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A Vida Doméstica
Viveu isolada. Ela não podia dar-se às confidências com seu pai, porque este era
um homem seco, lacônico, ocupando-se assiduamente do trabalho dos campos e
da fazenda. Com Tonina e Augusto, o Benjamim, muito menos, porque, mais
novos do que ela, era preciso poupar-lhes todo aborrecimento, toda
contrariedade.
Viveu isolada, mas seu isolamento foi apenas exterior, pois dentro de si mesma,
ela sentiu sempre, desde então, uma voz que descia do alto: a voz da Virgem que
sua mãe lhe ensinara a amar como Aquela que nunca nos abandona.
O Sonho do Ancião
No correr desses anos, houve um sonho. Zoé sonhou que estava em oração na
capelinha de Fain, sua capelinha predileta; e assistia à Santa Missa celebrada
por um Venerando Sacerdote. Este, no fim da Missa, ter-lhe-ia acenado para
avizinhar-se do altar. Porém, ela, assustada, fugiu sem poder tirar a vista daquela
figura augusta. E dirigiu-se à casa de um enfermo, onde lhe apareceu novamente
a doce figura do Ancião que lhe diz: “Tu me foges agora, mas tempo virá em que
serás feliz de vires a mim. Deus tem seus desígnios a teu respeito”.
Para saber quem seria aquele ancião, deveriam ainda passar-se anos. Quando
Zoé achou sua irmã Tonina com idade e força para substituí-la na direção da
casa, pediu ao pai permissão para ser irmã, recebendo entretanto uma recusa,
com ordem de ir a Paris, para um restaurante de operários dirigido por um de
seus irmãos. Com isto tencionava o pai demover a filha do pensamento da vida
religiosa. Já havia renunciado a uma outra que se tinha feito irmã, e não
desejava absolutamente separar-se de Zoé, sua filha predileta.
Zoé veio finalmente a Paris para a Casa Mãe das Filhas da Caridade, sita à rua do
Bac, 140, no dia 21 de Abril de 1830, entre o alegre bimbalhar dos sinos e o
burburinho da multidão que se apinhava à passagem dos gloriosos restos de São
Vicente, trazidos da Catedral dedicada a Nossa Senhora de Paris, para a
silenciosa casa dos Padres da Missão, à rua de Sèvres.
Zoé, que trocava seu traje de aldeã pelo de noviça das Filhas da Caridade,
chamando-se então Irmã Catarina, estava tão contente pela felicidade da meta
atingida, e sentia-se tão enlevada, que lhe parecia não pisar a terra.
As Aparições
O extraordinário acentua-se logo em sua vida. Até então, ela havia somente
ouvido: escutara a voz do alto. Agora começara também a ver: vê aquilo que nós,
homens terrenos e materialistas, não vemos; ela vê o que é concedido somente
aos bons e aos simples: Vê o coração de São Vicente, nove vezes seguidas, com
diversas cores e significados, durante a solenidade da trasladação das relíquias
do Santo; vê Jesus na Hóstia durante todo o tempo do seu noviciado, salvo as
vezes que julga não ver bem e pensa enganar-se; vê a Cristo-Rei no Santíssimo
Sacramento no dia da Santíssima Trindade. Finalmente, na noite de 18 de para
19 de Julho do mesmo ano de 1830, vigília da festa de São Vicente, a visão das
coisas divinas se faz de um modo mais perfeito e completo. A visão se transforma
em um colóquio direto com a Divindade; e finalmente, é Maria Santíssima mesma
que, depois de tantas orações e tantas invocações ingênuas e candidamente
confiantes, se lhe mostra, maternalmente.
