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Introdução
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Irmã Maria Gema da
Eucaristia
Mais ou menos aos oito anos ficou órfã de mãe, por isso
viveu a sua infância junto de sua tia. Desde muito pequena Rosina se
mostrava muito caridosa para com os pobres, chegando a guardar
muitas vezes a sua comida para dar àqueles que mais precisavam.
Passados alguns anos após concluir os estudos, desejou fazer-se
religiosa, e ingressou em nosso Carmelo aos 13 de dezembro de
1934.
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se seguiu a cerimônia de vestição. Estiveram presentes, além dos
familiares de nossa querida Irmã, muitas pessoas amigas e
conhecidas do Carmelo.
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Nossa Ir. Gema sempre foi muito generosa. Ajudou na
fundação do Carmelo de Santos e em 1960 acompanhou por 4 anos
o Carmelo São José de Três Pontas.
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“Jesus manso e humilde de coração, fazei o nosso coração
semelhante ao vosso!” E isto era todas as vezes que fazia retiro.
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Na oração gostava de sentar-se nos pés... Ali, às vezes dormia
e ficava virando para frente e para trás; então, dizíamos brincando
que ela era de borracha.
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Uma coisa engraçada e misteriosa é que antes de morrer de
verdade a Ir. Gema “morreu” por duas vezes: Um dia no recreio da
manhã, a Ir. Gema de repente para de respirar e empalidece como
morta. Enquanto as irmãs se movimentavam para buscar socorro,
do nada ela voltou ao normal. Anos depois enquanto recitávamos
sexta ela levantou a cabeça um pouco para trás e parou de respirar,
ficando pálida e com os lábios roxos como morta. Desta vez, saímos
avisando a comunidade e a Irmã enfermeira telefonou para o
médico comunicando sua morte. Depois de algum tempo, voltou a
si, e vendo as irmãs ao seu redor se assustou e perguntou o que
estava acontecendo... Quando lhe contamos o que havia acontecido
começou a rir e disse que estava bem. Perguntamos se ela tinha
visto alguma coisa, e ela respondeu simplesmente “não vi nada!”
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“Quando entrei neste Carmelo em 1983, Ir. Gema estava já
com muita idade, mais ainda atuava como conselheira e
depositária, e ajudava também nos ofícios da casa: coro, café,
vestíbulo, etc.
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A devoção a Jesus Misericordioso entrou em nosso Carmelo
através da Ir. Gema, pois ela tinha amizade com algumas pessoas
que divulgavam essa devoção; no início fazíamos só no dia da festa
da misericórdia o terço da misericórdia e a procissão; eu estava
encarregada de arrumar o altarzinho, os cantos e a procissão e a Ir.
Gema me auxiliava orientando. Com o tempo esta devoção foi
expandindo e temos a Santa Missa participada com benção das
imagens e quadros de Jesus Misericordioso e os demais objetos
religiosos. Também foi entronizado em nossa capela o quadro com a
jaculatória e a mensagem de Jesus a Santa Faustina, e os efeitos
foram grandiosos entre nós: nosso Carmelo é misericordioso, e isto
posso dizer por experiência própria” (Ir. Ana Maria de Jesus)
Ouvi das outras irmãs também que isso sempre voltava na sua
memória como um pedido de perdão a Deus pelo seu passado que
ela considerava ter gasto de uma forma vã. Fazia sempre vigília de
Quinta para Sexta- feira em reparação.
Agora um fato cômico que me lembro da Ir. Gema é que por várias
vezes ela parecia que estava morta e depois voltava... Uma vez no
recreio ela estava com o trabalhinho na mão e de repente
desfaleceu. Chamávamos e ela não respondia, então começamos a
rezar a São Miguel Arcanjo, dali a pouco ela voltou. Então lhe
perguntávamos: “Irmã vossa caridade não morreu?” E ela dava
risada... E nós também. Como isso acontecia várias vezes
brincávamos dizendo “A Ir. Gema não morre!”
