Você está na página 1de 11

Rev. Latino-Am.

Enfermagem Artigo de Revisão


2016;24:e2764
DOI: 10.1590/1518-8345.0993.2764
www.eerp.usp.br/rlae

A Palliative Outcome Scale (POS) aplicada à prática clínica e pesquisa:


uma revisão integrativa

Fernanda Capella Rugno1


Marysia Mara Rodrigues do Prado De Carlo2

Objetivo: identificar e avaliar as evidências encontradas na literatura científica internacional,


referentes à aplicação da Palliative Outcome Scale (POS) na prática clínica e nas pesquisas
em Cuidados Paliativos (CPs). Método: revisão integrativa da literatura, por meio da busca de
publicações nos periódicos indexados nas bases de dados PubMed/MEDLINE, LILACS, SciELO e
CINAHL, entre os anos de 1999 e 2014. Resultados: a amostra final do estudo constituiu-se de 11
artigos. Na análise dos dados, os artigos foram classificados em 2 unidades de análise (estudos
que utilizam a POS como recurso na pesquisa e estudos que utilizam a POS na prática clínica), nas
quais as informações foram apresentadas na forma de subtemas referentes às publicações dos
estudos selecionados, com destaque para a síntese dos resultados. Conclusão: a POS se destacou
como um importante instrumento de medidas de resultados para a avaliação da qualidade de vida
dos pacientes e familiares, da qualidade do atendimento prestado e da organização de serviços de
CPs. A produção científica internacional referente à aplicação da POS mostrou-se relevante para o
avanço e consolidação do campo de conhecimento em CPs.

Descritores: Cuidados Paliativos; Escala de Resultados em Cuidados Paliativos; Qualidade de Vida;


Revisão Integrativa.

1
Doutoranda, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento
da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil.
2
Professor Doutor, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil.

Como citar este artigo

Rugno FC, De Carlo MMRP. The Palliative Outcome Scale (POS) applied to clinical practice and research: an
integrative review. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2016;24:e2764. [Access ___ __ ____]; Available in:
mês dia ano
____________________. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.0993.2764.
URL
2 Rev. Latino-Am. Enfermagem 2016;24:e2764

Introdução importante instrumento de medidas de resultados, que


pode estimular o avanço do conhecimento em CPs,
Dentre os desfechos clínicos pesquisados em promover e otimizar o atendimento nos serviços de CPs
oncologia, as avaliações das curvas de sobrevivência e de e cujos resultados podem contribuir para minimizar o
qualidade de vida (QV) são necessárias para direcionar sofrimento dos pacientes com doenças avançadas.
as ações dos profissionais de saúde(1). Porém, para O presente estudo caracteriza-se como uma
que sejam fidedignas do ponto de vista quantitativo, revisão integrativa, que tem por objetivo identificar e
essas avaliações devem ser realizadas a partir do uso avaliar as evidências encontradas na literatura científica
de instrumentos de medidas de construtos que sejam internacional, referentes à aplicação da escala POS
válidos, confiáveis e culturalmente adaptados(2-3). na prática clínica e nas pesquisas em CPs. A seguinte
Desenvolvida originalmente por um grupo de questão norteadora fundamentou a revisão integrativa:
pesquisadores do King´s College de Londres(4), a quais as evidências disponíveis na literatura referentes
Palliative Outcome Scale (POS) é uma escala de ao impacto da utilização da POS nas pesquisas e como
avaliação multidimensional da QV bastante utilizada, recurso nas práticas clínicas junto a pacientes em CPs?
tanto no ensino e pesquisa quanto na prática clínica, As evidências encontradas no presente estudo
junto a pessoas com doenças crônico-degenerativas possibilitarão que os pesquisadores e profissionais da
ameaçadoras da vida - em Cuidados Paliativos (CPs)(1). saúde (re)conheçam a relevância do uso da POS no
Esses são imprescindíveis para o tratamento humanizado tratamento de pacientes com doenças ameaçadoras da
às pessoas com condições clínicas potencialmente fatais, vida.
cujo tratamento não seja mais modificador da doença(5).
A POS apresenta duas versões: a self, que se Procedimento metodológico
destina ao paciente com doença avançada, e a proxy,
para o profissional da saúde. Além de destinarem-se a Por meio de uma revisão integrativa, esse estudo

diferentes sujeitos, a versão proxy diferencia-se da self analisou a produção científica sobre a utilização da

por conter um item adicional acerca do desempenho POS no contexto dos CPs. A presente revisão seguiu as

clínico do paciente (ECOG performance status). etapas sugeridas na literatura(10-13): seleção da questão

Em suas duas versões, a POS é uma escala norteadora, definição dos critérios de elegibilidade

curta composta por 11 itens e de fácil aplicabilidade, (inclusão e exclusão), definição das informações

incorporando aspectos sobre os sintomas físicos e relevantes dos estudos, avaliação dos achados,

psicológicos, considerações espirituais, preocupações interpretação e síntese das informações encontradas.

práticas e psicossociais. As respostas são dadas em O levantamento bibliográfico de artigos publicados

escala Likert de 5 pontos, com exceção do item 9, que em periódicos indexados foi realizado nas bases

tem 3 pontos, e uma pergunta aberta referente aos eletrônicas: LILACS, SciELO, CINAHL e PubMed/

principais problemas vivenciados pelo paciente. Os MEDLINE. Os critérios de inclusão dos artigos,

escores da POS variam de zero a 40 pontos, sendo que definidos previamente para a presente revisão, foram:

0 representa melhor QV e 40, pior QV(6-8). artigos publicados em português (de Portugal), inglês

O processo de adaptação cultural e validação da e espanhol, entre os anos de 1999 e 2014, com os

