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A

PEROLA DAS VIRTUDES


NOTAS DE LEMBRAN�A
PARA A

JUVENTUDE CHRISTA
PELO.

P. ADOLPHO Df DOSS S. J.
TRADUZIDAS E AUGMENTADAS COM
ORA ÇÕES
POU

FREI EDUARDO HERBERHOLD O. F. M.


2. ED!ÇAO

LOM Al'PRO\'AÇAU EClLf.SIASTICA 'E. oo:-:, :iUPERlORE� f!l.r\ VI<.Uf.M

RATIS�QNA
TVPOGRAPHIA DE FR.&I:f�IJIIIlUT!iiiUSTET.

1906
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Reimprimatur.
�ahi�e, 16. Novembris 1905.
Victorius, Vic. Gen.

Reimprimatur.
Bahire, 15. Novembris 1905.
Fr. Hippolytus Zurek,
Minister Provincialis.

Todos os direitos reservados.

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Bemaventurados os limpos de coração,
porque e)le� verão a Deus.

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TRIBUTO

DE AMOR E GRATIDÃO
OFFERECIDO

AO

SAGRADO CORAÇÃO DE
JESUS

E AO

CORAÇÃO IMMACULADO
DE l\IARIA

RAINHA GLORIOSA DAS VIRGENS

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PROLOGO.

: mr A das mais bellas e preciosas vir-

:' tudes da juventude christã é a santa


pureza. «Bernaventurados os lilp-
pos de coração, porque elles verão a Deus·»,
diz o proprio Filho de Deus. Comtudo
quão poucos conhecem essa «perola das
virtudes», quão poucos a conservam! E to­
davia, sem ella ninguem se salva. «Deveis
saber e entender, diz S. Paulo , que nen­
hum immundo tem herança no reino de
Christo e de Deus.» (Eph. 5, 5.)

Ajudar aos jovens catholicos do Brasil


a conservar ou recuperar a virtude sublime
da santa pureza: eis o fim da traducção
destas «notas de lembrança» de um dos
mais zelosos Apostolos da juventude , o
P. Adolpho de Doss, S. J.
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Para tornar o livro mais util, ajuntei
mais alguns exemplos e um formularia de
orações c dc,·oções, proprias para pedir a
_Deus � mcHma preciosa virtude.

Jesus, Divino Esposo das almas e ama­


dor da castidade , queira abençoar este li­
vrinho por intercessão de sua Mãe Imma­
culada Maria Santíssima!

O traductor.
1.

A Pureza,
l.tt z (] o j o
v e n.

luz do teu corpo , diz o Salvador, é o teu


"A olho. Se o teu olho fór claro , todo o teu
corpo será luminoso». E de racto: alegre e firme
cumpre o nosso corpo a sua tarefa neste mundo;
anda com segurança , e vai ao encontro de seu
fim, emquanto o olho làr são, claro e apto para
receber a luz exterior. • Mas, se o teu olho lór
mau, continúa o Salvador, todo o teu corpo será
tenebroso; • então estará inquieto, amedrontado
a cada movi mento ; ameaçai· o·ào ora feras, ora
lad róes , ora obstaculos , ora abysmos que nào
poderá prever nem evitar.
A luz da tua al m a , ó joven , é a pureza.
Quanto mais tua pureza é perfeita, tanto mais
clara é a tua alm a , tanto mais resplandecente
diante de Deus, tanto mais apta para reflectir a
sua imagem e para receber a luz de toda virtude.
A verdadeira pureza é tambem a luz do teu
corpo; ella communica-lhe um certo esplendor;
reveste·o de dignidade e belleza ; i mprime-lhe
um caracter celestial, indescriptivel , que se sa·
lienta admiravelmente , sobretudo em opposição
ao vicio aviltante e abominavel.
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Nào estranhes , pois , se me empenho por
collocar-te diante dos olhos esta virtude na sua
magni licencia. Que e!la te encante de maneira
que, para adquiril-a, estejas prompto a affrontar
qualquer perigo, e a fazer todo o sacrificio.
Se cs puro , possues tudo; em quanto não
fores puro, tudo te falta, porque te achas privado
dn mais precioso, do mais sublime, do mais es·
sencial.
Se és puro, se conservaste a tua pureza illi­
bada, ou se , em ardentes combates, a readqui­
riste, podes exclamar, como está escripto no li­
vro da Sabedoria: •Todos os bens me vieram
juntamente com ella , e por clla honras innume­
raveis recebi.» (Sap. 7, 1 1.)
Ansgario, quando crcança, tinha o genio inconstante
e facil. Ainda não tinha idéa da seriedade da vida,
quando o mundo , com seus attractivos, armou-lhe as
primeiras ciladas. Então , por uma visão maravilhosa,
fez-lhe o Senhor ver o perigo que se approximava. Pa­
receu-lhe andar numa vereda lodosa , espinhosa , c bal­
seiros embaraçavam-lhe a passagem á direita c á es­
querda. Era-lhe cada vez mais penoso passar adiante.
E quando Ansgario levantou os olhos , viu , não longe
desta vereda , uma outra, clara , plana , sem embaraços,
por onde caminhavam , a passos largos, uma mul!idão
de candidas vi rgens, entre as quaes uma , a mais glo­
riosa, que o convidava a subir ao ceo pela mesma ve­
reda. Ansgario comprchendeu a visão.
Desde então zelava com cuidado a sua innocencia,
sendo mais acautelado , e fugindo de companheiros le·
vianos , e , na perfeição da edade , veiu a ser aquelle
santo Bispo que a Escandinavia venera como seu Apo­
stolo.

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Oh I se conhecesses a preciosidade da pu·
reza, com quanto cuidado velarias por ella, afim
de sua luz nào converter-se em trevas ! Quão
ditoso serás, emquanto o teu coração fôr singelo
e puro! Mas, ai!. . . se elle se cobrir de trevas ! . . .
Meu amorosissimo Jesus , amador da casti·
dade, concedci·me, pela vossa infinita misericor­
dia , a graça inestimavel de conhecer cada vez
mais o immenso valor da innocencia c da pureza
do coraçào.
O' Maria , Virgem purissima, Mãe i m macu­
lada , rogae por mim para que minh'alma seja
pura diante do Senhor.

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2.

A Pureza,
Celebrada na Sagrada Escriptnra.

Sagrada Escriptura e fecunda nos elogios


A da pureza.
Que enthusiasmo dispertam as palavras bem
conhecidas do livro da Sabedoria: •Üh! quão
formosa e a casta geraçúo com claridade! Im­
mortal é a sua memoria, por quanto ella é assim
honrada diante de Deus como dos homens. Em­
quanto e!la está presente , a imitam, c quando
ella se retira , sentem a sua falta , mas ella tri­
umpha , trazendo a corôa por toda eternidade,
porque alcançou o premio dos combates imma­
culados. • (Sap. 4, 1-2.)
Oh! como é incomparavel a l' o rmosura da
innocencia ! Como e!la brilha ao longe! Como
encanta c attrahe até os mundanos! Ainda aquel­
les que mio tem a coragem de seguir a vereda
luminosa da castidade , olham com admiraçào
para o joven casto.
Como elle resplandece na sua pureza, mo­
delo e estimulo para todos!
Que veneração lhe tributam os contempora­
neos e os pósteros e, sobretudo na eternidade,
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que recompensa o espera ! Lá, uma corôa im­
marcescivel o adornará. O premio, a palma da
victoria serão sua partilha, que corresponderá
ao ardente combate que teve de sustentar neste
mundo.
E a Sagrada Escriplura diz m ais : •Aquelle
que ama a pureza do coração tem por amigo o
Rei :• (Prov. 22, 11.)
E que privilegio ter por Amigo e Pae, cheio
de bondade e amor, o Rei altíssimo e omnipo­
tente !
Que bens não hão de manar desta prero­
gativa!
Que approximação, que harmonia, que troca
dos mais íntimos sentimentos na sua mansão
celeste!
Oh! dizei·nos , almas puras, como entendeis
a Deus e como Elle vos entende? Como o vosso
coração por Elle se abraza , e como Elle corre­
sponde ao vosso amor ! ? Contae-nos os vossos
colloquios ; como Elle desce até vós, e vos attrahe
ao seu amorosíssimo Coração, para repousardes
sobre seu peito como João, seu discípulo amado!
O' joven, permanece assim amigo do Rei
celestial e não te será pesada a falta de qual­
quer amizade terrestre.
José, ainda menino, desviava-se com horror do pro·
cedimento devasso de seus irmãos. Por este motivo,
e porque, vendo-os commetter uma acção má, os accu­
sara perante o pae , tornou-se o objecto de seu odio.
Vendido por ellcs, vem a ser escravo de um rico egyp·
cio, em cuja casa sobrevem ao nobre joven uma grave

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provação: sua senhora , a esposa de Putiphar, mulher
impudica, pretendeu scduzil-o, convidando-o a commetlcr
um crime. José, porem, não consentiu, c disse : •Como
poderia eu praticar tamanha maldade, e peccar contra
o meu Deus? !• c fugiu.
Então perseguiu'o a vingança da mulher encoleri­
sada, c, por um testemunho falso, é encerrado na prisão.
José, embora no carcere, gemendo sob a pressão de
uma h ororosa calumnia, mais ainda do que pelo peso
das duras algemas, sentia-se livre, porque era innocente
e puro; e, em recompensa, talvez, de ter conservado a
innocencia em arriscada lucta, as algemas em breve se
converteram em diadema , c o vestido de escravo em
purpura reaL O nome de José verdadeiramente re­
splandece no• fulgor da virtude , glorificado no mais sa­
grado dos livros , e venerado na memoria de todos os
povos.
Santa virtude, magnífica virtude, o teu esplen­
dor deslumbre os meus olhos de tal maneira,
que tudo que é mundano e sensual, me apparcça
como negra noite.
Jesus amabilíssimo, rei das almas puras, fa­
zei que eu ame e guarde fielmente a virtude tão
beiJa c tão preciosa da santa pureza. Meu dul­
císsimo Redemptor, concedci-me a graça de sof­
frer antes todas as pcrscgui•;ôes do que manchar
a minha alma que Vós rcmistes com o vosso
precioso Sangue.
Maria Santíssima, roga e por mim na hora
da provação.

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3.

A Pureza,
Glnrifica{la pelo f\Xfllll})lo dt� JMms
Cllristo.

Jnifestas,
esus , Deus puríssimo , sabedoria increada , a
quem interior exterior das coisas sfto ma·
o c

que penetra tudo, que não pode ser en·


ganado, é só quem perfeitamente eonltece a alta
dignidade da verdadeira pureza da alma e do
corpo. Durante a sua vida mortal, sentia-se Je­
sus, Deus e homem , irresistivelmente attrahido
para os limpos de coraçfto. Sua Mãe foi a Vir­
gem puríssima e immaculada, e seu Pac adoptivo
u vit·ginal Sno José.

Vê, ó joven , como Elle se inclina para as


creanças! No meio de lias se sente , por assim
dizer, transportado ao paraíso, á sua habita<:iio
celeste, junto a seus Anjos.
•Deixae vir a mim as creacinhas, os innocen·
tes, os limpos de coração, porque destes é o reino
dos ceos, • diz Jesus. A elles é que acaricia, im­
püe-lhcs as mãos , c abenç<•a-os. Para proteger
a innocencia, chama tremenda maldiç:lo sobre o

escandaloso e seductor. Elle attrahe a si os jo­


Yens, os instrue com predilecçâo , ensina-lhes a
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� 14 �-
perfeição , favorece-os com os seus mais santos
conselhos. - Em favor de quem operou Jesus
os mais estupendos milagres que a Sagrada Escri­
ptura nos refere? Lembra-te do m ancebo de
Naim , lembra-te do joven Lazaro , e da filhinha
de Jairo.
Que notavel predilecção mostrava Jesus pelo
virginal João I Quanto devia estar perto do puro
Jesus este puro discipulo ! Com que familiari­
dade Jesus o tratava ! A elle encontra-se no
monte Thabor , irradiado pela luz da gloria; a
elle vê-se no cena culo , repousando no peito do
Filho do homem ; a elle em Gethsemani como
testemunha do primeiro combate da Sagrada
Paixão ; a elle o uni co entào tambem debaixo
da cruz , regado pelo sangue de seu Mestre,
muito amado.
E no Calvario que mysterio instructiv'o e im­
portante ! O discipulo virgem recebe a Virgem
Mãe de Deus, e, em virtude de um legado divino,
torna-se seu filh o , se'b protector , em uma pala·
vra, seu tudo em Jogar de Jesus!
Medita nisto, ó joven , e se queres fazer-te
amigo bem querido de Jesus, para isto só uma
coisa é precisa : sê puro. Não são as riquezas,
nem alta linhagem, nem talentos', nem belleza
corporal , nem elogios humanos , nem gloria do
mundo , que te habilitam para seres amigo de
Jesus, só uma coisa se faz precisa, e isto basta :
sê puro.
Mabita, mãe de Edmundo, depois celebre Arcebispo
de Canterbury, era muito piedosa e educava os seus

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filhos na maior piedade e innocencia. Enviando n Ed·
mundo, que então era muito moço, para a universidade
de 'Paris, deu·lhe um cilicio para lembrar-lhe a necessi·
dade da penitencia , e o exhortou a usal·o de vez em
quando, •porquanto, disse ella, naquella grande cidade,
e no meio do jovens tão dissolutos , graves combates
te esperam , e, não obstante , quero que voltes puro,
como puro sahes.• E Edmundo correspondeu áquelle
cuidado materno. Bem o sabia que o puro lirio da in·
nocencia deve ser cercado dos espinhos da mortifica·
ção. Com a idade de 9 annos apenas tinha já consa·
grado ao Senhor, para sempre , a sua virgindade. Em
todas as tentações costumava chamar por Jesus e Ma­
ria, e mais tarde affirmava ter por este meio alcançado
sempre o auxilio necessario. Segundo refere a lenda,
quando uma vez Edmundo separava-se dos seu compa·
nheiros, cujas conversas começavam a declinar para o
mal, veiu·lhe ao encontro um menino admiravel, em cujá
fronte brilhava, em lettras llammejantes , o dulcissimo
Nome de Jesus. •Eu te procuro; disse a visão celeste,
-
porque te afastaste dos mãos. •
E Edmundo, recebendo do amavel Menino as mais
sublimes instrucções , confirmou.se no seu proposito de
conservar puros o coração e os sentidos , afim de não
perder jamais seu Amigo Celestial.
A bemaventu rada Joanna Andreasi contou o seguinte
rasgo de favor divino , que experimentou, sendo ai mia
de tenra edade. •Tendo eu orado a Deus, appareceu·
me um menino mais brilhante que o sol , sobremaneira
benigno e amavel, espargindo um odor celestial. Os
seus olhos , que dirigira para mim com uma expressão
cheia de suave amor, eram summamente ternos. Seus
cabellos tinham a cOr de ouro, na sua cabeça via-se
profundamente gravada uma corôa de espinhos, e sobre
seus hombros pesava enorme cruz. Minh'alma o con·
tem piava com inelfavel suavidad e , c elle , cheio de su-

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blimc dignidade , nte disse : Filha e alnta àntada! Eu
sou o Filho da Virgem Maria , o teu Creador. Amei
sempre os pequeninos , porque nelles não ha mancha.
Gostosamente tomo tambcm por esposas as almas puras,
c as conservo na sua pureza , e se ellas clamam : • O'
bom Jesus !• eu lhes respondo immediatamente: cAlma
querida, que queres ?• Se te julgas só, não temas, que
o meu zelo divino jamais se afastará de ti. Não sabes
que sou todo poderoso , que permaneço comtigo , afa·
stando de ti todo mal? Permanece no meu amor , e
tambcm cu permanecerei comtigo. •

Oxalá a pureza do teu pensar, sentir, fallar


e agir, fizesse tambem a ti, ó joven, amigo par·
ticular de teu Senhor e Mestre divino!
O mundo, é bem verdade, só distingue com
sua amizade os seus adeptos, c só honra os que
gosam de bens exteriores; mas se o amavel, o
bondoso e generosissimo Salvador quer ser teu
Amigo, que mais ambicionas?
O' Jesus , Amigo divino das almas innocen­
tes, dac-me a virtude da santa pureza, para que
cada vez mais eu Vos agrade, e para que o meu
coração seja mais a mais semelhante ao vosso,
puro , limpo e immaculado! O' Maria Virgem
Immaculada, rogae per mim. Amen.

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4.

·A Pureza,
Elogiada pelos Doutores da Egreja.

nexhauriveis sào os santos Padres,' os Escripto­


I res ecclesiasticos e os Doutores da vida espi·
ritual nos louvores da pureza. Quão magnifico
é o louvor de Tertulliano, quando diz: •A pureza
é o centro luminoso de toda a virtude moral, o
decoro dos corpos , o ornamento das gerações.
Ella é o arrimo de toda a santidade; ella prc·
para o terreno de todo o bem espiritual; ella é,
e
cumpre dizel-o, coisa rara nes t m undo. E' raro
achai a em toda a plenitude de sua perfeiçãfi, e
-

sem quebra alguma; cómtudo, não é absoluta


a sua falta.•
Sant' Athanasio diz : • Uma virtude sublime
é a contincncia, m uito louvavel é a virgindade,
magnifica é a pureza. O' continencia, amiga de
!:>eus, e tão honrada pelos Santos ! O' continen·
�ia, problema para os mundanos , e conhecida
tiío sõmente pelos eleitos do Senhor! O' conti ­

nencia , amante dos Prophetas, gloria dos Apo·


stolos l
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b' p'U rcza, de riquezas indescriptiveis ! O' pu­
reza, perola preciosa, occulta para muitos, e en·
tre poucos divulgada !
O' pureza, corôa immarcescivcl ! O' pureza,
templo de Deus e morada do Espirito S anto !
O' pureza, que evitas a morte eterna, aos teus
pés prendes a immortalidade! O ' pureza, vida
dos Anjos, enlevo das Virgens, e ornamento da
humanidade. Feliz quem te desposa com firmeza
e perseverança, porque depois de breve combate
terá por ti grande recompensa. Feliz quem nesta
vida te possue , porquanto sua habitação será a
eterna Jerusalem, onde, entre os Anjos, os Pro·
phetas e Aposto) os, gosará jubiloso o eterno des­
canso no Coração de Deus. •
S. Cypriano diz: •A castidade embelleza o
corpo , purifica os costumes , engrandece as ge­
rações.•
A pureza é o m ais rico adorno: é ella que
nos faz agradaveis ao Senhor, que nos une in·
timamente a Jesus, que vigorisa os nossos sen·
tidos nos combates tenebrosos da m ais violenta
paixão, c nos torna felizes pela paz do coração.
Não desejas tantos bens, ó joven ?
Gregorio Nazianzeno teve um s onh o myslcrioso. Viu
diante de si duas virgens de admiravel belleza, das quacs
uma representava a castidade c a outra a temperança.
El i as acarinhavam-no, como se fosse seu filho c o con·
vi davam a acompanhai-as. •Vem comnosco , disseram,
c te conduziremos ante o throno da Santissima Trin·
'
dade.»
Gregorio seguiu-as , adquirindo por esta visão um
conhecimento tão profundo da theologia que mereceu o

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-+Jil 19 �

snbrenome de theologo , isto é, doutor e sabetlor das


coisas divinas, sobrenome este pelo qual o santo é co·
nhecido e glorificado pela posteridade.
Não é de estranhar, que um coração puro
possa comprehender coisas sublimes, porquanto
IJ vidro , quanto mais limpido, tanto mais refie·
etc a luz.
O' meu amantissimo Jesus, dac-me a perola
tão preciosa da santa pureza. O' Maria, Rainha
gloriosa das Virgens, rogae por mim.

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5.
A Pureza,
Estim av e l em si.

Sagrada Escriptura chama a pureza parti­


A cularmente santidade: cEsta é a vontade de
D eus que vos abstcnhais de toda impureza, que
cada um de vós saiba possuir o seu vaso (isto
é o seu corpo) em santificação e honra , porque
Deus não nos chamou para a immundicia, senão
pata a santificação.• (1. Thcssal. 4, 3-7.)
Quem é puro? Aqucllc que com toda a força
de sua vontade se aparta de tudo o que tem
relação com as propensões baixas e scnsuaes;
aquellc que, em pleno accordo com as santas c
sabias intenções do Crcador , subordina a carne
ao cspirito, que subtrahc, á medida de suas for­
<;as, imaginaçào e mcmoria, o seu pensar, que­
rer c sentir, olhos , ouvidos, bocca c mãos , em
uma palavra , todos os membros de seu corpo
ao serviço das baixas inclinações, c sempre, quan·
to possivel, vive no corpo como se fóra dclle
estivesse.
Serás puro, ó joven, se, apesar de todas as
incitações para o mal, - a pesar de todas as revol­
tas da natureza, apesar da pseuda-soberania do
homem carnal c da parte i nferior da alma, recu·
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sares toda a combinação, toda a connivencia, todo
o \ccordo , todo o consentimento, toda a coope­
ração, e resistires á impetuosidade das paixões,
qual pharol erecto , firme, inabalavel , luminoso,
porque só então verdadeiramente aspiras e te
elevas para o ceo.
Mas isto é superior ás forças do homem,
diráz talvez. Oh não I Se tantos outros o tem
podido, porque ta,mbem não o poderás tu, me­
diante a poderosa assistencia da graça divina ?
Porem se é difficil, se é quasi sobrehumano,
mede entao a sublimidade, a belleza de uma vir­
tude que nos faz approximar d' Aquelle que é
todo •Espirito• - de Deus mesmo , Espirito in­
creado, purissimo e immaculado.
No dia IG de Dezembro em 1866 morre u no Se­
minaria dos· missionarios de S. Carlos , em Marylnnd,
um joven, cuja despretenciosa virtude só então foi pie·
namente reconhecida , quando sua morte prematu 1 a fez·

,entir aos mestres e alumnos do estabelecimento a la­


cuna que uo meio delles se abrira. )mio Costello, n as ­
cido a 4 de Outubro de 184G em Shenectady , c rcce·
bi do no seminario pelo bispo de Albany em Setembro
de 1863, attrahiu desde então a attenção de todos pela
<ua grande piedade, pela sua modestia etmaneir.as an­
�clicas. Costello não era melancolico, antes era dado
:i hilaridade, e gostava de divertir-se nas horas prOilK} a s
para isso. Todos desejavam a sua companhia jovial ; c
cada q ual procurava achar-se perto do «pequen·o San_to •,
como o designavam . Claramente se deduz , da relação
.;.cguinte, quão profunda era a impressão que ddxa\' a
no animo a primeira entrevista com es te innocente j o·
ven. •Nas ferias •de 1864 encontrei nas ruas de Albany
um amigo qu e , depois das saudaçOes do costume, m e

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disse: •Francisco, vi hoje S. Luiz.• Esti1·estes então
no ceo? perguntei-lhe eu. •Isso não, respnndeu·me elle,
mas um ser celeste appareceu na terra ,• e contou-me
a vida angelica de Costello ,e onde tivera occasiào de
apprecial·o. Costello achava-se então em casa de um
�eu amigo, e, tendo·me este convidado, havia já algum
tempo, fui visital·o, e por elle fui apresentado ao seu
joven hospede. Fiquei surnmamente impressionado e
commovido pela sua amavel apparencia.
Que s an to ! Cheio de admiravel alegria c paz ce·
le ste era o seu semblante! Oxalá, ó meu Deus, que
volle em breve aquelle ditoso dia; que tornem os felizes
momentos que passei em companhia dessa alma inno·
cente!
Depois encontrei·o ainda em diversas occasiüe�:, e
consegui por fim que se demorasse alguns dias em minha
casa. Conheço muitos sacerdotes, e bem assim religio·
sos de differentes Ordens, devo porem confessar que
em nenhum encontrei ainda sentimentos tão puros, tão
acima do que é terreno como neste santo joven.

N ão vês como a luz da virtude espalha-se


por toda parte ; como a claridade brilha atravéz
o corpo , enviando os seus resplendo1·es para o
mundo exterior? E quem não amará esta luz!?
Oh! sê tambem tu um tal luzeiro, e communica-o
aos outros.

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6.

A Pureza,
Sublime em suas relações com os Anjos.

hamamos muitas vezes a pureza a virtude


C dos Anjos. Este modo de falar carece, se
bem considerarmos, de exactidão. Os Anjos são
puros, é verdade, porem não por virtude, e sim
pela sua natureza toda espiritual. A's tentaçõ«i:S
da carne só podem ser sujeitos os seres que ria
carne mortal tem uma vida mortal. Os Anjos,
sendo somente espiritos, por isso mesmo só po·
dem ser puros. Não os incita a belleza corpo·

ral, nem musica que deleita, nem o encanto ter­


restre• diz S. Chrysostomo; elles não têm senti·
dos exteriores, são sobrenaturaes. Ditosa pureza
que nunca pode ser perdida , porque falta o ob­
jecto do peccado, bem como o fundamento delle I
Avalia , pois , a sublimidade da pureza hu­
mana. •Por nenhuma outra virtude os homens
t•)rnam-se tão semelhantes aos Anjos como pela
santa pureza• diz Cassiano. Revestido do pó da
terra, dotado de sentidos que, accessiveis a qual·
quer impressão , largamente se abrem a tudo
quanto é creado , o coração 1 sendo um fóco de
más inclinaçõ�s , é com tudo puro ; é virtude su-
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perior á dos Anjos que não soffrem o combate
da carne, nem a revolta dos sentidos.
Não admira, pois, que homens angelicos tam­
bem gosem privilegias angelicos. Elles compre­
hendem mais facilmente as coisas divinas , são
mais accessiveis ás coisas celestes , seu olhar é
mais claro, m ais depurado a sua aspiração, me­
nos penosa a sua oração.
Os espiritos celestes, que os consideram seus
semelhantes e quasi eguaes em nobreza, parece
que se approximam d e l l e s com predilecçào, pro­
tegem-nos m ais efficazmente , e alcançam-lhes
pela sua intercessão graças mais abundantes.
Ruperto, filho do duque Reobolau, um menino for­
moso e innocente , temendo os perigos que na côrte
-ameaçavam a sua pureza, tomou a resolução, como ontr'­
ora Santo Aleixo , de fugir e de viver como peregrino
desconhecido, em qualquer Jogar santo. O amor, porem,
que tinha á sua querida mãe Bertha, que com angustias
indiziveis o procurava, o fez voltar em breve á casa
paterna; e se dedicou até a morte ás obras de miseri­
cm·dia. Esta occupacão, no exercicio da caridade chri­
stã, concorreu muito- para paralysar aql)elles perigos que
elle tanto temia , e lhe assegurou um novo e sublime
galardão no ceo. A legenda conta o seguinte : Ruperto,
o santo e benefico menino, adormecera uma vez á mar­
gem do Rheno , ao pé de uma collina. O Rhcno lhe
parecia reluzir de brilhantes joias. Eis que do rio emer­
giu um prado maravilhoso, de admiravel formosura, co­
berto das mais lindas tlorcs , c rico em fructos saboro­
sissimos, um verdadeiro parai�o. Nesta maravilhosa ilha
estava um ancião , cercado de grande numero de meni­
nos, chamando-os a si, vestindo-os de vestiduras brancas
e esplendidas, mandando que se regosij �sscm, e gosas-

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s-� dos fructos. Ruperto disse ao ancião: •Quereria
estar tambem comvosco no paraiso, com esses innocen­
�� e queridos meninos. • E o ancião respondeu-lhe:
•lleu filho, tambem tu has de vir aqui, e em breve,
pois as tuas obras te fizeram a ponte para o paraíso
desta ilha.• Ruperto levantou os olhos, e em cima � o
paraíso viu formar-se um magnífico arco-íris, e sobrfl o
e-splendido arco appareceu o Menino Jesus, brincando
com um branco cordcirinho. Dois Anjos se chegaram
� Ell e e o vestiram com as vestes que Ruperto um din
-tes dera a um menino pobre. •Foi Rupcrto quem me
deu estas vestes, disse Jesus aos Anjos, por isso quero
recebei-o em breve no ceo, e vestil-o eom as vestes
brancas da gloria. •
Ó' joven, torna-te e permanece Anjo. Pere­
grinar co o:� o Anjo nesta terra coberta de pó, �
não ser m ãnchado de sua immundicie, como
Anjo cá neste mundo brincar como já estando
nas portas do para iso , e conversar com o Rei
dos Anjos- Oh! quanto isto é magnifico, quanto
é desejavell

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7.

A Pureza,
Gloriosa })elos combates IJtHl a con�iwYam
ou a recuperam.

alvez haja bem poucos homens que, princi·


T palmente na juventude, conservem· a sua pn·
reza sern combates graves, longos e até ininter­
rompidos. E' isto propri" da natureza humana,
nas condições da juventude, nas relaçfHéS com o
mundo exterior.

• E•s pó,• és terra, és carne! Tudo em ti vi­


ceja, e nunca com mais vehemencia do que na

juventude. Nisto a juventude é semelhante á pri­


mavera, porque mormente nesta estac;ào da vida
os ventos sopram mais fortes , a terra é mais
quente, as sementes vicejam mais promptamente,
e o futuro quasi sempre é mais risonho. Para
o menino , para o joven - tudo então é novo;
nova é a vida, novo o mundo, novas as impres­
sues, novos os prazeres que se offerecem. Muitos
silo os perigos que o cercam; ora é a escola,
onde os seüs mestres , us seus cundiscipulos, as

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disciplinas que são o objecto do seu estudo , a
propria litteratura impregnada de máos princí­
pios lhe pervertem a alma; ora é o escriptorio,
a officina, onde a convivencia com pessoas más
lhe corrompem o coração; ora é o mundo com
as suas m axi m as, seus exemplos, suas diver­
sões, suas seducções, e finalmente Satanaz a lhe
armar ciladas ,que lhe crestam as flores desta
\'Írtude admiravel.
Considerando todas estas coisas São Chry­
sostomo exclam ou : •Conheço a difficuldaclc disto,
CL)nheço a ve h emenc ia destes combates, conheço
a i mportancia dessa guerra! Faz-se preciso um
espírito corajoso e forte, u m espírito que aboJ-­
reça o qne é vil. Trata-se de passar por cirna
de carv<)es em braza sem se queimar, passar
por entre espadas sem se vulnerar; porquanto
a força da sensualidade não é menor que a do
fogo e do ferro. Não estando , pois, a alma de
tal maneira p remnn ida, que saiba tudo soft'rer,
até mesmo tormentos, em breve perecerá. Por
isso necessitamos de um s entid o de ferro, de um
ulho sempre vigilante, de grande pers i st e n r ia, de
tnrtes muros, fechados a ferrolhos , de guardas
sempre acordados e robustos, mas sobretudo de
s e nt im en to s celestes. Pois <Se o Senhor não
guardar a cidade, em vão se desvelará o que a
guarda." (Ps. 126.)

Tira conclusão sobre o valor da purezacon­


quistada com tão ardentes pelejas e com o preço
de tamanhos esforços.

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Haja embora alguns felizes a quem a na­
tureza poupe graves combates, ou que , viven­
do em condições favoraveis, e sendo vigiados
com particular cuidado, s e conservem sem grande
perigo; esse numero , com certeza, é bem l i m i­
tado, e sem combate não ha quem entre na eda­
de madura.
Gloria, pois, aos fortes que m uito combatem,
nlcanc;anclo victoria, - o Senhur divinamente os
recom pensa, e prepara-lhes uma corôa de trium­
pho particular.
Um pobr e joven, tendo cahido funestamente em
grave falta , começou a ent regar-se á desesperação.
«Nunca mais poderei dominar este mão habito , dizia
elle; quantas vezes já prometti emenda de vma a Deus
c ao meu confessor , e s empre tornei a cahir.)' E á
cobardia uniu-se a pusillnnimidade; deixou de fazer
oraçôcs, omittiu a confissão; o menino, digno de lasti­
ma, parecia uma barquinha, que, á discri ção das ondas,
Iluctua por agua abaixo. Com semelhantes pensamen·
tos, e outros peiores, que já tendiam ao suicídio, ador­
meceu uma noite. Viu em sonhos, de repente, diante
de si u m Anjo que, indicando-lhe um gigante, bradou·
lhe: c.Levanta-te, e peleja com clle." O j ovcn, assus­
tado e tímido, respon deu: '<Como é possí vel, sendo ellc
um gigant e e eu tão pequeno? Elle me esmagará.''
Mas o Anjo replicou: <<Tem animo, entra em combate,
cu te ajudarei." E o joven, auxiliado pelo Anjo, pele·
jon com o gigante que c ahiu logo, e elle o matou com
a assistencia do mesmo Anjo. Coberto de suor, acorda
c rellectc sobre o sonho. «Não será isto um a viso do
eco"! Estou eu porventura só no combate? disse o jo­
,.
vcn. O eco acaso não me assistirá, se eu pedir-lhe se·
riame nte auxilio, e en tra r com coragem c confiança no

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->ftl 29 &-

combate?» Desde então regenerou-se, e em pouco tempo


a victoria era compléta e permanente. Quanto seu co­
ração se sentia feliz depois de tantas amarguras da vida
peccamlnosa, c quantas graças rendia a Deus, que assim
o inslruira, e pela instrucção o sal vara!

Tambem tu, ó joven, nunca deves desanimar


no combate. De ninguem Deus exige m ais do
que pode prestar, pois Elle é justo e benigno.
Cumpre somente o teu deve r , c não te faltará
a graça divina !

•••

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H.

A Pureza,
Um vaso Jlrecioso, mas quebradi ç o.

pureza é n a verdade um vaso magnillcn.


A Preciosa é a materia , pois que é a mais
rara, principalmente nos jovens, nos quaes o a r­
dor da edade entra em campo na lucta contra
a raz<\n c a consciencia, contra os ensinan1entns
da religião, e os conselhos de henevolos amigos.
Preciosa é a forma , porque pela pureza o
jovcn recebe, por assim dizer, um engaste sobre.
natural.
Precioso é o adorno, porquanto todas as ou­
tras virtudes germinam á porfia na alma de quem
é puro. Precioso é o conteúdo , pois o puro é
um verdadeiro vaso de elei<;<ío, um vaso primo­
roso da graça divina. Porem quanto mais pre­
cioso é o vaso, tanto mais quebradiço.
Aqui sobretudo vale a palavra do Apostolo:
,:Trazemos este thesouro em vasos terrestres.,,
Quebradiço é o vaso, pois a Egreja nos ensina,
que a respeito do peccado contrario á san t a pu­
reza tudo em que ha pleno consentimento, é gra­
vemente peccaminoso ; é quebradiço, porque não
ha nada, para o que a nossa natureza corrupta

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se incline com tanta v c hem cncia como pa ra os
prazeres sensuaes. E alem disto a lub rica cstra·
da da vida , o impetuoso em bate do m undo, as
m ás companhias daqucllcs que, nâo se i mpor ­

tando com a bcllcza do vaso e da preciosidade


do balsamo celeste nclle contido, arrastam o jo·
Yen c o colhem nas suas malhas.

Oh! quão grande é aquell c que, não obstante


tantos e m bustes, conserva o seu vaso magnifico
duran te a vida, c que recompensa adquire, se o
restitue incolumc ao eterno Crcador das nossas
almas, ao Deus infinitamente s anto !
Cuidado , pois , ó jovcn , maximo cuidado !
Vê bem o terreno que pizas , guarda es se the·
souro no teu coraçào , evita a grande m ultidã,o,
foge com presteza e prudencia daquelles cujas
más intenções facilmente adivinhares, c cuja dis­
solução deves temer. Teu santo Anjo esteja ao
teu lado em toda necessidade, auxil iando-te c
protegendo-te.
O angelica Sáo Luiz de Gonzaga sabia muito bem,
que este thcsouro se traz em vaso qucbradit,'O; d'ahi a
sua vigilancia as sídua , o seu fervor na oraçáo, o seu
rigor na pcnilencia, c co m estas vir tudes cercava a sua
innocencia como em uma valia.
Muitas vezes vigiava metade da noite com os joe­
lhos no chão, on perdendo as prostrado em terra.
forças,
Ao seu mestre que o reprehcndeu, acalmon, di ze ndo - lhe
com todo re spe ito e brandura angelica: ·<Não saheis, que
devo occupar-me com as coisas que são de meu Pae
celeste?>>
A' oração e á frequente recepção dos santos Sa­
cramentos ajuntava penitencias corporaes tão rigorosas,

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que é de admirar como seu corpo tão tenro e delicado
pudesse supporlar tão duros jeju n s , tão dilatadas vigi·
lias , tão frequentes e sangrentas llagellacões. E' sabido,
que só depois de pelejar Ires annos com instantes sup·
plicas , o príncipe de Cas tigli o ne concedeu l ice nça de
entrar na Ordem da Companhia d e Jesus ao seu amado
primogcnito Luiz, que o devia succeder no governo do
marquezado , e a quem todos os subditos tanto estima·
vam, c foi o accidcnte seguinte que fizera resolver-se o
ambicioso pae. Luiz, para commover o ceo a que escu·
lasse os seus rogos , açoitou�se com toda ve h e me n cia.
Alguns criados o observaram pelas frestas das portas,
e, presenciando tão grande espectaculo de pcnitencia e
martyrio , foram avisar o príncipe. Esle acudiu assus·
tado , e, prolimdamente com movido , exclamou: <Basta,
meu filho, poupa a tua vida ! Segue em nome de Deus
a tua vocação, e vae em paz !»
O' joven, estará ainda incolume o teu vaso,
ou j az cahido no chão despedaçado?
O h ! sê mais cuidadoso para o futuro. A t·
tende á tua propria felicidade, e defende-te dos
seductores.

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9.

A Pureza,
Um a a ç uc e n a.

ostamos de comparar a pureza com uma


G açucena. Nisto ha profunda verdade. Tres
coisas distinguem esta amavel flõr : sua f�a
esbelta, tendida , sua candida alvura , seu àeli·
cioso perfume.
Assim está tambem o joven puro, mais perto
do ceo do que da terra , erecto , intacto da im­
mundicia deste mundo , e é um estimulo e en­
canto para todos os que delle se approximam!
Entretanto o pobre escravo da paixão asse­
melha-se á vil enrediça que, arrastada pelo chão
é pisada por todos. B aixo é o seu pensar e
sentir ; no que é vil, procura o seu contentamen·
to ; a sua aspiração é o passageiro goso munda­
no ; ao ceu renuncia , porquanto só sobem ao
<monte do Senhor os que têm as mãos innocen·
tes e o coração puro.» (Ps. 23.)
Alva c a açucena; ella levanta-se magnífica
em modesto ornamento. Com gosto se contem·
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pia esta flor sem m acu\a , que se abre para o
ceo a colher o orvalho celeste e offerccer em
troca aroma do paraiso.
Empallidecido, sem côr, denegrido torna·sc
o impuro, uma abominação ao eco, e é lastimado,
desprezado e evitado por todos. De nada lhe
serve um vestido precioso, nem unguentos chei­
rosos, nem arrebique enganoso, nem fino adorno.
Quem n ão é limpo de coração, não é formoso
diante de Deus j o que não é puro 1 não é helio,
não ha bellcza sem pureza.
Que agradavel cheiro espalha a açucena!
Todos nelle se deleitam. A pureza é fragrante
como i ncenso diante de Deus c dos homens. O
Esposo celeste gosta de se demorar entre as açu·
cenas , como nos diz a Sagrada Escriptura , c
mesmo os homens , por m undanos que sejam,
sentem-se admiravelmente attrahidos pela inno·
cencia. Tem havido Santos , e principalmente
conta-se de S. Philippe Nery , que , pelo cheiro
m ao ou agradavel distinguiam os jovens puros
ou i mpuros. É esta a uncçào particular desta
virtude que nos lembra o paraiso ; é clla a flor
germinada no ceo, e pela qual os Anjos invej am
a terra.
Contemplando , ó joven , a formosa açucena
como symbolo da purez a , collocada na m ão de
S. José, de S. Lui z , e aos pés de Maria , a Vir­
gem purissima a adornar os seus santos altares,
pensa, então, na bella virtude da purez a , e sin­
ceramente di:lc no intimo {ia tua alma: Quero

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ser uma açucena, para alegria do ceo, para ad­
orno da terra, para a minha gloria!
Algun s pi e doso s menin os, voltando d e uma rom a­
ri a ,par aram j unto á uma p raia. Entre· ellcs ac h ava -se
Paulo, mais tarde chamado S. Leonardo de Porto Mau­
riCIO. Nada receiando, c h egaram alegres os innoccntes
meninos perto d e uma can ô a anc orada , em que havia
um homem. Para este foi bastante ver os meninos, c
já Satanaz o incitavacontra a in no cen cia delles . Sal to u,
pois, da canôa e ap proximou· se delles. Mas estes, pela
graça divin a, conheceram logo as más intenções do ho­
mem. E , como pombas ao encontro do gavtao, ame­
dront ados , gritaram e correram para a ci dade , o nd e
chegaram esbaforidos. O homem furioso os perseguiu,
ameaçou-os, atirou-lhes pedras, os mandou parar, mas
os santos meninos continuaram a correr para longe , · e
chegando a uma egrejinha na entrada da cidade, se pro­
staram dian te de uma imagem de Maria Santissima, de­
ram g ra ça s á puri ssima das Vi rge ns pela sua salvação,
escolheram-na de novo para protectora da mai s beiJa
de todas as virtudes , c prometteram-lhe eterna fidelida­
de. Com quanto reconhecimento e ternura olhám Maria
Santissima para este numero de pequenos heroes!