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Sempre me recomendava: “Olha quando eu morrer deixa a vela
acessa. Não precisa ficar ninguém lá me velando no coro de noite
não. Vão dormir, só não esquece de deixar a vela acessa!”
Como ela era mais velha que todas que faleciam ela falava que São
Pedro havia esquecido-se dela. Então brincávamos que ela havia
perdido o ônibus. As irmãs contavam que desde que ela entrou no
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Carmelo costumava dizer “deste ano não passo”, e no ano seguinte
repetia de novo a mesma coisa e assim durante toda a vida.
Outro fato que me marcou muito na nossa Ir. Gema era sua
fidelidade aos atos comuns. Em um domingo de Ramos, como é
nosso costume sempre oferecíamos o almoço para Jesus. Enquanto
pode ela sempre se esforçou para ajudar a comunidade a preparar o
almoço e acompanhava com grande alegria a procissão. Nos últimos
tempos, quando já estava de cama na
enfermaria não pode acompanhar mais
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a procissão. Então em uma dessas ocasiões, a sua enfermeira Ir.
Mirian disse-lhe que esperasse um pouquinho, pois ela iria para a
procissão e depois voltava para lhe levar o almoço. Após o almoço
eu fui perguntar a Ir. Mirian se a Ir. Gema já havia comido, pois
queria lhe fazer uma visitinha. Então a Ir. Mirian me contou que
quando chegou na enfermaria dizendo que ia buscar o almoço, a Ir.
Gema havia lhe dito que ela não precisava de almoço porque Jesus
já havia alimentado e ela não estava com fome. Então fui lá e lhe
perguntei: “mas como Jesus te alimentou?” Ela respondeu: “ Ele veio
aqui!” Ficou um certo mistério...então lhe perguntei: “e Ele era
muito lindo?” ela disse “ora! Ora! claro que é lindo!” Este seu “ora!
Ora!” soou como se fosse algo além daquilo que ela conseguia
expressar ; depois não falou mais nada, e ficamos naquele
sentimento e compreendemos que, como ela não pode levar o
almoço para Jesus na procissão com as Irmãs, Ele de alguma forma
se fez presente levando a refeição para ela. A Ir. Gema foi muito fiel
até o fim. Até o fim foi como uma vela que se consumiu
inteiramente por amor a Deus. (Nossa Madre, Ir. Maria Elisabeth da
Trindade)
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Irmã Paula Joana da Cruz
Wilson e Ivanilda
resolveu deixá-la aos cuidados de seus padrinhos de batismo, os
seus tios Albino e Júlia e também de seus avós.
Realizou a sua Primeira Comunhão em 12 de Outubro de 1968, na
Paróquia Sagrada Família.
Aos 15 anos entrou para a Congregação das Irmãs Carlistas, em
Cascavel- PR.
Era uma jovem muito bonita, com seus cabelos longos cor de mel
claro, já manifestava seus dons de pintura e sua bela voz já se fazia
ressoar. Tinha um grande desejo de cantar a Ave Maria de Gounot.
No colégio havia uma senhora que tinha uma voz lírica, muito
parecida com a de Ivanilda, e quando esta senhora entoava a Ave
Maria, Ivanilda ficava radiante em escutá-la, e assim desejava muito
participar deste coral, porém nunca houve oportunidade.
Quando Ivanilda chegou à Congregação das Irmãs Carlistas, teve por
companheira de aspirantado durante um ano, a jovem Maria Alves
(a qual no futuro será nossa Ir. Teresa Margarida).
Durante o aspirantado promoveu uma festa surpresa para a Madre
com a ajuda fraterna das aspirantes, comprando assim o bolo e os
refrigerantes. Era algo inovador e diferente para aquele tempo, na
qual não tinham esse costume; mas desta maneira já ia mostrando
sua liderança para certas ações.
Depois de um tempo na Congregação percebeu que lá não era seu
lugar, e assim saiu com a finalidade de procurar um Carmelo para
pedir a entrada. Quando saiu da Congregação, a jovem Maria Alves
também já não estava mais.
