Você está na página 1de 281

Sinopse

Ser o vice-presidente dos Ruthless Kings me deixou exausto e com


cicatrizes, uma besta selvagem e sanguinária.

Sujeira, dor, sangue, as três constantes da minha vida.

Amor?

Eu não sobrecarregaria ninguém me amando. Sou um homem difícil de


amar.

Até que ela atravesse as portas da garagem, parecendo perfeita em seu


vestidinho azul e salto alto.

Ela é arrumada, limpa e boa demais para mim, mas estou determinado a
deixá-la suja.

Então Reaper me lembra da dívida que tenho com ele, e a multa é cara -
fique longe da mulher cuja voz é uma canção.

Porque o pai dela é o xerife de Las Vegas e ele nos odeia.

Descubro que o xerife é um pouco torto, o que abre um novo conjunto de


regras em meu manual. E eu tenho as ferramentas certas para quebrar
todos eles.

Devo ir contra meu Prez novamente por meu pequeno pardal? Ou eu a


deixo voar para longe?
 

Para qualquer um que pensasse que era um fardo para o amor, o amor não tem
fardos nem medos, ele o aceita como você é, danificado, com medo e selvagem. O
único fardo é a dúvida. Você merece amor. A dúvida não tem casa aqui.
Prólogo

Quinze anos de idade

O amor é uma entidade sobrenatural que nunca viveu aqui, não neste
planeta, não nesta cidade e definitivamente não nesta casa. Inferno, chamar
esta casa de lar é uma mentira. Não é nada além de uma prisão, nos
mantendo trancados como animais vadios. Se o amor existe, ele não acha a
mim ou minha mãe, dignos dele.

Isso é bom.

Que se foda o amor. Que se foda o que isso traz.

Pelo que percebi, o amor só traz controle e dor.

O ódio nasce do amor, e é tudo o que sempre senti por causa dele.

Meu pai.

Meu pai bêbado que só trabalha meio período porque não consegue
encontrar um emprego que o mantenha bêbado. Minha mãe é a estrela, a
levantadora de peso, aquela que se mata todos os dias para garantir que
haja comida na mesa, que a eletricidade continue ligada, então temos uma
cama quente para dormir à noite, e um teto sobre nossa cabeça.

Ela também é a razão pela qual sua bunda nunca sai da poltrona. Juro
por Deus que seu corpo se moldou à velha cadeira verde. Cheira a ele,
cerveja e odor corporal. Ele passa dias sem tomar banho e todas as suas
roupas estão sujas de manchas. Não é porque minha mãe não lava, ela faz.
Ele é simplesmente nojento.

Estou esperando o dia em que completarei dezoito anos para poder tirar
minha mãe daqui. Eu não posso fazer nada por ela ainda. Eu sou apenas
pele e osso e uma criança. Eu não posso fazer merda nenhuma para deter
ele e nada me irrita mais. Eu o odeio com cada célula do meu corpo.

Eu odeio ter vindo dele.

Eu odeio parecer com ele.

Fiz tudo o que podia para me exercitar, para colocar carne nos meus
ossos, para aprender a lutar, mas não como o suficiente para o músculo
grudar. Meu pai não vai permitir. Ele come tudo o que quer primeiro,
então mamãe e eu podemos ficar com as sobras.

Ele pensa que é um rei.

E mal posso esperar para arrancar ele do trono, aquela poltrona nojenta
de merda que cheira a erros e cigarros.

— Vejo você na escola amanhã, Logan! — Meu amigo Kent grita


quando descemos do ônibus.
A neve esmaga minhas botas enquanto caminho até o duplex
degradado em que moro. É antigo, a pintura está descascando, as janelas
estão rachadas e a caixa de correio inclinada. Eu disse a minha mãe que,
quando a neve derreter, vou trabalhar na casa e limpar ela. Mamãe tem
vergonha de onde moramos e eu não quero que ela fique. Ela merece mais
do que este inferno frio em que nos encontramos vivendo.

Literalmente, está um frio fodido. Eu odeio Boston. Há trinta


centímetros de neve no chão, e ela continua chegando, flocos grossos e
fofos caindo em meu rosto e casaco. Eu estou cansado disso.

— Até mais, Kent, — eu digo, acenando enquanto atravesso a rua


congelada. É branco de sal, gelo e neve. Um pouco astuto, e se alguém não
tomar cuidado, pode escorregar e arrebentar. Eu caí mais de uma vez, e é
uma merda. Da última vez que aconteceu, eu não consegui sentar por três
semanas sem gritar de agonia completa.

O que então me rendeu um tapa na cara do meu pai. Ele disse: —Os
meninos não choram, porra. Nenhum garoto meu vai chorar como uma vadia. É
isso que você é? Uma vadia? Como sua mãe?

Minha mãe estava atrás dele com um olho roxo, e eu vi a expressão em


seus olhos, o desespero implorando para eu manter minha boca fechada,
então eu fiz o que ela queria.

Esfrego minha bochecha com a memória, e quase posso sentir a


queimadura de sua mão e o formigamento sob a minha pele quando sua
palma fez o impacto. Parando no portão, alcanço as pontas quebradas do
que costumava ser uma cerca branca e destravo a fechadura de ferro e
empurro para abrir, apenas para ele sair das dobradiças e cair no chão. —
Você só pode estar brincando, — murmuro, empurrando minha mochila
no ombro enquanto me inclino para pegar a madeira podre. Eu giro e
inclino a entrada do portão contra a cerca e desço a passarela de cimento
rachado que está coberta com pedaços de sal que coloquei esta manhã. Eu
bato meus pés enquanto subo as escadas para tirar a neve.

Se eu levar alguma para dentro, terei um cinto nas minhas costas por
quinze minutos. Meu ombro ainda está dolorido da surra que recebi
ontem. Eu olho para baixo para ter certeza de que a neve caiu das minhas
botas, e caiu, mas eu não quero arriscar. Eu as tiro no chão e deixo na porta.
Meus pés estão congelados porque as meias que tenho estão furadas.

Eu odeio estar quebrado. Eu odeio que minha mãe trabalhe duro, e ele
pega seu dinheiro ganho com tanto esforço. Eu quero largar o colégio e
conseguir um emprego, então eu e minha mãe podemos sair daqui, mas ela
diz que não, que a educação é importante, e ela vai lidar com meu pai até
que possamos descobrir outra coisa.

A porta de tela range quando a abro e empurro a porta principal com o


quadril. Droga, ele está em casa. Eu posso sentir o cheiro do cigarro aceso
no corredor. Ele deixou um rastro de neve! Ainda posso ver as marcas de
suas botas. A porra da ironia dele.

Uma batida forte vem da cozinha seguida pelo grito de dor muito
familiar da minha mãe. Eu largo minha mochila e corro pelo corredor para
ver meu pai prendendo ela contra a mesa. —Sua vadia estúpida! — Ele
balbucia, envolvendo a mão em volta da garganta dela. —Eu disse, pegue a
porra de uma cerveja e você vai me dá aquela maldita cerveja! — Ele ruge,
e ela recua. A luz brilha em suas bochechas iluminando suas lágrimas e
lábio arrebentado.

— Não temos dinheiro, Fred. Trouxe mantimentos para nós. Não


tínhamos suficiente para a cerveja.

Ele dá um tapa nela novamente, e sua cabeça vira para a esquerda. Ela
leva uma de suas mãos delicadas ao rosto, as mesmas mãos que garantem
que eu viva para ver outro dia, e seus olhos encontram os meus. Ela deve
ver a raiva em meu rosto, mas ela balança a cabeça novamente, me dizendo
para ficar para trás.

Mamãe está sempre cuidando de mim, mas quando vou começar a


cuidar dela? Ela merece mais de mim.

— Olhe para mim, puta, — ele zomba dela, inclinando seu corpo sobre
o dela. Eu sei que ela está desconfortável. Ele é um gordo fodido com
barriga de cerveja. —Você está me traindo, não é? Você está abrindo as
pernas para outra pessoa? Quem iria querer você? Você é uma vagabunda
feia e estúpida que não conhece o seu lugar. — Ele a pega pelo pescoço e a
joga no chão da cozinha. —Talvez eu precise te lembrar a quem você
pertence, mulher. — Ele alcança o botão da calça e minha mãe se vira de
barriga para baixo, tentando rastejar para longe.

Oh, porra, não. Ele não vai tocar ela. Ele não vai chegar perto dela,
nunca mais. Essa merda acaba agora. Minha mãe não será mais vítima de
seu abuso mental, físico ou emocional. Ela não será mais estuprada ou
espancada por ele.
Ele abaixa as calças e cai de joelhos no chão e agarra os tornozelos dela.
Ela chuta e grita, implorando não, e eu empurro a parede e bato nele,
derrubando ele no chão. —Seu filho da puta! — Eu grito na cara dele. —
Você não vai tocar nela! Você entende? — Eu trago meu punho para cima e
o deixo voar, batendo meus dedos contra seu rosto. —Te odeio! Você é o
inútil, seu inútil, — soco —fodido, — soco,— bêbado! — Soco.

Ele me agarra pela camisa e me joga de cima dele, e minha cabeça atinge
os armários.

— Logan! — Minha mãe estende a mão para mim, mas ele agarra suas
pernas, e eu me coloco de pé e o agarro novamente. Nós voamos pela mesa
da cozinha, e eu agarro sua camisa, o pego e então o bato no chão.

Eu vou matar ele.

— Isso é tudo que você tem, garoto? — Ele ri, seus dentes amarelos
podres estão cobertos de sangue. Eu fiz isso. Eu o machuquei. Eu fiz o filho
da puta sangrar.

E estou feliz com isso.

— Você não tem coragem de fazer nada comigo.

— Logan. — A voz da minha mãe está implorando, mas posso dizer que
ela não tem ideia do que quer que eu faça. Sua voz me distrai, e meu pai
aproveita esse momento para obter a vantagem e me rola de costas. Desta
vez, é seu punho que pousa na minha bochecha.

Duas, três vezes, e sinto o osso quebrar.


— Eu nunca quis você, — diz ele com uma risada, pairando sobre meu
rosto, e não tenho escolha a não ser inalar o fedor de cerveja e nicotina. —
Sua mãe engravidou e de repente eu estava preso com vocês dois. Você é
um desperdício de espaço! — Sua saliva cheia de sangue me atinge no
rosto enquanto ele fala. —Eu deveria ter feito sua mãe abortar você, mas
ela queria você. Eu não sei porque. Você é patético. — Ele me dá um soco
novamente. —E não é meu filho! — Através da pálpebra inchada, vejo seu
punho cerrado se preparando para me bater. Ele vai me matar desta vez.

— Se afaste do meu filho! — Minha mãe grita e acerta uma frigideira de


ferro para ele, mas ela erra, e atinge suas costas em vez de sua cabeça. Ela é
tão pequena, tão minúscula, toda ossos. Ela não conseguia segurar a
frigideira por tempo suficiente para acertar ele onde queria, mas tudo bem.
Isso tira o ar dos pulmões do meu pai e é tudo que preciso para chutar ele
de cima de mim e virar ele de costas novamente.

— Eu vou matar vocês dois, — diz ele. —E, finalmente, estarei livre. —
Ele pega algo ao lado dele e, quando vejo o que é, ajo mais rápido do que
ele.

É uma chave de fenda.

— Não! — Eu envolvo meus dedos em torno do cabo azul. —Somos nós


que finalmente estaremos livres de você. — Meu coração bate forte,
adrenalina e raiva bombeiam em minhas veias, e é diferente de tudo que eu
já senti. Estou doidão. Eu levanto a chave de fenda no ar e bato bem entre
seus olhos, os mesmos olhos que eu tenho. O metal perfura seu crânio e
atinge seu cérebro até que se aloja contra o cabo azul.
Eu caio para trás, com falta de ar, suando. Espero o pânico chegar, mas
não sinto isso.

— Oh meu Deus, Logan! — Minha mãe envolve seus braços em volta de


mim e me arrasta do meu pai morto. Seus olhos estão abertos enquanto ele
olha para o teto. —Você está bem? Querido fale comigo. — Mamãe chora
ao tocar minha bochecha inchada.

— Eu não podia deixar ele te machucar mais, mãe. — Eu finalmente


trago meus olhos do meu pai para o rosto dela. Faz tanto tempo que eu a
vejo sem uma contusão, esqueci como ela é. —Eu não poderia.

— Eu sei. — Ela acena e beija minha testa. —Eu sei, Baby. Está tudo
bem. Nós vamos resolver isso. Precisamos fazer as malas, tudo bem? Eu
conheço pessoas que podem ajudar com isso. Vá fazer a mala. Me deixe
cuidar disso. Amo você, Logan.

— Eu também te amo, mãe. — Eu sinto a emoção brotando em meus


olhos. Há anos que não podemos dizer isso um ao outro por causa do
papai. Ele nos batia e dizia que o amor não mora aqui.

Não funcionou. O mal viverá para sempre nesta casa, e quanto mais
cedo eu sair dela, melhor, antes que transforme minha sanidade em
loucura como fez com meu pai.

Ela me ajuda a levantar do chão e meus olhos voltam para papai. O


sangue flui da parte de trás de sua cabeça, acumulando ao redor dele. Ela
pega o telefone com as mãos trêmulas e eu fico lá, meus pés congelados no
chão enquanto eu olho para ele.
Ele está realmente morto.

Eu posso respirar novamente.

— Knox, o Brass está aí? — Minha mãe pergunta. Quem diabos é Knox?
Que tipo de nome é Brass? —Estou pedindo aquele favor. Preciso sair de
Boston, Brass. Ele está morto. Obrigada. Obrigada. — Ela desliga o telefone
e eu me viro para ela, curioso.

— Quem era aquele? — Minhas mãos estão tremendo e meu corpo


inteiro está tremendo. Ficou mais frio? Meus dentes batem como se o
inverno fosse bem-vindo por dentro.

— Os homens que vão nos tirar daqui e garantir que o corpo do seu pai
seja tratado. Vá fazer uma mala. — Ela me empurra, e isso me faz encontrar
meus pés. Eu aceno e corro para o meu quarto. Pego tudo que posso, todas
as roupas que cabem na mala junto com algumas fotos minhas e de minha
mãe.

Quando saio correndo do quarto, ouço o barulho de motos parando e


uma debandada de botas enche o corredor. —Whitney? Whitney! — Uma
voz profunda ecoa através das paredes finas da casa, sacudindo-as.

— Aqui, — minha mãe responde com uma voz irregular e estridente.

Quando chego à sala de estar, despejo a mochila e vejo quatro homens


parados ao redor. Com jeans pretos enormes, botas grandes, coletes de
couro que têm uma caveira e uma coroa. Capítulo ‘Ruthless Kings’ de
Boston escrito. Eles são intimidantes. Eu nunca vi homens tão grandes em
minha vida. Corro até minha mãe e a empurro atrás de mim, inclinando
meu pescoço o mais para trás que posso para encarar um homem que não
conheço.

Ele tem longos cabelos castanhos sobre os ombros, cavanhaque,


aparência jovem, e há uma mancha na frente de seu colete que diz ‘Brass,
Presidente MC.’

O que diabos é um MC?

— Você tem algumas bolas, magro, — diz ele, olhando para mim e
depois para o cadáver do meu pai.

— Não vou deixar você machucar minha mãe, — digo a ele, ignorando
o fato de que ele me chamou de magro. Ele é trinta centímetros mais alto
do que eu e tem sessenta quilos a mais do que eu para me bater, mas vou
pegá-lo, assim como fiz com meu pai.

— Eles estão aqui para ajudar, Logan. Eles são amigos, — minha mãe
me diz, esfregando meus ombros para me ajudar a relaxar.

Que tipo de amigos minha mãe faz?

— Você faz isso, garoto? — Brass me pergunta, apontando para o corpo


no chão.

Eu engulo e aceno.

— Você tem algumas bolas do caralho, — ele repete. —Você vai se sair
bem na vida. Whitney, aqui. Pegue isso. Mapa e dinheiro. Você estará
segura em Vegas. O capítulo Ruthless a ajudará nisso.

— Obrigada, Brass. Obrigada.


— Qualquer coisa por você, Whitney, — ele diz a ela, mas com um tom
suave em sua voz. —Prospecto? Obtenha a soda cáustica, temos trabalho a
fazer, — ele late para um homem que está com o rosto verde e prestes a
vomitar.

— Sim, Prez. — O prospecto desaparece como se o diabo estivesse


mordendo seus calcanhares.

— Knox, dê a eles um carro e depois leve-os até a metade do caminho,


— disse Brass a um cara que tem VP em seu colete.

Eles nos conduzem para fora de casa, e eu me empurro entre eles para
correr de volta para meu pai. —Espere! — Eles param de pegar o corpo
gordo do meu pai e eu me agacho, envolvo minhas mãos em torno da
chave e a puxo para fora. Seu crânio dá uma trituração doentia e seu
cérebro está molhado, quase me fazendo engasgar, mas mantenho meu
vômito baixo. Não quero parecer uma vadia na frente desses motoqueiros.

— Malvado, — diz um dos motoqueiros.

— Levando uma lembrança, magro? — Brass me pergunta.

Eu aceno, vou até a pia e limpo, em seguida, coloco a chave de fenda no


bolso de trás. Inferno, sim, estou levando comigo.

Para me lembrar de onde vim, as coisas que vi e o que sou capaz de


fazer.
Capítulo Um

Presente

— Ali. Sim, é isso. Essa é a merda do ponto, Becks, — eu a elogio


enquanto ela esfrega meus ombros para tirar um nó que está me matando
nas últimas semanas. Todo mundo pensava que Becks vinha aqui para ser
uma vadia do clube, mas descobri que ela não transava, ela apenas deu
massagens. Em vez disso, nós a contratamos em vez de ela vagar por aí.
Reaper a designou como massoterapeuta do clube, e ela é bem paga por
isso.

Suas mãozinhas estão cheias de força. É incrível que ela possa colocar as
palmas das mãos sobre os músculos da minha armadilha de nós, mas ela
consegue e o faz bem.

— Oh, sim, você está ferrado, Tool.

— Trabalhar em carros o dia todo faz isso.

Cedo demais, a campainha toca me dizendo que foram os melhores


sessenta minutos da minha vida. —Não, — eu lamento. Na verdade, eu
lamento porque não estou pronto para a minha massagem terminar. —Vou
pagar por mais uma hora.

— Desculpe, Tool. Tenho massagens consecutivas hoje. Vocês,


motoqueiros, me mantêm ocupada. — Ela realmente estaria ocupada se
abrisse as pernas para os membros, mas ela não é esse tipo de mulher, e eu
respeito isso. Eu nem mesmo mergulho meu pau nas vadias hoje em dia.
Depois que Reaper encontrou Sarah, e Boomer está em Atlantic City
apaixonado e merda, a vida ficou meio velha.

Não que eu esteja tomando notas do Boomer. Ainda estou bravo com
ele por nos abandonar, mas as coisas não estão tão tensas como
costumavam ser meses atrás.

— Tudo bem, — eu faço beicinho e entrego a ela uma nota de cem


dólares. Ela arrassa aqui. Eu juro, estou no negócio errado. —Acha que eu
poderia ser massagista? — Eu pergunto a ela, pensando que realmente
devo mudar meus hábitos.

Ela bufa e enfia o dinheiro no bolso. —De jeito nenhum. Você não é
bonito o suficiente.

— Ei! Eu sou fofo! — Eu me defendo e imediatamente cubro meus


mamilos com as palmas das mãos, me sentindo um pouco vulnerável e
usado. É tudo uma boa diversão, especialmente quando Becks joga a
cabeça para trás e ri.

Viu? Diversão.

— Se você chama um tubarão de fofo, — ela murmura.


Eu suspiro, colocando minha mão no meu peito. —Agora isso está
ultrapassando os limites, Becks. — Ela está certa. Vou assustar a clientela
com um metro e noventa e cento e oito quilos de músculos sólidos. Estou
tatuado em quase todo o meu corpo. Pegar a tinta me faz relaxar, então eu
tive muitos momentos de estresse na minha vida, considerando que o
único lugar que tenho em branco é no meu dedo anelar esquerdo.

Mesmo que eu tenha um aspecto cansado do amor, parte de mim acha


que vou encontrá-lo um dia. É idiota.

— Tchau, Tool, — ela canta, acenando enquanto sai do meu quarto para
ir para seu próximo cliente.

Eu caio de costas na cama e afundo no colchão. Eu poderia adormecer


agora que estou tão relaxado, mas Reaper quer que eu vá vê-lo, e ninguém
nega ao Presidente o que ele quer. Com um gemido, rolo para fora da cama
e esfrego as mãos no rosto. É hora de começar o dia. Eu faço meu caminho
em direção à cômoda e pego uma camiseta preta macia que foi lavada
muitas vezes, fazendo com que seja a maldita coisa mais confortável que
tenho.

Em seguida, coloco uma calça jeans manchada de graxa e meu corte,


seguido por minhas botas. Um grito alto vem da sala principal e eu
suspiro. Nunca pensei que chegaria a esta decisão, mas quero meu próprio
lugar. Estou cansado de morar aqui. Cansado da música alta e das festas
constantes. Como Reaper, estou pronto para sair sozinho. Reaper e Sarah
saíram do clube na semana passada depois de construir uma casa na
propriedade.
É algo que quero falar com ele. Também quero trazer uma ideia que
venho considerando há algum tempo, já que o Prez está tentando nos
colocar no lado mais legal das coisas. Não tenho certeza de como será a
reunião, pois também gerencio o Kings Garage. Também está na
propriedade. É como se tivéssemos nossa própria cidade nos arredores de
Vegas. Nossa propriedade é fechada, segura e protegida, e está ficando
maior a cada dia, mas quero que diversifiquemos mais.

Eu quero os Ruthless Kings em Las Vegas.

Saio do meu quarto e fecho a porta para encontrar Poodle encostado no


bar conversando com Skirt. Poodle está com seu maldito cachorrinho
maricas e eu sempre dou merda a ele por isso. Enquanto caminho, coloco
minha útil chave de fenda atrás da orelha e faço meu caminho até os dois
idiotas.

— Ela ganhou o primeiro lugar, Skirt. Você deveria ter visto ela. Ela foi
perfeita. Olha essa grande fita azul! Ela é tão bonita, não é verdade, Lady?
Quem é uma boa garota? Quem é a melhor garota? — Ele deixa sua voz
estridente como se estivesse falando com um bebê e, em seguida, faz
barulhos de beijos para ela.

Ela retribui seu afeto com um beijo, lambendo-o na bochecha. Para um


cachorro maricas, ela é adorável. Ela é uma poodle normal com cabelo
branco fofo bem cuidado e tem um laço colocado em ambas as orelhas.
Poodle esbanja naquele cachorro com tudo e qualquer coisa. Ele até a leva a
um spa para cachorros, para ela relaxar depois de um de seus shows.

Você está brincando comigo? Um spa para cães relaxarem.


— Sim, aposto que ela parecia uma nuvem branca e fofa trotando. Não é
verdade, Lady? — Skirt arranha sob o queixo de Lady, e ela se inclina para
ele, adorando a atenção.

Poodle me vê e seus olhos se endurecem enquanto ele se endireita,


dando um passo à frente de Lady para proteger ela. Eu nunca machucaria
um animal, eles são muito fofos, mas um humano?

Vou machucar um humano e nem pisco para fazer isso.

— Tool.

— Poodle, — eu cumprimento, tentando espiar ao redor de seu corpo


para dar uma olhada no cachorrinho certinho que ele tanto ama. —Ouvi
dizer que sua Lady ganhou um concurso de beleza. — Seu rosto vai de
branco a vermelho de raiva. Adoro chamá-los de concursos de beleza.
Poodle é tão sério sobre esses programas caninos que não posso deixar de
dar uma merda nele. Quer dizer, ele anda em círculos, com seu colete e
botas de motoqueiro, com um cachorro que ganha mais dinheiro do que
ele. Lady é o tipo de cachorro que um governador ou advogado teria, não
um motociclista.

— São exposições de cães registradas pelo AKC1, Tool! E se você


soubesse o quão duro Lady treinou...

— Me dê uma folga. — Eu rolo meus olhos enquanto ele tenta me dizer


o quanto Lady investiu neste show business. Como se fosse realmente
sangue, suor e lágrimas.

1 American Kennel Club é um dos maiores clubes de registro genealó gico de cã es de raça pura do mundo, e
o maior e mais antigo dos Estados Unidos.
Bem, talvez para Poodle porque... ele é uma vadia.

Eu os amo por isso, no entanto.

— Sabe, estive pensando em comprar um cachorro, — digo a ele e vejo


como sua expressão facial muda.

Poodle engasga, parecendo ofendido. —Por que diabos você faria isso
com um cachorro?

Skirt joga a cabeça para trás e ri, é forte e alto. É o tipo de risada que as
pessoas não conseguem deixar de sorrir. Ele quase ri como o Papai Noel.
Oh, agora é uma ideia. Terei que falar com Reaper sobre Skirt ser o Papai
Noel no hospital infantil este ano. Eu me recuso a fazer isso. A roupa faz
minhas bolas coçarem.

— Tool! — A voz de Reaper berra no corredor, e eu amaldiçoo. Como


posso esquecer uma reunião da qual acabei de me lembrar?

— Essa conversa não acabou, — digo a Poodle. —Vejo você por aí,
Lady.

— Você não vai fazer tal coisa! Você vai ficar longe do meu cão
premiado, Tool.

Solto uma risada maligna enquanto caminho pelo corredor até a


cozinha. Assim que estou fora da vista de Poodle, coloco minha cara de
jogo para o Prez, mas primeiro preciso de café. Eu paro na frente da
enorme cafeteira, do tipo encontrada em restaurantes e pego aquela sem a
alça de laranja.
— Laranja significa descafeínado. Laranja significa descafeínado, —
canto para me lembrar do que Sarah me disse há algumas semanas. Só
temos descafeínado porque Reaper quer ter certeza de tê-lo à mão para
quando Sarah engravidar. Nunca falamos sobre bebês com ela. É um
assunto delicado. Todo mundo sabe que há alguns meses ela teve um
aborto espontâneo, e agora ela e Reaper estão tentando desde então. Isso
vai acontecer, eu acredito, mas não é nada fácil para ela.

Eu me sirvo de uma caneca de café preto e inalo a rica bondade.

— Oi.

Eu pulo, derramo o café quente em minhas mãos quando vejo Tongue


parado na porta, cutucando as unhas com a lâmina. —Puta que pariu,
Tongue. Você tem que parar de se aproximar assim das pessoas. — Coloco
a caneca no balcão e pego uma toalha de papel para me limpar.

— Eu estive aqui o tempo todo, — ele fala lentamente e se inclina contra


a parede, uma bota apoiada no acabamento.

— Você não estava. Ninguém estava aqui quando entrei.

— Talvez você devesse estar mais ciente do que está ao seu redor, Tool.
Não gostaria que ninguém levasse a melhor sobre você, — diz ele muito
casualmente.

— Você não tem lâminas para afiar ou algo assim? Eu preciso me


encontrar com Reaper. — Eu sirvo outra xícara de café, já que derramei a
primeira e saio da cozinha para outro corredor. A parede é forrada com
fotos da geração anterior de Ruthless Kings, desde fotos em preto e branco
gastas até fotos coloridas recentes, mostra a história. O pai de Reaper era o
presidente quando minha mãe e eu chegamos, anos atrás, e aquele homem
salvou nossa vida.

Devo tudo a este clube. Não importa quanto tempo tenha passado, eu
nunca vou ser capaz de retribuir totalmente o que os Ruthless Kings
fizeram por mim.

A última foto é de todos nós na noite do baile de Sarah. —Droga, eu fico


bem de terno, porra, — digo em voz alta quando meus olhos pousam em
mim mesmo. —Eu limpo bem. Eu não dou a mínima para o que Poodle
diz. — Essa merda. Ele está se tornando a maldição da minha existência.
Ele é como o irmão mais novo que eu nunca quis.

Sim, nunca, porque às vezes eu quero e outras vezes não.

— Dizem que falar sozinho é uma forma de insanidade. — A voz baixa


de Reaper me faz ficar um pouco mais ereto. Ele é meu melhor amigo, mas
ainda está no comando e merece respeito.

— Você conheceu Tongue? — Eu retruco, bufando antes de tomar um


gole do meu café.

Um repentino roçar de algo passa pelo meu cabelo e perfura a parede à


minha frente. —Eu ouvi isso. — A voz de Tongue desliza como uma cobra
no corredor escuro de... algum lugar que não esteja perto de mim.

Eu olho para o chão para ver uma mecha do meu cabelo preto na minha
bota. Meu coração bate forte. Não. Não meu cabelo. Não é a porra do meu
cabelo. Inclino minha cabeça para cima para ver sua faca saindo da parede,
em seguida, de volta para o meu cabelo.

— Lembre-se, não erro, consegui o que queria. — Tongue gargalha com


o que parece histeria.

— Ele cortou meu cabelo! — Minha voz falha. —Merda, Reaper. Parece
ruim? Não, não me diga. Eu não aguento. — Dou um tapinha na lateral e
vejo se consigo sentir a pedaço que falta. Espero que não seja perceptível.

Reaper me agarra pelo corte e me joga em seu escritório. Eu mal consigo


evitar que o café derrame novamente quando a porta bate. —Vire homem.
É cabelo. Não é o fim do mundo. Ele vai crescer novamente.

Eu coloco meu lábio inferior para fora e sento na cadeira de couro. —


Pode não crescer.

Ele me lança um olhar que me desafia a dizer outra coisa, mas


mantenho minha boca fechada. Eu levo a caneca aos meus lábios e sorvo o
café na minha garganta enquanto Reaper se inclina para trás em sua
cadeira, coloca as botas em cima da mesa e entrelaça os dedos atrás da
cabeça. —Você queria conversar? Tenho quinze minutos antes de Sarah e
eu precisarmos ir ao especialista.

— Como ela está? — Eu pergunto baixinho, preocupado com Sarah. Ela


é uma irmã mais nova para a maioria de nós e saber o quanto ela está
sofrendo é uma merda, porque não podemos fazer nada a respeito.

— Ela está bem.


Vou ter que perguntar a Tongue o que realmente está acontecendo. Ele
e Sarah são grudados como ladrões de alguma forma. —Como está
Moretti? — Ele está em coma desde a explosão do hotel e, para sua
proteção, está se recuperando no porão. Não desço lá há alguns dias para
ver como ele está, mas é difícil ver ele assim, deitado ali com queimaduras
por todo o corpo.

— Nenhuma mudança. Doc diz que tem uma ótima atividade cerebral.
Ele não sabe por que Moretti não acorda.

— Ele vai quando estiver pronto, — eu digo, confiante de que Moretti,


nosso novo amigo, vai acordar pronto para enfrentar o mundo da máfia
novamente. Eu sei que seus homens não estão gostando daqui. É ‘muito
sujo’ para o gosto deles.

É o que dizem.

— Você vai ir direto ao ponto, Tool? Ou você quer perguntar sobre


todos no clube? Você é o VP, você deve saber essas coisas.

Eu levanto minhas sobrancelhas, um pouco chocado com o


aborrecimento e tom cortante em sua voz.

Ele solta um suspiro, estufando as bochechas. —Porra, me desculpe,


Tool. Já se passaram longos meses. — Ele passa a mão pelo rosto, e é
quando eu noto o quão cansado ele está. Ele parece ter envelhecido dez
anos com mais prata decorando seu cabelo e barba.

— Você está bem?


— Sim, obrigado por perguntar. Apenas desgastado. Com o que posso
ajudar? — Ele muda o assunto de si mesmo para os assuntos em questão.
Reaper típico. Ele não gosta de falar sobre si mesmo.

— Bem, eu queria saber se eu poderia construir minha própria casa na


propriedade? Estou cansado de viver no clube.

— Inferno, sim, você sabe disso. Skirt é ótimo na construção. Ele


construiu nossa casa. Vou dizer a ele para se encontrar com você.

— Ele trabalha de kilt também? Saber que posso ver uma bunda grande
e branca com cabelo ruivo a qualquer momento me deixa um pouco
enjoado.

Reaper ri. —Ele faz. Você vai ver bunda também. Minha casa é sólida,
então, se o homem quiser usar seu kilt, eu não me importo. Eu quero um
trabalho de qualidade.

— Tudo bem, — eu resmungo. Preciso ter certeza de nunca me colocar


em posição de ver sua bunda.

— É isso? — Reaper bate suas botas pesadas no chão e pega a caneta, se


preparando para riscar nossa reunião de sua agenda.

Eu coço a lateral do meu couro cabeludo raspado e murmuro. —Ah,


hum, não. Eu... quero abrir um negócio na Strip. Acho que vai ser bom para
o clube voltar lá. Como um bar de música ao vivo, sem sombra de dúvida.
Apenas boa música e bebida. Estou pensando que pode ser chamado de
‘Kings Club.’ — Eu estico minha mão no ar para fazer parecer que estou
pintando um quadro vívido. Ele não diz nada, então eu continuo. —Já
tenho dinheiro para comprar o lugar, mas como será do clube, toda a
receita que vier será do clube. É uma boa maneira de ganhar dinheiro legal,
Reap. — Ele permanece quieto, então eu continuo. —Eu sei que temos a
garagem e algumas outras coisas, mas é Vegas. Nós gostaríamos...

Ele levanta a mão para me impedir de dizer mais nada, e tomo um


grande gole de café quente, escaldando o fundo da minha garganta. Minha
pulsação pula do lado do meu pescoço enquanto espero o Prez me
responder.

— Parece uma ideia fantástica pra caralho. Você vai ter uma cozinha no
clube?

— Apenas comida de bar, — digo a ele, e ele não parece impressionado


com a carranca que imediatamente toma conta de sua boca.

— Acho que comida de bar para o almoço é boa, mas para o jantar,
devemos mantê-la um pouco elegante. Mostrar a Vegas que não somos
assim tão ruins, sabe?

Eu aceno, deixando suas palavras rolarem um pouco na minha cabeça.


—Sim, isso pode funcionar. Eu só preciso escolher o espaço.

— Leve Bullseye com você para olhar. Ele está curado o suficiente agora
para sair, e ele está ficando mal-humorado. Ele está ameaçando matar a
todos com um dardo, — Reaper ri, mas não duvido de Bullseye. Esse cara é
muito talentoso quando se trata de dardos, e eu não vou ser o cara para
irritá-lo.
— Boa ideia. Este projeto vai mantê-lo ocupado, tirá-lo da sede do clube.
Ele ainda não pode montar, certo?

— Não, ainda não. Você deveria... — Reaper não consegue nem


pronunciar as palavras porque ele começa a rir muito. —Você deveria
pegar um daqueles carrinhos que você atrela à sua moto. — Sua risada fica
toda aguda e seus olhos começam a lacrimejar. —Você pode imaginar
aquele grande filho da puta naquele carrinho lateral?

Nós dois estamos gargalhando agora, batendo nos joelhos ao pensar em


Bullseye sentado ali com um capacete e óculos grandes.

— Tudo bem, tudo bem. Eu preciso ir. Ah, eu precisava disso. — Ele
respira fundo algumas vezes e eu me levanto, me preparando para ir. —
Mantenha-me atualizado, certo? Estou animado por você, Tool. Você
merece isso.

Inclino minha boca em um meio sorriso e bato os nós dos dedos na


guarnição enquanto faço meu caminho para fora e pelo corredor. Viro à
direita quando chego à cozinha e desço o corredor para entrar na sala
principal quando estou cego pela bunda de Skirt.

Ele está curvado, acariciando Lady, e sua bunda e bolas estão em


exibição para o mundo inteiro ver. —Meus olhos! Oh Deus! Alvejante,
alguém! — Eu cubro meus olhos e tropeço enquanto caminho para
descobrir o meu caminho sem olhar.

— Você só está com ciúme, suas bolas não são tão grandes quanto as
minhas, Tool.
Eu nunca vou ser capaz de ter certeza de não ver sua bunda. A saia é
muito inesperada. Em um minuto são gargalhadas profundas, no próximo
temos raízes de gengibre. —Você roubou minha alma, — eu digo
dolorosamente, segurando meu peito.

— Que alma? — Poodle murmura.

— Como você acha que eu consigo todo esse cabelo sexy, rapaz? Eu
ganhei muitas almas, — ele me diz com naturalidade, com um sorriso
atrevido.

Ele pode ser um filho da puta cabeludo, mas ele é confiável, e isso é
tudo que importa para mim.
Capítulo Dois

— Pai, você tem que me deixar ir. — Eu coloco minhas mãos em meus
quadris e olho para ele. Eu entendo que sou sua única filha, sua única filha,
mas não posso viver na mesma casa que meu pai pelo resto da minha vida.
Eu tenho vinte e cinco anos. É hora de abrir minhas asas, ou seja lá o que
diabos as mulheres da minha idade fazem.

— Abóbora, eu não quero que você vá. Você está segura aqui. Você não
gostou?

— Ah não! — Eu agito meu dedo para ele quando o vejo me olhando


com os olhos tristes de pai. Eles são reais e me afetam muito. É como ele me
fez ficar aqui durante toda a faculdade. E eu não vou mais cair nessa. —
Você não pode puxar isso para mim. Eu fiz tudo o que você pediu e quero
minha própria vida. Eu te amo, você sabe disso, mas é hora de eu me
mudar, pai. Você sabe. Além disso, não é como se você não tivesse meu
apartamento patrulhado a cada segundo de cada dia, — eu o acuso com
um pequeno sorriso.

— Não sei do que você está falando, — ele resmunga baixinho,


ajustando o cinto que carrega sua arma, algemas e algumas outras coisas
que eu não quero saber. Meu pai é o xerife de Las Vegas. Existem coisas
que ele faz que são perigosas e ameaçam a vida, e quanto menos eu souber,
melhor.

Parece ingênuo, e talvez eu queira que seja assim. Eu gosto de estar


completamente alheia quando se trata de seu trabalho, a menos que seja
absolutamente necessário. Eu me preocupo com ele todos os dias. A
preocupação nunca vai embora. Nunca desaparece. Cada vez que ele veste
aquele uniforme e sai pela porta, eu me pergunto se será a última vez que o
verei.

Meu pai é meu melhor amigo e sem ele... eu esfrego a dor que começa a
se formar no meu peito. Eu nem quero pensar sobre isso. Isso dói muito. Eu
esperava que ele se aposentasse nos próximos anos e relaxasse, e então
talvez eu parasse de me preocupar o tempo todo.

— Papai. — Dou duas passadas até ficar na frente dele, colocando


minhas mãos em seus ombros. —Eu sei que você vai se preocupar, mas eu
quero fazer minha própria vida. Eu te amo. Isso não tem nada a ver com
você. — É verdade. Eu tenho vinte e cinco anos e sou virgem. Não porque
eu quero, mas porque meninos não podem entrar em casa. De alguma
forma, toda vez que saio em um encontro com um homem, bem quando
fica quente e pesado, um dos policiais do meu pai bate na janela do carro e
estraga.

Eu preciso sair sozinha porque meu pai é o maior obstáculo que existe.
Eu quero crescer. Quero me sentir uma mulher de verdade e ter minha
virgindade não me faz sentir assim.
— Eu vou ficar bem, — digo a ele, e seus olhos azuis brilham com
lágrimas. Ele sabe que estou certa, ele simplesmente não está feliz com isso.
—Você me ensinou todos aqueles movimentos de autodefesa, lembra?
Estou com a arma na bolsa e sei que devo manter uma embaixo do colchão
com a trava de segurança.

— Mas e se não for o suficiente, querida? Eu morrerei se não estiver lá


para protegê-la.

— Eu ficarei bem. As chances de algo acontecer são quase nulas. Eu sou


a filha do xerife. Os homens nem me convidam mais para sair.

— Bom. Você não pode namorar antes dos trinta, lembra?

Oh cara. De jeito nenhum vou ouvir essa regra. Eu quero me casar


quando tiver trinta anos. —Certo. Claro, pai. — Dou um tapinha em seu
ombro e ele suspira. Eu conheço esse som. É o som que diz: ‘tudo bem,
desisto. Faça do seu jeito.'

— Você já tem tudo embalado no caminhão?

— A única coisa que precisa ir sou eu.

— Tudo bem. Você não precisa de ajuda? Deixe-me ligar para alguns
dos meus rapazes...

— Pai, quero fazer isso sozinha. Qualquer coisa que eu não puder
controlar, eu avisarei você. Tudo bem?

— Tão independente. — Ele tira uma mecha do meu cabelo castanho


escuro do meu rosto. —Assim como sua mãe. Você se parece com ela, sabe,
— ele me diz, seus olhos correndo ao redor do meu rosto. —O mesmo
cabelo escuro, os mesmos olhos verdes, a mesma beleza em sua bochecha.
É notável.

Ele me diz que pareço minha mãe sempre que pode. Já se passaram dez
anos e não acho que ele vá seguir em frente. Ele sente falta dela.

—Tão bonita, — ele diz, e seus olhos azuis fecham por um segundo
enquanto ele se recompõe. Ele abre os olhos e sorri, o calmo e controlado
Xerife Derek Johnson. — Tudo bem, docinho. Me ligue se precisar, certo?
Sério, eu me coloquei como um na sua discagem rápida. Meu escritório no
dois e o 911 no três.

— Pai, por que eu não ligaria para o 911 primeiro? Você está entrando
em pânico.

— Certo, você está certa. Tudo bem, jantar em sua nova casa neste fim
de semana?

Eu jogo meus braços em volta do pescoço, e sua barba grisalha e


desgrenhada coça minha bochecha. —Pode apostar. Eu te amo. Eu preciso
ir. O agente está esperando para me dar a chave.

— Tudo bem, vá em frente.

— Estarei a apenas alguns quarteirões de distância. Lembra? Você age


como se eu estivesse deixando o estado, — eu o lembro revirando os olhos
enquanto lhe dou um último abraço e depois me afasto. Meu novo Honda
Civic está sendo puxado atrás da caminhonete de mudança, então posso
dirigir a caminhonete monstruosa. Com a minha linda bolsa azul cravejada
de prata na mão, eu a jogo no ombro e pego a chave da caminhonete da
mesa de centro perto da porta. —Eu te ligo hoje à noite. Te amo.

— Também te amo, Juliette. Seja cuidadosa. Não fale com estranhos.

— Bom Deus, — murmuro, saindo pela porta. Eu o amo, mas ele é


super protetor e autoritário. Eu disse a ele tantas vezes para me tratar como
um adulto, mas enquanto eu morar com ele, isso nunca vai acontecer. É por
isso que estou alugando uma caminhonete de mudança neste lindo dia
quente em Vegas.

Eu deslizo a chave na ignição e dou partida. Ele rosna para mim por um
segundo antes de o motor finalmente ronronar para a vida. Meu pai acena
enquanto está perto da janela, e algo cruza seus olhos, algo que eu nunca vi
antes. É diferente. Sombrio.

Ou talvez seja apenas como a luz o está atingindo. Eu sopro um beijo


para ele e saio da garagem, com cuidado para lembrar que o trailer que
puxa o carro irá na direção oposta. Como um bom pai, ele me ensinou
como fazer manobra de um trailer e um barco, então eu não preciso da
ajuda de um homem.

Com uma última buzina de adeus, eu dirijo pela estrada e suspiro. É


libertador. Estou tão animada para ter meu próprio lugar e fazer meu
caminho no mundo. No momento, trabalho em uma pequena boutique de
lingerie e vestidos de noite na cidade, mas o que eu realmente quero fazer,
se eu tiver coragem de fazer isso, é cantar.
Não para uma grande multidão. Eu não sou sobre essa vida. De jeito
nenhum. Apenas uma pequena multidão, algo íntimo, mas isso é apenas
uma fantasia. Eles chamam de sonhos, sonhos por uma razão. Eu nunca
terei coragem de subir no palco. Por enquanto, vou fantasiar enquanto
penduro uma linda lingerie luxuosa e devaneio sobre como usar os
vestidos elegantes que são entregues.

É apenas dez minutos de carro até meu novo apartamento. Fica longe
da avenida principal de Las Vegas, que é o que eu queria porque a avenida
fica muito lotada. Eu sorrio quando vejo o prédio amarelo claro com um
telhado azul brilhante. É mais uma casa de um quarto do que um
apartamento, é do tamanho de uma maldita caixa de sapatos. Ele tem uma
pequena cerca no quintal, venezianas brancas e uma porta azul para
combinar com o telhado. É bom e perfeito para mim. Adoro cores
brilhantes. Eles me fazem feliz. Coisas que são sombrias e perigosas me
assustam.

Eu verifico meu relógio e debato quanto eu quero desfazer as malas esta


noite. Talvez eu deva apenas tirar meu colchão para ter algo em que
dormir, depois correr para ir buscar um pouco de comida, já que o sol só
vai se pôr por mais uma hora. Eu amo o pôr do sol de Las Vegas. O céu fica
tão laranja com tons de rosa misturados, e posso assistir o sol se pôr sob o
vasto deserto enquanto sento na minha varanda e tomo uma taça de vinho.

Sim, estar sozinha é uma coisa linda.

Eu saio da caminhonete, tiro meu carro do engate, o que leva a maior


parte da hora que eu tinha, e quando o coloco no estacionamento, estou
suando e meu vestido está grudando na minha pele. Limpo minha testa e
expiro quando levanto a porta do contêiner. O barulho do metal deslizando
para trás lentamente me mostra todos os meus pertences.

Minhas mãos agarram as laterais do colchão e eu planto meus pés no


chão, grunhindo com todas as minhas forças, mas a maldita coisa não se
move um centímetro.

— Oh, vamos lá, — eu gemo e tento novamente. Eu puxo e puxo até


perder o fôlego e cair contra ele. —Tudo bem! — Coloquei minhas mãos na
cintura para relaxar um pouco. Estou fora de forma. Eu preciso malhar.
Puta merda, papai está certo, não posso fazer isso sozinha. Eu sou ingênua
em pensar que posso carregar um colchão sozinha. Eu chuto a cama grossa
e fofa e ela cai no chão, plana. —Huh, — digo para mim mesma quando
uma ideia me ocorre. Vou dormir na caminhonete esta noite. Será seguro o
suficiente. Vou tirar o cabo da bateria e tudo vai ficar bem. Se meu pai
descobrir, ele vai me matar. É como acampar, certo? Eu vou ficar bem.

Eu jogo minha bunda no colchão, e a grande orbe ardente do sol


espreita sobre a borda da areia. Sentar foi um erro. Meu corpo cai para trás
e eu gemo quando as dores nas minhas costas ficam tensas no início. A dor
desaparece e a exaustão faz minhas pálpebras tremerem. Enquanto estou
deitada aqui, penso em como deveria ter me mudado.

Papai, mais uma vez, está certo.

Eu não precisava de uma maldita caminhonete de mudança com trailer


para trazer meu carro. Foi um desperdício de dinheiro. Meu pai se ofereceu
para dirigir a caminhonete enquanto eu dirigia atrás dele, mas não, minha
bunda teimosa e independente tinha que tornar tudo difícil.

Eu nunca vou ouvir o fim disso dele. Ele dirá: 'eu avisei' e me lembrará
disso por alguns meses, será difícil para mim e será tudo por diversão.

Meu estômago ronca, me dizendo que preciso comer. Em vez de dirigir


como planejei, pego meu telefone e faço um pedido no meu restaurante
favorito de sushi, Rho on Postmates, e espero. Levo minhas pernas ao
peito, envolvo os joelhos com os braços e coloco minha bochecha contra
minha coxa, observando os últimos raios do pôr do sol. Estou viciado na
beleza disso. É tão natural e nada pode replicá-lo.

Aquela pequena sensação de solidão faz cócegas em meu coração


enquanto olho para a frente, sempre impressionada com o vasto deserto
diante de mim. Não é o tipo de solidão em que sinto falta do meu pai, é a
solidão que alguém sente quando não experimentou estar apaixonado
antes. Quero compartilhar essa experiência com alguém. Quero dar as
mãos e curtir as coisas simples, como o pôr do sol, como as estrelas, e fazer
lembranças.

