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Ir.

Paula Joana da Cruz, no século Ivanilda Pavoski, nasceu no dia 02 de maio de 1959,
no Paraguai. Gostava de dizer que havia nascido como Jesus, em uma choupana (casa
de palha). Foram seus pais: Francisco Pavoski (que era natural de Santa Catarina) e
Clara Kajewski Pavoski (que era natural do Rio Grande do Sul), que já tinham um filho,
o Wilson.
Logo depois de seu nascimento sua família retornou para Cascavel, no Paraná, aonde
foi recebida pelos seus familiares.
Recebeu o sacramento de Batismo no dia 19 de Julho de 1959, nas mãos do Pe.
Germano Harmig, na Paróquia N. S. Medianeira de Todas as Graças, sendo seus
padrinhos Albino Kajewski e Julia Kajewski.
Recebeu o sacramento da Crisma no dia 1º de Maio de 1961,
sendo sua madrinha Elzira Fornita.
Sua mãe veio a falecer no parto, juntamente com seu irmão
que estava para nascer. Ivanilda estava com mais ou menos
dois anos quando ficou órfã de mãe. Seu pai não sabendo
como cuidar, resolveu deixá-la aos cuidados de seus
padrinhos de batismo, os seus tios Albino e Júlia e também
de seus avós.
Realizou a sua Primeira Comunhão em 12 de Outubro de
1968, na Paróquia Sagrada Família.
Aos 15 anos entrou para a Congregação das Irmãs Carlistas,
em Cascavel- PR.
Era uma jovem muito bonita, com seus cabelos longos cor de
mel claro, já manifestava seus dons de pintura e sua bela voz já
Wilson e Ivanilda fazia se ressoar. Tinha um grande desejo de cantar a Ave Maria
de Gounot.
No colégio havia uma senhora que tinha uma voz lírica, muito parecida
com a de Ivanilda, e quando esta senhora entoava a Ave Maria, Ivanilda ficava radiante
em escutá-la, e assim desejava muito participar deste coral, porém nunca houve
oportunidade.
Quando Ivanilda chegou à Congregação das Irmãs Carlistas, teve por companheira de
aspirantado durante um ano, a jovem Maria Alves (a qual no futuro será nossa Ir.
Teresa Margarida).
Durante o aspirantado promoveu uma festa surpresa para a Madre com a ajuda
fraterna das aspirantes, comprando assim o bolo e os refrigerantes. Era algo inovador
e diferente para aquele tempo, na qual não tinham esse costume; mas desta maneira
já ia mostrando sua liderança para certas ações.
Depois de um tempo na Congregação percebeu que lá não era seu lugar, e assim saiu
com a finalidade de procurar um Carmelo para pedir a entrada. Quando saiu da
Congregação, a jovem Maria Alves também já não estava mais.
A grande surpresa de Maria Alves foi ao chegar ao Carmelo de Santa Teresinha,
reencontrar com a Ivanilda na portaria, e assim descobrir que ambas alimentavam o
mesmo desejo de serem carmelitas, porém nunca haviam comentado sobre esse
assunto quando estiveram juntas na Congregação.
Na portaria havia um quarto que era reservado especialmente para as aspirantes, e
assim ambas permaneceram lá durante três meses. Juntas novamente no mesmo
quarto, como no tempo da Congregação. E ai... já se pode imaginar o que aconteceu.
Lembranças e lembranças do colégio, ou seja, ambas ficavam por horas conversando.
A Ir. Teresa Margarida lembra de uma vez que ainda como aspirante aprontou com a
Ir. Paula; foi assim: havia na portaria uma caveirinha que quando colocavam uma
moeda esta se levantava, e sabendo que a Ivanilda tinha um verdadeiro pavor, não
pensou duas vezes, em colocar esta embaixo de seu travesseiro. Ao chegarem ao
quarto para dormir, a Maria Alves ficou conversando com a Ivanilda para ver o
momento trágico do susto; e quando este se deu a Ivanilda ficou bravíssima, mas logo
passou a raiva e riram muito juntas.
Passados os três meses, a Maria Alves precisou retornar para sua casa no Paraná,
marcando sua entrada somente para o mês de Outubro.
Ivanilda entrou para o Carmelo como postulante no dia 11 de agosto de 1979,
memória de Santa Clara. Foi recebida pela Madre Maria José, e teve como Mestra a Ir.
Maria do Carmo, que atualmente está no Carmelo de Franca-SP.
Após sua entrada para o Carmelo, deixou para trás uma prima e
grande amiga chamada Maria Luiza, que tinha como apelido
Polaquinha. Esta sofreu muito com a separação, e
passando mal foi levada para o hospital e deram-lhe soro
glicosado, não sabendo que ela tinha diabete, e assim
veio a falecer.