A grande surpresa de Maria Alves foi ao chegar ao Carmelo de Santa
Teresinha, reencontrar com a Ivanilda na portaria, e assim descobrir
que ambas alimentavam o mesmo desejo de serem carmelitas,
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porém nunca haviam comentado sobre esse assunto quando
estiveram juntas na Congregação.
Na portaria havia um quarto que era reservado especialmente para
as aspirantes, e assim ambas permaneceram lá durante três meses.
Juntas novamente no mesmo quarto, como no tempo da
Congregação. E ai... já se pode imaginar o que aconteceu.
Lembranças e lembranças do colégio, ou seja, ambas ficavam por
horas conversando. A Ir. Teresa Margarida lembra de uma vez que
ainda como aspirante aprontou com a Ir. Paula; foi assim: havia na
portaria uma caveirinha que quando colocavam uma moeda esta se
levantava, e sabendo que a Ivanilda tinha um verdadeiro pavor, não
pensou duas vezes, em colocar esta embaixo de seu travesseiro. Ao
chegarem ao quarto para dormir, a Maria Alves ficou conversando
com a Ivanilda para ver o momento trágico do susto; e quando este
se deu a Ivanilda ficou bravíssima, mas logo passou a raiva e riram
muito juntas.
Passados os três meses, a Maria Alves precisou retornar para sua
casa no Paraná, marcando sua entrada somente para o mês de
Outubro.
Ivanilda entrou para o Carmelo como
postulante no dia 11 de agosto de 1979,
memória de Santa Clara. Foi recebida
pela Madre Maria José, e teve como
Mestra a Ir. Maria do Carmo, que
atualmente está no Carmelo de Franca-
SP.
Após sua entrada para o Carmelo,
deixou para trás uma prima e grande
amiga chamada Maria Luiza, que tinha
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como apelido Polaquinha. Esta sofreu muito com a separação, e
passando mal foi levada para o hospital e deram-lhe soro glicosado,
não sabendo que ela tinha diabete, e assim veio a falecer.
Após seu falecimento enviaram uma carta a Ivanilda comunicando-
lhe, porém sendo Advento, só recebeu a mesma no Natal. Foi um
grande choque para Ivanilda, mas com a graça de Deus conseguiu
superar.
Recebeu o santo Hábito no dia 02 de Julho de 1980, recebendo o
nome de Ir. Paula Joana da Cruz. Fez sua Primeira Profissão no dia
02 de Julho de 1982 (neste dia
comemorava-se o jubileu de ouro da
fundação de nosso Carmelo).
Após os seus Primeiros Votos, ficou
com sua saúde um pouco debilitada e
assim discerniu que seria melhor ser
Irmã Externa, pois não aguentaria o
ritmo das monjas. Fez assim o pedido
para a então Priora, Me. Marta Maria;
que após ouvir o capítulo consentiu.
Continuou suas renovações dos votos
durante cinco anos.
Fez sua Profissão Perpétua no dia 02 de
Julho de 1988.
D. Geraldo Maria Penido e Ir. Paula em sua
Profissão Perpétua
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“Meu Jesus, prostrada a vossos pés humildemente peço que Vos
digneis me receber como esposa vossa, e imprimi em mim o Vosso
olhar, para que nunca me separe de Vós, apesar de minha
indignidade, consagro-me a Vós para sempre. Entrego-Vos também
aqueles que me ajudaram chegar até aqui (meus avós Estanislau e
Eleonora, e meus padrinhos Albino e Júlia) e todos aqueles que me
são caros ao coração. Peço Jesus pelo meu irmão e minha cunhada e
pela minha tia, cuidai deles todos porque são teus.
Peço Jesus à conversão dos sacerdotes transviados que se afastaram
de Vós. Pelas intenções do Santo Padre e de toda Igreja. Peço por
cada uma de minhas Irmãs, para que sejam santas e perseverem.
Sou vossa ó Jesus fazei de mim e em mim o que bem Vos aprouver.