Deu-se naquela tarde às noviças uma instrução sobre a devoção aos Santos e, em
particular, à Santíssima Virgem. Irmã Catarina está ainda toda ansiosa por ver a
sua Mãe do Céu, e tem a certeza absoluta que naquela mesma noite A verá. Tão
grande é seu desejo de A ver que, com dificuldade consegue adormecer. Apenas
adormecia, é despertada pela voz de um menino resplandecente, vestido de
branco que a convida a aprontar-se imediatamente e dirigir-se à capela onde a
espera a Santíssima Virgem. A Irmã segue docilmente o menino, por entre as
luzes que se acendem à sua passagem. A capela estava iluminada com tantas
velas e lâmpadas como se fosse para a Missa de Natal. O menino conserva-se de
pé. A Irmã ajoelha-se além da balaustrada e espera impaciente.
A Madona lhe fala finalmente em pessoa: fala à Irmã que, arrebatada, pende de
seus lábios, apoiando genuflexa, as mãos sobre seus joelhos, e escuta como deve
se comportar para com seu diretor espiritual, que coisas lhe deve comunicar para
desenvolvimento da Comunidade (a qual a Virgem “quer tanto bem”); e finalmente
lhe fala também a respeito da fundação da Associação das Filhas de Maria. Irmã
Catarina escuta o que a Virgem, chorando, lhe prediz sobra as desgraças que
virão cair sobre a França e o mundo inteiro.
A visita está terminada. A virgem se retira como uma luz que se apaga. Em meio
as velas e luzes acesas, Irmã Catarina volta ao dormitório acompanhada pelo
menino resplandecente. Está radiante de alegria, de amor, de reconhecimento.
Não pôde mais dormir. Perdura em sua alma a certeza de que a sua Mãe do Céu
lhe aparecerá novamente. Não se engana. Dois meses depois, no mês de
Setembro, aparece-lhe de novo a Virgem. E aqui está o 27 de Novembro de 1830.
As mãos da Virgem seguravam sem nenhum esforço ou fadiga, uma bola de ouro
que representava o globo, o mundo inteiro, numa atitude suplicante, como se Ela
o oferecesse a Deus, enquanto seus olhos se volviam, ora ao Céu ora à terra, e
seus lábios murmuravam em prece ao Senhor do Universo.
A Medalha Milagrosa
Como a pequena Zoé entregou-se ao silêncio quando morreu sua mamãe e tomou
silenciosamente em suas mãos a direção da casa, assim também, e com maioria
de razão, sentiu agora a necessidade de observar o silêncio, não somente por
causa de sua reserva e timidez natural, mas porque compreendia que não era
outra coisa do que um instrumento nas mãos da Virgem e portanto, do Senhor, e
que toda a glória e méritos destas graças, deviam reverter aos seus Autores no
Céu, e não a ela a humilde anunciadora disso aos homens.
Dissera-lhe a Virgem que contasse a seu diretor espiritual tudo o que tinha visto.
Assim como a Irmã foi pronta em informa-lo a respeito das aparições passadas,
do mesmo modo o faz agora sobre esta última e importantíssima visão.
Interpretando literalmente o conselho da Virgem e considerando ao mesmo tempo
a sua reserva natural, a Irmã Catarina referiu estes acontecimentos
extraordinários dos quais ela foi testemunha, somente a seu confessor, o Pe.
Aladel. Este, a princípio julgou estas comunicações da Irmã com grande
hostilidade, duvidando serem as mesmas, o fruto da sua imaginação, e tudo fez
por distrair a penitente destes pensamentos. Entretanto, renovando-se estas
aparições e comunicações, foi ele aos poucos mudando de opinião a respeito da
Irmã – sem, todavia, deixa-la perceber isso e mantendo sua prudente atitude até
que, quando da última aparição da Virgem da Medalha Milagrosa, em Setembro
de 1831, ele aprende da Irmã que a Virgem está muito descontente por se
negligenciar de cunhar a Medalha.
É uma chuva de raios celestes, é uma torrente de medalhas que, daquela chuva,
cai sobre a terra, trazendo a cada um que lhe pede com confiança, alegria para os
tristes, virtude para o vício e saúde para os doentes.
Até agora, o mais brilhante desses raios, a mais prodigiosa dessas medalhas,
tocou o coração de um judeu: Afonso Ratisbonne. Inteligente, cético, rico,
mundano, converteu-se à Religião Católica por meio da Medalha Milagrosa.
