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1
Doutoranda, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento
da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil.
2
Professor Doutor, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil.
Rugno FC, De Carlo MMRP. The Palliative Outcome Scale (POS) applied to clinical practice and research: an
integrative review. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2016;24:e2764. [Access ___ __ ____]; Available in:
mês dia ano
____________________. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.0993.2764.
URL
2 Rev. Latino-Am. Enfermagem 2016;24:e2764
diferentes sujeitos, a versão proxy diferencia-se da self analisou a produção científica sobre a utilização da
por conter um item adicional acerca do desempenho POS no contexto dos CPs. A presente revisão seguiu as
clínico do paciente (ECOG performance status). etapas sugeridas na literatura(10-13): seleção da questão
Em suas duas versões, a POS é uma escala norteadora, definição dos critérios de elegibilidade
curta composta por 11 itens e de fácil aplicabilidade, (inclusão e exclusão), definição das informações
incorporando aspectos sobre os sintomas físicos e relevantes dos estudos, avaliação dos achados,
escala Likert de 5 pontos, com exceção do item 9, que em periódicos indexados foi realizado nas bases
tem 3 pontos, e uma pergunta aberta referente aos eletrônicas: LILACS, SciELO, CINAHL e PubMed/
principais problemas vivenciados pelo paciente. Os MEDLINE. Os critérios de inclusão dos artigos,
escores da POS variam de zero a 40 pontos, sendo que definidos previamente para a presente revisão, foram:
0 representa melhor QV e 40, pior QV(6-8). artigos publicados em português (de Portugal), inglês
O processo de adaptação cultural e validação da e espanhol, entre os anos de 1999 e 2014, com os
POS já foi concluído em diferentes países e culturas, resumos e textos completos disponíveis online nas
nos seguintes idiomas: português (de Portugal), bases de dados selecionadas (LILACS, SciELO, CINAHL
francês, mandarim, punjabi e urdu. Atualmente, está revisão da literatura (fonte secundária de dados) e os
em desenvolvimento a validação da versão self da POS que tiveram em sua casuística pessoas menores de 18
para o português do Brasil (POS-Br), o que permitirá a anos (pois a POS foi desenvolvida para aplicação em
de coleta de dados nas pesquisas científicas e como um Os descritores “palliative care” (descritor que
recurso da prática clínica no país(9). engloba os termos “hospice care” e “terminal care”),
Os CPs precisam ser vistos como um dos pilares “palliative outcome scale”, “outcome assessment health
do tratamento de atenção integral para pessoas com care” e “quality of life” foram combinados entre si por
doenças avançadas (e ameaçadoras da vida). Porém, na meio dos conectores booleanos “AND” e “OR”, nas
cultura brasileira, existe uma escassez de instrumentos línguas portuguesa e espanhola. Vale ressaltar que,
específicos de avaliação que possam mensurar a durante a busca inicial, foram encontrados 2 registros
importância do encaminhamento precoce a um serviço de revisão integrativa, um dos quais abordou os estudos
de CPs e seu impacto na QV. Ademais, a POS é um de validação da POS(14) e o outro, o impacto da APCA
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POS como uma ferramenta para melhoria da qualidade e validação da African Palliative Outcome Scale (APCA
de atendimento de pacientes e seus familiares (15)
POS)(16); 7 estudos que se referiam ao uso da APCA
(entretanto, por serem fontes secundárias de dados, POS em instituições e centros de pesquisa. Portanto,
esses dois estudos não foram elegíveis). foram selecionados, para a amostra final desta revisão
Foram identificados 25 artigos, dos quais 14 foram integrativa, 11 trabalhos sobre o uso da POS em
excluídos: 7 artigos que compreendiam estudos de pesquisas científicas e em práticas clínicas de equipes
tradução, adaptação cultural e validação da POS para de CPs. O processo de busca e seleção do material pode
outras culturas, incluindo o processo de desenvolvimentos ser visualizado na Figura 1:
Figura 1 - Mecanismo de busca da revisão integrativa. Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2015
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Unid.
Periódico Instrumentos
Análise Ano Título Autor Resultados
Public. Utilizados
Validade convergente: HQ e
Assessing Somatic, Psychosocial, and
ACPDS-E (r =0.74), POS e
Spiritual Distress of Patients with Advanced Fischbeck S Am J Hosp POS, ACPDS,
2012 ACPDS-E (r=0.61) e MIDOS (dor)
Cancer: Development of the Advanced et al. Palliat Care HQ e MIDOS
e ACPDS-P (r=0.48).
Cancer Patients’ Distress Scale(21)
• Consistência interna: 0.55 a
0.88.