Talvez eu também queira um sonho, talvez o amor não exista para mim.
Eu me amo o suficiente para gostar de ficar sozinha, mas quem realmente
quer ficar sozinho quando pode compartilhar um beijo, um lar e criar uma
família, criar memórias?

Estou sendo ingênua.

Novamente.
Isso não está nas cartas para algumas pessoas, e talvez eu precise
abandonar o sonho de ser alguém de alguém. Tudo o que vou precisar sou
eu mesma, mas o desejo, droga, o desejo por algo maior do que eu está
quase me consumindo.

— Ah, eu tenho um pedido para Juliette? — Um homem bate na lateral


da caminhonete. —A pessoa disse para vir a grande caminhonete
vermelha.

— Esta sou eu! — Eu pulo e caminho até a beira de onde posso descer
na estrada. —Muito obrigada. — Pego a sacola de plástico dele que contém
todas as minhas guloseimas gostosas e a Coca que ele tem na mão.

— Mudando?

— Sim, — eu digo um pouco alegre demais. —Desculpe, estou animada.

Ele ri, roçando os dedos nos lábios. Ele é bonito, com seu cabelo loiro
escuro e barba clara no rosto. Ele está vestindo uma camisa polo e calça
cáqui, um garoto de fraternidade para o meu gosto, mas eu não diria não
para um encontro com ele. —Não se preocupe. Eu senti o mesmo quando
consegui meu primeiro lugar. Tenha uma boa noite, vejo você por aí.

— Tchau, — digo baixinho, observando-o correr de volta para o carro.


Claro, ele não quer namorar comigo. Pareço arrasada e ele provavelmente
gosta de modelos de biquíni. Não estou acima do peso, mas tenho seios
grandes e coxas grossas para carregar todo o lixo no meu porta-malas. Eu
tenho uma cintura fina devido à rotina de abdominais que faço três vezes
por semana.
Pego o abajur da caixa com a etiqueta ‘coisas aleatórias’ e ligo,
saboreando meu sushi em paz. Um coiote uiva ao longe, sinalizando à
matilha sua localização.

Se eu tivesse minha própria mochila, talvez não estaria sentada em uma


caminhonete sozinha nos arredores de Vegas.

É perigoso.

Posso ser muito burra às vezes. Sou muito ansiosa, muito impulsiva.
Tudo tem que ser agora, agora, agora. Se eu tivesse tido um minuto para
pensar sobre essa mudança, eu teria feito tudo de forma diferente.

Eu jogo meu recipiente para o lado e deito no colchão, esperando que


amanhã seja um dia melhor. Eu só tenho que sobreviver à noite.

Felizmente, os coiotes não me encontram e me comem. A última coisa


que quero é ser palito de dente de animal selvagem.
Capítulo Três

— Sim? — Atendo o telefone enquanto aperto um novo filtro de óleo.

No momento, estou debaixo de um Buick velho e, juro, o proprietário


não sabe que o óleo precisa ser trocado a cada cinco mil quilômetros em
um carro velho como este. O óleo era borra, como um grande pedaço de
gelatina. Não sei como o velho deixou ficar assim, mas é melhor ele ficar
feliz por não ter estragado o motor.

— Vou abrir o portão, — digo com mais mordida do que o normal. Eu


sou o único trabalhando hoje, bem com Tank no caminhão de reboque.
Fora isso, todos os outros caras estão correndo para o Prez. Normalmente
eu lidero nas corridas, mas não desta vez. Quando Reaper dá uma ordem,
eu a sigo e ele me disse para ficar aqui. Eu não me importo. Minha mente
está turva e estou frustrado por não ter encontrado um lugar para o clube
que desejo abrir. Minha boa ideia está indo lentamente pelo ralo.

Eu só quero ser útil para o clube. Eu pensei que essa era uma maneira
de retribuir Reaper por tudo que ele fez por mim. Também devo a ele por
bater no queixo de Sarah, foi um acidente, um castigo que ele ainda não me
deu. Eu não estou ansioso para isso. Seja o que for, vai doer pra caralho.
Planto minhas botas no chão, eu empurro o cimento manchado e rolo
para fora de debaixo do carro. De pé, pego a toalha preta, que costumava
ser branca, mas agora está manchada de óleo, e limpo minhas mãos. Eu
vejo Tank, um de nossos Prospectos, dirigindo pela estrada de terra, um
caminhão na caçamba.

Eu entro no calor intenso da manhã e coloco o pano no bolso de trás


enquanto Tank para a caminhonete. Tank é um grande filho da puta, puro
músculo, e parece que ele está espremido em uma lata agora. Ele parece
malvado, mas o cara é a coisa mais fofa desde que o ursinho de pelúcia foi
inventado.

— Ei, Tank, o que você tem para mim? — Eu pergunto para ele
enquanto ele desce do lado do motorista.

Tank anda pela frente e enfia as mãos no bolso de trás enquanto chuta
pedras ao longo da calçada antes de ir para o painel que abaixa a caçamba
até o chão. —Hum, eu tenho um...

Eu me inclino para ouvir o que ele tem a dizer, mas ele fala tão baixinho
que eu não consigo ouvir nada. —Prospecto, fale alto inferno, — eu ordeno
a ele, e seus olhos se arregalam com um toque de medo. Sua garganta
balança enquanto ele engole em seco, e então ele balança a cabeça.

— Estava estacionado em uma área proibida, — ele sussurra e clica no


botão para baixar a cama até o chão.

— Tudo bem. — Eu sigo para a traseira da caminhonete e noto pelo


logotipo na porta traseira que é um de empresa de mudança. Droga, isso
não é bom. Alguém vai levantar o inferno quando perceber que sua merda
está faltando. Talvez haja algo atrás que me diga para quem ligar. Isso não
deveria ter sido rebocado, mas não vou dizer isso a Tank. Ele vai ficar todo
sombrio e não estou com vontade de lidar com isso. Eu estou sombrio o
suficiente. Eu preciso de algo brilhante e bonito.

Talvez eu precise de um cachorro. Pelo menos o cachorro ficará feliz em


me ver todos os dias, e o que é melhor do que isso?

Eu agarro a alça de metal enferrujada e viro para a esquerda, em


seguida, levanto, deixando ela subir. Meus olhos se ajustam por um
segundo rápido no espaço escuro, e então a luz do sol entra, revelando
uma figura deitada no colchão. —Merda! — Com um salto, pulo para
dentro, correndo para o lado da pessoa. Ele pode precisar de ajuda.

Espero ver sangue, hematomas, lágrimas e uma história de algo ruim


porque é isso que sempre cai na porta de Ruthless, mas quando chego ao
lado dele, encontro a mulher mais bonita que já coloquei meus olhos.

Ela está com um vestido de verão azul, mas não consigo ver o resto de
seu corpo devido a um cobertor que a cobre. Suas mãos repousam sobre o
estômago enquanto ela dorme. Não posso acreditar que ela não acordou
enquanto Tank a rebocava. Aposto que ela pode dormir durante a explosão
de uma bomba, o que não é uma coisa boa. E se ele não fosse Tank, mas
outra pessoa que a rebocou, ou pior, roubou a caminhonete com ela
dentro? Ela não pensou bem em seu plano, e isso me irrita.

Minha raiva foge rapidamente quando vejo seus seios grandes


pressionando contra o vestido, as curvas suaves de seu decote me
provocando. Sua pele é clara e cremosa, e seu cabelo castanho escuro está
preso com um nó no topo da cabeça. Seus cílios são longos, grossos e
projetam sombras no topo de suas bochechas rechonchudas. Ela solta um
suspiro suave e abre os lábios.

Jesus Cristo, é a porra do som mais bonito que já tive o prazer de ouvir.

Meus olhos travam em sua boca e meu pau ameaça acordar,


pressionando contra o zíper da minha calça. Seus lábios são esculpidos de
pecado, prometendo nada além de prazer, e estou morrendo de vontade de
ser o pecador que experimenta.

Ela começa a se mexer e então seus braços se erguem acima da cabeça


enquanto ela se alonga. A mulher misteriosa esfrega os olhos e boceja, um
pequeno som saindo de sua garganta enquanto ela tenta acordar. Droga,
ela é tão gostosa e fofa ao mesmo tempo, e eu sei que se eu colocar minhas
mãos nela, vou apenas sujá-la com toda a minha escuridão e modos
perversos.

Uma mulher assim merece o melhor. Eu não sou bom o suficiente para
ela. Ela está limpa contra a minha pele oleosa, e mesmo na caixa entupida
da caminhonete de mudança, posso sentir o cheiro de seu xampu de
manga. Vou contaminá-la com o meu suor de um longo dia de trabalho.
Ela merece um menino bonito para combinar com sua aparência, mas o
pensamento fez com que o monstro que eu mantenho trancado rugindo
para frente.

E está determinado a deixá-la suja.


Seus cílios se abrem, piscando lentamente enquanto ela acorda para o
mundo, nos agraciando com sua presença.

Meu deus, os olhos dela são da cor do mar, mas não são azuis, não, os
olhos dela são verdes do mar, me lembrando a praia dos trópicos. Quando
ela me vê, ela sorri, e o peso no meu peito desaparece como se nunca
tivesse existido.

Mas então, ela percebe que um homem estranho está pairando sobre
ela, admirando ela.

Seu corpo também, mas ela não precisa saber disso.

Ainda.

Ela agarra o cobertor, leva-o ao peito e cambaleia para trás até que suas
costas batem nas caixas atrás dela. Ela solta um grito ensurdecedor que
ricocheteia nas paredes de metal do contêiner.

Eu estremeço, mas estendo minhas mãos para mostrar a ela que não sou
uma ameaça. —Eu sei, certo. Você está segura aqui. Tudo bem? Você está
no Kings Garage. Sua caminhonete foi rebocada por estar estacionada em
uma área proibida. Está tudo bem. Você está livre para ir quando quiser.
Eu prometo, você está segura.

— Kings Garage? — Ela pergunta, e sua voz é tão leve com uma voz
rouca suave. Eu a imagino cantarolando em volta do meu pau enquanto ela
me chupa entre aqueles lábios vermelhos e carnudos. —Ruthless Kings? —
Seus olhos se arregalam de medo e de repente se enchem de lágrimas. —
Você vai me matar.
— O que? — Eu inclino minha cabeça para o lado com sua pergunta
ridícula. —Eu não vou te matar. — Eu já matei antes, mas ela não precisa
saber disso. —Você está segura aqui. Ruthless Kings não machucam
mulheres.

— Isso não é o que meu pai diz. É melhor você me deixar ir. Você não
quer problemas.

— Mulher, você me ouviu? Eu disse que você estava livre para ir


quando quiser. — Eu me levanto e pulo de dentro da caminhonete,
deixando ela no colchão. Eu mal a conheço, e ela já é uma dor na minha
bunda maior do que Poodle. Ela não está me ouvindo, e eu não aguento
quando as pessoas não me ouvem.

— Ei! Não se afaste de mim. — Sua voz fica dura e feroz. Isso me lembra
um chihuahua ficando todo agitado. É adorável. —Não estou com medo de
você. — Ela empurra minhas costas, e instintivamente pego a chave de
fenda que mantenho na orelha e me viro, colocando ela bem embaixo de
seu queixo.

— Isso é tolice de sua parte, — eu sussurro, olhando para ela de cima a


baixo. Seu vestido é perigoso, mostrando todas as suas curvas, e ela está de
salto. Quando diabos ela colocou aquelas coisas diabólicas? Me foda, eles
estão deixando suas pernas definidas, e agora estou imaginando levantar o
vestido e transar com ela bem aqui enquanto ela está com aqueles sapatos
de salto agulha.

Jesus, a mulher é perigosa.


— Achei que você disse que não machucava mulheres. — Ela projeta o
queixo contra a ponta da chave de fenda. Se ela está com medo, não está
demonstrando como na caminhonete. Ela é forte, tem uma coluna
vertebral.

Eu amo isso.

— Eu não, — eu digo, me recusando a dizer a ela que o jeito que eu


quero machucá-la vai durar apenas um segundo enquanto eu encho sua
linda boceta com meu grande pau. Ficamos lá assim por alguns minutos,
olhando nos olhos um do outro por mais tempo do que o normal. Estou
reagindo a ela de uma forma que mantive trancado por muito tempo.

O amor não é real, apenas o ódio é. Canto o mantra em minha cabeça,


mas quanto mais olho para ela, mais as palavras desaparecem. Desvio o
olhar e me sento no carrinho deslizante, depois desapareço sob o Buick no
qual não preciso mais trabalhar. Posso fingir que estou, então não preciso
mais falar com a pequeno sonho molhado ambulante.

Ela está me deixando louco. Meu pau está mais duro do que nunca,
lutando contra meu jeans, e eu não quero que ela veja. Ela provavelmente
ficará enojada porque um cara como eu acha uma mulher como ela tão
atraente.

— Ei, estou falando com você! — Ela bufa, e seus saltos beijam o
cimento arruinado. É quase cômico que algo tão bonito enfeite esses pisos.
Nunca pensei que veria esse dia, mas aqui estou, testemunhando um
milagre com meus próprios olhos.
— Estou ocupado, — resmungo, batendo contra o chassi do carro, então
parece que estou fazendo algo. —Me dê uma chave inglesa. — Eu estendo
minha mão, esperando que ela coloque em minha mão. —Vamos, mulher.
Eu não tenho o dia todo.

— Meu nome não é mulher. É Juliette, seu maldito homem das


cavernas.

— Ouça, princesa, — começo a dizer quando ela coloca uma ferramenta


na minha mão, mas posso dizer pelo peso e sensação dela, não é a coisa
certa. —Não é o certo. Me dê uma diferente. — Eu deixo a chave de fenda
cair no chão e estendo minha mão novamente. —Escute, eu realmente não
me importo com a sua atitude ofensiva e inchada agora. Eu disse que você
estava livre para ir, sem problemas, sem confusão. Suba em sua
caminhonete e saia. Você é quem está tornando isso difícil.

Ela coloca outra ferramenta na minha mão e eu suspiro de frustração


quando vejo que é uma pequena broca na minha palma. Esta mulher já viu
uma maldita caixa de ferramentas antes? —Não é isso também. Me dê... —
Fico em silêncio quando ela me puxa para fora do carro e encosta a ponta
do salto no meu pescoço.

Juliette sorri para mim com as mãos no quadril, parecendo atrevida e


sexy, e meus olhos percorrem suas pernas grossas. A borda branca de sua
calcinha de renda me provoca, e eu não quero nada mais do que agarrar
suas panturrilhas e sentar ela no meu rosto enquanto como aquela doce
buceta.
Minha boca enche de água e minha língua se contorce. Apenas um
movimento em seu clitóris. Isso é tudo que estou pedindo.

— Escute, princesa, — ela cospe meu apelido para mim, e isso me faz
sorrir. Ela é mal-humorada. —Eu não sou mecânico. Você quer uma chave
e fenda...

— Chave inglesa, — eu a corrijo enquanto ela olha para mim.

— Tanto faz. Você quer ferramentas dadas a você, chame seu mecânico.

— Por que eu iria querer um dos meus mecânicos feios quando tenho
uma coisa bonita como você parada na minha garagem? — Eu chicoteio de
volta, e se não estou enganado, um rubor tinge suas bochechas. Um pouco
da luta a deixa e ela quebra nosso olhar, desviando o olhar de mim.

Interessante. Ela vai me dá palavras o dia todo, mas um elogio a deixa


sem palavras. Nota mental.

— Eu tenho que fazer uma mudança, — diz ela, removendo a ponta do


salto da minha garganta. Ela se afasta, me dando uma visão de seus
quadris largos e exuberantes que eu quero segurar.

Perfeição.

Nunca pensei que pudesse existir na traseira de uma caminhonete com


um vestido azul. Ela parece muito boa enquanto coloca o salto no degrau e
se levanta no banco do motorista. Ela se acomoda e eu rio quando percebo
que ela mal consegue ver por cima do volante. Ela girar a chave, mas o
motor gira e gira até morrer. O motor começa a soltar fumaça e ela fica
boquiaberta antes de bater a cabeça no volante.
Ela desce, caindo sobre os saltos como uma profissional antes de pisar
em meu caminho. A fumaça embaça atrás dela enquanto o vento sopra
algumas mechas de seu cabelo castanho chocolate de seu rosto. Com a
forma como seus quadris balançam sedutoramente, é como algo saído de
um filme de ação antes que a mulher solte o cabelo e balance os fios.

Oh, por favor, balance seu cabelo.

Ela não faz. Ela para na minha frente com uma carranca de raiva no
rosto.

— Parece que você está presa a mim, — provoco.

— Viva para mim, — ela soa quase entusiasmada.

Sirenes rugem ao longe, e a irritação em seus olhos rapidamente se


transforma em pânico.

— O que há de errado? — Eu pergunto a ela enquanto faço meu


caminho até a caminhonete. —Só os policiais.

— Merda, merda, merda, — diz ela. —Oh, ele vai ficar puto. — Juliette
anda e coloca o polegar entre os lábios e mordisca.

Eu me aproximo e tiro a mão dela da boca. —Não faça isso. É um hábito


nojento.

— Diz o cara coberto de óleo.

Certo. O cara coberto de óleo é um canalha e nojento. Bom saber.

— Não foi isso que eu quis dizer, — diz ela em tom de desculpas ao
perceber seu erro.
As sirenes chegam na garagem e dois carros de polícia param. Reaper
sai pela porta lateral, caminhando em passos rápidos até mim.

— O que você fez? — Ele pergunta.

— Eu não sei, porra. Nada! — Acho que não...

— Não é nenhum de vocês. Sou eu. — Sua voz doce envolve meu
coração, e eu não posso acreditar por um minuto que essa garota é uma
criminosa. Eu conheci criminosos. Ela não é uma delas. Os criminosos não
parecem tão bem. Fatos.

— Julieta! — O xerife Pé no Saco Johnson grita de trás da porta aberta


do motorista enquanto aponta sua arma para mim. —Se afaste desses
bandidos.

— Papai. Estou bem. É tudo um grande mal-entendido. A caminhonete


não pega, entende? — Juliette aponta para a caminhonete que ainda está
soltando fumaça.

— Juliette, venha aqui agora, — ordena o xerife, e posso dizer que ela
está envergonhada porque seus olhos brilham com lágrimas. Ela fecha os
olhos, respira fundo e os abre novamente, e aquela forte determinação está
de volta. Juliette joga os ombros para trás, gira sobre os saltos e caminha
em direção ao pai. —Coloque ela no carro, — diz ele ao seu ajudante antes
de caminhar até mim e Reaper, a arma de volta no coldre, mas sua mão
ainda está nela.

Aposto que seu dedo está apenas se contorcendo para puxar o gatilho.
Não somos fãs do xerife. Ele é um policial sujo e nunca estamos na mesma
página. Ele quer derrubar o clube e nos expulsar da cidade, mas não vamos
a lugar nenhum.

Nunca.

— É melhor você ficar longe da minha filha. Ela é muito boa para ser
vista em torno de canalhas como você, — ele zomba e cospe em nossas
botas.

Eu rosno, dando um passo à frente. Ninguém desrespeita o Prez assim.


A palma da mão de Reaper bate contra meu peito, me impedindo de
empurrar minha chave de fenda entre seus olhos. Uma habilidade que
aperfeiçoei ao longo dos anos.

— Vamos entregar a caminhonete depois que for consertado, xerife, —


Reaper diz calmamente, mas posso dizer que ele está prestes a perdê-lo.

— Vou pedir a um assistente para pegá-la. Eu não quero que você saiba
onde minha filha mora. — Com isso, ele se vira e vai embora, batendo a
porta depois que ele dá a partida no carro e apaga as luzes.

Juliette se vira para olhar pela janela traseira enquanto eles se afastam, e
algo em meu estômago aperta com a forma como ela me encara.

— Lembra daquela punição, Tool?

Porra. —Sim, Prez. — Estou pronto. Estou esperando este dia há meses.

Reaper gira sobre os calcanhares, nariz com nariz comigo. —Você não
deve tocar na filha do xerife. Não precisamos dessa bagunça à nossa porta.
Eu fui claro? — Ele ameaça. Se eu não ficar longe, nada de bom vai
acontecer comigo. —Eu vi aquele olhar que vocês dois acabaram de
compartilhar. Você pode ter qualquer outra pessoa nesta cidade, mas não
ela. Fique. Porra. Longe. — Ele enfia um dedo no meio do meu peito e faz o
seu caminho para dentro do clube, batendo a porta.

Isso deve ser fácil, mas me encontro desejando que ele tivesse entalhado
um coração no meu peito. Eu não quero mais ninguém. Eu quero ela.

A filha do xerife fora dos limites.

A mulher de azul.

A mulher que parece um pardal cantor.

Desobedecer ao Prez significa morte, mas ouvi que o céu pode valer a
pena se for pelo som da voz dela.

Juliette é o pecado em meu mundo do mal, e vou falhar em ser o santo


que o ceifador quer que eu seja.
Capítulo Quatro

Meu pai está furioso comigo. Ele tem todos os motivos para estar, mas
não é como se eu tivesse pedido para estar no Kings Garage. Adormeci. Eu
não sabia que seria rebocada!

Esse argumento não funcionou com meu pai. Ele me deu uma palestra
sobre os Ruthless Kings e me disse o quão implacáveis eles eram, quão
perigosos e violentos. Ele me contou sobre casos que podem ficar abertos
para sempre porque não conseguem encontrar os corpos dos homens que
os Ruthless Kings mataram. Meu pai tinha um olhar selvagem, que me
dizia que ele estava à beira da explosão.

Eu não tive notícias dele desde então.

O que significa que estou recebendo o tratamento do silêncio.

Ele cumpriu sua palavra. Minhas coisas foram entregues pela


transportadora esta manhã e estavam esperando por mim em minha
pequena casa, de acordo com sua mensagem de texto. Como não tinha
onde ficar, fiquei com papai na noite passada.
Acordei com uma casa vazia porque papai estava sendo um pirralho
dramático. Decidi ir para casa a pé, pois meu carro estava lá e não tinha
outra opção.

Agora, me encontro suando de novo com este vestido, que de alguma


forma usei por três dias agora, e estou enojada de mim mesma. Como isso
aconteceu? Quem é rebocado para uma maldita garagem enquanto dorme?

E quem também conhece o homem mais gostoso que já viu em sua


vida? Bem aquele homem é sexo em uma vara. Ele exala a vibração de
motoqueiro bad boy sexy com todas aquelas tatuagens. Quero dizer, ele
está coberto delas, da cabeça aos pés. Até as laterais de suas têmporas estão
tatuadas. Metade de sua cabeça está raspada, enquanto a outra metade é
escura como breu e comprida, caindo até o queixo. Além disso, ele tem
uma barba espessa na qual quero passar os dedos e enfiar o nariz. Aposto
que ele cuida disso com um óleo de barba que cheira tão bem, que vai me
dar vontade de sentar em seu colo e ter meu caminho com ele.

Meu corpo enrubesce quando me lembro do corpo dele contra o meu


quando ele colocou aquela chave de fenda embaixo do meu queixo. Eu
sabia que ele não me machucaria, mas a sensação de perigo com um
homem que emana poder tão naturalmente faz meus mamilos se
contraírem e meu clitóris latejar. Um homem como ele provavelmente tem
mulheres a torto e a direito. Ele não vai querer nada comigo.

Isso não significa que eu não possa cuidar de mim mesma com os
pensamentos dele. E assim que eu chegar em casa, farei exatamente isso.
Estou encharcada de suor quando chego em casa. Meus pés estão me
matando. Tirei os saltos há dois quarteirões e mal posso esperar para
mergulhar em um banho de espuma quente. Eu gemo quando subo as
escadas. Meus ombros ardem por causa do sol, e uma pitada de vermelho
na minha pele me diz que oficialmente tive queimaduras de sol.

Sempre faço questão de usar protetor solar, mas os eventos que


aconteceram nos últimos dias deixaram minha mente uma bagunça.

Um novo tapete de boas-vindas me cumprimenta e, quando olho para


baixo, sei que é onde papai colocou a chave da casa. Eu me agacho e viro o
tapete, em seguida, pego a chave de prata brilhante na mão. Eu me levanto
e deslizo para a maçaneta, abrindo lentamente a porta azul.

O ar-condicionado me cumprimenta e fecho os olhos, gemendo


enquanto seca o suor da minha pele e alivia a dor na pele dos meus
ombros. Abro meus olhos e sorrio para mim mesma enquanto jogo meus
saltos para a esquerda. Os pisos de madeira escura brilham, e meus pés
descalços grudam no chão enquanto faço meu caminho para o banheiro.
Estendo a mão para agarrar o zíper do meu vestido e arrasto para baixo,
mas congelo no lugar quando noto algo estranho na casa.

Dando um passo para trás, olho para a esquerda, percebendo que


minha sala de estar está arrumada e meu sofá vitoriano verde encostado na
parede em frente às janelas que têm um banco embutido, o recanto de
leitura perfeito. Corro para a direita, onde fica a cozinha, e abro cada
armário. Todas as minhas panelas e frigideiras estão guardadas.
Minha cafeteira retro rosa está ligada ao lado da pia, e eu pisco para
afastar as lágrimas de alívio. Não porque minha casa está arrumada, mas
porque é obra do meu pai. Achei que ele poderia ter me odiado por ter
acabado no Kings Garage. Percebo uma nota no balcão e dou dois passos
para frente, pegando o papel quadrado.

É do meu pai. Ele sempre usa o caderninho que pode ser colocado no
bolso do uniforme.

Abóbora,

A geladeira está abastecida, a despensa está cheia, a casa está pronta, exceto as
roupas em seu quarto. Eu te amo.

Papai

Eu suspiro e rapidamente abro as portas da geladeira para ver todas as


minhas comidas e bebidas favoritas. Tiro o telefone do bolso do vestido,
sim, meu vestido tem bolsos, é incrível eu sei e envio a ele uma mensagem
rápida de agradecimento.

A única maneira desta casa ter sido arrumada tão rápido é se ele tivesse
alguns homens aqui também. Seguro o bilhete contra o peito e pulo pelo
corredor em direção ao banheiro anexo ao meu quarto. É o único cômodo
que me ganhou neste lugar. Meu coração se apaixonou pela clássica
banheira com pés e box amplo. Tem uma pia dupla que está um pouco
desatualizada, mas não me importo de colocar um pouco de amor nele.
Meu vestido cai no chão do meu quarto e eu saio dele e me encosto na
parede enquanto olho para o meu novo banheiro. Tudo está configurado
aqui também. Minhas loções, perfumes e xampus favoritos. Tudo.

Eu tenho o melhor pai do mundo.

As paredes têm um papel de parede rosado horrível, do qual pretendo


me livrar o mais rápido possível, é horrível. Minhas mãos seguram as alças
douradas de quente e frio, girando-as igualmente para criar uma
temperatura agradável. Eu tampo a banheira com a rolha dourada e, em
seguida, despejo meu banho de espuma com aroma de manga sob o jato de
água.

Sou viciada em qualquer coisa que cheire a manga.

Mas eu não gosto da fruta. Eu não sei porque.

Eu afundo na água e gemo, inclino minha cabeça contra a borda e deixo


meus braços caírem no fundo da banheira de cada lado meu. A água
quente cura meu corpo. Alguns dias eram horríveis e quero relaxar.

Fechando meus olhos, o rosto do motoqueiro aparece. Nunca soube o


nome dele, mas aposto que é algo sexy, tem que ser quando um homem
parece tão bom quanto ele. Seus olhos são tão escuros que se confundem
com a borda do preto. É como olhar para poças de tinta ou óleo, que se
encaixam já que sua vida é baseada nisso.

Eu me lembro de como ele cheirava. Claro, há suor e fuligem, mas por


baixo de tudo isso, lembro do pinho.
Ele me lembra um demônio pronto para possuir meu corpo. Se eu
permitir que o sequestro aconteça, vou sucumbir aos seus caminhos
sombrios e deliciosos, e tenho a sensação de que nunca vou querer andar
no lado seguro novamente. Eu serei a Perséfone para seu Hades, mas a
viagem será muito longe do inferno.

Minhas mãos encontram meus seios e os mamilos duros e frisados que


doem por seu toque queimam entre meus dedos enquanto eu os belisco e
os rolo. Eu choramingo para o banheiro vazio e imagino como ele se parece
nu. Aposto que ele é todo linhas duras e abdominais. As tatuagens em seu
pescoço desaparecem sob sua camisa, e eu quero lamber cada linha preta
em seu corpo.

Enquanto uma mão mantém um aperto firme em meu mamilo, minha


mão livre se move entre minhas pernas, deslizando sobre o tufo de cabelo
sobre minha boceta. Meus dedos deslizam por minhas dobras e meu
buraco aperta e flexiona com a necessidade de ser preenchido. Eu
pressiono meus dedos dentro do meu corpo dolorido, e todo o meu corpo
se aquece.

E não é da água.

Eu bombeio meus dedos vigorosamente para dentro e para fora do meu


buraco virgem, enrolando meus dedos no último segundo para atingir
aquele ponto especial que intensifica meu orgasmo. Meu clitóris está
sensível, mas nunca fui capaz de gozar esfregando-o. Eu tenho que ter algo
dentro de mim. É por isso que tenho uma coleção de brinquedos. Não há
melhor sensação do que ser preenchida e alongada.
— Sim, — eu gemo, deslizando um terceiro dedo, e meus quadris
empurram para baixo, buscando mais do que posso me dar. Aposto que o
motoqueiro gostoso pode me dar exatamente o que preciso. Eu o imagino
deslizando seu pau dentro de mim e quebrando aquela maldita barreira
que eu tanto odeio. Eu finalmente vou me tornar uma mulher. Ele não vai
pegar leve comigo. Será duro com força e talvez uma ponta de dor.

Ele parece o tipo de homem que tem muito poder para esconder a
quantidade de força que pode trazer para o quarto. Eu quero estar no final
devastador disso, torcida, ofegante, corpo tremendo enquanto ele puxa
orgasmo após orgasmo alucinante do meu corpo.

Como nenhum homem jamais fez.

Ele saberá como fazer o que quiser comigo e eu vou deixar.

Eu mordo meu lábio inferior quando minha barriga aperta, e a sensação


de leveza entorpece meus membros. Estou a segundos de ter o melhor
orgasmo da minha vida.

Eu me fodo mais rápido, mais forte, empurrando meus quadris para


baixo e fazendo a água espirrar nas laterais da banheira, encharcando o
chão. Eu não me importo. Eu preciso disso. Eu estou bem aí. Eu preciso de
mais. A fantasia rápida em minha mente o tem atirando seu esperma bem
no fundo de mim, me conquistando e me tornando sua.

Meu orgasmo bate contra meus ossos, acendendo fogos de artifício em


meus olhos, me cegando por alguns segundos enquanto os choques de
prazer formigam da ponta dos meus dedos dos pés a carne abusada em
meu lábio. Eu mantenho meus dedos dentro de mim quando eu caio mole,
ofegante, e finjo que meus dedos são seu pau ainda gostando de mim.

— Oh, uau, — eu digo, um pouco empolgada e bêbada do meu


orgasmo. Quando o banho esfria, eu liberto minha mão e giro o botão de
água quente novamente para aquecer a água. O motoqueiro gostoso é um
homem que nunca mais verei, exceto em meus sonhos, e mesmo que meu
coração ainda esteja batendo em selvagem abandono, o pensamento de
nem mesmo saber seu nome faz a alegria desabar.

Meu pai garantirá que os Ruthless Kings nunca estejam em minha vida.
Não posso ir contra meu pai, não contra o homem que me criou, que esteve
ao meu lado 24 horas por dia, sete dias por semana depois que minha mãe
morreu. Ele nem mesmo cuidou de si mesmo. Ele está focado em mim e
apenas em mim. Se ele não quer que eu me misture com os Ruthless Kings,
posso pelo menos conceder seu desejo.

Nunca pensei que o que seria proibida de fazer seria o que mais quero.
É assim que funciona, no entanto. Qualquer coisa que alguém possa obter
no dia a dia não é especial, é normal e não há vontade.

Quando algo está fora de alcance, fora da norma e proibido? Isso só faz
com que o desejo cresça a um nível perigoso.

Eu nunca desobedeci a meu pai e nunca tive uma tendência rebelde,


mas o motoqueiro já está tirando isso de mim, como um ímã maldito,
trazendo à tona todos os desejos que eu neguei a mim mesma.
Ele é o fruto proibido, e eu quero dar a maior e mais suculenta mordida
nele. Eu sei que ele vai me arruinar. A tentação é sardônica, envolvendo e
constrangendo a pureza da minha alma para substituir a minha inocência.

Como uma garota pode resistir?


Capítulo Cinco

É o quinto lugar que vejo com a corretora de imóveis, e odeio cada um


que ela me mostrou. Eles são buracos do caralho, e estou começando a me
perguntar se ela acha que não podemos pagar mais do que isso. Bullseye
está resmungando e parece um pouco pálido. Ele está segurando o ponto
em seu peito onde foi baleado, e eu me pergunto se precisamos encerrar o
dia e voltar para casa. Tenho que me encontrar com Skirt de qualquer
maneira sobre a casa, então haverá uma igreja mais tarde esta noite sobre
um churrasco que o Reaper quer fazer para todos os capítulos.

Todos. Eles.

Isso é cerca de duzentas pessoas e um farol para o xerife vir à nossa


propriedade e tornar as coisas mais difíceis.

— Então, o que você acha? — Amber ou Amy ou qualquer que seja o


nome dela pergunta com uma voz patricinha de líder de torcida, e isso me
dá nos nervos. Ela está vestindo uma saia de seda cara com uma blusa
simples. Ela é muito magra, e pela forma como ela está olhando para mim,
posso dizer que ela me quer. É muito ruim. Ela não é meu tipo.

Eu gosto da minha carne um pouco mais espessa e proibida.


Juliette.

Droga, apenas o pensamento de seu nome deixa meu pau excitado.

— Eu acho que é uma merda, senhora, — rosna Bullseye, brincando


com um dardo de metal em sua mão, e por sua linguagem corporal, ele está
a um fôlego de jogá-lo nela. —Me irrita que você esteja nos mostrando
esses lixões em bairros ruins. Dissemos que estamos bem nisso, então por
que você continua nos testando? — Ele agarra o dardo com tanta força que
o quebra ao meio.

Antes que a situação saia do controle, como ter que descobrir como se
livrar de um corpo, eu difundo a situação com meu charme; algo que falta
no Bullseye.

— Acho que o que meu amigo quer dizer é...

— Eu disse o que quis dizer, — Bullseye me interrompe e se levanta,


encostado no bar enquanto aponta para a agente imobiliária. —Você me
ouviu, por quê?

Ela pula em seus saltos caros e lambe os lábios. Ela tenta falar, mas
parece que o medo desativou suas cordas vocais. —Eu sinto muito. Eu
estava apenas seguindo as instruções, — ela sussurra.

Eu inclino minha cabeça, deixando suas palavras rolarem um pouco


enquanto eu penso. —Instrução? De quem?

— O xerife. Ele descobriu que você estava procurando um lugar na


avenida e queria que eu lhe mostrasse o pior. Por favor, não me machuque.
Eu vou... — Ela correu até Bullseye e esfregou as mãos ao longo de seu
peito. —Eu farei qualquer coisa.

— Qualquer coisa? —Ele grunhe.

— Sim. — Ela balança a cabeça em movimentos rápidos.

— Então se eu dissesse se abaixe e levante essa saia para que eu possa


fazer o meu caminho com sua boceta, você faria?

Droga, Bullseye. Por que eu o trouxe comigo de novo?

Ela tenta dar um passo para trás. —Eu... hum, eu... — ela gagueja, e
Bullseye agarra seus pulsos suavemente, puxando ela para ele novamente.

— Ouça, não venha até mim a menos que você esteja disposta a ir em
frente com isso. Se isso for tudo, saia. Não temos tempo a perder com
merdas como essa, — Bullseye gentilmente a empurra para longe dele, e
ela endireita sua blusa. Seu rosto está vermelho, vermelho de vergonha, e
estou assumindo terror.

— Quero que você saiba, no entanto, fazer algo errado conosco não traz
nenhum favor para o clube. Vá contra o xerife, nos mostre um bom local e
estaremos em dívida com você.

— Em dívida? Tipo, você me deve um favor? — Ela responde para mim.

— Somente eu. Então, se precisar de alguma coisa, chame Tool quando


ligar para a sede do clube, certo, Amber?

— É Amy, — ela me corrige, e eu quero revirar os olhos.


— Ótimo. — Eu olho ao redor deste lixão novamente e me encolho. Eu
ouço o barulho de ratos dentro das paredes. O chão está podre, o telhado
está afundado pelos danos causados pela água e há um cheiro do qual nem
mesmo o fogo consegue se livrar. —Podemos ir?

— Claro. — Ela passa apressada por nós, e Bullseye se inclina para


frente e morde o ar, fazendo-a gritar e andar mais rápido na nossa frente.

Ele ri e eu bato em seu ombro, fazendo-o grunhir de dor. —Pare de ser


um idiota, — eu o advirto. —Você não quer que eu diga ao Prez.

— Você não quer que eu diga ao Prez, — ele zomba de mim como uma
criança. —O que você é, um informante?

— O que você tem? Doze? Jesus, Bullseye, comece a andar para a


caminhonete. E fique na caminhonete no próximo lugar que vermos. Não
sinto vontade de lidar com sua bunda teimosa.

— Não estou com vontade de lidar com a sua bunda teimosa, — ele
imita novamente, e dou um tapa na nuca dele antes que ele se sente no
banco do passageiro da caminhonete, os braços cruzados como uma
criança faria.

Bato a porta do passageiro e respiro fundo, dizendo a mim mesmo para


não esfaqueá-lo entre os olhos. Não faça isso. Não faça isso. Acalme-se.

O sol bate nos meus olhos, fazendo-me apertar os olhos enquanto corro
ao redor da caminhonete. Eu olho para o para-brisa e vejo Bullseye me
dando dedo. Quando chegarmos à sede do clube, vou pedir ao Doc para
tranquilizá-lo para que todos possam ter uma folga do Bullseye.
Eu ligo a caminhonete, ignorando Bullseye enquanto ele murmura
baixinho. Eu puxo para frente e sigo o pequeno conversível vermelho de
Amy descendo a pista. Edifício após edifício, posso dizer que finalmente
estamos entrando em uma área melhor. As prostitutas vão ficando cada
vez menos até que finalmente não existem. O sol brilha mais forte e os
turistas caminham nas calçadas apontando para cada edifício
impressionante que veem, como o Bellagio.

Isto é melhor.

Ela liga o pisca-pisca e se entra em uma garagem. É muito mais frio aqui
do que fora, pois é sombreado. Eu me inclino contra o encosto de cabeça
por um segundo, aproveitando a ausência do sol, quando Bullseye abre sua
boca grande. —Você está realmente me fazendo ficar no carro?

Ele parece tão triste que é quase cômico.

— Não. Mantenha sua boca fechada em torno de Amy. Você está sendo
um idiota.

— Sim senhor, — diz ele, parecendo desamparado como uma criança


rabugenta.

Saímos da caminhonete e nossas botas pousaram no chão do


estacionamento com um baque duro, ricocheteando nas paredes de
cimento junto com os saltos altos de Amy. Ela ainda parece confusa
enquanto caminhamos em sua direção e mantém sua cabeça baixa.

Este policial está se envolvendo em assuntos com os quais não tem nada
a ver, e isso é um problema. O xerife Johnson acabou de ser eleito e parece
ter se concentrado em nós. Eu não gosto disso. Ele não quer que a gente vá
a strip, por quê? Ele não tem nada contra nós que prove que somos
perigosos para a sociedade. Isso está implícito?

Talvez.

Mas se não houver provas, então o xerife está nos assediando, e não é
algo que eu goste nem um pouco.

— Sobre o lugar, — Amy começa a falar, me puxando dos meus


pensamentos assassinos de pendurar o xerife pelo pescoço. —Era um
restaurante italiano, mas o proprietário morreu em uma terrível explosão
de hotel. Você pode acreditar nisso? — Ela balança a cabeça com tristeza.
—Espero que ele tenha morrido rapidamente.

Bullseye e eu compartilhamos um olhar, sabendo que é a mesma


explosão que colocou Reaper em sua bunda e Moretti em coma.

— Vergonha, — dizemos ao mesmo tempo.

— De qualquer forma, é um lugar bem grande, bar, palco e todo aquele


jazz. A localização é ótima. Bem no coração de Vegas. Precisa de alguns
reparos porque está vazio, mas é lindo. Só precisa de um pouco de amor.
— Ela grunhe quando abre a porta depois de destravar a maçaneta. Uma
nuvem de fumaça sobe em seu rosto e ela tosse, acenando com a mão para
tirar a poeira dos olhos. —Como eu disse, já faz um tempo.

— Um pouco de poeira nunca matou ninguém. Eu não me importo de


limpar, — eu digo enquanto entro no lugar que espero ser o meu futuro.
Está escuro e quase não consigo ver nada. Ouve-se um leve zumbido e um
segundo depois as luzes se acendem. Estou surpreso.

É perfeito.

É mais estreito do que largo, mas é muito antigo.

Bullseye assobia. —Puta merda, Tool. Este lugar é chique. — Eu ouço o


espanto em sua voz, e ele olha para o teto, olhando para os grandes lustres
pendurados.

Sim, isso tem que ser removido se eu conseguir o lugar dele.

O lugar foi esvaziado de todas as mesas e cabines, exceto algumas


cadeiras. Uma espessa camada de poeira se acumula no chão e nossas botas
deixam rastros enquanto caminhamos mais fundo no espaço vazio.

— À direita, você tem um bar de madeira centenária. É original, assim


como os pisos. O proprietário anterior queria garantir que ele mantivesse
algo tradicional. — Amy explica um pouco da história e, pela primeira vez,
estou realmente interessado em aprender sobre algo que aconteceu no
passado. —À esquerda temos o palco. Oh, espere, você não pode ver por
causa da cortina. Me deixe descobrir como mover ela. — Amy caminha até
o lado onde está uma grande corda de ouro, lembrando-me de algo que
deveria ser preso a um sino, esperando que alguém puxe para tocar o
toque alto.

— Este lugar é bom, Tool, — diz Bullseye. —Você pode pagar...

Eu viro minha cabeça para ele e estreito meus olhos para dizer que é
melhor ele não dizer mais uma palavra sobre dinheiro.
Eu tenho muito.

Eu economizei enquanto fazia alguns favores para o Prez e outros


clubes. Vamos apenas dizer, as pontas soltas que eu cuido nunca mais falo.
Ninguém sabe disso, exceto Reaper, e é melhor mantê-lo assim. É uma das
poucas atividades ilegais necessárias. Se houver algum problema, eu cuido
disso.

Nem mesmo Bullseye, nosso sargento de armas, sabe. Ele deveria. Ele
pode limpar comigo, e nós faríamos um inferno de uma equipe, mas
Reaper quer mantê-lo em baixa. Quanto mais pessoas sabem, mais pessoas
falam, e falar significa fofoca.

— É legal. — Eu torço minha cabeça para a esquerda e para a direita,


balançando a cabeça em apreciação enquanto olho para o antigo
acabamento ao longo das paredes. Para uma casa italiana, eu me perguntei
se o proprietário sabia que ele tinha crescentes irlandeses esculpidos na
madeira que revestia o teto. Eu posso imaginar isso agora. Pequenos
estandes privados se alinharão na frente do palco, reservados apenas para
VIPs. Outras mesas serão colocadas por ordem de chegada e o bar terá
bancos para mais lugares sentados. Não há espaço para dançar, bem, não
dançar no clube, apenas dança lenta para desfrutar da música que está
sendo tocada. Estou pensando na velha escola, como blues ou R&B.

A cortina, em vez de subir, cai e bate no chão, Amy solta um grito e


outra onda de poeira nebulosa a esconde.

— A mulher é uma bagunça, — Bullseye diz, observando enquanto ela


tropeça no palco, tosse e abre os braços.
— Ta-da, — ela diz com um sorriso, revelando um palco feito para
talvez quatro pessoas.

— Ela é fofa, — Bullseye ri, apreciando a capacidade de exibição de


Amy.

— Nem pense nisso. A agente imobiliária está fora dos limites, Bullseye.
Não torne isso difícil.

— Eu não posso foder de qualquer maneira, — ele resmunga. —Dói


meu peito e pulmões. Acabei de ser drenado por aquelas cadelas se
moverem muito rápido. Eu não vou fazer isso de novo. Ter um tubo
enfiado no seu lado não é agradável.

Seu processo de cura tem sido lento, mas os médicos dizem que é
normal quando eles têm que quebrar o peito. O corpo nunca mais é o
mesmo depois disso. E eu posso ver o preço que isso está cobrando dele.

— O que é que vocês acham? — A voz de Amy é como pregos em um


quadro-negro para mim. Eu trago meu olhar para o dela para vê-la na
mesma posição 'ta-da.'

— Eu amo isso até agora. Posso ver a cozinha? — Ela corre para fora do
palco, com as mãos para cima enquanto dá pequenos passos para não
tropeçar.

— Venha comigo. É atrás desta porta. — Amy quase cai de cara ao


descer os degraus, mas se recupera, puxando a ponta da saia para puxá-la
pelas pernas. Ela alisa as palmas das mãos nas coxas, se recompondo.

Ela é bonita, mas Bullseye está certo, ela também é uma bagunça.
Amy abre a porta dos fundos, que eu decido que deve ser retirada
imediatamente. Eu quero grandes portas duplas de vaivém. Ter uma porta
aqui faz este lugar parecer demais com uma casa. A cozinha tem piso de
cerâmica vermelha, aparelhos antigos e algumas teias de aranha aqui e ali.

— A geladeira precisa ser trocada e o forno também. Mas o espaço é


grande... — Amy começa a explicar, mas eu a interrompo.

— Eu vou levar. Vamos voltar ao seu escritório e assinar os papéis. Eu


posso te pagar hoje. Dinheiro.

— Droga, foda-se você por me fazer pagar pelas bebidas na noite


passada, — Bullseye reclama e bate com o punho em uma panela
pendurada, que tem um efeito dominó. A corrente pendurada na parede
range e depois se quebra, e as panelas balançam e tilintam antes de cair na
ilha.

É alto, e o toque de panelas e frigideiras, metal contra metal, faz meu


cérebro tremer e meus ouvidos zumbirem. —Você está pagando por isso,
— digo a ele.

— O que? — Ele grita sobre um pedaço de teto caindo em seguida.

Eu reviro meus olhos e me viro, pronto para dar o fora daqui e assinar o
contrato para que eu possa começar a trabalhar. Meu pé quebra uma das
tábuas do assoalho e eu a arranco, arranhando minhas botas no processo.
Droga, estas são novas. Vou ter que polir mais tarde.

Meu ombro pressiona contra a porta, e eu a abro e saio no sol quente.


Duas coisas que eu noto imediatamente. Do outro lado da rua há uma loja
de lingerie, e Juliette está na janela pendurando uma nova peça de renda
sexy em um manequim que posso vê-la usando para mim.

Apenas o xerife Pé no Saco está encostado na caminhonete do clube, os


braços cruzados com um olhar irritado no rosto. —Não aperte as
sobrancelhas, xerife, você vai ficar com rugas, mas acho que isso não
importaria para sua cara feia.

Bullseye e Amy saem do prédio em seguida, e meu irmão do clube está


bem ao meu lado, pronto para lutar. Não sei como ele vai, mas o esforço é o
que conta. O xerife lança um olhar perigoso para Amy, que faz com que
todos os meus instintos se levantem e estejam prontos para matar.

— Pensei ter te dado uma ordem, Amy.