Afonso Ratisbonne
Ratisbonne acompanha seu amigo a Santo André dele Frate, a Via dela Mercede,
no coração de Roma. Devendo o amigo ausentar-se por alguns minutos,
Ratisbonne é deixado sozinho na igreja. De repente, uma luz muito branca jorra
de uma das capelas laterais à esquerda, e, aos olhos atônitos do jovem, aparece
uma Senhora de beleza inigualável. É a mesma que se acha estampada sobre a
Medalha Milagrosa. O judeu, sem saber como e nem por que se precipita a essa
direção, e depois a um sinal dela, prostra-se por terra, tocando o pavimento com
a fronte, por um sentimento de reverência e medo, diante da Majestade da Virgem
Puríssima e considerando o peso insuportável de seus pecados.
O prodígio da visão renovada agora por Maria concebida sem pecado, atingiu
o polo oposto. Ela apareceu primeiro à alma ingenuamente glorificante de
Catarina Labouré, e depois à alma sabidamente insultante de Afonso
Ratisbonne; primeiro à criatura na ordem da Igreja de Cristo, depois à
criatura na desordem da Sinagoga de Javé. Simbolicamente, Maria, por meio
desse prodígio, uniu Javé a Cristo, o Antigo ao Novo Testamento.
Com este fato, Ela confirmou que não há mais que uma só e única Religião,
temporal e eterna.
CONSIDERAÇÕES SOBRE
AS DOUTRINAS EXPOSTAS NAS APARIÇÕES
Rogar a Deus pelo mundo inteiro e obter dele graças para todos os homens,
revelam-nos um novo aspecto da Virgem – o de Mediadora Universal, como Jesus.
Como Jesus cancelou a culpa de Adão, assim cancelou a culpa de Eva. Jesus é o
Redentor, Maria é a corredentora. Jesus é o Mediador Universal, Maria é a
Mediadora Universal. Cristo é o Rei do Universo, Maria é a Rainha.
A mais importante (do ponto de vista essencial) das duas atitudes da Imaculada
Mediadora é, sem dúvida, aquela, na qual Ela intercede por nós, e não aquela na
qual nos distribui graças. O Coração, a bondade infinitamente materna de Maria
(primeiramente que as graças) são demonstradas pela misericórdia que tem de
nós, não obstante nossos contínuos insultos a Ela, a toda Pura, pelo
desregramento de nossos costumes. Ela reza, suplica, roga, implora igualmente
em nosso favor, apesar de a ofendermos sempre em um de seus divinos atributos,
aquele que, depois da Maternidade divina, Lhe deve ser o mais caro.
Mas na ordem da sua ação relativa a execução fiel da missão que Deus lhe
confiou por intermédio de Maria, a Irmã deu preferência ao conhecimento e à
difusão da Medalha Milagrosa, porque, para nós homens, pobre seres frágeis, são
mais necessárias em primeiro lugar as graças para nos abrir os olhos, para nos
fazer ver, para nos elevar. E o período da afirmação da Medalha Milagrosa se
conclui triunfante com o resultado da investigação canônica ordenada pelo
Arcebispo de Paris em 1836.
O Altar e a Estátua
A partir de 1839, e sobretudo em 1841, Irmã Catarina insiste para que seu
Diretor de consciência faça erigir em um altar, a estátua da Virgem oferecendo o
globo ao Senhor, intercedendo por nós. A estátua deve ser colocada no próprio
lugar, onde a Virgem apareceu.
Este pranto é um milagre de bondade. Somente uma mãe pode esquecer assim as
ofensas. A estátua é um ato de reconhecimento. Mas é também uma lembrança,
um exemplo a imitar. Irmã Catarina não quer somente exaltar o amor da Virgem,
mas também seu exemplo. Ela deseja que todos os homens o sintam como ela.
Quando então eles o sentirem como ela, eles sairão do seu entorpecimento,
abrirão os olhos, prestarão atenção, se levantarão. Não serão mais homens
embrutecidos, mas verdadeiramente homens.