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Unid.
Periódico Instrumentos
Análise Ano Título Autor Resultados
Public. Utilizados
POS, Memo-
• Pacientes oncológicos versus
rial Symptom
Understanding breathlessness: cross- pacientes com DPOC - sintomas
Assessment
sectional comparison of symptom bur- Bausewen J Palliat físicos e sintomas de ansiedade.
2010 Scale Short
den and palliative care needs inchro-nic ob- C et al. Med. • POS (2 grupos) - falta de ar,
Form, the
structive pulmonary disease andcancer(22) receber informações, compartil-
modified Borg
har sentimentos, tempo perdido e
Scale, HADS
problemas práticos.
Figura 2 - Síntese dos artigos incluídos na revisão integrativa – unidades de análise 1 e 2. Ribeirão Preto, SP,
Brasil, 2015.
Estudos que utilizaram a POS como recurso na Dimensões da POS (subtema 1): Foram identificados
pesquisa (unidade de análise 1) 2 fatores principais na POS(17): um que reflete a dimensão
do bem-estar psicológico (itens 3, 6, 7 e 8) e outro que
Nessa unidade de análise, foram incluídos 5
representa a qualidade dos CPs recebidos (itens 5, 9
estudos(17-21) que apresentavam 3 subtemas: dimensões
e 10). A análise fatorial confirmatória comprovou que
da POS (subtema 1), comparação da POS com outros
a POS é uma escala multidimensional; segundo os
instrumentos de avaliação (subtema 2) e o uso da
autores, pacientes em CPs devem ser avaliados de forma
POS para o desenvolvimento e validação de novos
integral (considerando todos os aspectos que envolvem
instrumentos (subtema 3).
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o bem estar do paciente), e a ferramenta ideal para essa Documentation System (MIDOS) e POS; houve
avaliação são os instrumentos multidimensionais (como correlações significativas com a pontuação total da POS
a POS). (maior correlação entre POS e subescala ACPDS-E;
Comparação da POS com outros instrumentos de r=0,61).
avaliação (subtema 2): Pode-se verificar a relação da
Estudos que utilizam a POS como recurso na prática
POS com a estrutura fatorial das escalas EuroQoL (EQ-
clínica (unidade de análise 2)
5D) e a Herth Hope Índex(18). Após correlação das 3
escalas e uma análise fatorial exploratória (AFE), foram Nesta unidade de análise, foram incluídos 6
selecionados 4 dos 10 itens da POS (“dor”, “compartilhar estudos(22-27), com 4 subtemas: avaliações de pacientes
sentimentos”, “sentir que a vida vale a pena” e “sentir- oncológicos e não-oncológicos (subtema 1), avaliação
se bem”), 3 dos cinco 5 fatores do EQoL, e 9 dos 12 itens self (“patient-reported outcomes”) versus avaliação
da Hope Index; quando foi feita a AFE das 3 escalas proxy (percepção do cuidador) (subtema 2), comunicação
combinadas, destacaram-se 5 fatores/dimensões. e aprimoramento da equipe de CPs (subtema 3) e
Entretanto, na análise fatorial confirmatória foram avaliação self (“patient-reported outcomes”) versus
considerados relevantes para avaliação na prática clínica avaliação proxy (percepção do médico) (subtema 4).
3 fatores/dimensões: autossuficiência (autocuidado, Avaliações de pacientes oncológicos e não-
mobilidade, atividades de vida diária - AVDs), a oncológicos (subtema 1): Para comparar o impacto da
positividade (compartilhar sentimentos e preocupações, intensidade de sintomas e as necessidades de pacientes
sentir-se bem e valorizado) e os sintomas físicos. em CPs na sobrevida global, foram avaliados pacientes
A investigação da validade concorrente e com câncer metastático e pacientes com doença
confiabilidade da POS, do Rotterdam Symptom Checklist pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)(22). Além da POS,
(RSCL) e do Inventário Breve de Dor (BPI) , revelou
(19)
foram aplicadas a Memorial Symptom Assessment
concordância entre a intensidade da dor do BPI e da Scale short form (MSAS-SF), a Borg Scale modificada
dor nas escalas físicas do RSCL, e entre os sintomas e a Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS). No
físicos de RSCL e da POS; logo, “a escala física do RSCL geral, a soma das pontuações da POS foi superior para
poderia ser intercambiável pelos sintomas da POS” e “a os pacientes com câncer metastático do que para os
intensidade da dor no BPI poderia ser intercambiável pacientes com DPOC. A sobrevida média foi de 107 dias
pela dor física no RSCL”. para os pacientes com câncer metastático e 589 dias
O uso da POS para o desenvolvimento e validação para os pacientes com DPOC.
