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Investimento e crédito:

estratégia para o futuro


Créditos
Centro Universitário Senac São Paulo – Educação Superior a Distância
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Mônica Maria Penalber de Menezes
Superintendente Universitário Mônica Rodrigues dos Santos
e de Desenvolvimento Nathália Barros de Souza Santos
Luiz Carlos Dourado Paula Cristina Bataglia Buratini
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Sidney Zaganin Latorre Sueli Brianezi Carvalho
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Diretor de Graduação Wallace Roberto Bernardo
Eduardo Mazzaferro Ehlers
Equipe de Qualidade
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Claudio Luiz de Souza Silva Gabriela Souza da Silva
Luciana Bon Duarte Vivian Martins Gonçalves
Roland Anton Zottele
Sandra Regina Mattos Abreu de Freitas Coordenador Multimídia e Audiovisual
Adriano Tanganeli
Coordenadora de Desenvolvimento
Tecnologias Aplicadas à Educação Equipe de Design Visual
Regina Helena Ribeiro Adriana Matsuda
Caio Souza Santos
Coordenador de Operação Camila Lazaresko Madrid
Educação a Distância Carlos Eduardo Toshiaki Kokubo
Alcir Vilela Junior Christian Ratajczyk Puig
Danilo Dos Santos Netto
Professor Autor Hugo Naoto
Ana Luiza Alves Lima Inácio de Assis Bento Nehme
Karina de Morais Vaz Bonna
Revisor Técnico
Lucas Monachesi Rodrigues
Regina Galhardi de Camargo
Marcela Corrente
Técnico de Desenvolvimento Marcio Rodrigo dos Reis
Priscila dos Santos Renan Ferreira Alves
Renata Mendes Ribeiro
Coordenadoras Pedagógicas Thalita de Cassia Mendasoli Gavetti
Ariádiny Carolina Brasileiro Silva Thamires Lopes de Castro
Izabella Saadi Cerutti Leal Reis Vandré Luiz dos Santos
Nivia Pereira Maseri de Moraes Victor Giriotas Marçon
William Mordoch
Equipe de Design Educacional
Adriana Mitiko do Nascimento Takeuti Equipe de Design Multimídia
Alexsandra Cristiane Santos da Silva Alexandre Lemes da Silva
Angélica Lúcia Kanô Cláudia Antônia Guimarães Rett
Cristina Yurie Takahashi Cristiane Marinho de Souza
Diogo Maxwell Santos Felizardo
Eliane Katsumi Gushiken
Elisangela Almeida de Souza
Flaviana Neri Elina Naomi Sakurabu
Francisco Shoiti Tanaka Emília Abreu
João Francisco Correia de Souza Fernando Eduardo Castro da Silva
Juliana Quitério Lopez Salvaia Mayra Aniya
Jussara Cristina Cubbo Michel Iuiti Navarro Moreno
Kamila Harumi Sakurai Simões Renan Carlos Nunes De Souza
Karen Helena Bueno Lanfranchi Rodrigo Benites Gonçalves da Silva
Katya Martinez Almeida Wagner Ferri
Lilian Brito Santos
Luciana Marcheze Miguel
Investimento e crédito: estratégia para o
futuro

Aula 01
Perspectivas de planejamento de vida futura

Objetivos Específicos
• Compreender a importância do planejamento no presente para desfrutar de
seus benefícios no futuro.

Temas

Introdução
1 Uma análise sobre o tempo: presente, passado e futuro
2 Ciclos da vida: nascimento e morte
3 A influência do meio em que vivemos
4 Como adquirir a tão sonhada inteligência financeira?
Considerações finais
Referências

Professora
Ana Luiza Alves Lima
Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Introdução
Pensar e planejar o futuro, para muitos, é um assunto enfadonho ou, até mesmo, chato.
Dependendo da fase de vida em que a pessoa estiver, talvez ela não tenha percebido que será
em um tempo futuro que viverá por toda a vida, ou então, talvez ela nunca tenha pensado em
um tempo que não chegará. Talvez, a pessoa tenha acabado de ingressar em uma faculdade,
acredita que possui outros assuntos mais interessantes em que pensar no presente e não
deseja planejar o futuro nesse momento.

Atualmente, estamos vivendo com a cultura do imediatismo, na qual tudo deve ser
resolvido de forma rápida, descomplicada e em curto prazo. Questões que necessitam de
mais investigação e aprofundamento parecem atrair poucas pessoas. Por exemplo, nota-se
que a alta tecnologia disponível em todos os aparelhos hoje em dia tem como foco satisfazer,
de forma rápida e imediata, qualquer questão do dia a dia.

Tente não cair nesse imediatismo e na superficialidade. A forma mais adequada para
sair dessa armadilha é por meio do estudo. Estudar requer esforço, concentração, e, algumas
vezes, uma dose de paciência. Reflita: às vezes, quando finalizamos a leitura de um livro,
compreendemos que o escritor explicou “x” para chegar a “y” e, sem esse caminho, tal
assunto ficaria sem sentido. Assim, é recompensador descobrir e compreender como as
coisas chegaram àquele ponto, naquela conclusão.

Com base nessa lógica, estudar educação financeira é essencial para que possamos nos
abastecer de informações e realizar as melhores escolhas no presente sobre o futuro. Somente
assim será possível adquirirmos uma inteligência financeira, tão sonhada por muitos.

No Brasil, com a realidade em que estamos inseridos, não existe uma cultura de
planejamento financeira. A maioria das pessoas “se vira” como pode e não consegue poupar
para o futuro. Educar-se financeiramente é realizar perguntas certas, é refletir sobre os
cenários adequados, é buscar informações de qualidade e, infelizmente, poucas pessoas
fazem isso.

Portanto, o propósito maior deste curso é educar financeiramente, além de oferecer


noções básicas e conceitos gerais sobre os aspectos micro e macroeconômicos do mercado
financeiro. Por meio de uma série de questionamentos, o aluno será capaz de analisar seu
perfil de investidor, distinguir as diferentes necessidades de cada cliente e analisar o perfil de
investidor das outras pessoas.

Conhecer os principais produtos disponíveis no mercado financeiro para avaliar qual


produto se enquadra em cada necessidade, analisando caso a caso. Com esses conhecimentos
em mãos, o profissional poderá identificar as oportunidades, as ameaças e qual o melhor
cenário para cada um. Bons estudos!

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

1 Uma análise sobre o tempo: presente, passado e futuro


Sabemos que o tempo não para. Mais cedo ou mais tarde, a vida nos mostra o quanto
ele é precioso e o como passa rápido. Infelizmente, não há artimanhas para que ele pare
ou retroceda. Por isso, saber mensurar o tempo com elementos certos é o caminho mais
seguro do que, apenas, “deixar a vida te levar”... Intempéries, momentos difíceis, sempre
farão parte de nossa vida, então, estas variantes já nos bastam. Não precisamos criar outros
contratempos por falta de comprometimento e sabedoria com o tempo.

Outra questão de difícil percepção é a análise entre presente e futuro. Encontrar o


equilíbrio entre desfrutar o tempo presente e planejar o futuro, muitas vezes, demanda
sacrifícios. Entretanto, apesar de parecer penoso, estamos aqui para desbravarmos juntos.

Nos dizeres de Giannetti (2005), “escolhas têm consequências: imediatas e remotas. A


impaciência pode se tornar o mais cruel e exigente agiota. Quando se força o tempo biológico
a apressar demais o passo e antecipar recursos para uso imediato, os juros incorridos na
operação podem arruinar uma promissora carreira, se não a própria vida”.

É melhor fazer a escolha pelo presente


– uma vez que sabemos que ele é certo,
pois estamos vivendo nele e desfrutamos
imediatamente das nossas escolhas – ou
escolher pelo futuro, no qual devo esperar
para aproveitar lá na frente e sem saber ao
certo se, de fato, ele chegará. Essa análise
é importantíssima.

Por isso, lançaremos questionamentos


necessários para que você possa
prosseguir, realizando perguntas certas e
ampliando seu horizonte, em relação ao
futuro.

Somos seres cheios de conflitos. Optar por aproveitar agora ou esperar pelo futuro nos
traz angústias com as quais, muitas vezes, preferimos não lidar.

Por vezes, somos iludidos quanto ao significado de tempo. Diariamente há notícias, em


sites ou redes sociais, de pessoas que fazem sucesso e conquistam fortunas em pouquíssimo

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

espaço de tempo. Talvez, até nós mesmos conhecemos casos assim próximos a nós, porém é
fato que isso não acontecerá com muitas pessoas.

Steve Jobs (fundador da Apple), Samuel Klein (dono das Casa Bahia), Eike Batista
(empresário milionário) ou Silvio Santos (grande comunicador) são exemplos de pessoas que
não possuem formação acadêmica e são símbolos de sucesso.

Porém, é conveniente atentar: essas pessoas são exceções. Apesar das diferentes
razões que as levaram a parar (ou nem iniciar) seus estudos acadêmicos, elas foram pessoas
obstinadas e trabalharam consistentemente até chegarem a um objetivo definido. Portanto,
apesar de servirem como exemplo de uma exceção, que foge da regra comum, a educação
continua sendo um caminho certo para suas conquistas.

Aproveite esta jornada da melhor forma possível. O tempo dedicado aos estudos
sempre será um tempo que trará frutos, e, consequentemente, conquistas. O conhecimento
é uma ferramenta útil e necessária para quem souber aproveitar. Todo empenho é válido!
Parabenizo-os por estarem aqui, neste curso; isso demonstra que conhecem o valor do
seu tempo. Sua percepção sobre o passado se amplia com os estudos, como também sua
percepção ao analisar o futuro também se expandirá.

Não existem atalhos. Se, por acaso, a “arte de encontrar o equilíbrio em suas escolhas”
não tiver amadurecido em algum ponto, procurem olhar atentamente entre os extremos de
suas opções, pois o equilíbrio não estará nas extremidades, e, sim, ao centro de qualquer
escolha.

“As únicas coisas que evoluem por vontade própria em uma organização são a desordem,
o atrito e o mau desempenho” (DRUCKER, 2010).

2 Ciclos da vida: nascimento e morte


Nós, seres humanos, somos seres privilegiados, pois temos a consciência de que a
vida é feita de ciclos e, um dia, ela terminará. Apesar disso, alguns ainda agem de forma
displicente e ignoram a ação do tempo. Somos privilegiados, mas não somos poderosos a
ponto de conseguir retroceder no tempo. Ter a consciência da morte dá, para o ser humano,
a capacidade de planejar e realizar boas escolhas com sabedoria.

Nos dizeres de Eduardo Giannetti, em seu livro O valor do amanhã, ele nos instiga a
pensar seriamente na nossa velhice quando diz:

O intervalo da vida é um arco finito. A senescência é uma das etapas naturais desse
arco. Ela reflete o fato de que a integridade e o vigor dos organismos não se distribuem
de modo uniforme ao longo da vida, mas tendem a declinar de forma acentuada a
partir de um dado período. O declínio das funções corporais obedece, portanto, a um
padrão. Ao contrário dos artefatos tecnológicos, como por exemplo um automóvel ou

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

um fogão, que sofrem um processo contínuo de desgaste desde o instante em que


começam a ser usados, o corpo animal cumpre um ciclo dentro do qual ele nasce,
cresce, amadurece e alcança seu acme atuarial (“flor da idade”) antes de iniciar a
curva descendente e embicar rumo à decrepitude. (GIANNETTI, 2005, p. 25)

Figura 1 – Processo do ciclo da vida

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os ciclos têm momentos certos para acontecer, e por isso é importante, ou melhor, é
fundamental conhecer e analisar esses ciclos a fim de aproveitar, da melhor forma possível,
essa nossa jornada.

“Vivemos, de modo incorrigível, distraídos das coisas mais importantes” (Guimarães


Rosa). A lembrança da morte – não como conceito intelectual, mas como um
sentimento agudo de nossa inexorável extinção pessoal – não é uma experiência
aprazível para quem se apega e dá valor à vida entre os vivos. A morte limita nossas
possibilidades e põe em sombra perspectiva as preocupações e vãs agitações que
preenchem os nossos dias. Ela é um espelho que reflete “as frágeis criaturas efêmeras”
que estamos condenados a ser. (GIANNETTI, 2005, p. 76)

Realizar a leitura tão clara de um fato que acontecerá inevitavelmente na vida de todos,
pode parecer estranho. Na cultura ocidental, esse assunto é um tabu e expor abertamente
sobre a morte pode ser até indigesto. Mas essa é uma questão fundamental para ter a
consciência sobre investimentos e futuro.

No mundo moderno, baseado no domínio da natureza pela técnica e na valorização


do cálculo utilitário, a morte e o morrer são realidades profundamente incômodas –
grandes bocas descarnadas a escarnecer e tragar indiscriminadamente nossos corpos
e sonhos de onipotência. A vida prática se organiza para que não prejudique a sua
máxima eficiência operacional e “tudo funcione como se a morte não existisse”. Os

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moribundos, que um dia foram o elo possível com um misterioso além, “são agora
requisitados a sair na ponta dos pés”, sem alarde ou rumor. Tudo o que lembre a
morte precisa ser isolado e mitigado para que não venha a perturbar a rotina dos
vivos. (GIANNETTI, 2005, p. 81)

Se pudéssemos não falar da morte, via de regra, seria o melhor dos mundos para
muitos. Porém, abordar esse assunto incomoda demais, além de trazer consigo perguntas
das quais não temos respostas claras e eficazes, causando-nos sofrimento e ansiedade por
esse desconhecido.

Qual o valor do amanhã?

Duas ameaças rondam a determinação dos termos de troca entre presente e futuro. A
primeira é o que podemos chamar (por analogia ao fenômeno equivalente do campo
da ótica) de “miopia” temporal: a atribuição de um valor demasiado grande ou intenso
ao que está mais próximo de nós no tempo, em detrimento daquilo que se encontra
mais afastado. A segunda é a “hipermetropia” (derivado do grego hipérmetros: “o
que ultrapassa a medida”): a atribuição de um valor excessivo ao amanhã, em
prejuízo das demandas e interesses decorrentes. Enquanto a miopia temporal nos
leva a subestimar o futuro, a hipermetropia reflete uma subestimação do presente.
(GIANNETTI, 2005)

3 A influência do meio em que vivemos


Somos seres comportamentais, cheios de hábitos – que se acumulam ao longo da vida –
e realizamos nossas escolhas por meio da influência do ambiente que nos cerca. Para realizar
um planejamento adequado para o futuro, devemos ter o discernimento e utilizar a influência
do meio para o melhor, para o bem de todos.

Tal discernimento aumenta as chances de realizarmos boas escolhas, assim como avaliar
quais seriam as melhores escolhas para as pessoas que vierem nos consultar, seja no âmbito
pessoal ou profissional.

Conhecer nossa própria vida e entender as razões que nos levam a determinada escolha
é fundamental para que possamos estar aptos a evoluir como profissional do mercado
financeiro. Assim, realizando uma avaliação mais acertada a partir das nossas próprias
necessidades, podemos até superar as expectativas de quem vier nos consultar no futuro.

Não despreze o sentido das palavras, nem qualquer sinal ou indício de um elemento.
Somos seres cheios de símbolos e significâncias e observar tudo é uma arte que se aperfeiçoa
com a prática. Sejamos atentos, dispostos e comprometidos. Tudo é importante na hora de
uma avaliação profissional. Sua bagagem cultural é essencial para prosseguirmos com essa
caminhada ao conhecimento.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

A maioria das pessoas associa o dinheiro a prazer imediato. Para mim, ele deve ser
acumulado para proporcionar liberdade. As pessoas ricas pensam a longo prazo. Elas
equilibram os seus gastos e prazeres de hoje com os investimentos necessários para a
liberdade de amanhã. (EKER, T. HARV apud MARTINS, 2010)

4 Como adquirir a tão sonhada inteligência financeira?


Como ficar livre de dívidas e gastos superiores à nossa receita?

Esta é uma questão básica e fundamental. Uma pessoa que gasta mais do que recebe,
acreditando que o cheque especial e os limites dos cartões de crédito são uma extensão
dos seus rendimentos, com certeza sempre estará com sérios problemas financeiros. Se não
consegue administrar sua renda atual, possivelmente não conseguirá planejar seu futuro.

Como bem ressalta Martins (2010), “vivemos em um país subdesenvolvido, no qual é


incerta nossa situação em um futuro próximo, e não podemos depender da previdência social;
contudo, é de extrema importância termos um fundo de reserva de economias geradas, e
todo corte no orçamento é de extrema importância para isso”.

Nesse caso, será necessário mudar os hábitos e traçar estratégias sadias para estancar
esse mal. Sim, somos seres de hábitos, e muitas vezes praticamos regularmente um ato pela
“simples” repetição diária. Por exemplo, compulsão por compras ou lanches e jantares em
restaurantes, podem comprometer a renda. Talvez, não seja por maldade nem de forma
consciente, mas o fato é que essa postura ou hábito minará seu futuro a cada dia.

A partir dos aprendizados da vida, dia após dia, poderemos disciplinar nossa conduta
para desfrutar de uma segurança financeira. Não gastar tudo ou além da nossa receita é um
grande saldo positivo em nossa jornada.

Você pode até estar pensando – “mas não sobra nada mesmo”. Isso pode ser sua realidade
agora. Nosso objetivo é auxiliá-lo com reflexões e mostrar caminhos que podem ser trilhados,
para que essa situação seja transformada a partir desses conhecimentos. As análises mais
minuciosas sobre a sua vida financeira devem abrir seus horizontes, expandindo com mais
informações e, assim, mais oportunidades.

Sábias palavras de Paulinho da Viola - cantor, compositor e violonista brasileiro, quando


compôs “Pecado Capital”:

Dinheiro na mão é vendaval


É vendaval
Na vida de um sonhador
De um sonhador
Quanta gente aí se engana
E cai da cama

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Com toda a ilusão que sonhou


E a grandeza se desfaz
Quando a solidão é mais
Alguém já falou.

Reflita sobre estes pontos:

O que é importante em sua vida?


O que – só de imaginar – faz seus olhos
brilharem?

Do que são feitos os seus sonhos?


Qual a intensidade maior do seu desejo
e pelo quê?

O que (no seu ponto de vista) faria


sua vida dar saltos de qualidade? O que
lhe traria felicidade? O que lhe traria
realização? O que agregaria valor à sua
vida?

Estas são algumas perguntas dentre inúmeras possíveis que são fundamentais para
refletirmos e iniciarmos um projeto de vida futura. Não adianta conhecer tecnicamente o
perfil do investidor e os produtos disponíveis no mercado financeiro, sem antes ter claro na
consciência para onde queremos ir.

A distância no espaço causa uma diminuição do objeto visto. O vaga-lume a um


palmo do nariz parece maior que as estrelas do céu: o mundo dos sentidos faz de
cada ser vivo o centro ambulante do universo. A distância no tempo produz um efeito
semelhante. O que está no futuro, mesmo que não haja qualquer incerteza quanto
à sua ocorrência, não tem o brilho e o apelo do que está imediatamente (ou quase)
acessível. A grande diferença é que, enquanto a correção da ilusão no campo visual é
simples – uma criança logo se dá conta de que a janela é menor do que a rua por ela
enquadrada e aprende a agir de acordo com isso – a correção no campo da percepção
temporal depende de uma operação mais complexa. O que está no futuro precisa ser
de algum modo posto em foco e mentalmente realçado para fazer frente ao que está
próximo e saliente. (GIANNETTI, 2005).

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Portanto, não negamos a dificuldade desta análise. Vale ressaltar que não existe uma única
resposta nem existe resposta errada para qualquer dessas questões. Cada um é formado por
uma soma de culturas, de desejos, de importâncias, e tudo depende do momento da vida, do
olhar para os pais e familiares, do passado etc. A partir da vivência de cada um descobre-se o
que se deseja para si ou, então, o que a pessoa não deseja. Talvez, iniciar o raciocínio pelo o
que “eu não quero” seja o caminho para se chegar à resposta do “eu quero”.

Dedique o tempo necessário para responder a essas perguntas, mas lembre-se: estamos
falando de algo que mexe com as emoções, algo que realmente importa na sua vida,
constituído por valores desejados. Imagino que essas respostas praticamente saltarão de sua
mente.

Sinta o que o move à frente e o que realmente importa para você, de forma exclusiva
e personalíssima. Abraçar nossos próprios sonhos é estimulante e, acreditem, nos faz ter
energia de sobra quando sabemos para aonde estamos indo.

Considerações finais
Não basta somente conhecer os produtos de investimento e crédito do mercado
financeiro (que serão apresentados nas próximas aulas), se não soubermos refletir e analisar
qual é o ponto de partida e aonde se deseja chegar. Essa reflexão vale tanto para nós como
futuramente para as pessoas que vierem consultá-lo desejando planejar financeiramente o
futuro.

É essencial utilizar um tempo para essa análise e focar aonde você quer chegar, quais são
seus projetos, suas ambições, suas expectativas, sua busca.

Como bem descreve Giannetti:

a primeira distinção relevante deriva do fato de que o tempo, ao contrário do dinheiro,


não é um ativo transferível. O dinheiro tem uma existência separada daquele que o
detém. Daí que ele pode ser entesourado, trocado, emprestado ou doado. O tempo,
por sua vez, é um ativo valioso mas indissociável da pessoa que o detém. O dinheiro
é certo, compra tempo de trabalho alheio e compra serviços médicos que podem
estender a duração da vida. Mas o dinheiro não compra o dinheiro em si. E a razão
é o fato de que o tempo não pode ser transacionado em mercado. Um bilionário
decrépito, por exemplo, por mais que disponha a fazê-lo, não tem como adquirir um
ou dois anos do vigor juvenil de um adolescente que passa fome, ainda que ambos
adorassem ter condições de poder efetuar a transação. Ele pode comprar o trabalho
do jovem ou até mesmo um órgão do seu corpo, pagando uma grande fortuna por
isso. Mas o tempo de vida não. Se o tempo de acumular e manter aqueles bilhões
custou-lhe a melhor parte da vida, paciência. Não há como recuperá-la. Apesar de o
dinheiro aplicado a juros promete uma renda perpétua ao seu proprietário, ele não
lhe confere a imortalidade. (2005)

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Não existe uma poupança de tempo, ou seja, usando-o bem ou não, ele será finito, por
isso a importância de mensurá-lo e aproveitá-lo da forma mais consciente possível.

Para conhecer os produtos financeiros ou utilizar simuladores de crédito e investimento,


basta uma simples busca na internet, que facilmente todos encontram em diversas fontes.
Porém, conseguir distinguir qual é o melhor produto para si, para esse investidor ou para o
outro, é o lance (feeling) e a sabedoria necessária para o profissional do mercado financeiro.

E atenção: cuidado com as armadilhas!

A internet expõe muitas informações fáceis e à disposição de todos que navegam. Por
vezes, encontramos informações equivocadas, truncadas ou escritas pela metade. Como as
pessoas buscam, cada vez mais, por respostas instantâneas e rápidas, elas acabam não se
aprofundando nesses dados obtidos “num só clique”.

É necessário ter noção clara do que se procura e saber aonde deseja chegar, sob pena
de sua inteligência financeira ficar comprometida com falsas informações e macular todo o
trabalho. Em geral, a informação correta, segura e clara, geralmente não aparecerá nesse
tipo de busca superficial. Por isso, redobre o cuidado e a atenção no momento da pesquisa, e
priorize os sites oficiais de instituições financeiras, que lhe trarão dados seguros, confiáveis,
fidedignos e completos.

Este curso ultrapassa a informação seca dos índices econômicos e dos produtos. O
objetivo é apresentar as opções reais e plausíveis para administrar os recursos disponíveis,
de acordo com as necessidades particulares de cada um, pois, como já foi dito, o que é
bom para o seu vizinho ou amigo não necessariamente será o melhor para você. Desejamos
romper certas barreiras e abastecer seu repertório com inúmeras variáveis, capacitando-o a
reconhecer oportunidades e permitir que suas análises resultem em soluções eficientes para
cada caso, e, inicialmente, para o seu em particular.

Ter um panorama macro da situação dará mais credibilidade ao profissional do que


a mera oferta de produtos. É claro que o conhecimento sobre os produtos disponíveis no
mercado é fundamental, mas não só isso. Quanto maior for o leque de opções para a pessoa
se decidir, melhor será a qualidade da sua decisão.

Alguém está sentando na sombra hoje, porque alguém plantou uma árvore tempos
atrás. (BUFFET, W. apud MARTINS, 2010).

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Referências
ANDRADE, M. Biografia de Steve Jobs. Disponível em: <http://www.e-biografias.net/steve_
jobs/>. Acesso em: 25 ago. 2013.

BELLATO, R.; CARVALHO E. O jogo existencial e a ritualização da morte. Revista Latino-americana


de Enfermagem. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v13n1/v13n1a16.pdf>. Acesso
em: 25 ago. 2013.

CASAS BAHIA. Samuel Klein – O mascate que construiu um grande império no varejo. Disponível
em: <http://institucional.casasbahia.com.br/empresa/empresa/samuel-klein/>. Acesso em: 25
ago. 2013.

DRUCKER, Peter: Drucker em 33 lições. São Paulo: Saraiva, 2010.

GIANNETTI, E. O valor do amanhã. São Paulo: Companhia das letras, 2005.

MARTINS, L. Aprenda a Investir: saiba onde e como aplicar seu dinheiro. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2010.

VIOLA, P. Letra da canção Pecado Capital. Disponível em: <http://www.paulinhodaviola.com.


br/>. Acesso em: 26 ago. 2013.

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Investimento e crédito: estratégia para o
futuro

Aula 02
Planejamento de vida futura e os ciclos da vida

Objetivos Específicos
• Conscientizar sobre a importância do planejamento nos ciclos da vida para a
garantia de um futuro planejado.

Temas

Introdução
1 Sobre as voltas que a vida dá
2 Sobre a importância da consciência do planejamento
3 As armadilhas da vida
Considerações finais
Referências

Professora
Ana Luiza Alves Lima
Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Introdução
Sabemos que a vida de qualquer ser humano tem um ciclo definido: nascimento,
crescimento, envelhecimento e morte. Esta é a vida. Como somos os únicos seres vivos com
consciência sobre a morte e, mesmo que tenhamos dificuldade em lidar com o tema, isso nos
dá uma vantagem competitiva para aproveitar a vida e planejar o futuro.

As escolhas da vida são realizadas continuamente – às vezes são certas e às vezes erradas
–, mas nem sempre as pessoas se preocupam com os desdobramentos futuros dessas
escolhas. Possivelmente, as escolhas mais difíceis são aquelas que avaliam os seguintes
termos: é melhor se satisfazer agora – obtendo prazer imediato, mesmo que essa opção traga
um ônus futuro – ou é melhor reavaliar as necessidades momentâneas e optar por usufruir
depois, com melhores bônus?

Nos dizeres de Eduardo Giannetti:

Brincar ou estudar? Não é à toa que pais e mestres costumam interceder, às vezes de
forma desajeitada ou pouco eficaz, com ameaças e promessas (“chinelo ou chocolate”).
É a voz rarefeita do futuro querendo se fazer ouvir e respeitar no presente. (2005, p.
58)

Na fase da juventude, o futuro parece ser longínquo, um tempo distante para se pensar
naquele momento. Há uma urgência em viver o presente, uma impulsividade em aproveitar
todas as oportunidades no momento e se deseja absorver todas as possibilidades sem muitas
avaliações. Experimentar o aqui e o agora, imediatamente, em uma urgência de usufruir
“agora ou nunca”. Com isso, raramente o jovem reflete para se questionar sobre o tipo de
futuro que ele deseja. Essa falta de análise pode ser algo cultural, entretanto, a educação vem
para ajudar o indivíduo a refletir sobre o assunto.

Em geral, quando se passa dessa fase juvenil para a maturidade (apesar de alguns
falecerem antes dessa mudança), a serenidade do tempo faz com que se mude o pensamento
sobre ele. A percepção sobre aquele tempo indefinidamente longe passa a se tornar mais
factível, e se começa a perceber que a finitude uma hora cobrará a conta e, de alguma forma,
isso poderá assustá-lo. Mas, agora, não é momento para isso, é o momento da ação.

A maturidade ocupa, no arco da vida, uma posição equidistante entre a juventude


e a velhice. Ela representaria idealmente um segmento marcado pelo equilíbrio de
forças ou tensão profícua, como propõe Aristóteles, entre os excessos da primeira e
as deficiências da segunda: confiança excessiva x temor; credulidade x incredulidade;
magnanimidade x mesquinhez; intrepidez x fraqueza de ânimo. Na prática, é evidente,
nem sempre a idade adulta corresponde ao ideal aristotélico de maturidade.
Idealização à parte, porém, a condição humana parece de fato modular tendências
e vieses característicos da atitude e percepção juvenis em relação ao tempo.
(GIANNETTI, 2005, p. 64)

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida do


brasileiro cresceu 11 anos entre 1980 e 2010, passando para 73 anos. Essa é uma notícia
positiva, porém, há ressalvas. Seus reflexos devem ser computados e analisados, pois sabe-se
que viver mais não significa viver bem. As fases da vida apresentam picos de produtividade e
de declínio, que são biologicamente naturais. Assim, essa estatística nos alegra e, ao mesmo
tempo, nos deixa em estado de atenção, pois serão mais anos que deveremos computar para
obter tranquilidade financeira no futuro.

São necessários zelo e consciência nas escolhas, pois um dia “a conta chegará” e, se
não possuir reserva para “pagá-la”, poderá ser custoso para você. Se andar distraído pela
estrada da vida, com certeza, essa distração não sairá impune e você deverá pagar pelo preço
desse descaso. Os ciclos da vida acontecerão, independentemente da nossa vontade, e nos
afetarão de uma forma ou de outra, sendo impossível barganhar o futuro. Se não discutirmos
o futuro nem o planejarmos, essas questões não serão resolvidas por si só.

1 Sobre as voltas que a vida dá


Há um ditado popular que expõe a máxima: “a roda da vida gira”. Essa expressão de certa
forma nos fortalece pois, independentemente de onde você esteja na roda no momento
(girando por cima ou girando por baixo), podemos revertê-la a seu favor, se for o caso. Às
vezes é tenso passar pelo giro quando a roda desce, mas é necessário para alcançarmos
outros patamares desejados e fazê-la subir de novo.

Rompa com as ilusões de que “um futuro melhor o espera”. Essa falsa
expectativa não se concretizará se não realizar um planejamento com foco,
portanto, trabalhe com dados reais.

A vida é uma sucessão de escolhas. Infelizmente, nem todas são sempre bem-sucedidas,
mas com certeza todas farão parte da nossa experiência de vida. Alguns podem pensar: “não
sei quantos anos terei de vida, então prefiro viver bem o presente, e sobre o futuro pensamos
depois”. É fato que a vida é incerta, porém, agir e pensar dessa forma não nos ajudará em nada
quando o futuro chegar. Ironicamente, Benjamin Franklin afirmava: “As certezas absolutas
desta vida são duas apenas: a morte e os impostos” (GIANNETTI, 2005).

Todos os dias e a todo momento fazemos escolhas:

• Levanto mais cedo ou durmo mais um pouco?

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

• Como a sobremesa ou mantenho a dieta?

• Poupo dinheiro para comprar à vista ou assumo um financiamento com juros?

• Guardo o dinheiro na poupança ou troco de celular pelo último lançamento?

Muitas vezes essas escolhas são difíceis. Precisamos analisar todos os interesses para
optar por uma escolha, com mais sabedoria. É necessário criar uma estratégia e colocá-la em
prática para que, de fato, tenhamos um resultado eficiente. Apenas conhecer a estratégia,
e não aplicá-la, é o mesmo que “não saber”. Ter a consciência de que toda ação terá uma
reação proporcional é fundamental. Deve-se analisar as opções com parcimônia e zelo.

Podemos também errar em nossas avaliações.

É o caso de alguém que gasta meia hora estudando um caminho mais curto no
mapa para depois descobrir que economizou apenas dez minutos na viagem – juros
negativos. Ocorrências deste tipo podem causar frustrações, mas não chegam a
constituir propriamente um problema. São atalhos que não encurtam o caminho, mas
não nos fazem perder o caminho. (GIANNETTI, 2005, p. 114)

Nosso custo de oportunidade é mais bem avaliado com o tempo.

Ou isto, ou aquilo: ou guardo o dinheiro e não compro o doce, ou compro o doce e


gasto o dinheiro? O custo implícito na compra de um artigo qualquer é o valor daquilo
que deixou de ser adquirido com a mesma soma. Idem o tempo. Se você despende
uma hora, digamos, assistindo TV, é uma hora a menos na internet ou na cama:
“não sei se brinco, não sei se estudo, se saio correndo ou fico tranquilo. A restrição
orçamentária das horas disponíveis no intervalo de um dia é equitativa, universal e
implacável – nem um segundo a mais. E mais: há casos em que é possível computar
com razoável precisão o valor do tempo gasto não só em usos alternativos do próprio
tempo, mas em dinheiro, como o custo de oportunidade monetário de gastar o tempo
de uma forma ou de outra”. (GIANNETTI, 2005, p. 120)

Portanto, aquela célebre frase “tempo é dinheiro” começa a fazer mais sentido depois
desta análise.

1.2 Custo de oportunidade


É um termo utilizado em Economia para demonstrar o custo de algo em relação a uma
oportunidade renunciada por conta do sacrifício da escolha. Toda vez que tomamos decisões,
o custo de oportunidade representa o valor associado à alternativa não escolhida, ou seja,
quando optamos por “x”, somos impedidos de usufruir dos benefícios que a opção “y” nos
traria.

Vamos a um exemplo: Você possui R$ 50 mil para investir em sua empresa ou aplicar na

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

caderneta de poupança. Após analisar as opções, você opta pela empresa. Então, o custo de
oportunidade seria o não recebimento da rentabilidade da poupança. Por isso, muitas vezes,
é difícil decidir-se pelo o que iremos renunciar.

Diante desse cenário, lembre-se da máxima popular: “Não existe almoço grátis”, pois não
existe mesmo! O “mundo dos espertos” é cheio de artimanhas, conversas agradáveis, brindes
convidativos, oportunidades incríveis que nos embriagam os sentidos, diálogos e elogios que
estamos dispostos a acreditar que são legítimos e verdadeiros, e por aí vai.

Sempre desconfie de gratuidades. Aquele sujeito que oferece revistas grátis “desde que
você preencha um cadastro”; aquele brinde fantástico que você só ganhará se adquirir R$
300,00 em produtos; ou um curso gratuito em que você deverá comprar todas as apostilas
etc. É dinheiro fácil?

Perceberam como muitos de nós temos exemplos muito próximos? Não caiam nessas
armadilhas, ofertas imperdíveis revestidas de pseudolegalidade. E nem tocamos aqui em
assuntos como “bilhete premiado”, “ajude meu familiar que não tem conta” ou propagandas
embaladas em “marketing multinível” e tantas outras definições excêntricas.

Infelizmente, a criatividade do ser humano é imensa quando se trata de assuntos


errôneos; pois basta um golpe “ficar batido” que, logo em seguida, aparecem tantos outros
para substituírem aqueles que “não pegam” mais. Cuidados com facilidades, preços e ofertas
muito aquém do mercado, pois o “barato pode sair caríssimo”, além daquela nossa frustração
impotente de ainda ter que admitir que nós, justamente nós, caímos no “conto do vigário”.

1.3 Foco e comprometimento


Resultados efetivos na vida não aparecem de forma fácil. Para conquistá-los, temos que
ser pacientes, analíticos e, por vezes, “abrir mão” de algo para conseguirmos prosseguir com
os objetivos. O comprometimento com o resultado deve fazer parte do nosso foco todos os
dias, se fraquejarmos, podemos optar por escolhas mais tentadoras e ousadas, mas nem
sempre as mais interessantes. Refrear impulsos pode ser difícil, por isso tem disciplina e
prudência.

Como salienta Giannetti (2005, p. 153), “os termos de troca entre o presente e o futuro
são os juros – positivos, negativos ou nulos – inerentes a uma determinada decisão”.

O passado já foi, o presente apresenta desafios diários, e o futuro, por ser uma
incógnita, traz interrogações intermináveis, muitas vezes, angustiantes. Isso faz parte de todo
crescimento humano, portanto, não se sinta sozinho.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Existem três formas básicas por meio das quais podemos preencher com pensamento
o vácuo interrogante do porvir. A previsão lida com o provável e responde à pergunta:
o que será? A delimitação do campo do possível lida com o exequível e responde à
pergunta: o que pode ser? E a expressão da vontade lida com o desejável e responde
à pergunta: o que sonhamos ser?

A relação entre esses modos de conceber o futuro não são triviais. De um lado está
a lógica: o desejável precisa respeitar a disciplina do provável e do possível. Mas, do
outro lado, está o sonho. Se o sonho desprovido de lógica é frívolo, a lógica desprovida
de sonho é deserta. Quando a criação do novo está em jogo, resignar-se ao provável
e ao exequível é condenar-se ao passado e á repetição. No universo das relações
humanas, o futuro responde à força e à ousadia do nosso querer. A capacidade de
sonho fecunda o real, reembaralha as cartas do provável e subverte as fronteiras do
possível. Os sonhos secretam o futuro. (GIANNETTI, 2005, p. 161)

2 Sobre a importância da consciência do planejamento


A postura de planejar e reservar uma parte de nossos ganhos deveria fazer parte de
nossa vida desde o primeiro emprego. Mas sabemos que, muitas vezes, a teoria e a prática
se distanciam da realidade.

Se nos disciplinássemos para – “faça chuva ou faça sol” – depositarmos uma quantia de
dinheiro (mesmo que aparentemente irrisória) em um investimento; com o tempo ficaríamos
surpresos em perceber o quanto essa medida é válida e se tornará mais fácil do que se
imaginava.

Esse planejamento pessoal deve ser consciente, para que nenhuma outra oportunidade
irresistível e sedutora desmorone a prática. Deve-se lembrar que todo ciclo de vida tem “altos
e baixos” e que esse investimento será fundamental para o planejamento e segurança de um
futuro saudável e com qualidade de vida, pois, como apresentado pelo IBGE, a tendência é
vivermos mais anos.

Os termos “planejamento financeiro” e “finanças” podem parecer algo relacionado


somente à pessoa jurídica, entretanto, esses assuntos estão presente no cotidiano de
todos nós. Para Gitman (2001, p. 32) “Finanças é a arte e a ciência de gerenciar fundos que
afetam a vida de qualquer pessoa ou organização”. Saber gerir recursos e administrá-los da
melhor forma é possível a qualquer pessoa interessada; este é um aspecto fundamental para
atingirmos os objetivos e alcançar as metas já definidas.

Como salienta Frankenberg (1999), “o planejamento financeiro pessoal tem objetivos


semelhantes aos das empresas, que, ante outros objetivos, buscam um crescimento de
seus respectivos patrimônios, geração de riquezas para os acionistas, assim como para o
Indivíduo e família”. Assim como no planejamento empresarial, o planejamento financeiro
pessoal é dividido em períodos de curto e longo prazos, permitindo, dessa forma, um melhor
aproveitamento dos recursos.
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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

É importante frisar que o planejamento pessoal pode se valer de duas fontes de recursos: aquela que
advém do nosso trabalho, que nos sustenta e, sobrando caixa, pode ser um recurso a ser investido;
como também aquela advinda de recursos de terceiros, como no caso de empréstimos.

Diante dessa informação, o próximo passo é ter enraizada a vontade de querer garantir
um futuro planejado, agindo para que o assunto saia da esfera da intenção para a ação.

Segundo Gitman,

a tomada de decisão pode ser feita com uso de técnicas de valor do dinheiro
no presente e no futuro, o valor presente líquido, a taxa interna de retorno e o
índice de rentabilidade. Na visão pessoal, cabe ao planejador financeiro focar nas
técnicas de valor presente e valor futuro, pois essa técnicas são usadas, mesmo que
inconscientemente, pelas pessoas no cotidiano. [...] Valor Presente (VP) é o dinheiro
na mão hoje e o Valor Futuro (VF) é um dinheiro que você vai receber em uma data
futura. (2001)

Atualmente, a renda do brasileiro melhorou bastante, se compararmos com anos


atrás. A estabilidade econômica e os créditos pessoais mais facilitados possibilitam algumas
facilidades que não tínhamos, isso é fato.

Conforme destaca Frankenberg (1999), o “planejamento pessoal não é algo intangível,


muito menos estático ou rígido, pelo contrário, é um plano que as pessoas fazem de acordo
com seus valores e objetivos, buscando, assim, alcançar determinadas aspirações, sendo elas
de curto, médio ou longo prazo”. O autor ainda define “planejamento financeiro pessoal”
como sendo “estabelecer e seguir uma estratégia precisa, deliberada e dirigida para a
acumulação de bens e valores que irão formar o patrimônio de uma pessoa e de sua família”.