POS já foi concluído em diferentes países e culturas, resumos e textos completos disponíveis online nas

nos seguintes idiomas: português (de Portugal), bases de dados selecionadas (LILACS, SciELO, CINAHL

italiano, espanhol (Espanha e Argentina), alemão, e PubMed/MEDLINE). Foram excluídos os artigos de

francês, mandarim, punjabi e urdu. Atualmente, está revisão da literatura (fonte secundária de dados) e os

em desenvolvimento a validação da versão self da POS que tiveram em sua casuística pessoas menores de 18

para o português do Brasil (POS-Br), o que permitirá a anos (pois a POS foi desenvolvida para aplicação em

disponibilização da escala para uso como instrumento pacientes adultos)(4).

de coleta de dados nas pesquisas científicas e como um Os descritores “palliative care” (descritor que

recurso da prática clínica no país(9). engloba os termos “hospice care” e “terminal care”),

Os CPs precisam ser vistos como um dos pilares “palliative outcome scale”, “outcome assessment health

do tratamento de atenção integral para pessoas com care” e “quality of life” foram combinados entre si por

doenças avançadas (e ameaçadoras da vida). Porém, na meio dos conectores booleanos “AND” e “OR”, nas

cultura brasileira, existe uma escassez de instrumentos línguas portu­guesa e espanhola. Vale ressaltar que,

específicos de avaliação que possam mensurar a durante a busca inicial, foram encontrados 2 registros

importância do encaminhamento precoce a um serviço de revisão integrativa, um dos quais abordou os estudos

de CPs e seu impacto na QV. Ademais, a POS é um de validação da POS(14) e o outro, o impacto da APCA

www.eerp.usp.br/rlae
Rugno FC, De Carlo MMRP. 3

POS como uma ferramenta para melhoria da qualidade e validação da African Palliative Outcome Scale (APCA
de atendimento de pacientes e seus familiares (15)
POS)(16); 7 estudos que se referiam ao uso da APCA
(entretanto, por serem fontes secundárias de dados, POS em instituições e centros de pesquisa. Portanto,
esses dois estudos não foram elegíveis). foram selecionados, para a amostra final desta revisão
Foram identificados 25 artigos, dos quais 14 foram integrativa, 11 trabalhos sobre o uso da POS em
excluídos: 7 artigos que compreendiam estudos de pesquisas científicas e em práticas clínicas de equipes
tradução, adaptação cultural e validação da POS para de CPs. O processo de busca e seleção do material pode
outras culturas, incluindo o processo de desenvolvimentos ser visualizado na Figura 1:

Figura 1 - Mecanismo de busca da revisão integrativa. Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2015

A partir da adaptação de um instrumento de do fator de impacto destes periódicos é 2.402 (1.347


avaliação(12), foi feita a síntese dos artigos incluídos. A – 2.84).
coleta de dados apreendeu as seguintes informações: Em relação ao tipo de delineamento/desenho de
ano de publicação; título do estudo; nome dos autores; estudo, verificaram-se: 5 estudos de delineamento
periódico publicado; instrumentos utilizados e resultados metodológico(17-21) (3 estudos de teste das propriedades
encontrados. psicométricas – “secondary analysis” e 2 estudos de
desenvolvimento e validação de escala), 5 estudos
Resultados observacionais(22-26) (3 estudos transversais e 2 estudos
longitudinais) e 1 estudo de intervenção(27) (ensaio
A consulta em 4 bases de dados multidisciplinares e
clínico randomizado).
os achados encontrados asseguraram o rigor científico e
Na figura 2 são apresentadas informações dos 11
metodológico da busca (sendo a mesma representativa
trabalhos.
da produção internacional). Dentre os artigos incluídos
Os estudos selecionados foram classificados em 2
na revisão integrativa, 6 foram publicados em revistas
unidades/categorias de análise: 1) Estudos que utilizam
de área temática em CPs, 3 na área temática de dor e
a POS como recurso na pesquisa e 2) Estudos que
outros sintomas e 2 na área temática de QV. A média
utilizam a POS como recurso na prática clínica.

www.eerp.usp.br/rlae
4 Rev. Latino-Am. Enfermagem 2016;24:e2764

Unid.
Periódico Instrumentos
Análise Ano Título Autor Resultados
Public. Utilizados

Análise fatorial exploratória: 3


dos 5 itens do EQoL, 4 dos 10
Higginson POS, EQoL itens da POS e 9 dos 12 do Hope
Relationship between three palliative Health Qual
2004 IJ, Donald- EQ-5D e Herth Index.
care outcome scales(18) Life Outco.
son N. Hope Index Análise fatorial confirmatória:
autossuficiência • positividade•
sintomas.

Análise fatorial confirmatória:


bem-estar psicológico (itens 3, 6,
Psychological Well-Being and Quality of J Pain
Siegert RJ 7 e 8), qualidade dos CPs rece-
2010 Care: A Factor-Analytic Examination of the Symptom POS
et al. bidos (itens 5, 9 e 10), 1 (dor), 2
Palliative Care Outcome Scale(17) Manage.
(sintomas físicos), 4 (ansiedade
da família).

HOPE-SP-CL: 16 itens - sintomas


físicos, 2 itens – enfermagem, 4
itens - problemas psicológicos, 2
itens - problemas sociais.
Validation of the Symptom and Problem POS,
J Pain Symp- Correlações (validade convergen-
2012 Checklist of the German Hospice and Pal- Stiel S et al. HOPE-SP-CL e
tom Manage te) - Dor: HOPE-SP-CL e POS
liative Care Evaluation (HOPE)(20) ECOG
1 proxy (r=0.75) e HOPE-SP-CL e
POS self (r=0.60)
Consistência interna: 0.768 a
0.801.

