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Dissentes:
Robson Lourenço
APARECIDA DE GOIÂNIA/2021
RESUMO
INTRODUÇÃO
• Trajetória
Acadêmico, sociólogo, pesquisador, crítico e escritor galês Raymond Williams nasceu no dia
31 de agosto de 1921, no pequeno vilarejo de Llanfihangel Crucorney, no País de Gales, localizado
no Reino Unido.
Este galês se tornaria um dos principais estudiosos e criadores dos estudos culturais, e
despontaria como um nome significativo nesta esfera na Nova Esquerda inglesa, no período que se
seguiu ao fim da Segunda Guerra Mundial. Ele elaborou estudos sobre literatura, teatro e televisão,
sempre procurando compreender estes veículos tanto do ponto de vista da cultura erudita, quanto da
cultura popular, sem deixar de lado a famosa indústria cultural.
Em 1946, o acadêmico defendeu seu mestrado no Trinity College, iniciando a partir de então
uma experiência pioneira na educação de adultos, em classes noturnas direcionadas para as classes
trabalhadoras. Sua vivência pedagógica foi registrada em seu célebre estudo Cultura e Sociedade,
lançado em 1958. Ele repetiu o mesmo sucesso obtido por esta obra com o livro A Longa Revolução,
de 1961. Entre seus vários livros, ele escreveu igualmente Television: Technology and Cultural Form.
Williams em seu livro ele se propunha a realizar uma ampla revisão dos fatos relativos à história cultural,
tomando como palavra-chave o conceito de cultura na sua interligação com a vida social. Sua intenção foi
“a de descrever e analisar o complexo desses traços, dando ideia de seu desenvolvimento histórico”. Desse
modo, o autor percebeu que não poderia restringir-se ao conceito de cultura, pois, na história da palavra, na
estrutura de seus significados, o que ele via era “um movimento amplo e geral de ideias e sentimentos”
(WILLIAMS, 1969, p. 19).
O caráter formador de sua origem operária é um dos diferenciais que marcam o pensamento
de Williams, como fica claro no prefácio ao livro Marxismo e Literatura, em que lembra que os
argumentos culturais e literários eram, na realidade, uma extensão da aplicação política e econômica
do seu “crescimento numa família de classe operária”, ou uma forma de filiação dela (WILLIAMS, 1979,
p. 8).
O segundo momento é aquele em que o autor desenvolve uma análise geral da cultura dentro
da estrutura literária, dialogando com a herança de F. R. Leavis e a tradição cultural materialista
britânica. As obras representativas deste período são Cultura e Sociedade (1958) e Long Revolution
(1961).
O importante no seu trabalho é sua preocupação em enfocar conceitos não como codificações
fechadas, mas como movimentos históricos, que levam às vezes a formulações conflitantes, em torno
do problema central da teoria marxista da cultura: os modos de sua determinação social e econômica.
Williams já propunha uma leitura da cultura como modo de vida, na qual criticava a fórmula
marxista de base e superestrutura, propondo uma ideia mais ativa de um campo de forças que se
determinam mutuamente, mas também de forma desigual.
Além de estudar as formas expressas nas obras de arte, temos de articulá-las também a
formas e relações da vida social mais geral.
Em Quando foi o Modernismo? Williams acentua essa posição crítica diante do pós-
modernismo, ao sugerir que a única maneira de romper com a fixidez não-histórica do pós-modernismo
é retomar o rumo da tradição moderna e antiburguesa.
o modernismo “é confinado a este campo altamente seletivo, sendo-lhe negado tudo o mais,
num ato de pura ideologia, cuja primeira e inconsciente ironia é que, absurdamente, para a história,
mata-a. Sendo o modernismo o término, tudo o que vem depois não é levado em conta de
desenvolvimento. É depois, enterrado no passado” (WILLIAMS, 2007, p. 34-35).
Comunicação para Williams, está no coração da história do homem. Ele nos faz a seguinte
pergunta: quem consegue imaginar o mundo sem a fala ou mesmo sem a escrita? A língua foi uma
das coisas que distinguiu o homo sapiens emergente dos seus primos macacos que vagavam na África
na pré-história. Então, o inicio da escrita está intimamente ligado com o aparecimento das cidades no
crescente fértil do mediterrâneo oriental. Mais tarde, dimensões completamente novas capacidades de
nos comunicarmos foram fornecidas pela invenção de sistemas para reproduzir milhões de impressão
deu forma à cultura ocidental que herdamos; e, desde então, rádio, cinema, televisão e tantos outros
meios de comunicação são o centro de qualquer debate. E, provavelmente, continuarão sendo.