Santa Perpetua , uma das martyres mais gloriosas


da santa Egreja, foi condemnada a ser la nça da ás feras
·io circ o. Uma vacca feroz e selvagem, tomando-a nas
?ontas, a ati1·ou ao ar e a deixou cahir de costas. 1\.
'>cmaventurada, vendo que a queda lhe tinha rasga do o
\·estido, reuniu os pedaços c os es tendeu, como um vêo,
-obre o corpo ferido, sotfrendo muito mais no p udor que
""m os tormentos; assim conservou-se prompta para um
no,·o ataque, consummando emfim o gl or ioso martyrio
pela espa da . Ve, como ainda nos momentos do crm�l
!!lartyriq lçmbrou-se de Vl'l ar pela virtude.

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Dissoluto, ó jovcn, é o mundo que te perse­
gue por toda a parte com brados alliciadorcs.
Dissolutas c violentas são as paixócs que te i m ­
pellem para aqui e acolá. Tambem encontrarás
homens dissolutos que , não se importando da
tua salvação, te querem induzir a resvalar com
clles no abysmo do vicio.
Foge , corre para Mari a , a Virgem Puríssi­
m a , ó joven , nas suas mãos põe a tua açucena
- lá estará bem guardada.

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10.

A Pureza,
U m a p e r o 1 a.

pureza, é uma verdadeira perola , uma joia


A preciosa, deleitavel em si mesm a.
O valor da pureza consiste principalmente
em domar a mais difficil de todas as inclinações,
e em transformar a nossa alma e o nosso corpo
numa morada digna de Deus. Ella faz do nosso
coração um santuario m agnífico, fech ado ao que
é mundano; c de facto , a alma pura se rf!cusa,
quanto possível , ás attracçücs do m undo sedu­
ctOI·, e despreza as suas vaidades; é rigorosa
comsigo mesma, e vigia os seus sentidos.
A alma impura rasteja sobre o lodaçal elo
vicio, sempre insaciavel em seus brutaes appe­
tites, vai ao encontro da vi lania, da perversida­
de , nivela-se com os irracionaes , e como ellcs
não pode erguer a fronte. Porem aquelle que
é puro, mais e mais fortifica-se com o auxilio du
temor de Deus , se robustece no espírito da ab­
negação de si mesmo, e torna-se exclusivamente
accessivel aos raios da luz celeste, verdadeira
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perola desconhecida dos homens, mas de grande
valor perante Deus , verdadeiro conhecedor de
toda a preciosidade.
A pureza, perola de todas as perolas, é m ui
rara neste m undo. Onde estão os nossos Josés
du Egypto ? Onde os nossos Aloysios ? Onde
os nossos Casimiras? Mas sim ! Ha ainda jo­
vens virtuosos , puros ; porem quão incompara·
velmente maior é o numero dos filhos prodigos,
dos perversos, dos devassos !
«Desolada é a terra pelos que a habitam,
diz a Sagrada Escriptura, por isto a maldição
devora o paiz, e penam os seus habitantes; cora­
se de pejo a lua, e envergonha-se o sol.>,
A pureza é a perola de todas as perolas,
porquanto somente por ella as outras virtudes
alcançam valor e brilho ; é ainda ella que , se­
mel hante á pedra preciosíssim a , cortada .e des­
lisada, é idonea a servir a todas as outras vir­
tudes como centro e fóco de luz.
É esta , ó joven , aquella perola preciosa da
qual se diz no Evangelho que, quem a descobre,
vai, vende tudo o que possue, e a compra. Para
conservares a pureza, ou para adquiril- a , dá e
sacrifica tudo.
Nenhum sacrificio te pareça grande; nenhum
esforço pesado , se chegares com isto a obter
aquella perola unica, que realçará um dia como
joia celeste na tua corôa de gloria eterna.
E' celebre nn historia ecclesiasticn o santo man·
cebo Nicetas, martyr da innocencia e da fé. Não po·

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dendo o tyranno, sectario do arianismo, depois de gran·
des esforços abalar a sua fé toma a resolilcão diabo·
1 1

lica de o vencer pelo assalto á sua pureza. Prende-o,


não com grilhões de ferro mas com 'fitas de sê da , e
1

envia-lhe uma meretriz, que, com todo genero de sedu­


cções, tenta roubar-lhe a innocencia. O santo mancebo,
não podendo defender-se por estar atado , corta com
1

os dentes a lingua, e, numa torrente de sangue, cospe·a


no rosto daquella emissaria do inferno , que foge espa·
Yorida. Nicetas, duplamente victorioso, vai triumphante
ao banquete celestial, cingindo a corôa da innocencia e
do martyrio. Elle sabia o que vale a perola da pureza.
Em Finten (povoação proxima da cidade de Mo­
gunça na Allemanha) edificou-se ha pouco uma beiJa
egreja ; o adorno da abobada é um retabulo de mão de
mestre que representa São José , Esposo castíssimo de
Maria, e a seus pés uma casta donzella em traje de
camponeza. São José, com uma espressão de celesti a l
benevolencia, recommenda-a á Virgem puríssima, e esta
,-olve os olhos de seu Divino Filho, Esposo das almas
puras, para a virgem que está orando. Esta virgem é
Ignez , antes ornamento, e agora modelo das jovens
d'aquella povoação. lgnez era uma simples donzella,
filha do campo , porem distincta pela nobreza e pureza
de seu coração e modelo de recolhimento. Não falta­
ram laços para tentar a sua virtude ; porem Ignez era
piedosa, estava sempre vigilante , e o eco velava sobre
ella. Um dia encontrou-se com um pastor de costumes
corruptos que, sendo o Jogar solitario e retirado, tentou
,;eduzil-a. Ignez fez resistencia energica ao libertino, e
este , enfurecido por não poder lograr os seus intentos
;1erversos, tirou-lhe a vida a punhaladas. O mesmo cri­
:ninoso confessou o seu attentado , e fez conhecer o
:riumpho da virgindade de Ignez. . Os restos mortaes
desta martyr da castidade foram transladados com grande
solemnidade e depositados na mesma egrej a , onde são

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conservados com grande veneração. A m emoria deste
grande exemplo de virtude conserva-se, e passa de ge·
ração em geração.
Praza a Deus , que tu, 6 joven, sejas seme­
lhante a estes santos martyres que sustentaram
cruento combate pela perola da pureza. Apren­
de, pois, a apreciar cada vez m ais n virtudé da
santa pureza, e nenhum sacrificio por ella te
será custoso, desde que conheceres o seu valor.

- •-++ -

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11.

A Pureza,
Fructo do santo temor d1� Deus.

santa pureza, perola de todas as virtudes,


A deve ser circumdada com o baluarte do santo
temor de Deus, para que se lortifique, e seja pre­
servada de insolentes assaltos.
Nenhuma virtude, especialmente a pureza,
lança raizes, germina e conserva-se sem o temor
de Deus.
O temor de Deus é o sagrado sentimento do
medo de irritar e de offendcr a sua M ajestade
Divina ; é o receio efficaz que, no momento de
grave tentação , nos faz exclamar com José do
Egypto : «Co mo poderia eu commetter tamanha
maldade e peccar contra o meu Deus, di ante de
seus olhos ,,,
É esse temor de Deus sobretudo necessario
para a conservação de uma virtude, cuj a viola­
ção se subtrahe á vista do homem , achando a
sua execução n a mais recondita escurid<1o.
É esse temor que , em horas criticas , apre­
senta á nossa alma, exemplos tão positivos e ver·
dadeiros dos castigos da j ustiça divina, que faz,
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que recusemos o consentimento á tentação , e
horrorisados exclamemos: O' meu Jesus , antes
morrer do que peccar!
Passageiro é o goso , mas o castigo ete<no !
É ainda esse temor que nos faz ver o Che­
rubim com a es p a da flammej a nte, expulsando do
paraiso Adão c Eva que acabavam de p rev a ri ­
car; que nos apresenta o horroroso quadro do
diluvio que tudo tragou, e a chuva de fogo e en­
xofre que consumiu Sodoma e Gom orrha.
É elle que nos põe ante o Juiz futuro, e de­
senrola a nossos olhos o l ivro das contas que
decide a nossa eternidade; que faz retumbar aos
nossos ouvidos as trombetas formidaveis do ul­
timo juizo , e abre diante das nossas vistas o
eterno abysmo, esse barathro insondavel de tor­
mento.s sem fim, e que brad a : ·; Pára b'
I:: terrivel cahir nas mãos do Deus vivo !
Se a morte surprehender o peccador, qual será
a sua sorte !
O' temor tão poderoso de Deus , tu és a in­
expugnavel barreira que já a tantos impedistes
de se preci pit arem no abysmo eterno! Tu és o
mysterioso remedio que adoças as ám arguras do
sacrificio ; que, no bolicio do seculo ou no isola·
mento e na solidão, na hu milde ha bitaçã o como
no opulento salão, preservas da mordedura ser­
pentina do mundo ! Só tu és o freio capaz de
domar a mais impetuosa natureza!
Que esse freio domine as tuas paixões, essa
barreira te retenha, esse remedio mysterioso te
fortifique, ó joven.

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Havia um moço cuja condu cta de dia a dia mais
se tornava um l abyri ntho de vicias. Desp re zava os
bons conselhos, c afogava os gritos da consciencia com
novos excessos. Um dia, passeiando, entrou numa flo·
re!)ta, e, cansado , deitou·se debaixo de uma arvore , e
adormeceu. Ouviu então um brado : <<Oh ! é terrível
cahir n a s mãos de Deus vivo. :P Ao mesmo tempo pa·
receu-lhe estar Maria S:mtissima ao seu lado , ex pro·
brando-lhe os seus pcccados. Pobre infeliz ! Elle que
em outros tempos a venerava como sua Mãe , nesse
momento contempla-a cheio de temor I Attonito , ouve
então uma voz suave que o s obres alta :
-,Acaso serei eu tão inflexível como tu ?'' O moço
esp av o rido supplica a Maria que o aux ili e e interceda
por elle. Mas, oh ! tribulação, angus tia inex pri m i vel !, a
Virgem puríssima deixa-o, e afasta-se !
Banhado em suor fr io , d esp e rta. Teria sonhad o -?
diz elle. Haverá alguem aqui ? Reflecte depois sobre
este aconte cimen to , e lembra- se , quanto até então des­
prezara a graça de Deus, que tantas vezes o havia ex­
citado a deixar os seus máos habi ta s, e, resolvendo-se
sem demora a fazer uma boa e sincera confissão geral,
não s o m en te se converteu , mas ainda consagrou-se in·
teiramentc ao Senhor , e trilhou a vereda da santidade.
Oh ! h a ciladas tão vehementes, que só com
o temor de Deus se podem evitar; portanto se,
penetrado desse santo temor, fugires do peccado,
serás salvo, ó joven.
"O temor de Deus expelle o peccado.,

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1 :J.

A Pureza,
Ft•twto (lo amor getuwoso de Deus.

Q não ha trevas, Elle é todo luz. Perfeito por


uào amavel, quão formoso é Deus! Em Deus

natureza, possue todo o bem em plenitude : Elle


é a infinita sabedoria, a j usti�:a, a santidade , a
grandeza , a om nipotencia. Como Deus é bom l
Quão liberal, benigno e misericordioso l
Considera , ó jovcn , os innumcravcis benefi­
cios com que E11e te agraciou c te accumula cada
dia ! Do nada tirou·tc , dotando-te c um os duns
mais magnificos da natureza e da graça.
Pelo Sangue precioso de seu Divino Filho
foste remido c incorporado á sua santa Egreja,
onde fontes inexhauriveis de graças estão aber·
tas para teu bem. ''Que poderia fazer ainda
á minha vinha que nào tivesse feito !» poderá o
Senhor dizer com razão. Esse Deus, tão bon·
doso e am avel , porventura nào merece, que em
retribuição o ames , e que pelo seu amor evites
o peccado, principalmente o ma is vil, o m ais aba·
m inavcl , aquellc que é directamente contrario á
sua csscncia purissima ? ! A premeditac;ão com
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que Deus te amou de s de toda a eternidade, e as
provas exuberantes que sem cessar te dá desse
am o r, nào scr;1o incentivos sufficientes para te
obrigar a amai-o, quando só tu colherás o fructo
desse amor? Oh ! faze com que o amor de Deus
consuma do teu coração todo o amor terrestre .
Consente , que esse sagrado fogo abraze todas
as fibras do teu coração. Estiolem-se nelle os
prazeres m undanos ; evapore-se a sensualidade,
e morram todas as paixões. E, purificado o teu
coração por esse fogo celeste, seja somente o
templo, onde se exhale o aroma do incenso da
abnegação e do sacrificio ao Deus purissimo.
O me nin o Agapito, filho de paes illustres, na edade
de 15 annos, sotfreu pela fé a morte mais cruel. Nos
combates que sustentou para conservar a sua innocen·
cia, adquirira aquella fortaleza que depois o fez um dos
mais gl ori os os martyres de Jesus Christo. No anno 207,
quando o imperador Aureliano perseguia os christãos,
foi elle preso , cruelmente açoitado , e ence r rado numa
horrorosa masmorra , onde o deixaram 4 dias sem al i ­

mento algum ; depois do que trouxeram brazas para


queima r-lhe a cabeça. Agapito tomou-as nas mãos e
circumdou com ellas a fronte em forma de corOa. Os
verdugos , cheios de furor , o suspenderam pelos pés
sobre uma foguei ra ; Aga pit o , p orem pare cia i nsen si v el
,

a todos os tormentos corporaes , pelo gran d e amor de


Deus que lhe abrazava a alma. Então 4 algoz e s des·
humanamente o açoitaram de novo. Depois derrama·
ram sobre elle agua fervente, quebraram-lhe os queixos,
e o lançaram no meio dos leOes. Sahindo intacto do
meio destas féras, como de todos os outros supplicios,
ch.,gou afinal este inn o c ente menino á c ons u m a ção do
sacrificio pela espada. Sobre a sua cabeça , que levou

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a corôa de fogo , refulgem eternamente os laureis da
virgindade e do martyrio, que duplamente mereceu.
Foi com edade de treze annos que lgnez , virgem
prudentissima , passou da morte do corpo para a vida
eterna da alma. -- Quando ella voltava das escolas , o
filho do proconsul romano viu·a , amou-a , e promcttcu·
lhe diamantes , perolas e riquezas reaes , si consentisse
em ser sua esposa. Mas Ignez respondeu-lhe : c Longe
de mim , pasto da morte, brazeiro do peccado , outro
amante te antecipou para commigo , e é a esse que eu
amo ; elle mostrou-me thesouros innumeraveis que pos·
suirci s i lhe for fiel. O pae do mancebo mandou cha·
mar lgnez para convencel·a. Ella porem respondeu com
firmeza : •Não posso violar a fé que tenho jurado ao
esposo de minha alma.'. •Quem é esse esposo ?•, per·
gnntou o proconsul. ·<E' Jesus , ,, disse Igflez. O pro·
consul procurou abalal·a , primeiro com caricias , depois
com ameaças ; mas a joven conservou-se inflexivel. Então
o proconsul disse· lhe : • Escolhe , ou sacrifica immedia·
tamentc a V esta, ou eu te farei lançar no lupanar, no
meio de prostitutas.�' lgnez respondeu : • Não sacrifica·
rei de forma alguma , e o lupanar me deixará virgem,
como me receber, porque o Anjo do meu esposo guarda
o meu corpo , para que se conserve immaculado.» A
esta resposta o proconsul mandou que a conduzissem
despida ao lupanar. 1\. virgem castissim a , horrorizada,
volve os olhos ao ceo, e eis que apparccen o Anjo do
Senhor que a illuminou com a sua aureola c cobriu-a
com uma tunica branca como a neve ; c desta forma o
logar infame tornou·se um tabernaculo da pureza c ora·
çôes. O filho do proconsul foi ao lupanar com outros
jovens ; mas estes, atterrados pelo milagre, fugiram, !ou·
vando a D e us . Só o insensato joven quiz ir ter com
Ignez. Mas o Anjo feriu-o, c clle cahiu morto. Então
os sacerdotes pagãos amotinaram o povo , e gritaram :
e< Morra !' magica ! morra a encantadora !» E Sant' lgnez

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foi condemnada a ser degollada. Foi assim que Jesus
Christo se uniu a sua esposa, nas nupcias sanguinolen·
tas do martyrio.
No oitavo dia depois os paes da bemaventurada
menina foram velar na gruta de seu sepulcro. Da re·
pente , no silencio da noite , viram um córo de virgens
que, revestidas com cyclades tecidos com ouro , passa·
ram atravez de uma grande luz, e no meio dellas a bem·
aventurada virgem lgnez , adornada tambem com a cy·
elade brilhante , e á sua direita um cordeiro branco.
lgnez pediu ás virgens s:mtas que demorassem um pouco,
em pé diante de seus paes , e lhes disse : Vêdes que
me não deveis chorar como uma defunta ; mas regosi·
jemo-nos todos juntamente, porque fui recebida com estas
companheiras nas moradas luminosas, c estou unida nos
ecos Aquelle que amei sobre a terra com todo o meu
amor.»
Se sinceramente amares a Deus , ó joven,
gosarás de tão inefl"aveis doçuras , que te serão
enfadonhos todos os gosos mundanos, e as suas
settas disparadas contra ti se quebrarão ante o
teu coração, possuido desse divino amor.

-· ·-·

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I:l.

A Pureza,
Fructo de del i cada attenção sobre a
consciencia.

xalá attcndesscmns sempre á voz da consct­


O encia, c fosse mos sempre doceis !

A conscicncia nàn é senão a voz de Deus


no m ais intimo da nossa alma, o nde Elle se ma­
nifesta como i nimigo de Lodo o m al, se faz ouvir,
indica o que quer, o que não quer, contradiz,
ameaça, atterra, ani ma, convida, obriga.
1;: justamente em relação á pureza que a
consciencia é uma mestra altamente illuminada
c benevola.
Sendo a voz do consciencia a voz de Deus,
e sendo Deus purissimo, quão seria e energica­
mente se levanta a consciencia , avisando , pro­
hibindo , ameaçando , quando se trata de acç<Jes
vis que t ã o horrorosamente repugnam á pureza
de Deus, e a e lia s e oppocm ! Então o coração
palpita, as veias se accentuam visivelm ente , o
sangue ferve, as faces coram, como se violenta­
mente nos tomassem pelo braço para nos deter.
E, se, resistindo-lhe, chega-se a commetter o pec­
cado, a desolação augmcnta , o coração assem e-
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lha-se á uma camara mortuaria , na qual brada
uma voz como de phant asm a : «passou ] estás
perdi da ! ai I infeliz de ti !»
E ' portanto a consciencia a melhor precep­
tora cvm relação á pureza ; pois , ne s te ponto,
trata-se as mais das veze s de coisas tão occul­
tas , tão inaccessiveis aos olhos de outrem , que
só Deus , que está presente em todo lagar, que
t u do vê e s ab e , até os m ais re co nd i tos pensa­
mentos, pode ser testem unha, consentindo ou re­
primindo, louvando o u reprehendendo.
É sobretudo a o dispertar de u ma pai xão que,
se não fôr suffocada em principio , as m ais das
vezes , crescen do torna-se um incendio inextin­
,

guível, que importa não desprezar a voz da con­


sciencia. Quantos jovens teriam sido isentos d e
gra vissimas culpas , do mais amargo arrependi­
mento , se não tivessem menosprezado esta voz
b en i g na no m omento critico , em que sua inm•­
cencia foi arrastada ao pelloi ri n h o da ignomíni a !
Sê, pois, submisso á vo z d a tua consciencia,
o JOVen. Evita os escrupulos , m as sê tambem
austero para comtigo mesmo. De que servirá
te enganares agora, quando no tremendo d i a do
juizo tudo será trazido á luz , e manifestado ao
mund o inteiro ? Sim, tudo ! Ouve s ?
Um Sacerdote foi charnado um dia para ouvir em
confissão um joven moribundo que costumava con fessar­
s e com cllc. I n felizmente não o achou mais vivo. Que
:h e restava senão r ez ar? O sacerdote aj oel h ou-se, pois,
com as pessoas presentes , junto do cada ver e encom·
mendou , com todo fervor , a sua alma ao Eterno juiz

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que acabava de chamal·o ao supremo tribunal. Imagine·
se o espanto dos que estavam presentes , quando o
morto , ou presumido morto, move-se , abre os olhos,
levanta um pouco a cabeça e grita com voz lastimosa
e penetrante : «Ah ! enganei me ! "
O que quereria dizer c o m isso ? Muitas vezes, n o s
ultimas tempos o joven defunto havia sustentado não
crer , que fossem levadas em tão grande conta as sen·
sualidades que se permittem certas pessoas moças, e
alem de tudo ser inteiramente impossivel e absurdo o
abster-se de todo o prazer. Quanto se havia enganado
o pobre moço I Mas na eternidade as coisas t01·não-se
tão claras , que é impossivel não se deixar vencer á
luz da evidencia.
Oh! sê rigoroso comtigo, õ joven, sobretudo
no que diz respeito á pureza, não haja illusão
alguma, nenhum engano por propria culpa.
Quanto será difficil domares a sizania viço ·
sa, se não conheceres a planta germinante, como
venenosa, para extirpai-a I

--· :-=,l;;=..;· --

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14.

A Pureza,
·Fl'ur.to dP. vigilancia asshlua.

nosso coraçüo é sem el h a n t e a u m a fortaleza


O sitiada de todos os lados, portanto devemos
ser vigilantes como combatentes i n trep i dos , ou
aliás será destruída e cahirá na mais infamante
escravidão. Co m ceJ·teza, ó joven , não h a pu­
reza sem vigilancia.
Aquelle que deixa as portas dos seus senti·
dos largamente abertas, que deixa os muros e
as torres sem guardas, comprehenderá em breve
pelo alarme do triumpho das tropas inim igas,
que a fortaleza é tom ada , que já nüo resta se­
n;lo a perdição e o captiveiro.
Antes de tudo guarda os olho s ; por ellcs as
mais das vezes entra a m orte na a l m a. A cu­
riosidade irresistivel de olhar para tudo, de qne·
rer tudo s ab e r , a ociosidade, a falta de energ i a
co ms igo mesmo de em nad a mo rtificar-se , têm
reduzido fortalezas inconquistaveis a simples
m o ntã o de cinzas. E s u p pos to que o olhar i n ·
discreto não sej a peccado, quão facilmente a elle
conduz, e se ligam o máo pensamento, o desejo,
que afinal arrasta m ás más obras !
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Imagina um joven impudente que se atreve
a olhar para tudo, que devora com os seus olha­
res , ora uma figura indecente , ora represen­
tação licenciosa ; que frequenta bailes e especta­
culos, que , como em nossos dias, são verdadei­
ras emboscadas á innocencia; será facil a esse
joven o manter-se puro ? Por ventura um vaso
cahindo do alto ficará incolume? Bem sabiam
os Santos o que faziam , quando fugiam da tur­
ba, quando usavam com os seus olhos , com os
seus sentidos em geral, de um rigor que nos pa­
rece exagerado. Elles conheciam a fraqueza da
natureza humana ; elles sabiam, que a respeito
da impureza a fugida é victoria, que '<quem ama
o perigo , nelle h a de perecer,» que emfim só é
seguro contra ladrões o que é bem guardado e
afferrolhado. Quantas vezes uma só faisca tem
accendido pavoroso incendio. Assim acontece
a miudo com o pensamento provocado pelo olhar
máo.
Faze, pois, ó joven , um sagrado pacto com
os teus olhos, com os teus sentidos, como o Santo
Job , um pacto para a salvação de tua alma.
Anda cuidadoso; sê pudico , recatado , modesto,
vigilante e energico. Prefere antes ser tido por
exagerado nesta virtude do que leviano.
'· Ü sabio é tímido e declina do mal ; o estul­
to, porem, não se importa e é temerario,» diz a
Sagrada Escriptura.
Bento , lllho de paes illustrcs , nascido em Nurcia
em 480 , passou os primeiros annos de sua vida reti·
rado do mundo, na tranquillidade do campo. Mais tarde

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foi a R oma , afim de fre q uen t ar as aulas publ icas
. Os
costumes desregrados daquella cidade, então ainda meio
pagã, c principalmente os habitas dos seus companhei·
ros de estudo, fizeram tanta impressão neste innocen tc
menino de 1 4 annos , que fugiu de Roma , retirando-se
a solidão dos montes de Sabina. La vivia numa gruta,
de d i cad o inteiramente á oração e á pcnitencin , prepa­
rando-se assim , dirigido pelo Espírito do Senhor , para
aguella import ante e sublime vocação a que D eus o
chamou.
Quem o crera ! Bento fugira de R oma luxuriosa,
mas a fraqueza, herdada da natureza humana, o segu ira
alé Subiaco.
Veiu finalmente um dia em que resol ve u decidir,
se a carne havia de dominal·o ou ser por cllc domada.
Uma representação impura o atacou, c com tanta vchc,
m e neia o vexou, que, para salvar-se, lançou-se num denso
balseiro, revolvendo-se nelle até ficar todo o seu corpo
coberto de feridas : c, como diz São Gregorio, mudando
o prazer em dõr, pelas feridas corporaes , a fas tou as
vulnerações da alma. Desde então foi São Bento l iv re
de todos os ataques do prazer sensual.
Até que ponto chega a tua abnegação, ó j o ·
ven ? Pões freio aos teus olhos, aos teus senti­
dos , em geral , ou te deixas arrastar por elles,
como um cavallciro por cavallo indom ito? Faze
violencia a ti mesmo; sê recolhido .e modesto.
Numerosos c graves combates poderás evitar,
se andares com cuidado, c souberes abnegar-te.

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15.

A Pureza,
l<'rncto (la anstel"idade.

áo basta defender os bal uartes c as po rtas


N de u m a fo rtaleza , lambem o interior deve
ser bem occupado. A fo rtaleza deve ser m u ni­
d a de provisão, confiada a um c o m m andantc pro­
vado que saiba manter a disci p l i n a e dirigir a
dcfeza.
A vezes apparecem tentações que de repente
emergem, como inim igos, de um esconderijo sub­
tcrranco. É , pois , d e summa im portancia resi­
stir i m mcdiatamentc , c do modo m ais energico.
Quantos são m iseravelmente vencidos por não
rcpcllircm o primeiro assalto do i n i migo, o u por
comb aterem-no com negligencia ! O inimigo at·
tende ao seu i n teresse, aproveita da nossa fra­
queza, ataca, adianta-se, impel lc, vence, c torna­
se senhor do campo. Quão i mpetuosa é as v c ·
zes a nossa natureza! Quão facilmente perde-se
o m omento decisivo ! Q u antos j ovens são pre­
sos com os grilhões do vicio , antes mesmo que
o pensem, e choram na escravidão da noite, no
c a rcere do peccado 1 a sua irrcsolução , sua tar­
dança, sua cobardia !
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Vigi'a sobre o teu coração, sobre toda a tua
pessoa, e não te indultes das mais pequenas fal·
tas sequer. Um espel ho bem polido e l i m p o é
deslustrado pelo mais ligeiro sopro. Assim a
pureza perde, pelo mais ligeiro consentimento,
pela mínima concess ão a favor da natureza pec·
raminosa, a sua belleza, o seu brilhante esplen ·
dor. Deixando-se ficar u m a faisca, ainda por um
momento apenas , ficará signal de queimadura,
de modo se m elh a nte a paixão deixa sempre um
vestigio , ainda que não consiga consumir intei­
ramente.
O caminho do peccado, principalmente do
vicio abo m i na vel, é uma vereda lubrica, um de·
clive lodoso , que pára num horroroso abysmo.
Eis até onde te arrastará , ó joven , a inclinação
da carn e , ainda que a ella te entregues só por
alguns momentos apenas. «Trazemos o thesouro
da pureza em vaso quebradiço ,» bem o sabes,
e não seria temeridade expol-o á tropelia do
mundo, e des c uidadoso, brincando, cam balearmos
assim pela estrada da vida, concedendo ás nos­
sas paizões que nos at a quem , quanto lhes apraz ?
Arma-te, pois, ó j oven, com santo rigor con­
tra ti. Se dominares as más inclinações agora
que são desenvoltas as tuas p aixões, não te será
difficil vencei-as mais tarde, como homem, e na
velhice.
Casimira, Rei eleito de Ungria, filho do Casimira 111,
Rei da Polonia , distinguia-se desde a mais tenra infan·
cia pela pureza de seus costumes , e pela austeridade
de sua vida. Nada odeiava mais do que o luxo e a

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m olleza da côrte. Por isto trajava sempre simples­
mente , dormia muitas vezes no chão , e passava uma
parte da noite em orações, as vezes até diante das por­
tas fechadas da egreja, em adoração ao Santíssimo
Sacramento. A Maria SS. tinha um amor todo filial.
E bem conhecido o cantico de louvor em honra da
l\1àe de Deus que se attribue a elle. ;:Omni die dic
Mariae ! . Casimiro vivia na mais rigorosa eontinen­
cia. Quando um dia lhe fizeram sobre isto algumas ob­
servações, pretendendo dar-lhe conselhos contrarias aos
seus rigorosos princípios, respondeu do modo mais ener·
gico : -c Maio mori, quam f<edari, - antes perder a minha
vida do que a minha purez a ! > Morreu com 25 annos
de edade, da morte preciosa dos Santos. 120 annos
depois encontraram o seu corpo inteiramente incorrupto,
apezar da sep ultura ser muito humida , devendo antes
favorecer a decomposição.
Assim, as vezes, ainda depois da morte, Deus
honra a virtude, a perola das virtudes, nos des­
pojos dos Santos ; a alma, porem, que se mantem
rainha e senhora do corpo - o h ! que gloria a
espera ! Peleja a bôa peleja, ó joven , com toda
a energia de que és capaz ! Resiste i ncontinenti,
imperterrito ao tentado r ! Seja a tua divisa : •Maio
mori, quam fcedari,, não quero perder a pureza,
custe "o que custar.

--·

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1 6.

A Pureza,
J<'rncto rla oração.

como cu sabia, diz Salomão no livro da Sa·


E bedoria , que de outra maneira não me era
possivel ter continencia, se Deus não m'a désse,
dirigi-me com supplicas ao Senhor, e clamei �
Elle do intimo do meu coração.• (Sap. 8, 21.)
Oh ! quanto é necessaria a oração para per­
manecer ou tornar-se puro ! A oração, como ele­
vação da nossa alm a a D eu s, nos faz entrar em
relação com Elle , e nos une ao Ser purissimo.
Quanto mais frequente e fervorosamente oramos,
mais nos approximamos de Deus , e mais Deus
se approxima de nós. E se entre os homens
o effeito da intima relação é a assimilação que
se realiza lenta , mas inevitavelmente , não é
para admirar-se que quem muito e frequente­
mente trata na oração com Deus , o Espirito
por essencia puro , fique sempre mais espiri­
tual , e se eleve sobre as coisas terrestres. É,
pois, para a conservação ou recuperação da pu­
reza, a oração de summa importancia, como fonte
de graças, e como a condição principal para ob­
ter o auxilio divino. Deus quer, que peçamos
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tudo, - assim o ordenou. Tambem prometteu
de ouvir infallivelmente a oração feita com fé e
perseverança. Podemos contar com isso tanto
m ais firmemente, quanto mais agradavel a Deus
e necessario a nós é aquillo que pedimos. Nunca
Deus nega o bom espírito aos q u e lh'o pedem.
E pode haver um espírito melhor , um c,spirito
que Deus com mais agrado conceda que o da
pureza ?
Querendo, pois, te manter puro, ó j o ven , sê
fiel, m uito fiel não somente ás tuas orações dia­
rias e devoções costumadas, mas ainda pede m u i­
tas vezes expressamente o espírito ela pureza.
Lembra-te sempre da presença de Deus. Aco­
stuma tua alma a voar de vez em quando a Deus
- renovando a bôa intenção , fazendo breves
actos de amor , e excitando-te em piedosos a f­
fectos.
A viva lem brança da presença divina é sul�
ficiente para sustentar-te nas tentações, fazer-te
fugir do peccado, encher-te de consolações e for­
talez a , animar-te para o bem e dar-te t>nergia
para enfrentar sacrii;icios sublimes na pratica das
v i rt ud e s difficeis e penosas. E com effeito , na
presença de uma pessoa re s pei tavel e bemquista
c<�rtamente nada farias que te tornasse menos
agradavel aos seus olhos, como ousarás então,
sob o olhar nítido de Deus, contaminar-te de uma
falta impura, por mínim a que sej a ?
Com 1 6 annos d e edade foi S . Carlos Borromeu
enviado a Paris afim de estudar direito. Grassava na­
quella epoca a maior corrupção dos costumes. Estu-

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dantes, em grande numero, de todas as partes do globo,
a fllui am a q uel la cidade , onde a seducção penetrava até
as aulas. Difficilmente um ou outro , diz u m escriptor
.:e lebre, podia escapar incontaminado. De todos os la·
dos , a todas as horas , e em todos os Jogares os re·
cemchegados eram solicitados á p ratic a do mal.
� mtudo Carlos co nservou- s e puro. Emqu a n to os
outros passavam o seu tempo em vil ez as, nos espeela·
.:ulos , nos salões de jogos , em banquetes e bai les , ou
em regalos e companhias dissolutas, Carlos dedicava·se
ao es tu d o ou á oração, evitava as conversat;õcs inuteis,
desabridas e m un dan as .
So!Tria v isi velm e n te , ouvindo palavras ind ecen tes.
Quando um perigo ameaçava a sua pureza , trem i a de
horror, e alcançava sempre a victoria na fugi da das oc·
casiócs arri scad as. Conta-se que elle uma vez livrou-se
de u ma grande tentação levantando-se de noite , e sa•
hind o da casa, na qual lhe haviam armado ciladas.
Quanto é poderosa a oração ! Como puri·
fica, fortalece c eleva, ó joven ! Oras bastante ?
Oras bem ? Pobre jovcn, se não és pu ro, é por·
que não procuras o conforto da oração. Berna·
Yenturado és tu , se a tua oração é um i mpulso
do teu coração, uma doce obrigação, um allivio,
uma necessidade , porque então és puro e o se­
rás sempre.

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17.

A Pureza,
Fructo dn santo Sacramento da Peni­
tencia.

ão ha meio mais efficaz e mais necessario


N para conservar-se ou tornar-se puro do que
a digna e frequente recepção do santo Sacra·
mcnto da Pcnitcncia.
Engano seria pretender coisa tão difficil sem
o auxilio particular da graça divina, c somente
com esforço da vontade h u m a n a . A graça efJi.
cacissima deste Sacramento é o essencial , e so­
corre-nos com o auxilio do enviado de Deus.
Procura, pois , um perito confessor que sej a in·
teiramente de tua confiança. Abre-lhe a tua ai·
ma sem reserva ; communica·lhe os teus comba­
tes, as tuas victorias.
Deixa-te por elle instruir sobre o que não te
é claro, reprehendcr, se és descuidado, exigir, se
és fraco , consolar-te se és escrupuloso , animar·
te , se és tim ido. Oh ! quanto bem fará á tua
alma cada palavra que Deus te dirigir, medi ante
o seu sacerdote ! Quantos laços de Satanaz cor·
tará a sua mão de pastor provado ! Recorda-te
sempre, ó joven , que Deus dá ao s acerdote , a

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quem confias a tua direcção , graças mui parti­
culares para tua salvação , pois um dia elle h a
I
de dar conta da tua alma.
Mas não sejas negligente na frequente rece­
pção de um Sacramento tão util quanto indispen­
savel. Não procures o medico de tua alma so­
mente em caso de doença mortal. Deixa-te guiar
por elle, afim de conservares o teu bem-estar
espiritual. Confessa-te a miudo, com sinceridade
e cheio de fé na força sobrenatural deste Sacra­
mento , remedio salutar e preservativo do mal.
Oh ! quantos ha que devem a sua salvação
somente a este grandioso Sacramento ! Quantos
estariam para sempre perdidos e presos nas ca­
deias da escravidão das paixões e de vicias exe-·
craveis !
Quantos jamais teriam escapado aos ample­
xos do falso mundo, que suffocam todo o bem,
se Deus não os tivesse conduzido a um sacer­
dote amigo que os ajudasse a romper as cadeias
e a cortar as relações peccarninosas !

S. Francisco de Sallcs, ainda muito moço, foi parn


a Universidade de Paris.A corrupção geral dos co·
stumes podia ser·lhe prejudicial ; mas Francisco vivia
cetirado , conressava-se todas as semanas , entregava·
e
se com toda applicação aos seus estudos.Em pouco
:empo conseguiu, pela brandura de seu coraçüo, c pela
?Ureza da sua alma , que transparecia no sen exterior,
respeito e a alfeição de todos. Todavia alguns de
seus collegas, emissarios do demonio, c onsp i ra ram con·
::a a sua in n ocen c ia , e armaram-lhe umn cilnda. Com
pretexto de uma visita indispensavel a um lente , le·
--aram-no a casa d e uma mulh e r , tão formosa quanto

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-� 62 �
devassa , que , apresentando-se como esposa do suppo
sto lente, foi por Francisco tratada com respeitosas at·
ten 'fl es. Depois de algum tempo os seus companhei·
ros , com desfarces , snhiram um após outro. Então a
mulher declarou-lhe as suas pretenções , pelo que co­
nheceu Francisco, com surpreza e susto, qual era o in·
tento malicioso da visita tão astuciosamente planeiada.
Possui do de santa indignação , arma-se de um facho
ardente, e defende-se contra a lasciva mulher.
Caso identico se refere de S. Thomaz de Aquino ;
e S. Bernardino em semelhante tentação gr-itou : ''La·
dnles, ladrões !» até que chegou-lhe soccorro.
Para conservares a preciosa joia da pureza,
ó joven , recebe a miudo e com bõa preparação
o santo Sacramento da Penitencia, e verás em
ti etfeitos prodigiosos. Tambem não pode ser
de outra m aneira, pois quem melhor conhece as
necessidades do coração h umano do que Jesus
Christo , Deus e homem , fundador deste Sacra­
J;Jlento de salva<;:l o !

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Hl.

A Pureza,
Fructo dll fi 1 ial f'•·auctnf1za.

a cpocas na vida do menin o , do joven , em


H que é para elle de partic u l a r i m p orta n c i a
sentir sua mão, ou antes, ter seu coraçno na m no
de um s a c erd ote a m igo .
]� verdade , que os paes são os confidentes
naturaes do menino, todavia ha segredos tão pro·
fundos , e oc c ultam · s e nos esconderijos do cora-.
ção coisas tão incommunicaveis que exclusiva­
mente só tem o direito e a possibilidade de pe­
n et ra r aquelle a quem Deu s m es m o, em s agrad a
com m i s s ão de u , na mão, a chave dos corações.
N ão é de uma vez que a perversidade e suas
funestas co n se q u en c i as irrompem sobre o joven.
Tambem a semente insignificante pouco a pom·o
torna-se arvore venenosa. Quanto importa, po is ,
que esta semente , que principia a desabrocha �-,
seja d esco berta pelo olhar p erspica z do j ardinei­
-o, a fi m de impedir o seu desenvolvimento ! Mas
;:Jara que is t o seja possível ao jardineiro de tua
a l ma, faz-se p re c i so , ó joven , que lhe permitias
0 penet ra r os abysmos do teu coração. Deves
dar-te a conhecer tal qual és ; não deves t er re­
ceio de communicar-Ihe sobretudo o que te faz
-:scrup uloso, o que te fa z c o rar, o que te fa z ouvir

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sensivelmente os palpites do coração na voz da
consciencia, o que emfim te hum ilharia, se fosse
conhecido por outrem senão elle. Só assim esca­
parás de amargos enganos, de maguas intensas,
c lamentos sem fim . . .
Se perderes o momento opportuno , e m que
a mão de um perito medico faCilmente pode cu­
rar os teus males , encher-te-ás de profundo pe·
sar , m ais tarde , quando, 'após afflictivo rompi­
m ento, te fõr precisa dolorosa operação. Sê, pois,
communicavel , simples , sincero e leal. A tua
alma seja , com todo recato e delicadeza , como
claro espelho, onde repercuta a minima macula,
então, sim, fruirás a verdadeira paz. Não é so­
mente a chaga aberta no peito pelo punhal que
é dolorosa ; tampem a ponta dum espinho vexa,
atormenta 1 e favorece a suppuração , se não fo r
arrancada.
Pedro Canisio era desde a mais tenra infancia mo­
delo de tocante fervor e exemplo de modesti a . Sua
vida era tão edificante e immaculada que os que o co­
nheciam muitas vezes se perguntavam : •Que ju l gais virá
a ser este menino, pois a mão do Senhor está com
clle ? • Com edade de 1 4 annos seus paes o en viaram
,

á cidade de Colonia para continuar os seus estudos.