Validade convergente: HQ e
Assessing Somatic, Psychosocial, and
ACPDS-E (r =0.74), POS e
Spiritual Distress of Patients with Advanced Fischbeck S Am J Hosp POS, ACPDS,
2012 ACPDS-E (r=0.61) e MIDOS (dor)
Cancer: Development of the Advanced et al. Palliat Care HQ e MIDOS
e ACPDS-P (r=0.48).
Cancer Patients’ Distress Scale(21)
• Consistência interna: 0.55 a
0.88.

Reliability and Concurrent Validity of the


Palliative Outcome Scale, the Rotterdam Pelay-Alva- POS, RSCL Validade concorrente: Dor - BPI
2013 J Palliat Med
Symptom Checklist, and the Brief Pain rez M et al. e BPI e RSCL (0.7) e Sintomas físicos -
Inventory(19) RSCL e POS (0.6)

• POS self versus POS proxy


- problemas de concordância:
“sentir-se ansioso” (OR = 4,50; P
= 0,018) “sentir que a vida vale
a pena” (OR = 12,43; P = 0,001)
“sentir-se bem” (OR = 7,73; P =
POS (self e
Caregiver assessment of patients with ad- Health Qual 0,003).
Higginson IJ proxy), ZBI e
2 2008 vanced cancer: Concordance with patients, Life Out- • Cuidadores com maior positivi-
e Gao W. 3 questões
effect of burden and positivity(24) comes dade - concordância com o item
abertas
“sentir-se bem” (OR = 0,27; P =
0,027)
• Cuidadores com menor posi-
tividade - sem concordância com
“problemas práticos” (OR = 4,22;
P = 0,039).

(a Figura 2 continua na próxima página)

www.eerp.usp.br/rlae
Rugno FC, De Carlo MMRP. 5

Unid.
Periódico Instrumentos
Análise Ano Título Autor Resultados
Public. Utilizados

POS, Memo-
• Pacientes oncológicos versus
rial Symptom
Understanding breathlessness: cross- pacientes com DPOC - sintomas
Assessment
sectional comparison of symptom bur- Bausewen J Palliat físicos e sintomas de ansiedade.
2010 Scale Short
den and palliative care needs inchro-nic ob- C et al. Med. • POS (2 grupos) - falta de ar,
Form, the
structive pulmonary disease andcancer(22) receber informações, compartil-
modified Borg
har sentimentos, tempo perdido e
Scale, HADS
problemas práticos.

POS (itens com maior pontua-


ção): “dor”, “sintomas físicos” e
Symptom prevalence, severity and pal- “ansiedade da família”
liative care needs assessment using the • POS-DP - 11 sintomas dos 20
Saleem TZ Palliative
2012 Palliative Outcome Scale: A cross-sectional POS, POS-PD avaliados.
et al. Medicine
study of patients with Parkinson’s disease • Correlação positiva - gravidade
and related neurological conditions(23) da doença e o número de sinto-
mas na POS-PD (ρ de Spearman
= 0,39, p = 0,01).

• Preocupações dos pacientes:


Multidimensional problems among
J Pain “tempo desperdiçado em consul-
advanced cancer patients in Cuba: aware- POS e 3 ques-
2009 Roll IJ et al. Symptom tas (70,0%)”, “dor (41,8%)”, “an-
ness of diagnosis is associated with better tões abertas
Manage. siedade dos pacientes (38,5%)”,
patient status(25)
“ansiedade da família (37,4%)”.
2

Pacientes atendidos no SPOC:


QV elevada para os pacientes
(p <0,05), qualidade dos CPs
POS, MQoL, oferecidos (POS, p <0,001),
Effectiveness of a Specialized Outpatient HADS, QOLL- Cuidadores dos pacientes
Groh G
2013 Palliative Care Service as Experienced by J Palliat Med TIF, HPS e atendidos no SPOC:• QV elevada
et al.
Patients and Caregivers(26) questionário da cuidadores (p <0,001), diminuição
equipe de ansiedade e depressão
(HADS, p <0,001) e diminuição
da sobrecarga do cuidar, (HPS,
p <0,001).

(POS) Grupo controle - escores


elevados para: “dor” (versões self
e proxy), “informações fornecidas
sobre a doença” (versão self),
POS (Self e “compartilhar sentimentos com
Clinical effectiveness of online training in Pelay-Alva-
2013 J Palliat Med proxy), BPI e a família” (versão proxy) “sentir
palliative care of primary care physicians(27) rez M et al.
RSCL. que a vida vale a pena” (versões
self e proxy). Curso on line - 71
(86,6%) médicos - grupo de
intervenção, Curso presencial 11
(13,4%) médicos - grupo controle.

Figura 2 - Síntese dos artigos incluídos na revisão integrativa – unidades de análise 1 e 2. Ribeirão Preto, SP,
Brasil, 2015.

Estudos que utilizaram a POS como recurso na Dimensões da POS (subtema 1): Foram identificados
pesquisa (unidade de análise 1) 2 fatores principais na POS(17): um que reflete a dimensão
do bem-estar psicológico (itens 3, 6, 7 e 8) e outro que
Nessa unidade de análise, foram incluídos 5
representa a qualidade dos CPs recebidos (itens 5, 9
estudos(17-21) que apresentavam 3 subtemas: dimensões
e 10). A análise fatorial confirmatória comprovou que
da POS (subtema 1), comparação da POS com outros
a POS é uma escala multidimensional; segundo os
instrumentos de avaliação (subtema 2) e o uso da
autores, pacientes em CPs devem ser avaliados de forma
POS para o desenvolvimento e validação de novos
integral (considerando todos os aspectos que envolvem
instrumentos (subtema 3).

