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A INICIAÇÃO CIENTÍFICA E SEUS EFEITOS NA FORMAÇÃO


INICIAL DE ALUNOS DAS LICENCIATURAS EM LÍNGUA INGLESA
E PORTUGUESA DO CAWSL/UERN

Jefferson Feliphe da Costa Cabral1; Silvano Pereira de Araújo2

Palavras-chave: Iniciação científica. Formação Inicial. Língua Portuguesa e Língua Inglesa.

Introdução

A relevância da Iniciação científica na graduação tem sido reconhecida por


pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, tanto em nível internacional como nacional.
De acordo com Lüdke (2009) e André (2001), a investigação científica é um componente
necessário à formação e à prática docente. Demo (1991; 1994) destaca a sua natureza
científica (como instrumento teórico-metodológico para construir o conhecimento) e
educativa (como questionamento sistemático crítico, criativo e emancipatório). Assim, a
investigação científica na graduação contribui tanto para a formação do futuro pesquisador,
bem como para o aprimoramento de sua prática profissional.
Em sua pesquisa no contexto de ensino superior nos Estados Unidos, Laursen et al.
(2010) investigaram o envolvimento de alunos da graduação em ciências com a Iniciação
cientifica, tendo como foco a perspectiva dos discentes e seus orientadores. Os resultados
indicaram que os participantes consideram que o envolvimento do aluno com a pesquisa na
graduação trouxe benefícios profissionais e pessoais, ajudando-o a pensar e a trabalhar como
um cientista, facilitando a aquisição de habilidades científicas, motivando-o a se preparar para
a pós-graduação e a decidir sobre a sua carreira profissional.
Em sua investigação, Massi e Queiroz (2010) fizeram uma revisão de pesquisas
publicadas sobre a iniciação cientifica no Brasil e os resultados indicaram um consenso sobre
o relevante papel da iniciação científica na graduação. Dentre os benefícios as autoras
destacaram : a) melhor desempenho do aluno na graduação, b) desenvolvimento pessoal, c)
nova visão de ciência e, d) socialização profissional (p. 179-183).
Para Lüdke (2009, p. 17), a universidade continua sendo o ambiente natural para a
formação do futuro pesquisador. Isso implica, segundo Gressler (2003, p. 17-18), que a
instituição acadêmica deve: a) integrar o aluno no processo do conhecimento científico, b)
estimular o desenvolvimento de atitude científica e, c) enfatizar a discussão axiológica da
ciência no contexto sócio-político-econômico. Para atingir esses objetivos, acrescenta a
autora, os alunos precisam ser habilitados com noções básicas em pesquisa e terminologia
científica a fim de que possam realizar investigações sistemáticas.
Apesar de os especialistas brasileiros e estrangeiros reconhecerem a importância da
pesquisa discente na graduação, os estudos sobre a Iniciação cientifica ainda são escassos
(MASSI; QUEIROZ, 2010), principalmente, se levarmos em consideração a pesquisa em
Linguística Aplicada com foco no impacto da Iniciação científica na formação inicial de

1 Estudante do Curso de Letras Inglês do Departamento de Letras Estrangeiras da


Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. E-mail: feliphe_bmx@hotmail.com
2 Professor do Departamento de Letras Estrangeiras e do Profletras, na Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte, Líder do grupo de pesquisa ELADE. E-mail:
silvanouern@gmail.com
professores de línguas, questão central desta pesquisa. Sendo assim, o presente trabalho tem
como propósito estudar os efeitos da Iniciação científica nos cursos de graduação em Língua
Portuguesa e Língua Inglesa do CASWL.

Metodologia

A metodologia privilegiada, neste projeto, apoia-se no paradigma


qualitativo/interpretativista de investigação, que tem orientado estudos tanto na área de
educação (BOGDAN; BIKLEN, 1994) quanto no âmbito da Linguística Aplicada
(CAVALCANTI; MOITA LOPES, 1991). Nessa perspectiva, a ênfase recai sobre a
descrição, a indução, a teoria fundamentada e o estudo das percepções dos participantes da
pesquisa.
A pesquisa tem como foco o Programa institucional de Iniciação científica da UERN
e seus efeitos na formação inicial de alunos dos cursos de Língua Portuguesa e Língua Inglesa
do CAWSL. Os participantes são bolsistas/voluntários - a partir do exercício 2008-2009,
quando os primeiros projetos de pesquisa do Departamento de Letras foram
institucionalizados.
Para alcançarmos os objetivos específicos de pesquisa, foram utilizados os seguintes
instrumentos de coleta de dados:
a) Anotações de campo – foram feitas ao longo de todo o período de realização da
pesquisa, com o intuito de fornecer detalhes não obtidos por meio dos outros instrumentos,
enriquecendo a análise dos dados;
b) Relatórios parcial e final — os relatórios (exercícios 2008-2009; 2009-2010;
2010-2011; 2011-2012; 2012-2013; 2013-2014) forneceram evidências acerca do
desempenho acadêmico dos discentes ao longo da vigência do projeto de pesquisa;
c) Questionários - tiveram como intuito examinar as percepções e expectativas dos
alunos sobre o processo de iniciação científica.
Os dados coletados foram armazenados, transcritos e categorizados
sistematicamente. A análise foi realizada mediante o diálogo entre os dados e as
teorias/estudos contemporâneos com foco na iniciação científica e na formação inicial de
professores. (ANDRÉ, 2001; LÜDKE, 2001; 2009; DEMO, 1991; 1994; 1996; LAURSEN et
al., 2010). Vale salientar que a categorização dos dados só ocorreu após uma análise parcial.
Isso implicou um diálogo constante entre teoria e dados, uma vez que na perspectiva da
metodologia qualitativa/interpretativista, a análise dos dados é de natureza processual, não
podendo se limitar a categorias pré-estabelecidas (CAVALCANTI; MOITA LOPES, 1991).