— Hum, vou mandar a papelada para você por e-mail, — Amy me diz
antes de correr para o carro, assustada como o inferno. O tipo de pânico
que você vê quando alguém teme por sua vida. É isso que o xerife está
fazendo? Ameaçando quem quer que se aproxime de nós?

— Você não vai abrir nada aqui, Logan, — ele zomba do meu nome, e
eu cerro minha mandíbula. Esse idiota me lembra meu pai, e sei como isso
acabou. Eu fui o vencedor.

Eu vim por cima.

Eu faço sempre.

Eu espio por cima dos ombros para ver Juliette olhando para mim com
seus lindos lábios abertos em um O. Eu levanto minha mão e aceno para a
mulher que eu quero mais do que minha próxima respiração. —Xerife, não
há nada que você possa fazer para me impedir. Vamos lá, Bullseye. — Eu
vou contornar a caminhonete para chegar ao lado do motorista, e o xerife
me para, a palma da mão no meu peito e a mão livre em sua arma.

— É melhor você ficar longe dela. Ela não é para você, — ele cospe, me
empurrando para a esquerda antes de voltar para sua viatura. Ele dá ré e
propositalmente dá ré na frente da caminhonete, amassando a grade, e se
afasta.

— Idiota do caralho, — Bullseye zomba e pula para dentro da


caminhonete.

Ele é. Eu posso lidar com o idiota. O que não consigo lidar é com um
idiota com más intenções. Ela não é para mim? O que isso significa?

Se ela não é para mim, para quem ela se destina?


Capítulo Seis

Então, eu não gosto de uma casa vazia. Está muito quieto. Foi assim que
acabei na sociedade humana, pronta para adotar um cachorro. Além disso,
ter um cachorro me trará segurança, uma sensação de segurança se um
invasor invadir a casa.

Eu bato a porta do meu carro e inclino minha cabeça para trás sobre
meus ombros. Santa mãe das palhas de remendo azedo, está chovendo.
Nunca chove. Está quente, seco e vou até ver uma erva daninha de vez em
quando. Chuva? É uma coisa doce e preciosa que nós, locais, nunca vemos
o suficiente. A primeira borrifada na minha pele me faz sorrir.

Eu fico no meio do estacionamento, abro os braços e fico lá enquanto


deixo a chuva cair sobre mim. Está descendo um pouco mais pesado agora,
não o suficiente para ricochetear na minha pele, mas o suficiente para eu
sentir as pequenas gotas rolando pelo meu braço. Ninguém entende como
é raro sentir chuva quando se vive no deserto. É como experimentar um
milagre, aquele que você realmente consegue tocar e sentir.

— Pequeno pardal, você deveria saber melhor do que ficar assim na


chuva.
Uma voz com a qual sonhei nas últimas noites faz meu corpo apertar
com o choque e a luxúria. Eu não esperava ver ele novamente. Vegas não é
a menor cidade e como ele e eu nos conhecemos, bem, isso estava
completamente fora do normal. Então, fico chocada que, quando me viro,
vejo seu rosto sexy e bonito de motociclista.

Ele está usando uma blusa preta que combina com a profundidade de
seu cabelo e é colada em seu corpo porque seus músculos são muito
grandes. Eu posso ver as marcas de seu abdômen e os inchaços de seus
peitorais. Minha boca baba até engolir um galão de saliva. Bruto. Merda,
está escorrendo pelo meu queixo? Eu levanto minha mão e coço meu
pescoço, em seguida, subo até o queixo para ter certeza de que não estou
fazendo papel de idiota.

— Está chovendo, — digo a ele. Duh, Juliette. Maneira de ser coxa.

— Eu vejo isso. Você está gostando. — Seus olhos vagam pelo meu
corpo e de volta ao meu rosto, e é quando eu percebo que meus mamilos
estão duros e meu vestido está grudando na minha pele. Eu cruzo meus
braços sobre o peito, e a chuva começa a cair mais forte, trovões rolando ao
longe para nos dizer que a tempestade está longe de acabar.

Ele envolve seu braço em volta de mim e me gira em direção à entrada


da sociedade humana. —Vamos, pequeno pardal. Eu não quero que você
fique doente estando na chuva assim.

— Estar na chuva não deixa você doente. Isso é um mito. — Eu o deixei


me guiar pelo estacionamento e, bem quando estamos prestes a atravessar
a pequena rua que separa o estacionamento e o prédio, ele me segura para
me impedir de atravessar. Um carro em alta velocidade nos ignora
completamente e passa zunindo, jogando água em nós dois.

Há sujeira na minha boca.

Meu vestido passou de úmido para completamente molhado.

— Idiota! — O motoqueiro sexy ruge para o carro que apenas jogou


água turva em nós. —Você está bem, Juliette? — Ele segura meu rosto
suavemente, seus olhos indo e voltando entre os meus. —Eu tenho um
moletom na minha caminhonete, me deixe pegar ele para você. Fique bem
aqui. Não se mexa, — ele ordena, apontando um dedo para o chão onde
meus pés estão firmemente plantados.

— Tudo bem, — eu sussurro.

— Estou falando sério.

— Eu não estou me movendo! — Eu obedeço a demanda de seu alfa


dominador que me deixa molhada entre as pernas, mas eu quero lutar com
ele também.

Seus dedos deslizam sob meu queixo e ele traz seus lábios nos meus em
um beijo rápido e suave que rouba meu fôlego e minhas células cerebrais.
—Bom, eu ficaria de coração partido se você fizesse, — diz ele.

Acabei de beijar um cara cujo nome eu nem sei. Ele se vira para
caminhar em direção a sua caminhonete, mas eu agarro seu pulso,
precisando saber o nome do homem que estou pensando em desapontar
meu pai. —Quem é você? — Eu pergunto, e ele puxa seu pulso livre e me
dá um sorriso sexy enquanto caminha para trás.
— Você gostaria de saber disso, não é? — A chuva está caindo mais
forte agora, e mal posso ver seu corpo ou ouvir sua voz.

— É por isso que perguntei! — O que eu estou fazendo? Eu preciso me


virar, ir para o meu carro e sair. Este homem é perigoso. Ele provavelmente
palita os dentes com ossos humanos ou algo assim e se banha no sangue de
suas vítimas. Isso é o que meu pai me diz, mas e se ele estiver errado?
Talvez meu pai estivesse sendo dramático para me manter longe.

— Vamos lá, — grita sexo em uma vara sobre o rugido da chuva. Sua
mão cai nas minhas costas enquanto corremos pela rua. A salvo sob o
toldo, passo a mão no rosto para tirar a água dos olhos.

— Oh meu Deus. — Eu balanço minha cabeça e, em seguida, seguro


meu cabelo em uma mão, espremendo a água para fora dele, então eu torço
até que fique um coque no topo da minha cabeça.

— Eu odeio cobrir esse corpo lindo, mas aposto que você está com frio.
— Ele puxa seu moletom pela minha cabeça, e eu quase gemo com o quão
bom o material cheira. É um moletom preto, é claro, e tem ‘Kings Garage’
rotulado na frente, mas não cheira a garagem de um mecânico. Tem cheiro
de sabão em pó e pinho. —Você fica bem em minhas roupas, — diz ele,
despertando uma excitação por todo o meu corpo. Meus seios estão
pesados por seu toque e meu clitóris lateja por sua boca.

— Não se acostume com isso, motoqueiro, — eu o chamo, já que não sei


o nome dele.
— Motoqueiro? Motoqueiro! — Sua voz aumenta em uma risada. —Eu
mereço isso. Eu sou Tool.

— Tool? — Eu bufo com o apelido ridículo e meio sexy. Combina com


ele e explica o motivo da chave de fenda acima de sua orelha. —Qual é o
seu nome verdadeiro?

— Poucas pessoas sabem disso, por que eu daria a você? — Ele


pergunta, colocando as mãos na minha cintura para me puxar para ele
quando as portas do abrigo de animais se abrem, me puxando para fora do
caminho.

Eu sorrio para as pessoas enquanto elas passam e dou a Tool minha


atenção. —Os amigos contam os fatos uns aos outros. Eu não quero te
chamar de Tool.

Ele debate por um minuto, esfregando a mão no cabelo do queixo


enquanto tenta me entender. Não há nada para descobrir. Quero conhecê-
lo mais, embora saiba que não deveria.

— Logan. — Sua voz se aprofunda, envolvendo meu corpo e fazendo


com que os pelos da minha pele se ericem. Eu reajo a ele de todas as
maneiras que só podem colocá-lo em problemas com meu pai.

— Logan, — eu repito, piscando para ele enquanto inclino minha cabeça


para trás. —Prazer em conhecê-lo. Mesmo se você for uma dor na minha
bunda.
Ele se abaixa, colocando seus lábios perto da minha orelha e sua mão
esquerda ao lado do meu rosto. —A única dor que você vai sentir na sua
bunda será do meu pau.

Eu suspiro e recuo. Ninguém nunca falou assim comigo. Eu não tenho


ideia do que dizer.

Logan ri, coloca a mão na parte inferior das minhas costas e me conduz
para dentro. —Bom. Eu sei o que te cala agora.

— Eu vou te calar se você não se cuidar, motoqueiro! — Eu assobio para


ele, e como estamos perto de pessoas, ele não é capaz de fazer ou dizer
nada, exceto rosnar.

E o rosnado não faz nada além de fazer minha libido disparar mais do
que já está. Estou pendurada em um fio perigosamente fino. Estou tentada
a empurrá-lo para dentro de um armário e ceder ao problema que ele
parece trazer à tona.

Logan sussurra em meu ouvido. —Eu adoro quando você está mal-
humorada. Isso me deixa todo nervoso.

Minhas bochechas coram quando chegamos ao balcão, e o homem atrás


da caixa registradora está olhando para mim e sorrindo até ver como
estamos encharcados, e então o grande sorriso feliz vacila. —Ó meu Deus.
Você está molhada até a medula! — Ele diz.

Sim, sim, eu estou. Mais do que ele jamais saberá.

— Estou bem. — Isso é uma mentira se eu já ouvi uma. Eu preciso sair


daqui e longe de Logan. Ele não é bom para minha mente racional.
— Queremos adotar um cachorro, — diz Logan, fazendo parecer que
estamos adotando um cachorro juntos.

Eu sorrio e balanço minha cabeça. —O que meu amigo aqui, — ele


rosna de novo, —está tentando dizer é que nós dois estamos querendo
adotar cães. Um para ele e outro para mim.

— Claro, que maravilhoso! — Ele bate palmas e nos entrega duas


pranchetas com uma folha de papel nela. —Basta preencher essas
perguntas e entraremos em contato com você em breve. — O homem atrás
do balcão tem um rosto esguio com um sorriso grande demais para os
lábios. Ele tem olhos escuros, redondos, e sua pele tem um glamour pálido
natural. Um arrepio sacode meu corpo com o olhar frio que ele me dá.

Pegamos as pranchetas e caminhamos até as cadeiras que revestem as


janelas enquanto preenchemos nosso papel. Tento olhar para ele para ver
suas respostas, mas ele se afasta de mim, como se eu o estivesse copiando e
trapaceando como se fosse um teste.

— Dá um tempo, — resmungo, e a ponta da esferográfica faz a forma da


minha caligrafia ao longo das páginas. Por que eu quero um cachorro? Eu
tenho um quintal? Eu entendo que leva seis meses para um cão se ajustar a um
novo ambiente. Perguntas assim. Logan e eu paramos ao mesmo tempo
quando terminamos, e seu braço tatuado roça o meu. Meus pulmões me
traem, fazendo-me inspirar profundamente com o toque rápido e sem
sentido.

Não faz sentido? Os toques que compartilhamos. Ele faz meu corpo
ganhar vida de maneiras que não deveriam ser possíveis para qualquer
homem fazer com uma mulher. O desejo por ele quase me faz cair de
joelhos.

Ainda bem que tenho pernas fortes. A única vez que vou ficar de
joelhos é quando...

— Excelente. Me siga até onde guardamos os cães.

Logan mantém sua mão na parte inferior das minhas costas, o calor de
sua palma afundando nos músculos tensos ao redor da minha coluna. É
possível relaxar e ficar nervosa ao mesmo tempo? É assim que me sinto no
momento.

O cara abre as portas dos canis, e latidos altos tornam difícil pensar. Eu
sorrio. Eu amo o som de latidos.

— Os pontos vermelhos significam que eles acabaram de sair da


cirurgia e estão em espera 24 horas até estarem disponíveis para adoção.
Você pode voltar e se encontrar com o cachorro. Verde significa que o cão
está pronto para partir. Laranja significa necessidades médicas especiais.
Basta chamar um de nós quando decidir. Esperamos que seu amigo peludo
esteja aqui, — ele ri de sua própria piada. —Eu amo aquele. É ótimo. — Ele
balança a cabeça para si mesmo enquanto se afasta, suspirando de quão
duro ele se quebra.

— Nada de cachorros maricas, — alerta Logan. —Mordedores de


tornozelo são filhos da puta do mal. Eles não podem proteger você. —
Logan me empurra para o corredor do meio, e há canis de cada lado de
nós. Eu quero levar cada cachorro para casa.
Lágrimas queimam meus olhos quando vejo alguns dos cães deitados
no chão enrolados em si mesmos como se tivessem desistido. Alguns estão
latindo e pulando, querendo sair, precisando da interação humana. Levo
minha mão à boca para cobrir um soluço, e Logan nos para quando percebe
que não estou me divertindo.

Nada sobre isso é bom.

— Ei... — Ele limpa a lágrima da minha bochecha. —Eu sei, pequeno


pardal. Eu sei. — Ele me puxa contra seu corpo sólido como uma rocha,
segurando sua mão na parte de trás da minha cabeça para pressioná-la
contra seu peito. Eu inalo o cheiro de couro e o cheiro familiar de pinho, me
lembrando da época em que caminhei pela floresta.

— Eu quero todos eles, — eu fungo, e eu duvido que ele possa me ouvir


já que meus lábios estão contra sua camisa, abafando minhas palavras.

— Vou descobrir uma maneira de você ter o que quiser.

Não tenho certeza do que isso significa, já que não nos conhecemos.
Quero conhecê-lo, mais do que jamais quis conhecer alguém em minha
vida. Ele não parece perigoso. Ele não parece tão ruim e assustador como
meu pai descreve os Ruthless Kings.

— Podemos salvar dois deles hoje. Vamos fazer isso. — Logan me


empurra e dá um beijo gentil e reconfortante na minha testa.

Caminhamos para cima e para baixo no chão de cimento liso, olhando


para cada gaiola que contém uma vida linda e preciosa. Eu paro em um
que está sentado ali, olhando para nós com uma inclinação de cabeça. O
cachorro é preto puro, uma mistura de Shepard alemão com olhos azuis
brilhantes. Ele é lindo. O que há com a cor preta que está entrando na
minha vida ultimamente?

— Oi, aí... — Eu espio o crachá no portão de prata. —Tyrant. Oh, é isso


que você é? — Falo com ele, esperando que ele me entenda. Ele coloca uma
pata na frente da outra para cheirar minha mão que está estendida para ele.
Ele me olha com aqueles olhos transparentes, tentando sentir quem eu sou.
Seu nariz frio e preto bate na minha palma, e eu rio quando ele me lambe
em seguida.

— Ele é lindo, — diz Logan, agachado na próxima gaiola. —E você


também, linda. — O cachorro late, não gostando do elogio. —Oh, erro meu.
Você é um homem bonito, Yeti. — O nome faz sentido porque o cão é
branco puro.

— Acho que encontramos nossos cães, — digo, coçando atrás da orelha


de Tyrant.

— Deixe-me chamar o cara. Posso dizer que estou feliz por você não ter
um cachorro pequeno?

— Bem, eu quero ser protegida. Eu moro sozinha, — eu digo.

— Sem marido ou namorado? — Ele pesca, me olhando de lado


enquanto faz carinho em Yeti.

— Hum, não. Nem mesmo um candidato.

— Eu acho que você tem um.


Eu viro minha cabeça para a esquerda para ver se ele está brincando,
mas seu rosto está sério, e seus olhos negros me olham com tanta
intensidade que eu tenho que desviar o olhar. Limpo minha garganta e fico
de pé, acenando com a mão no ar para chamar a atenção de um dos
voluntários para que eu possa pegar Tyrant. Logan é demais para mim
agora, muito homem, muito de tudo que eu sempre sonhei. Tê-lo dizendo
coisas assim quando meu pai o odeia e o clube, não faz com que nosso
futuro seja promissor.

Isso o torna longo, acidentado e terminando com uma colisão feia. Terei
meu coração partido, um relacionamento arruinado com meu pai, e Logan
provavelmente estará na próxima menina virgem inocente. Ou não. Talvez
caras como ele gostem de vadias. Nada de errado com essa vida, o poder
das mulheres e tudo mais, simplesmente não é minha praia.

É melhor ficar longe de Logan agora porque o desastre que ele deixará
em meu coração quando terminar de atropelá-lo com sua motocicleta será
impossível de limpar.

Eu não olho para trás para Logan quando o voluntário leva Tyrant de
sua gaiola e para uma sala privada onde ele e eu podemos nos encontrar.
Tento não pensar no beijo na chuva, outro milagre que terá menos
probabilidade de acontecer novamente, como a chuva.

Jogo a bola contra a parede e Tyrant corre para pegá-la, traz para mim,
deixa-a cair e se senta orgulhoso e majestoso. Ele é treinado. Quem na terra
entregaria este cão a um abrigo?
— Você é um bom menino, não é? — Eu falo com ele com voz de bebê,
esfregando seus lados até que seu rabo bata no chão. —Você quer voltar
para casa comigo?

Tyrant late e lambe os lados do meu rosto.

— Vou tomar isso como um sim. — Limpo minha bochecha no ombro, a


baba úmida espessa.

— Como vai aqui?

Eu olho para o associado e aceno. —Onde assino. Estamos indo para


casa, — digo a ele, e ele me leva para a frente com uma nova guia vermelha
e coleira combinando. Eu pago a taxa e dez minutos depois estou saindo
com um novo amigo.

Apenas para ser interrompida por um que eu nunca deveria ter feito.

— Saindo sem me dizer adeus, pequeno pardal? — Logan se inclina


contra a parede, e um Pitbull branco musculoso está sentado entre seus
pés, parecendo tão letal e poderoso quanto seu novo dono.

Não vou perguntar de onde veio o apelido porque já estou gostando.


Preciso me afastar antes que me descubra estúpida e apaixonada por um
encrenqueiro. —Você sabe que isso não pode acontecer, Logan, — digo a
ele suavemente, mal conseguindo encontrar seus olhos. Eles tornam difícil
verbalizar palavras quando me hipnotizam em um estado de torpor. —
Somos atraídos um pelo outro, mas é só isso. Isso nunca vai funcionar. O
MC com quem você está, meu pai quer acabar com você. É sua missão...
— Você quer saber por quê? Ou você está apenas querendo pintar a
mim e aos meus irmãos do clube com o mesmo pincel? Nos julgar antes de
nos conhecer? Devo admitir, não fiz grandes coisas no meu passado, mas
estou abrindo um negócio. Eu não negocio drogas ou o que diabos você
pensa que eu faço.

— Eu... — Eu estalo meu queixo quando percebo que não tenho nada a
dizer. Se eu quiser ser honesta comigo mesma, é exatamente o que pensei
que eles fizeram. Drogas, armas, assassinato, todas as coisas que as pessoas
temem.

— Uau. — Ele ri, mas tem uma batida decepcionante que me castiga,
trazendo culpa sobre meus ombros. —Achei que você fosse diferente do
resto das mulheres, mas você é apenas mais uma vadia, não é?

Eu nem penso. Eu levanto minha mão para trás, aperto meu punho e
dou um soco no rosto de Logan. Ele mal se move, e sua pele só fica
vermelha com o pequeno golpe. Eu nunca disse que era um profissional.
Tyrant rosna e Yeti faz o mesmo. Eles estão virados para cima como Logan
e eu.

Nós quatro estamos mostrando os dentes e prontos para atacar. —Você


me escute, Logan. Eu sou ingênua sobre muitas coisas, mas uma coisa que
eu sei é que não sou como as mulheres em sua vida, então você não pode
me chamar de vadia. Eu não vou tolerar isso. Você me provou então por
que não devo ter nada a ver com você. Mesmo se você não estiver
infringindo a lei, por que eu iria querer ficar com um homem que vê as
mulheres como vadias? Se alguém é a vadia aqui, princesa, — cuspi o
primeiro apelido que ele me deu, —é você. — Eu empurro um dedo em seu
peito, tentando não pensar sobre o quão firme é com os músculos. —
Vamos, Tyrant. — Marcho meu caminho em direção ao meu carro e
começo a entrar em pânico porque acabei de dar um soco no vice-
presidente, o que parece muito importante, de um clube de motociclismo. E
se ele der um golpe na minha cabeça? E então eu for levada para um quarto
escuro onde eles vão me amarrar e merda, eu fecho meus olhos quando
meu pesadelo de repente se transforma em uma fantasia sexual com Logan
me amarrando na cabeceira da cama. —Não, não é isso que aconteceria, e
você sabe disso, Juliette. — Eu pressiono o botão no meu chaveiro para
abrir as portas, deixo Tyrant entrar na parte de trás e, em seguida, sento no
banco do motorista.

Eu respiro algumas vezes, acalmando meu coração acelerado. Minhas


juntas estão vermelhas e estão começando a latejar de bater em sua
bochecha. Ele é feito de aço? É injusto que seu corpo seja moldado em
pedra. Meu punho nunca teve chance.

— O que eu fiz? — Eu olho pelo retrovisor para vê-lo deixando Yeti


entrar na caminhonete. Ele deve sentir os olhos nele porque ele olha
diretamente para mim e depois me sopra um beijo.

Me sopra um beijo maldito! Depois que eu dei um soco nele.

Ele é certificável. Que cara quer ter mais alguma coisa com uma garota
depois disso? Eu não me arrependo. Ninguém me chama de vadia e se safa.

Também devo desculpas a ele por julgá-lo, mas acho que precisamos
deixar o passado no passado e seguir caminhos separados.
Se eu sei disso, então por que penso em seu beijo pelo resto da noite?
Capítulo Sete

Estou deitado na cama, Yeti do outro lado de mim ocupando a maior


parte do colchão. Ele está de costas, o queixo caído para trás para expor os
dentes enquanto roncos altos vêm dele. Fico feliz que ele possa dormir,
porque me revirei a noite toda pensando naquele pequeno punho
acertando minha bochecha. Não doeu nada, mas foi sexy.

Ela é tão corajosa e forte, e adoro como ela se defende. Eu não deveria
tê-la chamado de vadia, mas aqueles sentimentos de ódio superando o
amor vieram à tona, e parecia que ela odiava ‘meu tipo’ de pessoa.

O que eu não pensei naquele momento, como estou pensando agora, é


que ela não entende pessoas como eu. Ela não sabe o suficiente.

— Tool! — A voz alta de Reaper sacode minha porta fechada. —Saia


daí! Agora!

Merda. Eu odeio esse tom. Isso não pode ser bom. —Chegando! — Eu
rolo para fora da cama, coloco minhas calças, camisa, corte e botas, e Yeti
nem mesmo se move. —Yeti, tire sua bunda da cama. Vamos lá.

Ele resmunga, claramente não feliz em sair da cama, e bufa.


— Você e eu. Vamos lá. — Yeti segue atrás de mim, suas unhas
estalando contra o piso de madeira enquanto eu caminho pelo corredor até
a sala principal. A igreja é sempre na grande sala, mas todos os membros
estão reunidos em um círculo, olhando para o chão. —O que está
acontecendo? — Eu pergunto, passando por Skirt e Poodle para ter uma
visão do que chamou a atenção de todos. Quando chego à frente do grupo,
o que vejo faz meu sangue gelar. —Que porra é essa? — Eu digo com
descrença enquanto olho para um de nossos membros mortos.

Ghost.

Faz um tempo que não o vemos. Ele decidiu se tornar nômade há cerca
de um ano. Ele viaja muito e, se precisa de um lugar para ficar, vai para
outro capítulo.

Ele está amarrado, amordaçado e há uma chave de fenda entre seus


olhos.

Minha assinatura.

— Tenho a sensação de que isto é para você, Tool, — Reaper aponta o


óbvio.

— Sim, eu diria que sim, — eu agacho e viro o Ghost de costas. Seus


lábios estão costurados, noto, algo que não faz parte da minha assinatura.
—Como eles conseguiram falar com ele? Reaper, quem fez isso sabe que
mato com uma chave de fenda. Isso significa que é um membro. Temos um
rato.
— Acha que é por isso que os lábios dele estão costurados? — Badge dá
um passo à frente, seus olhos analisando o corpo como ele faria em uma
cena de crime. —Talvez seja simbólico.

— O que você quer dizer? — Estou fazendo o meu melhor para pensar
como Badge, o policial, mas minhas habilidades são bastante limitadas.
Carros, motos, sangue. Isso é tudo para o que eu sou bom.

Badge reflete minha posição, dobrando os joelhos para dar uma olhada
mais de perto em Ghost. O pobre coitado. Parece que ele passou por muita
dor antes que a morte finalmente batesse em sua porta. Badge enfia a mão
no bolso cortado e tira uma de suas luvas de montaria e a coloca em sua
mão. Ele levanta as cordas nos pulsos de Ghost, vendo marcas vermelhas e
cortes profundos, em seguida, verifica o local do ferimento em torno dos
lábios de Ghost. —O Ghost estava vivo quando seus lábios foram selados,
eu acho. Veja as áreas vermelhas e quão apertado está o fio? Ghost lutou.
Os cortes profundos em torno de seus pulsos indicam que ele está nessa
situação há alguns dias e, quando a pessoa não conseguiu o que queria do
Ghost, ele se certificou de que o Ghost nunca mais pudesse falar.

— Isso é doentio, — digo a ele.

— Você deve cortar os pontos e abrir a boca. — Tongue tira sua lâmina
e o aço soa quando ele a abre. Ele se ajoelha no chão do outro lado do
Ghost, colocando o metal afiado contra os lábios do Ghost.

Eu agarro seu pulso, impedindo-o de contaminar um de nossos irmãos.


—Deixe-o descansar em paz, Tongue. Agora não é a hora de você gozar na
boca de alguém.
Tongue arranca seu braço do meu aperto e zomba. —Eu não estou
fazendo isso para deixar meu pau duro. A boca, a língua, é o que conta
verdades ou mentiras.

— Sim, é por isso que sua boca está costurada, — eu digo com um tom
duro na minha voz. Não estou com humor para as merdas estranhas de
Tongue.

— Não, Tongue está certo. Muitas vezes, em cenas de crimes que eu vi,
o assassino deixa um bilhete na boca da pessoa. Faça isso, Tongue, —
Badge diz.

Eu olho para cima para Reaper, surpreso que ele vai deixar isso
acontecer. —Reaper? Vamos lá, cara. Ghost já passou por bastante.

— Deixe-os fazer o que precisam fazer, — Reaper ignora meu apelo, e


Tongue corta cada corda em puxões rápidos até que os lábios estejam
livres.

— O rigor está se instalando. Vou precisar de ajuda para abrir sua


mandíbula. — Badge olha para mim e depois para Tongue, imaginando
qual de nós vai ajudá-lo.

Tongue agarra a mandíbula inferior e Badge começa a abrir os lábios do


Ghost. —Merda, — Badge diz quando vemos que todos os dentes do Ghost
foram arrancados.

Eu olho para longe, odiando que ele tenha passado por tanta tortura
apenas para acabar morto. Normalmente é assim que a tortura funciona.
Você nunca mantém uma ponta solta viva, mas nunca esperei que o Ghost
fosse cortado.

— Olhe para isso. Tongue está certo. — Badge alcança a boca de Ghost e
puxa um pedaço de papel ensanguentado.

— A língua ainda está intacta, então eles poderiam facilmente ter


pegado para mantê-lo em silêncio também.

Ambos, Badge e eu olhamos para Tongue que o diz para calar a boca e
ficar quieto. Neste ponto, o quão silencioso o Ghost realmente não importa.

— O que? É uma observação, — ele murmura.

— Você é um estranho do caralho, — Badge diz a Tongue enquanto


desdobra o pequeno pedaço de papel que estava alojado na boca do irmão
do nosso clube.

Tento descobrir o que Badge está pensando enquanto lê o bilhete. Seus


olhos se movem, mas seu rosto não revela nada. Ele franze os lábios e
segura o bilhete para Prez pegar. Reaper exala enquanto estende a mão e
pega o papel.

Reaper nunca esconde o quão irritado está, e agora, se fosse possível, o


vapor estaria saindo de seu nariz como um touro bravo pronto para atacar
e espetar alguém no coração com seu chifre. —Parece que temos uma nova
ameaça, garoto, — diz ele, me passando o bilhete.

Eu li a nota em voz alta, pensando que todos merecem saber e estar


alerta sempre que eles saírem.
— E um por um os Kings caem junto com seu império.

— O que isso significa? — Poodle pergunta.

— Significa que quem está fazendo isso não vai parar até que cada um
de nós esteja morto, — Badge diz e se levanta, virando o pescoço de um
lado para o outro para estalar.

O clube inteiro sobe ruidosamente, nada pode ser entendido. Todo


mundo está gritando e o pânico se instala. Reaper coloca os dedos na boca
e sopra, um assobio estridente perfura o ar, e todos imediatamente se
calam. Até Yeti cai de estômago e pousa os olhos em Reaper, o homem no
comando.

— Reclamar e gritar sobre isso não vai adiantar nada! — Ele berra, e
Sarah segura sua mão, colocando a cabeça em seu ombro. Reaper fecha os
olhos, respira fundo e se acalma. —Estar na garganta um do outro só vai
piorar as coisas. De agora em diante, todos estarão em pares. Ninguém,
repito, ninguém deve andar sozinho. Se eu descobrir que alguém andou
sozinho, haverá punição. Eu não quero ver isso acontecer com outro de
meus membros.

— Como ele chegou aqui? — Eu pergunto, me perguntando como eles


entraram no portão sem ninguém saber.

— Quem quer que tenha feito isso o largou no início da garagem. Eu o


vi quando cheguei, — Badge diz logo antes de seu celular tocar. —Eu tenho
que atender isso. É o departamento. — Ele passa por cima de Ghost e
alguns membros se afastam para ele passar, e ele desaparece na cozinha.
— Vamos enterrar ele no terreno. — Reaper esfrega os olhos e parece
que está prestes a passar o martelo por estar cansado de lidar com a merda
que cai na nossa porta.

O terreno é o cemitério MC que está localizado na parte de trás da


propriedade. É onde todos os membros que morreram são enterrados.

— Acho que isso tem algo a ver com o xerife. — Eu fico na frente de
Reaper, e Sarah se levanta e lhe dá um beijo na bochecha antes de ir para o
quarto que eles mantêm na sede do clube. —Faz sentido. Ele está na
aplicação da lei. Badge funciona para ele, e isso faz de Badge um alvo, já
que ele trabalha nas proximidades.

— O xerife nos odeia, claro, mas de que adianta ele fazer isso?

— Isso nos leva para fora como uma ameaça.

— Como ele saberia do Ghost? De como você... — Reaper olha para a


esquerda e para a direita para se certificar de que não há ninguém por
perto. —De como você mata. Nada disso faz sentido.

— Presumo que ele tenha arquivos de todos nós. A maioria de nós foi
presa, Reaper. Estamos no sistema. Quanto a como ele sabe sobre mim, eu
não sei. Ninguém sabe disso... — Eu penso sobre o que aconteceu todos
aqueles anos atrás.

— O que? — Reaper me agarra pelos ombros e me sacode. —Cuspa isso,


Tool.

— Você conhece a história de quando eu tinha quinze anos... — Fecho


os olhos e me pergunto se, de alguma forma, o que eu fiz tantos anos atrás
está me perseguindo. Isso me assombrou o suficiente em meus sonhos, mas
agora tem que me foder na vida real.

— O que tem isso?

— Bem, era minha mãe. — Eu saio do caminho quando Bullseye e Doc


pegam o corpo de Ghost.

— Eu vou embalsamar ele e limpá-lo. Ele merece isso, — Doc diz,


levantando as pernas pesadas de Ghost enquanto Bullseye levanta o torso.
Bullseye estremece e já começa a suar de dor no peito.

Reaper inclina o queixo para ele enquanto Doc e Bullseye carregam


Ghost para fora da sala

— Reaper, éramos eu e minha mãe lá, mas há o capítulo de Boston


Ruthless também. Eles sabiam que eu matei meu pai.

— Brass não iria delatar você, e nem Knox. Não explica como o xerife
saberia. — Reaper olha para o teto, e sua pulsação pula em seu pescoço. —
Não estou com vontade de lidar com isso agora. Siga o xerife, descubra
todas as informações que puder. Eu não me importo com o que você tem
que fazer. Eu quero respostas. Também vou falar com o Badge. Precisamos
de informações. Precisamos descobrir o que diabos está acontecendo e por
que o mundo parece nos querer queimados até o chão. — Ele bate a bota e
se arrasta para o quarto em que Sarah está. Sem dúvida, prestes a foder
com raiva, isso é o que eu faria se tivesse uma mulher.

O que me lembra o aviso de Reaper sobre Juliette. A única maneira de


chegar perto do xerife é chegar perto de sua filha. Eu estarei fazendo um
favor ao clube ao conhecê-la. Indo contra as ordens dos Prez para o bem do
clube, às vezes é isso que precisa ser feito.

Tenho a sensação de que Juliette Johnson está prestes a me dar a luta da


minha vida, e não vou resistir de jeito nenhum. Eu quero saber como é
sentir outra coisa que não ódio de novo, e Juliette é a resposta para isso.

Só espero que ela consiga superar o ódio de seu pai por mim.

Porque quando o ódio se choca com o ódio, há apenas um resultado.

Destruição.
Capítulo Oito

— O que eu estou fazendo? O que eu estou fazendo? Nada. Não estou


fazendo nada. Estou trocando meu óleo. Os carros precisam de troca de
óleo. É normal, — eu falo comigo mesma enquanto dirijo pela estrada para
Kings Garage, que fica na propriedade de Ruthless King. Meu carro não
precisa de troca de óleo, mas quero ver Logan. Eu quero ser capaz de
determinar por mim mesma como ele é.

Meu pai me controlou e as decisões que tomei por tempo suficiente.


Quero pensar por mim mesma e ver se Logan é o homem que meu pai o
faz parecer.

Um criminoso violador da lei.

— O que você acha, Tyrant? Estou louca? — Eu olho para o banco do


passageiro e o vejo enrolado em uma bola, sua cauda espessa cobrindo o
nariz enquanto ele cochila. —Você não ajuda muito. — Eu dirijo para longe
da avenida principal em direção ao deserto. Não há muito trânsito na
estrada deserta. É apenas areia de cada lado meu por quilômetros.

Até que uma grande fortaleza aparece. Todo mundo sabe quem mora
aqui. O terreno é diferente do que parecia há alguns meses. Agora, há um
grande portão de ferro que sela sua propriedade. Isso me dá a impressão
de que quem não é convidado não vai sair. Ligo meu pisca-pisca, viro à
esquerda e sigo a estrada de terra por um minuto ou mais antes de chegar
ao portão onde alguém está de guarda.

O homem é grande, ou talvez só pareça grande porque está todo


vestido de preto e tem tatuagens por toda parte. Ele bate na minha janela, e
eu faço a coisa certa e pressiono o botão para abaixá-la. E como sou muito
inteligente, não rolo até o fim, apenas até a metade.

— Declare seu negócio. — Seu hálito cheira a rum. Eu não posso


acreditar que ele está de pé. Meus olhos olham para o nome em seu colete,
e diz Pirate. —Garota, você me ouviu? Declare o seu negócio, — ele estala
para mim, e isso me faz pular no meu banco.

Tyrant acorda e fica de cócoras, rosnando para o homem que está me


dando ordens.

— Estou aqui para trocar meu óleo...

— Não estamos fazendo trocas de óleo hoje. O negócio está fechado.

— Eu... — Merda. O que eu vou fazer? Eu preciso ver o Logan. —Tool


está por aí? Eu realmente preciso falar com ele.

— Eu sabia que uma garota como você não viria bisbilhotar em um


lugar como este. Diga, o que você quer com Tool que eu não posso te
ajudar, querida? — Pirate inclina os braços contra o carro e lambe os lábios,
olhando meu corpo de cima a baixo. —Aposto que você é melhor do que
qualquer prostituta do clube. Tool realmente se superou com você.
— Isso foi um erro. Eu preciso ir. — Eu coloco o carro em marcha à ré,
mas o Pirate enfia um braço pela janela.

— Onde você está indo, querida? Eu posso fazer você se sentir tão bem
quanto ele pode. — Pirate tenta tirar o volante de mim, mas eu ajo rápido e
pego o acelerador. Os pneus giram na areia vermelha, enviando uma
nuvem de poeira no ar e nos envolvendo em uma pequena nuvem.
Finalmente, os pneus ganham tração e o carro sai velozmente.

Lágrimas queimam meus olhos de medo, e faço o meu melhor para


controlar o volante enquanto Pirate corre ao lado do carro e mantém a mão
no volante. O carro gira para a esquerda e para a direita enquanto lutamos
pelo controle. Eu pressiono o acelerador com mais força e o Pirate perde o
controle quando não consegue me acompanhar. Ele cai de cara no chão. Eu
não olho para trás. Eu mantenho meus olhos focados, observando para
onde estou indo e giro o volante para a direita. Eu pisei no freio quando
entro na estrada.

O cheiro de borracha queimada invade minhas aberturas de ventilação.


Minha garganta está seca de tanto respirar. Eu preciso dar o fora daqui. Eu
coloco o carro em movimento, aperto o acelerador e saio de lá como um
morcego fora do inferno.

O que eu estava pensando? Não acredito que pensei que seria fácil
chegar lá para ver o Tool. É melhor simplesmente esquecê-lo. Nós não
combinamos. Nossas vidas são muito diferentes, e nada além de problemas
podem surgir delas.
Um resmungo baixo vibra no chão do meu carro. Eu olho pelo espelho
retrovisor e vejo que uma moto está me seguindo. —Oh merda, — eu grito
e pressiono mais o acelerador, observando o ponteiro do velocímetro subir
mais rápido quanto mais rápido eu vou. A moto está se aproximando
rápido e o farol redondo reflete o sol e me cega por um momento.

Puta merda, estou tentando fugir de um motociclista. Esta é uma


perseguição em alta velocidade! Eu estou assustada. É emocionante, e eu
meio que quero que nunca acabe, mas eu sei que tudo o que aquele
motociclista tem reservado para mim não pode ser bom. Eu pego a faixa
para chegar à minha casa. Posso chegar lá, trancar a porta e tudo ficará
bem.

Tyrant late, e eu acaricio seu pescoço, fazendo o meu melhor para ser
reconfortante. —Eu sei. Nós vamos ficar bem. Eu vou nos levar para casa.
— E então eu não sei o que vai acontecer, mas pelo menos estarei segura no
conforto da minha própria casa. Talvez. Se o motoqueiro quiser, ele pode
entrar quebrando uma janela ou a porta.

Eu realmente não pensei sobre isso, mas não tenho escolha neste
momento. A casa está mais perto do que o departamento de polícia. O suor
escorre pela nuca, saindo do couro cabeludo, e quando faço a curva para
chegar a minha casa, viro imediatamente à esquerda por outra estrada,
depois à direita, antes de voltar para a estrada principal. Eu não vejo ou
ouço uma moto agora.

— Acho que estamos seguros, Tyrant, — sussurro e afago sua cabeça,


mas ele abaixa o focinho, rosnando. Ele não acredita em mim, mas não vou
nos colocar em mais perigo. Não. Eu aprendi minha lição. Chega de visitar
clubes de motoqueiros. Papai está oficialmente certo. Eles são problemas.
Minha casa finalmente aparece, e eu paro na garagem e não perco tempo
saindo do carro. —Venha, Tyrant. Vamos. — Eu bato minha mão contra a
minha coxa, e Tyrant pula do banco do passageiro do lado do motorista
para o cascalho. Minha espinha formiga, os cabelos na minha nuca se
arrepiam, e quando eu olho em volta, observando meu entorno, não vejo
nada desagradável. —Vamos entrar, garoto. — Abro o portão do gramado
da frente e pulo escada acima.

Deslizando a chave na fechadura, giro e abro a porta da frente,


pendurando minhas chaves em um entalhe que preguei na parede à
direita. Tyrant rosna e late, sua saliva pingando enquanto ele olha para o
corredor. O cabelo de suas costas está arrepiado, me dizendo que algo está
muito errado. Abro minha bolsa e pego a arma que meu pai me faz
carregar. Sempre achei que meu pai era louco por sugerir essa arma, mas
agora que estou em minha casa e meu cachorro está enlouquecendo, vou
ter que enviar a papai um cartão de agradecimento.

Eu destravo a trava de segurança e de alguma forma mantenho minha


arma no ar enquanto meus braços tremem. O único cômodo no final do
corredor é o banheiro de hóspedes e um armário, e ninguém pode caber
naquele armário. É uma caixa de sapatos. Minha mão direita permanece na
arma enquanto empurro a porta do banheiro com a esquerda. Acendo a luz
e não noto nada fora do normal.
Tyrant corre para o quarto e começa a latir de novo, e eu o sigo, com
medo de que ele se machuque sem mim lá. —Tyrant! — Eu grito e aponto
minha arma da esquerda para a direita para ver Tyrant na cama, sentado
ao lado de Logan. Ele parece calmo e controlado, acariciando Tyrant com
um sorriso malicioso nos lábios.

— Ei, pequeno pardal, se importa em abaixar essa arma? — Ele diz em


uma voz profunda e sexy, fazendo com que minha calcinha alague, e
minha fenda dói por seu toque.

Eu coloco a trava de segurança e coloco a arma em cima do meu


armário. —Logan, — eu respiro, colocando minha palma no meu peito
enquanto meu coração bate descontroladamente. Não sei por que acho que
minha mão vai fazer meu coração desacelerar, porque isso nunca acontece.
—O que você está fazendo aqui? — Eu questiono e faço o meu melhor para
não pensar em como ele fica bem na minha cama. Ele parece diferente hoje,
cansado com olheiras e uma tristeza que não posso explicar, mas está lá. Eu
caminho até o final da minha cama e deslizo meus olhos sobre suas longas
pernas.

Elas são como troncos de árvore, grossas com músculos que eu quero
escalar até me acomodar no meio de seu colo.

Oh, isso é ruim. Um membro do Ruthless King está na minha cama, e eu


quero que ele fique lá e me deixe ver o quão cruel ele pode ser.

— Pirate disse que você queria me ver, Juliette.


Meus olhos saltam e quase caem no chão. —Era você na moto? Eu
pensei que tinha perdido você. Como você sabia que eu morava aqui?

A grande mão de Logan acaricia a cabeça de Tyrant, e ele se deita, o


traidor, e fecha os olhos, apreciando o toque do motoqueiro. Aposto que
ele está!

Eu zombo internamente, estou realmente brava com um cachorro por conseguir


a atenção que desejo?

Sim, aparentemente sou tão mesquinha.

— Você pode querer tirar seu sobrenome da caixa de correio, se não


quiser que ninguém saiba onde você mora. Agora me diga, por que você
veio me ver?

Droga. —Fui trocar o óleo, mas o Pirate me assustou. Ele veio muito
forte e isso me assustou.

Logan se inclina para frente, relaxando contra a cabeceira da cama. —


Ele tocou em você? O Pirate é um idiota bêbado e geralmente inofensivo,
mas ele tocou em você? — A forma como suas sobrancelhas pretas se
flexionam e franzem faz com que pareça que uma nuvem de tempestade
cobriu seu rosto, escurecendo-o com uma tendência ameaçadora.

— Não, quero dizer, ele deu a entender que queria. Ele disse que pode
me dar o que você puder, e eu não gostei disso, então saí correndo de lá. —
Desvio o olhar, com vergonha de ter saído com tanta pressa, assustada
como uma menina. Eu não consigo lidar com um cara bêbado. Não é à toa
que meu pai estava com medo de que eu ficasse sozinha.
— Eu vou matá-lo, — ele rosna, e a vibração baixa em seu peito faz
meus mamilos ficarem tensos em meu vestido. —É melhor o filho da puta
beber sua última garrafa de rum porque será uma despedida e uma boa
viagem. — Ele está fervendo de raiva, mas não sei por que ele se preocupa
com um homem me querendo. Ele não me quer, certo?

Eu coloco minha mão em seu tornozelo e levanto meus olhos para os


dele, olhando para ele através dos meus cílios. —Está bem. Não se
preocupe com isso. Eu não deveria ter ido lá de qualquer maneira. Eu
estava perdendo minha cabeça.

— Uma garota como você que precisa de uma troca de óleo pode ir a
qualquer lugar, porque veio a mim? Tenho certeza de que seu pai sabe
como trocar o óleo de um carro.

Eu odeio minha pele pálida. Meu sangue corre para minhas bochechas e
queima, e sei que ele pode ver como meu rosto está vermelho.

— Você queria me ver, — ele diz quando descobre. —Mesmo que você
tenha me dado um soco, você ainda gosta de mim.

Eu coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha e mantenho meu queixo


erguido. —Eu não sei o que você quer dizer. Eu não te conheço o suficiente
para gostar de você. E eu não deveria. Já que as mulheres são vadias.

— Você me julgou, mas eu deveria ter sido melhor e não ter te chamado
assim. Não foi certo da minha parte e sinto muito.

A última coisa que espero é que ele se desculpe por qualquer coisa. Ele
não parece o tipo que admite quando está errado com muita frequência. É
justo que eu afaste o orgulho e peça desculpas por socá-lo, embora eu possa
ver que mal deixou uma marca. —Eu também sinto muito.

— Bom, então podemos começar de novo? — Logan balança suas


longas pernas até a beira da cama e fica de pé em sua altura intimidante.
Em duas passadas longas, ele está na minha frente, estendendo a mão. —
Eu sou Logan e todos me chamam de Tool por causa disso. — Ele aponta
para a chave de fenda acima de sua orelha.

— Eu sou Juliette e não sou todo mundo. Vou chamá-lo de Logan. — Eu


deslizo minha mão na dele e ele a aperta com firmeza, esfregando o
polegar no meu.

Ele cantarola, divertido com a minha resposta, e em um movimento que


eu não esperava, ele me puxa para mais perto de seu corpo. Uma
inspiração rápida e o couro invade meus sentidos enquanto sua barba roça
o topo da minha testa, e eu fecho meus olhos, apreciando o pequeno toque.
Não sei fazer isso, estar com um homem, e da maneira como ele me trata,
também não sei se ele sabe estar comigo.

— Eu vou dizer uma coisa e apenas uma coisa antes de beijá-la e deixá-
la nua, Juliette, — Logan avisa, roçando os lábios na minha bochecha. Todo
o meu corpo sente o leve roçar da boca em mim. Minha respiração engata e
espero que ele termine o que vai dizer enquanto suas mãos seguram meu
rosto. As calosidades arranham a superfície da minha pele e meus lábios se
separam de como é bom. —Não sei como sentir nada que seja bom para
mim, — ele admite, deslizando os lábios pela carne sensível abaixo da
minha orelha.
— Talvez eu não seja boa para você, — rebato enquanto minha cabeça
se acomoda em meus ombros, dando-lhe acesso ao meu pescoço.

— Oh, eu sei que você não é. — Sua voz se aprofunda e uma de suas
mãos envolve meu pescoço. —Você vai me matar e, embora o resultado
seja ruim, tenho a sensação de que a jornada vai ser boa.

Não sei o que ele quis dizer quando disse que posso matá-lo, mas não
consigo pensar nisso por muito mais tempo quando seus lábios pousam
nos meus. Minha capacidade de processar qualquer pensamento voa pela
janela. Os pelos de sua barba arranham meu lábio superior quando ele
muda o ângulo de sua cabeça e me puxa para mais perto de seu corpo.