Seguindo essa mesma linha, o Serasa (2013) apresenta a seguinte definição de


planejamento financeiro pessoal:

Significa ordenar a nossa vida financeira de tal maneira que possamos sempre ter
reservas para os imprevistos da vida e sistematicamente, vagarosamente, construir
um patrimônio (financeiro e imobiliário), que garanta na aposentadoria fontes de
renda suficientes para termos uma vida tranquila e confortável.

Portanto, percebe-se que é senso comum a questão da importância do planejamento


eficiente, que se inicia com o orçamento pessoal, ou seja, nos dizeres de Cerbasi (2004, p. 61)
“o primeiro passo para poupar é fazer sobrar dinheiro”.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

3 As armadilhas da vida
É indiscutível que, após toda esta análise, tenhamos desembocado numa conclusão
uníssona que é: não existem receitas mágicas, regras de ouro, dicas secretas nem qualquer
artimanha mística para se concluir que a conta é uma só:

Receita – despesa = nosso caixa

Sendo a receita aquilo que ganhamos, despesa aquilo que gastamos (com exceção
daquilo que investimos) e tendo como resultado o nosso caixa (positivo ou negativo).

3.1 Créditos
É necessário ter clareza sobre o que compõe a minha receita. Limites de cartão de crédito
e cheque especial não são valores para serem incluídos nela. Isso é um grande risco. Eles
devem ser utilizados de forma consciente e quando for realmente necessário.

Possuir esses tipos de crédito pré-aprovado é importante enquanto uma possibilidade


imediata. Porém, se envolver na armadilha de pagar somente o mínimo da fatura do cartão
de crédito pode ser um vício perigoso. Ou ainda utilizar indiscriminadamente o limite do
cheque especial, pensando ser um alívio para as compras. Essas atitudes podem se tornar
um caminho sem volta, se não conseguir estancar o quanto antes com outras decisões e
alternativas.

Gastar menos do que se ganha é a matemática perfeita, que trará lucro e tranquilidade
financeira. Assim, será possível gerenciar os valores que você tem para investir, baseando-se
em dados reais e concretos.

Como somos seres que agimos por impulso, pode ser perigoso sair de casa sem uma lista
de compras para o supermercado, ou então ir passear no shopping em um dia de liquidação.
Se não sabemos o que queremos (e se realmente precisamos), ao passar pelas gôndolas ou
pelas vitrines atrativas, por impulso, pode-se acreditar que aquilo é justamente o que faltava
para a nossa vida – e quase sempre não é.

3.2 Pequenos gastos


Outra armadilha são aqueles gastos considerados “irrelevantes”, que não são computados
nem incluídos nas planilhas de despesas. Cafezinhos na padaria; jornais e revistas na banca
(paramos para comprar um jornal, e quando vemos levamos também mais três revistas e
também um novo lançamento editorial); ou quando pagamos contas na lotérica e aproveitamos
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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

para realizar mais duas apostas e três “raspadinhas” para arredondar a conta. Exemplos
cotidianos como estes, se somados ao final do mês, poderão trazer grandes surpresas (nem
sempre agradáveis).

A dica é: nunca achar que valores pequenos não são representativos, pois, dependendo
da frequência, eles são os causadores dos rombos orçamentários, podem acreditar.

3.3 Compras compulsivas


Há pessoas que acreditam “fazer terapia” quando frequentam o shopping e fazem compras,
tornando um “vício justificado”. Compras excessivas por sapatos, roupas, colecionadores
de objetos, entre outros. Essa compulsão começa a fazer parte das justificativas mensais
repetitivas, que podem minar o rendimento.

Deve-se analisar: o que é realmente necessário comprar? Quando estamos imbuídos de


um propósito específico ou quando queremos alcançar outros patamares financeiros, esse
ponto deve fazer parte de um planejamento sério e exequível para o nosso futuro.

3.4 Descontos
Não é cultura do brasileiro pedir descontos no momento da compra. Apesar de ser um
povo alegre e descontraído, há certa vergonha nessa prática.

É evidente que há exceções. Talvez, você tenha esse hábito, mas a regra geral é a
preferência por parcelar inúmeras vezes uma compra, sem se preocupar com os juros
embutido nessa prática.

“Se cabe no meu bolso, faço parcelamento mesmo” – é aconselhável moderação na


hora de decidir por pagamento parcelado, pois financeiramente (na maioria das vezes) não
é a melhor opção. Quando se pede desconto à vista, o abatimento pode ser bem expressivo.

3.5 Empréstimos a amigos


Emprestar dinheiro a amigos e familiares pode ser uma armadilha. Existem exceções,
mas, via de regra, há diversas alternativas que se pode sugerir ao amigo/familiar, antes de
comprometer sua receita (simplesmente porque você não conseguiu negar esse pedido tão
personalíssimo).

Muitos economistas, como o próprio Martins (2010), repetem que “dinheiro emprestado
é dinheiro doado”. Dependendo do caso, talvez você só consiga perceber a veracidade dessa
máxima quando for tarde demais.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Se esse empréstimo é realmente necessário, é prudente combinar as formas de


pagamento, antes de entregar o valor solicitado, pois quanto mais o tempo passar, mais difícil
será essa conversa. Atitudes como esta evitam o rompimento da amizade/relacionamento,
por conta de dívidas. Avalie todos os pontos antes de decidir se emprestará ou não.

3.6 Imprevistos
Despesas extras inesperadas podem acontecer com qualquer um, inclusive com nós
mesmos. Para que momentos como este não se tornem um fardo às finanças, é aconselhável
possuir uma reserva financeira exclusiva para essas intempéries.

Mesmo que nossas finanças não estejam no patamar das nossas expectativas, possuir
um plano alternativo para essas eventualidades evitará o gasto com a sobra de nosso caixa,
ou o uso do limite do cheque especial ou, para piorar, o uso do cartão de crédito com o
pagamento da fatura mínima posteriormente, acumulando juros sobre juros. Essa atitude
pode causar transtornos irreparáveis.

Enfim, elencar todas as armadilhas da vida é algo difícil. Devemos aplicar os conceitos
com atitude e consciência financeira. Atitude é a conclusão desse nosso entendimento, para
realizar as melhores (e rentáveis) escolhas.

Considerações finais
Quando somos crianças, não somos economicamente ativos; já na velhice, temos menos
oportunidades do que no pico da nossa vida produtiva, que seria a maturidade. Assim, como
não é em todos os ciclos que temos produtividade econômica máxima, é vital realizar um
planejamento financeiro consistente, para que o futuro seja saudável sob todos os pontos de
vista. Por isso, os ciclos da vida são impactantes em nossas receitas.

Planejar é organizar um roteiro, ter um foco, programar em função de uma meta. Refazer
o percurso (se necessário) em busca da melhor prática. Controlar as entradas e saídas do
nosso dinheiro, mês a mês, poderá parecer uma tarefa árdua, mas o hábito mostrará que é
mais fácil do que imaginávamos, além de ser essencial para atingirmos uma meta.

É imperativo ter sempre em mente a questão das consequências das nossas escolhas.
Mesmo quando não parece ser uma escolha, na realidade estamos fazendo sim. E da mesma
forma, estamos renunciando outras oportunidades, por isso não devemos deixar as melhores
escolhas escoarem por falta de visão das oportunidades em cada situação.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Referências
FRANKENBERG, L. Seu futuro financeiro. 8. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

GIANETTI, E. O valor do amanhã. São Paulo: Companhia das letras, 2005.

GITMAN, J. Princípios de administração financeira – essencial. 2. ed. Porto Alegre: Bookman,


2001.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/


home/estatistica/populacao/tabuadevida/evolucao_da_mortalidade.shtm>. Acesso em: 25
ago. 2013.

MARTINS, L. Aprenda a Investir: saiba onde e como aplicar seu dinheiro. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2010.

SERASA. Serasa Experian. Disponível em: <http://www.serasaexperian.com.br>. Acesso em: 8


out. 2013.

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Investimento e crédito: estratégia para o
futuro

Aula 03
Perfis de investidores – mapeando os perfis (parte 1)

Objetivos Específicos
• Apresentar as características e os tipos de perfis de investidores possíveis e
sua implicação na análise de escolhas das possibilidades

Temas

Introdução
1 Definindo o perfil do investidor
2 Perfis de investidores
3 Diagnóstico de perfil do investidor – perguntas básicas
4 Tipos de investimentos
5 Fundo de investimento
6 Glossário
Considerações finais
Referências

Professora
Ana Luiza Alves Lima
Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Introdução
Agora nossa evolução nos estudos nos permite iniciar uma análise mais detalhada de
cada perfil possível. Essa análise serve para avaliarmos qual o nível de tolerância ao risco, e,
assim, determinar os melhores investimentos caso a caso.

A questão aqui está além do discurso prático, pois não adianta imaginar que determinada
pessoa que vai buscar informações e consultoria para um investimento tenha um perfil
conservador, moderado ou agressivo só diante de uma análise rasa e preliminar. Existem
ferramentas e questionamentos já experimentados com sucesso que definem melhor a
forma com determinado investidor se sente mais confortável no momento de efetivar um
investimento, e são esses indicativos e perguntas que serão nosso objeto de estudo. Essa
análise serve para que tanto o consultor quanto o investidor sintonizem os interesses. Ela
serve de norte para que todos os envolvidos saibam exatamente onde e por que estão
realizando determinadas aplicações e não outras.

Analisaremos qual tipo de perfil determinada pessoa demonstra ter, para que possamos
ir adiante com seus planos de investimento e traçar a melhor estratégia de investimento de
acordo com o objetivo e característica de cada um. Não existe melhor ou pior perfil. A questão
aqui está vinculada a minimizar impactos e maximizar as melhores possibilidades. Felizmente,
o mercado financeiro possui produtos que atendem a toda a gama de perfis, e com base
nessa análise de perfis, poderemos mostrar produtos que atendam a todas as demandas de
forma a satisfazer o investidor, com base numa escolha mais dirigida, pois cada pessoa tem
objetivos, recursos e horizontes diferentes. Pessoas diferentes. Produtos diferentes.

Esse dilema de “qual seria o melhor investimento para mim” é bastante comum na
grande maioria das pessoas, pois estamos falando sobre como deveremos aplicar/investir
nosso dinheiro, nossas economias, ou a herança, ou algum prêmio ou bônus recebido, como
também uma estratégia de investimento de longo prazo para a aposentadoria, todos com
boa rentabilidade e da melhor forma possível. Iniciaremos esta análise através das nossas
próprias necessidades. O investidor aqui é você.

1 Definindo o perfil do investidor


A definição do perfil do investidor tem sido prática comum porque faz com que a pessoa
que vai investir perceba, com suas respostas diante das perguntas que de repente ela sequer
fez a si mesmo algum dia, quais são as questões relevantes e essenciais quando decidiu
investir em produtos financeiros, haja vista a grande variedade de produtos existentes no
mercado financeiro, sendo que nem todos os produtos cabem em todos os perfis.

Tal e qual fazemos escolhas baseadas numa análise pessoal quando adquirimos, por
exemplo, uma casa, em que analisaremos:

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

I. se é perto das escolas das crianças ou se as escolas próximas atenderiam nossas necessidades;

II. se ela possui ou não garagem;

III. se existe comércio, metrô, parques ou feira nas redondezas, entre outros.

Diante das suas necessidades especialíssimas haverá uma casa que irá atender a grande
maioria das suas perguntas. O mesmo acontece com o perfil do investidor. O estado civil, a
quantidade de filhos, as prioridades e relevâncias, a disponibilidade de valores a investir e
projetos para aposentadoria, são alguns exemplos a considerar quando optarmos por este
ou aquele produto.

Vale destacar, como quase tudo na vida, que o que pode ser excelente para o seu vizinho,
pode não ter a mesma serventia para você. O que foi motivo de sucesso para um, não é
necessariamente garantia de que será e terá o mesmo comportamento para o próximo, por
isso a importância desta análise particular que contornará as margens de cada um.

O perfil do investidor, já disseminado amplamente em vários países é conhecido como


“Suitability”, que significa em inglês, “Adequação”, ou seja, verificar a adequação de cada
perfil aos objetivos e tolerâncias a que está sujeito cada tipo – basicamente – dividido em três
categorias: os conservadores, os moderados e os agressivos (ou dinâmicos).

2 Perfis de investidores
Há três tipos de perfis de investidores: conservador, moderado e agressivo.

Esses termos são utilizados para caracterizar a pessoa, de acordo com o quanto ela
está disposta (ou não) a arriscar seu patrimônio em produtos mais arrojados e com maiores
flutuações, ou se preferem ter sua renda mínima garantida.

2.1 Conservador
A premissa maior desse perfil é a segurança; este é o primeiro ponto a ser analisado
em suas aplicações. No perfil conservador, a pessoa procura produtos com baixo risco para
preservação do seu capital e não suportaria perder seus investimentos em aplicações mais
arriscadas, bem como não suportaria a volatilidade dos mercados de renda variável.

Poderíamos classificar como uma pessoa com aversão ao risco e que teme as oscilações
(tão comuns) no mercado financeiro no tocante a alguns produtos específicos. Tem como
finalidade liquidez quase imediata (até dois anos) e, via de regra, aplica em renda fixa
(poupança, fundos, CDB e títulos públicos).

Tal liquidez refere-se à capacidade de rapidez e facilidade com que o ativo aplicado seja

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

convertido em dinheiro. Existem investimentos que penalizam o resgate antecipado, por


isso a liquidez deve ser avaliada também quanto à possibilidade de resgate de mobilização
antecipada.

2.2 Moderado
O investidor com perfil moderado é aquele que busca investimentos de baixo e médio
risco, com retorno diferenciado e, também, liquidez quase imediata (de dois a cinco anos).

O moderado não tolera as oscilações dos mercados de renda variável, mas aceita perdas
limitadas no seu patrimônio, ou seja, apesar de ter como premissa a segurança do seu
patrimônio, aceita (moderadamente) um risco médio porque deseja ter um retorno acima
da média do conservador. Ele aplica, em média, até 20% em renda variável e o restante em
renda fixa.

2.3 Agressivo (ou dinâmico)


No perfil agressivo, as possibilidades de lucro são maiores e, por isso, mais arriscadas.
São investidores arrojados, com alta tolerância a riscos, que buscam investimentos de alto
risco e não necessitam de liquidez imediata, ou seja, não precisarão dos recursos antes de
dez anos, por exemplo.

O agressivo busca uma boa rentabilidade e não se desespera quando suas ações
“derretem”, pois suporta melhor as oscilações dos mercados e perdas do patrimônio
investido, quando for o caso. Como a liquidez não é imediata, ele sabe que poderá ter que
aguardar algum tempo depois da baixa de suas ações para resgatá-las ou vendê-las (somente
quando esse ciclo de baixa sofrer nova alta ou estabilidade), sempre em busca dos melhores
resultados. Geralmente aplicam 40% ou mais em renda variável, como ações, fundos de
ações, multimercados e derivativos e o restante, em renda fixa.

2.4 Algumas recomendações (independente do perfil do investidor)


• Admitir seus erros e aprender com eles: como em todo trajeto que decidimos
percorrer, podem existir situações em que acreditávamos que estávamos em
determinado caminho, e com o caminhar podemos perceber um equívoco de rota. O
quanto antes admitirmos e alterarmos a rota, melhor será para minimizarmos perdas
e maiores desgastes nos nossos investimentos.

• Não colocar todos os ovos na mesma cesta: esta parece ser uma regra básica de
investimento. Isso não significa que deva existir uma grande variação nas aplicações,
mas é certo que, havendo alguma diversidade de produtos, prazos e mercados, essa

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

diversidade fará com que a pessoa tenha opções interessantes e, em caso de algum
contratempo, ela não verá todo o seu investimento (em caso de uma desvalorização)
“indo por água abaixo”, pois a diversidade

é a principal palavra no gerenciamento de riscos, pois o mercado é muito volátil, isto é,


tem grande variação. O único risco da diversificação é anular os ganhos de aplicações
rentáveis com outras que ocasionaram prejuízos; por isso, é necessário estudá-las e
escolher cuidadosamente onde aplicar seus ativos. (MARTINS, 2010)

Diversificar ajudar a se preparar para diversos cenários possíveis e ,com certeza, diminuir
a influência da incerteza em toda a sua carteira.

• Qualidade é sempre melhor que quantidade: no mundo moderno temos inúmeras


referências e formas (canais) de comunicação. Entretanto, o excesso de informação
não nos capacita mais. É interessante fazermos e optarmos por boas e idôneas
escolhas de fonte e nos pautarmos por essas informações ao invés de buscarmos
todo tipo de informação, que poderá nos confundir ao invés de agregar mais dados.
Ruído é uma coisa, informação é outra.

• Nem tanto ao mar nem tanto a terra: existem pessoas extremamente pessimistas,
bem como outras otimistas ao extremo. A moderação nos anseios é boa prática em
qualquer situação e, quando falamos em investimentos financeiros, essa análise deve
ser levada a efeito sempre que percebermos estarmos inclinados a algum extremo.
Desconfie de lucros vultosos e rápidos, bem como não aceite pressões para tomar
decisões imediatas.

• Ter sempre em foco o objetivo do investimento antes de decidir em qual produto


investir. É sabido que, dependendo do que se pretende com o investimento, teremos
mais ou menos prazo para tal investimento, ou seja, quanto mais tempo tivermos para
alcançarmos o objetivo, menor nossa necessidade de liquidez imediata. E quanto maior
o nosso prazo, mais tempo teríamos em caso de termos que recuperar alguma oscilação.

• Utilize as centrais de atendimentos quando sentir necessidade. Temos canais


importantíssimos e eficientes para que possamos consultar ou reclamar de algum
evento. Encontre na Midiateca da disciplina os endereços de alguns sites oficiais de
instituições como:

▫▫ Comissão de Valores Mobiliários (CVM);

▫▫ Bolsa de Valores (BM&F-BOVESPA);

▫▫ Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON);

▫▫ Banco Central do Brasil (BCB).

• Análise da situação financeira. É importante avaliar a sua situação financeira no

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

momento. O valor a ser aplicado impactará em algumas escolhas, pois, dependendo


do produto, haverá um valor mínimo a considerar, pois existem investimentos que só
valem a pena a partir de uma quantia investida.

• Investimento não combina com falta de equilíbrio emocional. Se formos falar só


de emoções, é claro que a oscilação do mercado gera certa agitação emocional,
entretanto, ser uma pessoa emocional não contribui em nada para a tomada de boas
decisões. Ser consistente com a estratégia que escolheu para si não significa não
mudar de ideia no percurso, mas atenção a essas variações, pois se a instabilidade
emocional pesar é melhor rever suas estratégias para o seu investimento.

• Estude, estude e estude! Sai na frente quem entender que estudar não é simplesmente
completar um ciclo, uma disciplina, uma faculdade. Estudar é verbo para a vida toda.
Estudar dá uma vantagem competitiva. Não importa aqui o quanto você já sabe,
importa que o conhecimento é ferramenta poderosa, e como a dinâmica em que
vivemos é frenética, é salutar conhecer e se atualizar sobre o que o mercado oferece,
ou lança, ou retira do mercado.

3 Diagnóstico de perfil do investidor – perguntas básicas


Existem vários questionários à disposição de todos os interessados em investir.
Primordialmente, eles se repetem em algumas indagações, tais como:

• Estado civil do investidor?

• Quantidade de filhos?

• Qual o tempo que a pessoa pretende manter suas aplicações?

• Quanto por mês pretende investir?

• Sua remuneração advém de um emprego fixo com renda fixa ou ele é variável?

• Qual o seu objetivo no mercado financeiro?

a. formação de um patrimônio; ou

b. aposentadoria; ou

c. obter ganhos expressivos e rápidos; ou

d. obter ganhos com risco aceitável.

• Possui reservas para emergências, de pelo menos seis meses de despesas mensais?

• Tem plano para aposentadoria? Se sim, qual?

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

• Como você dimensiona o quanto de riscos suportaria?

a. Nada;

b. em até 10%;

c. em até 20%; ou

d. posso tomar risco de 40% ou mais, pois penso a longo prazo.

• Como você descreveria sua experiência no mercado financeiro?

a. nenhuma;

b. limitada;

c. moderada; ou

d. confortável?

Todos esses exemplos de perguntas, como tantos outros, visam analisar em que momento
da vida a pessoa se encontra e servem para quantificar o grau de risco que está disposta a
assumir. Não existe resposta certa ou errada, existe uma soma de respostas que viabiliza
chegarmos a um denominador comum e buscarmos produtos mais interessantes diante do
seu retrato final.

4 Tipos de investimentos
Nos dizeres de Martins (2010),

ao optar por investimentos que irão compor sua carteira, você deverá considerar três
principais fatores: sua meta, o horizonte de investimento e seu perfil de risco.

É sempre válido analisá-los sob a ótica da relação risco e retorno, isto é, comparar
os produtos financeiros com o intuito de descobrir qual oferece melhor essa relação
– maior retorno e menor risco. Recomenda-se, também, sempre ter aplicado uma
parte do capital em investimentos com maior liquidez, para serem utilizados em
emergências como, por exemplo, os fundos DI, que efetuam o pagamento do resgate
em D+0, isto é, no próprio dia.

Na sequência, serão apresentados os principais produtos financeiros.

• Imóveis — Conforme Martins (2010), os três principais motivos de uma aquisição


imobiliária são:

▫▫ utilização (pessoa física ou pessoa jurídica);

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

▫ projeção de valorização; e

▫ renda (aluguel).

E, ao se tratar de investimento imobiliário, eles se restringem a dois: valorização e


renda; porém, ao se investir em imóveis, é privilegiada a segurança e esquecida a
liquidez. Investimentos em imóveis pode ser um investimento muito atrativo em
tempos de hiperinflação (onde é preservado o poder aquisitivo) ou quando os imóveis
se encontram muito desvalorizados em regiões que você está prevendo que irão se
valorizar. Caso não sejam essas as ocasiões, esta modalidade perderá rentabilidade
perante as outras disponíveis. (Martins, 2010)

• Caderneta de poupança — Conhecida pela maioria dos brasileiros. Talvez seja a


mais popular e tradicional, pois qualquer cidadão munido de CPF e comprovante de
residência consegue abrir uma caderneta de poupança nas agências bancárias do
Brasil. Suas vantagens são:

a. a liquidez imediata; ausência de prazos, com exceção de que valores


mantidos por menos de um mês não são remunerados;

b. investimentos de até R$ 250.000,00 são garantidos pelo Fundo Garantidor


de Crédito, ou seja, caso haja liquidação da instituição financeira, o
poupador está garantido;

c. isenção de imposto de renda para pessoas físicas, e incidência escalonada


de imposto de renda para pessoas jurídicas.

d. possui remuneração atual de 0,5% ao mês mais a variação da TR (Taxa


Referencial), creditada mensalmente na data de aniversário da aplicação.

• CDI (Certi icado de Depósito Interbancário) — Segundo Securato (2009):

os CDIs são títulos de emissão dos bancos que servem de lastro para as operações
interbancárias no mercado monetário. São isentos de IOF (imposto sobre operações
financeiras) e de IR (imposto de renda) na fonte. Sua função é transferir recursos de
um banco para outro. As operações são registradas na Cetip (Central de Custódia e
Liquidação de Títulos Privados) eletronicamente.

• CDB (Certificado de Depósito Bancário) e RDB (Recibo de Depósito Bancário) —


Ambos os títulos são emitidos por bancos, registrados no Cetip e utilizados para
captação de recursos junto aos investidores. Tais recursos são posteriormente
repassados aos clientes nas operações de financiamento tradicionais do mercado de
crédito (SECURATO, 2009). Pela legislação atualmente em vigor:

▫ CDB/RDB podem ser pré-fixados, pós-fixados ou indexados à taxa flutuante;

▫ CDB/RDB pré-fixados ou emitidos com taxa flutuante não tem prazo mínimo

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

de emissão, mas estão sujeitos à tabela de IOF, caso sejam resgatados antes
de 30 dias;

▫▫ CDB é transferível por endosso nominativo e o RDB é intrasferível;

▫▫ CDB/RDB são gravados à alíquota de 15% sobre o rendimento bruto para


efeito de imposto de renda retido na fonte por ocasião do resgate, desde que
o resgate ocorra após 30 dias da emissão;

▫▫ CDB/RDB quando emitidos a taxas flutuantes, a sua emissão deve ser


regulamentada e de conhecimento público.

• Títulos públicos — Os títulos públicos são lançados no mercado pela primeira vez por
meio de leilões, conforme Securato (2009),

leilões estes que são realizados pelo BACEN ou pela Secretaria do Tesouro Nacional
junto às instituições interessadas. É o que se convencionou a chamar de mercado
primário. No mercado secundário, as instituições buscam diariamente, através de
compra e venda dos títulos federais entre si, compor sua carteira própria de títulos,
alocá-los aos fundos de investimento que administram e ajustar suas reservas no
BACEN.

Os títulos públicos federais negociados pela internet são, segundo Martins (2010):

LTN – Letra do Tesouro Nacional – título com rentabilidade definida (taxa fixa) no
momento da compra. Forma de pagamento: no vencimento;

LFT: Letra Financeira do Tesouro – título com rentabilidade diária vinculada à taxa
de juros básica da economia (taxa média das operações diárias com títulos públicos
registrados no sistema Selic, ou, simplesmente, taxa Selic). Forma de pagamento: no
vencimento.

NTN-B: Nota do Tesouro Nacional – série B: título com rentabilidade vinculada à


variação do IPCA, acrescida de juros definidos no momento da compra. Forma de
pagamento: semestralmente (juros) e no vencimento (principal);

NTN-B Principal: título com a rentabilidade vinculada à variação do IPCA, acrescida de


juros definidos no momento da compra. Forma de pagamento: no vencimento;

NTN-C: Nota do Tesouro Nacional, série C — título com rentabilidade vinculada à


variação do IGP-M, acrescida de juros definidos no momento da compra. Forma de
pagamento: semestralmente (juros) e no vencimento (principal); e

NTN-F: Nota do Tesouro Nacional, série F — título com rentabilidade prefixada,


acrescida de juros definidos no momento da compra. Forma de pagamento:
semestralmente (juros) e no vencimento (principal).

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

5 Fundo de investimento
É uma modalidade de aplicação financeira e se dá pela união de vários investidores, para
que seja aplicado seu dinheiro em diversos tipos de ativos financeiros. Esse fundo é uma
pessoa jurídica, com todas as exigências legais para a constituição de uma pessoa jurídica.

Segundo Securato (2009),

As principais vantagens de aplicar em um fundo de investimentos estão ligadas ao


grau de especialização dos profissionais responsáveis pela gestão do patrimônio do
fundo (o dinheiro dos aplicadores). Estes profissionais de investimento despendem
todo o seu dia de trabalho na busca de oportunidades de investimento rentáveis,
coisa que em geral os investidores não podem fazer. Em virtude do volume de
dinheiro de que dispõem, os fundos podem aproveitar oportunidades e obter taxas
muito mais atrativas que o investidor comum. Também, os fundos geralmente dispõe
de alta liquidez e regras de curtíssimo prazo para resgates das aplicações (na maioria
das vezes pouco mais do que 48 horas), o que dá ao investidor a segurança de poder
converter suas cotas em dinheiro rapidamente e dele fazer uso.

Existem diferentes modalidade de fundos de investimentos:

• os de curto prazo (aplicam em papéis com prazos de vencimento de até 365 dias),
referenciados (compõem no mínimo 95% de sua carteira com papéis atrelados ao
indicador financeiro de referência);

• multimercados (aplicam em derivativos financeiros);

• de ações (no mínimo 67% da carteira composta de ações negociadas na Bolsa de


Valores);

• fundos de previdência privada (são os mais comuns);

• de renda fixa;

▫▫ os de renda fixa podem ser: prefixados e pós fixados.

▫▫ O investidor receberá no vencimento seu capital aplicado de volta e mais um


rendimento que pode ser conhecido antes da aplicação (préfixado) ou não
(pós-fixado). Ex: poupança, CDB, RDB, etc.

• de renda variável.

▫▫ nos investimentos de renda variável o aplicador nunca sabe o quanto vai


ganhar ou perder. Ele pode aplicar um valor e depois perder parte deste
capital. São investimentos de renda variável: ações, ouro, moeda estrangeira,
fundo cambial, etc.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

5.1 Títulos prefixados e pós-fixados


Segundo Martins (2010),

Préfixados – aplicação onde, antes mesmo de se aplicar o capital, o investidor sabe o


quanto seu investimento irá render após certo período. Nos prefixados, como as LTN
e as NTN-F, a não ser que você mantenha os títulos até o vencimento, corre um risco
maior de perda, pois o preço destes títulos cai com o aumento da inflação ou das taxas
de juros. Deste modo, para quem não está disposto a correr esse tipo de risco, vale a
pena investir somente parte de seus recursos nestes papéis. A vantagem é vista em
cenários de baixa inflação e tendência de baixa de juros.

Pós-fixados – Aplicação onde a rentabilidade varia de acordo com a taxa de juros


vigente e mais algum índice de inflação (se houver). Entre os pós-fixados, as opções,
considerando somente os títulos públicos, podem ser os corrigidos pela inflação,
como as NTN-B (utilizam o IPCA como referência) e NTN-C (utilizam o IGP-M como
referência); já as LTFs são corrigidas apenas pela Selic.

6 Glossário
administrador: é o responsável pelo funcionamento do fundo e controla todos os
prestadores de serviço, tendo como objetivo os interesses dos cotistas.

cota: equivale à fatia de cada investidor num fundo.

cotista: todo aquele que possui (ao menos) uma cota.

derivativos: contratos de ativos financeiros ou valores mobiliários cujo valor e


características de negociação derivam de outro ativo, que lhe serve de referência.

multimercado: combinação de investimentos (renda fixa, variável, derivativos, câmbio,


ações, etc.), são fundos com alta flexibilidade de gestão na alocação da carteira.

regulamento: documento que estabelece as regras de funcionamento e operacionalização


de um fundo.

taxa de administração: valor cobrado pelo administrador para custear as despesas com
o gerenciamento dos fundos, a comercialização e a operação dos planos.

operação à vista: é compra ou venda de determinada quantidade de ações. Quando há


a realização do negócio, o comprador realiza o pagamento e o vendedor entrega as ações
objeto da transação, no terceiro dia útil após a realização do negócio (d+3).

preço (das ações): os preços são formados em pregão, pela dinâmica das forças de oferta
e demanda de cada papel, o que torna a cotação praticada um indicador confiável do valor
que o mercado atribui às diferentes ações.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

volatilidade: grau médio de oscilação do valor das cotas de um fundo, na cotação de um


ativo em determinado período. Trata-se de uma medida de risco. Quanto maior a oscilação,
maior o risco envolvido.

Considerações finais
É de vital importância analisarmos o perfil do investidor para que possamos ter parâmetros mais
ajustados com a realidade individual, para realizarmos escolhas mais acertadas diante das possibilidades.

Caso a caso, existem diferenças a considerar no tocante aos três principais perfis dos investidores:
enquanto o conservador tem baixa tolerância ao risco, o moderado tem média e o agressivo tem alta.

Quanto ao tempo, também ficou claro que o conservador tem um horizonte curto de
tempo, quer dizer, de agora até dois anos, e geralmente sua rentabilidade está atrelada à taxa
de juro usada nas operações entre os bancos (CDI), considerados os mais conservadores;
enquanto o moderado tem visão a médio prazo, ou seja, daqui dois anos e meio até cinco
anos, e o agressivo a longo, em média a partir de cinco anos.

Quanto à preservação do capital também foi visto que é essa a visão do conservador, enquanto
do moderado é assumir algum risco, bem como do perfil agressivo é de assumir eventuais perdas
pela sua disposição em aceitar as oscilações do mercado em busca de retornos mais robustos.

Após essa análise, apresentamos algumas recomendações para que nossa conduta seja
permeada pelo bom senso e pelas respostas dadas nos questionários disponíveis. Estamos
lidando com valores, e se assegurar com boas práticas é, de fato, importante e essencial para
que possamos ficar satisfeitos com o retorno do nosso investimento, ou ao menos entendermos
as oscilações do negócio.

Acesse a Midiateca da disciplina e encontre diversos sites para mapeamento


do perfil do investidor.

Referências
MARTINS, L. Aprenda a Investir: saiba onde e como aplicar seu dinheiro. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010

SECURATO, J.R. Mercado financeiro: conceitos, cálculo e análise de investimento. 3. ed. São
Paulo: Saint Paul, 2009.

TESOURO NACIONAL. O que são títulos públicos? Disponível em: <https://www.tesouro.


fazenda.gov.br/pt/o-que-sao-titulos-publicos>. Acesso em: 18 set. 2013.

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Investimento e crédito: estratégia para o
futuro

Aula 04
Perfis de investidores – mapeando os perfis (parte 2)

Objetivos Específicos
• Apresentar as características e os tipos de perfis de investidores possíveis e
sua implicação na análise de escolhas das possibilidades.

Temas

Introdução
1 Investimentos de renda variável
2 Exemplos práticos
3 Definições importantes
4 Como operar ações?
Considerações finais
Referências

Professora
Ana Luiza Alves Lima
Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Introdução
Uma vez que o perfil do investidor está corretamente qualificado, é importante prosseguir
com o entendimento de algumas informações que iremos analisar nesta aula, bem como
algumas definições importantes para a disciplina, como PIB, PIB per capita, inflação, e os
principais índices de inflação, indexação, taxas de juros, risco país, taxa de câmbio, para após
iniciar a análise de como iniciar nossas operações.

1 Investimentos de renda variável

1.1 Ouro
Nos dizeres de Martins (2010), o ouro,

por ser considerado uma aplicação seguro, em períodos de crise seu valor pode ser
sensivelmente aumentado, pois os investidores buscam proteção de seus ativos
comprando o metal, e com isso seu preço aumenta (decorrente da maior demanda),
mas em condições normais da economia, sua compra não é recomendada, pois
provavelmente sua variação será menor em relação aos outros ativos.

Ademais, o ouro não está isento de tributação. Incide imposto de renda sobre o ganho
de capital. Recomenda-se cautela nesse tipo de investimento.

1.2 Ações

1.2.1 Estrutura das ações

As ações são títulos de propriedade que representam a mínima fração do capital social
de uma sociedade anônima, e elas se subdividem em: ação ordinária e ação preferencial,
sendo que a ordinária “concede direito a voto nas Assembleias e a Preferencial, concede
preferência na distribuição de dividendos” (MARTINS, 2010).

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

1.2.2 Lote-padrão e lote fracionário

Seguindo ainda os dizeres de Martins (2010),

lote-padrão é a quantidade mínima de títulos determinada pela bolsa para negociação


no mercado principal, onde as quantidades negociadas devem envolver um lote ou
seus múltiplos. Já o fracionado, é qualquer lote que não contenha um número de
unidades igual ao múltiplo inteiro do lote padrão.

O investidor pessoa física talvez só consiga adquirir ações pelo lote fracionário, e não
pelo lote-padrão.

Um exemplo hipotético seria um lote-padrão conter cem ações, sendo cada ação cotada
a R$49,00. O investidor aqui teria que desembolsar R$4.900,00 para realizar essa compra.
Entretanto, no mercado fracionário, seria possível comprar, por exemplo, dez ações, custando
ao investidor R$490,00, ou, se fosse o caso, a compra de uma única ação.

1.2.3 Legenda da ação

Uma ação, para ser entendida sua nomenclatura, é representada por:

• quatro letras (que, na maioria das vezes, fazem parte do nome da empresa, exemplo:
PTR é ação da Petrobras);

• seguida de um número — 3 para “ordinária” e 4 para “preferencial”;, e

• em alguns casos é seguido por uma letra que significará o mercado, como F –
“fracionado” – ou T – “termo”. (MARTINS, 2010)

Vale ressaltar que há outros códigos e que há ações que não seguem esse padrão.

Tabela 1 – Classe de ações

Direitos Ordinários 1 PTR1


Direitos Preferenciais 2 PTR2
Ações Ordinárias 3 PTR3
Ações Preferenciais 4 PRT4
Ações Preferenciais Classe A 5 PTR5
Ações Preferenciais Classe B 6 PTR6
Ações Preferenciais Classe C 7 PTR7
Ações Preferenciais Classe D 8 PTR8
Recibos Ordinários 9 PTR9
Recibos Preferenciais 10 PTR10

Fonte: Martins (2010).

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Tabela 2 - Tipos de ações

Tipo Letra Exemplo


Lote-padrão PTR4
Lote fracionário F PTR4F
Termo Comum T PTR4T
Termo Flexível S PTR4S
Termo em Dólar D PTR4D
Termo em pontos T PTR5IT

Fonte: Martins (2010).

1.2.4 Home broker

Home broker é o nome dado ao sistema que permite negociações de ações pela internet.
Com um formato muito parecido com os serviços on-line bancários, referidos sistemas estão
ligados à BOVESPA e esse recurso permite o envio de todas as informações de maneira prática
e segura.

1.2.5 Taxas de corretagem

As operações realizadas no mercado à vista estão sujeitas a:

• taxas de corretagem (livremente pactuadas entre clientes e a corretora que ele


contratar).

E a taxa incide sobre o movimento financeiro total:

• emolumentos; e

• taxa de liquidação.

Os valores da tabela de custos e tributos podem ser facilmente encontrados no site da


Bovespa.

2 Exemplos práticos
A seguir, alguns exemplos de análise de investimento encontrados no dia a dia:

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

2.1 Viagem a curto prazo


Jonas, estudante, 20 anos, tem R$4.000,00 para investir. O prazo decidido por ele é de
um ano para resgatá-lo, pois pretende gastá-lo para pagar sua viagem de formatura, e, por
isso, procura ajuda para optar por algum investimento, já que desconhece completamente o
mercado financeiro, bem como nunca realizou operação nenhuma.

Nesse caso, e diante do curto prazo para resgate, as alternativas sugeridas ao Jonas são
bem limitadas, e todas elas de renda fixa: aplicar em uma caderneta de poupança ou em um
Fundo de Investimento DI ou de renda fixa, atentando-se para as taxas de administração e
procurando as mais baixas. Apesar de o valor do investimento ser baixo, a pesquisa é sempre
fundamental antes de fechar qualquer investimento.

2.2 Dívidas não vencidas


João é corretor de imóveis e tem poucas reservas e algumas dívidas a vencer, e vai à
busca de ajuda para saber se desaplica suas reservas para liquidar suas dívidas ou se busca
outro meio para liquidá-las.

Como sua maior preocupação é o fato de viver de comissões, as reservas aplicadas


são justamente sua garantia para emergências e momentos de fraca ou nenhuma venda
ou locação, por isso, por se tratar de dívidas ainda não vencidas e não de inadimplência,
foi sugerido se valer da linha de crédito direto com seu banco no momento do primeiro
vencimento da dívida, pois a análise das dívidas futuras e as condições oferecidas nesse
crédito bancário beneficiaram a escolha desta última opção como a melhor no caso do João.

2.3 Investimento para imóvel


Maria quer fazer um investimento por dois anos e meio para ter um imóvel, pois programa
se casar daqui três anos.

Procurou um consultor financeiro para saber sua melhor opção e foi orientada a
responder algumas perguntas sobre o quanto pretendia aplicar mensalmente:

• se já havia feito algum tipo de aplicação;

• se conhecia e acompanhava o mercado financeiro;

• se tinha informações preconcebidas do que seria mais interessante para o caso dela.

Após essa entrevista consideraram que os investimentos de Maria não poderiam correr
grandes riscos, e que ela, por pretender utilizar esses recursos daqui dois anos e meio, não

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

poderia ser arrojada (em termos de investimentos). Foi sugerido que ela optasse por ativos
conservadores, para que não tenha perdas que tirem o seu poder de compra, bem como o
padrão do imóvel que já foi previamente deliminado pela Maria.

Como primeira opção, foi indicado procurar as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) indexadas
ao CDI. Escolher um emissor com baixo risco e considerar que geralmente só poderá resgatar
na data do vencimento.

Outra opção dada a Maria nesse caso foi considerar a aquisição de Letras Financeiras do
Tesouro, por meio do Tesouro Direto. Esse tipo de aplicação é feito por meio da internet, o
que trará descontos nos custos de aquisição desses títulos.

3 Definições importantes
Vamos iniciar aqui a definição das principais informações e siglas que precisaremos
conhecer para avançarmos com as melhores escolhas dos nossos investimentos.