www.eerp.usp.br/rlae
6 Rev. Latino-Am. Enfermagem 2016;24:e2764

o bem estar do paciente), e a ferramenta ideal para essa Documentation System (MIDOS) e POS; houve
avaliação são os instrumentos multidimensionais (como correlações significativas com a pontuação total da POS
a POS). (maior correlação entre POS e subescala ACPDS-E;
Comparação da POS com outros instrumentos de r=0,61).
avaliação (subtema 2): Pode-se verificar a relação da
Estudos que utilizam a POS como recurso na prática
POS com a estrutura fatorial das escalas EuroQoL (EQ-
clínica (unidade de análise 2)
5D) e a Herth Hope Índex(18). Após correlação das 3
escalas e uma análise fatorial exploratória (AFE), foram Nesta unidade de análise, foram incluídos 6
selecionados 4 dos 10 itens da POS (“dor”, “compartilhar estudos(22-27), com 4 subtemas: avaliações de pacientes
sentimentos”, “sentir que a vida vale a pena” e “sentir- oncológicos e não-oncológicos (subtema 1), avaliação
se bem”), 3 dos cinco 5 fatores do EQoL, e 9 dos 12 itens self (“patient-reported outcomes”) versus avaliação
da Hope Index; quando foi feita a AFE das 3 escalas proxy (percepção do cuidador) (subtema 2), comunicação
combinadas, destacaram-se 5 fatores/dimensões. e aprimoramento da equipe de CPs (subtema 3) e
Entretanto, na análise fatorial confirmatória foram avaliação self (“patient-reported outcomes”) versus
considerados relevantes para avaliação na prática clínica avaliação proxy (percepção do médico) (subtema 4).
3 fatores/dimensões: autossuficiência (autocuidado, Avaliações de pacientes oncológicos e não-
mobilidade, atividades de vida diária - AVDs), a oncológicos (subtema 1): Para comparar o impacto da
positividade (compartilhar sentimentos e preocupações, intensidade de sintomas e as necessidades de pacientes
sentir-se bem e valorizado) e os sintomas físicos. em CPs na sobrevida global, foram avaliados pacientes
A investigação da validade concorrente e com câncer metastático e pacientes com doença
confiabilidade da POS, do Rotterdam Symptom Checklist pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)(22). Além da POS,
(RSCL) e do Inventário Breve de Dor (BPI) , revelou
(19)
foram aplicadas a Memorial Symptom Assessment
concordância entre a intensidade da dor do BPI e da Scale short form (MSAS-SF), a Borg Scale modificada
dor nas escalas físicas do RSCL, e entre os sintomas e a Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS). No
físicos de RSCL e da POS; logo, “a escala física do RSCL geral, a soma das pontuações da POS foi superior para
poderia ser intercambiável pelos sintomas da POS” e “a os pacientes com câncer metastático do que para os
intensidade da dor no BPI poderia ser intercambiável pacientes com DPOC. A sobrevida média foi de 107 dias
pela dor física no RSCL”. para os pacientes com câncer metastático e 589 dias
O uso da POS para o desenvolvimento e validação para os pacientes com DPOC.
de novos instrumentos (subtema 3): Para a validação da Os CPs também deveriam ser oferecidos,
German Hospice and Palliative Care Evaluation (HOPE) precocemente, para pacientes com diagnóstico de
Symptom and Problem Checklist (HOPE-SP-CL)(20), os doença de parkinson, atrofia de múltiplos sistemas ou
domínios da HOPE-SP-CL foram correlacionados com os paralisia supranuclear progressiva(23). Utilizando a POS
escores da POS utilizando o coeficiente de correlação e a Palliative Outcome Scale-Parkinson Disease (POS-
de Spearman (validade convergente). Os resultados PD) (versão que foi adaptada a partir da Palliative
encontrados mostraram uma correlação forte para os Outcome Scale - Symptom, POS-S), pode-se verificar a
itens referentes aos sintomas na POS proxy e HOPE- existência de diversos sintomas físicos nesta população:
SP-CL (r=0,75), bem como na POS self e HOPE-SP-CL problemas de mobilidade em membros inferiores (51%),
(r=0,6). As propriedades psicométricas demonstraram dor (39%), problemas de mobilidade em membros
que, como a POS, a HOPE-SP-CL também é um superiores (28%), dificuldades de comunicação (28%),
instrumento confiável e válido. fadiga (24%), entre outros (somando um total de 11
A Advanced Cancer Patients’ Distress Scale sintomas físicos relatados).
(ACPDS)(21) é um instrumento de rastreio do sofrimento/ Avaliação self (“patient-reported outcomes”) versus
angústia psicológica (distress) para pacientes avaliação proxy (percepção do cuidador) (subtema 2):
oncológicos em CPs que estão na fase final de vida. Para verificar a concordância entre a percepção do
A ACPDS possui 5 subescalas: (1) “restrições físicas e paciente e cuidador principal em relação a QV, foram
emocionais (ACPDS-E)”, (2) “déficits na comunicação e avaliados 64 pacientes e 64 cuidadores(24); ambos
transferência de informação (ACPDS-I)”, (3) “as reações responderam à POS. Os cuidadores responderam,
sociais negativas (ACPDS-N)”, (4) “(medo de sentir) também, a uma escala de sobrecarga, a Zarit Burden
dor (ACPDS-P)”, e (5) “sintomas gastrointestinais Interview (ZBI) e a três perguntas abertas sobre os
(ACPDS-G)”. O teste das propriedades psicométricas aspectos positivos relacionados ao cuidar. Os resultados
(validade convergente) da ACPDS foi feito com os desse estudo mostraram maior concordância para os
instrumentos Hornheide Questionnaire (HQ), Minimal

