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nossa OPINIÃO

A verdade sobre via chegado. Decidi subir até o pedes­


tal da imagem a fim de colocar

o Porto das Caixas uma velas nos castiçais. Fiquei


surpreendido de encontrar uma
mancha vermelha. Sandra estava
chegando naquele momento e eu
por Edvino A. Friderichs, S.J. comentei: “Sandra temos imagem
para pouco tempo. Está soltando a
tinta e eu acredito que vai-se desman­
char’! Sandra nada comentou. Com
um pano enxuguei aquele líquido até
ficar completamente limpo”.
“Após a santa missa e a benção do
Santíssimo, Niromar, um dos coroi­
nhas, subiu ao altar para apagar as
velas, extranhou ao ver gotejar líquido
vermelho dos joelhos do crucificado.
Disse-lhe rindo que era tinta que se
desprendia da imagem. Sandra, por
sua vez, também ficou convencida de
tratar-se de verdadeiro sangue. O mes­
mo asseveram José Henriques da
Conceição, dizendo que viu gotejar o
líquido vermelho de todas as cinco
chagas do Crucificado”.
“Eu vivia dizendo para todos que
era tinta e nada mais. . . Eu só posso
dizer que naquela noite, dada a insis­
tência do Senhor Jonas, subi nova­
mente ao altar e constatei perante ele
e outras pessoas que de todas as cha­
Santuário de Porto das Caixas. Veem se na frente algumas estantes de comercialização. gas, inclusive da boca, estava saindo
um líquido vermelho que escorria
No dia 06 de abril de 1977, quar­ “Vers Demain” (Canadá), “Sunday gota a gota até o pedestal”.
ta-feira da Semana Santa, de manhã, People” Inglaterra), “National Enqui- Depois de analisado comprovou-se
cheguei a Porto das Caixas, proceden­ rer” (Estados Unidos), “Nostra” (Itá­ que esse líquido era sangue, eu Pe.
te de Niterói. Já havia muito movi­ lia) e “Maria Mensajera” (Espanha). Carlos Guillena Rodriguez, Vigário,
mento. Percorri as estantes de objetos São oito a dez mil pessoas de fora possso atestar isso, como escrevi no
sagrados à venda. Uma imensa expo­ que aos domingos procuram o santuá­ livreto ‘A Verdade sobre Porto das
sição de terços, crucifixos sangrentos, rio de Porto das Caixas, um lugarejo Caixas’.
estatuetas, livrinhos, novenas, flores, e do Município de Itaboraí, Estado do
no meio de tudo isso, figas de todos Rio de Janeiro. APORTE — O aparecimento de
os tipos e tamanhos, pequenas está­ Tudo começou quando e porque. . . qualquer objeto, líquido, sólido ou ga­
tuas de Budha, os signos dos horós­ Ouçamos o depoimento do Padre que soso, através de qualquer objeto só­
copos para chaveiros, medalhas de naquele tempo era o Vigário da Igreja, lido, é chamado em Parapsicologia,
Iemanjá e outros objetos de supersti­ que mais do que qualquer pessoa de­ aporte. Em matéria de aporte, como
ção. via e podia ter-se inteirado do suce­ em qualquer tipo de fenômeno parap-
Devido à deficiente formação reli­ dido: sicológico, a hipótese das fraudes
giosa e total ignorância de Parapsico­ “Dia 26 de janeiro de 1968, sexta- deve entrar em primeira linha. Com
logia, aquele povo vive mergulhado feira e segundo dia de um tríduo a efeito, a maior parte das vezes o apa­
em superstições. Jesus Crucificado, pedindo a santifi­ recimento de sangue ou de qualquer
A procedência dos peregrinos é de cação do clero e vocações sacerdo­ outro objeto será mero truque para
todas as partes do Brasil inclusive do tais . . . ” impressionar a platéia.
estrangeiro. Entre outros órgãos, já “Faltavam cinco minutos para às O famoso médium Bailey foi sur­
publicaram reportagens sobre a explo­ 19 horas e Sandra, que era encarrega­ preendido em Grenoble comprando
são mística que ali ocorre os jornais da de preparar o altar, ainda não ha­ pássaros, que depois transportava,
“por poder dos mortos” nas sessões
de espiritismo (1).
