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SÃO 

VICENTE FERRER,
O SENHOR DOS MILAGRES.

O Dedo de Deus está aqui1

Taumaturgo por vocação. Antes de São Vicente Ferrer nascer, 2 ele operou um
milagre, prenúncio dos milhares que em sua vida faria.

Indo Constança (mãe de São Vicente) um dia, visitar uma pobre cega a quem
socorria, pediu-lhe que rezasse por ela, para que tivesse um parto feliz. A pobre
cega se inclinou sobre o seio de Constança e disse:

– Deus vos ajude!

No mesmo instante recuperou a vista do corpo e iluminou-se-lhe a alma


conjuntamente, e dizendo, cheia de espírito profético:

– Senhora, esse menino é um Anjo. Por sua causa me curei da minha cegueira e
afirmo que, ele fará coisas nunca vistas.

Tais foram os prenúncios de santidade desse homem extraordinário cujos


milagres deixaram atônita aquela geração.

Sobre alguns milagres operados pelo Santo. Passava São Vicente Ferrer3 por
uma rua estreita de Valência, quando ouviu uma voz gritando pragas, blasfêmias
e horrores de toda sorte. Entrou no prédio de onde a voz saíra e encontrou,
correndo para a rua, o dono da casa, a berrar imprecações. Lá dentro a mulher
chorava, lamentando-se e dizia, também, coisas terríveis, desejando a morte ao
marido e ameaçando-se suicidar-se, porque o Inferno seria pouco em comparação
com as pancadas e maus-tratos que recebia.

Depois de tentar consolá-la com suas boas palavras, o Santo perguntou, por que
razão lhe tinha o marido tal ódio, e ela respondeu, soluçando, que era por ser
muito feia e desengonçada.

Suspirando São Vicente dizendo: E por causa dessas coisas é que ele ofende
tanto a Deus! Depois, tocando no rosto da pobre criatura disse-lhe: Pois bem,
minha filha, de agora em diante não serás mais feia. Mas, lembra-te de que deves
servir a Deus e viver santamente.

No mesmo instante adquiriram tanta vida e expressão as feições da mulher, que


passou a ser considerada a mais formosa da cidade, e o marido se prendeu a ela
para o resto da vida.

1 Êx. 8, 19; 31, 18; Salm. 8, 3; Luc. 11, 20.


2 “São Vicente Ferrer – Santo Prodigioso”, Cap. V, p. 18. Prefácio de Zora Seljam. Sel Editora, Rio de Janeiro, 1981.
3 “São Vicente Ferrer – Santo Prodigioso”, ob. cit., Cap. V, p. 48.
3. O dom dos milagres continuava a distingui-lo, 4 e estes tornaram-se tantos,
mercê do favor de Deus e da caridade em que se abrasava, que o superior do
Convento começou a irritar-se com a quantidade de gente que batia à porta e
perturbava a vida da Comunidade.

Acabou por proibir Frei Vicente de fazer milagres. Ele, então, por obediência,
abstinha-se de olhar para as misérias que lhe apresentavam e negava-se a
comparecer na portaria.

Mas, em cada ocasião, houve obras na torre da igreja e aconteceu que, indo São
Vicente a passar, despencou-se lá das alturas um pedreiro, grande admirador do
Santo, e enquanto caia, gritou por ele, suplicando-lhe que não o deixasse se
despedaçar no chão.

Acorrentado pela obediência, mas movido de compaixão, São Vicente gritou:

– Detem-te no ar, porque eu vou pedir licença ao Superior.

E correu para o Convento.

– Meu Padre, disse-lhe o Santo, eu vos peço licença para que me deixeis pedir a
Deus mais um milagre. Porque caiu da torre o pedreiro, e pediu-me que o
salvasse. Eu, porém, como não tinha a vossa permissão, ordenei-lhe que se
detivesse no ar, e vim correndo, pedi-la a vós.

– No ar, exclamou o Superior atônito e vencido.

– E me pedes licença para fazer milagres! O milagre maior está feito. Vai, filho, e
faze o que te ordena a caridade!

Salvou-se o homem e São Vicente Ferrer pode retornar daí em diante a sua
gloriosa carreira de taumaturgo.