O uso de comunicações no plural aparece também na sua obra communications (1966), cuja
primeira edição, de 1962, influenciou núcleos de estudo que começavam a estudar a comunicação no Reino
Unido, especialmente o Pilkington Report – comissão que se reuniu entre 1960 e 1962 para discutir o futuro
da radiodifusão na Inglaterra.
Raymond Williams acredita que podemos distinguir quatro tipos principais cuja descrição e
comparação desses tipos permitirem um pensamento mais realístico sobre controle e liberdade. Estes
tipos são: Autoritário, paternal, comercial e democrático.
Nova teoria geral da cultura na visão Williams: “Por vivermos uma cultura em expansão,
dependemos muito de nossa energia lamentando esse fato, em vez de buscar compreender lhe e
natureza e as condições. Creio que uma ampla revisão de fatos relativos à nossa história cultural torna-
se necessária e urgente, em matérias tais como alfabetização, níveis educacionais e impressa.”
(WILLIAMS, 1969, p.12).”
Pensamento social inglês de Coleridge :“produziram, assim [...] uma filosofia da sociedade, na
única forma até agora possível, a de uma filosofia da história, declaram-nos não uma defesa de
particularidades doutrinais éticas ou religiosas, mas uma contribuição, a maior que até agora
recebemos de qualquer desses pensadores, para a filosofia da cultura humana [...] A cultura do ser
humano havia atingido alturas extraordinárias e a natureza humana já havia exibido muitas de suas
manifestações mais nobres não apenas em países cristãos, mas no mundo antigo, em Atenas, Esparta,
Roma; não só isso, mas os próprios bárbaros, como os germanos ou selvagens ainda mais atrasados,
como os índios ou ainda os chineses, egípcios, ou árabes, todos tinham tido seu próprio sistema de
educação, sua própria cultura; uma cultura que, qualquer que haja sido sua tendência em seu todo,
teve êxito sob este ou aquele aspecto.[...] Em tal sentido a descrição e os conceitos sobre vários
elementos da cultura humana e as causas que influem sua sobre a formação do caráter nacional
apresentados nos escritos da escola Germano-coleridgiana, colocam na sombra tudo o que fez antes
de tudo quando tentou simultaneamente qualquer outra escola.( COLERIDGE apud WILLIAMS, 1969,
p. 80).
Arnold define a cultura como: “forma de nos salvarmos das dificuldades atuais; considerando
a cultura a busca de nossa perfeição mais completa, a ser conseguida por meio de esforço por saber,
em todas as questões que mais nos interessam, o que de melhor for pensado e dito no mundo; desse
conhecimento fluirá uma corrente de pensamento novo e livre por sobre a massa de noções e hábitos
comuns que observamos zelosa porém mecanicamente, em vão imaginado que há, em segui-los,
zelosamente, virtude que nos compensa dos danos de segui-los de maneira mecânica (ARNOLD apud
WILLIAMS, 1969, p.131).”
Na obra de The Mind in Chains a ideia geral acerca de cultura é razoável de Lewis: “o processo
da palavra cultura depende do progresso das condições materiais para o seu desenvolvimento; e em
particular, a organização social de qualquer período da história põem limites às possibilidades culturais
desse período. Há ao longo da história, entretanto, uma constante interação entre cultura e
organização social. A cultura não é dada, em verdade, ir além do possível; mas organização social
pode atrasar-se, e na realidade a atrasar-se em relação ao que seria do ponto de vista da cultura,
possível e desejável. Há certa continuidade entre as várias formas de organização social e as várias
formas de cultura; mas a continuidade da cultura é mais assinalável, por dois motivos principais:
primeiro, porque é mais fácil vislumbrar possibilidades do que pô-las em prática; segundo, porque as
mudanças e os progressos na sociedade, sofrem resistências da parte daqueles a quem qualquer
mudança parece prejudicial, já que se encontram, no momento, no topo da escala social. Nas ocasiões
em que a mudança social se impõe, a cultura entra em conflito com as os padrões estabelecidos da
sociedade, padrões que, por sinal, foram adotados e apropriadamente sustentados pela cultura no
passado, mas que se revelam agora ainda inadequados e desestimulantes para um novo avanço, para
o futuro (LEWIS, 1937, p.19-22, apud WILLIAMS, 1969, p.281).”