O célebre médium brasileiro Mira-
belli almoçou em casa de uma famí­
lia em Porto Alegre, Rio Grande do
Sul. Ao se retirar, a empregada avisou
a patroa que ele furtara o cinzeiro.
Três dias depois Mirabelli almoçou
em outra casa. Tendo ido ao banheiro
aproveitou a oportunidade para deixar
o cinzeiro em cima de uma cama, sem
ser visto e apregoou o caso como fe­
nômeno espírita de primeira ordem.
Comunicou que fizera o aporte do
cinzeiro da casa de fulano. Os “espí­
ritos” mandavam que telefonassem
para certificar-se. Interrogados sobre
se lhes faltava um cinzeiro, informa­
ram: “é verdade, falta um que Mira­
belli furtou daqui, há três dias”!
Exemplos desse jaez seria um nun­
ca acabar. A literatura sobre isso é
imensa, motivo porque me restrinjo a
estes dois, por amor à brevidade.
Em Porto das Caixas houve ou não
algum truque? Ao que tudo indica pa­
rece que não.
Fiz longa viagem de ônibus para en­
contrar pessoalmente o Pe. Carlos,
agora em outra Paróquia, e o entrevis­
tei sobre a realidade do sangue do
Crucifixo do Porto das Caixas.
A respeito da fraude, sempre a pri­
meira hipótese em Parapsicologia, o
Padre Carlos me respondeu: “Em ab­
soluto não consta que houvesse algu­
ma fraude, tal coisa não me passou pe­
la cabeça naquelas circunstâncias. De
mais a mais, o Dr. Heringer, um peri­
to Laboratorista de Itaboraí, que exa­
minou o sangue verificou tratar-se de
verdadeiro sangue; declarou além dis­
so, que a imagem o deveria ter absor­
vido, dado o material de que é feito,
isto é, de papelão prensado; o doutor
arranhou a imagem e nada descobriu
por dentro que acusasse algum vestí­ O Cristo que "Sangrava” em Porto das Caixas.
gio de sangue. E por outra, não deixa
de ser surpreendente que aquele san­ tos, mas que por outro lado, não po­ mento foi feito após minuciosa inves­
gue, verdadeiro sangue humano, não dia negar o que viu, isto é, que, em tigação, que, bem documentada, re­
tivesse coagulado logo, apesar de não verdade o Cristou gotejou de todas as sultou positiva. Segundo a mesma Re­
ter nenhum coagulante. O sangue em chagas. “Gostaria que não tivesse vista, Dom Geraldo de Proença Si-
questão durou das 19 até as 22 horas; acontecido”, repetiu ele. gaud, Arcebispo de Diamantina tam-
três horas sem coagular de todo”. É claro que as pessoas piedosas do
A jornalista Denise Eichler é quem povo de Porto das Caixas afirmam
fez todo esse movimento em tomo de que viram nitidamente e que o fenô­ (1) Cfr., por exemplo, “Fatos e Fotos”
— Gente”, 19/IX-77. Neste artigo,
Porto das Caixas. meno é autêntico. aliás, o jornalista Geraldo Lopes cita
Acrescentou ainda o Pe. Carlos, A revista “O Cruzeiro” de 16 de e aceita, com as próprias palavras e
que ficou com medo de tudo o que outubro de 1974, n? 42, escreve que terminologia do Padre Quevedo, a
aconteceu, que era sincero desejo seu Dom Antônio, Arcebispo de Niterói, nossa explicação do fenômeno do san­
em que nada de extraordinário se ti­ nunca duvidou dos fatos, pontifican­ gue, embora sem mais referência a
qualquer pesquisador do CLAP do
vesse dado, pois tudo aquilo trouxe- do que “contra fatos não há argumen­ que com a genérica expressão “inter­
lhe pessoalmente muitos aborrecimen­ tos”. É evidente que este pronuncia­ pretação dada pela Parapsicologia”.

