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Tema:

Humor
DE LHO NA IMAGEM

(Mordillo. Revista Classe Tam, nº 52.)

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1. A imagem retrata uma cena que sugere movimento e diálogo.
a) Observe os dois militares. Qual a diferença de posto entre eles no Exército? Justifique sua
resposta com elementos da imagem.
b) O que provavelmente a personagem que está sobre o canhão fazia antes da cena retratada?
c) O que impediu sua ação?
d) Levante hipóteses: o que o soldado deve estar falando ao oficial?

2. Diferentemente da charge — que trabalha com caricaturas de pessoas conhecidas ligadas à políti-
ca, à televisão, etc. —, o cartum retrata figuras comuns, que representam o homem e a condição
humana. Com base nesses dados, responda: o texto de Mordillo é uma charge ou um cartum?
Justifique sua resposta com elementos do texto.

3. O autor utiliza no texto alguns símbolos conhecidos.


a) O que simbolizam o canhão e os militares?
b) E a pomba?
c) E o ramo verde no bico da pomba?
d) O que todos esses símbolos, unidos, podem transmitir ao leitor?

4. O cartum de Mordillo tem uma clara intenção política e, além disso, é humorístico. Em que con-
siste seu humor?

5. A foto abaixo foi tirada na Praça da Paz Celestial, na China,


em 3 de junho de 1989, quando centenas de milhares de Silêncio a bala
estudantes e populares foram às ruas exigir democracia.
O governo reagiu violentamente, com tropas e tanques, Doze dias após o massacre de
Pequim, 27 acusados de liderar o
deixando cerca de 1 500 mortos e 10 mil feridos.
movimento de protesto foram suma-
riamente executados pelo governo
chinês, com um tiro na cabeça, ape-
Compare a foto sar dos protestos do mundo inteiro.
com o cartum. Que

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elemento(s) da foto
corresponde(m):
a) ao canhão, do cartum?
b) aos militares, do cartum?
c) à pomba, do cartum?

6. A foto retrata uma cena real, que chocou o mundo. O cartum é uma criação artística que parte
do real, mas é ficção, embora retrate fatos que podem ocorrer. A seguir, são reproduzidos quatro
comentários sobre o humor. Qual deles não explica a relação entre a realidade e a arte do humor?
a) “O humorista [...] é um homem como outro qualquer, que sofre as consequências da socie-
dade e que analisa o que observa.” (Zélio)
b) “[O] humor é uma análise crítica do homem e da vida.” (Ziraldo)
c) “Necessitamos do Humor e nem sempre nos damos conta disso. Somos sarcásticos, irônicos,
irreverentes, melodramáticos, o que é inerente ao Humor.” (Geandré)
d) “[...] a razão pela qual existe o cartum é a força da sátira, e o poder nunca, jamais, ou quase
nunca, que eu me lembre, esteve a favor do povo.” (Zélio)
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Tema:
Humor
ESTUDO DO TEXTO

Brincadeira
Começou como uma brincadeira. Telefonou para um conhecido e disse:
— Eu sei de tudo.
Depois de um silêncio, o outro disse:
— Como é que você soube?
— Não interessa. Sei de tudo.
— Me faz um favor. Não espalha.
— Vou pensar.
— Por amor de Deus.
— Está bem. Mas olhe lá, hein?
Descobriu que tinha poder sobre as pessoas.
— Sei de tudo.
— Co-como?
— Sei de tudo.
— Tudo o quê?
— Você sabe.
— Mas é impossível. Como é que você descobriu?
A reação das pessoas variava. Algumas perguntavam em seguida:
— Alguém mais sabe?
Outras se tornavam agressivas:
— Está bem, você sabe. E daí?
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— Daí, nada. Só queria que você soubesse que eu sei.