O s j o vens estudantes daquelle tempo eram tanto mais
dissolutos , q uanto mais se derramava sobre os paizes
da Allemanha a to rrente da heresia. Cada vez mais os
devastava o diluvio da immoralidade. Mas Deus , em
sua i nfinita b on dade, compadeceu-se do men i no Canisio
a quem escolhera para futuro defensor da verdadeira fé
c da santa Egreja. Deu-lhe por pate rn al amigo e guia
o piedoso e sabia Nicoláo de Esch. Como Can i si o de­
pois agradec i a ao Senhor esta graça táo singular , c

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quanto della se aproveitou para a sua salvação e pela
causa de Deus I Eis o que elle refere nas suas con·
fissões : «Louva , ó minh' alma , ao Senhor, e não te
esqueças dos seus beneficios em conceder-te tão emi·
nente Mestre , e quotidiano instructor do seu santo te·
mor. A sua attenção não se dirigia para os ineus bens
e sim para a minha salvação. Debaixo da sua dire·
cção eu abominava cada vez mais a mim mesmo para
agradar e contentar a Vós, 6 meu Deus, a quem , na·
quella edade da flor juvenil , pouco conhecia e temia.
Seus conselhos, seus costumes e seus exemplos de vir·
tude accenderam em mim uma nova luz. Com os seus
avisos conseguia despedaçar e reprimir os precoces im·
pulsos e estultos desejos da juventude. Ninguem me
era então mais proximo e mais caro ; o que elle me di·
zia tinha para mim o valor de uma ordem paterna. Re·
conheço e bemdigo a vossa misericordia, ó meu Deus,
protector da minha vida. Foi por um designio da vossa
providençia que me entregastes aos cuidados deste vosso
ministro , afim de que elle me instruisse e me unisse
mais estreitamente a Vós. M'o enviastes, para que me
acordasse da minha tibieza, me castigasse a negligencia, me
erguesse da minha queda e em minha fraqueza me farta·
lecesse no vosso caminho pelo seu cuidado e desvelo.»
Canisio tornou-se um dos mais santos Apo�o1os
da Companhia de Jesus.
Vê , ó joven, quanto aproveita o ser franco
e deixar-se dirigir por um mestre dedicado e eru­
dito. E ainda que estejas firme na pratica do
bem, e adiantado nas virtudes, te será de maxi­
ma utilidade , e te poupará muitos rodeios teres
ao te u lado um g ui a, no qual a caridade, o des­
velo pel a tua salvação se unam á prudencia e á
experiencia da vida.

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l!J.

A Pureza,
}'ructo 1lo Pão dos Anjos.

' �e . profunda significação chamar-se o San­


E Ussimo Sacramento do Altar «Pão dos An­
j os,.-_ <<Trigo dos Escolhidos,, . «Vinho do qual ger­
minam almas virginaes,,..
«Pão dos Anjos h O homem deve ser puro,
no estado de graça para recebcl·o, e, dignamente
recebido, fortifica-se no bem e principalmente na
pureza. Manjar angelico communica á alma a
virtude angelica. Como Jesus conhecia os com­
bates que a carne e o sangue nos impõem ! E
como quizesse fazer-nos cada vez mais seme­
lhantes a si, como quizesse, não só livrar do pcc­
caclo o genero h umano culpado , mas ainda san­
tificai-o; como quizesse que tivessemos vida , e
a tivessem os com abundancia , depositou , na
Egreja, estabelecida por Elle, a summa medida,
a summa plenitude das graças , que somente a
sua omnipotencia , a sua generosidade e a sua
liberalidade podiam dispensar: deu -se a si mes­
mo a nós.
O «Trigo dos Escolhidos.' -- Jesus mesmo
é quem diz : ,,o que come a minha carne e bebe
o meu sangue, fica em mim e e u nelle. , Onde
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Jesus está, está a pureza. E se Jesus muitas e
muitas vezes vem á nossa alma, se Elle a ali­
menta , a fortifica , ennobrece e santifica , como
nao ficará cada vez mais forte, santa e apta para
todas as virtudes, elevada sobre as coisas ter·
restres ?
'<0 Vinho do qual germinam almas virginaes ..
O sangue de Je sus C h ris to , o sangue puríssi m o
d o Filho do homem é pois a nossa bebida. Este
puríssi m o sangue recebido dignamente por nós
nos transforma na carne e no sangue de Christo.
Os prodígios ela virgindade na nova alliança,
os actos heroicos de um sem numero de almas
puras e escolhidas foram possíveis unicamente
pe.la virtude do Santíssimo Sacramento. Estas
almas immaculadas , fortificadas pela Sagrada
Communhão , combateram como leões contra a
carne e o sangue, venceram, e alcançaram a pai·
ma de incruento martyrio.
Sê, portanto, tambem tu , ó joven , adorador
devoto do Santíssimo Sacramento , se a pureza
te é cara. Assiste, sendo possível, todos os dias
ao santo Sacrificio da Missa. Chega-te a miudo,
muito a miudo, bem preparado , com devoção e
amor á mesa Sagrada da Communhão.
E tendo recebido o Santíssimo Corpo do Se­
nhor , seja sempre a tua primeira petição: d)'
meu innocentissimo Jesus, purificae a minh a ai·
m a ! Creae em mim um coração puro , ó men
Deus !:>
Quem creria que nas curtes dos grandes monar·
rhas 1 e ainda entre os jovens que pertenceram ao se·

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quito dos principes houvesse tambem anjos terrestres ?
Este prodigio raro deu-se na corte de Hespanha , nos
annos 1 68 1 - 1 584,. Entre os pagens da imperatriz Ma­
ria, c depois do principc real Tiago, achou-se então o
margrave de Castiglione, Luiz de Gonzaga, com 13 an­
nos de edade. Nem as grandezas da córte o impedi­
ram de receber os santos Sacramentos todas as sema­
nas. No esplendor das riquezas, conservava sempre os
olhos baixos , e só os erguia obrigado pelo deve•· , e
afastava-se de toda a vaidade.
Muitos de seus jovens collegas zombavam de sua
delicadeza de consciencia, mas Luiz conservava-se firme,
á semelhança de Daniel na cova dos leões da qual sa­
hiu incolume, e á semelhança daquelles meninos da forna­
lha ardente de Babylonia , aos quaes as chammas não
tocaram os vestidos, e nem sequer os cabellos.
Numa outra occasião na côrte de Saboya, onde de­
via demorar-se algum tempo, achava-se então Luiz com
16 annos, quando encontrou-se com um cortezão de edade
avançada que se atreveu a proferir pala,•ras indecentes
na sua presença e de alguns outros jovens. «Não ten­
des pudor com os vossos cabellos bran cos? perguntou
Luiz com santa indignação ; deveria se pensar que em
tal cdadc não houvesse mais estes desatinos.» E reti­
rando-se immediatamcnte fez uma leitura religiosa.
O <eManá do Ceo" é porventura tambem o
teu manjar favorito , ó joven? Só a fé viva e
firme nos abre os thesouros que alli se escondem.
Se a tua fé fôr fraca, se não comprehenderes a
relação que existe entre o «Pão dos Anjos" e
uma alma que quer ser semelhante aos Anjos é
porque não te sentes attrahido á mesa sagrada
do Senhor.

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20.

A Pureza,
l<'rncto da l embrança da Sagrafl a l)a i xão
fle ,J esns.

m momentos o � portunos , lembrar-se a a l m_a


E da Sagrada Paixão e Morte do Salvador, eis
um dos meios mais efficazes contra a sensualidade.
Jesus , derramando suor de sangu e , maltra·
tado perante os tribunaes, açoitado cruelmente,
coroado de espinhos , levando a pesada Cruz ao
Calvario, nelle pregado e suspenso, entre tormen·
tos indiziveis, pelo espaço de tres longas horas;
agonisando e morrendo ! . . . . Que quadros !
Que scenas dilacerantes ! Que contraste entre
estes tormentos do Cordeiro de Deus c a molleza
do homem libidinoso ! .
E é exactamente para expiar essas desordens
dos escravos miseraveis da luxuria, essas desor·
dens, que bradam aos ceos , que Jesus solfreu
dores tão horríveis em sua carne santíssima. )
E quererias renovar, de certo modo , seus
tormentos ? Oh! não ; antes a consideração do
Salvador Crucificado seja para ti um meio muito
particular de alcançar a victoria nas tentações
contra a pureza.
Teu divino Redemptor soffre , e tu augmen­
tarias suas angustias por condescendencias pec­
caminosas ? ! . . . Teu Jesus soffre, c tu, longe de
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+� 70 �+--

soffreres com Elle e de te pregares com Elle na


Cruz pela mortificação e abnegação, estenderias
coração e mão a prazeres prohióidos ! ? O h !
não, mil vezes não ! . . . .
David, guerreando os Philisteus, experimen·
tou um dia muita sede. Cercado numa fortaleza,
não muito distante de Belem, desejou um pouco
d'agua da fonte que havia nas portas da cidade.
Tres dos seus guerreiros mais corajosos pas­
saram pelo acampamento inimigo, tiraram agua
e trouxeram-na ao rei que, longe de bebel-a, der·
ramou-a segundo a narração da Escriptura Sa­
grada, dizendo : Deus me defenda de commetter
um acto semelhante diante do Senhor, bebendo
o sangue destes homens, porque, com perigo de
vida , trouxeram esta agua. Dize tu tambem,
quando o ardor da tentação te vexar: Longe de
m im o pensamento de me abandonar ao deleite
prohibido, em quanto meu Jesus, meu Senhor e
Salvador, derramando todo o sangue de nume­
rosas chagas, fallece de tormentos na Cruz !
E então , derramando tambem tu a bebida
das paixões , diante da face do Senhor, abster­
te-ás , renunciarás , recusarás , farás , em fim , um
sacrificio a Jesus Crucificado !
O santo menino Vito devia so fTrer o duplo martyrio
da pureza e da fé , sustentar um doloroso combate an ·
tes de cingir a con)a da gloria ! Hylas, seu deshumano
pae , procurou com tormentos de toda a espeeie obri­
gai-o a renegar Jesus Christo ; e desalmado, não se com­
moveu da tenra edade de sua victima, que contava ape­
nas doze annos , entregou-o ao prefeito Valeriano , que
ordenou que Vito fosse açoitado cruelmente.

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O santo menino lembrava-se da flagellação de Jesus
c soffria em silencio, permanecendo constante.
Restituido a seu pae, este empregou, para perdel-o,
o mais infame de todos os meios : - a seducção. Sa·
bia que, se lhe tirasse a i nno cen c ia, arrancar-lhe-ia a fé,
c nada poupou neste intuito. ,.udo, porem, foi debalde !
Vito vigiava, orava e luctava, e seu coração conservou­
se inaccessivel aos prazeres mundanos.
Uma vez lhe enviaram uma pessoa depravada para
o arrastar ao peccado do modo mais indigno ; a in·
nocente creança, temendo, a pro p ria fraqueza, fechou os
olhos e orou dizendo : •0' meu Deus, não rejeiteis um
coração contricto e humilhado.>> E, de novo, lembrou·
se de Jesus Crucificado.
Finalmente, o santo menino julgou dever salvar-se
pela fugida, e assim o fez em companhia de seus edu­
cadores Modesto e Crescencia. -- Mais tarde todos Ires.
cahiram nas mãos de Diocleciano que os mandou vil­
mente atormentar. Refere-se que Vito curou , milagro·
samente, o filhinho enfermo de Diocleciano ; apezar di­
sto foi condemnado a morrer queimado numa caldeira
de chumbo fervendo.
O casto corpo do nobre joven ficou illeso. Em se­
guida, os tres martyres foram expostos ás feras ; mas
os leões se deitaram a seus pés, quaes m an so s cordei·
ros. Emfim, conta-se que terminaram seu glorioso mar·
tyrio no cavalletc.
E tu, ó joven, nào poderás tambem, no mo·
mento da tentação, olhar para a Cruz, ou se esti­
veres só , premunir·te com o signal da santa
Cruz? Este signal tem sido sempre victorioso,
pelo que a santa Egreja exclama : Vêde a cruz
do Senhor , fugi, potestades adversarias ; venceu
o Leão da tribu Judá.
--------f i •••• li -

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. 21.
A Pureza,
Fructo da dedicaç ão ao Sagriulo Coraç ão
de ,J esus.

pureza tem a raiz no coraçao. Do coração,


A diz o proprio Salvador é que nascem os
maos pensamentos e os maos desejos, donde se
desenvolvem as obras ··- fructos maos de semente
má. Do coração tambem nascem as santas re-
soluções fructos bons de semente bõa.
Tudo, pois , depende do coração ; por isso é
neccssario que concentres toda a tua solicitude
no empenho de purificai-o cada vez mais, guar­
dando-o sem mancha.
Nesta empreza importante , de que tudo de·
cide, seja o Coração de Jesus a estrella que te
guie; seja Elle teu refugio, teu auxilio. Lembra­
te de que o Coração puríssimo do Filho do ho·
mem, que palpitou na terra, que nunca foi man­
chado pelo sopro immundo de paixão alguma,
que é absolutamente inaccessivel a culpabilidade
humana, está sempre diante de nós sublime, su­
perior ás tempestades terrenas , luzindo como
brilhante fanal que nos aponta o porto no nau­
fragio , ou como refugio seguro no perigo c na
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tormenta ! . . . O' joven, quanto te ama o divino
Coração de teu Mestre ! quanto te deseja ! quanto
te procura defender das ciladas do mundo e da
propria innata corrupção ! . . . .
"Vinde a mim, brada Elle, abrindo-se larga­
mente para receber-nos, vinde a mim, vós todos
que vos achais em trabalhos e tribulações, e eu
vos alliviarei.>, - Vem a mim, diz Elle tambem
a ti, ó joven, e dar-te-ei a verdadeira paz, de que
gosam os limpos de coração; compensar-te-ci de
todos os sacrificios, indispensaveis á pureza, en­
riquecer-te-ci com thesouros especiaes , reserva­
dos ás almas puras.
O' joven , venera intimamente este divino
Coração , centro c fonte de toda a pureza ; ouve
as exhortações que te faz , ensinando-te princi­
palmente a humildade e a mansidão. A humil­
dade é a irmã da pureza ; e manso é somente
aquelle que , em toda a circumstancia , sabe do­
minar o coração. Vês no divino Coração as cham ­
mas ardentes, symbolo do amor celeste, e, enci­
m ando · as a Cruz, emblema da Redempção ? Isto
te ensina que a pureza habita, onde o amor di­
vino consome o amor terrestre, ou, pelo menos,
o purifica, e onde a Cruz, symbolo de abnegação,
alcança a victoria sobre as pretensões da natu­
reza, ainda que seja á custa do proprio sangue.
Bernardino , chamado de Sena, perdeu cedo sua
mãe. Sua irmã, porem, educou-o com todo o cuidado,
e dedicação verdadeiramente maternal. Na idade de
onze annos, começou seus estudos em Sena, e, pela sua
seriedade moral e sua grande modestia, soube impOr o

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maior respeito aos seus companheiros , que interrom·
piam immediatamente as conversas indecorosas , logo
que de longe o avistavam , dizendo : • Calemo-nos ; eis
Bernardino.>>
As palavras licenciosas não só desagradavam sen·
sivclmente ao santo menino , aliás tão manso e tão pa·
cifico, mas quasi excitavam-lhe a ira e a indignação.
E quem poderá dizer, quanto Bernardino amava
seu Senhor e Salvador? I Quantas vezes uniu seu co·
ração ao purissimo Coração de Jesus , para que nesta
fonte de pureza, se tornasse cada vez mais limpo ? ! . . .
Mais tarde entrou para a Ordem de S. Francisco , c,
como missionario e pregador da palavra de Deus , fez
coisas extraordinarias pela salvação das almas.
O' joven , consagra generosamente teu cora­
ção com todos os affectos 1 com todo querer 1 ao
Coração íneffavelmente santo de teu Senhor e
S alvador. Onde poderia teu afflicto, pobre e jo­
ven coração ser melhor amparado do que ahí?
Que morada quererias achar mais digna e
mais capaz de abrigar o teu inexperiente cora­
ção do que o proprío Coração de teu bom Deus?! . .

------"*" . . .

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22.

A Pureza, .
Frncto (lo conhecimento e da V(IDeração
da pnl'issima Virgem Maria.

aria, Virgem Immaculada, toda pura por


M tal prerogatlva,
e,
_ _
escolh1da para M ãe do pu­
ríssimo Deu s ! Que modelo para o joven, para
a virgem, de quem a pureza é a perola mais pre­
cios a ! A h ! se lanças um olhar para EIIa, sentir­
te-ás encantado pela mais bella das virtudes ; tua
coragem reanimar-se-á; combaterás com vanta­
gem os inimigos da virtude angelica e, no meio
dos m i l perigos que te cercam, serás victorioso.
Oh ! não temas nem desanimes. Mari a não
é somente teu m odelo, é tambem tua dcfeza. E'
a torre de escudos que põe á tua disposição,
para venceres inimigos i mpetuosos. Assim res­
guardado, ficarás, incolume entre a chuva de set­
tas ardentes ; não te attingirão as flechadas de
Satanaz ; embntar-se-ão os estimulas sensuaes,
cahirão por terra, impotentes, as lanças mortífe­
ras dos inimigos da tua salvação.
Por tal motivo todas as almas puras tem sido
sempre piedosas e devotadas filhas de Maria
Santíssima. Pergunta-o a um Bernardino, a u m
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Bernardo, a um Casimira, a um Luiz, a !J I11 Esla­
nislau , a um João Berchmans ; e elles dir-te-ão
que , sem cessar, tinham Maria sob as vistas.
Para Maria olham todos aquelles, cujo pharol é
a pureza; sob o m anto protector de M aria abri­
gam-se os que fazem da pureza o seu maior
thesouro.
E Maria, Filha puríssima do Pae celestial,
Esposa i m maculada do Espirito Santo, Mãe pu­
ríssima do Filho puríssimo de Deus, com que
ternura affectuosa , com que ardor m aterno não
pedirá aó Padre, ao Filho, ao Espirito Santo gra­
ças e auxilio para todos os seus filhos que, neste
valle de miserias, prezam mais que tudo a bella
pureza ; que empenho não terá Ella em proteger
principalmente os jovens que não contam sacri­
ficios para conservar , a todo o transe, sempre
formosa esta virtude celestial ? ! . . .
O' joven , procura , pois , conhecer cada vez
mais tua Mãe M aria Santíssima, procura amai-a
com ternura ardente e filial , procura imitai-a
com toda a generosidade, e não te canses de in­
vocal-a com a maior confiança. Quantos , por
seu patrocínio, chegaram a ser anjos neste m u n ­
do ! Dize a miudo, m uito a miudo : «0' Senhora
minha, ó minha Mãe, eu me offereço todo a vós ;
e , em prova de minha devoção para comvosco,
vos consagro neste dia meus olhos , meus ouvi­
dos , minha bocca, meu coração e todo o meu
ser. E porque vos pertenço, ó Mãe incompara­
vel, guardae-me, defendei-me como coisa e pro­
priedade vossa.

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Estanislau Kostka, natural da Polonia, era de des·
cendencia nobre. Fez seus estudos em Vienna, em com­
panhia de seu irmão Paulo, tendo ambos como educa·
dor Bilinsk. Nem Paulo nem Bilinsk combinavam com
Estanislau que era piedoso e vivia afastado do mundo ;
dahi nas ceu a perseguição e a lucta para este ultimo,
porem nada o perturbou. Formando o firme proposito
de conservar-se puro como até então , empregou para
este fim o desprezo do mundo, a mortificação dos sen·
tidos, a recepção frequente dos Sacramentos e um amor
ardente e filial á Virgem Maria.
Tão inimigo era Estanislau de qualquer manifestação
da mais abominavel das paixões, que desmaiou uma vez
que, em sua casa, alguns hospedes proferiram palavras
livres.
O seu exterior angelica era o fiel espelho de sua
alma pura ; sua fronte nobre e calma rellectia o candor
da virgindade , seus olhos claros tinham lampejos do
mundo dos Anjos. Quem via Estanislau , sentia-se at·
trahido para uma virtude tão sobrenatural que até sobre
o corpo derramava os encantos de uma formosura in·
ctfavel.
Este ditoso joven era demasiado bom para que o;us
o deixasse muito tempo no mundo. Primeiro fel-o en·
trar na companhia de Jesus, com l 7 annos de edade, e,
dez mezes depois, no dia da Assumpção da Santa Vir­
gem, em 1568, o levou ao paraiso.
Morreu Estanislau sem molestia apparente. Quasi
que se pode dizer que foi victimado pelo amor de Deus.
Parece que o j ardineiro celeste tinha pressa em colher
tão formoso lirio para celebra•· com os Anjos o trium·
pho da Rainha dos Ceos ! Sim , que Estanislau nunca
falava de Maria senão chamando-a sua terna Mãe. Uma
vez, perguntando-lhe um sacerdote, se amava Mv ia, re­
spondeu : c Como poderei deixar de amal·a , se Ella-C:,
minha Mãe ? ! . . .

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Uma das victimas mais nobres e puras da Revo­
lução franceza foi a piedosa virgem princeza Isabel de
França, irmã do desventurado Rei Martyr Luiz XVI. A's
graças e prendas physicas unia ella as virtudes de uma
santa i possuia uma alma bõa, pura, cheia de dedicação i
·
era mãe dos pobres.
Condemnada á morte com mais 24 pessoas , sup­
postas suas cumplice s , conjurava a todos a que o !fere­
cessem sua vida pela salvação de suas almas e pela feli­
cidade de França. O carro que conduzia Isabel ao la­
gar do supplicio , levava mais duas nobres senhoras.
Observando que uma dellas não estava decentemente
vestida , a Princeza rasgou num momento o seu chale
e offereceu com amabilidade a parte rasgada á compa­
nheira do supplicio , para que podesse cobrir o peito.
Tendo visto correr o sangue de todas as suas infelizes
companheiras, sobe por ultima os degraus do cadafalso,
volve aos ceos um olhar e deixa-se atar. Cahindo então
de seus hombros o chale viram que ella trazia ao pes­
co<;o uma medalha da Virgem Immaculada. Ainda neste
momento Isabel pediu ao ajudante do algoz : «Em nome
de vossa mãe , cobri-me !" Foram as suas derradeiras
palavras , palavras supremas que a histeria registrará
com fiel resumo da sua vida, como reflexo sublime da
pureza angelica de Isabel, protegida pela Virgem Imma­
culada. Tudo estava acabado, consummado o sacrificio,
a Filha de S. Luiz tinha subido ao eco ! os· contem­
poraneos attestam, que no momento em que a real vi­
ctima exhalava o ultimo suspiro, toda a praça da revo­
lução ficou embalsamada como dum perfume de rozas.
Eis-aqui , ó joven , quão semelh ante fica á
Virgem purissim a quem nella, pensando m uitas
vezes, ama·a, venera-a e consagra-se·lhe inteira·
mente;

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23.

A Pureza,
l<'ructo fla imitação tlos Santos.

ncontestavelmente, os Santos que, neste mundo,


I m ais se distinguiram pela pureza, attrahem
mais poderosamente o jove n ; inspiram-lhe dese·
jos de i mitação; excitam-lhe maior confiança e
o animam mais vivamente.
Parecem-lhe entes sobreterrestres, mas deve·
se lembrar , que tambem elles foram , outrora,
mortaes frageis , expostos a todos os perigos, a
todas as insinuações da carne.
Muitos viveram em condições até m uito d i f.
ficeis de conservar a pureza; como por exemplo,
os que viveram nas principaes côrtes , cercados
ele pompas e vaidades, obrigados a frequentarem
todos os divertimentos imaginaveis, cingidos por
todos os lados pelas m aximas de um mundo dis·
soluto e ímpio. Nada parecia mais natural, mais
facil do que vei-os conformarem seus princípios
e costumes aos princípios e costumes dos que
os cercavam. Nada m ais natural e mais facil
do que precipitarem-se na torrente que, embra·
vecida e sem clique , corria-lhes aos pés. Na da
mais natural e mais facil do que, seguindo o ex-
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emplo de seus contemporaneos, esgotarem , ate
ás fezes , a taça do prazer 1 contentando-se com
olferecer ao Senhor os restos de uma vida in·
utilisada , cujas forças tinham sido gastas pelo
peccado ! . . .
Mas não; inteiramente consagraram a Deus
os fulgores de sua j uventude ; conservaram -se,
como se o mundo e a carne não existissem.
Outros Santos houve que, só a custa de scn
sangue, puderam conservar-se puros. Para não
falar no numero incalculavel das Virgens que
assim praticaram, dir·vos-ei que bastantes meni­
nos e adolescentes preferiram perder a vida ter­
restre a m anchar a sua alma, perdendo a pureza.
Outros, cujo numero se conta por legiões,
recuperaram , por combates incruentos , sim, po·
rem laboriosos , e ás vezes bem l ongos , o the·
souro da pureza que h aviam perdido; expiaram
em horriveis mortificações suas faltas passadas :
conquistaram sobre si proprios tal dominio, que
contrastava de um modo frisante com o dominio
anterior da sensualidade.
Com certeza tambem estes desfructam a be­
m aventurança; mas não ignoras, ó joven, que
os primeiros mencionados adquil"iram direitos a
uma recompensa muito maior.
Pelagio era um santo menino , que comprehendia
perfeitamente o valor e o poder da oração. Quando
orava, era com tal fervor, que não havia ruido nem di·
stracção capaz de perturbai-o. Estava convicto de que
somente pelo auxilio da ora•;ão poderia conservar a
heila flor da pureza.

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Gostava muito de ler ou de ouvir ler a vida dos
Santos, notando sempre, com particular cuidado, o que
mais lhe convinha , e perguntando a si proprio : •Por·
que não poderei fazer o que elles fizeram ?>>
E Pelagio obrou muito ace rta damente, preparando·
se pela oração, pela rigorosa vigilancia e p ela conside·
ração das virtudes dos Santos , para o grande combate
que leve que sustentar.
Com a idade de 10 annos foi feito prisioneiro pe·
los Mouros , e arrastado longe da Hespanha , soffrendo
durante 3 annos todos os combates imaginaveis contra
a fé e a pureza.
Sua formosura extraordinaria ainda mais armas for·
necia a seus algozes ; porem apezar de preso pelas
cadeias de escravo, Pelagio conservou-se senhor de si e
de seus verdugos.
A's pretenções de um R e i iniquo oppoz tanta ener·
gia constancia que, cheio de odio, este monstro con·
c
demnou-o a tormentos horrorosos , mandando que os
algozes dilacerassem seu corpo, membro a membro, com
tenazes de ferro.
No dia 6 de Julho de 1902 morreu em Nettuno,
perto de Roma Maria Goretti , menina de 12 annos,
1

martyr gloriosa de sua illibada pureza. Educada por


seus pobres mas virtuosos paes na maior innocencia,
recebeu no dia 29 de Ju nho de 1901 a primeira Com·
munhão, offerecendo·a por seu querido pae que pouco
antes fallecera. Desde então Maria tornou-se verdadeiro
anjo de piedade e caridade na familia, ajudando sua mãe,
com a dmiravel obediencia, em todos os trabalhos de
casa , e cuidando de seus 5 pequenos irmãos. Todos
os mezes ia confessar-se e commungar , sentindo muito
não poder fazel·o mais a miudo por morar longe da
egreja.

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No dia 5 de Julho de 1902 Maria estava sentada
á porta da casa , remendando um vestido. A mãe tra­
balhava na roça , as crianças brincavam perto da casa.
Neste momento entrou Alexandre Serenelli , homem de
20 annos, que morava n a mesma casa , e vendo a me·
nina só, teve a inspiração diabolica de convidai-a a um
peccado infame. Maria , profundamente envergonhada,
treme em todo o corpo e grita : «0' minha mãe ! » O
libertino , porem , tapa-lhe logo a bocca , prostra-a n o
chão e tranca a porta. O amor á virtude inspira á in·
nocente menina uma força sobrehumana; com heroismo
incrivel luta, resiste, não se rende.
O libertino, furioso de não poder vencer uma fraca
criança, lança mão de um punhal de quatro gumes e dá
em sua victima alguns profundos golpes. Comtudo a
heroina consegue livrar-se c grita alto : «Minha m ãe,
minha mãe !»
Mas o assassino furibundo precipita-se de novo so·
brc·a pobresinha, aperta-lhe, com força brutal, a garganta
c vibra a arma m ortal, até que a heroica virgem cahe,
banhada em sangue.
Alexandre, j ulgando-o morta, lança o punhal san·
guinolento atráz de um bahú e foge. Mas preso em
flagrante foi julgado e condemnado pela grande Jury de
Roma n o dia 1 5 de Outubro de 1902.
Maria, embora ferida com 18 punhaladas , viveu
ainda algumas horas , tendo a immcnsa consolação de
receber ainda os santos Sacramentos c, por especial pri·
vilcgio, a fita e medalha das Filhas de Maria.
O en terro da gloriosa martyr parecia um prcstito
triumphal. Acompanharam o carro funebre todo o clero,
os meninos de todos os collegios, as differentes irman·
dades e uma multidão extraordinaria de povo.
No dia 1 0 de Julho de 1 9 04 inaugurou-se, n o San·
tuario de Nossa Senhora da Graça em Nettuno, com a

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maior solemnidade um precioso monumento em me­
1

moria do glorioso martyrio c triumpho da hcroina


christà.
Que dizes 1 o J oven , á vista de tanto heroi­
s m o ? A mini m a opposição é capaz de fazer-te
recuar ; o menor sacri fi cio te assusta.
Como poderemos, cobardes que somos , nos
justificar um di a perante estes generosos ama­
dores da purez a ?

_, ..... .. .,.___. .__

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24.
A Pureza,
}'rncto fle profundo horror ít impureza.
onfrontando-se o feio com o bel!o , este aug­
C menta de esplendor. Seja assim para ti, ó
joven , quando comparares a perola da pureza
com o lodo da terra desprezível , tenebroso, in­
forme, vil, abominavel, digno de ser calcado aos
pés. Não deve a penna tocar neste assumpto
senão de passagem. Diz o Apostolo que o crime
da impureza não deve ser nomeado sequer en­
tre christãos.
Infamar o espírito com imaginações, o cora­
<;ào com desejos, a Iingua com palavras, os ou­
vidos com discursos , os olhos com vistas, o
corpo com acções , - consciente e voluntaria­
mente - é uma degrada<;fw de todo nosso eu
que a Sagrada Escriptura chama profanação do
templo do Espírito Santo. Somos templos de
Deus, "creados por Deus Padre, restaurados por
Deus Filho , consagrados c possui dos pelo Espí­
rito Santo , santificados pelo baptism o , robustc·
cidos pela confirmação, adornados pela frequente
recepção do Santíssimo Sacram ento do Altar,
que faz de nosso peito verdadeiro tabernaculo,
santuario particular do Filho de Deus feito ho­
mem, nosso puríssimo Redemptor.>>
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O templo de Deus, diz S. Paulo , é santo.
E tu és o templo do Deus vivo ! E quereis fa­
zer deste templo sacrosanto u m antro de crimes ?!
Quererias profanai-o, destruil-o , para, com suas
ruinas, construir um pagode de ídolos, onde reine
a i m m undicia ? ! . . . Quererias, nos braços insa­
ciaveis do ardente Molock, fazer o sacrificio hor­
ren do de tua innocencia, da salvação de tua alma
e talvez até da saude de teu corpo ? ! . . .
E quantas vezes , o h ! quantas vezes, o im­
puro perde tambem a fé , afasta este thesouro
preciosisimo de si , para melhor abafar a con­
scienci a ?
Desc,u idando-se , pouco a pouco , da oração,
re tira ndo - se dos santos Sacramentos, consideran­
do i gn o bi l tudo o que é sagrado, nobre e eleva­
do, rompe, finalmente, com a fé ; diz que os my­
sterios da Religião são historias, que o seu deus
é a carne, que não deseja o ceo nem teme o in­
ferno.
lllusão terrivel ! Medonha voragem que tudo
tragará.
Eram dois irmãos de indole muito diversa, O mais
moc;o, imagem viva da pureza na terra, era quasi obje·
c to de veneração para seus collegas ; só conhecia os
caminhos que iam ter á egreja , á escola e á sua tran-
4uilla habitaç•1o. O mais velho, enlevado nas vaidades
do mundo, sempre rodeado de maos companheiros, re·
sistindo sempre aos prudentes conselhos dos homens
sensatos, era surdo ás inspirações da graça , engolfava·
se cada vez mais em todos os vi cios ; tornando-se em
breve conhecidos todos os seus excessos. O exemplo
do mais moço , longe de edificai-o , escandalisava·o; as

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constantes admoe ;tações que lhe fazia molestavam-no a
tal ponto que resolveu livrar-se, por qualquer modo, do
santo insupportavcl, como o chamava, ou então induzil-o
a cahir nos laços de seus proprios crimes.
Em uma tarde mais livre de occupações, o mísera·
vel convenceu seu irm<io a dar com elle um passeio
pelo campo , acompanhando-o a uma Oorcsta proxima,
onde o esperavam os companheiros da maldade. Era
o passeio de Cnim com Abel ! A innocencia do joven
talvez ahi tivesse encontrado uma violenta morte, se o
mesmo Deus , que vingou o primeiro Abel , não se in·
terpuzesse entre o lobo e o cordeiro. Não tinham ainda
chegado á entrada da floresta , quando uma tremenda
tempestade se desencadeou. Ribomba o primeiro tro·
vão, o segundo , o terceiro , e os raios, acompanhando
as convulsões da natureza, se succederam por entre as
arvores que tremem ! . . . Oh ! justiça do ceo ! Caim
cae prostrado pelo raio que o mata, emquanto, a alguns
passos de distancia, está Abel são e salvo !
Mais tarde soube, pelos collegas amedrontados , os
negros planos de seu infeliz irmão, e o joven innocente
comprehendeu toda a grandeza do milagre que revelava
a justiça e a misericordia de Deus.
Vivamente impressionado, renunciou completamente
ao mundo maligno para se consagrar inteiramente pe·
1

los votos mais solemnes e sagrados, ao scrvi<;o de seu


libertador omnipotente.
A que abysmo não conduz o declive deste
unico vicio ! O homem, tornado animal, escravo,
quasi privado da vontade e do raciocinio, sujeito
á mais abominavel e feia das paixões, pesado a
si mesmo e aos outros, objecto de escandalo . . .
Que mais lhe resta senào a desesperaçào, o eter­
no abysmo ? ! . . .
-··-----

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25.

A Pureza,
Fructo (lo (lesprezo do mundo .

a muito se tem dito : "O mundo é o sepulcro


H da innocencia, porque o mundo pertence ex­
clusivamente ao maligno; no mundo tudo é con­
cupiscencia dos olhos , concupiscencia da carne
c soberba da vida.»

Sem cessar, o mundo expõe ás vistas huma-'


nas, e principalmente ás tuas, ó joven inexperi­
ente, os seus suppostos bens, concitando-te a que
os desfructes.
Mostra-te os seus thesouros, riqueza e pra­
zeres, occultandu a maneira 1 pela qual são ad­
quiridos e as suas consequencias funestas.
Pela chave doirada da posse elle te dá o
gozo, a mulleza, o deleite carnal, a riqueza que,
quasi sempre, afasta o cora<;fw do Creador e o
lança na soberba, inimiga da pureza.
Não se cam;a o mundo de apresentar con­
tinuamente a teus olhos as ill usões da vangloria.
Quer que tenhas por i dolo o teu eu , Soberba I
vaidade I toda a escala da idolatria, sub qualquer
nome que appareça. Idolatria essa que escra­
visa a maior parte dos homens que a ella se
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sacrificam. Fica sabendo, porem, que a soberba
é a irmã da impureza, como a humildade é irmã
da virtude opposta. Deus resiste ao soberbo e
dá sua graça aos humildes de coração. E, sem
a graça de Deus, sem mesmo m uitas graças, não
pode haver pureza.
Que direi dos cantos sirenicos do mundo que
não poupa artificios para nos lançar na voragem
da sensualidade ? ! Oh ! pobres jovens que lhes
prestais ouvidos I Cada vez ficareis mais aper­
tados nos círculos encantadores; cada vez sen­
tireis m ais o seu gyro que atordôa , e, escorre­
gando inconscientemente nesta voragem, cahireis
no fundo de tenebroso abysmo. Então tereis
perdido todo o vislumbre da virtude ; não pode­
reis m ais luctar que as forças se alquebraram,
e só vos restará tristeza e remorso.
Quantos desgraçados illudidos amaldiçôam
eternamente o m undo que os seduziu e desgra­
çou e , de algum modo, levantam um grito de
alarma para os infelizes que lhes querem seguir
as pégadas ! O' dizem elles, jovens descuidado­
sos, voltae, voltae que, para vosso exemplo, aqui
estão os nossos soffrimentos.
Sim , volta, ó joven, se queres ficar puro,
desconfia do mundo, não mendigues á sua por·
ta, não prestes demasiada attenção ao que elle
'
te apresenta ; sê cuidadoso , sob rio, continente,
deixa o goso para o ceo , onde h a coisa muito
melhor do que o mundo pode dar, recusa todo
o prazer que só pode ser alcançado á custa da
tranquillidade da consciencia.

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Um dos mais celebres eremitas do 4. scculo foi Santo
Hilarião. Na idade de quinze annos, quiz visitar o santo
eremita Antão, cuja fama se espalhava em todo o Ori·
ente , e , em sua companhia, permaneceu dois mezes,
aprendendo o seu modo de vida. Depois procurou o
deserto que fica entre a Palestina e o Egypto , e numa
prai :::t construiu, com barro e tijolos quebrados, uma cn ­
bana que apenas o podia conter , parecendo mais um
sepulchro do que babitaçfto de um ser vivente. Ahi
praticava a mais rigorosa mortificação dos sentidos, núo
se inquietando com o frio c o calor, a fome c a sede.
Seu alimento, que só tomava depois do sol posto, con·
sistia em algumas fructas.
Todavia experimentou as mais horriveis tentações :
e, para vencei-as, augmentava as mortificações, diminu·
indo o alimento e exclamando muitas vezes : Espera,
corpo mão , jumento preguiçoso, renitente ; sei como te
hei de tratar para ficares manso c domares teus appe :
tites desordenados.
Não contava então as maceracões � as penitencias
e jejuava ainda mais rigorosamente.
Hilarião attingiu a idade de 80 annos.
Nos tempos de S. Jeronyrno ainda existia sua cclla.
O' joven , desconfia do mundo que te odeia.
N ào é elle o inimigo declarado de J esus-Christo ?
o alliado e auxiliador de Satanaz? . . . Porque
não oppões ás suas attrações o energico prote­
sto desta phrase : ''Nào quero b Se o mundo
conseguir roubar-te a pureza, tarde o amaldiçoa·
r ás. E elle zombará de ti , porque alcançou u
que desejava.

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2G.

A Pureza,
}'ructo llo cuhlado no trato com os
homens.

inferno tambem tem seus apostolos. Quan­


O tos homens, uma vez corrompidos, arrastam,
consciente ou inconscientemente, outros á perdi·
<;fw ! Os primeiros srw demonios em figura ele
homens; os segundos são infelizes desgra<;ados
que deixam transbordar o veneno que em si
contem, inficionando tuda o que os cerca. Quan­
to cuidado não te é necessario na escolha dos
que mais familiarmente tratam comtigo , já em
negocias , já em discursos ? ! As más conversas
são meios poderosos de corrupção ; porém os
máos exemplos, a vida desregrada arrastam in­
sensivelmente aquellc que não estiver alerta e
vigilante sobre si ! . . .
Toda a energia e severidade deves oppür á
malicia, quando se desmascára e com eça a lan·
çar sobre ti as primeiras settas envenenadas.
Oh ! é incalculavel o numero de victimas que
fizeram e fazem constantemente os maus amigos !
Quantos jovens inexperientes corromperam-se
por não se terem afastado desses leprosos que,
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'
pouco a pouco , lhes inoculam n' alma as feias
ulceras de que a sua propria está coberta , rou­
bando-lhes, crueis, toda a belleza, vigor e felici­
dade ! . . . Mil vezes melhor não ter amigos do
que possuir um só mao. Realmente, um am igo
mau pode chamar-se verdadeiro inimigo, porque
é um perigo para tua alma , é um ladrão , um
assassino, um demonio a teu respeito.
A pureza é uma joia de incstimavel valor.
A pureza é a vida, o vigor, a belleza da alma;
foge, pois, dos assassinos que fariam de teu co­
ração um cemiterio, lagar de trevas e podridão.
Os livros são tambem amigos bons ou m aos,
funestos ou uteis, corruptores ou salvadores, con­
forme seu conteúdo !
Portanto, querido joven, cuidad o , muito cU.i­
dado com a leitura. Não exponhas a perola da
pureza á intemperança dos porcos; guarda-a com
desvelo e continua vigilancia; lembra-te que u m
dia no ceo , constituirá para ti u m riquíssi mo e
brilhante diadema ! . . .
Gre go rio de Naziazeno c Basilio , que mais tarde,
foi cognominado o Grande, estudaram junto s em Athenas.
Que santos amigos ! que amizade do ceo ! Amigos
que se alliam para a virtude, para a pratica da pureza
c do fiel cumprimento dos deveres, são entre si verda­
deiros anjos da guarda; porem os que se unem para
faze r mal , são os pcores d em o ni o s que possam existir
s ob a m ascara de homens.
O proprio Gregorio escreveu o seguinte : • Não co­
nheciamos senão dois ca mi nhos , um que conduzia á egreja,
onde a cha v am o s os m inistros de Deus, que celebravam
os divinos mysteri os e fortificavam os fieis de Jesus

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Christo com o pão de vida ; e o outro que, embora não
rosse tão frequentado quanto o primeiro , nos conduzia
ás escolas publicas , onde ouviam os os doutores das
sciencias. P
O resultado desta fraterna e virtuosa união foi que
estes dois amigos não fi caram contaminados pela inllu­
encia dos outros estudantes dissolutos que frequentavam
a quella academia, alcmH;ando, finalmente, ambos o gTan
.
de sciencia que tinham ido conquistar.
A di ssolução é inimiga da sciencia ; a piedade, po­
rem, como diz o Apostolo é util para tudo.
Fernando de Verona , incitado uma vez a praticar
uma acção indecorosa, com firmeza resistiu. «Ora, disse
o seductor, de que me serve tua amizade, se nem uma
vez queres tu fazer o que te peço ?e> Fernando respon­
deu : «Ao contrario, de que m e serve a tua, se me in·
stigas ao mal, e a perder a graça de Deus ? •

Não sejas liberal com o titulo de amigo , ó


j0ven ! Experimenta primeiro aque\le a quem
queres dar tua amizade; e, se elle não for seria,
modesto , puro , piedoso, deixa-o seguir sosinho
seu caminho, e dirige-te, sem elle, para o unico
fim a que te deves propor : -- a salvação de tua
alma.