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bém se pronunciou favoravelmente denomina-se, como dizíamos, aporte. Deveria ter-se analisado o Rh, a
sobre o caso de Porto das Caixas. São fatos mais frequentes do que ge­ concentração de glóbulos brancos e
Que realmente escorreu sangue do ralmente se admite. Nas casas que o vermelhos, etc., do sangue no Cristo
Crucifixo é indubitável. povo chama “mal-assombradas”, são e das pessoas que estavam perto,
Ora, suposta a realidade histórica relativamente freqüentes os objetos sempre que ele sangrou.
do fato, o problema é a sua interpre­ que atravessam muros, paredes e De toda forma, não tendo sido feita
tação. Da mera existência do fato, não quaisquer outros corpos opacos, es­ essa análise, devemos acatar a norma
se deduz que “aqui está atuando a tando o dotado a menos de 50 me­ clássica que a Igreja Católica dá quan­
Providência Divina para auxiliar espi­ tros; geralmente uma menina. do em face dos fenômenos misterio­
ritual e temporalmente a esse povo e sos: “Não se procure explicação so­
aos romeiros que com fé se dirigem a brenatural, enquanto caibam explica­
este santuário”, na expressão entusias­ ções naturais”.
ta, piedosa, mas perfeitamente deso­ FENÔMENO PROVIDENCIAL? —
rientada da jornalista Denise Eichler. Resta indagar se este fenômeno do
Há mais de quatro anos, todos os Cristo que sangra não poderia ser
domingos vai a Porto das Caixas para providencial, isto é, que Deus o per­
observar, entrevistar, fotografar. .. e mitiu para fortalecer a fé de muita
depois publicar nos jornais. Entrevis­ gente e para reconduzir outros a ela.
tei-a longamente. Pessoa culta, since­ Não cabe dúvida, Deus pode servir-se
ra, piedosa. . . mas não se trata disso. de um acontecimento natural como
O problema é: qual a explicação do este para prodigalizar benefícios so­
fato? brenaturais, uma vez que muita gen­
De acordo que se trata de sangue e te, por diminuta formação religiosa,
sangue mesmo. Que não coagulasse só por essa via pratica a religião.
completamente em três horas, nada Mas para poder-se afirmar uma
tem de misterioso pois houve bastante providência divina especial, não sen­
sangue. Aliás o sangue esteve chegan­ Pe. Jairo DaWAra, um dos coordenadores do o “prodígio” central milagroso, de­
do até o Cristo em intervalos mais ou do Santuário. verá haver outro ou outros milagres
menos curtos. Assim não teve tempo autênticos que confirmem a especial
de coagular completamente. Quem escreve estas linhas já presen­ Providência Divina. Do contrário,
Já colocamos sangue em papel pren­ ciou esse singular fenômeno, por in­ tudo ficará na ordem perfeitamente
sado, quando está bem prensado, e crível que pareça, com quatro outras natural.
melhor ainda se está recoberto de pin­ testemunhas. No nosso Centro de es­ ACONTECEM MILAGRES EM
tura (como é o caso do Cristo das tudos, pesquisamos há pouco tempo
Caixas): o sangue não foi absorvido PORTO DAS CAIXAS? — No que
um caso desses, praticamente idêntico concerne ao tema milagres, é preciso
pelo papelão. A verificação feita pelo ao de Porto das Caixas, sucedido em
Dr. Heringer nada tem de misteriosa. advertir, antes de mais nada, que es­
Itu, S.P., com uma estátua de Cristo tes são raros. Os milagres são fenô­
Uma pessoa, parapsicologicamente que “sangrava” e uma fotografia da menos de categoria muito superior e
dotada, tem a faculdade de transpor­ Virgem que “chorava”. O sangue e as é mister sejam exaustivamente prova­
tar objetos ou líquidos à certa distân­ lágrimas eram da senhora da casa. dos, de sorte a excluir qualquer dúvi­
cia; uns 50 metros. Inclusive através Sempre que o fenômeno acontecia, a da razoável.