— Se você contar para alguém, eu...
— Depende de você.
— De mim, como?
— Se você andar na linha, eu não conto.
— Certo.
Uma vez, parecia ter encontrado um inocente.
— Eu sei de tudo.
— Tudo o quê?
— Você sabe.
— Não sei. O que é que você sabe?
— Não se faça de inocente.
— Mas eu realmente não sei.
— Vem com essa.
— Você não sabe de nada.
— Ah, quer dizer que existe alguma coisa para saber, mas eu é que não sei o que é?
— Não existe nada.
— Olha que eu vou espalhar...
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— Pode espalhar que é mentira.
— Como é que você sabe o que eu vou espalhar?
— Qualquer coisa que você espalhar será mentira.
— Está bem. Vou espalhar.
Mas dali a pouco veio um telefonema.
— Escute. Estive pensando melhor. Não espalha nada sobre aquilo.
— Aquilo o quê?
— Você sabe.
Passou a ser temido e respeitado. Volta e meia alguém se aproximava dele e sussurrava:
— Você contou para alguém?
— Ainda não.
— Puxa. Obrigado.
Com o tempo, ganhou uma reputação. Era de confiança. Um dia, foi procurado por um amigo
com uma oferta de emprego. O salário era enorme.
— Por que eu? — quis saber.
— A posição é de muita responsabilidade — disse o amigo. — Recomendei você.
— Por quê?
— Pela sua discrição. discrição: qualidade de discreto, isto é, de
Subiu na vida. Dele se dizia que sabia tudo sobre algo ou alguém que não chama a aten-
todos mas nunca abria a boca para falar de ninguém. ção, de pessoa que guarda segredo.
Além de bem-informado, um gentleman. Até que rece- gentleman: palavra do inglês que significa
beu um telefonema. Uma voz misteriosa que disse: “homem fino”, “cavalheiro”.
— Sei de tudo. remoto: distante.
— Co-como? Procure no dicionário outras palavras que
— Sei de tudo. você desconheça.
— Tudo o quê?
— Você sabe.
Resolveu desaparecer. Mudou-se de cidade. Os amigos estranharam o seu desaparecimento
repentino. Investigaram. O que ele estaria tramando? Finalmente foi descoberto numa praia remota.
Os vizinhos contam que uma noite vieram muitos carros e cercaram a casa. Várias pessoas entraram
na casa. Ouviram-se gritos. Os vizinhos contam que a voz que mais se ouvia era a dele, gritando:
— Era brincadeira! Era brincadeira!

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Foi descoberto de manhã, assassinado. O crime nunca foi desvendado. Mas as pessoas que o
conheciam não têm dúvidas sobre o motivo.
Sabia demais.
(Luis Fernando Verissimo. Comédias da vida privada. Porto Alegre: L&PM, 1995. p. 189-91.)

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO
1. Todo texto narrativo apresenta uma personagem principal, à qual se dá o nome de protagonista.
Quando há uma personagem que se opõe às ações e aos interesses do protagonista, ela é chamada
de antagonista. No início do texto, o narrador conta que o protagonista “Descobriu que tinha
poder sobre as pessoas”.
a) O que as pessoas temiam?
b) Que tipo de poder supostamente o protagonista passou a ter?
c) Quais das frases abaixo confirmam sua resposta anterior?
“— Sei de tudo.”
“— Daí, nada. Só queria que você soubesse que eu sei.”
“— Se você andar na linha, eu não conto.”
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2. Impostor é aquele que quer passar pelo que não é. Você diria que o texto narra a história de um
impostor? Por quê?
3. Há, a seguir, três falas de pessoas a quem a personagem central disse “saber de tudo”:
“— Me faz um favor. Não espalha.”
“— Alguém mais sabe?”
“— Escute. Estive pensando melhor. Não espalha nada sobre aquilo.”

Compare essas frases e conclua: Mais do que a própria verdade, o que de fato preocupava as pessoas?
4. Graças ao seu “silêncio”, o protagonista ocupa cargos de confiança e “sobe na vida”. Até que um dia
as coisas mudam. Qual dos ditos populares a seguir traduz a nova situação vivida pelo protagonista?
a) Antes tarde do que nunca.
b) O feitiço virou contra o feiticeiro.
c) Os últimos serão os primeiros.
5. Nós desconhecemos o segredo que as vítimas queriam que fosse guardado. Contudo, sabemos qual
é o segredo do protagonista. O que supostamente é o “tudo” mencionado pela “voz misteriosa”?
6. O protagonista tem poder sobre as demais pessoas porque supostamente possui informações
sigilosas sobre elas. Contudo, a partir do momento em que ele se torna vítima de sua própria
“brincadeira”, quem passa a dominar quem?
7. Assustado, o protagonista se esconde. Depois de encontrado numa casa de praia, é assassinado.
Levante hipóteses:
a) Quem o teria matado?
b) O que o assassino provavelmente estaria pensando sobre o desaparecimento do impostor, a
ponto de querer matá-lo?
c) Por que o protagonista foi morto?
d) Na verdade, antes do assassinato, quem controlava quem?
8. O texto não revela o nome de nenhuma personagem. Considerando que essa história narra uma
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trama que joga com informações e poder, haveria algum motivo para o ocultamento do nome das
personagens?
9. Observe a ironia presente nas frases finais do texto:
“as pessoas que o conheciam não têm dúvidas sobre o motivo.
Sabia demais.”

