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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

BRUNO BRANDÃO DOS SANTOS

CRISE DA DEMOCRACIA E A ANTIDEMOCRACIA

UMA PERSPECTIVA ATUAL

SALVADOR-BA

2021
BRUNO BRANDÃO DOS SANTOS

CRISE DA DEMOCRACIA E A ANTIDEMOCRACIA

UMA PERSPECTIVA ATUAL

Trabalho solicitado pelo Prof. Dr. Geovane


de Mori Peixoto, sobre crise da democracia e
antidemocracia com base no livro 1984 de George
Orwell; para fins avaliativos da Turma 04 de
Ciência Política – DIR 213.

SALVADOR-BA

2021
O Democracy Index, publicado anualmente desde 2006 pelo jornal The Economist,
apontou em 2019 a queda do score médio mundial de 5.48 para 5.44, “the lowest score since
2006” (o mais baixo score desde 2006), em 2020 publicou 5.37, “the lowest score since 2006”
novamente. O score médio da América Latina, em 2020 caiu 0.04, marcando seu quinto ano
consecutivo de queda. O panorama atual inclui, como um forte componente, o surgimento do
fenômeno do neopopulismo, com sua recusa do pluralismo político e sua representação do povo
como uma entidade homogênea, a ameaça contra as instituições, desconsiderando as diferenças
e diversidades. O neopopulismo está esvaziando e tentando reduzir o poder das instituições
básicas, como partidos, parlamentos e o judiciário. Vemos isso em países do Leste Europeu,
como a Hungria e a Polônia, com seus governos de extrema direita. E também no Brasil.
Estaríamos indo em uma trajetória lenta, gradual e ininterrompível do declínio-fim da
democracia?

Elementos antidemocráticos e democráticos coexistem lado a lado na nossa


institucionalidade, uma espécie de “doublethink” o que torna pendular o movimento de
expansão dos direitos, observados de 1989 á 2013 e 1945 á 1964, e de retrocessos institucionais,
notados em 1964 á 1988 e 2013 á 2018. Destarte, revela como a Democracia é solidificada, ou
solapada, proporcionalmente à honestidade intelectual do sujeito-intérprete do discurso que
reflete ou fundamenta o mundo da vida jurídico e social. Conclui-se que esse desgaste da
democracia e/ou pendor autoritário não é irremediável, muito menos fixo, trata-se de um
movimento pendular, de vaivéns culturais. Há uma adesão — democrática ou antidemocrática
— avaliando-se as condições, pois então, uma nução antidemocrática circunstancial que se
molda diante do poder.

Em 1984, a vontade social e individual é totalmente guiada pela vontade do poder


político presente, relativizando a verdade sociopolítica à consciência da vontade. Já em outro
romance, também de George Orwell, A Revolução dos Bichos, demonstra como a Democracia
é gradualmente desgastada de forma silenciosa dos cidadãos rumo à imposição da falácia
democrática que mascara a discricionariedade de quem se alterna pelo poder.

Guardadas as diferenças, o Presidente da República Jair Bolsonaro repete um fenômeno


que já havia ocorrido no país com Jânio Quadros e Collor de Mello — políticos sem vínculo
partidário, que se apresentam como algo novo e que abalará as estruturas da sociedade. A
polarização tradicional entre o PT e o PSDB colapsou. Surge então outra, entre uma direita
muito conservadora e uma centro-esquerda, além dos avanços afirmativos das minorias que não
foram incorporados pelos partidos. Se inicia o conseguinte movimento pendular, com a
explicitação dessa direita conservadora, que estava de certa forma escondida, e apoia
manifestações pedindo o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.

O doublethink observado na política circunstancial do brasileiro pode ser resgatado dos


primórdios coloniais, com descreve Gilberto Freyre, em Casa-grande e Senzala, onde apresenta
o caráter colônia, mesclado com o de diversos outros povos e costumes trazidos para cá, como
maestro na composição da personalidade única do brasileiro, pois teria o país durante muito
tempo se mantido em equilíbrio adjunto diversos antagonismos, sejam culturais, de
flexibilidade ou indecisão. Dessa forma, através do equilíbrio e da “desarmonia dele resultante”,
descreve-se o Brasil e seu povo. Essa tal primorosa aptidão do brasileiro para se adaptar e
conviver com divergência, sejam elas culturais, políticas ou jurídicas, termina por ser a fonte
do movimento pendular da política democrática e antidemocrática.

Assim conclui-se que a atual crise democrática atual é a exemplificação de movimentos


democráticos e antidemocráticos situacionais, condicionais e cíclicos defendido por autores
como Leonardo Avritzer; sendo esperado assim, como conseguinte movimentação, a retomada
do crescimento democrático.

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