Seus lábios prometem algo perigoso enquanto tomam minha boca em


um impulso possessivo. Sua língua dança contra a minha, girando e
mergulhando dentro da minha boca com perícia. Ele geme na minha
garganta, e eu respondo com um gemido silencioso, segurando sua camisa
em minhas mãos. Logan pressiona seus quadris contra os meus, e é quando
eu sinto seu pau duro pressionando contra minha coxa.

Ele é enorme. Tudo que eu sabia que ele seria. Só faz sentido, já que o
resto dele é tão grande.

Meus lábios estão dormentes e formigando quando ele se afasta e coloca


sua testa na minha. —Você sente... — Ele diz de uma forma que não
consegue acreditar em seus próprios sentimentos.
— Bem, — eu termino por ele. —Você me faz sentir bem. — Eu engulo
para desalojar o nó na minha garganta. Esta não é uma boa ideia. Não há
futuro aqui, mas acho que nós dois sabemos disso.

— Sim. — Ele concorda. —Bem.

A palavra é dita com muita incerteza e um pouco de desgosto. Não


consigo descobrir se isso significa que ele gosta ou não.

Estou prestes a me afastar quando ele agarra a parte de trás da minha


cabeça e esmaga seus lábios contra os meus. É forte desta vez, agressivo,
como se ele estivesse experimentando algo que nunca mais conseguirá
provar. Ele me empurra para baixo na cama, fazendo Tyrant pular. Eu olho
para ele em um torpor brilhante, apreciando a excitação pelo meu corpo.

Não há ninguém aqui para nos parar ou interromper, o que me faz


pensar se isso vai acabar mais cedo ou mais tarde, porque meu pai sempre
tem alguém vindo todos os dias. Ele tira o corte de couro e então, em um
movimento sexy, ele alcança atrás de sua cabeça, agarra a gola de sua
camisa e a puxa.

Mostrando linhas de músculos rígidos, cicatrizes e tatuagens. O corpo


de Logan é o melhor homem que já vi, e tenho a sensação de que ele é mais
homem do que aqueles que já conheci.
Capítulo Nove

O que diabos estou fazendo colocando minhas mãos sujas em todo este
lindo pardal? Eu sou insano. Estou louco, mas tenho que admitir, é tão... eu
odeio dizer a palavra, mas me sinto bem pra caralho. Eu sei que tudo vai
desabar porque essa é a vida, isso é o que acontece quando as coisas estão
bem. Elas estragam em um piscar de olhos.

E é apenas uma questão de tempo antes que ela me odeie também. Vim
aqui procurando... não sei o quê. Depois que Pirate me disse que ela estava
no clube procurando por mim, depois que acabei de enterrar um dos meus
irmãos, estar perto dela parecia muito bom.

Agora eu estou aqui, e ela faz o que há de ruim dentro de mim se


enterrar em vez de deixá-lo ficar na superfície. Ela tira o que há de bom de
mim, e eu quero ser isso por ela, quero, mas estou longe disso.

Eu matei.

Eu torturei.

Eu gostei de um pouco, a maior parte, mas como mãos como as minhas


podem apreciar algo tão bonito, quando tudo o que fizeram foi ver o mal?
— Você é lindo, — ela sussurra enquanto passa as mãos do meu
pescoço, no meio do meu peito e estômago. Ela não está apressada
enquanto me aprecia.

Eu agarro minha mão em torno de seu pulso, impedindo-a de me tocar


como se ela nunca tivesse tocado em um homem antes. Eu não quero ser
apreciado. Eu não mereço isso.

— O que é isso? — Ela pergunta em uma voz suave que faz meu pau
pressionando contra meu zíper. —Fiz algo de errado?

— Não. — Eu balancei minha cabeça. Como posso dizer que ninguém


nunca me tocou assim antes? Todas as mulheres com quem estive sempre
foram uma foda rápida, dentro e fora, é isso. Ninguém nunca me tocou
com delicadeza assim, como se ela pressionasse com muita força, eu vou
quebrar. Eu caio para frente e me seguro em minhas mãos enquanto a
enjaulo, pairando sobre seu corpo suculento. Ela lambe os lábios, carnudos
e naturais, não cheios de injeções falsas como muitas mulheres. Eles são tão
macios, e uma pequena covinha vinca seu lábio inferior por causa da carne
ser tão grande.

Eu chupo em minha boca, mordisco e deixo ir com um pop. Ela geme e


é harmônico, como uma maldita música, e eu sou atraído. Ela é uma sereia,
cantando para atrair suas vítimas antes que ela faça a matança.

Suas mãos podem não ser a minha morte, mas de alguma forma, ela
ainda será a causa disso.
Tomando sua boca novamente, abaixo meu corpo sobre o dela e deixo
minhas mãos caírem entre seus joelhos e levanto seu vestido lentamente.
Eu afasto meus lábios dos dela, não querendo perder a primeira vez que
vejo seu corpo. O vestido rosa deixa sua pele impecável, como vidro, como
se ela fosse delicada.

Lentamente, suas coxas aparecem e minhas mãos agarram a carne. Eu


não consigo parar o gemido que toma conta. Estou consumido por seu
corpo. Cada centímetro dela. Ela tem que ser feita para mim e para o meu
toque, porque não há como uma mulher com essa aparência não existir
para mim e apenas para mim.

Sua calcinha azul vem à vista, e uma mancha úmida umedece em sua
frente. O contorno de suas dobras grudam no material, e meus polegares
mergulham sob a faixa perto de sua virilha. Eu mordo meu lábio enquanto
a vejo se contorcer debaixo de mim, um rubor brilhante tomando conta de
seu rosto enquanto suas mãos agarram os lençóis.

Tão responsiva.

Meus polegares provocam seus lábios, espalhando-os, e ouço o som de


seus sucos aderindo às suas dobras. Eu quero lá embaixo. Eu quero prová-
la e arruiná-la para qualquer outra pessoa. Ela será minha, mesmo que isso
signifique arruiná-la bem e trazê-la ao meu nível de sujeira.

Ela está encharcada por mim.

Para. Mim.
Por mais que eu odeie, eu deixo sua doce boceta e levanto mais seu
vestido. Seu torso é o próximo, e sua cintura é tão pequena, um mergulho
perfeito onde minhas mãos pertencem, e é exatamente para onde elas vão.
Um estrondo cresce em meu peito enquanto agarro sua caixa torácica,
imaginando como será quando eu estiver transando com ela e segurando-a
assim.

Minhas mãos vagam pela protuberância de seus seios e suas costas se


arqueiam para fora da cama quando eu puxo o vestido por cima delas,
vendo a seda de seu sutiã.

— Foda-me, — digo em apreciação, segurando a carne com firmeza em


minhas palmas. Muitos de seus seios caem de meus dedos. Tão grande.
Mais para eu adorar e esbanjar com minha boca. Mal posso esperar para
marcá-los com pequenas mordidas de amor.

— Eu sempre fui mais cheia, — ela diz e tenta se cobrir com os braços, e
eu os agarro, prendendo seus membros ao lado do corpo.

— Você não vai me negar, pequeno pardal. Você é linda pra caralho, e
eu quero ver cada centímetro de você. Quero memorizar cada curva, cada
cume, e mal posso esperar para ter minha boca cheia de seus seios. Você é
perfeita. — Eu puxo o vestido o resto do caminho, e seu rosto fica
escondido por um segundo.

— Logan? — Ela diz meu nome com um pouco de hesitação. —Eu


preciso te contar uma coisa.
— O que é isso? — Beijo a curva de seu seio esquerdo, gemendo de
como sua pele é macia, e continuo a adorar o outro lado com a mesma
atenção. Ela cheira tão bem, como aquela porra de perfume de manga que
eu amo tanto. Eu quero comê-la como a fruta também, só que nunca vou
ter que parar porque isso é uma ajuda interminável de algo delicioso.

— Eu nunca... — As duas palavras fazem meu coração martelar quando


levanto meu olhar de seus seios para seu rosto. Ela está mordendo o lábio
inferior entre os dentes e seu rosto está vermelho como um tomate. Ela não
vai olhar para mim. — Não é porque eu não quero ou porque esperei por
um motivo. Eu não tenho. Meu pai era muito controlador...

— Juliette. — Eu agarro seu queixo e me puxo para cima até que meu
rosto está pairando sobre o dela. —Não fale sobre seu pai quando meu pau
está pressionado contra sua coxa e boca beijando seus seios.

— Certo. — Ela concorda. —Certo. Duh. — Ela finge dar um tapa na


própria cabeça, mas é mais duro do que ela pretende, e ela estremece. —Ai,
certo, eu juro, não sou uma bagunça completa.

— Juliette, me diga. — Eu sei o que ela está prestes a dizer e estou


nervoso, mas estou emocionado. Eu sou um bastardo que não a merece.

— Eu nunca fiz nada disso! Eu sou virgem, mas não quero ser, então
vamos em frente, tudo bem? Vamos. — Ela agarra minhas costas para
apressar as coisas, e isso me faz sorrir, ela está nervosa.

E ela ficou louca se pensa que eu quero acabar com isso ou apressar.
Uma coisa é certa, eu não vou transar com ela hoje. Não estou pronto para
isso e não quero ser o homem que ela odeia depois de perceber que não sou
bom o suficiente para ela. Não serei o cara que tira a virgindade dela e
depois faz com que ela se arrependa.

Eu não quero ser o arrependimento de ninguém. Eu já vivi isso.

— Juliette, se acalme. — Eu encontro seus olhos e posso ver que ela está
em pânico e com medo, mas não do que está acontecendo entre nós, mas
porque eu posso não a querer agora. —Eu amo isso, — digo a ela e a beijo
profundamente, mostrando o quanto amo ela ser em primeiro lugar e
gostaria que pudéssemos ir mais longe do que está prestes a acontecer. —
Relaxe, pequeno pardal. Deixe-me fazer você se sentir bem. — Beijo seus
lábios mais uma vez e desço pelo pescoço, mordendo o meio de sua
garganta.

Eu chego atrás dela e desabotoo seu sutiã, jogando a maldita engenhoca


de lado para revelar seios grandes, redondos e empinados. Eu choramingo
em adoração enquanto os amasso, amando o peso e a sensação deles em
minhas palmas. Não há nada como seios pesados nas mãos de um homem.
Ela mexe contra mim, sua pélvis balançando contra o meu pau. O
movimento faz uma enxurrada de pré-gozo sair da minha fenda e eu
resmungo, agarrando seu quadril com minha mão para interromper seu
movimento.

Estou prestes a gozar em meus jeans, e não posso deixá-la ver que pode
me tirar do eixo tão rápido. Não é bom para um homem gozar tão rápido.
Normalmente não, porque safadas são fáceis, outro buraco só para
preencher o tempo, mas Juliette não é assim, ela é diferente.
Ela é a boa que eu preciso.

E eu não posso ter.

Eu chupo um mamilo em minha boca, cantarolando em torno do botão


alongado e, em seguida, mordo com força, fazendo ela gritar. Suas mãos
agarram minha nuca enquanto cravam as unhas em meu couro cabeludo.
Sempre fui um homem que adora um pouco de dor com seu prazer. Com
um plop relutante, eu solto o pedaço doce e lambo o meio de seu corpo,
mergulhando minha língua em seu umbigo.

É quando eu chego a sua calcinha que ela está esfregando as coxas e


tentando empurrar minha cabeça entre suas pernas. Eu rio de sua
impaciência e pego a calcinha fina e a puxo com um leve puxão. Ela rasga
facilmente e, como sou um colecionador de lembranças, não há nada
melhor para lembrar do nosso tempo juntos do que guardá-la. Enfio no
bolso da calça jeans e afasto suas pernas até que seu centro rosa pisque
para mim.

Ela está nua. Tudo limpo, sem cabelo, e meu pau fica mais duro. Eu
balanço contra o colchão em necessidade de morrer, porra de fricção. —
Que boceta tão bonita, pequeno pardal. Você é uma garota tão boa
guardando para mim. — Eu sopro ar frio contra suas dobras, e ela se
levanta nos cotovelos para ter uma visão melhor de mim.

— Logan, — ela gagueja quando minha língua dá a primeira lambida


do fundo de sua boceta para cima, girando a ponta em torno de seu clitóris
antes de sugar o feixe de nervos em minha boca. —Oh Deus! Logan. Sim!
— Ela geme, caindo de costas na cama enquanto eu a fodo com a língua.
Suas pernas tremem, e o líquido doce gruda no meu queixo enquanto os
sucos escorregadios deixam seu buraco virgem. Meu dedo encontra a parte
intocada dela e desliza para dentro, e a sensação de seu canal quente me
agarrando faz meus olhos girarem para a parte de trás da minha cabeça.
Ela é tão apertada que mal consigo colocar outro dedo dentro. Eu enrolo
meus dedos em um movimento de vem cá, pressionando contra um ponto
que aumentará seu prazer.

—O que é isso? Oh, merda, muito melhor do que qualquer brinquedo,


Logan. Ah sim! — Ela belisca os mamilos e puxa, mas minhas sobrancelhas
vão para a linha do cabelo quando penso nela brincando com brinquedos.
Eu me pergunto o que ela tem e se ela vai me deixar usá-los nela.

Suas pernas ficam tensas em volta do meu pescoço, me apertando até eu


não conseguir respirar, mas eu não tiro meu rosto de sua boceta, não
quando ela está tão perto. Posso sentir o cheiro de seu orgasmo do néctar
que encharca minha palma e o lençol embaixo de nós.

Eu fodo sua boceta da mesma maneira que fodo a cama agora, forte e
rápido, precisando dela para gozar, precisando de me fazer gozar. O gosto
dela é tão bom, eu vou gozar disso. Não há como pará-lo. Ela tem o gosto
da única coisa que tive medo de minha vida inteira. E é tão bom, tão certo,
tão viciante que meu coração está se enchendo de esperança.

Eu odeio esperança.

Eu odeio o bem.

O ódio é constante. O ódio é natural. Ódio é sobrevivência.


Não com ela. Oh, não é com ela.

É o oposto e está oprimindo meu corpo, meu sistema, e reconectando


tudo que sinto e acredito.

Ela é o refúgio que eu sempre quis e nunca pensei que teria.

Eu a pego pelas coxas e cavo minhas mãos em sua bunda enquanto a


seguro no ar e me deleito em seu doce potinho de mel.

— Logan, Logan, Logan! — Ela canta enquanto se desmancha em meus


braços e em minha boca, inundando minha língua com seu doce e saboroso
gozo que eu nunca quero deixar de meus lábios.

É a primeira vez que uma mulher me chama pelo meu nome verdadeiro
na cama, e isso me deixa louco, enchendo minha calça jeans com porra
pegajosa, e eu não me arrependo de nada. Eu gemo em sua boceta com
prazer e alívio, nunca querendo que este momento acabe.

Mas como todas as coisas boas...


Capítulo Dez

Acordei sozinha esta manhã com nem mesmo uma nota de Logan,
apenas seu cheiro. Isso me irrita e me entristece ao mesmo tempo que ele
saiu sem dizer nada. Ele está provando ser tudo sobre o que meu pai me
avisou e, ainda assim, quero mais de Logan. Como uma idiota.

Estou no trabalho agora, olhando pela janela da loja de lingerie para ver
ele e alguns outros membros de seu clube trabalhando no espaço que ele
acabou de comprar. Ele não olhou para mim nenhuma vez. Por quê? Nós
não fizemos sexo. Não é como se ele tivesse conseguido o que queria e ido
embora. Na verdade, fui eu que consegui todo o prazer.

De vez em quando, quando meu cabelo se move sobre meus ombros ou


cai no meu rosto, o cheiro de pinheiro e couro enche meu nariz. Atinge
meu estômago como um peso morto ou uma bola de demolição,
lembrando-me da melhor noite que já tive em toda a minha vida, apenas
para me sentir usada.

Eu olho pela janela novamente, pendurando uma lingerie preta na


prateleira de ouro e perco o entalhe. Ela cai no chão, eu me curvo e fico lá
por um minuto para colocar minha cabeça no lugar. Eu preciso tirá-lo da
minha cabeça.

A imagem de sua boca sugando meu clitóris vem à tona em minha


mente e me tira o fôlego. Nenhum homem acendeu o prazer tão
rapidamente em meu corpo como Logan. Um toque, um simples dedo
contra uma pequena parte do meu prazer, e ele acende um fogo violento, e
a única maneira de domar é ele mesmo o apagar.

— Você vai ficar aí o dia todo? Você quer água? Uma bebida? Um
travesseiro? — Trixie, a gerente e minha amiga, me provoca quando se
senta de pernas cruzadas ao meu lado. —Eu vejo o apelo. Está um pouco
mais fresco aqui e mais escuro, pois o sol está entrando pelas janelas. Você
sabe, eu ainda acho que preciso matá-los. — Ela estala a língua e acena com
a cabeça como se fosse a melhor ideia que ela já teve. —Acho que vou fazer
isso. — Ela bate palmas e suas longas unhas, sempre pintadas de uma cor
brilhante, hoje são rosa neon, se encaixam. —O que você está pensando,
Juliette? — Ela pergunta, levantando uma sobrancelha tatuada para mim.
Ela é um pouco mais velha, na casa dos quarenta, eu acho, mas ela age
como se tivesse vinte. A mulher é jovem de coração e deixa transparecer. É
o que eu amo tanto nela.

Pego o conjunto de lingerie e fico de pé, colocando-o no cabide e dou de


ombros. —Eu não sei do que você está falando.

— Mmm Hmm, você não esconde nada de mim, garota. Você está de
mau humor.

— Não estou, — eu suspiro.


— Você está.

— Não estou! — Eu me defendo e depois rio de como soamos infantis.


Eu rolo meus olhos e desisto. —Tudo bem. Estou de mau humor. Feliz? —
Eu tiro outro conjunto de lingerie da caixa de papelão, este é rosa com
pequenas fitas amarradas nas laterais. É tão fofo, mas de jeito nenhum
meus seios caberão nesta coisa minúscula. Pego um cabide de ouro e
deslizo as alças e certifico-me de que parece puro antes de colocá-lo no
rack.

— Feliz, garota, — Trixie diz e me gira, cavando suas garras no meu


braço. Esses otários doem. —Não gosto de ver você de mau humor, fale
comigo.

Soltei um suspiro pesado e olhei pela janela novamente. —Está vendo o


homem sem camisa?

Trixie ri. —Garota, todos estão sem camisa, e devo dizer, é um colírio
para os olhos. Meu Deus.

— Oh, você está certa. Não percebi que estavam todos sem camisa. —
Meus olhos estão focados em Logan, e ele ainda está com aquela maldita
chave de fenda na orelha. Por que ele está tão apegado àquilo? Suas
tatuagens brilham à luz do sol, rolando com a flexão de seus músculos
enquanto ele joga pedaços de madeira em uma lixeira. Ele está reformando
o antigo restaurante italiano do outro lado da rua, e isso significa que ele
também é um faz-tudo. Perfeito. Ele é perfeito. Eu quero odiá-lo.
— Para qual você está olhando, garota? — Trixie pergunta e, em
seguida, bate palmas na frente dela novamente quando tem uma ideia. —
Oh espere. Me deixe adivinhar... — Ela aponta para todos eles,
cantarolando enquanto pensa, e um sorriso assume meu rosto com suas
travessuras. Ela é louca, mas o tipo bom de loucura. —Aquele. — Ela
aponta para Logan, e minha boca se abre quando ela adivinha certo.

— Como você sabe disso? — Estou perplexa.

— Garota, eu sou velha, não estou morta. Além disso, vejo como você
olha para ele e ele olha para você.

— Ele não olha para mim. — Eu balanço minha cabeça, não acreditando
nisso por um segundo.

Suas unhas batem na parede enquanto ela se inclina contra ela. Seus
olhos se estreitam para mim enquanto ela pensa. Seu cabelo está grande e
inchado de uma permanente que estragou há algumas semanas, mas ainda
parece bom, de alguma forma. Ela pode fazer qualquer coisa com sua
personalidade. A louca está vestindo uma minissaia jeans com leggings
roxas e uma camisa rosa choque que é uma segunda pele, e as alças
abraçam seus ombros. Ela parece ter saído dos anos oitenta todos os dias, e
eu amo cada pedacinho disso.

— Algo aconteceu entre você e aquele espetinho de carne tatuado, — ela


adivinha.

Eu bufo e cubro minha boca quando um ataque de riso toma conta. —


Espetinho de carne?
— Garota, espetinho de carne. Ou seja, tudo sobre aquele homem que
você quer comer como um selvagem. Então me diga, o que aconteceu?

— Algo que não deveria, — murmuro e jogo a lingerie na minha mão.


—Meu pai me avisou para ficar longe dele porque ele faz parte do Ruthless
Kings MC. Nós compartilhamos uma noite juntos, não fizemos sexo, mas
eu acordei sozinha sem uma palavra dele. Sinto-me atraída por ele, Trix. Eu
não posso explicar e não quero que machuque que ele decidiu me deixar
em paz, mas machuca.

— Por que seu pai tem problemas com o MC? Eles fazem muito bem
por esta cidade. Você sabe, eu não teria esta loja se não fosse pelo Reaper.
Eu o conheço por causa de meu irmão, Hawk. Ele morreu há muito tempo
e estava no MC. Reaper certificou-se de que eu estava preparada e cuidada.
Eles fazem muitos trabalhos de caridade. Eles são bons homens.

Eu não fazia ideia. Papai só fala sobre eles de maneira negativa. —Sinto
muito pelo seu irmão, — digo, colocando a mão em seu ombro, e ela bate
no meu bíceps.

— Está bem. Eu aprendi a viver sem ele por um tempo agora. Ouça,
garota, vindo de uma mulher que sabe tudo sobre motociclistas, muitos
deles não são calorosos e confusos. Muitos deles são perigosos, muitos
deles fizeram coisas que arruinariam as pessoas para sempre se soubessem
a verdade. Se ele é totalmente alfa e dominante, tenho certeza que ele pensa
que a melhor coisa a fazer é deixá-la em paz. É por isso que meu irmão
nunca se acalmou. Ele teve dois filhos com algumas prostitutas do clube,
por acidente, e eles ficaram ótimos. Reaper é casado com Sarah, na
verdade, minha sobrinha. Eu não consigo vê-la muito, no entanto. Eu a
conheci tarde em sua vida, então nós realmente não nos conhecemos.

— Talvez você deva mudar isso, Trixie, — eu ofereço a ela alguns


conselhos também, e ela sorri.

— Só se você for falar com aquele espetinho de carne.

— Pare de chamá-lo assim! — Eu agito ela com a tanga de renda.

— Você sabe que estou certa. — Seus olhos olham pela janela
novamente e se arregalam. —Ah não. — Ela aponta, e eu sigo seu dedo
para ver o que a faz perder o humor.

Meu pai está na frente do antigo restaurante e acaba de algemar Logan.


Eu corro para fora da porta e corro pela rua. Um carro pisa no freio e quase
me atinge. Minhas mãos se estendem e batem no capô. —Sinto muito, —
murmuro antes de decolar novamente, e meu pai para no meio do caminho
porque Logan está resistindo, tentando libertar seus braços enquanto olha
para mim.

— Pai, o que você está fazendo?

— Isso não é da sua conta, Juliette. Logan McGraw está sendo preso por
assassinato.

— Isso é ridículo! — Logan se defende e tenta se livrar das garras do


meu pai novamente. —Eu não matei ninguém. Eu estive aqui.
— Onde você estava ontem à noite? — A pergunta do meu pai fez meu
peito apertar. Logan me encara, a mandíbula apertando, mas ele mantém a
boca fechada. —Isso foi o que eu pensei.

— Você não tem provas. Você só quer me prender, — Logan diz, e um


de seus irmãos do clube dá um passo à frente, enxugando o suor da testa
com uma camisa.

— Vamos arranjar um advogado para você, Tool. Não se preocupe. Ele


não tem provas.

— Vou pegar a porra da minha prova para derrubar vocês, bastardos!

— Papai! — Eu não posso acreditar no que estou ouvindo. Este não é o


homem que me criou. —Você não pode prendê-lo e sabe disso. Deixe ele ir.

— Juliette, vou te dizer mais uma vez, isso não tem nada a ver com
você.

— Está tudo bem, — diz Logan para mim. —Eu vou ficar bem.

— Não está tudo bem. Ele estava comigo ontem à noite, pai. É onde ele
estava. Deixe ele ir. Ele tem um álibi.

— Oh merda, — um dos membros do MC diz.

— Porra, — outro grita. —Isso só foi de mal a pior.

— Nenhuma filha minha seria pega morta com escória de motoqueiro.


Você não tem que proteger ele, Juliette.

— Eu não estou, pai. Eu estou te dizendo a verdade. Você está


prendendo o homem errado. Ele ficou comigo a noite toda.
Nunca vi meu pai tão zangado. Ele levanta a mão e antes que eu tenha
tempo para pensar, ele me dá um tapa no rosto. Eu tropeço para trás e
coloco minha mão contra minha bochecha. Um dos caras me pega e me
vira para encarar ele. —Você está bem? — Ele pergunta, tentando tirar
minha mão da minha bochecha, mas estou muito atordoada para me
mover.

Meu pai nunca me bateu antes.

— Que porra é essa? — Logan rosna e se livra dos braços do meu pai.
Ele gira, e o homem com um dardo de alguma forma o usa para destravar
as algemas. Logan corre para mim e eu o deixo tirar minha mão do meu
rosto. Ele rosna, roçando suavemente os nós dos dedos sobre a carne
avermelhada. Queima. —Você bateu na sua própria filha! — Logan levanta
a voz para meu pai, e eu olho para a esquerda para ver Trixie fora da loja
com a mão sobre a boca.

— Eu bateria na minha própria filha a qualquer momento se isso


significar que ela está se transformando em uma de suas vadias, — meu pai
cospe, e o veneno em sua voz aterrissa em mim, e de repente fica difícil
respirar.

Logan me empurra para trás dele e seus braços flexionam. Seu corpo
treme, querendo matar meu pai pelo que ele fez, mas isso só vai piorar as
coisas. Eu esfrego minha mão em suas costas e ele relaxa em um instante.

— Juliette, se você está com eles, você não é minha filha, — diz meu pai
antes de caminhar até sua viatura. Ele vai embora, ligando o interruptor
das sirenes, e fico me perguntando se meu pai é o verdadeiro monstro
neste cenário agora.

— Você está bem? — Logan se vira para mim assim que meu pai está
fora de vista. —Me deixe ver.

— Estou bem, — digo em uma voz distante. —Eu... eu preciso voltar ao


trabalho. Eu te vejo por aí.

— Juliette, não. — Logan me puxa de volta para ele, e seus olhos correm
pelo meu rosto. Ele quer dizer algo, dizer qualquer coisa, mas não fala. Ele
pressiona seus lábios contra minha testa e me solta.

Sem outra palavra, eu esfrego minha bochecha e atravesso a rua, me


perguntando quando meu pai se tornou tão violento. Talvez o verdadeiro
inimigo seja aquele com quem estou vivendo, não aquele sobre o qual fui
alertada.
Capítulo Onze

O único homem que eu queria matar mais do que meu próprio pai é o
xerife Johnson. Depois que ele bateu em Juliette, levei tudo o que eu tinha
para não quebrar a porra do pescoço dele. Ninguém coloca as mãos em
uma mulher e ninguém coloca as mãos na porra da minha mulher.

Se eu o matar, irei para a cadeia e Juliette vai me odiar. Posso viver com
a prisão, mas o ódio de Juliette é algo que eu não acho que posso.

Estou debatendo se a melhor coisa que ela precisa agora sou eu. Se eu
ficar longe, a vida dela será melhor, mas por outro lado, se eu ficar longe,
minha vida não será.

— Você acha que ele nos viu? — Knives, meu carona amigo para a
noite, pergunta. Ele e Tongue são semelhantes em muitos aspectos. Eles
têm essa obsessão por lâminas, apenas Knives brinca com as estrelas ninja,
rolando-as em seu dedo. Às vezes, ele acidentalmente se pica com as
pontas afiadas, e seus nós dos dedos estão todos marcados e fodidos com o
metal. Vou dizer isso, o homem pode jogar uma dessas estrelas a uma
milha de distância e eu juro que ele acertará seu alvo.
Depois de contarmos a Reaper o que aconteceu no Kings Club e como o
xerife bateu em sua filha, ele nos disse para segui-lo e fazer vigilância. O
homem precisa estar na prisão por bater na filha, mas como ele é um
homem grande no campus, nada pode perturbá-lo e nada me irrita mais do
que um homem que pensa que pode se safar com o que quiser.

Eu matei por menos.

Knives e eu seguimos o xerife da delegacia até a parte da cidade que é


conhecida pelos combates clandestinos, drogas e, segundo rumores, tráfico
sexual. Depois de experimentar o tráfico sexual em primeira mão ao visitar
o Boomer e desmontar um capítulo rebelde de Ruthless, percebo que
merdas como essa são mais comuns do que pensamos. De alguma forma,
nos encontramos no meio disso, e estou me perguntando se precisamos ser
algum tipo de porto seguro para as pessoas que encontramos nessas
situações.

— Acho que não, mas estou curioso para saber por que ele está aqui. —
É Johnson e um de seus delegados. Quando o xerife sai da viatura, ele olha
em volta, assim como o policial, para se certificar de que ninguém os notou.
Eu me afundo no assento para esconder meu rosto atrás do volante. —O
que diabos esse filho da puta está fazendo?

— Eu digo... — A voz de Knives é má depois de dar uma tragada no


cigarro. —... que levamos o policial para a nossa salinha de alegria no
porão e vemos se não conseguimos arrancar nenhuma informação dele.

— Você só quer usar sua estrela ninja.


— Então? Acabei de comprar. Veja como é bonito, — ele diz com muito
espanto enquanto sacode a maldita coisa em sua mão. Eu corro em direção
à janela para colocar algum espaço entre mim e Knives. Não estou com
vontade de ser esfaqueado.

— Claro, linda, — eu murmuro e mantenho meus olhos nos dois


policiais andando pela calçada até chegarem a uma casa de tijolos em
ruínas. Trago o binóculo até os olhos para ver mais de perto. Estamos
muito longe para ver a olho nu, então não seremos vistos. Knives levanta o
binóculo também, e observamos o xerife bater na porta e o policial, um
garoto que parece ter acabado de se formar na academia, olha em volta
nervosamente. Eu posso ver o suor crescendo em suas sobrancelhas, e o
xerife dá um tapa no peito do garoto, dizendo algo que eu não consigo
decifrar.

Quando a porta se abre, algo faz cócegas no fundo da minha mente. Eu


conheço esse cara, mas não consigo identificar ele. Ele parece exausto com
algo, e o xerife entrega a ele um maço de dinheiro antes de entrar. O
policial fica do lado de fora para vigiar. Agora é nossa chance de agarrá-lo
e levá-lo de volta ao clube para descobrir em que tipo de potes de biscoitos
o xerife está colocando as mãos, e por que ele quer que Ruthless leve a
culpa por isso.

— Vamos. Vamos trazer um presente ao Reaper. — Eu lanço os


binóculos para o lado e coloco a caminhonete em movimento, rastejando
lentamente até a casa. Em cada lado da rua há membros de gangues,
levantando as mãos em um gesto de arma, dizendo que vão atirar em nós.
Eles não me assustam.

Knives desce sua janela e acerta sua estrela. É silencioso, girando no ar e


perfura a coxa do policial. Ele cai de joelhos e agarra sua perna enquanto o
sangue escorre pelo seu uniforme cáqui. Parando a caminhonete, me
certifico de tirar as chaves da ignição, porque não confio em ninguém deste
lado da cidade. Eu as coloco no bolso com as facas e saio da caminhonete.
Quando os membros da gangue veem nossos cortes, eles se dispersam
imediatamente e correm pela rua.

Sim, foi exatamente o que pensei.

Knives gira e cacareja enquanto caminhamos pela calçada, seringas


vazias e agulhas usadas reunidas na areia que deveria ser grama. Eu estalo
meus dedos e tiro minha chave de fenda do ouvido quando me agacho e
passo a ponta na bochecha do policial. Eu apenas o afiei e ele corta a carne
lindamente. —Ei, policial idiota, — saúdo, e o jovem tenta se afastar. Eu
agarro a parte de trás de sua cabeça e o jogo escada abaixo, e isso faz com
que a estrela alojada em seu joelho se afunde ainda mais até que o sangue
faça uma trilha na calçada.

— O que você quer? — Ele pergunta, os ombros subindo e descendo


com cada gole de ar que ele toma.

— Respostas, — eu rosno enquanto coloco o cabo da minha chave de


fenda na lateral de sua cabeça. Ele desaba no chão, inconsciente. —
Precisamos ir antes que o xerife saia. — Eu levanto o policial em meus
braços e o jogo na cabine da caminhonete, certificando de usar suas
algemas para amarrar suas mãos.

— O que você acha que está acontecendo, Tool? — Knives pergunta


enquanto saímos da vizinhança e fazemos o nosso caminho de volta para o
clube.

Eu passo minha mão sobre minha barba e expiro. —Nada de bom,


Knives. — Seja o que for que o xerife esteja envolvido, eu estou de alguma
forma envolvido porque o cara está vindo atrás de mim sem se importar
que ele está matando um homem inocente, certo, semi-inocente.

O policial está gemendo quando chegamos ao clube, e eu o nocauteio


novamente, então ele não percebe onde está. Eu deslizo minha chave de
fenda no topo da minha orelha, agarro o garoto pelo tornozelo e o puxo
para fora da caminhonete. Eu não me incomodo em pegá-lo. Eu seguro seu
pé e o arrasto pelo chão do deserto, deixando sua cabeça bater em pedras e
merdas. Eu não dou a mínima. Ele merece dor por andar com um pedaço
de merda como o xerife Johnson.

Eu subo as escadas, a cabeça do policial latejando a cada passo que dou,


e Knives sobe os degraus, tirando outra estrela e jogando-a nas costas do
policial. Ele revira a cabeça e suas bochechas tremem enquanto ele geme.
—Nada como o som dela acertando no músculo e batendo no osso.

Eu tenho alguns irmãos MC torcidos do caralho. Knives mantém a porta


aberta enquanto arrasto o policial para dentro, e a primeira pessoa a notar é
Badge.
— Que porra você fez, Tool? — Ele encara com os olhos arregalados o
homem que estou arrastando. —Ele acabou de sair da academia.

— Sim, eu percebi isso, mas eu segui seu xerife e ele foi para uma parte
da cidade conhecida por coisas ilegais, Badge. Você sabe alguma coisa
sobre isso? Talvez eu esteja arrastando o homem errado para o chão.

— Que porra você acabou de dizer? — Badge dá um passo à frente e eu


largo o pé do policial. Em um movimento rápido, eu coloquei Badge em
uma chave de braço com minha chave de fenda em sua têmpora.

— É melhor você pensar melhor do que isso, Badge. Vou fazer de você o
maldito Frankenstein com essa cabeça-chata. Acho estranho que um
policial como você não saiba mais do que deixa transparecer. — Eu
pressiono a ponta da ferramenta contra sua pele e sinto o momento em que
a pele se rompe.

— Vai se foder! Eu nunca daria as costas ao clube.

Eu empurro Badge para longe de mim, e uma gota de sangue desce por
sua bochecha. As vadias estão amontoadas no canto, todas menos Becks,
ela está lixando as unhas e soprando para tirar a poeira. Seus pés são
chutados para cima da mesa, sem nos dar atenção. Tongue está fora das
sombras, e alguns outros irmãos entram para se juntar à comoção.

Reaper está parado com os braços cruzados e aponto minha chave de


fenda para Badge. —Acho que é hora desse filho da puta escolher um lado.
Ele está conosco ou contra nós. Com a merda que está acontecendo, a lei
não é confiável.
— Eu nunca te dei um motivo para duvidar de mim, — diz Badge,
limpando o sangue do rosto.

— Ainda, — eu termino a frase para ele enquanto me curvo para pegar


o policial e faço meu caminho em direção ao porão. —Prez, nós precisamos
conversar. Traga os malucos lá embaixo. O trabalho precisa ser feito.

— Tongue, Bullseye, Knives. Você ouviu o homem, temos trabalho a


fazer, — Reaper grita, e Bullseye bombeia seu punho no ar. Tongue joga
sua lâmina no ar antes de pegá-la com a palma da mão, e Knives dança e
gira novamente enquanto faz malabarismos com suas estrelas ninja.

— Reaper, — a voz de Badge faz meus nervos dispararem. —Ele é


apenas uma criança. Mantenha isso em mente, — ele diz enquanto abro a
porta e desço, sua cabeça batendo contra a madeira enquanto desço.

Thud.

Thud.

Thud.

Acontece cerca de quinze vezes antes de eu chegar aos leitos do hospital


e, no final, vejo Doc verificando Moretti.

Ele levanta a cabeça quando nos ouve e a compreensão surge nele


quando vê quem são os homens atrás de mim. Quando estamos todos
juntos, não pode significar nada de bom. Eu continuo a arrastar o policial e
me viro para olhar por cima do ombro e descubro que sua cabeça está
virada para o lado, com os braços para cima. Eu olho ao redor de Reaper
para ver um pequeno rastro de sangue da estrela ainda alojado em sua
perna.

Coloco meu polegar no scanner antes que a porta de metal se abra e


revele a pequena sala de alegria de que Knives falou antes. Há uma cadeira
de metal no meio onde fica um ralo, o chão é invertido para que qualquer
líquido escorra facilmente e há todos os tipos de armas na parede, mas
geralmente nos limitamos ao que sabemos.

É assim que nos tornamos o que temos. Eu despi o policial até que ele
fique nu, e o amarramos na cadeira de metal. Tongue está encostado no
canto, com fome de distribuir a dor. Knives arranca sua estrela da perna do
homem e então acena com a cabeça quando ele empurra o cara para frente
para tirar a estrela de suas costas. — Quase esqueci. — Ele bate a cabeça
com o punho. —Eu sou bobo.

Jesus.

Reaper entra com um balde de água e joga na criança. Rapidamente ele


acorda e olha ao redor para se ver cercado por motoqueiros.

— Isso pode ser de duas maneiras, — eu digo. —Você nos dá respostas


e nós deixamos você viver.

— Não, você não vai, — ele gagueja, ainda cuspindo água. Ele está
tremendo e seus músculos estão tensos contra o arame farpado que temos
ao seu redor, cavando lentamente em sua pele. Enquanto ele ficar parado,
ele não se machucará.
— Você não saberá até responder a algumas perguntas. — A voz de
Reaper envolve todos nós com o poder de seu comando. —Porque se você
não fala, você está morto, então o que você tem a perder?

— O-O que você quer? — Seus dentes batem. —Eu sou novo. Eu não sei
muito, por favor, — ele implora e começa a chorar.

Porra, vamos. Alguém sabe lidar com um pouco de dor?

— Ouça... — Fico impaciente porque tudo que vejo é o rosto de Juliette


com aquele grande vergão vermelho em sua bela bochecha impecável, e
isso envia querosene pelo meu corpo. Enfio minha chave de fenda no
ombro do cara e o ouço gritar de agonia. Um arrepio delicioso desce pela
minha espinha, formigando meus ossos, e inalo o cheiro de medo e dor. Já
faz muito tempo desde que eu senti isso e esqueci o quanto eu gostava. —
Eu não vou fazer rodeio. O que você sabe sobre o xerife? — Uma breve
imagem minha mergulhando a chave de fenda nas superfícies da cabeça do
meu pai e eu empurro um pouco mais forte na ferramenta, fazendo o
policial gritar.

— Juro por Deus, não sei muito. Ele me fez patrulhar com ele esta noite,
é isso aí. Eu juro por Deus, eu juro, — ele chora, como uma cara feia chora
com os olhos fechados e os lábios virados em uma carranca.

— O que você pode nos contar? — Reaper pergunta a seguir. —Acredite


em mim, Tool é o mais manso do grupo. Você não quer que trabalhemos
no futuro. Se Tongue pegar você, você nunca mais vai falar, garoto. Então
nos conte tudo.
Ele balança a cabeça rapidamente e lambe os lábios, todo o seu corpo
quase convulsiona com calafrios. O arame farpado pica sua pele, e
pequenas gotas de sangue começam a escorrer por sua pele. —Certo, por
favor, eu juro. — Ele geme quando inclina a cabeça para trás para lidar com
a dor que flui por seu corpo. —O xerife é um idiota.

Eu bufo e agarro a alça da chave de fenda, ameaçando arrancá-la e


forçá-la em outro lugar. —Nos diga algo que não sabemos.

— Ele visita aquela casa três vezes por semana, — diz ele, seu estômago
balançando rapidamente a cada respiração rápida que ele inala pelo nariz.
—Todos os policiais sabem sobre o lugar.

Eu levanto minha sobrancelha para Reaper. —Todos os policiais? — Eu


pergunto novamente, me perguntando se Badge sabe sobre isso também e
por que ele não disse nada.

— Sim, todos. Não é um bom bairro. Drogas, lavagem de dinheiro,


brigas, sexo, qualquer coisa que você quiser, você pode conseguir.

— Naquela casa? — Tongue arrastada, sua lâmina brilhando contra a


luz.

Os olhos do policial se arregalam e outra fonte de lágrimas ameaça


escorrer. Que puta do caralho. Não consegue lidar com um pouco de dor,
que tipo de vida essa boceta teve? —A casa é bem conhecida por isso, —
diz ele, enquanto o cheiro de urina invade o ar.

— Você já entrou?
Ele balança a cabeça. —Não, o xerife sempre me diz para esperar na
varanda. Só estive lá três vezes, e todas as vezes são iguais. O xerife dá um
maço de dinheiro, e então eu não o vejo por algumas horas. Ele sai
cheirando a sexo, suor e fumaça. Isso é tudo que eu sei. Juro por Deus, isso
é tudo que sei. Eu sou novo nisso. Eu sou policial há apenas duas semanas.
Por favor.

— Você sabe sobre nós? — Knives pergunta.

— Todo mundo sabe quem são os Ruthless Kings, — diz o jovem


fanfarrão e depois fecha os olhos, respira fundo e as lágrimas param. Ele se
recompõe. —Se você vai me matar, faça isso agora, me dê isso. Eu já disse
tudo que sei.

Bem, agora que o medo se foi, não quero matar ele. Ele tirou a diversão
disso. —Por que você não está tremendo como antes?

— Eu sei meu destino, — ele diz. —Apenas faça.

— Quantos anos você tem, garoto? — Reaper pergunta, acendendo um


cigarro. —Quer um? — Tenho vontade de rir quando ele oferece um
cigarro para o homem amarrado à cadeira.

O cara parece confuso por um segundo e balança a cabeça. —Não fumo.


— Ele encara Reaper confuso. —Eu tenho dezenove.

— Puta merda, garoto. Você ao menos molhou seu pau? — Eu rio e, em


seguida, arranco minha chave de fenda de seu braço, também arrancando
um grito dele que ricocheteia nas paredes. Isso alimenta Tongue porque ele
sai das sombras e luta para não ir até o cara e cortar sua língua.
— Eu... eu fiz sexo. Que porra é essa? Me mata, vá em frente! — O
garoto fecha os olhos e eu suspiro, sabendo muito bem que não vamos
matar um garoto de dezenove anos que estava no lugar errado na hora
errada.

— O que você sabe sobre a filha do xerife? Qual é o seu plano com ela?

— Posso descobrir, — diz ele quando a ideia vem à tona. —Eu posso
fazer o que você quiser. Eu serei sua ligação.

— Você percebe que se nos foder, você está morto, certo? Você e todos
que você ama, — eu ameacei.

— Eu sei. — Ele engole em seco e seu olhar pousa em todos nós. —Eu
não vou te decepcionar.

Huh, talvez se não fodêssemos muito com ele, podemos ter acabado de
encontrar um novo prospecto. —Tudo bem, bebê chorão. — Reaper
desenrola o arame farpado ao redor dele. —Doc vai olhar você e limpar.
Você deve nos reportar todos os dias, e se descobrirmos que você nos deu
as costas, não tenho medo de pegar você.

— Me deixe fazer isso, Prez, — Tongue implora. —Vou ser rápido. Uma
fatia, apenas uma.

— Mantenha em suas calças, Tongue. Ele é apenas uma criança.

— Um tagarela, — Tongue empurra a parede e caminha em direção à


porta, parando na frente do policial. Ele rosna, mostrando os dentes para o
garoto, e o policial choraminga um pouco, urinando mais uma vez.
Eu não o culpo. Tongue é um filho da puta assustador, mas Tongue não
hesitará em desmembrá-lo pouco a pouco se ele não cumprir sua palavra.

Não cumpre a sua palavra?

Então você não mantém sua língua, essas são as regras pelas quais ele
vive.
Capítulo Doze

Achei que veria Logan novamente desde o incidente com meu pai, mas
não vi. Estou começando a achar que ele está ficando longe de mim, e isso
não me cai bem, considerando que meu relacionamento com meu pai está
arruinado. É inútil ficar longe agora. Eu cansei de esperar por ele. Eu quero
respostas.

Eu me olho no espelho e afago meu cabelo. Estou vestindo uma lingerie


sob minha camisa e shorts. Um vislumbre da renda preta pode ser vista já
que o decote em V da camisa a expõe. Meu cabelo está em cachos longos e
grossos, e coloquei um pouco mais de maquiagem do que o normal.

Isso vai determinar se ele me quer ou não. Depois desta noite, estarei
muito cansada para me importar. Eu não sou a segunda escolha de
ninguém. Eu não sou a incerteza de ninguém. Ou ele está dentro ou fora,
não pode haver nada no meio. Eu sei o que quero e sei o que mereço. Estar
no final da lista de prioridades de alguém não é algo que eu quero para
mim.

Eu não serei uma pedinte.

Eu nunca fui esse tipo de mulher.


Você me tem ou não. É simples assim. Eu coloco meus saltos vermelhos
e arranco as chaves da mesa de café. —Vamos, Tyrant. — Eu chamo meu
cachorro, e ele está atrás de mim. Assim que eu abro a porta, Tyrant sai
correndo e desce correndo os degraus enquanto pula ao lado do carro. Ele
adora andar de carro. —Estou chegando. Estou chegando. Esfrie suas
patas. — Eu rio e tranco a porta.

Meus instintos gritam para eu sair de lá, e eu olho em volta, observando


tudo ao meu redor enquanto agarro minha bolsa com mais força contra o
meu corpo, sentindo o contorno da minha arma. Um Mustang velho e
surrado que já viu dias melhores passa lentamente e, embora eu não possa
ver pela janela, posso sentir o olhar deles em mim. Eu corro para o meu
carro, abro a porta para Tyrant entrar e, uma vez que estou sentada, eu a
tranco.

Abro o zíper da minha bolsa e mergulho minha mão dentro para pegar
a arma. Eu me viro para ter certeza de que o carro foi embora, mas
mantenho meu dedo no gatilho e outro para soltar a trava de segurança.
Tyrant para de rosnar, e entendo isso como uma deixa para ir embora, já
que a ameaça acabou.

Enquanto estou dirigindo, penso em Logan e por que meu pai tem tanto
problema com ele. Quero perguntar a Logan, mas honestamente não acho
que ele saiba. Depois que meu pai me bateu pela primeira vez, a última
coisa que quero fazer é falar com ele.

Os últimos raios do sol caem atrás do deserto, e tudo o que resta é a


escuridão da noite e mil estrelas. O deserto pode estar quente, mas é lindo.
O longo trecho da estrada parece desaparecer no escuro e, se não fosse
pelos meus faróis, a estrada seria impossível de ver.

Viro à esquerda na garagem, meus pneus afundam e meu carro balança


junto com o rangido do metal. Chego ao portão e dou um suspiro de alívio
quando vejo que não é o Pirate na entrada, mas um cara baixinho e
magrelo de óculos. O patch em seu corte diz ‘Prospecto’ e, em vez de um
nome de estrada, tem um nome simples, ‘Tim.’