Em que consiste essa ironia?


10. Quais dos itens seguintes sintetizam as ideias principais do texto?
a) Ter informações exclusivas equivale a ter poder sobre as pessoas.
b) Melhor do que guardar segredos é não ter informações.
c) As pessoas geralmente têm algum tipo de segredo que as compromete socialmente.
d) A sociedade se organiza a partir de um jogo de aparências, de falsos papéis sociais; nesse jogo,
a aparência vale mais do que a verdade.
11. Apesar de apresentar elementos como poder, crime e crítica social, “Brincadeira” é um texto de
humor. Levante hipóteses: Por que o texto diverte?
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A LINGUAGEM DO TEXTO
1. O sentido de um texto resulta não apenas das ideias que ele veicula, mas também da maneira como sua
linguagem é organizada. Observe que o texto “Brincadeira” é construído com frases curtas e diretas.
a) Considerando o envolvimento entre as personagens do texto, por que você acha que o autor
emprega frases curtas?
b) Quais os efeitos desse recurso?
2. As reticências são um sinal de pontuação que pode ter diferentes sentidos, dependendo do con-
texto em que são empregadas. Observe estas frases:
“— Se você contar para alguém, eu...”
“— Olha que eu vou espalhar...”

a) Na 1ª fala, o que você acha que a pessoa iria dizer em seguida?


b) Que sentido têm as reticências nos dois empregos?
3. Na pergunta “— Co-como?”, feita por uma das vítimas, o autor repete uma sílaba procurando
imitar a fala da personagem.
a) De que modo a personagem está pronunciando essa palavra?
b) O que essa repetição sugere quanto ao seu estado emocional?
4. Observe a posição e a acentuação da palavra que nestas frases:
“— Tudo o quê?”
“— Aquilo o quê?”
— Que foi?
— O que foi?

Deduza: Quando a palavra que deve ser acentuada?

LEITURA EXPRESSIVA DO TEXTO


Três alunos leem o trecho que se inicia por “Uma vez, parecia ter encontrado um inocente” e vai
até “Aquilo o quê? — Você sabe”. Um lê a fala do narrador, e os outros dois leem as falas das perso-

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nagens. A leitura deve sugerir malícia por parte do impostor e espanto e receio por parte da vítima.

Trocando ideias

1. O texto de Luis Fernando Verissimo sugere que ter informações equivale a ter poder. Nesse caso,
as informações (que não existiam) estariam relacionadas aos segredos de cada um. Mas pense na
vida social e nos diferentes tipos de informações a que podemos ter acesso.
a) Que tipo de informações um indivíduo necessita ter, hoje em dia, para se sair bem profissio-
nalmente e não ser enganado pelos outros?
b) Você acredita que ter mais informações nos torna mais preparados para a vida profissional e
social? Por quê?
2. O texto intitula-se “Brincadeira”, pois o episódio começou com um trote baseado em um jogo de
palavras.
a) Você acha que as palavras podem levar alguém à morte? Justifique sua resposta, se possível com exemplos.
b) Você alguma vez já foi vítima de um trote semelhante? Se sim, conte como foi.
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Tema:
Humor
ESTUDO DO TEXTO

Antes e depois
Einstein passou à História por provar que tudo é relativo, mas disso sabe qualquer garoto: as
frases ditas a uma criança são exatamente o contrário do que ela ouvirá trinta anos depois. Basta com-
parar a coluna um com a coluna dois, para que a gente se convença de quanto é absurda a loteria da
vida. Para a infância, não há nada mais diferente que o “antes” e o “depois”.

