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CURSO ARQUITETURA E URBANISMO

DISCIPLINA: TÉCNICAS RETROSPECTIVAS


PROFESSOR: ELIAS JOSÉ DE ALMEIDA MACHADO
ATIVIDADE 2 – 2º BIMESTRE
VALOR: 10 (PESO 5).
MARÇO DE 2021.

A CAPELA DE SÃO FRANCISCO

1- APRESENTAÇÃO:

Situada no interior do Cemitério Municipal de Itapuã, no bairro de Itapuã, na orla da capital


baiana, a Capela de São Francisco é um singelo exemplar da arquitetura religiosa antiga
brasileira (Figuras 1 e 2). Apesar de sua simplicidade e não ter reconhecimento legal
enquanto patrimônio, o templo é exemplar significativo de técnicas construtivas antigas e
testemunha do processo de ocupação do bairro onde se encontra.

Figura 1. Capela de São Francisco, fachada frontal.

Fonte: <http://www.bahia-turismo.com/salvador/itapua/capela-cemiterio.htm>. Acesso em 04 de


maio de 2020.
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Figura 2. Capela de São Francisco, localização.


Localização:

Fonte: Google Maps. Acesso em 04 de maio de 2020.

Sobre a Capela de São Francisco, pede-se que a equipe leia atentamente o texto que
segue e responda, por etapas, às questões colocadas ao fim do texto.

2- CAPELA DE SÃO FRANCISCO - HISTÓRICO:

Pouco se sabe sobre história da Capela de São Francisco de Itapuã. Por suas
características construtivas, acredita-se que ela tenha sido construída, por franciscanos,
no século XVIII. Dentre outros indícios, ratificam essa hipótese, as volutas e os pináculos
da fachada frontal e as ruínas do muro (em alvenaria mista argamassa de pedras e de
tijolos) contíguo à capela. Possivelmente, a construção da capela antecede a construção
do cemitério e remete aos primórdios da ocupação do bairro. Acredita-se que o cemitério
tenha se estruturado formalmente no século XIX, nas proximidades da capela, e, que com
o seu crescimento, a necrópole terminou por englobar o templo.

Mesmo não se sabendo a data exata da construção da capela, pode-se datar, de forma
estimada, a execução de algumas intervenções pelas quais passaram o templo, que
resultaram na execução de alguns dos componentes construtivos ainda encontrados. Por
exemplo, supõe-se que sejam da segunda metade do século XX a construção dos
seguintes elementos construtivos: laje em concreto armado que recobre a nave; abóbada
em concreto armado que recobre o altar; piso cerâmico encontrados tanto na nave como
no altar. Estima-se também que, na segunda metade do século XX, tenha sido demolidos
o côro e púlpito do templo, inviabilizando a utilização das aberturas do primeiro
pavimento. Além dessas intervenções, são das últimas décadas do século XX, os
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acréscimos em argamassas cimentícias encontrados em alguns trechos dos


revestimentos parietais e as camadas de acabamento e de pintura em argamassa e tinta
acrílicas encontradas por quase todo o templo.

Atualmente, após anos de abandono, por conta de seu estado avançado de degradação e
de inadequação, a capela encontra-se subutilizada, mesmo que o cemitério ainda se
encontre ativo. Já não são celebradas missas, tampouco são realizados velórios no
interior do templo. Apenas os devotos de São Francisco e os parentes de pessoas
sepultadas no cemitério aventuram-se a adentrar o templo e a fazer lá as suas
manifestações de fé.

3- AS CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS DA CAPELA DE SÃO FRANCISCO –


TRAÇADO E MATERIAIS

O traçado da capela de São Francisco é bastante simples: ela apresenta uma nave
única, de planta retangular e uma capela-mor, contígua à nave, também de planta
retangular. O traçado da planta da capela pode ser observado na imagem que segue
(Figura 3).

Figura 3. Planta esquemática da Capela de São Francisco.