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27.

A Pureza,
Fructo do amor ao trabalho.

enhum proverbio é mais confirmado pela ex­


N periencia do que o seguinte : A ociosidade
é a mãe de todos os vicias. A principal origem
da impureza é a inactividade. O espírito occu­
pado prende-se ao que faz, e não se deixa levar
pela imaginação que arrasta o ocioso na lama
da corrupção, enchendo-lhe a alma de immundi·
cia, da qual saheml, como de aguas podres, ex·
halações pestilenciaes e odores venenosos.
A actividade constante, o trabalho bem re­
gulado conservam a alma pura e fazem soprar
pelo espírito a brisa agradavel do bem-estar. O
pensamento inteiramente preoccupado n ão pode
extraviar-se ; é absorto pelo fim a que se propõe
ch egar, repelle o que é fõra de proposito e pensa
unicamente em preluzir como facho á vontade,
nbrigando-a a lhe prestar decidida cooperação.
Além disto, a actividade, bem ordenada, e soli·
cita e m aproveitar cada momento, suppõe a se­
riedade de agir e uma verdadeira abnegação
que, certamente , não deixaráo de produzir bom
effeito, prevenindo as tentações e evitando a der·
rota.
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Nunca o demonio te encontre ocioso, exhorta
S. Jeronymo , que em si mesmo experimentou,
quanto o amor do trabalho é valioso contra as
tentações. Sepultado no deserto , vivendo por
assim dizer de orações, jejuns e macerações do
corpo, reduzido quasi a uma sombra, sentia não
obstante o estimulo da carne do modo mais ver­
gónhoso, vendo-se constantemente perseguido por
elle. O unico meio que teve para conseguir do·
mal-o foi occupar-se com um trabalho tão espi­
nhoso , tão arduo e enfadonho que só uma von­
tade de ferro como a sua, poderia executai-o.
Mas seu triumpho foi completo; e, cheio de
contentam ente , não poude deixar de exclama r :
«Quanto vos agradeço, ó meu Deus , q u e por
meus trabalhos, por minhas fadigas, me tenhais
concedido o consolo, a paz, a tran quillidade que
tanto almejava» ! . . .
Portanto, joven querido, nunca fiques ocioso;
lê, escreve ou faze qualquer outra occupação;
dedica-te com zelo ao cumprimento dos deveres
de teu estado , procura cultivar os talentos que
do Senhor recebeste , para melhor glorificai-o.
Seja a tua ambição tornar·te, para a alegria da
Egreja de J esus, para a consolação de teus paes,
para o hem do proximo, um membro utilíssimo
da sociedade humana, desempenhando com van­
tagem os deveres inherentes á posição em que
fores collocado pela Providencia divina.
João Berchmans , de Diest em Brabante , filho de
;imples cidadãos , foi uma flor perfumosa e agradavel.

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Diz a sua biograpbia que elle era tão amavel e tinha
tanta candura em todos os seus actos , que muitas fa·
milias nobres solicitavam de seus paes a permissão de
terem em seu lar este anjo da terra.
O archipresbytero Ernrnerich attcsta autbenticarncn·
te, que João Berchmans era um anjo, pela sua pureza.
Todos os que o conheciam eram obrigados a confessar,
q ue nelle se encerrava um thesouro de virtudes ; seus
mestres diziam que «João era tão innocente que chegava
a desconhecer os nomes dos peccados em que a moci­
dade costuma cahir.»
Tratava todos os seus companheiros com a ffabili ·
da de , mas não tinha familiaridade particular com ne·
nhum ; fugia cauteloso, daquelles em que notava inclina·
,

ção para a vida dissoluta.


Moderado no falar , passava o tempo que os estu·
dos lhe de i xa vam livre , orando em casa ou na egreja,
e trabalhando.
Completando 16 annos , entrou para a Co mp anh i a
de Jesus em Mecbeln : mais tarde foi enviado a Roma
para continuar seus estudos ; morrendo porem com 2 1
annos.
Nada fez de cxtraordinario durante a vida. Amou
a sua regra c observou·a sempre pontualmente, com a
maior delicadeza de consciencia. No seu leito de morte,
segurava entre as mãos o livrinho que a continha , e
exclamava, unindo o rosario e o crucifixo : «Com estas
Ires coisas morrerei contente.»
Entre as maxirnas encontradas nos papeis que dei­
xou, acham-se estas :- Nada cumpre que eu evite mais
do que a ociosidade, a tristeza e a familiaridade. -- Só
posso ter certeza de minha salvação , consagrando a
Maria urna inteira e fi l ia l devoção. A primeira destas
duas maximas é um conselho precioso , principalmente
para o joven que deseja conservar a pureza.

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Sim, querido joven , evita cuidadosamente a
ociosidade. A assiduidade no trabalho, nascida
do sentimento do dever, procurando exclusiva­
mente a gloria de Deus , activada no seu amor,
é um excellente meio de afugentar as tentações
e de repellil-as victoriosamente. Pergunta aos
Santos, aqu�lles que , no deserto , só interrompi­
am o trabalho manual para consagrar-se á ora·
ção ; elles t'o affirmarão.

-----7-n-+•---- ---

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28.
A Pureza,
Fructo de continuo combate.

e a vida terrena do homem em geral é um


S continuo combate, este torna-se mais renhido
na juventude ; e se não podemos al cançar nem
conservar bem moral nenhum sem lucta, quanto
mais a pureza I Compenetra-te desta verdade,
ó joven , reveste-te de santa armadura, e , cora'.
joso, pelej a ! Peleja imperterrito, animoso. Teme
o grande numero dos adversarios, receia seus
ardis, sua malicia c seu furór. Considera a in­
numera multidão dos que fraquearam antes de
ti e procura ganhar a victoria final.
Para te animar, dize como outr' ora Santo
Agostinh o : Porque não poderei eu fazer o que
outros, antes de mim, fizeram ? Satanaz foge da
alma corajosa, porque escripto está : • Resisti ao
diabo e elte fugirá de vós :• S. Tiago 4, 7.
O mundo recúa tambem diante do christão
que peleja com denodo. A sensualidade, embora
não possa ser extirpada radicalmente, tornar-se-á,
com tudo pelo ferro e fogo da mortificação , um
resto innoxio. Compara o joven pastor David
com o grosseiro gigante Golias ; houve já, por
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acaso, combate mais deseguai ? e , no entanto, o
fraco triumphou do forte , não somente porque
pelejava por Deus e com Deus , mas tambem
porque era impavido , agi! e valente. Ouve as
palavras do heróe no m omento do combate : «Tu
vens contra mim armado de espada, lança e es·
cu.do, e eu dirijo-me a ti em nome do Senhor
Deus dos exercitas que te entregará em minhas
mãos.• E' preciso, outrosim, não esfriar no com·
bate, ter a mesma constancia até o fim. Nenhu­
ma victoria te deve encher de orgulho ou indu­
zir-te á preguiça ou ao descanço. Vigia sempre
e, como diz o Apostolo, cingido com a verdade,
vestido com a couraça da j ustiça, calç ado com
a promptidão do Evangelho da paz, escudado na
fé, com a qual poderás apagar todos os dardos
do maligno, e tendo o capacete da salvação e a
espada do Espírito, que é a palavra de Deus.,,
Ephes. 6, 1 1- 18.
A victoria final será tua, ó joven , porque
neste combate só perece o que assim quer ; e
victorioso, espera a corôa que não é negada a
quem tiver legitimamente combatido.
Josaphat era filho do rei da India. S. João Dama·
sceno nos conla a sua conversão por Balaam , seus
grandes combates pela fé e sua victoria final. Se bem
que educado entre pompas e opulencias , distinguiu-se
tanto pela sua pureza, que mereceu servir, nas mãos de
Deus, de instrumento de conversão para seu pae Aben­
ner e para todo o seu povo.
Tendo seu p'ae empregado debalde todos os meios
para fazel·o voltar á idolatria , executou , com . uma ta c-

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tica verdadeiramente diabolica , o plano que lhe acon·
selhou um homem , instigado sem duvida pelo inferno,
conhecedor da fraqueza humana e da inclinação quasi
indomavel dos moços para a sensualidade.
Encerrou o innocente joven em um palacio, unica·
mente habitado por pessOas libidinosas, que tinham re­
cebido expressa ordem de seduzil-o e roubar-lhe a pre­
ciosa perola da innocencia. Oh ! terrivel combate ! . . .
Que medonha lu c ta ! ! . . . A todo o transe, porem, quiz
Josaphat conservar sua alma pura , immaculada a veste
candida , que recebera no seu baptismo. Oppunha o
amor ao amor ; isto é , o amor divino ao impuro ; !em·
brava-se constantemente da belleza e felicidade ineffaveis
de que gosam as almas puras no reino de Jesus Chri·
sto, acompanhando o Cordeiro sem mancha ; e tambem
daquellas infelizes que , tendo maculado o vestido nup·
cial , são lançadas , presas de pés e mãos , nas trevas
exteriores. Com estes pensamentos, e derramando tor·
rentes de lagrimas, batia no peito, afugentando as idéas
más , como moscas importunas. Depois erguendo as
mãos ao ceo, invocava o auxilio de Deus, exclamando :
O' meu Senhor, esperança dos fracos c de todos os
que precisam de soccorro, lembrae-Vos de mim , vosso
servo inutil, olhae·me benignamente , e , misericordioso,
livrae a minha alma da espada diabolica; não me dei·
xeis cahir nas mãos dos meus inimigos, nem se gloriem
de mim os que me odeiam por malicia ; não permittais,
que meu corpo que vos é consagrado , e que prometti
conservar illibado , seja profanado. Porqfte eu suspiro
por Vós, meu Deus, e só a Vós adoro : Padre, Filho c
Espirito Santo para sempre. Amen.» Assim venceu o
santo joven vigiando , e orando e combatendo com o
auxilio da graça divina, todas as tentações. Puro entrou
no combate, e puro delle sahiu, convertendo finalmente
seu pac e quasi todo o povo , por suas virtudes ange­
licas.

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--+@ 100 �
Que magnifico espectaculo para o ceo ! -
um joven , indefeso , combatendo com tanto ar­
dor I ! . . . Que opprobrio para Satanaz sentir na
cerviz o pé vencedor de fracos meninos ! I . . .
N ão desanimes jamais, querido j oven : os que
te ajudam são mais numerosos do que os que
trabalham contra ti !

. . ..

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29.

A Pureza,
�Frncto fl<� generosa abnegaç ão.

' joven, vai ainda mais longe. N ão somente


O defende-te dos teus inimigos : Satanaz, mundo
e carn e , m as ataca-os , derrota-os , lança-os por

terra. Dize com o Apostolo : « Ü mundo está cru­


cificado para mim e eu para o mundo.» Gal. 4, 14.
Cinge-te com a espada da mortificação , e sahe
para a santa cruzada que deves fazer contra ti
proprio, contra tua carne, e teu capricho. Apren­
de a mortificar-te em coisas licitas , para que
mais facilmente te venças em coisas illicitas.
Doma, crucifica, atormenta tua carne, p ara que
ella menos força tenha p ara te combater, m ole­
star e atormentar. Subtrahe-te, quando a graça
a isto te impellir, ou as tentações o tornarem
util , ao que te fõr superfluo na comida , na be­
bid a , no descanço e na commodidade. N ão at­
tendas aos gemidos da natureza. Trata tua carne
como tua m aior inimiga; não lhe concedas os
regalos que pede.
Coisa admiravel ! Os jovens , cuj a pureza
mais brilhante é, são justamente os que m ars se
mortificaram. Lembra-te de Benedicto, de Aloy­
sio e Estanislau. Estes Santos procuraram, por
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� 102 llf+--

assim dizer, o inimigo na propria fortaleza ; ata­


caram-no, sitiaram-no e moveram-lhe rude guerra;
- tactica admiravel e divina que os conduziu
sempre á victoria.
Admira tantos jovens que, no perpassar dos
scculos, renunciaram ás commodidades da vida,
él.os bens , ás honras , ás esperanças mundanas,
sepultando-se em desertos, guerreando a propria
natureza, somente mortificando-se, jej uando, tra­
balhando incessantemente , impondo-se vigilias,
e tudo isto pelo amor da pureza, procurando
conservai-a ou reeuperal-a. Cercaram-se de espi­
nhos, para que a açucena da pureza estivesse
segura. Mortificaram o prazer por meio da dôr;
compraram a vida pela morte de si mesmos , a
paz, aqui e na eternidade, pela guerra sem tre­
guas.
Joven delicado, como dominarás a carne, se
não sabes impor-lhe a tua vontade ? ! . . .
Constantino , quando monarcha, deixou-se arrastar
muitas vezes á pratica de actos despoticos, precipitados
c violentos.

Crisp o , seu filho do primeiro casal , era um joven


de rara belleza, de grande valor, e, ainda mais, de ex·
traordinaria pureza. Fausta , sua madrasta , procurou
roubar-lhe a innocencia ; porem elle, qual outro Jose,
frustrou-lhe os negros planos , fugindo daquella mulher
infame que , mudando em adio o seu apaixonado amor,
accusou-o, perante Constantino, de haver commettido c
mais hediondo crime. O imperador precipitado con­ 1

demnou seu innocente filho sem ou vil-o , mandando-lhe


1

comida envenenada.

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� 103 !!.!+--
Mais tarde, a impia Fausta confessou publicamente
seu crime, e foi lambem sentenciada.
Quantos Santos preferiram os tormentos e até a
morte á perda da pureza virginal ! Uma das primeiras
entre mil virgens martyres foi Potamiana , uma pobre
escrava , mas de rara formosura. Não querendo por
forma alguma perder sua virtude , resistia constante e
heroicamente ás seducções e propostas de seu amo pa·
gão. Em consequccia disso, accusada como christã, P o·
tamiana foi conduzida á presença do Prefeito romano,
o qual lhe mostrou um por um todos os instrumentos
do supplicio, explicando-lhe o modo de applicação ; tudo
isto , porem , causou a Potamiana tão pouca impressão,
como quando seu senhor lhe mostrava as perolas e joias
que lhe promettera , si consentisse no que elle queria.
Então o Prefeito a fez atormentar a principio um pouco,
depois m ais , e pela terceira vez redobrou, sem que pu·
desse abalal·a de sua firme resolução.
O Prefeito irritou-se , vendo que a virgem despre·
sava os tormentos applicados c inventou um novo. De·
baixo de uma caldeira cheia de pêz, mandou accender
uma grande fogueira , e quando essa materia já estava
derretida e fervendo , o Prefeito disse a Potamiana :
c< Agora vê ; ou fazes a vontade a teu amo, ou te mando
arrojar dentro desta caldeira.» Ella respondeu tranquil·
lamente : • Deus me defenda de um juiz tão injusto que
me manda praticar coisa tão impura.» Então o Prefeito,
ebrio de ira , mandou que a arrojassem despida dentro
da caldeira. «Senhor disse ella , peço· vos que não me
mandeis despir, antes pouco a pouco me mettam na cal·
deira. » Como o mettel·a dessa forma na caldeira pro·
longava consideravelmente o tormento do ma rtyrio , o
Prefeito consentiu no pedido. Foi pois suspensa por
cadeias que lhe amarraram o corpo e os braços, posta
sobre a caldeira , e mettida lentamente no pez que fer·
via. Potarniana expirou depois de tres horas de tor·

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-+E! 104 9+-
mentos, levando a palma de pureza immaculada e a co­
rôa do martyrio.
É uma verdade incontestavel : O reino de
Deus soffre violencia; e somente os que fazem
violencia o conquistam.
Ai de nós cobardes ! Queremos ser puros ;
mas ferir-nos , mortificar-nos, dominar a carne
pelo espirito, isto não, horrorisa-nos, intimida­
nos !
O' Deus de longanimidade infinita, tende
paciencia comnosco I
O' Deus de fortaleza, fortificae-nos !

. . ._ __ _

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30.

A Pureza,
.Fonte dn mais agrtt(lavel paz.

antaram os Anjos no nascimento de Jesus :


C Paz na terra aos homens de bõa vontade.
De boa vontade é o joven que nào só evita o
peccado em geral , porem mais particularmente,
o pcccado impuro. Sim , tem optima vontade,
porque somente por meio de serios combates é
que chega a obter coisa tão sublime e pode con·
duzir sua fragil barca entre recifes temerosos e
de toda a especie. Tem optima vontade, porque .
presta ouvidos á voz d a consciencia e coopera
fielmente com a graça de Deus.
Mas, em recompensa dessa bõa vontade, que
paz ! que consolo ! que bem estar interior des­
fructa o joven que se dedica á pureza ! . . . Estes
bens gosa-os como resultado do combate victo·
rioso , como recompensa da fidelidada provada,
como santo dote da heroica abnegação !
Paz , thesouro precioso que se encontra no
olhar puro e claro da innocencia! cAs estrellas,
as flores , os fulgentes olhos da innocencia são
como umas reliquias do paraiso,» costumava di·
zer um engenhoso e santo religioso.
Paz! não te circumda ella na proximidade
daquelle que é puro , como o bemfazejo ar am­
biente ?
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� 106 �
A ingenuidade, a moderação no falar, a mo­
destia no procedimento e , ás vezes , a amabili­
dade de todo o exterior, quanto b_e m faz, quanto
allivi a ! É como o benefico sopro do ar natal,
que nada substitue.
Considera uma tranquilla paizagem, á suave
luz do sol poente; o lago límpido , calmo , mar­
ginado de risonhas campinas que sustentam fer ­
teis outeiros, donde se descortinam m attas esplen­
didas ! Depois de te recreares com esta deliciosa
visão , lança teus olhos para o espectaculo hor­
ripilante de uma tempestade ! As nuvens, como
negros phantasmas , movem-se; o lago, agitado
e convulso , perde a placidez que o aformoseia ;
ouve-se o bramir das ondas ; as arvores das mat­
tas inclinam as copas, os ramos quebram-se, ge­
mem os tronco s ; ribomba o trovão ; a escuridão,
cada vez mais, se accentúa ; a natureza apresenta
sombrio aspecto ! Toda ella está revolta.
O primeiro quadro representa a paz de que
gosa a alma pura; o segundo , symbolisa a in­
quietação , os tormentos que acarretam as pai­
xões ! . . . .
Em certa occasião num grande navio um grupo de
rudes grumetes divertiam-se calorosamente , rodeando
um seu camarada, moço de 15 annos que lia tranquillo,
sentado em uma corda enrolada. •Carola , preguiçoso,
hypocrita» vociferavam em altos brados. E, acto continuo,
descarregam um murro na Imitação de Christo que o joven
tinha nas mãos, e a fizeram cahir. Não satisfeitos com
este acto brutal, atiram, com um pontapé, o livrinho ao
mar; e, soltando gritos triumphaes, retiram-se. Porem,
Alfé, como o chamavam, não era carola, preguiçoso ou

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413 107 �

hypocrita. Filho de bôa familia, recebera no baptismo o


nome de Alfredo ; era alegre, m odesto, applicado ao tra­
balho. De forma alguma partilhava as indecencias de
seus immoraes camaradas, o que lhe valia muitas vezes
vexames e os mais crueis tormentos.
Que heroismo o conservar-se puro , como elle , no
convivia de rudes grumetes ! . . . Naquelle dia , depois
do que narramos, Alfredo desceu, como fazia muitas ve­
zes , a um canto escondido do porão , chorou e orou,
terminando, como sempre , a sua prece por estas pala­
vras : O' meu Jesus, que tudo venha sobre mim, pouco
importa ; mas preservae a minha innocencia ! . . .
Quem poderá descrever a admiração que se apo­
derou de toda aquella horda brutal, quando, no dia im­
mediato , na hora do descanço , viram o rapaz sentado
placidamente, tendo o seu livrinho nas mãos !
Alfredo não revelou seu segredo. Na noite ante­
rior , tendo casualmente que fazer, num dos botes sus­
pensos ao lado do navio, achou o seu pequeno thesouro,
que justamente lá cahira.
Este acontecimento, apparentemente milagroso, pro­
duziu nos jovens marinheiros completa transformação de
sentimentos. Começaram a estimar Alfredo, e até che­
gavam a pedir que lhes lesse alguma coisa de seu mi­
raculoso livrinho. Depois quizeram aprender a ler.
Pouco a pouco emmudeceram as çantigas immoraes , c
as conversas, ainda mais perniciosas, tornando-se o Al­
fredo apostato amado dos que antes o odiavam e ator·
mentavam.
Eis como Deus abençôa a pureza, a pacien­
cia, a confiança ! Eis como a consciencia de um
coração limpo dá a paz consoladora até ás tem­
pestades externas I

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:n.

A Pureza,
}'onte de santa alegria.

ter: � ' este valle de lagrimas, este � ogar de


A ex1ho , não é propno _ para a alcgna. N âo
obstante, aquelle que tem confiança de estar na
graça de Deus, aquelle, principalmente, que tem
o coração puro , pode e deve alegrar-se. Rego·
sija·te, pois, ó joven de coração puro, regosija-te
em tua juventude, como diz á Sagrada Escri­
ptura. Tens razão para isso, porque sabes que
Deus está contente comtigo. E porque deixaria
de o estar, se temes de offendel-o, se te espan­
tas até da sombra do pei!ccado? Oh ! com que
agrado seus olhos purissimos repousam sobre
tua alma imm aculada , sobre teu corpo consa­
grado á santa honestidade. Podes, portanto, vi­
ver num m ar de alegrias.
Tens razão de regosij ar-te , porque na casa
de teu coração reina a ordem.
Nelle as paixões brutaes não se enfurecem
umas contra as outras, m as estão sempre domi­
nadas , e calcada aos pés a mais imperiosa, a
mais insaciavel de todas - a sensualidade.
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� 109 8+-
Tens razão para viver alegre , porque teu
corpo não é escravo da infame tyrannia do pec­
cado. Qual amei a, radiante e pura do santua­
rio , verdadeiramente digno de Deus , eleva-se
sobre a podridão e as ruínas de innocencias estra­
gadas que, por toda a parte, cobrem a terra.
Tens razão de regosijar-te , porque tua con­
sciencia, que sempre ouviste, que não m altrata­
ste, que não condemnaste a um silencio mortal,
te dá bom testemunho. E, para o futuro, ó que­
rido joven, continua a ouvir-lhe a doce voz, a
escutar-lhe os avisos 1 a seguir-lhe os conselhos.
Tendo a consciencia limpa , terás perfeito des­
canço.
O vicio é sempre tenebroso 1 vexativo, des­
h armonico com todos e comsigo mesmo. Quan­
tas vezes o seu riso momentaneo é apenas a
sombria expressão da libertinagem que, seme­
lhante a uma onda encapellada, em breve se
desfaz ! . . .
A virtude , particularmente a pureza, com­
munica ao espírito estabilidade , á alma, harmo­
nia de affectos, á fronte, serena alegria, aos olhos,
suave e claro brilho ! . . . Como eleva, ennobrece
e transfigura totalmente o homem ! . . .
Nada mais tocante do que a legenda do pequeno
favorito da Virgem Mãe c do Menino Jesu s , o Bem a­
venturado Hermano José.
Menino de admiravel pureza de coração, fugia cui­
dadosamente de mãos companheiros e de jogos turbu­
lentos. Em Jogar nenhum permanecia com mais gosto
do que na egreja , e especialmente diante de uma ima-

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gem da Mãe de Deus, a quem, desde a mais tenra ida·
de, escolhera para sua mãe.
Ainda hoje m ostra-se em Colonia, na egreja de N.
s.a do Capitolio , o Jogar em que, com toda a simplici·
dade infantil, conversava elle com Maria e o Menino Jc·
s u s, segundo dizem.
Antes de ir á escola, vinha saudar, a Mãe de Deus,
e permanecia junto della, emquanto seus collegas diver·
tiam-se , depois de terminados os trabalhos escolares.
Nada para Hermano se podia comparar a este Jogar
bem dito.
Uma vez trouxe comsigo uma bonita maçã; e, se­
guindo o impulso de seu innocente e amante coração,
olfereceu-a ao divino Menino. Estendeu para a imagem
a mãosinha que segurava a feliz maçã, e com immen�o
prazer, viu Jesus acceital-a.
Outra vez , era no inverno, o pobre menino appa·
receu descalço diante da imagem , orando com todo o
fervor apezar de tiritar de frio. A doce Virgem , per·
guntou-lhe com ternura : •Hermano , porque andas des·
calço neste tempo de frio?» Não tenho sapatos , re·
spondeu a creança. E Maria , apontando para uma pe­
dra, replicou : •Embaixo daquella pedra encontrarás o
dinheiro necessario, não somente agora, mas no futuro.
Vem buscai-o com confiança todas as vezes que tiveres
necessidade. •
Os outros meninos , sabendo que Hermano achava
dinheiro embaixo da pedra , vieram tambem procurai-o,
porem , debalde. Não eram puros como seu campa·
nheiro, nem como elle sabiam amar a Santa Virgem, por
isso eram indignos de um tal favor.
A pureza deste innocente menino era tal que , en·
trando mais tarde para o convento de Steinfeldi a , lhe
deram o nome do virginal esposo de Maria, ficando ap·
ralli dado Hermano José.

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-+:E! 1 1 1 �
Talvez tu mesmo já tenhas tido occasião de
comparar a dissolução brutal de muitos com a
alegria tranquilla e serena de outros.
Na verdade , donde poderia vir alegria ver­
dadeira e duravel senão de um coração puro, fiel
amante de Deus e de\le tambem amado e que­
rido?

.. . .

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32.

A Pureza,
·
Fonte (]e muitas ben ç ãos tenl})Ol'aes.

f\ o calcanhar do vicio prendem-se , muitas ve�


.f"\ zes, certas consequencias terrestres que, em
grande escala, correspondem á natureza da pai­
xão, donde provem.
O mesmo se dá com a virtude em relação
ás bençãos terrestres que a acompanham. Cer­
tamente a virtude, olhando primeiramente p ara
Deus, espera antes de tudo uma recompensa so­
brenatural e dispensa a terrestre. Todavia , o
Deus de bondade, não raras vezes , derrama as
bençãos de j ustiça remunerativa sobre os virtuo­
sos, tanto para recompensal-os, como para afas­
tar do mal os corações mundanos, chamando-os
á virtude, pelo attractivo dos bens terrenos.
E a mais amavel ele todas as virtudes, que
tem por objecto principal o corpo , seus mem­
bros e sentidos, como não ha de gosar tambem
de muitas bençãos terrestres ?
A Sagrada Escriptura , fal ando do impuro,
d i z : «l;: um infame, a podridão e os vermes con­
stituirào sua herança e será posto em grande
exemplo. •
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� 113 [iJ+-
Um coração puro , entretanto , communica
tambem ao corpo vigor, força e belleza. Oh !
quanto é formosa uma geração casta e pura ! . . .
para ella se dirigem todas as vistas , para ella
todos se sentem attrahidos I
Não raras vezes, a continencia dá ao joven
uma abundancia de força corporal que previne
a idade , imprime-lhe nas feições um cunho de
sobrenatural; nos olhos uma luz que faisca, com·
move, encanta, fascina. . . . Sim, o exterior de um
joven que pratica a pureza , attrahe, estimula á
virtude, confunde o vicio. Quem tem a ventura
de conhecer de perto uma alma innocente, quem
pode ser testemunha dos seus renhidos comba·
tes , das suas laboriosas luctas, e de suas glo·
rios as victorias, como lhe é affeiçoado ! como se
lhe prende terna e respeitosamente I . . .
Ainda uma vez : Oh ! quanto é formosa uma
geração casta e pura ! Como é honrada diante
de Deus e dos homens !
De Godofredo de Bouillon , heróe da primeira cru·
zada, contam·se prodigios de valor e bravura. Nas ba·
talhas fazia parte das expedições mais arriscadas ; pro·
curava medir a espada com os hastes mais fortes. A
quantos turcos armados de formidavel couraça fez elle
perder a vida, dando profundo golpe, que lhes abria o
corpo da parte superior á se lia I E, quando lhe per·
guntavam, donde lhe vinha tão extraordinaria fortaleza,
respondia : «Minha fortaleza é a pureza, nunca manchei
as mãos na impureza.»
Estando Godofredo um dia em Antiochia, salvou a
vida de um pobre peregrino , perseguido por um urso

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feroz. O medonho animal , irritado , vendo fugir· lhe a
preza, atacou o aggressor, e quasi o prostrou por terra.
Com a mão esquerda , Godofredo segurou a fera,
emquanto com a direita lhe enterrava a espada até o
cabo.
Ainda que os bens terrestres sejam inferio­
res aos celestes, comtudo não podes ser indiffe.
rente aos castigos ou recompensas que teu corpo
experimentar, sendo elle, depois da alm a , o teu
maior bem.
Honra-o, pois, ó querido joven, respeita-o, e
elle tambem servir-te-á de honra.

-- ....- - -

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33.
A Pureza,
Fonte de vigor c for ça de espirito.
odos querem ter caracter e força de espirito,
T ninguem quer parecer fraco , todavia só a
abnegação é a fonte e o signal da força de espi­
rito verdadeiramente christã. Por isso não ad­
mira , que sej am sempre fortes as almas puras.
A força de espirito prova-se na paciencia com
que supporta as contrariedades o homem attri­
bulado. Verdade é que, geralmente, não encon­
tra o joven no seu caminho senão desgostos de
pouca importancia, ITil!-S á proporção que se ad­
iantar em annos, a vida tornar-se-lhe-á cada vez
mais seria, apresentar-lhe-ão dolorosos soffrimen­
tos e ser-lhe-á preciso unir-se á grande m assa
de peregrinos que carregam a cruz. Prescindindo
mesmo da influencia da graça divina, o coração
puro é sempre mais constante, mais paciente do
que outro qualquer, porque está m ais acostuma­
do á renuncia de si mesmo, ao sacrificio, ao de­
sapego do mundo.
A força da alma prova-se no emprehendi­
mento do que é grande e bello, não tratando aqui
do material e sim unicam ente do espiritual. Oh !
quanto ha que aspirar ! quanto que fazer!
E quem pódc melhor comprehender as in­
spirações collectivas da graça, seguir os nobre:,
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impulsos do coração do que a alma pura? Seu
olhar não está obscurecido pela paixão, nem seu
coração corrompido pela molleza; se pensa, ad­
mira , emprehende, executa , tudo nella é su­
blime ! . . .
A verdadeira força de espirito mostra-se na
perseverança. Não é sem contínuos combates,
sem vigílias, orações e trabalhos incessantes que
o homem conserva-se puro, torna-se vencedor da
carne, do sangue, do mundo e do inferno. Esta
perseverança elle a emprega tambem para tudo
o que diz respeito á gloria de Deus e á salva­
ção de sua alma.
Olha para o carvalho poderoso. Suas pro­
fundas raizes enterram-se no centro da terra, ao
longe estende seus vigorosos ramos, eleva a copa
altaneira até o ceo, e sua força communica-sc
da medula á cortiça. Dura seculos, e, mesmo
cortado , empresta firmeza e duração aos obje­
ctos delle fabricados.
Procura tornar-te forte como um carvalho,
ó joven ; defende-te da influencia amollecente do
vicio , robustece-te cada vez mais. Firme e re­
soluto anda pela vereda do bem. Ao mal op­
põe-te com toda a força varonil. Se a occasião
se te apresentar de emprehenderes o bem , em­
bora o emprehendimento seja difficil e grande,
implora a graça de Deus , põe mãos á obra e
persevera.
S. Vicente de Paulo prisioneiro em Tunis fazia
1 1

todo o possível para alliviar a sorte de seus irmãos


christãos que tambem eram escravos. A muitos man·

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--l:!l 1 1 7 �
dava esm olas, a outros , missionarios que os consolas­
sem e os mantivessem na fé, e chegava até a resgatar
algun s .
D a q u ell es tempos referem-se muitos rasgos impor·
!antes de constancia heroica , produzidos pela fé , pel o
temor de Deus e o amor da pureza em jovens meni·
nos. Numa carta, datada de junho de 1 6 4 6 , o missio­
nario Guérin conta a historia de uma creança de 1 1 an ·
nos que , na costa da Inglaterra , cahira nas mãos dos
piratas. Tocada pela graça divina, abj urou a heresia c
co n fesso u com animo in q u ebrantav el a sua fé , no meio
de torturas e cacetadas. «Bate , bate , dizia ao seu
s en h or , corta-me a cabeça , se qu iz e res , m as sab e que
sou c h ri s tão catholico , e , como tal , hei de m orrer .•

E , vol ta n do se para o missionario , accrescentava : • So·


-

cega e , meu pae , estou resolvido a soft'rer tudo , até a


morte , antes do que renegar o meu divino Mestre. •

No dia 26 de julho do mesmo anno , um j o ve n


portuguez de 22 annos foi morto por se recusar con­
stantemente a commetter actos impudentes a que o pro·
vocavam. Pouco tempo depois , outro joven , francez,
foi executado no cavallete , porque, do mesmo modo,
recusou prestar�se a exigencias indecorosas e servir dr.
ins tru m e n to a paixOes infames.
Em 1 648, dois meninos, um francez c outro inglcz,
de 14 annos de idade, soffreram pela fé e pela pureza
toda a especie de tormentos , consegu indo finalmente
desarmar seus algozes.
O h ! sim, a pureza incute animo e coragem.
Os habitantes de Bethulia saudavam a pura Ju­
dith , quando cortou a cabeça do sanhoso Holo­
phernes, com as seguintes palavras : Agiste va­ •

ronilmente, foi corajoso teu coração, porque amas


a castidade.>'

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34.

A Pureza,
Fonte de influencia salutar sobre os
outros.

oda a natureza obedecia outr'ora a nossos


T primeiros p aes , quando elles mesmos, obe­
decendo a Deus , eram reis das creaturas visi­
veis. Pelo peccado tudo alterou-se, desappare­
ceu a amisade de Deus , veiu a escravidão do
peccado , a rebellião das creaturas, e a revolta
em toda a parte.
N ão obstante, diversos homens tiveram, pela
sua santidade, uma permissão especial de Deus
para influir admiravelmente sobre a natureza
irracional e inimiga do homem. Entre estes no­
tam-se, por exemplo , S. Francisco de Assis , o
P.e Anchieta e outros.
Do mesmo modo h a, em todos os tempos,
homens privilegiados que exercem sobre as fe­
ras do mundo moral uma certa soberania , sa­
bendo impõr-se ao reconhecimento e respeito, e
até á influencia e poder.
Este é principalmente o dote da innocencia
que, na lucta com a depravação , não raras ve­
zes é vencedora , convertendo lobos em cordei-
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ros, aguias famintas de preza em pombas paci­
ficas.
Não ha duvida de que o exemplo de um jo­
ven que pratica a pureza produz effeitos mara­
vilhosos. Seu exterior, sua modestia , sua inge­
nuidade amavel, sua alegria moderada attrahem
muitas vezes, ao passo que sua seriedade a toda
a prova, sua delicadeza de consciencia, sua ener­
gia, repellindo toda e qualquer indecencia , sub­
jugam os homens levianos que chegam a viver
em contacto com elle. Ainda mesmo que o vi­
cio impudente zombe algumas vezes do que
chama falta de juizo, exageração, hypocrisia, não
poucas vezes se vêm jovens mal procedidos sen­
tirem·se commovidos na presença de um com­
panheiro innocente e puro e , penetrados de ar­
rependimento sincero, mudarem o modo de vida,
experimentando uma santa inveja pelo bem que
presenceiam. Resumindo , a innocencia é, em
muitas occasiões , uma predica salutar de effei­
tos extraordinarios.
A h I joven querido , sê verdadeiro apostolo
da pureza. Procura banir, onde estiveres, o vi­
cio horrendo, inimigo da luz, com o brilho desta
virtude magnífica. Não hesites em te ausentar
com toda a firmeza e energia do Jogar, onde rei­
narem as conversas escandalosas da dissolução,
promovidas por homens desbriosos; foge das
más companhias, se não queres ter a sorte da
ovelhinha perdida num covil de lobos.
Um menino bom e estimado pela sua virtude, prin­
cipalmente por sua honestidade sem macula, passeando

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� 120 g....
um dia , encontrou um condiscípulo , cujo procedimento
era diametralmente opposto ao seu. Não querendo ser
incivil, Ricardo consentiu ·em ficar na companhia de Lo­
thario. Não era do numero daquelles que julgam que
a bondade deve limitar-se a si proprios, e não tem co­
ragem de arriscar uma palavra revestida de franqueza
para tentar a emenda de um desvairado. Animando-se
na- conversação, disse Ricardo ao companheiro : - Lo­
thario , que farás mais tarde , se agora fazes alarde de
teu indifferentismo religioso , se não sabes occultar no
presente o que se passa em teu coração mundano?
Permanecerás o mesmo ? Ora, respondeu Lothario meio
irritado, pergunta curiosa essa ; o que farei mais tarde,
ver-se-á ; entretanto , pode ser que algum dia me con­
verta , accrescentou maliciosamente. Meus parabens,
então, replicou Ricardo, porque parece que muito pouco
te falta para chegares a ser um deus, visto como te
mostras senhor do futuro, conhecedor do momento ex ­
acto em que te deverás preparar para a morte. Re­
spondeu Lothario : Muitos outros procedem como eu,
gosam da juventude e deixam a penitencia para mais
tarde. Vós outros beatos, sois hypocritas e cheios de
artificios ; verdade é que fazes excepção a esta regra,
conheço-te, aprecio-te e sei que tens um coração recto.
- Agradecido, Lothari o : porem como sabes que somos
hypocritas? Penetras , por ventura , no coração huma­
no'/ E qual o joven, replicou Lothari o , que possa le­
var uma vida tão pura como a que apparentas ? E' im­
possível. Neste caso, disse Ricardo , lambem eu não
posso. E Deus poderia exigir de nós o impossível ? I
Mas , tens razão ; o esforço , puramente humano , não
consegue esta virtude. Quantas vezes, estou certo, não
tiveste vontade de mudar de vida e não o conseguiste,
como mesmo o confessas ? E' preciso ter o auxilio su­
perior da graça divina para sustentar a indecisão da
fraqueza humana. E R ic1rdo explicou a seu compa-

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-+l!c 121 �
nheiro, de um modo claro e simples , a necessidade , a
facilidade e a doçura da oração ; falou dos Sacramen­
tos, e, principalmente, fez o pobre Lothario comprehen·
der que nos graves annos dos combates juvenis , em
que muitas coisas, ou por outra, tudo se decide, faz-se
mister um director espiritual, um amigo paterno que di­
rija , estimule e conforte o joven. O resultado desta
longa conferencia foi levar Ricardo seu companheiro,
meio convertido, á presença de um sacerdote conheci·
do, que, pouco a pouco , com brandura , caridade e pa·
ciencia , conseguiu cicatrisar as feridas mortaes do co·
ração de Lothario. Depois de Deus, dizia este, quando
alguem se admirava de sua mudança de costumes, devo
esta felicidade a meu amigo Ricardo.
Oh ! quanto é bello chamar outros á virtude,
á pureza, a Deus e á eternidade feliz l i A irre­
prehensivel norma de teu procedimento será , ó
joven , o m ais seguro meio de conceder auctori­
dade ás tuas palavras , e que te dará um certo
direito de propagares o reino da virtude.

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85.