NA INFÂNCIA TRINTA ANOS DEPOIS


Come, guri. Se você não comer, vai acabar Mas você já está comendo de novo? Recém
doente. Anda, come o bife, está tão bom. Olha, se jantou e já está na geladeira? Mas que vergonha,
você comer, nem que seja a metade, eu te com- homem. Olha a tua barriga. Coisa mais indecen-
pro o Ferrorama. te. Quando é que você vai dar um jeito nisto?
Sei, sei, amanhã você começa a dieta. Já ouvi esta
história mil vezes.

Vai no colégio, Faculdade? Depois de velho você quer


sim. Que história é esta voltar para a faculdade? Desista, meu caro,
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de ficar em casa? E não sua cabeça não dá mais, você tem de ficar no
vem me dizer que você seu emprego, que além de tudo é tranquilo. E
está com febre, porque depois, para que quer você um diploma? Para
é mentira. Tem de ir ao ser mais um profissional liberal desempregado?
colégio para estudar e Nada disto. Não vai para a faculdade, não. Fica
ser alguém na vida. em casa que é melhor.

Olha aí, todos os teus brinquedos espalha- Essa sua obsessão pela ordem, pela limpeza é
dos pelo chão. É por isso que você perde tudo apenas uma defesa contra a ansiedade. No fundo
e quebra tudo. Olha: se você não juntar esses você é uma criança desamparada querendo har-
brinquedos em um minuto vai tudo para o lixo, monizar as partes em conflito de sua mente. Mas
ouviu? Para o lixo ou para o filho do zelador. por hoje vamos ficar por aqui. A propósito: a par-
Você não sabe valorizar as coisas que tem. Está tir da semana que vem vamos ter um aumento. É
na hora de aprender. Essas coisas custam dinhei- esse processo inflacionário que estamos vivendo.
ro e dinheiro não se acha na rua. As coisas estão custando um dinheirão.
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Agora chega. Dormir? Você já vai dormir? Mas você não
Desliga esta TV e tinha dito que iríamos ao cinema hoje? Está
vai dormir, anda. bom, eu sei que você teve um dia cheio no escri-
Amanhã você pre- tório, que está cansado e com dor de cabeça. Mas
cisa levantar cedo a gente também precisa se divertir um pouco.
para ir ao colégio. Faz um mês que não saímos de casa. Foi para
Não, não tem nada isto que a gente casou? Quando éramos noivos
de mais cinco minu- você não queria saber de dormir, sempre dizia
tinhos. Você ferveu que a noite era uma criança e que ainda dava
o dia inteiro, agora para fazer mais programa. Vamos lá, homem, te
tem de descansar. veste e vamos sair.

Nada disto. Você não vai andar de bicicleta. Você precisa fazer exercício, meu caro. Você
Agora está na hora de jantar. Além disto andar leva uma vida muito sedentária, todo o dia sen-
de bicicleta é perigoso. Você passa na entrada de tado numa cadeira, no escritório. Isto é perigoso.
garagens, vem um carro dirigido por um desses Afinal, você já entrou na faixa etária do enfarte.
malucos que andam soltos por aí, te atropela e E exercício é bom para descarregar a tensão. Por
era uma vez um menino. que você não anda de bicicleta, por exemplo?
Olha, até que é divertido.

Olha só as tuas roupas. Você suja tudo, rasga Sim, eu sei que você precisa se apresentar
tudo. Esses tênis não têm um mês ainda, e já dá bem, que o visual é tudo, especialmente em sua
para jogar fora. Assim não há dinheiro que chegue. profissão. Mas eu acho que você exagera. Eu acho
Por que é que você não anda limpinho e arruma- que você anda elegante demais. E isto para mim
do como o filho do nosso vizinho aqui de cima? só pode ter uma explicação: você anda tendo
Aquele, sim, é um menino que dá gosto de olhar. casos por aí. Elegância demais é coisa suspeita.