do muro. Inclusive para dentro ou senhora estava a menos de 50 metros. A Igreja Católica é rigorosa em ma­
fora do próprio corpo. Deve ter ha­ Através das paredes, madeiras e vi­ téria de milagres, em respeito ao ver­
vido, então em Porto das Caixas, na dros que protegiam a estátua e foto­ dadeiro milagre. Antes dela aprovar
proximidade do Cristo, alguém nessas grafia. O fenômeno parou quando o com sua autoridade, embora mera­
condições, que transportou, incons­ Cristo foi levado ao CLAP. mente humana neste caso a existên­
cientemente, o sangue de algum ponto Nas minhas pesquisas em casas cia de um milagre, quer e obriga os
próximo ou preferentemente do pró­ mal-assombradas já topei com mais cientistas que pertencem à Igreja ana­
prio corpo até às chagas do Cristo. de dez destes casos. O CLAP estudou lisar exaustivamente, do ponto de
Com certeza, uma pessoa que sofre casos de pessoas com agulhas no
muito e que apresenta algum desequi­ vista científico, se lá houve ou não
corpo, onde o aporte era a explicação, um fenômeno que supere as forças da
líbrio psíco-físico. Poderia ser sangue embora em outros casos possa haver natureza. Depois, ainda ps teólogos
de uma ferida dela, pode ser sangue muito automatismo inconsciente em
da menstruação, se for mulher; ou en­ analizam o ambiente religioso daquele
espetar fraudulentemente agulhas no fenômeno superior às forças da natu­
tão, o que seria mais provável, quase próprio corpo. Nas vidas dos santos reza.
diria certo, do próprio corpo, exsu- encontramos muitos casos prodigiosos Após esta breve introdução, veja­
dando através da pele e da roupa, e relacionados com sangue, onde todo o mos alguns melhores casos, seleciona­
invisivelmente fazendo o aporte para o contexto mostra que não se trata de
crucifixo. dos por Dona Denise.
milagre de nenhuma maneira, como
Este fenômeno de objetos atraves­ poderá ver o leitor na clássica obra de 1 ) 0 Poder da Fé e a Misericórdia
sarem objetos sólidos, no caso exte­ Herbert Thurston, S.J.: “Los Fenó­ Divina — Maria Luisa de Jesus
riorizar o próprio sangue invisivel­ menos Físicos de Misticismo”, tradu­ Pereira trabalhava como domésti­
mente e através da roupa até o Cristo, zida do inglês. ca para manter sua família. Acor­

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dava cedo e ia para o trabalho Precisaríamos o nome, endere­ pernas após o primeiro impacto
cheia de disposição, sem saber ço, testemunhos médicos, verifica­ emocional?
que por dentro dela minava uma ções prévia e posterior. . . Não Curas de paralisia dificilmente
doença. Um dia passou mal. Sua podemos aceitar jamais relatos se aceitam em Lourdes, dificilmen­
pressão arterial estava muito alta assim. te se aceitam nos processo de ca­
e ela foi internada por seus pa­ nonização, dificilmente se aceitam
trões. 3) Menino larga muletas e anda dian­ em Parapsicologia como mila­
Certa noite, no hospital, Maria te da Imagem — João Francisco gre. ..