3.1 PIB – Produto interno bruto


PIB é um índice para medir a atividade econômica do país. Quando ele cresce, estamos
em ascensão, quando ele diminui, podemos estar entrando numa recessão. Esse índice pode
ser calculado de duas formas:

1. pela soma das riquezas produzidas dentro do país. São consideradas todas as empresas
(nacionais e estrangeiras) que estejam em atividade dentro do território nacional.

2. pela ótica da demanda, ou seja, são considerados o consumo das famílias, do governo,
os investimentos do governo e das empresas privadas, e a soma das importações e
exportações.

O PIB é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é uma
instituição federal subordinada ao Ministério do Planejamento.

Figura 1 – Variação do PIB brasileiro

Fonte: G1.com.br.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Somos considerados um país emergente, e, nos dizeres de Martins (2010), “o Brasil


obteve nos últimos 25 anos um dos menores níveis de crescimento de todo o mundo e, nos
últimos anos, manteve seu patamar, mesmo com a valorização das commodities e com a forte
liquidez internacional”.

3.2 Inflação
É um conceito econômico que representa o aumento persistente (e generalizado) dos
preços. É a elevação da taxa de variação relativa dos preços. Seus tipos podem ser variáveis,
tais como:

a. inflação monetária, que é quando o governo emite exageradamente dinheiro;

b. inflação de demanda: quando a demanda está acima da oferta agregada (aumento


no consumo);

c. inflação de custos, como o próprio nome sugere, é quando há o aumento nos custos
de produção dos produtos.

Os principais índices de inflação são:

Tabela 3 – Principais índices de inflação

Instituto
Índice O que é medido Características
responsável
IPCA IBGE Variação de preços Utiliza dados de 11
Índice de Instituto no varejo para capitais.
Preços ao Brasileiro de famílias com renda
Consumidor Geografia e mensal entre 1 e 40
Amplo Estatística salários mínimos.
INPC IBGE Variação de preços Medido nas 11 principais
Índice Instituto no varejo de itens regiões metropolitanas
Nacional de Brasileiro de consumidos por do Brasil.
Preços ao Geografia e famílias com renda
Consumidor Estatística mensal entre 1 e 6
salários mínimos.
IPA FGV Variação de preços Calculado para três
Índice de Fundação de produtos intervalos diferentes, ou
Preços ao Getúlio industriais e agrícolas seja, com três períodos
Produtor Vargas dos atacadistas ao de coletas, com datas
Amplo varejo. diferentes.
INCC FGV A variação de preços Usado no financiamento
Índice Fundação na construção direto das construtoras.
Nacional de Getúlio civil, como mão
Preços da Vargas de obra, materiais
Construção de construção e
Civil serviços.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

IGP FGV Variação de preços Muito usado em


Índice Geral Fundação através de uma contratos de longo
de Preços Getúlio média ponderada prazo, como reajuste de
Vargas de três índices: INCC aluguéis.
(10%), IPA (60%) e
IPC (30%).
IPC-Fipe Fundação Habitação, Dados referentes à
Índice de Instituto de alimentação, cidade de São Paulo.
Preços ao Pesquisas transportes, despesas Verifica o custo de vida
Consumidor Econômicas pessoais, saúde, das famílias com ganhos
da Fundação da USP vestuário e educação. mensais de 1 a 20
Instituto de salários mínimos.
Pesquisas
Econômicas
IGP-M FGV Formado por 60% Pesquisado entre os dias
Índice Geral Fundação do IPA, 30% do IPC e 21 de um mês e 20 do
de Preços do Getúlio 10% do INCC. Mede mês seguinte. Calculado
Mercado Vargas as mudanças de para três intervalos
preços de matérias- diferentes, ou seja, com
primas agrícolas três períodos de coleta
e industriais no diferentes, ou seja,
atacado e de bens apresentam-se em três
e serviços finais no versões diferentes, sendo
consumo. o Índice Geral de Preços -
10 (IGP-10), Índice Geral
de Preços do Mercado
(IGP-M) e Índice Geral de
Preços – Disponibilidade
Interna (IGP-DI).

Fonte: Site “Sua pesquisa” (2012).

A diferença entre os índices, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), está no período
de coleta das informações para cálculo do índice. O quadro a seguir compara o período de
referência de cada versão do IGP. Os preços coletados em cada período são comparados aos
levantados nos 30 dias imediatamente anteriores.

Figura 2 – Períodos de coleta de preços

Mês anterior Mês de referência


11 21 01 10 20 30
IGP - 10
IGP - M
IGP - DI

Fonte: FGV IBRE (2013).

Segundo o site do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE-FGV),

O IGP-10 mede a evolução de preços no período compreendido entre os dias 11 do


mês anterior e 10 do mês de referência. A série do IGP-10 teve início em 1993. O
IGP-M é coletado entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência. Sua
série começa em 1989. O IGP-DI é coletado entre o primeiro e o último dia do mês de
referência. A série histórica retroage a 1944.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

O IGP-M, diferentemente das demais versões, conta com um sistema de apurações


prévias divulgadas antes do fechamento mensal. Essas prévias apresentam resultados
parciais do índice com base na coleta realizada em períodos de dez dias.

A primeira prévia, divulgada com a denominação de primeiro decêndio, calcula as


variações obtidas a partir das informações colhidas no período de 21 a 30 do mês
anterior ao de referência, comparadas às levantadas ao longo dos trinta dias anteriores.
A segunda prévia expande o período de coleta para 21 do mês anterior a 10 do mês
de referência, apresentando resultados cumulativos. A terceira apuração é o próprio
IGP-M.

Acesse o site do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE-FGV), disponível na


Midiateca da disciplina, e obtenha mais detalhes sobre os índices.

3.3 Outras definições


• Juros: é o preço do dinheiro aplicado ou emprestado.

• Juros simples: é quando apenas o principal rende juros.

• Juros compostos: é quando, após cada período de capitalização, os juros são


incorporados ao principal e passam a render juros também.

• Risco país: é um conceito que busca expressar de forma clara e objetiva o grau do
risco de crédito a que investidores estrangeiros estão submetidos quando investem
no país. É o quão perigoso ou confortável pode ser investir em determinado país.

• Taxa de câmbio: de acordo com o Banco Central, a taxa de câmbio é o preço de uma
moeda estrangeira medido em unidades ou frações (centavos) da moeda nacional. A
taxa de câmbio reflete, assim, o custo de uma moeda em relação à outra. As cotações
apresentam taxas para a compra e para a venda da moeda, as quais são referenciadas
do ponto de vista do agente autorizado a operar no mercado de câmbio pelo Banco
Central.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

4 Como operar ações?


Após estudarmos os tipos de investidores possíveis, a análise da razão do investimento,
o prazo que necessitamos caso a caso e as principais terminologias necessárias; iniciaremos
a operação com ações – como bem pontuou Martins (2010) – com três requisitos principais:

a. Conhecimento — tudo aquilo que podemos obter em aulas, sites, obras clássicas,
pessoas experientes do mercado, cursos, sites idôneos etc.

b. Disciplina – porque qualquer atividade bem-feita é permeada por esse quesito; e

c. Experiência.

4.1 Como iniciar a escolha de ações?


A experiência do dia a dia fará com que cada profissional busque sua forma personalíssima
de trabalhar com ações. Martins (2010) oferece dicas imperdíveis, como:

• procurar por empresas geradoras de grandes lucros nos últimos anos;

• aplicar a análise gráfica na busca de empresas em tendência de alta, ou em reversão


da tendência de baixa;

• dar prioridade a ações:

▫▫ com boa liquidez, isto é, com alto volume de negociação, por não oferecerem
dificuldade em sua futura venda e por serem menos sensíveis à manipulação;

▫▫ de empresas com boa governança, em razão de maior confiabilidade perante


o mercado e provável maior pressão compradora devido a regras de certos
fundos de restrição a compra de empresas listadas nos níveis de governança
criados pela Bovespa;

▫▫ de empresas com perspectivas de aumento do lucro em relação ao exercício


anterior; e

▫▫ de empresas privadas, pois mesmo a lei das S.A. garante ao governo o direito
de dar às empresas sob seu controle objetivos não econômicos, deixando
claro que não irá privilegiar o acionista num eventual conflito de interesses.

• procure acompanhar a tendência do Ibovespa, pois o índice possui grande influência


nos preços das ações;

• evitar:

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

▫▫ ter preconceito (sem embasamento) em relação a certa empresa;

▫▫ insistir em seguidas compras de ações de uma empresa, após alguns prejuízos


registrados com essa ação, apenas para obter certa “vingança” em relação ao
papel; e

▫▫ executar a “média” (comprar mais ações após forte queda do preço, para
a perda média ser inferior e sua recuperação ser mais rápida) em vez de
efetuar a parada de perda (stop-loss) em empresas sem perspectivas gráficas
de valorização.

• Atenção: não existe no mercado de ações nenhuma operação com risco zero. Quanto
maior o risco, maior será o ganho ou a perda.

4.2 Corretoras de ações


Para a compra de ações, é necessário o preenchimento de uma ficha cadastral com
suas informações pessoais. Martins (2010) salienta que “só após referido cadastro ter sido
aprovado (prazo indeterminado que em geral varia de dois a quatro dias úteis), você estará
apto a comprar e vender ações”.

Segundo site institucional da Bovespa, a corretora:

• ajuda você a escolher as ações, de acordo com o seu objetivo financeiro;

• dá o suporte necessário para entender o funcionamento da Bolsa;

• define com você o seu perfil de investidor;

• fornece serviços facilitadores como o home broker (investimento via Internet),


relatórios de recomendação de ações, informativos, etc.;

• dá assessoria constante de especialistas que estão sempre atentos ao mercado;

• avisa sobre novos produtos no mercado, garantindo a diversificação dos seus


investimentos;

• informa sobre o recebimento de dividendos e outros bônus que as empresas pagam


aos acionistas.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

4.3 O que buscar numa corretora?


É importante saber avaliar e entender o que deve ser analisado no momento dessa
escolha, por isso elencamos algumas dicas mencionadas no site da Bovespa:

• decida qual é, para você, a melhor forma de interagir com a corretora (qual o canal:
telefone, internet, etc.) e consulte seus gastos com isso;

• entre em contato com mais de uma corretora e verifique o que ela poderá lhe
oferecer, bem como suas vantagens e facilidades. Pesquise taxas, serviços, benefícios
e verifique qual a que mais bem atende suas necessidades.

4.4 Existe melhor estratégia de investimento?


Cada caso requer uma análise personalíssima e diferente, por isso, não existe regra de
ouro quando o assunto é mercado financeiro. Valer-se das melhores práticas, analisar o perfil
do investidor, o montante a ser investido e o prazo de aplicação geralmente norteia bem o
caminho a percorrer.

4.5 Qual é o mínimo de ações recomendável para se ter em carteira?


Não existe um número mínimo nem máximo de ações. O interessante é avaliar caso a caso
o número de ações, bem como sua diversidade. A diversidade em carteira tem o propósito de
“não se colocar todos os ovos numa mesma cesta”, como bem diz o jargão popular.

Recomenda-se, também, que a diversidade também seja de diferentes setores, pois,


se um setor tiver uma baixa, certamente não haverá comprometimento do todo, com essa
pulverização.

Considerações finais
Neste capítulo, o cerne a ser aprendido foi exatamente incluir aqui algumas definições
importantes para o leitor, tais como PIB, inflação, seus principais índices, noções de juros
(simples e composto), risco país e taxa de câmbio, para, a seguir, listarmos como operar ações
de forma inicial e fecharmos o assunto com como e onde se basear para escolher inicialmente
uma ação, seguindo com necessidades, estratégias e recomendações.

Nossa proposta de ensino abrangerá caso a caso nas próximas aulas, análises mais
elaboradas, ampliando aos poucos os conceitos e informações necessários de cada produto,
para que nosso aprendizado seja de forma gradual e contínua.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Referências
BACEN. Banco Central do Brasil. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pt-br/paginas/default.
aspx> Acesso em: 6 set. 2013.

BOVESPA. Bolsa de valores e futuro. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br>. Acesso


em: 5 set. 2013.

FGV IBRE. Instituto Brasileiro de Economia FGV. Índices gerais de preços. Disponível em:
<http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumChannelId=402880811D8E34B9011D92B6160B0D7D>.
Acesso em: 7 out. 2013.

G1. Economia brasileira cresce 1,5% no 2º trimestre, diz IBGE. Disponível em: <http://g1.globo.
com/economia/noticia/2013/08/economia-brasileira-cresce-15-no-2-trimestre-diz-ibge.html>.
Acesso em: 7 out. 2013.

MARTINS, L. Aprenda a Investir: saiba onde e como aplicar seu dinheiro. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2010.

SECURATO, R. Mercado financeiro: conceitos, cálculo e análise de investimento. 3. ed. São


Paulo: Saint Paul, 2009.

SUA PESQUISA. Índices de inflação no Brasil. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/


economia/indices_inflacao_brasil.htm>. Acesso em: 7 out. 2013.

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Investimento e crédito: estratégia para o
futuro

Aula 05
Análise da situação financeira individual – parte 1

Objetivos Específicos
• Identificar as situações financeiras individuais possíveis (endividado,
inadimplente e sobra de caixa) e propor alternativas de produtos disponíveis
no mercado para investimento ou recuperação.

Temas

Introdução
1 Tipos de situações financeiras
2 Iniciando o planejamento
3 Dívida e inadimplência
4 Possibilidades de enfrentamento das dívidas
5 Após o enfrentamento das dívidas – o que continuar fazendo
6 Endividado
Considerações finais
Referências

Professora
Ana Luiza Alves Lima
Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Introdução
Neste capítulo iremos abordar e demonstrar as situações financeiras individuais possíveis
(endividado, inadimplente e sobra de caixa) e apresentar alternativas de produtos disponíveis
no mercado para investimento ou recuperação, caso a caso.

Essa análise é de suma importância para avaliarmos – a partir do quadro existente – por
quais caminhos devemos percorrer para maximizar nossas possibilidades e potencializarmos ao
máximo nossos investimentos, ou se for o caso, quais alternativas possíveis para recuperação.

Vamos aos estudos!

1 Tipos de situações financeiras


Para que possamos analisar a situação financeira, é necessário identificar o valor dos
rendimentos e dos gastos.

• Se o rendimento for superior ao gasto — sobra de caixa. Dependendo do valor que


tiver disponível, pode-se sugerir algumas possibilidades de investimentos, após ser
avaliado o perfil de investidor (já delineado na aula anterior).

• Se o rendimento e os gastos empatam em seus valores. Pode-se sugerir uma análise


mais criteriosa dos gastos, com o intuito de averiguar, por exemplo, a possibilidade
de exclusão de alguns itens para que haja alguma sobra de caixa para investimentos.
Exemplos:

▫▫ Criar e especificar prioridades, para que se possa excluir itens supérfluos ou


passíveis de remanejamento.

▫▫ Avaliar se é possível obter alguma renda extra, para que esta condição
momentânea de “empate” não se torne negativa e comprometa a receita.

• Se o rendimento for inferior ao gasto — saldo negativo. É necessário analisar quais


são as prioridades para pagamento e quais são as saídas para equilibrar melhor as
finanças e liquidar as pendências.

O fato de não existir saldo a aplicar, não significa que nada poderá ser realizado;
pelo contrário, deve-se buscar formas para minimizar os impactos negativos e tentar
reduzir as despesas e, assim, buscar o aumento dos rendimentos, por exemplo.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

2 Iniciando o planejamento
Planejar é fundamental para nossas finanças. Sem planejamento, o comprometimento
com o futuro fica vago.

Como o próprio verbo sugere, planejar é decidir antecipadamente o que, como e quando
fazer com os nossos recursos. Se não tivermos essas questões muito bem definidas, o dinheiro
poderá ser mal utilizado e, então, fica bem mais difícil cumprir alguma meta, pois a pessoa
não sabe ao certo onde se quer chegar.

Segundo Guindani (2011),

O processo de planejamento é uma atividade de extrema importância para o ser


humano, haja vista que este sempre decide suas ações futuras de acordo com as
escolhas de alternativas que lhe são aventadas continuadamente. O planejamento
é compreendido como um processo lógico que auxilia o comportamento humano
racional na consecução de atividades intencionais voltadas para o futuro. Esse
comportamento racional, objetivando a ação futura, constitui a essência do
planejamento.

Um exemplo interessante seria a reforma de nossa cozinha. Durante a obra, de repente,


se deseja mudar o fogão de lugar, trocar a geladeira e, já que está quebrando tudo, aproveita
para trocar a posição da pia, entre outros.

Para realizar todas as alterações, é necessário que o profissional da obra saiba exatamente
o que se deseja na cozinha. A posição correta do fogão, da pia, para que ele planeje
antecipadamente para onde deverá direcionar os canos, as saídas de água, do gás, bem como
os móveis. Não adianta somente ter o dinheiro, os materiais da reforma e o profissional da
obra; sem um planejamento pode-se ter complicações e dores de cabeça desnecessárias. Por
isto, é primordial e incontestável que o planejamento seja feito antes, para que não exista
problemas futuros.

Isso acontece de maneira semelhante com as nossas finanças. Quanto maior o


planejamento e sua antecipação, melhor para a consecução dos trabalhos e do resultado;
sem desperdício de tempo, de recursos, de idas e vindas.

2.1 Prática de anotar os gastos


Cada pessoa tem consciência de onde, grosso modo, gasta o seu dinheiro e quais são
suas necessidades básicas e seus supérfluos (mesmo que não tenha o hábito de planilhar/
anotar as despesas). Planejar, nada mais é, que escrever o que se pretende para o futuro e
verificar se as ações presentes estão condizentes com o objetivo.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Ao fazermos as anotações na prática, apesar de sabermos os valores das nossas despesas


básicas – como água, luz, aluguel, condomínio, telefonia etc. – , existem algumas despesas
– como alimentação, cafés, lanches, jogos em lotérica etc. – , que realizamos de forma
fracionada e que, ao computarmos “na ponta do lápis” podem nos trazer surpresas incríveis.

No caso em questão, quase sempre são surpresas negativas e desagradáveis. A soma


destes hábitos (em termos financeiros) podem ser justamente o “ralo” que está minando
com nossas receitas de forma silenciosa.

Portanto, para iniciarmos essa análise com maior riqueza de detalhes,


sugerimos a elaboração de uma planilha simples e clara (realizada à mão, em
computadores ou smartphones), para você anotar a discriminação da receita e
dos gastos, a data e o valor de todos os itens, um a um, sem nenhuma exceção.
Ao realizar a soma dos gastos subtraindo com a soma da receita, você verificará
se o saldo é positivo, negativo ou empatado.

O orçamento deverá estar claro e delineado para que possa entender onde está indo o
dinheiro e se é este mesmo o destino que queremos dar a ele.

Por exemplo: Durante a semana, se você tomar café 3 vezes por dia em uma padaria,
serão 15 cafés por semana e, no curso de um mês, serão 60 cafés. Se o custo unitário do café
for R$3,00, você terá gasto R$ 180,00 no mês. O que parecia ser irrelevante no início, poderia
ajudar para pagar alguma dívida e regularizar seu equilíbrio financeiro.

Esse exemplo é apenas um entre vários possíveis, e tem o condão de nos permitir
verificar quais são as nossas prioridades e se estamos, de fato, direcionando nossos esforços
neste sentido.

Nos dizeres de Martins (2010):

(...) maus hábitos, como comprar por impulso ou como terapia contra a depressão,
devem ser cortados. A utilização sem controle do cartão de crédito e do talão de
cheques deve ser restringida. Há pessoas que, ao possuírem talão de cheques e
cartão de crédito, acabam por esquecer o valor gasto e confundi-los com pedaços
de papel e plástico com fundos ilimitados, mas não são. Uma prática que adoto e
considero eficaz para melhorar o controle orçamentário é mensurar a magnitude das
despesas mensais e avaliar sua presença na composição do orçamento considerado
o gasto anual e não apenas o mensal. Por exemplo, uma tarifa bancária mensal de
R$ 22,00 resulta após um ano em R$ 264,00; ao incorporar juros de 1% ao mês (que

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

receberíamos em uma aplicação financeira) temos um montante final de R$ 279,00.


Esse valor em dez anos é mais que R$ 5.000,00 gastos em tarifa bancária.

Por isso, reiteramos pedido de análise de forma completa – lembrando-se de todos


os gastos. Serão os pequenos ajustes e as pequenas ações que farão toda a diferença no
resultado final. Acreditem!

Outra dica importante que se menciona aqui é o fato de algumas pessoas criarem na
coluna “gastos” um valor a poupar todo mês como se fosse despesa fixa, assim, como tal e
qual outra prestação, elas “se obrigam” a reservar determinada quantia para esta finalidade.

Existem pessoas que também criam uma “despesa” chamada Emergências, e novamente,
se “obrigam” a separar dita quantia para esta finalidade.

Vale frisar que não existe certo e errado aqui. Existe sim, a necessidade de não se deixar
nada, absolutamente nada de fora da planilha mensal. Se existem rendimentos extras com a
venda de algum produto, por exemplo, este rendimento deve constar na receita.

A tabela não requer nenhuma experiência avançada, e o exemplo abaixo é meramente


exemplificativo:

Data Discriminação Receita Gastos Saldo


01/08/2013 Salário R$ 2.000,00
Convênio
01/08/2013 R$ 120,00 R$ 1.880,00
médico
03/08/2013 Escola R$ 200,00 R$ 1.680,00
05/08/2013 Gás R$ 12,00 R$ 1.668,00
05/08/2013 Luz R$ 35,00 R$ 1.633,00
10/08/2013 Condomínio R$ 90,00 R$ 1.543,00
15/08/2013 Telefone fixo R$ 80,00 R$ 1.463,00
15/08/2013 Telefone celular R$ 50,00 R$ 1.413,00
Cartão de
20/08/2013 R$ 900,00 R$ 513,00
crédito
21/08/2013 Poupança R$ 200,00 R$ 313,00
30/08/2013 Padaria do mês R$ 180,00 R$ 133,00

Atenção: todas os gastos devem constar rigorosamente na planilha por mais


insignificantes que possam parecer, sob pena de macularmos o seu resultado. “Esquecer” de
itens aparentemente irrelevantes resultará em dados irreais, ou parcialmente verdadeiros, e
nosso exercício aqui é exatamente tornarmos próximos do quadro mais fidedigno possível da
nossa realidade.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Criada a sua própria planilha, gaste alguns minutos avaliando todos os gastos (sem
pressa) e verifique se existe alguma “surpresa” que até então você nem reparava no quanto
impactava em suas finanças.

Nos dizeres de Guindani (2011):

O orçamento é uma forma de expressão do planejamento estratégico em número, ou


seja, é uma expressão quantitativa e formal dos planos da organização. Ao elaborar
um planejamento orçamentário, a busca é por construir um modelo simplificado, o
qual represente a realidade econômica e financeira e que protege o futuro.

3 Dívida e inadimplência
Há diferenças entre estes dois conceitos:

• Dívida pode ser definida como uma obrigação decorrente de um empréstimo


ou parcelamento. Quem possui dívidas, não necessariamente está inadimplente,
mas somente especifica que esta pessoa tem parte do seu rendimento mensal
comprometido com referida dívida. Ela pode ter realizado um empréstimo bancário,
por exemplo, para comprar um automóvel, e assim, ter contraído uma dívida
financiada. Ela pode ter trocado uma geladeira ou televisão, e com isto, optado por
um parcelamento no cartão de crédito, são inúmeras as possibilidades.

• Inadimplência, de acordo com o dicionário Houaiss, significa que é “aquele que falta
ao cumprimento de suas obrigações jurídicas no prazo estipulado”, ou seja, ela advém
de um atraso no pagamento de uma dívida, e então, o referido valor (dependendo do
título) poderá ser levado a protesto ou permitir o envio do nome do devedor a órgãos
de proteção ao crédito como o SERASA ou mesmo Serviço de Proteção ao Crédito
(SPC), como também ações judiciais correspondentes. Este caso não se trata somente
de ter contraído uma dívida, mas sim, que a pessoa que a contraiu deixou de pagá-la
no período de tempo determinado.

A inadimplência compromete o devedor a buscar novos financiamentos, empréstimos


ou créditos, dificultando e diminuindo suas possibilidades de solvência por alguns caminhos.
Cuidar e preservar o nome evitando que as dívidas cheguem ao patamar da inadimplência é
medida certeira para que uma dívida não vire “uma bola de neve”.

No exemplo citado, a pessoa que realizou um empréstimo para a compra de um


automóvel se tornou um endividado. Se após a contração da dívida, ela não consegue pagar
a sua prestação mensal, ela passa, além de possuir a dívida, estar também em estado de
inadimplência.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

4 Possibilidades de enfrentamento das dívidas


• Diagnóstico financeiro: é fundamental e essencial anotar todos os gastos para se
ter pleno domínio do que é feito com o dinheiro e suas possibilidades (como já
exemplificado neste capítulo);

• Com os dados anotados, será possível planilhar os gastos e analisar caso a caso, o que
poderá ser cortado ou diminuído ou substituído, bem como constatar os excessos;

• Distinguir na hora da compra: é essencial ou é supérfluo? Preciso disto realmente?


Às vezes, o endividamento se deu por compras desnecessárias, e se as perguntas
acima se tornarem um hábito, é possível que a forma de lidar com o dinheiro também
mude. Nos dizeres de Martins (2010):

Muita gente se contagia pelo clima de “consumismo” e compra qualquer coisa que
estiver em oferta, mesmo que o produto não sirva para absolutamente nada. Este é
um erro muito comum e um dos principais fatores que o levarão a fechar o mês com
saldo no vermelho.

• Se ainda houver possibilidades de linhas de crédito, muitas vezes, o caminho menos


oneroso pode ser este: buscar um empréstimo com taxas menores que as do cartão
de crédito e do cheque especial para liquidar as dívidas atrasadas e continuar com o
“nome limpo”, passando a dever somente para este empréstimo até liquidação total.
Apesar disto não resolver a causa do problema, ele minimiza os impactos negativos
de um “nome sujo” e possibilita que o devedor “volte a respirar”, pagando taxas
menores num único empréstimo. É uma possibilidade para reduzir o endividamento.

• A análise pertinente é: checar os juros de cada dívida atrasada contraída, e se tiver


que priorizar, pagar as com maiores juros primeiro, por razões óbvias.

• Atenção ao aceitar reparcelamento de dívidas. Assegure-se que as novas parcelas


“cabem no seu bolso” antes de fechar a negociação, pois isto poderá virar uma “bola
de neve” se mal administrada.

• Verifique se existe alguma campanha de renegociação vigente. Algumas empresas


fazem mutirão para liquidação de dívidas com condições especiais. Verifique essa
disponibilidade e avalie antes de sair fechando qualquer acordo.

• Como a situação chegou ao ponto que está, é primordial repensar na forma como
lidar com o dinheiro, pois existiram razões para este quadro ter chegado ao ponto que
chegou, e reduzir despesas seria muito salutar para o retorno do equilíbrio financeiro.

• Respeitar o dinheiro. Criar o hábito de “juntar dinheiro” para comprar à vista é uma
dica interessante. Talvez o início desta forma de lidar com o dinheiro faça com que as
questões futuras sejam de uma forma mais saudável.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

5 Após o enfrentamento das dívidas – o que continuar


fazendo
Posto um plano de ação em prática, é necessário dar continuidade às estratégias para
que elas continuem funcionando com regularidade. Logo após adquirir estabilidade e ter
conseguido a liquidação da dívida, é primordial:

• Continuar com a planilha que discrimina todas as despesas e receitas, com o intuito
de evitar cair na mesma armadilha já passada;

• Evitar ter limite de cartão de crédito ou cheque especial muito superior ao próprio
rendimento. Isso é uma tentação que muitos sucumbem;

• Iniciar com uma reserva mensal de um percentual do rendimento para poupança, e


criar este hábito de forma continuada;

• Iniciar uma reserva mensal para emergências, também de forma continuada;

• Buscar comprar à vista para não comprometer rendimentos futuros, se possível,


evitando, também, o endividamento;

• Continuar distinguindo o que é supérfluo do que é essencial. Perguntar-se se


realmente precisa disto ou daquilo ajuda bastante.

6 Endividado
Uma pessoa endividada é aquela que realiza seu planejamento ou sua forma de viver
parcelando suas compras e aquisições, comprometendo parte das suas receitas futuras com
suas compras no presente.

A questão a ser analisada com bastante minúcia é que, se esta prática se repetir por
diversos meses, seu efeito será o acúmulo desenfreado de parcelas a vencer, podendo restar
pouco ou quase nada para as despesas necessárias mensais. E a pessoa que inicialmente
era só uma endividada, pode passar para a categoria de inadimplente, caso comece a ter
dificuldades em honrar seus compromissos.

A linha aqui é tênue. A atenção e o planejamento poderão ajudá-lo a manter-se saudável,


sob o ponto de vista financeiro.

Segundo Martins (2010), as boas práticas dizem e aconselham o endividamento de até


30% da receita líquida, embora o ideal seja de até 20%. Comprometer a renda futura pode
ser mais complicado do que se imagina. É fato que as linhas de crédito estão mais abertas e
parece tentador realizar algumas aquisições, mas quanto mais formos parte desta ciranda,

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

mais comprometida ficará nossa receita e mais dificuldade de manobra teremos para sair
desta verdadeira roda-viva.

A dívida pode se tornar uma tremenda armadilha:

(...) devemos nos manter bem afastados das dívidas e financiamentos, como também
do cartão de crédito, que é útil apenas para quem ganha créditos com seu uso, como
milhagens e créditos para compras de bens, e também utiliza a diferença de um mês
entre a compra e o pagamento para deixar o dinheiro aplicado. Mas nunca deve ser
usado para pagar altas taxas de anuidade nem para parcelamento com juros do valor
total da fatura. Devemos sempre pagar a fatura na data do vencimento e com valor
integral, sem financiar parte alguma. (MARTINS, 2010).

Apesar da recomendação acima, na prática e diante de algumas dificuldades ou


oportunidades, é sabido que podemos não seguir esta dica e então, iniciarmos nosso processo
de endividamento.

E seguindo a orientação do professor Martins (2011):

Se você já entrou nessa “arapuca” e não está mais conseguindo sair (pois além dos
juros, há inúmeras taxas cobradas pela utilização dessa “armadilha”), o caminho mais
rápido para se livrar dela seria contrair um financiamento junto ao banco, que beira
os 5%, para liquidar sua dívida que é corrigida a 10% no cheque especial ou cartão de
crédito.

Considerações finais
Neste capítulo, demos início ao entendimento quanto ao endividado, inadimplente, e
antes de completarmos todos estes assuntos, caminhamos por exemplos e algumas definições
essenciais e determinantes para então, prosseguirmos com a continuidade dos assuntos no
próximo capítulo com o mesmo tema, uma vez que não conseguiríamos esgotar os temas
num único capítulo.

Referências
GUINDANI, A. et al. Planejamento estratégico orçamentário. Curitiba: Ed. IBPEX, 2011 (Série
Administração Estratégica).

HOUAISS. Grande dicionário da língua portuguesa Houaiss. Disponível em: <http://houaiss.


uol.com.br/busca?palavra=planejar>. Acesso em: 20 set. 2013.

MARTINS, L. Aprenda a Investir: saiba onde e como aplicar seu dinheiro. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2010.

PROCON. Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor. Disponível em: <http://www.


procon.sp.gov.br>. Acesso em: 05 set. 2013.
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Investimento e crédito: estratégia para o
futuro

Aula 06
Análise da situação financeira individual – parte 2

Objetivos Específicos
• Identificar as situações financeiras individuais possíveis (endividado,
inadimplente e sobra de caixa) e propor alternativas de produtos disponíveis
no mercado para investimento ou recuperação.

Temas

Introdução
1 Inadimplência
2 Crédito
3 Instalada a inadimplência, como agir?
4 Sobra de caixa
Considerações finais
Referências

Professora
Ana Luiza Alves Lima
Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Introdução
Neste capítulo daremos continuidade à matéria iniciada no capítulo anterior, abordando
inicialmente as questões de inadimplência, algumas considerações sobre o crédito, como
agir em caso de inadimplência instalada, fechando com o assunto “sobra de caixa”, além de
iniciar a apresentação de alternativas de produtos disponíveis no mercado para investimento
ou recuperação, caso a caso.

Vamos aos estudos!

1 Inadimplência
Segundo o próprio dicionário da língua portuguesa, Antonio Houaiss, inadimplência
significa ato ou efeito de inadimplir, falta de cumprimento de uma obrigação, e é sobre essa
falta que iremos abordar agora.

Ultrapassada a questão do endividado, que é aquela pessoa que decidiu por parcelar ou
dividir suas compras, sem que com isto, comprometesse sua vida financeira, passaremos a
estudar a pessoa inadimplente, que é justamente aquela pessoa que, após ter se endividado,
se encontra numa situação de impossibilidade financeira para honrar seus compromissos
dentro do prazo inicialmente estabelecido.

Essa questão – de estar inadimplente – já foi mais intensa, quando inexistia o Código
de Defesa do Consumidor (ele foi sancionado em 1990) e os inadimplentes passavam por
inúmeros constrangimentos de toda monta. Eram ridicularizados, ameaçados, e sofriam até
perseguições absurdas e abusivas.

Hoje em dia – felizmente – existe a proteção da pessoa consumidora através de sistemas


de defesa, bem como é proibido por lei, no momento da cobrança do que é devido, qualquer
ato que exponha o devedor de forma desnecessária.

O devedor não pode ser ridicularizado, nem submetido a qualquer outro constrangimento.
Deixar recado na portaria de um prédio, com um vizinho ou colegas de trabalho, são atitudes
inaceitáveis de qualquer credor ou de qualquer empresa que realiza a cobrança.

Propagandas enganosas, omissas ou abusivas também estão vedadas e contempladas


no Código de Defesa do Consumidor, que tem punido com maestria esse tipo de abordagem.

Atitudes assim ensejam medidas judiciais do devedor contra quem as realizou, cabendo
a propositura de ação judicial por danos morais para indenizar qualquer arbitrariedade neste
sentido. Aliás, existe uma Seção (V) nesta lei dedicada exclusivamente à cobrança de dívidas.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

A discrição e o respeito ao consumidor (adimplente ou inadimplente) deve ser a mesma,


pois estamos pautando a conduta esperada dos cidadãos, e não sua condição enquanto
pagador.

“Ter o nome sujo” – no jargão popular –, já é motivo de muitas preocupações para a pessoa
inadimplente, não precisando passar por mais nenhuma outra situação constrangedora.

Importante destacar que a inadimplência permite ao credor informar ao SERASA ou


Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) sobre esta pendência, e dependendo do título que se
deve, leva-lo a protesto.

É importante destacar que esses órgãos (SERASA e SPC) são importantíssimos, tanto para
os lojistas quanto para os consumidores em geral.

A inserção dos inadimplentes neste cadastro permite e contribui para a saúde financeira
das empresas, que buscam informações antes de conceder créditos. E mais, preocupam-
se com seu próprio negócio, podendo deixar este serviço para estes órgãos que possuem
ferramentas avançadas e eficientes.

E quanto aos consumidores, privilegia os bons pagadores, uma vez que se nada consta
no banco de dados, o crédito ou financiamento será ágil e positivo.

Cheque sem provisão de fundos, carnês de lojas em atraso, cartões de crédito sem o
pagamento no vencimento ao menos do mínimo ali estipulado, empréstimos em financeiras
com vencimento atrasado, notas promissórias protestadas, ação judicial tendo como objeto
alguma dívida, tudo isso são exemplos possíveis de situações de inadimplência.

O problema da inadimplência, além da dívida em si, são as restrições que advêm


desta condição: a pessoa passa a ter restrições no seu nome (ou CPF), além de restrições
de crédito em si, o que pode inviabilizar algumas alternativas para sanar esta condição de
impontualidade.

Em caso de busca de recolocação de emprego, com o nome comprometido, são pessoas


que podem ser vistas ou analisadas com reservas, uma vez que (de alguma forma) se puseram
nesta situação de inadimplência.

Não queremos com isto dizer que ter crédito é algo negativo, claro que não é, mas o uso
indiscriminado deste recurso pode comprometer (e muito) nossa saúde financeira.

O crédito deve ser utilizado com muita consciência, pois os dissabores podem ser maiores
que as alegrias.

Dificilmente uma pessoa que parcela suas contas no cartão de crédito, as somam para
depois realizar outras compras parceladas, e no caso do inadimplente, isso parece mais
recorrente. Essa falta de controle faz com que – mais cedo ou mais tarde – o descontrole
aflore e se desdobre em tantas outras situações indesejadas.
Senac São Paulo- Todos os Direitos Reservados 3
Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Acompanhar os ganhos e os gastos de perto fará com que situações de inadimplência


não se repitam, favorecendo sobremaneira seu saldo final de cada mês.

Fazer dívida é fácil, a questão é ter recursos para liquidá-las nas épocas próprias.

Revisar faturas, verificar se o pagamento efetuado foi lançado, acompanhar extratos


bancários, por exemplo, são todas posturas que devem fazer parte da nossa rotina, pois pode
haver erros, e se eles não forem impugnados ou reclamados, passarão como corretos.

2 Crédito
Nas palavras de Kerr (2011):

Crédito é transação comercial em que um comprador recebe imediatamente um bem


ou serviço adquirido, mas só fará o pagamento depois de algum tempo determinado.
Essa transação pode também envolver apenas dinheiro. O crédito inclui duas funções
fundamentais: confiança expressa na promessa de pagamento e tempo de aquisição
e liquidação da dívida.

Portanto, crédito em si é uma transação positiva, desde que a pessoa saiba moderar seu
uso, haja visto que as implicações da utilização incorreta podem ser devastadoras.

3 Instalada a inadimplência, como agir?


Uma vez instalada, a inadimplência – como já vimos – deve ser estancada o quanto
antes, sob pena de virar “uma bola de neve” e como todo mundo sabe, nosso nome é nosso
maior patrimônio, e sem ele, teremos outras tantas dificuldades conforme já mencionamos.

Após ter o nome comprometido e lançado nos órgãos de proteção ao crédito, o


importante aqui é localizar:

I. Quanto é devido?

II. Há quanto tempo está em atraso?

III. Para quem?

IV. Quais são as taxas de juros praticadas caso a caso?

A seguir, o ideal é analisar criteriosamente o próprio orçamento mensal, e verificar


quanto poderá ser destinado por mês para saldar essa dívida.

Atenção: essa análise é primordial para que possamos avaliar o quanto poderemos
oferecer aos credores, e por quanto tempo.

Um empréstimo pessoal também pode ser uma alternativa.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Analisar o quanto vai se pagar de juros do novo empréstimo e quanto de juros estamos
pagando nas dívidas vencidas é determinante para optarmos com firmeza na melhor
possibilidade.

Buscar encolher as despesas ou se privar momentaneamente de alguma despesa (se


possível) também pode aumentar a quantia disponível para liquidação da dívida já contraída
e não paga em seu termo.

A recomendação de Martins (2010) é:

(...) renegociar sua dívida, solicitando juros menores, ou alongamento do prazo sem
alterar o juro final a ser pago. Mas nunca se deve aceitar a primeira proposta do
credor. Alguns credores, quando solicitado, chegam a parcelar a dívida sem juros,
e ainda com algum desconto, a fim de receber de volta o valor principal da dívida.
Vale lembrar que o credor não faz propaganda disso para não incentivar outros a
tentar a mesma renegociação e assim reduzir seus lucros. Uma comprovação dessa
atitude dos credores são as empresas de créditos pessoais, que devido ao grande
índice de inadimplência, frequentemente convocam seus clientes com dívidas em
atraso por mais de três meses para oferecerem abatimentos em torno de 30% para os
interessados na liquidação da dívida.

Segundo Martins, quando o assunto é cartão de crédito, quem não consegue pagar o
total da fatura por dois meses, deve negociar com a administradora. Escrever uma carta
descrevendo o motivo do atraso e a forma como pretende liquidar seus débitos é uma
possibilidade.

A dica é enviar a carta sempre ao emissor do cartão, que em geral é um banco (não
mande o documento à administradora, a chamada bandeira do cartão). Fechado o acordo,
procure cumpri-lo.

Sempre que for realizada uma negociação, fazê-la por escrito ou através de anotação do
número do protocolo, pois se houver necessidade de alguma revisão ou questionamento, as
bases deverão estar ali discriminadas sem nenhuma margem de dúvida. Nenhuma negociação
deve se limitar ao verbal.

Particularmente, transações comerciais e financeiras, como qualquer contratação em


si, o ideal é sempre formalizar por escrito as regras combinadas, uma vez que esta prática
impossibilitará inúmeros desgastes advindos do “diz que me disse”.