Você passa o dia inteiro na frente desta TV. E você acha que o plano econômico vai dar

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Por que é que você não pega um livro e vai ler um certo? Você tem muita imaginação, meu caro.
pouco? Eu sei que ler é mais difícil que olhar TV, Aliás, é seu problema: excesso de imaginação.
mas em compensação não há coisa melhor para Um administrador, um técnico, não pode ter
desenvolver a imaginação. Eu, quando tinha a sua tanta imaginação. Você está fora da realidade,
idade, já tinha lido todo o Monteiro Lobato, as his- você não sabe o que as pessoas querem, o que
tórias infantis do Érico elas estão pensando. Olha, vou te dar uma ideia:
Verissimo, tudo. E isto fique assistindo TV uns dias. Não há espelho
me ajudou muito. mais fiel da realidade brasileira do que a TV.
Imaginação é uma Tudo que aprendi devo à TV. Se subi na vida foi
coisa preciosa. graças à TV.
(Moacyr Scliar. Um país chamado infância. São Paulo:
Ática, 1995. p. 71- 4.)

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COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO

1. Com exceção do 1º parágrafo, que apresenta o texto, todo o restante está organizado em dois
grandes blocos: um relativo à infância e outro relativo ao mundo adulto, trinta anos depois. Em
cada um desses blocos, o narrador se ausenta e dá voz às personagens. Assim, por meio das falas
de sete cenas, sabemos como vivia o protagonista antes e como passa a viver depois, ou seja,
no presente. Com apenas uma palavra, resuma o assunto de cada um desses blocos.

2. Em nenhuma cena aparece diretamente a voz do protagonista. Tomamos conhecimento apenas


do que dizem seus interlocutores. Observe o assunto e a forma como
fala cada um dos interlocutores. Quem são eles, antes e depois?

3. Compare as ocasiões em que o interlocutor é a mãe ou a esposa.


a) Em que a mãe e a esposa se assemelham?
b) Que papel cabe à mulher, na visão do texto?

4. Que importância tem para a significação geral do texto o fato de em


nenhum momento aparecer a voz do protagonista?

5. A intenção que temos ao aconselhar uma pessoa é, geralmente, orientá-la naquilo que será
melhor para ela. Comparando os conselhos e as ordens dadas ao protagonista antes e depois,
notamos que há diferenças de intenções. Qual é a intenção dos interlocutores ao aconselharem o
protagonista:
a) na infância?
b) na vida adulta?

6. Comparando os conselhos recebidos na infância com os conselhos recebidos trinta anos depois,
observamos que o protagonista:
a) pouco mudou em seus comportamentos; continua sendo um rebelde.
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b) mudou e agora está inteiramente de acordo com os padrões de comportamento desejados


pelos pais.
c) mudou, mas passou ao outro extremo; seu problema, agora, é ter incorporado até demais as
normas e exigências sociais.

7. Observe que em nenhum momento houve referência ao nome das personagens, ou mesmo ao
do protagonista. Note também que, passados trinta anos, as pessoas continuam dando ordens e
conselhos ao protagonista. Levando em conta essas observações, quais das afirmações seguintes
podemos considerar corretas?
a) A falta de nomes tende a generalizar os comportamentos observados. Provavelmente tanto o
narrador quanto nós todos passamos ou passaremos pelos mesmos problemas.
b) O narrador prefere não nomear as pessoas envolvidas para não chocá-las.
c) De forma bem-humorada, o texto põe em discussão um problema relativo à identidade, isto
é, ao fato de que nunca podemos ser nós mesmos, nunca podemos nos comportar da forma
como desejamos.
d) O texto discute os limites existentes entre a liberdade individual e os valores e padrões sociais
de comportamento.
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8. Einstein foi um dos mais importantes
cientistas modernos. Em sua Teoria Humor e ciência
da Relatividade, defendia a tese de Além de ter sido uma pessoa bem-humorada e um
que a energia tem peso, o que expli- defensor incansável da paz (Prêmio Nobel de 1921), Albert
ca, por exemplo, o fato de uma pilha Einstein (1879-1955), entre outras teorias, apresentou
carregada pesar mais que uma descar- as de que a luz é composta de matéria; que comparando
regada. A partir dessa teoria, inicia- dois relógios em funcionamento, um numa situação sem
ram-se estudos sobre a possibilidade movimento e o outro numa situação de movimento, o
de transformar matéria em energia primeiro anda mais depressa
e vice-versa, princípio básico para o do que o segundo; que há

orbis
buracos-negros no Universo;
sonho humano de viajar no tempo.