A Pureza,
Fonte <le segura decisão , relativamente
ao futuro.
a epoca mais importante da vida do joven,
N quando trata da escolha de estado, muito
importa a luci dez do espirito, os sentimentos
rectos do coração e a predisposiçào de ambos
em receber os soccorros da graça divina, de onde
emanam todos os bens.
Não deves de modo algum tomar decisão
sobre um estado de vida, sem madura reflexão,
feita escrupulosamente , na presença de Deus e
de tua consciencia. Quanto maiores talentos ti­
veres recebido do Altissimo, tanto m ais convém
que ores , supplicando luz e preparando teu co·
ração , para poder satisfactoriamente receber a
graça necessaria, porquanto é mister, que teus
talentos dirij am-se á gloria de Deus que talvez
te reserve uma posição influente na sociedade.
Convence-te plenamente de que m uitos jo­
·:ens, pelos peccados de sua mocidade, pela per­
severança nos maos habitas , e por uma corru­
pção moral, embora interior, se tornam incapa·
zes de uma vocação divina especial , a que ti·
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-:E 123 e.-

nham sido chamados por Deus, e da qual os afa.


stou a maldade de seu coração, inclinado ás coi­
sas da terra e pouco apto a comprehender os
impulsos sobrenaturaes da graça.
Sim; muitos jovens , inobservadores da pu­
reza , perdem a mais sublime das vocações, a
vocação sacerdotal, porque, como revestiria Deus
com o manto do sacerdocio um christão que não
é puro ? I . Como entregar-lhe-ia as chaves do
reino dos ceos ? I . .
Como lhe confiaria o Corpo Immaculado e
o Sangue Precioso de seu Filho U nigenito ? I
Como escolheria taes labias para serem porta­
dores da palavra puríssima da verdade divina,
condemnadora do vicio, exaltadora da virtude,
meio de conversão para os peccadores e de san·
tificação para os j ustos?
E, ainda que taes comprehendessem o ap·
pello da graça , sua molleza os acobardaria , te­
meria tão espinhosa dignidade; desanimar-se-iam,
recuaria m , talvez , perante a responsabilidade,
receando a recahida.
Verdade é que o mais vicioso pode resurgir,
que o mais afastado de Deus pode se chegar a
Elle, que um Saulo pode converter-se em um
P aulo; porem taes milagres da graça não se ope·
ram todos os dias, e é nossa obrigação não pôr
obstaculo de maneira alguma á graça divina que
talvez tenha desígnios misericordiosos sobre nós.
E, sem tratar destas vocações especiaes, falando
mesmo de uma vocação commum , é certo que

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� 124 l!l+-
a mocidade passada no temor de Deus e na pu­
reza de costumes, prepara muito melhor o futuro
do que a molleza e a maldade.
Quantos jovens nobres de caracter e mesmo de fa­
mília se assemelham a pedras preciosas , sepultadas no
lamaçal das ruas ? ! !
• . .

A princeza - viuva Corsino, sentia grande aCflicção,


vendo a crescente depravação de seu filho André. Muitas
vezes, banhada em lagrimas, lhe dizia : •Ah ! meu filho,
foge destes amigos que te arrastam á perdição e dese­
jam constituir-te a deshonra de toda a familia , tornan­
do-te um prego do meu caixão. � Ouvindo estas pala­
vras, commovia-se o joven, promettia emendar-se ; mas
commoção e promessas pouco duravam , e elle conti·
nuava em seus desmandos , levando até , durante um
certo tempo, noites inteiras fóra de casa. Então a prin­
ceza ordenou, que todos os seus famulos se cobrissem
de luto , e ella propria se dirigiu a igreja dos Carmeli­
tas para implorar a graça divina, unica consolação para
as dOres do coração. Ao sahir do templo , encontrou,
em um Cruzeiro proximo, seu André que , estranhando
vel-a de luto , perguntou-lhe quem tinha morri do da fa­
milia. Aqui na rua, não te posso responder , replicou­
lhe a pobre mãe , vamos para a casa. Ahi chegados,
deixou a aCflicta senhora escapar estas phrases : • Per­
guntas , meu filho , por quem estou de luto com todos
os meus ? Acaso ignoras que morreste para nós, e que
choramos a tua e a nossa desgraça ? Oh ! como vejo
realisado o sonho que tive , quando ainda te trazia no
seio ! ! . . . Verdade é que elle se dividia em duas par­
tes; possa eu ser tão ditosa que veja a segunda cum­
prida , como estou vendo a primeira ! . . . E que sonho
tivestes ? inquiriu André. - Sonhei que trazia em meu
seio um lobo que , no liminar do Carmo , converteu-se
em cordeiro. Immediatamente te consagrei a Santa Vir-

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-+I!! 125 �
gem. Como te disse , a primeira parte do meu sonho
re11lisou·se i elfectuar-se-á a segunda 7 Receio muito que
não I . . - Minha mãe, exclamou André, este lobo que
.

vistes e que sou eu, mudar-se-á, eu vol·o asseguro, em


cordeiro i vossas lagrimas e vosso luto tocaram-me e
converteram-me. E André cumpriu sua palavra. Entrou
no convento do Carmo , onde fez rigorosa penitencia,
vivendo tão santamente que chegou a ser eleito bispo
de Fiesole. E' Santo André Corsino, cuja festa a Egreja
celebra no dia 4 de Fevereiro.
Oh ! quantos rodeios fez esta alma antes de chegar
ao fim a que Deus a destinava !
Procura evitar esses rodeios, ó joven ! N ào
poderás preparar-te um bom futuro , desconhe­
cendo e profanando o presente. Vive na pureza,
adorna desde já teu coração pela virtude , e teu
futuro, segundo a vontade de Deus , abrir-se-á
para ti, qual vasto campo de util e honesta acti­
vidade.

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36.

A Pureza,
�Ponte fle lembran ç as consoladoras na
velhice.

uitos h a que, na sua j uventude , só se lem­


M bram do momento presente. Este proce­
der, além de não ser vasa do na prudencia , não
é nada salutar. Quer queiras quer não, chegará
a velhice. Se não és inteiramente estulto , por­
que te expões ao perigo de ser pre cipitado da
estrada do vicio no liminar da eternidade , para
a perd i ç ão que nunca terá fim? Não sabes que
a virilidade e a velhice são o fructo da juven­
tude, que desta brotam aquellas como a semente
sahc da flor ?
A lembran ça de uma j uventude, passada em
p c cca do s é insupportavel; parece-se com um
,

fardo pes a do de que procuramos desembaraçai-­


nos a todo o transe. A h ! quantos se sentem
opprimidos, atormentados na velhice, com a lem­
brança da pe rd a da innoce nc i a , dos annos de
creança profanados , da preciosa juventude de­
sperdiçada1 quando poder-se-ia ter semeado pro-
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� 127 &---
veitosa semente que estaria produzindo fructos
de santificação ! . . . Escuta , ó joven , para teu
exemplo, os gemidos de um Agostinho que só
com a edade de 32 annos despertou do somno
do peccado, seguindo a voz salvadora da graça
que, cada vez mais forte, o instigava. Ah ! ex·
clama elle : Quão tarde comecei a amar-Vos , ó
belleza sempre antiga e sempre nova ! Esta­
veis em mim, e eu Vos procurava fóra; nas bel­
lezas terrenas punha o meu cuidado, sem m e
lembrar de que são obras vossas , e que desap­
parecem perante vossa perfeição infinita. Oh !
miseravel , miseravel que sou ! ! . . . Olha , meu
amigo, podes poupar-te a estes brados l amento­
sos de uma consciencia que, embora arrependi­
d a , foi culpada. Vigia sobre tua innocencia,
guarda-a como a perola mais preciosa, emprega
todos os meios para a conservação da pureza,
e, se por acaso a perderes, lança mão de todos
os recursos para rehavel-a. E, chegando a viri­
lidade e a velhice, olharás satisfeito para a es­
trada que percorreste ; rcgosijar-te-ás como o
heróe encanecido nas honras da victoria que,
com o coração commovido e o pensamento ele­
vado, recorda-se das batalhas que pelejou e das
armas que tomou ao inimigo ; exultarás como o
piloto denodado que mil vezes l ivrou seu navio
das tempestades , dos recifes e dos piratas, tra­
zendo a preciosa carga incolume ao porto da pa­
tria. A velhice é a cÓrôa das honras; mas so­
mente quem trilhou na justiça póde cingil-a, diz
a Sagrada Escriptura.

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--4!! 128 �

O conde Elzeario , da celebre familia de Sabrão,


levou, desde a infancia, uma vida piedosa. Como Santa
Branca , sua mãe o offereceu ao Senhor logo no seu
nascimento.
«0' meu Deus , disse ella , si esta creança deve
algum dia abandonar a vereda segura da virtude, .para
entregar-se ao vicio, arrancai-a á ternura do meu cora·
ção, tomai·a para V õs , depois que as aguas do bapti·
smo a purificarem .>>
E Elzeario conservou·se puro. Pelo seu exterior
modesto, amavel e socegado, attrahia a estima de todos.
Sua maior alegria era dar esmolas aos pobres ; e esta
divina inclinação m anifestou·se, quando ainda se achava
nos braços de sua ama. Crescendo, cumpria com este
dever de catholico no portão do castello, chegando a
levar elle proprio sua comida a um pobre menino fa·
minto, que o vinha esperar no pateo.
Disse Elzeario uma vez a um virtuoso sacerdote :
«Meu desejo ardente é derramar todo o meu sangue
por meu Redemptor.» Mas Deus formava sobre elle
outros designios. Satisfazendo á vontade do rei Carlos
li da Sicilia, desposou·se, muito joven ainda, com a no·
bre e piedosa Delphina de Sinhas , fazendo com ella o
contracto de guardarem a castidade virginal. Não é
possivel conceber interior domestico mais exemplar do
que o de Elzeario e Delphina.
Nelle reinavam a ordem e a fiel observancia dos
mandamentos de Deus e da Igreja. Para seus subditos
era Elzeario um verdadeiro pae , fidalgo e cavalheiro
no sentido mais liberal da palavra. Tal era a confiança
que gosava na cõrte, que o rei Roberto lhe entregou a
educação de seu filho , o duque Carlos de Calabria, e
o incumbiu de pedir para elle, na côrte de França a 1

mão da filha do conde de Valois. Que alegria não era


para Elzeario a recordação da vida pura que Ievára na
mocidade ! Morreu com 38 annos. Sua vida formou

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-+fB 129 �

uma esplendida corôa , matizada por differentes e pre­


ciosas flOres , entre as quaes sobresahe , entretanto , a
delicada açucena da pureza.
O' joven, porque tanto te preoccupas com o
presente que tão depressa foge? ! Se Deus, por
sua misericordia , te conceder um longo porvir1
quererás por ventura assemelhar-te a uma terra
devastada pelo tufão , ou pelo granizo ; ou ao
campo cultivado que eleva para os ceos seus
ramos repletos de seiva, suas folhas verdejantes,
seus fructos nutrientes, e que constitue a alegria
e o encanto dos ceifadores ? !

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37.
A Pureza,
:Fonte de singular allivio na hora da
morte.

ara todbs nós ha de vir o grande dia ; ha de


P soar para todos nós a hora formidavel , a
hora decisiva que term ina o tempo e dá começo
á eternidade interminavel. Prostrados no leito
da morte, acabrunhados pelos seus horrores, sen­
tindo-a nos membros entorpecidos e doloridos,
no olhar envidraçado , no gelido suor da agonia
que nos gotteja da fronte, como j ulgaremos, en­
tão , das coisas deste mundo , dos seus prazeres
sensuaes ? I . . . Que dirá o nosso pobre corpo,
separado apenas por um palmo da cova que o
vae hospedar , dando-lhe por companheiros os
vermes que, brevemente, o destruirão ?! Que pen­
sará do seu passado criminoso ou innocente ?
A h ! dirá talvez : Como tudo é breve ! . . . E , se
a consciencia experimentar o remorso , não po­
derá eximir-se de clamar: Fui m iseravel acima
de toda a expressão ; quem me poderá soccorrer
nesta hora de terror? ! . . . Mas se reconhecer,
que praticou a virtude, feliz sentir-se-á das vi­
ctorias alcançadas, dos combates que travou I . . .
Oh ! se todos podessem voltar do sepulcro,
que excellentes lições nos �nistrariam os que,
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-:El l ill e-
por um prato de lentilhas , por um prazer tran·
sitorio venderam, trahiram, perderam seu direito
de primogenitura e a posse da eterna bemaven·
tu rança.
No j uizo particular, os puros se apresenta­
rão com toda a confiança ; e; mais tarde, no j uizo
universal perante o mundo inteiro , serão reve­
1

ladas, para confusão dos culpados, as luctas in·


cessantes que travaram com o propria natureza,
nas mesmas condições de fraqueza e tentação
que encontraram outros homens. Nessa hora
solemne, lhes será dicto : • Eis os que lavaram
suas vestes e as tingiram no sangue do Cordei­
ro ; vinde, bemditos de meu Pae, e possui o reino
de uma gloria particular , que vos preparou o
Cordeiro Immaculado I Quantos jovens antes de
ti, puderam dizer na morte : •Sou feliz , porque
morro puro ; nunca, ó meu Deus, commetti o pec·
cado abominavel da impureza , mas, pela vossa
graça, delle me defendi ; vigiei, orei , combati e,
cheio de prazer e confiança, espero chegar em
breve á presença da puríssima Mãe de Deus,
dos Santos Anjos, de S. Luiz; desejo sahir deste
despojo mortal que é sempre perigoso para mim.
Meu Deus e meu tudo, recebei-me em vossa mo­
rada celestial, onde não ha m ais receio , porem
tranquillo repouso, eterno triumpho.
Oh ! não desej arias ter a mesma linguagem ?
Achava-se ás portas da morte um menino de doze
annos que levara uma vida exemplar. Sua mãe des 1

consolada e dominada pela mais pungente af/licção, cer·


cava-lhe o pequeno leito, cobrindo-lhe as faces agoni·

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4il 132 �
santes com beijos e lagrimas. O menino , porem , reu­
nindo os ultimos alentos de vida , disse-lhe : «Porque
tanto vos entristeceis, ó minha querida mãe ? Dae an·
tes muitas graças a Deus por me ter concedido conser·
var a innocencia baptismal sem macula até este instante. •
Pou�o depois de proferir estas palavras, traduzindo no
semblante a tranquillidade e alegria, expirou, e foi sem
dúvida recebido entre os Anjos, com os quaes tanto se
assemelhara na terra.
Em opposição a este , adoeceu outro menino, cujo
procedimento era a antithcse do primeiro. Muitas ve·
zes o sacerdote , em quem depositara a confiança , lhe
aconselhara instanternente que se emendasse, que mu·
dasse o seu modo indecente de viver, que era occasião
de escandalo para muitos ; eram baldadas as exhorta·
çoes ! . . . Aterrado o sacerdote , pelo progresso que
notava na molestia , julgou de seu dever avisar, com
todas as precauções, o enfermo que tão pouco prepa·
rado estava para a viagem da etemidade. O h ! como
ficou horrorisado, entrevendo a morte ! Ah ! exclamou :
Se soubesse que morreria tão moç o , minha vida teria
sido outra ! . . . Será possível morrer já? I . . .
Felizmente confessou-se e morreu contricto ; porem
preoccupado com o pensamento de que não dispunha
de tempo para reparar o passado e, da estrada do vi·
cio, passava a comparecer no tribunal de Deus.
Assim acontece muitas vezes : esperar-se lon·
gos annos de vida e ver-se frustrada a esperança
pela chegada traiçoeira da morte, que deixa ape·
nas o momento rapido necessario á formação de
um pensamento, quando se tem atraz de si pec­
cados unicamente, e diante a eternidade I . . . É
horrível ! ! . . . 0' meu Deus, misericordia I

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38.

A Pureza,
Fonte de gloria singular no reino
dos ceos.

o mesmo modo que, no firmamento, uma es­


D trella se distingue de outra pelo brilho, cla­
ridade e influxo que exerce sobre as que rodei­
am-na, assim tambem no ceo alguns bemaventu·
r ados elevam-se sobre os outros , gosam de pri­
vilegios particulares e recebem distincção hon­
rosa. São os que viveram pura e castamente,
que, virgens, entraram para a sala do banquete
celestial. Delles diz a Sagrada Escriptura «que
seguem o Cordeiro para onde quer que vá.,
S. João, falando dos eleitos que se conservaram
virgens, affirma que entoam um cantico novo
diante do throno de Deus , o qual não pó de ser
entoado pelos outros. O grande merecimento da
pureza lhes prepara uma gloria especial. Acham­
se mais proximos do Cordeiro, seus puros labios
conhecem melodias suaves , ignoradas pelos de­
mais escolhidos , e seus dedos sabem tanger a
harpa do Eden. Assim deve ser , porque sua
bocca repudiou a mentira.
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-+f!j 134 �
Mentira é todo o peccado , - engano , falsi­
dade, illusão ; porem não h a nenhum que se possa
comparar com a impureza ; não ha prazeres mais
desabridos, mais vasios, m ais rapidos, mais avil­
tantes , mais venenosos do que os prazeres im­
puros.
Verdade é toda a virtude, porque todo o bem
é verdade ; porem a primeira das virtudes é a
pureza : é de um modo particular o reflexo da
santidade de Deus, e nos imprime o sello da se­
melhança com Elle.
Não é , pois, para admirar que Deus , cujos
caminhos são principalmente verdade e justiça,
recompense de um modo especial aquelles que
nào conhecem a mentira, porque lhe são mais
proximos , sendo-lhe mais semelhantes; são por
Elle distinguidos , porque o combate que trava­
ram contra Satanaz, pae e principio da mentira,
e contra o mundo, cuja figura enganadora é tran­
sitaria, foi mais renhido. E, emquanto os escra­
vos d a feia paixão soffrem nos abysmos do in­
terno tormentos particulares e sing�ar desprezo,
a humilde innocencia é coroada nos ceos de um
modo especial , recebendo de todos os Santos e
de todos os Anjos olhares de respeito, hymnos
de admiração ; são considerados como o s primei.·
ros entre os pri meiros dos filhos da terra por
Deus e pelo Cordeiro Immaculado.
O conhecido amigo da juventude, S. Filippe Nery,
era, em Roma , confessor de grande numero de jovens
que com filial confiança, lhe seguiam os conselhos.

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-4il 135 �
Entre elles havia um príncipe, chamado Paulo Ma·
ximo, muito piedoso e innocente.
Na idade de 14 annos , adoeceu gravemente , tcin­
nando-se a m olestia , Cri) breve espaço de tempo, fataL
Mandaram chamar S. Filippe que estava naquella occa.·
sião celebrando o santo sacrificio da Mis.sa. Terminado
este , o Santo corre á casa do enfermo ; ahi chegando,
porem , leu na physionomia dos criados a maior· con·
sternação , reveladora do grande contratempo. Paulo
morrera, delle só restava um cadaver, velado pelo triste
pae , entre lagrimas e soluços ! S. Filippe , afnicto por
este acontecimento, lançou-se cons ternado sobre o corpo
do morto, agitou-o, aspergiu-o com agua benta e gritou
com voz penetrante : Paulo, Paulo, Paulo ! . . .
Então, no meio do maior pasmo, viram os circum·
stantes Paulo abrir os olhos, fitai-os, admirado, em re·
dor de si , e fixando-os depois no padre, parecia per·
guntar-lhe : Porque me despertastes ! ? Paul o , ex·
clamou S. Filippe, queres viver ainda? ou queres tornar
a morrer ? - O' meu pae, ·respondeu o pequeno, vi no
ceo a minha mãe e minha irmã , quero morrer.>> - Jo:
Paulo , dando um suspiro , fechou novamente os olhos
á luz terrena.
Ainda hoje celebra-se todos os annos , no dia 1 1;
de Março, no palacio de Maximi no quarto em que Paulo
l'alleceu e que foi transformado em capella, a santa Missa
em memoria do acontecimento que relatamos.
Quanto é doce morrer em estado de pureza ! Quanto
é sublime e magnífico o ceo dos puros ! A vida, mes·
m o a de um príncipe, nada vale , quando se tenha en·
trevisto a morada da eterna recompensa, reservada aos
puros, ainda que esta visão fosse de alguns minutos ! . .
E agora, ó joven , que pensas da perola ? . . .
Não a julgas preciosa? Não a queres possuir,
ainda que á custa da grandes fadigas , sangren·

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-o:J!J 136 �
tas bata-lhas e graves combates? Não a queres
conservar , mesmo com os maiores sacrificios ?
Coragem ! Lembra-te da formosura d a pureza,
do quanto é preciosa e cara diante de Deus, das
bençãos que accarreta, do galardão que a espera
na eternidade ! . . .
Sirvam- te de poderoso incentivo os exem·
pios de tantos meninos e jovens corajosos e vir·
tuosos ! Segue as pegadas destes sublimes he­
róes. Procura ganhar o ceo que Deus reserva
aos puros !

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ORAÇÕES E DEVOÇÕES.

ORAÇÃO DA MANHÃ.
As primicias do dia por direito pertencem a Deus
c devem-lhe ser consagradas. Por isso, ao levantar do
leito , faze immediatamente o signal da cruz , dizendo
depois :
Jesus , meu Deus eu Vos amo sobre todas
as coisas; vinde a mim e ficae commigo !
O' Maria, Mãe de Deus e minha Mãe, rogae
por mim.
Uma v e z vestido , prostra-te de joelhos diante de
Deus e dize com todo o fervor :

Acto de adoração e agradecimento.


Meu Senhor e meu Deus ! Humildemente
Vos adoro em união com todos os Santos c An­
jos. Eu Vos dou graças por vosso infinito amor,
particularmente por me haverdes conservado com
tanta bondade e misericordia até hoje.
Acto de amor e consagração.
Meu Pae celestial, eu Vos amo de todo o
meu coração, de toda a minha alma e com todas
as minhas forças ; só para Vós quero viver e
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� 138 g...-
morrer. Eu Vos consagro pelo sacratissimo Co­
ração de Jesus, vosso divino Filho, e pelo Cora­
ção Immaculado de Maria, sua Mãe, meu corpo
e m inha alma. Offereço-Vos, juntamente com o
precioso Sangue de Jesus e com os merecimen­
tos de Maria Santissima e de todos os Santos,
to_d os os meus pensamentos, palavras , obras c
soffrimentos d'este dia. Seja tudo, ó meu Deus,
por vosso amor e para vossa maior glori a ! Dae­
me Senhor , para tudo a vossa divina graça e
benção celeste.
Sej a feita , louvada e eternamente exaltada
a j ustissima , altissim a e amabilissima vontade
de Deus em todas as coisas ! (100 dias de lndulg.)
Encommendo-me em todas as santas Missas
e bôas obras, e faço tenção de ganhar todas as
indulgencias que hoje puder ganhar.
Abençoae tambem , ó meu Deus , a meus
paes , irmãos, parentes e a todos os homens, e
dae ás almas dos fieis defuntos o eterno descan<;o
por vossa infinita misericordia. Amen.
Renovação das promessas do baptismo.
Renuncio hoje a Satanaz , a todas as suas
obras e todas as suas pompas.
A Vós , meu Jesus , prometto fé e fidelidade;
quero ficar fiel no vosso amor até a morte.
Afasta-te de mim, Satanaz ! Pertenço a Jesus
e só a Jesus quero servir.
Meu amabilissimo Jesus, não permittais, que
hoje por algum peccado me separe de Vós.

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Orações ao Coração puriaaimo de Maria.
Coração purissimo de Maria, eu estou resol·
vi do , por vosso amor, a repellir de mim n'este
dia todos os máos pensamentos. Ajudae-me , ó
bôa Mãe, a vencer todas as tentações.
Ave Maria etc.

Coração purissimo de Maria, eu estou resol­


vido , por vosso amor, a não proferir neste dia
palavra alguma indecente. O' bõa Mãe, purifi­
cae a minha lingua.
Ave Maria etc.

Coração purissimo de Maria, eu estou resol­


vid0, por vosso amor, a guardar n'este dia espe·
cial modestia nas minhas acções. Rogae por
mim, minha bôa Mãe , para que em todas as·
minhas acções eu possa dar gosto ao vosso pu­
rissimo Coração.
Au Maria etc.
O' Maria , dae-me a vossa bençào maternal.
Ao S. Anjo da Guarda e aos Santos.
Santo Anjo do Senhor,
Meu zeloso guardador,
Se a ti me confiou a piedade divina,
Sempre me rege e guarda , governa e illu-
mina. Amen.
São José, São Luiz Gonzaga, Santa Rosa de
Lima e todos os Santos e Anjos, rogae por mim.
Amen. Padre Xo.•w, Ave Maria, Gloria Patri.

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Oração
(para alcançar agraça de cumprir fielmente os manda·
mentos da Lei de Deus.)
Tirada do Psolmo 1 18.
Havendo opportunidade, recita todos os dias com
devoção estes versos, inspirados pelo Espirito Santo.
Poóem ser recitados tambem alternadamente por duas
ou mais pessoas. Jesus estará no meio d'ellas con­
forme a sua divina pro in essa : • Eu vos digo, si dois de
vós se unirem entre si, seja qual fór a coisa que ellcs
pedirem, meu Pae que está nos ecos lh'a fará. Porque
onde se acham duas ou tres pessoas congregadas em
meu Nome, ahi estou eu no meio d'ellas. • (Matth. l 8 , 1 9 , 20.)

I.
Bemaventurados os que são immaculados no ca·
minho, que andam na Lei do Senhor !
Bemaventurados os que consideram os seus te­
stemunho s ; os que o procuram de todo o co­
ração !
Vós mandastes , Senhor, que os vossos manda­
mentos fossem guardados com grande fervor.
Oxalá que os meus caminhos sejam dirigidos ao
cumprimento das vossas palavras.
Guardarei as vossas leis; não me desampareis
jamais.
Eu Vos procuro de todo o meu coração : não me
deixeis sahir dos vossos mandamentos.
No meu coração escondi as vossas palavras :
para não peccar contra Vós.
Bemdito sois, Senhor ! Ensinae·me as vossas leis.
Tirae o véo dos meus olhos : e eu considerarei
as maravilhas da vossa Lei.

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� 141 �

A minha alma deseja anciosa as vossas justifi­


cações : em todo o tempo.
R eprehendeis asperamente os soberbos: maldi­
tos os que se apartam dos vossos m andamentos !
Apartae de m i m , Senhor, o caminho da iniqui­
dade, e tende misericordia de mim.
Dae-me intelligen cia , e estudarei na vossa Lei :
e guardal-a-ei de todo o meu coração.
Afastae os meus olhos, para que não vejam vai ·
dade : no vosso caminho dae-me vida.
Eis que desejo muito os vossos mandamentos :
fazei que eu viva na vossa justiça.
Venha sobre m im a vossa m isericordia, Senhor :
a vossa salvação segundo a vossa palavra.
Guardarei sempre a vossa Lei : para sempre e
por todos os seculos dos seculos.
Isto me consola na minha afflicção : porque a
vossa palavra me dá vida.
Rogo na vossa presença, Senhor, de todo o meu
coração : compadecei-Vos de mim segundo a
vossa palavra.
Estou prompto e não estou perturbado , para
guardar os vossos m andamentos.
Gloria ao Padre, e ao Filho, e ao Espirito Santo !
Assim como era no principio, agora e sempre e
por todos os seculos dos seculos. Amen.
I I.
Laços de peccadores me cingem por toda parte ;
m as eu não me esqueço, Senhor, da vossa Lei.
Antes de ser humilhado, eu andava errado : po­
rem agora guardo a vossa palavra.

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-+fi! t42 lil-
[ bom para mim , que me humilheis: para que
eu assim aprenda as vossas justificações :
Para mim é melhor a vossa Lei, do que milhões
de ouro e prata. •

Conheço , Senhor, que os vossos juizos são ju­


stos : na vossa verdade me humilhastes.
Seja immaculado o meu· coração na pratica dos
vossos m andamentos : para que eu não seja
confundido.
A minha alma desfallece pela salvação que vem
de Vós : na vossa palavra tenho posto toda a
minha esperança.
Os meus olhos desfallecem de esperar por vossa
promessa, dizendo : Quando me consolareis ?
Os ímpios me contam cousas vãs, mas não con·
forme á vossa Lei : injustamente me perse·
guem ; dae-me soccorro !
Eu sou vosso, Senhor, salvae-me, porque procuro
ancioso os vossos mandados.
Os peccadores esperam por mim para me per·
derem : porem eu attento para os vossos teste­
munhos.
Oh! Quanto amo a vossa Lei, Senhor; ella é a
minha meditação todo o dia.
Quanto são doces as vossas palavras : mais que
mel á minha bocca !
Eu juro e determino : Guardarei os juizos da
vossa j ustiça !
Senhor, sou humilhado por toda a parte : faze i
que eu viva segundo a vossa palavra.
Vós sois o meu refugio e meu amparo : tenho
posto a minha esperança na vossa palavra.

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-ofB 143 �
Retirae-vos de mim, malignos, para que eu possa
observar os mandamentos de meu Deus,
Ajudae-me, Senhor; e serei salvo.
Traspassae com o vosso temor a minha carne :
porque temo os vossos juizos.
Encaminhae os meus passos segundo a vossa
palavra : e não predomine em mim iniquidade
alguma.
Gloria ao Padre e ao Filho e ao Espírito Santo !
Assim como era no principio , agora e sempre
e por todos os seculos dos seculos. Amen.
li I.
Rios de lagrimas derramam os meus olhos, por­
que não guardaram a vossa Lei.
Vós sois j usto , Senhor : e recto é o vosso juizo.
Sou pequeno e desprezado : porém não me es­
queço dos vossos mandamentos.
A vossa justiça é eterna: e a vossa Lei é a mes­
ma verdade.
Tribulações e angustias me surprehenderam : os
vossos mandamentos são minha meditação .

Rogo de todo o meu coração : Ouvi-me, Senhor !


Chamo por Vós : Salvae-me !
Ouvi a minha voz, Senhor, segundo a vossa mi­
sericordia : dae-me vida segundo o vosso juizo.
Perto estais Vós , Senhor : todos os vossos ca­
minhos são verdade.
Vêde a minha humilhação e livrae-me : porque
não me esqueço da vossa Lei.
Longe está dos peccadores a salvação : porque
não procuram as vossas justificações.

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Muitas são as vossas rnisericordias : Senhor, dae-·
me vida segundo o vosso juizo.
São muitos os que me preseguern e attribularn :
mas não me desvio dos vossos testemunhos . .
Aborreço e abomino a iniquidade ; amo a vossa Lei.
Gosarn de muita 'paz os que amam a vossa Lei:
para elles não ha tropeço.
Cheguem , Senhor, os meus rogos á vossa pre·
sença ! Venha .a minha supplica perante a vossa
face : Livrae-rne segundo a vossa palavra!
A minha lingua annunciará a vossa palavra, por·
que são justos todos os vossos mandamentos.
Viverá a minha alm a e Vos louvará: e os vos·
sos j uizos me hão de aj udar.
Desgarrei-me corno ovelha perdid a : buscae o
vosso servo ; porque não me esqueci dos vos·
sos mandamentos.
Gloria ao Padre e ao Filho e ao Espirito Santo I
Assim como era no principio, agora e sempre
e por todos os seculos dos seet!los. Amen.
··· -

6RAÇÃO DA NOITE.
Antes de recolher-te a dormi r , lembra-te de �Seus
ajoelha-te e dize :
t Em nome do Padre e do Filho e do Espi-·
rito Santo. Amen.
Acto de Adoração.
Bemdito sej a Deus, nosso Senhor , que tão
benignamente attendeu ás minhas orações. Bem·

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dito sej a o seu santo Nome por toda a eterni­
dade ! A Elle volta-se minha alma no fim d'este
dia. A Elle levanto as minhas mãos á entrada
da noite. Na sua paz vou dormir e descançar,
pois Elle só é minha esperança e consolação,
meu Deus e meu tudo. A Elle gloria e adora­
ção por todos os seculos dos seculos. Amen.
Acçll.o de graças.
O' Pae de misericordia, meu Deus e Crea­
dor ! Eu Vos adoro de todo o meu coração e
Vos dou graças por todos os beneficios que hoje
e sempre me tendes feito. Quanto me amastes
desde toda a eternidade! Com quanta miseri­
cordia ainda hoje me conservastes ! Juntae-vos
a mim, todos os Anjos e Santos, para que sej a
louvado o Deus de amor e bondade. LouV'ae ao
Senhor todas as creaturas, porque Elle é bom
e sua misericordia permanece eternamente.
Breves actos de fé, esperança e caridade.
O' meu Deus, creio em Vós, porque Vós sois
a mesma verdade; augmentae a minha fé.
O' meu Deus , espero em Vós; porque sois
infinitamente fiel nas vossas promessas ; fortifi·
cae a minha esperança.
0' meu Deus , eu Vos amo sobre todas as
coisas, porque sois i,nfinitamente amavel i inflam­
mae o meu amor.
Nesta fé, nesta esperança c neste amor quero
viver c morrer. Amen.
(lndulg. de 7 annos.)

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-tJB 146 �

Exame de oonsciencia.
Vinde, Espirito Santo , e enviae do ceo um
raio de vossa luz '
Vinde, Pae dos pobres, vinde autor da graça,
vinde, luz das almas !
Faze uma pausa para examinar a tua consciencia
sobre as faltas que possas ter commettido durante o
diá. Depois pede perdão a Deus.
Acto de contrição.
O' meu Deus, meu P ae amorosíssimo , com
toda a dõr de minha alma me accuso de Vos
ter hoje muitas vezes offendido por minha culpa,
por minha culpa , por minha tão grande culpa.
Peza-me, meu Deus, de ter sido tão ingrato. Per·
doae-me , Senhor, pela sagrada Paixão e Morte
e pekl Sangue de Jesus Christo, vosso Filho Uni­
genito. Proponho firmemente mediante vossa
santa, graça, emendar-me. Ajudae-me, abençoae
e defendei-me contra o espírito maligno nesta
noite e sempre, na vida e na morte.
Senhor Deus, misericordial
Senhor Deus, pequei misericordia !
Senhor Deus , por vossa Mãe Maria Santís­
sima, misericordia !
Recommendaçi!.o ao S. Coração de Jesus.
(De S. Mechtildes.)
Dulcíssimo Coração de Jesus , repouso sua·
vissimo das almas que Vos amam, a Vós recom­
mendo nesta noite o meu coração, meu corpo e
minha alm a, para que os defendaes de todos os
perigos e impuras illusões. Coração amorosis-

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� 147 l!f+-
si mo do meu Jesus I Louvae esta noite em meu
Jogar a Santissima Trindade tantas vezes quan­
tas palpitar o meu coração ; recebei em Vós to­
das as minhas respirações e offerecei-as ao Al­
tissimo como outras tantas chammas vivas de
amor.
Nas vossas mãos, Senhor encommendo a
minha alma; desca riçarei em vossa paz.
Salve Rainha.
Salve Rainha, Mãe de Misericordia, vida, do­
çura, esperança nossa , salve ! Á vós bradamos
os degredados filhos de Eva ; a vós suspiramos,
gemendo e chorando n'este valle de Jagrimas. .
Eia pois, advogada nossa, esses vossos olhos mi­
sericordiosos,a nós volvei, e depois d'este desterro
nos mostrae a Jesus , bem dito fructo do'vos�JJ
ventre , ó clemente , ó piedosa , ó doce sempre
Virgem Maria.
](. R ogae por nós, santa Mãe de Deus,
ij!. Para que sejamos dignos das promessas
de Christo. Amen .
.• • Ave Maria ele,
O' Maria, concebida sem peccado, rogac por
nós que recorremos a vós. ( J vezes.)
Jesus, Maria , José, meu coração Vos dou e
minha alma.
Jesus, Maria, José, assisti-me na ultima ago­
nia.
Jesus, Maria, José, expire eu em paz em vos­
sa companhia. Amen.
(ilOO dias de lndulg. cada vez.)

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� 148 �
Meu santo Anjo da guarda, todos os Santos
e Anjos, eu vos agradeço o amor com que hoje
intercedestes por mim. Novamente recommen·
do-me á vossa protecção. Defendei-me esta noite
das ciladas do demonio e bemdizei ao Senhor
em meu Jogar. Rogae por mim agora e na hora
da· minha morte. A men.
Reza ainda :J Padre Nossos, 1 pelos vivos, 1 pelos
moribundos, 1 pelos defuntos.

ORAÇOES PARA A SANTA MISSA.


Oração preparatoria.
O Sacerdote, ao pé do altar, diz com os ministros
o Psalmo 4 1 , com que se prepara para o Santo Sacri·
fiei o , findo o que diz o Conjitf!or , para se accusar di·
ante de Deus e purifi.car-se antes de subir ao altar. Os
que assistem á Missa, devem accusar-sc tambem e pedir
a pureza do coração, indispensavel para a participar do
fructo de uma acção tão santa.
Psalmo 41.
Julgae-me, ó Deus, e separae a minha causa
da gente impi a : Jivrae-me do homem injusto e
enganoso.
Pois Vós , meu Deus , sois a minha fortaleza :
porque me haveis rejeitado, e porque ando triste,
quando me afflige o inimigo ?
Lançae sobre mim a vossa luz e a vossa ver·
dade : porque ellas me conduzirão e me introdu­
zirão no vosso monte santo e nos vossos taber·
na cu los.

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� 149 �
E entrarei até ao altar de Deus : até ao mes·
mo Deus que alegra a minha. juventude.
Cantarei ao som da cithara a Vós, ó Deus,
meu Deus : porque estás triste, minha al ma , e
porque me perturbas ?
Espera em Deus , porque ainda O hei de lou­
var : sendo Elle a salvação presente aos meus
olhos, e meu Deus.
Gloria ao Padre e ao Filho e ao Espírito Santo :
Assim como era nd principio, agora c sem ­
pre e por todos os seculos dos seculos. Amen.
Depois faz o sacerdote, inclinado profundamente, a
confissão. Reza-a com elle.
Eu pobre peccador, renuncio ao demoniu e
a todas as suas vaidades e obras. Creio em
Deus Padre e Filho e Espírito Santo. Creio fir­
memente tudo e que Vós , Senhor, nos ensinais
pela Santa Egreja Catholica. Nesta fé catholica
confesso a Vós , meu Deus , a todos os Anjos e
Santos, que pequei muitas vezes por pensamen­
tos, palavras e obras, por minha culpa , por mi·
nha culpa , por m i nha tão grande cul pa. Mas
peza-m e , meu Pae, peza-me de todo o meu co­
ração de Vos ter offendido. Perdoae-me , Deus
de bondade e misericordia, sêde propicio a mim
peccador, dae-me vossa graça e o vosso amor.
Virgem l m maculada Maria, Anjos e Santos tu­
dos , rogae por nós , para que achemos perdão
diante de Deus, Nosso Senhor. A men.
._ O Senhor Deus Omnipotente se compadeça
de nós, e perdoados os nossos peccados nos con­
duza á vida eterna. Amen.

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� 150 �
O Senhor Omnipotente e Misericordioso nos
con�edà a indulgenci a , a absolvição e a remts·
sito ·'d os nossos peccados. A men.
Subindo o sacerdote o altar e beijando-o em signal
de veneração, pede ainda com elle :
Apartae , Senhor, de nós as nossas iniqui­
dadt%, para merecermos entrar n·o vossa santua­
rio com as almas puras.
Senhor, nós Vos supplicamos pelos m ereci·
mentos de vossos Santos , cujas rel iquias aqui
existem , que Vos digneis de nos perdoar todos
os nossos peccados.
Introito.
Segue-se o Introito (Entrada) quo varia segu ndo a
Missa. Reza o seguinte :
«Oh I quão formosa é a geração casta na ela·
ridade da virtude ! A sua memoria é i m m ortal
e é honrada diante de Deus e dos homens. Per­
petuamente triumpha coroada, gosando o premio
dos combates immacu!ados.» (Sab. 4, 1 . 2.)
Bemaventurados os que, immaculados no ca·
m inho, andam na Lei do Senhor ! (Ps. l ll:l.)
Gloria ao Pae e ao Filho e ao Espí rito San·
to : Assim como era no principio , agora e sem ·
pre e por todos o s seculos dos seculos. A men.
O Sacerdote invoca a SS. Trindade, dizendo Ky1·ie
�leison (Senhor tende piedade de nós) c canta o hymno
dos Anjos : Gloria in excp/.�i•.

Senhor tende piedade de nós.


Christo, tende piedade de nós.
Senhor tende piedade de nós.

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Gloria a Deus nas alturas e paz na terra aos


homens de boa vontad e ! Nós Vos lotlvamos,
Vos bemdizemos , Vos adoramos, Vos glori:flO!l·
mos e Vos damos graças por vossa grande glo­
ria, Senhor Deus, Rei do ceo , Deus Pae Omni­
potente ! O' Senhor, Filho Unigenito de Deus,
Jesus Christo I Senhor Deus, Cordeiro de Deus,
Filho do Eterno Pae ! Vós que tirais os pecca­
dos do mundo, acceitae a nossa deprecação. Vós
que estais sentado ,á mão direita do Pae , com·
padecei-Vos de nós ; porque só Vós, Jesus Chri­
sto, sois Santo , só Vós o Senhor, só Vós o Al­
tíssimo, com o Santo Espírito na gloria de Deus
Padre. Amen,

Volta-se depois o sacerdote para o povo e diz Do-'


minus voóisc1t1n (0 Senhor seja comvosco) e o ministro
responde em nome do povo : Et cunt spiritu tuo (E com
o v oss o espirito). Todas as vezes que o sacerdote dis­
ser : Dontinus vobiscunt, responde interiormente , cheio
de rervor : Jlinde, Senhor , Jesus, vinde! Enchei o meu
coraçdo de vosso divino amor.