— Qual é o seu negócio? — Ele aprofunda a voz ao falar comigo, e


preciso de tudo para não rir. Ele estufou o peito para parecer maior, mas
não importa o que esse cara faça, ele sempre parecerá um camarão. Um
camarão fofo, mas mesmo assim um camarão.

— Eu preciso ver Logan. — Percebo o momento em que errei porque ele


inclina a cabeça e me encara como se eu tivesse perdido a cabeça. Sim, Tim.
Eu perdi. Eu estou em um clube de motoqueiros. Eu obviamente não estou
lá. —Quero dizer Tool.

— Oh certo. — Ele encolhe os ombros ao entrar em uma pequena


cabana, provavelmente para clicar em um botão, porque um segundo
depois o portão de ferro se abre.

— Obrigada, Tim.

— Você é tão bonita, — diz ele com as bochechas vermelhas e


brilhantes, e então ele bate a porta da cabana depois de pegar seu deslize.

Eu rio com sua timidez, o que não é esperado de um motociclista, mas é


fofo. Eu puxo o carro para frente, e o que vejo faz meus olhos se
arregalarem. Nunca percebi quando estava na garagem, mas a sede do
clube é enorme. O prédio em si é antigo. A arquitetura se parece mais com
um salão antigo, o que lhe confere um brilho único.

O carro para e eu o estaciono, respirando fundo. —Nós podemos fazer


isso, Tyrant. Seria mais fácil se eu tivesse o número dele, mas espero que
isso mude esta noite.

Tyrant late em concordância e eu aceno. —Tudo bem, vamos fazer isso.

Eu saio do carro e meus saltos aterrissam na terra, e eu imediatamente


me arrependo de usá-los enquanto eles perfuram a areia fazendo pequenos
buracos. Tyrant me segue, pulando do carro e ficando ao meu lado
enquanto subimos os degraus. Vejo a grande porta de metal com
amassados e me pergunto se preciso voltar e encontrar minha mente que
deixei em algum lugar, porque nenhuma mulher em sã consciência estaria
de bom grado aqui. Certo?

Bato na porta, esperando que alguém responda, e quando não


responde, coloco minha mão na porta e giro a maçaneta para encontrá-la
destrancada. Huh, isso é estranho. Quando eu abro, vejo uma multidão de
caras gritando uns com os outros. Acho Tool na mistura de homens
corpulentos, mas não consigo entendê-lo por causa da gritaria. Ninguém
me notou ainda e, enquanto caminho para frente, noto um homem no chão.
Ele está vivo, mas não tenho ideia de como, porque ele está espancado,
quebrado e ensanguentado.

E seus lábios estão costurados.


— Oh meu Deus, — eu sussurro, trazendo uma mão trêmula à minha
boca. Em que toca de coelho eu acabei de cair?

— Quem diabos estava guardando o portão? Quem estava guardando a


maldita porta? Ela não pode ver isso! — Reaper grita até ficar com o rosto
vermelho, e Tool parece chateado enquanto pisa em direção a mim. Dou
um passo para trás de sua investida inesperada, mas meu salto fica preso
em um sulco de madeira. Assim que eu caio, Tool me pega, olhando para
mim com olhos duros.

— O que diabos você está fazendo aqui, pequeno pardal? — Logan fala
palavras lentas e cuidadosas, como se estivesse fazendo tudo o que pode
para não gritar na minha cara, e seu tom não me faz sentir bem-vinda.

— Eu queria falar com você, — eu sussurro, nunca tirando meus olhos


do homem no chão. —O que aconteceu com ele? Quem é ele?

— Leve ela para o seu quarto agora, Tool. — Os olhos de Reaper


derramam ódio enquanto ele me encara, e então ele agarra o corte de Tool,
impedindo-o de dar mais um passo em direção ao seu quarto. —E quando
terminar, me encontre na porra do meu escritório porque você obviamente
não me ouviu.

Tool não é o tipo de homem que fica com medo, mas sua garganta
balança enquanto ele engole, e ele dá ao cara no comando um pequeno
aceno de cabeça enquanto me puxa em direção a um corredor, longe do
homem no chão. Tool abre uma porta com um chute e me atira para dentro
com tanta força que meu tornozelo vira para o lado e não consigo firmar o
equilíbrio. Eu tropeço para trás e felizmente sua cama está atrás de mim
porque a parte de trás dos meus joelhos bate na borda do colchão. Com um
grito, eu caio para trás, minha cabeça quase colidindo com a parede. Yeti
está no canto, enrolado em uma bola, e Tyrant se deita ao lado dele.

Traidor.

— Você não pode estar aqui. Isso é negócio do clube, Juliette. — Tool
segura a porta antes de fechá-la. Quando ele olha para mim, ele rouba meu
fôlego de como isso me faz sentir fria. Ele geralmente olha para mim com
muito carinho e desejo, mas agora, me sinto como uma intrusa, alguém em
quem não confia.

Eu torço minhas mãos enquanto penso na minha ideia estúpida de vir


aqui. Vim aqui em busca de respostas, e a única maneira de amenizar as
coisas é fazer as perguntas de que preciso para resolver essa divergência
entre nós. —Logan, você vai me explicar? Eu não quero ficar do lado de
fora olhando quando se trata de você. Temos evitado um ao outro. Depois
do que compartilhamos...

— Não, não fale naquela noite, por favor.

— Por quê? — Uso o colchão como apoio e me levanto para ficar de pé.
—Eu sei que você sentiu o que eu senti. — Dou um passo à frente,
precisando estar mais perto dele. —Por que você está lutando contra isso?

— Como não posso? Olha no que você acabou de entrar? Não vou
permitir que você me odeie a longo prazo, e isso é exatamente o que vai
acontecer se você ficar comigo. É assim que funciona. E tudo o que seu pai
disse a você? — De alguma forma, no meio de seu discurso, terminamos
frente a frente, quase peito com peito. Eu inclino meu queixo para cima
para olhar para ele, e o cheiro persistente de pinho e sândalo se arrasta em
meus pulmões. Só assim, a sensação de se sentir em casa se instala, e algo
perigoso gira em minha barriga me dizendo que não importa o que Logan
diga, eu não vou a lugar nenhum.

Logan se enraizou na medula dos meus ossos.

Eu sinto a queimação familiar de lágrimas em meus olhos enquanto


olho para as minhas mãos. Eu afasto a cutícula enquanto minha ansiedade
toma conta de mim quando me lembro da picada quente da palma da mão
do meu pai contra minha bochecha. —Depois do outro dia, eu não acredito
em nada que ele já me disse.

As calosidades em seus dedos arranham meu queixo, e seu toque já


parece tão familiar. Eu me inclino em sua mão enquanto ele inclina minha
cabeça para cima. Nossos olhos se encontram, e seu olho vai e vem entre os
meus, a raiva e o pânico se foram, substituídos por preocupação. Seus
lábios se transformam em uma carranca, e seu cabelo selvagem cai em seu
rosto por causa do topete no meio de sua testa. Estendo a mão para tirar,
mas Logan dá um passo para longe de mim, me deixando com frio.

Logan começa a andar e olhar para o teto com as mãos nos quadris. Ele
é um homem bonito, um farol de luz escondido por uma escuridão que ele
mantém encoberto para se proteger. Como escudo? Quero saber mais sobre
Logan McGraw. Quero aprender sobre a escuridão para chegar àquela luz
que ele mantém longe de todos os outros.
— Aquele homem no chão... — Ele aponta para a porta onde um
homem espancado está atrás dela. —Aquele homem é um garoto de
dezenove anos e policial. Um dos policiais de seu pai. Dissemos a ele há
alguns dias para fazer alguma vigilância. Seu pai está metido em alguma
merda muito sombria. Esta é a segunda pessoa que vem à nossa porta com
a boca costurada. Nunca deveríamos ter dito a ele para fazer vigilância.
Porra! — Ele grita, chutando sua cômoda com tanta força que sua bota
perfura, criando um buraco enorme. Um abajur dos anos oitenta cai e se
espatifa no chão e algumas gavetas se abrem com a força. —Apenas uma
porra de criança, e fui muito duro com ele quando eu...

— Quando você o quê? — Eu pergunto, e em dois passos largos ele está


na minha frente. Ele tira a chave de fenda do ouvido. Minha boca está seca,
virando algodão quando ele gira o metal afiado entre os dedos. Ela brilha
limpa e quase me hipnotiza.

— Quando eu o esfaqueei com esta chave de fenda para obter


informações sobre o seu querido velho papai. Eu coloquei direto em seu
ombro para obter as respostas que eu queria, — diz ele, observando a
chave de fenda antes de olhar para mim e apontar para meu ombro. Ele
está esperando para ver como vou reagir, mas só me lembro da ponta dessa
ferramenta sob meu queixo enquanto esteve na carne de alguém. —Você
tem medo de mim, pequeno pardal? — Sua voz fica sombria, prometendo
dor e sofrimento, mas eu sei que ele está apenas tentando me assustar.

— Você nunca me machucaria.


— Como você pode ter tanta certeza? Machucar pessoas é meu trabalho.
Como você sabe que nunca vou enfiar isso na sua cabeça?

— Porque você não machuca as mulheres, — digo, lembrando-o das


palavras que ele me disse primeiro.

— Eu faria se fosse preciso, — ele admite. —Se aquela mulher fosse uma
ameaça. — Eu sei o que ele está tentando fazer, mas não importa o que ele
diga, seus olhos e seu corpo vão contra o forte vibrato de sua voz. A
tentativa de Logan em sua verdade é uma mentira.

— Eu sou uma ameaça, Logan? — Minha voz está mais forte do que
deveria, mas estou fazendo o meu melhor para manter o controle do meu
medo. Há duas coisas que sei sobre Logan.

Ele nunca vai me machucar.

Mas ele vai machucar mais alguém se for preciso.

— Você é uma ameaça para mim. — A garganta larga de Logan balança


enquanto ele engole, quebrando nosso contato visual. Ele olha para o chão,
o olhar mais incerto que eu já vi.

— Logan. — Eu coloco minha palma em seu peito, e o aperto dos nós


dos dedos brancos que ele tem na arma que ele está tão apegado afrouxa, e
seu braço cai entre nós. Eu trago minha outra mão e deslizo em sua palma,
tirando a chave de fenda dele. Ele aperta o punho novamente, como se
tivesse medo de se separar dela. — Está bem. Você não precisa disso
comigo, Logan. Me deixe ficar com isso. — Eu deslizo meus dedos em
torno do cabo e, lentamente, seus dedos relaxam, permitindo tirar dele.
Tenho a sensação de que é um grande passo. Se ele fosse um cavaleiro, a
chave de fenda seria sua espada, e um cavaleiro nunca vai a lugar nenhum
sem sua lâmina.

— Juliette. — Meu nome é um gemido enquanto ele fala. —Não


podemos. Seu pai... você vai me odiar pelo que tenho que fazer. Eu não
posso ter você...

— Shh... — Coloco meus dedos contra seus lábios, debatendo se quero


saber mais sobre meu pai, ou se quero silenciar Logan com um beijo e
lembrá-lo de como pode ser bom entre nós. Eu amo meu pai, mas nunca
vou perdoá-lo por me bater, por ser tão cruel com Logan, um homem
inocente. O que quer que Logan tenha sobre meu pai, ainda não estou
pronta para saber porque tenho a sensação de que isso vai me arruinar. —
Eu não quero saber.

— Você precisa antes de tomar qualquer decisão sobre mim, — ele diz
enquanto segura meu rosto, trazendo seus lábios mais perto dos meus. Seu
polegar esfrega contra meu lábio inferior, puxando-o para baixo e
esfregando de um lado para o outro, como se estivesse debatendo sobre o
que fazer com minha boca

Beije.

Ele se abaixa, seus lábios estão longe, e eu sinto um cheiro de cerveja


persistente em sua língua. Um pouco mais perto.

— Tool! — A voz de Reaper nos interrompe junto com um forte golpe


de seu punho. Tanto Logan quanto eu suspiramos, e ele encostou sua testa
na minha e correu os dedos pelo meu braço até chegar à mão que segura
sua chave.

Para alguns, pode ser apenas uma chave de fenda, mas para Logan, é
como ele protege a si mesmo e àqueles que ama.

Ele o puxa da minha mão e leva seus lábios à minha testa. —Fique aqui.
Falaremos quando eu voltar.

— Onde você vai? O que vai acontecer? — Sua bota bate nas pranchas
de madeira contra o chão, e parece que ele está caminhando para a morte.
Pego seu colete e ele vira a cabeça por cima do ombro até que seu queixo
esteja apoiado na curva de seu músculo, levantando uma sobrancelha preta
bem cuidada para mim. —O que ele vai fazer com você?

— Nada que eu não mereça. Eu voltarei. — Ele sai do meu domínio, me


deixando agarrar nada além de um fantasma e o olhar fugaz da caveira em
suas costas.
Capítulo Treze

— Você está brincando comigo! — O rugido de Reaper é dirigido a mim


enquanto me ajoelho no chão da capela. A longa mesa em que todos nós
nos sentamos está encostada na parede e meus irmãos me cercam. Reaper
arranca meu corte e o joga contra o peito de Bullseye, e ele recua, não
esperando ter que pegá-lo.

Estou com tantos problemas, porra.

Reaper agarra meu pescoço e joga minha cabeça para trás. —Uma regra,
Tool. Uma. Não foda a filha do xerife. Você não conseguia manter seu pau
longe, não é? Você sabe o quão ruim isso pode ser para nós? Temos uma
guerra em nossas mãos, Tool. Uma guerra e você está fodendo o inimigo!
— Ele grita no meu ouvido esquerdo, fazendo-o tocar. Sua respiração está
soprando quente contra minha bochecha enquanto ele debate como ele vai
atacar. —Vamos, Tool! — Ele sibila e cuspe voa e pousa no meu rosto,
molhado e quente, quase como se fosse uma toxina tentando queimar a
pele da carne.

— Sinto muito, Prez. — É tudo o que digo porque, novamente, eu


estraguei tudo inacreditavelmente. Ele não precisa saber que eu não fodi
ela porque fiz outras coisas. Eu quero transar com ela. Quero mais com ela
do que jamais quis, mas sei que preciso deixá-la ir.

Eu simplesmente não acho que posso.

— Tire sua camisa, — Reaper ordena, pegando uma lâmina das mãos de
Tongue.

Tongue geralmente parece feliz quando ele vê alguém cortado e


sangrando, mas agora, ele não consegue nem olhar para mim.

Eu alcanço atrás da minha cabeça e agarro a gola da minha camiseta,


puxando-a para dar a ele o que ele quer. —A criança está bem? — Pergunto
sobre o policial que foi deixado na entrada da nossa garagem, assim como
o Ghost foi, depois jogo minha camiseta no chão. Eu sei o que todo mundo
vê, nem mesmo todas as tatuagens podem cobrir as queimaduras de
cigarro que meu pai deixou por todo o meu corpo. Numerosas cicatrizes no
meu torso e nas costas. As tatuagens me fazem sentir mais confiante, já que
as cicatrizes não podem ser vistas diretamente, mas círculos inchados de
tecido cicatricial são levantados, e as tatuagens não podem esconder isso.

— Doc está examinando ele, — Bullseye diz, e Reaper o encara por falar
fora de hora.

— Não, — Reaper rosna com os dentes apertados. Ele se abaixa e


mantém a voz tão baixa que só eu posso ouvi-lo. —Eu tenho que dar um
exemplo. Eu não posso parecer fraco na frente dos meus homens, e você
me fez parecer fraco mais de uma vez, Tool. Adiei a punição para Sarah
porque sabia que foi um acidente. Isso, eu te dizendo para ficar longe da
filha do xerife. Achei que seria fácil para você. Você poderia ter qualquer
pedaço de bunda, qualquer vagabunda, então por quê, o que há de tão
especial sobre ela?

Meus olhos pousam em alguns dos meus irmãos que estão ao meu
redor, Tongue, Knives e Pirate. Percebo que o Pirate não tem uma garrafa
de rum na mão como de costume, e sua pele tipicamente pálida tem uma
cor normal.

— Já passamos por muita coisa juntos, Tool. Você ainda é o cara que
mantém minha confiança, mas preciso saber para que diabos devo me
preparar se você não planeja deixá-la ir. — Reaper espera minha resposta, e
honestamente não tenho ideia do que dizer a ele.

Quero continuar a ver ela, mas também não quero que ela se sinta
sobrecarregada por um homem como eu. Ter ela é um grande ganho para
mim, mas ela me ter? Eu sou e sempre serei alguém escurecendo sua luz.
Eu não sou nada além de uma perda para ela.

— Eu não vou deixar ela ir, — eu digo, ousando encontrar seus olhos
castanhos flamejantes. —Ela é material para uma Old Lady para mim,
Reaper.

Alguns murmúrios de surpresa dos meus irmãos rolam ao meu redor.


Eles não me veem com muitas mulheres, e é porque mantenho meu pau
longe dos olhos do público. É por isso que eu não fodo com as vadias da
sede do clube e trago uma mulher para o meu quarto.

Usualmente.
Juliette está lá agora.

— Você é um idiota, Tool. A filha do xerife?

— Vindo de um homem casado com alguém que tem dezenove anos. —


Eu fecho meus olhos quando percebo meu deslize. Posso ter acabado de
assinar minha sentença de morte. —Reap... — Antes que eu possa terminar
de dizer seu nome, seu punho acerta minha mandíbula com tanta força,
minhas costas atingem a madeira e meu cotovelo quebra uma das tábuas
do chão ao meio. Eu gemo, e a bota de Reaper pousa no meu peito, me
mantendo preso no chão. —Eu merecia isso. Eu sinto muito.

— Por desobediência e por não seguir meu comando, você será


marcado com um aviso.

Oh merda. Não, não, não, isso não.

— Reaper, — eu engasgo, implorando a ele com meus olhos para


reconsiderar isso. Eu sei que tenho que aceitar isso porque eu mereço. Tive
sorte que ele não me tirou meu corte quando dei um soco no rosto de
Sarah. Foi um acidente completo. Ainda não consigo acreditar que ela
pulou na frente de Boomer e levou aquele golpe. Por meses, Reaper tem
esperado pelo castigo perfeito porque ele não queria me punir na frente de
todos.

— Assim que terminarmos, seguiremos em frente. — Reaper coloca a


ponta da lâmina sobre o meu coração, e eu respiro fundo algumas vezes
tentando me preparar mentalmente para a dor. Reaper tem uma regra de
três golpes antes de arrancar o coração de um membro.
Ele grava um coração no peito.

Em seguida, se o membro desobedecer novamente, ele cravará uma


flecha nele.

Na terceira vez, é quando alguém dá seu último suspiro e ele segura a


alma sangrenta de alguém na palma da mão.

— Me dê um isqueiro.

Oh, sim, ele aquece a lâmina também, certificando-se de que deixa


cicatrizes. É um lembrete que tenho que olhar todos os dias pelo resto da
minha vida de como eu falhei com meu melhor amigo.

Ele me encara como se isso o machucasse mais do que a mim. Sim, eu


duvido muito disso. O cabelo de Reaper está caindo em seu rosto, e quando
Bullseye acende a luz, um brilho iridescente pisca em sua pupila. Reaper
coloca a lâmina sobre o fogo, deixando-a aquecer até que o metal fique
preto com a fumaça. Ele vira a faca, certificando-se de que o metal fica bom
e escaldante para arruinar minha carne, e uma repreensão de suor cobre
meu corpo.

Em vez de Reaper, é meu pai parado em cima de mim depois de me


bater até que eu não consiga me mover, acendendo o cigarro toda vez que
bate em minha pele. Já posso sentir o cheiro da minha carne queimando.
Eu não posso reclamar. Eu tenho que fazer isso.

Eu não luto.

Eu não imploro por misericórdia.


Eu fiquei lá, esperando pela minha punição como sempre fiz.

Reaper se abaixa e remove sua bota, suas sobrancelhas juntam-se, e nós


compartilhamos um olhar cheio de desculpas e aceitação. Sem aviso, ele
pressiona a faca acima do meu coração e começa a cortar. Eu mantenho
meus gritos dentro de mim, não querendo que os membros vejam sua
vadia VP gemendo de dor quando eu experimentei pior.

Ainda assim, o metal quente queimando minha pele não é a melhor


sensação.

Eu fico tenso, fechando os olhos com força e respiro fundo, ofegante,


quase como se estivesse hiperventilando, mas respirar tão rápido e forte
ajuda com a dor. A ponta da lâmina se curva para cima e para baixo e o
suor goteja em poças enquanto meu corpo reage ao fogo sendo colocado
em minha pele. Reaper torce a faca, trazendo-a até outra curva antes de
trazê-la ao ponto inicial.

Está feito.

Ele remove a faca da minha pele, minha carne dolorida e queimada e o


cheiro me dá vontade de vomitar. A bile sobe pela minha garganta, mas eu
engulo e rolo sobre minhas mãos e joelhos, balançando a cabeça para tentar
limpar a tontura.

— Não me faça colocar essa flecha em você, Tool. Não me faça, porra. —
Reaper me põe de pé e minhas narinas dilatam com a intensidade da
minha respiração enquanto olho nos olhos do meu presidente.
— Você não precisará. — O sangue escorre pelo meu peito e pelos
sulcos do meu abdômen. Meus ombros sobem e descem, minha pele está
tremendo com o choque. Reaper estende a mão, me dizendo que ele está
pronto para colocar tudo para trás.

Um flash de meu pai toma o lugar de Reaper, e eu fecho meus olhos e


tento recuperar minha sanidade.

Não é ele. Reaper não é ele. Esta foi uma punição diferente. Você está bem. Você
provou a si mesmo. Essa é a diferença.

— Tool? — Reaper late meu nome para me tirar do meu torpor, e


quando abro os olhos, esperando ver uma imagem de meu pai bêbado, vejo
Reaper e sua carranca.

É difícil de acreditar, mas que alívio. Meu pai está morto. Ele não pode
me machucar mais. Eu me certifiquei disso.

— Estou bem, — eu digo, caminhando até onde minha camisa está


jogada no chão e a pego. —Meu corte? Devo manter meu patch? — As
palavras são ásperas enquanto deixam minha garganta seca. Se Reaper
assumir meu status de vice-presidente, ficarei arrasado. Este MC é tudo
para mim, ser o braço direito de Reaper significa tudo para mim.

Reaper arranca meu corte das mãos do Bullseye e o joga para mim. —
Tool, você será meu vice-presidente até seu último suspiro ou o meu. Você
não precisa se preocupar com isso. Vá descansar durante a noite, todos
vocês. — Ele lentamente circula para olhar para todos. —Teremos um
longo dia amanhã. O xerife começou uma briga com as pessoas erradas.
Badge? Fique para atrás. Quero falar com você.

Todos se dirigem para a porta, um estrondo lânguido de botas prontas


para sua liberdade. Eu sou o primeiro a passar pelo distintivo. Eu não acho
que ele sabe o que está acontecendo com o xerife, e eu deveria ter dado
uma folga, mas mantenho o que disse.

Seja um policial ou um MC.

Ele não pode ter os dois e não pode ser os dois. Para este propósito aqui.
A água está muito suja, e seja o que for que Reaper está prestes a falar com
ele, não pode ser pior do que ter um coração esculpido em seu peito,
avisando que qualquer erro a mais é um passo mais perto de ter sua alma
colhida.

Dou um tapinha nas costas de Badge e alguns caras fazem o mesmo que
eu, incluindo Poodle. A maior dor na bunda que eu tenho aqui.

— Foi preciso coragem para ficar ali enquanto ele tinha aquela faca no
seu peito e não gritar ou dizer um pio. Ainda posso sentir o cheiro de sua
carne e acho que seu peito está fumegando, — Poodle tosse e acena para
ele. Eu olho para baixo para ver do que ele está falando e bufo. Droga, está
porra. Não é à toa que dói tanto. Minha pele está cozinhando.

— Tem bolas, sim, mas não maiores que as minhas! — Skirt bate a mão
no meu ombro e me sacode. Já que meu peito é tão sensível, meu coração
parece que vai cair do meu esterno no chão.
— Obrigado rapazes. — Eu não tenho energia para dar merda a eles. Eu
só quero me limpar e deitar. Quando eu entro na sala principal, todas as
putas estão lá esperando, e Becks está apenas relaxando no sofá, assistindo
TV.

— Eu posso fazer você se sentir melhor, Tool, — Millie ronrona,


deslizando as mãos pelos meus braços. —Eu posso beijar para melhora. —
Ela franze os lábios e eu estremeço internamente pensando onde esses
lábios estiveram. Por exemplo, cerca de metade dos paus do MC, e eu não
sou um centésimo desleixado, ou como quer que se chame.

— Não, obrigado, Millie. Você conhece minhas regras. — Eu tenho uma


mulher esperando por mim em meu quarto, por quem arriscarei minha
vida. Eu não estou desistindo disso por um pedaço de traseiro usado. Sem
ofender Millie, mas é exatamente o que ela é. Ela se joga em qualquer um
que espera ganhar aquele patch de propriedade, mas eu não sei quando as
vadias vão colocar na cabeça que elas são apenas passantes para nós até
que a mulher certa apareça.

— Tudo bem, mas seria tão bom. — Ela pisca e balança sua bunda plana
de volta para trás do bar.

Eu enrolo meu lábio e giro no meu caminho para entrar no corredor que
leva ao meu quarto quando Poodle fica no meu caminho. —Poodle, agora
não, cara, — eu gemo.

— Poodle? Onde estão... oh, oi, Tool, — Melissa, uma das garotas que
salvamos do incidente de tráfico sexual em Jersey sai do quarto de Poodle.
— Você está bem? — O tom divertido de Poodle se foi, aquele que ele
usa constantemente quando fala com ela. —Pesadelo? — Ele pergunta, e
ela me dá uma olhada rápida antes de suas bochechas ficarem vermelhas, e
ela corre de volta para o quarto.

— Poodle, se você tem algo a dizer, diga. Eu tenho uma merda que
ainda preciso cuidar esta noite. — Eu começo a viagem pelo corredor,
olhando para a porta do meu quarto no final dele.

— Mantenha seu vira-lata longe de minha Lady, você me escutou? Os


dois vira-latas, — avisa. Esse é o Poodle que conheço e amo. —Ela tem um
grande show chegando, e eu não vou deixar seus cachorros arruinarem sua
grande chance.

— Oh, Jesus Cristo, Poodle. De novo com os malditos shows? E se Yeti


quer se dar bem com Lady, e ela está disposta, quem sou eu para parar o
amor?

— É melhor você parar! Eu juro, Tool. Eu vou...

Abro a porta do meu quarto e bato na cara dele, não querendo lidar com
ele. Eu coloco minha cabeça contra a madeira e respiro fundo algumas
vezes, travando a fechadura no lugar.

— Isso não acabou! — Ele grita, me fazendo sorrir um pouco. A briga


nunca acaba entre nós. Eu levo um momento para recuperar o fôlego antes
de me virar, na esperança de encontrar Juliette quando vejo que minha
cama está vazia.
Porra, ela foi embora? — Juliette? Juliette! — Corro para o banheiro para
vê-la secando o rosto com uma toalha, vestida com uma das minhas
camisetas. É uma camiseta dos Ruthless Kings, preta, um pouco mais nova
do que muitas das minhas outras camisas, e é muito grande para ela, mas
caramba, uma camisa nunca ficou melhor. —Você ainda está aqui, — eu
digo com alívio.

Ela sorri, mas desaparece rápido quando seus olhos pousam no meu
peito. —Oh meu Deus, Logan! — Ela corre para mim e estende a mão para
tocar meu peito, mas ela não faz porque tem medo de me machucar.

Seu toque nunca poderia me machucar.

É a única coisa que me lembra que sou capaz de sentir algo diferente do
ódio.

— Sente na cama. Eu vi um kit de primeiros socorros embaixo da sua


pia, me deixe cuidar de você, — ela diz e me enxota em direção à cama. Eu
me sento, e ela fica satisfeita por eu não discutir com ela, enquanto abre a
porta do armário embaixo da pia e vasculha todas as guloseimas que estão
lá.

Me deixe cuidar de você.

Mas como eu cuido de você, Juliette?


Capítulo Quatorze

O silêncio é um pouco estranho enquanto eu limpo seu ferimento. Eu


não sou boa com silêncio. Eu sempre tenho que ser aquela que preenche
isso com alguma coisa, qualquer coisa. Molho uma bandagem com álcool e,
com cuidado, começo a limpar a pele queimada e morta. Meus olhos
lacrimejam, mas não com a fumaça do álcool, mas com a ideia de que
alguém faria isso com Logan. Quero saber por quê, mas não sei como
perguntar, porque tenho a sensação de que a culpa é minha.

Então, eu faço o que sempre faço quando estou chateada ou nervosa. Eu


canto. Eu mantenho a música de Nora Jones baixa e suave, com cuidado
para não ser muito alta. Não quero incomodar ninguém, e enquanto limpo
o coração perfeitamente esculpido no lindo peito de Logan, percebo como
as pessoas devem ser carnais para viver o dia a dia em uma organização
como esta.

— Você tem uma voz linda, — Logan diz depois de alguns minutos
cutucando seu peito.

— Desculpe, vou ficar quieta. Eu canto para preencher o silêncio. — Eu


me viro e jogo o curativo na lata de lixo. Meu cabelo cai sobre meu rosto e
esconde meu constrangimento. Eu vasculho a caixa vermelha do kit de
primeiros socorros e tiro outro pedaço de gaze.

Sua mão pousa em cima da minha quando eu alcanço o peróxido de


hidrogênio, cobrindo completamente meus dedinhos com sua palma larga.
—Eu nunca quero que você pare de cantar. Eu poderia te ouvir pelo resto
da minha vida. Continue por favor.

Logan não parece o tipo de cara que diz por favor. Quase parece
estranho vindo de um homem que se parece com ele. Logan me parece o
tipo de cara que exige o que quer. O tipo de homem que me faria cantar,
não simplesmente me pediria.

— E-Eu não sei. — Meu rosto está quente como um molho apimentado.
—Eu não canto na frente das pessoas.

— Eu não sou pessoas, pequeno pardal.

— Por que você me chama assim? — Eu finalmente pergunto. —É por


causa do meu nariz ou algo assim? Eu tenho um nariz de bico? — Eu cubro
meu nariz com a mão e suspiro, bloqueando-o para que ele não possa ver.

Ele joga a cabeça para trás e ri até estremecer, segurando o peito com o
puxão e repuxão da pele. —Você tem um nariz lindo. Quando te conheci,
pensei que você fosse uma princesa, mas quanto mais eu ouvia sua voz,
mais eu achava que você soava como uma canção e os pardais da canção
sempre têm a melodia mais bonita. E agora eu sei que você pode cantar
assim, só prova que estou certo. Vamos. Cante para mim.

— Logan ...
— Meu coração está em suas mãos. Me deixe ouvir essa voz. — Seus
nós dos dedos roçam meu queixo, e quando eu olho para cima das bordas
pretas queimadas da nova marca em seu peito, vejo o calor brilhando em
seus olhos.

Minha decisão se quebra, sempre acontece quando se trata de Logan. Eu


começo a desinfetar sua ferida novamente. —Você não vai tirar sarro de
mim?

— Querida, você pode soar como um maldito corvo, e ainda acho que é
a melhor coisa que já ouvi.

Eu rio com um aceno de cabeça, fazendo meu cabelo cair sobre meus
ombros. —Por quê? Isso é terrível.

— Porque está vindo de você, Juliette.

Solto um suspiro trêmulo e jogo a gaze usada na lata de lixo. Meus


nervos estão vibrando em meu estômago como um enxame de morcegos
enlouquecidos. Esqueça as abelhas, meus nervos melhoraram. Limpo
minha garganta e pego o tubo de bacitracina. Decido ir com outra música
de Nora Jones, minha artista favorita em todo o mundo. Minha mãe
sempre colocava o álbum de Nora Jones para mim quando eu ia dormir, e
sua música é a melhor para cantar quando preciso ser acalmada, então
espero que seja o mesmo para Logan.

Enquanto estou cantando, Logan fecha os olhos enquanto eu pego e


cutuco seu peito. Antes de cobrir, quero ter certeza de que removerei toda a
pele queimada. Parece tão doloroso e cru. Quero dar um soco na cara de
Reaper por fazer isso com ele, mas não quero tornar as coisas piores do que
já fiz.

A música chega ao fim enquanto eu coloco uma bandagem quadrada


em seu impressionante peitoral. Como um homem é tão musculoso? Se eu
quisesse, poderia lavar minhas roupas contra seu estômago, porque ele tem
abdômen de tanquinho.

Tábua de lavar. Abdômen.

Vou ter que tirar uma foto para poder olhar seu corpo sempre que
quiser.

— Pronto. Tudo feito, — eu digo com um suspiro. Enquanto eu me


afasto, os dedos de Logan prendem meu pulso e me impedem de dar outro
passo.

— Gosto das suas mãos em mim. — Ele me puxa para ele de novo, e
estou mais perto do que antes quando enfaixei seu peito. Logan controla
minhas mãos e as coloca em seus peitorais novamente, e seu peito sobe e
desce enquanto um zumbido baixo percorre seu corpo. —Sim, assim. Eu
amo o seu toque e amo isso... - Ele acaricia o meio da minha garganta,
dizendo que gosta da minha voz. —Você parece uma mistura de Janis
Joplin e Nora Jones. É lindo. Você é linda. Não quero tocar em você porque
tenho medo de arruiná-la. Isso é o que eu faço, Juliette. Eu arruíno.

Eu deslizo minhas palmas em seu pescoço. Sua barba é mais macia do


que eu pensava, e eu acaricio suas mechas macias, amando a sensação
quando os fios deslizam entre meus dedos. Ele geme enquanto eu
massageio seu rosto, apreciando como seus olhos se fecham e as vibrações
em sua garganta fazem cócegas em minhas mãos.

— Se sente bem? — Eu digo com um sorriso, então puxo o cabelo de seu


queixo.

— Você está de brincadeira? São suas mãos. Qualquer coisa que você
fizer para mim será bom.

Eu lambo meus lábios por um segundo, debatendo se quero arriscar que


sei que quero, mas tenho medo de ser rejeitada. Todo mundo lida com
rejeição, certo? Faz parte da vida. Eu verifico para ter certeza de que seus
olhos estão fechados e meu olhar cai para seus lábios. Eles são gordinhos e
rosados, escondidos atrás de uma espessa moldura de cabelo preto. Eu
paro de esfregar suas bochechas e levanto suavemente sua mandíbula
quadrada e definida e me inclino, dando um salto de fé enquanto pressiono
meus lábios contra os dele.

É um selinho longo, sem língua, sem urgência. Apenas algo macio e


doce. Tenho a sensação de que ele não sente nada doce há muito tempo.
Relutantemente, eu afasto meus lábios, meus olhos tremulando abertos
para ver seus lábios ainda ligeiramente separados e enrugados para mim.

— Como você se sentiu? — Quase não reconheço o som da minha voz


com o quão rouca ela é.

— Como a porra de um sonho do qual nunca quero acordar. — Em um


piscar de olhos, ele agarra meu rosto e esmaga nossos lábios. Suave e doce
se foi, e apaixonada e urgente tomou seu lugar. Nós respiramos na
garganta um do outro, vivendo apenas para sentir o gosto um do outro.
Meus lábios se separam enquanto eu choramingo quando sua língua
desliza contra a minha.

— Porra, não me canso de você, — diz ele com um rosnado frustrado, e


suas mãos deslizam pelo meu corpo, agarram minha bunda e me colocam
em seu colo. —Essa bunda. — Ele aperta minhas bochechas em suas
palmas e, em seguida, me balança contra seu pau duro. —Você é perfeita.

— Seu peito, — eu digo entre respirações irregulares. Tentar obter o


controle do meu corpo é impossível quando seus dedos estão cavando
profundamente em minha carne, agarrando, apertando, me puxando
contra sua ereção. Meu clitóris se arrasta contra o eixo grosso, já que a
única barreira entre nós é minha calcinha.

— Meu coração está cheio, — ele responde, tomando minha boca


novamente em um beijo que deixa meu corpo tão quente, uma torrente de
excitação embebe minha calcinha enquanto minha luxúria cresce com cada
golpe de sua língua contra a minha e cada deslize de seu pau entre minha
fenda.

— Eu não quero te machucar. — Ele inclina minha cabeça para trás


depois que as palavras deixam meus lábios, e Logan morde meu pescoço,
enviando dores agudas em meus nervos. Minhas mãos se enredam em seu
cabelo, e o lado raspado é como cabelos com cerdas espinhosas contra a
minha palma, enquanto o lado comprido é como fios de seda. Achei que as
mechas pretas mais compridas seriam ásperas como ele, mas não são, elas
são suaves, como o coração que ele esconde.
— Oh, pequeno pardal, você deveria estar preocupada comigo te
machucando. — Em um movimento rápido, Logan me vira para a cama
pelo controle que ele tem na minha bunda, e agora estou olhando para ele,
olhando para ele me observando enquanto suas mãos levantam lentamente
sua camiseta do meu corpo. —As coisas que quero fazer com você. — As
palavras terminam em um grunhido primitivo, e seus dedos cavam em
meus quadris o mais forte que podem. Forte o suficiente para machucar, e
acho que de certa forma, isso me machuca.

E pela manhã, poderei ver suas marcas em mim.

— O que você quer fazer? — Eu pergunto, minha respiração saindo


áspera quando ele abaixa a cabeça no meu abdômen, pairando seus lábios
logo abaixo do meu umbigo.

Ele pressiona um beijo suave e, em seguida, solta uma risada irônica,


passando as mãos pela minha caixa torácica. Sua respiração trêmula faz
minha pele arrepiar e ele faz uma pausa, fechando os olhos famintos como
se estivesse tentando se impedir de me destruir. —Eu acho que a melhor
pergunta é, — sua garganta muscular balança enquanto ele fala, —o que eu
não quero fazer com você?

Um gole audível soa alto e embaraçoso.

Ele ri, sombrio e ameaçadoramente, e a temperatura do quarto cai. Meu


sangue ferve quando ele segura meus seios sob a camisa, trazendo sua boca
ao meu ouvido enquanto ele sussurra. —Parece que você está com medo
agora.
Eu balanço minha cabeça e circulo meus braços em volta do seu
pescoço, sussurrando. —Só estou com medo de não agradar você.

Ele agarra meu queixo e me força a encontrar seus olhos. Suas


sobrancelhas franzem com raiva e seus lábios se apertam, criando rugas ao
redor de sua boca, onde estão as linhas de sua risada. —Você me agrada
mais só por estar aqui comigo, mais do que qualquer pessoa já fez. O que
quer que façamos, tudo o que compartilhamos, será mais do que qualquer
coisa que já experimentei. Eu não acho que você entende, — ele passa o
nariz pela minha bochecha, —como você virou meu mundo de cabeça para
baixo. — Meu cabelo castanho cai sobre meu ombro enquanto sai de dentro
da camiseta quando Logan puxa o material extragrande sobre minha
cabeça.

Os olhos de Logan percorrem meu corpo, me encarando como se ele


nunca tivesse me visto nua antes, mas ele viu. Sua mão está no meio do
meu peito. Um, dois, três segundos se passam antes que ele passe o dedo
no meio do meu abdômen.

—Tão macio, — ele impressiona, passando os dedos em mim como um


pincel contra uma tela em branco. Enquanto o vejo me mapear com seu
toque, suas mãos tatuadas contra minha pele lisa e sem marcas, suponho
que é isso que somos.

Ele é o pincel.

Eu sou sua tela.


E com cada golpe que ele dá ao longo das terminações nervosas da
minha pele, mais perto ficamos de criar a obra-prima que somos nós. Acho
que ele nunca ouviu isso, mas ele é lindo. Tenho certeza que ele ouviu
bonito, sexy e gostoso, mas não acho que alguém realmente olhou em seus
olhos e viu a vulnerabilidade de sua alma que ele mantém trancada, tão
profunda que nunca pode ser tocada.

Exceto agora, estou começando a experimentar a suavidade que ele


aprisiona dentro dele que ninguém mais pode ver, e é lindo.

Logan McGraw é lindo.

Sem dizer outra palavra, ele se inclina e me beija, levando seu tempo
para traçar meus lábios com sua língua antes de mergulhar dentro da
minha boca ansiosa. Minhas mãos pressionam suavemente contra seu peito
e ele se senta, me deixando correr minhas mãos pela escultura requintada
que é seu corpo.

Ele é arte.

E ele merece ser apreciado.

Eu abro o botão de sua calça jeans e puxo o zíper para baixo, e os dentes
rangentes separando destravam algo dentro de mim. Eu só quero dar
prazer a ele e fazê-lo se sentir bem. Tenho a impressão de que ele não
consegue se sentir bem com muita frequência. Uma de suas grandes mãos
segura a parte de trás da minha cabeça enquanto eu trabalho seu jeans em
seus quadris.
Em cada lado de seus quadris estão tatuagens geométricas,
mergulhando em um V que leva a seu pau. Parece grande, muito grande, e
não tenho certeza de como lidar com o monstro, mas vou tentar. Eu engulo
alto quando vejo a base dele aparecendo, cercada por uma espessa mecha
de cabelo preto. Antes que eu possa puxar sua calça jeans pelo resto do
caminho para baixo de suas pernas, ele se levanta e faz o trabalho para
mim.

O jeans vai para algum lugar. Eu não procuro por ele ou qualquer coisa
enquanto ele o joga por cima do ombro porque meus olhos travam em seu
pau e bolas pesadas penduradas entre suas pernas.

— Oh, uau, — eu digo em meio gemido, meio coaxar, meio suspiro.


Não soa sexy porque uma cadeia de nervos bateu em mim, abalando a
confiança que eu sentia apenas milissegundos atrás. Ele envolve o corpo
com a mão e acaricia o comprimento longo e grosso.

Também está tatuado.

E é perfurado. Puta merda, é perfurado. A cabeça tem um aro grosso


saindo dela, e então piercing perfuram sua haste por todo o caminho.

Ele deve ter vinte e três centímetros e um eixo largo, com veias grossas
bombeando-o cheio de sangue e luxúria.

Eu engulo, novamente.
— É um Jacob’s Ladder2, meu pequeno pardal inocente e um príncipe
Albert3. É uma sensação boa quando você me esfrega, mas eu prometo, —
ele cai para frente, e seu pau se acomoda entre minhas coxas trêmulas
enquanto ele prende minha cabeça com seus braços fortes, provocando
seus lábios nos meus. —Quando estiver dentro de você, — ele começa a
balançar os quadris, e a ponta de seu pênis perfurado atinge meu clitóris,
me fazendo gemer, —isso vai esfregar tantos pontos dentro de você, e mal
posso esperar para sentir você gozar ao meu redor.

— Logan…— Seu nome é um gemido patético na minha garganta. Já


estou prestes a desmoronar e ele nem tocou na minha boceta ainda. Eu sou
tão patética. Eu nunca experimentei queimar assim. Dentro de mim dói
fisicamente, e se eu não o sentir dentro de mim logo, posso morrer.

3
Capítulo Quinze

Estou consumido por ela.

Seu cheiro, seu gosto, sua pele e quanto mais perto eu chego dela, eu
percebo que não é perto o suficiente. Eu quero devastar ela, possuí-la em
todos os sentidos. Ela me possuiu. Eu preciso de mais. Eu preciso mais
dela. Isso não é suficiente.

— Eu preciso de você agora, Juliette. Eu não posso esperar mais. Da


próxima vez, vou lamber essa linda boceta até que você grite meu nome, e
então quero sua boca ao meu redor, mas agora? Eu preciso estar dentro de
você.

— Sim, Logan, por favor! — Ela aperta os seios e eu não consigo evitar.
Eu salto para frente e pego um mamilo pontudo e rosado em minha boca,
tentando juntar a carne leitosa junto com ele. Eu quero tudo isso.

Ela é deliciosa.

Eu passo minha língua uma última vez sobre o pedaço doce e beijo meu
caminho até seu pescoço até que eu roubo sua boca em um beijo
desesperado. Eu faço o meu melhor para distrair ela enquanto mergulho
meus dedos dentro de sua calcinha e sinto suas dobras molhadas se
abrindo para mim.

Eu gemo quando ela me encharca, provocando meu pau com a


promessa de seu calor apertado. Eu levo meus dedos à boca e murmuro em
apreciação quando o mel dela cobre minhas papilas gustativas. Puxando
sua calcinha de lado, eu agarro a base grossa do meu pau com meus dedos
molhados e o guio para seu buraco molhado onde o líquido branco e
cremoso está vazando dela. Mal posso esperar para sentir ela encharcar
meu pau.

Seu buraco aperta em torno de mim, e um suspiro deixa Juliette. Eu me


deito sobre seu corpo curvilíneo perfeito e acaricio seus lados, para cima e
sobre seus seios pesados, até que eu segure sua mandíbula. Nossos olhos se
encontram, e estou encantado com seus olhos verdes, perdidos na floresta
mágica escondida sob as profundezas.

— Logan.

Ela diz meu nome, revestida de nervosismo e uma pontada de medo,


segurando as mãos nos meus ombros até que suas unhas se cravem na
minha pele.

— Eu tenho você. Está tudo bem. — Eu deslizo mais fundo, e minha


boca abre quando mais de seu canal apertado me agarra. Ela está
respirando pesadamente, choramingando, fechando os olhos para superar
a dor. —Olhe para mim, — exijo, e ela instantaneamente abre os olhos,
arregalados e inocentes.
Quando eu bato em sua barreira, eu resmungo, querendo apenas socar e
foder como o instinto selvagem ferozmente bombeando dentro de mim,
mas eu não faço. Eu me contenho e começo com estocadas superficiais,
deslizando alguns centímetros do meu pau para dentro e para fora.

Ela relaxa a cada estocada e, de repente, pequenos gemidos de prazer


escapam dela. Sua boceta fica impossivelmente mais molhada. Eu gemo
enquanto me enrolo sobre ela, trazendo nossos lábios tão perto que uma
única respiração nos empurraria juntos, mas eu quero ver seu rosto quando
eu mergulho dentro dela, e ela se estica cheia de mim.

Em vez de perfurar sua virgindade, eu uso o néctar de sua boceta


molhando meu eixo e deslizo suavemente, além de um leve puxão. Espero
um grito doloroso se juntar ao meu gemido de prazer, mas nunca vem.
Suas mãos percorrem a curva das minhas costas até que seguram minha
bunda, me puxando para mais perto e enchendo sua boceta apertada com
meu comprimento ainda mais.

— Oh Deus, Logan. — Ela joga a cabeça para trás e para frente antes de
morder o lábio. —Você me faz sentir tão bem. Você é tão... grosso, — ela
geme, e eu quase gozo naquele momento.

Ouvir ela dizer que meu pau a faz sentir bem acaricia meu ego. Todo
homem adora ouvir isso e, muitas vezes, as mulheres apenas dizem para
dizer, mas Juliette não, não durante sua primeira vez.

— Sua boceta foi feita para o meu pau, Juliette. — Eu recuo e empurro
para frente, passando por suas paredes apertadas até que eu bato na ponta
de seu útero. Meu Jacob’s Ladder esfrega embaixo do meu eixo enquanto
também dá a ela mais sensações, e eu não posso mais segurar.

— Mais forte, Logan. Mais duro.

— Você está lendo minha mente, pequeno pardal. — Eu me levanto de


seu corpo, agarro sua perna direita e coloco seu pé no meu ombro. —Oh,
porra, sim, — eu assobio, jogando minha cabeça para trás sobre meus
ombros com a mudança de posição. Meu ritmo de punição faz seus seios
saltarem, e seus lábios estão separados, apenas esperando por algo para
preenchê-los. —Juliette, você me faz sentir tão bem. — Meu saco bate
contra sua bunda com cada onda fervorosa de meus quadris para enviar
meu pau em um caos caindo.