© Bettmann/C
que, além dos três estados
No início do texto, é mencionada a conhecidos da matéria —
Teoria da Relatividade. Por que, na líquido, sólido e gasoso — ,
visão do narrador, essa teoria se apli- existem mais dois: o plasma
caria à sua história pessoal e à vida das e um outro, recentemente
pessoas em geral? comprovado e ainda sem
nome.
Pelos estudos feitos
9. Você provavelmente sabe como se
até o momento, Einstein
joga na loteria esportiva. Os aposta- acertou na mosca: estava
dores precisam acertar todos os resul- tudo certo!
tados dos treze jogos disputados entre
times de futebol, assinalando com
um x o nome do time que vai vencer
(coluna 1 ou coluna 2); quando prevê empate, deve assinalar a coluna do meio. O narrador
afirma, no 1º parágrafo: “Basta comparar a coluna um com a coluna dois, para que a gente se
convença de quanto é absurda a loteria da vida”.
a) Na sua opinião, o contraste entre o antes e o depois é absurdo? Por quê?
b) Ao comparar a vida com a loteria esportiva, o narrador menciona apenas a coluna 1 e a coluna
2, ou seja, dois extremos. Na sua opinião, o que poderia ser a coluna do meio?

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10. Sem dúvida, o texto lido é um ótimo exemplo de humor na literatura.
a) Na sua opinião, as situações retratadas podem ocorrer na vida real ou são pura ficção?
b) Assim, a vida está ou não cheia de fatos humorísticos?
c) Conclua: Em que consiste, então, o trabalho de um humorista?

A LINGUAGEM DO TEXTO

1. Observe como os interlocutores se dirigem ao protagonista na primeira cena:

“Anda, come o bife, está tão bom.” (antes)


“Mas que vergonha, homem. Olha a tua barriga. Coisa mais indecente.” (depois)

Em qual das situações o interlocutor:


a) é mais direto e autoritário? Por quê?
b) faz uso principalmente de argumento? Por que isso ocorre?
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2. Você sabe que tudo o que falamos tem uma intencionalidade, isto é, contém nosso desejo de
influenciar ou modificar o pensamento de nosso interlocutor. Observe esta frase:

“E exercício é bom para descarregar a tensão.”

a) Essa frase declara uma verdade, por isso é aparentemente uma frase declarativa. Apesar
disso, podemos dizer que, considerando sua intencionalidade, ela é imperativa. Por quê?
b) Como ela poderia ser redigida para se tornar explicitamente uma frase imperativa?

3. Observando o texto na vertical, cena por cena, compare as falas dos interlocutores do período da
infância. Perceba o maior ou menor grau de autoritarismo (ordens diretas) e de argumentos que
pretendem convencer.
a) As ordens são mais frequentes e explícitas no início ou no fim do texto?
b) Quando os argumentos são mais frequentes?
c) Que relação essas diferenças têm com as fases de desenvolvimento do protagonista?

4. Observe estas falas:

“Não, não tem nada de mais cinco minutinhos.”


“Nada disto. Você não vai andar de bicicleta.”

Elas permitem imaginar uma fala anterior do protagonista, que não foi explicitada. Levante
hipóteses: O que o protagonista deve ter dito em cada uma dessas situações para receber essas
respostas?

LEITURA EXPRESSIVA DO TEXTO


Dois alunos leem a 1ª cena. O primeiro faz o papel da mãe, lendo com uma voz ora áspera e
autoritária, ora mansa e carinhosa, de acordo com a situação. O outro aluno lê colocando-se no papel
da esposa, enfatizando os trechos que dão ideia de desprezo e descrédito. Outros pares de alunos
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poderão ler as demais cenas, procurando a entonação adequada a cada personagem.

Trocando ideias

1. O texto nos mostra dois momentos da vida de uma personagem. Neles, os conselhos e ordens,
apesar de opostos, continuam sendo dados e quase impostos.
a) Suponha que o protagonista tivesse um filho. Você acha que o menino estaria recebendo uma
educação diferente daquela que ele teve? Por quê?
b) Com base em sua resposta anterior, responda: Você acha que todos nós inevitavelmente
reproduzimos a educação que recebemos de nossos pais? Justifique.

2. Seria possível educar uma criança sem ter de obrigá-la a viver segundo regras e normas rígidas?
Como seria essa educação e quais suas vantagens e desvantagens?

3. E você, como deseja ser daqui a trinta anos?


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