Perguntaram a São Vicente Ferrer 5 alguns anos antes de sua morte: “Mestre
Vicente, quantos milagres fizestes em vossa vida?” Respondeu ele: “Quase três
mil”.

Para canonizar alguém, requer a Igreja apenas três milagres. 6 No Processo de


Canonização de São Vicente, os peritos pararam cansados no 873º milagre; e
todos sabem a seriedade da Cúria Romana sobre este assunto.

Sobre os sinais da época do Anticristo. "Vendrá un tiempo que ninguno lo


habrá visto hasta entonces... Se producirá un estruendo tan grande, de modo que
ni fue ni se espera otro mayor, sino el que se experimente en el juicio.

Llorará la Iglesia... Ahora está lejos; pero llegará sin falta y muy cerca de aquel
tiempo en que dos empezarán a hacerse reyes: pero sus días no se alargarán

4 “São Vicente Ferrer – Santo Prodigioso”, ob. cit., Cap. V, pp. 29-30.
5 A. Auffray, S.D.B., “Do, Bosco”, Cap. X – O Taumaturgo, p. 248. 2ª Edição, Livraria Editora Salesiana, São Paulo,
1955.
6 “São Vicente Ferrer – Santo Prodigioso”, ob. cit., Cap. V, p. 122.
mucho. Veréis una señal y no la conoceréis; pero advertir que en aquel tiempo
las mujeres vestirán como hombres y se portarán según sus gustos
licenciosamente y los hombres vestirán de mujeres"

Esta profecía está sacada de un sermón que predicó San Vicente Ferrer en
Barcelona el 13 de septiembre de 1403, bajo el lema Timete Deum. Así lo afirma
el autor de un libro titulado "Profecías" impreso en Lérida en 1871 y el de un
folleto impreso en 1879 en Barcelona por Antonio Bosch. Y si esto ha de suceder
para cuando las mujeres den en la manía de vestir como hombres y los hom bres
se afeminen hasta parecer como mujeres, no indicará ya esto que se aproxima la
hora de los acontecimientos profetizados?7

Sobre a Pureza interior e o Zelo nos Paramentos Litúrgicos. Se este exemplo,


entretanto, vos parece por demais extraordinário, imitai então a conduta do
glorioso São Vicente Ferrer. Diariamente ele celebrava a Santa Missa, antes de
pregar a um inumerável auditório.

Ora, duas coisas ele levava ao santo altar: uma soberana pureza de alma e uma
extremada compostura exterior. Para conseguir a primeira, confessava-se cada
manhã; e eis o que eu quisera de vós, ó Sacerdotes, que buscais a maior honra de
Deus, ao celebrar os Santos Mistérios.

É espantoso que alguns empreguem meia hora lendo livrinhos em preparação ao


Santo Sacrifício, enquanto que um curto exame e um ato de viva contrição sobre
qualquer pecado da vida passada, se não houver outra matéria, bastar-lhe-ia
para adquirir grande pureza de coração. Esta é a preparação mais perfeita que
poderíeis fazer para a Santa Missa: confessar-vos, o mais que puderdes, todas as
manhãs.

Bani todo escrúpulo e não desprezeis o conselho que vos dou. Oh! Que messe
abundante de méritos amontoareis então! Como me agradeceríeis ao encontrar-
nos na Bem-aventurança eterna!

Para alcançar a segunda, o Santo queria que o altar fosse ornamentado com
magnificência; exigia extremo asseio nos paramentos e vasos sagrados. Confesso
que a pobreza de muitas igrejas escusa-as de possuir paramentos ricos, bordados
a ouro e seda; quem pode, porém, dispensar o asseio e a decência convenientes?
Zelo tão ardente pelos Santos Mistérios animava o seráfico São Francisco, que,
apesar de seu amor à santa pobreza, queria os altares mantidos em perfeita
limpeza, e mais ainda os sagrados paramentos que diretamente servem ao Divino
Sacramento. Ele mesmo punha-se muitas vezes a varrer as igrejas.

São Carlos, em suas ordenações, mostra-se tão exigente em coisas que podem
parecer mesquinhas minúcias, que, na verdade é de admirar.

