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Isabel Nhanala

Natureza juridica do Direito da Familia

Licenciatura em Direito

Universidade Save
Maxixe
2021
Isabdel Nhanala

Natureza juridica do Direito da Familia

Trabalho de investigação científica realizado


na cadeira de Direito de Família para efeitos
de avaliação, sob orientação do:

 Docente: dr. Zualo

Universidade Save
Maxixe
2021
Indice

Introdução.........................................................................................................................................4

1. Noção de direito de família..........................................................................................................5

2. Conteúdo do direito de família.....................................................................................................6

3. Princípios do direito de família....................................................................................................7

4. Natureza jurídica do direito de família.........................................................................................8

5. Objeto de estudo do Direito de Família........................................................................................8

6. Fontes do direito da família..........................................................................................................9

Conclusão.......................................................................................................................................11

Referência bibliográficas................................................................................................................12
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Introdução

O presente trabalho visa abordar de forma generica com bases doutrinarias e legais a questão da
natureza do Direito de familia, onde a expressão Direito de família, é correntemente usada pelos
tratadistas numa dupla acepção: como o conjunto de normas reguladoras de determinadas
relações da vida privada dos indivíduos ou seja ao conjunto de normas jurídicas que regulam as
relações jurídicas familiares ou relações de familia; outras vezes como capitulo da ciência
jurídica que tem por objecto o estudo metódico das soluções decorrentes das normas integradoras
desse conjunto.

O trabalho que esta organizado em título e subtítulos, elaborado com base na pesquisa
bibliográficas, tem como objectivo apresentar de forma clara o conceito, que visa maior
entendimento do conceito familia.
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1. Noção de direito de família

O conceito, ou seja a noção de família consta no nosso ordenamento jurídico no art. 1 da lei
22/2019 de 11 de Dezembro: “família é a célula base da sociedade, factor de socialização da
pessoa humana”, e art. 2 da mesma lei: a família é a comunidade de membros ligados entre si
pelo parentesco, casamento, afinidade e adopção”

O termo família deriva do latim “famulus” que significa “escravo domestico”. Este termo foi
criado na Roma antiga para designar um novo grupo social que surgiu entre as tribos latinas ao
serem introduzidas a agricultura e escravidão legalizada.

 O direito da família é o ramo mais intimamente ligado à própria vida, pois as pessoas provêm de
um organismo familiar e a ele conservam-se vinculadas durante a sua existência. A família é uma
realidade sociológica e constitui a base do Estado, sendo uma instituição necessária e sagrada
amplamente protegida.

Latu sensu, a palavra família abrange todas as pessoas ligadas por vínculo de sangue, bem como
as unidas por afinidade e pela adoção.

Para os fins sucessórios, o conceito de família limita-se aos parentes consangüíneos.

A lei, por sua vez, refere-se à família como um núcleo mais restrito, constituídos pelos pais e sua
prole. Identificam-se na sociedade conjugal estabelecida pelo casamento três ordens de vínculos:

 conjugal;

 de parentesco; e

 de afinidade (estabelecido entre um cônjuge e os parentes do outro)

O direito de família regula as relações entre os seus diversos membros e as conseqüências que
delas resultam para as pessoas e bens. Seu obcjeto é, pois, o complexo de disposições, pessoais e
patrimoniais, que se origina do entrelaçamento das múltiplas relações estabelecidas entre os
componentes da entidade familiar.
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Dessa forma, podemos dizer que o Direito de Família é um “conjunto de normas-princípios e


normas-regras jurídicas que regulam as relações decorrentes do vínculo afetivo, mesmo sem
casamento, tendentes à personalidade humana, através de efeitos pessoais, patrimoniais e
assistenciais”, conforme explanam os autores Rosenvald e Chaves de Farias

 A titulo de exemplo temos a relação de casamento ou de união estável, nas quais é possível notar
efeitos pessoais (como o estabelecimento de vínculo de parentesco por afinidade), patrimoniais
(dizendo respeito, por exemplo, ao regime de bens) e assistenciais (que podem ser exemplificados
pelo reconhecimento da obrigação alimentar)”.