Após seu falecimento enviaram uma carta a Ivanilda
comunicando-lhe, porém sendo Advento, só recebeu a
mesma no Natal. Foi um grande choque para Ivanilda,
mas com a graça de Deus conseguiu superar.
Recebeu o santo Hábito no dia 02 de Julho de 1980,
recebendo o nome de Ir. Paula Joana da Cruz. Fez sua
Primeira Profissão no dia 02 de Julho de 1982 (neste dia
comemorava-se o jubileu de ouro da fundação de nosso
Carmelo).
Após os seus Primeiros Votos, ficou com sua saúde um pouco debilitada
e assim discerniu que seria melhor ser Irmã Externa, pois não aguentaria o ritmo das
monjas. Fez assim o pedido para a então Priora, Me. Marta Maria; que após ouvir o
capítulo consentiu. Continuou suas renovações dos votos durante cinco anos.
Fez sua Profissão Perpétua no dia 02 de Julho de 1988.
Escreveu em sua Profissão:
D. Geraldo Maria Penido e Ir. Paula em sua
Profissão Perpétua
“Meu Jesus, prostrada a vossos pés humildemente peço que Vos digneis me receber
como esposa vossa, e imprimi em mim o Vosso olhar, para que nunca me separe de
Vós, apesar de minha indignidade, consagro-me a Vós para sempre. Entrego-Vos
também aqueles que me ajudaram chegar até aqui (meus avós Estanislau e Eleonora, e
meus padrinhos Albino e Júlia) e todos aqueles que me são caros ao coração. Peço Jesus
pelo meu irmão e minha cunhada e pela minha tia, cuidai deles todos porque são teus.
Peço Jesus à conversão dos sacerdotes transviados que se afastaram de Vós. Pelas
intenções do Santo Padre e de toda Igreja. Peço por cada uma de minhas Irmãs, para que
sejam santas e perseverem.
Sou vossa ó Jesus fazei de mim e em mim o que bem Vos aprouver.
Amém!”

Como Ir. Externa sempre foi de um amor muito grande por Nosso Senhor, e assim foi
colocando seus dons a serviço.Com delicadeza de alma enfeitava a capela e ajudava a
fazer os vasos para o altar, também tinha uma bela voz de soprano que “enchia a
capela”. Tendo essa bela voz, gravou um CD junto com Nossa Madre Elisabete com a
finalidade de ajudar nas missões.
Também tinha um grande amor e atenção pelos pobres, buscando ajudar todos
aqueles que se aproximavam do Carmelo, oferecendo cesta básica e tudo quanto
necessitavam.
Quando sua avó esteve doente, pediu licença para passar algum tempo com ela, pois
tinha uma grande gratidão para com ela, e assim ficou com ela durante três meses.
Neste período procurava participar da santa Missa em uma capela bem próxima da
casa, e ficou muito comovida ao ver tamanha pobreza e a limpeza um pouco escassa
naquela capela, e o que a mais incomodou foi perceber que guardavam Jesus
Sacramentado em uma vasilha de margarina. Logo se colocou a serviço ajudando e
exortando ao zelo por Nosso Senhor.
Em nossa comunidade teve a iniciativa de colocar no pátio externo da portaria uma
imagem de Jesus Misericordioso.
Algumas recordações engraçadas que aconteceram com nossa Ir. Paula: certa vez
apareceu no portão do Carmelo um senhor bêbado e começou de certa maneira a
incomodar as nossas Irmãs externas falando algumas besteiras... nossa Ir. Paula se
aproximou e tentou passivamente despachá-lo, mas não conseguiu, então apelou
dizendo que se ele não fosse embora iria soltar os cachorros. O bêbado olhou para
nossa Irmã e disse que tinha mais medo dela que dos cachorros. No recreio da noite
veio contar a comunidade o fato ocorrido e não se aguentava de tanto rir.
Outro ocorrido engraçado foi quando receberam na portaria algumas visitas
estrangeiras – da Colômbia; nossa Irmã como sempre muito gentil e querendo ser bem
hospitaleira ficou atenta as necessidades dos visitantes, porém só tinha um pequeno
problema... não entendia nada de espanhol. E assim tentaram dizer que precisavam ir
ao banheiro, e nossa Irmã Paula entendeu que precisavam tomar banho e assim foi
rapidamente providenciando as toalhas e sabonetes e lhes conduzindo para os quartos
da hospedaria. Os visitantes ainda tentaram dizer que era só o banheiro que
precisavam, mas foi em vão. Depois Ir. Paula ria do incidente.
