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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL
Aluno: Roger Lobato Morais / 1° Semestre / E-mail: rogerlobato15@gmail.com

CAPA REFERENTE AO SEGUNDO TRABALHO DE HISTÓRIA ECONÔMICA DAS


QUESTÕES NORTEADORAS

DATA DE ENTREGA: 07/04


*QUESTÃO NORTEADORA 6: O QUE É O CAPITALISMO?

É intuitivo pensar que o capitalismo se resume apenas ao sistema de circulação de


dinheiro entre os indivíduos, logicamente existem e inferem inúmeras bases de pensamento
sobre como realmente o capitalismo age na sociedade. Em primeira análise, é inevitável saber
como surgiu realmente o capitalismo?
O capitalismo como sistema mundial, durante vários séculos veio a se instaurar sobre os
continentes, pois sendo uma passagem do sistema feudal, seu surgimento não vem de forma
igualitária, E. K. Hunt por exemplo cita no início do seu livro História do Pensamento
Econômico:
‘’O capitalismo como sistema econômico, político e social dominante surgiu muito lentamente, em um
período de vários séculos, primeiro na Europa Ocidental e, depois, em grande parte do mundo. À
medida que surgia, as pessoas buscavam compreendê-lo’’(pp.25)

O buscar compreender desse sistema ao modo que vinha se formando é algo sucinto da nossa
imaginação, pois de fato, para se viver em pleno metabolismo com ele, é preciso entender,
logo qual seria a definição do que é capitalismo?
Acho pleno encararmos a definição em si, o ser capitalismo, tirando de fato as suas escolas de
pensamento em cima do mesmo. Karl Marx na sua análise sobre o capitalismo em O Capital
por exemplo, infere o modo de produção capitalista como “enorme coleção de mercadorias”
(2011,pp.97), no montante da sua análise, também é mostrado como funciona a venda e
compra dessas mercadorias nesse modo de produção, onde sempre a um ‘’metabolismo’’
entre natureza e homem para satisfazer suas necessidades ou seu ‘’prazer’’. Diferenciando de
modos anteriores como o feudalismo que veio como a sua transição, o grande diferencial é o
fato da produção excedente, como nos períodos anteriores, o modo de produção visava
sempre o equilíbrio e a subsistência do meio social, não se tinha o fato a levada desses
produtos para o mercado. Hunt evidencia esse pensamento:
‘’O desenvolvimento histórico das forças produtivas tem resultado em uma capacidade sempre
crescente de as sociedades produzirem excedentes sociais cada vez maiores. Dentro dessa evolução
histórica, cada sociedade tem sido dividida, de modo geral, em dois grupos separados. A maioria das
pessoas, em cada sociedade, trabalha exaustivamente para produzir o necessário para sustentar e
perpetuar o modo de produção, bem como o excedente social, enquanto uma pequena minoria se
apropria desse excedente e o controla.’’(pp.26)