2. Conteúdo do direito de família

Os direitos de família são os que nascem do fato de uma pessoa pertencer a determinada família,
na qualidade de cônjuge, pai, filho, etc. Contrapõem-se aos direitos patrimoniais, por não terem
valor pecuniário. Distinguem-se dos obrigacionais, pois caracterizam-se pelo fim ético e social.
Contudo, podem esses direitos ter conteúdo patrimonial (ex.: alimentos). Mas isso acontece
apenas indiretamente, em casos em que apenas aparentemente assumem a fisionomia de direito
real ou obrigacional.

 Tal direito regula ora as relações entre as pessoas da mesma família; disciplina as relações
patrimoniais que se desenvolvem no seio da família; assume a direção das relações assistenciais,
têm em vista os cônjuges entre si, os filhos perante os pais, o tutelado em face do tutor, o
interdito diante de seu curador.

 Na Lei destacam-se os institutos do casamento, da filiação, do poder familiar, da tutela, da


curatela, dos alimentos e da união estável. O casamento, pelos seus efeitos, é o mais importante,
pois embora existam relações fora do casamento, essas ocupam plano secundário. O casamento é
o centro, de onde irradiam as normas básicas do direito de família.

Os institutos de proteção e assistência desdobram-se em tutela dos menores que se sujeitam à


autoridade de pessoas que não são os seus progenitores, e curatela, que, embora não se relacione
com o instituto da filiação, é regulada no direito de família pela semelhança com o sistema
assistencial de menores.
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3. Princípios do direito de família

 princípios da legalidade, da não discriminação, o direito de constituir


família;

 Princípio do respeito à dignidade da pessoa humana: garantindo o


pleno desenvolvimento e a realização de todos os seus membros,
principalmente da criança e do adolescente;

 Princípio da igualdade jurídica dos cônjuges e dos companheiros: os


direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente
pelo homem e pela mulher;

 Princípio da igualdade jurídica de todos os filhos: os filhos, havidos ou


não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e
qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias;

 Princípio da paternidade responsável e planejamento familiar: o


planejamento familiar é livre decisão do casal, fundado nos princípio da
dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável;

 Princípio da comunhão plena de vida baseada na afeição entre os


cônjuges ou convenientes: tem relação com o aspecto espiritual do
casamento e com o companheirismo que nele deve existir;

 Princípio da liberdade de constituir uma comunhão de vida familiar:


sem qualquer intervenção estatal ou particular. Tal princípio abrange
também a livre decisão do casal no planejamento familiar, intervindo o
Estado apenas para propiciar recursos educacionais e científicos ao
exercício desse direito;
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4. Natureza jurídica do direito de família

Para Carlos Roberto Gonçalves, o ordenamento visa estabelecer um regime de certeza e


estabilidade das relações jurídicas familiares ao regular as bases fundamentais dos institutos do
direito de família.

Pontes de Miranda complementa que a grande maioria dos preceitos de direitos de família é
composta de normas cogentes, exceto em matéria de regime de bens que o Código Civil deixa
margem à autonomia da vontade.

Ou seja, normas cogentes são normas obrigatórias, que não podem ser alteradas ou afastadas pela
vontade das partes.

Para ANôNIMO, no direito de família há um acentuado predomínio das normas imperativas


(cogentes), ou seja, normas que são inderrogáveis pela vontade dos particulares. Embora em
alguns outros casos a lei conceda liberdade de escolha e decisão aos familiares, a disponibilidade
é relativa, limitada.

Em razão da importância social, predominam no direito de família as normas de ordem pública,


impondo antes deveres do que direitos. Daí por que se observa uma intervenção crescente do
Estado no campo do direito de família, visando-lhe conceder maior proteção e propiciar melhores
condições de vida às gerações novas. Mas essa ligação não retira o caráter privado, pois está
disciplinado num dos mais importantes setores do direito civil, e não envolve diretamente uma
relação entre o Estado e o cidadão. Esses direitos têm natureza personalíssima: são irrenunciáveis
e intransmissíveis por herança.

5. Objeto de estudo do Direito de Família

A atual concepção de família é baseada em uma pluralidade das entidades familiares, com
diversas acepções da expressão família.

Dessa forma, conforme os autores Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves, é possível compreender,
assim, a família em sentido amplíssimo, amplo ou restrito, a partir de suas diferentes
possibilidades de composição:
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 Em sentido amplíssimo, a ciência jurídica entende a família a partir de


uma abrangente relação, interligando diferentes pessoas que compõem
um mesmo núcleo afetivo, nele inseridos, inclusive, terceiros agregados,
como os empregados domésticos.