Para terminar, a Augusta Mãe de Jesus, nosso Deus, quis pessoalmente fazer-nos
compreender esta necessidade, quando em uma aparição a Santa Brígida,
disse: Missa dicinon debet nisi in ornamentis mundis. “Não se deve celebrar a

7 Dr. D. Benjamín Martín Sánchez, Professor de Sagrada Escritura, “Los últimos tiempos” – Profecias públicas y
privadas, pp. 52-54, 2ª edição, Ediciones Monte Casino, Zamora, 1971.
Santa Missa senão com paramentos convenientes, que inspirem devoção por seu
asseio e decência”.8

Falando do Pequeno Números dos que se Salvam. “A seguinte narrativa de São


Vicente Ferrer vai esclarecer o que você pode pensar sobre isso. Ele relata que um
arquidiácono de Lyon desistiu de seu cargo e se retirou para um lugar deserto
para fazer penitência, e que morreu no mesmo dia e hora que São Bernardo. Após
sua morte, ele apareceu ao seu bispo e disse-lhe: "Sabe, Monsenhor, que na
mesma hora em que eu morri, 33.000 pessoas também morreram. Desse total,
Bernard e eu fomos para o céu sem demora, três foram para o purgatório, e todos
os outros caíram no Inferno."9

Sobre o Dom das Línguas. São Vicente Ferrer “embora falasse corretamente 7 ou
8 línguas, ao pregar, servia-se unicamente do seu dialeto valenciano e dirigia-se
nele à gente de todas as nações, e que todas as nações o compreendiam, tanto
pela expressão do rosto, gesto e entono, como mesmo, pelo próprio entendimento,
que a santidade do pregador tinha o condão de abrir. Assim o atestam, entre
outras pessoas, vários senhores da Bretanha, como João Hodierne”.10

"Não pode duvidar-se que Deus lhe concedeu o Dom das Línguas. O prodigioso
número de judeus, mouros, sarracenos, turcos e escravos, que arrebatou da
infidelidade, sem falar nos milhares de hereges, cismáticos e pecadores
obstinados, que converteu na Espanha, França, Itália, Alemanha, Países-Baixos e
Inglaterra, prova concludentemente que sem milagre não era possível fazer-se
entender de povos tão diferentes".11

Sobre a Vaidade na Vida Espiritual. Na vida de São Vicente Ferrer conta-se que
em Toulouse se haviam organizado, para afastar graves flagelos, Procissões de
Penitência e Cerimônias de Desagravo. Dessas Procissões vieram os penitentes a
aproveitar-se para se mostrarem nas suas paradas com trajes apropriados,
chegando em certa sociedade a introduzir-se o costume de se procurarem
disciplinas com cabos de prata, a fim de se distinguirem pelos instrumentos de
Penitência, os ricos dos pobres. Até onde se vai aninhar a vaidade!

A que escravidão não se vota quem se abandona a este espírito de vaidade! 'É
costume assim. Então? O que se há de fazer?' Se é estúpido ou discordante,
pouco importa. O que importa é o Mundo. Não vale a pena discutir. 12

Sobre o Carnaval. “O carnaval é um tempo infelicíssimo, no qual os cristãos


cometem pecados sobre pecados, e correm à rédea solta para a perdição”. (São
Vicente)

8 São Leonardo de Porto-Maurício, O.F.M., “Tesouro Oculto – ou, As Excelências da Santa Missa”, conforme a
edição romana de 1737, dedicada a S. S. o Papa Clemente XII.
9 Este Sermão de São Leonardo de Porto-Maurício, foi pregado durante o reinado do Papa Bento XIV, que tanto
amou o grande Missionário. Sermão disponível em: http://www.olrl.org/snt_docs/fewness.shtml
10 “São Vicente Ferrer – Santo Prodigioso”, Sel Editora, Rio de Janeiro, pp. 44-45.
11 Pe. Croiset, S.J., “Ano Cristão”, Vol. IV, pp. 75-80, 5 de Abril, Festa de São Vicente Ferrer; Tradução do Francês
pelo Pe. Matos Soares, Porto, 1923.
12 R. Pe. Raul Plus, S.J., “Cristo no Lar”, Liv. II, c, p. 207.

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