Oraçi!.o no lado do altar.

O' Deus Omnipotente e cheio de brandura,


attendei propicio ás nossas orações e livrae os
nossos corações das tentações dos maos pensa­
mentos , para que mereçamos ser digna habita­
ção do Espírito Santo. Por Nosso Senhor Jesus
Christo que comvosco vive e reina em união
com o mesmo Espírito Santo por todos os secu­
los dos seculos. Amen.

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� 152 lif-
Epístola de São Paulo aos Romanos.
Irmãos, a prudencia da carne é morte, m as
a prudencia do espírito é vida e paz , porque a
sabedoria da carne é inimiga de Deus, pois não
ê sujeita a Lei de Deus , nem tão pouco o pode
ser. Os que vivem segundo a carne, não podem
agradar a Deus. Vós, porem, não viveis segun­
·
do a carne , mas segundo o espírito , si é que o
Espirito de Deus habita em vós. Mas si alguem
não tem o Espírito de Christo : este tal não é
delle.
Portanto , irmãos, somos devedores não á
carne, para que vivamos segundo a carne. Se,
pois , viverdes segundo a carne, morrereis; m as
si pelo espírito mortificardes as obras da carne,
vivereis. Porque todos os que são levados pelo
Espírito de Deus, estes taes são filhos de Deus.
Porque vós não recebestes o espírito de escra­
vidão, para estardes outra vez com temor, mas
recebestes o espírito d'adopção de filhos, segun­
do o qual clamamos, dizendo : Pae, Pac. Porque
u mesmo Espírito dá testemunho ao nosso espí­

rito, de que somos filhos de Deus. E se somos


filhos, tambem somos herdeiros, herdeiros verda­
deiramente de Deus, e coherdeiros de Christo, si
é que todavia nós padecemos com elle, para que
sejamos tambem com elle glorificados. Porque
eu tenho para mim, que as penalidades da vida
presente não tem proporção alguma com a glo­
ria vindoura que manifestar-se-á em nós.
· Quem nos separará, pois , do amor de Chri­
stu 't será a tribulação ? ou a angustia ? ou a espa-

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� 153 �
d a ? (assim como está escripto : Porque por amor
de ti somos entregues á morte cada d i a, somos
reputados como ovelhas para o matadouro.) Mas
em todas estas coisas sahimos vencedores por
Aquelle que nos enviou. Porque eu estou certo
que nem a morte, nem a vida, nem os anjos nem
os principados, nem as virtudes , nem as coisas
presentes nem as futuras, nem a violencia, nem
a altura nem a profundidade nem outra creatura
alguma nos poderá apartar do amor de Deus,
que está em Jesus Christo Nosso Senhor. (Rum. �-)
Evangelho.
«N'aquelle tempo disse Jesus :
Bemaventurados os pobres de espírito , por­
que d'elles é o reino dos ceos.
Bem aventurados os mansos, porque elles pos­
suirão a terra.
Bemaventurados os que choram, porque elles
serão consolados.
Bemavel)tiH'ados os que teem fome e sede
da justiça, p orque elles serão fartos.
Bemaventurados os que usam de misericor­
dia, porque elles alcançarão misericordia.
Bemaventurados os limpos de coração , por­
que elles verão a Deus.
B emaw;nturados os pacíficos , porque elles
serão chamados filhos de Deus.
Bem aventurados os que padecem perseguição
por amor da justiça , porque d'elles é o reino
do ceo.
Bemaventurados sois vós, quando os homens
vos injuriarem e perseguirem, e , mentindo fala-

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rem todo o mal contra vós por minha causa.
Alegrae-vos e exultae, porque é grande a vossa
recompensa no ceo.» (Matheus 5, 3 -12.)

Credo.
Creio em Deus Padre, Todo-Poderoso, Crea·
dor do ceo e da terra, e em Jesus Christo um
sú seu Filho, Nosso Senhor ; o qual foi concebi­
do por obra do Espirito Santo, nasceu de Maria
Virge m ; padeceu sob poder de Poncio Pilatos;
foi crucificado, morto e sepultado, desçeu aos in·
fernos ; ao terceiro dia resuscitou dos mortos ;
subiu ao ceo e está sentado á mão direita de
Deus Padre Todo-Poderoso; donde ha de vir a
julgar os vivos e os mortos. Creio no Espirito
Santo ; na Santa Egreja Catholica; na communi­
caçilo dos Santos ; na remissão dos peccados ;
na resurreição de carne; na vida eterna. Amen.
Offertorio.
O sacerdote descobre o calix , e. otferece sobre a
patena a hostia que ha de ser consagrada depois no
momento da consagração.
Recebei, Pae Santo, Deus Eterno e Omnipo­
tente, esta hostia immaculada, que nós, indignos
servos vossos, offe recemos a Vós , Deus vivo e
verdadeiro, por todos os nossos peccados, .offen·
sas e negligencias e por todos os fieis christãos
vivos e defuntos : a fim de que aproveite a nós
e a elles para a salvação na vida eterna. Amen.
Depois toma o sacerdote o calix , lança-lhe vinho
misturado com agna e o offerece, elevando os olhos
para o ceo. Ora com elle :

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� 155 �
Senhor, nós Vos offcrecemos o calix da sal­
vação, supplicando a vossa clemencia, para que
suba com suave fragrancia ao throno da vossa
divina Majestade para a salvação nossa e de
todo o mundo. Amen.
Vinde, ó Deus Santificador, Eterno e Omni·
potente , e abençoae este Sacrificio , preparado
para o vosso santo Nome.
Lavatdrio.
O sacerdote lava , aolado da epistol n , os dedos
em signal da grande pureza que deve ter para olfere·
cer o Sacrificio immaculado.
Psalmo 25.
Lavart>i as m inhas mãos entre os innocen­
tes, e abraçarei, �cnhor, o vosso altar.
Para ouvir a vos dos vossos louvores, e pu­
blicar tambem todas as vossas maravilhas.
Senhor, eu amo a belleza da vossa casa, e
o J o gar, onde reside a vossa gloria.
Meu Deus, não deixeis perecer minha alma
com os impios , nem a minha vida com os ho­
mens sanguinarios.
Aquellcs, cujas mãos são m anchadas de mJ­
quida des, c as suas direitas estão cheias de do­
nativos.
· Porem eu tenho seguido a minha i nnocenci a :
dign ae-Vos de me remir e tende piedade de mim.
Os meus pés ficarão firmes no caminho re­
cto , nas egrejas eu Vos hei de louvar, Senhor.
Gloria ao Padre e ao Filho e ao Espirito
Santo :

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-+J!I 156 �
Assim como era no principio, agora e sempre
e por todos os seculos dos seculos. Amen.
Depois do lavatorio o sacerdote beija o altar, volta.
se para o povo e diz : « Q,·ale fralre•» i. é Ora e, ir­
mdos , para que o nten e vosso sacrificio se faça aceüa­
vel dianle de Deus Padre Todo-Poderoso. Responde
interiormente dizendo :

Receba o Senhor o Sacrificio de tuas mãos,


para louvor e gloria de seu Nome e tambem
para nossa utilidade e de toda a sua Egrej a.
Prefacio e Sanctus.
O sacerdote canta ou reza o Prefacio , cantico de
acção de graças, pelo qual a Egreja da terra se une
do ceo para louvar a Deus.

Verdadeiramente é digno e justo render· Vos


graças em todo o tempo e Jogar, ó Senhor San­
to , Pae Todo-Poderoso, eterno Deus, por Jesus
<:;h ris to , Nosso Senhor, pelo qual os Anjos lou­
vam a vossa Majestade, adoram as Dominações,
tremem as Potestades ; os ceos e as Virtudes
dos ceos , e os bem aventurados Seraphins Vos
bemdizem com m utua alegria. E nós Vos sup­
plicamos que recebaes as nossas vozes unidas
ás d'elles, dizendo-Vos com humilde confissão :
Santo, Santo, Santo sois Vós, Senhor, Deus
dos Exercitos ! Os ceos e a terra estão cheios
de vossa gloria. Hosanna nas alturas !
Bemdito sej a o que vem em Nome do Se­
nhor! Louvores e graças ao Senhor Deus nas
alturas !

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4!l 157 �
Antes da consagração.
Acabado o Prefacio inclina-se profundamente o sa­
cerdote, depois reza pela Santa Egreja e por todos os
fieis. Une-te a elle dizendo a oração :
Pae clementissimo, humildemente Vos roga­
mos e Vos pedimos por Jesus Christo, vosso Filho
e Senhor nosso, que Vos sejam agradaveis e que
abençoeis estes dons, estas dadivas, estes sacri­
ficios santos, immaculados que agora Vos offere­
cemos , primeiramente pela vossa santa Egreja
catholica , para que Vos digneis de a guardar e
conservar em paz e união, e de a governar por
todo o mundo, com o vosso servo e nosso Papa,
nosso Prelado e com todos os fieis e observan­
tes da fé catholica e apostolica.
Lembrae-Vos , Senhor, de todos os vossos
servos , dos quaes conheceis a fé e a piedad e ;
p o r todos Vos offerecemos este sacrificio de lou­
vor, pela redempção de suas almas, pela espe­
rança de sua saude e de sua conservação, e con­
sagramo-nos a Vós como a nosso Deus vivo e
verdadeiro.
Nós que participamos da mesma communhão
e honramos a memoria da gloriosa sempre Vir­
gem Maria , Mãe de Deus nosso Senhor Jesus
Christo , dos bem aventurados Apostolos e Mar­
tyres e de todos Santos; pedimos que nos con­
cedais pelos seus merecimentos e rogos, que se­
jamos fortalecidos em tudo. Amen.
Estende o sacerdote as mãos sobre a hostia c o
calix.

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Por isso Vos pedimos, Senhor, que recebais
fávoravelmente esta offerta nossa, e de toda nossa
'familia que somos vossos servos, e que, emquan­
to vivermos , gosemos da vossa paz, e depois
sejamos livres da eterna condemnação e conta­
dos entre o numero dos vossos escolhidos ; a qual
oblação , Vos supplicamos , ó Deus, Vos digneis
·
de razel-a em tudo bemdita, approvada, raciona­
vel e agradavel aos vossos olhos , a fim de que
se converta para nós no Corpo e Sangue de Je­
sus Christo, vosso amado Filho e Senhor nosso.
Consagração.
No dia antes de sua Paixão tomou Jesus
Christo o pão em suas sagradas e venerave1s
m ãos, e levantando os olhos ao ceo, dando gra­
ças a Vós, ó Deus, seu Pae Omnipotente, aben­
çoou-o , partiu-o, deu-o aos seus discípulos , di­
zendo : «Tomae e comei , porque isto é o meu
corpo.>>
A hostia está consagrada, Jesus está presente, ad­
ora-o de joelhos.
Igualmente, depois que ceou , tomando tam­
bem este preclaro calix em suas sagradas e ve­
neraveis m ãos, dando-Vos tambem as graças, o
abençoou, e o deu aos seus discípulos, dizendo :
,,Tomae e bebei delle todos, porque este é. o ca­
lix do meu sangue, do novo e eterno Testamen­
to, mysterio de fé , que será derramado por vós
e por muitos em remissão dos peccados.»
«Todas as vezes que fizerdes estas coisas, as
fareis em memoria de mim.»

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� 159 &-
Adora com toda a fé e devoção o Sangue de ,le­
stls presente n o calix consagrado, depois continua a re­
zar com o sacerdote :

Por esta razão, Senhor, nós que sÓmos vos­


sos servos e o vosso povo santo, lembrando-nos
da Sagrada Paixão do mesmo Jesus Christo,
vosso Filho e Senhor nosso, e de sua Resurrei­
ção, como tambem de sua gloriosa Ascensão aos
ceos, offerecemos a vossa preclara Majestade dos
mesmos dons e dadivas vossas a Hostia pura, a
Hostia santa, a Hostia immaculada, o Pão santo
da vida eterna e o Calix da salvação perpetua.
O sacerdote faz uma profunda reverencia, para Im­
milhar-se na presença de Deus c protestar-lhe o fervor
de sua oração ; depois beija o altar e faz sobre si o
signal da Cruz.

O' Deus Omnipotente, nós Vos supplicamos


com humildade profunda que Vos digneis de
mandar, que nossas offertas sejam apresentadas
em vosso altar sublime; na presença da vossa
divina M ajestade, pelo vosso santo Anj o ; para
que todos os que, participando deste altar, rece­
bermos o sacrosanto Corpo o Sangue de vosso
Filho, sej amos cheios de toda a benção e de to­
da a graça celestiaL Pelo mesmo Jesus Christo,
Nosso Senhor. Amen.
Memento dos defuntos.
Senhor , lembrae-Vos tambem dos vossos
servos e servas que nos precederam com o si­
gnal da fé e agora descançam no somno da paz :
N. N.

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� 160 �
A estes, Senhor, e a todos os mais que des­
cançam em Jesus Christo, instantemente Vos pe­
dimos , lhes concedais o logar de refrigerio , de
luz e de paz. Pelo mesmo Jesus Christo, Nosso
Senhor. Amen.
O sacerdote bate n o peito em signal de humildade
e compuncção e diz : «Nobis quoque peccatoribus.»
Tambem a nós, peccadores, vossos servos, que
esperamos na multidão das vossas misericordias,
dignae-Vos de dar-nos alguma parte e sociedade
com os vossos santos Apostolos e Martyres e
com todos os vossos Santos , na companhia dos
quaes Vos pedimos que, não conforme os nossos
meritos, mas segundo a vossa misericordia, Vos
digneis de receber-nos, por Jesus Christo Nosso
Senhor, pelo qual Vós, Senhor, produzis sempre
todos estes bens , Vós os santificais, vivificais,
abençoais e no!-os concedeis.
Por Elle , pois , com Elle, e n'Elle a Vós , ó
Deus Padre Todo-Poderoso í. pertence e Vos é
dada toda honra e gloria em unidade de Deus
Espirito Santo por todos os seculos dos seculos.
Amen.
Pater noster.
Resa o Padre nosso etc.
Livrae-nos, Senhor, de todos os males pas­
sados, presentes e futuros ; e pela intercessão da
bemaventurada e gloriosa Virgem Mari a , Mãe
de Deus , e dos bemaventurados Apostolos Pe­
dro , Paulo , André e todos os Santos , dae-nos
benigno a paz nos nossos dias , para que , assi-

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� 161 �
stidos com o soccorro da vossa divina miseri·
cordia , sejamos sempre livres do peccado e se­
guros de toda a perturbação. Pelo mesmo Jesus
Christo, vosso Filho e Senhor nosso, que com·
vosco vive e reina em unidade de Deus Espirito
Santo, por todos os seculos dos seculos. Amen.
O sacerdote, imitando a Jesus, parte a Hostia con­
sagrada, e lança uma pequena parte no calix , para re·
presentar a Resurreição , em que Corpo e Sangue tor·
naram a unir·se.

A paz do Senhor sej a sempre comnosco.


Esta união e consagração do Corpo e San­
gue de Nosso Senhor Jesus Christo sirva para
a vida eterna de todos os que delle participa­
mos. Amen.
Agnus Dei.
Cordeiro de Deus que tirais os peccados do
mundo, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus que tirais os peccados do
mundo, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus que tirais os peccados do
mundo, dae-nos a paz.
Communhão.

Senhor meu Jesus Christo que dissestes aos


vossos Apostolos : «Eu vos deixo a paz , eu vos
dou a minha paz,» não olheis para os meus pec­
cados, mas para a fé da vossa Egreja, e dae·lhe
a paz e a união segundo a vossa vontade , Vós
que, sendo Deus , viveis e reinàis por todos os
seculos dos seculos. Amen.

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� 162 �
Senhor Jesus Christo , Filho de Deus vivo,
que por vontade do Pae , cooperando o Espírito
Santo, com a vossa morte déstes a vida ao mun­
do , livrae-me por este vosso sacrosanto Corpo
e Sangue de todos os meus peccados e de todos
os outros males. E fazei que eu guarde sempre
9s vossos mandamentos c nunca me aparte de
Vós que com Deus Padre e o Espírito Santo vi­
veis e reinais por todos os seculos dos seculos .
Amen.
Este vosso Cq,rpo , · Senhor meu Jesus Chri­
sto, que eu, posto 'que indigno, pretendo receber,
não sej a para meu juizo e condemnação , mas
pela. vossa piedade sirva de defeza á minha al­
ma e ao meu corpo e de remedio a meus males.
Concedei-me esta graça, Senhor, Vós que viveis
e reinais com Deus Padre em unidade do Espí­
rito Santo, por todos os seculos dos seculos. Amen.
Receberei o Pão do ceo e invocarei o nome
do Senhor.
Senhor, não sou digno de que entreis em
minha morada, mas dizei uma só palavra, e mi­
nha alma será salva. (Tres vezes)
O corpo de Nosso Senhor Jesus Christo
guarde a minha alma para a vida eterna. A men.
O SangUe de Nosso Senhor Jesus Christo
guarde a minha alma para a vida eterna. A men.
Não podendo commungar com o sacerdote neste
momento , faze com todo o fervor a Communhão espi­
ritual, i. é. excita em ti um ardente -desejo, de receber
o teu Jesus , repi!tindo com amor e devoção : «0' men
amado Jesus, vinde a mim e ficae commigo.•

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-4!! 163 �
Que retribuirei ao Senhor por todos os be­
neficios que me tem feito ? Invocarei ao Senhor,
cantando os seus louvores e serei livre de meus
inimigos.
Fazei, Senhor , que com pU;I-eza de coração
conservemos a virtude do Divino manjar que
acabamos de receber, e que desta dadiva tem­
poral nos venha o remedio para a eternidade.
Permitti , Senhor, que o vosso Corpo que
recebi , e o Sangue que bebi (espiritualmente),
se unão a mim tão intimamente, que não fique em
mim nenhu.ma macula de culpa, depois de estar
fortalecido com estes santos Sacramentos. Vós
que viveis e reinaes por todos os seculos dos
seculos. Amen.
Emquanto se muda o missal e o sacerdote reza ou
canta as ultimas orações, reza o Magnificat.
A minha alma engrandece ·ao Senhor, e o
meu espirito regosija-se em Deus, meu Salvador.
Porque paz os olhos na humildade de sua
serva, eis ahi de hoje em diante me chamarão
bemaventurada todas as gerações.
Porque me fez grandes coisas o que é Po­
deroso, e cujo nome é santo.
E sua misericordia se estende de geração
em geração a todos os que o temem.
Elle manifestou o poder do seu braço, trans·
tornou os designios dos soberbos.
�·

Depoz do throno os poderosos e exaltou os


humildes.
Encheu de bens os que tinham fome e des­
pediu vasios os que eram ricos.
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� 164 !!f+-
Compadeceu-se de Israel, seu povo, lembran­
do-se de sua misericordia. Assim como tinha
promettido a nossos paes , a Abrahão e á sua
posteridade para sempre.
Gloria ao P.adre e ao Filho e ao Espírito
·

Santo.
. Assim como era no principio 1 agora e sem­
pre, e por todos os seculos dos seculos. Amen.
Benção.
Conceda-nos a sua benção o Deus Omnipo­
tente : Padre, Filho e Espírito Santo. Amen.
IDtimo Evangelho.
Principio do Santo Evangelho segundo São
João :
No principio era o Verbo, e o Verbo estava
com Deus , e o Verbo era Deus. Elle no princi­
pio estava com Deus. Todas as coisas foram
feitas por Elle, e sem Elle nada foi feito. N'EIIe
estava a Vida, e a Vida era a Luz dos homens .
E a Luz resplandece nas trevas, e as trevas não
a comprehenderam.
Houve um homem , enviado por Deus , que
se chamava João. Veiu por testemunha da Luz,
afim de que todos crêssem por meio delle. Elle
não era a Luz, mas veiu para dar testemunho
da Luz. A Luz verdadeira era a que illumina
a todo o homem que vem a este mundo. No
mundo estava, e , sendo o mundo feito por Elle,
não o conheceu o mundo. Veiu para o que era
seu , e os seus não o receberam. Mas a todos
os que o receberam 1 deu Elle poder de se faze-

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� 165 �
rem filhos de Deus , aos que crêem em seu No­
me, que não nasceram do sangue , nem da von­
tade da carne, nem da vontade do homem, m as
de Deus.
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós.
E nós vimos a sua gloria , gloria como de
Filho Unigenito do Pae , cheio de graça e ver­
dade.
Graças a Deus.
01ferecimento.
Não deixarei este santo Jogar, ó meu Deus,
sem Vos ter dado graças ainda uma vez por to­
dos os vossos beneficios, e principalmente pela
graça de assistir ao Sacrificio incruento do Cor­
po e Sangue de Jesus Christo, vosso divino Filho.
Perdoae-me, Pae de misericordia, se não fui
tão devoto e recolhido, como devia ser, e dae-me
a vossa graça · e benção celeste , par a · que tudo
que hoje pensar, fallar, fizer e soffrer, seja p a ra
vossa gloria e minha salvação.
Maria Santissima, Virgem Mãe de Deus, que
cooperando para o primeiro Sacrificio que vosso
Filho fez de si mesmo na Cruz por nossos pec­
cados, fostes escolhida para Mãe dos peccadores,
renovae na presença do Altissimo os vossos ro­
gos, para que se incline á misericordia, e alcan­
çae-nos que pelo Sangue do vosso Filho e pelas
vossas dôres sejamos plenamente perdoados.
Todos os Anjos e Santos , rogae por nós,
para que não percamos os fructos do sacrosanto
Sacrificio a · que acabamos de assistir. Offere-
·

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4B 166 �
cei-o ao Senhor por nós, para que nos sej a pro­
piCIO e nos dê a vida eterna, onde comvosco lou­
varemos eternamente a sua infinita misericordia.
A men.
- ---

A SANTA CONFISSÃO.
Instrucção.
Confessar bem os proprios peccados : eis o negocio
mais im portante e mais difficil da nossa vida ; o maü
importante, porque delle depende ou nossa salvação ou
nossa condemnação eterna , conforme fór bem ou mal
feito ; o mais difficil, porque exige a nossa conversão
e inteira mudança do coração , coisas impossíveis sem
a graça de Deus. Mas lambem é o negocio nwis ne­
cessario, porque, tendo-se commettido um peccado mor­
tal, n ã o ha outro meio para alcançar o perdão de Deus,
senão a confissão. A contrição perfeita só servirá em
caso de necessidade.
Ainda que não tenhas consciencia de peccado mor­
tal, nem por isso te tenhas por inteiramente puro. Tam­
bem os pcccados veniaes são peccados, desagradando por
isso a Deus Santíssimo, pelo que convem confessal·os
lambem com o coração contrito. O negocio de purifi­
car a nossa alma só se acaba com a morte. Mas não
desanimes por isso ; continua a orar, vigia sobre o teu
coração, desconfia de ti c confia em Deus que não aban­
dona a ninguem se não fór primeiro abandonado. Esco·
lhe um guia no caminho da virtude c piedade , c roga
a Deus que te ctmduza a um confessor que te instrua,
console, anime e guie no caminho da salvação. Tendo
achado um tal , dá graças a Deus e obedece-lhe com
simplicidade filial. Só no caminho da humilde obedien­
cia conhecerás com segurança a vontade de Deus.

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-4B 167 �

Querendo , eom bõa preparação , receber o samto


Sacramento da Penitencia , medita , se fõr possivel , na
vespera do dia da Confissão , ao menos alguns pontos
da seguinte
Leitura espiritual
(tirada do Imitação de Christo.)
1.
Onde quer que estejas , e para qualquer lado que
te voltes, miseravel serás, se te não convertes a Deus.
Olha sempre primeiro para ti ; reconhece que és
indigno da consolação divina e que sómente mereces
castigos.
O homem de bem tem sobejo motivo de affligir·se
c chorar. E quanto mais exactamente se examina, tanto
mais profunda é sua dõr. Motivos de justa dõr e en·
tranhavel compuncção existem em nossos peccados.
Ai dos que não reconhecem sua miseria ! E ainda,
ai daquelles que amam esta miseravel e corruptivel vida !
Infelizes ! Com dõr conhecerão por fi.m, quão vil e nada
era tudo o que. amavam.
Porque queres differir , de dia em dia , o teu pro­
posito ? Levanta-te, começa desde já e dize : FAs o tempo
da acção, a,qora é tempo de. pe/�jar, tempo t! já de emen·
dar-me. Roga, pois, a Deus, que te conceda o espirito
de compuncção.
2.
Muito depressa te concluirás neste mundo. Hoje
está vivo o homem, e amanhã já não existe. Oh ! que
cegueira e dureza do coração humano , que só pensa
nas coisas presentes, sem mais olha.r para as futuras !
Ditoso quem sempre tem na vista a hora da morte
e cada dia se dispõe para morrer ! Prepara-te e vive
então de tal modo, que nunca te encontre a morte des·
percebido.

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� 168 8-
Muitos morrem inesperada e repentinamente , pois
que, quando menos se pensar, o Filho do homem ha
de vir. .Quando chegar aquella hora extrem a , bem di·
versamente começarás a julgar de toda a tua vida pas·
sada, e muito te arrependerás de ter sido tão negle·
gente e remisso.
Como prudente e feliz é aquelle que se esforça
por ser agora em vida, como deseja sel·o na morte l
·
Muito facil é praticar o bem, emquanto tens saude;
uma vez, porem, enfermo, não sei de que serás capaz.
Não confies em parentes e amigos , nem diffiras
para mais tarde o negocio de tua salvação , porque os
homens se esquecerão de ti mais depressa do que pensas.
Se não és cuidadoso para ti agora , como o serão
os outros ao depois ? Agora é o tempo precioso, agora
sào os dias da salvação , agora é o tempo aceitavel
2. Cor. 6. 2.
3.
Em tudo pondera o fim e de que modo te apresen·
tarâs ante o rigoroso Juiz, a quem nada é occulto.
Insensato e mísero peccador ! .Que responderás a
Deus que conhece os teus crimes, se tremes diante do
vulto de um homem irado ? Porque não te acautelas
para o dia do juizo?
Melhor é purgar agora os peccados e extirpar os
vícios, que deixal·oi para serem expiados na outra vida.
.Que outra coisa devorará aquelle fogo , senão os
teus peccado s ? No que mais tiveres peccad o , nisso
mais severamente serás castigado. Não haverá nenhum
vicio que não tenha no inferno seu particular tormento.
Uma hora de supplicio alli será mais insupportavel
que cem annos da mais rigorosa penitencia aqui. Alli
não ha nenhum repouso , consolação nenhuma para os
condemnados.
Tem agora cuidado e dôr de teus peccados , para
que no dia do juizo estejas seguro com os bemaventurados.

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� 169 &--
Então agradará mais a vida estreita c a rigorosa
penitencia, do que todas as delicias terrenas.
Se agora não podes soffrer, como poderás depois
soffrer os tormentos eternos ? Se agora o menor in·
commodo te torna tão impaciente, que fará então o in·
ferno ?
4.
Fica certo de que o inimigo antigo faz todo o pos·
sivel para abafar os teus bons desejos e para afastar·te
das praticas de piedade , como sejam : m editar na sa·
grada paixão e morte de Jesus , ter dOr dos peccados,
formar o firme proposito de emenda.
Suggere·te mil pensamentos para te causar tedio e
desgosto , para te desviar da oração e das santas lei­
turas. Desagrada·lhe a humilde confissão, e se pudesse,
faria que deixasses de commungar.
Não o creias, nem faças caso delle, ainda que mui·
tas vezes te arme laços para te seduzir. Resiste ao ini­
migo, e elle fugirá de ti. Jesus te diz : c Meu filh o , eu
sou o Senhor. Vem a mim, eu te dou conforto no dia
da tribulação. Sou eu quem livra dos perigos os que
em mim esperam , e fóra de mim não ha efficaz soe­
corro, nem util conselho, nem remcdio duravel.
Anima·te á luz das minhas misericordias , porque
perto estou de ti , para te restabelecer n a tua primeira
paz, e encher·te de novas e abundantes graças.
Ha porventura coisa que me seja difficil ? Acaso
sou eu semelhante aos que promettem e não cumprem ?
Onde está a tua fé ? Tem firmeza e perseverança.
Sê fo rte e magnanim o ; a seu tempo vir-te-á o conforto.
Tem confiança, espera em mim. Eu virei curar-te.
O que te acabrunha é uma tentação ; vão é o te·
mor que te aterra.>>
5.
Senhor, não sou digno de que me consoleis. Ainda
que eu pudera derramar um mar de lagrimas, nem por

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4B 170 �
isso seria digno de vossas consolações. Nada mais
mereço que ser castigado , porque Vos offe ndi grave­
mente e muitas vezes , pequei muito e de muitas ma­
neiras.
Mas Vós, Deus clemente e misericordioso, que não
quereis, que pereçam as vossas obras , para manifestar
as riquezas de vossa bondade , não Vos de digneis de
cqnsolar o vosso servo além do que elle merece e de
um modo sobrenatural.
Que fiz eu, Senhor, para que me concedais algum
celestial lenitivo? Não me recordo de ter praticado
bem algum ; ao contrari o , sempre lenho sido propenso
aos vicias. E' verdade, não posso negai-o. Que tenho
merecido por meus peccados , a não ser o inferno c o
fogo etern o ?
Com sinceridade accusar-me-ei d o s meus peccados
contra mim mesmo, de sorte a merecer mais facilmente
a vossa misericordia.
Que Vos poderei dizer eu que sou réo, coberto de
confusão ? Pequei, Senhor, pequei; tende piedade de mim ;
pe>·doae-me ; não desprezeis o melt coraçcio contrito e lw­
milhado.
6.
Jesus Christo : Filho , nunca estarás seguro nesta
vida ; por isso , em quanto viveres, terás sempre neces­
sidade de armas espirituacs.
Andas cercado de inimigos. Se, pois, de todos os
lados não te armares do escudo da paciencia , não po­
derás por muito tempo ficar sem feridas.
De mai s , se teu coração não se fixar irrevogavel­
mente em mim , com a firme vontade de soffrer tudo
por meu amor, não poderás sustentar tão renhida bala­
lha nem attingir a palma dos bemaventurados.
E', pois , preciso, arrostar varonilmente todos os
obstaculos e pelejar com muito esforço contra tudo que
se te oppuzer,

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Porque o 111and só é conceclido ao vencedor, ao passo
que extrema miseria é a partilha dos pusillanimes.
Apoc. 2, 1 7 .
Procura a verdadeira paz , não na terra , senão n o
ceo, e m Deus só.
7.
Jesus Ohristo: Pelo amor de Deus deves soffrer,
de bõa mente , todas as adversidades. Estas são os
degráos, por onde se sobe á perfeição da virtude, estes
são os exercidos do novo soldado de Jesus Christo,
estes são os diamantes e as perolas que ornam a sua
corôa celestial.
Eu recompensarei com eterno galardão um diminuto
trabalho e com gloria infinita a humilhação passageira.
Oh ! Se visses as corôas immarcessiveis que os
meus Santos possuem no eco, e a gloria de que agora
gosam aquelles que neste mundo eram desprezados ·c
considerados como indignos de viver ! Por certo te
humilharias até á terra , e não desejarias os passatem·
pos desta vida, antes te alegrarias de ser por amor de
Deus atribulado.
O h ! Se estas verdades penetrassem até ao fundo
de teu coração , como ousarias , mesmo uma só vez,
queixar·te ?
Que coisa ha tão penosa que não deva soffrer·se
pela vida eterna? Será coisa de pouco momento , ga·
nhar ou perder o reino de Deus?
Levanta , pois , os olhos ao ceo. Alli é onde cu
habito com todos os meus Santos que neste mundo
grandes combates sustentaram e agora se rejubilam ;
agora são consolados , agora estão seguros 1 descansam
em paz e permanecerão para sempre commigo no reino
de meu Pae.

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-4!! 172 �
Orações preparatorias.
A Deus Padre.
Meu Deus e meu Pae, eis-me aqui de joelhos
na vossa divina presença. Com todos os Santos
e Anjos eu Vos dou graças por vosso infinito
amor, pois Vós me amastes desde toda a eter­
nidade. Mas eu tenho sido ingrato, peccando
contra o ceo e diante de Vós. Meus peccados
falam contra mim, deixando-me sem paz e sem
consolação. O' Pae de misericordia , tende pie­
dade de mim, j á que me chamastes a Vós por
vossa divina graça. Volto a Vós, meu Pae, não
me desprezeis, restitui-me o vosso amor e o am­
paro precioso da vossa divina graça. Senhor
Deus, misericordia !
A Deus Filho.
O' Jesus, meu divino Salvador, humildemente
Vos adoro. Vós me remistes pelo vosso pre­
cioso Sangue, mas eu Vos tenho offendido. Dul­
císsimo Jesus , não sejais para mim Juiz, mas
Salvador ! Venho confessár-me ao vosso mini·
stro, como Vós ordenastes. Dae-me a graça de
accusar humilde e sinceramente os meus pecca·
dos, para que elle conheça e cure em vosso No­
me as feridas de minha alma. Meu Jesus, mi­
sericordia I perdão e misericordia pelos meritos do
vosso sagrado Sangue que derramastes por mim.
A Deus Espirito Santo.
Espírito Santo, com todos os Anjos Vos ado·
ro. Dignae·Vos de lançar em meu coração um

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� 173 g.....
raio da vossa luz celeste. Vinde ajudar-me nesta
santa hora com os auxílios da vossa divina graça.
Esclarecei o meu entendimento, para que eu bem
conheça todos os meus peccados. Tocae o meu
coração, a fim de eu detestar as minhas culpas.
Purificae os meus labios, para que eu possa con­
fessai-as todas e merecer o perdão d'ellas. Vin­
de, Espírito Santo, santificae a minha alma.
A' Santissima Trindade.
O' Santíssima Trindade , um só Deus em
tres Pessoas I Adorado , bemdito e santificado
seja o vosso Nome ! Tende piedade de mim
peccador, porque me creastes para Vós. Livrae­
me de todos os meus peccados e dae-me o vossp
amor.
A' Maria Santissima.
O' Maria Santíssima, augusta Mãe de Deus
e minha Mãe querida, já que tão bondosa vos
mostrais para com os pobres peccadores que de­
veras desej am converter-se, favorecei-me neste
momento. Vós sois, depois de Jesus , a minha
mais firme esperança. 0' Maria, refugio dos pec­
cadores , Mãe da divina graça , rogae por mim.
Doce Coração de Maria , sê de minha salva­
ção. Amen.
Aos Santos e Anjos.
São José, meu santo Anjo da guarda, todos
os S antos e Anjos, rogae por mim, para que eu
faça uma bõa confissão e alcance a graça de
emendar seriamente a minha vida. Amen.
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� 174 a+-

Aqui examina a tua consciencia pelos 10 manda·


mentos de Deus e os 5 da Egreja. Havendo peccados
mortaes, lembra-te, como e quantas vezes peccaste gra·
vemente por pensamentos, palavras e obras, por omis·
são das obrigações de teu estado e de tua vocação etc.
Faze o exame com cuidado, porem sem anciedade. Não
h a precisamente obrigação de confessar lambem os pec·
cados veniaes, convem, comtudo, confessar aquelles em
que mais frequentemente tiveres cahido. - Muitos se
esforçam por confessar escrupulosamente peccados leves
e meras imperfeições, entretanto não fazem caso de pec·
cados muito graves contra a decencia, justiça, caridade
etc., como se fossem bagatelas que não ha necessidade
de accusar. Guarda-te de tal illusão e cegueira I -

Sabe que qualquer peccado contra a castidade, commet·


tido com pleno conhecimento e consentimento , é mor·
tal ; e isto vale não somente a respeito de acções e
permissões impuras, senão lambem de vistas indecentes,
de imaginações, desejos c pensamentos impuros, demo·
rando·se nelles com pleno consentimento.
Tambem pecca gravemente quem procura ou por
propria culpa não evita as occasiões proximas do pec·
cada, e até pode haver culpa grave nas dlmonstrações
communs de amizade, se forem feitas com intenção im·
pura ou de uma maneira que excitem necessariamente
a sensualidade. - Commettem, portanto, muitos pecca·
dos mortaes os que , entretendo familiaridade perigosa,
vivem, por muito tempo, nas occasiões proximas do pec·
cada e consentem em pensamentos e desejos deshone·
stos. A's vezes taes pessoas estão tão obcecadas que
se julgam sem culpa por não fazerem nem permittirem
nada exterionnente, quando no coração já trazem o mo·
tivo de sua condemnação eterna. - Como muitos se
enganam a respeito da santa pureza, assim tambem acon·
tece a respeito das obrigações da justiça e da caridade.
Quantos peccados mortaes se commettem por fraude,

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-+fi! 175 �

falsificações de generos , fazendas etc. , falsas medidas


etc. ! Quanto tambem se pecca por inveja, por ambi­
ção, usura, por odio, calumnias , detracções , falsidades,
intrigas etc. , sem que os homens , por propria culpa,
cheguem a reconhecer devidamente aquelles peccados,
porque não se julgam seriamente a si mesmos, e assim
morrem sem se arrepender delles e sem os confessar.
Quão horrivel será o seu espanto , quando , diante do
tribunal de Deus , reconhecerem o triste estado de sua
alma !
Duvidando razoavelmente, se certas acções são ou
não peccado m ortal , pergunta ao teu confessor que te
instruirá em nome de Deus.
Tambem deves confessar os peccados mortaes que
tiveres esquecido nas confissões anteriores.
Não te deixes, na confissão, dominar de vão temor
ou falsa vergonha , diversamente não alcançarás jamais
a paz da alma ; antes, accusa-te clara e sinceramente.
Quanto mais severamente nós nos julgarmos a nós mes­
mos, tanto mais benignamente tratar-nos-á o eterno Juiz_

Exame de consciencia.
1. Mandamento : Tens negado a fé , tido vergonha
della? Tens tido duvidas voluntarias da fé ? Tens lido
jornaes ou livros irreligiosos ? Tens assistido a reu­
niões anticatholicas (de protestantes , espiritistas , ma­
çoes) ? Tens feito escarneo da religião ou das praticas
religiosas ? Tens consultado ou mandado consultar fei­
ticeiros, adivinhos etc. ? Tens murmurado contra Deus ?
Tens desesperado de tua salvação? Tens resistido á
graça de Deus e aos bons conselhos ? Tens deixado
de rezar, por muito rempo, as tuas orações diarias ?
2. Mandamento : Tens blasfemado contl,ra os nomes
de Deus e de seus Santos, pronunciando-os com des­
prezo, ira, odio ? Tens jurado sem necessidade ou falso ?