Luiza foi vítima de hemorragia Condé, de Barbacena, MG, com
pelo nariz e pela boca. Os médicos seis anos foi acometido de parali­ 4) Operação interrompida após as
que a examinaram se entreolha­ sia infantil. Aos dez anos estava Orações — Aos 18 anos Helder
ram. Um deles arriscou: “Acho paralítico. As duas pernas sem Carlos Ferreira sofreu uma pan­
que não vai resistir”. vida. Vendo seus irmãos e as ou­ cada na perna esquerda. Não deu
Uma atendente, moça católi­ tras crianças brincarem, chorava importância. À medida, porém,
ca e cheia de fé, ouviu tudo. Ela porque não compreendia nem que o tempo passava ele sentia
estivera em Porto das Caixas há aceitava sua incapacidade física. fortes dores. Sua mãe procurou
uma semana para ver de perto o Ouviu falar das maravilhas opera­ um médico que diagnosticou cân­
Cristo que sangrava, e trouxera das em Porto das Caixas e pediu cer e que seria preciso amputar a
de lá uma oração do Crucificado que o levassem para lá . . . Arran­ perna. Chegou-se ao ponto de
de Porto das Caixas, feita por jou uma carona, com licença de marcar data para a intervenção.
Dom Antônio de Almeida Morais. sua mãe, — e foi. Achando-se em No hospital uma freira lhe falou
Aproximou-se do leito da mu­ frente do Cristo sentiu algo estra­ das curas em Porto das Caixas,
lher e deu-lhe a oração: “Leia esta nho nas suas pernas, pois haviam dando-lhe a novena do Precioso
oração e rogue ao Cristo sua adquirido vida. Sua fé era tão Sangue de Cristo. Rezou com o
cura”. grande que ele não hesitou em ati­ máximo de fervor e pediu a mui­
Maria Luisa disse que foi toma­ rar as muletas para trás: “Obri­ tos outros fizessem o mesmo por
da de uma estranha sensação. gado Jesus, obrigado Jesus!” ex­ ele. No dia da operação, entretan­
Orou fervorosamente. No mesmo clamou o pequeno, desceu os de­ to, os médicos verificaram estupe­
instante a hemorragia cessou. Os graus e varou a multidão, corren­ fatos que o câncer por eles diag-
médicos foram chamados e diante d o . . . A multidão, testemunha ticado havia desaparecido. De­
da paciente se mostraram surpre­ desse prodígio, louvava a Deus. ram, então, a seguinte declaraçãb:
sos. E mais impressionados fica­ Quase todos choravam. “O problema só pode ser colocado
ram quando tomaram a pressão de Ora, não se trata de uma para­ debaixo de dois aspectos: sob o
Maria Luisa. Estava normal. . . lisia congênita Surgiu aos 6 anos ângulo da medicina, como um en­
Com perdão, mas arriscar que e se curou aos 10. Não poderia gano; ou à luz da fé, como um
uma hemorragia nasal e pela boca, ser uma paralisia histérica? O me­ milagre”.
resultado de alta pressão sanguí­ nino usava muletas: algum exercí­ Diz nesta altura D. Denise Ei-
nea, é mortal, parece um pouco cio impediu a atrofia excessiva? chler: “Foi um milagre”.
precipitado. . . E a “sangria” es­ Continuou com a total força das Um pouco estranho. .. Uma
pontânea alivia a pressão sanguí­
nea. . . O fenômeno parece não
ter nada de misterioso. . . A his­
tória está mal contada, como
acontece freqüentemente quando
não se faz uma verificação e pu­
blicação científica.
2) O Juiz Cego — Um Juiz de Di­
reito, devido às conseqüências de
um tiro que lhe afetou o osso fron­
tal numa caçada, ficou cego de
catarata nuclear. Consultou 16
oculistas. Já estava com operação
marcada quando lhe falaram nos
prodígios de Porto das Caixas.
Viajou para lá com grande sacri­
fício. Após fervorosa oração e
uma promessa voltou-lhe a luz dos
olhos. . . Caiu de joelhos agrade­
cendo a Deus pela maravilhosa
visão que recuperou, graça essa
que ele fez questão de divulgar,
por se tratar de um magnífico
testemunho de fé. Peregrinos admitindo nm milagre lá realizado.