Resultados e Discussões

O nosso projeto de pesquisa, além de corroborar resultados de pesquisas anteriores,


proporcionou oportunidade de significativas reflexões sobre o processo de iniciação científica
e seus benefícios na formação inicial de alunos de língua portuguesa e de língua Inglesa do
CAWSL.
Em relação ao desempenho dos discentes, o que observamos através dos relatórios de
pesquisa foi que os 2 bolsistas e o voluntário tiveram a oportunidade de participar de
atividades rotineiras de um pesquisador/cientista, enriquecendo sua vida acadêmica e visão de
ciência. Entre as atividades, destacamos: a) Participação nos encontros de discussão teórico-
metodológica e orientação do projeto; b) Inserção do bolsista/voluntário no processo de
Iniciação científica; c) Elaboração dos instrumentos para a geração de dados; d) Coleta e
transcrição dos dados; e) Divulgação do projeto/resultados parciais e finais da pesquisa em
eventos científicos; f) Elaboração dos relatórios parcial e final. Isso pode ser confirmado nas
palavras do aluno bolsista 2:

Nessa primeira experiência vivenciada com a pesquisa, desenvolvi atividades


cientificas, tais como: levantamento e estudo bibliográfico, coletas e sistematização de dados,
produção de textos e apresentação de trabalhos em eventos científicos, experiências
satisfatórias e enriquecedoras para uma aluna de graduação, a excelente relação que eu tinha
com o meu orientador, que estava sempre presente, tirando dúvidas, corrigindo minhas
produções e aconselhando me proporcionou um maior conhecimento em relação a
metodologia cientifica e as teorias linguísticas

Em relação às crenças dos discentes a respeito dos efeitos da Iniciação científica em


sua vida acadêmica e profissional, observamos que eles foram unânimes em apontar os
benefícios do PIBIC, com destaque para:

a) Interação com o orientador/cientista

Aluno voluntário 1 destaca com um dos benefícios do PIBIC foi a oportunidade de


conviver com orientador/cientista, assimilando as rotinas da pesquisa científica (LAURSEN,
S. et al. 2010).

Aluno voluntário 1: Esta fase de orientação foi essencial para meu crescimento quando
ainda estava engatinhando, e é, ainda hoje, para a continuidade da minha formação acadêmica
e profissional. Os mecanismos utilizados pela presença da orientação me ajudaram a saber o
que é necessário para se buscar o conhecimento existente em uma área de pesquisa: formular
o problema, construir um modo de enfrentá-lo, coletar e analisar dados, tirar conclusões, etc.

b) Visão crítico-reflexiva sobre a graduação

Segundo o aluno bolsista 1, O PIBIC a ajudou sobremaneira a desenvolver a sua


autonomia ao longo do seu curso de graduação, como podemos observar no depoimento
abaixo:
Aluno bolsista 1: A IC foi de suma importância para a minha graduação, a cada dia fui
aprimorando a minha capacidade de ser uma pessoa critica reflexiva o que me ajudou a
desenvolver as atividades necessárias ao curso. Ao chegar na pós-graduação me sentia segura
e confiante para participar das discursões e realizar produções. Atribuo a iniciação científica à
responsabilidade por hoje eu ser uma pessoa mais confiante, desinibida e uma profissional
comprometida que está a todo o momento buscando aprimorar sua pratica docente. Ao
decorrer dos trabalhos fui me tornando cada vez mais ativa e independente, capaz de fazer
minhas próprias interpretações acerca do que me era designado desenvolvendo a cada dia as
competências básicas que são necessárias a um pesquisador.
Aluno voluntário 1 concorda com aluno bolsista 1 sobre a importância do PIBIC no
sentido de despertar o seu senso crítico ao longo da graduação:

Aluno voluntário 1: O programa me ajudou a despertar o senso crítico sobre minha


vida em todas as áreas, e reforçou o sentimento de afinidade com a universidade. Foi uma
experiência que será sempre reutilizada por mim, durante toda a minha vida. …Uma vez que
o conhecimento está em constante evolução, e é inacabado, o estudante de graduação precisa
desses momentos de interação do saber científico para sua vida profissional, que ainda está
em fase de descobrimentos.
c) Uma nova visão de ciência

