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Laboratório de Física Experimental I onde é o valor médio, é o número total de medidas realizadas e é o

valor da -ésima medida. Outro conceito é o desvio ( ) que é dado pela


Profª. Fabiane de Jesus diferença entre cada valor medido e o valor médio.

Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas = − (2)


Universidade Estadual de Santa Cruz O desvio padrão é dado pela equação abaixo:
_____________________________________________________________

1
= ( − ) (3)
1 Média, desvios e incerteza padrão −1
No decorrer do curso, vários conceitos relativos ao correto
tratamento dos dados adquiridos em laboratório deverão ser utilizados. Em O desvio padrão do valor médio depende do desvio padrão e defini-
particular, devemos estar cientes de que as incertezas são essenciais na se como:

= (4)
discussão de um resultado experimental. Ela pode ser obtida diretamente de


um experimento (no caso em que flutuações estatísticas em torno de um
valor médio nos permitirem avaliar as incertezas que chamamos de
incertezas do tipo A e, também, no caso em que se é possível modelar as A incerteza padrão é definida como:

= + (5)
fontes das incertezas que chamamos incertezas do tipo B; aqui, em geral,
dada pelo limite de resolução do aparelho de medida) ou, o que é mais
comum, ela pode advir da composição de incertezas avaliadas
onde o primeiro termo desta equação é o desvio padrão do valor médio e o
experimentalmente. Neste caso, devemos nos atentar para a correta
segundo termo é a incerteza do instrumento utilizado para realizar a medida.
propagação de incertezas, que envolve conceitos de múltiplas derivadas
Esta discussão é mais complexa do que a aqui apresentada, mas vamos nos
parciais, como veremos a seguir. No que se segue, faremos um compêndio
ater a esta simplificação. Para maiores detalhes, consulte o capítulo 5 em
das equações que nos serão úteis no tratamento dos dados.
Vuolo (2004).
O primeiro conceito a ser introduzido é média (ou valor médio) onde
uma série de medidas de uma mesma grandeza resultará no valor médio (ou
2 Algarismos significativos e regras para arredondamento
valor mais provável), que deverá ser dado pela eq. (1).

1
= (1)
Em primeiro lugar é preciso dizer que não é muito clara a definição
da apresentação do mensurando (já com suas incertezas calculadas). como
regra geral, utilizaremos a convenção de apenas dois algarismos
1
significativos na apresentação da incerteza, sendo aceito um algarismo o número abaixo possua três algarismos significativos (W, Y e X) e quatro
significativos caso não seja possível estimar o segundo algarismo. em excesso (A, B, C e D):

+, ,-./01
= 0,144 !. A forma correta de apresentar este desvio seria
Como exemplo, suponha que a de uma dada medida seja dada por

= 0,14 !. Note que a forma de apresentação da incerteza tem dois


Logo, a regra será:
algarismos significativos, ao contrário do cálculo original. • de X000 a X499, os algarismos excedentes, não significativos, são
Como um exemplo, suponha que um resultado experimental e a simplesmente eliminados;
respectiva incerteza sejam dados por: • de X500 a X999, os algarismos excedentes são eliminados e o

= 0,00046039178 !
algarismo X aumenta de 1 (arredondamento para cima);
• no caso de X500000 (muito comum), então o arredondamento deve

& = 0,0000002503 !
ser tal que o algarismo X depois do arredondamento deve ser par.