Amém!”
Como Ir. Externa sempre foi de um amor muito grande por Nosso
Senhor, e assim foi colocando seus dons a serviço.Com delicadeza de
alma enfeitava a capela e ajudava a fazer os vasos para o altar,
também tinha uma bela voz de soprano que “enchia a capela”.
Tendo essa bela voz, gravou um CD junto com Nossa Madre
Elisabete com a finalidade de ajudar nas missões.
Também tinha um grande amor e atenção pelos pobres, buscando
ajudar todos aqueles que se aproximavam do Carmelo, oferecendo
cesta básica e tudo quanto necessitavam.
Quando sua avó esteve doente, pediu licença para passar algum
tempo com ela, pois tinha uma grande gratidão para com ela, e
assim ficou com ela durante três meses. Neste período procurava
participar da santa Missa em uma capela bem próxima da casa, e
ficou muito comovida ao ver tamanha pobreza e a limpeza um
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pouco escassa naquela capela, e o que mais a incomodou foi
perceber que guardavam Jesus Sacramentado em uma vasilha de
margarina. Logo se colocou a serviço ajudando e exortando ao zelo
por Nosso Senhor.
Em nossa comunidade teve a iniciativa de colocar no pátio externo
da portaria uma imagem de Jesus Misericordioso.
Algumas recordações engraçadas que aconteceram com nossa Ir.
Paula: certa vez apareceu no portão do Carmelo um senhor bêbado
e começou de certa maneira a incomodar as nossas Irmãs externas
falando algumas besteiras... nossa Ir. Paula se aproximou e tentou
passivamente despachá-lo, mas não conseguiu, então apelou
dizendo que se ele não fosse embora iria soltar os cachorros. O
bêbado olhou para nossa Irmã e disse que tinha mais medo dela que
dos cachorros. No recreio da noite veio contar a comunidade o fato
ocorrido e não se aguentava de tanto rir.
Outro ocorrido engraçado foi quando receberam na portaria
algumas visitas estrangeiras – da Colômbia; nossa Irmã como
sempre muito gentil e querendo ser bem hospitaleira ficou atenta as
necessidades dos visitantes, porém só tinha um pequeno
problema... não entendia nada de espanhol. E assim tentaram dizer
que precisavam ir ao banheiro, e nossa Irmã Paula entendeu que
precisavam tomar banho e assim foi rapidamente providenciando as
toalhas e sabonetes e lhes conduzindo para os quartos da
hospedaria. Os visitantes ainda tentaram dizer que era só o banheiro
que precisavam, mas foi em vão. Depois Ir. Paula ria do incidente.
Em 2009, começou para nossa Irmã seu calvário. Ao sair para o
jardim aonde gostava de trabalhar, sentiu uma grande pontada no
seio direito, e algo que não era seu costume, pediu para ir ao
médico. Chegando lá, logo o Doutor pediu uma mamografia, no qual
obteve o resultado de um tumor. Sendo de uma proporção muito
grande, pediu para fazer a cirurgia com urgência, e assim também
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faria a biopsia, para saber se era maligno. Nesta, descobriu que era
câncer, e que precisaria retirar todo o seio direito.
Quando descobriu a doença, demonstrou ter verdadeira virtude de
fortaleza e paciência, jamais manifestando revolta e também não
gostava quando pediam para que ela fosse curada, pois deseja que
em tudo fosse feita a Vontade de Deus.
Em seguida começou para nossa Ir. Paula, uma grande batalha
contra esta doença, iniciando o tratamento de quimioterapia e
radioterapia. Neste tempo, recebeu o carinhoso apelido de Bebê,
devido à queda de seus cabelos, ficando realmente parecendo um
bebê toda carequinha e com aqueles bonitos olhos azuis.
Durante os cinco anos previstos para ter atenção devido ao
reaparecimento do câncer parecia estar tudo bem, e nossa Irmã
estava muito feliz por ter vencido esta batalha.