Em 2009, começou para nossa Irmã seu calvário. Ao sair para o jardim aonde gostava
de trabalhar, sentiu uma grande pontada no seio direito, e algo que não era seu
costume, pediu para ir ao médico. Chegando lá, logo o Doutor pediu uma mamografia,
no qual obteve o resultado de um tumor. Sendo de uma proporção muito grande,
pediu para fazer a cirurgia com urgência, e assim também faria a biopsia, para saber se
era maligno. Nesta, descobriu que era câncer, e que precisaria retirar todo o seio
direito.
Quando descobriu a doença, demonstrou ter verdadeira virtude de fortaleza e
paciência, jamais manifestando revolta e também não gostava quando pediam para
que ela fosse curada, pois deseja que em tudo fosse feita a Vontade de Deus.
Em seguida começou para nossa Ir. Paula, uma grande batalha contra esta doença,
iniciando o tratamento de quimioterapia e radioterapia. Neste tempo, recebeu o
carinhoso apelido de Bebê, devido à queda de seus cabelos, ficando realmente
parecendo um bebê toda carequinha e com aqueles bonitos olhos azuis.
Durante os cinco anos previstos para ter atenção devido ao reaparecimento do câncer
parecia estar tudo bem, e nossa Irmã estava muito feliz por ter vencido esta batalha.
Teve a oportunidade de viajar para a cidade de Colíder em Mato Grosso, pois um
benfeitor a presenteou para visitar seu irmão Wilson, que há muito tempo não via. Ao
retornar desta viagem, recebeu um choque térmico ao chegar ao aeroporto de São
Paulo, pois em Mato Grosso estava muito quente, e em São Paulo muito frio. Naquele
dia, quando chegou ao Carmelo, durante a noite passou muito mal, tendo febre, falta
de ar e tossindo muito. E assim foi levada naquela mesma noite ao hospital Frei
Galvão, e após a realização dos exames o Doutor chamou nossa Ir. Margarida e
comunicou-lhe que nossa Ir. Paula teria que ser hospitalizada na UTI, pois havia
diagnosticado que o pulmão estava com um tumor. Logo entraram em contato com o
Dr. Ozires, o qual havia tratado de nossa Irmã do câncer há quatro anos. Permaneceu
na UTI durante quatro dias, depois passando para o quarto onde ficou mais uma
semana. Ao retornar para o Carmelo, devido a sua falta de ar, houve a necessidade de
conseguir um balão de oxigênio, o qual foi cedido pela prefeitura, um aparelho bem
moderno. Durante três meses teve o auxilio do balão de oxigênio.
Diariamente a Irmãs iam na parte das Irmãs Externas para visitarem a Ir. Paula, e era
edificante ver sua docilidade e abandono nas mãos de Deus. Estava unida ao
Crucificado e com Ele oferecia seu sacrifício com amor.
A Nossa Madre, de maneira ainda mais particular, ia diariamente visitá-la e via que
estava bem inchada, com o rosto bastante vermelho, era nítida sua dor e sofrimento;
porém sempre tinha o costume de perguntar:
“Ir. Paula, como vossa caridade está hoje?”
E ela respondia:
“Como Deus quer Nossa Madre. Tem gente que sofre muito mais.”
Uma vez partilhou com Nossa Madre que se compadecia muito daquelas pessoas que
encontrava no hospital quando ia fazer a quimioterapia, principalmente daqueles que
tinham filhos para cuidar. Em uma dessas vezes, ofereceu-se a Jesus por uma mãe que
estava também com câncer e que tinha uma filha para cuidar, pois acreditava que a
vida desta mãe era bem mais útil que a sua e assim Deus poderia leva-la em seu lugar.
Tinha um coração sensível à dor do outro e sabia se esquecer.
Em outra ocasião, Nossa Madre chegando perto dela perguntou-lhe o que pensava, e
ela respondeu:
“Estou pensando como vai ser do outro lado... como será o meu encontro com o Patrão
(gostava de chamar Deus desta maneira - ou também de Patrãozinho). Não tenho medo,
eu confio nEle, Ele é misericordioso.”
Nossa Ir. Paula tinha um temperamento colérico, sendo assim bastante explosiva e
impulsiva em suas palavras e respostas; isso de certa maneira gerava às vezes certo
receio de lhe falar algo sabendo que iria contrariá-la. Algumas vezes pedia perdão.
No final da vida, devido à debilidade de sua saúde poderia se esperar, devido ao seu
temperamento, talvez uma revolta por conta do câncer, ou talvez murmuração, ou até
mesmo descontar naqueles que cuidavam dela, e isso jamais vimos e ouvimos.