Assim como os participantes da pesquisa de LAURSEN, S. et al. (2010) os


participantes desta pesquisa ressaltaram que o PIBIC contribuiu para ampliar a sua visão de
ciência/pesquisa.:

Aluno voluntário 1: Com a visão da pesquisa aprendi a lidar com o desconhecido e a


encontrar novas visões e formas de conhecimentos… O saber científico demanda justamente a
busca pelo conhecimento. Este, para mim, foi um dos passos mais importantes que adquiri
durante minha permanência na iniciação científica: a formação no tocante a capacidade de
buscar conhecimentos e de saber utilizá-los. Na visão tradicional, pensa-se que o importante é
adquirir o domínio do conhecimento, hoje penso que o importante é buscá-lo, entendendo que
ele não é fechado e nem estático. Não há resposta para pronta para tudo, como a escola me
ensinou, pelo contrário, é por meio da pesquisa que as respostas se constroem.

d) Preparação para a pós-graduação

Dos participantes do projeto, todos cursaram e/ou estão cursando pós-graduação e


atribuem o seu envolvimento nos programas de mestrado (Aluno voluntário 1) e doutorado
(Aluno bolsista 2) a sua participação no PIBIC.

Aluno voluntário 1:

Hoje estou vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL/CAMEAM),


cursando o mestrado acadêmico na mesma linha de pesquisa que trabalhei enquanto fui
voluntária no PIBIC. Se hoje estou nesse caminho mais amplo, é porque antes caminhei pelas
estradas da iniciação científica.
Sendo assim, os efeitos benéficos do Programa de Iniciação cientifica
PIBIC/CNPq/UERN são inegáveis na formação inicial e continuada dos alunos do CAWSL,
Programa que, a nosso ver deve ser consolidado e ampliado.

Conclusão

Os resultados do nosso projeto corroboraram resultados de pesquisas anteriores


(LAUSEN et al; 2010), indicando os efeitos positivos da pesquisa na vida dos estudantes que
participaram de um programa de iniciação científica ao longo de sua graduação, como por
exemplo: a oportunidade de conviver com um pesquisador/cientista, realizando as mesmas
atividades; aquisição de uma Visão crítico-reflexiva sobre a graduação; uma nova visão de
ciência e, a preparação para a pós-graduação.
É interessante observar que os alunos de iniciação científica foram unânimes em
destacar os efeitos benéficos da PIBIC.
Concluímos com as palavras de Aluno voluntário 1, reforçando a importância do
PIBIC e a sugestão da necessidade de sua ampliação:
É lamentável que nem todos os graduandos tenham a oportunidade de ir além das
paredes das salas de aulas para abraçar a pesquisa em outros espaços proporcionados por
programas como o PIBIC. Acredito que a universidade precisa ampliar o programa como uma
atividade curricular que possibilite uma formação proporcional ao tamanho de um programa
tão valioso que é a iniciação científica.
Agradecimentos

Ao PIBIC/CNPq; Aos Departamentos de Letras Estrangeiras e Vernáculas do


CAWSL/UERN, pelo apoio científico e de infraestrutura; ao PRADILE e à PROPEG .

Referências

ANDRÉ, M. O papel da pesquisa na formação e na prática dos professores. Campinas, SP


: Papirus, 2001.
BOGDAN, R; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto editora,
1994.
BRIDI, J. C. A. A iniciação científica na formação do universitário. Universidade Estadual
de Campinas (Dissertação de Mestrado). Campinas, São Paulo, 2004.
BRITO, H.M. O impacto da iniciação cientifica na carreira do graduando de administração e
os incentivos da instituição para instigar o interesse pela pesquisa/CD-ROM, 2012.
CAVALCANTI, M. C; MOITA LOPES, L. P. Implementação de pesquisa na sala de aula
de línguas no contexto brasileiro. Trabalhos em Linguística aplicada, V. 17, p. 133-144,
1991.
DEMO, Pedro. Pesquisa : principio científico e educativo. São Paulo: Cortez, 1991.
____________. Pesquisa e construção de conhecimento : metodologia cientifica no
caminho de Habermas. (6ª Ed.). Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2004.
GRESSLER, A. L. Introdução à pesquisa : projetos e relatórios. São Paulo: Edições
Loyola, 2003.
LAURSEN, S. et al. Undergraduate research in the Science: engaging students in real
Science. San Francisco, CA : John Wiley & Sons, 2010.
LÜDKE, M.(Or.). O professor e a pesquisa. (6ª Ed.) Campinas, SP: Papirus, 2009.
MASSI, L; QUEIROZ, S. L. Estudos sobre iniciação científica no Brasil: uma revisão
bibliográfica, 2010.
MENEGUEL, E. M; CARAZZAI, M. R. P. As crenças sobre a pesquisa na formação do
professor de Língua Inglesa. (In) Anais da SIEPE _Semana de Integração Ensino, pesquisa
e extensão - 26 a 30 de outubro de 2009.

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