de novos instrumentos (subtema 3): Para a validação da Os CPs também deveriam ser oferecidos,
German Hospice and Palliative Care Evaluation (HOPE) precocemente, para pacientes com diagnóstico de
Symptom and Problem Checklist (HOPE-SP-CL)(20), os doença de parkinson, atrofia de múltiplos sistemas ou
domínios da HOPE-SP-CL foram correlacionados com os paralisia supranuclear progressiva(23). Utilizando a POS
escores da POS utilizando o coeficiente de correlação e a Palliative Outcome Scale-Parkinson Disease (POS-
de Spearman (validade convergente). Os resultados PD) (versão que foi adaptada a partir da Palliative
encontrados mostraram uma correlação forte para os Outcome Scale - Symptom, POS-S), pode-se verificar a
itens referentes aos sintomas na POS proxy e HOPE- existência de diversos sintomas físicos nesta população:
SP-CL (r=0,75), bem como na POS self e HOPE-SP-CL problemas de mobilidade em membros inferiores (51%),
(r=0,6). As propriedades psicométricas demonstraram dor (39%), problemas de mobilidade em membros
que, como a POS, a HOPE-SP-CL também é um superiores (28%), dificuldades de comunicação (28%),
instrumento confiável e válido. fadiga (24%), entre outros (somando um total de 11
A Advanced Cancer Patients’ Distress Scale sintomas físicos relatados).
(ACPDS)(21) é um instrumento de rastreio do sofrimento/ Avaliação self (“patient-reported outcomes”) versus
angústia psicológica (distress) para pacientes avaliação proxy (percepção do cuidador) (subtema 2):
oncológicos em CPs que estão na fase final de vida. Para verificar a concordância entre a percepção do
A ACPDS possui 5 subescalas: (1) “restrições físicas e paciente e cuidador principal em relação a QV, foram
emocionais (ACPDS-E)”, (2) “déficits na comunicação e avaliados 64 pacientes e 64 cuidadores(24); ambos
transferência de informação (ACPDS-I)”, (3) “as reações responderam à POS. Os cuidadores responderam,
sociais negativas (ACPDS-N)”, (4) “(medo de sentir) também, a uma escala de sobrecarga, a Zarit Burden
dor (ACPDS-P)”, e (5) “sintomas gastrointestinais Interview (ZBI) e a três perguntas abertas sobre os
(ACPDS-G)”. O teste das propriedades psicométricas aspectos positivos relacionados ao cuidar. Os resultados
(validade convergente) da ACPDS foi feito com os desse estudo mostraram maior concordância para os
instrumentos Hornheide Questionnaire (HQ), Minimal
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sintomas físicos; a concordância foi menor em relação com a participação de 63 pacientes e o grupo controle
aos sintomas psíquicos e para o item “sentir que a vida com 54 pacientes. Os médicos responderam a POS
vale a pena” – e isso se intensifica quando os cuidadores proxy e os pacientes responderam à POS self, BPI e
têm elevada sobrecarga física e pouca positividade RSCL (em 2 momentos da pesquisa). Os resultados de
sobre o ato de cuidar. comparação da POS proxy com a POS self mostraram
Comunicação e aprimoramento da equipe de CPs a “superestimação dos sintomas psicológicos e
(subtema 3): Um dos maiores problemas para a equipe informações fornecidas” e a “subestimação de sintomas
de CPs da América Latina é a falta de comunicação físicos”.
(omissão de informações) sobre o diagnóstico e
prognóstico de pacientes com câncer avançado(25). A Discussão
análise das entrevistas de 91 pacientes com câncer
A presente revisão integrativa teve como tema
avançado em Cuba (cujos instrumentos de coleta
principal a aplicação da POS na prática clínica e nas
foram a POS mais 3 perguntas abertas – referente ao
pesquisas em CPs. Foi realizada avaliação criteriosa dos
diagnóstico e conhecimento da evolução da doença),
artigos, tendo como foco o procedimento metodológico
apontou uma discrepância entre as informações
(instrumentos, coleta de dados, análises utilizadas), os
transmitidas pelos profissionais e as informações
principais desfechos e as limitações.