www.eerp.usp.br/rlae
Rugno FC, De Carlo MMRP. 7

sintomas físicos; a concordância foi menor em relação com a participação de 63 pacientes e o grupo controle
aos sintomas psíquicos e para o item “sentir que a vida com 54 pacientes. Os médicos responderam a POS
vale a pena” – e isso se intensifica quando os cuidadores proxy e os pacientes responderam à POS self, BPI e
têm elevada sobrecarga física e pouca positividade RSCL (em 2 momentos da pesquisa). Os resultados de
sobre o ato de cuidar. comparação da POS proxy com a POS self mostraram
Comunicação e aprimoramento da equipe de CPs a “superestimação dos sintomas psicológicos e
(subtema 3): Um dos maiores problemas para a equipe informações fornecidas” e a “subestimação de sintomas
de CPs da América Latina é a falta de comunicação físicos”.
(omissão de informações) sobre o diagnóstico e
prognóstico de pacientes com câncer avançado(25). A Discussão
análise das entrevistas de 91 pacientes com câncer
A presente revisão integrativa teve como tema
avançado em Cuba (cujos instrumentos de coleta
principal a aplicação da POS na prática clínica e nas
foram a POS mais 3 perguntas abertas – referente ao
pesquisas em CPs. Foi realizada avaliação criteriosa dos
diagnóstico e conhecimento da evolução da doença),
artigos, tendo como foco o procedimento metodológico
apontou uma discrepância entre as informações
(instrumentos, coleta de dados, análises utilizadas), os
transmitidas pelos profissionais e as informações
principais desfechos e as limitações.
desejadas pelos pacientes: apenas 41% estavam
A análise da produção científica selecionada
cientes do diagnóstico; 59% gostariam de saber sobre a
comprovou que a POS é um poderoso instrumento
progressão de doença e alterações clínicas. Além disso,
de avaliação de QV para os CPs. Sua aplicação na
a POS mostrou que os aspectos que mais preocupavam
prática clínica em CPs pode impactar positivamente na
os pacientes eram “tempo desperdiçado em consultas
melhoria da QV dos pacientes e familiares, na melhoria
(70,0%)”, “dor (41,8%)”, seus sintomas de “ansiedade
da qualidade do atendimento, no desenvolvimento
(38,5%)” e “ansiedade da família (37,4%)”.
e validação de outros instrumentos confiáveis, na
Para comprovar a eficácia e aceitação dos
organização de serviços de CPs e na formação/
ambulatórios especializados em CPs (SOPC - Specialized
capacitação de profissionais da saúde envolvidos
Outpatient Palliative Care)(26), pacientes oncológicos
nestes cuidados, no encaminhamento precoce aos
responderam a questionários desenvolvidos pela
CPs (de pacientes oncológicos e não-oncológicos) e na
equipe (sobre sintomas físicos), além dos instrumentos
comunicação/integração da tríade paciente-familiar/
padronizados POS e McGill Quality of Life Questionnaire
cuidador-profissional.
(MQoL). Os cuidadores também responderam aos
Conforme mostrado na unidade de análise 1, como
questionários desenvolvidos pela equipe, juntamente
há muitas escalas sendo desenvolvidas atualmente, é
com a Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS), o
importante que haja um consenso sobre quais escalas
Quality of Life in life threatening Disease - Family Care
devem ser utilizadas para cada aspecto/demanda a ser
Version (QOLLTI-F) e uma versão curta do Häusliche
avaliado. A escolha de determinado instrumento deve
Pflegeskala (HPS) (escala de atendimento domiciliar).
levar em consideração se o mesmo é válido e confiável(3).
Os resultados mostraram que, com o envolvimento
A manutenção/melhora da QV está entre os
da equipe SOPC, existiu uma melhora significativa da
desfechos mais esperados nos serviços de CPs e as
qualidade do atendimento e da satisfação com o cuidado
avaliações de QV permitem a valorização das informações
oferecido; a sobrecarga dos cuidadores diminuiu e
relatadas pelos próprios pacientes (“patient-reported
houve um aumento do apoio psicológico, da mesma
outcomes”). Essa percepção do paciente é essencial para
maneira que do desempenho nas atividades de vida
direcionar a prática clínica dos profissionais(19). Alguns
diária (AVDs).
domínios dos questionários utilizados para avaliar os
Avaliação self (“patient-reported outcomes”)
sintomas e a QV em pacientes com câncer avançado
versus avaliação proxy (percepção do médico) (subtema
podem medir dimensões ou constructos semelhantes.
4): Para mensurar o impacto da educação on line em
Considerando que existe poucos estudos que
CPs (Online palliative care education)(27), médicos
comparam as dimensões entre instrumentos que
generalistas (primary care physician) foram divididos
possuem dimensões ou constructos equivalentes,
em 2 grupos (66 no grupo de intervenção e 58 no grupo
uma avaliação da validade concorrente entre esses
controle). O grupo de intervenção teve acesso a um
instrumentos poderá aumentar o conhecimento sobre
programa para formação on-line (duração de 96 horas);
suas propriedades psicométricas e a “permutabilidade
já o grupo controle poderia participar voluntariamente
de domínios equivalentes”(17-19). Torna-se fundamental
de um curso de formação em CPs tradicional (curso
destacar que essas informações foram encontradas no
presencial de 20 horas). O grupo de intervenção contou