O suor pinga de meus olhos e causa uma leve ardência do sal. Eu olho
para baixo para olhar para o meu pau deslizando para dentro e para fora
dela, e é uma visão que nunca poderei esquecer. Seu sangue virgem me
cobre junto com sua doçura, um vinho divino que terá um gosto melhor do
que qualquer bebida.

Minhas mãos agarram seus quadris e os forçam para baixo no meu pau
com mais força, e Juliette grita meu nome novamente, e sem dúvida o resto
da casa pode ouvir ela. —Está certo. Deixe todos saberem quem está te
fodendo, pequeno pardal. Essa é minha boceta, não é? Minha. Tirei sua
virgindade, e isso significa que você me pertence. Me diga.

— Sim Logan, — ela geme.

Eu recuo e bato nela com mais força. —Novamente.


— Eu sou toda sua e apenas sua, — diz ela, segurando os braços acima
da cabeça enquanto me vê transando com ela.

— De novo, — eu rosno, usando suas palavras como combustível para


me bombear mais forte na esperança de que ela exploda em torno do meu
pau e me sugue até secar.

— Logan, Logan! Sou sua. Porra, eu sou só sua! Sim! — Suas costas
arqueiam para fora da cama quando o primeiro espasmo de seu orgasmo a
sacode. Seus seios balançam e seu estômago fica tenso junto com sua doce
boceta, apertando em torno de minha espessura. Um jorro de fluido desce
pelo meu pau e sou saudado pelo branco de seus olhos enquanto eles
rolam de volta para sua cabeça.

Eu puxo meu pau de sua restrição molhada e a viro de bruços,


pressionando sua cabeça no travesseiro enquanto deslizo de volta sem
aquela maldita barreira no meu caminho. —Oh, agora esta é a porra de
uma vista. — Eu bato em cada uma bochecha borbulhante com minhas
mãos e agarro a carne enquanto eu bato nela por trás. Ela abafa seus
gemidos no travesseiro e eu o puxo para longe dela. —Quero ouvir você.

— Logan, é demais. Você me faz sentir muito bem. Eu estou tão


sensível.

— Me dê outro.

— Eu não posso! — Ela protesta, mas seu corpo a desafia porque, a cada
golpe que eu dou, ela pressiona sua bunda em mim, querendo mais.

Ela está com fome de mim.


— Você vai me dar outro antes que eu te preencha. — Eu envolvo
minha mão em torno de seu cabelo e a puxo para trás, manipulando sua
cabeça até que sua boca esteja perto da minha novamente. —Você quer
isso, não é? Você quer estar cheia de mim, pingando meu esperma. —
Esfrego meus lábios sobre a concha de sua orelha e uma respiração instável
me deixa quando penso em pintar suas paredes com minha semente. Estou
muito perto agora. Eu me abaixo e aperto seu clitóris, rolando o nervo entre
meus dedos.

Ela bate o punho contra a parede, resistindo contra mim como uma
égua indomada enquanto sua boceta me suga com cada onda e espasmo
que seu corpo dá. Eu uso meu peso para empurrá-la na cama e me deito
contra suas costas enquanto me planto dentro dela, rugindo seu nome na
minha libertação. Com cada jato forte que sai do meu eixo, eu me afasto
antes que o fluxo me deixe antes de enraizar meu pau dentro dela para a
próxima onda escaldante de porra deixar meu corpo.

— Pegue cada gota, Juliette. Cada gota maldita. Você vai levar tudo por
mim, — digo a ela, deslizando preguiçosamente para dentro e para fora de
seu calor dilatado e inchado. Ela está tão molhada de nossos sucos
combinados que eu nunca quero puxar meu pau para fora. Eu pressiono
um beijo na nuca dela, e a bondade salgada quase me faz endurecer
novamente.

Viro sua cabeça com a palma da minha mão e dou-lhe um beijo


lânguido e confuso. Nossas línguas colidem, suaves e doces, assim como o
som de sua voz. Com uma tonelada de pesar, eu paro o beijo e nos rolo
para os nossos lados, mantendo meu pau alojado dentro dela. Eu posso
sentir meu esperma vazando dela e por algum motivo, uma raiva
enlouquecedora toma conta.

Eu quero ela ligada a mim. Eu não posso desistir de algo que é tão bom.
Eu não posso deixá-la me deixar. Ela é a única boa na minha vida. Ela
ofusca toda a raiva, ódio e miséria que sinto no dia a dia. Ela é a porra da
minha casa e a única parte boa que resta no meu coração.

Reunindo os sucos de sua coxa, eu levo meu esperma para seu clitóris e
começo a girar.

— Oh não, Logan. — Ela agarra meu pulso em advertência, e seu corpo


treme e se contorce enquanto ela tenta fugir. —É muito. Eu estou muito
sensível. Você vai me fazer gozar de novo.

Eu belisco sua orelha. —Eu sei. Eu adoro ouvir você gozar para mim,
pequeno pardal. Você parece tão bonita. Você atinge a nota mais alta
quando grita meu nome, e eu quero ouvi-lo novamente. — Eu esfrego mais
forte e mais rápido em seu clitóris, e agora meu pau está pronto
novamente, mas eu não me movo. Eu não vou precisar.

— Logan. — Seu corpo se curva com a corrida rápida de seu orgasmo


iminente.

— Juliette! — Meu corpo se quebra, meu saco fica tenso novamente. Eu


nunca gozei muito rápido antes, mas sim por Juliette. Seu prazer é meu
prazer.
Suas coxas se apertam e meu nome, mais uma vez, é uma nota
harmônica ecoando no ar. Eu resmungo uma última vez, enchendo-a com
outra carga menor de minha semente. É bárbaro tomar ela nu e cru assim,
esperando como o inferno que seu útero me leve.

Eu não sei nada sobre ser pai. Eu nem sei se serei bom nisso,
considerando quem eu sou. Ela me faz querer ser melhor. Ela me faz
querer tentar alcançar algo diferente da miséria dentro de mim.

Mesmo sabendo que a miséria sempre fará parte de mim, preciso disso
para sobreviver, assim como preciso de Juliette.

— Uau, — ela diz em uma exalação profunda, de alguma forma caindo


ainda mais mole no colchão. —Isso foi... não posso acreditar que esperei
tanto tempo para fazer isso.

Eu rosno como um animal raivoso, virando ela de costas. Em um piscar


de olhos, eu tenho minha chave de fenda sob seu queixo novamente
enquanto estou mordendo seu lábio inferior. —É melhor você estar feliz
por ter esperado tanto. Ou eu teria que matar todos os idiotas que
estiveram com você.

Ela ri pensando que estou brincando, mas o brilho louco em meus olhos
faz seu sorriso cair. —Você é sério?

— Muito, — eu resmungo desconfortável quando penso nela com outra


pessoa além de mim. —Você é minha, Juliette. Eu não fodo sem proteção.
Eu não fodo cru. Eu quero com você, porém, e é assim que sempre vamos
foder, você entende? Nada vai ficar entre nós. — Pareço um maldito
maníaco, mas a insanidade continua saindo da minha boca, e minha arma,
que viu o interior de mais crânios do que parafusos para apertar, corre do
pescoço até os seios, e o aço frio faz seu mamilo arrepiar. —Você gosta
disso, pequeno pardal?

Ela acena com a cabeça rapidamente, e eu deslizo minha chave de fenda


em seu estômago, sobre as costelas, então volto para cima sobre as
montanhas de seus seios exuberantes.

— Você pode não saber, mas você é tão fodida quanto eu. A diferença é
que está tudo na sua cabeça, pequeno pardal. Eu vivo o que está na minha
cabeça. — Meu pau está furioso de novo e não sei como. Quando vejo que
ela não tem medo de mim, quando a ferramenta em minha mão é o que me
moldou como homem, a luxúria explode novamente.

Vou jogar a chave de fenda no chão, mas ela me para a tempo, trazendo
a chave de fenda para baixo do queixo novamente. — Me foda como se
você me odiasse, Logan.

Jogo a maldita coisa no chão e pego sua boca com a minha. —Não.

— Por que não?

— Eu nunca poderei odiar você. Não posso nem fingir que te odeio,
Juliette.

— Por que não, Logan? Você sabe que você quer.

Eu quero, mas quero amá-la mais. Embora isso possa não ser um grande
problema para alguns, é para mim. Significa que, pela primeira vez na
vida, algo supera o mal dentro de mim.
— Porque você é boa demais para odiar, pequeno pardal. Mesmo as
almas que são condenadas como a minha sabem disso. — Eu coloco minha
testa contra ela, e pela primeira vez na porra da minha vida, eu coloco meu
pau para dentro e para fora de vagar, beijando ela para mostrar o quanto
eu a amo. Percebo que estou fazendo amor com ela como uma marreta.

Ela é meu porto seguro.

Eu sou sua maldição.

E espero não acabar arrastando ela para as profundezas do meu inferno.


Capítulo Dezesseis

Eu acordo na manhã seguinte, cansada e dolorida em todos os pontos


do meu corpo. Tool e eu transamos a noite toda. Eu tive apenas duas horas
de sono de acordo com o relógio. Eu me estico e meu braço atinge as costas
sólidas como uma rocha. Eu me viro para a esquerda e sorrio para mim
mesma quando vejo uma grande caveira olhando para mim. Eu traço a
tatuagem com meu dedo, acariciando as rachaduras no crânio e a escuridão
ao redor das órbitas dos olhos.

— Isso é bom, — murmura Tool sonolento, e se eu não estivesse tão


dolorida, gostaria de transar com ele novamente. Essa voz sonolenta é sexy.

Eu pressiono um beijo em seu ombro e meus lábios esfregam sobre algo


inchado e circular. Eu me inclino para trás e toco com meu dedo e agora
que estou ciente, vejo esses pequenos círculos em suas costas. —O que são
essas?

— Eu não gosto de falar sobre isso.

— Você pode falar comigo, Logan. Eu não vou te julgar.

— Sim você irá. Se eu te contar o que fiz, você sairá correndo por aquela
porta e nunca mais vou te ver.
— Me dê o benefício da dúvida, Logan. Eu quero saber sobre você. Eu
quero conhecer você. Todo você. Todas as partes boas e ruins.

— É isso aí, pequeno pardal. — Ele vira e agarra meu pulso no ar. —Eu
não tenho uma boa parte em mim.

— Eu não acredito nisso por um segundo, Logan. Nenhum. Por favor,


alguém fez isso com você? — Eu corro minhas mãos em seu peito, e é
quando vejo centenas de círculos. Como eu perdi eles antes? Meus olhos
ardem de lágrimas quando um pensamento horrível ocorre. —Alguém fez
isso com você, Logan?

— Deixa pra lá, Juliette! — Ele levanta a voz para mim, mas eu não
recuo.

— Logan.

— Puta que pariu, mulher! — Ele agarra meu pulso com força até a
pressão doer e me fazer choramingar, mas um redemoinho escuro e
delicioso me cutuca.

Eu gosto disso.

— Você quer saber? Você realmente quer saber se meu velho iria apagar
sua fumaça em mim? Às vezes, ele nem fumava. Ele iria acendê-los, apagá-
los, acendê-los novamente, apenas para fazer isso repetidamente até que
não restasse nada além do filtro. E então ele começaria tudo de novo.

— Logan... — Eu o alcanço enquanto uma lágrima escapa do meu olho,


mas ele me mantém presa.
— Você quer ouvir como minha mãe e eu éramos espancados até
chegarmos a um fio de nossa vida, e às vezes meu pai a estuprava bem na
minha frente. É isso que você quer ouvir? Ou não, que tal isso? — Ele sorri,
mas não é de felicidade, mas de fúria completa. —Que tal o dia que eu o
matei?

Ele matou seu próprio pai?

— Oh, sim, pequeno pardal. Eu peguei essa mesma chave de fenda... —


Tool a pega da mesa de cabeceira e a gira em sua mão. —Bem espere, me
deixe começar do início. Voltei para casa e vi ele batendo em minha mãe e
ele estava prestes a estuprar ela novamente, então eu ataquei. Ele pegou
isso. — Ele balança a chave de fenda no ar, certificando de que está
realmente fazendo um show. —Eu cheguei lá primeiro. Então você sabe o
que eu fiz? Eu dirigi entre seus olhos, direto em seu crânio, e matei o filho
da puta inútil. Eu sou bom em matar pais, Juliette. Não se surpreenda
quando eu matar o seu. — Ele sai de cima de mim e corre para o banheiro,
batendo a porta e me deixando sozinha.

— Oh meu Deus. — Minha voz está trêmula e instável enquanto meu


cérebro começa a finalmente entender o programa. As lágrimas ardem em
minhas bochechas enquanto caem livremente, e procuro minhas roupas.
Meu corpo inteiro está frio e tremendo. Eu não sei o que pensar.

Eu pensei que ele era apenas um estranho carregando aquela chave de


fenda, mas há uma história inteira por trás disso, e agora eu sei por que as
pessoas o chamam de Tool. Ele a usa para matar.

Quando eu matar seu pai.


Não se, mas quando.

No final do dia, meu pai ainda é meu pai, o único que terei. Ele não
pode matá-lo! Sei que meu pai não tem sido o pai ultimamente, mas isso
não significa que ele seja um cara mau. Todos cometem erros e, embora eu
não queira falar com meu pai, também não quero vê-lo morto.

O chuveiro liga, e eu entendo que Logan não virá aqui para falar
comigo novamente. É bom eu saber a verdade, mas não deveria ter
pressionado. Ele estava certo. Eu não estava pronta. E se eu pensar sobre
isso, não estou brava por ele ter matado o próprio pai. Ele era um idiota
abusivo. Mas meu pai? Meu pai nunca me bateu além daquela vez.

Isso é tudo o que preciso. Ele vai fazer de novo.

Eu ignoro aquela vozinha irritante na parte de trás da minha cabeça


enquanto me visto. É quando vejo meu reflexo no espelho. Estou vestindo
minha calcinha quando vejo hematomas do tamanho de uma impressão
digital por todo o meu corpo. Algumas marcas vermelhas daquela chave
de fenda que ele arrastou pelo meu corpo. Eu adorei, o limite da dor. Meus
mamilos estão inchados e vermelhos de tanto que ele os chupou. Há
chupões por toda parte, meu pescoço, coxas e até minha bunda.

Ele me machucou, de maneiras realmente agradáveis, mas a dor que ele


infligiu esta manhã é algo que vai demorar muito mais para ser curado.
Assim que estou vestida, coloco meus pés nos saltos vermelhos e, no
último minuto, pego sua camiseta.
— Venha Tyrant, — chamo o cachorro que ainda está dormindo no
canto, mas quando ouve seu nome, ele está de pé e pronto para ir, ao
contrário de Yeti. Eu abro a porta e corro pelo corredor, apenas para
encontrar uma sala cheia de motociclistas e mulheres seminuas. Eu engulo
em seco quando todos olham para mim, e Tyrant corre até um lindo poodle
e começa a transar com ela.

— Tal mãe tal filho, estou certa? — Uma das mulheres diz enquanto
masca abertamente seu chiclete, batendo nele. —Você é apenas mais uma
vadia, como esta poodle.

— Tyrant, saia. Cachorro mau, saia, — mas Tyrant me ignora, fugindo


como um maníaco. Merda, isso é tão constrangedor.

— Ele pode ter fodido você na noite passada, mas ele não vai te foder
esta noite, vadia, — diz uma garota loira com seios falsos.

Eu rolo meus olhos e tiro Tyrant do poodle. —Se eu fosse você,


observaria o que você diz, ou colocarei você nas costas, sabe, o lugar ao
qual você pertence. — Eu zombo dela, e ela tenta alcançar meu pescoço,
mas outra mulher a agarra pelos cabelos e a empurra para o lado.

— Cale a boca, Candy. Você sabe, Juliette está certa. E Tool nunca fodeu
nenhuma de vocês, então pare de ser vadias ciumentas. — A mulher se vira
para mim e sorri, mas ela não se apresenta. Ela tem cabelo comprido, pele
morena e olhos azuis brilhantes.

— Obrigada, — digo a ela, fazendo o meu melhor para manter meu


cachorro pela coleira enquanto ele tenta trombar com o poodle novamente.
— Sem problemas, — ela diz, acenando para um cara com estrelas ninja
na mão, e elas desaparecem na parte de trás. Ela não parece uma prostituta
do clube, mas talvez eu esteja errada. Pelo menos ela não é uma vadia.

— Ah, cara, você deveria ter deixado ele continuar. Poodle teria pirado,
— alguém balbucia enquanto estreita seu olhar bêbado para mim. Ele
parece familiar, e enquanto puxa a garrafa de rum e dá um gole pesado,
percebo que ele é o Pirate, o cara do portão que me assustou e me
expulsou. Sim. Ele ainda me assusta. Muito.

Eu lambo meus lábios com a declaração estranha e decido que quero


sair daqui agora. Dou um passo em direção à porta da frente. Minhas mãos
suam e meu coração dispara. Eu não gosto de como o Pirate está olhando
para mim. Eu não gosto de como as pessoas estão olhando para mim. O
pânico toma conta do meu peito, se enredando como uma rede e
estrangulando minha capacidade de respirar.

— Você tem uma língua muito bonita, — diz um cara do sofá, afiando
uma longa faca enquanto encara minha boca. —Muito bonita.

O nó se aperta.

— Certo, Tongue. Acalme-se. Vamos meditar, — uma mulher vestindo


um colete ‘Propriedade de Reaper’ ajuda o cara a se levantar. —Olhe para
mim, não para ela, Tongue.

— Mas...

— Sem mas, Tongue. Nós conversamos sobre isso, — a garota o arrasta


para trás, e eu não posso deixar de me perguntar que meditação significa.
Corro em direção à porta da frente e um homem com um olho roxo me
impede. Ele parece familiar, mas não consigo identificar ele. Seu colete diz
Badge, seja lá o que esse nome signifique. —Você vai sair sem dizer a ele
por quê?

Pego a maçaneta da porta e as lágrimas ameaçam novamente, mas não


vou chorar na frente de todos. Eu não vou mostrar fraqueza. —Ele sabe por
quê. — Abro a porta e corro escada abaixo, Tyrant logo atrás de mim. Já
estou suando quando o sol me atinge porque está muito quente.

O céu está claro e sem nuvens, e ondas de calor rolam sobre o teto do
meu carro com o sol refletindo no metal. Dói tanto deixar Logan assim, mas
não posso ficar com um homem que quer matar meu pai. Eu tenho que
avisar ele!

Eu não tenho?

Abrindo a porta do motorista, Tyrant entra e eu o sigo, sem me


preocupar em colocar o cinto de segurança porque preciso dar o fora daqui.
Enquanto dou ré e giro o volante, fazendo o carro dar uma rápida volta de
180º, envio cascalho e sujeira para todos os lados e, em seguida, acelero
pela estrada, sem me importar com os buracos. Eu só quero chegar em casa
e trancar as portas, me enfiar embaixo do cobertor e fingir que o mundo lá
fora não existe.

Preciso contar ao meu pai, mas então por que meu instinto está me
dizendo para não contar? Eu sei que se eu não fizer isso, há uma boa
chance de meu pai acabar morto. Eu nunca perguntei a Tool no que meu
pai se meteu de tão obscuro, porque eu ainda estava chateada com meu pai
me batendo.

Ainda estou, mas isso basta para dizer que ele merece morrer? Não.

Em que merda obscura ele está envolvido?

— Tyrant, o que eu faço? — Eu sou obrigada por sangue, pelo fato de


que ele me criou e me deu tudo que eu precisava, contar a ele, mas ainda
assim, aquela voz no fundo da minha cabeça está me dizendo qualquer
merda em que meu pai está envolvido é ruim. —Deus! Por que isso é tão
difícil! — Não deve ser difícil. Minha lealdade precisa ser com meu pai, não
com um cara que está quase à beira da loucura.

Então por que meu coração está me dizendo para não dizer nada?

A estrada solitária se torna menos solitária bem rápido quando eu passo


pela Strip e começo a me dirigir para a cidade. As lágrimas ainda estão
queimando minhas bochechas e não consigo desligá-las. Como a melhor
noite da minha vida se transforma no dia mais difícil da minha vida? Eu
amo Logan. Eu me apaixonei estupidamente por ele e não aguento mais.

Eu odeio isso.

Eu amo ele.

Eu odeio amar ele.

Ele não é bom para mim.

Ele é o melhor para mim.


Soltei um grito de frustração e coloquei meu Honda no estacionamento
com tanta raiva que acho que quebrei o câmbio. Abro a porta do lado do
motorista e pulo para fora, então a porta se fecha com uma rajada de vento,
me atingindo no braço, e empurro para trás. Eu empurro com muita força
porque me atinge de novo, e uma risada amarga borbulha na minha
garganta. —Tyrant! Vamos lá.

Ele pula para fora do carro e dá a volta pela frente, e com um salto ele
pula na varanda e espera na porta. Enquanto estou descendo a calçada, falo
comigo mesma e repasso a conversa que Logan e eu tivemos. —Como ele
ousa? Ele não pode me ameaçar assim, — eu zombo e deslizo a chave na
fechadura, abrindo-a. —A coragem. Motoqueiros loucos, — eu resmungo e
chuto meus saltos quando entro e fecho a porta atrás de mim.

— Não se mexa, porra, — uma voz cheia de cascalho diz atrás de mim,
colocando uma arma contra minha têmpora.

Tyrant se lança contra o intruso, e então um tiro ecoa seguido por um


grito. Eu me viro e vejo meu cachorro deitado no chão, sangue cobrindo
seu pelo. —Não! — Eu grito. —Tyrant, — eu choro quando o vejo deitado
ali ainda. Não sei se sou estúpida e desejo morrer ou o quê, mas me lanço
contra o atacante em seguida. Eu piso em seu pé e ele grunhe.

— Sua vadia de merda, — ele rosna e envolve um braço em volta do


meu peito.

Eu trago meu cotovelo o mais forte que posso e o bato nas suas costelas.
Eu me afasto de seu aperto para me virar e levantar meu joelho para bater
em suas bolas. Ele se dobra, e assim que eu giro no meu pé para correr para
o meu quarto para me dar tempo de puxar minha arma da minha bolsa,
outro cara sai das sombras e bate algo contra minha cabeça.

E a última coisa que eu grito dentro da minha mente antes que a


escuridão tome conta?

Logan!

Como se ele pudesse me ouvir através da inconsciência.


Capítulo Dezessete

Eu ajudo Reaper a montar a tenda da festa para nos dar um pouco de


sombra para este calor. O churrasco começará algumas horas antes do pôr-
do-sol, e queremos ter certeza de não morrer de insolação. Estou suando
pra caramba, pensando que posso morrer de insolação, mas vou me
esforçar porque isso está me ajudando a manter minha mente longe de
Juliette e da noite transformadora que passamos juntos. Ela saiu, assim
como eu dei a ela a opção de fazer. Eu esperava que ela não tivesse, mas
não era como se ela pudesse ler minha mente.

Ela fez o que eu queria que ela fizesse, e agora ela pode se livrar de mim
e do meu maldito veneno.

— Você está bem? — Reaper pergunta, esfaqueando a areia com a vara


branca, levantando uma nuvem de poeira.

— Tudo bem, — eu resmungo, puxando o material da barraca sobre as


hastes para me certificar de que está seguro.

— Mentiroso. Fale comigo.

— Você está perguntando como amigo ou meu Prez? — Tenho


vergonha de usar sua marca de advertência e estou muito feliz por ele não
ter perguntado sobre isso. Como amigo, tenho certeza que ele quer. Como
o Prez? Ele não se importa, porra.

As linhas podem ficar borradas se alguém não for inteligente, mas


felizmente, Reaper é o mais inteligente neste lugar.

— Ambos. O que aconteceu com Juliette?

Eu tiro a chave de fenda de trás da minha orelha e aperto um parafuso


que conecta duas das hastes. Huh, é a primeira vez que eu uso essa maldita
coisa para o que ela deveria ser usada. —Eu disse a ela minhas verdades, e
ela não gostou. Fim da história.

— As verdades às vezes demoram um minuto para entender. Ela estará


de volta.

— Nunca deveria ter contado a ela. Uma mentira por omissão é melhor
do que a verdade.

— Uma mentira é uma mentira, não importa como você a diga, Tool.
Você não mentiu para ela sobre o que o tornou quem você é, e você não
mentiu para ela sobre o que você faz. Depende dela agora. Dê tempo a ela.
Esta vida não é fácil.

— Uma mentira é mais fácil do que a verdade, — eu digo, mais curto e


grosseiro do que pretendo parecer, mas estou mal-humorado como o
inferno sem Juliette ao meu lado. Eu sabia que alguém tão bom quanto ela
não iria querer alguém como eu. Meu pai estava certo sobre uma coisa,
ninguém precisa ficar comigo.

Ela está livre de mim.


— Claro que é mais fácil, — ele ri. —Qualquer coisa que valha a pena
nunca é fácil, Tool.

Eu quero falar sobre outra coisa, qualquer outra coisa, mas minha falta
de capacidade de amar alguém de forma adequada. —Quantos capítulos
estão chegando hoje? — Eu finalmente coloco a última vara no chão e
quero desabar quando o grande filho da puta finalmente estiver de pé.
Demorou horas. Estou suando muito, minha camiseta está colada na minha
pele.

— Todos eles. — Reaper se senta em um monte de terra e abre um


refrigerador vermelho que está sujo de areia e do tempo. É um refrigerador
dos anos noventa, que não mantém o gelo por muito tempo e você tem que
pressionar os botões de cada lado da alça para levantá-lo. Retrocesso. Ele
pode comprar um melhor. Não sei por que ele guarda aquele pedaço de
merda. —Quer uma?

— Foda-se, sim. — Uma cerveja bem gelada parece perfeita. —Todos


eles, realmente? Isso é impressionante.

— Quando o capítulo original o convida para um churrasco, você não


diz não. Você me pegou? — Abrimos a tampa de nossas Bud Lights, que
tem gosto de mijo aguado, o que ele sabe, mas em um dia como este, tem
gosto de paraíso entre as pernas de Juliette enquanto desce pela minha
garganta.

— Não estou familiarizado com muitos deles, — admito, pensando no


capítulo de Boston. —Eu só conheci o capítulo de Boston quando... sim,
quando eles tiraram eu e minha mãe de lá.
— Eles estarão aqui.

— Não, merda? — Talvez eu realmente consiga ver minha mãe pela


primeira vez em alguns anos. Brass, o presidente do capítulo de Boston
declarou seu amor por ela, e eu não achei que ela voltaria para aquela
cidade, mas ela pulou naquela moto com ele e foi embora, e ela tem sido a
sua Old Lady desde então.

— Sim, sua mãe deve estar vindo, junto com os capítulos de Nova
Orleans, Miami, Detroit, Seattle, Chicago, Memphis e Nashville. O clube de
Boomer também pode entrar em ação.

— Não brinca? Boomer? Mesmo? — Espero que o cara venha. Ele e


Sarah têm merdas que precisam esclarecer, e eu sei que Reaper quer vê-lo.
—Isso é um monte de porcos do caralho. O deserto vai ficar cheio. — Eu
estou animado. É exatamente o que eu preciso para tirar Juliette da minha
mente. Apenas um bando de meus irmãos MC, atirando na merda, e quem
sabe em que problemas teremos esta noite. Temos cem acres de deserto
para foder, e muito pode acontecer quando os Ruthless Kings se reúnem
para começar a noite.

Um rugido de motocicletas soa à distância e Reaper sorri. —Ah, parece


que os filhos da puta estão começando a chegar. — Olhamos para a estrada
quando a bunda de Skirt nos cumprimenta. —Foda-se, Skirt, coloque essa
merda de lado.

— Estou apenas pegando uma bebida, Prez.


— Cubra sua bunda enquanto faz isso, — Reaper murmura e toma um
gole de sua cerveja, em seguida, esfrega a condensação fria de seus dedos
sobre o rosto suado.

— Você gosta da minha bunda, não jogue como você não gosta. — Skirt
vai até Poodle, que está gritando com meu cachorro porque Yeti está
tentando transar com Lady. Eu disse a Poodle que não iria impedir meu
filho de se intrometer, e fui sincero. Eu quero irritar o Poodle naturalmente.

— Aquele maldito cara, ele vai me matar com um ataque cardíaco um


dia, quando mostrar sua bunda. Não entendo por que ele não usa cueca. —
Reaper se levanta e estende a mão para me ajudar a levantar. —Vamos
apresentar nossos convidados a todos.

Eu bato minha mão na dele e fico de pé, observando uma por uma
enquanto as motos param em frente ao clube. Há cerca de dez deles, e
tenho certeza de que alguns caras ficaram para assistir seus clubes como de
costume.

Enquanto eu fico e vejo um por um enquanto meus irmãos MC chegam,


eu penso em Juliette. Ela nunca está longe da minha mente, e eu queria que
ela estivesse aqui esta noite, para ter uma noção de como as coisas
realmente são, mas eu tinha que ir e deixar meu medo levar o melhor de
mim.

As pessoas não sabem disso, mas estou com medo do caralho o tempo
todo, e é o que me leva a fazer o que faço pelo Reaper, pelo clube. Tirar
uma vida não é fácil, mas cada vez que coloco aquela chave de fenda entre
os olhos de alguém, me lembro da paz que senti quando meu pai deu seu
último suspiro e o medo me deixa.

Até a próxima vez.

O resto dos membros de Vegas se aglomeram atrás de nós, fazendo uma


pausa na preparação de assentos e mesas para comer. Eu assobio quando
vejo a moto da frente, que deve ser a do Prez, entrar. Ela tem tudo preto
sobre preto com alças largas e uma frente longa. Eu aperto meus olhos
quando vejo entalhes ao longo do metal de sua moto.

Cabeças de vodu.

Isso não é estranho ou perturbador.

Ainda assim, é um passeio agradável.

— Pocus, — Reaper cumprimenta com o maior sorriso que já vi dele em


alguns dias. —É bom te ver. Faz muito tempo.

— Meu amigo. — O homem puxa Reaper para um abraço rápido,


dando tapinhas em suas costas com alguns tapas fortes. Ele tem um forte
sotaque Cajun e uma cicatriz em volta do pescoço, como se ele tivesse sido
estrangulado com um fio ou algo semelhante. —Faz muito tempo, você
está certo. Já era hora de você tirar sua cabeça da bunda e dar uma festa.

— A merda tem estado ocupada em Vegas. Na verdade, posso precisar


que você e alguns de seus caras fiquem por aqui por mais alguns dias. Vou
explicar porque mais tarde.
— Porra, é quente, — um cara tão grande quanto eu está ao lado de
Pocus, e quando eu olho para o patch, ele diz VP, como eu. —Minhas bolas
estão grudando na minha perna.

Pocus bufa e inclina a cabeça na direção de seu VP. —Este é meu braço
direito, Seer.

— Tool, — eu estendo minha mão, e Seer a encontra, então estreita os


olhos enquanto me puxa para perto. —Eu sou, uh... vice-presidente do
Reaper.

— Não se preocupe com Seer. Ele tem um jeito de ler as pessoas, —


Pocus tenta me acalmar, mas não funciona.

O homem tem dreads longos, pele mista e olhos azuis brilhantes que
quase parecem brancos, o que me assusta pra caralho. —Você tem
demônios dentro de você, Tool. — Ele inclina a cabeça, segurando minha
mão com mais força.

— Que porra é essa? — Eu rosno, não gostando de outro me testando.


Tento puxar minha mão, mas Seer mantém um aperto firme, me
analisando.

— Você é um bom assassino. — Seus olhos vão para a chave de fenda


enfiada entre a minha orelha como sempre. —Você está assombrado por
essa arma. Muita escuridão perdura.

— O que diabos ele está falando? — Eu pergunto, ficando um pouco


assustado com essa besteira psicopata. —Reaper, o que você disse a ele?

— Merda nenhuma, Tool. Eu juro, — diz Reaper.


— Vou me mijar se essa merda continuar. — O sotaque escocês de Skirt
invade o momento tenso, e eu quero rir.

— Eu também, — Poodle se junta a nós.

Eles querem se mijar. E quanto a mim? Eu tenho uma pessoa louca


olhando para mim.

— Você sabe que Nova Orleans tem muitas superstições, não é? —


Pocus me pergunta e eu aceno com a cabeça, sabendo que são apenas mitos
e turistas pegando besteira quando as pessoas vão visitar. —Seer tem uma
longa história com um histórico interessante. Se ele está falando com você,
mon ami, é melhor você ouvir. Ele não esteve errado ainda.

— Me solte, — ameacei enquanto ele apertava minha mão com mais


força. Eu não posso chutar a bunda desse cara porque uma luta não vai ser
boa para manter a paz, mas esse cara está cruzando a linha.

— Alguém que você ama está em perigo. Muito perigo.

Eu bufo. —Se isso não é a coisa mais clichê que eu já ouvi. — Eu olho
para os rostos dos meus irmãos para ver como eles estão reagindo, e alguns
deles estão comendo essa merda como se fosse um filme. Alguns são
céticos, como meu homem, Tongue, sendo todo estranho e taciturno nos
fundos. Seus braços estão cruzados, e ele estreita os olhos para Seer em
descrença.

— Duas mulheres. — E nessa porra de nota, ele solta minha mão.


— O que diabos você quer dizer com duas mulheres? — Meu coração
bate forte contra o meu peito com pânico. Eu agarro seu braço, e seus olhos
se fixam em mim novamente.

— Agora você quer saber mais?

— Vá devagar com ele, Seer. É para ser um bom momento, — Pocus diz
ao lado dele. Outro rugido de motocicletas vem, e desta vez, quando eles
entram no estacionamento, há mais alguns capítulos com eles. Parece
Memphis e Nashville.

— Por favor, quando você diz duas mulheres, de quem você está
falando? — Existem apenas duas mulheres na minha vida que significam
alguma coisa para mim. —Seer, por favor. Qualquer merda estranha de
que você é capaz, preciso que me diga.

— Seus demônios o seguiram por um longo caminho, mon ami, — ele


diz, dando um tapinha na minha mão. Outro rugido nos interrompe, mas
desta vez, as motos soam diferentes, elas soam maníacas e rápidas
enquanto percorrem o caminho.

As motos aparecem e vejo o primeiro corte, e noto que é o capítulo de


Boston. Algo está errado.

— Duas mulheres que você ama. Não consigo ver rostos. Uma tem
longos cabelos castanhos e o outra...

A moto de Brass cai no chão porque ele não se preocupa em colocar ela
no suporte. Ele corre até nós, seu VP e Sargento das Armas em seus
calcanhares.
— A outra é mais velha. Uma tatuagem na parte interna do pulso com
seu nome?

Eu solto a mão do Vidente e tropeço para trás, olhando para ele com
descrença. —Essa é minha mãe, — eu sussurro. —A outra parece Juliette.
— Como posso acreditar em sua palavra? Eu apenas devo aceitar de braços
abertos que esse cara de Nova Orleans tem algum tipo de vodu de bruxa.
Eu não acredito nesse tipo de merda.

— Reaper! Tool! Tool? Onde está a Tool? — Brass grita e todos se


voltam para ele, e ele está com o rosto vermelho e em pânico.

— Brass? O que diabos está acontecendo? — Reaper corta a multidão.

Brass cai de joelhos e abre os braços, cerrando os punhos cerrados,


rugindo para o céu sua tristeza. —Alguém a levou. Alguém levou Whitney.

Eu empurro Reaper para fora do caminho e agarro Brass, o presidente


do capítulo de Boston, e o jogo no chão. —Que diabos? Do que você está
falando? Quem a levou? Quem pegou a porra da minha mãe? Por que você
não a protegeu? — Eu levanto meu punho, e Reaper o pega no ar.

— Isso não vai ajudar ninguém, — diz ele, em seguida, vira os olhos
para o Vidente. —Você viu mais alguma coisa? Ou sentiu... ou o que quer
que você faça.

— Não, — ele diz simplesmente, sem descrever mais ou menos o que


ele pode fazer.

— Onde ela está? — Eu grito com ele e tento atacar Brass novamente,
mas Tongue está lá ao lado de Reaper.
— Vou cortar sua língua se você tiver algo a ver com isso, — Tongue
aponta sua faca para Brass em advertência.

— Se alguma coisa acontecer com ela, você pode me matar. Eu amo


Whitney...

— Algo aconteceu com ela! Tem que ser o xerife. Ele tem que estar por
trás disso! — Grito com ele, e minha cabeça lateja com a quantidade de
força necessária para levar minha voz ao seu limite. Isso não pode estar
acontecendo novamente. Ela deveria estar segura. Eu me certifiquei disso.
Ela estava segura. Com Brass. Papai está morto. Ele não pode machucá-la
mais.

Juliette. Onde ela está? Eu preciso ir. Eu preciso ter certeza de que ela
está em casa. Ela tem que estar. Seer Olhos Loucos é um maldito mentiroso.
Ele é uma farsa. Nenhuma dessas merdas é real. A merda de Nova Orleans
pode voltar para o lugar de onde veio.

— Eu preciso que você respire fundo e se acalme se quiser descobrir


isso, — Reaper diz em um tom calmo e firme. —Brass, o que aconteceu?

Brass, o homem triste que ousa chamar a si mesmo de presidente e


protetor de minha mãe, balança a cabeça como se negasse. —Estávamos no
hotel. Nada fora do comum. Se eu soubesse que seu clube estava em
apuros, nunca a teria deixado ir sozinha até a maldita máquina de venda
automática. Eu não sabia. Juro por Deus, não a teria deixado ir sozinha.

Ele deveria ter estado com ela de qualquer maneira. Isso me torna um
hipócrita. Não estou com Juliette e me odeio por isso. Mulheres do clube,
mulheres dos membros são sempre fortes, e nem sempre podemos ter
alguém com elas porque nossas meninas teriam encontrado uma maneira
de fazer algo sozinhas de qualquer maneira, sem saber se colocando em
perigo.

Deveríamos ter cancelado esse maldito churrasco ou, pelo menos,


deveríamos ter contado a todos sobre a ameaça em Vegas agora.

Eu pego minha chave de fenda e jogo direto na cabeça de Brass. Ela


pousa na areia com um baque forte, fazendo a areia voar em seus olhos. Eu
não dou a mínima se o bastardo ficar cego, não depois que ele não
protegeu minha mãe. —Da próxima vez que eu jogar, você não terá tanta
sorte, — eu digo, saindo dos braços de Reaper e Tongue. —Estou bem. —
Eles tentam me agarrar novamente e eu dou um passo para trás. —Eu disse
que estou bem pra caralho! — Puxo minha arma do corte e debato se quero
matar Brass agora. —Eu confiei em você para mantê-la segura. Se eu
soubesse que você não poderia, eu a teria feito ficar comigo.

— Eu sei. Eu sei. Sinto muito, Tool. Eu sinto muito.

— Sinto muito, não faz nada, não é? — Eu levanto meu braço para
colocar o idiota fora de sua miséria, fora da minha miséria, e Tongue me
para, pegando meu braço enquanto eu o abaixo. A chave de fenda para no
momento em que a ponta atinge os olhos de Brass, cravando em sua pele.
O sangue escorre pelo nariz e pela bochecha, mas não é o suficiente. Eu
quero mais.

Eu preciso de mais.
Outro resmungo de motocicletas vem, e não me importa quem seja.

Estou cercado por um exército de motoqueiros, mas nunca me senti


mais sozinho em toda a minha vida.

Afasto Tongue e corro em direção à minha moto. Eu preciso verificar


Juliette. Eu preciso ter certeza de que ela está bem. Seer está errado. Ele está
cheio de merda e é apenas coincidência. Isso é tudo.

— Tool! — Reaper grita atrás de mim, mas eu não paro. Eu não posso
parar. Tudo o que vejo é minha mãe precisando de ajuda, e desta vez posso
fazer mais do que quando tinha quinze anos. Eu pulo na minha Harley e
Tongue está bem ao meu lado.

Ele me dá um aceno rápido e, em seguida, Seer está montando em sua


moto também. —Não, você pode ficar.

— Você precisa de mim. Eu posso ver mais do que você.

— Eu não dou a mínima se você pode ver o maldito espaço, você não
está vindo! — Eu acionei minha moto e o motor roncou entre minhas
pernas, aumentando o grupo de motocicletas vindo pela garagem. Parece
que o resto dos capítulos apareceu.

Quando dou marcha à ré, tenho o cuidado de desviar de algumas motos


feitas sob medida e vejo Badge montando em sua moto também. Eu não me
preocupo em ver para onde ele está indo. A única coisa em minha mente é
minha mãe e Juliette. Como isso pode estar acontecendo comigo? O que
alguém quer comigo?
Eu pego o acelerador e meu pneu traseiro gira contra a terra, jogando
cascalho. Eu ouço bater no metal e sei que estou amassando motos, mas,
novamente, não me importo. Eu preciso sair daqui. Correndo pela estrada,
passo pelo capítulo de Chicago, Detroit e Miami.

Eu não aceno. Eu não os reconheço. Eu simplesmente saio da frente


como se o diabo estivesse beliscando meu pneu traseiro. Quando a estrada
fica visível, viro o guidão para a direita e quase bato em um carro. Ele toca
sua buzina para mim, e eu desvio para perder a frente do Chevy Cruise e
meu pé atinge o para-lama, mas eu não paro. Vou quebrar todos os ossos
do meu corpo na tentativa de salvar as únicas mulheres que importam para
mim.

Eu darei minha vida se isso significar recuperar a delas.

Eu giro o acelerador, acelerando minha moto em uma estrada aberta


com a casa de Juliette em mente. Tudo desaparece conforme minha visão se
afunda. O vento seca meus olhos e pica minhas bochechas. Meu cabelo está
soprando para todos os lados, e penso na pior das hipóteses quando chego
à casa de Juliette. Quase perdi o controle e saí do acostamento quando
imagino encontrar o corpo dela, morto, e nunca mais ouvirei sua linda voz.

Ou experimentar a bondade dela.

Viro à direita na rua dela, notando a placa no chão que diz para ‘Votar’
com uma marca de seleção ao lado da palavra está caída no chão e marcas
de pneus novas impressas na argila vermelha do chão. Eu sei que seja o
que for, essas marcas têm tudo a ver com Juliette. Assim que vejo a casa
dela, tiro uma nota do livro de Brass e nem me preocupo em colocar minha
moto no suporte. Os pneus mal param de rodar quando pulo do banco e
pulo a pequena cerca.

Um resmungo de motocicletas me fez olhar para trás e, caramba, parece


que todo o meu MC saiu.

Até mesmo o resto dos capítulos. É uma quantidade enorme de suporte


e eles assumiram todo o caminho. Tongue, Seer e Reaper correm pela
passarela até estarem ao meu lado. Reaper me dá um tapa no ombro, e
Tongue puxa sua faca de seu corte.

— Você não vai precisar disso aqui, — Seer diz enquanto seus olhos
brancos percorrem a casa, lendo. —Não há ameaças aqui, mon ami.

Eu considero isso um bom sinal. Se não houver ameaças, isso deve


significar que Juliette está segura. Ela está cantando, dançando na cozinha e
feliz. Ela tem que estar.

Por favor, deixe ela em paz.

Subo correndo os degraus e percebo que a porta aberta. —Não, — eu


sussurro simplesmente enquanto abro e fico no meio da porta. Ninguém
precisa me dizer o que aconteceu. Eu posso sentir isso. Ela não está aqui.
Essa porra de besteira psicopata de Seer estava certo. Eu giro no meu
calcanhar, agarro o filho da puta pelo colete e arrasto ele escada acima,
jogando ele dentro de casa. —O que aconteceu! Me conte.

— Você acredita em mim agora? — Ele levanta uma sobrancelha grossa


com um grande arco perfurando-a.
— Não, não sei. Só estou disposto a acreditar em qualquer coisa, a fazer
qualquer coisa. — Eu olho para as minhas botas para ver sangue, e eu caio
de joelhos. —Não, não, não, — eu rujo e esfaqueio o chão com a chave de
fenda.

— Esse não é o sangue dela. — Seer dá dois passos para a direita e se


agacha, deslizando os dedos pela poça de líquido sanguíneo.

— Chega disso, — eu caminho pela casa, minhas botas combinando


com a batida pesada do meu coração, e quando chego à porta do quarto
dela, ouço um gemido estridente. Eu passo, esperando para ver um
pesadelo. —Tyrant! — Eu corro para o lado da cama quando percebo o
cachorro dela deitado ao lado dela, respirando rápido, quando vejo seus
pulmões subirem e descerem muito rápido. Ele foi baleado. Eu o pego em
meus braços e ele geme novamente. —Eu tenho você, amigo. Está bem.
Espere um pouco mais, certo? Espere por mim. — Eu o seguro contra o
meu peito e corro pelo corredor. Seer não parece surpreso, mas ele não
poderia saber sobre isso. Ele é demais. Eu não posso mais lidar com o Seer
e para ser honesto, ele é muito sobrenatural para o meu sangue. Seja qual
for a merda que ele está acontecendo, eu não quero isso perto de mim. Eu
não posso ter isso perto de mim.

— Mon ami, — Seer fala com Tyrant em seu sotaque Cajun e toca a
cabeça do cachorro. Tyrant se acalma instantaneamente. —Oh, você viu
muito, não viu?

— Chega, — eu estalo. —Eu não sei que tipo de sussurrador você é,


cachorro, humano, alienígena de merda, apenas fique longe de mim. —
Reaper tira Tyrant de meus braços, e quando eu olho para baixo, tenho
sangue em meu corte. Pela primeira vez, não é humano.

— Vou levá-lo ao veterinário. Faça o que tem que fazer. — Muitos caras
vão embora quando Reaper o faz, mas Tongue fica e Seer também. Eu acho
que ele não entende a porra de uma dica.

— Onde elas estão? — Eu pergunto, olhando ao redor da sala por


qualquer pista, por qualquer coisa que eles deixaram para trás. Quem quer
que esteja por trás disso, vou matá-los. Vou enfiar minha chave de fenda no
crânio deles muitas vezes até que o cérebro vaze de cada ferimento. Eu me
concentro no ódio dentro de mim, deixando-o me possuir, e a vontade de
matar é tão forte que quase posso sentir o gosto na minha língua.

Ninguém fode com o que é meu.

Eu vou salvar minha mãe. Eu vou salvar minha garota.

E então eu vou matar qualquer um que olhar na minha direção.

O ódio é uma emoção poderosa, especialmente quando é derivado do


amor.
Capítulo Dezoito

Eu gemo quando finalmente acordo. Minha cabeça está latejando e eu


sinto que tenho um caso grave de enjoo com a forma como meu estômago
está girando como se tudo estivesse balançando, ou talvez eu esteja
balançando. De qualquer forma, estou prestes a vomitar. Eu fecho meus
olhos novamente e respiro fundo. Inspire pelo nariz e expire pela boca.

— Ei, garota. Acorde. Ei! — Alguém chuta o meu pé e quando abro os


olhos novamente, vejo uma mulher mais velha com cabelos pretos e olhos
escuros. Sua pele está um pouco enrugada, mas ela se parece com alguém
que conheço. —Ei, como você está se sentindo? Você está bem? — A
mulher pergunta, com as mãos amarradas nas costas e os tornozelos
amarrados também.

Como o meu.

— Estou... confusa, — finalmente encontro as palavras certas. —Onde


estamos? Quem é você?

— Eu sou Whitney. Eu sou a mãe do Logan.

Eu suspiro de terror quando vejo que ela tem um olho roxo e um lábio
arrebentado. É por isso que ela parece tão familiar. Ela e Logan
compartilham muitas das mesmas características. —Eu gostaria de poder
dizer que foi bom conhecê-la, mas não queria conhecê-la assim. Eu sou
Juliette, Logan... não sei.

— A namorada de Logan. Eu conheço meu filho. Ele não se envolve,


então, se ele está envolvido com você, isso significa algo.