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pancada provoca câncer antes de gre foi em favor do paraibano Se- um doutor, uma vez que os remédios,
úlcera, antes de gangrena? Não se verino Ferreira da Silva, (residen­ não raro produzem seu efeito mais
procurou um médico até chegar-se te à Rua Junior, 442 — Duque tarde e não imediatamente; nem por
ao câncer? Como se diagnosticou de Caxias) feito na presença do nenhuma outra força psicológica ou
câncer sem biopsia? E sem biop­ médico José Maria Silva (Rua Co­ parapsicológica do psiquismo incons­
sia, o erro de diagnóstico é facíli­ ronel Monjardim, 49, Vitória) ciente sobre o organismo. O poder do
mo . .. Etc. Outra paralisia. .. Mas de qual­ psiquismo sobre o organismo é bem
5) Um desafio de Fé — Maria Ber­ quer modo, reconhecemos que superior ao que estamos habituados a
nardo da Silva, de Nova Iguaçu, este casos nos impressionou mais... aceitar (2). Etc. A não ser que o mi­
Rio de Janeiro, mãe de seis filhos, Inclusive foi o único caso do qual lagre seja de tal evidência, que salte
com o marido doente, só ganhava nos proporcionaram nomes e en­ aos olhos. ..
por mês Cr$ 281,00 e pagava pelo dereços de médico e de paciente. Não chegou ao meu conhecimento
aluguel de sua pobre residência Casos como este são os mais ba­ nenhum caso de milagre, o autêntico
Cr$ 140,00. O que sobrava era dalados pela publicidade (1). selo de Deus, que resistisse a todas as
para o sustento de toda família. Por isso fizemos alguma pes­ objeções, a todas as investidas da crí­
Um dia o caçula José Ricardo quisa. (Quase nunca se verificam tica científica, como o acontecido, em
caiu doente, muito doente. . .: 41 as afirmações de curas atribuídas Porto das Caixas.
graus de febre e fortes convulsões. a tantos e tantos curandeiros). Lamento, deveras, desagradar mi­
Ouviu falar em Porto das Caixas. “A 25 de dezembro de 1962 lhares de devotos, mas não descobri
Com o menino quase à morte ru­ fui vítima de um assalto quando o selo clássico e exclusivo de Deus
mou para lá, desesperada. trabalhava em um ônibus, desde em Porto das Caixas.
Depositou o menino aos pés de quando fiquei sem caminhar em Por estes e outros motivos pessoas
Cristo e exclamou: “Se levar este virtude de três fraturas na espinha de grande critério e competência es­
leve também os outros cinco!” dorsal, produzidas pela projeção tão contra o caso do crucifixo que
Saiu conformada para tudo o de meu corpo contra o paralele­ milagrosamente teria sangrado.
que desse e viesse. Para ela a luta pípedo do meio fio por vários as­ Entrevistei o Sr. B.M.H., familiari­
estava encerrada. O único remé­ saltantes”. zado com a história do crucifixo des­
dio que passou a dar ao filhinho Entre outros dados, achamos de o seu início. Tem formação univer­
foi água benta. E eis que a febre mais do que esclarecedoras algu­ sitária e reside em Porto das Caixas:
baixou até a completa normalida­ mas frases da carta que o próprio “Os fatos aconteceram não sabemos
de, 36,5 graus. José Ricardo ga­ “ex-paralítico”, Severino Ferreira como e por que. Mas Deus sabe tirar
nhou cor e voltou a rir. Estava da Silva citou e assinou de punho de tudo isso um imenso bem espiri­
curado. Os exames posteriores dei­ e letra: “Tem fundamento a notí­ tual e mesmo temporal. Tenho para
xaram os médicos espantados. A cia segundo a qual me considero mim que aqui tudo foi preparado, tal­
confiança de Maria B. da Silva curado em conseqüência de mila­ vez com boa intenção, quem sabe. . .