www.eerp.usp.br/rlae
8 Rev. Latino-Am. Enfermagem 2016;24:e2764

subtema 2 da unidade 1. Apesar disso, a correlação a amostra sub representou aqueles sem autonomia e
entre os domínios da POS com as escalas EuroQoL independência para participar dos ambulatórios, assim
(EQ-5D) e a Herth Hope Índex(18) pode ter sido como os que tinham comprometimento cognitivo
influenciada pelo conhecimento dos participantes em (acentuado pelas demências). Quando as avaliações
relação as suas respostas para as diferentes escalas proxy forem incorporadas como complemento das
(ademais, não houve variação na ordem de aplicação avaliações self, um número maior de pacientes com
dos instrumentos). Em relação à POS, RSCL e BPI(19), doenças em fase avançada poderá ser incluído em
suas limitações estão atreladas à falta de resultados pesquisas.
(estatisticamente significativos) para o controle de Se as avaliações multifuncionais, de QV e sobrevida
sintomas desconfortáveis. Ainda assim, os desfechos de global (utilizando instrumentos validados, nas versões
ambos os estudos foram primordiais para a identificação self e proxy) fizerem parte da rotina de atendimento,
dos sintomas físicos e psicossociais dos pacientes em favorecerão o encaminhamento precoce de populações
CPs. não-oncológicas a um serviço de CPs(22-23), assim como a
As informações sobre as dimensões da POS criação de “guidelines” específicos.
(subtema 1) confirmam-na como a escolha mais Para o paciente oncológico, existem os “guidelines”
assertiva pelas equipes de CPs e centros de pesquisa. do National Comprehensive Cancer Network (NCCN)(28),
Embora a estrutura fatorial da POS tenha sido verificada que sugerem como elegíveis para os CPs os pacientes
pelas análises fatoriais exploratória e confirmatória, o com sintomas não controlados e⁄ou comorbidades
tamanho da amostra era pequeno; sua estrutura fatorial físicas e condições psicossociais relevantes (como
também precisa ser investigada com populações não- por exemplo, funcionalidade de acordo com a Escala
oncológicas. de Karnofsky igual ou menor a 50%, ocorrência de
A POS pode ser considerada como uma ferramenta síndrome da veia cava superior, compressão medular,
padrão ouro no contexto dos CPs. Os estudos da unidade caquexia, hipercalcemia, delirium, entre outros), além
1 (subtema 3) (20-21)
reforçam a sua importância para o da expectativa de vida estimada menor que 12 meses.
desenvolvimento e validação de novos instrumentos. Porém, os CPs continuam a ser subutilizados mesmo
Ainda que os resultados encontrados no subtema 3 com os pacientes oncológicos. O encaminhamento
tenham sido consistentes (a escala HOPE-SP-CL mostrou- precoce a um serviço de CPs possibilita a avaliação,
se um instrumento confiável – o alpha de Cronbach o manejo e o alívio adequados dos sintomas físicos e
variou de 0.768 a 0.801)(20), esse estudo de validação do sofrimento psíquico; ademais, contribui para as
ocorreu a partir da análise de fontes secundárias e sua discussões e planejamento do final de vida(29).
amostra foi restrita (composta por pacientes oncológicos Muitas vezes, essas discussões e avaliações de QV
em regime de internação). Em relação ao estudo do levam em conta apenas a percepção do cuidador (por
desenvolvimento da escala ACPDS(21), sua população consequente progressão de doença – e incapacidade
de estudo deveria ter sido maior (o número de sujeitos de autoavaliação do paciente). Conforme o que foi
é apenas três vezes maior que o número de itens da apresentado na unidade 2 (subtema 2), as avaliações
escala); a consistência interna da escala variou de do cuidador foram consideradas válidas e confiáveis
0.55 (valor inferior ao mínimo aceitável) a 0.88 (valor em comparação com as avaliações de pacientes,
adequado). Apesar das limitações descritas, existiu uma principalmente quando utilizada a escala POS (escala
alta correlação entre a POS e a HOPE-SP-CL, e a POS considerada de fácil compreensão para ambos)(24).
e a ACPDS (os índices de correlação foram superiores Porém, a sobrecarga do cuidador e a forma como ele
a 0.6). considera o cuidar podem afetar a sua compreensão
O uso da POS também poderá contribuir com o acerca da QV do paciente. Ressalta-se, ainda, que as
aumento dos pacientes elegíveis aos CPs, cujo público- análises dos resultados não permitiram identificar o
alvo ainda é o paciente oncológico. Os resultados real impacto da sobrecarga para a QV dos cuidadores
encontrados na unidade 2 (subtema 1) comprovaram a (tamanho da amostra e número de variáveis não
eficiência deste instrumento para avaliação da QV de analisadas). Faz-se necessário que os clínicos mensurem
pacientes não oncológicos e mostram a necessidade de a sobrecarga do cuidador para verificar e interpretar
avaliações de QV - sobrevida e avaliações multifuncionais melhor as informações fornecidas. A QV do cuidador, sua
para os pacientes com doenças neurológicas rede de suporte e o planejamento do acompanhamento
progressivas (23)
e com DPOC . No caso dos pacientes
(22)
no período de luto também devem ser abordados pela
com DPOC, as variáveis preditoras de sobrevida não equipe(30).
puderam ser identificadas (a amostra era pequena). Para Infelizmente, o número de serviços de CPs ainda é
os pacientes com doenças neurológicas progressivas, pequeno quando comparado com a incidência e prevalência

www.eerp.usp.br/rlae
Rugno FC, De Carlo MMRP. 9

das doenças crônico-degenerativas potencialmente rastreio clínico e como um meio de transformação da