Teve a oportunidade de viajar para a cidade de Colíder em Mato
Grosso, pois um benfeitor a presenteou para visitar seu irmão
Wilson, que há muito tempo não via. Ao retornar desta viagem,
recebeu um choque térmico ao chegar ao aeroporto de São Paulo,
pois em Mato Grosso estava muito quente, e em São Paulo muito
frio. Naquele dia, quando chegou ao Carmelo, durante a noite
passou muito mal, tendo febre, falta de ar e tossindo muito. E assim
foi levada naquela mesma noite ao hospital Frei Galvão, e após a
realização dos exames o Doutor chamou nossa Ir. Margarida e
comunicou-lhe que nossa Ir. Paula teria que ser hospitalizada na UTI,
pois havia diagnosticado que o pulmão estava com um tumor. Logo
entraram em contato com o Dr. Ozires, o qual havia tratado de
nossa Irmã do câncer há quatro anos. Permaneceu na UTI durante
quatro dias, depois passando para o quarto onde ficou mais uma
semana. Ao retornar para o Carmelo, devido a sua falta de ar, houve
a necessidade de conseguir um balão de oxigênio, o qual foi cedido
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pela prefeitura, um aparelho bem moderno. Durante três meses
teve o auxilio do balão de oxigênio.
Diariamente a Irmãs iam na parte das Irmãs Externas para visitarem
a Ir. Paula, e era edificante ver sua docilidade e abandono nas mãos
de Deus. Estava unida ao Crucificado e com Ele oferecia seu
sacrifício com amor.
A Nossa Madre, de maneira ainda mais particular, ia diariamente
visitá-la e via que estava bem inchada, com o rosto bastante
vermelho, era nítida sua dor e sofrimento; porém sempre tinha o
costume de perguntar:
“Ir. Paula, como vossa caridade está hoje?”
E ela respondia:
“Como Deus quer Nossa Madre. Tem gente que sofre muito mais.”
Uma vez partilhou com Nossa Madre que se compadecia muito
daquelas pessoas que encontrava no hospital quando ia fazer a
quimioterapia, principalmente daqueles que tinham filhos para
cuidar. Em uma dessas vezes, ofereceu-se a Jesus por uma mãe que
estava também com câncer e que tinha uma filha para cuidar, pois
acreditava que a vida desta mãe era bem mais útil que a sua e assim
Deus poderia leva-la em seu lugar. Tinha um coração sensível à dor
do outro e sabia se esquecer.
Em outra ocasião, Nossa Madre chegando perto dela perguntou-lhe
o que pensava, e ela respondeu:
“Estou pensando como vai ser do outro lado... como será o meu
encontro com o Patrão (gostava de chamar Deus desta maneira - ou
também de Patrãozinho). Não tenho medo, eu confio nEle, Ele é
misericordioso.”
Nossa Ir. Paula tinha um temperamento colérico, sendo assim
bastante explosiva e impulsiva em suas palavras e respostas; isso de
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certa maneira gerava às vezes certo receio de lhe falar algo sabendo
que iria contrariá-la. Algumas vezes pedia perdão.
No final da vida, devido à debilidade de sua saúde poderia se
esperar, devido ao seu temperamento, talvez uma revolta por conta
do câncer, ou talvez murmuração, ou até mesmo descontar
naqueles que cuidavam dela, e isso jamais vimos e ouvimos.
Pudemos ver que Deus alcançou uma grande graça, no qual houve a
vitória da graça sobre a sua natureza, sobre seu temperamento. E
isto se torna até um consolo quando uma Irmã tem um
temperamento forte, e parece que ela nunca consegue se vencer, se
dominar. Sim, é possível... Nossa Ir. Paula nos mostrou isso. Ela
soube dar abertura para que Deus agisse e assim houve a
transformação. A doença foi transformando-a e purificando-a para o
encontro definitivo com o Amado.
