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Mestrado Profissional em Ensino de Geografia em Rede Nacional

Metrópole, região e novas regionalizações 2023.1

Discente: Alexandre Perez Menezes de Castro

Aula 4

A autora procura uma abordagem do debate regional e dos seus conceitos


envolvidos dentro da Geografia a partir do marxismo explorando inicialmente as
diferenças entre região e regionalismo.

Do ponto de vista marxista, de acordo com Markusen (1981, p. 62), a região


seria enquadrada como uma porção territorial onde as lutas de classe ocorrem ao
longo do processo de desenvolvimento do capitalismo, apresentando uma
conotação de uma entidade territorial e não sociológica, não sendo dotadas de
personalidade objetiva e não tendo características sociais a priori. Ou seja, um
geógrafo marxista, ao fazer um estudo regional, deveria buscar outro conceito para
guiar a discussão que conseguisse estendê-la para a evidenciação das contradições
existentes no campo da sociedade ao longo do desenvolvimento histórico.

Para tanto, Markusen (1981, p. 65) traz o conceito de regionalismo que


versaria sobre uma reivindicação territorial por um grupo social e esse seria o mais
adequado para um debate geográfico marxista. Pois ao conforme o capitalismo se
desenvolve suas contradições se apresentam de maneira espacializada nas regiões.
Porém, como as regiões não seriam nada mais do que o palco ou arena da luta de
classes, há a necessidade de investigar as relações sociais que ali acontecessem. O
melhor termo para expor a luta de classe de maneira espacializada na região seria o
regionalismo.

Ao longo do texto a autora traz as instituições socais que fazem a


manutenção das diferenças entre as classes sociais e coloca o Estado como a
instituição que teria um papel central na manutenção dos regionalismos por meio da
opressão política, tendo em vista que ele exerce o monopólio da força em
determinada extensão territorial. O Estado se apresenta de maneira opressora em
várias escalas de abordagem e “pode ser opressor, servido como meio de
manutenção da exploração de uma classe por outra, de uma nação por outra ou da
mulher pelo homem”. (Markusen, 1981, p. 76).
Entretanto, ressalta-se que nem toda a população de determinada região está
sujeita as condições de opressão capitalista, mas o regionalismo que emerge da luta
de classes atingiria de forma diferenciada os grupos sociais ali presentes: enquanto
uns seriam oprimidos, outros seriam opressores.

Porém como muitos grupos são explorados e oprimidos dentro de uma


mesma base regional, isso acaba dificultando a luta e a reivindicação política. Além
disso, tem-se o fato das diferentes escalas de opressão, pois ela não se limita a
exploração de uma classe a outra apenas dentro de um Estado: classes dominantes
de uma nação mais desenvolvida podem explorar a classe proletária de outras
regiões do mundo.

Portanto, a autora apresenta que debate regional não deve ficar limitado e
nem deve ter como ponto de partida a base territorial. É fundamental iniciar
discussão levando-se em conta os grupos sociais ali presentes à luz da teoria
marxista, mesmo que seja um grande desafio trabalhar com as variações de escala
da ciência geográfica.

Referência bibliográfica:
MARKUSEN, Ann. Região e Regionalismo: Um enfoque marxista. Espaços &
Debates. Ano I – nº 2 – maio de 1981. p. 61-99.

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