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SÃO PEDRO DAMIÃO,

Cardeal e Doutor da Igreja.

Pedro nasceu em Ravena. Sendo ainda criança de leite, foi abandonado por sua
mãe, que estava descontente por ter um grande número de filhos. Foi recolhido
semi-morto e tratado por uma pessoa da casa, que o entregou à sua mãe, depois
de a ter chamado aos sentimentos de humanidade.

Tendo perdido seus pais, viu-se reduzido a uma dura escravidão, sob a tutela de
um dos seus irmãos. Foi então que deu um raro exemplo de religião para com
Deus e de piedade filial. Tendo achado casualmente uma moeda, em vez de a
utilizar para alívio da sua própria indigência, levou-a a um Sacerdote, pedindo
que oferecesse o Santo Sacrifício por alma de seu pai.

Um outro dos seus irmãos, chamado Damião, recebeu-o com bondade e instruiu-
o nas letras, nas quais fez progressos tão rápidos, que se tornou objeto da
admiração dos próprios mestres. Nesta nova situação, a fim de submeter os
sentidos à razão, trazia um silício oculto sob os vestidos e entregava-se a jejuns,
vigílias e orações.

Estando no ardor da juventude e sentindo os estímulos da carne, ia de noite


apagar essas chamas rebeldes nas águas geladas de um rio; depois ia visitar os
templos e recitava todo o Saltério.

Desejando levar uma vida mais perfeita, entrou no Mosteiro de Avelane, na


Diocese de Gubbio, da Ordem do Monges de Santa Cruz de Fontavelane, fundado
pelo Bem-aventurado Ludolfo, discípulo de São Romualdo. Tendo falecido o seu
Abade, a comunidade de Avelane escolheu-o para esta dignidade. Desenvolveu de
tal modo esta família monástica com novas casas que fundou e santos
regulamentos que lhe deu, que é considerado com razão o segundo pai desta
Ordem e o seu principal ornamento.

Prestou muitos serviços à Diocese de Urbino; socorreu o Bispo Theuzon numa


causa importante e auxiliou-o com seus conselhos e trabalhos a bem administrar
o seu bispado. A contemplação das coisas divinas, as macerações do corpo,
elevaram tão alto a sua reputação, que o Papa Estêvão IX, apesar da resistência
do Santo, nomeou-o Cardeal da Santa Igreja Romana e Bispo de Óstia.

Combateu até à morte com um zelo intrépido a heresia Simoníaca e os Nicolaítas.


Depois de ter expurgado este duplo flagelo da igreja de Milão, reconciliou-a com a
Igreja Romana. Impediu que Henrique IV da Alemanha se divorciasse de sua
esposa. Reformou o Cabido de Velletri. Tendo-se demitido do Cardinalato e da
dignidade Episcopal, em nada diminuiu o cuidado que tinha em aliviar o
próximo. Foi um grande propagandista do jejum de sexta-feira, em honra da Cruz
do Salvador, e do Ofício breve de Nossa Senhora, assim como do seu culto no dia
de Sábado.

Finalmente, depois de uma vida ilustre pela santidade, doutrina e milagres,


quando voltava da legação de Ravena, a sua alma voou para Jesus, em Faenza. O
seu corpo, conservado nesta cidade entre os cistercienses, é honrado com grande
número de milagres, concorrência e veneração do povo. O seu Ofício e Missa
foram estendidos à Igreja Universal pelo Papa Leão XII, que lhe deu o título de
Doutor.

Fonte: Pe. Croiset, “Ano Cristão – ou Devocionário para Todos os Dias do Ano”,
traduzido do Francês, revisto e adaptado às últimas reformas litúrgicas, pelo Pe.
Matos Soares, Professor do Seminário do Porto, Vol. II – 23 de Fevereiro, pp. 321-
322. A. Campos – Livraria Católica, São Paulo, 1923.

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