consensus omnium desempenha um papel muito importante,
embora empiricamente um pouco incômodo. Somente em casos excepcionais o consensus omnium se mostra válido. O empirista não deixará de levá-lo em conta, mas melhor fará se não se apoiar neles. Acontecimentos absolutamente únicos e efêmeros, cuja existência não tenho meios de negar nem de provar, nunca podem ser objetos de uma ciência empírica. Acontecimentos raros podem muito bem sê-lo, desde que haja um número suficiente de observações individuais confiáveis. A chamada possibilidade de tais eventos não goza de nenhuma importância, porque o critério do possível deriva de pressupostos da época racionalista. Não há leis naturais absolutas cuja autoridade se possa invocar em apoio de seus preconceitos. O máximo que se pode exigir, para sermos justos, é que o número de observações individuais seja o mais elevado possível. Se este número, estatisticamente considerado, permanecer nos limites da probabilidade, então estará provado estatisticamente que se trata de uma probabilidade de acaso, mas isto não nos fornece nenhuma explicação. Houve apenas uma exceção à regra. Se o número dos indicadores de um complexo, por exemplo, estiver abaixo do número provável de distúrbios esperados numa experiência de associações, isto não é justificativa para se supor que aqui não existe um complexo. Mas este fato não impediu antigamente de se considerar os distúrbios provocados pelas reações como meras casualidades.