Veja a seguir, alguns exemplos:

2,43 → 2,4 3,688 → 3,69 6,6500 → 5,6 5,7500 → 5,8


Neste caso, como a incerteza instrumental deve ter no máximo dois
algarismos significativos, deveremos reescrevê-la como:

& = 0,00000025 ! 5,6499 → 5,6 5,6501 → 5,7 9,475 → 9,48 3,325 → 3,32

logo, o mensurando deverá ser reescrito:

= 0,00046039 !
3 Tipos de incerteza

Há basicamente três tipos de incerteza, são elas Instrumental,


Como regra geral, deve-se evitar muitos zeros à esquerda, que são os Padrão e Propagada. A incerteza instrumental é a incerteza da medida, ou
algarismos não significativos. Pode-se fazer isto apresentando o resultado seja, é a incerteza do instrumento utilizado para realizar a medida. A
em notação científica:

= (4,6039 ± 0,0025) × 10)* !


incerteza padrão é a incerteza da média, já discutida nessa apostila. A
incerteza propagada é a incerteza das grandezas que foram calculadas a
partir de uma equação.

Imagine uma função 3 que seja determinada por várias variáveis


Como regra para arredondamento de números adotaremos o seguinte

independentes (4, , … ). Dizemos então, que temos uma função de várias


critério. Soma ou subtração de duas quantidades deverá possuir o mesmo

variáveis, 6(4, , … ). Para calcular a incerteza de 3 (grandeza representada


número de algarismos significativos. Quando houver algarismos
significativos excedentes, limita-se excluindo-os do resultado. Suponha que
por esta função) trabalharemos com o conceito de derivada parcial,
2
representada pelo símbolo 7. Este símbolo indica que a derivada será
calculada sobre uma, e apenas uma, das variáveis que compõem a função 3,
Sendo assim, as derivadas parciais da eq. (8) são:

73 7 4 @
= :24 > + )
B;
74 74 7
não importando a quantidade de variáveis que a função possua. Podemos,

73 7 7 4
então, utilizar a equação geral da propagação de incerteza, que utiliza o
@
= (24 > ) + : )
B;
74 74 74 7
conceito de derivada parcial, eq. (6).

73 73
= 9: ; +: ; + ⋯ (6) 73
8
74 <
7 &
= 2 × 6 × 4 >) + 0
74
são as incertezas das grandezas 4 e , respectivamente. 73
⇛ = 124 @ (9)
< &
74
onde e

4 Regras de derivada
73 7 4 @
= :24 > + )
B;
7 7 7
Aqui serão apresentadas algumas regras de derivada. Como

73 7 7 4
exemplo, podemos citar a função abaixo com apenas duas variáveis:

4 = (24 > ) + : )
@
B;
3 = 24 > + (7), 7 7 7 7
7? @
A

73 4 5 @
= 0 + × :− ; × ) )
B
7 7 3
que pode ser reescrita da seguinte forma:

4 @
3 = 24 > + )
B (8) 73 20
7 ⇛ =− A (10)
7 21 ? D
a) Derivada da constante é zero;
b) Derivada da soma é a soma da derivada (o mesmo vale para a Aplicando as eqs. (9) e (10) à eq. (6), temos:

c) Derivada do produto entre constante e variável → mantém a 20


subtração);

= 9(124 @ ) +E F & (11)


21?
8 < A D
d) Derivada da potência → o expoente desce multiplicando a variável,
constante e deriva a variável;

E substituindo os valores das grandezas 4 e , e das incertezas < &


possível calcular a incerteza 8 , referente a grandeza 3.
ao mesmo tempo que o expoente é subtraído de 1. e é

3
5 Erro relativo

Sempre que houver duas grandezas que deveriam ser iguais, mas
foram obtidas por métodos diferentes elas devem ser comparadas. O meio

relativo é calculado pela eq. (12), onde G e G são os valores obtidos por
mais eficaz de realizar essa comparação é utilizando o erro relativo. O erro

métodos diferentes.

|G − G |
H= × 100% (12)
G

Referências Bibliográficas

Vuolo, J. H. Fundamentos da Teoria de Erros, E. Edgar Blücher LTDA., São Paulo,


Segunda Edição (1996).

Cerqueira, A. H.; Kandus, A.; Vasconcelos, M. J.; Rembold, S. B. Laboratório de Física


Experimental I, Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas, Universidade Estadual
de Santa Cruz (2009).

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