fatais. Tudo isso corrobora a implementação de SPOC realidade atual dos CPs, fundamentando mudanças reais
ao redor do mundo, como foi apontado pelo subtema na formação dos profissionais de saúde e na assistência
3 da unidade 2; a coleta de dados (com aplicação dos oferecida aos pacientes e seus familiares.
instrumentos em 2 momentos) do estudo foi realizada
somente por um pesquisador, não-membro da equipe Considerações finais
SPOC, que não estava cego para as respostas das
Apesar do aumento crescente do campo de
avaliações. Apesar disso, a POS ajudou a mensurar o
conhecimento em CPs, a investigação do seu impacto
quanto uma equipe especializada pode fazer diferença
na QV e no cuidado integral para pacientes com doenças
na qualidade de vida e AVDs de pacientes e cuidadores.
ameaçadoras de vida, familiares e equipe de saúde
A partir da POS, pode-se constatar um aumento da QV
precisa contemplar resultados concretos e baseados
do paciente e alivio dos sintomas (principalmente dor
em evidências clínicas. Para que esses resultados das
– fato que se justifica pelo aumento do uso de opióides
pesquisas em CPs sejam significativos e incorporados
fortes)(26) .
na ação prática, faz-se necessário o uso de ferramentas
O uso da POS também pode identificar as falhas na
ou instrumentos de medidas de avaliação confiáveis e
formação profissional da equipe que compõe os serviços.
válidos, como a POS. A POS é uma escala de resultados
O impacto da eficácia da educação médica continuada,
que contempla a multidimensionalidade da QV nos CPs
de forma on-line, sobre a prática clínica, tem sido pouco
e caracteriza-se como um instrumento breve e simples
estudado (subtema 4). Embora a educação on line tenha
para a aplicação clínica, viável para ser incorporado à
apontado diferenças significativas entre os grupos para
rotina diária dos profissionais.
conhecimento dos médicos, no manejo dos sintomas e
Essa revisão integrativa permitiu elucidar a
na melhora da comunicação, alguns fatores de confusão
importância da POS, tanto para as pesquisas científicas
foram diluídos nas análises (como o treinamento prévio
quanto para a otimização da prática clínica. A POS se
recebido fora do estudo).
destacou como um importante instrumento para a
Sabe-se que a educação e aprimoramento em CPs
avaliação da QV dos pacientes e familiares, da qualidade
(on line ou presencial) deveriam ser oferecidos para
do atendimento prestado e da organização de serviços
a equipe médica e não médica regularmente. Assim,
de CPs. A produção científica internacional referente à
a atenção da equipe não seria voltada somente para
aplicação da POS mostrou-se relevante para o avanço e
a história clínica do paciente, mas, também, para sua
consolidação do campo de conhecimento em CPs.
história de vida, seus desejos e escolhas, resultando
As evidências apresentadas referentes à utilização
em uma maior concordância entre “patient-reported
da POS como ferramenta de avaliação ampliam a
outcomes” e as avaliações proxys(26).
compreensão dos profissionais da saúde e pesquisadores
As habilidades de comunicação também deveriam
acerca da importância do uso de medidas de resultados
ser integradas e abordadas nos cursos oferecidos.
na atenção à saúde baseada em evidências, favorecendo
Conforme evidenciado no subtema 3, ainda ocorre uma
o encaminhamento precoce de pacientes com doença
superestimação dos prognósticos de pacientes em CPs;
avançada a um serviço de CPs, além de potencializar e
esse fato foi, inclusive, um limitador para o tamanho
fortalecer a inclusão dos CPs nas políticas públicas de
da amostra (os profissionais tinham dificuldades em
saúde no Brasil.
encaminhar os pacientes elegíveis para a pesquisa)(25).
Os resultados e principais desfechos desta revisão
Agradecimentos
integrativa não deixam dúvidas sobre a importância
da POS e do seu impacto para o cuidado holístico À Profª Irene Higginson e aos demais pesquisadores
de pacientes e de familiares e para a prática clínica do Grupo Palliative Outcome Scale (POS Team) pelas
orientada e individualizada da equipe. Entretanto, deve- orientações ao processo de validação no Brasil da
se destacar que, justamente por ser uma escala curta, Palliative Outcome Scale (POS-Br).
os resultados da POS deverão fundamentar avaliações
posteriores que investiguem, com maior profundidade, Referências
cada um dos aspectos abordados (sintomas físicos e
psicológicos, considerações espirituais, preocupações 1. Wentlandt K, Krzyzanowska MK, Swami N, Rodin
práticas e psicossociais). GM, Le LW, Zimmermann C. Referral practices of
Embora a POS contribua no desfecho da avaliação oncologists to specialized palliative care. J Clin Oncol.
da QV, a escala deveria ser utilizada não só como 2012;30(35):4380-6.
instrumento de avaliação, mas como instrumento de