desejadas pelos pacientes: apenas 41% estavam
A análise da produção científica selecionada
cientes do diagnóstico; 59% gostariam de saber sobre a
comprovou que a POS é um poderoso instrumento
progressão de doença e alterações clínicas. Além disso,
de avaliação de QV para os CPs. Sua aplicação na
a POS mostrou que os aspectos que mais preocupavam
prática clínica em CPs pode impactar positivamente na
os pacientes eram “tempo desperdiçado em consultas
melhoria da QV dos pacientes e familiares, na melhoria
(70,0%)”, “dor (41,8%)”, seus sintomas de “ansiedade
da qualidade do atendimento, no desenvolvimento
(38,5%)” e “ansiedade da família (37,4%)”.
e validação de outros instrumentos confiáveis, na
Para comprovar a eficácia e aceitação dos
organização de serviços de CPs e na formação/
ambulatórios especializados em CPs (SOPC - Specialized
capacitação de profissionais da saúde envolvidos
Outpatient Palliative Care)(26), pacientes oncológicos
nestes cuidados, no encaminhamento precoce aos
responderam a questionários desenvolvidos pela
CPs (de pacientes oncológicos e não-oncológicos) e na
equipe (sobre sintomas físicos), além dos instrumentos
comunicação/integração da tríade paciente-familiar/
padronizados POS e McGill Quality of Life Questionnaire
cuidador-profissional.
(MQoL). Os cuidadores também responderam aos
Conforme mostrado na unidade de análise 1, como
questionários desenvolvidos pela equipe, juntamente
há muitas escalas sendo desenvolvidas atualmente, é
com a Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS), o
importante que haja um consenso sobre quais escalas
Quality of Life in life threatening Disease - Family Care
devem ser utilizadas para cada aspecto/demanda a ser
Version (QOLLTI-F) e uma versão curta do Häusliche
avaliado. A escolha de determinado instrumento deve
Pflegeskala (HPS) (escala de atendimento domiciliar).
levar em consideração se o mesmo é válido e confiável(3).
Os resultados mostraram que, com o envolvimento
A manutenção/melhora da QV está entre os
da equipe SOPC, existiu uma melhora significativa da
desfechos mais esperados nos serviços de CPs e as
qualidade do atendimento e da satisfação com o cuidado
avaliações de QV permitem a valorização das informações
oferecido; a sobrecarga dos cuidadores diminuiu e
relatadas pelos próprios pacientes (“patient-reported
houve um aumento do apoio psicológico, da mesma
outcomes”). Essa percepção do paciente é essencial para
maneira que do desempenho nas atividades de vida
direcionar a prática clínica dos profissionais(19). Alguns
diária (AVDs).
domínios dos questionários utilizados para avaliar os
Avaliação self (“patient-reported outcomes”)
sintomas e a QV em pacientes com câncer avançado
versus avaliação proxy (percepção do médico) (subtema
podem medir dimensões ou constructos semelhantes.
4): Para mensurar o impacto da educação on line em
Considerando que existe poucos estudos que
CPs (Online palliative care education)(27), médicos
comparam as dimensões entre instrumentos que
generalistas (primary care physician) foram divididos
possuem dimensões ou constructos equivalentes,
em 2 grupos (66 no grupo de intervenção e 58 no grupo
uma avaliação da validade concorrente entre esses
controle). O grupo de intervenção teve acesso a um
instrumentos poderá aumentar o conhecimento sobre
programa para formação on-line (duração de 96 horas);
suas propriedades psicométricas e a “permutabilidade
já o grupo controle poderia participar voluntariamente
de domínios equivalentes”(17-19). Torna-se fundamental
de um curso de formação em CPs tradicional (curso
destacar que essas informações foram encontradas no
presencial de 20 horas). O grupo de intervenção contou
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subtema 2 da unidade 1. Apesar disso, a correlação a amostra sub representou aqueles sem autonomia e
entre os domínios da POS com as escalas EuroQoL independência para participar dos ambulatórios, assim
(EQ-5D) e a Herth Hope Índex(18) pode ter sido como os que tinham comprometimento cognitivo
influenciada pelo conhecimento dos participantes em (acentuado pelas demências). Quando as avaliações
relação as suas respostas para as diferentes escalas proxy forem incorporadas como complemento das
(ademais, não houve variação na ordem de aplicação avaliações self, um número maior de pacientes com
dos instrumentos). Em relação à POS, RSCL e BPI(19), doenças em fase avançada poderá ser incluído em
suas limitações estão atreladas à falta de resultados pesquisas.
(estatisticamente significativos) para o controle de Se as avaliações multifuncionais, de QV e sobrevida
sintomas desconfortáveis. Ainda assim, os desfechos de global (utilizando instrumentos validados, nas versões
ambos os estudos foram primordiais para a identificação self e proxy) fizerem parte da rotina de atendimento,
dos sintomas físicos e psicossociais dos pacientes em favorecerão o encaminhamento precoce de populações
CPs. não-oncológicas a um serviço de CPs(22-23), assim como a
As informações sobre as dimensões da POS criação de “guidelines” específicos.