Eu balanço minha cabeça quando me lembro da última coisa que ele me


disse. Eu sei que não significo nada para ele. —Você sabe onde estamos? —
Parecem celas de prisão, mas são mais antigas e estão escuras por causa da
falta de janelas.

— Eu não sei, — diz ela, puxando as restrições até que sua pele se
rompa. —Não somos as únicas mulheres aqui, mas fomos levadas
intencionalmente por causa de Logan.

— Como você sabe disso? — Meu lábio começa a tremer, e é quando eu


sei que estou prestes a surtar. Eu não posso fazer isso. Eu fui treinada para
isso. Meu pai me treinou para sair de situações como essa. Eu vou ficar
bem.

— Porque eu notei o homem que me levou. Eu não o vejo há muito


tempo e não tenho ideia do que ele está fazendo aqui, mas é ele. Eu não
duvido disso.

— Quem?

— Na época, ele era apenas um prospecto para o MC. Ele ajudou a se


desfazer de...
— O corpo do pai de Logan? Sim, ele me disse. — Eu bato minha cabeça
contra a parede e uma brisa fria passa pelas rachaduras na fundação de
cimento, e eu estremeço.

— Bem, é ele e o meio-irmão do meu maldito marido morto. Não tenho


certeza do que diabos eles querem com Logan, mas é uma merda séria.
Estou preocupada com meu filho. Ele é forte, mas carrega vingança em seu
coração há muito tempo. Se ele nunca nos encontrar, ele se culpará.

— Ele vai nos encontrar. Meu pai vai nos encontrar. Ele é o... — Uma
porta se abre ao longe, e o tilintar de metal reverbera ao nosso redor
conforme as vozes se aproximam. —Esse é ele. Isso é... — Eu sinto a
esperança crescer em meu peito quando ouço a voz do meu pai. —Papai!
Papai! Nos ajude! Estamos aqui, — grito com lágrimas de alívio escorrendo
pelo meu rosto.

— Seu pai é o xerife?

— Sim. — Eu aceno com entusiasmo, sabendo que estamos prestes a


sair daqui.

— Juliette, eu odeio te dizer isso... — Whitney é interrompida quando


meu pai fica na frente da cela com outro cara que tem uma cicatriz no lado
esquerdo de seu rosto. Ele está me olhando com fome enquanto lambe os
lábios e agarra sua virilha.

Meu pai envolve as mãos nas barras e se inclina, permitindo que a luz
do corredor brilhe em seu rosto. É o mesmo olhar sombrio que ele me deu
quando me mudei. —Papai? O que está acontecendo? Nos deixe sair. — Eu
puxo as algemas, mas não adianta. Elas não vão a lugar nenhum. Estou
sentada em uma cama velha e manchada de um lado da sala, e Whitney
está na outra cama.

Papai geme de frustração. —Pare de me chamar assim. Deus, esperei


tanto para dizer isso. Erguer sua bunda foi exaustivo pra caralho.

Quase não entendo as palavras que saem de sua boca. Elas doem muito.
—Do que você está falando?

— Você. Você era apenas um bebê viciado em crack que uma puta que
eu fodi tinha. Eu não queria nada com você, mas então ela teve uma ideia
incrível. Nós a criaríamos e, na idade certa, a venderíamos.

Minha boca cai aberta, e eu mal chego à beira da cama antes de vomitar.
—Não! — Eu balanço minha cabeça com negação, e Whitney puxa contra
suas algemas para tentar chegar a mim, olhando para mim com pena.

— Deixe ela em paz, — Whitney late, e meu pai dá a ela um olhar que
poderia matar.

— Ela merece a verdade. Escute, ábobora, — ele ri do apelido que ele me


chamou nos últimos vinte e cinco anos. —Você nunca deveria ter nascido.
Eu prometi a um cara que ele poderia ter você pelo preço certo sob a
estipulação de que você deveria permanecer virgem, mas você não fez isso,
porra. Você tinha que ir e ser uma puta maldita, querida. O que eu falei
sobre fazer isso? O que eu falei sobre prostitutas?

Eu viro meu rosto para a parede e choro, meu coração se despedaçando


até que eu sinto que não consigo respirar ou pensar. Minha vida inteira foi
uma mentira apenas para me preparar para que meu pai recebesse um
grande pagamento.

— Aquele maldito motoqueiro arruinou tudo, e foi quando eu soube


que tinha que fazer minha jogada. E você sabe o que é ainda mais doce,
abóbora? O pai daquele bastardo era meu meio-irmão. Logan merece isso
por enfiar uma chave de fenda na cabeça do meu irmão. — O homem que
costumava ser meu pai tira um maço de cigarros do bolso e põe uma longa
fumaça branca entre os lábios. —É meio poético, certo? Que temos a cadela
que não era uma boa esposa, o filho bastardo que ama minha filha, mas
não tem permissão para isso.

— O que você quer? — Eu pergunto, realmente não me importando


com o que ele tem a dizer. Não importa.

— O que eu quero? Eu quero arruinar a vida de Logan, porra, como ele


arruinou a minha. Felizmente, Ziggy aqui estava disposto a me dar todas
as informações de que eu precisava para incriminar Logan. Todos nós
esperamos há muito tempo, sabe, então prometi a ele o dia de pagamento
assim que vendêssemos você, e então ele poderia fazer as honras de matar
Logan. E pensar que quase fiz isso antes de Logan acontecer, mas então
comecei a pensar com inteligência. — Ele bate na lateral da cabeça. —Eu
não posso acreditar como isso funcionou bem. É como se fosse para ser ou
algo assim.

— Por que esperar até agora? — Eu pergunto a ele, sentindo o gosto de


lágrimas em meus lábios enquanto eu choro.
— Eu queria esperar até ter os meios para fazer o que precisava fazer.
Eu tinha algumas pessoas na fila para incriminar Logan por assassinato
junto com esta pequena operação que estamos fazendo aqui. Já que você
fodeu com ele, não posso te vender. Isso é o que acontece quando eu espero
muito, mas posso ganhar dinheiro com você. Temos algumas lutas esta
noite, amorzinho, e os vencedores vão te foder. Os perdedores também
podem, desde que paguem. Eu realmente não dou a mínima.

— Eu quero ir primeiro, — o cara ao lado do homem que moldou meu


futuro para ser um pesadelo rosna.

— Então lute, — diz o xerife, dando um tapa no peito do amigo.

— Não faça isso, — eu imploro. —Não tem que ser assim.

— Sim, porque estou cansado de você. Estou cansado dos Ruthless


Kings pensando que podem fazer o que quiserem. Estou cansado do
assassino do meu meio-irmão andando por aí como se ele pudesse.
Demorou muito para me tornar xerife, mas agora posso ser intocável.
Posso fazer o que quiser e a primeira coisa na minha lista é Logan.

— Não faz sentido. — Whitney rola a cabeça para um lado e para outro,
tentando entender a lógica do homem louco. —Se você o odiava tanto, por
que não simplesmente o tirar do caminho e fazer o que quiser com Juliette?

— Porque, — ele diz sombriamente, abaixando sua voz, e os tremores


malignos me envolvem. Eu posso ouvir o sorriso em sua voz enquanto ele
continua. Ele solta uma baforada de fumaça primeiro. —Porque a vingança
é mais doce quando o plano de execução é detalhado. Foi pura sorte que
Juliette e Logan se encontraram. Ah, amor, é uma merda estúpida, não é?
Bem, deite-se, senhoras. Fique confortável.

— Todas aquelas vezes, — eu sussurro, fechando os olhos com força


quando penso em todas as festas de aniversário, presentes, beijos na testa.
Todos os momentos em que ele me mostrou amor, eram falsos. —Todos os
momentos que passamos juntos, você realmente não se importava comigo.
Você está bem com sua filha sendo usada para seu próprio ganho? Que
tipo de xerife você é? Que tipo de pai? — Eu cuspo, puxando com todas as
minhas forças contra as algemas na esperança de poder me lançar em seu
rosto nojento e mentiroso.

— Abóbora, sempre quis ser uma dessas coisas. — Ele joga o cigarro em
mim, e ainda está quente, brilhando em vermelho no final. Atinge meu
estômago, queimando um buraco na minha camisa até queimar minha
pele. Eu grito e rolo para fora do caminho, em seguida, chuto para fora da
cama até que ele caia em uma poça no chão, extinguindo-se
instantaneamente. —Vamos, Zig. O dinheiro está esperando. — Meu pai,
não, meu captor, se vira com uma torção maligna no rosto, um rosto que só
o diabo pode amar, e vai embora.

Seu amigo se vira para mim e inclina a cabeça entre as barras. —Vejo
você mais tarde, Juliette. — Sua risada é ameaçadora, um verdadeiro vilão
querendo estragar o conto de fadas que planejei para minha vida. Seus
passos se distanciam até que a porta se fecha, nos trancando no que a
maldição deve ser.
— Logan virá para nós, — Whitney diz. —Eu sei que ele vai. Sinto
muito pelo seu pai. Toda aquela família era terrível quando eu era casada
com o pai de Logan. Agradeço que Logan o tenha matado, ou eu teria sido
usada para o resto da minha vida. Nunca pensei que aquele dia voltaria e
me assombraria com uma vingança. Ziggy, se bem me lembro, estava com
Brass naquela noite. Ziggy era um traidor na época, e o clube o expulsou.
Faz sentido que seu meio-irmão tenha descoberto o que realmente
aconteceu. Aposto que Zig contou a Derek sobre a morte de seu irmão em
retaliação pelo clube que o expulsou. Você era apenas uma garotinha na
época... — A compreensão surge em seu rosto. —Oh meu Deus. —
Whitney fecha seus olhos, e uma lágrima rola por sua bochecha. —Eu
lembro de você. Eu te conheci uma vez quando você era apenas uma
garotinha. Aquele desgraçado se aproximou e Logan observou você
quando... não importa. Mas vocês fazem parte da vida um do outro há
muito mais tempo do que pensam.

— Nós... não somos parentes, somos?

Ela bufa. —Não, seu pai é apenas meio-irmão do meu ex.

— Oh, bom. Isso é bom. Isso teria sido estranho se eu o visse


novamente. — Se eu o ver novamente.

— Você vai vê-lo. Nós vamos sair dessa.

— Como você sabe? — Eu pergunto, perdendo a esperança a cada


palavra que tenho a dizer.
— Porque eu vi Logan proteger as pessoas que ama. Ele irá a todos os
extremos para proteger as pessoas que ama.

Mas será tarde demais? Será que vamos nos acostumar e ser jogadas de
lado com os lábios costurados? Logan será preso por assassinato?

Eu só quero ver o rosto de Logan novamente e dizer a ele que não me


importo que ele matou seu pai.

E eu não me importo que ele tenha que matar o meu.

Que se foda. Apenas me deixe estar em seus braços novamente.


Capítulo Dezenove

Já estive na casa do pai dela e não há nada lá que me diga onde ele está.
Ele não está na delegacia. Ninguém o viu desde ontem. Estou prestes a
perder isso completamente. Eu não me importo se a pessoa é inocente ou
não. Se eles ficarem no meu caminho, não acho que serei capaz de me
conter.

Vou matá-los junto com todos os outros que pegaram meu pequeno
pardal. Vou salvar ela e garantir que suas asas nunca sejam cortadas
novamente. Juliette só conhecerá a liberdade quando eu a tiver novamente.

No momento, estou no porão, interrogando um membro de uma


gangue que é muito familiarizado com a casa que vi o xerife algumas noites
atrás. —Me diga o que eu quero saber, — eu digo, flexionando meus dedos
para liberar a dor. Eu bati por algumas horas e mantive um aperto firme
em volta da minha chave de fenda.

— Eu não estou te dizendo merda nenhuma. — O cara resmunga, mas


me dá um sorriso arrogante que quero aniquilar de seu rosto.

Eu estive atacando ele por cerca de uma hora, mas ele não disse nada
sobre aquela casa. Eu arranco minha chave de fenda de sua coxa e
mergulho em seu intestino em seguida, torcendo e girando para que o
metal envolva todos os seus órgãos. Ele grita até quase desmaiar, e é
quando eu retiro a arma. Ele tenta respirar fundo. —É assim mesmo? Tudo
bem, então. Tongue? Faça o seu pior, — digo ao meu irmão MC, e ele sai
das sombras com um brilho de excitação em seus olhos.

— Espere, o que ele está fazendo? Quem é aquele?

— Ele vai se certificar de que você nunca mais fale. — Limpo minhas
mãos em um pano e percebo como meus nós dos dedos estão arruinados e
fodidos. Seu rosto está pior, isso eu posso dizer. Seus olhos estão inchados,
as bochechas estouradas e seu lábio está sangrando. Até o Knives teve
alguns acertos com sua Estrela Ninja, e o cara ainda não fala.

— O que isso significa? — O cara treme, seu corpo nu tremendo quando


Tongue dá um passo mais perto. Eu tenho que dizer, eu estaria pirando pra
caralho também se Tongue caminhasse perto de mim com uma faca,
planejando cortar minha própria língua.

Tongue agarra o queixo do cara, inclina a cabeça para trás e abaixa o


rosto até que Tongue está quase o beijando, virando sua cabeça para a
esquerda e para a direita. É quase como se ele estivesse se debatendo em
transformar isso em algo mais sujo. Ele bate no nariz do cara e sorri, em
seguida, leva a boca ao ouvido. — Vou cortar sua língua e alimentar os
coiotes, — Tongue diz em seu típico sotaque lento. A ponta da faca atinge o
queixo do cara e Tongue desliza a lâmina afiada em seu peito. Ele corta um
ferimento superficial na pele do homem que vai do queixo ao meio do
peito. —E se você não se afogar por engolir seu próprio sangue, meu amigo
Bullseye vai jogar dardos com seu coração. E então meu Prez vai chegar, —
Tongue lambe os lábios enquanto gira a faca sobre os mamilos do cara,—e
tirar seu coração batendo do seu peito.

O cheiro de mijo invade o ar e nosso prisioneiro balança a cabeça. —


Vou te contar. Porra, vou te dizer o que sei. Juro por Deus, não corte minha
língua.

— Mas eu quero, — Tongue faz beicinho.

— Tongue, — eu digo seu nome com uma mordida extra, dizendo a ele
para recuar. Tongue suspira, então dá um passo para trás.

— Eu nunca consigo me divertir. — E como uma criança, ele se inclina


para trás e cruza os braços sobre o peito.

— Fale, — eu digo.

— A casa é onde acontecem muitas lutas. Pessoas fora da rua em busca


de dinheiro extra ou dinheiro vão lá. Esta noite, há um prêmio especial
para os vencedores. Eles têm garotas lá dispostas a foder, mas juro por
Deus, isso é tudo que sei. Eu juro. — O homem urina de novo e o ralo
gorgoleja ao sugar o fluido corporal desidratado.

Essa é uma informação muito boa. —Por que você não nos contou isso
antes?

— Porque minha equipe vai lá o tempo todo. Eu não posso delatar


minha tripulação, cara. — A saliva se acumula no queixo do homem e
escorre no chão de metal. Sua saliva está tingida de vermelho com sangue,
e vê-lo espancado e quebrado tem um poder surgindo em minhas veias, me
fortalecendo para o que está por vir.

— Tongue, acabe com ele, — eu dou a ordem, e Tongue me dá o maior


sorriso enquanto empurra a parede com sua bota.

— O que você quer dizer? Eu... eu disse a você. Eu disse o que você
queria saber. Não homem. Não. Por favor. Oh, Deus, — o homem grita,
muco escorrendo do nariz para os lábios e queixo. É nojento.

Tongue envolve a mandíbula do homem, trazendo a faca aos lábios e o


jogo morde o ar, fazendo o homem pular. Eu jogo o pano no chão e assim
que saio, Tongue diz ao nosso cativo. —Deus não mora aqui.

Gritos dolorosos e de cortar a alma ressoam na sala de jogos do diabo,


seguidos pela risada perversa e vitoriosa de Tongue. O sangue jorra
enquanto o homem engasga e tenta viver.

— Alguém costure seus lábios e entregue seu corpo em casa. Eu quero


uma mensagem sendo enviada.

— Posso costurar sua boca com sua própria língua?

— Eu não dou a mínima para como você faz isso, apenas faça isso, — eu
sorrio e chuto a porta para encontrar Doc de pé entre a cama que Moretti
está deitado e o jovem policial que mal está se segurando. Apenas uma
porra de criança. Seus lábios estão inchados, pontos vermelhos cor de
sangue decoram seus lábios superior e inferior, e seus olhos estão fechados
de estar tão inchados. Doc teve que drenar os lados do rosto de toda a
acumulação de sangue, e parece que ele terá que fazer isso de novo.
Sarah está entre as camas, balançando em uma cadeira e lendo um livro
de Harry Potter em voz alta. Ela acha que os ajuda a se curar quando
ouvem uma voz amigável. Ela até faz vozes diferentes para todos os
personagens. Reaper sempre a encara com amor em seus olhos enquanto
ela lê, mas eu sei por quem ela realmente quer fazer isso. Um bebê. O bebê
dela, mas pode não acontecer, e é por isso que ela está lendo para os caras
que estão se agarrando à vida.

O jovem policial, Crybaby4, como o chamamos agora, também está em


coma, por indução médica, mas Doc achou que era melhor, considerando
todos os ferimentos.

— Swish and flick5, — Sarah lê em uma voz mais aguda que não é a
dela. Ela me vê e marca o livro, fechando-o suavemente como se tivesse
medo de acordar um dos homens ao lado dela. —Qualquer coisa?

Eu aceno e coloco minha mão no corrimão que leva até as escadas. —


Sim, vou contar ao Reaper agora. Ele tem um clube cheio de motociclistas
que querem uma atualização.

— Você a encontrará, Tool. Você merece coisas boas, não importa o que
você pense.

— Não sei do que você está falando, — digo baixinho.

— Eu ouvi você, tendo pesadelos, você sabe, gritando no topo de seus


pulmões. Sempre parece que você está lutando contra alguém. Essa pessoa
não está mais por perto, Tool.

4 Bebê chorã o
5 Um feitiço de Harry Potter
Meu rosto arde de vergonha. Eu não tinha ideia de que as pessoas me
ouviam.

Sarah abre o livro novamente para começar a ler, mas Reaper berra da
porta do porão. —Suba aqui. Agora. Chame Tongue e Bullseye também, —
ele grita antes de fechar a porta.

— Eu vou chamar eles. Vá em frente, — diz Sarah, colocando o livro na


mesa de cabeceira e se inclinando para ficar de pé.

— Obrigado, — eu respondo, precisando dar o fora longe dela antes que


ela me conte mais segredos. Enquanto subo os degraus, penso em como
estou cansado de viver no vazio e em como Juliette é a única capaz de me
tirar de sua escuridão.

Abro a porta, mas não me preocupo em ir para a sala principal porque


não é grande o suficiente para acomodar mais de cem motociclistas. O
auditório é uma enorme quadra de basquete, e Reaper também instalou
uma piscina para Sarah, porque ela adora nadar. Eu passo pela cozinha e
sala de jantar e abro a porta para outro corredor. Não é nada especial. O
corredor em si é bastante simples e ainda cheira a tinta fresca.

As portas industriais simples que se encontram em uma escola


aparecem, e eu empurro a porta aberta para ver uma onda de cortes pretos
nas arquibancadas. Muitos dos capítulos estão hospedados aqui, querendo
acampar perto da base, enquanto a maioria deles está hospedada em um
hotel na Strip. Eu gostaria que meu clube tivesse terminado de ser
reformado e toda essa merda não estivesse acontecendo, então nós
estaríamos nos divertindo. Minha garota pode ser a cantora, a atração
principal com uma voz como a dela, e eu serei o filho da puta sortudo que
não a merece, mas pode levá-la para casa todas as noites.

Eu esfrego a dor no meu peito, e não aquela que Reaper fez, mas aquela
que sentir falta de alguém causa. É aquela sensação de vazio e desamparo,
que faz o corpo parecer pesado. Estou de volta àquele vazio maldito e temo
que, se não encontrar Juliette logo, ninguém será capaz de me tirar de lá.

Vou precisar infligir dor às pessoas, e não quero isso para mim, mas é a
única maneira de aliviar o limite e a raiva dentro de mim.

— Tool. — Reaper desce da arquibancada inferior e me encontra no


meio do caminho. —Temos alguém que realmente quer ajudar.

— Reaper, escute, Seer e todo aquele capítulo de Nova Orleans são leais
até a porra do osso, mas eles me assustam. Eu não posso estar ao lado de
Seer. Não me faça trabalhar com ele.

— Você está assustado?

— De merda que eu não entendo. Como a porra da bruxaria vodu,


leitura psíquica de merda? Sim, Reap. Isso me assusta pra caralho, e eu
tenho medo de matar Seer com o quão nervoso eu me sinto.

Reaper acena com a cabeça e coloca a mão no meu ombro. —Não é ele
que quer trabalhar conosco. — Reaper dá um passo para o lado, e que se
dane se a criança não parece crescida.

— Boomer, — eu digo em estado de choque. Achei que ficaria furioso ao


vê-lo novamente, mas estou aliviado.
— Ei, Tool. — Ele dá um passo à frente e alguns caras flanqueiam seus
lados. Ele tem um patch em seu corte que diz Presidente, e o cara ao lado
dele tem um patch de VP. Seu nome é Arrow, o que faz sentido porque o
filho da puta está carregando um arco no ombro. O próximo cara é Kansas.
Lembro dele de Jersey, mas Arrow nem tanto. E então há Wolf, com um
patch que diz Sargento das Armas. Ele ficou por perto. Bom. Ele é um bom
homem para um MC.

— É bom ver você, cara. Você viu Sarah? — Dou-lhe um abraço rápido,
em seguida, aceno para todos os caras. —É bom ver você de pé. Decidiu
como nomear seu MC?

— Não, ainda não. Ainda estou debatendo se quero mantê-lo como um


capítulo de Ruthless ou não. Estamos reconstruindo, então não há pressa. E
ainda não a vi. — Ele coça a cabeça e o grande e mau presidente de seu
novo clube parece nervoso. —Ela está bem? Quero falar com ela depois que
todos nos falarmos, e você pode me atualizar sobre o que está acontecendo.
É algo parecido com o que aconteceu em Jersey?

Eu balanço minha cabeça, tentando conectar para ver se há algum


ponto. —Não, não é nada disso. Achamos que há um clube da luta
underground com uma rede de prostituição, e é onde eles estão
mantendo... — Minha voz quebra de emoção, e eu paro de falar por um
segundo. Eu não posso parecer um maricas na frente de uma centena de
motoqueiros durões. —É onde minha mãe e Juliette estão. Vá falar com
Sarah. Reaper e eu precisamos planejar. Acho que tenho a maneira perfeita
de entrar naquela casa.
— Bem, estou pronto para explodir quando você quiser. Vou falar com
minha irmã e espero que ela não me mate. Faz algum tempo.

— Ela sente sua falta. — Reaper o cutuca. —Ela precisa de você.


Continue.

Kansas e Arrow ficam para trás enquanto Wolf caminha com ele, mas
Boomer diz a Wolf para ficar para trás. O cara parece absolutamente
perdido, já que tem que ficar para trás com o resto de nós. Assistimos ao
corte em branco de Boomer se afastar de nós, e é difícil acreditar que ele
vive todo o caminho até Jersey agora, e se estabeleceu com uma Old Lady e
tudo. Quando diabos isso aconteceu? Louco.

— Qual é o seu plano? — Reaper me pergunta, me levando para o


banco onde Pocus e Seer estão. Eu rosno baixo em minha garganta para
Reap. Ele está me fazendo sentar perto deles de propósito.

— Bem, nós podemos comprar nosso caminho para uma luta. Pode ser
uma distração enquanto um grupo de rapazes procura as meninas.

— Quem vai lutar? — Poodle pergunta ao lado de Seer. Lady está


deitada a seus pés ao lado de Yeti. Inferno, estou feliz que meu cachorro
encontrou sua casa com todos. Eu tenho sido um dono de merda por não
estar mais por perto.

— Eu posso lutar, — diz o prospecto Tim, empurrando os óculos no


nariz enquanto nos olha com olhos grandes através de lentes grossas.
Todo o auditório fica em silêncio, e o grande pomo de adão de Tim
balança os nervos. Ele sente todos os olhos sobre ele, e isso está o fazendo
se contorcer.

— Tim, quanto você pesa? Dez quilos encharcado? Inferno, minha noz
esquerda é maior do que você, sem ofensa, rapaz.

— Mesmo? Sem ofensa? Você me comparou a sua noz, Skirt. E eu peso


sessenta e oito quilos, — ele murmura, tímido e quieto, mas ele flexiona os
músculos de qualquer maneira para nos mostrar seus braços esqueléticos.
Meu pit bull tem mais músculos do que ele.

Jesus Cristo, ele vai ser morto se o colocarmos em um ringue de luta.

Reaper esfrega a mão no rosto e Tank ri baixinho atrás de Tim. —


Agradeço seu entusiasmo, Tim, mas você é um pouco pequeno...

— Não, sério, eu posso lutar. Eu posso derrubar qualquer cara. Juro, —


ele diz, estufando o peito. —Coloque alguém contra mim agora, e eu irei
derrubá-lo.

— Seu funeral, — Reaper responde, claramente não acreditando em Tim


e, para ser honesto, eu também não. —Mas isso eu tenho que ver. Pocus,
escolha um de seus caras.

— Reaper, — eu sibilo seu nome, me perguntando o que ele está


fazendo. —Eles podiam trapacear usando suas… coisas de Nova Orleans.

— Achava que você não acreditava nisso? — Pocus sorri


descaradamente, colocando um amendoim na boca. Ele acha meu
desconforto divertido, e não é engraçado. Qualquer merda que eles
gostam, realmente me assusta pra caralho.

— Eu não, — resmungo e me sento ao lado de Seer, que me dá um


sorriso conhecedor enquanto acende um baseado e o entrega para mim. —
Não, obrigado. — Provavelmente vou acabar tropeçando na porra das
bolas com qualquer merda de bruxa que ele colocou nisso, e preciso clarear
a cabeça. Não estou prestes a estragar este plano e arriscar a vida de Juliette
porque fiquei chapado.

— Bones! — Pocus grita e depois gargalha como uma hiena quando o


maior filho da puta que eu já vi se levanta. Ele deve ter quase dois metros
de altura, com músculos do tamanho de pedras. Um de seus braços deve
pesar o mesmo que Tim, mas quando olho para Tim, ele não parece nem
um pouco preocupado.

Bones sacode todo o auditório enquanto ele pisa nas arquibancadas,


como um gigante do caralho. Suas orelhas têm piercing com esses chifres
de aparência de ferro branco. Seu corte se parece com uma maldita roupa
de mulher. Tenho a sensação de que eles não fazem seu tamanho.

— Você tem certeza disso, Coração Valente? — A voz de Bones é tão


profunda, e eu mal posso entendê-lo, mas seu apelido para Tim pode ficar.
Requer muita coragem para ser pequeno e ser voluntário para lutar em um
clube de luta clandestino ilegal.

— Por que eles chamam você de Bones? — Tim pergunta, estalando o


pescoço e esticando os braços enquanto eles ficam parados no meio do
chão do ginásio.
— Porque eu os quebro, — Bones diz antes de trazer seu enorme punho
no ar, que é do tamanho da cabeça de Tim. Um golpe daquela coisa, não
admira que ossos quebrem.

Tim se abaixa rapidamente, e todos ficam surpresos ao ver o pequeno se


mover entre as pernas de Bones. Tim sobe nele como uma árvore, passa um
braço ao redor do pescoço de Bones e pressiona sua jugular até que Bones
caia de joelhos. Seus olhos reviram e ele desmaia. Tim pula como um
maldito macaco-aranha e se uma caneta cair na sala, não há como ela não
ser ouvida porque ninguém nesta sala está respirando.

— Puta merda! — Reaper engasga, então lentamente um canto se forma,


e todos os motoqueiros estão batendo os pés e gritando. —Braveheart.

Tim parece francamente encantado e orgulhoso de si mesmo. Ele está


corando e parece tímido, mas quando ele lutou, ele tinha a confiança de
Bones.

— Prospecto, você faz isso, você pode ter seu patch e o apelido.

— Mesmo? — Ele empurra aquelas malditas armações no nariz


novamente, parecendo idiota como o inferno. Eu estive me perguntando o
que ele pode trazer para o clube, e ele acabou de se provar.

— Realmente, isso funciona porque ninguém viu seu rosto, então


quando você entrar na casa, eles não vão suspeitar. É hora de planejarmos,
rapazes, — anuncia Reaper. Boomer entra no auditório com a bochecha
vermelha, dando a Sarah uma carona nas costas, como costumavam fazer
quando eram mais jovens. Bem, estou feliz que eles consertaram as coisas.
É hora de resolver essa merda, porque hoje à noite eu terei minha garota
em meus braços e minha mãe em casa, onde ela pertence.

Minha chave de fenda vai ficar presa na testa do xerife, e se há uma


coisa que sei que sou bom é em como matar um pai.
Capítulo Vinte

Música alta bate do lado de fora e as paredes se dobram e vibram a cada


batida do baixo, mas não é tão alto quanto a multidão. O rugido de
aplausos de pessoas se reunindo para a luta ou para o que virá depois que
ela terminar. Estou morrendo de medo, confusa e com raiva. Meu pai
passou tantos anos me treinando para lutar, mas aí ele acaba fazendo isso?
Foi tudo um estratagema apenas para me manter longe de suas
verdadeiras intenções?

— Sinto muito, — Whitney diz pela centésima vez. —Eu sei como deve
ser confuso.

— Isso simplesmente não faz sentido, — murmuro uma resposta,


olhando para a parede na minha frente. Eu tracei a mesma rachadura na
parede com meus olhos por horas.

— Os psicopatas raramente o fazem.

Sim, estou recolhendo isso.

A porta de metal desajeitada familiar desliza aberta no final do


corredor, e o riso segue. Eu conheço aquela risada em qualquer lugar. É
meu pai. Seus passos pesados soam em meu destino conforme ele se
aproxima. Ele fica em frente à cela com uma cerveja na mão e, em algum
momento do dia, mudou o uniforme para um jeans preto e uma camiseta
preta.

Suas mãos agarram as barras e puxam a porta, deslizando-a para a


esquerda. —A festa está prestes a começar, querida. — Ele estala o i com
um sorriso malicioso, uma expressão de humor no rosto. —Venha conhecer
seus convidados. Eles estão realmente ansiosos por isso. — Ele vem para o
lado da cama e sua mão está fria com a cerveja que está segurando. Ele
puxa minha cabeça para trás e inclina a garrafa sobre meu rosto até que a
garrafa fria atinge meus lábios e força seu caminho garganta abaixo. Então
ele move o gargalo da garrafa, deixando a cerveja escorrer pelos meus
olhos e rosto. Eu gaguejo, cuspindo a cerveja da minha boca. Eu gostaria de
ter o controle das minhas mãos porque meus olhos estão queimando com o
álcool. —Você precisa relaxar. Tome outro gole.

— Deixe ela em paz! — Whitney grita, lutando contra as restrições em


seus pulsos para tentar detê-lo.

— Não me faça costurar sua boca, vadia. — Ele gira ao redor e dá um


tapa nela, sua mão conectando a sua bochecha com tanta força que a cabeça
de Whitney voa para trás e bate contra a parede, nocauteando-a.

— Whitney! — Eu grito quando meu pai me pega pelo pescoço e me


empurra para fora da cama.

— Cale-se. Comece a andar! — Sua mão pousa nas minhas costas e me


empurra para frente até meu peito bater nas barras de metal. Eu grito
quando minha clavícula atinge as barras em um ângulo estranho. Meus
joelhos dobram, mas o querido e velho papai está lá para me salvar. —Pare
de ser uma idiota de merda. — Seu aperto em meu braço é tão forte que
tenho medo de que meu osso se quebre. —Não temos a noite toda. — Ele
me empurra para fora da porta e eu bato na cela em frente a minha.

— Oh meu Deus, — eu sussurro quando vejo duas adolescentes


algemadas em suas camas, nuas e, pelo que parece, drogadas para fora de
suas mentes. —O que você está fazendo com elas? Deixa elas irem!

Papai desliza a porta da minha cela, mantendo uma mão firme no meu
pulso para me controlar. —Quem, elas? Não se preocupe, suas bocetas são
legais. — Ele afasta meu cabelo da orelha e ri. —Eu as provei esta manhã.
Estou surpreso que você não me ouviu. Elas adoraram isso.

— Você é um monstro, — sussurro, olhando para duas meninas que não


podem ter mais de dezoito anos com hematomas nas coxas e marcas de
agulha nos braços.

— Eu sou um empresário, querida. O aluguel precisa ser pago. — Ele


me empurra para frente novamente, meus pés se enredando um no outro
pela incapacidade de ganhar o controle do meu impulso forçado pela mão
do meu pai. —Vamos indo.

— Não faça isso. Eu sei que tenho que significar algo para você. Para
você me ensinar como me defender...

— Você acha que eu te ensinei isso por amor? — Ele me gira e bate
minhas costas contra a parede antes de entrar pela porta que leva à música
alta e aplausos da multidão. —Os homens amam uma mulher que luta.
Isso torna o encontro muito mais... intrigante. — Ele tira meu cabelo do
rosto e o empurra por cima do ombro. —Os homens adoram a emoção de
subjugar sua vítima, opa, quero dizer, mulher. Nada é mais emocionante
do que ver uma mulher ficar mais fraca quanto mais ela luta, mas nós,
homens, ficamos mais fortes quando percebemos que estamos vencendo.

— Você não vai se safar com isso, — digo com todo o veneno que posso
reunir com cada grama de ódio que tenho em minha alma por meu pai.
Tanto amor quanto eu costumava sentir por ele, é o quanto eu o desprezo
agora. Se o ódio fosse suficiente, isso o mataria onde ele está.

— Oh, eu tenho me safado disso, querida. Por anos. — Ele se abaixa


para se aproximar do meu rosto e eu viro minha cabeça, me afastando dele.
Minha bochecha esquerda pressiona contra barras de metal enferrujadas, e
meu pai beija a bochecha exposta. O homem é repugnante. —Vamos,
Juliette. Não é muito bom manter todas essas pessoas esperando. — Ele
agarra meu pescoço e me guia pela porta, seus dedos pressionando contra
minha jugular apenas o suficiente para tornar a respiração desconfortável.

Não tenho certeza do que esperar quando saio pela porta. Uma sala de
estar? Uma cozinha? Algo que parece uma casa, mas não, esse não é o caso.
Todas as paredes foram derrubadas e tudo o que posso ver é a estrutura da
casa.

Casa normal por fora, concha vazia por dentro.

Uma cerca de corrente bloqueia arquibancadas de madeira ao redor das


paredes. As pessoas estão agarrando a cerca, sacudindo o metal, gritando
na minha cara enquanto meu pai me leva para o meio da sala. Tem cheiro
de fumaça, álcool, suor e sangue. Estremeço quando a luz acende e olho
para os pés, vendo manchas de sangue na madeira compensada.

E isso é...

Um dente?

Isso é um dente. Oh Deus, que diabos é esse lugar?

— Obrigado a todos por terem vindo esta noite, — meu pai anuncia,
mantendo um aperto firme em meus pulsos. —Temos um grande show
para vocês. Por favor, faça suas apostas com Zig. Haverá sete rodadas. O
vencedor terá minha filha, só para ele, para fazer o que ele quiser. —
Rugidos profundos soam da esquerda, e é quando vejo uma fila de homens
muito grandes, todos sem camisa, olhando para mim com tanto desejo que
parece uma ameaça à vida.

Provavelmente é.

— Temos muitas mulheres para quem precisa relaxar. Venha me ver e


pague uma taxa fixa. Todos, exceto o vencedor das lutas desta noite, têm
que pagar. Se você é novo aqui, bem-vindo ao The Pit. Se você é um
regular, bem-vindo de volta. Você sabe o que fazer. — Todo mundo grita
depois que meu pai termina de falar, e a música começa a tocar novamente,
balançando a madeira sob meus pés.

— Você será salva para o vencedor, amorzinho. Eu não posso ter você
toda usada. Isso não seria muito bom da minha parte, — ele sussurra em
meu ouvido, sorrindo enquanto acena para a multidão. É como se ele fosse
o deus deles ou algo assim. —Mas vamos dar aos lutadores algo pelo que
lutar.

Eu não entendo até que ele arranque minha camiseta do meu corpo e a
jogue na seção onde estão os lutadores. Os homens batem na cerca
tentando se libertar enquanto são provocados com meu corpo que eu não
quero que eles tenham.

—É isso que vocês vão ganhar, pessoal. Jovem, linda e posso garantir
que sua boceta está apertada. Tudo para você. Você a terá por apenas uma
noite.

— Não! — Tento me livrar das garras do meu pai quando percebo seus
planos para mim. Eu sou um troféu e duvido que esta seja a última noite.
Vai ser todas as noites. —Eu não quero isso. — Eu caio com meus esforços
para me livrar de seus dedos malignos. Estou de joelhos, e isso só faz os
lutadores espumarem pela boca. A cerca inteira se curva e balança e, por
um segundo, acho que eles estão prestes a quebrá-la. Eu chuto minhas
pernas para fora, e isso tira as pernas do meu pai debaixo dele, assim como
ele me ensinou.

Ele apenas cai de joelhos, me agarra pela nuca e bate meu rosto contra o
compensado áspero do chão. Meu corpo inteiro cai mole e eu gemo de dor
quando estrelas explodem em meus olhos. Meus arredores ficam confusos.

— Ela é uma lutadora também, meninos. Eu me certifiquei disso, — diz


ele. —Que comecem as lutas! — Ele grita para deixar a multidão agitada e
todos gritam, esperando o show começar.
O tempo está passando, e eu não acho que Logan vai me encontrar
antes de eu ser o prêmio de um lutador.

— Suba, docinho. Vamos deixá-la apresentável. Não gostaria que você


tivesse uma aparência desagradável. — Ele me levanta pelo cabelo, mas
não tenho forças para me levantar, então ele me arrasta pelos meus cabelos
castanhos. Eu levanto minhas mãos para agarrar meu couro cabeludo na
esperança de aliviar a pressão e a dor dos meus folículos capilares.

— Me ajude, — tento gritar, mas a dor na minha cabeça está me


impedindo, e as palavras saem uma bagunça confusa e arrastada. —
Alguém, — eu imploro enquanto ele me arrasta escada abaixo. Meu cóccix
bate contra a madeira toda vez que meu corpo cai.

— Cale-se. Ninguém digno vem a este lugar. Você está ferrada, querida.
E você vai me fazer muito dinheiro. — Ele abre a porta de um quarto onde
uma mulher mais velha está sentada em uma penteadeira, longos cabelos
castanhos caindo em cascata pelas costas enquanto passa pó em seu rosto.
—Faça ela parecer bem.

— Eu sei. — Ela revira os olhos e esfrega os lábios depois de aplicar o


batom vermelho. —Este não é meu primeiro rodeio.

— Eu sei. Você vai ser a melhor puta que existe, — meu pai ronrona e
me joga na cama. Ele me deixa lá para empurrar as mãos para baixo na
frente do conjunto de lingerie da mulher. —Eu quero um pouco disso mais
tarde.
— E você vai conseguir. — Sua voz soa familiar, amigável e
reconfortante.

— Mmm, esses peitos. — Ele grunhe enquanto aperta seus seios. —Eu
vou foder com eles, então foder você. É melhor você estar pronta.

— Como sempre, — a mulher diz a ele em um tom de flerte,


terminando com uma risadinha inocente.

Inocente. Certo.

— Deixe ela bonita, — meu pai ordena e então sai da sala, batendo e
trancando a porta atrás de si.

— Juliette? Juliette! — Aa mulher sibila. —Garota? Você está bem?

Abro os olhos, semicerrando os olhos quando vejo Trixie me olhando


com preocupação. Ela está com uma peruca e um dos conjuntos de lingerie
da loja. Quando tudo se encaixa no lugar, eu rolo para fora da cama para
ficar longe dela. —Você estava envolvida nisso! Sua traidora! Eu não posso
acreditar que você faria isso comigo! — Eu me encosto em um canto, meus
pulsos doendo quando minha pele fica presa nas dobradiças de metal das
algemas. Eu começo a soluçar, meu coração se partindo de toda a traição
que estou sentindo. Não posso acreditar que minha amiga, a pessoa com
quem trabalhei por dois anos, e meu pai faria isso comigo.

— Não, garota! Oh Deus não! Eu juro, me escute. Só estou aqui porque


Logan veio até mim e pediu ajuda. Ele se perguntou como entrar com
segurança em casa sem machucar você e o cara que ele está lutando agora.
Ele não queria arriscar sua segurança e eu conhecia um cara, que conhecia
um cara, que conhecia um cara que queria sair comigo, e eu disse que sairia
com ele se ele me trouxesse aqui. É um pouco confuso, mas Trixie tem
truques na manga, garota. Eu não vou fazer nada para você. Você é minha
garota! Nós vamos tirar você daqui. — Ela dá um tapa no meu ombro, um
pouco desconcertada por eu a acusar de se voltar contra mim. Ela pode me
culpar? Considerando…

— Mesmo? E Logan? Você deixou meu pai agarrar você. Por quê?

— Porque uma prostituta tem que fazer sua parte. Há muita coisa que
você não sabe sobre mim, Juliette. Vamos manter assim.

— Qual é o plano? — Eu pergunto enquanto Trixie escava em seu


cabelo, puxa um grampo e facilmente cava a ponta minúscula na fechadura
do punho. Eu dou a ela um olhar questionador, e ela me dá um sorriso
nervoso.

— Não pergunte, — diz ela e, em seguida, destrava as algemas do meu


pulso. —A partir de agora, eles vão fazer isso como um clube. O homem
que vencer fica com você, e os Ruthless Kings planejam vencer.

— Não, eles não podem! Papai vai saber...

— Não, seu pai não conhece o prospecto, Tim. Carinha fofo, pode ser
esmagado, mas dizem que não. Depois que ele vencer, ele virá até você, e é
quando eles vão invadir o lugar. Eles têm todos os capítulos com eles,
garota. Este lugar está prestes a ser totalmente queimado.

Sim, eu só espero que não estejamos nisso quando virar cinzas.


Capítulo Vinte e Um

— Eu deveria estar lá, — eu digo, chateado e nervoso enquanto observo


a casa pela janela do caminhão que Reaper está dirigindo.

— Não, você não deveria estar. — O distintivo está digitado no


computador no banco de trás. — Você pensaria com suas emoções e
acabaria morrendo.

— Não, eu não faria. Eu vou. — Eu agarro a maçaneta da porta para sair


quando Reaper agarra meu braço para me parar.

— E digamos que você seja pego. Há um de vocês e quem sabe quantas


pessoas estão lá. Deixe o plano funcionar, é um bom plano.

— Deixe Tim vencer, levar Juliette para um lugar seguro…

— E minha mãe? Não, tem que haver outra maneira. Eu não posso
esperar tanto tempo, Reaper.

— Você pode não precisar, — Badge diz, virando seu laptop para me
mostrar. —Demorou um pouco, mas parece que há um túnel subterrâneo
saindo do esgoto. Leva você para o porão. Parece que o túnel não é usado
há mais de cem anos, então pode nem levar mais para a casa de qualquer
maneira.

— Eu não me importo. Eu vou. Onde fica a entrada para o esgoto? —


Uma batida na janela interrompe o plano, além do outro plano, o que não
parece uma boa ideia a longo prazo, mas eu tenho que entrar naquela casa.

— Boomer, — digo seu nome com os dentes cerrados. Ele sempre


encontra os momentos mais inoportunos para interromper. E, claro, Seer
está ao lado dele.

Juro por Deus, por que esse cara não vai embora?

Abro a janela, impaciente e irritado. —O que?

— Oh, sensível, — diz Boomer, sorrindo para mim com seu sorriso
irritante de sabe-tudo.

— Seer, — eu resmungo uma saudação.

Ele sorri também.

Por que todos estão sorrindo? Eu odeio isso.

— É só descer a rua, — diz Badge.

— Eu quero ir, — Boomer pula de pé com entusiasmo, e Seer ri.

— Ansioso. Mesmo com o inimigo na cabeça, sim, Boomer, — Seer diz.

— Meu inimigo é meu amigo agora, é por isso. Mate eles. Mate eles.
Mate-os, — ele canta, substituindo a própria palavra por eles. —Estou
seguindo o conselho de Reaper. E tenho a sensação de que temos algumas
mortes a fazer?

Eu verifico duas vezes para ter certeza de que minha ferramenta está
alojada ao lado da minha cabeça. Abro a porta e dou uma última olhada na
casa. Se ela não estiver lá, não sei o que vou fazer. É minha última
esperança de encontrar Juliette. Eu corro para a direita, para longe da casa,
e as botas de Boomer estão bem atrás de mim. Sigo o asfalto da estrada
noite adentro, olhando para as luzes da rua que se alinham na rua.

Quando chego ao cruzamento, uma casa branca em ruínas está à direita


com algumas pessoas de pé na varanda, mas elas ficam longe de nós. Bom,
eles devem ter recebido a mensagem do amigo. Eu paro e procuro a
entrada do esgoto. Como eu suspeito, está no meio da estrada. Corro para o
bueiro redondo de metal e me agacho, agarrando-me ao topo. —Droga,
isso é pesado, — eu resmungo, usando cada grama de força que tenho para
empurrá-la de lado. Metal bate contra o pavimento e é alto, fazendo meus
ouvidos zumbirem. —Tudo bem. Aparentemente, há um antigo túnel que
leva ao porão da casa. Pode não estar em uso, mas...

— Mas nada. Vamos explodir qualquer merda que estiver em nosso


caminho, fora do caminho. Você sabe que venho preparado. Vamos salvar
sua garota. — Boomer dá um tapa no meu ombro com uma positividade
que eu nunca tinha visto dele antes.

— Estou indo também...

— Você guarda sua merda de bruxa para você, tudo bem? Essas são as
regras, — eu digo a Seer enquanto desço a escada na escuridão. Eu pulo e
caio na água rasa, minhas botas espirrando sujeira ao longo do meu jeans.
Tem cheiro de morte, e o guincho de pequenos roedores me diz que
estamos cercados por ratos. Boomer pula em seguida, então Seer.

— Este túnel tem...

— Cale a boca, Seer. Estou tão perto de enfiar essa chave de fenda no
seu crânio, — eu o impeço de dizer qualquer outra coisa sobre o túnel.
Provavelmente é assombrado por merdas ruins ou qualquer outra coisa, e
eu não quero saber os detalhes.

— Você precisa estar aberto à possibilidade de que existem outras coisas


além do normal.

— Se você acha que o que estamos fazendo é normal, você está maluco.
A pequena bobagem de bruxa fritou seu cérebro. — Enrolo o dedo na
cabeça, uma forma de chamá-lo de louco, e sigo o esgoto na única direção
que ele segue. É escuro, assustador, e o único som que ricocheteia nas
paredes curvas são as unhas dos ratos e nossas botas chapinhando na
bagunça que está na água.

Minhas mãos estão se contorcendo por violência, para vomitar meu


ódio no bastardo que se diz pai de Juliette.

— Você ama essa mulher apesar do medo que sente de um dia ser um
pai que seus filhos odeiam, — diz Seer.

Solto um longo suspiro e empurro Seer contra a parede suja e lisa, meu
braço em seu peito e a chave de fenda provocando sua têmpora. —Você me
escuta, não fale comigo como se você me conhece. Não fale comigo. Você
não sabe nada sobre mim ou como me sinto. E sejam quais forem as
vibrações que você tenha, não sinta que precisa compartilhá-las. — Eu o
empurro e ele acena, mas o faz com um sorriso.

Mal posso esperar pelo capítulo de Nova Orleans sair daqui.

— Boomer, você não pode brincar de bola com a granada? Isso está me
deixando um pouco nervoso, mas é bom saber que muitas coisas não
mudam. — Observo enquanto a granada voa para o alto, depois volta para
a palma da mão, para cima, para baixo, para cima, para baixo, até que ele
finalmente a coloca no bolso cortado.