Caso desconheça quem tenha lhe protestado, o caminho é solicitar uma Certidão de
Protestos junto ao cartório de sua cidade. Com a certidão em mãos, terá todas as informações
que necessita para iniciar a negociação junto ao credor.

Em casos de cheques devolvidos por falta de fundos, resgate-os e os devolva à instituição


financeira e peça ao seu gerente que solicite a referida baixa.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Se desconhecer ou não tiver anotado no canhoto do cheque para quem o emitiu, solicite
uma microfilmagem do mesmo para, em seguida, resgatá-lo.

Caso o seu credor tenha perdido seu cheque, uma carta com firma reconhecida dirigida
à instituição bancária é o caminho para a baixa deste cheque.

Como se percebe, sempre haverá uma forma, um caminho a percorrer, e


independentemente do tamanho da sua necessidade, é sempre positivo resolver pendências
financeiras tão logo seja possível.

4 Sobra de caixa
Iniciaremos a análise de uma pessoa que pode até ter algum endividamento, mas seu
saldo não está comprometido por conta disto, e por isso, sobra saldo positivo após seus
lançamentos.

A primeira colocação a ser avaliada aqui é o prazo que a pessoa quer investir, pois
dependendo do seu interesse e planejamento, as possibilidades são múltiplas.

Somada a esta análise, é importante considerar o perfil do investidor, para conciliar os


interesses.

Em casos de curto ou médio prazo, os riscos não podem ser muitos, e o critério aqui deve
ser evitar aplicações de renda variável, e muito menos operações alavancadas.

Vale ressaltar, que renda variável, como o próprio nome sugere, é toda aplicação que
não se pode estabelecer um percentual fixo de ganhos; e operações alavancadas, nos dizeres
do próprio Martins (2011), é a modalidade de operação que permite assumir posições em
volumes financeiros superiores ao capital próprio utilizado.

A tradicional caderneta de poupança pode ser uma alternativa, ou Letras de Crédito


Imobiliário (LCI), ou Fundos de Renda Fixa com baixa taxa de administração, ou quem sabe
até Tesouro Direto.

Letras de Crédito Imobiliário (LCI), foi criada pela Medida Provisória Nº 2.223, de
2001, e trata-se de um título de crédito cujo lastro são créditos imobiliários garantidos por
hipoteca ou por alienação fiduciária do imóvel. As Letras de Crédito Imobiliário podem
ser emitidas pela Caixa Econômica Federal, por bancos comerciais, bancos múltiplos
com carteira de crédito imobiliário, sociedades de crédito imobiliário, associações de
poupanças e empréstimos, e companhias hipotecárias.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Quanto ao prazo, não pode ser superior ao prazo de qualquer dos títulos imobiliários que
as fundamentam.

Quanto à remuneração, esses títulos permitem uma das seguintes alternativas:

• Taxa prefixada;

• Taxa pós-fixada;

• Indexada à TR;

• Indexada à índices de preços, devendo ser observado que, se o prazo for superior a
36 meses, a periodicidade de atualização deve ser mensal; e se o prazo for inferior
a 36 meses, a periodicidade de atualização deve ser igual ou superior a um ano. O
pagamento de juros e amortização realizados em períodos inferiores a um ano devem
ter como base de cálculo o valor nominal, sem considerar a atualização monetária.

E quanto ao Tesouro Direto, é importante frisar que em 7 de janeiro de 2002, o


Tesouro Nacional em conjunto com a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC),
implementou o Programa Tesouro Direto, que possibilita a aquisição de títulos públicos por
parte das pessoas físicas pela internet.

O Tesouro Direto oferece essa possibilidade de compra de títulos da dívida pública a


qualquer momento, através da internet, a partir de aproximadamente R$ 30,00, conforme
bem salienta Martins (2010), e liquidez garantida pelo Tesouro Nacional diariamente pelos
preços de mercado.

Vale ressaltar que antes desta possibilidade – através da internet –, os compradores


de títulos públicos restringiam-se aos bancos, corretoras, bem como qualquer instituição
financeira registrada na Selic.

Conforme o valor a ser aplicado for aumentando, também aumentarão as possibilidades


e as chances de maior rentabilidade.

O valor da aplicação também é uma das variáveis que determinam quais as possibilidades
de investimento.

O ditado popular que diz “cada cabeça uma sentença” é de fato, uma máxima que se
aplica aqui.

Apesar da sobra de caixa ser uma situação positiva, é necessário planejar e verificar
quais são as intenções do investidor para esta sobra.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Podemos definir este processo por etapas, a saber:

a. Implementação de uma estratégia (o que espero fazer com o dinheiro no futuro?);

b. Implementação de um prazo (quando precisarei deste recurso? Em curto, médio ou


longo prazo?); e

c. A
nálise de como distribuir este recurso nos diversos produtos de investimentos
(será que é conveniente deixar todo o meu investimento num produto só, ou variar
o seu portfólio, para diluir o risco caso alguma instituição não possa arcar/honrar o
pagamento?).

As sugestões são múltiplas:

• Iniciar uma previdência privada?

• Realizar um aporte na previdência já existente?

• Aplicar na bolsa de valores?

• Trocar de casa?

• Trocar o carro da família?

• Comprar outro imóvel?

• Fazer um seguro de vida e proteger a família?

Como vimos, todas as possibilidades são viáveis e devem ser avaliadas caso a caso, pois
não existe apenas a condição da existência do produto à disposição no mercado. Este produto
deve atender as necessidades personalíssimas de cada investidor, que deverá avaliar os prós
e contras de cada opção oferecida, uma a uma.

Escolher nem sempre é fácil, e o mercado está repleto de produtos e oportunidades que
fazem com que nossas dúvidas sejam cada vez maiores. Isso é normal e faz parte do leque de
opções possíveis, por isso da necessidade de se saber (de antemão) o que se pretende para
o futuro.

E atenção, o que é bom para o seu vizinho, seu cunhado, ou seu melhor amigo, não
necessariamente é o melhor para você. A avaliação deve recair sobre as suas necessidades,
os seus sonhos, as suas metas, que podem ou não coincidir com os destas pessoas.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Considerações finais
Procurar ajuda e tentar conciliar as dívidas atrasadas o quanto antes é fundamental para
que a situação crítica não passe a ser calamitosa e de difícil reparação.

É imprescindível se organizar e buscar meios para liquidar as contas, sob pena de


permanecer com o nome “sujo” e a situação cadastral comprometida.

Vimos que esta condição inibe novas possibilidades de crédito e compromete eventuais
análises de novos credores a seu respeito. Deixar para outro dia – a resolução de como agir
– só fará com que o assunto (e a dívida) tome proporções no estilo “bola de neve”, ou seja,
quanto mais postergarmos, maior ela poderá se tornar.

Um bom planejamento fará com que essas questões não se repitam.

Cuidar bem dos nossos recursos é determinante para que ele não evapore antes do mês terminar.

Outra consideração importante a ser dita é desconfiar de propostas para ganho de


dinheiro fácil. Isso é basilar e fundamental. Não existe oportunidade “única”, “imperdível”.
Decisões tomadas por meio de pressões geralmente não são as melhores decisões, e como
vimos, a emoção não é boa conselheira para casos financeiros, que devem ser pautados pela
razão, pela necessidade e pela vontade personalíssima.

De tempos em tempos vemos várias pessoas serem vítimas de investimentos fantasmas


ou de dicas aparentemente incríveis para aumentar seu patrimônio de forma ascendente e
acima da média do mercado.

Desconfie de convites “só por hoje” ou “aproveite esta oportunidade que só estou
dando a você”, pois tais propostas tentadoras não costumam estar revestidas de todas as
formalidades e princípios do mercado.

Pela teoria das finanças, a relação de risco e retorno é sempre clara: quanto maior o
risco, maior o retorno, e quanto menor o risco, menor o retorno.

Não existe milagre financeiro, nem oportunidade imperdível dada somente a você!

Quando se trata de dinheiro – no caso de golpes, por exemplo, que “vendem” um risco
baixíssimo por um lucro acima da média do mercado –, isso é insustentável em termos
práticos, não caia nessa arapuca nem se deixe levar pelas emoções e discursos inflamados.

Os golpistas podem, e se apresentam de formas muito sedutoras e fascinantes. Converse


com seus próximos sobre o que estão lhe ofertando e avalie a pertinência. Seja racional nesta
avaliação.

Evite tomar decisões com base em emoções ou só para ajudar um gerente a cumprir
uma meta.
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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

O negócio tem que ser bom para você, que poderá analisar a proposta oferecida e
ponderar seus prós e contras, e se esta proposta atende as suas necessidades e metas.

O SERASA, através do site Serasa Experience, disponibiliza vários guias de orientação ao


cidadão, onde existe a divulgação de informações precisas e preciosas para que o cidadão
possa fazer melhores escolhas e saiba evitar a inadimplência ou encontre soluções para sua
situação específica.

Vale investir um tempo nestes guias disponíveis pela internet, pois eles têm sido grandes
reguladores à população em geral, que cada vez mais, se conscientiza da necessidade de
entender melhor de finanças para que a vida se torne mais planejada, e com isto, com menos
surpresas negativas.

No próximo capítulo, reconheceremos os principais produtos disponíveis no mercado


financeiro, a fim de identificar o tipo de produto para cada pessoa.

Referências
BACEN. Banco Central do Brasil. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br>. Acesso em: 05 set.
2013.

HOUAISS. Grande dicionário da língua portuguesa Houaiss. Disponível em: <http://houaiss.


uol.com.br/busca?palavra=inadimplencia>. Acesso em: 22 out. 2013.

KERR, R. B. Mercado Financeiro e de capitais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.

MARTINS, L. Aprenda a Investir: saiba onde e como aplicar seu dinheiro. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2010.

SERASA. Serasa Experian. Disponível em: <http://www.serasaexperian.com.br/>. Acesso em:


22 out. 2013.

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Investimento e crédito: estratégia para o
futuro

Aula 07
Introdução ao mercado financeiro e suas alternativas
(produtos e características) – parte 1

Objetivos Específicos
• Reconhecer os principais produtos disponíveis no mercado financeiro e
identificar o tipo de produto para pessoa física.

Temas

Introdução
1 Conceitos e divisões
2 Mercado monetário
3 Mercado de crédito
Considerações finais
Referências

Professora
Ana Luiza Alves Lima
Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Introdução
Neste capítulo, realizaremos uma introdução ao mercado financeiro, apresentando uma
visão geral e as principais divisões destinadas às pessoas físicas, que neste caso, é o próprio
aluno.

Vamos aos estudos!

1 Conceitos e divisões
Segundo Securato, o mercado financeiro é:

(...) o conjunto de instituições e operações ocupadas com o fluxo de recursos


monetários entre os agentes econômicos. (...) Basicamente, é o mercado de
emprestadores e tomadores de empréstimos, sendo que o valor da remuneração
desses empréstimos é chamado de juros ou, em termos percentuais, de taxa de juros.
Essa taxa representa, em dado período, a remuneração relativa que os emprestadores
obterão e o custo relativo com que os tomadores de empréstimo terão que arcar.
(SECURATO, 2009, p. 21).

Intermediários financeiros são as instituições que desempenham essa função de criação


de mercado, reunindo tomadores e emprestadores, ou operadores. (SECURATO, 2009).

Segundo o Banco Central do Brasil, “no arranjo do sistema financeiro, as principais


instituições estão constituídas sob a forma de banco múltiplo (banco universal), que oferece
ampla gama de serviços bancários.”

Outras instituições apresentam certo grau de especialização, como por exemplo:

• Bancos comerciais;

• Bancos de investimento;

• Caixas econômicas;

• Sociedades de crédito e financiamento (direcionadas para o crédito ao consumidor);

• Bancos cooperativos e cooperativas de crédito (crédito voltado para os seus


cooperados);

• dentre outros.

Conforme ressalta Securato (2009), os bancos comerciais, os bancos múltiplos com


carteira comercial e as caixas econômicas ocupam posição de destaque no âmbito do sistema
de pagamentos. Já as cooperativas de crédito ficam em uma posição secundária.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Além das instituições supramencionadas, é importante citar que, atuando em nome dos
bancos, existe a figura dos correspondentes bancários, no qual pode-se relacionar tipicamente
as casas lotéricas, farmácias, supermercados e outros estabelecimentos varejistas que
oferecem alguns serviços bancários e de pagamentos, facilitando – e muito – a vida de todas
as pessoas.

O interessante destes serviços, inclusive, é o fato destes estabelecimentos estarem


em locais não atendidos pela rede bancária convencional, melhorando o atendimento ao
consumidor, além de significativamente aumentar os canais de atendimento, e em alguns
casos, expandindo o horário deste atendimento.

Segundo Securato (2009):

(...) também é fundamental compreender que o equilíbrio do mercado está ligado


ao valor das taxas de juros, ou seja, taxas de juros mais elevadas incentivam os
emprestadores (poupadores) a depositar mais recursos nos bancos com o objetivo de
receber a remuneração proporcionada por essa taxa. Por outro lado, se as taxas de
juros caírem de forma representativa, esses emprestadores (poupadores) não serão
estimulados a depositar seus recursos no banco por saber que seus rendimentos são,
agora, menores. Portanto, o mercado precisa encontrar a taxa de juros de equilíbrio,
isto é, a taxa que os emprestadores desejam fornecer precisa ser exatamente igual à
taxa que os tomadores desejam captar.

O mercado financeiro se subdivide em vários mercados, a saber:

• O mercado monetário envolve as operações de curto e curtíssimo prazo,


proporcionando um controle ágil e rápido da liquidez da economia e das taxas de
juros básicas pretendidas pela política econômica das autoridades monetárias. É o
mercado de títulos de alta liquidez.

• O mercado de crédito engloba as operações de financiamento de curto e médio prazo,


direcionadas aos ativos permanentes e ao capital de giro das empresas. Esse mercado
é constituído, basicamente, pelos bancos comerciais e sociedades financeiras.

• O mercado de câmbio abrange as operações de conversão (troca) de moeda de um país


pela de outro, determinada por diversas modalidades de transferência de recursos,
como empréstimos, investimentos, remessa de lucros e comércio internacional, e por
operações especulativas em moeda estrangeira.

• O mercado de capitais assume papel dos mais relevantes no processo de


desenvolvimento econômico. É – ou deveria ser – o grande municiador de recursos
permanentes para a economia, em virtude da ligação que efetua entre os que têm
capacidade de poupança – os investidores – e aqueles carentes de recursos de
longo prazo, isto é, que apresentam déficit de investimento. O mercado de capitais
está estruturado de modo a suprir as necessidades de investimentos dos agentes
econômicos através de diversas modalidades de financiamento de médio e de longo
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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

prazo para capital de giro e capital fixo. É constituído por instituições não bancárias,
instituições componentes do sistema de poupança e empréstimo (SBPE) e diversas
instituições auxiliares.

• O mercado de derivativos é formado por contratos privados, entre duas ou mais


partes, cujo valor é quase todo derivado do valor de algum ativo, taxa referencial
ou índice-objeto como uma ação, título, moeda ou commodity. Os contratos de
derivativos utilizam, portanto, um objeto de referência, do qual tais contratos
derivam – daí o nome derivativo – e funcionam somente em razão dessa referência.
Dividido em Futuros e Opções, o mercado de derivativos cresce de forma excepcional
no Brasil por meio da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), principal ambiente de
negociação. (SECURATO, 2009).

2 Mercado monetário
O mercado monetário – também chamado mercado de moeda – é uma subdivisão do
mercado financeiro. Como o próprio nome “monetário” sugere, está ligado à circulação da
moeda. Ele é o grande responsável pela formação das taxas de juros – a Taxa Selic (Sistema
Especial de Liquidação e de Custódia) – e o CDI.

Como descreve Securato:

O mercado monetário estrutura-se visando ao controle da liquidez monetária da


economia, em que os papéis são negociados tendo como referência a taxa de juros,
importante moeda de transição. Os papéis que lastreiam as operações do mercado
monetário caracterizam-se pela alta liquidez e pelos reduzidos prazos de negociação
(curto e curtíssimo prazo). (SECURATO, 2009, p. 83).

2.1 Liquidez
É um adjetivo dado a um ativo financeiro de fácil negociação, ou seja, o quão rápido
ele pode vir a se tornar dinheiro. Ativos com alta liquidez são comprados e vendidos com
facilidade.

Por exemplo, se você possuir um dinheiro depositado em um banco, este recurso é de


alta liquidez, uma vez que sendo o titular (ou tendo poderes para tal), você poderá sacá-lo
imediatamente. Assim, o curto e curtíssimo prazo refere-se ao prazo de compra e venda do
título. Ambas as características estão interligadas, pois a alta liquidez do título no mercado
monetário indica que há compradores e vendedores para esses papéis sempre que alguém
desejar negociar. Como a operação ocorre num curto/ curtíssimo espaço de tempo, há a
necessidade de se indagar para que se pretende aplicar os recursos.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Títulos sem liquidez não são negociados a curto/ curtíssimo prazo, pois não há tantos
compradores. Entender a questão da liquidez é determinante para que se possa aplicar de
forma a atender às suas necessidades reais.

Seguindo o que bem descreve Securato (2009):

Legalmente, diversos agentes econômicos, públicos e privados têm competência para


a emissão de títulos. Mas se ressalta que, além da previsibilidade legal, é fundamental
que o agente emissor tenha prestígio e confiança dos agentes do mercado financeiro
para garantir a liquidez aos papéis emitidos. Caso contrário, o emissor não conseguirá
emitir o título ou terá muita dificuldade em operá-lo no mercado secundário, o que
dificultaria futuras emissões.

Para constar:

• Mercado primário é aquele que compreende o lançamento de novas ações no


mercado, ou seja, é uma forma de captação de recursos para a empresa.

• Ocorrendo esse lançamento, as ações passam a ser negociadas no mercado


secundário, no qual efetivamente acontece a troca de propriedade de título.

• Isso posto, pode-se afirmar que no mercado primário quem vende as ações é a
companhia, e no secundário, o vendedor é você, investidor, que se desfaz das ações
para reaver seu dinheiro. Por isso que os negócios realizados em Bolsa de Valores
correspondem ao mercado secundário.

O mercado monetário, pela perspectiva político-econômica:

(...) é utilizado pelo BACEN para controlar a liquidez monetária da economia. Isso é
feito por meio de venda ou recompra de títulos públicos. Títulos públicos, do ponto
de vista legal, podem ser emitidos pelos municípios, estados, Distrito Federal, e
pela Federação, e são registrados como dívida mobiliária. Atualmente, por motivos
de liquidez são negociados apenas títulos públicos federais, emitidos pelo Tesouro
Nacional. (KERR, 2011).

Os referidos títulos têm sua utilidade para financiar a dívida pública, antecipar receitas
e controlar a liquidez da economia e são vendidos por intermédio de oferta pública (com ou
sem a realização de leilões – Tesouro Direto), e emissões destinadas a atender às necessidades
específicas.

Já os títulos privados, são divididos em dois grupos:

1. emissões de bancos, e

2. de empresas.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Dentre os emitidos pelos Bancos, temos o Certificado de Depósito Interfinanceiro


(CDI), negociados exclusivamente entre instituições financeiras, e o Certificado de Depósito
Bancário (CDB), que são vendidos ao público em geral.

De acordo com Kerr (2011), as empresas emitem debêntures e commercial papers (notas
promissórias). Esses títulos são registrados e custodiados na Central de Custódia e Liquidação
Financeira de Títulos (Cetip), similarmente ao que ocorre com os títulos públicos na Selic.

2.2 Debêntures
São títulos de dívida, de médio e longo prazo. Quem as adquire, possui um direito de
crédito contra a companhia emissora, ou seja, torna-se credor dessa companhia. Todas as
características deste investimento estão definidas na sua escritura de emissão. Qualquer
pessoa poderá investir neste título e suas vantagens podem ser elencadas como de maior
liquidez, rentabilidade maior que outras aplicações de renda fixa, como CDB, e o fato de você
saber quanto seu dinheiro vai render após o prazo estabelecido.

Cetip é uma sociedade civil sem fins lucrativos, criada pela Andima1 , e prestadora
de serviços que oferece suporte técnico e operacional às instituições, fomentando novos
mercados e trabalhando pelo desenvolvimento do Sistema Financeiro Nacional, desde março
de 1986, para preencher a lacuna de um sistema eletrônico de custódia e liquidação financeira
no mercado de títulos privados. Posteriormente, passou a garantir, custodiar e liquidar
operações envolvendo também títulos públicos, incluindo títulos estaduais e municipais que
ficaram de fora das regras de refinanciamento da dívida estadual.

Atualmente, a Cetip possui a custódia dos Créditos Securitizados da União, os títulos da


Dívida Agrícola, os Títulos da Dívida Agrária (TODA) e os Certificados Financeiros do Tesouro
(CFT). A partir de 22 de abril de 2002, o Selic não mais acatou operações com Depósitos
Interfinanceiros (DI), que passaram a ser cursadas somente pelo sistema Cetip.

A Cetip faz o registro de negócios fechados entre seus participantes no mercado de


balcão depois de processar, em seu ambiente, a comparação, o casamento e a confirmação
das operações, de maneira automática, sem necessidade de reentrada de dados. O registro
exige duplo comando: um do comprador e outro do vendedor. As operações registradas
são aceitas somente se os títulos envolvidos estiverem disponíveis na conta de custódia do
vendedor, e são liquidadas na forma de entrega, por meio de transferência de custódia ou
contrapagamento, em Reservas Bancárias, de disponibilidade imediata.

1 Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro) — uma entidade civil sem fins lucrativos que reúne instituições
financeiras de diversos segmentos, incluindo bancos comerciais, múltiplos e de investimento; corretoras e distribuidoras de valores; e
administradores de recursos. Vale dizer que a Andima, desde outubro de 2009, uniu-se à Associação Nacional dos Bancos de Investimento
(Anbid), tornando-se e formando-se a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), que continua
sendo gerida pelo Banco Central do Brasil, sendo a Celic gerida pela Anbima em razão desta união.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Acesse o site da instituição, disponível na Midiateca da disciplina e


obtenha mais informações sobre a Cetip.

As instituições bancárias são obrigadas por lei a fechar diariamente suas contas de
débito e crédito, e este acerto é feito pelas próprias instituições financeiras no mercado
interfinanceiro. Vale destacar que instituições devedoras tomam recursos, e as instituições
credoras os emprestam.

3 Mercado de crédito
O mercado de crédito visa suprir as necessidades de caixa de curto e médio prazos das
pessoas físicas e empresas.

Algumas vezes também são incluídas nessa categoria as operações de financiamento de


bens de consumo duráveis. Segundo Kerr (2011, p. 79):

No mercado de crédito, as instituições financeiras podem atuar na intermediação de


forma direta ou indireta. Quando atua de forma direta, a instituição recebe recursos de
poupadores (agentes superavitários), assumindo a obrigação de devolver o principal
acrescido de juros. A instituição financeira fica devedora dos recursos captados e, no
jargão bancário, diz-se que essa é uma posição passiva. De posse desses recursos,
a instituição realiza empréstimos e financiamentos a tomadores de crédito (agentes
deficitários), o que, no jargão bancário é chamado de posição ativa. Os juros cobrados
pelo banco na posição ativa são mais altos do que os pago na posição passiva, cuja
diferença de taxas é denominada spread bancário.

Vale ressaltar, que na intermediação financeira indireta, (situação mais comum em


operações de longo prazo), as instituições são meras intermediárias e recebem comissão por
isso.

As operações de mercado de crédito bancário são realizadas por instituições financeiras


e podem ser organizadas da seguinte forma. Nos dizeres de Securato (2009):

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Pessoas físicas:

• Cheque especial;

• Crédito pessoal;

• Cartão de crédito;

• Crédito consignado.

Pessoas jurídicas:

• Produtos para financiamento de giro;

• Produtos para desconto e antecipação de caixa.

Crédito Direto ao Consumidor (CDC):

• Linha automotiva;

• Eletrodomésticos (linha branca);

• Som e imagem (linha marrom);

• Cama, mesa, banho e vestuário (linha mole);

• e outros.

3.1 Operações na pessoa física

3.1.1 Cheque especial

É o contrato em que o banco realiza com o seu correntista, para que o mesmo tenha já
definido entre as partes um valor (crédito) automaticamente disponível em sua conta corrente.
Entretanto, o correntista só deverá pagar juros e outros encargos previstos no contrato, se
efetivamente utilizar o seu limite do cheque especial. Caso contrário, se o correntista só
gastar o saldo disponível sem a utilização do limite, nada será devido ao banco por conta
deste contrato. Geralmente o cálculo dos valores devidos pela utilização são debitados do
correntista no mês subsequente à utilização. A atenção para este tipo de contrato se dá
devida as sabidas taxas elevadas no caso de utilização.

Ressalta-se aqui, que para adquirir referido crédito, o sujeito precisa ser correntista de
uma instituição bancária, possuindo ali, uma conta corrente.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Este tipo de produto (cheque especial) deve ser usado com muito cuidado e da forma
mais moderada possível. Recomenda-se utilizá-lo em caso de urgência, pois pode se tornar
um vício seu uso sem reservas, já que se trata de um dinheiro disponível imediatamente,
ficando “fácil” cair na tentação.

3.1.2 Cartão de crédito

Segue uma linha parecida com o cheque especial. É um crédito pré-aprovado em que
o cliente recebe um cartão para compras, e receberá uma fatura todo dia do vencimento
para pagamento (se realizar despesas durante o período), onde constará o valor mínimo a
pagar e o valor total. Alguns estabelecimentos parcelam no cartão de crédito o valor total da
aquisição, o que acabará comprometendo o valor total do crédito. Por exemplo, seu limite
de crédito é de R$1.000,00 e você comprou parcelado R$ 400,00 em 4 parcelas a vencer
no cartão de crédito. Mesmo havendo um saldo a pagar neste mês de R$ 100,00 referente
à parcela 01/04, seu saldo credor estará reduzido a R$ 600,00 imediatamente, visto que a
instituição entende que você já comprometeu R$ 400,00 do seu crédito.

Existem compras que valem a pena o uso do cartão de crédito. É um recurso com
valores pré-aprovados, sendo que o uso para liquidação integral na fatura é ainda o mais
recomendado, uma vez que inexistirá cobrança de juros além do valor da compra em si. Por
outro lado, existe a vantagem da possibilidade de se acumular pontuação em seu cartão
de crédito e revertê-la para algum sistema de alguma companhia aérea para conversão em
milhas aéreas, ou seja, cada valor gasto em reais, bem como cada valor gasto em dólares, é
revertido também numa pontuação do próprio cartão de milhagem, e depois de “x” milhas
é possível converter a pontuação em passagens aéreas. Algumas instituições bancárias
também possuem programas próprios de conversão, e permitem a troca da pontuação por
bens disponíveis na parceria.

3.1.3 Crédito pessoal

É o empréstimo direto em dinheiro, “muitas vezes sem comprovação de renda, somente


com a garantia de um cheque pré-datado.” (SECURATO, 2009).

Entretanto, na prática encontramos até quem empreste dinheiro mesmo sem qualquer
garantia. Tratam-se aqui das financeiras que buscam como objetivo de negócio um maior
volume que conseguir de créditos, sem que com isto analisem adequadamente o cliente.
Toda vez que não houver um lastro para o empréstimo, ou seja, uma garantia real ou uma
análise mais minuciosa do crédito do devedor, o valor deste dinheiro será sempre superior
ao crédito concedido após uma análise mais apurada. Esse tipo de crédito deve ser opção
quando todas as demais se esgotarem, pois não é, sabidamente, o melhor juros do mercado.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

3.1.4 Crédito consignado

Também conhecido como desconto em folha de pagamento, é o crédito dado com base
na renda proveniente de salário e ou benefícios do cliente. Neste caso, o determinante é
justamente o fluxo repetitivo e constante dos recebíveis pelo cliente, para que o banco aceite
realizar esta operação.

Uma vez realizado o crédito consignado, a parcela correspondente é descontada pelo


banco diretamente no momento do recebimento do salário, o que facilita bastante o controle,
havendo menor risco por parte da instituição financeira, sem dúvida nenhuma.

Entretanto, caso a pessoa perca o emprego, a instituição bancária não conseguirá mais
abater a respectiva parcela do empréstimo. Para que casos assim não diminuam a margem do
menor risco deste produto, os bancos se valem de seguros, que garantem tantas parcelas do
crédito havido, tudo combinado previamente por meio de apólice para este tipo de produto.

Neste caso, o limite de crédito é definido de acordo com o salário da pessoa, e não
ultrapassará 30% (trinta por cento) do seu rendimento líquido o valor da prestação mensal.

Para aquisições de montante equivalente até 30% do rendimento líquido por parcela,
vale sua utilização para compras, por exemplo, de computadores ou eletroeletrônicos em
geral, pequenas reformas, alguma substituição necessária de materiais em geral que não
possam esperar a economia do dinheiro para pagamento à vista.

3.2 CDC (Crédito direto ao consumidor)


O CDC, crédito que pode ser concedido tanto à pessoa física quanto à pessoa jurídica,
é a modalidade de financiamento para aquisição de bens ou serviços. Suas prestações,
geralmente, são mensais, iguais e sucessivas e, em geral, os prazos variam de 1 a 48 meses.
Por exemplo, a compra ou troca de um veículo pode ser realizada por meio deste crédito.

As condições gerais de negociação do CDC, nos dizeres de Securato (2009):

(...) como percentuais de custo de aquisição dos bens que serão financiados, prazos
de financiamento e outros limites operacionais, são decididos pelo Banco Central,
que considera a conjuntura econômica e os objetivos governamentais de expansão
ou retração do crédito. As instituições de crédito, por sua vez, fixam as suas condições
específicas de acordo com as políticas internas, avaliando a disponibilidade de recursos
e o risco associado a cada operação. As taxas podem ser pré-fixadas ou pós-fixadas,
sendo as prestações, em geral, iguais, mensais, fixas e consecutivas.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

A garantia da operação é o próprio bem, objeto do financiamento. Suas vantagens são:

• A escolha do quanto percentual de entrada será oferecido;

• o quanto de percentual se pretende financiar;

• além de bons spreads para a receita operacional.

É importante salientar que se o financiamento for muito longo, a taxa de juros poderá
ser mais elevada.

Além desses, conforme bem ressalta Kerr (2011):

O mercado de crédito conta ainda com outros instrumentos e outras instituições


criadas pelo governo com intuito de atender as políticas de desenvolvimento e
fomentar áreas específicas da economia. Assim, temos o Banco de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), o Banco do Amazônia (Basa) e o Banco do Nordeste do
Brasil (BNB). O BNDES tem duas subsidiárias: a Agência Especial de Financiamento
Industrial (Finame) e o BNDES Participações (BNDESPar). O Finame é responsável por
financiar a comercialização de máquinas e equipamentos, ao passo que o BNDESPar é
uma holding criada para administrar as participações do BNDS em diversas empresas,
com o objetivo de fomentar a subscrição de valores mobiliários.

3.3 Depósito bancário

Toda vez que utilizarmos o depósito junto a um banco, estamos efetivamente guardando
nosso dinheiro (nossa moeda) em uma instituição bancária.

Os depósitos bancários podem ser:

1. À vista, quando depositamos e informamos que o queremos imediatamente à nossa


disposição em nossa conta, ou seja, assim que quisermos sacá-lo, o banco deverá
nos devolver imediatamente, e podemos realizar este depósito em dinheiro ou em
cheque ou ordem de pagamento através de uma transferência eletrônica disponível
(TED) ou documento de crédito (DOC);

2. À prazo, quando realizamos o depósito, mas informamos a data futura para a


compensação.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Considerações finais
Este capítulo visou apresentar e introduzir o mercado financeiro e suas subdivisões, bem
como apresentar alguns produtos e características visando a própria pessoa que analisa.

Mencionamos possibilidades e produtos para operações a serem realizadas na pessoa


física, e buscamos definir alguns dos produtos disponíveis no mercado.

Retornamos e ratificamos alguns conceitos já abordados, justamente para facilitar o


entendimento da matéria.

Referências
BACEN. Banco Central do Brasil. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br>. Acesso em: 05 set.
2013.

KERR, R. B. Mercado Financeiro e de capitais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.

MARTINS, L. Aprenda a Investir: saiba onde e como aplicar seu dinheiro. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2010.

SECURATO, J. R. Mercado financeiro: conceitos, cálculo e análise de investimento. 3. ed. São


Paulo: Saint Paul, 2009.

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Investimento e crédito: estratégia para o
futuro

Aula 08
Introdução ao Mercado financeiro e suas alternativas
(produtos e características) – parte 2

Objetivos Específicos
• Reconhecer os principais produtos disponíveis no mercado financeiro e
identificar o tipo de pessoa para cada produto.

Temas

Introdução
1 Mercado de câmbio
2 Mercado de capitais
3 Títulos privados de renda variável
4 Principais títulos privados de renda fixa
5 Letra de câmbio
6 Outros títulos privados de crédito e assemelhados
Considerações finais
Referências

Professora
Ana Luiza Alves Lima
Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Introdução
Nesta aula, abordaremos sobre o mercado de câmbio e suas taxas, o mercado de capitais,
os títulos privados de renda variável e dos títulos privados de renda fixa.

Vamos aos estudos!

1 Mercado de câmbio
No mercado de câmbio, como o próprio nome sugere, é onde se negociam moedas
estrangeiras.

A principal função do mercado de câmbio, conforme Securato (2009), “é a transferência


de recursos ou de uma nação para outra.”

A pergunta aqui seria: Por que, vivendo no Brasil, aonde a moeda é o Real, indivíduos
desejam e trocam a moeda local para outra de outro país?

Isso ocorre porque quando vamos visitar outro país, a moeda local deles é estrangeira
para nós, e como deveremos negociar com a moeda local, quando visitamos outro país, ou
quando desejamos importar ou mesmo investir no exterior, a moeda daquele país é a que
deverá ser utilizada.

Geralmente adquirimos moeda de outro país quando temos a intenção de viajarmos para
lá, e assim, consumirmos naquele mercado, sendo possível além da moeda local, a utilização
do cartão de crédito internacional, onde receberemos como de costume, a fatura mensal em
nosso endereço registrado e efetuaremos o pagamento em reais, após a devida conversão da
moeda estrangeira pelo Real.

Neste mercado, são identificados quatro níveis de participantes:

1. Usuários tradicionais, tais como turistas, importadores, exportadores, investidores


etc.;

2. Bancos comerciais;

3. Corretores de câmbio;

4. Banco Central.

Importante ressaltar que existe outra função para o mercado de câmbio que é de
propiciar crédito. Neste caso, Securato afirma que:

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

(...) o crédito é geralmente necessário quando se trata de mercadorias em trânsito


e também para dar tempo ao comprador de revender as mercadorias e efetuar o
pagamento. Finalmente, pode-se destacar uma última função do mercado de
câmbio de prover condições de proteção contra riscos do mercado e da especulação
(SECURATO, 2009, p. 101).

Utiliza-se geralmente o termo “remessa de moeda estrangeira”, porém na prática, essa


remessa quase nunca é física. O que são realizadas são trocas de créditos em operações
opostas com outros agentes.

1.1 Taxas de câmbio (instrumento de política cambial)


De acordo com o Banco Central do Brasil, a taxa de câmbio é o preço de uma moeda
estrangeira, medido em unidades ou frações da moeda nacional.

Conforme também descreve Martins:

Pensando sempre do ponto de vista do banco (ou outro agente autorizado a operar
pelo BACEN), a taxa de venda é o preço que o banco cobra para vender a moeda
estrangeira (a um importador, por exemplo), enquanto a taxa de compra reflete o
preço que o banco aceita pagar pela moeda estrangeira que lhe é ofertada (por um
exportador, por exemplo). Ou seja, o câmbio é uma das variações mais importantes
da macroeconomia, sobretudo no que se refere ao comércio internacional. Quando
se deseja negociar ativos de um país para outro, quase invariavelmente temos de
mudar a unidade de conta do valor desses ativos – da moeda doméstica para a moeda
estrangeira. (MARTINS, 2010, p. 67).

Nesse raciocínio, podemos definir a taxa de câmbio de um país como o número de


unidades de moeda de um país necessário para se comprar uma unidade de moeda de um
outro país, ou seja, é efetivamente o preço de uma moeda em termos de outra moeda.

Entretanto, o comércio de bens e serviços e também o fluxo de capitais são os principais


fatores de precificação da taxa cambial. Ou seja, um aumento significativo nas exportações
fará forte pressão na desvalorização do real (diminuição da taxa cambial) e vice-versa.

As taxas de câmbio costumam ser expressas de duas maneiras diferentes no mercado à


vista, e são geralmente denominadas cotações diretas e cotações indiretas.

Segundo Kerr:

Uma cotação é direta quando ela expressa o preço de uma unidade de moeda
estrangeira em moeda nacional. É a maneira como as cotações são expressas no
Brasil. Assim, uma típica taxa de câmbio expressará quantos reais são necessários para
comprar cada dólar. Por exemplo, a cotação de 1,7315 significa que US$ 1,00 está
custando R$ 1,7315. Por outro lado, uma cotação indireta expressará o preço de uma
unidade da moeda nacional em moeda estrangeira. Por exemplo, a cotação indireta

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

dessa mesma taxa seria dada por 0,5775, ou seja, R$ 1,00 está custando US$ 0,5775. É
fácil perceber que uma cotação direta no Brasil corresponderia a uma cotação indireta
nos Estados Unidos e vice-versa. Também é fácil perceber que a cotação indireta é o
inverso da cotação direta. (KERR, 2011).

Importante destacar também, que como qualquer mercadoria, a cotação da moeda


estrangeira terá duas colunas: um valor para compra e outro valor para venda.

Tabela 1 – Sobre o câmbio

• liquidez internacional;

• cenário econômico de países com forte demanda


importadora (EUA, China etc.);

• saldo da balança comercial;


Fatores que influenciam o câmbio • preço das commodities;

• taxa de juros doméstica e internacional;

• risco país;

• intervenção do Bacen.
• controle inflacionário;

• importadores;

• agências de turismo especializadas em viagens ao


Principais favorecidos com a valorização do exterior;
real (queda do dólar) • empresas exportadoras, pois se nossa moeda está
valorizada, o preço do nosso produto se torna
atrativo;

• agricultura, pois teremos melhores condições de


negociação.

Principais prejudicados com a valorização • turismo nacional, pois com nossa moeda forte, fica
do real (queda do dólar) mais acessível viajar fora do país para os brasileiros.

Fonte: Elaborado a partir de Martins (2010).

2 Mercado de capitais
O mercado de capitais é um setor fundamental para a expansão do país. Nos dizeres de
Securato, este mercado:

(...) supre a lacuna deixada pelo mercado de crédito com a estruturação de operações
e produtos para intermediação de recursos de investidores para empresas que
precisam de recursos de longo prazo. Ou seja, a limitação do crédito bancário para
curto e médio prazo e a escassez de recursos de bancos de desenvolvimento para o
financiamento do processo produtivo fazem do mercado de capitais a principal forma
de financiamento para as empresas no longo prazo. (SECURATO, 2009, p. 135).

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

As operações usualmente podem envolver operações com valores mobiliários, tais como
ações, debêntures, comercial papers, bônus de subscrição.

Uma debênture, por exemplo, é um título de dívida com características peculiares,


que garantem ao comprador uma remuneração certa (ou podem ser conversíveis em
ações – com sua transformação em participação acionária) em prazo determinado, e são
negociadas diretamente entre o investidor final e a empresa, sendo que sua emissão pode
ser por companhia aberta ou fechada. As debêntures estão entre os mais antigos tipos de
investimento do Brasil.

Também podem ser padronizadas, com cláusulas objetivas de compreensão acessível


(fácil), com o efeito de estimular o desenvolvimento de um mercado transparente.

Grosso modo, o mercado de capitais é constituído pelos mercados de balcão e de bolsa,


tendo como agentes auxiliares:

• as clearings;

• as sociedades corretoras;

• as sociedades distribuidoras de valores mobiliários;

• além de outras instituições financeiras autorizadas a realizar serviços de custódia e


intermediação financeira de títulos.

2.1 Mecanismos do mercado secundário


Os mecanismos do mercado secundário são, nos dizeres de Keer:

- megabolsa: que é o sistema de negociação da bolsa de valores que processa


eletronicamente as ordens de compra e venda;

- after market: como o próprio nome explica, o pregão eletrônico continua a funcionar
depois do encerramento do dia, com certas limitações;

- home broker: é o sistema que permite ao investidor enviar ordens de compra e


venda diretamente do seu computador via internet;

- circuit breaker: é um mecanismo de proteção cujo objetivo é evitar pânico e fazer


que os operadores reflitam sobre as ordens que estão enviando. O circuit breaker
é acionado quando o Ibovespa atinge um limite de variação de 10% negativos em
relação ao fechamento do dia anterior, interrompendo todas as negociações por
trinta minutos. (KERR, 2011, p. 96).