www.eerp.usp.br/rlae
10 Rev. Latino-Am. Enfermagem 2016;24:e2764

2. Luckett T,  King MT, Butow PN, Oguchi M, Rankin N, 15. Dix O. Impact of the APCA African Palliative Outcome
Price MA, et al. Choosing between the EORTC QLQ-C30 Scale (POS) on care and practice. Health Qual Life
and FACT-G for measuring health-related quality of Outcomes. 2012;4(1):11.
life in cancer clinical research: issues, evidence and 16. Harding R,  Selman L, Agupio G, Dinat N, Downing J,
recommendations. Ann Oncol. 2011;(10):2179-90. Gwyther L, et al. Validation of a core outcome measure
3. Pasquali L. Psicometria: teoria dos testes na Psicologia for palliative care in Africa: the African Palliative Outcome
e na Educação. 4th ed. Petrópolis: Vozes; 2011. 399 p. Scale. Health Qual Life Outcomes. 2010;8(1):10.
4. Hearn J, Higginson IJ. Development and validation of a 17. Siegert RJ, Gao W, Walkey FH, Higginson IJ.
core outcome measure for palliative care: the palliative Psychological well-being and quality of care: a factor-
care outcome scale. Palliative Care Core Audit Project analytic examination of the palliative care outcome
Advisory Group. Qual Health Care. 1999;8(4):219-27. scale. J Pain Symptom Manage. 2010;40(1):67-74.
5. Bausewein C,   Fegg M, Radbruch L, Nauck F, Von- 18. Higginson IJ, Donaldson N. Relationship between
Mackensen S, Borasio GD et al. Validation and Clinical three palliative care outcome scales. Health Qual Life
Application of the German Version of the Palliative Outcomes. 2004;2(1):68.
Care Outcome Scale. J Pain Symptom Manage. 19. Pelayo-Alvarez M, Perez Hoyos S, Agra-Varela Y.
2005;30(1):51-62. Reliability and current of the Palliative Outcome Scale,
6. Eisenchlas JH,   Harding R, Daud ML, Pérez M, the Rotterdam Sympt on Checklist and the Brief Pain
De Simone GG, Higginson IJ. Use of the palliative Inventory. J Palliat Med. 2013;16(8):867-74.
outcome scale in Argentina: a cross-cultural adaptation 20. Stiel S, Pollok A, Elsner F,   Lindena G, Ostgathe
and validation study. J Pain Symptom Manage. C, Nauck F, et al. Validation of the symptom and
2008;35(2):188-202. problem checklist of the German Hospice and
7. Serra-Prat M, Nabal M, Santacruz V, Picaza JM, Palliative Care Evaluation (HOPE).  J Pain Symptom
Trelis J. Validation of the Spanish version of the Manage. 2012;43(3):593-605. 
Palliative Care Outcome Scale. Med Clin. (Barc). 21. Fischbeck S, Maier BO, Reinholz U, Nehring C, Schwab
2004;123(11):406-12. R, Beutel ME, et al. Assessing Somatic, Psychosocial,
8. Aspinal F, Hughes R, Higginson IJ, Chidgey J, Drescher and Spiritual Distress of Patients with Advanced Cancer:
U, Thompson M. A user’s guide to the Palliative care Development of the Advanced Cancer Patients’ Distress
Outcome Scale. London: King’s College; 2002. Scale. Am J Hosp Palliat Care. 2013;30(4):339-46.
9. King’s College London. Questionnaires and Tools: 22. Bausewein C, Booth S, Gysels M, Kuhnbach R,
Palliative Outcome Scale. King’s College London, Haberland B, Higginson IJ. Understanding breathlessness:
United Kingdom [Internet]. 2008[Acesso 10 jun 2014]. cross-sectional comparison of symptom burden and
Disponível em: http://www.kcl.ac.uk/schools/medicine/ palliative care needs in chronic obstructive pulmonary
depts/palliative/qat/postrans. disease and cancer. J Palliat Med. 2010;13(9):1109-18.
html. 23. Saleem TZ, Higginson IJ, Chaudhuri KR, Martin A,
10. Galvão CM, Sawada NO, Trevizan MA. Systematic Burman R, Leigh PN. Symptom prevalence, severity and
review: a resource that allows for the incorporation palliative care needs assessment using the Palliative
of evidence into nursing practice. Rev. Latino-Am. Outcome Scale: a cross-sectional study of patients
Enfermagem. 2004;12(3):549-56. with Parkinson’s disease and related neurological
11. Ursi ES, Galvão CM. Perioperative prevention of skin conditions. Palliat Med. 2013;27(8):722–31.
injury: an integrative literature review. Rev. Latino-Am. 24. Higginson IJ, Gao W. Caregiver assessment of
Enfermagem. 2006;14(1):124-31. patients with advanced cancer: concordance with
12. Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Integrative patients, effect of burden and positivity. Health Qual Life
literature review: a research method to incorporate Outcomes. 2008;6(1):42.
evidence in health care and nursing. Texto Contexto 25. Justo Roll I, Simms V, Harding R. Multidimensional
Enferm. 2008;17(4):758-64. problems among advanced cancer patients in Cuba:
13. Santos CMC, Pimenta CAM, Nobre MRC. The awareness of diagnosis is associated with better patient
pico strategy for the research question construction status. J Pain Symptom Manage. 2009;37(3):325-30.
and evidence search. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 26. Groh G, Vyhnalek B, Feddersen B, Fuhrer M, Borasio
2007;15(3):508-11. GD. Effectiveness of a specialized outpatient palliative
14. Correia FR, De Carlo MMRP. Evaluation of quality care service as experienced by patients and caregivers.
of life in a palliative care context: an integrative J Palliat Med. 2013;16(8):848-56.
literature review. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 27. Pelayo-Alvarez M, Perez-Hoyos S, Agra-
2012;20(2):401-10. Varela Y. Clinical  effectiveness of online training in

www.eerp.usp.br/rlae
Rugno FC, De Carlo MMRP. 11

palliative care of primary care physicians. J Palliat


Med. 2013;16(10):1188-96.
28. National Comprehensive Cancer Network. Clinical
Practice Guidelines in Oncology. Palliative Care.
[Internet]. 2011 [Acesso 8 nov 2014]. Disponível em:
http://www.nccn.org/ professionals/physician_gls/pdf/
palliative.pdf.
29. Wentlandt K, Krzyzanowska MK, Swami N, Rodin
GM, Le LW, Zimmermann C. Referral practices of
oncologists to specialized palliative care. J Clin Oncol.
2012;30(35):4380-6.
30. Schofield HL, Murphy B, Herrman HE, Bloch S, Singh
B. Family caregiving: measurement of emotional well-
being and various aspects of the caregiving role. Psychol
Med. 1997;27(3):647-57.

Recebido: 24.6.2015
Aceito: 29.1.2016

Correspondencia:
Fernanda Capella Rugno
Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto Copyright © 2016 Revista Latino-Americana de Enfermagem
Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da
Av. dos Bandeirantes, 3900
Licença Creative Commons CC BY.
Campus Universitário - Bairro Monte Alegre
Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e
CEP: 14040-902, Ribeirão Preto, SP, Brasil criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde
E-mail: fernandacrugno@hotmail.com que lhe atribuam o devido crédito pela criação original. É a licença
mais flexível de todas as licenças disponíveis. É recomendada para
maximizar a disseminação e uso dos materiais licenciados.

www.eerp.usp.br/rlae

Você também pode gostar