Pudemos ver que Deus alcançou uma grande graça, no qual houve a vitória da graça
sobre a sua natureza, sobre seu temperamento. E isto se torna até um consolo quando
uma Irmã tem um temperamento forte, e parece que ela nunca consegue se vencer, se
dominar. Sim, é possível... Nossa Ir. Paula nos mostrou isso. Ela soube dar abertura
para que Deus agisse e assim houve a transformação. A doença foi transformando-a e
purificando-a para o encontro definitivo com o Amado.
Em uma sexta-feira, como de costume, nossa Ir. Margarida foi levar a comunhão para
nossa Irmã no quarto, pois devido à debilidade de sua saúde já há tempos não
conseguia se locomover, e se isso fazia era com grande dificuldade. Após receber Jesus
permanecia quietinha fazendo sua ação de graças. Ao término da Santa Missa, nossa
Ir. Margarida ia sempre vê-la, e grande foi o seu susto ao encontra-la tendo uma
convulsão; a princípio pensou que nossa Irmã Paula estava morrendo e logo chamou o
SAMU – ambulância de emergência; ao chegar o médico, este disse que era uma
convulsão e assim foi chamada a Nossa Madre Elisabete e a comunidade. Quando a
comunidade chegou ao quarto de nossa Ir. Paula, já havia passado a convulsão, e já
estava sendo removida para a ambulância.
A partir deste momento já percebíamos que sua saúde estava piorando ainda mais e
que possivelmente logo partiria para a eternidade.
Foi levada para a Santa Casa de Aparecida, e chegando lá teve outra convulsão, e assim
o médico pediu que fosse levada para a cidade de Taubaté, aonde realizaria uma
tomografia computadorizada. E não demorou em chegar à notícia de que nossa Irmã
estava com um tumor na cabeça, o qual pressionava o cérebro causando assim as
convulsões.
Retornando para a Santa Casa de Aparecida foi para a UTI, porém todos tinham
consciência que não havia o que fazer neste caso, e assim foi transferida para o quarto.
Foi um período doloroso, mas ao mesmo tempo muito edificante em ver a grande
caridade de todas as Irmãs da comunidade se revezando para acompanhar nossa Irmã
Paula em seus últimos dias entre nós; e também houve a grande afluência de amigos e
sacerdotes que vinham vê-la. Nestes dias a Santa Casa liberou para que todos
entrassem no quarto, e era comovente perceber a quantidade de pessoas ali
presentes.
Com grande presteza seu irmão Wilson, juntamente com sua cunhada Iolanda vieram
de Mato Grosso, sem ter data para o retorno, pois desejavam estarem presentes com
a Ir. Paula nesta fase final.
No dia 16 de setembro nossa Ir. Paula começou a ficar cada vez mais fraca, e o médico
nos comunicou que provavelmente ela não passaria daquela noite, pois seus órgãos
aos poucos estavam parando. A Nossa Madre, a Ir. Margarida, o irmão de nossa Ir.
Paula o Wilson e sua esposa permaneceram juntos o tempo todo neste dia. Pela
manhã do dia 17 de setembro de 2016 às 04h45 nossa Ir. Paula retornou a casa do Pai,
durante o momento que Nossa Madre junto dela rezava a Salve Rainha.
No Carmelo tínhamos acabado de despertar, e até neste detalhe Nosso Senhor
realizou a vontade de nossa Ir. Paula, que sempre dizia que não queria atrapalhar o
sono das Irmãs. Assim já pela manhã recebemos a notícia do seu falecimento, e
começamos a rezar por sua alma.
O corpo de nossa Irmã chegou por volta das 8hs no Carmelo, sendo assim celebrado já
a 1ª missa pelo Pe. Carlos, missionário Lazarista. Durante o dia o corpo permaneceu no
coro para ser velado.Na 2ª missa ás 16hs foi transladado para a capela externa. Esta
missa foi celebrada pelo Cardeal Dom Raimundo Damasceno e concelebraram o Pe.
Gerardo, Pe. Timóteo e Pe. Luiz Carlos. Durante o dia esteve presentes muitos
sacerdotes redentoristas e também grande afluência de religiosas, e muitos amigos.
Após a Santa Missa e a encomendação do corpo, seguiu-se o enterro que foi feito no
cemitério da clausura do nosso Mosteiro, no qual muitas pessoas acompanharam.
Nossa Ir. Paula faleceu com 57 anos de idade, sendo 37 anos vividos no Carmelo.
Que ela, interceda por sua comunidade e por toda a Ordem e que esteja junto de Deus
gozando do face a face.

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