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

2.2 Mercados de bolsa e de balcão


Temos que mercado de bolsa é um segmento de negociação de ativos, administrado
pela Bolsa de Valores, com regras específicas, e supervisionados pela Bolsa de Valores, sendo
que no Brasil, é administrado pela Bolsa de Valores de São Paulo.

As bolsas de valores são associações civis e com funções de interesse público. Conforme
salienta Securato:

Seu patrimônio é representado por títulos que pertencem às sociedades corretoras


membros. As bolsas possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa,
sendo sua diretoria escolhida entre os membros das corretoras. Estão, no Brasil,
sujeitas à supervisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e obedecem às
diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). (SECURATO, 2009,
p. 137).

A negociação na bolsa de valores é feita exclusivamente pelas sociedades corretoras


(mercado secundário), pois são intermediárias especializadas na execução de ordens e
operações.

Já o mercado de balcão:

(...) caracteriza-se por ser um mercado de títulos sem lugar físico determinado para
as transações, que são realizadas por telefone e/ ou via computadores entre as
instituições financeiras. Nesses mercado são negociadas as ações de empresas não
listadas em bolsas de valores, além de outras espécies de títulos. (SECURATO, 2009,
p. 138).

3 Títulos privados de renda variável


As ações: são emitidas pelas companhias abertas e são títulos que representam a menor
fração em que se subdivide o capital social de uma empresa organizada sob a forma de
sociedade anônima. Pode-se dizer que o acionista (ou seja, aquele que detêm a ação ou as
ações) é um coproprietário daquela companhia, na proporção da sua cota, participando dos
resultados alcançados por ela.

As ações são divididas em ações ordinárias e preferenciais. Segundo Securato:

[As ações ordinárias] proporcionam participação nos resultados da empresa e


conferem ao acionista o direito de voto em assembleias gerais.

Já as preferenciais têm prioridade no recebimento de dividendos e no reembolso


de capital em caso de liquidação ou dissolução da sociedade. O número de ações
preferenciais sem direito a voto no mercado brasileiro não pode ultrapassar dois
terços do capital da empresa. As ações preferenciais sem direito a voto adquirirão

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

essa prerrogativa caso a companhia deixe de distribuir dividendos fixos ou mínimos a


que fizerem jus, durante o prazo máximo de três exercícios consecutivos. (SECURATO,
2009, p. 140).

Vale ressaltar que as ações ordinárias ou preferenciais são sempre nominativas, se


valendo da notação “ON” para ordinárias nominativas e “PN”, preferenciais nominativas,
sempre após o nome da empresa.

As ações também podem ser diferenciadas quanto à sua classe, como A, B, C... e sua
nominação é estabelecida pela própria empresa em seu Estatuto Social.

As ações também podem ser divididas em:

• De 1ª linha ou blue chips (termo que referencia as fichas de pôquer, em que as


azuis têm maior valor), e são ações de grande liquidez, ou seja, ações de excelente
reputação;

• De 2ª linha: são ações um pouco menos líquidas, emitidas por empresas de boa
qualidade, em geral de grande e médio porte;

• De 3ª linha: são ações com pouca liquidez, emitidas por empresas de médio e
pequeno porte.

Quanto às formas de ações, elas podem ser nominativas registradas e escriturais


nominativas, sendo que:

Nominativas registradas: quando há registro de controle de propriedade feito pela


empresa ou por terceiros, podendo ou não haver emissão de certificado. Cautelas ou
certificados apresentam o nome do acionista e sua transferência (quando da compra
ou venda do título por terceiros), bem como é feita com a entrega da cautela e a
averbação de termo, em livro próprio da sociedade emissora, identificando o novo
acionista.

E escriturais nominativas, quando já a designação de uma instituição financeira


credenciada pela CVM, que atua como fiel depositária dos títulos, administrando-
os via conta-corrente de ações. Nesse caso, as ações não são representadas por
cautelas ou certificados, funcionando como uma conta-corrente, na qual os valores
são lançados a débito ou a crédito dos acionistas, não havendo movimentação física
dos documentos. (SECURATO, 2009, pág. 141).

Sobre a rentabilidade das ações, isso é variável, pois parte dela é composta de dividendos
como também de participação nos resultados e benefícios concedidos pela empresa, e outra
parte provém do eventual ganho de capital na venda da ação.

Importante destacar que o aplicador pode perder integralmente ou parte do seu


investimento, e justamente por isto é chamado de renda variável, porque ela não é certa e
oscila.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Dividendos, quando falamos em dividendos, estamos falando da parcela do lucro


apurado nos resultados de uma sociedade. É um percentual – que é definido pela empresa
– e que será distribuído em dinheiro na proporção das ações de cada pessoa. Geralmente,
uma parte do lucro da empresa é reinvestido nela mesma, sendo outra parte destinada a
esta distribuição, de acordo com o ajustado caso a caso. Vale destacar que os dividendos são
tributados na empresa que os distribui.

Juros sobre o Capital Próprio (JSCP): ao invés de distribuir dividendos, como acima
mencionado, é possível a empresa optar por remunerá-los através do pagamento de juros
sobre o capital próprio, e desde que estabelecidas previamente através de regulamentação
própria.

Bonificação em ações: neste caso, mediante a incorporação de reservas e lucros, novas


ações serão emitidas aos mesmos e atuais acionistas, e serão distribuídas gratuitamente na
mesma proporção atual, com o aumento de capital da sociedade.

Bonificações em dinheiro: além dos dividendos, pode existir de forma excepcional, que
alguma empresa possa conceder aos seus acionistas uma bonificação em dinheiro, como uma
participação adicional em seus lucros.

Direitos de subscrição: é o direito de aquisição de novo lote de ações pelos acionistas


antigos – com preferência na subscrição – em quantidade proporcional às possuídas, em
contrapartida à estratégia de aumento de capital da empresa. Neste caso, além de garantir
a possibilidade de manter a mesma participação no capital total, esse direito em si, pode
significar ganho adicional, dependendo das condições do lançamento. Por fim, se não exercido
pelo acionista, esse direito pode ser vendido a terceiros.

Em termos de opções sobre as ações temos as opções de compra e opções de venda.

Nas opções de compra, nos dizeres de Securato, temos que:

(...) são aquelas que garantem a seu titular o direito de comprar do lançador (o
vendedor) um lote determinado de ações ao preço de exercício, a qualquer tempo,
até a data de vencimento da opção, e opções de venda são aquelas que garantem a
seu titular o direito de vender ao lançador (vendedor da opção) um lote determinado
de ações ao preço de exercício, na data de vencimento da opção.

Tanto o titular (comprador) quanto o lançador (vendedor) de opções (de compra ou de


venda) pode, a qualquer instante, sair do mercado pela realização de uma operação
de natureza oposta. (SECURATO, 2009, p. 142).

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

4 Principais títulos privados de renda fixa


Debêntures e debêntures conversíveis em ações

Se uma pessoa investe em debêntures, ela se torna credora dessa companhia que emitiu
o título. E quanto à sua conversibilidade em ações, existem as que podem ser convertidas
e as que não podem ser convertidas, ocasião em que serão liquidadas normalmente nos
prazos ali estipulados, pois todas as informações deste título como sua característica, prazo,
remuneração etc., estão contidas no corpo do seu título.

Quanto à garantia, elas podem ser:

• Com garantia real – sob forma de penhor;

• Com garantia flutuante – como nos dizeres de Securato (2009), “asseguram o privilégio
geral sobre os ativos da emissora, em caso de sua falência. Os bens, entretanto, não
ficam vinculados à emissão, permitindo à emissão dispor deles sem prévia autorização
dos debenturistas”;

• Isenta de preferência (quirografária) – como o próprio nome sugere, não oferecem


privilégio algum sobre o ativo da emissora; e

• Subordinada – na hipótese de liquidação da empresa, oferecem preferência de


pagamento tão somente sobre os créditos de seus acionistas.

Quanto à sua emissão, podem ser:

• Natureza pública – É feita por uma companhia de capital aberto com registro na
Comissão de Valores Mobiliários (CVM);

• Natureza privada – É restrita a um determinado grupo de investidores, e não é


requerido desta o registro na CVM.

5 Letra de câmbio
É uma ordem de pagamento, com renda fixada e tempo certo de vencimento. Ela possui
requisitos próprios e particulares, e sua origem é o contrato de financiamento celebrado
entre o consumidor e a instituição financeira, pois somente as financeiras podem emitir tal
ordem.

As características das letras de câmbio são:

• Elas podem ser do tipo pré ou pós-fixada;

• São vinculadas aos contratos de financiamentos que lhe deram origem;

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

• Seus rendimentos são pagos juntamente com o valor do principal. Se forem de renda
mensal, poderão ser pagas mensalmente;

• Tem termo final, ou seja, só podem ser exigidas à partir da data mencionada como
seu vencimento.

6 Outros títulos privados de crédito e assemelhados

6.1 LCI (Letra de Crédito Imobiliário)


Esse título é emitido por bancos comerciais, múltiplos e Caixa Econômica Federal, de
forma nominativa, podendo ser transferível mediante endosso. É lastreado por créditos
imobiliários garantidos por hipoteca ou por alienação fiduciária de coisa imóvel.

Entende-se por hipoteca uma garantia real que incide sobre bens imóveis que pertençam
ao devedor ou a terceiros, por exigência do credor, para a garantia de uma dívida, e alienação
fiduciária (outro direito real de garantia) trata-se de um negócio jurídico pelo qual o devedor,
ou fiduciante, com o escopo de garantia, contrata a transferência ao credor, ou fiduciário, da
propriedade resolúvel de coisa imóvel.

6.2 CCB (Cédula de Crédito Bancário)


São títulos emitidos por pessoas físicas ou jurídicas em favor de instituição financeira,
representando uma promessa de pagamento em dinheiro, advinda de uma operação de
crédito.

Considerações finais
Nesta aula abordamos o mercado de câmbios para compreendermos melhor as
necessidades e possibilidades no caso da troca das moedas. Esse mercado é determinante
para turistas, importadores, exportadores, investidores, uma vez que, conforme explicado,
quando formos negociar com outro país, onde a existência de outra moeda diferente da
nossa, devemos trocar nossa moeda para prosseguirmos com nossas intenções a fim de
realizarmos nossas transações.

Estudamos o mercado de capitais, prosseguindo com os títulos privados de renda


variável e renda fixa. A seguir, nas próximas aulas, daremos um contorno mais destacado nos
produtos, somados às necessidades possíveis da pessoa física.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Referências
BACEN. Banco Central do Brasil. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br>. Acesso em: 05 set
2013.

KERR, R. Mercado Financeiro e de capitais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.

MARTINS, L. Aprenda a Investir: saiba onde e como aplicar seu dinheiro. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2010.

SECURATO, J. R. Mercado financeiro: conceitos, cálculo e análise de investimento. 3. ed. São


Paulo: Saint Paul, 2009. p. 55.

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Investimento e crédito: estratégia para o
futuro

Aula 09
Introdução ao mercado financeiro e suas alternativas
(produtos e características) – parte 3

Objetivos Específicos
• Analisar os prós e contras dos produtos do mercado financeiro: leasing,
empréstimo bancário, poupança, CDB.

Temas

Introdução
1 Conceito de mercado financeiro
2 Leasing
3 Empréstimo bancário
4 Poupança
5 Fundo Garantidor de Créditos (FGC)
6 CDB
Considerações finais
Referências

Professora
Ana Luiza Alves Lima
Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Introdução
Neste capítulo, iremos abordar e apresentar os prós e contras dos produtos do mercado
financeiro, como leasing, empréstimo bancário, poupança e CDC. Existem diversos outros
produtos, entretanto, esses citados são os mais comumente utilizados no momento atual.

Vamos aos estudos!

1 Conceito de mercado financeiro


Relembrando o conceito de “mercado”, segundo Oliveira (2011),

pode ser compreendido como o processo pelo qual as pessoas interessadas em vender
algum produto ou serviço encontram-se com pessoas interessadas em comprar esse
mesmo produto ou serviço. Tanto compradores quanto vendedores, após uma análise
de suas alternativas, efetuam a transação que melhor atende a suas necessidades,
estabelecendo um preço de equilíbrio em um processo conhecido como lei de oferta
e demanda. (OLIVEIRA, 2011, p. 09).

Esse princípio – da oferta e demanda – é encontrado em qualquer mercado; no caso do


financeiro, o que está em questão é o uso do dinheiro no tempo.

Segundo Securato,

pode-se chamar de mercado financeiro ou bancário o conjunto de instituições e


operações ocupadas com o fluxo de recursos monetários entre os agentes econômicos.
Basicamente, é o mercado de emprestadores e tomadores de empréstimos, sendo
que o valor da remuneração desses empréstimos é chamado de juros ou, em termos
percentuais, de taxa de juros. Essa taxa representa, em dado período, a remuneração
relativa que os emprestadores obterão e o custo relativo com que os tomadores de
empréstimos terão de arcar (SECURATO, 2009, p. 21).

Portanto, mercado financeiro é o mecanismo no qual são efetuados pagamentos das


transações de compra e venda de mercadorias, valores mobiliários, câmbios e outros produtos
financeiros.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

2 Leasing
Pela definição do Banco Central do Brasil,

O leasing é um contrato denominado na legislação brasileira como “arrendamento


mercantil”. As partes desse contrato são denominadas “arrendador” e “arrendatário”,
conforme sejam, de um lado, um banco ou sociedade de arrendamento mercantil
e, de outro, o cliente. O objeto do contrato é a aquisição, por parte do arrendador,
de bem escolhido pelo arrendatário para sua utilização. O arrendador é, portanto, o
proprietário do bem, sendo que a posse e o usufruto, durante a vigência do contrato,
são do arrendatário. O contrato de arrendamento mercantil pode prever ou não a
opção de compra, pelo arrendatário, do bem de propriedade do arrendador (BANCO
CENTRAL, 2012).

As operações de leasing são regulamentadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN),


por meio da Lei nº 6.099/74, bem como pelas alterações introduzidas na mesma e pelas
resoluções do CMN.

Considera-se arrendamento mercantil, para os efeitos desta Lei, o negócio jurídico


realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa física ou
jurídica, na qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de
bens adquiridos pela arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para uso
próprio desta (BRASIL, 1974).

No artigo 5ª da mesma lei supramencionada, consta:

Os contratos de arrendamento mercantil conterão as seguintes disposições:

a. prazo do contrato;

b. valor de cada contraprestação por períodos determinados, não superiores a um


semestre;

c. opção de compra ou renovação de contrato, como faculdade do arrendatário;

d. preço para opção de compra ou critério para sua fixação, quando for estipulada
esta cláusula.

Toda operação de leasing representa uma locação, podendo, no final do contrato, o


cliente que adquiriu o leasing, renovar dito contrato, ou adquirir referido bem, ou devolvê-lo
à empresa, tudo conforme os termos do contrato assinado pelas partes.

De acordo com o Banco Central do Brasil, nas operações de leasing não há incidência de
IOF (imposto sobre operações financeiras), mas sim do ISS (imposto sobre serviço).

Os recursos que lastreiam essas operações de leasing,

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

são levantados principalmente por meio de emissões de debêntures e empréstimos


obtidos no país e no exterior. Essas ações também praticam operações de cessões
de créditos, que consistem na negociação das contraprestações dos contratos de
arrendamento realizados com outras instituições financeiras (SECURATO, 2009, p. 65).

Quanto à limitação do prazo do contrato de leasing, o Banco Central do Brasil esclarece


que:

O prazo mínimo de arrendamento é de dois anos para bens com vida útil de até cinco
anos e de três anos para os demais.

Por exemplo: para veículos, o prazo mínimo é de 24 meses e para outros equipamentos
e imóveis, o prazo mínimo é de 36 meses (bens com vida útil superior a cinco anos).
Existe, também, modalidade de operação, denominada leasing operacional, em que o
prazo mínimo é de 90 dias (BACEN, 2013).

O que pode ser objeto de leasing? Praticamente tudo que possa vir a ser locado, seja
bens móveis ou imóveis.

Os principais tipos de leasing são:

• operacional;

• financeiro;

• lease-back, frequentemente utilizado por pessoa jurídica por ser mais interessante
para as empresas, porém não há restrições para pessoa física.

Nos dizeres de Securato (2009), o leasing operacional assemelha-se muito a um aluguel


e é efetuado geralmente pelas empresas fabricantes de bens.

Já o leasing financeiro é aquele realizado por algumas instituições financeiras, como


bancos múltiplos e sociedades de arrendamento mercantil, na qual a arrendadora adquire o
bem selecionado de um fornecedor e o entrega para uso da arrendatária, que terá sua posse.
Ao final do prazo acertado anteriormente via contrato, a arrendatária poderá ou não exercer
seu direito de compra do bem por um valor residual garantido.

E por final, o lease-back, ou leasing de retorno,

ocorre quando uma empresa vende determinado bem de sua propriedade e o


aluga imediatamente, sem perder sua posse. Em verdade, o bem não é removido
fisicamente, passando, a empresa, de proprietária do ativo para arrendatária dele. Essa
modalidade de leasing é demandada principalmente por empresas que necessitam
reforçar o seu capital de giro (SECURATO, 2009, p. 66).

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Os casos mais comuns para pessoa física são os leasing na compra de veículos novos
e usados. Dependendo da taxa no momento da transação, essa operação é extremamente
interessante e permite que a pessoa já fique em posse do bem objeto do contrato de
leasing, servindo o próprio bem como garantia deste contrato, sendo vantajoso pelo
pouco comprometimento de capital para a efetivação do contrato e recebimento do bem,
podendo, ao final do prazo, optar por adquiri-lo ou devolvê-lo. As taxas deste contrato
devem ser analisadas em comparativo com as taxas de um financiamento.

3 Empréstimo bancário
O Banco Central do Brasil define o empréstimo bancário como:

um contrato entre o cliente e a instituição financeira pelo qual ele recebe uma
quantia que deverá ser devolvida ao banco em prazo determinado, acrescida dos
juros acertados. Os recursos obtidos no empréstimo não têm destinação específica
(BACEN, 2013).

Isso posto, o empréstimo se diferencia do financiamento justamente porque no contrato


de financiamento existe um bem específico já definido antes da contratação e, no caso do
empréstimo bancário, não existe necessidade alguma de informar o destino do valor obtido.
Assim, é possível solicitar um empréstimo para atender diversas necessidades do tomador
como, por exemplo, para a compra de um veículo, uma reforma na residência, entre outros.

A priori, não existe a necessidade de apresentar qual é a finalidade do empréstimo,


entretanto, é interessante dividir a razão desta necessidade com a instituição financeira
e questionar quais são os outros produtos disponíveis, bem como as taxas de cada um.
Para cada tipo de necessidade, podem existir outros produtos disponíveis e com melhores
condições. Essa busca é constante e cada momento econômico acaba definindo necessidades
específicas que devem consideradas.

Como medida de cautela, o Banco Central recomenda à população que, na contratação


de operações de empréstimos ou financiamentos, tenha todos os cuidados abaixo:

• procure sempre uma instituição autorizada pelo Banco Central e certifique-se de


estar tratando, de fato, com a instituição em questão, pois existem várias empresas
aparentemente idôneas, que fazem propaganda de forma até ostensiva, mas que
na prática não são exatamente confiáveis;

• não forneça seus dados pessoais nem cópia de documentos para desconhecidos.
Certifique-se que está tratando com uma instituição séria, e só depois de analisar
e decidir firmar contrato com a mesma, disponibilize seus dados;

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

• nunca faça nenhum depósito inicial para obter empréstimos, principalmente em


contas de pessoas físicas, pois geralmente essa prática já é motivo de estranheza.
Fique atento;

• evite fazer empréstimos com empresas desconhecidas que veiculam anúncios em


jornais, internet ou outros meios de comunicação e que não possuam uma sede
física, ou seja, um endereço conhecido;

• desconfie de ofertas de crédito muito vantajosas ou facilitadas que dispensem


avalista ou que não façam consultas a cadastros restritivos (SPC e Serasa, por
exemplo);

• nunca assine um documento sem ler. Pode parecer cansativo, e existem contratos
realmente longos, com várias páginas. Não interessa. Se existem todas aquelas
cláusulas, elas te vincularão, portanto, é importante a leitura e a sua compreensão
(BACEN, 2013).

O empréstimo bancário também é frequentemente utilizado pelas pessoas físicas


interessadas em liquidar várias dívidas com credores diferentes. Ao optar por esta saída,
ficará mais fácil controlar o seu caixa financeiro com uma única instituição bancária; além
disso, as taxas podem ser menores em comparação aos juros exorbitantes de dívidas como,
por exemplo, as dos cartões de crédito em atraso.

Mas fique atento: se a dívida gerar a inclusão do nome nos órgãos de proteção ao crédito,
ficará cada vez mais difícil a obtenção de créditos para “limpá-lo” de forma imediata, pois as
instituições analisam esta situação antes da concessão do crédito.

4 Poupança
Sem dúvida nenhuma, a poupança é a modalidade mais popular e tradicional de investimento.
Destinada, a grosso modo, ao público que poupa pequenas quantias, ela recebe depósitos de
qualquer valor e permite saques a qualquer momento, portanto, tem liquidez imediata.

As vantagens deste tipo de investimento são:

1. Não há exigência de depósitos. Sem esta obrigatoriedade, a pessoa poderá não


realizar nenhum depósito, ou, então, poderá fazê-lo por uma ou mais vezes no
mesmo mês; diferentemente de outras modalidades de aplicações financeiras nas
quais é exigido depósito constante.

2. Rendimento fixo. Os recursos são remunerados pela TR mais 6% ao ano, capitalizados


mensalmente para as pessoas físicas ou jurídicas sem fins lucrativos, o que garante
uma taxa de juros efetiva de 6,17% ao ano. No caso das pessoas jurídicas com fins
lucrativos, a capitalização é trimestral. O interessante, também, é que não existe
necessidade de pesquisar várias instituições bancárias, pois todas irão oferecer o
mesmo rendimento e condições.
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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

3. Isenção de tributos. Tanto as aplicações em cadernetas de poupança de pessoas


físicas quanto de pessoas jurídicas não tributadas com base no lucro real estão
totalmente isentas de impostos. Não existe incidência de imposto sobre operação
financeira (IOF), nem de imposto de renda (IR), que existirão em outras modalidades
de investimento financeiro. As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real são
tributadas apenas na declaração de rendimentos.

Como desvantagens, tem-se:

1. Se aplicado por menos de 30 dias, não existirá nenhum rendimento.

2. Sua baixa rentabilidade, muitas vezes, pode ser inferior à própria inflação.

Pesquise sobre a caderneta de poupança e você encontrará diferentes


pontos de vista sobre este tipo de investimento. Sugere-se a leitura do artigo
“Caderneta de poupança: entenda os prós e contras”, disponível nos materiais
complementares da aula, para melhor detalhamento do assunto.

Dica: poupar para comprar bens à vista é sempre uma medida interessante. Quando
se tem o valor total da compra, fica mais fácil negociar mais desconto, além de não existir
parcelas futuras que comprometerão uma renda que ainda está por vir.

5 Fundo Garantidor de Créditos (FGC)


O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) foi criado por meio da Resolução nº 2.197/95 e
alterado nos termos da Resolução nº 4.222/13, (ambos do Banco Central), que consolida o
estatuto e o regulamenta.

É importante frisar, nos termos do artigo 1º do ANEXO I, à Resolução nº 4222/13, “que


o Fundo Garantidor é uma sociedade civil sem fins lucrativos, com personalidade jurídica
de direito privado”, cuja é finalidade proteger os depositantes e investidores no âmbito do
sistema financeiro; contribuir para a manutenção da estabilidade do Sistema Financeiro
Nacional e contribuir para prevenção de crise bancária sistêmica, nas situações em que
instituições financeiras tenham sofrido intervenção ou liquidação extrajudicial, ou que
tenham sido decretadas insolventes pelo Banco Central.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Para compreender seu funcionamento, leia o artigo “Fundo Garantidor de


Créditos (FGC): reduzindo o risco das suas aplicações” e as perguntas frequentes
do site institucional do Banco Central do Brasil, disponíveis na Midiateca da
disciplina, para ampliar seu conhecimento.

6 CDB (Certificado de Depósito Bancário)


O Certificado de Depósito Bancário, comumente chamado de CDB, nos dizeres de
Securato (2009),

tanto quanto o RDB (Recibo de Depósito Bancário) são títulos emitidos por bancos,
registrados no Cetip e utilizados para captação de recursos junto aos investidores. Tais
recursos são, posteriormente, repassados aos clientes nas operações de financiamento
tradicionais do mercado de crédito (SECURATO, 2009, p. 325).

Pela legislação atualmente em vigor, ainda por Securato:

- CDB/RDB podem ser prefixados, pós-fixados ou indexados à taxa flutuante;

- CDB/RDB prefixados ou emitidos com taxa flutuante não têm prazo mínimo de
emissão, mas estão sujeitos à tabela de IOF, caso sejam regatados antes de 30 dias;

- CDB é transferível por endosso nominativo e o RDB é intransferível;

- CDB/RDB são gravados à alíquota de 15% sobre o rendimento bruto para efeito de
imposto de renda retido na fonte por ocasião do resgate, desde que o resgate ocorra
após 30 dias da emissão;

- CDB/RDB, quando emitidos a taxas flutuantes, a sua emissão deve ser regulamentada
e de conhecimento público (SECURATO, 2009, p. 326).

Para pessoas físicas com valores mais expressivos a aplicar (acima de R$ 5.000,00, por
exemplo), o CDB tem sido uma opção interessante, com rentabilidade indiscutivelmente
acima da poupança.

Não existe valor mínimo exigido, variando de instituição financeira para instituição
financeira este valor, que na maioria dos bancos é de R$ 500,00 a R$ 1.000,00 até o limite da
possibilidade de cada um.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Considerações finais
Neste capítulo, abordamos alguns produtos financeiros, bem como definimos o mercado
financeiro em algumas modalidades.

Apresentamos aqui alguns produtos, sendo que, conforme menciona Oliveira (2011),
“existem diversas formas de investir que variam de acordo com o ativo escolhido e em função
de suas características.”

Pode-se dizer que os investimentos disponíveis dividem-se em ativos reais e dívidas


securitizadas.

O termo “reais” não significa realidade ou verdade, mas deriva do termo em latim res,
que significa propriedade, ou seja, representa a posse de bens. Não há data de vencimento
ou resgate para esses ativos, e o investidor somente obtém o retorno do principal de seu
investimento por meio da venda do bem. São exemplos de ativos reais ou imóveis, as ações,
o ouro etc.

Dívidas securitárias são contratos de empréstimo para os quais são emitidos títulos que
certificam sua existência e padronizam suas características. As dívidas securitárias diferem dos
ativos reais pela existência de juros remuneratórios e de uma data de vencimento. Portanto,
o investidor pode obter seu dinheiro de volta vendendo o título ou esperando seu resgate.
São exemplos de dívidas securitizadas os títulos públicos federais, os CDBs, as debêntures, as
notas promissórias etc.

Diante deste cenário, é fato dizer que todos os investimentos podem ser negócios
interessantes ou não, dependendo das variáveis como valor a ser investido, prazo de
investimento, necessidade dos recursos a curto, médio ou longo prazo, além das questões já
mencionadas como incidência ou não de impostos.

Não existe uma regra para definir que tal investimento é bom negócio ou não, o que se
avalia é justamente o conjunto das considerações mencionadas.

Se houvesse, de fato, o melhor investimento, (em detrimento de outros), não haveria


a necessidade de investir em propaganda nem análises mais elaboradas para a checagem
da melhor oportunidade, uma vez que todas as pessoas estariam interessadas em investir
seu dinheiro neste produto tão interessante. O mercado não funciona assim, e caso a caso,
momento a momento, existiram uma gama de produtos que poderão ser capazes de atender
a demanda em questão.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Referências
BACEN. Banco Central do Brasil. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br>. Acesso em: set./2013.

BACEN. Resolução nº 4.222, de 23 de maio de 2013. Altera e consolida as normas que dispõem
sobre o estatuto e o regulamento do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Disponível em:
<http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/res/2013/pdf/res_4222_v1_O.pdf>. Acesso em: set./
2013.

BRASIL. Lei nº 6.099, de 12 de setembro de 1974. Dispõe sobre o tratamento tributário das
operações de arrendamento mercantil e dá outras providências. Brasília, 1974. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6099.htm>. Acesso em: 05 set. 2013.

SECURATO, J.R. Mercado financeiro: conceitos, cálculo e análise de investimento. 3 ed. São
Paulo: Saint Paul, 2009.

OLIVEIRA, G. Mercado financeiro. 2 ed. São Paulo: Editora Fundamento Educacional, 2011.

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Investimento e crédito: estratégia para o
futuro

Aula 10
Introdução ao mercado financeiro e suas alternativas
(produtos e características) – parte 4

Objetivos Específicos
• Compreender a importância e benefícios do mercado securitário (seguro de
bens e de vida).

Temas

Introdução
1 Conceitos e definições do mercado securitário
2 Seguros
3 Tipos de seguros
Considerações finais
Referências

Professora
Ana Luiza Alves Lima
Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Introdução
Qual é a importância dos seguros em nossa vida? Quais são seus reais benefícios?

Neste capítulo, iremos abordar o mercado securitário (seguro de bens e de vida), seus
produtos e seus benefícios como uma segurança real para a proteção da pessoa e da família.

Culturalmente, muitas vezes as pessoas não davam importância para os seguros pois, em
geral, havia mais necessidades básicas a serem supridas do que bens que necessitavam de
garantias. Entretanto, com a economia do país crescendo, as pessoas foram saindo do nível
da pobreza e, com melhores e maiores condições de rendimento e de investimento, ampliou-
se a aquisição de bens e os seguros passou a ser mais acessível para todas as camadas da
população brasileira.

Isso posto, vamos aos estudos!

1 Conceitos e definições do mercado securitário


Iniciaremos com algumas explicações e definições fundamentais de termos frequentes
no mercado securitário.

a. Apólice: É o nome de um contrato de seguros. Ao assinar uma proposta de seguros,


a pessoa (segurada) recebe uma apólice de seguros da respectiva companhia
(seguradora) contendo todas as cláusulas, objetos, condições e prazos do seguro. A
apólice é a garantia do que foi efetivamente contratado.

b. Prêmio: É o nome dado ao valor que o segurado paga quando adquire o


seguro, para que a seguradora cubra o risco esperado e contratado na apólice.

Muitas vezes, o termo é confundido com a indenização em si, mas para que fique mais
claro, é importante destacar que o termo “prêmio” foi escolhido na época do início
das atividades securitárias. Como ninguém corria risco por ninguém, a questão era
abordada assim: “eu te premio se você segurar minha carga marítima”, por exemplo.
Então, não havendo nenhum sinistro, o prêmio seria de quem assegurou e assumiu o
risco; por isso, este termo permanece até os dias de hoje.

c. Sinistro: É quando ocorre um evento considerado incerto e coberto pela apólice que
contratamos.

d. Indenização: Este é o pagamento efetivo realizado pela seguradora ao segurado/


beneficiário mencionado na apólice de seguros, caso haja sinistro coberto na apólice
contratada.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

e. Capital segurado: É o valor estipulado entre as partes como valor que será objeto de
indenização, caso ocorra um sinistro coberto no contrato assinado entre as partes.

f. Coberturas adicionais: Serão aquelas descritas na Apólice que terão cobertura


também. Não existe interpretação de cláusula. Se estiver escrito que existe tal
cobertura, ela também constará o valor limite para a indenização. Se não houver
nada a respeito de determinada cobertura, isto significa que ela não existe ali, ou
seja, não foi contratada especificamente.

g. Corretor de seguros: Pode ser uma pessoa física ou jurídica que fará a intermediação
entre o cliente e as seguradoras. Recebe comissão da seguradora por seus serviços,
(num percentual do prêmio pago pelo segurado), buscando as melhores soluções e
produtos para cada caso específico. Também é o responsável pela intermediação deste
contrato em caso de sinistro, distrato ou endosso. Ele é o especialista devidamente
habilitado que terá condições de ajudar nas melhores escolhas, para decidirmos
sobre capital segurado, até das análises das seguradoras e dos produtos específicos e
possíveis para cada necessidade.

h. Endosso: É o documento no qual irá constar toda alteração realizada no contrato


inicialmente assinado (a apólice). Por exemplo: a mudança de endereço, ou troca do
veículo segurado na vigência da apólice contratada, ou mudança de estado civil do
segurado etc. são possibilidades para se requerer o endosso, que será pedido pelo
segurado, que via corretor de seguros, providenciará todo o trâmite necessário. Após
a comunicação, o segurado receberá uma cópia deste endosso referente à apólice
vigente, ocasião em que este documento fará parte integrante do primeiro.

O site oficial da Superintenência de Seguros Privados (SUSEP) apresenta as


dúvidas mais frequentes em relação aos seguros. Acesse o link disponível na
Midiateca da disciplina e esclareça todas suas dúvidas.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

2 Seguros
Geralmente, compramos um produto com a finalidade de utilizá-lo ou consumi-lo. Isso
não acontece com o seguro. Ao contratá-lo, queremos a proteção e não necessariamente sua
utilização, o que o torna um produto muito interessante.

Segundo Contador (2007), existem quatro formas de administrar um risco: evitar,


controlar, aceitar e transferir.

1. Evitar ou controlar o risco

Quando conseguimos evitar e/ou controlar, é possível que a necessidade de seguro seja
analisada, mas não imprescindivelmente “consumada” como uma real solução. Às vezes,
o valor do sinistro não compensa o valor do prêmio a pagar. Ou então, o que se pretende
segurar não tem valor de mercado que justifique o valor a ser pago pelo seguro.

2. Aceitar o risco

No quesito da aceitação do risco, é uma análise mais fria de quanto vale o que
queremos segurar e de quanto perderíamos caso não segurássemos. Se a equação
for suportável, a não-contratação do seguro pode ser a medida.

3. Transferência do risco

Em caso de transferência do risco, quando o seguro passa a ser interessante, deve-se


analisar que, em casos de sinistros, as perdas seriam significativas, e então, a compra de
um produto de seguros pode ser um caminho interessante, uma solução conveniente.

2.1 Garantia do contrato


Existem casos como o leasing, por exemplo, no qual o próprio bem é a garantia do
contrato, com uma cláusula obrigando a parte a efetuar um contrato de seguros, justamente
para garantir referida reposição em caso de sinistro.

Em locações imobiliárias, temos um outro exemplo. Quando se menciona


contratualmente a obrigatoriedade da contratação de seguros no imóvel locado, geralmente
existe a obrigatoriedade da cláusula do beneficiário, em caso de incêndio, ser o próprio
locador (proprietário do imóvel), e não o locatário (pessoa que aluga), pois a garantia, aqui, é
a preocupação com o imóvel do proprietário.

É importante frisar que “fazer seguro” tem a finalidade, o intuito de repor o patrimônio
no mesmo molde em que se encontrava antes da ocorrência do sinistro, e não, como alguns
podem pensar, de ter a finalidade de enriquecer ou obter patrimônio superior ao bem já
existente. Não é esta a proposta.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

2.2 Proteção na forma de seguro


Segundo Contador (2007), a demanda pela proteção na forma de seguro,

depende de diversos fatores: culturais, religiosos; demográficos; legais; estágio de


desenvolvimento; sofisticação da estrutura produtiva; e econômicos, e estes formam
os alicerces estruturais do seguro (CONTADOR, 2007, p. 79).

Para esclarecer melhor o conceito, os fatores culturais, juntamente com os religiosos,


podem impedir que um seguro seja aceito pelas pessoas, devido à filosofia de não se
questionar os desígnios de Deus, por exemplo. Quanto ao fator demográfico, a faixa etária
de uma região, a expectativa de vida, a cultura ou não de se compreender o seguro como a
melhor proteção quanto a determinados riscos, são fatores que alavancam ou desestimulam
o setor na medida da importância (ou não) dada ao segmento.

No tocante ao estágio de desenvolvimento financeiro, este, sim, é um fator muito


importante que pode e modifica a atuação do mercado segurador, elevando a sua demanda
quando elimina algumas restrições do mercado e cria novos instrumentos financeiros
interessantes à população em geral. É o caso do microsseguro, do seguro de vida acessível,
da extensão da garantia, dentre outros.

2.3 Importância do seguro


A importância do seguro não se limita apenas a cobrir o risco definido na apólice de
seguros, ele é maior que isto:

• ele possibilita e confere segurança ao segurado.

• ele evita a cessação abrupta de renda no caso de falecimento do arrimo de família


que adquiriu seguro de vida antes de falecer.

• fornece estabilidade ao seu negócio segurado, além de tranquilidade para a pessoa


focar em outras necessidades.

Tem a finalidade de assegurar esta mesma estabilidade para o seu patrimônio (como por
exemplo, seu veículo, sua moradia, ou até mesmo para os seus equipamentos eletrônicos ou
qualquer item passível de seguro). Ele permite uma melhor qualidade de vida, pois com o
seguro, sabemos que não desperdiçaremos nossos investimentos, uma vez que sabemos que
ele está garantido (nos moldes do contratado).

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

2.4 Leitura do contrato


A leitura é fundamental e necessária. Como em qualquer contrato, existem obrigações
e deveres de parte a parte, e estas questões devem estar claras para o segurado, pois além
do pagamento do seguro, ele também tem obrigações detalhadas em sua apólice, tais como
(no caso de uma apólice de um veículo): a obrigação em informar mudança de endereço
residencial e comercial; avisar a ocorrência de um sinistro imediatamente; não iniciar
reparo algum no veículo antes da companhia seguradora vistoriar; informar transferência de
propriedade; não realizar nenhuma espécie de acordo antes de comunicar a seguradora do
ocorrido, dentre outros.

Caso tenha dúvidas, questione antes da assinatura do contrato, pois tudo o que ele
contiver fará lei entre as partes, e alegar ignorância após o sinistro consumado geralmente
não causa nenhuma alteração no que está descrito. Por isso, reforço em lembrar que todas as
cláusulas e valores mencionados devem estar claros para as partes envolvidas, sem exceção.

3 Tipos de seguros
Segundo a SUSEP (Superintendência de Seguros Privados), no Brasil há 89 tipos de
seguros cadastrados que podem ser contratados. Iremos destacar alguns produtos apenas,
visto que nossa finalidade é abarcar os principais produtos já tradicionalmente aceitos. Os
tipos de seguros mais comuns são:

3.1 Seguro de automóvel


Existem várias coberturas possíveis para um seguro de automóvel, como a cobertura
(parcial ou total) do casco, ou seja, do veículo em si, também chamada de cobertura
compreensiva; como também colisão, incêndio e roubo. Existe a cobertura para terceiros,
chamada de RCF (Responsabilidade Civil Facultativa), que protege e ressarce outros veículos
envolvidos numa colisão, por exemplo.

Existem também as chamadas coberturas adicionais, que podem envolver partes do


veículo em si, como vidros, retrovisores e lanternas, blindagem, equipamentos, como também
existem coberturas para assistência 24 horas, guincho, carro reserva, dentre várias outras
coberturas possíveis.

A necessidade para cada cobertura em si deve ser analisada com ponderação, pois sua
função é atender exatamente a necessidade de cada pessoa, não sendo preciso, muitas vezes,
contratar todas as coberturas possíveis.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Se você analisar um veículo obtido pelo valor de todas as suas economias e perdê-lo
numa colisão ou furto (sem a contratação de seguro algum), será o desmoronamento de todo
o seu patrimônio num único piscar de olhos.

Entretanto, se com a análise da compra desse veículo você também calculou o custo do
seguro, garantindo, assim, a permanência do seu patrimônio em casos eventuais, você está
agindo de forma absolutamente correta no intuito de preservação.

A não contratação de seguros de forma nenhuma é uma situação errada (talvez


equivocada), mas é necessário ser conhecedor dos riscos envolvidos e nas perdas possíveis
diante desta aquisição.

Mas vamos a um exemplo: Se o caso em questão envolvesse a compra de um sexto


veículo, compondo em seu patrimônio uma frota veicular. É possível que a análise deste caso
seja comparar os custos anuais dos seis veículos em questão, com as coberturas de terceiros
devidamente discriminadas, e, possivelmente, a contratação de RCF sem a cobertura do
casco, pois o custo anual pode representar um veículo zero km por ano só de pagamento de
prêmio. Neste mesmo caso, se a incidência de roubo na região de circulação for acentuada,
talvez a garantia do seguro traga tranquilidade e estabilidade financeira ao proprietário no
tocante à sua frota.

