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Os códigos intervenientes na linguagem visual são menos prescritivos que os
intervenientes na linguagem verbal, pelo que o leque de possibilidades sintácticas é,
naquele caso, maior, ou seja, a escrita visual possui um número quase ilimitado de
hipóteses compositivas para expressar o mesmo conteúdo. Estamos perante um sistema
dotado de uma grande flexibilidade e, por isso também, com um potencial polissémico
considerável.
O traço mais relevante da codificação visual prende-se com a dimensão espacial das
imagens: estas são percepcionadas como um todo (e não como uma cadeia de
sucessões) e diferenciam-se de outros sistemas, nomeadamente do verbal, por
estabelecerem um conjunto de relações espaciais e combinadas, num sistema a duas
dimensões.
De entre as inúmeras formas que as imagens podem tomar, os ícones destacam-se
como signos analógicos e motivados, contrastando com aqueloutros marcados pela
arbitrariedade. Mas os signos da imagem nem sempre são icónicos, pelo que as
convenções e a descontinuidade também nela se afirmam: um after-shave pode
significar desportivismo, uma lâmina de barbear sexualidade, o espaço sideral precisão
e rigor. Muito para além de uma mera análise denotativa, as imagens suscitam a
interpretação dos elementos que as integram e tornam-se capazes de exprimir alegria,
tristeza, serenidade, sedução, medo, desejo, frio, angústia ou prazer.
Há muito que os processos de codificação visual vêm sendo estudados: através da
trucagem, inserem-se numa fotografia elementos que não estavam presentes no
momento do registo
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a captação de um gesto ou a encenação de uma pose codificam também ao nível da
conotação; em publicidade, os objectos escolhidos para figurar numa cena visual
fornecem um contexto àquilo que se anuncia, sendo normalmente associados aos
sujeitos presentes na imagem e estabelecendo com eles uma relação emocional
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[Figura 4. Atlantis, 2003];
se estamos perante uma sequência de imagens, uma narração visual, é o modo como
se articulam nessa sequência, que condiciona a sua interpretação; em função do
tratamento que lhe é dado, a imagem pode ainda vincular-se a uma categoria
(documento, testemunho, manifestação artística), adquirir um estatuto, que igualmente
interfere no sentido que lhe outorgamos, ou porque o restringe, ou porque o
redimensiona, ao mesmo tempo que lhe confere um determinado valor.