era de tal ordem que desafiou, por gre”. Lamentavelmente neste caso, Entretanto agora tudo já caminhou
bem dizer, a Deus. E Deus teve como é regra geral: “ocorre, no demais, ninguém mais segura esse mo­
piedade dela. entanto, que não disponho de ne­ vimento. 99% do que chamam de
Porque ficaram estupefatos os nhum atestado de médico quanto “milagres” aqui em Porto das Caixas
médicos? Que médico fez o diag­ a minha cura”. são devidos à sugestão. Só 1% eu não
nóstico? Que diagnóstico? Que tem Pior ainda, ele próprio, sem sei explicar. Talvez sejam milagres,
de surpreendente uma febre muito compreendê-lo, no seu entusiasmo talvez não. Deus permitiu tudo isso
alta numa criança e que depois se refuta: “Desde que fui oferecer para evangelizar esse povo, pois muita
ela reaja? orações no Porto das Caixas, pas­ gente vem para cá para rezar e fazer
sei a andar quase normalmente penitência. Eles vem em busca de um
6) Cadeira de Rodas esquecida na embora ainda apoiado numa ben­ Deus palpável, que eles possam ver e
alegria da cura — O homem na gala”. Ora, onde, pois, está a cura? sentir, participar sensivelmente”. Eis
cadeira de rodas empurrada pelo Foi a “medicina” do tempo e da a opinião de um leigo culto e sensato.
amigo que, inclusive, pagou sua reação natural. Cristo não faria O Sr. Arcebispo atual de Niterói,
passagem até Porto das Caixas, um milagre aos poucos. .. Dom José Gonçalves da Costa, suces­
quando se viu diante do Cristo sor de Dom Antônio Almeida Morais,
Crucificado, não se conteve: “Se­ COMENTÁRIO GERAL — Deste e disse-me que está muito pouco tem^o
nhor, que faço eu aqui pedindo, se análogo teor são os prodígios relata­ em Niterói e que não podia dar mui­
o teu sacrifício foi maior que o dos por Denise Eichler. Sem dúvida tas informações. Entretanto, daquilo
meu?” há um excesso de entusiasmo e boa que chegou a seu conhecimento, ele
Em seguida, chorando convulsi­ vontade. .. Mas não atingem a cate­ podia deduzir que se tratava de mon­
vamente, o paralítico orou com a goria de milagres. Para um autêntico tagem a fim de promover a pequena
maior confiança e aos poucos foi milagre se requer um minucioso exa­ cidade, que é pobre.
se erguendo até ficar em pé, emo­ me médico antes e depois dos doentes Da mesma forma opina o Pe. José
cionando a multidão que se com­ peregrinarem para o Porto das Caixas; da Silva, que por espaço de ano e
primia na Igreja de Nossa Senhora exames esses, de molde a provar irre-
da Conceição, onde ficou a cadei­ fragavelmente que o caso não pode (2) QUEVEDO, Oscar G.: “Curandeiris-
ra de rodas que tinha usada du­ ser atribuido à sugestão, nem tão mo: Um Mal ou um Bem?”, São Pau­
rante mais de treze anos. O mila­ pouco a algum remédio receitado por lo, Ed. Loyola, 1976.

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DIALOGO
meio foi Vigário em Porto das Caixas.
Disse ele, que antes de assumir a Pa­
róquia ele acreditava que tivesse sido
autêntico milagre o do sangue do Cru­

COM 0 LEITOR
cifixo. Numa segunda fase, entretan­
to, começou a duvidar, observando
como o povo da localidade só se in­
teressava pelo lado comercial, que os
romeiros, com poucas exceções só vi­
nham em busca de curas para suas
doenças e não por motivos sincera­
mente religiosos de amor ao Crucifi­ Respostas por Oscar G.-Quevedo, S.J.
cado, e que o movimento foi propaga­

Comunicação com os mortos


do quase que exclusivamente por um
jornal do Rio, “O Dia”. Estes e outros
pormenores negativos que ele apurou

A pesquisa moderna
no correr desse tempo, chegaram a
abalar-lhe completamente a aceitação
do milagre no Porto das Caixas.