É importante analisar qual o interesse da própria pessoa e quais riscos ela está disposta
a correr. Como já foi dito à exaustão, não existe certo e errado, existem razões para esta ou
aquela decisão.

O valor das coberturas também deve ser objeto de atenta análise. Se você estiver
numa capital, na qual circulam diversos veículos, no interior ou em uma cidade menor, isso
impactará na sua decisão. Existem algumas variáveis no cálculo, como, por exemplo: quantos
anos de habilitação o principal condutor tem, ou qual o CEP de pernoite, qual o modelo do
veículo (sendo que veículos mais esportes e arrojados geralmente custam mais caro que
veículos mais comerciais), se o veículo fica em garagem fechada ou aberta, se ele é utilizado
para frequentar escolas diariamente ou só para passeio etc.

A soma de diversas variáveis determinará o valor final a ser pago, e esta análise,
juntamente com o corretor de seguros, será um norte na hora da decisão, e às vezes, até
na hora da escolha na troca do modelo do seu veículo, pois seguramente existem veículos
mais visados para roubos de acordo com a análise já apurada pelas seguradoras e que os
corretores têm acesso.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

3.2 Seguro residencial


Este tipo de seguro visa garantir a indenização em eventual sinistro por incêndio e
pelas demais coberturas eventualmente contratadas. Neste seguro, haverá a necessidade
de preenchimento de um formulário próprio, no qual deverão constar os dados do imóvel,
a informação do tipo de permanência, como alugada ou uso próprio, tempo que você se
encontra no endereço, se já houve algum tipo de sinistro nos últimos 12 meses, se existe
algum tipo de alarme ou segurança, como portões automáticos, dentre outras perguntas
escolhidas pelas seguradoras que irão receber a cotação.

Este tipo de seguro costuma ser bastante acessível e trazer alguns serviços adicionais
interessantes, como chaveiro 24 horas, serviços de encanadores e eletricistas para pequenos
reparos, consertos em geral, dedetização, serviços para os animais de estimação da família,
desentupimentos etc. valendo quase sempre o custo envolvido neste contrato de seguro.

Se o imóvel for segurado, pode ser uma obrigação sua enquanto inquilino; se o imóvel
for próprio, nada melhor do que ter seu patrimônio assegurado contra os riscos possíveis e
ter a garantia e tranquilidade asseguradas por um contrato.

3.3 Seguro de responsabilidade civil geral


Este seguro é bastante interessante, pois visa garantir ao segurado (por reembolso até a
quantia mencionada na apólice) de prejuízos causados a terceiros por ele próprio. A pessoa
física pode contratá-lo, (e a pessoa jurídica também), mediante o preenchimento de um
formulário próprio que discriminará e detalhará as condições contratadas.

Ninguém está livre de causar dano a outrem, e este seguro visa assegurar (na maioria dos
casos) aos profissionais liberais uma garantia. Havendo algum dano devidamente coberto nas
cláusulas contratadas, o segurado estará amparado, já que na maioria das vezes seu maior
patrimônio é, de fato, o intelectual, ficando inviável o ressarcimento de algum dano em caso
de sinistro sem a contratação deste seguro.

O Código de Defesa do Consumidor (felizmente) garantiu vários direitos e obrigações para


as partes que entregam serviço e que consomem, e quando um advogado, um dentista ou um
engenheiro comete um erro, este deve ser reparado. Havendo a contratação deste seguro,
todas as partes envolvidas estarão garantidas, uma vez que a preocupação do profissional
antecedeu o próprio risco.

Algumas empresas exigem dos profissionais autônomos que as atende este tipo de
seguro vigente, mas, felizmente, isso ainda é minoria (em termos obrigacionais). O Brasil tem
se mostrado bastante interessado neste tipo de produto diante da tranquilidade que oferece
aos seus segurados.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

3.4 Seguro de vida


O seguro de pessoas (vida) engloba tanto a morte natural quanto a acidental, e em vários
casos também possui cobertura com uma verba para o enterro chamada auxílio-funeral.

Algumas seguradoras, para destacar o seu produto no mercado em geral, acabam


agregando a esta apólice algumas outras coberturas, como, por exemplo, invalidez por
acidente, por doença, seguro prestamista, seguro de diária por internação hospitalar, seguro-
desemprego (perda de renda), seguro de diária de incapacidade temporária, cesta básica
para o beneficiário por 12 meses, auxílio educacional ao beneficiário com importâncias pré-
estipuladas por 12 ou 24 meses, bem como todo o aparato possível para o momento de
apresentar documentos e preparo em geral para o velório, justamente para captar maior
clientela. Atenção para a cobertura principal é a dica.

Ao adquirir um produto de vida, é necessário que a pessoa saiba exatamente o que


precisa e o que estão oferecendo, justamente para pagar o preço justo do contratado, e
não aceite coberturas dispensáveis agregadas ao seu valor. Tenha em mente que a proteção
maior é a indenização em caso de falecimento, pois a maior questão, aqui, é a imediata
disponibilidade de dinheiro pelo beneficiário assim que o segurado falece, pois são inúmeras
as providências a serem tomadas, além da questão da qualidade de vida dos beneficiários,
que muitas vezes sofrem uma queda brusca antes de ser retomada a situação em si de forma
natural.

Reiteramos a importância crucial em ler todas as cláusulas do contrato (no caso, apólice),
e, se necessário, tirar todas as dúvidas, sejam elas quais forem, (e antes de sua assinatura),
pois o que está em jogo, aqui, é justamente o futuro financeiro da sua família, e uma vez
assinado, é o que valerá entre as partes.

Vale destacar que, quanto maior a idade do segurado, maior é o valor do prêmio, e,
por consequência, quanto menor a idade do segurado, menor o valor do prêmio. O valor da
cobertura é estimado pela parte contratante, mas geralmente este cálculo se baseia em 24
meses de salário do segurado, deixando sua família protegida por dois anos após o evento
(morte), ou outro valor que se justifique para atender as necessidades dos sobreviventes.
Não é um cálculo para deixar os beneficiários ricos, é um cálculo para que a família consiga
manter o seu padrão até encontrar outros meios de permanecer com ele ou se adequar à
nova realidade.

Para calcular este custo, existe a Tabela de Vida ou Tábua de Mortalidade, ou Tábua
Atuarial ou Tábua Biométrica, que indica e apresenta um modelo tabular de cálculo e são
criadas por meio do Censo. Elas são discriminadas por sexo feminino e masculino e sua função
é calcular (tarifar) o valor do prêmio mensal a pagar no seguro de pessoas. Como qualquer
outro seguro, a garantia do segurado é a emissão da apólice de seguros que será renovada
todo ano.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Acesse o link para o site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


(IBGE), disponível na Midiateca da disciplina, e encontre a Tábua de vida dos
últimos anos.

O atraso da mensalidade poderá ensejar em cancelamento da cobertura, por isso, deve-


se todo o cuidado em manter em dia as prestações, pois inexistirá um protesto ou seu nome
no SERASA, mas em caso de sinistro, inexistirá pagamento da cobertura contratada.

O seguro de pessoas pode ser contratado tanto na modalidade individual quanto na


modalidade em grupo, alterando, caso a caso, o valor do prêmio, por exemplo, em função da
faixa etária, (idade), sexo e atividade exercida pelo segurado.

Após o protocolo do pedido da contratação do seguro de vida, a seguradora terá um


prazo de até 15 (quinze) dias para aceitar ou não as bases desta contratação. Após este
período ela não poderá negá-lo mais. Em caso de recusa, ela (seguradora) deverá fazê-lo por
escrito, justificando-o nos termos da lei.

Considerações finais
Neste capítulo, abordamos alguns produtos securitários, bem como definimos algumas
terminologias mais usuais neste segmento.

Abordamos a importância em se contratar o seguro, e a importância de analisar caso a


caso a pertinência e o custo destes contratos.

Podemos perceber que, em alguns casos, a contratação do seguro pode não ser a melhor
solução, bem como podemos ter certeza que, para determinadas situações, ela oferece uma
tranquilidade e garantias que pouco veremos em outro tipo de produto.

A questão da economia está sempre presente em nossos estudos, e pensar no futuro,


nos dizeres de Contador (2007, p. 101) “é lembrar que o resto da nossa vida acontecerá no
futuro, e todos desejam saber como será esta vida.”

Se tivermos ao menos a segurança de que nossos investimentos e nosso patrimônio,


de alguma forma, está garantida, parte da nossa incerteza “cairá por terra”, pois estamos
respaldados em contratos firmes e válidos, e o custo destas contratações já foi objeto de
análise e pertinência.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

É verdade que não temos ao certo como prever o futuro no sentido de predizê-lo, mas
temos ferramentas já comprovadas como seguras para mantê-lo o mais estável possível,
reduzindo a incerteza sobre o futuro e, assim, nos preocuparmos com outras questões da
vida.

Referências
CONTADOR, C. Economia do seguro: fundamentos e aplicações. São Paulo: Atlas, 2007.

OLIVEIRA, G. Mercado financeiro. 2 ed. São Paulo: Editora Fundamento Educacional, 2011.

SUSEP. Superintendência de seguros privados. Disponível em: <http://www.susep.gov.br>.


Acesso em: 02 nov. 2013.

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Investimento e crédito: estratégia para o
futuro

Aula 11
Introdução ao mercado financeiro e suas alternativas
(produtos e características) – parte 5

Objetivos Específicos
• Identificar os tipos de financiamento imobiliário disponíveis no mercado.

Temas

Introdução
1 Avaliação para a compra de um imóvel
2 Sistema Financeiro de Habitação (SFH)
3 Carteira hipotecária
4 Consórcio
5 Financiamento direto com a construtora
6 Dicas do PROCON
7 Riscos e vantagens do investimento imobiliário
Considerações finais
Referências

Professora
Ana Luiza Alves Lima
Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Introdução
O que é necessário avaliar no momento da compra de um imóvel? Quais detalhes e
condições deve-se analisar antes de assinar um contrato de financiamento?

Independentemente da cultura, crença religiosa ou classe social, ter um cantinho próprio


para viver é sonho e desejo de muitas pessoas. Além disso, o imóvel pode ser uma das
melhores formas para investir. e, com certeza, você conhece muitas pessoas que alegam
isso. Conforme salienta Gallagher (2008, p. 103), “o brasileiro, em geral, gosta de ter imóveis,
principalmente as pessoas de mais idade”.

Deve-se ter em mente que realizar investimentos em imóveis é uma ação eficaz, pois
além de ser relativamente “simples” realizar a sua compra, o imóvel pode ser rentável (em
forma de aluguel), é valorizado com o decorrer do tempo e, também, é um ativo real. Nesta
aula, vamos abordar detalhes importantes que devem ser verificados na compra do imóvel.

1 Avaliação para a compra de um imóvel


Quando se decide adquirir um imóvel, é necessário analisar cuidadosamente diversos
pontos, pois se trata de uma compra que não terá liquidez imediata (quando quiser vendê-lo).
Dependendo do propósito da aquisição – moradia ou renda – realize as seguintes análises:

a) Localização do imóvel

O lugar está adequado à intenção da compra? Se for para renda, é de fácil locação? Se
for para moradia, o bairro lhe agrada? Há quantos quartos? Há vagas de garagem suficientes
que atendam a minha necessidade ou de meu inquilino? Há transportes públicos na região?
Há escolas próximas? É uma rua com comércio ou apenas com residências? Tem feira na rua
algum dia da semana? Isso é bom ou ruim pra mim? Está dentro do meu orçamento?

Se, para responder estas perguntas, você tiver que visitar o imóvel diversas vezes, faça-o,
pois estamos nos referindo a um investimento com alto valor. Caso seja um imóvel que ainda
não foi construído ou que está em construção, cheque a idoneidade da construtora e/ou da
incorporadora, além de consultar e visitar outros imóveis já construídos pela mesma empresa.

b) Dados do vendedor

Se o imóvel for usado, verifique os dados do proprietário. Ele possui dívidas judiciais
que comprometam a venda? A documentação do imóvel está atualizada? Se não estiver, é
importante saber que o respectivo cartório de registro de imóveis emite certidões sobre
gravames ou ônus do imóvel, além de informações de propriedade e averbações em geral,
como confirmar se o imóvel foi dado em garantia (fiança) num contrato de locação.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Há um serviço de cartórios 24 horas que disponibiliza a facilidade de


solicitar a segunda via de certidões de qualquer natureza via internet, mediante
pagamento de taxas. Está disponível para 22 Estados e o Distrito Federal,
abrangendo quase todo o território nacional, e permite ao usuário ou empresa
receber a certidão via Correios, via e-mail, ou retirar pessoalmente no balcão
do cartório local. Acesse o link, disponível na midiateca da disciplina, e conheça
esta possibilidade.

Em caso de condomínios, exija quitação das mensalidades até a data da compra, para
não ser surpreendido com este passivo. Solicite uma ata da última assembleia do condomínio,
pois, assim, poderá ter uma ideia de quais são as necessidades, as reivindicações e problemas
dos moradores. Toda a cautela é necessária para que não tenha transtornos irreconciliáveis
na transação.

c) Análise do contrato

Leia tudo o que for assinar, sem exceção. Não tenha vergonha de pedir explicações
sobre quaisquer cláusulas que necessitem de maior esclarecimento. Atente-se: o imóvel
é um patrimônio valioso e não um bolo que, se vier com recheio errado, se pode trocar
imediatamente ou, então, experimentar um novo sabor.

Toda e qualquer combinação deve estar escrita na proposta, no compromisso de venda e


compra, na troca de e-mails etc. Não aceite nada de forma verbal, pois se já existem diversos
equívocos quando se deixa registrado, caso as tratativas permaneçam no campo da oralidade,
a tendência de criar confusões ou mal-entendidos é maior.

Se der um sinal como princípio de pagamento, verifique a possibilidade de arrependimento


com devolução, ou então, esteja seguro de que irá realizar a compra antes de assinar qualquer
documento. Agir com a pura emoção não é aconselhável.

d) Ocupação e desocupação do imóvel

Se o imóvel é para uso próprio, cuidado com aquisição de um bem com inquilino ainda
morando na residência. Às vezes, o transtorno e a demora da saída do locatário são tão
grandes que poderão lhe causar despesas extras e desnecessárias.

Se for para investimento, tenha consciência que o imóvel poderá ficar desalugado por
algum tempo e as despesas como IPTU, condomínio e manutenção serão do proprietário, até
que encontre um inquilino.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Como se pode perceber, as questões são simples, mas os itens a serem analisados são
complexos. Planejar esta conquista é a melhor estratégia para não se decepcionar com um
mau negócio. Se você sabe dessas variáveis e, mesmo assim, assume o risco, as prováveis
surpresas passam a fazer parte do leque de possibilidades já conhecidas e não causarão
tantos transtornos.

2 Sistema Financeiro de Habitação (SFH)


O Sistema Financeiro de Habitação (SFH),

é um sistema criado para facilitar e promover o financiamento da construção e da aquisição


da casa própria, e é fiscalizado pelo Banco Central. Normalmente, os imóveis financiados
pelo SFH são do tipo residencial, novos ou usados (GALLAGHER, 2008, p. 109).

O SFH pode ser utilizado para imóveis residenciais, como:

• Aquisição de imóvel novo ou usado;

• Aquisição de terreno e construção;

• Construção em terreno próprio.

Seu principal atrativo é a taxa de juros mais baixa do que as encontradas no mercado,
além da possibilidade de utilização do FGTS. Nesta modalidade, não é permitida a compra de
imóveis comerciais.

A partir do dia 30 de setembro de 2013, por meio da Resolução nº 4.271, do Banco


Central do Brasil (BACEN), os valores para compra da casa própria com recursos do FGTS
passou para até R$ 750.000,00 nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e
Distrito Federal. E para até R$ 650.000,00 para os demais Estados. A legislação prevê esta
diferença em razão dos primeiros Estados possuírem imóveis mais caros que os demais.

As instituições bancárias não financiam 100% do valor total do imóvel. A maioria financia
até 80% do valor, o que equivale a dizer que é necessário ter disponível o valor da diferença
que não será financiada.

Destacamos aqui, também, que o imóvel financiado será a própria garantia do empréstimo
realizado. É importante analisar o período do financiamento, o valor da parcela, bem como
exercitar várias combinações para verificação das diferenças até encontrar a que melhor se
adapta às suas necessidades.

Conforme bem salienta Gallagher (2009),

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

é permitido que o mutuário1 liquide o financiamento antes do vencimento. Tal


prática pode ser interessante, na medida em que se estanca o pagamento dos juros.
Vale lembrar que o FGTS pode ser usado para, durante a vigência do contrato de
financiamento, abater o saldo devedor, diminuindo o valor ou a quantidade de
prestações (GALLAGHER, 2009, p. 109).

3 Carteira hipotecária
Diferentemente do SFH, a carteira hipotecária é um contrato com condições mais livres
de financiamento entre o mutuário e a instituição financeira.

As principais diferenças são:

• É permitido a compra de imóveis residenciais e comerciais;

• Pode ser firmado tanto por pessoa física quanto por pessoa jurídica;

• Não há um teto máximo para o valor do bem;

• Não há limite de prazo;

• As taxas de juros são superiores a do SFH;

• Não existe limite mínimo estipulado obrigatório.

Cada banco oferecerá uma condição particular, por isso, é aconselhável realizar uma
pesquisa entre as diversas instituições bancárias para averiguar qual atende melhor as suas
expectativas e necessidades. A análise deve ser realizada no momento efetivo de contratação,
uma vez que os índices e percentuais alteram frequentemente. Caso tenha analisado há algum
tempo atrás, refaça-a, pois você poderá encontrar condições interessantes neste momento,
diferente do que tinha encontrado anteriormente.

Tanto neste contrato quanto no contrato pelo SFH, os compradores já assumem a


condição de proprietário.

O imóvel em si é a garantia do banco, mas o mutuário já pode usufruir do seu bem


imediatamente. Caso haja falta de pagamento das parcelas convencionadas no contrato,
o imóvel poderá ser executado por conta de ser a garantia do pagamento, pois ele está
hipotecado à instituição bancária que concedeu o crédito.

1 Mutuário é o nome que se dá à pessoa que recebe o empréstimo.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

4 Consórcio
O consórcio é uma forma de adquirir um bem imobiliário (novo ou usado) a longo prazo,
sem incidência de juros.

A pessoa que optar pelo consórcio deve se planejar corretamente para tirar máximo
proveito desta modalidade. Ela não deve ter urgência em adquirir o imóvel, pois esta forma de
pagamento não garante entrega imediata, assim, é importante ter caixa disponível suficiente
para despesas de moradia como o pagamento do aluguel e o valor da prestação do consórcio.

O BACEN é o responsável pela autorização e fiscalização das administradoras de consórcio,


além de regular suas atividades. Por meio do BACEN, é possível pesquisar sobre a condição
da administradora que você optar, bem como checar sua idoneidade e situação e eventuais
reclamações para não ser surpreendido posteriormente com a ausência desta análise.

Conforme esclarecido pelo BACEN, as administradoras “são as empresas prestadoras de


serviços responsáveis pela formação e administração de grupos de consórcios. Há uma série
de exigências que as empresas têm de cumprir para poder operar no mercado.”

Ao adquirir uma cota de consórcio, por meio de uma administradora, a pessoa assinará
um contrato de adesão, no qual constará todas as tratativas desta operação, tais como:

• valor do crédito;

• prazos;

• valores a pagar;

• condições da contemplação;

• direitos e obrigações das partes contratantes;

• regras para participação dos sorteios;

• entre outros.

Geralmente, não é exigida a comprovação de renda para a efetivação do contrato; basta


o preenchimento dos dados cadastrais para a emissão do mesmo. Se optar pela instituição
bancária que já seja correntista, o procedimento poderá ser ainda mais simplificado.

Ao adquirir uma cota de consórcio de imóveis, o consorciado passa a fazer parte de


um grupo, no qual todos os seus participantes contribuem com a formação da poupança.
Além do valor da prestação principal, existe a mensal, o valor da taxa de administração do
consórcio e a taxa do fundo de reserva.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Todo mês é realizado um sorteio para contemplar um consorciado. Poderá existir,


também, um outro contemplado por meio do maior lance, que pode ser ofertado somente
para os consorciados com o pagamento em dia.

Os lances funcionam, na prática, como uma espécie de leilão: os participantes que


quiserem darão lance num percentual do bem, podendo, no caso do consórcio imobiliário,
utilizar o FGTS para estes lances ou esperar o fim do contrato. Casos de desempate também
estão descritos no contrato firmado entre as partes, por isso, ressalta-se a importância da
leitura cuidadosa do que for assinar. Todas as regras estarão contidas ali e não se deve alegar
ignorância.

Ao ser contemplado, não significa que o consorciado terá o seu bem imediatamente
disponível. Ele receberá uma carta de crédito que poderá ser utilizada para a compra de
qualquer tipo de imóvel: novo ou usado, comercial ou residencial, em qualquer lugar do país.

Também se permite utilizar o crédito para quitação total de algum financiamento em


aberto, desde que seja em nome do próprio consorciado. Neste caso, existirá a garantia do
imóvel comprado. No registro do cartório de imóveis, constará, por exemplo, os dados do
adquirente, entretanto, haverá uma averbação informando que o mesmo não poderá vendê-
lo até a quitação total do consórcio.

É difícil afirmar se esta modalidade é melhor ou pior que as demais possíveis, pois a
avaliação deve englobar necessidades e possibilidades caso a caso. Faça as contas e avalie sua
condição e necessidade para decidir.

5 Financiamento direto com a construtora


Nessa modalidade de financiamento há parcelas mensais e parcelas intermediárias.
Todas devem ser mencionadas no contrato assinado entre as partes e o interessado deve
estar preparado para elas.

Como pré-requisito para aquisição deste financiamento, existe a análise de crédito e


eventuais restrições, apresentação do comprovante de residência, além de documentos
como CPF, RG e comprovante de rendimento, sendo que o imóvel – neste caso, também –
será objeto de garantia deste contrato.

É importantíssimo analisar a idoneidade e o histórico da construtora em questão,


realizando pesquisas em sites de reclamações, no PROCON, nos locais onde for possível realizar
busca por meio do nome da construtora ou seu CNPJ e em qualquer órgão de proteção ao
crédito a fim de se certificar em que está investindo seu dinheiro, bem como avaliar eventuais
reclamações e analisar se a mesma cumpre os prazos estabelecidos em contrato.

O prazo deste contrato varia de acordo com cada construtora, mas geralmente varia
entre 50 e 120 meses.
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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

6 Dicas do PROCON
Os órgãos de defesa do consumidor em geral possuem uma experiência inigualável
quando o assunto é cuidado com o consumidor e, por isso, costuma emitir cartilhas e guias
de procedimento, com a intenção de ampliar as informações e experiências havidas com os
queixosos para diminuir questões que possam ser objeto repetido de más experiências, a
saber:

1. Não existe obrigação de pagamento de “taxa de abertura de cadastro”, pois a pesquisa


em si faz parte da atividade exercida pelo fornecedor, não cabendo nenhuma
responsabilidade nem ônus por parte de qualquer outra pessoa.

2. O consumidor não é obrigado a adquirir nenhum produto além do seu financiamento.


Isso é considerado “venda casada” e constitui venda abusiva nos termos do artigo 39
do Código de Defesa do Consumidor vigente.

3. Quando houver antecipação de pagamentos, haverá, necessariamente, redução dos


juros e demais acréscimos.

4. É possível transferir o contrato de financiamento para outra pessoa.

5. A instituição financeira não pode cobrar pela emissão do boleto bancário de cobrança.

6. O consumidor pode solicitar mudança de data da prestação mensal, mas isso poderá
gerar cobrança de taxa, dependendo do que estiver estipulado em contrato, por isso
deve-se ter cuidado em avaliar todas as cláusulas de qualquer contrato.

7. Quem fez um financiamento e se arrependeu pode cancelar o contrato, só que


novamente ele deve avaliar as condições para dito cancelamento antes da sua
assinatura, a fim de estar ciente de multas e demais sanções a respeito.

7 Riscos e vantagens do investimento imobiliário


O cuidado no financiamento deve relevar os principais riscos desse investimento, como
descrito por Halfeld (2008, p. 29):

• Depreciação do valor

um apartamento de luxo, nos anos 70, tinha quatro dormitórios, uma suíte, dois
banheiros e uma garagem. O azulejo da moda era cor preta ou vermelha. Hoje, um
apartamento para o mesmo perfil de consumidor, tem quatro suítes, um lavabo,
quatro garagens, playground, salão de festas, sala de ginástica, segurança etc.

De maneira semelhante, se um apartamento moderno estiver sem conservação e/ou


manutenção, também perderá seu valor pela depreciação.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

• Risco de invasão em terrenos desocupados

investir em grandes terrenos na periferia das cidades foi um ótimo negócio até a
década de 90. Mas hoje, existem riscos de invasão dos terrenos (2008, p. 20).

• Armadilhas com documentação

Avalie e obtenha todas as informações e documentos necessários do imóvel para que a


transação ocorra de forma mais harmoniosa possível.

• Risco dos imóveis na planta

Apesar de parecer um “negócio da China”, ou seja, bom o bastante, o consumidor não tem
controle sobre o que poderá acontecer durante a construção do imóvel e sobre quais serão
as escolhas das construtoras, em geral. É valido analisar as reclamações e a idoneidade das
mesmas, porém, isso só garantirá uma tranquilidade no momento da transação e fechamento
de contrato. Não é garantido que a construtora “não quebrará” no curso da obra, ou seja,
nunca será possível termos controle sobre a saúde financeira da construtora.

Além disso, conforme salienta Halfeld (2008, p. 33),

você pode não ficar muito satisfeito com o produto final que receber. Comprar um
imóvel na planta é como comprar um sonho. Na hora de recebê-lo, talvez ele não seja
tão bonito quanto você imaginou.

• Imóvel usado com necessidade de grandes reformas

A compra de um imóvel usado e/ou antigo, poderá necessitar de grandes obras com
custo elevado, sendo que este custo, provavelmente, não será recuperado depois em uma
próxima venda.

• Poucas vagas de garagem

Às vezes, encontramos verdadeiras joias raras à venda com uma ou nenhuma vaga de
garagem. Mas dependendo das outras ofertas disponíveis no mercado, revender um imóvel
assim, nos dias de hoje, pode ser difícil e ter seu valor desvalorizado.

• Apartamentos nos primeiros andares

Se for adquirir apartamentos em andares baixos ou próximos ao salão de festas, área de


recreação do edifício, Halfeld (2008, p. 35) recomenda: “procure obter um bom desconto.
Barulhos, visão limitada e pouca segurança são fatores que impressionam negativamente os
potenciais compradores”

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

• Baixa liquidez dos imóveis de lazer

Há um ditado que diz: “Tem coisas na vida em que temos duas alegrias: no momento da
compra e no momento que conseguimos vender”.

Os imóveis de lazer (seja casa ou apartamento) apesar de parecerem excelentes para


a família em geral, são imóveis muito sensíveis a crises econômicas. Cuidado nas suas
aquisições, sempre tendo em mente que sua liquidez é baixa.

• Alto valor de condomínio

Muitos novos compradores estão tão felizes com a compra do imóvel desejado que
podem passar despercebidos por esta informação preciosa. Procurar saber o valor do
condomínio é importantíssimo, pois ele fará parte das suas despesas fixas, e mais: na hora da
compra, é imprescindível checar a quitação do passado, pois esta responsabilidade é sempre
do proprietário. Informe-se antes para evitar surpresas negativas. Às vezes, mesmo sendo
casa, se estiver dentro de um condomínio horizontal, também terá esta despesa para ser
avaliada.

E as vantagens do investimento em imóvel também devem ser analisadas, conforme


segue:

• Optar por comprar um imóvel “obriga” o investidor a ser disciplinado com o dinheiro
e não gastá-lo desnecessariamente;

• O imóvel é um bem tangível, ou seja, pode ser visto, tocado;

• Ter imóveis é uma boa proteção contra a inflação, a longo prazo;

• Morar em um imóvel próprio traz satisfação e segurança para a pessoa;

• Se alugado, o fruto desse imóvel pode ser uma complementação à aposentadoria; ou


então, este valor pode ser reinvestido em outros imóveis ou em aplicações de renda
fixa, por exemplo.

É fato, como bem salienta Halfeld,

herdamos uma convicção de nossos antepassados de que investimentos imobiliários


oferecem alto retorno e baixo risco. Discordo. Cabe-me alertar ao leitor para não ser
enganado pela lenda de que é impossível perder dinheiro com imóveis. Ao contrário,
é muito mais fácil perder do que ganhar, como em tudo na vida. Tenha muito cuidado
(2008, p. 43).

Isso posto, verifica-se que existem diversos itens a serem analisados antes da efetiva
tomada de decisão e assinatura do contrato de financiamento.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Considerações finais
Neste capítulo, foram abordados alguns produtos para a aquisição de imóveis. Por se
tratar de um patrimônio que, via de regra, terá um custo elevado, é necessário um cuidado
adicional nas análises antes de assinar o contrato em si. Por isso, analise todas as possibilidades
e disponibilidades dos produtos de forma individualizada; e atente-se ao contrato, lendo
integralmente todas as cláusulas contratuais, tirando todas as dúvidas antes de sua assinatura,
pois ele estipula e determina quais são os itens contratados entre as partes e quais os deveres
e obrigações de cada um.

Esperamos que estas informações tenham ajudado você a entender suas necessidades
a ponto de enquadrá-las aos seus sonhos, ou que tenham dado as ferramentas necessárias
para que você chegue lá.

Referências
BACEN. FAQ – Consórcios – grupos formados a partir de 6.2.2009. Disponível em: <http://
www.bcb.gov.br/?CONSORCIOFAQ2>. Acesso em: 23 nov. 2013.

BACEN. Resolução nº 4.271, de 30 de setembro de 2013. Dispõe sobre os critérios de concessão


de financiamento imobiliário e dá outras providências. Disponível em: < http://www.bcb.gov.
br/pre/normativos/res/2013/pdf/res_4271_v1_O.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2013.

GALLAGHER, L. Planeje seu futuro financeiro. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

HALFELD, M. Investimentos: como administrar melhor seu dinheiro. São Paulo: Editora
Fundamento, 2008.

InfoMoney. Procon responde 10 dúvidas sobre financiamento. Disponível em: <http://www.


infomoney.com.br/minhas-financas/credito/noticia/2816134/procon-responde-duvidas-
sobre-financiamento>. Acesso em: 24 nov. 2013.

PROCON. Cadastro de reclamações. Disponível em: <http://www.procon.sp.gov.br/


reclamacoes.asp>. Acesso em: 24 nov. 2013.

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Investimento e crédito: estratégia para o
futuro

Aula 12
Introdução ao mercado financeiro e suas alternativas
(produtos e características) – parte 6

Objetivos Específicos
• Identificar os tipos de previdência privada e diferenciar os seus produtos:
VGBL e PGBL.

Temas

Introdução
1 Importância do planejamento previdenciário
2 Previdência privada
3 VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres)
4 PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres)
5 VGBL e PGBL
6 Cuidados relevantes
7 Outras modalidades
Considerações finais
Referências

Professora
Ana Luiza Alves Lima
Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Introdução
Costuma-se dizer que existem dois tipos de pessoas:

• as que acreditam que só vale viver o “aqui e agora” e, portanto, não se preocupam
com o futuro, e

• aquelas que só se preocupam com o futuro e, supostamente, não aproveitam o


momento presente.

Com a devida ressalva aos extremos supramencionados, vamos abordar produtos para
pessoas que vivem o presente, mas também se preocupam com o futuro, buscando, em suas
alternativas, uma forma equilibrada e saudável para quando o futuro chegar.

Há perguntas básicas que não são simples de serem respondidas “na flor da idade”,
como:

• Com que idade você se vê aposentado?

• Saberia dizer quanto de renda precisará por mês para manter seu padrão de vida?

• Como assegurará este padrão?

Essas e tantas outras perguntas devem fazer parte do planejamento e das metas de cada
um, bem antes da “aposentadoria” chegar.

1 Importância do planejamento previdenciário


“Antigamente”, as pessoas viviam menos, gastavam menos e trabalhavam por anos em
uma mesma empresa. Cenário completamente diferente do que se vive atualmente, no qual
as pessoas têm longa expectativa de vida, são impulsionadas a consumir desenfreadamente
e trocam de emprego assim que surge uma oportunidade mais interessante. Por isso, se faz
necessário ter hábitos e expectativas diferentes daquele tempo passado, caso contrário, elas
terão um futuro prejudicado com a falta de comprometimento.

A educação financeira se torna mais importante e relevante. Durante muitos anos,


pensava-se que somente quem tinha muito dinheiro poderia investir ou poupar, e essa
máxima ficou estigmatizada por muito tempo como uma “verdade absoluta”. Entretanto, a
boa notícia é que existem produtos no mercado disponíveis para todos os tipos e tamanho
de bolsos. Basta ter em mente um planejamento adequado, que certamente você encontrará
um produto certo para sua necessidade.

A previdência privada é um assunto de relevância ainda maior quando constatamos que,


em geral, as pessoas recebem da previdência social (administrada pelo INSS) um benefício

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

correspondente a um salário mínimo e o seu teto máximo equivale ao valor de 4 salários


mínimos. Quem possui rendimentos acima desses valores não terá suas necessidades
atendidas no futuro e, se contar somente com essa aposentadoria na receita, seu padrão
de vida será diminuído. Além disso, com o passar dos anos, a tendência é aumentar as
necessidades e os gastos.

Portanto, é aconselhável buscar soluções que possam complementar a renda. Se conseguir


poupar um pouco por mês, perceberá que futuramente poderá ter uma aposentadoria mais
tranquila, equilibrada e confortável. O aumento da expectativa de vida é positivo, sem dúvidas,
mas traz consigo essa necessidade de apurar melhor como se deseja viver esses anos a mais.

Já passou o tempo em que a previdência pública parecia – por si só – custear a aposentadoria.


As dificuldades que essa previdência enfrenta atualmente, somada à dificuldade política em
realizar as reformas necessárias, faz com que o sistema vigente permaneça caótico. Assim, a
previdência privada atua como um investimento a longo prazo que poderá ser resgatado de
forma total ou mensal, justamente para atender suas necessidades futuras, de acordo com
seus interesses.

A dica é certa: quanto mais cedo você se planejar e decidir poupar, maiores serão seus
rendimentos, seus frutos e sua segurança com o futuro.

Posto isso, vamos abordar os tipos de previdência privada existentes no Brasil.

2 Previdência privada
Há dois tipos de previdência privada:

1. Previdência fechada: quando uma empresa patrocina o plano de previdência para os


seus funcionários, dividindo com eles as contribuições mensais.

2. Previdência aberta: possui duas modalidades:

a. VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres)

b. PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres).

2.1 Taxas administrativas


Há dois tipos de taxas administrativas. Conforme salienta Mauro Halffeld (2008, p. 108),
“uma é cobrada sobre cada contribuição que você faz (taxa de carregamento) e a outra é
cobrada sobre o saldo do investimento (taxa de administração).”

A taxa de carregamento, nos dizeres de Martins,

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

é a taxa cobrada nos planos de previdência complementar, sobre a contribuição do


segurado, para fazer face às despesas administrativas, de corretagem e colocação do
plano. Não pode ser cobrada quando os recursos forem transferidos de seguradora
(2010, p. 232).

O importante é pesquisar bastante, pois os percentuais variam nas diversas instituições


financeiras, e vale dizer que, seguramente, um percentual de 1% ao ano fará grande diferença
a longo prazo, não é mesmo?

2.2 Aportes
Os aportes podem ser tantos mensais quanto eventuais (a qualquer tempo), lembrando-
se sempre que no contrato avençado haverá a descrição detalhada destas informações, que
devem ser lidas com extrema atenção.

3 VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres)


A previdência privada aberta VGBL “é uma modalidade de fundo indicada para
investimentos de longo prazo” (MARTINS, 2010, p. 231).

É um plano aconselhável para pessoas que não têm renda tributável, já que não é
dedutível do imposto de renda. Vale destacar que é necessário o pagamento do imposto de
renda sobre o ganho de capital. Possui taxa de carregamento de até 5%, por isso, recomenda-
se a pesquisa por taxas menores.

Com o passar do tempo, o VGBL tem se popularizado bastante, uma vez que funciona de
forma semelhante a um fundo de investimentos, permitindo aportes mensais e a qualquer
momento.

4 PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres)


O plano de previdência privada aberta PGBL também se assemelha a um fundo de investimento.
Investe os recursos arrecadados mensalmente, para serem aplicados e, posteriormente, fazerem
frente aos pagamentos das aposentadorias futuras. Este plano pode ser:

• PGBL soberano: aplica 100% em títulos públicos.

• PGBL renda fixa: aplica 100% em títulos de renda fixa, públicos ou privados. O retorno
é menor e o risco também.

• PGBL composto: aplica até 49% em renda variável. Os ganhos serão maiores, e os
riscos, na mesma proporção, maiores também. A longo prazo, é a melhor alternativa,
com atenção ao aumento dos riscos.
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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

No PGBL (renda fixa e composto), o aplicador pode contribuir quando e com quanto
quiser. Eles são portáteis, ou seja, é possível transferi-los para outras instituições
administrarem.

O PGBL permite que você adie o pagamento do imposto de renda para


a ocasião do seu resgate, momento este em que haverá incidência do valor
total resgatado, ou seja, valor investido mais sua remuneração. É recomendado
para quem faz a declaração do imposto de renda completa e contribui para a
previdência pública.

Esses dois requisitos são obrigatórios por exigência da Lei nº 9532/97, que
oferece o benefício fiscal em até 12% de abatimento. O valor investido em PGBL
deve ser informado na declaração do imposto de renda anual. Saiba mais sobre
esta regulamentação, acessando o link disponível na midiateca da disciplina.

4.1 Tributação PGBL


Existe a possibilidade de escolher entre duas opções de tabela para definir as regras e alíquotas
do imposto de renda que haverá incidência: progressiva compensável ou regressiva definitiva.

1. Tributação progressiva compensável

Nesta escolha, a alíquota seguirá a tabela progressiva do IR (a mesma tabela vigente para
cálculo do imposto de renda sobre os salários) e em casos de resgates antecipados, haverá
incidência da alíquota única de 15%.

Acesse a tabela de alíquotas do imposto sobre a renda retido na fonte, no


link da Receita Federal disponibilizado na midiateca da disciplina.

2. Tributação regressiva definitiva

Na escolha da regressiva definitiva, como o próprio nome sugere, a tributação diminui


ao longo do tempo, ou seja, quanto mais tempo houver sua aplicação investida, menor será o
imposto a pagar. Após a sua escolha, a alíquota será em caráter irrevogável e irretratável, ou
seja, uma vez escolhida, não poderá ser alterada.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

De acordo com o artigo 1º da Lei nº 11.053, de 2004, a tributação regressiva ocorre da


seguinte forma:

Prazo de permanência do investimento Alíquota de IRF


Até 2 anos 35%
de 2 a 4 anos 30%
de 4 a 6 anos 25%
de 6 a 8 anos 20%
de 8 a 10 anos 15%
Mais de 10 anos 10%

3. Período de carência

No tocante à carência, o período mínimo para saques é de 60 dias, em ambos os casos


(progressiva compensável ou regressiva definitiva). Conforme salienta Gallagher, os VGBLs e
PGBLs também oferecem a contratação de seguros adicionais, com coberturas para riscos de
morte ou invalidez.

No site da SUSEP, encontramos as dúvidas mais frequentes em relação aos


planos VGBL e PGBL. Acesse o link disponível na midiateca da disciplina e
obtenha mais informações.

5 VGBL e PGBL

5.1 Público-alvo
Conforme Hallfeld (2008, p. 109),

PGBL — Direcionado para pessoas que têm renda sujeita à tributação e que preenchem
o formulário completo da declaração do imposto de renda, pois suas contribuições serão
abatidas da renda bruta, assim como saúde e educação. O limite máximo é de até 12% da
renda bruta. Por exemplo, se um contribuinte que possui o plano PGBL aplica R$ 600,00
mensais (máximo do benefício fiscal de 12%) terá abatimento de imposto de R$ 148,55 por
mês ou R$ 1.782 por ano.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

VGBL – Direcionado para as pessoas que não tem renda tributável ou para aquelas
que preenchem o formulário simplificado da declaração do imposto de renda, pois não há
vantagem tributária.

5.2 Portabilidade
Ambos os produtos são interessantes e atraem um público cada vez maior, pois possuem:

• facilidade de acompanhamento de suas rentabilidades;

• portabilidade: possibilidade de troca de administrador ou de tipo de risco do fundo.