Fonte: do autor.
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As paredes da nave foram executadas em alvenaria mista argamassada (tijolos


cerâmicos, pedras e argamassa de cal), apresentam camadas de revestimento
argamassado (emboço e reboco) também em cal e receberam emassamento e pintura
acrílicos, em tons amarelados (possivelmente executada nas últimas décadas). Em
alguns trechos das paredes da nave, próximas ao piso, são encontrados acréscimos de
camadas de revestimento argamassado (reboco) de natureza cimentícia. A nave conta
com pisos cerâmicos industralizados (30 x 30 cm) rejuntados com argamassa polimérica
industrializada. A nave é recoberta por laje em concreto armado (com vigotas pré-
moldadas), que, por sua vez, apresenta camadas de revestimentos argamassados
(chapisco e reboco) em argamassa cimentícia e pintura em tinta acrílica na cor branca. A
nave conta com nove esquadrias de madeira, do tipo calha, de abrir, com verga em arco
rebaixado, cada uma delas com duas folhas. Atualmente, essas esquadrias apresentam
pintura à óleo na cor cinza, e, algumas delas, por conta das demolições do côro e do
púlpito, encontram-se inutilizadas. Seguem imagens da nave e de seus componentes
construtivos (Figuras 4 a 14).
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Figura 4. Vista parcial da nave da Capela de São Francisco.
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Figura 5. Vista parcial da nave da Capela de São Francisco.
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Fotografia de Manuella Souza.

Figura 6. Vista parcial da nave da Capela de São Francisco. 2


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Figura 7. Vista parcial da nave da Capela de São Francisco.
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Figura 8. Vista parcial da nave da Capela de São Francisco.
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Figura 9. Vista parcial da nave Capela de São Francisco.
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Figura 10. Vista parcial da parede da nave Capela de São Francisco.
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Figura 11. Vista parcial de uma das paredes da nave Capela de2São Francisco.
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Figura 12. Vista parcial do piso da nave Capela de São Francisco.
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Figura 13. Vista parcial do piso da nave Capela de São Francisco.


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Fotografia de Manuella Souza.

Figura 14. Vista parcial do piso da nave Capela de São Francisco.


Localização:

Fotografia de Manuella Souza.

As paredes da capela mor do templo, foram executadas em alvenaria mista


argamassada, composta por tijolos cerâmicos, pedras e argamassa de cal. Essas paredes
receberam camadas de revestimento argamassado (emboço e reboco) em argamassa de
cal e emassamento e pintura (em tom amarelado) acrílicos. Na base de algumas das
paredes da capela, são encontrados acréscimos (trechos de reboco) de argamassa
cimentícia. O piso do altar é similar ao da nave e deve ter sido executado no mesmo
período; no altar entretanto, além do piso cerâmico é encontrada uma lápide em mármore,
datada da década de 30 do século XX. O altar é recoberto por abóbada de berço em
concreto armado, rebocada com argamassa cimentícia e pintada com tinta acrílica. As
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linhas de impostas dessa abóbada e do arco cruzeiro apresentam cimalhas em


argamassa de cal. O acesso para o altar, pode ser feito através do arco cruzeiro (pela
nave) ou pelo acesso lateral da igreja que conta com esquadria em madeira, em cor e
modelo similar aqueles encontrados na nave. Seguem imagens da capela mor do templo
(Figuras 15 a 20). 2
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Figura 15. Vista parcial da capela mor.
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Figura 16. Vista parcial da capela mor.
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Figura 17. Vista parcial da abóbada da capela mor. 2
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Figura 18. Vista parcial da abóbada da capela mor. 2
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Figura 19. Vista de uma das paredes da capela mor.
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Figura 20. Vista parcial do piso da capela mor. Destaque para a lápide. 2
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Na capela-mor do templo, encontra-se o retábulo do altar dedicado a São Francisco e


um nicho vazado nas paredes laterais. O retábulo do altar parece ser original da capela,
ele apresenta embasamento em alvenaria de tijolos cerâmicos e argamassa de cal
(revestido como as paredes com argamassa de cal) e elementos de decoração (colunas,
arcadas, nicho e trono) executados em madeira. Nesse retábulo, os elementos em
alvenaria apresentam pinturas em tons de amarelo enquanto os componentes entalhados
em madeira apresentam pintura artística em tons de branco e rosa.
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As imagens sacras encontradas atualmente nesse altar, são de fabricação bastante


recente. Seguem imagens do retábulo do templo (Figura 21).
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Figura 21. Vista parcial do retábulo da capela mor.
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As fachadas do templo apresentam revestimento em argamassa de cal (emboço e


reboco), com alguns acréscimos pontuais de argamassa cimentícia; as superfícies
fachadeiras apresentam pintura em tinta acrílica em tons de amarelo e de branco. As
fachadas do templo são bastante simplórias, destacando-se apenas a fachada frontal que
conta com cunhais, cimalhas, cercaduras e frontão executados em alvenaria mista (em
técnicas e materiais similares aos encontrados nas paredes) e pináculos em pedra
calcária.

