o aumento das idades.

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Por outro lado, os traços com as frações de 5 e 15% de lignina desenvolveram uma
queda de resistência nas idades de 14 para 28 dias. Estes valores foram de 0,5 e 0,38
MPa para 0,39 e 0,32 MPa, respectivamente.

1,0
Resistência à compressão diametral (MPa)

0,9
7 dias
0,8 14 dias
28 dias
0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Fração de lignina em relação ao cimento (%)

Figura 7: Resistência à compressão diametral das amostras com diferentes frações de lignina em
relação ao cimento.

3.4 Absorção de umidade por Capilaridade

A Figura 8 mostra os ensaios de absorção de umidade por capilaridade na amostra


referência e nas amostras com adição de lignina referente à massa do cimento. Observa-
se que os traços com adição de lignina absorvem menos umidade que o traço referência,
este pode ser um dos fatores que a argamassa com 0% de lignina apresenta uma
resistência melhor que as com frações parciais de lignina, pois pelo fato de absorver mais
água esta pode propiciar uma maior hidratação nos grãos de cimento (LIMA, 2005;
CORINALDESI; MORICONI, 2009).
É importante verificar, que todos os ensaios apresentam comportamento similar.
Os ensaios realizados em 3 h e 6 h não apresentam variações expressivas nos valores de
absorção de umidade, com relação aos diferentes traços, enquanto que acima de 24 h, as
variações de absorção de umidade são mais significativas.
O traço com 5 % de lignina foi o que apresentou o melhor resultado referente
absorção. Este traço além de apresentar uma absorção de 72,4% menor que o traço
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referência também foi o que apresentou uma resistência axial próxima a da argamassa
com 0% de lignina.

0,8
3h
0,7 6h
Absorção de umidade (g/cm2)

24 h
0,6 48 h
72 h
0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0,0
-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Fração de lignina em relação ao cimento (%)

Figura 8: Absorção de água por capilaridade das amostras com diferentes frações de lignina referente ao
cimento.

4. Conclusão
As amostras de argamassa com adição de lignina foram confeccionadas e
analisadas conforme as normas. Quanto ao comportamento das argamassas no estado
fresco, como a relação água/cimento foi mantida constante, os resultados mostraram que
as amostras com maiores frações de lignina obtiveram um índice de consistência menor,
necessitando de maior utilização de água.
Os ensaios de compressão axial e de compressão diametral mostraram que as
argamassas sofreram redução de resistência ao adicionar a lignina. Entretanto, o traço
com adição de 5 % apresentou um desempenho considerável com relação à resistência à
compressão axial, desenvolvendo uma resistência de 16,8 MPa, aos 28 dias. Este valor
foi de 3,4 % inferior ao traço referência. Embora, as argamassas com lignina
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apresentaram valores inferiores às convencionais, a utilização da lignina se tornou uma
alternativa interessante de agregado, pois é um material pouco explorado e com potencial
para ser utilizado como uma matéria-prima renovável.

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