5.3 Recebimento da renda


Em ambos os casos, o participante poderá receber das seguintes formas:

• renda mensal vitalícia;

• renda mensal por tempo determinado;

• renda mensal vitalícia com prazo mínimo garantido;

• renda mensal vitalícia reversível ao beneficiário indicado.

5.4 Benefícios extras que podem ser contratados


Conjuntamente com os planos de previdência privada, pode-se contratar os seguintes
benefícios:

• renda por sobrevivência;

• renda por invalidez;

• pensão por morte, paga ao beneficiário indicado pelo contribuinte;

• pecúlio por morte, que seria, nos dizeres de Gallagher (2008), a importância em
dinheiro, pagável de uma só vez ao próprio participante, em decorrência de sua
invalidez total e permanente ocorrida durante o período de cobertura.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

6 Cuidados relevantes
Como em qualquer produto a ser adquirido, existe a necessidade de nos valermos de
alguns cuidados relevantes para que o ingresso em um plano de previdência não se torne um
calvário futuro, conforme dicas abaixo:

1. Idoneidade da empresa — analise a situação financeira da empresa que você está


contratando. Escolha uma empresa sólida, de prestígio, com transparência, e, se
possível, busque informações nos sites dos órgãos de proteção ao crédito, como
PROCON e/ou SUSEP, a fim de averiguar sua idoneidade e eventuais reclamações;

2. Perfil do investimento do fundo — analise o perfil de investimento do fundo para


verificar se ela é agressiva, moderada ou conservadora. Buscar o histórico da carteira
também lhe dará bons indícios;

3. Compare empresas — analise e compare os custos de uma empresa com outra,


pois taxas elevadas e carregamentos prejudicam e muito a rentabilidade do produto.
Busque nos simuladores disponíveis em sites de instituições financeiras e seguradoras
os exemplos mais variados possíveis, até você ter segurança em fechar o contrato
com algum dele;

4. Recebimento da renda — analise o valor a ser pago mensalmente, sendo sugerido


um valor mínimo de contribuição que faça com que as oscilações da vida não o
desestimulem a parar com os depósitos. Às vezes, é melhor fazer um aporte em
certas ocasiões para aumentar sua contribuição do que aumentar o valor mensal
comprometido quando da implementação do plano;

5. Leitura atenta do contrato — como em toda recomendação que envolva contrato a


ser assinado entre as partes, leia atentamente todas as cláusulas e condições. Não é
mais permitido diminuir o tamanho das letras no contrato. O contrato é o instrumento
que fará lei entre as partes, portanto, ele servirá para que você questione qualquer
procedimento suspeito. Leia-o, releia-o, e se houver dúvidas, as tire antes de assiná-lo.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

7 Outras modalidades

7.1 Fundos de pensão


Os fundos de pensão, fiscalizados pela Secretaria de Previdência Complementar, são
sociedades civis sem fins lucrativos e possuem a finalidade e objetivo de criar planos privados
de concessão de benefícios.

Oliveira (2011, p. 293) esclarece que a “participação nesse sistema é facultativa e


restritiva aos funcionários da empresa – ou empresas, nos casos de planos multipatrocinados.”
Normalmente, as contribuições dos funcionários e empregadores são em iguais proporções,
e a maioria destas entidades desse segmento são ligadas a empresas estatais.

7.2 Fundo de Aposentadoria Programada Individual (FAPI)


Este fundo, criado através da Lei nº 9.477, de 24 de julho de 1997, é destinado à
acumulação de poupança a longo prazo. Pode ser instituído e administrado por instituições
financeiras ou por sociedades seguradoras autorizadas a funcionar pela SUSEP, que também
é a responsável pela fiscalização do fundo, juntamente com o Banco Central.

Nos dizeres de Oliveira (2011, p. 293) “as aplicações realizadas nesse tipo de fundo
não contam com garantia mínima de rentabilidade, porém todo o rendimento do fundo é
repassado ao investidor.”

O prazo é definido pelo investidor. Entretanto, Oliveira (2011, p. 294) ressalta que “para
converter seus recursos em aposentadoria, terá de resgatá-los e contratar um plano de
benefícios de uma seguradora ou entidade aberta de previdência complementar”.

Os resgates realizados antes de um ano de contribuição pagarão 5% de IOF, e o imposto


de renda segue as mesmas regras que o PGBL. Neste fundo, não há taxa de carregamento,
somente taxa de administração sobre o patrimônio líquido do fundo.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Considerações finais
Nesta aula, foi abordado sobre a previdência privada e pôde-se perceber, uma vez mais,
que quanto mais cedo poupar, melhor será o resultado a longo prazo. Inicie com pequenas
quantias e já contribuirá para que o seu futuro (não tão distante quanto imagina) seja
desfrutado de forma plena e sem dissabores.

Há diversos simuladores financeiros, em diferentes sites confiáveis, que avaliam e


demonstram qual a quantia e por quanto tempo deverá poupar, para ter determinado
rendimento mensal quando se aposentar e, assim, poderá escolher o produto adequado às
suas necessidades.

Por mais que seja difícil definir o melhor momento para iniciar um planejamento e as
contribuições, lembre-se: nunca é tarde para começar. O importante é ter disciplina financeira
para que o seu dinheiro capitalize, ao longo do tempo, ao seu favor e para o seu futuro.
Contribua com o quanto o seu bolso permitir e perceberá que isto se tornou uma rotina. No
momento em que essas somas mostrarem-se robustas, você sentirá que valeu a pena seu
esforço inicial.

Referências
BRASIL. Lei nº 9.477, de 24 de julho de 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L9477.htm>. Acesso em: 03 dez. 2013.

DOMINGOS, R. Como garantir uma aposentadoria tranquila – Volume 10. São Paulo: DSOP
Educação Financeira, 2013.

GALLAGHER, L. Planeje seu futuro financeiro. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

HALFELD, M. Investimentos: como administrar melhor seu dinheiro. São Paulo: Fundamento,
2008.

RECEITA FEDERAL. Alíquotas do imposto sobre a renda retido na fonte – a partir do exercício
de 2012. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/aliquotas/ContribFont2012a2015.
htm>. Acesso em: 03 dez.2013.

RECEITA FEDERAL. Lei nº 11.053, de 29 de dezembro de 2004. Dispõe sobre a tributação dos
planos de benefícios de caráter previdenciário e dá outras providências. Disponível em: <http://
www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/leis/2004/lei11053.htm>. Acesso em: 03 dez.2013.

SUSEP. Perguntas mais frequentes sobre planos por sobrevivência – PGBL E VGBL. Disponível
em: <http://www.susep.gov.br/setores-susep/seger/coate/perguntas-mais-frequentes-sobre-
planos-por-sobrevivencia-pgbl-e-vgbl>. Acesso em: 03 dez. 2013.

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Investimento e crédito: estratégia para o
futuro

Aula 13
Introdução ao mercado financeiro e suas alternativas
(produtos e características) – parte 7

Objetivos Específicos
• Analisar as características da poupança, crédito consignado e crédito pessoal,
sob o ponto de vista da “minha viagem dos sonhos”.

Temas

Introdução
1 Planejamento financeiro
2 Seguro-viagem
3 Onde investir os recursos para a viagem
4 Cuidados
Considerações finais
Referências

Professora
Ana Luiza Alves Lima
Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Introdução
Nesta aula, continuaremos a análise dos produtos financeiros, mas sob o ponto de vista
da “minha viagem dos sonhos”.

De uns anos para cá, o mundo parece ter encolhido. Na verdade, é o reflexo das facilidades
que a globalização e a internet proporcionam. Tudo é rápido, ágil e mais fácil do que há anos
e o único ponto que parece não ter mudado é a necessidade de um bom planejamento
financeiro.

Quando se trata de uma viagem, o planejamento é ainda mais necessário, para que este
momento prazeroso não se torne um pesadelo de difícil reparação.

Infelizmente, não é possível controlar os imprevistos na vida, mas se realizarmos um


planejamento adequado, muitas questões poderão ser antecipadas e sua viagem não será
comprometida, principalmente em termos de imprevistos financeiros.

Reflita sobre os seguintes pontos:

• Quanto estou disposto a gastar para conquistar este sonho?

• Quando será a viagem? Nas próximas férias, dentro de alguns meses?

• Ou será para a lua de mel do casamento agendado para daqui a dois anos?

• Ou ainda, será uma comemoração de bodas e, por conta disto, tenho um tempo
maior para poupar?

Já ouvimos relatos de pessoas que decidem comprar as férias (sem planejamento),


de forma parcelada, por exemplo, em 10 meses, e passam quase o ano inteiro depois das
férias com mais dívidas do que antes da viagem. Se além das parcelas houver gastos extras
(alguns descontrolados) no cartão de crédito, o que era para ser uma experiência incrível se
transformou em uma dor de cabeça contínua devido a esta falta de planejamento. Para que
essas histórias com desfechos desastrosos não façam parte de suas experiências, vamos aos
estudos?

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

1 Planejamento financeiro
Para iniciar o planejamento financeiro, a primeira indagação que se deve realizar é:
quanto pretendo gastar nesta tão sonhada viagem?

A segunda indagação refere-se ao tempo: quando a farei?

Sem um valor aproximado ou sem uma data predefinida, ficará difícil planejar por quanto
tempo preciso poupar mensalmente para antecipar os preparativos e realizar esta conquista.
Muitas pessoas acalentam o sonho de conhecer determinado destino e, por isso, já possuem
em seu íntimo todo o roteiro da viagem, incluindo os passeios, locais, restaurantes e pontos
turísticos que almejam conhecer.

Porém, muitas vezes, o momento da vida faz com que seja necessário reduzir o roteiro
de acordo com o orçamento. Tudo deve ser ponderado para conciliar os desejos e a realidade
da forma mais adequada possível.

O sonho comporta qualquer desejo, mas deve se adequar ao orçamento possível. Só


assim ele não se tornará um pesadelo inesquecível e, sim, um sonho realizado, como se
desejava.

Vamos a um exemplo prático. Clara e João residem em São Paulo,


pretendem casar daqui a dois anos e desejam conhecer as lindas praias do
Nordeste. Cada um dos noivos se comprometeu a reservar R$ 150,00 por mês,
da receita individual, e o dobro deste valor no 13º salário.

Com isto, eles terão 24 parcelas de R$ 300,00, resultando em R$ 7.200,00, além de mais
R$ 600,00 depositados a mais no 13º por dois anos, totalizando R$ 7.800,00, sem qualquer
atualização.

Como o casal já estava com as datas fechadas e os dois anos (em termos de investimento)
são considerados como curto prazo, o casal (conservador em suas escolhas) decidiu aplicar os
recursos mensalmente em uma caderneta de poupança conjunta, criada para que este sonho
se realizasse de forma segura e sem contratempos. Com isso, os valores foram somados a
0,5% + TR no saldo final, mês a mês.

Os noivos fecharam um pacote para Salvador que contemplava todas as expectativas por
R$ 4.900,00. Conseguiram um desconto de 5% para pagamento à vista, que resultou no valor
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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

final de R$ 4.655,00. O restante do saldo disponível foi gasto na própria lua de mel, o que
gerou satisfação garantida em termos financeiros.

Nesse caso, uma outra possibilidade para esse casal, que conseguiu amealhar o valor
integral com folga, seria pagar parcelado com cartão de crédito sem o desconto de 5% em 10
parcelas, por exemplo. Esta alternativa seria interessante, pois se eles deixassem o recurso
aplicado e, mês a mês, liquidassem a despesa do cartão, acumulariam as milhas dos programas
de fidelidade dos cartões de crédito e poderiam utilizá-las em outra futura viagem.

1.2 Dentro do Brasil ou no exterior?


Hoje, muitas vezes, viajar para o exterior pode ser mais barato do que ir para alguns
Estados do Brasil, principalmente dependendo da época e do local de origem e destino da
pessoa. Caso o trajeto não esteja definido ainda, vale a pena comparar algumas possibilidades.

É certo que se a viagem for nacional, facilitará o uso de cheques, cartões de crédito e
dinheiro em reais para lidar com as despesas não incluídas nos pacotes de viagem, como
locomoções e/ou traslados. Há, ainda, alguns hotéis chamados resorts ou pacotes com tudo
incluso (passagem, hospedagem e alimentação), nos quais é possível liquidar (ou parcelar)
esses valores antecipadamente, mas, mesmo assim, certamente ocorrerão outras pequenas
despesas no curso da viagem para as quais se deve estar preparado também.

1.3 “Não existe almoço grátis”


Toda atenção é pouca na hora de se contratar uma viagem. A expressão “não existe
almoço grátis”, refere-se àquelas promoções imperdíveis, geralmente “só por hoje” com taxas
incríveis e pouquíssimas vagas que se pode encontrar no caminho.

É claro que haverá variação de preços na pesquisa, mas não a ponto de ser
significativamente superior a menos da metade da média encontrada.

Atenção para não ser surpreendido numa arapuca e, com isto, perder todo o seu dinheiro
devidamente planejado por uma “oportunidade” demasiadamente abaixo do preço médio. O
barato pode sair caro e, algumas vezes, caríssimo!

1.4 Uso de cartões de crédito em viagens


O cartão de crédito, desde que se tenha consciência em seu uso, é um “bom companheiro”
de viagem. Se liquidar a fatura integralmente, todos os meses, o cartão é um recurso disponível
e interessante para quem o possui. Porém, se tratar deste produto financeiro com visão no
pagamento mínimo, com toda certeza você terá complicações e endividamento.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Quando a viagem for para o exterior, faz-se necessário conhecer a moeda local e sua taxa
de câmbio, além de utilizar o cartão de crédito internacional para eventuais transações locais.

Apenas para relembrar, taxa de câmbio, nos dizeres de Martins (2010, p. 67) “é o preço
de uma moeda estrangeira, medido em unidades ou frações (centavos) da moeda nacional”.

É importante também conhecer as regras destes produtos financeiros: o cartão de


crédito internacional implica na incidência de 6,38% de IOF (imposto sobre operações
financeiras) além da conversão da moeda local à nossa moeda no momento do fechamento
da fatura (variação cambial). O IOF não é cobrado em operações realizadas no Brasil com este
mesmo cartão de crédito.

Leia os informativos do Banco Central do Brasil: “Cartão de crédito: utilize


de forma consciente”, que indica as melhores formas para utilizar este
instrumento e o “Regulamento do mercado de câmbio e capitais internacionais
– RMCCI” que normatiza a sua utilização no exterior, disponíveis na midiateca
da disciplina.

Existe também o cartão pré-pago, que funciona como um cartão de débito, no qual a
quantia a ser gasta já deve estar à disposição antes da compra e normalmente tem custo
zero para aquisição. É extremamente prático utilizá-lo e seguro, com chip e senha, além de
possuir IOF de 0,38%, podendo ser emitido em diversas moedas e recarregado sempre que
necessário. Só que diferentemente do cartão do crédito, que pagamos depois de adquirir,
neste cartão já devemos ter a quantia disponível. Se estivermos planejando nossa viagem,
este produto é bastante interessante e de menor custo que o nosso cartão de crédito.

Além do cartão, é sempre prudente levar dinheiro local (em espécie) para a viagem. Esses
valores devem estar dentro do planejamento financeiro para quaisquer gastos na viagem em si.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

2 Seguro-viagem
Em qualquer viagem, seja no Brasil ou outro país, o seguro-viagem é um item de extrema
importância. Sugere-se incluir seu custo dentro da análise do planejamento financeiro, pois
ele é bastante acessível a todos que viajam, traz conforto e segurança com diversas coberturas
possíveis de serem contratadas, tais como:

• extravio de bagagem;

• acidentes pessoais;

• cancelamento de viagens;

• assistência 24 horas em língua portuguesa;

• assistência médica;

• assistência odontológica;

• assistência farmacêutica;

• seguro de vida por morte acidental;

• remoção;

• diversas outras coberturas possíveis.

Avalie as coberturas disponíveis, assim como os valores ressarcidos, e adquira um seguro


viagem que atenda as suas necessidades de forma apropriada.

É importante destacar que a aquisição de um seguro-viagem não é obrigatória para


viagens nacionais e apenas algumas viagens internacionais o exigem. Por exemplo, um acordo
assinado entre os países da Comunidade Europeia chamado “Tratado de Schengen” ou
“Acordo de Schengen”, estabelece a obrigatoriedade de que todos os turistas que visitarem
países da Europa devem, obrigatoriamente, possuir um seguro de assistência em viagem,
com o valor mínimo de € 30.000 (euros), para cobertura de assistência médica por doença ou
acidente.

O seguro-viagem está enquadrado dentro do Seguro de Pessoas, tais


como o seguro de vida, educacional e seguro-funeral, por exemplo, e sua
regulamentação está vinculada à SUSEP. Acesse o link do site da SUSEP,
disponível na midiateca da disciplina, e obtenha mais informações sobre este
tipo de seguro.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

3 Onde investir os recursos para a viagem


Uma vez que planejara o local de destino, a data da viagem e o quanto se pretende
gastar, pode-se prosseguir com a questão de aplicação dos recursos.

A poupança, sempre lembrada por ser simples, é uma forma interessante de “guardar”
dinheiro, apesar de render a TR + 0,5% ao mês, como já mencionado. Muitas pessoas a
utilizam como uma forma de criar uma rotina para suas economias.

Nos dizeres de Gallagher (2008, p. 46),

é comum muita gente aplicar em poupança por julgar que é o investimento mais
seguro do mercado, garantido pelo Governo Federal. Entretanto, a poupança é quase
tão segura quanto um CDB, no que se refere ao ressarcimento do dinheiro em caso
de quebra do banco.

Se a data da viagem for inferior a cinco anos da data do início do planejamento, ou


seja, em termos financeiros a curto prazo, além da poupança, aplicações em renda fixa são
possibilidades interessantes para se avaliar.

Rendimentos em renda variável são mais interessantes a partir de cinco anos de


investimento. Conforme bem salienta Halfeld (2008, p.126),

quando você estiver trabalhando com horizontes de tempo superiores a cinco anos,
prefira a renda variável, que embora mais volátil, pode oferecer resultados muito
superiores aos da renda fixa a longo prazo.

O importante é pesquisar bastante, pois os percentuais variam nas diversas instituições


financeiras, e qualquer vantagem lícita é bem-vinda.

Se a viagem for programada para longo prazo (a partir de cinco anos), os investimentos
podem ser mais arrojados, no sentido de buscar, por exemplo, produtos de renda variável,
pois as oscilações do mercado, num espaço maior de tempo, compensarão a aplicação a
longo prazo.

4 Cuidados

4.1 Recorrendo a um empréstimo


Se a pessoa decidir viajar sem um planejamento financeiro prévio, o empréstimo bancário
pode ser um recurso interessante, desde que se busque as melhores (e menores) taxas para
a aquisição deste produto financeiro.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

É uma alternativa para conseguir o valor total da viagem, porém, como já foi explicado,
as taxas podem variar significativamente entre as instituições bancárias e as parcelas do
empréstimo deverão ser liquidadas mês a mês, conforme contrato firmado. Lembre-se
sempre: em caso de planejamento, estaríamos antecipando nossas necessidades futuras,
sendo mais interessante poupar e aplicar os recursos do que simplesmente solicitar o
empréstimo e adquirir dívida futura.

4.2 Despesas extras


Como em qualquer momento da nossa vida, existem situações que fogem completamente
da nossa vontade. Uma queda, um acidente de pequena ou até grande consequência, um
extravio de mala, dias a mais na sua viagem por inúmeras possibilidades podem causar
grandes rombos no orçamento programado. Por isso, se faz necessária a contratação de um
seguro-viagem, que trará certa tranquilidade em termos de consequências daquilo que não
esperávamos, por meio de suas coberturas.

Guarde dinheiro. Estar preparado para imprevistos, apesar de culturalmente o brasileiro


não ter esta filosofia enraizada no cotidiano, é uma segurança para o viajante, por isso, tenha
uma reserva para esta finalidade. Para muitos brasileiros, a vida melhorou faz muito pouco
tempo e, por isso, aprender a poupar mesmo que em quantia pequena, é sempre um grande
negócio.

Martins (2010, p. 23) esclarece que

a ideia não é transformá-lo em um pão-duro, mas ajudá-lo a equilibrar o prazer


do consumo com os benefícios e o conforto de possuir uma grande reserva para
ser utilizada no futuro. Esta reserva renderá juros compostos e fará que o dinheiro
trabalhe por você.

Outro tópico que se nota em viagens para o exterior, é que nenhum outro país tem
como procedimento parcelar a compra no cartão de crédito, pois a economia mais estável
dos demais países têm grandes dificuldades em entender (como nós entendemos) o que a
inflação faz com o nosso salário.

Se gastarmos uma quantia considerável em compras por lá, a pergunta “vocês parcelam
em quantas vezes no cartão de crédito” terá uma única resposta – “Não parcelamos! O cartão
de crédito já é para pagamento futuro”, portanto, não conte com esta possibilidade.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Considerações finais
Apesar de parecer simples planejar nossa viagem dos sonhos, ela de fato requer atenção
aos detalhes, aos prazos e às nossas escolhas efetivas, pois qualquer descuido ou abordagem
equivocada poderá fazer ruir nossas economias e nossos sonhos de forma devastadora.

Um planejamento atento, uma análise realista das possibilidades e uma disciplina para
atingir a meta desejada farão cada vez mais a aproximação com o desejado se realizar de
forma satisfatória e a contento.

A disciplina é necessária, mas toda empreitada bem-sucedida requer a mesma medida


de empenho e comprometimento aqui sugerida.

O início, como quase tudo, é sempre mais desafiador que a rotina impingida no dia a dia.
Tudo se torna comum e quando a gente percebe, a meta foi atingida.

Escolher o melhor produto financeiro para a nossa tão sonhada viagem dos sonhos requer
a análise criteriosa de quanto tempo dispomos para poupar, e qual o valor final estimado para
a realização, além do quanto teríamos mensalmente disponível para esta empreitada.

Como vimos, os ingredientes são simples e conhecidos, bastando disciplina para


mantermos nosso foco e nossa disposição para que o resultado se consume.

Se iremos aplicar em fundos fixos ou renda variável, ou se nos valeremos de um


empréstimo pessoal, novamente, isso dependerá caso a caso dos nossos recursos, das nossas
possibilidades e, principalmente, do tempo que teremos para concluir este projeto.

Não existe certo ou errado, existe o recomendável e o pouco apropriado para este ou
aquele investimento em termos de valores, de prazos e até de perfil. E lembre-se sempre:
o que é bom para o seu vizinho, não é necessariamente bom para você. As necessidades
avaliadas são personalíssimas e devem ser analisadas.

É seguro dizer que deixar todo o acaso nas mãos da divindade não é uma regra saudável em
termos financeiros. Temos produtos e seguros que podem nos atender de forma satisfatória.
A busca por eles nos torna pessoas mais seguras (quanto aos imprevistos) e faz com que nos
preocupemos somente em aproveitar estes momentos que escolhemos com tanto prazer.

Independente da sua crença, a qual respeito e menciono aqui, o planejamento com os


elementos disponíveis para uma excelente conclusão do planejamento é fator indiscutível do
seu sucesso no atingimento das suas metas.

Já que agora temos o conhecimento necessário para fazermos nossas escolhas, desejo
que continuem atentos, estudando e buscando as melhores oportunidades disponíveis no
mercado financeiro para a conclusão dos seus projetos.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Referências
GALLAGHER, L. Planeje seu futuro financeiro. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

HALFELD, M. Investimentos: como administrar melhor seu dinheiro. São Paulo: Editora
Fundamento, 2008.

MARTINS, L. Aprenda a investir: saiba onde e como aplicar seu dinheiro. 2 ed. São Paulo: Atlas,
2010.

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Investimento e crédito: estratégia para o
futuro

Aula 14
Planejamento do futuro – parte 1

Objetivos Específicos
• Aplicar os conceitos de investimento financeiro de acordo com as
particularidades e necessidades de cada pessoa.

Temas

Introdução
1 Educação financeira: um patrimônio precioso para o futuro
2 Riscos
3 Erros financeiros
4 Quando iniciar um investimento?
Considerações finais
Referências

Professora
Ana Luiza Alves Lima
Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Introdução
Após termos abordado vários produtos do mercado financeiro, iremos relacioná-
los com as diferentes necessidades de cada pessoa, de acordo com seu cenário de vida,
como a constituição de uma nova família, o planejamento das férias, o planejamento da
aposentadoria, a chegada do primeiro filho, enfim, a partir da fase da vida, os objetivos e as
metas são modificadas. No decorrer da vida, a pessoa vivenciará diversos cenários e, então, é
possível que mais de um dos exercícios propostos sirva para a mesma pessoa.

Uma excelente análise sobre o futuro é a frase de Godoy (2007, p. 70) quando diz: “o
futuro é a soma de todos os presentes. Sendo assim, quanto melhor cuidarmos do nosso
presente, mais agradável será nosso futuro”.

1 Educação financeira: um patrimônio precioso para o futuro


É possível que muitos de nós, na infância, reclamávamos para os pais que não queríamos
estudar nem fazer a lição de casa. Alguns tinha preguiça em “ter que” frequentar uma
escola e se perguntava: “Para que tenho que aprender isto? Quando vou utilizar o cateto da
hipotenusa?”

Pois é, a vida de estudante não termina depois do Ensino Fundamental, Médio ou


Superior. Essas fases apenas finalizam um ciclo, e você já deve ter percebido que estudar
fará parte da vida até o último instante. É claro que uns ignoram isso e acreditam que já
aprenderam de tudo e não querem mais saber de nada, como tantos outros já perceberam
que morreremos sabendo muito pouco da grandiosidade de informações disponíveis. O
importante é aproveitar todos os momentos possíveis para ser uma pessoa estudiosa (não
apenas estudante); ser uma pessoa capaz de entender uma situação e aplicá-la da forma
mais adequada possível diante do cenário apresentado.

1.1 Ciclo vicioso


Existe um ciclo vicioso, fruto da má informação, praticado pela grande maioria das
pessoas que não possuem educação financeira:

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Figura 1 – Ciclo vicioso de consumo

Fonte: Elaborado pelo autor.

Já quem possui independência financeira, em geral, consome de outra forma:

Figura 2 – Ciclo de consumo adequado

Fonte: Elaborado pelo autor.

A cada estatística que passa, os índices demonstram que viveremos mais. Porém, isso
não significa que viveremos melhor, então é necessário cuidado e planejamento financeiro.
Se fizer a seguinte pergunta: “Você gostaria de ter bastante dinheiro?” – provavelmente a
maioria responderia: “Sim!”. Entretanto, seriam poucos que estariam dispostos a abdicar do
consumo imediato para poupar. Somente a minoria se interessa em querer entender, de fato,
porque poupar é tão essencial na vida presente para que tenhamos um planejamento sadio
e com sucesso num futuro não tão distante assim. Estude e faça parte desta minoria que se
preocupa com o momento presente tanto quanto com o futuro.

Vale relembrar que a melhor forma de assumir o controle das suas finanças é:

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

1. Registrar todas as despesas: pontuando e analisando sua relevância;

2. Constatado algum item supérfluo, se faz necessário eliminá-lo;

3. Às vezes não são itens, são hábitos. Hábitos equivocados que estão enraizados na
nossa rotina, que se não nos dedicarmos a percebermos que eles existem, (a fim de
eliminarmos), podemos formar um rombo em nossas finanças.

4. Com estas análises e controle, ficará mais fácil conciliar nossa receita com nossa
despesa e assim, passar para o próximo passo que é analisar o que fazer com a sobra
de caixa

Saiba administrar minimamente as finanças, atente-se para todas as


despesas e crie o hábito de poupar mensalmente – mesmo que inicialmente a
quantia não seja tão relevante; com o tempo, você perceberá que seus esforços
valeram a pena!

2 Riscos
É fundamental ter em mente que os riscos fazem parte da vida de qualquer pessoa. Nada
é 100% seguro, principalmente se tratando de investimentos.

De acordo com Niederauer (2013, p.144),

para tudo na vida existe um certo risco. Se você joga futebol, correrá o risco de ter
uma lesão. Se for andar de carro, correrá o risco de sofrer um acidente. Se estiver
caminhando na rua, correrá o risco de ser assaltado. Da mesma forma, se você fizer
um investimento, correrá o risco de perder dinheiro.

Assim, existe aplicações mais conservadoras (e por isso mais seguras) e aplicações mais
arrojadas, todavia, afirmar que existe aplicações 100% seguras é bastante temerário.

Conforme bem descreve Halfeld (2008), “talvez você seja uma pessoa bem conservadora,
do tipo que jamais voaria de ultraleve ou que nunca iria a um caixa eletrônico à noite. Dessa
maneira, você estará administrando seus riscos”. Entretanto, existem riscos que fogem de
nossa alçada e por isso, deve-se contrabalancear nossas escolhas e conviver com o resultado
das nossas decisões.

Cuidado com propagandas que criam um ambiente sedutor com promessas (sem
embasamento legal que as ampare) de uma pseudo segurança e uma maior rentabilidade.
Apesar de existirem órgãos de proteção ao consumidor, essas propagandas ainda persistem.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Analise com critério e cautela, pois, de alguma forma, viver é sempre arriscado.

O que se pode observar a grosso modo, é que as pessoas (via de regra) possuem reservas
e temores naturais quando definitivamente têm que tomar algumas decisões. Conforme
mencionado por Gallagher (2008, p.8), essa dificuldade se deve a três fatores:

1. Não existe decisão perfeita, porque não podemos analisar todas as alternativas e
todas as consequências;

2. Ao optarmos por uma alternativa, temos que renunciar às outras, e isso gera sempre
um sentimento de perda, mesmo quando a decisão é eficaz;

3. Toda decisão é um ato absolutamente individual e intransferível. Não se pode decidir


pelos outros nem culpar os outros pelas nossas más decisões.

Ao realizar um investimento, é possível que encontre surpresas decorrentes de eventos


inesperados. Conforme bem define Halfeld (2008, p.84): “Risco é a parcela inesperada do
retorno de um investimento”.

Em essência, pode-se afirmar que existe alguns tipos de riscos, como:

• o risco do negócio;

• o risco do mercado;

• o risco de crédito; e

• o risco de liquidez.

2.1 O risco do negócio


O risco do negócio, como o próprio nome sugere, está baseado no tipo do investimento.
Por exemplo: você adquire ações da empresa “XP” que acabou fazendo uma fusão com a
empresa “TO”, criando assim, a empresa “XPTO”. As consequências desta fusão impactarão
tanto os acionistas da “XP”, quanto os acionistas da empresa “TO”, e esse risco não era
conhecido quando você adquiriu suas cotas.

Outro exemplo: você adquiriu um imóvel para locação num bairro residencial, porém,
seduzido por uma excelente proposta, você não checou o zoneamento antes de adquiri-lo. Ao
colocá-lo para locação, perceberá dificuldades porque na rua tem uma feira (desconhecida por
você) que atrapalha a locomoção de veículos, também existe uma boate recém-inaugurada
na esquina que torna o silêncio noturno algo raro nos fins de semana, entre outros. Estas
condições desfavoráveis dificultarão sua proposta de receber os frutos daquela locação pelo
valor de mercado, e assim, sofrerá minoração.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

2.2 O risco do mercado


É o risco da variação de preços. O sobe e desce das ações, ocasionado por uma afetação
no mercado brasileiro, por conta de uma recessão mundial, ou situações mais genéricas,
como notícias sobre a macroeconomia brasileira ou pacotes do governo.

2.3 O risco de crédito


É o risco que uma pessoa corre ao emprestar dinheiro para uma pessoa física ou jurídica,
ou seja, é o risco de não receber o valor em função do não pagamento do devedor. Ele
também ocorre quando você adquire um CDB de um banco que venha a ser liquidado. No
caso do Brasil, como já sabemos, existe a figura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) que
oferece certa proteção a alguns produtos, porém, os fundos de investimento financeiros não
são cobertos por este FGC pois são considerados pessoas jurídicas.

2.4 O risco da liquidez


É a redução no valor de algum investimento causado pela necessidade de venda imediata
ou, nos dizeres de Halfeld (2008, p.87),

É uma referência ao prazo e ao custo com que um investimento se transforma em


dinheiro vivo. As notas e moedas em seu bolso são considerados ativos perfeitamente
líquidos. Imóveis são bens pouco líquidos, negócios próprios são, geralmente, ainda
menos líquidos.

Comumente, a liquidez de ativos segue a seguinte ordem:

1. dinheiro vivo

2. caderneta de poupança

3. fundos de renda fixa

4. ouro

5. fundos de ações

6. ações na Bovespa

7. imóveis urbanos

8. imóveis rurais

9. negócios próprios

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

2.5 Exceções
Como em todos os casos, existe a possibilidade de exceções, por exemplo: um negócio
pode ser altamente atrativo e surgir vários interessados num espaço curto de tempo. Neste
quesito, o “risco” pode ser dois grandes obstáculos ao sucesso dos investidores: a ganância e
a ingenuidade. Quando combinados os dois, podem ser “explosivos”.

Talvez um dos exemplos mais abrangentes neste quesito, conforme bem salienta Cerbasi,

seja a crise do mercado imobiliário norte-americano no segundo semestre de 2007, a


chamada crise do subprime. Na sede de lucrar mais e mais com a febre da valorização
imobiliária, até instituições antes muito respeitadas como a Merril Lynch e o Citibank
aceitaram conceder crédito a pessoas cujas capacidades de pagamento já estavam
tecnicamente esgotadas, a fim de que estas pessoas utilizassem os empréstimos
para comprar imóveis. O ganho com as taxas elevadas era tão intenso que as grandes
instituições aceitaram correr o risco (CERBASI, 2013, p. 53).

O triste desta história toda é que os imóveis pararam de valorizar e os bancos deixaram,
consequentemente, de receber os valores que haviam emprestado, o que ocasionou a perda
de tudo, inclusive do crédito em geral.

3 Erros financeiros
Existem muitas falsas oportunidades no mercado. Estar atento é fundamental para não
ser vítima de golpe. Cerbasi (2013) elenca algumas situações de erros cometidos pela maioria
das pessoas. Em resumo são:

Erro 1 – Ter uma única fonte de renda. Quando numa família grande existe uma única
fonte de renda, geralmente sobras para um investimento pode vir a ser a última prioridade
da família. A recomendação é investir no aumento da renda inicialmente, para aí sim, analisar
o quanto poderia sobrar para iniciar os investimentos.

Erro 2 – Esperar sobrar dinheiro. Esse outro item é bastante comum. As pessoas têm
ideias equivocadas que só pessoas ricas podem investir, e com isso, não planejam suas
receitas de forma adequada, ou pior, sequer pensam nisto. Já é hora de pensarmos diferente
e começarmos a acessar informações de investimentos adequados às nossas finanças.

Erro 3 – Contar com muitas instituições para gerenciar seus investimentos. Às vezes,
é melhor receber um atendimento mais personalizado em duas instituições, que contar
com cinco instituições que o atendem de forma medíocre. Escolher as instituições que lhe
ofereçam soluções mais interessantes é um excelente ponto de partida.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Erro 4 – Contar com uma única instituição para gerenciar seus investimentos. Na
contramão do item anterior, é o “8 ou 80”. Ou seja, não ter parâmetros comparativos também
não é interessante.

Erro 5 – Querer começar grande. Tem pessoas que acreditam que se elas administrarem
pessoalmente sua própria carteira, poderão economizar as tarifas e taxas de administração.
Essa postura é típica do resultado que o barato pode sair caríssimo! Cuidado!

Erro 6 – Ter um único investimento. Novamente, o bom senso nos diz que tanto num
único lugar, quanto em vários de forma discriminada, poderão nos causar transtornos
irreparáveis. Se você investe em determinada ação e ela rendeu interessantemente nos
últimos anos, o fato de receber um bônus, dará a você a oportunidade de buscar novas formas
de investimento, permitindo assim, que você “não tenha todos os ovos numa mesma cesta.”
Nos dizeres do próprio Cerbasi (2013, p. 69) “as maiores empresas brasileiras são fantásticas,
mas são administradas por seres humanos que, por sua vez, são falíveis e corruptíveis.”

Erro 7 – Sonegar impostos. Quando o assunto é impostos precisamos ser muito claros
e objetivos: pague-os! Não nos compete na hora do recolhimento, ficar questionando sua
justiça ou injustiça. Ter problemas com a Receita Federal não vale a pena.

Erro 8 – Manter o FGTS intocável. Como todos nós sabemos, existem regras para saques
deste fundo e devemos considerar sim, o saldo ao nosso favor. Se tivermos a oportunidade de
utilizarmos nosso fundo, ele deve ser utilizado sim.

Erro 9 – Paralisia nos investimentos. Se engana quem acredita que, só porque decidiu
hoje o destino dos seus recursos e planejou um traçado para ele, não deve, de tempos em
tempos, avaliar a sua trajetória e balancear suas necessidades. Tudo muda, e por conta disto
não seria prudente “esquecer” por anos seus investimentos sem acompanhamento adequado.

3.1 Dicas
Se tiver dúvida sobre qual direcionamento seguir, não decida “no calor do momento”,
ou ao menos escolha o meio-termo. No decorrer do caminho, poderemos encontrar pessoas
fascinantes, empolgadas e superlativas. Entretanto, quando o assunto é investimento, ouça
melhor o pessimista, pois ele poderá demonstrar os reais riscos envolvidos.

Para o cidadão sério, a resposta à pergunta de um milhão de dólares seria: qual seria
o melhor investimento para o meu dinheiro? Esta resposta não é simples de ser fornecida,
mesmo porque, se houvesse um único investimento realmente capaz de atender a todos, isso
já seria de domínio público.

Sabiamente dito por Cerbasi (2013, p.105),

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

não se trata de onde investir, mas sim de como investir. Uma revendedora de
cosméticos ganha 30% de tudo que ela vende. Um imóvel comprado na planta pode
se valorizar entre 25% e 70% em dois anos. Ao participar de um leilão de imóveis ou
de bens da Polícia Federal, você pode fazer aquisições pagando até 50% do valor de
mercado. Tudo depende de como você trata os ganhos de cada lucro que obtém.

4 Quando iniciar um investimento?


Esta não é uma questão simples de responder. É claro, que quanto mais cedo iniciarmos
a empreitada, mais cedo também começaremos a colher os frutos. Não existe data, ou seja,
a partir de tantos anos é interessante poupar, pois a vida de cada um é configurada de uma
forma, e definir regras é completamente inadequado.

O importante é começar o quanto antes, bem como diversificar os investimentos para


que, havendo perda de rentabilidade num investimento, o outro não sofra as mesmas
consequências.

Um exemplo de distribuição dos investimentos poderia se configurar assim:

— 25% aplicados na poupança;

— 45% no Fundo de renda fixa;

— 20% em Fundo imobiliário; e

— 10% em ações.

Conforme for entendendo na prática como as oscilações acontecem e conforme seu


grau de conhecimento for se expandindo, você priorizará determinados produtos financeiros
em detrimento de outros. Vale sua análise diante da sua condição e preferência. O exemplo
acima é hipotético e serve para demonstrar uma possibilidade.

De acordo com Niederauer (2013, p. 148), os fatores que mais influenciam nessa decisão
são:

• o dinheiro que você tem hoje;

• sua idade atual;

• seu momento de vida.

Como tudo na vida, quando iniciamos no mercado financeiro, nossa experiência é quase
zero. Justamente por conta disto, no começo nem existe a vantagem de tanta diversificação,
haja vista que neste momento os recursos a serem aplicados ainda são menores e a experiência
é pouca.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Lembre-se: não se espelhe no seu vizinho para decidir suas escolhas, por três motivos:
primeiro porque você não sabe das necessidades nem das escolhas dele; segundo, porque
você desconhece o quanto ele tem de receita mensal, e, por último, porque as necessidades
de quem recebe R$ 500,00 por mês são bem diferentes de quem ganha, por exemplo, R$
3.000,00.

Vale relembrar que dependendo da aplicação existirão taxas de administração, carregamento,


imposto de renda, IOF, valores iniciais mínimos, dependendo da aplicação. E se diversificarmos sem
calcularmos estes valores, poderemos comprometer a rentabilidade do nosso investimento. Portanto,
apesar de saudável, a diversificação também deve ser analisada caso a caso até que tenha motivos
que a justifique.

Portanto, ao optar pelos investimentos que irão compor sua carteira, conforme bem
ressalta Martins (2010, p.91), você deve considerar três principais fatores:

1. Sua meta;

2. O horizonte do investimento; e

3. Seu perfil de risco.

Também é importante avaliar o produto pela óptica da relação risco e retorno, além de
analisar e aplicar em alguns produtos com maior liquidez.

Em relação ao seu perfil de risco, como já foi explicado, precisamos avaliar inicialmente
nossa tolerância ou não ao risco, para que o investimento de fato atenda suas necessidades
e expectativas, a saber:

- o quão cedo precisarei do dinheiro?