As coberturas do templo são compostas por telhados de duas águas recobertos por
telhas coloniais (curvas, do tipo capa-canal) artesanais, e apresentam beirais do tipo
beira-sobeira. Quando as inspeções para esse trabalho foram realizadas, não foi
permitido o acesso ao interior do telhado; estima-se que as telhas sejam dispostas sobre
trama em madeira (ripas, caibros e terças) e que essa trama seja sustentada por
pontaletes que descarregam sobre a abóbada e a laje.

A capela é contornada por calçada cimentada, de pouca largura e essa, por gramado.
Na lateral direita da capela, encontra-se as ruínas de uma parede, atualmente com
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vestígios de pintura em tinta acrílica. Estima-se que essa ruína seja oriunda da construção
do templo, provavelmente, de uma sacristia lateral que não foi totalmente construída. A
presença de volutas e de cimalhas na ruína, ratificam essa hipótese.

Seguem imagens do exterior do templo (Figuras 21 a 37).


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Figura 21. Fachada frontal da Capela de São Francisco. À direita da capela são vistas as ruínas.
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Figura 22. Detalhe da fachada frontal da Capela de São2 Francisco.
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Figura 23. Fachada lateral direita da Capela de São Francisco. À direita da capela
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2 À direita da capela
Figura 24. Vista parcial da fachada lateral direita da Capela de São Francisco.
são vistas as ruínas. 2
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Figura 25. Vista parcial da fachada lateral direita da Capela de São Francisco. À direita da capela
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são vistas as ruínas. 2
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Figura 27. Detalhe da fachada lateral direita da Capela de São Francisco.
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Figura 29. Vista parcial da fachada posterior da Capela de São Francisco.


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Figura 30. Vista parcial da fachada posterior da Capela de São Francisco. 2
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Figura 31. Vista da fachada lateral esquerda da Capela de São Francisco.


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Figura 32. Vista parcial da fachada lateral esquerda da Capela de São Francisco.
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Figura 33. Vista da fachada lateral esquerda da Capela de São Francisco.


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Figura 35. Vista da ruína.
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4- AS ATIVIDADES PROPOSTAS:

ETAPA 1

Diante dos dados expostos e do conteúdo abordado na disciplina, pede-se que as


equipes redijam um diagnóstico sucinto (apontando e explicando as causas, os
agentes de degradação, as análises/testes que devem ser feitas e os danos) para a
Capela de São Francisco. O diagnóstico deverá contemplar, no mínimo, os seguintes
componentes construtivos:

 Coberturas (telhados);
 Forros (laje e abóbada em concreto);
 Paredes (faces internas e externas);
 Pisos;
 Lápide;
 Pináculos;
 Esquadrias;
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 Ruína.

ETAPA 2

Diante dos dados expostos e do conteúdo abordado na disciplina, pede-se que as


equipes redijam uma proposta esquemática de restauro e de
readequação/reforma/ampliação (apontando e explicando os procedimentos e as
técnicas construtivas e/ou de restauração a serem executados) para a Capela de São
Francisco. Essa proposta deverá contemplar no mínimo os seguintes componentes
construtivos:
A) Restauro do templo existente:
 Coberturas (telhados);
 Forros (laje e abóbada em concreto);
 Paredes (faces internas e externas);
 Pisos;
 Lápide;
 Pináculos;
 Esquadrias;
 Ruína existente;

B) Intervenções de reforma/readequação/ampliação do templo existente:


com criação de sanitários, recepção e administração, além das demais
funções necessárias para que, minimamente, a capela volte a sediar missas e
velórios. Para a proposta de reforma/readequação/ampliação a equipe deverá:
 Representar graficamente a proposta sugerida;
 Justificar o partido adotado, com base na Teoria Contemporânea da Restauração
(Brandi e Carbonara);
 Especificar materiais e técnicas construtivas para, no mínimo, os seguintes
componentes construtivos de sua proposta: coberturas, forros, paredes, estruturas,
esquadrias e revestimentos de pisos e de paredes.

Bom trabalho!

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