(subtema 1) confirmam-na como a escolha mais Para o paciente oncológico, existem os “guidelines”
assertiva pelas equipes de CPs e centros de pesquisa. do National Comprehensive Cancer Network (NCCN)(28),
Embora a estrutura fatorial da POS tenha sido verificada que sugerem como elegíveis para os CPs os pacientes
pelas análises fatoriais exploratória e confirmatória, o com sintomas não controlados e⁄ou comorbidades
tamanho da amostra era pequeno; sua estrutura fatorial físicas e condições psicossociais relevantes (como
também precisa ser investigada com populações não- por exemplo, funcionalidade de acordo com a Escala
oncológicas. de Karnofsky igual ou menor a 50%, ocorrência de
A POS pode ser considerada como uma ferramenta síndrome da veia cava superior, compressão medular,
padrão ouro no contexto dos CPs. Os estudos da unidade caquexia, hipercalcemia, delirium, entre outros), além
1 (subtema 3) (20-21)
reforçam a sua importância para o da expectativa de vida estimada menor que 12 meses.
desenvolvimento e validação de novos instrumentos. Porém, os CPs continuam a ser subutilizados mesmo
Ainda que os resultados encontrados no subtema 3 com os pacientes oncológicos. O encaminhamento
tenham sido consistentes (a escala HOPE-SP-CL mostrou- precoce a um serviço de CPs possibilita a avaliação,
se um instrumento confiável – o alpha de Cronbach o manejo e o alívio adequados dos sintomas físicos e
variou de 0.768 a 0.801)(20), esse estudo de validação do sofrimento psíquico; ademais, contribui para as
ocorreu a partir da análise de fontes secundárias e sua discussões e planejamento do final de vida(29).
amostra foi restrita (composta por pacientes oncológicos Muitas vezes, essas discussões e avaliações de QV
em regime de internação). Em relação ao estudo do levam em conta apenas a percepção do cuidador (por
desenvolvimento da escala ACPDS(21), sua população consequente progressão de doença – e incapacidade
de estudo deveria ter sido maior (o número de sujeitos de autoavaliação do paciente). Conforme o que foi
é apenas três vezes maior que o número de itens da apresentado na unidade 2 (subtema 2), as avaliações
escala); a consistência interna da escala variou de do cuidador foram consideradas válidas e confiáveis
0.55 (valor inferior ao mínimo aceitável) a 0.88 (valor em comparação com as avaliações de pacientes,
adequado). Apesar das limitações descritas, existiu uma principalmente quando utilizada a escala POS (escala
alta correlação entre a POS e a HOPE-SP-CL, e a POS considerada de fácil compreensão para ambos)(24).
e a ACPDS (os índices de correlação foram superiores Porém, a sobrecarga do cuidador e a forma como ele
a 0.6). considera o cuidar podem afetar a sua compreensão
O uso da POS também poderá contribuir com o acerca da QV do paciente. Ressalta-se, ainda, que as
aumento dos pacientes elegíveis aos CPs, cujo público- análises dos resultados não permitiram identificar o
alvo ainda é o paciente oncológico. Os resultados real impacto da sobrecarga para a QV dos cuidadores
encontrados na unidade 2 (subtema 1) comprovaram a (tamanho da amostra e número de variáveis não
eficiência deste instrumento para avaliação da QV de analisadas). Faz-se necessário que os clínicos mensurem
pacientes não oncológicos e mostram a necessidade de a sobrecarga do cuidador para verificar e interpretar
avaliações de QV - sobrevida e avaliações multifuncionais melhor as informações fornecidas. A QV do cuidador, sua
para os pacientes com doenças neurológicas rede de suporte e o planejamento do acompanhamento
progressivas (23)
e com DPOC . No caso dos pacientes
(22)
no período de luto também devem ser abordados pela
com DPOC, as variáveis preditoras de sobrevida não equipe(30).
puderam ser identificadas (a amostra era pequena). Para Infelizmente, o número de serviços de CPs ainda é
os pacientes com doenças neurológicas progressivas, pequeno quando comparado com a incidência e prevalência
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10 Rev. Latino-Am. Enfermagem 2016;24:e2764
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Rugno FC, De Carlo MMRP. 11
Recebido: 24.6.2015
Aceito: 29.1.2016
Correspondencia:
Fernanda Capella Rugno
Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto Copyright © 2016 Revista Latino-Americana de Enfermagem
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