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-fi! 176 �

Tens jurado fazer algum mal ? Tens pronunciado no­


mes santos para rogar pragas ? Tens deixado de cum­
prir alguma promessa feita a Deus ?
3. Mandamento : Tens deixado de ouvir missa in­
teira nos domingos e dias santos por tua culpa? Tens
trabalhado ou mandado trabalhar nestes dias sem grave
necessidade ?
4. Mandamento : Tens, como filho ou subdito, des­
respeitado gravemente aos teus paes ou superiores ?
Tens desobedecido gravemente ? Tens tratado teus paes
ou superiores com desprezo, com adio? Tens falado
mal delles ou lhes desejado algum mal ? Tens resistido
com desprezo ás suas admoestações ou recebido com
indignação os castigos ? Tens zombado de pessOas mais
velhas, pobres, enfermos ? Tens deixado em abandono
teus paes velhos e pobres?
NB I Os paes de familia devem seriamente ex­
aminar , se tem cuidado da educação catholica de seus
filhos ; se vigiam devidamente sobre a innocencia delles ;
se os tem impedido , sem gravíssimos motivos , de se­
guir a sua vocação , quer casando-se, quer consagrando­
se a Deus.
Os criados, officiaes etc. examinem-se ainda, se tem
cumprido fiel e pontualmente as suas obrigaçOes do tra­
balho.
5. Mandamento : Tens peccado gravemente pela ira,
pela intemperança na comida ou na bebida? Tens pre­
judicado gravemente a ti ou a outrem na saude do corpo ?
Tens tido adio a alguem , e quanto tempo ? Tens de­
sejado grave mal ou tido vontade de te vingar? Tens
maltratado alguma pessOa, e como ? Tens seduzido al­
guma pesso,a a peccar ? Tens maltratado animaes?
6. Mandamento : Tens pensado voluntariamente em
coisas indecentes, consentido em desejos impuros? Tens

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peccado por vistas deshonestas? Tens tido conversas
indecentes , proferido alguma palavra obscena , ou pre·
stado attenção a taes conversas e palavras? Tens lido
livros indecentes etc. ?
Tens tido tactos torpes em ti ou com outras pes·
soas , ou os permittiste? Tens feito acções deshone·
stas , só ou com outra pessOa ? com pessOa innocente,
parenta, casada ? Tens faltado ao pudor, despindo-te ou
descobrindo-te levianamente á vista de outra pessOa?
Tens· te gabado de haver commettido algum peccado torpe?
Tens dado escandalo ao proximo, provocando-o a peccar
com teu vestuario, gestos, vistas etc. ?
NB ! Accusa-te com toda a sinceridade e confiança
de tudo , quanto nestes pontos aggrava a tua conscien·
cia. Duvidando , se uma coisa é ou não peccaminosa,
pede humildemente ao ministro de Deus que te esclareça.
7. e 10. Mandamentos: Tens furtado alguma coisa·?
Tens tido desejo de furtar alguma coisa? Tens retido
alguma coisa alheia sem querer restituil·a ? Tens dei·
xado de pagar tuas dividas , podendo pagai-as? Tens
prejudicado alguem , estragando coisas alheias ? Tens
enganado e defraudado o proximo no preço, nos nego·
cios , encommendas etc. ? Tens desperdiçado dinheiro
dos paes ou da familia em bebidas, jogos, especulações ?
,r- 8. Mandamento: Tens mentido , causando assim
grave damno a alguma pessOa ? Tens falado mal de
outras pessOas , descobrindo faltas graves sem necessi·
dade ? Tens calumniado o proximo? Tens feito intri·
gas, revelando segredos, fazendo maus juizos sem justo
motivo e communicando-os a outras pessOas ? Tens
peccado por fingimento, hypocrisia, falsidade ?
Tens peccado gravemente por orgulho , avareza,
inveja, preguiça? Tens deixado de cumprir, em mate·
ria grave, as obrigações de teu estado? ;'

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� 178 �
O arrependimento.
Nota : Nenhum peccador pode alcançar de Deus o
perdão dos peccados sem verdadeiro arrependimento.
Pede, portanto , humilde e fervorosamente ao Espirito
Santo te dê a graça de conhecer , quão abominavel é
o peccado diante de Deus. Conhecendo bem isto , de·
testarás, com certeza, os teus peccados e te resolverás
-seriamente a evital·os, custe o que custar. Faltando o
profundo aborrecimento dos peccados, não ha verdadeiro
arrependimento e por conseguinte nem absolvição vali·
da. Mas tendo aquclle aborrecimento e o firme e sin·
cero proposito de evitar os peccados, porque olfendem a
Deus , e de empregar os meios necessarios para não
recahir , tens , sem duvida, verdadeiro arrependimento,
ainda que nada delle sintas no coração, porque o arre­
pendimento consiste na bôa vontade e não nos senti­
mentos. E' preciso arrepender-se antes da confissão ;
a contrição, excitada sómente depois da absolvição, não
vale. Reza agora , mais com o coração do que com a
bocca, os seguintes actos de

Contrição e bom proposito.


A Deus Padre.
Meu Deus e meu Pae , reconheço o triste
estado da minha alma. Que grande mal tenho
feito na vossa divina presença! Pequei, Senhor,
muitas vezes ; já não tenho paz, porque os meus
peccados falam sempre contra mim. Meu Pae
celestial , quanto Vos fui ingrato ! Já não sou
digno de ser chamado vosso filho. Vós sabeis
tudo, penetrais o fundo do meu culpado coração ;
sois santo, tendes odio infinito dos peccados. Oh!
quanto me tornei abominavel aos vossos olhos

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� 179 �
por minha culpa, por minha culpa , por minha
tão grande culpa !
Onde estaria eu agora, se tivesse morrido
com estes peccados ? No fogo do purgatorio ou
talvez nas chammas terríveis do inferno com os
demonios. Que grande mal , ó meu Deus , é o
peccado que castigado é eternamente em cham­
mas de fogo pela vossa divina justiça ! Senhor
Deus, misericordia! Peza-me profundamente de
Vos haver offendido. Tende piedade de mim !
Vós sois meu Pae, cheio de bondade c amor.
Desde toda a eternidade me amastes, déstes-me
a vid a , a graça do santo Baptismo , as vestes
preciosas da innocenci a ; até agora cumulastes­
me de graças e beneficios. E quereis dar-me.
ainda o que ha de mais santo e precioso no ceo
e na terra : o Corpo e Sangue do vosso Filho
Unigenito, Jesus Christo, na Communhão. O'
meu Pae, quão grande é vosso amor para com­
migo ! Mas eu Vos tenho offendido gravemente.
Peza-me, peza-me no intimo de minha alma de
Vos ter sido tão ingrato. Perdoae-me, meu Deus,
pelo amor de Jesus Christo e pelo amor de Ma­
ria, sua Santíssima Mãe.
A Jesus Cllristo.
O' Jesus, meu amorosíssimo Redemptor, eis­
me aqui aos vossos pés. Quão grande foi minha
maldade e minha ingratidão ! Considero com
muita dôr de minha alma as vossas chagas tão
profundas , vej o correr o vosso sagrado Sangue.
O' Jesus, vejo-Vos, no m ais doloroso d �samparo,
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� 180 �
morrendo na Cruz, depois de uma tormentosa
agonia de tres horas. A h ! foi por mim, foi por
meus peccados que o proprio Filho de Deus sof­
freu uma morte tão cruel e dolorosa. Meu Jesus,
peza-me de Vos ter offendido, tende piedade de
mim ! Jesus, meu divino Salvador ! Vós me
amastes com infinito amor , por mim derramas­
tes todo o Sangue de vosso Coração , mas eu
Vos desprezei, eu Vos offendi gravemente, e não
só uma vez, senão muitas , muitas vezes. Meu
Jesus, peço· Vos humildemente perdão de todas
as minhas culpas pelu vosso precioso Sangue,
pela vossa sagrada Paixão e Morte e pelas la­
grimas e dôres de vossa Mãe Maria Santíssima.
De hoje em diante não quero mais peccar. An­
tes morrer, meu Jesus, do que ainda offender­
Vos e peccar. Aborreço e detesto de todo o meu
coração , de toda a minha alma e com todas as
minhas forças todo e qualquer peccado. Abo­
mino este mal infinito que separa os homens de
Vós, Senhor, por toda a eternidade , arrastando­
os cruelmente ao inferno.
O' Jesus, abençoae este meu bom proposito ;
dae-me a vossa graça e as forças necessarias
para me emendar verdadeiramente e para ven­
cer todas as tentações.
Doce Coração do meu Jesus , fazei que eu
Vos ame cada vez mais. (300 dias de Jndulg.)

Ao Espirito Santo.
Espirito Santo, peza-me de ter recusado a
vossa graça e o vosso amor. Já vou confessar
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---+:6 181 g....
as minhas culpas com toda a dôr de minha alma.
Vinde , meu Deus , ajudae-me , dae-me animo e
confiança, para que eu bem confesse todos os
meus peccados. Dae tambem vossa luz e vossa
graça ao Sacerdote, vosso ministro, afim de que
elle cure em Nome de Jesus as feridas de minha
alma e me perdoe as minhas culpas.
A Maria Smztissim � e aos Santos c Anjos.
O' Maria, minha Mãe, rogae por mim nesta
hora bemdita ; mostrae agora que sois minha
Mãe. Doce Coração de Maria , sê de minha sal­
vação pela vossa poderosa intercessão. Todos
os Santos e Anjos, rogae por mim. Amen.
Antes de accusar os proprios peccados, costuma-se ·
rezar a Confissão Eu pecr.ador. Depois da accusação
convem rezar ainda o acto de Contrição.
Confissão.
Eu peccador me confesso a Deus Todo-pode­
roso , á bem aventurada sempre Virgem M-aria,
ao bemaventurado S. Miguel Archanjo, ao bem­
aventurado S. João Baptista , aos Santos Apos­
tolos S. Pedro e S. Paulo , a todos os Santos, e
a vós, Padre, que pequei muitas vezes por pen­
samentos, palavras e obras , por minha culpa,
minha culpa, minha tão grande culpa. Portanto
peço e rogo á bemaventurada sempre Virgem
Maria 1 ao bem aventurado S. Miguel Archanjo,
ao bemaventurado S. João Baptista , aos Santos
Apostolos S. Pedro e S. Paulo, a todos os San­
tos , e a vós , Padre, que rogueis a Deus Nosso
Senhor por mim. Amen.
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-+fil 182 &---
Acto de contrição.
Senhor meu Jesus Christo, Deus e homem
verdadeiro, Creador e Redemptor meu, por ser­
des Vós quem sois , summamente bom e digno
de ser amado sobre todas as coisas , e porque
Vos amo e estimo, peza-me, Senhor, de todo o
meu coração , de Vos ter offendido; e proponho
firmemente, ajudado com o auxilio da vossa di­
vina graça, emendar-me e nunca mais Vos tor­
nar a offender e espero alcançar o perdão de
minhas culpas, por vossa infinita misericordia.
Amen.

Orações para depois da confl.ssio.


Acção de graças.
Com que manifestar-vos-ei minh a gratidão,
meu Deus e meu Pae, pela bondade e pela mi­
sericordia que agora tivestes commigo I Déstes­
me, pelos merecimentos de Jesus Christo , a ab­
solvição de todos os meus peccados pela bocca
de vosso sagrado ministro. É verdade 1 meu
Deus, Vós não quereis a morte do peccador, mas
sim que elle se converta e viva.
O' minha alma, alegra-te no Senhor, glori­
fica ao teu Deus , dá graças sem cessar ao teu
Salvador !
Cantico em acção de graças.
?salmo 1 02.
Louva, minha alma, ao Senhor, e todas as
minhas faculdades engrandeçam seu Santo Nome.

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� 183 �

Bem dize, minha alma , ao Senhor, e não te


esqueças de nenhum de seus beneficios.
Pois Elle é o que perdoou todas as tuas ini·
quidades , o que te curou de todas as tuas en·
ferm idades.
Elle é o que re:sgatou tua vida da perdição,
o que te coroou com benignidade em sua mise·
ricordia.
Elle é o que satisfez teus desejos, enchendo.
te de novo de seus bens , renovando a tua ju·
ventude.
O Senhor é misericordioso, e faz justiça a
todos os que padecem inj uria.
O Senhor é cheio de misericordia e ternura,
Ionganime e muito compassivo.
N ão fica para sempre irado, nem usa sem­
pre de ameaças.
Não me tratou como mereciam os meus pec·
cados, nem me castigou segundo a grandeza de
minhas iniquidades.
Porque quanto estão altos os ceos sobre a
terra: tanto prevalece sua misericordia sobre os
que o temem.
Os dias do homem passam como a herva ;
como a flor do campo assim desflorece.
Porem a misericordia do Senhor dura de
eternidade em eternidade sobre os que o temem ;
como tambem sua j ustiça sobre os que guardam
os seus mandamentos.
O Senhor firmou seu throno nos ceos , e o
seu reino se estende sobre todas as creaturas.

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Louvae ao Senhor vós todos que sois seus
Anjos, vós Espiritos poderosos que executaes as
suas ordens, e obedeceis ao aceno de sua .:palavra.
Louvae ao Senhor vós todos que compondes
os seus exercitos ; que sois seus ministros , que
cumpris suas vontades.
Louvae ao Senhor todas as suas obras em
todo o Jogar de sua dominação.
E tambem tu , 6 minha alma, louva ao Se·
nhorl
Gloria ao Padre e . ao Filho e ao Espirito
Santo :
Assim como era no principiO, agora e sem­
pre e per todos os seculos dos seculos. Amen.
Renovação do bom propoaito.

Deus de bondade e misericordia, o mais


brando e mais amoroso de todos os paes ; accei­
tae benignamente estas acções de graças que
Vos offerece um peccador, o qual pela vossa in­
finita misericordia se tornou vosso filho. Eu Vos
amo , meu Senhor e meu Deus, e meu coração
abraza-se no vosso amor. Por isto torno a to­
mar a firmissima resolução de evitar, aborrecer
e detestar o peccado para sempre por amor de
Vós. Sej a a maior consolação e felicidade de
minha vida a de cumprir fielmente os vossos
santos mandamentos. Quero reparar as minhas
faltas e os meus peccados pela oração, pela mor­
tificação dos meus sentidos e pelo santo zelo e
fervor no vosso serviço. Senhor, Vós sabeis to­
das as coisas; sabeis tambem que agora Vos

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� 185 �

amo ; sabeis que é sincero o meu bom proposito


de amar-Vos até o fim. Mas, ó meu Jesus, sou
fragil e inconstante. Vós mesmo dissestes no
horto das Oliveiras : «Ü espirito, na verdade,
está prompto , mas a carne é fraca., Portanto
Vos peço humildemente com santa confiança,
ajudae-me com a vossa divina graça, e fortale­
cei-me no combate contra as tentações.
Meu amabilissimo Jesus, encerrae·me em
vosso divino Coração , para que nem o mundo
nem o infern o , nem divertimentos nem tribula­
ções , nem a mesma morte 1 me possam separar
de Vós. Dae-me a graça da santa perseverança,
para que eu possa glorificar\com todos os San­
tos e Anjos a vossa infinita misericordia por
toda a eternidade. Amen.
Reza agora, se for possivel, a penitencia , imposta
pelo confessor. Depois irás ainda ao altar d e Nossa
Senhora rezar a seguinte
O r a ç ã o a M a r i a S a. n t i s s i m a..
(Para alcançar a perseverança.)
Santissima Virgem Maria, Rainha do ceo,
tenho tido a desgraça de cahir em peccado, mas
me arrependi e recebi perdão no santo Sacra­
mento da Penitencia. Venho humildemente a
vós, ó minha santissima Mãe , para vos agrade·
cer de todo o meu coração por me haverdes aj u­
dado e alcançado de Jesus o perdão de todas as
minhas culpas. De novo me consagro ao vosso
serviço. Lembrae-vos, ó minha dulcíssima Mãe,
de que tort;�ei a ser vosso filho; tende compaixão
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de mim e recebei-me de novo debaixo da vossa


maternal protecção. Em vós ponho 1 depois de
Jesus, toda a minha confiança, e espero que não
me abandonareis, como mereço. Pois ainda estou
exposto ao perigo de tornar a offender ao vosso
divino Filho e meu Senhor Jesus Christo a quem
!?ó quero amar até ao ultimo suspiro. Os meus
inimigos não dormem , as tentações me hão de
perseguir de novo por toda a parte. Protegei­
me, Rainha gloriosa do ceo , defendei-me , ó mi­
nha Mãe Maria, soccorrei-me contra us ataques
do inferno, ó Virgem Immaculada!
Não, não terei a desgraça infinita de perder
a minha alm a e o meu Deus, pois é esta a graça
que vos peço, ó Maria , e que espero alcançar
pela vossa piedosa intercessão. Amen.
O' Maria, concebida sem peccado, rogae por
nós que recorremos a vós. ( 1 00 dias de Indulg.)
São José, meu Santo Anjo da guarda, todos
os Anjos e Santos, rogae por mim. Amen.
Seja amado por toda a parte o Sagrado Co-
ração de Jesus I ( 1 00 dias de lndulg.)
Seja bem dita a santa , Imm'a culada e Puris­
sima Conceição da Bemaventurada Virgem Ma-
ria, Mãe de Deus ! (300 dias de Indulg.)
Lembra-te ainda em casa dos bons conselhos do
confessor e prepara o teu coração para a Sagrada Com·
munhão.

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A SAGRADA COMMUNHÃO.
Leitura espiritual
para se fazer na vespera do dia da S. Commnnhão.
Leiam-se ao menos alguns pontos.

1.
Je:Jus Christo : «Vinde a mim vós todos que estais
em trabalhos e afflicções1 e alliviar-vos-ei, diz o Senhor.
O pão que hei de dar-vos é minha carne para a
1

vida do mundo.
Tomae e comei, isto é o meu corpo. Quem come
deste pão, viverá eternamente.
As palavras que vos tenho dito, são espirito e vida.))
O Fiel: São vossas essas palavras, Senhor Jesus,
verdade eterna. São, pois, verdadeiras, devo recebei-as
todas com gratidão e fé viva. São vossas, pois Vós as
dissestes , e tambem são minhas , porque as dissestes
para a minha salvação. De bõa vontade as recolho dos
vossos labios, para que sejam mais profundamente gra­
vadas no meu coração. Animam-me palavras tão repas­
sadas de piedade, tão cheias de doçura e de amor, mas
por outra parte os meus proprios peccados me atemo­
rizam, e a impureza de minha consciencia me afasta da
recepção de tão sublimes mysterios.
Sou attrahido pela doçura de vossas palavras ; op­
prime-me, porem, a multidão dos meus peccados.
2.
Mandais, ó meu Jesus, que a Vós me chegue com
grande confiança , se eu quizer ter parte comvos co , e
que receba o alimento da immortalidade, se desejar ob­
ter a gloria e a vida eterna. Vinde a mim, dizeis, vó.•
todos que estais em trabalhos e afflicções, e alliviar-vos-ei.
Como são doces e amorosas estas palavras aos
ouvidos do peccador, quando Vós, Senhor , meu Deus,

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4Jl 188 �

convidais o pobre e o indigente á Communhão do vosso


Santíssimo Corpo I
Mas quem sou eu, Senhor, para ousar approximar·
me de Vós I Com o ? Os ceos dos ceos não Vos po­
dem abranger, e diz eis : Vinde a mim todos ?
Dónde vem esta tão misericordiosa mercê, este tão
inestimavel convite? Como Vos poderei acolher em
minha casa , depois de ter eu peccado tantas vezes di·
ante de vossa face adoravel ? Os Anjos Vos adoram
tremend o ; os Santos se penetram de temor, e Vós di­
zeis : Vinde a mim? Quem poderia crêl·o, se Vós mes·
mo , Senhor, o não tivesseis assegurado ? E se Vós
mesmo não o ordenassei s , quem ousaria approximar-se
de Vós ?
3.
Noé, varão justo , trabalhou durante cem annos na
construcção da arca, para salvar-se nella com poucas
pessõas, pois como poderei eu numa hora preparar-me,
para receber dignamente o Creador do mundo?
Moyses, vosso grande servo e amigo devotado, fez
uma arca de madeira incorruptível e a guarneceu de
ouro puríssimo, para guardar nella as taboas da Lei, e
eu , creatura sujeita á corrupção, ousarei receber-Vos
tão facilmente a Vós, legislador supremo e autor da vida?
Salomão , o mais sabio dos reis de Israel , gastou
sete annos a levantar um templo magnífico á gloria do
vosso Nome. Celebrou por espaço de oito dias a festa
de sua dedicação , offereceu mil hostias pacificas; e ao
som das trombetas , no meio de santo jubilo , collocou
solemnemente a arca da alliança no Jogar que lhe hou­
vera preparado.
E eu m iseravel , o mais pobre dos homens , como
Vos receber em minha casa , eu que mal posso consa·
grar attentamente meia hora na oraçã o , e oxalá que
mesmo menos tempo dignamente o fizesse !

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-+fB 189 �

O' Deus meu, que não fizeram aquelles santos va­


rões para agradar-Vos ! Mas ai de mim, quão pouco é
o que eu faço ! Quão breve o tempo por mim occupa·
do , quando me disponho á Communhão ! Raras vezes
estou de todo recolhido , e mais raro ainda me vejo
livre de toda a distracção. E certamente, na vossa di­
vina e salutar presença , nenhum pensamento impuro
devéra assaltar-me, nem occupar-me a lembrança de crea·
tura alguma, porque não vou hospedar a um Anjo, se­
não ao Senhor dos Anjos.

4.
O' Deus invisivel, Creador do mundo, como admi·
ravel é o vosso modo de agir comnosco ! Que doçura
e bondade dispensais aos vossos eleitos , dando-Vos a
elles, neste Sacramento, por alimento. Eis o que trans­
cende toda a nossa comprehensão , e que faz especial·
mente arrebatar os corações piedosos, inflammando-lhes
o affecto.
O' graça admiravel e occulta do Sacramento , co­
nhecido sómente dos fieis servos de Jesus , e que não
pode ser experimentada pelos infleis e pelos escravos
do peccado ! E' neste Sacramento que se confere a
graça espiritual , se recobra , na alma, a força perdida,
restitue-se nella a formosura que a fealdade do peccado
lhe tinha roubado.
E esta graça é algumas vezes tão abundante , que
pela plenitude da piedade que ella inspira, não só o
espirito , como mesmo o corpo debil sente , que se lhe
augmentam as forças.
Por isso devemos sentir e chorar amargamente
nossa tibieza e negligencia, vendo o pouco fervor, com
que recebemos a Jesus , em quem reside toda a espe·
rança e todo o merito dos que se hão de salvar. Por
quanto é Elle a nossa santificação e a nossa redempção,

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4jj 190 �

Elle é a consolação dos viandantes e a eterna felicidade


dos Santos. Quanto não é, pois, para chorar o pouco
caso que muitos fazem deste Mysterio que é a alegria
do ceo e a salvação do mundo !
O' cegueira , ó dureza do coração humano , que ja
não presta attenção a este dom ineffavel !

5.
O' bom Jesus, Salvador Santíssimo, dignae-Vos de
supprir benigna e graciosamente, o que me falta. De·
seja receber-Vos com amoroso respeito, meu coração
anhela por se unir a Vós.
Dae-Vos , Senhor , a mim , c este dom me basta,
porque sem Vós nenhuma consolação me satisfaz. Não
posso estar sem Vós, e, sem que me visiteis, não quero
viver.
Por isso me convém chegar-me muitas vezes a Vós
e receber·Vos para remedio de minha salvação , para
que, baldo desse celestial alimento, não venha a desfal·
lecer no caminho.
Eu que tantas vezes caio c pecco, tão depressa
desmais e enfraqueço, necessito verdadeiramente reno·
v ar-me, purificar-me e alentar-me pelas oraçoes e con·
fissões frequentes e pela recepção do vosso Sagrado
Corpo, pois que, abstendo-me por tempo de fazel·o, eles·
cahirei dos meus santos propositos.
Porque desde a infancia o homem é pelos seus sen­
tidos inclinado para o mal, e se não fõr amparado des­
te divino remedio , cahira , pouco a pouco, em maiores
excessos.
Assim, pois, é a Santa Communhão que nos aparta
do mal e nos fortifica no bem.

6.
Jesus Ohristo: Eu sou amigo da pureza, e de mim
é que provem toda a santidade.

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� 191 �

Busco o coração puro e esse é o logar do meu


descanço. Se queres que eu venha para ti e perma­
neça comtigo , pnrifica-te do velho fermen to c limpa a
morado do teu coração. Exclue dellc todos os pensa­
mentos do seculo e o tumulto dos vicias. Como o pas­
sarinho que geme solitario sol!re o telha,do, pensa em teus
peccados na amagura de tua alma. Pois um amigo pre·
para sempre a seu amigo o melhor e mais bello Jogar,
e com isso se vê o affecto de quem acolhe seu amigo.
Deves não obstante saber, que por teu proprio
1 1

merito jamais poderás preparar-te dignamente , mesmo


quando empregasses um anno inteiro e não tivesses ou­
tro pensamento.
Mas sómente por minha misericordia e graça te é
permittido chegar á minha mesa, como se um rico con·
vidasse u m pobre mendigo que não tivesse outra coisa
para pagar este beneficio , senão humildade e agradeci.
mento.
Faze o que está em ti, c faze·o com muita diligen·
cia. Recebe, não por seguir um costume ou preencher
um dever rigoroso, porem com temor, reverencia e amor
o Corpo de teu amado Deus e Senhor que se digna de
vir a ti.
Eu sou quem te chamo á minha mesa , quem te
mando que venhas. Vem, e recebe-me ; eu supprirei o
que te faltar.
7.
Jesus Christo : Quando te concedo o dom do fer­
vor, rende graças a Deus, não porque sejas digno deste
dom, senão porque tive misericordia de ti.
Se não sentires devoção e te achares mui secco,
persevera na oração, geme, clama, e não descances, até
que mereças receber uma migalha da minha mesa ou
uma gotta das aguas saudaveis da graça.

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4B 192 &-

Tu precisas de mim , eu não preciso de ti. Vens


para ser por mim santificado e para unir-te a mim , de
sorta que possas receber ·novas graças e adiantar na
virtude.
Não desprezes, pois, uma tal graça, antes com todo
o cuidado prepara o teu coração, e recebe em te tf peito
Aquelle que te ama.
De mais , convém que não sej a sómente antes da
Communhão, que te excites á piedade, mas tambem que,
após a recepção do Sacramento, guardes o mesmo fer·
vor. A vigilan cia que se ha de ter depois, não é me·
nos exigida, que a fervente preparação que precede ;
porquanto esta bôa vigilancia que depois se tem , é a
melhor disposição para receber novamente maior graça.
Por isso é que fica muito mal disposto, quem logo de·
pois se derrama pelas recreações exteriores.
Guarda-te de falar muito, recolhe-te a um Jogar re·
tirado , e gosa de teu Deus. Tu possues Aquelle que
o mundo inteiro não pode roubar-te. Sou eu a quem
te deves entregar sem reserva, de sorte que, desemba­
raçado de toda a solicitude, já não vivas em ti , senão
em mim. · lmit. Chr. 4.

Orações1·para antes da Santa Com.munhão.


Tres petições a Santissima Virgem Maria,
por Ella mesma ensinadas a S. Gertrudes.
L Castissima Virgem Maria, por aquella illi­
badissima pureza , pela qual em vosso seio vir­
ginal preparastes ao Filho de Deus uma digna
morada, peço-Vos, que pela vossa intercessão me
façais digno de ser purificado de toda a mancha.
2. Humillima Virgem Maria, por aquella pro­
fundissima humildade, pela qual merecestes ser

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......EJ 193 �
exaltada sobre todos córos dos Anjos e Santos,
peço-Vos , para que a vossa intercessão suppra
todas as minhas negligencias.
3. Amabilissima Virgem Maria, por aquelle
inestimavel amor que inseparavelmente Vos uniu
a Deus, rogo-Vos, para que pela vossa interces­
são me seja concedida a abundancia de todos os
merecimentos. Assim seja.
Acto de fé.
O' meu Jesus, Vós sois o caminho , a ver­
dade e a vida. Creio firmemente tudo o que nos
revelastes. Confesso em particular com toda a
alegria do meu coração , que Vós, meu Deus e
Salvador, estais presente no Santíssimo Sacra­
mento do Altar, com corpo , sangue , alm a e di�
vindade, tão real e p �itamente como estais no
ceo. O' Jesus amabihssimo, Vós sois nesse ad­
oravel Sacramento o verdadeiro pão descido do
ceo para alimento de minha alma. Creio isto,
porque Vós mesmo , a verdade eterna e infalli­
vel, no!-o revelastes.
JF. Forti.ficae a mz"nha fé, ó Jesus:
Acto de adoração.
Animado por esta santa fé eu Vos adoro com
respeito e profunda humildade, ó divina Maje­
stade! Quizera adorar-Vos com a mesma devo­
ção, com o mesmo fervor, com que Vos adoram
os espiritos celestes que rodeiam este santo altar
para prestar suas homenagens a Vós , seu Se­
nhor e Rei. Offereço-Vos em sacrificio tudo o

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� 194 �
que sou e tenho. Renuncio a mim mesmo e a
todas as creaturas, para pertencer unicamente a
Vós, e para somente a Vós servir.
J?. Pertenço a Vós para sempre, ó Jesus/
Acto de humildade.
Quem sois Vós , Senhor, e quem sou eu ?
· Vós sois Deus , e eu nada; Vós a divina Maje­
stade , e Santidade infinita, e eu fraca creatura,
vil peccador. Como me approximarei de Vós,
meu Senhor e meu Deus ? Senhor, não sou di·
gno de que venhais a mim , mas Vós me cha·
mais, e cheio de ternura e amor me convidais á
vossa sagrada mesa. O' Jesus , tende piedade
mim , e suppri por vossa graça as faltas de mi­
nha fraqueza.
ijr. Senhor, dizei uma só palavra , e minha

alma será salva !


Acto de esperança.
Vós, meu Jesus, sois minha esperança e meu
refugio. Que não hei de esperar de uma visita
como a vossa, ó divino Salvador! Como não
hei de confiar em Vós, ó Jesus, que Vos dais
inteiramente a mim I Confiado nas vossas pro­
messas espero que esta Sagrada Communhão
me servirá para perdão dos meus peccados, para
sustento da minha alm a , e que será para mim
um penhor da vida eterna. A minha indign i­
dade é grande, porem maior é vossa misericor·
dia.
J?. Jesus , minha esperança , tende piedade de
mim !

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� 195 �

Acto de Amor.
Amabilíssimo Jesus, Deus de bondade, Deus
de amor, summo bem da minha alma, eu Vos
amo de todo o meu coração e sobre todas as
coisas. A h l Quem me déra receber-Vos com o
mesmo amor com que os Santos Vos recebiam
n'este mysterio adoravel l O' Jesus , quizera
amar-Vos com aquelle amor com que Vos abra­
çava vossa Mãe, Maria Santíssima!
!p. Jnflammae o meu amor, ó Jesus I
Acto de contrição.
Meu Jesus, quem déra que eu nunca Vos
tivesse offendido I Peza-me de ter desprezado
a vossa graça e amisade. Aborreço e detesto
ainda uma vez , de todo o meu coração , a mi­
nha ingratidão, e renovo a firmissima resolução
de ser-Vos fiel e de amar-Vos sinceramente na
vida e na morte e por toda a eternidade.
!p. O' Jesus, perdoae-me, e abenç.oae o meu
proposita l
Acto de desejo.
Rogosija-te , minha alma ! Eis aqui o Rei
do ceo , o teu Redemptor e Deus , teu divino
Esposo que vem a ti. Vinde, ó Jesus , minha
esperança e consolação, minha vida e minha ale­
gria, meu Deus e meu tudo ! Meu coração muito
Vos ama ; vinde, visitae-me, santificae-me, forti­
ficae-me e conduzi-me pela graça desta Sagrada
Communhão áquelle banquete divino, onde Vos
-hei de possuir e gosar eternamente.
!p. Vinde, meu Jesus, satisfazei o meu desefo !

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� 196 �
Invocaql.o dos Santos e Anjos.
O' vós todos, Santos e Anjos do ceo, rogae
por mim n'esta hora feliz , para que receba di·
gnamente o meu e vosso Deus. O' Maria, Rainha
dos Santos e Anjos, Mãe bemdita do meu Jesus,
assisti-me , vaiei-me , emprestae-me n'este mo·
inento solemne o vosso Coração e o vosso amor.
Meu Anjo da guarda e todos os Anjos, aqui pre­
sentes, acompanhae-me á mesa do Senhor, para
que eu cheio de respeito , inflammado de amor,
receba ao meu Jesus, com quem desejo viver e
morrer.
Jesus, sêde-me propicio I
ijl. Jesus, sêde commi'go misericordioso !
Jesus, pu:doae-me os meus prccados !
Fazei·me digno de vosso Sagrado Corpo e
Sangue. Amen.

Depois da. Communhi.o.


1. Eis a que ponto chegou vossa excessiva
caridade, ó meu amantissimo Jesus ! Para Vos
dardes todo a mim , da vossa carne e do vosso
preciosissimo Sangue aparelhastes-me uma mesa
divina. Quem Vos levou a taes excessos de
amor? Quem senão o vosso amorosissimo Co­
ração ? O' Coração adoravel de Jesus, fornalha
ardentissima do divino amor , recebei a minha
alma em vossa chaga sacratissima, afim de que
eu n'esta escóla de caridade aprenda a amar
tambem a Deus que me deu tão admiraveis pro"
vas de seu amor. ( 1 00 dias de Indulg.)

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--E 197 �
2. O' Jesus, agora estais commigo, Vós que
sois a alegria dos Anjos, a bemaventurança dos
Santos , a fonte inesgotavel de todas as graças.
Creio em Vós, ó eterna Verdade ! Adoro-Vos ó
Divindade incomprehensivel ! Eu Vos bemdigo,
ó Humanidade, cheia de graças I Eu Vos agra­
deço, ó Bondade ineffavel l Eu Vos peço a vossa
graça e o vosso amor, ó Misericordia infinita !
!p. Jesus, para Vós vivo!
Jesus, para Vós morro !
Jesus, vosso sou na vida e na morte I
3. Bemdito sejais , ó meu Jesus amorosissi­
mo, que Vos dignastes de entrar em meu cora­
ção, que me alimentastes com a vossa Sacratis­
sima Carne e precioso Sangue. Com que retri­
buir-Vos-ei o vosso infinito amor? Nada tenho
senão o meu coração ; recebei-o, possui-o para
sempre , ó Deus do meu coração. Disponde de
mim conforme a vossa vontade; afastae de mim
tudo o que Vos possa desagradar, e fazei em
mim tudo o que Vos approuver, porque não de­
sejo mais nada no ceo e na terra sena.o a Vós,
ó felicidade de minha alma.
!p. Jesus, a Vós me entrego !
Jesus, a Vós me uno I
Jesus, ficae commigo para sempre !
4. Jesus , minha consolação e meu refugio,
com toda confiança Vos entrego todas as minhas
necessidades do corpo e da alma. Fazei que
tudo sirva segundo a vossa divina providencia
para a vossa gloria e minha salvaç!lo. Preser·
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--+El 198 &--

vae-me do, peccado, conservae-me na vossa gra·


ça. Consolae-me nas minhas afflicções , fortale·
cei-me em todas as tentações, e protegei-me em
todos os perigos da salvação. Recommendo-Vos
em particular o fim de minha vida. Alimentae­
me então com o Sagrado Pão do ceo ; purificae
·minha alma no vosso precioso Sangue; defen­
dei-me do espirito maligno, e conduzi-me ao vos­
so reino eterno. Deixae descançar o meu corpo
em paz; e quando vierdes a julgar os vivos e
os mortos, dae-lhe a gloriosa resurreição.
ij!. Jesus, abençoae·mel
O' bom Jesus, ouvi-me I
5. Rezemos pela exaltação da santa Egreja e pela
salvação dos vivos e dos mortos.
Jesus, Salvador do mundo,
ij!. Nós Vos pedimos, ouvi-nos, Jesus!
Que Vos digneis conservar na santa Religião
ao Soberano Pontifice e as Ordens ecclesiasti·
cas , e conceder a todos os christãos a paz e a
unidade na fé,
ij!. Nós Vos pedimos, ouvi-nos, Jesus!
Que Vos digneis livrar as nossas almas , as
de nossos paes, irmãos, parentes e bem feitores
da condemnação eterna,
ij!. Nós Vos pedimos, ouvi-nos, Jesus I
Que Vos digneis conceder a todos os fieis
defuntos o descanço eterno,
ij!. Nós Vos pedimos, ouvi·nos, Jesus/
Cordeiro de Deus que tirais os peccados do
mundo, ij!. Perdoae·nos1 Senhor I

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� 199 �
Cordeiro de Deus que tirais os peccados do
mundo, Jt. Ouvi-nos Senhor I
Cordeiro de Deus que tirais os peccados do
mundo, Jt. Tende piedade de nós !
Padre Nosso, Ave Maria.
W. Graças e louvores se dêem a todo o mo­
mento,
Jt. Ao santíssimo e diviníssimo Sacramento I
(Indulg. de I 00.)

Oração a Nossa Senhora para depois da


Communhão.
Santa Maria, Mãe dignissima de meu Senhor
Jesus Christo, Rainha do ceo e da terra, que me­
recestes conceber o Creador de todo o creado,
cujo Sacratíssimo Corpo recebi, dignae-Vos, Se­
nhora, pedir ao vosso benignissimo Filh o , que
me perdoe tudo quanto contra este Sacramento
tenho commettido de peccado , por ignorancia,
por malícia ou por outra qualquer m aneira, e
que por vossos rogos se abrace e una á minha
alma com sentimentos de amor tão estreito, que
jamais se aparte d'ella até levai-a á eterna be­
maventurança. Amen.
Doce Coração de Maria, sêde minha salvação !
(SOO dias de lndulg.)

Oração de Santo lgnacio de Loyola.


Acceitae, Senhor, toda a minha liberdade ;
recebei minha memoria, entendimento e vonta­
de; tudo o que tenho ou possuo, Vós m'o déstes,
e eu tudo Vos restituo, e me entrego inteira-

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� 200 �

mente á vossa vontade para ser governado : con­


cedei-me unicamente o vosso amor e a vossa
graça; e serei sobej amente rico, nem mais pedi-
rei. Amen. (300 dias de Indulg.)
Nota bnn: No dia em que tiveres a felicidade de
receber a Sagrada Communhão, deves conservar-te mais
recolhido, lembrando-te sempre de Jesus que com tanto
ainor entrou no teu coração. Considera os dias da
Communhão como os mais gloriosos de tua vida ; e tem
grande cuidado em não os profanar com algum peccado.
Não seria grande ingratidão abandonares á noite a Deus
que pela manhã recebeste ? Tua língua e todos os teus
sentidos são consagrados pelo Corpo e Sangue de Jesus
Christo. Vela cuidadoso, para que não percas n'um in·
stante todo o fructo da santa Communhão. Sendo pos·
sivel, faze de tarde uma visita ao Santíssimo Sacramento.
Volta a miudo, bem preparado, á sagrada mesa do Se·
nhor para gosares cada vez mais os fructos deste ban·
quete de amor.
--

Oração ao Menino Jesus


para alcançar a virtude da santa pureza.

Dulcissimo Menino Jesus, Cordeiro Immacu­


lado, cheio de bondade, misericordia e amor !
Para nos restituirdes a santa innocencia, viestes
do ceo á terra, soffrestes pobreza e perseguições
e derramastes na Cruz todo o vosso preciosís­
simo Sangue. Eu Vos agradeço, 6 Menino amo­
rosíssimo , e Vos amo de todo o meu coração.
E por vosso amor proponho hoje firmemente
guardar com todo o desvelo a santa pureza do
coração. O' meu Jesus, abenço;1e os meus pen.

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4JJ 201 s-
sarnentos, para que sejam innocentes, abençoae
os meus olhos, para que sejam modestos, aben­
çoae as minhas palavras, para que sejam puras,
abençoae as minhas obras, para que sejam boas,
abençoae o meu corpo 1 para que seja sempre
um templo do Espírito Santo, abençoae a minha
alma, para que seja sempre um santuario de in­
nocencia e pureza. Dulcissimo Jesus, fazei que
eu evite anciosamente todo o peccado como uma
peste contagiosa. O' Jesus, Cordeiro innocentis­
simo e todo immaculado, pelo vosso amor, pela
vossa innocencia, pelo vosso preciosíssimo San­
gue concedei-me a virtude da santa pureza, para
que eu, depois da minha morte, tenha a felici­
dade de ver-Vos no ceo. Amen.

Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus.


Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Christo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus, ouvi-nos.
Jesus, attendei-nos.
Deus Padre dos ceos,•)
Deus Filho Redemptor do mundo,
Deus Espírito Santo,
Santíssim a Trindade que sois um só Deus,
Jesus, Filho de Deus vivo,
Jesus, esplendor do Padre,
Jesus, pureza da luz eterna,
Jesus, Rei da gloria,
*) Tende piedade de llÓS.

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-+:li! 202 �

Jesus, sol de justiça/)


Jesus, Filho da Virgem Maria,
Jesus, amavel,
Jesus, admiravel,
Jesus, Deus forte,
Jesus, Pae do futuro seculo,
Jesus, Anjo do grande conselho,
Jesus poderosissimo,
Jesus pacientissimo,
Jesus obedientissimo,
Jesus brando e humilde de coração,
Jesus, amador da castidade,
Jesus, amador nosso,
Jesus, Deus da p az,
Jesus, auctor da vida,
Jesus, exemplar das virtudes,
Jesus, zelador das almas,
Jesus, nosso Deus,
. Jesus, nosso refugio,
Jesus, Pae dos pobres,
Jesus, thesouro dos fieis,
Jesus, bom Pastor,
Jesus, luz verdadeira,
Jesus, sabedoria eterna,
Jesus, bondade infinita,
Jesus, nosso caminho e nossa vida,
Jesus, alegria dos Anjos,
Jesus, Rei dos P atriarchas,
Jesus, Mestre dos Apostolos,
Jesus, Doutor dos Evangelistas,

*) Tende piedade de nó s .

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� 203 �
Jesus, fortaleza dos Martyres, •)
Jesus, luz dos Confessores,
Jesus, pureza das Virgens,
Jesus, corôa de todos os Santos,
Sêde-nos propicio, perdoae-nos, Jesus.
Sêde-nos propicio, ouvi-nos, Jesus.
De todo o mal, ..)
De todo o peccado,
Da vossa ira,
Das ciladas do demonio,
Do espírito da impureza,
Da morte eterna,
Do desprezo das vossas inspirações,
Pelo mysterio de vossa santa encarnação,
Pela vossa natividade,
Pela vossa infancia,
Pela vossa santíssima vida,
Pelos vossos trabalhos,
Pela vossa agonia e paixão,
Pela vossa cruz e desamparo,
Pelas vossas angustias,
Pela vossa morte e sepultura,
Pela vossa resurreição,
Pela vossa ascensão,
Pelas vossas alegrias,
Pela vossa gloria,
Cordeiro de Deus , que tirais os peccados do
mundo, perdoae-nos, Jesus.

