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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS

LGN 5799 – Seminários em Genética e Melhoramento de Plantas

Departamento de Genética
Avenida Pádua Dias, 11 - Caixa Postal 83, CEP: 13400-970 - Piracicaba - SP
http://www.genetica.esalq.usp.br/semina.php

VARIABILIDADE DE PATÓGENOS E O MELHORAMENTO DE PLANTAS


Aluno: Eng. Agr. MS Carlos Ivan Aguilar-Vildoso
Orientadora: Dra. Aline A. Pizzirani-Kleiner

O melhoramento de plantas possui grandes desafios para o futuro pela


necessidade de aumento da produção, novas áreas agrícolas e a globalização de pragas e
doenças. As doenças de plantas são estratégicas para o futuro, principalmente para a
estabilização da alimentação animal e humana. Entretanto, os patógenos estão em
constante mudança e forçando a novas estratégias e fontes de resistência para a
produção de novas variedades.
O melhoramento de plantas segue fases associados às doenças, segundo a época,
cultura, região ou disponibilidade de tecnologia. Na primeira fase, a agricultura esteve
dependente das condições ambientais e grandes epidemias chegaram a provocar fome,
como no caso da fome na Inglaterra e Irlanda pela requeima (Phytophthora infestans) na
batata no século XIX. Na segunda fase houve a seleção e/ou cruzamentos para a
produção de cultivares resistentes, entretanto observou-se que haviam comportamentos
diferenciais entre o patógeno e as plantas hospedeiras; detectando-se alguma forma de
variação nos patógenos. Na terceira fase, houve uma corrida para o uso de várias fontes
de resistência, surgindo as multilinhas e o piramidamento de genes de resistência. Em
contrapartida, no caso do patógeno observou-se a possibilidade de ocorrer super-raças e
do efeito carona de genes de patogenicidade; e no caso da planta, a erosão genética e o
efeito vertifolia. Na quarta fase estão ocorrendo a introdução de genes exógenos pela
produção de plantas transgênicas, a globalização de doenças, as patentes e a proteção de
cultivares. Entretanto as conseqüências ainda estão para acontecer, podendo ocorrer
quebras da resistência, graves epidemias, aumento dos custos de produção e limitação
do intercâmbio de germoplasma. A pior conseqüência do ponto de vista fitopatológico
seria se ocorrer seleção de novas estratégias de patogenicidade que quebrem em muito a
relação um gene de resistência para um gene de patogenicidade, formando-se “ultra-
raças”. A quinta fase está acontecendo e ainda estamos tomando conhecimento, na qual
as mudanças ambientais (como o aumento da radiação UV e aquecimento global)
levaram há mudanças na relação dos patógenos e seus hospedeiros, consequentemente
aos programas de melhoramento.
O melhorista precisa trabalhar rapidamente e em conjunto, tendo que lidar com
novos patógenos, novas raças, com o ressurgimento e mudança de importância dos
patógenos nas novas fronteiras agrícolas. Nas regiões tradicionais de cultivo levar em
consideração as mudanças climáticas que estão acontecendo e vão aumentar em curto
espaço de tempo. Os programas de melhoramento devem apoiar a criação de novos
quarentenários com segurança máxima, para a introdução de germoplasma específico e
que sejam ágeis e eficientes, para podermos agir na velocidade que é necessária,
mantendo a estabilidade de produção. A adaptação dos patógenos irá acontecer, mas não
temos como saber sua direção; o melhor é nos preparar ou evitar que isto aconteça.
Cada fase está ocorrendo em um menor espaço de tempo e necessitamos respostas mais
rápidas para que nossos programas de melhoramento possam continuar a dar o apoio
que a agricultura precisa.

Referências bibliográficas:
Durschmied, E. Como a natureza mudou a história. Rio de Janeiro: Ediouro. 350p.
2004.
Ebbole. D.J. Magnaporthe as a Model for Understanding Host-Pathogen Interactions.
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Garrett, K.A.; Dendy, S.P.; Frank, E.E.; Rouse, M.N.; Travers, S.E. Climate Change
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Hulbert, S.H.; Webb, C.A.; Smith, S.M.; Sun, Q. Resistance gene complexes: Evolution
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Nass, L.L.; Valois, A.F.C.; Melo, I.S.; Valadares-Inglis, M.C. Recursos genéticos &
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Vanderplank, J.E. Disease resistance in plants. Orlando:Academic Press. 194p. 1984.

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