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TRABALHO DE LÍNGUA PORTUGUESA – TAREFA DE SALA DIA 20/03/23

Orientações:

1.Leia a notícia apresentada abaixo e a partir da sua compreensão produza o gênero solicitado
na proposta de produção textual.

1889: A HÓSTIA VIRA SANGUE

Naquela noite escura e sem lua, Cícero Romão Batista levantou as mãos para
os Céus e pediu perdão pelos pecados do mundo. Quem olhasse de fora em
direção às janelas abertas da capela de Nossa Senhora das Dores avistaria,
já de longe, o lampejo das centenas de velas acesas cortando o breu. O forte
cheiro de cera derretida e o adiantado da hora indicavam que os membros da
irmandade de beatos, cerca de vinte deles, haviam passado mais uma
madrugada inteira em vigília, em louvor ao Sagrado Coração de Jesus.

Meia hora antes do amanhecer, quando os galos se preparavam para anunciar


outra manhã de sol no sertão, Cícero decidiu que as sete ou oito mulheres ali
presentes mereciam receber a comunhão antes dos homens, para retornarem
às respectivas casas. Elas precisavam descansar o corpo fatigado da
prolongada sentinela. Com véus escuros sobre a cabeça e alvos rosários
entrelaçados nas mãos magras e morenas, as beatas atenderam ao chamado
e se aproximaram em fila indiana, uma a uma.
À frente delas, ia Maria de Araújo. Com os olhos fechados, foi a primeira a se
postar diante do padre e entreabrir a boca, contrita. Quando a hóstia lhe tocou
a língua, a beata abriu e revirou os olhos espantados. Parecia ter entrado num
estranho transe. Foi então que se deu o fenômeno: segundo chegariam a jurar
sobre a Bíblia as testemunhas ali presentes, a hóstia na boca de Maria de
Araújo mudou de forma e de cor. Transformou-se em sangue vivo.

O sangue desceu dos lábios da mulher e, como ela tentasse contê-lo, este lhe
banhou o dorso da mão esquerda. Depois, escorreu ao longo do braço, até
cair ao chão da capela, que ficou respingado de vermelho. Com ar aflito, a
beata mirava e mostrava ao padre uma toalhinha branca dobrada nas mãos,
tingida pelas manchas rubras que haviam transbordado da boca e que ela
depois procurara enxugar. Foi um alvoroço. Quando os primeiros raios de sol
aqueceram a alvenaria da fachada principal do templo, a notícia já corria pelo
povoado cearense: na branca capela de Nossa Senhora das Dores, entre os
lábios da beata Maria de Araújo, a hóstia consagrada pelo padre Cícero havia
se materializado na carne e no sangue divino de Jesus. Sangue que, a
exemplo do que ocorrera dois milênios antes e no alto da cruz, estaria sendo
derramado para lavar os pecados e as dores dos homens.

Foi no dia 1º de março de 1889, uma sexta-feira, véspera da Quaresma. Como


a desafiar a incredulidade dos mais céticos, o episódio se repetiria por meses
a fio, sempre às quartas e sextas-feiras. No Sábado de Aleluia, o sangue teria
jorrado de novo da boca da beata Maria de Araújo. Numa das ocasiões, de tão
abundante, chegara a atingir e embeber o corporal – o tecido branco e
quadrangular sobre o qual se colocam o cálice com o vinho – e a patena, o
pratinho de metal com as hóstias. Seria impossível, diante de tão insistentes e
misteriosas manifestações, conter o êxtase coletivo. De imediato, uma palavra
passou a ser voz corrente na região: milagre. Juazeiro do Norte transformara-
se em chão sagrado.
Moradores das cidades e localidades mais próximas chegavam ao minúsculo
povoado, atraídos pelas narrativas que davam conta do sangue de Jesus
derramado em pleno agreste. Mas foi em 7 de julho, um domingo que marcava
o ápice da festa cristã do Precioso Sangue, que Juazeiro assistiu pela primeira
vez à chegada maciça e ordenada de milhares de peregrinos. Foi a primeira
de todas as romarias. Naquela manhã, cerca de 3 mil pessoas – quase dez
vezes a população do lugarejo – apinharam-se nas estreitas ruelas do local. A
maioria era proveniente do Crato e vinha sob as bênçãos expressas do novo
reitor do seminário, monsenhor Francisco Rodrigues Monteiro. Conhecido pela
oratória inflamada, monsenhor Monteiro conduziu uma procissão até a capela
de Nossa Senhora das Dores, naquele dia adornada com velas, flores e fitas
coloridas. Ao término da missa, com sua autoridade clerical e o estilo ardoroso
de sempre, Monteiro fez um sermão histórico, durante o qual exibiu, com
gestos arrebatados, uma toalha manchada de sangue. Segundo ele, não havia
dúvidas de que aquele era o verdadeiro sangue de Jesus Cristo.

PROPOSTA DE NARRATIVA
Imagine que você era uma das pessoas que estavam presentes no momento em
que a hóstia se transformou em sangue na boca da Beata Maria de Araújo. Narre
esse fato demonstrando sua emoção junto com as outras pessoas presentes na
igreja.
Depois que você saiu da igreja, a quem contou esse fato? Qual a reação das
pessoas para quem você contou ? Elas acreditaram?

QUANTO À ESTRUTURA DO TEXTO:


Pense em um título bem interessante e criativo.
Elabore parágrafos com discurso direto e discurso indireto.
Número de linhas mínimo 20, máximo 30.
Elabore rascunho em seu caderno .
O texto será recolhido pelo líder da turma,que entregará todas as produções à
coordenadora .
Para essa produção será atribuída nota.

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