— Você suga a diversão de tudo, — Boomer faz beicinho, chutando a


água e jogando-a contra a parede, assustando alguns ratos.

Chegamos a uma parte do esgoto que tem quatro barras de metal


separando-nos, e no final parece haver uma porta de algum tipo. —É isso,
mas como vamos passar? — A ferrugem se enterra na minha pele enquanto
eu aperto e puxo. Faço uma nota mental para tomar uma vacina
antitetânica. As barras dobram, mas não cedem. —Porra! — Minha
maldição ecoa pela linha de esgoto. —Tem que ser isso.

— Me deixe explodir.

— Não sabemos o que vai acontecer com o resto do esgoto, Boomer.


Você tem algo menos letal em seus bolsos? — Ele puxa uma miniatura de
dinamite. Lembro de lutar com o capítulo de Jersey.

— Eles dão um soco, mas não é tão divertido. Dê um passo para trás. —
Boomer parece menos do que animado por ter que fazer isso. Ele levanta
um pacote de fósforos para acender o pavio, mas agarro seu pulso no
último momento, antes que ele nos mande para o inferno. —O que você
está fazendo? — Ele pergunta, fazendo beicinho com o lábio inferior como
uma criança.

— Você vai nos matar se acender isso. Pode haver gases no ar ou algo
assim, — advirto, apertando meus dedos ao redor de seu pulso.

Em vez de realização ou pânico, algo mais pisca em seus olhos. Ele quer
ver se há gases no esgoto para explodir essa vadia. Filho da puta louco
empunhando bombas.

— Tudo bem, — ele pede desculpa, mas posso ver as engrenagens


girando em sua cabeça enquanto ele pensa em queimar o esgoto até o chão.
—O que você quer que eu faça? Eu não vim com mais nada. Meus bolsos
estão cheios de granadas e dinamite. — Sua voz ricocheteia nas paredes do
esgoto, ecoando pelo túnel junto com os pequenos arranhões de ratos.

Tem que haver alguma coisa. Apalpo o topo da arcada onde as barras
encontram o cimento. Apenas para sentir que eles estão soldados ao metal,
e o metal é perfurado no cimento. Eu não posso esconder o sorriso
arrogante quando algo tão simples como minha chave de fenda vai
remediar isso. —Assistam e aprendam, rapazes. — Pego minha ferramenta,
minha arma, meu tudo e insiro a ponta chata simples nos velhos parafusos
enferrujados. —Puta que pariu, isso pode não funcionar, — resmungo
enquanto giro a chave de fenda, colocando o máximo de força que posso no
metal enferrujado.
— Vamos, mon ami. Você consegue. Pense em Juliette, — Seer tenta me
encorajar, e uma imagem dela chorando por mim, machucada e Deus sabe
o que mais me tem agarrado a uma força que eu não sabia que existia
dentro de mim. O cimento e o metal antigo trituram juntos, um novo som
que desprezo, como pregos em um quadro-negro, até que o ferrolho bate
no chão, caindo em uma poça infestada de sujeira.

— Não é tão legal quanto dinamite, mas tanto faz. Funciona. — Boomer
chuta o parafuso no chão, fazendo beicinho.

Estou suando quando tiro o terceiro parafuso e decido que está solto o
suficiente para tentar entrar agora. Eu limpo meus olhos para que o líquido
salgado não me cegue e levanto meu pé, batendo nas barras semi soltas. As
barras gemem, mas não cedem.

— Foda-se, vamos lá, — eu digo em desespero, e Seer coloca sua mão no


meu peito, me impedindo de tentar novamente.

— Deixe-me, mon ami. Salve sua força. Boomer, vou contar até três.
Vamos. — Seer empurra Boomer para se esconder atrás dele. —Um dois...

— Espera. Em três ou depois de três.

— Porra, Boomer! Três. No Três. — É a primeira vez que eu ouço o Seer


irritado e ouvi-lo xingar é hilário.

— Importa. Apenas dizendo. — Boomer levanta as mãos, defendendo


seu caso.

— Um, dois, três... — Seer e Boomer batem suas botas contra as barras, e
o metal se quebra ao meio, alguns pedaços enferrujados caindo no chão.
Boomer faz um som de explosão com a boca, fazendo parecer que nós
explodimos a porta. —Tão anticlímax. — Ele suspira com um suspiro de
decepção.

Sem dúvida, isso fez muito barulho. Precisamos nos apressar. Eu agarro
as barras e saio, sibilando quando uma das pontas afiadas e irregulares
arranham meu braço e traz sangue à superfície.

— Certo, um de vocês precisa ficar aqui embaixo. Não sei quantas


meninas existem ou se são apenas Juliette e minha mãe. Mas eu não posso
ajudá-las. Elas têm que encontrar você aqui.

— Eu vou ficar, — Seer diz.

— Bom. Vamos lá, Boomer. — Eu levanto minha perna e passo por cima
das velhas barras quebradas que estão lá há muito mais tempo do que eu
nesta terra. Nós gentilmente passamos pelos escombros e então corremos
para a porta. —Já foi usada. Veja. — Eu aponto para os arranhões no
cimento da porta abrindo e fechando.

— Olha. — Boomer aponta para o espaço vazio próximo ao túnel, uma


parte que não está bloqueada e que está cheia de ossos e corpos em
decomposição. —Oh meu Deus, — ele sussurra, olhando para a cena na
nossa frente. —São todas mulheres.

— Eles as usam e quando acabam com elas, eles as trazem... — Eu não


consigo terminar a frase. Eu levanto minha bota e bato na porta, apenas
para ser recebido por um guarda. Enfio minha chave de fenda entre seus
olhos sem hesitar.
— Droga, você é rápido com isso, — diz Boomer.

— Não há tempo para não ser. — Minha arma goteja sangue fresco e
traz o combustível necessário que preciso para matar novamente. O
corredor em si está vazio, mas outra porta aparece. Eu chuto aquela,
sentindo meu joelho pulsar de dor pela quantidade de força necessária
para quebrá-la. Há dois guardas aqui, e Boomer pega um, então eu pego o
outro, enfiando a ferramenta em seu estômago e depois em sua cabeça.

— Apenas alguns segundos, — Boomer diz com um sorriso louco,


lambendo os lábios enquanto os olhos do cara se arregalam enquanto
Boomer coloca as mãos sobre a boca do guarda. Boomer empurra o guarda
para o corredor de onde acabamos de sair, e o estômago do cara explode,
enviando uma onda de sangue sangrento pelas paredes.

— Bruto.

— Incrível, — diz Boomer.

— Nos ajude, — uma pequena voz vem de dentro, e Boomer e eu


seguimos o apelo. Quando ponho os pés dentro do porão, há seis celas
revestindo cada lado da parede e gemidos agradáveis vindos do outro
lado.

Com passos lentos e furtivos, faço meu caminho em direção ao pesadelo


que se desenrola. Encontro a porta aberta e um homem puxando as calças
depois de foder uma garota que parece muito drogada. O corpo dela está
mole, e ele nem mesmo usou a porra da camisinha. Ele pegou o que ela não
queria dar.
— Que porra você pensa que está fazendo? — Eu ataco ele e agarro
firmemente o colarinho de sua camisa, e é quando eu noto os tornozelos
das garotas acorrentadas. Bastardo doente, porra.

— Espere sua vez! Eu paguei! — Ele quase cai de sua calça jeans
enrolada em seus tornozelos, e seu pequeno pau balança.

— Você está morto, — eu sussurro em seu ouvido antes de mergulhar a


ferramenta em suas bolas e prendê-lo na parede. Ele tenta gritar, mas eu
abafo seus gritos com a palma da mão. Eu puxo a chave de fenda e, em
seguida, faço o cara agarrar seu pau, encontro a fenda onde ele urina e
enfio a chave de fenda para dentro, esperando que ela o esteja destruindo.
—Fodidos doentes como você não merecem o privilégio da vida. — Eu
arranco o metal e continuo mergulhando em seu corpo inteiro, acertando o
golpe final em seu coração.

— Boomer? Tire ela dessas algemas e deixe ela pegar sua camisa ou algo
assim. — Limpo o sangue em meu jeans e, quando Boomer vê a garota na
cama, uma respiração trêmula sai de seus lábios.

— De certa forma me lembra Scarlett. Se eu não a tivesse encontrado...


esta poderia ter sido a vida dela. Uma rede de prostituição. — Boomer
pigarreia e vai até a garota, cobrindo ela com seu corte de couro. —Você
vai ficar bem.

— Não. Não, — a garota balbucia. —Não.

— Você está bem, — diz Boomer novamente.


— Ela não sabe o que está acontecendo. Apenas tire ela de lá, — eu digo
e então faço meu caminho em direção à próxima cela. Demora um pouco
para abrir a fechadura da velha cela da masmorra, mas eu consigo. Todas
as meninas estão drogadas, mas podem ficar de pé. Uma garota está morta,
parece que uma overdose, e eu sei que ela terá que vir também. Seus pais
merecem enterrar ela.

— Siga o corredor. Você vai encontrar um homem lá, Seer. Ele vai te
levar para pedir ajuda, certo? — Eu digo ao grupo de cinco. Estão todas
tremendo, chorando, muito sujas, mas não fazem perguntas, elas saem
correndo dali. Respirando fundo, faço meu caminho até a última cela e
Boomer está tirando a outra garota da dela.

— Eu estou levando ela para a Seer. Ela está muito fodida para andar.
Eu voltarei.

Eu aceno e abro a última cela, sem me preocupar em olhar para dentro


porque eu sei o que vou encontrar. Quando abro a porta, uma cama está
vazia, mas a outra tem uma mulher inconsciente nela. Ela está vestida e
meu coração bate no meu peito quando reconheço o corte que ela está
usando. —Mamãe? — Corro para o lado dela, tiro seu cabelo do caminho e
penduro minha cabeça com alívio. Ela está viva. Graças a Deus, ela está
viva. —Mãe, acorde. Vamos. Eu preciso que você acorde. — Eu balanço
seus ombros e ela geme, balançando a cabeça lentamente. —Mãe, vamos.

Seus olhos se abrem e eu trabalho para destravar as algemas de seus


pulsos e tornozelos. —Logan? É você? — Ela me encara com descrença e
olhos confusos e vidrados. —Estou sonhando?
— Não, estou aqui. — Eu seguro seu rosto e sorrio, segurando as
lágrimas. —Estou tão feliz por você estar bem. Eu vou tirar você daqui.

— Julieta. Ele a levou. — Ela segura a cabeça quando eu a ajudo a se


sentar. —Pela casa.

— Tudo bem, vou precisar que você siga aquele corredor até meu amigo
Seer, tudo bem? Eu vou pegar Juliette.

— Você veio. Meu bebezinho. — Seus olhos caem para meu jeans
ensanguentado, vendo o líquido vermelho na chave de fenda. —Você tem
que fazer o que tem que fazer.

— Você pode andar?

Ela balança a cabeça e balança quando ela se levanta. Minhas mãos


caem em seu ombro para ajudar a estabilizar ela. —Estou bem. Vá. Quem
sabe o que aquele homem planejou e, Logan? — Minha mãe agarra meu
braço e franze a testa. —O xerife, você não se lembraria dele. Faz muito
tempo, mas ele é meio-irmão do seu pai e o prospecto que ajudou a cuidar
do corpo do seu pai? Brass o expulsou do clube há alguns anos e ele contou
tudo ao xerife. E você e Juliette... — ela segura meu rosto e seus olhos
lacrimejam com um sorriso triste. —Vocês já se conhecem. Você se
encontrou uma vez...

— A garotinha que eu observei enquanto... — Eu me lembro daquele


dia. Meu pai e seu meio-irmão se revezaram contra minha mãe, e eu tive
que abafar seus gritos ligando a televisão. —Aquela era Juliette?
— Traga ela para casa, Logan. — Minha mãe dá um tapinha na minha
bochecha e sai da cela. Seu corte de ‘Propriedade de Brass’ me encara antes
de cair para a esquerda e desaparecer no corredor.

Agora somos só eu e o pai de Juliette. Eu vou lutar até a morte. Eu viro


a chave de fenda na minha mão e caminho pelo corredor de cimento.
Abrindo a porta, mato o primeiro homem que vejo.

Ziggy.

— Parece que você não vai mais fazer zag, Zig, — digo a ele, seu crânio
esmagando sob minha bota enquanto arranco minha arma de sua cabeça. A
multidão está gritando, batendo os pés no chão enquanto a luta continua. O
corredor está escuro e não estou preocupado com a possibilidade de
alguém me ver agora. Tim está nos ombros de um cara, suando, parecendo
espancado até a morte com metade do rosto inchado. Ele envolve as pernas
em volta do pescoço do cara, depois se torce, e o gigante cai no chão,
sacudindo toda a fundação da casa. Tim apaga o cara antes que ele fique
preso sob o peso morto.

Braveheart é impressionante. Eu vou dar isso a ele.

— Parece que temos um vencedor, pessoal, — o xerife levanta as mãos


de Tim, seu peito ossudo subindo e descendo com a respiração pesada
enquanto ele tenta recuperar o fôlego. —Você não ficará desapontado.

Eu dou um passo à frente para a luz para o xerife me ver, e Tim entende
isso como a deixa para correr em direção ao outro lado da casa onde ele
deve saber que Juliette está.
— Muito tarde. O vencedor já vai reclamar o seu prêmio, — canta o
xerife.

Eu não o corrijo. E enquanto o xerife e eu olhamos para baixo, Reaper,


Pocus, Bones, Bullseye e trinta outros membros invadem a porta. —Os
policiais estarão aqui em cinco minutos, — Badge anuncia, e todos os
membros puxam uma arma de seu colete, apontando para a multidão,
ousando alguém tentar correr.

— Tenho cinco minutos para matar você, — provoco o xerife.

— Eu só vou precisar de um para finalmente te colocar onde você


pertence. A sete palmos abaixo do chão, assim como seu pai.

Eu levanto meu punho, porque eu quero me deliciar em tirar a vida do


homem e bater em seu rosto. —Não sou nada como ele.

— Logan! — A voz de Juliette é música para meus ouvidos e a distração


de que não preciso. O xerife leva isso para me derrubar no chão. —Logan!
— Eu a ouço chorar por mim, e isso aumenta o poder em meus músculos,
em minhas veias, e pela primeira vez na minha vida, uso o amor como
combustível em vez de ódio.

E isso me dá mais força do que a raiva jamais deu.


Capítulo Vinte e Dois

Eu vejo com horror quando Logan é derrubado no chão. Derek levanta


o punho e dá socos pesados no rosto de Logan. Mesmo daqui, posso ouvir
carne contra carne e ver a raiva mental nos olhos de Derek enquanto ele
bate em Logan. Ele não é mais meu pai, o homem que me criou. Ele é o
inimigo. Um ser vil e nojento que não merece seu próximo suspiro.

A multidão está quieta enquanto um homem grande usando um colete


Ruthless MC aponta o cano de sua arma para um homem na primeira fila,
em seguida, aponta para o homem na segunda fila. As pessoas percebem
que não estão mais colhendo os benefícios do evento horrível e estão
prestes a ser vítimas por apoiarem um ato tão vil.

Logan chuta Derek e vai enfiar a chave de fenda na cabeça do inimigo


quando o psicopata que me levantou a tira das mãos de Logan.

— Precisamos tirar você daqui, vamos. — Tim tenta me empurrar pela


porta dos fundos, mas eu planto meus pés. Trixie está puxando meus
braços, me dando um olhar suplicante para ouvir Tim.

— Eu não vou deixar Logan. Por que eles não o estão ajudando? Que
tipo de irmãos são vocês? — Eu empurro o peito suado de Tim.
— É pessoal com Logan. Ele nos disse para não interferirmos.

— Eu não vou embora sem ele, e ponto final, — eu rosno, empurrando


Tim para longe de mim junto com Trixie. Eu corro para o ringue e Derek
sorri para mim quando ele chuta o lado de Logan. —Logan!

— Awwnn, o que é isso, abóbora? Isso te incomoda? — Ele chuta Logan


novamente, jogando ele de costas.

Eu coloco minhas mãos sobre minha boca e vejo quando Logan luta
para chegar a suas mãos e joelhos, apenas para Derek bater sua bota nas
costelas de Logan novamente. A mão de Logan alcança sua chave de fenda,
e Derek não percebe, pois seus olhos estão fixos em mim. Logan se move
mais rápido do que eu pensei que ele poderia e acerta a arma na coxa do
xerife, fazendo ele gritar e cair no chão, segurando sua perna.

— Como se sente? Em breve você vai encontrar a mesma morte do seu


meio-irmão fodido, e eu mal posso esperar para ser o único a fazer isso. —
Logan fica em pé sobre suas pernas fortes, seu peito largo pesando
enquanto ele encara o xerife. Ele dobra o joelho e chuta com muita força, a
cabeça de Derek bate para trás e o sangue jorra pelo rosto.

E ainda assim o homem ri. —Isso é tudo que você tem? — Derek bate
com o cotovelo na lateral do corpo de Logan e a chave de fenda cai no chão,
rolando até o final do ringue, onde a cerca encontra a madeira
compensada.

Enquanto Logan luta com Derek, caio de joelhos e rastejo em direção à


chave de fenda. Meus olhos levantam para verificar os arredores, e Reaper
olha de mim para Logan com olhos arregalados. Ele dá um passo à frente
para me tirar de lá, mas eu balanço minha cabeça, dizendo a ele para ficar
onde está. Ele não parece feliz. Ele parece chateado pra caralho. Vai valer a
pena em breve. Quanto mais perto chego da chave de fenda, mais rápido
rastejo.

O sangue goteja em fios grossos. Meu estômago rola quando penso em


ter que envolver minha mão em torno do sangue escorregadio no cabo,
mas eu tenho que fazer. Eu viro minha cabeça e vejo Derek cambaleando.
Ele e Logan estão exaustos, circulando um ao outro para se preparar para o
golpe final.

Pego a chave de fenda ao meu alcance, e sirenes soam ao longe,


causando pânico. Logan se aproveita da distração de Derek e o soca
novamente. Logan está de costas para mim quando eu fico de pé, e sua
camisa está molhada de suor com a umidade e o esforço. Os olhos de Derek
pousam nos meus e ele sorri, os dentes sangrando e quebrados. O homem
que me deu todas as festas de aniversário, me abraçou enquanto eu
chorava, me contou histórias de ninar, fez o jantar e foi fazer compras
comigo, me olha com tanto ódio e todas as lembranças que tenho viraram
pó. Ele me traiu.

Ele traiu outras mulheres. Mulheres que ele deveria manter seguras e
proteger. Ele é o xerife, é o seu trabalho.

E ele falhou miseravelmente.

Eu ataco nele com todo o maldito ódio que posso reunir. Meu coração
parece que foi tomado por algo maligno, algo escuro, e o que quer que seja,
entorpece meu cérebro. Só consigo pensar em matá-lo eu mesma. Eu o
odeio. Eu o odeio pra caralho.

— Você não tem isso em você! — Ele grita, cuspindo um punhado de


sangue no chão.

Logan se vira rapidamente e tenta me impedir, mas chega tarde demais.


Meu pai de merda percebe que eu tenho isso em mim, e ele tenta implorar
por sua vida, mas não há como parar.

Afundo a chave de fenda afiada entre seus olhos até que a maldita
ferramenta saia do outro lado de sua cabeça, ficando presa no osso. Ele
move a boca para falar e seus olhos olham para os meus. Eu me curvo,
dando a ele o mesmo sorriso torto que ele me deu quando me trancou na
cela. —Parece que eu tenho isso dentro de mim, pai, — eu zombo do nome,
o carinho que ele considerava natural, e observo suas pupilas se dilatarem
enquanto o último suspiro deixa seus pulmões.

Logan me gira e me puxa para seu peito, sua mão enterrando-se no meu
cabelo. Ele me pega e eu envolvo minhas pernas em volta de sua cintura. —
Você é real. Você está aqui, — minha voz gagueja e quebra enquanto meu
corpo treme com a adrenalina.

— Claro, estou aqui. Eu te amo, — ele me diz. —Eu te amo muito. Eu


farei qualquer coisa por você, pequeno pardal, mesmo que isso signifique
libertá-la de uma gaiola.
— Eu também te amo. — Eu sei que estou prestes a desabar, prestes a
chorar sobre o que eu tive que fazer, mas Logan se afasta e segura meu
rosto.

Seu rosto está uma bagunça de suor, sujeira e sangue. —Eu nunca quis
que você tivesse que fazer isso. Eu queria fazer isso por você. Eu queria
matá-lo. Eu nunca quis que você sentisse isso.

— Sentir o quê?

— Todo aquele ódio, — diz ele. —É veneno.

Eu coloco minha mão sobre seu coração, aquela esculpida em seu peito
e aceno. —Mas a cura para isso é você, Logan. É amor. Seu amor.

Ele esmaga seus lábios contra os meus quando a polícia entra pela
porta. Logan interrompe o beijo e arranca a chave de fenda da cabeça do
xerife e a enfia em seu bolso.

— Foi isso que aconteceu, — Badge começa a explicar aos policiais, e


Logan encosta sua testa na minha.

— Vamos levar você para casa, — ele diz.

Eu coloco minha cabeça em seu ombro e então suspiro, sentando


quando me lembro de Tyrant. —Oh Deus, Tyrant! Ele morreu. Ele tentou...

— Peguei ele a tempo, Juliette. Ele está bem.

Contenho as lágrimas de alívio porque sei que, se quebrar, não vou


parar de chorar por horas. Eu não posso acreditar que acabei de matar um
homem. Um por um, a polícia prende as pessoas na multidão, levando
embora a escória que apoia coisas como essa. É nojento. É difícil acreditar
que as pessoas farão algo tão desprezível por dinheiro.

— Onde eles estão indo? — Pergunto uma hora depois, quando todos os
policiais vão embora.

— Badge pediu um favor. Nós vamos cuidar da casa. As mulheres estão


seguras e a caminho do hospital, junto com minha mãe.

— Ela era legal, — digo a ele. —Eu odeio ter que conhecê-la dessa
forma.

— Eu também. — Ele dá um beijo suave na minha testa, e nada nunca


foi melhor.

— Eu não consegui cortar a língua dele, — Tongue faz beicinho.

— Então vá, — Reaper diz a ele.

— Ele está morto. Onde está a diversão nisso? — Tongue sai marchando
em um acesso de raiva e o cara que se autodenomina Boomer sai correndo
de casa.

— Oh merda, — Logan me pega e me balança em seus braços, e todos se


movem pela rua, atrás das motos.

— O que?

— Você vai ver.

— Pessoal, voltem! — Boomer grita. Enquanto ele corre, as primeiras


explosões balançam o chão. As chamas engolfam a casa dos pesadelos
junto com a fumaça preta. —Espere, isso não é tudo! — Ele esfrega as mãos
e conta, —Cinco, quatro, três, dois, — e aponta para a casa à medida que
fogos de artifício voam pelo ar, assobiando e estourando enquanto
caminham em direção ao céu estrelado e explodem em lindos estalos de
cores diferentes. Boomer pula para cima e para baixo e olha para nós para
confirmação. —É bom, certo? Eu tenho brincado com algumas coisas e
bum. É muito bom! — Ele observa os fogos de artifício explodirem um por
um com fascínio.

Não consigo ficar feliz quando sei que matei meu pai e que seu corpo
está queimando no calor do inferno.

— Você está bem? — Logan pergunta, tirando meu cabelo do ombro.

— Eu não sei.

— Vamos para casa descansar um pouco. Não somos mais necessários


aqui. — Logan me pega em seus braços e me carrega para a caminhonete.
A exaustão finalmente bate, e eu inclino minha cabeça contra seu ombro,
fechando os olhos apenas por um segundo.

Um pequeno segundo rápido.

Eu sou empurrada para acordar quando Logan me carrega pela porta


do clube. —Chegamos, — diz ele, batendo a porta com o pé. Apenas alguns
caras estão aqui, e eu não os reconheço, mas como Logan não está
preocupado com os homens, eu também não. Ele abre a porta de seu
quarto, e Yeti está enrolado em sua cama de cachorro, roncando e nem
mesmo acordando quando fechamos a porta do quarto. —Tyrant tem que
ficar no veterinário por alguns dias, mas ele estará de volta em breve.
Talvez quando você estiver pronta para isso, você se mude para cá comigo.
Vou construir para você a casa dos seus sonhos na propriedade, longe da
festa do clube.

Não tenho certeza se estou sonhando ou não. Parece que estou. Estou
tão sonolenta e não consigo decidir o que é real e o que é um sonho.

— Parece perfeito. — Quer seja um sonho ou não, tenho que dizer que
sim.

— Sim? — Ele tira meu cabelo do rosto e sorri.

— Sim, Logan. — Eu me inclino ao seu toque e suspiro, me sentindo


aliviada. Eu não deveria me sentir assim, mas o mundo é um lugar melhor
sem meu pai nele.

— Eu sei que o que você fez é difícil de entender, e se você quiser falar
sobre isso, eu posso relacionar. Levei muito tempo para perceber que o
amor verdadeiro é muito mais forte do que o ódio. Não pensei que fosse
possível, mas então te conheci e você me sacudiu, pequeno pardal. Você
lançou uma luz muito necessária na parte mais escura da minha alma. —
Ele se inclina e me dá um beijo lento e lânguido. Não é o tipo de beijo que
deixa o corpo rugindo a um nível de queima de luxúria. É o tipo que
acalma o caos, que retarda o coração selvagem e a mente ferida. É o tipo
que me lembra que a realidade pode ser muito melhor do que a fantasia.

É o tipo de beijo que eu nunca quero terminar.

Logan está me possuindo lentamente, mas ele não é o demônio, ele é o


arcanjo e me resgatou do diabo. Ele pensa que é minha condenação, mas
Logan é minha salvação, e eu sei que serei protegida a todo custo. Ele está
certo e errado. Uma mistura de santo e pecador. O homem que percebe que
às vezes você tem que fazer algo ruim para um bem maior. Ele é a calma e
a tempestade. A raiva e o ódio. O amor e a paixão. Ele é um assassino e um
amante.

Ele é o tipo de homem que uma mulher nunca deve convidar entre as
pernas, mas quando o faz, ela fica viciada, independentemente do sangue
com que ele lavou as mãos.

Ele me fez perceber que há uma diferença entre um demônio e o diabo.


Um demônio lentamente assume o controle do seu corpo até que você não
saiba mais quem você é. O diabo pega e rouba e não se importa com quem
ele machuca no processo, contanto que alcance seu objetivo.

Logan é ambos.

Ele fará qualquer coisa para me ter, mesmo que ele já me possua. Os
sedosos fios de amor com os espinhos farpados das más intenções criam
Logan.

Vou tomar esse tipo de homem sobre qualquer outro tipo.

Ele é tudo.
Capítulo Vinte e Três

Eu acordo com o som de Juliette gritando e implorando por sua vida.


Eu alcanço a lâmpada e a ligo, e meus olhos estremecem por instinto com a
rápida explosão de luz. Não me importo com o pequeno inconveniente,
não quando a vejo suando quente, com a pele lisa e brilhante e os olhos
comprimidos. Ela se revira, segurando o lençol contra o peito enquanto
tenta lutar contra o atacante em seus sonhos.

— Juliette! — Eu levanto minha voz na esperança de penetrar em seus


sonhos. Eu a agarro pelos braços e a sacudo.

— Logan! — Ela soluça, ainda sem acordar, e meu coração se aperta por
ela não poder me ouvir.

— Estou aqui, pequeno pardal. — Eu trago meus lábios em seu ouvido e


sussurro. —Estou aqui. Você está segura. Eu te amo. Você está segura.
Acorde.

Yeti chora quando ela não me escuta. Eu sinto sua dor. Eu odeio isso.
Ela está clamando por mim para salvá-la, mas eu estou aqui. Eu estou bem
aqui.
— Juliette, — eu grito o nome dela e a sacudo novamente, desta vez
pegando seu corpo antes de jogá-lo na cama. Tenho o cuidado de não
machucar ela, mas ela tem que acordar.

Seus olhos finalmente se abrem e eles estão encobertos pelo pesadelo. O


suor goteja acima de seu lábio superior, e seu peito está subindo em ritmos
frenéticos.

— Logan, — ela engasga meu nome, e eu corro meus dedos por sua
bochecha, sorrindo de alívio.

— Ei, você está segura. Você está aqui comigo, — coloco a mão dela no
meu peito para sentir meu coração, e ela desaba, todo o evento finalmente
batendo contra ela. Eu a seguro enquanto ela me agarra pela minha vida,
como se eu fosse desaparecer no ar.

Ela enterra o rosto no meu ombro e suas lágrimas molham minha pele
dolorida da briga que tive com seu pai. Tenho algumas costelas quebradas
e uma bochecha inchada, mas é um pequeno preço a pagar para ter ela em
meus braços novamente.

Seus lábios pressionam contra meu ombro, e eu acaricio seus cabelos


com a mão, sussurrando que tudo vai ficar bem. Nosso passado está
oficialmente encerrado e agora tudo o que temos a fazer é construir nosso
futuro. Sua boca se move pelo meu pescoço, pressionando beijos molhados
e desesperados ao longo da minha jugular. Ela ofega no meu ouvido, e os
sons necessitados me levam ao limite. Eu a quero mais do que tudo, mas
não tenho certeza se ela está mentalmente bem agora.
— Juliette, você está abalada, — eu digo enquanto ela beija meu peito,
prestando atenção extra aos hematomas roxos ao longo das minhas
costelas.

— Eu preciso sentir você, Logan. Eu preciso de você, por favor. — Ela


cai de barriga e puxa o lençol da minha cintura para revelar minha ereção
curvando minha barriga. —Não me negue, — ela diz. —Eu preciso disso.
Eu quero apagar...

Eu coloquei meu dedo em seus lábios. — Pegue o que você precisa de


mim, pequeno pardal. Eu estou sempre aqui para você.

Ela não hesita. Ela envolve seus lábios em volta do meu pau, e sua
língua passa o piercing pela minha coroa, e minhas costas se dobram para
fora da cama. Nenhuma mulher com quem eu já estive brincou com meus
piercings. Elas geralmente os ignoram e fingem que não estão lá porque
estão intimidadas.

Não minha Juliette.

Ela passa a língua sobre a Jacob's Ladder, e as hastes esfregam


deliciosamente contra o meu eixo. Eu enredo minha mão em seu cabelo
enquanto ela espia aqueles lindos olhos verdes para mim, me observando,
observando seus lábios se esticarem para me acomodar.

Percebo que gostamos de nos olhar e isso me dá a ideia de colocar um


espelho no teto da casa que teremos um dia.

Juliette tenta me levar até a raiz, mas ela engasga, apertando os


músculos da garganta em volta do meu pau. Eu gemo, empurrando meus
quadris para fora da cama de como é bom pra caralho. —É melhor você
parar, pequeno pardal. Eu vou encher essa boca.

Ela balança a cabeça, mas continua me chupando.

— Não? Eu não consigo me conter. É melhor você sair. — Tento avisar,


mas ela sorri com a boca cheia de pau. —Juliette! — Eu grito o nome dela e
sai mais como um gemido porque eu preciso gozar agora. Minhas bolas
estão doendo, e bem quando estou prestes a encher aquela boca perversa,
ela salta de cima de mim e monta em mim, empurrando-se para baixo no
meu pau sensível com um golpe. —Oh, poooora, — eu gemo, jogando
minha cabeça para trás enquanto eu libero meu esperma dentro de sua
boceta disposta. —Porra, oh, porra, sim. — Meus dedos do pé enrolam de
quão incrível é a mudança de sua boca para seu invólucro quente.

— É onde eu precisava de você, — ela choraminga, e o som erótico me


faz abrir os olhos para olhar para a deusa no cio contra mim. Minhas mãos
caem em sua cintura, seguindo os movimentos suaves de seu corpo com
meus braços enquanto ela me usa. Sua entrada está molhada, escorregadia
do meu esperma, e enquanto ela esfrega contra mim, eu empurro para
cima, então ela consegue mais de mim enquanto seu clitóris recebe uma
pequena provocação da minha pélvis.

Eu me sento, envolvo um braço em volta de sua cintura e tomo sua boca


em um beijo desesperado, minha tentativa de sugar a alma de seu corpo
para se tornar um com o meu. Eu engulo seus gemidos gananciosos e
alimento meu desejo enquanto ela me cavalga.
— Você é tão bonita. — Eu corro minhas mãos sobre seus seios pesados,
antes de passar para seu pescoço e agarrar a parte de trás dele. Eu olho
para baixo para ver seu corpo girar. —Eu não posso acreditar que estou
dentro de você. — Não quero dizer isso em voz alta, mas estou tão
apaixonado pela ideia de uma mulher como Juliette, tão boa, dando seu
corpo para eu cuidar. E eu juro, sempre vou cuidar dela. Eu a viro de costas
e levanto sua perna em volta da minha cintura, dirigindo o mais fundo que
posso em sua boceta.

— Sim, Logan. Logan, mais forte.

— Eu não quero te machucar.

Em um movimento rápido que eu não esperava, ela agarra a chave de


fenda da mesa de cabeceira e a coloca embaixo do meu queixo. —Eu disse
para me foder. Eu vou deixar você saber se você me machucar.

A ameaça e sua natureza agressiva fazem outro orgasmo ameaçar, mas


um rosnado se constrói com o desafio. Eu tiro a chave de fenda de sua mão
e cuidadosamente agarro a parte de seu braço que não está machucada,
prendo-a em seu peito e viro-a de bruços. Sem aviso, eu entro em sua
boceta apertada, fazendo-a gritar de prazer. Eu mantenho sua cabeça
inclinada para o lado, mostrando a curva longa e elegante de seu pescoço,
garantindo que eu e todos os outros nesta casa possamos ouvir seus gritos.

— Como isso? Você gosta de ser fodida pelo meu pau, não é? — Eu bato
contra ela o mais forte que posso, movendo a cama para frente. A cabeceira
da cama bate contra a parede. —Olhe para você, me levando tão bem.
Porra, Juliette. Essa boceta é perfeita. — Eu não sei onde encontro energia
para transar com ela assim. Sua bunda balança com cada impulso rápido, e
meu saco bate contra suas dobras, tentando encontrar seu clitóris.

Mantendo uma mão na parte inferior das costas, eu alcanço e agarro a


cabeceira da cama para obter mais impulso para que eu possa encurtar
minhas estocadas e acelerá-las. Eu vejo sua boceta me chupar, suas lindas
paredes rosa tentando me manter dentro de cada vez que eu puxo. Meu
bíceps está tenso e meu abdômen queima junto com a forte dor em minhas
costelas enquanto flexiono meu corpo para bater nela.

— Logan, oh Deus, eu vou gozar! Eu vou... — Sua boca se abriu em um


grito silencioso quando um jorro de seu gozo quente desceu pelo meu eixo.
Tão quente, e suas paredes se contraem e se apertam em torno de mim,
mas não estou nem perto de terminar com ela desde que ela já tirou um
orgasmo de mim.

— É isso aí, pequeno pardal. — Eu coloco meus lábios em seu pescoço.


—Tente voar para longe de mim. Atreva-se. — Eu aplano minha língua e
lambo a pele suada de sua orelha. —Eu vou apenas pegar você.

— Vou deixar você me pegar, — ela geme, pressionando o rosto com


mais força contra o travesseiro. —Em nenhum outro lugar eu preferiria
estar.

Eu agarro seus quadris e a viro de costas, e seus seios saltam, já que eu


ainda estou transando com ela sem parar. Eu trago minha outra mão para a
cabeceira da cama e seguro firme. A madeira racha com a maior força que
aperto para mergulhar em sua boceta. Eu vejo seu corpo reagir a mim. Seus
mamilos estão vermelhos e inchados, seus olhos estão fechados e ela morde
o lábio inferior rechonchudo. Suas bochechas estão vermelhas e ela geme
meu nome repetidamente.

— Cante para mim, — bato contra ela, e uma das tábuas da cama sob o
colchão se quebra, jogando a mola no chão, mas ela nem percebe.

— Logan. — Ela balança a cabeça.

— Eu disse, porra, cante para mim. — Eu envolvo minha mão em torno


de sua garganta e a levanto até que ela esteja sentada em cima de mim.

Ela rola os quadris e solta um gemido harmônico quando a cabeça do


meu pau se arrasta ao longo do ponto dentro dela. É o som mais bonito e
faz meus olhos revirarem para a cabeça. —Você está na minha alma,
Logan.

Eu sorrio, amando o quão molhada sua boceta está tornando ela uma
piscina escorregadia para o meu pau. —Se sua alma é sua boceta, então
estou com cerca de vinte e três centímetros de profundidade, reivindicando
ela como minha.

— Sua, — diz ela com os lábios entreabertos.

— O que é isso? — Eu zombei.

— Sua, — ela grita enquanto seu corpo se curva, e ela agarra meu peito
como a porra de um gato no cio, e ela depende de mim para suprimir a
necessidade.

— E eu sou seu, Juliette. — Eu deslizo meus dedos sobre sua


mandíbula, e nossos olhos se encontram, nossas respirações se misturando
enquanto ofegamos. Seu ritmo diminui e eu envolvo meus braços em volta
de sua cintura para nos puxar para mais perto. Peito contra peito, beijo seu
coração e despejo cada gota de emoção que tenho por ela com cada lenta
intrusão do meu pau.

Cada deslizamento molhado de sua boceta me traz para mais perto, e


quanto mais perto eu chego de gozar, mais forte eu a seguro. Tenho medo
que ela desapareça novamente. Eu cavo minhas unhas em suas costas,
agarrando-a a mim como uma tábua de salvação jogada em mim em um
mar furioso.

Minha vida antes dela era como me afogar nas ondas da escuridão. Eu
mal conseguia respirar. Eu sufoquei. Juliette é como respirar pela primeira
vez, a cada maldito segundo que estou com ela.

Sua respiração acelera, e suas mãos agarram meu pescoço, seu corpo se
inclina para trás enquanto eu seguro seus quadris. Eu olho seu pescoço e
seios enquanto as pontas de seu cabelo fazem cócegas em minhas coxas
enquanto ela tem um orgasmo novamente, sua boceta sugando meu
esperma direto do meu saco apertado.

Eu enterro meu rosto contra seu peito, bem onde está aquele lindo
maldito coração que mudou minha vida, e resmungo enquanto a preencho
novamente, pintando suas paredes com minha semente quente. Nós
desabamos juntos, nossos corpos tremendo com os tremores de prazer.

— Acho que quebramos a cama, — declaro, olhando em volta para


notar uma rachadura no meio da cabeceira da cama e a cama ligeiramente
inclinada para a esquerda.
— É aí que você sabe que é bom. — Ela ri e coloca a cabeça no meu
peito, bem onde Reaper esculpiu seu aviso na minha pele. —Isso aconteceu
por minha causa?

Eu corro minhas mãos por seus cabelos e murmuro. —Sim, mas não se
culpe. Eu devia uma punição a ele, e não ouvir ele sobre ficar longe de você
o levou ao limite.

— É brutal.

— É a vida do MC, pequeno pardal, mas é a vida que vivo.

— Enquanto eu viver com você, estarei bem. — Ela boceja. Seus lábios
beijam meu peito, ela suspira feliz e volta a dormir em um tempo recorde.

Juliette me mostrou que a entidade mais poderosa que existe é o amor e


que o ódio não tem mais um lar permanente aqui.
Epílogo

Tres semanas depois

— Não, eu não quero ir, — digo a Trixie, que está me empurrando no


palco para a noite de abertura do Kings Club. —Você não pode me obrigar!
— Eu fico olhando para a cortina bloqueando a mim e a multidão de
pessoas esperando para ouvir música.

A banda ao vivo de Logan cancelou no último minuto, e agora ele não


tem ninguém para se apresentar, e o lugar inteiro está cheio de
motociclistas, moradores de Las Vegas e turistas.

— Eu não posso. — Eu balanço minha cabeça, sentindo o medo do


palco. Minha cabeça está girando e os nervos estão agitados. —Eu nunca
fiz isso antes. Eu não posso, Trixie. — O suor tomou conta de todo o meu
corpo, e quanto mais eu esfrego minhas mãos no vestido, mais pegajosas
elas se tornam.

Logan trabalhou tão duro para colocar este lugar em funcionamento


depois de tudo o que aconteceu. Os outros capítulos do clube ficaram para
trás para ajudá-lo, e magicamente acabou tão bonito com luzes vermelhas
escuras e cabines de veludo preto. Depois, há lâmpadas caindo do teto para
dar um brilho fraco.

— Garota, Logan precisa de você. Ele está pirando porque as pessoas


estão indo embora, e esta noite abre precedentes para todas as outras.

Ela me teve em ‘Logan precisa de você’ e ainda não tira o nervoso.

— Eu tenho sua música favorita de Nora Jones pronta. Você está?

— Não, mas vou fazer isso.

— Essa é uma garota! — Trixie me empurra para fora da longa cortina


vermelha e eu tropeço no palco, meus saltos estalando contra as velhas
tábuas de madeira. O clube inteiro fica em silêncio enquanto todos olham
para mim. Meus olhos procuram por Logan que está no bar, conversando
com Pirate que está bêbado fazendo bebidas. Ele dá um tapa no peito de
Logan para chamar sua atenção, em seguida, aponta para mim no palco.

Logan se vira para mim e vejo o pânico em seus olhos. Trixie está certa,
ele precisa de mim e não posso decepcionar ele, especialmente quando ele
esteve lá para mim. A fumaça se agarra ao ar, criando um véu de luz na
atmosfera.

Me aproximo do microfone e da música instrumental de Nora Jones.


Solto um suspiro trêmulo e fico presa em um olhar íntimo com Logan.
Saber que ele está aqui é o suficiente para que a primeira nota seja
derramada. Após os primeiros vinte segundos, eu relaxo e seguro o
microfone clássico com uma mão delicada, esfregando-o para cima e para
baixo sexualmente, fingindo que é Logan para me ajudar a fazer um show.
Eu canto para ele. Eu canto para ele porque se ele não estivesse aqui, se
este não fosse o seu clube, eu não estaria aqui. Eu solto a última nota e
crescendo e termino com um leve sussurro. Minha respiração contra o
microfone causa estática nos alto-falantes, e dou um passo para trás.

Todo mundo ainda está em silêncio.

Eu engulo, me perguntando se eu soei tão mal, mas simultaneamente


todos se levantam, aplaudem e gritam. Logan corre para mim e pula para o
palco, vestindo uma camisa do Kings Club. É preto e o nome do clube está
no peito esquerdo.

— Essa foi a melhor coisa que eu já ouvi. Droga, acho que acabei de
encontrar uma cantora para todas as sextas e sábados à noite. O que você
diz?

— O que? Sério? — Eu fico boquiaberta com ele, esperando para ver se


ele está brincando.

— Sério. Ninguém mais eu quero aqui além de você. O que você acha?

— Eu farei isso por você. — Eu envolvo meus braços em volta do seu


pescoço e sorrio antes que ele possua meus lábios em um beijo quente.

Gritos e assobios soam enquanto a multidão nos tenta a nos beijarmos


com mais força e por mais tempo. —Eu te amo, pequeno pardal.

— Eu também te amo. — Logan acena para a multidão e me arrasta


pelas costas e atrás da cortina. Trixie está pulando para cima e para baixo,
batendo palmas.
— Agora não, Trixie. Estou prestes a fo...

— Tool! — A voz de Poodle ecoa nos bastidores, e Bullseye, Reaper e


Sarah nos seguem de volta aqui.

Logan fecha os olhos em aborrecimento. —O quê, Poodle? O que você


quer?

— Tool, seu maldito vira-lata está morto. Você me escutou? Morto! —


Ele grita e depois sorri com nada além de amor para mim. —Você tem uma
voz linda, Juliette.

— Obrigada, — eu respondo a ele, mudando meu peso em meus pés.

— Você... — ele aponta para Tool. —Minha Lady está grávida!


Fodidamente grávida! Seu maldito cachorro transou com ela, e agora sua
figura de show acabou. Para sempre. Você está me ouvindo, Tool? Eu vou
matar ele.

— Como você sabe que foi Yeti? — Logan cruza os braços e encara
Poodle, projetando seus bíceps.

— Porque não há outro cachorro na casa que montaria Lady como...


como um animal.

— Yeti não passa de um cavalheiro! — Tool defende seu cachorro, e eu


rolo meus olhos. Eu não posso acreditar que esta é uma conversa real.

— Psh! — Poodle bufa. —Tal pai tal filho. Se você está fodendo forte
todas as noites, não é de se admirar de onde ele aprendeu!
— Oh, seu filho da p... — Tool se lança contra Poodle, e eu decido ir
embora em direção ao bar.

— Eu também, garota, — Trixie diz, deslizando seus braços nos meus.

— Nós três, — Sarah passa o braço pelo meu outro braço.

— Homens, — eu digo com um aceno de cabeça enquanto me inclino


contra o longo bar de madeira. Pirate está preparando uma bebida atrás do
bar. Na parede acima das prateleiras de álcool está a chave de fenda que
Logan costumava carregar. Logan decidiu aposentar ela, querendo
oficialmente deixar o passado para trás, então ele mantém uma chave de
fenda nele o tempo todo, com um cabo amarelo em vez de azul.

Aquela maldita chave de fenda guarda a memória de Logan matando


seu pai e eu matando o meu.

É hora de focar no futuro agora, e Tool tem usado a chave de fenda para
ajudar Skirt a construir nossa casa.

Logan é bom em me amar, algo que acho que surpreende o motociclista


durão. Matamos o ódio no momento em que a chave de fenda passou pela
cabeça do meu pai.

O ódio é uma ferramenta, uma ferramenta que não usa mais.

Apenas o amor vive aqui agora.


Agradecimentos
Aos meus leitores implacáveis, obrigada por dar uma chance e começar esta jornada
comigo.
Jenifer Porter Hughes, obrigado por me apoiar e oferecer notas e sugestões tão
gentilmente.
Vagueie, como sempre, obrigado por compartilhar seu talento e tirar as imagens
perfeitas. Ainda me surpreende a cada dia que tenho suas imagens na minha capa.
Andrey, não tenho certeza do que fiz para merecer você no meu canto, mas
obrigado. Sua gentileza tem sido uma grande bênção em minha vida.
Donna, obrigada por estar sempre pronta para ajudar ou oferecer conselhos
Give Me Books e todos os blogs que estão sempre compartilhando e revisando meus
livros, obrigado.
Para meu favorito, eu te amo até a lua e de volta.
Para meu instigador, eu não poderia pedir a ninguém melhor para tomar decisões
ruins.
Silla, como sempre, obrigada por ser incrível! Você assume o papel de quem eu
preciso naquele momento, e eu sei que não pode ser fácil, mas eu realmente aprecio
isso.
À minha outra metade, obrigada por sempre estar comigo.
Harloe, como sempre, obrigado por ser tão incrível.
Mãe, obrigada por me ajudar a tirar isso do papel. Para manter a calma quando
tudo o que quero fazer é entrar em pânico. Por me lembrar que, embora eu esteja
lutando agora, todo o meu trabalho duro vai valer a pena.
Lisa, como sempre, obrigada pela amizade e obrigada por estar sempre presente.
Austin, obrigada por sempre estar tão à frente e no centro da minha vida. Vocês são
os melhores.
K.L. Savage é o pseudô nimo de duas amigas viciadas no amor bruto, que decidiram que
estavam cansadas de procurar o tipo de livro que queriam ler.
Elas tinham uma coceira que precisava ser coçada e, como toda garota sabe, nada coça
melhor do que um alfa.
Elas escrevem sobre corajosos, machos alfa, à s vezes seus lados sombrios e as mulheres
que amam.
Se você tem a mesma coceira, seus machos alfas devem consertar isso.

Você também pode gostar