- será que precisarei do dinheiro antes do prazo que estipulei inicialmente?

- qual o percentual você estaria disposto a perder sem que isso seja um descontrole?
Essa questão é bem difícil de ser respondida de bate e pronto, porque na prática, a história e
a tensão se multiplicam.

- você conhece minimamente o mercado financeiro para alçar voos? Aqui, não se espera
que você seja um expert, basta que tenha noções básicas do mercado para entender seu
dinamismo e suas variações.

Já em mão da informação acerca da forma que melhor será conduzida suas aplicações,
fica mais fácil descartar as aplicações que não condizem com seu perfil e analisar as demais
possibilidades dentro do valor que se pretende investir.

Em posse do seu perfil, é possível estabelecer as alocações e seus respectivos percentuais


e de fato, iniciar seu investimento.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Lembre-se que “nada é para sempre”, acompanhar e perceber na prática com quais
produtos você se identifica mais, rebalanceando de forma periódica suas aplicações até
encontrar sua melhor medida é um excelente caminho.

De tempos em tempos reveja sua estratégia inicial e analise se continua por este caminho
ou se no meio do caminho surgiram outras oportunidades tão interessantes quanto as iniciais
e remodele, se for o caso.

Considerações finais
Neste capítulo, com o intuito de exercitarmos as necessidades individuais, tivemos que
partir de uma análise comum a todas as pessoas que, dependendo das respostas e anseios,
formam uma a uma, quadros diferentes para atuação em seus respectivos planejamentos.

Reiteramos a importância dos estudos, relembrando que não é uma questão de sermos
alunos, mas de sermos eternos aprendizes. Devemos ter este compromisso conosco mesmo,
pois assim, teremos mais chances de crescer e realizar as melhores escolhas.

Retomamos a questão do controle que devemos possuir com as nossas finanças, bem
como a análise dos riscos que fazem parte da nossa vida e a análise dos riscos que podemos
evitar ou minimizar impactos.

Avaliado o risco, avançamos na questão da liquidez de ativos, hierarquizando os produtos


para uma análise mais prática.

A seguir, objetivamos a questão do quanto mais cedo melhor (para pouparmos e


também para investirmos), relembrando que inexiste resposta correta, e sim, necessidades e
momentos próprios.

Finalizamos com a relevância da diversidade na carteira de investimento, bem como com a


dica de revermos nossas estratégias de tempos em tempos, pois felizmente, a impermanência
é o que temos de permanente nesta vida.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Referências
CERBASI, G. Investimentos inteligentes. Rio de Janeiro, Sextante. 2013.

GALLAGHER, L. Planeje seu futuro financeiro. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008

GODOY, J.. Investindo no futuro: resolva o passado, equilibre o presente e planeje o futuro. /
José Godoy, Luiz Gustavo Medina, Marco Antônio Gazel Júnior – São Paulo. Saraiva, 2007.

HALFELD, M. Investimentos: como administrar melhor seu dinheiro. São Paulo: Editora
Fundamento, 2008.

MARTINS, L. Aprenda a investir: saiba onde e como aplicar seu dinheiro. 2ª edição. São Paulo.
Atlas, 2010

NIEDERAUER, J. Jovem e bem sucedido: um guia para a realização profissional e financeira. São
Paulo. Novatec Editora, 2013.

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Investimento e crédito: estratégia para o
futuro

Aula 15
Planejamento do futuro – parte 2

Objetivos Específicos

• Aplicar os conceitos de investimento financeiro de acordo com as


particularidades e necessidades de cada pessoa.

Temas

Introdução
1 Aplicação em caderneta de poupança
2 Aplicação nos títulos de renda fixa
3 Sete mitos frequentes entre os investidores
4 Aplicação na bolsa de valores
5 Quanto aplicar na bolsa?
6 Investimento em imóveis
7 Moedas estrangeiras
8 Ouro
Considerações finais
Referências

Professora
Ana Luiza Alves Lima
Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Introdução
Nesta aula, abordaremos sobre a campeã em aplicações: a caderneta de poupança, além
de outros produtos igualmente interessantes.

Vamos lá?

1 Aplicação em caderneta de poupança


Inúmeros brasileiros tratam a caderneta de poupança como um investimento certo,
principalmente para quantias menores. Como não existe limite mínimo, nem tão pouco custo
algum para o depósito, ela é a campeã e a preferida dos investimentos.

Conforme ressalta Niederauer (2013, p. 152),

se você tiver R$500,00 ou menos para investir, a poupança acaba se tornando a


melhor opção, pois além de ser um investimento de alta liquidez (pode-se tirar os
recursos a qualquer momento), seu rendimento está isento do imposto de renda e de
taxas de administração, como ocorre nos fundos de investimento.

Uma dica importante de ser lembrada é evitar sacar em data diferente do aniversário
do investimento, pois se não, perderá o rendimento do mês. O ideal seria esperar sacar no
primeiro dia útil após o aniversário da poupança.

Depósitos em cheques contam a partir do seu depósito e não da sua compensação. Isso
se inicialmente ele não for devolvido por qualquer das razões possíveis. Posto isso, se é essa
sua condição inicial, a poupança pode ser seu início de caminho. Entretanto, se ou quando as
condições melhorarem, podemos avaliar também os títulos de renda fixa.

2 Aplicação nos títulos de renda fixa


Conforme bem exemplifica Niederauer (2013, p. 152), “títulos de renda fixa são papéis
em que se sabe antecipadamente qual será o retorno ou cujo ganho é atrelado a um índice.”

Esses títulos, que podem ser pré-fixados ou pós-fixados, ou seja, no momento da


aplicação saberemos sua rentabilidade (pré) ou no pós, somente após o vencimento deste.
No momento da escolha, como em todo investimento, deve-se avaliar as possibilidades para
escolher o que mais se adapta às nossas necessidades. Neste caso, a liquidez do investimento
depende dos prazos que poderemos deixar o dinheiro “trabalhando ao nosso favor” e dos
indicadores que os títulos estarão atrelados.

Uma recomendação interessante, alertada por Cerbasi (2013), é o cuidado que devemos
ter com as “falsas poupanças”. Como a poupança é igual em todos os bancos, em termos de
rentabilidade, com a insatisfação sobre o rendimento neste produto (poupança), os clientes

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

começaram a questionar as instituições bancárias para lhes apresentar produtos mais


interessantes.

Nesse contexto, o autor ressalta que,

começou a surgir uma espécie de caderneta de poupança vitaminada, que recebeu


nomes diferentes em cada instituição: super poupança, hiperpoupança e similares
foram nomes criados para um produto que realmente propunha um diferencial.
Normalmente, era vendido como um investimento simples como a caderneta de
poupança, mas com rendimento superior, como 9% ao ano mais TR. Cada banco
praticava sua própria taxa, mas todas superavam a rentabilidade da caderneta de
poupança. Em alguns casos, a rentabilidade não batia a caderneta de poupança, mas
os poupadores concorriam a prêmios (CERBASI, 2013, p. 140).

É importante deixar claro que esses produtos não são caderneta de poupança. Na
verdade, são CDBs ou títulos de capitalização disfarçados, com um apelo diferente.

Por isso, é importante sempre comparar os produtos e entender de forma mais clara o
que é ofertado. Quando ouvir de resposta “é tipo uma caderneta” ou “tipo uma poupança”,
abra bem os olhos, pois um produto parecido com outro, certamente é um outro produto.
Isso não significa que seja uma oferta ruim, de repente, ela pode atender às suas necessidades
e ter uma rentabilidade interessante. A dica aqui é: não seja enganado com as informações.

3 Sete mitos frequentes entre os investidores


Antes de analisarmos a aplicação na bolsa de valores em si, iremos elencar os sete mitos
mais frequentes entre os investidores, levantados por Cerbasi (2013), conforme segue:

MITO 1: O Brasil é um lugar em que se ganha dinheiro facilmente

Poderíamos dizer que esse é o slogan do sujeito superotimista. Não podemos esquecer
que somos terceiro mundo, e com isto, temos limitada infraestrutura até falta de gente
capacitada para completar as vagas de empregos disponíveis.

Sem dúvida, somos chamados também do país das oportunidades, mas com tanta
corrupção noticiada diariamente nos jornais, com extrema burocracia ultrapassada para
diversos assuntos, temos muito pouco do que nos orgulharmos neste sentido.

MITO 2: O Brasil é um lugar difícil para se ganhar dinheiro

Os extremos realmente estão fora da realidade possível. Tanto o otimista acima,


quanto o pessimista daqui, ambos estão desalinhados. É fato que temos os problemas
mencionados acima, entretanto, de alguma forma amadurecemos e estamos adquirindo
mais conhecimentos, o que nos possibilita algumas vantagens. Assim, pode-se afirmar que
está mais fácil investir no Brasil, apesar de todas as dificuldades.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

MITO 3: Investimentos de risco são bons até que apareça uma crise

Muitos investidores perdem seus recursos na bolsa por terem tomado decisões
precipitadas, e apesar de serem alertados, parecem ficar estigmatizados com as perdas. E
lembrem-se: é nas crises que começam as belas histórias de investidores de sucesso (CERBASI,
2013, p. 109).

MITO 4: Risco deve ser evitado ou minimizado

Conforme dito à saciedade, não existem produtos certos, aliás, todos são. Existe produto
certo para a pessoa certa, no momento adequado, dentro do prazo personalíssimo de cada
um. Investimento em fundos de renda fixa costumam oferecer risco bastante reduzido, tal e
qual a caderneta de poupança. “Os riscos não devem ser evitados, mas sim administrados”
(CERBASI, 2013, p.112).

MITO 5: Seu perfil não combina com certos investimentos

O perfil do investidor não é algo fixo, imutável ou engessado. Diante de certas perguntas,
avaliamos qual seria o perfil que melhor se adapta e adequa às nossas necessidades. Mas tal
e qual tudo na vida, a impermanência é a única certeza, e por conta disto, exemplificarei nos
moldes dos casos do Cerbasi (2013, p.114):

Nadia G é uma jovem de 18 anos que, ao pesquisar seu primeiro investimento, partiu
da certeza de não ter perfil para riscos. Porém, poucas situações são tão propícias
quanto a juventude para investimentos arrojados, considerando a propensão ao
aprendizado, a disponibilidade de tempo para aprender e se organizar e a certeza de
contar com um bom prazo para suportar as oscilações dos mercados. No mínimo, um
jovem deve buscar se informar sobre as boas alternativas de longo prazo e investir
nelas.

Alceu T. é um chefe de família com 58 anos, três filhos na faculdade, bons


conhecimentos financeiros, sem reservas financeiras significativas, que quer começar
agora seu projeto de investimentos e que, para tirar o atraso, prefere investimentos
arrojados. As condições, porém, demandam desse investidor a contratação de um
seguro de vida, em primeiro lugar, e depois a constituição de uma reserva financeira
segura e previsível, com investimentos conservadores. Apesar de seu conhecimento,
a falta de segurança da família seria motivo para grande desconforto e risco à saúde
em caso de fortes oscilações de seus investimentos.

Sebastião F. é um trabalhador com carreira estável, há doze anos na mesma empresa,


com dez meses de renda aplicados na caderneta de poupança e contribuindo para um
bom plano de previdência, em que a empresa aplica 8% de seu salário e ele, mais 4%.
Seu objetivo era partir para o fundo de renda fixa, afim de melhorar a rentabilidade de
suas reservas sem deixar o perfil conservador. Porém, a segurança oferecida pelo bom
plano e pelo FGTS é tanta que a recomendação de investir ao menos 50% das reservas
em investimentos de risco seria uma boa sugestão para “vitaminar” os ganhos de
longo prazo de sua carteira de investimento.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Jeremias C. é um aposentado de 77 anos com um patrimônio que lhe rende duas


vezes o que ele gasta por mês em consumo pessoal, constituído após anos de bons
investimentos em ações. Sua experiência o conduz a manter o perfil arrojado, porém
seu elevado grau de independência financeira levaria qualquer consultor a sugerir
maior conservadorismo em sua carteira, visando assegurar e estabilizar a renda mais
que suficiente que ele obtém. Talvez, com o objetivo de continuar o dignificante
processo de aumento da riqueza, uma boa sugestão fosse manter apenas uma parte
reduzida do patrimônio em renda variável.

Portanto, é visível que a vida muda com o passar o tempo e essas análises mencionadas
nos exemplos tão claros podem nos servir de norte para nossas análises pessoais.

MITO 6: É preciso ter timing para investir bem

Novamente, o mito contra a realidade. Conforme bem descreve Cerbasi (2013, p.117)
“diferentemente do mundo das piadas, quem não tem timing não está sem opções. É possível
investir, sim, adotando um comportamento passivo mas não menos eficiente do que o
investimento ativo.”

MITO 7: Sou um investidor bem informado.

Cuidado com a arrogância. Ela costuma derrubar muita gente ao longo do tempo. Não
caia nesta cilada de acreditar que já sabe e nada precisa aprender. Já foi dito e é bom repetir:
situações mudam, pessoas mudam, regras mudam! Ter o hábito de se atualizar sempre, é um
bom começo para o sucesso de qualquer investimento. Conversar com pessoas do meio, ler,
estudar, são itens necessários e positivos para qualquer empreendimento.

4 Aplicação na bolsa de valores


A ideia inicial das pessoas desinformadas era de que investir na bolsa requer muito
dinheiro e, portanto, somente as pessoas que já são ricas poderão ingressar neste tipo de
negócio. Felizmente essa máxima tem se desmistificado ao longo do tempo. Assim que
a internet se tornou mais comum entre os brasileiros, qualquer pessoa comum passou a
ter mais acesso a informações em geral, e dentre elas, algumas informações relevantes do
mercado financeiro.

O rendimento de uma ação pode vir de duas formas:

1º compra e venda das ações (conforme seu desempenho na bolsa); e

2º através de dividendos, ou seja, dos lucros repartidos pela empresa em que você
adquiriu as ações.

Para se investir na bolsa é imperativo ter avaliado, no seu planejamento, quanto tempo
estima deixar a aplicação sem resgate, visto que esta possibilidade geralmente é para quem

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

investe a longo prazo. Por que a longo prazo? Porque as oscilações afetam seus ganhos,
como também afeta suas perdas e o longo prazo permite que haja uma equação que procura
favorecer você. Portanto, se você for uma pessoa ansiosa – a ponto das baixas da bolsa tirarem
você do sério – com interesses na quantia investida a curto prazo, esta modalidade não seria
a mais adequada aos seus propósitos.

A seguir, segue uma planilha de Niederauer (2013) a fim de nos fazer relembrar alguns
termos bastante usados no mercado de ações:

Tabela 1 – Termos usuais no mercado de ações

É a taxa que você paga ao intermediário (ex: corretora) para realizar a compra
Corretagem ou a venda das ações.

Pregão O local, nas bolsas de valores, onde se realizam os negócios.

É o mesmo que variação. Uma ação de alta volatilidade é aquela que tem
Volatilidade fortes variações de preço.
Indica a velocidade na qual poderemos transformar a ação em dinheiro. Uma
Liquidez ação bastante líquida é aquela muito negociada.
Horário extra de funcionamento da bolsa, possibilitando a participação de
After-market investidores que não têm como acompanhar o mercado durante o horário
comercial. É um horário que apresenta baixa liquidez e volatilidade.
É um programa semelhante ao site do seu banco (home banking), porém, em
Home broker vez de realizar transferências, você verificará os preços das ações, para realizar
compras ou vendas e acompanhar a variação dos preços por meio de gráficos.
É uma operação de compra e venda realizada no mesmo dia. Pode ser uma
Day trade compra seguida de venda ou venda seguida de compra (para obter lucro em
uma eventual queda).
Um “pulo” no preço, geralmente ocorrido de um dia para o outro, por
exemplo, uma ação que oscilou entre 10 e 12 reais por um longo período
Gap começa um novo dia custando 15 reais. Temos nesse caso uma faixa de preço
na qual não houve negociações: 12 a 15 reais. Esse “buraco” é chamado de
gap.

Fonte: Niederauer (2013, p. 165)

5 Quanto aplicar na bolsa?


Uma maneira simples de seguir uma recomendação é adotar uma regra simples
vinculada a idade do investidor. Conforme menciona Cerbasi (2013, p. 115), “especialistas
norte-americanos recomendam a regra dos 100 para compor sua carteira de investimentos.”

Como isso funciona? De forma simples: pegue a sua idade e subtraia de 100, por exemplo,
você tem 35 anos menos 100, dará 65, ou seja, aplique até 65% em ações, portanto, com o
avançar da idade, cada vez mais, o percentual fica cada vez menor.

No Brasil, a recomendação é ajustar os 100 para 70 a 80 o número inicial desta fórmula,


justamente porque existe um maior risco dos investimentos.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

5.1 Mais dicas


Cerbasi (2013, p.189), com sua vasta experiência no setor financeiro, oferece algumas
dicas referentes à contribuição:

• prefira investir devagar e sempre;

• mantenha-se antenado com os relatórios de análise;

• no dia em que decidir investir, tenha a curiosidade de consultar alguns fóruns de


debates;

• tenha, no mínimo, 5 empresas na carteira e de cinco setores diferentes de negócios;

• lembre-se de que nem sempre os preços das ações refletem o real valor de uma
empresa;

• compre empresas das quais você tenha orgulho de ser dono e evite papéis que você
desconhece;

• liquidez é fundamental;

• estabeleça regras antes de investir, preferencialmente, por escrito, e seja fiel a elas.
Não deixe suas decisões mudarem com o humor do mercado;

• rebalanceie sua carteira pelo menos uma vez ao ano;

• acompanhe a carteira dos grandes fundos, consultando os prospectos das instituições


que os vendem;

• explore ao máximo a sua corretora de valores;

• dê mais atenção a sua vida pessoal do que a seus investimentos. Se o contrário estiver
acontecendo, retome o equilíbrio, pois não está investindo de maneira eficiente.

Como podemos perceber, estas dicas são bem valiosas para o dia a dia.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

6 Investimento em imóveis
Para muitos, investir em imóveis além da sensação de segurança, por se tratar de um
patrimônio palpável, poderíamos dizer que é uma paixão.

O mercado imobiliário – tal qual qualquer mercado – possui comportamentos que devem
ser analisados antes de se iniciar qualquer empreitada nesse sentido. Faz-se necessário,
também, realizar uma avaliação do nosso planejamento: é para nossa casa própria? É para
nosso investimento e por consequência, já é uma análise focada pensando também na
aposentadoria?

Novamente é importante destacar: não é tão simples dizer que comprar ou não comprar
imóveis é uma decisão certa ou segura, pois, tal e qual qualquer investimento, teremos
algumas variáveis para nos dedicarmos antes de tomarmos uma decisão.

O importante nesta análise é compreender que a compra de um imóvel não está


restrita somente ao seu valor de compra. Existirão despesas extras obrigatórias como taxas,
impostos, despesas com cartório, corretagem que devem ser consideradas. Se a procura
deste investimento não for para moradia(e aqui podemos abrir um parênteses para dizer que
seria para consumo próprio), e sim para locação, enquanto não houver inquilino no local, há
que se avaliar que além dos investimento em si, o IPTU e eventualmente o condomínio (se
houver) passam a ser de imediata responsabilidade de quem adquiriu a propriedade.

Nos dizeres de Martins (2010, p. 94) “o aluguel possui aproximadamente rendimento


entre 0,5% a 0,7% ao mês (exemplo: imóvel no valor de R$ 150.000,00, com aluguel em torno
de R$ 900,00), rentabilidade facilmente obtida por um fundo DI.”

Também temos que avaliar situações em que o inquilino deixar de pagar o aluguel e seus
encargos (IPTU, seguro, condomínio), deixando essa dívida além das despesas com advogado
e demora no despejo. Sim, é verdade que existem ações judiciais para tentar recuperar
todos estes valores, mas o desgaste e o adiantamento perante o advogado, o condomínio e a
municipalidade deverão ser honrados para depois serem ressarcidos.

O que queremos mostrar com esses exemplos é que tudo deve ser avaliado.

Em termos de imóvel, na hora que formos adquiri-lo, existe um empenho do comprador


em analisar o local, a busca das melhores ofertas, a ocasião, eventual visitação para analisar
o bairro (se não for de seu conhecimento), e tudo isso gerará um custo para posterior
investimento, mas que ensejará na análise do momento e da oportunidade encontrada.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

7 Moedas estrangeiras
Houve um tempo em que moedas estrangeiras representavam fortemente um
investimento. Porém, hoje em dia, com toda essa variação cambial e a crise na Europa e nos
Estados Unidos, a recomendação para a compra de moeda estrangeira costuma ser para duas
questões:

1. Quando você pretende viajar para um país aonde necessitará de moeda local, ou

2. Em caso de reserva de valor.

Conforme explica Martins (2010, p.96),

o Euro é a moeda oficial de 12 dos 25 países da União Europeia. O Euro existe na forma
de notas e moedas desde 1º de janeiro de 2002, e como moeda escritural desde 1º
de janeiro de 1999. O banco que controla as emissões de euros e executa a política
cambial da União Europeia é o Banco Central Europeu, com sede em Frankfurt, na
Alemanha.

8 Ouro
O ouro, assim como a moeda estrangeira, nos dizeres de Niederauer (2013, p. 177),

tende a se valorizar em momentos de crise nos mercados financeiros. É considerado


um investimento seguro e de alta liquidez, pois é um metal que vem mantendo seu
valor e importância ao longo dos séculos. A rentabilidade é ligada à sua cotação diária,
em reais por grama.

Também é utilizado por algumas pessoas como reserva de valor (tal e qual o é a moeda
estrangeira como o Dólar e o Euro). O ouro comprado através de uma corretora na bolsa tem
uma série de garantias, além da própria qualidade do metal negociado em si.

Cuidado com a compra de ouro oferecida no meio das ruas, principalmente nos centros
das grandes cidades. A questão aqui é identificar a procedência, bem como a qualidade da
pureza do metal adquirido. O barato pode ser caro e, como já dissemos, não existe “almoço
grátis”, ou seja, ofertas imperdíveis e algumas pretensas facilidades, por vezes, não passam
de enganação ao desavisado. Vale mencionar também que existe muita lenda quanto a
investimentos em ouro.

Vamos a dois exemplos mencionados por GALLAGHER (2008, p.86):

1. O Sr. Raimundo, cliente em prospecção, confessou numa reunião que gostava


de investir em ouro. Tinha diversas barras de ouro num cofre de um banco.

2. Zezinha Soares, mulher muito vaidosa, gostava de exibir suas jóias e dizia
sempre que ouro era um investimento seguro.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Será que eles estavam certos? Talvez no século passado sim, mas hoje em dia suas
posições são totalmente equivocadas.

O mercado de ouro já teve momentos gloriosos no Brasil, mas hoje, com a modernização
dos instrumentos financeiros e maior estabilidade da economia, outros investimentos foram,
aos poucos, ocupando espaços que anteriormente era do ouro.

Ter ouro em casa ou num banco deixou também de ser bom negócio, pois além do risco
de assalto e despesas com o banco, quando da sua venda, o vendedor deverá comprovar
sua autenticidade. No caso da mulher vaidosa, caso queira vender seu ouro, ele deverá ser
refundido para se saber o grau de pureza, e aí então, será cobrado em torno de 15% do valor
do ouro para isso, o que prejudicará, sem dúvida, a rentabilidade do dito investimento.

Cautela é item necessário em todos os investimentos, e no caso em tela, de forma


redobrada. Se o desejo por compra de ouro é grande, a melhor opção é que o faça através
de contratos negociados na BM&F, através de um corretor credenciado, e nada de joias ou
barrinhas de ouro em casa ou em instituição bancária para esta finalidade.

Considerações finais
Como vimos, aumentamos aqui a gama de possibilidades e acrescentamos a caderneta
de poupança, as aplicações nos títulos de renda fixa, além de elencarmos sete mitos mais
frequentes entre os investidores.

Como pode ser possível em qualquer ramo de atividades, aqui também temos mitos a
desmistificar, pois existem equívocos que devem ser esclarecidos antes que se tornem mitos
para nós também.

Retomamos alguns termos próprios no jargão da bolsa de valores, a fim de cada vez mais
nos familiarizarmos com eles e a assim, transitarmos nesse meio de forma mais autônoma e
segura.

Também apresentamos uma maneira para se avaliar o quanto seria recomendável aplicar
na bolsa, além do fornecimento de algumas dicas sobre aplicações financeiras.

Abordamos investimentos imobiliários e retomamos o tema moedas estrangeiras e


finalizamos com o ouro.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Referências
CERBASI, G. Investimentos inteligentes. Rio de Janeiro, Sextante. 2013.

GALLAGHER, L. Planeje seu futuro financeiro. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008

MARTINS, L. Aprenda a investir: saiba onde e como aplicar seu dinheiro. 2ª edição. São Paulo.
Atlas, 2010

NIEDERAUER, J. Jovem e bem sucedido: um guia para a realização profissional e financeira. São
Paulo. Novatec Editora, 2013.

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Investimento e crédito: estratégia para o
futuro

Aula 16
Planejamento do futuro – parte 3

Objetivos Específicos

• Aplicar os conceitos de investimento financeiro de acordo com as


particularidades e necessidades de cada pessoa.

Temas

Introdução
1 Cheque especial x Resgate de aplicação
2 Apólices de seguros
3 Consórcio é um investimento?
4 Previdência privada
5 Estratégias para aumentar seus ganhos ou diminuir suas perdas
6 Calculando seu futuro
7 Agora é com você!
Considerações finais
Referências

Professora
Ana Luiza Alves Lima
Investimento e crédito: estratégia para o futuro

Introdução
Neste capítulo, retomaremos os produtos financeiros disponíveis, tais como a utilização
do cheque especial e do quando é interessante adquirir apólices de seguros.

Falaremos também sobre consórcio, planos previdenciários, bem como abordaremos


estratégias para aumento de ganhos.

Vamos aos estudos?

1 Cheque especial x Resgate de aplicação


Existem muitas pessoas que inicialmente aprenderam a poupar, mas tratam suas
aplicações como algo intocável. Isso, por um lado, é positivo porque é a partir desse raciocínio
que muitos conseguem de fato manter certa rotina. Entretanto, essas mesmas pessoas podem
cometer algumas “pegadinhas” contra si mesmas, como no exemplo:

Cícero teve um imprevisto nas finanças, ultrapassando seu orçamento mensal e teve que utilizar o
cheque especial do seu banco por 15 dias. Apesar dele ter investimentos, ele nem pensa em analisar
o quanto a sua aplicação está rendendo e nem as bases para o resgate (mesmo que parcialmente),
pois tem enraizado que suas aplicações são intocáveis.

Essa atitude deve ser reavaliada. Se sua aplicação estiver rendendo, por exemplo, 1% ao
mês e os juros do seu cheque especial variar em 7% ao mês, nitidamente estará pagando 6%
a mais de juros, por conta de uma falsa crença de que as aplicações são intocáveis.

Martins (2010, p.10) exemplifica claramente quando indaga:

Você compraria um carro por R$10.000,00 e venderia por R$1.000,00? Tenho certeza
que sua resposta seria não. O mesmo acontece quando você deixa seu dinheiro
aplicado em algum produto de investimento em seu banco rendendo 1,0% ao mês e,
em uma emergência, utiliza seu limite com juros a 10,0% ao mês para não mexer em
sua aplicação.

Faça essa análise! Talvez estimule você a pensar duas vezes antes de gastar além das suas
possibilidades. Evitar entrar no cheque especial é uma dica preciosa mesmo, pois sua taxa de
juros é altíssima.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

2 Apólices de seguros
Tratar de seguros no Brasil, contratando apólices que garantam a restituição do bem
furtado, roubado ou fruto de um acidente, ainda parece ser uma ação distante para muitas
pessoas. Não faz muito tempo que o poder de consumo cresceu no país e, como não se tinha
bens, realizar seguros não fazia parte da cultura do brasileiro. Felizmente, este status vem se
alterando gradativamente.

A pergunta quando o assunto é seguro será sempre pautada nas seguintes indagações:

1. Posso evitar o risco, e assim, não me preocupar em contratar um seguro?

2. Posso controlar o meu risco, minimizando o impacto negativo de um roubo, de um furto ou até
mesmo de um acidente e, com isso, me isentar de fazer o seguro?

3. Posso aceitar o risco, e sendo assim, as eventuais perdas/prejuizos fazem parte do que já espero?

E, finalmente,

4. Devo transferir meu risco a uma terceira pessoa, contratando um seguro?

Após a indagação das quatro perguntas, é importante decidir qual seria a sua situação
e optar pela melhor escolha possível. A contratação do seguro traz, em seu bojo, uma
tranquilidade ao adquirente, ou seja, uma despreocupação com o quesito “prejuízo”.
Poderíamos até mesmo afirmar que a pessoa teria outros problemas na vida, mas não sofreria
a tensão de imaginar perder um patrimônio, fruto de intenso investimento, para um acidente
ou evento qualquer.

A listagem de produtos que podem ser assegurados é gigantesca. Isso nos possibilita
realizar inúmeras cotações, verificar os exercícios de coberturas, até se alcançar as suas reais
necessidades.

A intenção do seguro é fazer com que nosso patrimônio ou condição de vida seja
mantida, mesmo após algum prejuízo, pois depois do sinistro, se reestabelece as mesmas
condições que tínhamos anteriormente. Lembre-se: o seguro não nos deixará mais ricos, mas
certamente não nos empobrecerá.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

3 Consórcio é um investimento?
Muitas pessoas se valem dos consórcios para poupar dinheiro. Acreditam que, como
não possuem o costume de poupar, a obrigatoriedade de pagamento mensal da parcela os
forçarão a aplicar e, no final das contas, terão um veículo ou um apartamento.

Seguindo este raciocínio, Cerbasi (2013, p.23) nos alerta:

Ponto para o gênio do marketing que inventou a ideia – e convenceu muita gente –
de que consórcio é um investimento. De investimento, essa alternativa de consumo
planejado não tem nada, afinal não ganhamos dinheiro com consórcio; pelo contrário,
o bem que queremos adquirir custará mais caro do que se for pago à vista.

Não é um investimento, mas se pensarmos a longo prazo, adquirir um consórcio pode


ser mais vantajoso que adquirir um financiamento. No financiamento pagamos juros mensais
sobre o que continuaremos a dever ao longo do tempo, já no consórcio existe apenas a taxa
de administração para, posteriormente , se parcelar o valor do preço total.

Vale a repetição: pesquisar as opções, no momento em que se pretende adquirir uma


coisa ou outra, é o melhor caminho para uma escolha saudável. Comparar as condições é
sempre salutar e recompensador.

Existem casos que justificam as escolhas. Observe o exemplo mencionado por Cerbasi:

Altair contava com um saldo de R$ 36.000,00 no FGTS. Se mantivesse esse saldo


crescendo no ritmo de TR + 3% ao ano, contaria com algo em torno de R$ 40.000,00
depois de três anos, sem contar o efeito de novas contribuições feitas pela empresa.
Porém, Altair deparou-se com uma oportunidade interessante: comprar na planta
um apartamento de R$ 100.000,00, com potencial de valorização para R$ 130.000,00
depois de concluído, assumindo o compromisso de pagar 36 parcelas de R$ 1.000,00
e o saldo devedor de R$ 64.000,00 nas chaves. Suas escolhas foram as seguintes:

1. Assumiu as 36 parcelas de R$ 1.000,00;

2. Adquiriu um consórcio de R$ 64.000,00 em cinco anos, com taxa de administração de


20%, pelo qual supostamente pagaria 60 prestações de R$ 1.280,00;

3. Poucos meses depois do início do consórcio, teve sua carta de crédito contemplada
pelo lance oferecido com o saldo do FGTS, que, sendo superior a 50% do valor da carta,
tinha grandes chances de contemplação ainda cedo. Com os R$ 36.000,00 de lance,
ele adiantou 28 prestações do consórcio, reduzindo seu compromisso financeiro para
apenas 32 parcelas de R$ 1.280,00;

4. Ao oferecer a carta de crédito contemplada com antecipação de pagamento à


construtora, ele ainda conseguiu abonodo de uma parcela de R$ 1.000,00 (CERBASI,
2013, p. 226).

A conclusão desta história de Altair é que, três anos depois, ele teria um imóvel de R$
130.000,00 sendo que pagou apenas R$ 75.960,00, sendo R$ 35.000,00 durante a obra, 32
parcelas do consórcio e o dinheiro do seu FGTS. Foi um excelente negócio, sem dúvida alguma.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

4 Previdência privada
Os planos de previdência privada devem ser analisados como um pacote atrativo que
também é um investimento.

Na prática, Cerbasi (2013, p. 207) salienta que:

ao contratar um plano de previdência, você estará comprando um serviço que


selecionará investimentos para você, conduzirá uma estratégia para esses
investimentos, determinará a disciplina necessária à manutenção do plano e ainda
permitirá que você pague menos impostos, se fizer uma boa escolha.

É indiscutível que o sucesso de um plano de previdência depende da negociação feita


no momento da contratação. Diante desta informação, se faz necessário alguns cuidados
essenciais, tais como:

• Procure não escolher sozinho seu plano de previdência.

• Se possível, peça ajuda a um corretor de seguros e previdência ou alguém conhecido e


especializado.

• Como em todo contrato, leia-o várias vezes até estar seguro de ter entendido e de acordo com
todas as cláusulas.

• Negocie a taxa de administração.

5 Estratégias para aumentar seus ganhos ou diminuir suas


perdas
Acompanhar o mercado que se pretende investir. A primeira dica é entender o que
está se passando, é importantíssimo para que possamos desenvolver habilidades e entender
o valor daquilo que se quer aplicar.

Acordar cedo. Apesar de parecer óbvio, são poucos os que se dedicam pela manhã a
buscar as oportunidades. Se o anúncio for realmente interessante, saiba que geralmente
você não será o único atrás de oportunidades assim.

Comprar cartas de crédito contempladas. Existe sempre os dois lados da moeda nesse
jogo. As pessoas interessadas em comprar e as pessoas interessadas em vender. Entretanto,
dentre estas últimas, existem pessoas que por motivo de viagem, necessidade ou qualquer
outro motivo, necessitam vender “imediatamente” sua carta de crédito contemplada, o que
diminui o preço da oferta. Este é um bom momento para quem quer comprar. Entretanto, a
dica de sempre atestar a idoneidade dessa carta de crédito é valiosíssima para não sermos
vítimas de golpes diversos.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

6 Calculando seu futuro


Existe um cálculo simples que podemos fazer uso, para simularmos nosso projeto futuro,
vamos lá?

Ana está com 30 anos de idade e pretende se aposentar aos 60 anos. Possui um rendimento mensal
de R$1.800,00. Suponhamos que ela guardasse R$300,00 por mês na poupança.

Segundo Domingos (2013, p. 61), se o valor poupado for atualizado mensalmente em 5%


ao ano (que é mais ou menos equivalente à inflação) e investindo em caderneta de poupança,
com juros de 0,65% ao mês, o resultado seria:

Idade da aposentadoria 60 anos

Ganho mensal R$1.800,00

Valor inicial depositado R$300,00

Acréscimo anual (inflação) 5%

Rendimento mensal aplicação 0,65%

Valor total poupado aos 60 anos R$561.600,00

Rendimento mensal R$3.650,40

De acordo com a simulação acima, é notório que Ana ultrapassaria seu rendimento
mensal atual e, no exemplo citado, nem foi cogitado a possibilidade de depósitos dobrados
nos 13º salários.

Por isso novamente repetimos: deve-se ter disciplina e comprometimento com o projeto
inicial, além de ter cuidado com a escolha da instituição financeira, pois estaremos poupando
por 30 longos anos dos nossos rendimentos e depositando os valores nesta instituição. Para
o funcionamento preciso desta disciplina rigorosa, a regra é simples: colocar este projeto em
primeiro plano e não fraquejar sob qualquer pretexto. Temos que ter em mente que estamos
cuidando do nosso futuro, por isso, é necessário este rigor todo. Se começarmos a abrir
brechas ou exceções, tiraremos o olhar do foco e perderemos nossa meta de vista facilmente.

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

7 Agora é com você!


Diante de todos esses estudos, anote em uma planilha (seja de papel ou eletrônica), todos
os gastos durante o seu mês. Verifique nessa receita em que você tem gastado ou investido os
seus recursos. Após essa análise minuciosa, você será capaz de analisar o quanto conseguirá
poupar por mês, bem como realizar (se necessário) eventual ajuste em suas despesas com o
intuito de distribuir melhor sua forma de gastar dinheiro.

Às vezes, quando não colocamos literalmente no papel nossos gastos, podemos ser
surpreendidos com pequenas despesas, que somadas, se tornam vultuosas. Atenção é
sempre uma boa conselheira.

Além destes passos, é importante definir o que queremos para o nosso futuro e quais são
nossos projetos, a fim de dimensionarmos quanto tempo precisaremos para as realizações.

É mais fácil do que muitos imaginam e a questão do sucesso dos poupadores e


investidores, sem dúvida alguma, está também na disciplina dos aportes. Quando temos uma
meta definida, parece ficar mais fácil nos disciplinarmos.

Já com algum recurso e já definido o produto em que este dinheiro será aplicado, é
fundamental reavaliar a alocação inicial de tempos em tempos, pois como já mencionamos, o
mercado é bastante dinâmico, e precisamos estar atentos a essas mudanças para alinharmos
com nossas metas e interesses. Além do mais, na medida em que nossos recursos vão
crescendo, é possível que se encaixem em outros produtos mais rentáveis.

Considerações finais
Conforme pudemos verificar no curso de todos os tópicos aqui apresentados, para
alcançarmos nossa realização financeira, o primeiro passo de qualquer manual sobre esta
matéria é de fato, assumir totalmente o controle da sua situação financeira.

Sem este conhecimento de quanto se tem todo mês e sem a informação do que fazemos
com o nosso dinheiro, todos os desdobramentos dessa questão ficam sem avaliação mais
precisa e nos impossibilitam de agir da melhor forma possível.

Qualquer situação que demonstre desequilíbrio precisa ser restabelecida inicialmente,


para depois fluirmos com nossas propostas de planejamento e investimento.

Demonstramos os prós e contras de diversos produtos, bem como é importante


acompanhar, tanto nossos gastos quanto nossos investimentos, pois sem este olhar atento,
fica difícil sabermos que o projeto inicialmente traçado ainda está válido para nossos objetivos.

Pudemos perceber também, que sem um objetivo definido, fica mais difícil alcançar
nossas metas, pois se não soubermos exatamente o que queremos, qualquer resultado nos

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Investimento e crédito: estratégia para o futuro

servirá de consolo, e diante de tantas oportunidades, o importante é estudar e conhecer o


que está disponível no mercado em termos de produtos, para que possamos aproveitar tudo
que se encaixar com nossas diretrizes.

Isso é tarefa para quem está antenado e comprometido e aí sim, alcançar as melhores
oportunidades disponíveis.

Espero que tenha ficado claríssimo que só com reservas e um planejamento adequado,
você conseguirá usufruir da forma que merece sua aposentadoria.

Tranquilidade e descanso são sempre bem-vindos, principalmente depois de anos e anos


trabalhando. Esse planejamento é completamente possível, e felizmente, mais e mais pessoas
têm conseguido cumprir com seu planejamento, visto que, cada vez mais, as informações
têm estado disponíveis ao maior número de pessoas.

É importante, no processo de busca, se valer dos órgãos de proteção ao crédito, bem


como às instituições bancárias consolidadas no mercado. Existe um ranking das melhores,
como também existem listagens de produtos e serviços aquém do esperado. Se antecipar em
posse destas informações pode ser a salvação para muita cilada que ainda existe (e sempre
existirá) mundo afora.

É maravilhoso termos reservas para que possamos aproveitar o tempo livre com viagens,
reuniões com os amigos e toda a diversidade possível de eventos que agradem você, pois
com o planejamento realizado mês a mês, você não precisará se aborrecer com finanças,
muito pelo contrário, poderá usufruir sabiamente dos seus recursos, além de experimentar,
mais uma vez, a deliciosa sensação do dever cumprido.

Parabéns por mais esta etapa da vida!

Referências
CERBASI, G. Investimentos inteligentes. Rio de Janeiro, Sextante. 2013.

DOMINGOS, R. Como garantir uma aposentadoria tranquila. São Paulo. DSOP Educação
Financeira. 2013

MARTINS, L. Aprenda a investir: saiba onde e como aplicar seu dinheiro. 2ª edição. São Paulo.
Atlas, 2010

NIEDERAUER, J. Jovem e bem sucedido: um guia para a realização profissional e financeira. São
Paulo. Novatec Editora, 2013.

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