Não nos escutemos a nós mesmos, por piedade, sigamos o exemplo de nossa Mãe
celeste, heroica e inigualável no esquecimento de Si mesma, atenta somente em
socorrer, em ajudar, em perdoar. Sim. Erijamos-Lhe uma estátua num altar, e
aproximemo-nos deste altar para pedir-Lhe que nos dê a força necessária para
imitá-lA, quando mesmo, isto nos pareça impossível. Ajoelhemo-nos muitas vezes
ao pé deste altar para que Ela nos ajude a esquecer nosso corpo, nossas
necessidades, nossas razões de um dia efêmero que, como o som de nossa voz,
não deixa sinal no ar; e que sua compaixão nos faça sentir que somos todos
irmãos debaixo do mesmo Céu.
O Martírio do Silêncio
Eis por que Irmã Catarina insiste, roga e conjura ao Pe. Aladel para que ele faça
levantar o altar e a estátua para glória da Virgem Medianeira Universal.
O Confessor faz o que pode, disto se ocupa, manda executar desenhos, mas
encontra dificuldades e não consegue. É naturalmente uma pessoa enérgica e de
uma inteligência acima da ordinária, contudo, não foi bem sucedido no
interpretar o sentido da atitude de intercessão da Madona. Esta Virgem do Globo
é uma novidade que ultrapassa seu tempo. Não se pode culpar o Confessor se
não o compreendeu bem. Desta incompreensão vem a grande pena da Irmã que
vê sempre retardar-se o cumprimento total da missão da qual foi encarregada.
Depois de ter insistido, rogado, suplicado, (e sempre com uma medida admirável)
ela baixa a cabeça e espera em silêncio. Ela espera o acontecimento de um fato
extraordinário que permita o remate de sua missão divina. Ao mesmo tempo, ela
que, depois do Seminário, foi enviada ao hospício de Enghien, em Paris mesmo,
passa da cozinha à rouparia, à conservação do galinheiro, à assistência aos
velhos, à portaria. Padre Aladel morre. É substituído por um outro Padre da
Missão, que é igualmente informado pela Irmã de suas aparições. Ele também
nada consegue além de não compreender bem.
A atração que ela tinha, desde a juventude, por este exercício, se aperfeiçoa de
um modo incrível nos seus anos de Comunidade. Irmã Catarina é senhora de si
mesma, a tal ponto, ela sente tanta repugnância de sair de sua reserva, de seu
segredo que durante quarenta e seis anos de vida religiosa, nunca se traiu, nunca
deu a entender por um gesto sequer, ou por uma palavra que era a Irmã
privilegiada das aparições. Ela conseguirá imediatamente, aniquilar totalmente
sua personalidade. Mulher de uma inteligência incontestável, de coração
terníssimo, de uma força superior que jamais a fez hesitar no caminho a seguir,
apesar da rudeza de suas longas provas ela apareceu a todos, sem exceção de seu
Confessor como uma mulher medíocre: fria, apática, de espírito muito ordinário.
Ela tem tanta vigilância, que ninguém a ultrapassa, queria dizer iguala. Fala com
a Virgem e volta para sua cama sem dizer nada a ninguém; ajoelhada no meio
das outras noviças, revê a Virgem e não se mostra sobressaltada, nenhum grito –
imediatamente reprimido – lhe escapa; os anos passam, pouco a pouco
desaparecem as noviças do Seminário de 1830-31 e sabe-se ao mesmo tempo que
a vidente das aparições vive ainda, alguns a suspeitam que seja ela e para lhe
arrancar uma confidência, uma alusão, uma reticência, a submetem à questões
que possam surpreendê-la, a perguntas a queima roupa. Ela se conserva sempre
impassível, com a maior naturalidade do mundo. Durante 46 anos. Sempre. Este
silêncio atinge a uma perfeição tão rara, tão árdua, tão inconcebível pelo nosso
espírito, que acabo de crer que a pureza e a candura da Irmã, deveram
contribuir, em grande parte, ao grau que atingiu e no qual se manteve. Para ela o
extraordinário é tão normal, tão ordinário, tão natural que ela não sente – ou
apenas – o desejo de falar disso a outras pessoas. Como um artista verdadeiro
(isto é, destes que se encontram raramente, que têm verdadeiramente alguma
coisa de novo e de original a dizer), cuja expressão de arte faz tão bem parte de
sua outrem, sendo a arte para ele, um hábito de vida. A natureza, que ele se
espanta quase da admiração da virtude do silêncio da Irmã não consiste somente
em fugir de tudo o que lhe pudesse atrair a atenção, mas antes em não continuar
a insistir junto de seu Confessor, no que não perde a paciência, não deixa
aparecer sua dor pelas demoras que são opostas à ereção do altar e da estátua.