John A. Hobson em seu livro A Evolução do Capitalismo Moderno, mostra como se deu
essa transição do modo capitalista antigo, e o atual, e fatores que mostravam já semelhanças
entre os modos antigos e o atual, como no trecho abaixo:
‘’(...) no Mundo Antigo e no decorrer da Idade Média, a área do antigo capitalismo resumia-se
virtualmente a certas obras públicas ou semipúblicas, como palácios, templos, túmulos, castelos e
outros edifícios construídos com fins de ostentação ou defesa; construção de estradas, canais e outras
melhorias permanentes no transporte; à mineração, principalmente de metais preciosos; e a certos
ramos do comércio com regiões distantes, dispendiosos e arriscados. A mão-de-obra escrava ou
servil, aplicada ao cultivo do solo, pode também ser considerada uma espécie de capitalismo dos
tempos antigos. O Mundo Antigo possui poucos traços do ramo mais característico do capitalismo
moderno — a manufatura em grande escala.’’(1996,pp.24)
Sobre esse aspecto do ser capitalista, inúmeras formas de pensamento sobre como o
sistema funciona, muitos economistas por exemplo têm múltiplas visões de como essa
acumulação de riqueza realmente pode funcionar em seu pleno funcionamento.
Por exemplo os defensores do Capitalismo do livre-mercado, que surge de inicio com a
visão de John Locke se consolidando futuramente com Adam Smith, formando assim a Escola
Liberal Clássica e algumas de suas ramificações ao longo do tempo, que predominava termo o
‘’laissez-faire’’ ou no significado ‘’deixe fazer’’, sendo usada para identificar o pensamento
de que o mercado é capaz de se auto regular, sem precisar de um Estado para regulamentar
isso, sendo limitado para papeis específicos na sociedade, como na manutenção da ordem e
garantir que as leis sejam cumpridas.
Existe também a linha de pensamento que infere o Capitalismo como sendo domesticado,
tendo seu surgimento logo após a Crise de 1929, em que o sistema liberal entra em colapso,
tomando vida com John Keynes, e posteriormente a Escola Keynesiana e suas ramificações,
que em suas visões, inferia o Estado em ter um papel mais ativo na economia garantido a
demanda e oferta no mercado, e o alcance social do pleno emprego dos fatores de produção, o
Estado já equilibrando o mercado e suas inúmeras socializações.
Com os estudos do economista austríaco Joseph Alois Schumpeter, mostra o Capitalismo
como lócus de permanente inovação, que enxerga o capitalismo com o papel de sempre
surgir inovações, sob a ótica do empresário, que sempre intervém no mercado, de forma
avançada para sempre obter uma maior produção de riqueza juntamente com o avanço
tecnológico, e com base nesses pensamentos, eventualmente ocorrendo a criação da Escola
Neo-Schuperiana.
No entendimento Werner Sombart e Max Weber de o Capitalismo como um “Espirito”,
entendesse que diante de uma sociedade que necessita de inúmeros fins e meios para sua
existência, o capitalismo se infere como o espirito que irá sempre tornar essas interrelações
reais entre as sociedades, e que onde se infere a produção indústria o capitalismo sempre se
encaixará nas relações sociais.
E enfim com Karl Marx e Friedrich Engles, surge Os opositores do Capitalismo, que viam o
modo de produção capitalista como uma evolução histórica, assim como o feudalismo, que
posterior ao capitalismo surgiria o socialismo e se mostraria em plena natureza o comunismo,
sendo assim uma critica direta ao capitalismo, que infere a burguesia como o alto pilar da
riqueza, e que com a atuação do Estado como o intermediador da riqueza e igualitária divisão
entre a sociedade, se teria pleno equilíbrio.
BIBLIOGRAFIA

SCHUMPETER, Joseph Alois. História da Análise Econômica. Vol. 1. Rio de Janeiro: Centro de
Publicações Técnicas da Aliança, 1964.
TORRES, Luiz Henrique. O Conceito de História e Historiografia. BIBLOS. Rio Grande, 53-59, 1996
ALLEN, Robert C. História Econômica Global: Uma Breve Introdução. Porto Alegre: L&PM, 2017.
CHANG, Há-Joon. Chutando a Escada: A Estratégia de Desenvolvimento em Perpectiva Histórica.
São Paulo: Editora UNESP, 2004.
DEATON, Angus. A Grande Saída: saúde, riqueza e as origens da desigualdade. Rio de Janeiro:
Intrínseca, 2017.
SAES, Flávio Azevedo Marque de; SAES, Alexandre Macchione. História Econômica Geral. São
Paulo: Saraiva, 2013.
NORTH, Douglass. Instituições, Mudança Institucional e Desempenho Econômico. São Paulo: Três
Estrelas, 2018.

ACEMOGLU, ROBBISON. Por Que as Nações Fracassam.2012, Elsevier Editora Ltda.

MARX,Karl. O Capital. Livro I. Boitempo,2011.

BLOCH, Apologia da história: Ou o ofício do historiador. ZAHAR,2002.

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