E o argumento é fortíssimo: “Nun­
ca houve milagre em ambiente não
plenamente digno. . . É um fato expe­ Gostei até mais dos argumentos poste­
rimental amplamente comprovado. riores, mas lamentaria que a exposi­
Sendo o fenômeno do sangue do ção da experiência da senha tivesse
ficado incompleta”.
Crucifixo plenamente explicável por
“Houve alguma continuação mo­
aporte, natural, ficaria muito esquisi­
to que surgissem autênticos milagres derna? Talvez algum aperfeiçoamen­
em Porto das Caixas: seria pouco to?”
menos que atribiur a Deus a confir­ Resposta:
mação, com verdadeiros milagres, de Em primeiro lugar, o senhor Hen­
um falso milagre. .. rique Rodrigues, contra o que ele afir­
Os dois padres passionistas que há ma em todas as partes, não é enge­
pouco tempo estão lá para tomarem nheiro, nem tem estudos universitá­
conta do santuário não querem dis­ rios.
cutir se lá houve milagre: “Não nos Com referência às senhas, a respos­
importa — são suas palavras — o fe­ ta é sim às duas perguntas que o se­
nômeno passado, importa-nos o fenô­ nhor me formula.
meno presente. Embora ficaremos fe­ Modemamente ainda se tem feito
lizes em saber da opinião cientiíica mais alguns intentos desta experiência
sobre o passado, estamos preocupa­ da senha em envelope lacrado. E tam­
dos com a evangelização e catequese”. bém, de algumas senhas escritas nas
Eles tem razão. Estão interessados primiras décadas do século, deixou-se
no trabalho espiritual de elevação do Chico Xavier psicografa uma “mensagem a verificação para os dias de hoje.
do além". A experiência da senha refuta
nível religioso desse povo que, é um .
tal pretensão Monteiro Lobato e Chico Xavier —
tato, lá acode em massa. Em geral, Por exemplo, o romancista brasileiro
acode interesseiramente, mas a oca­ José Bento Monteiro Lobato, antes da
sião é propícia para uma reflexão re­ sua morte, acontecida em São Paulo
ligiosa. . . Pergunta: Ignacio Crespo dei Rio
(Porto Alegre — Brasil): em 1948, deixara duas senhas em en­
“Fui uma das duas mil pessoas velopes lacrados: uma com Dona
Ruth Fontoura, filha do célebre mag­
EXCELENTE E que assistiram as suas extraordináras
conferências no auditório da Secreta­ nata dos laboratórios farmacêuticos
ria da Saúde em Belo Horizonte. . . ” de São Paulo; e outra com o juiz e
PRATICO PRESENTE “O senhor estava falando de uma também famoso romancista Dr. José
Godofredo de Moura Rangel, de Três
série de antigos pesquisadores de
NATALINO: Londres ‘inclusive espíritas’ que ti­
nham feito a experiência da senha (1).
Pontas (Minas Gerais), grande amigo
de Monteiro Lobato com quem mante­
ve correspodência durante anos.
COLECÃO DA Mas então, surgiu o incidente com o
engenheiro Henrique Rodrigues que o Pretendendo imitar mais ou menos
bem o estilo do grande escritor, o
acusou de caluniador, e a polícia teve
REVISTA DE que afastá-lo do local. O senhor, de­
pois, não apresentou nenhuma outra
psicógrafo Francisco Cândido Xavier,
(1) Apresentamos estas experiências no
PARAPSICOLOGIA experiência moderna do mesmo tipo,
passando logo a outros argumentos.
número anterior da nossa Revista de
Parapsicologia.

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