Não esqueçamos nunca que passam 46 anos e quanto mais o tempo corre, mais
se aproxima a morte e mais aumentam os sofrimentos da Irmã que vê pouco a
pouco se dissiparem as probabilidades de sucesso de cumprir toda a sua missão.
É esta data fixa que inexorável, em breve interromperá o curso dos anos; é a data
da morte que preocupa a Irmã. Qual será mais rápida: o curso dos anos ou a fé?
A tenacidade de querer cumprir toda a missão da Madona? Morrerá ela antes ou
depois? Mais o fim da vida se aproxima, (e a Irmã sentia que ela não veria o
começo de 1877) e mais a dor da espera estéril, forçá-la-ia a sair de sua
submissão ao Confessor. Pois trata-se de uma missão divina para sua cara
Madona, que tanto ama e de quem, ela quer fazer conhecer por todos os corações,
este Coração tão heroicamente bom, que só em pensar nele, todos deveriam
imediatamente cessar de se se ofenderem e de se magoarem, que todos deveriam
se amar, amando-O!
Jamais ela fala. Se seu Confessor não compreende bem suas intenções e a
importância de sua realização, todas as insistências do mundo não a abalarão. E
um dia a angústia atinge ao auge. O Confessor que substitui o Pe. Aladel não
pode mais ir ao hospício de Enghien e é por sua vez substituído.
Estamos no começo de Junho de 1876. A Irmã tem diante de si, apenas alguns
meses de vida. Irmã Catarina percebe que esta substituição põe em perigo todo o
edifício pacientemente construído durante tantos anos e o perigo é sem dúvida
iminente porquanto sabe que seu fim está próximo. Ela não depõe as armas. Com
a permissão da Superiora do hospício dos velhos, ela pede ao Superior Geral da
Comunidade, a autorização de não mudar de Confessor. Esta autorização é
evidentemente recusada, não se vendo a razão deste pedido e não podendo ser
vista. Esta recusa é para a Irmã um tão grande golpe que poderia prostrá-la.
Deverá pois morrer antes de cumprir sua missão? Deverá apresentar-se diante da
Virgem sem poder Lhe dizer: cumpri todo o meu dever; sem ter deixado no mundo
a lembrança desta divina bondade suplicante, o pequeno gérmen da árvore
poderosa debaixo de cuja sombra se reunirão finalmente alegres os povos? Irmã
Catarina atingiu neste momento o cimo de sua imolação secreta à Virgem,
Medianeira Universal.
Ela viveu 70 anos no meio de nós. E não percebemos sua luz. A sombra de que
esta luz se cobriu, é única na história.
Setenta anos passaram. É tempo. Isto basta. Que esta sombra se dissipe agora e
que a luz brilhe. Que este silêncio cesse e que a palavra ressoe, para que todo o
mundo a ouça. Universal.
Que este sinal seja tomado novamente. Que deste martírio que foi um túmulo,
desta humildade gloriosa, deste silêncio poderoso nasça a eloquência que
conquista os corações e arrasta as multidões. Que de cada ponto da terra por
toda a parte onde está uma casa onde a Imagem da Virgem é honrada, brote um
grito que todo o mundo saia nas ruas. Que o grito se propague e que as ruas se
animem. Que as aclamações crescentes ecoem como o ribombar do trovão: que o
rio humano transborde e transforme-se em maré.