*) Tende piedade de nós.


**) Livrae·nos, Jesus.

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-E 204 &--
Cordeiro de Deus, que tirais os peccados do
mundo, ouvi-nos, Jesus.
Cordeiro de Deus, que tirais os peccados do
mundo, tende piedade de nós, Jesus.
Jesus, ouvi-nos.
Jesus, attendei-nos.
Oremos.
Senhor Jesus Christo que dissestes : Pedi e
recebereis; buscae e ach areis : batei e abrir-se­
vos-á, nós Vos supplicamos, que nos concedais
a nós, que Vol-o pedimos, os sentimentos effe­
ctivos de vosso divino amor, a fim de que nós
Vos amemos de todo o nosso coração, e que
esse amor transcenda por nossas pala vras e
nossas acções, e não deixemos de Vos amar.
Permitti que tenhamos sempre, Senhor, um
igual temor e amor pelo vosso Santo Nome,
pois que não deixais de governar aquelles que
estabeleceis na firmeza do vosso amor, Vós que
viveis e reinais pelos seculos dos seculos. Amen.

Acto de Consagração.
Eu N. N. consagro ao S acratissimo Coração
de Jesus a minha pessoa e vida, minhas acções
e trabalhos, para empregar-me todo em seu
amor e gloria. E' minha firme resolução de lhe
pertencer inteiramente, fazer tudo por seu amor,
e renunciar a tudo aquillo que lhe possa des­
agradar. Pelo que escolho a Vós , Coração
amabilissimo, por unico obj ecto de meu amor,
p rotector da minha vida, segurança da minha

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� 205 �

salvação e refugio seguro na hora da morte. O'


Coração Sagrado, imprimi vosso puro amor tão
profundamente em meu coração, que nunca Vos
possa esquecer, nem separar·me de Vós ; fazei
emfim, com que meu nome sej a gravado em
vosso Coração para sempre, pois em vosso santo
serviço quero viver e morrer. Amen.

Oração á S. Família
(para obter a virtude da santa pureza.)

1°. O' Jesus, Filho de Deus vivo, esplendor


da eterna luz, que desde a eternidade fostes ge­
rado puríssimo no seio do Eterno Pae, e que no
tempo quizestes nascer d'uma Virgem puríssima
e Immaculada, eu fragilíssima creatura voss·a,
de todo o coração Vos peço, que me conserveis
puro na alma e no corpo : e que façais florecer
plenamente na Vossa santa Egrej a a pureza,
p ara maior gloria vossa e para a salvação das
almas por Vós remidas.
2°. Puríssima e Immaculada sempre Virgem
Maria, Filha do Eterno Pae, Mãe do Eterno Filho,
Esposa do Espírito Santo, augusto e vivo templo
da Trindade Sacrosanta, lirio de pureza e espe·
lho sem mancha, dignae-vos, ó minha querida
Mãe, obter-me de vosso Filho , meu bom Jesus,
a pureza da alma e do corpo : e intercedei para
com Elle, afim de que esta formosa virtude cada
vez mais brilhe em todas as classes dos fieis.
ao. Esposo castíssimo de Maria Immaculada,
glorioso São José, que merecestes de Deus a

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� 206 �
singular honra de ser Pae adoptivo da mesma
Innocencia, Jesus Christo, e Custodio intemerato
da Virgem das virgens : instantemente vos peço
me alcanceis o amor de Jesus, meu Deus e Sal­
vador, e a protecção especial de Maria, minha
Mãe Santissima : e fazei, São José, Protector de
todas as almas castas, que vossa predilecta vir­
tude, a santa pureza, seja por mim e por todos
os homens mais dignamente amada.
4°. E vós, S. Bernardino, amantissimo servo
de Jesus, de Maria e de José, modelo de mo­
destia christã, e nos vossos tempos restaurador
da piedade e dos bons costumes, especial Ad­
vogado e exemplar nosso, apresentae as nossas
supplicas á Sagrada F amilia, e alcançae para os
tempos em que vivemos, que junto com a pie­
dade e com o temor de Deus reine a santa pu­
reza da alma e do corpo em todas as familias
christãs, e em todos os que são filhos da Santa
Egreja Romana, nossa Mãe. Assim seja.
(300 dias de Indulg.)

Ladainha de Nossa Senhora.


Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Christo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Christo, ouvi-nos.
Jesus Christo, attendei-nos.
Deus Pae dos ceos, tende piedade de nós.
Deus Filho Rédemptor do mundo, tende piedade
de nós.
Deus Espirito Santo, tende piedade de nós.

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Santissima Trindade que sois um só Deus, tende
piedade de nós.
Santa Maria,�)
Santa Mãe de Deus,
Santa Virgem das virgens,
Mãe de Jesus Christo,
Mãe da divina graça,
Mãe purissima,
Mãe castissima,
Mãe i mmaculada,
Mãe intacta,
Mãe amavel,
Mãe admiravel,
Mãe do bom conselho,
Mãe do Creador,
Mãe do Salvador,
Virgem prudentissima,
Virgem veneravel,
Virgem louvavel,
Virgem poderosa,
Virgem benigna,
Virgem fiel,
Espelho de justiça,
Séde da sabedoria,
Causa da nossa alegria,
Vaso espiritual,
Vaso honorifico,
Vaso insigne de devoção,
Rosa mystica,
Torre de David,
Torre de marfim,
*) Rogae por nós.

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� 208 �

Casa de ouro, �)
Arca da alliança,
Porta do ceo,
Estrella da manhã,
Saúde dos enfermos,
Refugio dos peccadores,
Cqnsoladora dos afflictos,
Auxilio dos christãos,
Rainha dos Anjos,
Rainha dos Patriarchas,
Rainha dos Prophetas,
Rainha dos Apostolos,
Rainha dos Martyres,
Rainha dos Confessores,
Rainha das Virgens,
Rainha de todos os Santos,
Rainha concebida sem peccado,
Rainha do Santo Rosario,
Cordeiro de Deus, que tirais os peccados do
mundo, perdoae-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os peccados do
mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os peccados do
mundo, tende piedade de nós.

O ,Lembrae-vos" de S. Bernardo.
Lembrae-vos, ó piedosissima Virgem Maria,
que nunca se ouviu dizer, que algum d'aquelles
que a vós tem recorrido, implorado vossa assis­
tenda e invocado o vosso soccorro, tenha sido

*) Rogae por nós.

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4!1 209 �
por vós abandonado. Animado de uma tal con­
fiança, eu corro e venho a vós, e gemendo de­
baixo do peso dos meus peccados, me prostro a
vossos pés, ó Virgem das virgens. Não despre­
zeis as minhas supplicas, ó Mãe do Verbo in·
carnado, m as ouvi-as favoravelmente, e dignae­
vos attender-me. Amen.

Consagração a Maria Santissima.


O' Senhora minha, ó minha Mãe, eu me of­
fereço todo a vós. E em prova da minha devo­
ção para comvosco eu vos conslliro neste dia
os meus olhos, os meus ouvidos, a minha bocca,
o meu coração e inteiramente todo o meu ser.
E porque assim sou vosso, ó incomparavel Mãe,
guardae-me, defendei-me como uma coisa e pro­
priedade vossa. Amen.
Ave Maria) etc.

Oração
para alcançar a virtude da s. pureza.

Glorioso São José, Pae e protector das vir­


gens, guard a fiel , a quem Deus confiou Jesus
Christo, a mesma innocencia, e Maria, a Virgem
das virgens, eu vos peço e rogo por Jesus e
Maria, esse duplice deposito que vos foi tão
querido, que façais que eu conserve o meu co­
ração isento de toda a impurez a , e que puro e
casto, sirva constantemente a Jesus e Maria em
perfeita castidade. Amen.

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-+J!l 210 �

Oração a S. Luiz Gonzaga.


O' São Luiz, adornado de angelicos costu·
mes, eu indignissimo devoto vosso vos recom·
mendo singularmente a castidade da minha alma
e do meu corpo. Rogo-vos por vossa angelica
pureza, intercedais por mim ante o Cordeiro Im­
· maculado, Jesus Christo, e sua Santissima Mãe,
a Virgem das virgens, e me preserveis de todo
o peccado mortal. Não permittais, que eu seja
manchado com nodoa alguma de impureza, mas
quando me virdes em tentação ou perigo de pec·
car, atfastae de meu coração todos os pensamen­
tos e affectos immundos, e despertando em mim
a lembrança da eternidade ,e de Jesus Christo
Crucificado, imprimi profundamente no meu co·
ração o sentimento do santo temor de Deus, e
inflammae-me no amor divino, para que, imi­
tando-vos cá na terra, mereça gosar de Deus
comvosco lá no ceo. Amen.
Padre Nosso, Ave Maria, Gloria Patri.
(1 00 dias de lndulg.)

Orações a S. Estanisláo Kostka.


O' S ant' Estanisláo 1 meu innocentissimo pro·
tector, anjo de pureza, alegro-me comvosco por
aquella graça toda particular de pureza angelica
que ornava o vosso immaculado coração. Hu­
mildemente vos peço me alcanceis fortaleza con·
tra as tentações impuras, e inspirae-me uma vi·
gilancia continua para guardar a virtude da santa
pureza.
Padre Nosso, Ave Maria, Gloria Patri.

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O' Sant' Estanisláo, meu amantissimo pro­
tector, Seraphim de amor, alegro-me por aquella
chamma de ardentissimo amor que sem cessar
elevava o vosso puro e innocente Coração e o
conservou em perpetua união com o seu Deus,
alcançae-me, humildemente vol-o peço, um amor
tão fervoroso para com Deus, que consuma em
mim todos os affectos estranhos e terrenos , e
me faça arder unicamente no amor celeste.
Padre Nosso, Ave Maria, Gloria Patri.
Sant' Estanisláo, meu clementissimo e pode·
rosissimo protector, anjo de pureza e Seraphim
de amor, alegro-me comvosco pela vossa morte
tão feliz que vos causaram o desejo de vêr
Maria Santissima no glorioso dia de sua assum-·
pção, e o transporte vehemente de vosso amor
para com ella. Dou graças a Maria por ter ella
cumprido o vosso desejo, e vos peço pelos me·
recimentos d'esta vossa bemdita morte, sejais o
meu padroeiro e protector na hora da minha
morte. Oh ! Rogae por mim a Maria Santissima
p ara me alcançar uma morte que, ainda que não
tão feliz como a vossa, sej a pelo menos debaixo
da protecção de Maria, minha advogada, e com
a vossa assistencia, ó meu protector particular,
tranquilla e suave. Amen.
Padre Nosso, Ave Maria, Gloria Patri.
(300 dias de Indulg.)

Oração á S. lgnez.
Gloriosa Sant' Ignez, modelo preclaro de vir­
tude, por aquella viva fé que vos ani ��va desde
-
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-+fB 212 &--

a mais tenra idade, c que vos fez tão agradavel


aos olhos de Deus , que merecestes a corôa do
martyrio, alcançae-nos a graça de conservarmos
a fé catholica em toda a sua pureza nos nossos
corações, e de sinceramente nos confessarmos
christãos, não só por palavras mas tambem por
o i:Íras, para que Jesus, a quem francamente con·
fessamos diante dos homens, nos confesse e
glorifique propicio algum dia diante de seu
Eterno Pae.
Padre Nosso) Ave Maria) Gloria Patri.
O' invicta martyr, gloriosa Sant' lgnez, por
aquella confiança no auxilio divino que mostras­
tes, quando o ímpio governador Romano pro­
nunciou contra vós a sentença, que o lírio de
vossa pureza fosse manchado e calcado aos pés,
emquanto que vós, sem terror e medo, confia­
veis firmemente em Deus que envia os seus
Anjos em protecção d'aquelles que n'Elle põem
toda a sua confiança -- oh ! alcançae-nos pela
vossa intercessão de Deus a graça de conservar
com santo zelo esta virtude no nosso coração,
afim de que não nos façamos réos, ainda além
dos muitos peccados já commettidos, da descon­
fiança na divina misericordia, peccado tão abo­
minavel diante do Senhor.
Padre Nosso) Ave Maria, Gloria Patri.
O' Virgem animosa e puríssima, Sant' lgnez,
por aquelle ardentíssimo amor que tanto abra­
zava o vosso coração que as chammas da fo­
gueira e da concup iscencia, com que os inimigos
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-+E! 213 �
de Jesus Christo procuraram entregar-vos á per­
dição, não vos offenderam de forma alguma, al­
cançae·nos de Deus a graça de que se apague
em nós qualquer chamma que não seja toda
pura, e que só arda em nossos corações aquelle
fogo que Jesus Christo veiu accender na terra,
para que, conservando aquella bella virtude, de­
pois de uma vida immaculada, possamos parti­
cipar da mesma gloria que vós merecestes pela
pureza do vosso coração e pelo vosso martyrio.
Amen.
Padre Nosso, Ave Maria, Gloria Patri.
(1 00 dias de Indulg.)

Oração á Santa Rosa de Lima.


O' Santa Rosa, primeira tlôr de santidade
no novo mundo, eu vos louvo e bemdigo de todo
o coração e com santa alegria. Oh ! Quanto e di·
ficastes a santa Egrej a de Deus pela vossa pa­
ciencia admiravel e pelo vosso ardentíssimo
amor a Jesus no Santíssimo Sacramento ! Por
estas vossas preciosas virtudes, ó Santa Rosa,
alcançae-me com a vossa piedosa intercessão a
graça de guardar inviolavelmente a virtude ines­
timavel da santa pureza do coração, de soffrer
tudo por amor de Jesus e Maria, com paciencia
e resignação, de receber sempre com sincera de­
voção e ardentíssimo amor o sagrado Corpo e o
precioso Sangue de Jesus Christo na santa Com·
munhão. Rogae por mim, Protectora minh<1,

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� 214 &-

Santa Rosa, para que Jesus sempre esteja com·


migo na vida e na morte e por toda a eternidade.
Amen.
• • •

Novena
que serve de preparação para todas as festas de Nosso
Senhor, de Nossa Senhora e dos Santos, para alcançar
c conservar principalmente a preciosa virtude da santa
pureza.
Primeiro Dia.
Oração.
Dulcíssimo Coração de Jesus, Vosso precioso
Sangue é a vida de minha alma, só em Vós e
por Vós quero viver, só a Vós quero amar e
servir. Eu me consagro e entrego totalmente a
Vós. Pela sêde ardente que Vos abraza de me
salvar, illuminae o meu espírito com a luz da
vossa divina graça, santificae o meu coração,.
fortalecei a minha vontade, perdoae·me os meus
peccados e curae todas as minhas miserias.
Augmentae a minha fé, fortificae a minha espe·
rança e accendei em mim cada vez mais o fogo
do vosso santo amor. Concedei·me emfim todas
as graças que espero alcançar com esta novena.
O' dulcíssimo Jesus, vivei em mim ! Reinae em
mim agora e sempre e por todos os seculos dos
seculos. Amen.
Padre Nosso. Ave Maria.
Doce Coração de meu Jesus, fazei que eu
Vos ame cada vez mais ! (:100 dias de lndulg.)

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-+lil 215 �
Leitura espiritual.
Vaidade das vaidades, e tudo é vaidade, ex­
cepto o amar a Deus e só a Elle servir. Vai­
dade é assentir aos appetites da carne e appe­
tecer o que depois ha de ser severamente pu­
nido. Vaidade é attender somente á vida pre­
sente sem prever as coisas futuras; vaidade­
presar o que tão depressa passa, e não se apres­
sar por chegar á felicidade que sempre dura.
Procura, pois, desapegar o teu coração do amor
das coisas visiveis, e volta-te ás coisas invisíveis;
pois os que seguem sua sensualidade, maculam
a consciencia e perdem a graça de Deus.
Uma vida santa traz paz á alm a, e a con­
sciencia pura presta grande confiança em Deus,
E' pela resistencia aos desejos desordenados, e
não os servindo, que se achará verdadeira paz
do coração.
Se nos esforçassemos como varões fortes,
por ficar firmes na peleja, certamente veriamos
descer do ceo sobre nós o soccorro do Senhor.
Porque Elle está sempre prompto a auxiliar aos
que combatem e esperam em sua graça, propor­
cionando-lhes occasiões de luctas para que pos­
sam sahir victoriosos.
Ponhamos o machado á raiz de nossas pai·
xões, para que, livres d'ellas, possamos pacificar
as nossas almas. Se no principio nos impuzes­
semos um pouco de violencia, tudo depois con­
seguiriamos com facilidade. Resiste a toda a
inclinação nascente; rompe os teus maos habi-

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� 216 �

tós, para que pouco a pouco não te arrastem a


maiores difficuldades. Oh! Se considerasses, que
paz terias e que prazer darias aos outros, estou
certo, trabalharias com maior ardor no proprio
aperfeiçoamento espiritual.
Imit. I, 1, 2, G, 1 1 .

Bom proposito.
Um mao pensamento voluntario pode ser
causa de minha desgraça eterna, pois o Espirito
Santo diz : «Pensamentos perversos separam-nos
de Deus.» (Sap. I. 3.) Quero, pois, resistir ener­
gicamente a todos os maos pensamentos.
Oração a N. Senhora do sagrado Coração de Jesus.
Lembrae-vos, ó Nossa Senhora do Sagrado
Coração de Jesus, do poder sem limites que o
vosso divino Filho vos tem dado sobre o seu
adoravel Coração. Cheios de confiança em vos­
sos meritos, vimos implorar vossa protecção, ó
Soberana Senhora do Sagrado Coração de Jesus,
cujo Coração, fonte inesgotavel de todas as gra­
ças, podeis abrir, segundo o vosso desejo, para
que desçam sobre os homens todos os thesouros
de amor e misericordia, de luz e de salvação
que encerra em si.
Nós vos supplicamos nos concedais a graça
que com fervor vos pedimos. Não podemos
deixar de contar comvosco, porque sois a nossa
Mãe, ó Nossa Senhora do Sagrado Coração de
Jesus, acolhei com bondade nossas supplicas e
dignae-vos de ouvil-as. Amen. ( 1 0 0 dias de Ind.)
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� 217 �
Todos os Anjos e Santos, rogae por mim.
Amen.
Nos oito dias seguintes reza-se tudo como no pri·
meiro dia. A leitura espiritual e o bom proposito são
proprios para cada dia da Novena.

Segundo dia.
Leitura espiritual.
Em qualquer parte, onde estivermos, estare·
mos sob o olhar escrutador de Deus, a quem
summamente devemos respeitar e em cuja pre­
sença é mister que andemos puros como Anjos.
Ninguem pode ter verdadeira alegria, se não
traz em si o testemunho de uma pura conscien­
cia. Oh! Como conservára a consciencia pura,
quem não buscára prazer transitorio I
Guarda os teus olhos. Para que ver o que
não é licito possuir ? «O mundo passa com sua
concupiscencia.» (1. João 2.) Os desejos da sen­
sualidade nos levam a passatempos ; passada a
hora, que te resta senão pezo de consciencia e
oppressão de coração? Insensivelmente insinua­
se o prazer sensual, vindo por fim a ferir e
m atar.
Verdadeira liberdade e sincera alegria só
pode haver com bõa consciencia no temor de
Deus. Feliz quem repelle de si tudo que possa
manchar sua consciencia. Combate varonilmente ;
um costume se destroe por outro.
Si mais vezes pensáras na morte do que na
prolongação da vida, não ha duvidar, com maior
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4!l 218 g...-

ardor te emendáras. Tambem se do intimo de


tua alma cogitáras nas penas futuras do inferno,
creio que de melhor vontade soffrerias os tra·
balhos e dõres. Sem te violentares, j amais ven·
cerás tuas paixões.
Insensatos os que tão profundamente jazem
nq que é da terra, e somente sabem saborear o
que é carnal. Os miseros com dõr conhecerão
porfim, quão vil e nada era tudo quanto elles
amavam. Ao contrario d'isso , os S antos de
Deus e amigos de Jesus Christo não attenderam
ao que deleitava a carne nem ao que florescia
no mundo. Toda a sua esperança e empenho
tem sido pelos bens eternos. Porque differir o
teu proposito ? Levanta-te e começa desde já,
e dize: Eis o tempo da acção , dos combates e
da emenda ! Imit. I. 19 · 2 2.

Bom proposito.
Os que andam segundo os desejos da carne,
diz São Paulo, são mortos no peccado e filhos
da ira. Quero, pois, por amor de Jesus, repellir
coP!stantemente todos os maos desejos.

Terceiro dia.
Leitura espiritual.
Em tudo pondera o fim , e de que modo te
apresentarás ante o rigoroso Juiz, a quem nada
é occulto e que julgará segundo a justiça. In·
sensato e nescio peccador! Que responderás a

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--+J!l 219 �
Deus que conhece os teus crimes, se tremes di­
ante do vulto de um homem irado? Ainda o
teu trabalho é fructuoso, o teu pranto acceitavel,
os teus gemidos são ouvidos. Quanto mais te
poupas agora e te conformas á carne , tanto
mais severamente so:ffrerás depois. Que outra
coisa devorará aquelle fogo, senão os teus pec­
cados ? Alli os impudicos e voluptuosos serão
immergidos em abrazado pez e fetido enxofre.
Uma hora de supplicio alli será mais insuppor­
tavel que cem annos da mais rigorosa peniten·
cia aqui. Alli nenhum repouso, consolação ne·
nhuma para os condemnados.
Cogita e peza-te agora dos teus peccados,
de sorte que no dia do juizo estejas seguro com
os bemaventurados.
Se agora tão pouco queres padecer, como
poderás supportar os tormentos eternos? Sem
duvida não podes ter duas venturas : deleitar-te
aqui no mundo , e depois reinar com Jesus.
Apprende agora a morrer para o mundo, para
que comeces depois a viver com Jesus.
O reino de Deus está dentro de ti, diz" o
Senhor (Luc. 1 7.) Converte-te, pois, a Elle de
todo o coração e tua alma achará descanço.
O reino de Deus é paz e alegria no Espírito
S anto, o que não é concedido aos ímpios. Eia,
pois, alma fiel, prepara o teu coração p ara Jesus,
teu esposo , afim de que se digne de vir a ti e
habitar comtigo. Porquanto Elle o disse: «Se
alguem me ama, guardará a minha palavra e
viremos a Elle e faremos nelle a nossa morada.•
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� 220 �
Cede, pois, o Jogar a Jesus, e nega a tudo m ais
a entrada. Em possuindo a Jesus, serás rico e
de nada mais precisarás. Imit. I, 24. 11, 1 .

Bom proposito.
Os olhos são as portas da alma, pelas quaes
entra facilmente o peccado e a morte eterna,
diz S. Agostinho. Muitos se perderam por uma
vista curiosa. Quero, pois, por amor de Deus,
mortificar os meus olhos. O' Jesus, afastae os
meus olhos, para que não vejam as vaidades e
escandalos do mundo.

Quarto dia.
Leitura espiritual.
Não tens aqui patria permanente; onde quer
que estiveres, serás extrangeiro e peregrino, e
se não estiveres intimamente unido com Jesus,
não terás jamais descanço algum. No ceo deve
ser a tua morada. Esteja no Altíssimo o teu
pensamento I As coisas da terra passam, e tu
passarás igualmente.
Nada contamina e emmaranha tanto o cora·
ção humano, como o impuro amor ás creaturas.
Mas quem ama a Jesus, pode em Deus descan­
çar com goso antecipado.
Duas azas tem o homem para elevar-se acima
das coisas da terra: a simplicidade e a pureza.

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A simplicidade busca a Deus, a pureza se apo·
dera d'Elle e preliba-o. Um coração puro penetra
o ceo. Se ha alegria no mundo , tem-na, de
certo, o homem de coração puro. E se ha em
alguma parte tribulações e angustias, ninguem
mais as conhece que a má consciencia. Somente
Deus eterno, immenso , occupando tudo, faz as
delicias da alma e a verdadeira alegria do co·
ração.
A gloria do homem de bem é o testemunho
de sua bôa consciencia. Tem bôa consciencia e
terás sempre alegria.
Os maos nunca têm verdadeira alegria, por­
que «não ha paz para os impios,• diz o Senhor.
(!saias 48.) E quando disserem : •Estamos em
paz, sobre nós não virão m ales,• não lhes creias,
porque de repente se erguerá a colera de Deus,
e reduzindo a nada as acções delles, desvanecer·
se-ão todos os seus pensamentos. Tem pura a
consciencia, e será Deus teu defensor.
Imit. II, 1 · 6.

Bom proposito.
«Üs maos discursos corrompem os bons cos­
tumes», como ensina São Paulo (1 . Cor. 1 5.). E
o Espirito Santo affirma : «Ü que ama o perigo,
nelle perecerá.>' Meu Deus, faço o firme propo­
sito de fugir com horror de todas as conversas
contrarias ã santa pureza.

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Quinto dia.
Leitura espiritual.
Bernaventurado quem conhece, o que é amar
a Jesus, e que por Elle a si mesmo se despreza.
E' mister, que por um se deixe o outro amor,
pois que Jesus quer sobre todas as coisas ser
IJnicarnente amado.
Fallaz e versatil é o amor das creaturas, o
de Jesus é fiel e perseverante. Vivendo ou mor­
rendo, conchega-te a Jesus e entrega-te á sua
fidelidade ; somente Elle, quando venham a fal­
tar todos os outros, poderá soccorrer-te. Que
pode dar-te o mundo sem Jesus ? Rude inferno
é estar sem Elle, ficar em sua companhia é de­
licioso paraiso. Estando Elle corntigo , inimigo
nenhum poder-te-á offender.
Quem acha a Jesus, possue um grande the­
souro ; quem o perde, priva-se de muito mais
do que de um mundo inteiro.
Viver sem Jesus é reduzir-se a extrema po­
breza, estar bem com Jesus é tornar-se surnrna­
rnente rico.
Preferível é ter todo o mundo por inimigo,
que ofl'ender a Jesus. Somente Jesus Christo é
digno de ser soberanamente amado, por ser Ellc
o unico fiel amigo que se encontra.
Não queiras que outrem em seu coração se
occupe comtigo, nem te preoccupes com o amor
de ninguern ; que Jesus, porem, seja comtigo,
corno com todo o homem justo.
Sê puro e livre interiormente, sem que á
creatura alguma te prendas. Para que possas,
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� 223 �
desempedido, contemplar, quão suave seja o Se­
nhor, é mister que tornes teu coração puro para
Deus.
Bom proposito.
«Üs pensamentos maos são uma abominação
diante do Senhor», diz o Espírito Santo (Prov. 1.5.).
Oh I Quanto mais serão abominaveis diante do
Senhor más conversas ! Meu Deus, antes quero
morrer do que proferir palavra alguma des·
honesta.
Preservae-me deste escandal o !

Sexto dia.
Leitura espiritual.
As consolações espirituaes são preferíveis a
todos os prazeres do mundo e aos deleites da
carne. Porque todas as delicias do mundo ou
são vãs ou torpes; e só as espirituaes são agra­
daveis e honestas , por serem geradas de virtu·
des que Deus infunde nas almas.
Bemaventurados os olhos que, fechando-se
ás coisas externas , ficam abertos para as inter­
nas. O' minha alm a, fecha as portas dos teus
sentidos, para que possas ouvir, o que o Senhor
teu Deus falia em ti.
Eis o que te diz Jesus Christo, o dilecto de
teu coração : «Eu sou a tua salvação, tua paz e
tua vida. Fica ao pé de mim e acharás repouso.
Deixa o que é transitaria e busca somente o que
é eterno. Que são todos os prazeres temporaes,
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-+fB 224 �
senão seducções enganosas ? E de que te servem
as creaturas, se te faltar o Crcador?»
Renuncia, pois, a tudo e faze-te doei! e fiel
ao teu Senhor, para que possas conseguir a ver­
dadeira bemaventurança.
Não dorme o inimigo, nem morta está a
carne ainda. Continua, pois, a preparar·te para
a pelej a , visto como á direita e á esquerda es­
tão inimigos que jamais repousam.
O homem forte no amor persevera nas ten·
tações, sem jamais crer nas persuasões astucio·
sas do inimigo. O verdadeiro signal de virtude
solida e de grande merecimento é combater os
m aos movimentos que sobreveem á alma, e des·
prezar as suggestões do demonio. Não te per­
turbem as estranhas imaginações que agitam a
tua alma, em qualquer m ateria que seja. Con­
serva teu firme proposito de servir a Deus, e
vive na intenção recta de lhe agradar.
Imit. Ill, I - r, _

Bom proposito.
Jesus diz : «Ai do mundo por causa do es·
candalo l Ai daquelle, por quem vem o escan­
dalo. Melhor lhe fora que lhe pendurassem uma
mó de moer ao pescoço e o lançassem no fundo
do mar.» O' meu Jesus, faço o firme proposito
de nunca dar escandalo por alguma leviandade
ou falta de modestia e pudor, nem jamais per­
mittirei que alguem falte ao pudor na minha
presença. Dae-me a graça de guardar este pro.
posito.

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Setimo dia.
Leitura espiritual.
Quaesquer que s�am os ardis, armados pe­
lo demonio, para enganar-te , não te inquietes.
Leva á conta delle os pensamentos maos e im­
mundos que te suggerir, e dize : «Retira-te, es·
pirito immundo, cobre-te de confusão, miseravel l
Demasiada é tua immundicia, para que insuffles
aos meus ouvidos taes baixezas. Aparta-te de
mim, detestavel seductor; não terás j amais parte
em m i m ; Jesus porem, como forte combatente,
estará commigo , e tu ficarás confuso. Prefiro
morrer, soffrendo toda a sorte de tormentos, a
consentir no que pretendes. Cala-te, não mais
me fales, não te escutarei jamais.
O Senhor é minha luz e salvação, que po­
derei temer?
Quando se armassem contra mim exercites,
que poderia meu coração receiar ! O Senhor é
meu defensor e redemptor.))
Dulcissimo Jesus, quão grande é a abundan­
cia das doçuras que tendes reservado para os
que Vos temem ! Quanto maior, porém, para os
que V os amam e de todo o coração Vos servem !
Nisso é que sobretudo me tendes mostrado
a ternura da vossa caridade; quando eu não
existia, me creastes; quando vagava longe de
Vós, me reduzistes a Vos servir e me puzestes
o doce preceito de Vos amar. O' fonte de amor
perenne? Que poderei dizer-Vos ? Como esque­
cer me de Vós que Vos dignastes de lembrar-
http://alexandriacatolica.blogspot.com.br
� 226 g....
Vos de mim, mesmo quando me achava em es·
tado de corrupção e de morte?
Quem me déra poder servir-Vos todos os
dias de minha vida I Se ao menos um só dia
pudesse servir-Vos dignamente ! De certo, so­
mente Vós sois digno de todo o obsequio, de
toda a honra e de eternos louvores.
Grande honra e insigne gloria é servir-Vos{
desprezando tudo por vosso amor. Os que por'
amor a Vós rejeitarem os deleites da carne,
acharão as suavíssimas consolações do Espírito
Santo.
Oh ! Quão agradavel e suave é essa sub­
missão a Deus, pela qual o homem se torna
verdadeiramente livre e santo. Imit. III, 6, 1 0 .

Bom proposito.
A ociosidade, como é mãe de outros VICJOS,
assim é especialmente principio de vícios ver­
gonhosos. O Espirito Santo diz : «A ociosidade
ensina muitos males., (Eccl. 23.) Quero, pois,
fugir a ociosidade, occupando-me estrenuamente
com trabalhos, estudos, orações, leituras bõas.

Oitavo dia.

Leitura espiritual.
Por acaso j ulgas, que os homens do mundo
pouco ou nada padecem ? E' o que não depa·
rarás, mesmo entre os que mais deliciosamente
vivem.

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� 227 �
cTêm porem, dizes tu, muitos gosos e se­
guem suas proprias vontades, e deste modo
pouco sentem o pezo de seus males. •

Sej a muito embora, que tenham tudo, quanto


desejem, mas até quando, crês tu, durará isso?
Como fumo se desfarão os abastados do seculo,
e nem restará lembrança de seus preteritos de­
leites. E mesmo, emquanto vivem, não os fruem
sem amarguras, sem desgostos, sem tedio. Por·
que, donde esperam deleites, as mais das vezes
lhes advem castigo e dôr. E é justo que, bus­
cando e seguindo desordenadamente os prazeres,
não se fartem sem amarguras e confusão. A i !
Como são breves, falsos, desregrados e torpes
todos elles !
Todavia , por cegueira, não se apercebem
desta vida corruptivel.
Vê, pois, meu filho, não te deixes arrastar
por tuas concupiscencias e afasta-te de tua pro­
pria vontade. Na extirpação de tão inconstantes
delicias é que estará tua benção , verdadeiro
goso e a plenitude das doçuras celestiaes.
Meu Deus, os ceos não são puros diante de
Vós ; nos Anjos achastes maldades, e não lhes
perdoastes ; que será de mim ? Do ceo cahiram
as estrellas, e eu, pó, de que hei de presumir ?
Muitos, cujas acções pareciam dignas de louvor,
precipitaram-se até os abysmos, e os que se nu·
triam com o pão dos Anjos, vi fazendo as suas
delicias do alimento dos porcos.
Não ha santidade, Senhor, se subtrahis a
vossa mão. Quando não nos sustentais, não ha

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4"B 228 g.....
fortaleza que sirva. Não é firme a castidade sem
a vossa protecção.
Oxalá, que Vós, fortissimo Deus de Israel,
repleto de zelo pelas almas fieis, Vos dignasseis,
de assistir o vosso servo em tudo, para onde
quer que elle vá. Robustecei· m e de força celes­
tial, para que me não vença e domine a misera
carne, ainda rebelde ao espirito, e contra a qual
convém combater , emquanto se respirar nesta
infeliz vida. Imit. III, 1 2, 1 4, 20.

Bom proposito.
«Sem m im, diz Jesus, nada podeis fazer."'
Sem oração, pois, não é possivel guardar a santa
pureza. Quero todos os dias de m anhã e de
noite pedir a Jesus a graça de conservar sem
mancha a santa pureza.

Nono dia.
Leitura espiritual.
Da pureza do coração é que procedem os
fructos de u m a bôa vida. Se perfeitamente te
venceres a ti mesmo, vencerás facilmente tudo
m ais. A maior de todas as victorias é trium­
phar cada u m de si mesmo. Aquelle, pois, que
tem sua alm a sujeita, de sorte que os sentidos
obedeçam a razão, e a razão obedeça a Deus em
tudo, esse é verdadeiramente vencedor de si e
senhor do mundo.
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4!l 229 �

Se desejas, com ardor, subir a esta alta per­


feição, é necessario começar varonilmente, e pôr
o m achado á raiz da arvore, para alcançar e des­
truir esta secreta e depravada inclinação que tens
por ti e pelos bens sensiveis. Uma vez domi­
nado e destruido o mal, haverá logo muita paz
e tranquillidade.
O inimigo, porem, que se oppõe a todo o
bem, não cança em sua tentação, movendo dia e
noite perigosas ciladas, a ver, se pode precipitar
o incauto nos laços da seducção. Vigia e ora, pois,
diz o Senhor, para não cahires em tentação.
Quando , meu Deus, findarão estes males?
Quando serei libertado da misera servidão dos
vicios ? Quando de Vós somente me lembrarei,
Senhor? Quando plenamente em Vós exultarei
de jubilo ? Bom Jesus, quando comparecerei di­
ante de Vós para Vos ver? Oh I Quando estarei
comvosco no reino que desde toda a eternidade
preparastes para os que Vos amam I
Estou abandonado, pobre e exilado em terra
inimiga, onde ha guerras continuas. Confortae­
me, bom Jesus, em meu exilio, mitigae a minha
dõr. Desejo intimamente possuir-Vos, mas não
posso conseguil-o. Quizera ater-me ás coisas do
ceo, mas sou arrastado ás da terra por minhas
immortificadas paixões. Soccorrei-me, Verdade
eterna, afim de que nenhuma vaidade me possa
seduzir. Vinde doçura do ceo, e diante de Vós
fuj a toda a impureza.
Ditoso aquelle que por Vós, Senhor , con­
sente em banir-se de todas as creaturas; que,
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� 230 &-
fazendo violencia á n atureza, chega pelo espírito
de fervor, a crucificar a concupiscencia da carne,
de sorte que, na paz da consciencia, possa offe­
recer-Vos uma oração pura e fazer-se digno de
achar-se entre os córos dos Anjos ! «Bemaven­
turados os limpos de coração, porque elles verão
á Deus !»

Bom proposito.
A S. Communhão é o pão dos Anjos que
nos dã força e virtude de viver uma vida ange­
lica. Faço o proposito de fazer todo o possível
para receber a S. Communhão ao menos uma
vez por mez.

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I N D I C E.

pag.
P rologo 5
1. A Pureza, luz do joven 7
2. A Pureza, celebrada na S. Escriptura 10
3 . A Pureza, glorificada pelo exemplo d e Jesus
Cbristo 13
4. A Pureza , elogiada pelos Doutores da
Egreja . 17
5. A Pureza, estimavel em s i . 20
6. A Pureza, sublime em suas relações com os
Anjos 23
7. A Pureza, gloriosa pelos combates que a con·
servam ou a recuperam 26
8. A Pureza, um vaso precioso, mas quebra·
diço 3C
9. A Pureza, uma açucena 3!l
1 0. A Pureza, uma perola . 37
1 1 . A Pureza, fructo do santo tem or d e Deus 41
1 2. A Pureza , fructo do amor generoso de
Deus 44
19. A Pureza, fructo de delicada attenção sobre
a consciencia 4E
1 4. A Pureza, frncto de vigilancia assidua 51
1 5 . A Pureza, fructo da austeridade 54
16. A Pureza, fructo da oração 5"1

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� 232 �
pag.
17. A Pureza , fructo do santo Sacramento da
Penitencia GO
1 8 . A Pureza, fructo de filial franqueza 63
1 9 . A Pureza, fructo do Pão dos Anjos 66
20. A Pureza, fructo da lembrança da S. Paixão
de Jesus 69
2 1 . · A Pureza, fructo da dedicação ao Sagrado
Coração de Jesus 72
22. A Pureza, fructo do conhecimento e da ve·
neração da puríssima Virgem Maria 75
23. A Pureza, fructo da imitação dos Santos 79
24. A Pureza, fructo do profundo horror á im·
pureza . 84
25. A Pureza, fructo do desprezo do mundo 87
26. A Pureza, fructo do cuidado no trato com
os homens 90
27. A Pureza, fructo do amor ao trabalho 93
2 8 . A Pureza, fructo d e continuo combate 97
29. A Pureza, fructo de generosa abnegação 101
:� o. A Pureza, fonte d a mais agradavel paz 106
3 1 . A Pureza, fonte d e santa alegria . 108
32. A Pureza, fonte d e muitas bençãos temporaes 112
3 3 . A Pureza, fonte d e vigor e força d e espírito 116
34. A Pureza, fonte d e influencia salutar sobre
os outros 1 18
35. A Pureza, fonte de segura decisão, relativa·
mente ao futuro 122
3G. A Pureza, fonte d e lembranças consoladoras
na velhice 12G
3 7 . A Pureza, fonte de singular allivio n a hora
da morte 130
38. A Pureza, fonte de gloria singular nq reino
dos ceos 133

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� 233 &-

Orações e devoções.
pa_q.
Oração da manhã 1 37
Oração tirada do Psalmo 1 1 8 140
Oração da noite . 144
Orações para a santa Missa 14H

A Santa Confissão.
lnstrucção l GG
Leitura espiritual . 167
Orações preparatorias 172
Exame de consciencia 175
O arrependimento 178
Contrição e bom proposito 178
Orações para depois da confissão 1 8.2

A Sagrada Communhão.
Leitura espiritual . 1 87
Orações para antes da S. Communhão.
Tres petições a Santissima Virgem Maria 192
Acto d e fé 193
Acto de adoração 193
Acto de humildade 194
Acto de esperança 194
Acto d e amor . 195
Acto de contrição 19!)
Acto de desejo 195
Invocação dos Santos e Anjos 19G
Depois d a Communhão l !J G
Oração a Nossa Senhora para depois d a Com·
munhão 1 9 !1
Oração d e Santo lgnacio de Loyola 199

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pag.
Oração ao Menino Jesus para alcançar a virtude
da santa pureza 200
. Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus 201
Acto de Consagração . 204
Oração á S. Família para obter a virtude da santa
pureza . 205
Ladainha de Nossa Senhora 206
O «Lembrae-vos» de S. Bernardo 208
Consagração a Maria Santíssima . 209
Oração para alcançar a virtude da santa pureza 209
Oração a S. Luiz Gonzaga . 21 O
Orações a S. Estanisláo Kostka 210
Oração á S . lgnez 211
Oração á S . Rosa de Lima . 213
Novena para a s festas d e N. Senhor, d e N. Se-
nhora e dos Santos 214
Primeiro dia 214
Segundo dia 217
Terceiro dia 218
Quarto dia 220
Quinto dia 222
Sexto dia 223
Setimo dia 225
Oitavo dia 226
Nono dia . 228

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