Em uma sexta-feira, como de costume, nossa Ir. Margarida foi levar
a comunhão para nossa Irmã no quarto, pois devido à debilidade de
sua saúde já há tempos não conseguia se locomover, e se isso fazia
era com grande dificuldade. Após receber Jesus permanecia
quietinha fazendo sua ação de graças. Ao término da Santa Missa,
nossa Ir. Margarida ia sempre vê-la, e grande foi o seu susto ao
encontra-la tendo uma convulsão; a princípio pensou que nossa
Irmã Paula estava morrendo e logo chamou o SAMU – ambulância
de emergência; ao chegar o médico, este disse que era uma
convulsão e assim foi chamada a Nossa Madre Elisabete e a
comunidade. Quando a comunidade chegou ao quarto de nossa Ir.
Paula, já havia passado a convulsão, e já estava sendo removida para
a ambulância.
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A partir deste momento já percebíamos que sua saúde estava
piorando ainda mais e que possivelmente logo partiria para a
eternidade.
Foi levada para a Santa Casa de Aparecida, e chegando lá teve outra
convulsão, e assim o médico pediu que fosse levada para a cidade
de Taubaté, aonde realizaria uma tomografia computadorizada. E
não demorou em chegar à notícia de que nossa Irmã estava com um
tumor na cabeça, o qual pressionava o cérebro causando assim as
convulsões.
Retornando para a Santa Casa de Aparecida foi para a UTI, porém
todos tinham consciência que não havia o que fazer neste caso, e
assim foi transferida para o quarto.
Foi um período doloroso, mas ao mesmo tempo muito edificante em
ver a grande caridade de todas as Irmãs da comunidade se
revezando para acompanhar nossa Irmã Paula em seus últimos dias
entre nós; e também houve a grande afluência de amigos e
sacerdotes que vinham vê-la. Nestes dias a Santa Casa liberou para
que todos entrassem no quarto, e era comovente perceber a
quantidade de pessoas ali presentes.
Com grande presteza seu irmão Wilson, juntamente com sua
cunhada Iolanda vieram de Mato Grosso, sem ter data para o
retorno, pois desejavam estarem presentes com a Ir. Paula nesta
fase final.
No dia 16 de setembro nossa Ir. Paula começou a ficar cada vez mais
fraca, e o médico nos comunicou que provavelmente ela não
passaria daquela noite, pois seus órgãos aos poucos estavam
parando. A Nossa Madre, a Ir. Margarida, o irmão de nossa Ir. Paula
o Wilson e sua esposa permaneceram juntos o tempo todo neste
dia. Pela manhã do dia 17 de setembro de 2016 às 04h45 nossa Ir.
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Paula retornou a casa do Pai, durante o momento que Nossa Madre
junto dela rezava a Salve Rainha.
No Carmelo tínhamos acabado de despertar, e até neste detalhe
Nosso Senhor realizou a vontade de nossa Ir. Paula, que sempre
dizia que não queria atrapalhar o sono das Irmãs. Assim já pela
manhã recebemos a notícia do seu falecimento, e começamos a
rezar por sua alma.
O corpo de nossa Irmã chegou por
volta das 8hs no Carmelo, sendo
assim celebrado já a 1ª missa pelo
Pe. Carlos, missionário Lazarista.
Durante o dia o corpo permaneceu
no coro para ser velado. Na 2ª
missa, ás 16hs foi transladado para
a capela externa. Esta missa foi
celebrada pelo Cardeal Dom
Raimundo Damasceno e
concelebraram o Pe. Gerardo, Pe.
Timóteo e Pe. Luiz Carlos. Durante o
dia esteve presentes muitos
sacerdotes redentoristas e também
grande afluência de religiosas, e muitos amigos.
Após a Santa Missa e a encomendação do corpo, seguiu-se o enterro
que foi feito no cemitério da clausura do nosso Mosteiro, no qual
muitas pessoas acompanharam.
Nossa Ir. Paula faleceu com 57 anos de idade, sendo 37 anos vividos
no Carmelo.
Que ela, interceda por sua comunidade e por toda a Ordem e que
esteja junto de Deus gozando do face a face.
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