 Já em acepção ampla, o Direito utiliza-se do termo família para dizer


respeito às pessoas que se uniram afetivamente e aos parentes de cada
uma delas entre si. Tem-se, aqui, uma conceituação menos abrangente,
mais preocupada em limitar o alcance normativo.

 O sentido restrito de família, por seu turno, dirá respeito, tão somente,
ao conjunto de pessoas unidas afetivamente (pelo casamento ou união
estável, exemplificativamente) e sua eventual prole. Não se levam em
conta, aqui, outras pessoas que podem se agregar.

6. Fontes do direito da família

 A constituição da republica de Moçambique é uma importantíssima fonte do direito da


família, uma vez que regula a vida da sociedade pois nela estão pleasmadas também
certos princípios gerais como o direito da criança que consta do art. 47 CRM, tendo
em conta que a criança é um dos elementos que compõe a família no sentido restrito.
E no seu art. 105, a CRM reconhece o papel fundamental da família no sector de
produção. Não obstante temos também o art. 119, a CRM reconhece a família como
elemento fundamental e a base de toda sociedade, protegendo nos termos da lei o
casamento. Protege também no art. 120, a maternidade e a paternidade, reconhecendo
a família como responsável pelo crescimento da criança, na educação de valores
morais, éticos e sociais. E nos artigos 121 e seguintes, temos a protecção da infância
da criança, em especial ao da criança órfã, protecção da mulher, incentivando o seu
importante papel na sociedade, da juventude, dos idosos e dos portadores de
deficiência pois estes últimos necessitam de uma essencial protecção da família
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 O código de processo civil O código de processo civil contem varias disposições de


elevado interesse para o direito da família, destacando-se as disposições concernentes
à execução especial por alimentos nos artigos 1118 a 1121, ao inventário em
consequência da separação, divorcio, declaração de nulidade ou anulação de
casamento no art. 1404, as providências relativas aos filhos e aos cônjuges nos artigos
1412 e 1413 a 1417, e a audiência obrigatória do conselho de família no art. 1403.

 As convenções das nações unidas e cartas da união africana. Uma das realidades que
o direito da família procura retratar é o conjunto dos princípios dos instrumentos do
direito internacional ratificados pela republica de Moçambique,

 No âmbito de direito fiscal, temos como fonte de direito da família, os preceitos que
dizem respeito ao imposto sobre o rendimento das pessoas singulares, reguladas pela
lei 33/2007 de 31 de Dezembro que aprova o código sobre rendimentos de pessoas
singulares (IRPS), este imposto incide sobre o valor global anual dos rendimentos
mesmo quando provenientes de acto ilícitos, rendimentos que provem de cinco
categorias, depois de feitas as correspondentes deduções e abatimentos

Segundo Abudo são fontes de relações jurídicas familiares o casamento, o parentesco, a


afinidade e a adoção, sendo as leis da família coercivas, imperativas, não existindo liberdade
contratual onde cada um negoceia conforme melhor lhe convém se as outras partes o permitirem.
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Conclusão

È fácil perceber que as normas do Direito das Famílias implicam efeitos pessoais, patrimoniais e
sociais diversos, há um acentuado predomínio das normas imperativas, isto é, normas que são
inderrogáveis pela vontade dos particulares. Significa tal inderrogabilidade que os interessados
não podem estabelecer a ordenação de suas relações familiares, porque esta se encontra expressa
e imperativamente prevista na lei (ius cogens). Contudo o direito de família atua em três setores
nas relações pessoais, patrimoniais e assistenciais, percebe-se, então, que a lei não limita o
conceito de família a um único conceito, mas sim diversos significados da expressão para
designar as relações familiares.
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Referência bibliográficas

ABUDO, José Ibraimo. Direito da familia.maputo.2005

ANôNIMO,. Direito de Família - Parte I. Portal Jurídico Investidura, Florianópolis/SC, 30 Jun.


2008. Disponível em: investidura.com.br/biblioteca-juridica/doutrina/familia/311-dtidefamiliapti.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Direito de Família. Editora Saraiva, p.


30, 31.

ROSENVALD, Nelson e DE FARIAS, Cristiano Chaves. Curso de Direito Civil – Famílias,


2017. Editora Juspodivm, pgs. 42-44.

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